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Dia Internacional da Mulher em Sabrosa

→ “Todos os indicadores continuam a demonstrar que Portugal é um dos países mais seguros do mundo, conforme é comprovado por vários estudos internacionais” .

→ “Os indicadores que temos até agora mostram que mantemos níveis de criminalidade geral e violenta equivalentes aos de 2019. Alguns indicadores apontam para um aumento da intensidade da violência juvenil e grupal, fruto também dos efeitos da pandemia na saúde mental” .

JOSÉ

CARNEIRO

Visite-nos em: www.vivadouro.org - E-mail: geral@vivadouro.org Ano 7 - n.º 97 - MARÇO 2023 | | Diretor: Miguel Almeida | Dir. Adjunto: Carlos Almeida Preço 0,01€ Mensal
> Págs.16/17 DOURO PROMOVE-SE NA BTL
LUIS
Entrevista exclusiva ao VivaDouro
>
Págs.4/5
recebeu
Antunes no Espaço Miguel Torga em dia de celebração da mulher > Pág.22 > Pág.26
Adega das mulheres
visita da Ministra da Agricultura Maria do Céu

SUMÁRIO:

Destaque

Páginas 4 e 5

Mesão Frio

Páginas 6

Freixo de Espada à Cinta

Páginas 7 e 20

Sernancelhe

Página 8

Estimados Leitores, Está na ordem do dia o despedimento por justa causa e a sua invocação para substituir um presidente não executivo e uma diretora geral (CEO) da companhia aérea de todos nós, a TAP.

Se é fácil concordar que o despedimento por justa causa pode ser facilmente comprovado, pois o trabalhador que provoque “lesão de interesses patrimoniais sérios da empresa” pode e até deve estar sujeito a esse procedimento, já é mais difícil concordar que o assunto possa vir para a praça pública sem que primeiro se tenha procurado reduzir o nível de conflito potencial e se acautelar, mais uma vez, os interesses dos contribuintes que são sempre quem paga a conta, no caso da TAP.

A pressa é muitas vezes inimiga da objetividade. O vínculo laboral de um presidente do conselho de administração e de uma diretora geral, de uma empresa pública como é atualmente a TAP, não é igual ao vínculo de um qualquer trabalhador, pelo que a expressão “despedimento com justa causa” nem sequer é passível de ser utilizada no caso em causa. De facto trata-se de nomeações para um mandato de gestor público e a Lei aplicável é o Estatuto do Gestor Público, na qual a figura de despedimento tem a nomenclatura de “demissão”; que deve ser promovida pelos órgãos de tutela da organização pública; nesta caso a TAP.

Lendo o relatório da IGF sobre este processo, é com facilidade que se encontram fortes indícios de graves e repetidas violações da lei e dos estatutos da empresa; factos suficientes para a demissão e que são claros e evidentes.

Ou seja, aparentemente, o governo tem muita razão para proceder como procedeu.

O que a mim surpreende profundamente é a manutenção dos restantes administradores, especialmente o Administrador com o pelouro financeiro, pois as graves e repetidas violações da lei e dos estatutos da empresa não poderiam ou não deveriam ocorrer sem que esta pessoa soubesse e sem que a administração, enquanto um todo ou individualmente, não procurasse saber.

Aliás, juridicamente, será provavelmente por onde vão ser criados os principais argumentos; pois se é verdade que os administradores não têm nem podem saber de tudo o que se passa na empresa, quando o assunto diz respeito a um par (outro administrador) e quando estão em causa quantias substanciais os restantes administradores serão muito pouco diligentes se não procurarem saber o que se estava a passar. O argumento de que foram estes dois que procederam às ações que levam à demissão e que os outros porventura nada tiveram a ver com o assunto é um verdadeiro atestado de incompetência aos remanescentes; pois ou não sabem mesmo o que se passou (estarão numa bolha de proteção ao exterior?) ou sabem, mas nada fizeram para evitar que a lei e os estatutos da empresa fossem violados ou então receberam todos os meses salários sem saberem bem porquê; como sabemos recentemente que é possível acontecer. ○

Sabrosa

Página 9, 22 e 26

Vila Nova de Foz Côa

Páginas 10 e 21

Moimenta da Beira

Página 11

São João da Pesqueira

Páginas 12 e 14

Alijó Página 13

Armamar Página 15

Especial BTL

Páginas 16 e 17

Santa Marta de Penaguião

Página 18

Carrazeda de Ansiães

Página 19

Entrevista

Páginas 24 e 25

Região

Página 26, 31

Torre de Moncorvo

Página 27

Opinião Páginas 2 e 30

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POSITIVO

Casa do Douro regressa ao Parlamento no dia 23 março. Os projetos do BE, PCP e PS que retomam o processo de restauração da Casa do Douro como associação pública e pretendem ultrapassar inconstitucionalidades apontadas pelo Tribunal Constitucional à anterior lei.

NEGATIVO

Modernização da linha do Douro é o projeto mais atrasado do Ferrovia 2020. Eletrificação entre Marco e Régua deveria estar concluída em 2019, mas ainda nem há concurso público. Infraestrutura vai-se degradando e comboios somam atrasos devido aos afrouxamentos.

Fontaínhas Fernandes

Novos Desafios para o Douro

Na perspetiva de António Barreto "As coisas, são hoje diferentes do que eram há vinte anos, e do que foram durante séculos. Talvez o Douro, tenha evoluído mais em vinte anos, do que nos últimos duzentos".

Seguramente, os fundos comunitários tiverem um papel relevante para esta evolução da Região, contudo, o Douro, a exemplo de outras regiões europeias, debate-se com problemas complexos que exigem uma discussão aberta e participada, os quais devem ser discutidos sem limitações e envolver os durienses.

É neste contexto que a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial vai promover um ciclo de debates durante o ano de 2023, que será inaugurado no dia 25 de março no Museu do Douro com a discussão do Plano Nacional Ferroviário e o seu impacto no Douro. Este plano enquanto instrumento que irá definir a rede ferroviária que assegura as comunicações de interesse nacional

e internacional em Portugal, tem sido objeto de uma ampla discussão pública tendo como propósito planear uma rede ferroviária para um horizonte de médio e longo prazo, afirmando-se como um modo de transporte de elevada capacidade e sustentabilidade ambiental.

O plano pretende, de igual modo, assegurar uma cobertura adequada do território, promover a ligação entre os principais centros urbanos, as ligações transfronteiriças e a integração na rede transeuropeia, mas também visa identificar as linhas ferroviárias com elevado potencial de desenvolvimento turístico, na qual a linha do Douro merece particular atenção.

Indubitavelmente, neste debate nacional sobre o futuro da ferrovia é essencial não esquecer a linha do Douro, enquanto via estruturante para a mobilidade da Região e como ativo estratégico para o desenvolvimento do turismo duriense.○

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2 VIVADOURO MARÇO 2023
PRÓXIMA EDIÇÃO 12 DE ABRIL
10 mil exemplares
Editorial
José Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT Professor Universitário Liga dos Amigos do Douro Património Mundial

José Luís Carneiro: “Todos os indicadores é um dos países

Nascido em Baião em 1971, José Luís Carneiro é licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada do Porto. Na literatura escolhe dois livros, Morte em Veneza de Thomas Mann e A Cidade e as Serra, de Eça de Queiroz. No cinema a escolha vai para o filme Invictus e na música escolhe o concerto de Mark Knopfler no Royal Albert Hall.

Não passa sem falar com a mulher e os filhos e nas férias opta pela sua terra natal ou pelo Algarve. À mesa a tradição fala mais alto e elege o Anho Assado com Arroz de Forno como prato favorito. Adepto de desporto, tem três clubes no coração, o F. C Foz, AD. de Baião e “o Benfica do meu tempo. Do tempo do Nene”.

Em 2005 foi eleito Presidente da Câmara de Baião, até 2015, ano em que tomou posse como Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas do XXI Governo Constitucional. Em março de 2022, tomou posse como Ministro da Administração Interna do XXIII Governo Constitucional.

Responsável por uma das pastas mais exigentes do Governo, José Luís Carneiro esteve à conversa com o VivaCidade sobre as áreas que tutela.

Tem em mãos uma das pastas mais desafiantes em qualquer Governo, a Administração Interna é uma área demasiado exigente?

É efetivamente uma pasta exigente, mas sobretudo desafiante e estimulante. Esta área de governação tem elevado relevo para a sociedade, para o funcionamento do Estado de Direito e para a defesa dos direitos constitucionais dos cidadãos. É muito transversal, já que abarca as forças de segurança, as dimensões da proteção civil, da segurança rodoviária, da administração eleitoral e a da segurança das fronteiras portuguesas e europeias.

O objetivo que pretendemos alcançar é sempre o de garantir a tranquilidade social e uma vida segura aos cidadãos. Dificuldades haverá sempre, mas é com responsabilidade e determinação que encaramos a missão de implementar as políticas públicas nestas áreas vitais.

Posso citar, entre outras prioridades, a conclusão do processo de reestruturação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a implementação da Estratégia Integrada de Segurança Urbana, a melhoria das condições salariais, de trabalho e sociais dos profissionais da GNR e da PSP, o que já está contemplado, por exemplo, no Orçamento de Estado para 2023.

Pretendemos também reformar o Sistema de Proteção Civil, nomeadamente apostar na criação de novas equipas de bombeiros profissionais, que constituem uma via para a profissionalização, sem desvalorizar a dimensão do voluntariado.

Falando de exigência. As Jornadas Mundiais da Juventude será, porventura, o maior evento de sempre organizado em Portugal, tendo em conta o número de participantes. As forças de socorro e segurança nacionais estão prontas para este desafio? Trata-se, de facto, de um evento de grande escala. As nossas forças de segurança

e de proteção civil estão a desenvolver os planos de segurança no quadro das suas responsabilidades e em consonância com a coordenação geral do evento.

Toda a operação no âmbito da segurança será coordenada pelo secretário-geral do Sistema de Segurança Interna e estou confiante que irá decorrer com todo o sucesso.

A Jornada Mundial da Juventude vai tra-

zer a Portugal muitos cidadãos de todo o Mundo e é mais um desafio para a PSP, mas também para a GNR, o SEF e a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. Exigirá um esforço redobrado, mas confio plenamente nas capacidades de todos os envolvidos.

O verão é uma época sempre temida

4 VIVADOURO MARÇO 2023
Destaque

indicadores continuam a demonstrar que Portugal países mais seguros do mundo”

pelos portugueses devido ao risco de incêndio. Como está a ser preparada a época para o verão 2023?

O quadro dos incêndios rurais tem vindo a agravar-se, fruto das alterações climáticas. Existe hoje a consciência muito aguda de que este é um problema que pode afetar todo o território europeu e não apenas os países do sul e do Mediterrâneo. A Europa conheceu no ano passado mais 60% de incêndios e mais 69% de área ardida. Isto mostra bem o nível de risco e de ameaças com que estamos confrontados e que exigem da parte de todos os poderes públicos, nacionais, regionais e locais, um forte espírito e compromisso de cooperação em relação a estes desafios coletivos. A Comissão Europeia já assumiu que nenhum país europeu pode, por si só, fazer frente a este desafio.

Por isso, lançámos um trabalho em duas importantes frentes.

No plano europeu, em setembro de 2022, estivemos com os serviços congéneres europeus e com os Ministros do Interior Europeus para participar na definição de três importantes prioridades. Por um lado, o reforço de meios, na medida em que é necessário reforçar os meios aéreos, os meios terrestres e os meios humanos; por outro lado, a antecipação da disponibilização de recursos financeiros para o reforço desses meios, não podendo a Europa esperar por 2027, 2028 e 2029, que era o prazo previsto inicialmente; e, em terceiro lugar, o pré posicionamento de meios que tem em vista garantir níveis de eficácia ainda mais elevados no ataque inicial. Portugal está disponível para acolher meios europeus nesse pré-posicionamento, no quadro do diálogo com Espanha.

Temos trabalhado também no plano nacional. O nosso sistema nacional de proteção civil deu provas que estão evidentes e que são, aliás, reconhecidas no plano europeu: em 90% dos incêndios, nós somos capazes de debelar os incêndios até aos 90 minutos. E em 83% dos incêndios a área ardida foi até 1 hectare.

Por via do reforço dos meios e do aumento da eficiência do nosso sistema, conseguiremos evitar que os pequenos incêndios se transformem em grandes e complexos incêndios.

Mas é evidente que é necessário encontrar as causas, determinar as condições para garantir que esses 10% dos incêndios, que se tornam incêndios complexos e de grande dimensão, possam ser debelados em tempos mais curtos. E para esse objetivo é muito importante fortalecer os dispositivos territoriais para garantirmos o pré-posicionamento de meios, tendo em vista garantir uma primeira resposta musculada e mais célere às ignições.

O que tem sido feito nesse sentido?

A par com o reforço de meios, temos apostado no reforço da profissionalização dos Corpos de Bombeiros, por via das Equipas de Intervenção Permanente. Esta aposta concretiza-se através da parceria entre o Governo, as Câmaras Municipais e as Associações Humanitárias de Bombeiros, que já permitiu assinar protocolos para criar mais Equipas de Intervenção Permanente de bombeiros, cuja especialização inclui valências para atuação nas variadas missões da proteção civil e não só de combate aos fogos.

O nosso sistema de proteção civil está agora, também, organizado nos patamares nacional, regional, sub-regional e municipal. Demos em 2023 o passo de criação dos 24 comandos sub-regionais, que é proveniente de uma reforma iniciada em 2019.

Foi igualmente possível lançar com sucesso um concurso internacional para a rede do SIRESP, encontrando-se adjudicados os diferentes lotes. Neste domínio concreto aguardamos apenas pelos vistos do Tribunal de Contas, sendo que o sistema continua a funcionar com total operacionalidade.

Vale a pena igualmente referir o reforço de meios que se tem operado no nosso sistema de proteção civil.

Este ano passámos de 29,7 milhões de euros de financiamento permanente aos Corpos de Bombeiros para 31,7 milhões de euros, o que significa um aumento 6,7% em relação a 2022.

Entre 2018 e 2023 existiu um aumento conjugado de 21,2% neste parâmetro.

Temos ainda previstos 52,7 milhões de euros para o DECIR (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais).

Vai haver algum investimento nesta área no âmbito do PRR?

No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, vão ser adquiridos mais 81 veículos de combate a incêndios rurais - 59 Veículos Florestais de Combate a Incêndios e de 22 Veículos-Tanque Táticos Florestais.

Será feita a utilização, também via PRR, de 6 milhões de euros para aquisição de Equipamentos de Proteção Individual e de 1 milhão de euros para formar 3.300 agentes de proteção civil, através da Escola Nacional de Bombeiros.

Será transferido para o Fundo Social do Bombeiro o correspondente a 3% do valor do financiamento permanente das Associações Humanitárias de Bombeiros.

A Liga dos Bombeiros Portugueses irá receber um financiamento público superior a meio milhão de euros.

O apoio financeiro à Escola Nacional de Bombeiros (ENB), no valor de 3 milhões

de euros, será efetivado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.

Há, ainda, que ter em conta os recursos destinados à operação dos meios aéreos pela Força Aérea Portuguesa.

Acrescem, também, os 78,6 milhões de euros da Guarda Nacional Republicana destinados ao Plano Nacional de Gestão de Fogos Rurais.

São valores que ilustram bem o apoio deste Governo aos bombeiros e a prioridade dada à prevenção e ao combate aos incêndios rurais.

Destaco uma última medida. Inscrevemos um aumento salarial de 52 euros para dos bombeiros integrados nas Equipas de Intervenção Permanente, que auferiam 757 euros e passam a receber 809 euros.

Em 2022, Murça foi dos concelhos mais afetados pelos incêndios com a quase totalidade de território a ficar em cinzas. Meses após esta tragédia e feita a análise da fita do tempo, o combate foi bem feito ou existiram falhas que potenciam a dimensão do fogo?

Em 2022, tivemos temperaturas de 47 graus, ventos superiores a 60 km/h e humidades abaixo dos 10%. Este é um cenário que se verificava em vários países da Europa e agora também nos países do norte e do centro da Europa, fatores determinantes para o que aconteceu no concelho de Murça.

Temos tido níveis muito altos de eficiência no ataque inicial. Contudo, existem os grandes incêndios que correspondem a uma elevada área ardida. Aqui estão os incêndios da Serra da Estrela, de Murça e Ourém. No quadro da Subcomissão de Lições Aprendidas do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, mais de 20 cientistas e investigadores dos vários centros do país elaboraram um relatório sobre a época de incêndios rurais de 2022 que terá recomendações para um aperfeiçoamento do sistema, nomeadamente para fazer face a esses incêndios de maior severidade.

O êxodo populacional que o interior regista há décadas e o consequente abandono dos terrenos agrícolas são a causa do crescimento desgovernado do “mato”. Como se pode controlar esta tendência?

O ordenamento do território não é competência do Ministério da Administração Interna, apenas o combate a incêndios. Mas o Ministério do Ambiente e Alteração Climática, através do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), tem políticas para tornar o nosso território mais resiliente, como por exemplo os Condomínios de Aldeia e as Áreas de Gestão Integrada de Paisagem.

Adicionalmente, em janeiro e fevereiro, os ministérios da Administração Interna,

Ambiente, Coesão Territorial e Agricultura dialogaram com os autarcas de norte a sul do país. Sobretudo para dar a conhecer as respostas que existem e fazer um apelo para a limpeza de faixas de combustível e para a aprovação e atualização dos planos municipais de emergência e dos planos municipais de proteção civil. Tudo isto na lógica de preparação da primavera e do verão, já no outono e no inverno. Participaram neste diálogo 225 dos 278 municípios do território continental.

Foi autarca de um município de “baixa densidade” durante uma década. Esta experiência ajuda-o a perceber melhor os desafios que as autarquias durienses enfrentam nas áreas sob sua tutela?

Sem dúvida nenhuma. Ter sido autarca permitiu-me estar em contacto permanente com os problemas e desafios locais e esse conhecimento é muito útil nas funções que desempenho. E que também se aplicam a todo o território nacional.

É muito importante ouvir e dialogar com os agentes de desenvolvimento e entidades associadas a cada área de atividade, por forma a criar políticas públicas eficientes e ajustadas às necessidades.

Em 2022 a criminalidade regressou aos níveis de 2019 após dois anos com números muito reduzidos como efeito da pandemia. Apesar dos números acredita que podemos continuar a afirmar que Portugal é um país seguro?

Todos os indicadores continuam a demonstrar que Portugal é um dos países mais seguros do mundo, conforme é comprovado por vários estudos internacionais.

Os indicadores que temos até agora mostram que mantemos níveis de criminalidade geral e violenta equivalentes aos de 2019. Alguns indicadores apontam para um aumento da intensidade da violência juvenil e grupal, fruto também dos efeitos da pandemia na saúde mental.

Estes indicadores levaram-nos a criar a Comissão de Análise Integrada da Delinquência Juvenil e da Criminalidade Violenta para estudar este fenómeno em profundidade e para podermos desenvolver políticas públicas coerentes de resposta a este problema. Participaram neste trabalho de análise e proposta de políticas públicas várias áreas governativas – a Administração Interna, a Saúde, Educação, Justiça e Juventude e Desporto, que está sob a tutela da Ministra dos Assuntos Parlamentares.

Apresentamos em janeiro algumas recomendações intercalares neste âmbito e estamos também a elaborar a Estratégia Integrada de Segurança Urbana, atendendo às novas dinâmicas dos espaços urbanos, e que traz abordagens de atuação neste domínio. ○

5 MARÇO 2023 VIVADOURO Destaque

Município assinala Dia Internacional da Mulher

No Dia Internacional da Mulher, o Presidente da Câmara Municipal, Paulo Silva e os Vereadores Fernando Correia e Justina Teixeira, homenagearam as mulheres de Mesão Frio, num gesto espontâneo e simbólico revestido de valor. No centro urbano da vila, todas as mulheres foram brindadas com uma flor, como forma de

celebrar este dia tão especial. Por entre sorrisos e abraços, esta ação estendeu-se às ruas da Vila, ao comércio local, às várias repartições públicas de Mesão Frio, a todos os departamentos da Câmara Municipal, ao Tribunal, ao Agrupamento de Escolas Prof. António da Natividade, à Associação Humanitária de

Tertúlia Literária sobre o Comboio no Douro

Bombeiros Voluntários de Mesão Frio, à Santa Casa da Misericórdia, à Adega Cooperativa e ao Centro de Saúde.

Esta data foi instituída para recordar e celebrar a luta pelos direitos internacionais das mulheres, servindo também para relembrar que há muitos domínios e locais do mundo onde esses direitos

ainda não são cumpridos.

O Município de Mesão Frio quis deixar, assim, a mensagem de que a Mulher é um dos pilares da nossa sociedade e que ainda temos um longo caminho a percorrer em matéria de direitos, igualdade de oportunidades e não discriminação de géneros. ○

Mesão Frio recebe rastreios de saúde gratuitos

Realizou-se mais uma edição das «Tertúlias na Biblioteca» no serão do passado dia 2 de março. Desta vez o tema foi «O Comboio no Douro», conversa que contou com o convidado especial, Luís Almeida, especialista em engenharia ferroviária, Manuel Igreja, habitual dinamizador destes convívios literários e Carla Borges, da Tertúlia João de Araújo Correia.

Na sala de leitura da Biblioteca Municipal de Mesão Frio, através da partilha de ideias, memórias e textos sobre o comboio no Douro, o painel de oradores proporcionou uma conversa com o público presente, levando-o a refletir sobre esta linha de transporte que mudou a face, o quotidiano e a dinâmica social da Região. Leram-se textos de João de Araújo Correia, Vergílio Ferreira, Sant’Ana Dionísio e Alves Redol.

Num debate descontraído sobre o tema,

falou-se sobre a forma como o caminho-de-ferro faz ou já fez parte do nosso quotidiano e das relações dos comboios com os livros e a literatura. O momento serviu ainda de mote para Luís Almeida perspetivar o futuro do comboio na Região.

Luís Almeida, com vasta experiência no desenvolvimento e coordenação de projetos de vias de comunicação, coleciona conhecimentos alargados em engenharia ferroviária. Por ser também presidente da Direção da Associação Vale d’Ouro, tem vindo a intervir ativamente em questões relevantes para a comunidade, sobretudo na defesa da reabertura do troço internacional da Linha do Douro.

A próxima tertúlia na biblioteca será dinamizada no dia 21 abril e terá como tema a liberdade, conceito muito associado ao mês em que se depôs o regime ditatorial no país. ○

O projeto de voluntariado «Med on Tour» regressou ao Concelho de Mesão Frio para um fim de semana inteiramente dedicado à saúde. Os alunos de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, voltaram a realizar a iniciativa «Med On Tour», com a disponibilização de rastreios de saúde gratuitos para toda a população, durante três dias, 3, 4 e 5 de março.

Com o apoio da Câmara Municipal de Mesão Frio, os futuros médicos tiveram a oportunidade de colocar a teoria em prática e de contactar mais de perto com a realidade das nossas populações do Interior. Os estudantes avaliaram os fatores de risco associados à obesidade, à hiper-

tensão arterial e à diabetes. Com o intuito de colmatar estilos de vida prejudiciais à saúde das populações, foram realizadas ações de sensibilização sobre os fatores de risco com maior prevalência, nomeadamente a Diabetes e a hipertensão arterial. Entre estas ações destacam-se as palestras junto dos alunos do Agrupamento de Escolas Prof. António da Natividade.

O Município de Mesão Frio, em parceria com a Associação de Estudantes do ICBAS, reforçou assim, a importância que o papel da medicina preventiva tem, antecipando graves problemas de saúde, o que constitui um forte pilar na melhoria da qualidade de vida, especialmente da população mais idosa. ○

6 VIVADOURO MARÇO 2023
Frio
Mesão

Município assumiu transferência de competência na Ação Social

No âmbito da descentralização dos serviços da Administração Central para os Municípios, desde o dia 1 de fevereiro de 2023 que a Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta passou a assumir as funções associadas à transferência de competências em matéria de Ação Social, passando a ser responsável pelo atendimento e acompanhamento social, e pela prestação de apoios aos munícipes do concelho.

A data de início de funções do Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS) e a assinatura do respetivo protocolo, ficou marcada pela presença do Diretor da Segurança Social do Centro Distrital de Bragança, Dr. Orlando Vaqueiro, que se fez acompanhar pela Diretora da Unidade de Desenvolvimento Social

Município de Freixo de Espada à Cinta promovido na Bolsa de Turismo de Lisboa

O Município de Freixo de Espada à Cinta desenvolveu, no passado dia 1 de março, uma atividade promocional na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), onde foram apresentados e degustados alguns dos melhores produtos endógenos produzidos no concelho e “embaixadores” do nosso território.

Em representação do Município de Freixo de Espada à Cinta esteve o Presidente da Câmara Municipal, Nuno Ferreira, e a Vice-Presidente Ana Luísa Peleira, que participaram em todos os momentos de promoção dos produtos, das tradições, do potencial turístico e dos principais eventos que acontecem ao longo do ano no concelho.

A BTL decorreu de 1 a 5 de março, em Lisboa, sendo considerada uma das principais montras do setor do turismo em Portugal e no Mundo, por onde passam milhares de visitantes e profissionais da área turística, representando um ponto de encontro e espaço de aplicação das últimas tendências em voga no mercado turístico.

O Município de Freixo de Espada à Cinta

participou na BTL integrado na Comunidade Intermunicipal do Douro e em parceria com o Turismo do Porto e Norte de Portugal, tendo aproveitado ao máximo a ocasião para a promoção do concelho enquanto forte destino turístico com grandes potencialidades, e levando o convite para que nos visitem ao longo de todo o

ano, agora sob o título de Douro Cidade Europeia do Vinho 2023, aproveitando o Passaporte Douro para usufruir de experiências únicas.

Ao participar neste tipo de eventos, de elevada projeção nacional e internacional, o Executivo Autárquico tem como objetivo afirmar e promover de forma po-

do Centro Distrital de Bragança, Dra. Isabel Bernardo, que se juntaram ao Presidente da Câmara Municipal, Nuno Ferreira, à Vice-Presidente Ana Luísa Peleira, e às Técnicas Superiores do Município que ficarão afetas a este serviço.

Com a transferência de competências na área da Ação Social para o Município de Freixo de Espada à Cinta, os munícipes poderão aceder aos serviços de caráter social de forma mais próxima e rápida, com total transparência e sigilo, sempre em prol da qualidade de vida e bem-estar da população do concelho.

O Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social está localizado no Edifício da Ação Social (Rua do Vale) e funciona de segunda a sexta-feira, das 09h às 12h30 e das 13h30 às 17h. ○

sitiva e proativa Freixo de Espada à Cinta, criando interesse e alavancando o território de forma coesa, sustentável e eficiente, atraindo turismo e projetando-se enquanto destino com crescente prestigio e notoriedade, potenciando o desenvolvimento da economia local e a preservação da identidade do concelho. ○

Seda de Freixo de Espada à Cinta em destaque no Portugal Fashion

A Seda de Freixo de Espada à Cinta está presente, pela primeira vez, no Portugal Fashion, que decorre de 14 a 18 de março, na Alfândega do Porto. A Seda de Freixo de Espada à Cinta recebeu um dos poucos convites exclusivos e estará presente, desenvolvendo ações de promoção, no dia 18 de março (sábado), numa área específica destinada, sobretudo, à imprensa nacional e internacional e aos estilistas e designers de todo o mundo.

“Esta é mais uma prova de que Freixo de Espada à Cinta está em voga e que o Município está a percorrer a passos largos um longo caminho no sentido de projetar, valorizar e promover, nacional e internacionalmente, este ex-libris característico, único e diferenciador que

apenas existe em Freixo de Espada à Cinta”, afirma o autarca Nuno Ferreira.

Nos últimos meses, a seda de Freixo de Espada à Cinta tem sido veículo de promoção da identidade e tradições do concelho estando, neste momento, em fase final o seu processo de certificação, que resultará num enorme salto qualitativo e quantitativo a nível financeiro, social e cultural para o concelho.

“A Seda tem estado em destaque em vários momentos, nomeadamente a presença na Feira Internacional de Turismo de Madrid em janeiro, e tendo também ganho o Prémio Autarquia do Ano 2022, na categoria de "Cultura e Património", subcategoria de "Artesanato". O

Museu da Seda e do Território passou a integrar, em janeiro deste ano, a rede de Novos Parceiros do Turismo Industrial do Porto e Norte de Portugal, assim como o Guia de Turismo Industrial: Porto e Norte de Portugal.

A Seda de Freixo de Espada à Cinta está ligada à história das gentes e do território e, por isso, este é o caminho que está a ser traçado e que Freixo de Espada à Cinta, enquanto guardião de uma tradição secular, que rejuvenesce diariamente através de novos projetos e iniciativas, tem de percorrer firmemente, cruzando a modernidade com a contemporaneidade e a tradição” explicou Nuno Ferreira.

7 MARÇO 2023 VIVADOURO Freixo
Cinta
de Espada à

Sernancelhe

Festival das Sopas de Sernancelhe é montra da cultura e tradição da Terra da Castanha

Entrar no Expo Salão de Sernancelhe durante o Festival das Sopas faz disparar os nossos sentidos, com destaque para o olfato que se perde no aromas dos legumes, carnes e peixes que compõe as sopas, como do paladar que encontra-mos colher após colher.

Sopa de gravanços com bacalhau, sopa à lavrador, caldo de castanha, sopa de feijoca à Zebreira ou sopa de cogumelos foram algumas das iguarias revitalizadas graças ao Festival de Sopas de Sernancelhe, um evento de inverno que juntou no Expo Salão o melhor da gastronomia tradicional, artesanato e folclore, proporcionando aos visitantes uma viagem pela história, cultura, sons e pelos sabores do nosso povo. Francisco Lopes, Presidente do Município de Lamego, foi o convidado de honra deste ano, tendo presidido à abertura do certame.

Integrada nas comemorações do Douro, Cidade Europeia do Vinho 2023, a 9.ª edição do Festival de Sopas e Encontro de Ranchos levou ao Expo Salão de Sernancelhe milhares de visitantes que contactaram com expositores, os usos e costumes da Terra da Castanha e puderam degustar gratuitamente as sopas que contam a história daquele povo.

No total foram 18 as associações que estiveram presente no evento: Associação

AMBULA IPSS, Associação Empresarial Beira Alta – Acis, Associação de Caça Távora e Zebreira, Associação Desportiva e Recreativa de Sarzeda, Associação Dinamizadora da Aldeia da Faia, Baldios “Cinco Réis de Gente” do Carregal, Banda Musical 81 de Ferreirim, Casa do Benfica de Sernancelhe, Confraria da Castanha Soutos da Lapa, Escola Profissional de Sernancelhe, Manta Verde – Associação da Biointerpretação de Lamosa, Núcleo Desportivo de Cultural de Vila da Ponte, Rancho Folclórico de Sernancelhe, Grupo Motard “Os Amigos Binantes”, Associação de Melhoramentos da Freguesia de Escurquela, Clube Caça e Pesca de Sernancelhe e Banda de Música de Sernancelhe.

Enquanto provaram as sopas, os visitantes puderam assistir à atuação de ranchos folclóricos, numa junção perfeita entre gastronomia e tradição.

Participaram neste Festival o Rancho Folclórico de Sernancelhe, o Grupo Folclórico e Etnográfico do Cimeiro (Baixo Mondego), o Rancho Folclórico de Pindelo de Silgueiros (Viseu), o Grupo Típico “Cancioneiro de Águeda”, o Rancho Folclórico do Caçador (Viseu), o Grupo Folclórico da Universidade do Minho, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Ílhavo, o Grupo de Música e Baile Tradicional Traspés (Vigo-Espanha), o Rancho Regional de Fafel (Lamego), o Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo (Viana do Castelo) e o Rancho Folclórico de Arnas (Sernancelhe).

Para Armando Mateus, vereador da cultura da autarquia e responsável pelo evento, “o balanço final é extremamente positivo, tínhamos seis mil tijelas para venda que esgotaram e tivemos que vender umas descartáveis que estávamos também a usar para oferecer aos diferentes grupos que nos visitaram durante todo o fim-de-semana. Estimamos que no total tenham passado pela Festa mais de 10 mil pessoas”.

A integração deste evento nas comemorações da Cidade Europeia do Vinho foi,

para Armando Mateus, “uma mais valia. Juntar os excelentes vinhos de toda a nossa região com as sopas tradicionais deste nosso território resultou muito bem e o feedback que recebemos por diferentes meios espelha bem esse sucesso”.

O vereador sernancelhense destaca ainda a forte presença de diversos órgãos de comunicação social na cobertura do evento, “é um sinal que estamos a fazer as coisas bem e que a comunicação também reconhece esse trabalho sério, fazendo-o chegar a mais gente, para nós é muito importante”.

Esta foi também a primeira edição sem restrições após a pandemia, na edição do ano passado ainda havia alguns cuidados mas este ano “foi notório que as pessoas já se sentem mais confortáveis com a situação e neste momento estão ávidas por este tipo de eventos onde podem conviver de forma saudável e salutar. Sendo este um evento com características tão especiais e diferenciadoras temos sempre uma grande procura de visitantes, este ano potenciada por esse conforto pós pandémico”. ○

8 VIVADOURO MARÇO 2023

Festival dos Potes e da Gastronomia Duriense foi um sucesso na Aldeia Vinhateira de Provesende

O Festival dos Potes e da Gastronomia Duriense, que decorreu no passado dia 5 de março, na aldeia Vinhateira de Provesende, acolheu centenas de visitantes e revelou-se um sucesso.

Com um programa recheado de muita animação e uma dinâmica muito característica, a tradicional gastronomia foi a chave para o sucesso do evento. Os visitantes adquiriram um kit que lhes permitiu fazer a prova gastronómica pelos quinze potes, desde os rojões do redanho, ao arroz de carqueja, papas de sarrabulho, e sopa de vindima, várias foram as provas que não deixaram ninguém indiferente.

O evento iniciou da parte da manhã com o corte da fita de abertura do festival pela Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, juntamente com o Presidente da Junta de Freguesia de Provesende, Carlos Madureira, seguindo-se a missa da bênção dos potes, que contou com a participação

da Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro e com a Confraria do Pote e da Amizade.

Depois da bênção dos potes começou a prova gastronómica pelos vários potes e a festa prosseguiu com a atuação do Rancho Folclórico do Pinhão, seguindo-se a atuação dos

Pauliteiros de Miranda do Douro, o Grupo de Concertinas Diatónicos, o Grupo de Bombos Zés Pereiras de Sabrosa, terminando com a atuação do artista Vítor Pica.

A presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, presente no evento, demonstrou a sua satisfação, referindo que

“neste Festival vivemos a realidade dos tempos mais antigos onde tudo girava à volta dos potes. Homenageamos as memórias do nosso povo, com uma gastronomia rica, composta pelos nossos produtos endógenos, acompanhada pelo nosso vinho. Parabenizo todos os que organizaram o evento, que certamente, será o primeiro de muitos.” A Presidente do município, juntamente com o Vice-Presidente, Martinho Gonçalves, fizeram ainda uma visita pelas barraquinhas presentes no festival. A festa retratou Provesende, uma aldeia cheia de vida, com uma dinâmica e uma história riquíssima que defende e preserva as suas raízes, o seu património e acima de tudo as pessoas.

O Festival dos Potes e da Gastronomia Duriense foi organizado pela União de Freguesias de Provesende, Gouvães do Douro e São Cristóvão do Douro, em parceria com o Município de Sabrosa e apoio da Associação Sabrosa Douro XXI. ○

Realizou-se no passado dia 4 de março, no Auditório Municipal de Sabrosa, o I Seminário “Rio Douro – Refletir Riscos, Promover Desenvolvimento”, dedicado ao debate de temáticas sobre o Rio Douro, que contou com a participação de várias entidades relevantes neste contexto.

Nesta que foi a primeira iniciativa do género, e uma das pioneiras neste âmbito em todo o território tocado pelo Rio Douro, o município de Sabrosa reuniu especialistas, técnicos e altos dirigentes para discutir assuntos como os desafios que este enfrenta, bem como oportunidades de promover o turismo da região.

A sessão de abertura contou com a intervenção da Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, do Comandante Regional do Norte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Tenente-Coronel Carlos Alves, em representação de sua excelência o Ministro da Administração Interna.

Na sua intervenção, a presidente da Câmara Municipal deixou votos de que “neste dia que agora começamos e que será profícuo no identificar de desafios e oportunidades do Douro, em suscitar perguntas, encontrar respostas e delinear estratégias de desenvol-

vimento integrado da região e do seu turismo, fazendo um diagnóstico de riscos e de segurança ao território e ao rio, sejamos, todos, no final do mesmo, capazes de levarmos de volta ás nossas competências quotidianas um plano de trabalho e necessidades valorizando as conclusões que aqui hoje se vão encontrar, para dotar e alavancar o nosso Douro de todas as competências e potencialidades que ele possui.”

A sessão de abertura contou ainda com a intervenção do Presidente da CCDR-Norte, António Cunha, que abordou o tema da Estratégia de Desenvolvimento Integrado na Região do Douro.

Este primeiro seminário foi constituído por três painéis com diferentes temáticas.

O primeiro painel “Douro – Diagnóstico de Riscos”, composto por três palestrantes, Frederico Martins, Chefe da Divisão de Planeamento e Controlo da Navegação da Via Navegável do Douro, pertencente à Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo,S.A. (APDL); Carlos Bateira da Universidade do Porto e Rui Ribeiro, Presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), e pelo moderador Álvaro Ri-

beiro, Presidente dos Bombeiros Voluntários da Cruz Branca e ex-Comandante Distrital de Vila Real; onde foram abordados assuntos como a navegabilidade do rio, movimentos de vertente e mobilidade rodoviária.

O segundo painel “Turismo no Douro – Desafios e Oportunidades” foi composto por dois palestrantes, Susana Ribeiro, Diretora Geral da Agência de Promoção Externa e Alberto Tapada, Presidente da Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes (AETUR). Para moderar este painel contamos com Luís Mendonça, Diretor da Rádio Universidade de Vila Real e Presidente da Associação Portuguesa de Radiodifusão.

O terceiro e último painel “Resposta ao Socorro, Fator de Desenvolvimento” foi formado por Eduardo Correia, Vice-Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP); Coronel João Brito, Comandante do Comando Territorial da GNR de Vila Real; Capitão de Fragata, Rui Serrano da Paz, da Capitania do Douro do Porto e Miguel Fonseca, Comandante Sub-Regional do Douro da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Para moderar este painel foi convidado mais uma vez Álvaro Ribeiro.

O Seminário encerrou com a intervenção do Vereador da Câmara Municipal, António Araújo, responsável pelo pelouro da Segurança e Proteção Civil, que agradeceu a participação de todos, congratulando também todos os palestrantes e moderadores pela sua colaboração, estudo, conhecimento e empenho na abordagem dos temas propostos, pois sem o seu contributo este seminário não teria a importância e impacto alcançados.

Ainda na sua intervenção referiu que “este Seminário, sendo uma oportunidade valiosa para promover o debate construtivo e a partilha de conhecimentos foi, também, uma verdadeira oportunidade para a discussão de temas relevantes e a partilha de conhecimentos, com o objetivo de promover um desenvolvimento justo, sustentável e integrado desta região visando o bem-estar de todos os cidadãos, residentes ou visitantes” deixando desde logo o convite a todos os presentes para o segundo seminário que se realizará no próximo ano.

Este seminário foi organizado pelo município de Sabrosa, em colaboração com o Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil (CEIPC). ○

Souto Maior realizou a tradicional Feira da Matança do Porco

Decorreu no fim de semana de 25 e 26 de fevereiro, uma das tradições mais antigas e populares da região, a VIII Feira Tradicional da Matança do Porco em Souto Maior.

A feira tradicional iniciou no sábado à tarde com a atuação do grupo de percussão “Bomboémia” da Universidade do Minho, seguindo-se o ritual da matança do porco que marcou o dia e a degustação do sarrabulho por todos os presentes. Posteriormente a animação continuou com o grupo de concertinas “Diatónicos”

e terminou com o jantar convívio e a atuação do artista “Vítor Pica”.

No segundo dia da VIII Feira Tradicional da Matança do Porco o destaque foi para a “desmancha” e para a missa que decorreu na sede da Associação Cultural Desportiva e Recreativa de Souto Maior, que foi transmitida em direto na Rádio Dom Bosco. Seguiu-se o tão afamado almoço convívio à base da carne grelhada do porco com animação durante toda a tarde proporcionada pelo “Rancho Folclórico do Pinhão”

e pelos “Cantadores ao Desafio – Pedro Cachadinha”. A feira encerrou com a prova dos rojões no pote com broa.

O fim de semana foi composto por muita animação, música, gastronomia e artesanato proporcionado pela população que se associou ao evento com vários produtos à venda nos stands.

A Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, esteve presente no evento e fez questão de salientar que “este é um momento importante para a freguesia de Souto Maior,

fazer reviver as tradições e criar momentos de convívio como este é realmente essencial, e por isso, parabenizo todos os envolvidos. Que o que aqui vivemos hoje seja perpetuado por muitos anos com esta força e vitalidade.”

A VIII Feira Tradicional da Matança do Porco em Souto Maior foi organizada pela Junta de Freguesia de Souto Maior, com o apoio da Câmara Municipal de Sabrosa e da Associação Cultural Desportiva e Recreativa de Souto Maior. ○

9 MARÇO 2023 VIVADOURO Sabrosa
Sabrosa recebeu o I Seminário “Rio Douro
Refletir Riscos, Promover Desenvolvimento”

Vila Nova de Foz Côa

Festa das Amendoeiras em Flor de Foz Côa afirmou mudança na tradição

Com algumas novidades e um fim de semana extra, a Festa das Amendoeiras em Flor de Vila Nova de Foz Côa mostrou aos milhares de visitantes o melhor que o concelho do Douro Superior tem para oferecer.

Marcada pela afirmação da mudança que se iniciou na edição do ano passado, o certame terminou com um "balanço extremamente positivo", afirmou João Paulo Sousa, autarca fozcoense, em declarações ao nosso jornal.

“Depois de 40 anos a fazer Amendoeiras em Flor temos que ter esta capacidade de nos reinventarmos sob pena de perdermos escala. A ideia do ano passado funcionou muito bem, temos dois momentos distintos ao longo dos fins de semana do certame que se dividem entre os eventos diurnos e os noturnos.

Tendo estas características especiais e introduzindo sempre elementos novos na festa, evidentemente que as pessoas vão à procura da novidade. Dentro daquilo que é tradição, introduzir novidade é muito importante e foi isso que fizemos”, explicou o edil.

João Paulo Sousa declarou ainda que este ano "o investimento feito foi superior", justificando essa decisão com a importância da festa para o concelho, "são as nossas maiores festividades" e porque, no seu entendimento, "é um investimento que se reflete no nosso comércio local, na restauração, na hotelaria e nas nossas aldeias que recebem inúmeros visitantes durante estes três fins-de-semana".

Para o autarca "é sempre difícil quantificar o número de visitantes porque não fazemos a festa num espaço fechado, contrariamente ao que é habitual. Por exemplo, no último fim de semana, pela primeira vez, teríamos mais de 8 mil pessoas a assistir ao concerto do Nininho Vaz Maia, e dessas mais de duas mil ficaram até ao fecho do recinto, às 3 da manhã com dj's".

Englobado na Festa das Amendoeiras em Flor, no centro da cidade houve também um mercado com mais de 120 stands que se juntaram aos cerca de 30 no interior do ExpoCôa, estes maioritariamente ocupados pelas freguesias fozcoenses que ali divulgam os seus produtos e património.

“Continuo a apostar no património e na cultura como a maior porta de entrada do turismo. Acho que é uma batalha que tem sido ganha e é o caminho que vamos

prosseguir no nosso concelho”, afirmou o autarca.

Nos vários eventos que decorreram durante os quatro fins de semana de festejos destaque para o passeio motar que contou com cerca de 700 participantes, e os passeios pedestre que envolveram mais de 400 pessoas.

Destaque ainda para o Trail das Amendoeiras em Flor, que este ano se realizou no fim de semana seguinte ao cortejo, prolongando assim as festividades, que contou com 800 participantes “que primeiro exercitaram o corpo, durante a prova, e acabaram a exercitar a alma com a prova da nossa gastronomia e dos nossos produtos regionais”.

“O desfile etnográfico, que é um dos eventos mais importantes desta celebração este ano também teve novidades com a colocação de duas bancadas, com pouco mais de 500 lugares, e a apresentação dos carros alegóricos. Tivemos muita gente a assistir, de todo o país, com especial destaque para a região norte que normalmente acorre em massa a este evento”.

Para João Paulo Sousa, as mudanças não ficam por aqui e muitas outras estão já a ser pensadas para as futuras edições deste certame.

“Necessariamente tem que haver alterações. Sou uma pessoa inconstante, não gosto de me acomodar às coisas e por isso vamos alterando aqui e ali, sendo que o aumento do número de bancadas é uma possibilidade até porque permite esta situação da apresentação dos carros para aqueles que são de fora conseguirem entender melhor o nosso desfile que é etnográfico, não é carnavalesco".

Entre as quase três dezenas de carros eram variadas as referências às tradições e costumes do concelho, bem como à distinção do Douro como Cidade Europeia do Vinho que este ano se assinala por toda a região e que foi referenciada nos diversos momentos das festividades, incluindo no desfile etnográfico.

Entre as alegorias, os estudantes da escola de Vila Nova de Foz Côa destacaram a luta pela reabertura da Linha do Douro, um processo importante para o concelho que os jovens assumem também como uma luta sua.

“Em 1994 foram os estudantes que tomaram as rédeas do processo Gravuras-Barragem, tiveram um papel essencial e, neste momento, estão já também envolvidos na luta pela reabertura da Linha do Douro, numa demonstração que isto não é um assunto apenas político”. ○

10 VIVADOURO MARÇO 2023

Baile de Carnaval juntou e animou gerações distintas

Seniores, utentes das IPSS’s, e crianças de vários estabelecimentos de ensino do concelho de Moimenta da Beira, num total de cerca de duas centenas, juntaram-se para participar e animar a 14ª edição do Baile Intergeracional organizado pelo Município local, no âmbito da Rede Social. Foi no dia

20 de fevereiro. Um sucesso!

“Foi uma tarde de alegria e de convívio entre os jovens e menos jovens. Agradeço a todas as instituições presentes que muito contribuem para que a nossa comunidade possa ser e estar mais feliz todos os dias”, sublinhou Paulo Figueiredo, presidente da

Câmara Municipal que deu início ao evento na sala de convívio da Escola Secundária e assistiu à entrega de lembranças às IPSS’s, feitas pelos utentes da Artenave.

Para além dos disfarces carnavalescos, a tarde contou com a apresentação de uma coreografia pelas crianças da Associação

Moimentense de Apoio à Infância (AMAI) e da Santa Casa da Misericórdia, e também das atuações da Universidade Sénior Infante D. Henrique (UNISE) e da Artuna (Tuna da Artenave - Atelier). Já para o pezinho de dança, a animação musical esteve a cargo dos professores de música da autarquia. ○

Moimenta da Beira na BTL - Bolsa de Turismo de Lisboa

O Município de Moimenta da Beira voltou a marcar presença no maior certame nacional de promoção turística, a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL). E mostrou-se

em duas ações de charme, ambas no dia 5 de março. A primeira no espaço institucional do Turismo Porto e Norte de Portugal, com a apresentação de alguns eventos

Caminhada solidária comemorou Dia Internacional da Mulher

marcantes e integrados no “Douro - Cidade Europeia do Vinho 2023”. E a segunda no stand da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIMDOURO), com a promoção do

território através de provas de espumante Terras do Demo e degustação de doçaria confecionada com maçã, queijo, enchidos artesanais, bolas de Alvite. ○

Abrace o ambiente e adira à fatura eletrónica da água

Mais de 150 pessoas participaram na caminhada solidária que celebrou o Dia Internacional da Mulher em Moimenta da Beira. Ao todo, resultante do pagamento da inscrição, a quantia amealhada foi de 685 euros, valor que reverterá todo ele a favor da Liga Portuguesa Con-

tra o Cancro.

A iniciativa, que teve lugar no dia 12 de março, foi organizada pela Câmara Municipal de Moimenta da Beira através dos Gabinetes da Ação Social e Desporto, e contou com o patrocínio da Cooperativa Agrícola do Távora e da Cerdama. ○

Adira à fatura eletrónica da água emitida pela Câmara Municipal de Moimenta da Beira. É um serviço mais rápido, cómodo e gratuito, e que contribui para a diminuição da pegada ecológica.

A fatura é idêntica à de papel, mas o envio, agora em formato digital, é para o endereço eletrónico (e-mail) dos munícipes que aderirem a este processo.

Como aderir à fatura eletrónica?

- Através do preenchimento de um formulário no site do Município, indicando o seu nome, morada, número do consumidor, contacto telefónico e o seu endereço eletrónico, através do qual pretende receber a sua fatura;

- No Balcão Único de Atendimento.

Mais informações através do email: aguas@cm-moimenta.pt ○

11 MARÇO 2023 VIVADOURO Moimenta da Beira

S. João da Pesqueira

Pesqueira marca presença na Bolsa de Turismo de Lisboa

O Município de S. João da Pesqueira participou de 1 a 5 de março, na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, integrando o Stand da CIM Douro, numa estratégia de promoção conjunta dos territórios que constituem a Comunidade Intermunicipal do Douro.

No dia de abertura deste evento, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazenda, e diversos autarcas e elementos das comitivas, visitaram o stand do Concelho de S. João da Pesqueira, onde puderam saborear alguns dos produtos endógenos do Concelho.

Na sexta-feira (3 de março), dia dedicado à promoção do Concelho de S. João da Pesqueira no Stand da CIM Douro, esteve presente o Presidente da Câmara Municipal, Manuel Cordeiro, que fez uma apresentação audiovisual da próxima edição da Vindouro – Wine and History – Festa Pombalina.

Também foram distribuídos flyers pro-

Município aposta no Cinema sénior

mocionais da Vindouro, com figurantes vestidos à época pombalina a interagir com os visitantes da BTL.

A ESPRODOURO - Escola profissional do Alto Douro esteve presente e fez também uma apresentação de produtos endógenos harmonizados com vinhos do concelho, numa ação integrada na divulgação da Cidade Europeia do Vinho 2023, que vem mobilizando toda a Região, num momento importante de afirmação do território como um destino turístico de excelência, que o Douro no seu conjunto constitui.

A participação do Município na BTL 2023, insere-se no âmbito destas iniciativas e interações, visando por um lado a divulgação do concelho num evento com um alcance nacional e internacional, mas também promovendo  a envolvência dos agentes locais da área da agricultura, enologia e turismo numa ação integrada, desta comunidade.○

Câmara Municipal equipa o Centro Escolar de Paredes da Beira com novo mobiliário

O Município de S. João da Pesqueira possui agora uma nova iniciativa, intitulada de Cinema Sénior.

A partir de dia 18 de março, as portas do cineteatro abrem-se, gratuitamente, uma vez por mês para a população com 65 ou mais anos de idade e, em caso de mobilidade reduzida, para o seu acompanhante.

Este projeto destinado à população

sénior, pretende relembrar os grandes filmes que fizeram as delícias de várias gerações.

Na estreia será exibido o humorístico filme “O Pátio das Cantigas”, que possui no elenco, nomes como Vasco Santana, Laura Alves ou António Silva.

Consulte a programação do Cinema Sénior na página eletrónica www.sjpesqueira.pt ○

O Centro Escolar de Paredes da Beira recebeu, da Câmara Municipal, diverso mobiliário para as salas de aulas, tendo sido renovadas três salas, duas salas do 1º ciclo e uma sala do jardim de infância.

O novo mobiliário instalado resultou de um investimento de cerca de 5 mil euros.

Com design moderno e funcional, elas foram escolhidas a pensar no conforto e

na ergonomia das crianças, durante as atividades escolares.

Com o novo mobiliário, as salas de aula ganharam uma aparência mais aconchegante e acolhedora, tornando o ambiente de aprendizagem mais convidativo e agradável, permitindo também que os alunos melhor se adaptem ao seu tamanho e postura. ○

12 VIVADOURO MARÇO 2023

Município de Alijó aposta na construção de ETAR(s) biológicas

Voluntários da Missão País cumpriram semana ao serviço da comunidade

Integrado no seu plano de reestruturação das infraestruturas de saneamento básico do Concelho, o Município de Alijó decidiu avançar com a construção de oito novas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), tendo optado na sua maioria pelas chamadas ETAR biológicas que assentam numa tecnologia inovadora denominada ilhas flutuantes de cortiça. O total do investimento é superior a 1,8 milhões de euros. Tendo em conta as atuais necessidades em termos de tratamento de águas residuais, a solução escolhida vai permitir diminuir o consumo de energia e melhorar a eficiência das ETAR(s), tornando-as ecologicamente mais sustentáveis, com a vantagem acrescida de exigir menos manutenção.

Este sistema será implementado nas novas ETAR(s) de Carlão, Francelos, Pegarinhos, Ribalonga, Santa Eugénia e Vilar de Maçada. Estão também em construção duas ETAR compactas em Vale de Mendiz e em Souto Escarão.

De ressalvar que estas ilhas flutuantes consistem em plataformas de cortiça modulares que permitem o crescimento de plantas à superfície da água, que poderão depois ser replantadas em jardins públicos.

Estas intervenções representam um forte investimento num serviço público de caráter estrutural, essencial ao bem-estar geral, à saúde pública e à segurança coletiva das populações, às atividades económicas e à proteção do ambiente. ○

Pelo segundo ano consecutivo, o Município de Alijó acolheu os Voluntários da Missão País que andaram pelo Concelho a espalhar sorrisos e boa disposição. Durante uma semana, desenvolveram várias atividades de animação em escolas e lares, fizeram visitas porta-a-porta e levaram uma palavra amiga e alegria a quem mais precisa.

Além das ações de cariz social, um dos momentos altos da intensa semana de atividades foi a peça “Ponto de Encontro”, protagonizada pelos próprios voluntá-

rios, e que encheu o Teatro Auditório Municipal de Alijó.

Por forma a aproveitar a passagem deste grupo de jovens pelo Concelho para dar a conhecer o território em que desenvolveram a sua missão, os voluntários foram recebidos no Miradouro de Casal de Loivos, onde puderam apreciar uma das mais belas paisagens da região, e terminaram a sua jornada na aldeia de Perafita, conhecida pelo seu valioso património religioso. ○

13 MARÇO 2023 VIVADOURO Alijó Musical Via Dolorosa com o envolvimento das Freguesias do Concelho de Alijó 5 abril 21h00 Ruas da Vila de Alijó

S. João da Pesqueira

Saberes e Sabores do Douro à prova em S. João da Pesqueira

Entre 18 de fevereiro e 5 de março, o município de São João da Pesqueira organizou a 15ª edição da Festa dos Saberes e Sabores do Douro, um certame onde o visitante pode encontrar o que de melhor se produz no concelho entre vinhos, gastronomia e artesanato.

Inaugurada pela Secretária de Estado da Valorização do Interior, a Festa dos Saberes e Sabores do Douro recebeu milhares de visitantes ao longo de três fins de semana, aproveitando a forte afluência de visitantes ao concelho durante o período das amendoeiras em flor.

Ao longo do evento foram também muitos os momentos de animação com diversos grupos musicais a passarem pelo espaço expositivo, entre grupos de concertinas e bandas filarmónica, com destaque para Cláudia Martins e os Minhotos Marotos que encerraram o certame.

Para o autarca pesqueirense, Manuel Cordeiro, este evento pretende valorizar os produtos endógenos, divulgando também os costumes e tradições daquele território.

“O município de S. João da Pesqueira tem dedicado muito da sua atenção e esforço à promoção vitivinícola e enoturística no concelho, pela responsabilidade que temos de representar um concelho que é, na verdade, o maior produtor de vinho do Porto, o Coração do Douro.

Mas o município não pode descurar porém, outras atividades que se vêm afirmando pela sua importância e excelência crescentes. E quando falamos em produtos de excelência Douro, referimo-nos evidentemente ao vinho, mas também ao azeite, aos frutos secos, à maçã, aos produtos da terra, ou o mel, às compotas, ao fumeiro, aos queijos, e ainda às nossas tradições. E esta é a razão de ser da Festa das Saberes e Sabores do Douro.

Pretende por um lado, promover os nossos produtos, o artesanato e a gastronomia, mas também divulgar a nossa cultura e as nossas tradições. São os Saberes e Sabores do Douro, não só do concelho de S. João da Pes-

queira, mas sim de toda a região do Douro. Este evento é, na verdade, o evento mais singelo, o mais genuíno que o município promove, porque chega exatamente à base, ao seu produtor mais direto”.

Tendo contado com 27 expositores de

produtos da terra e fumeiro, 22 artesãos e 9 tabernas, “o balanço desta 15.ª edição da Festa dos Saberes e Sabores do Douro em S. J. Pesqueira é verdadeiramente positivo, tendo cumprido a sua dupla missão: a da promoção mas também a de apoio econó-

mico dos produtores.

Tivemos assim três fins de semana de uma mostra de produtos e artesanato da região do Douro, fins de semana gastronómicos, com incidência nos pratos confecionados da forma mais tradicional, concurso de Pesca, a animação com base em música tradicional com grupos locais, Bandas Filarmónicas, e ainda o Trail das amendoeiras em flor.

Quem nos visita pode encontrar tudo isto num espaço de comercialização e venda de produtos, usufruir da animação e da nossa gastronomia mais tradicional, e poderá ainda aproveitar para desfrutar por todo o concelho, de paisagens ímpares. Da possibilidade de poder apreciar vários espaços emblemáticos do concelho de S. João da Pesqueira, como a Praça da República, o Museu do Vinho, fantásticos e variadíssimos Miradouros sobre o Rio, património edificado classificado, e tantos outros espaços únicos.

A Festa dos Saberes e Sabores do Douro, pela simplicidade da sua genuína essência, constitui um importante certame no nosso concelho em que, aliando os nossos produtos e a cultura tradicional, constitui também a criação de uma marca identitária deste concelho e desta região duriense”, explica o autarca. ○

14 VIVADOURO MARÇO 2023

Fausto José em livro para os mais novos

O Vereador da Educação da Câmara Municipal de Armamar, António Manuel Silva, esteve hoje no estabelecimento escolar do primeiro ciclo para entregar livros às crianças, no dia em que se assinalam os 120 anos do nascimento do poeta Fausto José.

As crianças receberam da mão do vereador o livro A Menina e a Árvore, publicação com poemas da autoria de Fausto José e prefácio de João Paulo Fonseca, Presidente da Câmara Municipal. O autarca enalteceu o valor simbólico do poeta e desafiou crianças e professores a explorar a sua obra.

E vão três Termini Augustales!

O arqueólogo José Carlos Santos desco briu outro marco delimitatório da época romana, um Terminus Augustalis, em Con tim, freguesia de São Cosmado, município de Armamar.

É o segundo destes marcos descoberto neste levantamento. No município de Ar mamar são já três os exemplares: o de Gou joim, conhecido já há várias décadas, a que se juntou um outro descoberto em agosto do ano passado na localidade de Arícera e agora surge o terceiro.

Este exemplar está em bom estado de con servação, permitindo a fácil identificação e leitura das inscrições gravadas. Trata-se de um bloco de granito amarelo, de grão mé dio e está praticamente intacto. Tem um metro e 40 de altura por 70 centímetros de lado, aproximadamente, e estima-se que pese entre uma tonelada a uma tonelada e meia.

O achado está a entusiasmar a comuni dade científica porque o lugar em que foi encontrado, conjugado com a localização dos outros dois, vem sustentar a ideia de fendida por vários historiadores de que as linhas de água da ribeira de Leomil e do rio Tedo serviram para a marcação da fronteira entre os territórios de dois povos indígenas, no âmbito da organização geral promovida pelo imperador romano Cláudio no ano 43.  Esses povos, consegue agora provar-se, eram os Colarni (ou Coilarni) e os Arabrigen ses. Os primeiros viviam a poente, e como apontava já o historiador João Luís Vaz a sua Civitas seria onde hoje se localiza a cidade de Lamego; os Arabrigenses teriam o seu território para leste possivelmente até ao rio Torto ou à ribeira da Teja.

A pedra foi estudada pelo arqueólogo José Carlos Santos e pelo professor catedrático jubilado José D’Encarnação. Os resultados já foram publicados no Ficheiro Epigráfico, um suplemento da Revista CONIMBRIGA, da Universidade de Coimbra.

A Autarquia Local está a fazer desde março do ano passado o levantamento do património arqueológico, histórico e cultural, com vista à elaboração da Carta do Património Cultural do Concelho de Armamar, um projeto financiado pelo programa NORTE 2020. ○

O Município de Armamar esteve na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), para promover o potencial do turismo como motor de desenvolvimento do concelho.

Armamar levou à maior montra do turis-

Fausto José dos Santos Júnior, nasceu a 13 de março de 1903 na freguesia de Aldeias. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, foi conservador do registo em Porto Santo, na ilha da Madeira e também passou pela Câmara Municipal de Armamar, como vereador e como presidente.

No entanto, foram as letras que o imortalizaram. Conhecido em todo o país pela sua obra literária, foi colaborador da revista Presença, sucessora da Orpheu e fez parte do movimento coimbrão onde se destacaram nomes como José Régio, Mi-

mo em Portugal três propostas: a Montra Vínica de Armamar, que se realiza entre os dias 23 e 25 deste mês, a Feira da Maçã, a montra agrícola do concelho que acontece anualmente em outubro e foi ainda

apresentado o projeto do Centro Interpretativo da Mulher Duriense, um novo espaço de cultura, integrado na rede de museus do Museu do Douro, que abre as portas muito brevemente. ○

15 MARÇO 2023 VIVADOURO Armamar
Armamar na BTL com três propostas

Região unida em presença

O Douro uniu-se uma vez mais para marcar presenta na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), o mais importante certame do setor em Portugal. Em ano de Cidade Europeia do Vinho, este foi o mote para a divulgação dos diversos eventos, sabores, vinhos e paisagem, que os turistas podem encontrar em visita à região.

Ao longo dos cinco dias que durou o certame, os 19 municípios que integram a CIM Douro tiveram oportunidade de mostrar em diversos momentos aquilo que melhor produzem entre vinhos, azeite, padaria, doçaria, sumos, frutos e muito mais, bem como apresentar a sua história, património e paisagens.

Em ano de Cidade Europeia do Vinho, a distinção esteve sempre presente nos discursos e merchandising distribuído aos que visitavam o espaço. O Passaporte Douro também esteve presente no pavilhão 1 da BTL com um carimbo extra especialmente dedicado ao certame.

"Esta é a maior feira do setor do turismo em Portugal e é aqui que devemos estar, que devemos promover o nosso território, num espírito de união como é aquele que nos caracteriza tão bem. Mesmo cada um dos municípios vindo apresentar o que melhor tem, há uma palavra que nos une, Douro, e uma distinção que nos abrange a todos, Cidade Europeia do Vinho, portanto, é um ano que devemos aproveitar para nos promovermos ainda mais, lançando assim sementes que irão perdurar no tempo".

As palavras são de Carlos Silva, Presidente da CIM Douro e da autarquia de Sernancelhe, que se mostrou "bastante satisfeito" com o trabalho que a região desenvolveu durante a presença no certame.

Pelo Espaço Douro passaram ainda algumas figuras de relevo como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que aproveitou para recordar que este ano o 10 de junho será celebrado na cidade de Peso da Régua, Ministros, Secretários de Estado e figuras públicas dos diferentes ramos da sociedade, autarcas e elementos dos executivos durienses e os seus homólogos de outros concelhos do país.

Para Carlos Silva, “o Douro tem no seu ADN o legado de várias gerações de durienses, obreiros desta fabulosa paisagem cultural, de três Patrimónios da Humanidade, que combinam

a obra centenária do homem e da natureza, "a oitava maravilha do mundo", como descreveu José Saramago. É uma referência em Portugal e na Europa, é a montra de um território

notável pelo seu pelo seu sentido para os jovens e com turística e económica. que assumimos como

16 VIVADOURO MARÇO 2023 Especial

presença na BTL

nível civilizacional, exportador, atrativo com notável dinâmica económica. É um orgulho como missão históri-

ca, certos de estarmos a construir um desígnio desta grande região”.

Ao longo do certame, o serviço prestado no bar do Espaço Douro foi garantido pela Escola Profissional de

Desenvolvimento Rural do Rodo, de Peso da Régua, com os alunos a aproveitarem a oportunidade para ganhar experiência.

Durante a visita de Marcelo Rebelo

de Sousa houve ainda oportunidade para um momento que desperta sempre muita curiosidade, a abertura de uma garrafa de Vinho do Porto com recurso a ferro quente. ○

17 MARÇO 2023 VIVADOURO Especial

Santa Marta de Penaguião

Autarquia de Santa Marta de Penaguião investe na Educação

O Município de Santa Marta de Penaguião implementou uma nova plataforma de gestão dos Serviços de Apoio à Família nomeadamente de refeitório, bar e papelaria, no Agrupamento de Escolas do nosso Concelho.

Um investimento de 45 923,46 €, que permite dar mais um passo na educação, promovendo ainda maior proximidade entre os Encarregados de Educação e a Escola, assim como facilitar a gestão no funcionamento e organização dos serviços prestados à comunidade educativa.

Desde fevereiro a plataforma – SIGA, através do cartão escolar/cartão do aluno, está a funcionar em todas as escolas do Agrupamento de Escolas de Santa Marta de Penaguião permitindo assim aos Encarregados de Educação o acesso direto aos serviços usufruídos pelo seu educando, extrair faturas, bem como consultar notificações e ementas.

Para mais informações sobre a plataforma, o município penaguiense disponibiliza no seu site um link de informações úteis..

De realçar que os serviços da Educação da autarquia têm estado em articulação com a Direção do Agrupamento de Esco-

las, com os Serviços Administrativos e o corpo não docente, no sentido de facilitar o processo de ativação do referido cartão

junto dos encarregados de educação, bem como proceder à explicação do funcionamento do mesmo.○

Executivo Municipal visita os Jardins de Infância

Durante a manhã de ontem, o executivo do Município de Santa Marta de Penaguião visitou todos os pré-escolares do concelho, para devolver às crianças os presépios oferecidos na época natalíacia pela autarquia, que foram pintados em conjunto com as suas famílias, durante a época natalícia, e que estiveram expostos no Auditório Municipal até ao final do mês de janeiro.

Por forma a reconhecer o excelente

O Município de Santa Marta de Penaguião deu-se a conhecer na BTL

O município Santa Marta de Penaguião esteve presente na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) integrando alternadamente o Stand da CIM Douro, numa estratégia de promoção conjunta dos territórios que constituem a Comunidade Intermunicipal do Douro; o Stand da Federação Portuguesa do Caminho de Santiago com a promoção conjunta do património material e imaterial dos concelhos que constituem o caminho e o stand da Rota da EN2 com a promoção conjunta das diferentes e diversas potencialidades turístico-culturais que constituem a Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2.

Foram dias cheios de diversidade cultural e turística, du-

rante os quais o Berço D’Ouro deu também a conhecer a Lenda da Padroeira da Região Demarcada do Douro - Santa Marta – bem como a Rampa Santa Marta, a Caminhada Noturna, o Enduro e a Semana Cultural.

Santa Marta de Penaguião despede-se da BTL 2023 deixando um especial agradecimento a todos os que contribuíram para a presença do Berço D’Ouro durante estes 5 dias. ○

trabalho, cada sala do Pré-Escolar recebeu uma lembrança, que se traduziu em material para brincar e trabalhar e alegrar ainda mais os espaços.

Ao receberem as lembranças, as crianças deram o que têm de mais precioso: um sorriso fácil, o carinho e o entusiasmo tão característico desta faixa etária. Sejam sempre felizes, e muito obrigado mais uma vez, a alunos e educadoras, por tão generosamente terem acedido ao desafio. ○

Dar a conhecer os sabores da mesa penaguiense é desde sempre um dos objetivos da participação de Santa Marta de Penaguião na iniciativa promovida pela Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal.

Na edição deste ano, os sabores em destaque no jantar gastronómico foram a seleção de enchidos regionais, o galo estufado no tacho e a aletria que atraíram, no passado sábado, os amantes da boa gastronomia e do bom vinho.

Para completar o programa da iniciativa, os visitantes tiveram a oportunidade de usufruir, durante a tarde, de uma Feira de Artesanato Local e de

um Espaço Outlet que contou com a participação de cerca de dez expositores penaguienses.

Para abrilhantar ainda mais a tarde, a convite da autarquia local, a Tuna de Carvalhais e a Tuna de Soutelo animaram todos os presentes com os seus temas originais proporcionando igualmente momentos que fazem da Cultura penaguiense uma cultura diferenciadora. Pela primeira vez, em anos de existência, as Tunas atuaram em conjunto num momento descontraído, mas que ficará para sempre marcado na história cultural do concelho e na memória de quem esteve presente. ○

18 VIVADOURO MARÇO 2023
Município associou-se à iniciativa “Fins de Semana Gastronómicos”

Feira do Folar com espaço renovado para acompanhar crescimento

O evento, que este ano integra a programação do Douro Capital Europeia do Vinho, conta com uma reorganização do espaço que vai permitir acolher mais expositores. O certame, que acontece nos dias que antecedem a Páscoa, regista um crescimento no próprio conceito, ao apostar na inclusão da gastronomia e dos vinhos e também dos espetáculos musicais.

O folar é o produto rei que dá nome ao evento ao qual se juntam outros produtos da terra, a gastronomia e, principalmente, o vinho, uma vez que este ano a Feira do Folar e Produtos da Terra de Carrazeda de Ansiães integra a programação da iniciativa Douro Cidade Europeia do Vinho, que ao longo de todo o ano vai decorrer nos municípios que integram a Comunidade Intermunicipal do Douro.

A Feira decorre no Centro de Apoio Empresarial, com uma área exclusivamente dedicada à atividade de panificação, que são os produtores do tradi-

cional folar, mas também expositores com outro tipo de produtos, nomeadamente, pastelaria, compotas, enchidos, licores, vinho, azeite, mel e outros produtos alimentares e agrícolas.

Num segundo espaço, numa tenda exterior, vai funcionar a área mais recreativa, com palco para animação,

tasquinhas com serviço de refeições e expositores de vinho do concelho.

Para que as famílias possam usufruir do evento com tranquilidade, a organização preparou no interior do Centro de Apoio Empresarial de Carrazeda de Ansiães, um espaço destinado à exposição de produtos, mas também uma

área "Kids", onde as crianças se podem divertir, em total segurança, contando com o acompanhamento e vigilância de monitores.

A Feira do Folar e Produtos da Terra pretende ser uma oportunidade para comercialização dos produtos existentes no concelho de Carrazeda de Ansiães, de modo especial, o folar, contribuindo assim para promover a economia local, cultura, tradições e turismo. Mas não só.

Por se tratar de um evento que ocorre num período festivo, de reunião de famílias e amigos, o evento é também ponto de encontro, um espaço de convívio e animação e um motivo de atração para que visitantes e turistas acorram a Carrazeda de Ansiães por estes dias.

As inscrições para os expositores decorrem até ao dia 20 de março, podem ser feitas online, através do preenchimento da ficha de inscrição  https://forms. gle/1bVbwUGZagkAKkFV8 , disponibilizada na página institucional do Município de Carrazeda de Ansiães, ou diretamente na Loja Interativa de Turismo. ○

Quatro meses, quatro desafios. O município de Carrazeda de Ansiães lança um programa de caminhadas que vão acontecer em março, abril, maio e junho. Uma excelente oportunidade para redescobrir o concelho.

Carrazeda de Ansiães possui sete Percursos Pedestres homologados que, praticamente, percorrem todo o concelho, desde o Tua até ao Douro. Trilhos desenhados de acordo com as caraterísticas geográficas do território, que atendem não apenas aos valores naturais e à espetacularidade da paisagem, mas também ao património arqueológico, à cultura, às tradições, às comunidades locais e até à vertente económica de um município que encontra na maçã, no vinho e no azeite a sua maior riqueza produtiva, bem evidenciada na paisagem.

As caminhadas, promovidas pela autarquia, começam no Dia do Pai, 19 de março, com um percurso com grau de dificuldade médio, uma distância de 10 km, que vai de Parambos a Amedo. Em abril, dia 23, a proposta é para percorrer oito quilómetros, entre Codeçais e Brunheda, uma Pequena Rota de dificuldade média.

Em maio Carrazeda de Ansiães recebe, nos dias 20 e 21, o Tua Walking Festival,

um festival de percursos pedestres promovido pelo Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNRVT). No dia 20, sábado, será feito o PR3 CRZ - Trilho de Foz-Tua, uma caminhada de apenas 3,5 km com grau de dificuldade fácil. No dia 21, domingo, a proposta é fazer o PR2 CRZ - Trilho do Senhor da Boa Morte, com 9,6 km de distância, com grau de dificuldade algo difícil. A caminhada encerra com um almoço convívio na Antiga Escola do Castanheiro do Norte. A participação nestas caminhadas do PNRVT tem o custo de 10€ para os residentes e de 15 € para os não residentes no PNRVT. As inscrições devem ser feitas através do site do PNRVT.

Por fim, no mês de junho, a proposta é caminhar por Seixo de Ansiães, 11 quilómetros a andar, com um grau de dificuldade fácil/médio.

A concentração é sempre no CITICA, às 8h00, o transporte é assegurado pela Câmara Municipal.

As caminhadas são totalmente gratuitas, quem quiser usufruir do almoço convívio final e ainda de um kit de caminhante deve, no entanto, proceder à inscrição na Loja Interativa de Turismo ( 278 098 507), através do email lit@ cmca.pt, e fazer o pagamento de 10 €. ○

19 MARÇO 2023 VIVADOURO Carrazeda de Ansiães
“Venha Caminhar” é o convite que Carrazeda lhe faz

Freixo de Espada à Cinta

Feira da Amendoeira em Flor levou milhares a Freixo de Espada à Cinta

Ao longo dos três fins de semana, o Espaço Multiusos de Freixo de Espada à Cinta recebeu milhares de visitantes que puderam conhecer, experimentar e adquirir produtos locais, assistir aos concertos com artistas e grupos locais e nacionais ou ainda usufruir de uma refeição no espaço gastronómico.

A animação musical do certame ficou a cargo de Quim Barreiros, Calema e Anjos, que arrastaram multidões e promoveram boa música, animação e descontração. Houve também espaço para o Festival de Tunas Académicas que levou a palco três tunas universitárias: Real Tuna do Instituto Politécnico de Bragança, Tuna Feminina da Escola Superior de Enfermagem do Porto e Tuna do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra, que levaram a Freixo de Espada à Cinta o tradicional espirito académico que as carateriza e que envolve toda a comunidade.

Outro dos eventos em destaque nesta edição foi a Caminhada da Amendoeira em Flor, que se realizou pelo segundo ano consecutivo e que contou com mais de 200 caminhantes, entre locais, pessoas de outros pontos do país e estrangeiros, que percorreram os trilhos pedestres sempre ladeados por paisagens únicas e de grande beleza, nesta altura enfeitadas em tons brancos e rosa.

O percurso de mais de 5 km de extensão iniciou-se nas “Alminhas” e terminou na Praia Fluvial da Congida. Depois, homens, mulheres e crianças recuperam energias num almoço convívio. No rescaldo desta atividade o autarca, Nuno Ferreira, afirmava que “ficou patente a mais valia que tem sido a aposta do Executivo Autárquico na promoção de atividades desportivas e de hábitos de vida saudáveis, e na valorização do bem-estar físico e psicológico da população”.

Numa estratégia de revitalização e valorização dos costumes e tradições, a autarquia freixenista tem apostado nos jogos tradicionais, que fazem parte da memória coletiva local e, por isso, são considerados de grande importância pelo Executivo Autárquico de Freixo de Espada à Cinta. A grande afluência que existe relativamente aos jogos tradicionais do concelho (Raiola, Malha e Pelota), faz com que estes sejam uma atividade sempre a incluir em todos os eventos promocionais do concelho. A Feira da Amendoeira em Flor não foi exceção e voltaram a realizar-se os Torneios da Raiola, da Malha e da Pelota, que juntaram dezenas de participantes e atraíram muitos curiosos.

No final desta edição, em declarações ao nosso jornal, Nuno Ferreira afirmou que "este ano, Freixo de Espada à Cinta é claramente ‘Capital da Amendoeira em Flor’”. Elevámos ainda mais o patamar,

comparativamente com a edição do ano passado”.

Para o autarca freixenista, o certame terminou “em beleza”, sublinhando que “no último fim de semana foi destaque enquanto evento âncora da Cidade Europeia do Vinho, contando com a presença do stand da CIM Douro, e uma degustação de vinhos dos 19 Municípios, uma homenagem aos vitivinicultores que trabalham verdadeiramente e afincadamente a terra”.

Nuno Ferreira explicou ainda que este certame pretende valorizar os produtos e as gentes de Freixo de Espada à Cinta, sem esquecer o passado mas com olhar no futuro do concelho.

“Ao longo destes três fins de semana, procurámos privilegiar o passado, o presente e o futuro. Este Executivo pauta-se por respeitar o passado, trabalhar o presente e projetar cada vez mais o futuro de Freixo de Espada à Cinta.

Não é por estarmos no interior do país que não podemos desenvolver políticas proactivas e praticar o interior. É o que este Executivo tem feito na sua plenitude, afirmando o nosso concelho com muito orgulho a nível nacional e internacional, projetando-o nos diversos certames.

O caminho faz-se caminhando e é este que estamos a trilhar com transparência, rigor e seriedade”. ○

20 VIVADOURO MARÇO 2023

Dark Safari mostra-se pela primeira vez em Foz Côa

A exposição intitulada Dark Safari, com curadoria de Sara & André e de Manuel João Vieira, composta por mais de 40 obras de artistas nacionais e estrangeiros, que integra parte das aquisições recentes da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE) e de obras já presentes no seu acervo, está em exibição no Museu do Côa e no Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa, a primeira paragem da itinerância nacional.

Dark Safari coloca peças do acervo da CACE em diálogo com as gravuras rupestres do Vale do Côa, questionando abertamente conceitos como “artista”, “território” e “paisagem”. O resultado é um “excêntrico safari”, tendo como referência a obra do artista angolano Kiluanji Kia Henda, que empresta o nome à exposição.

Presente na inauguração desta exposição esteve o Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, que explicou que esta mostra resulta “de uma parceria entre a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), a Fundação Côa Parque e o Município de Vila Nova de Foz Côa”, dando assim início “a um programa de circulação da Coleção de Arte Contemporânea do Estado pelo território nacional, no quadro de uma estratégia de descentralização da arte con-

temporânea que envolverá instituições públicas e privadas”.

Para o Ministro da Cultura, “é simbólico que a primeira mostra da CACE aconteça em Foz Côa, um território de baixa densidade, distante das áreas metropolitanas, com uma paisagem profundamente marcada pelas primeiras manifestações artísticas do Homem, de certa forma ‘berço’ do que hoje apelidamos de arte pública”.

Pedro Adão e Silva sublinhou ainda que esta exposição reflete “o grande investimento do Governo na Arte Contemporânea, materializado na criação da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC), com uma linha de apoio em 2023 de dois milhões de euros, e também na política de aquisições e programação associada à CACE, cujo orçamento ascende este ano a um milhão de euros”.

A escolha de Vila Nova de Foz Côa para o arranque desta exposição é para o autarca fozcoense, João Paulo Sousa, “um orgulho”.

A escolha de Vila Nova de Foz Côa para acolher a CACE tutelada pelo Ministério da Cultura, sob a alçada da DGPC como o primeiro local expositivo do país, representa democratização cultural, descentralização estratégica da cultura para territórios de baixa densidade, mas representa, também e essencialmente, o reconhecimento valorativo do património rupestre (reconhecido pela UNESCO) existente no vale e a possibilidade provo-

catória de diálogo entre estas duas épocas histórico-artísticas.

Com a curadoria de Sara & André e Manuel João Vieira, esta exposição conta com mais de 40 obras magníficas, de autores contemporâneos.

O autarca aproveitou ainda para reformular o desejo de "tornar Foz Côa na Capital Cultural do Interior" afirmando que "a prioridade expositiva dada pela DGPC a Foz Côa e a presença de Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva na inauguração, conferem-me enquanto autarca a possibilidade de continuar a sonhar acordado.

A utopia é o caminho de não desistirmos do impossível. A resiliência, caraterística predominante do homem de piscos, permitiu-lhe alcançar metas e viver a arte do possível", concluiu João Paulo Sousa.

O mesmo entusiasmo é partilhado por Aida Carvalho, Diretora do Museu do Côa, para quem esta exposição tem um lado "simbólico, é aqui que temos as primeiras manifestações artísticas”.

Para a diretora, “juntar a arte paleolítica à arte contemporânea e criar uma narrativa forte neste contexto" é um excelente argumento "para visitar ou revisitar o Museu do Côa até julho deste ano".

Manuel João Vieira, curador da exposição, em declarações exclusivas ao VivaDouro no momento da inauguração, explicou a importância da descentralização da cultura.

“Existem em Portugal equipamentos de

grande qualidade e este em Foz Côa é um bom exemplo disso. Este museu simboliza também uma vitória da vontade em manter a nossa memória cultural comum contra uma certa ideia de desenvolvimento que pensa apenas no lucro a curto prazo. É uma honra para nós ter aqui esta exposição.

Neste momento temos um país com o litoral hipertrofiado e com o interior desertificado. Devia haver mais incentivos para habitar e trabalhar nestas regiões, e aí a cultura também desempenha um papel importante. Temos um país que arrancou 40 ou 50 anos atrás dos seus parceiros europeus na alfabetização, se pensarmos na alfabetização visual e cultural essa diferença é ainda maior.

Quando era muito novo lembro-me de ir a Espanha e um agricultor falar-me sobre Picasso, cá não temos esta realidade, o que é uma pena. Temos pintores de grande relevo na arte contemporânea e não os reconhecemos, era importante que o ensino, de uma forma geral, também abordasse aquilo que é a cultura. É também um pouco dessa literacia que pretendemos trazer com esta exposição".

Entre 2019 e 2022, o programa de aquisições para a Coleção de Arte Contemporânea do Estado já se traduziu na integração de 239 obras de 209 artistas, num investimento global de dois milhões e 250 mil euros.○

21 MARÇO 2023 VIVADOURO
Vila Nova de Foz Côa
800 911 400

Em Sabrosa, na adega mandam elas!

Em Sabrosa, na adega mandam elas Conhecida como "Adega das Mulheres", na Adega de Sabrosa são elas que estão em maioria, um aspeto que muitos apontam como fator de sucesso. No Dia Internacional das Mulheres o VivaDouro com três destas mulheres numa conversa sobre a importância que este epíteto tem.

Rita Borges faz parte da equipa de produção e enologia que é liderada por Celeste Marques, com quem nos vamos encontrar mais à frente. É natural de Santa Marta de Penaguião mas diz que já se sente sabrosense, "já estou aqui há seis anos, fiz a minha primeira vindima aqui em 2016 e acabei por ficar porque também gosto do ambiente que vivemos aqui".

Licenciada em Engenharia Alimentar, iniciou a vida profissional ligada aos vinhos numa adega onde as mulheres desempenham um papel fundamental, uma experiência que considera "interessante e desafiante".

"Cresci no Douro e sempre me habituei a ouvir falar do trabalho numa adega como difícil e pesado, para homens, então decidi desafiar-me e vir para este lado. Um dos grandes exemplos da região, sempre foi a D. Ferreirinha, uma mulher audaz, persistente e determinada, por isso não devemos ter medo do que os homens possam pensar ou dizer. Temos que ter vontade de aprender, comecei no armazém não aqui no laboratório, fiz limpezas de cubas, mangas, transfegas de tudo que se faz no armazém, e quando necessário ainda as fazemos. Há uma mulher em cada secção, por isso estamos prontas para qualquer situação e há um espírito grande de entreajuda".

Rita confessa que o cognome "Adega das Mulheres" leva a muitas "brincadeiras saudáveis com os colegas homens. Estão sempre a picar-nos mas com espírito de brincadeira, há um espírito de equipa grande entre todos".

À nossa espera já está Natércia Veiga, uma das mulheres mais experientes da adega, um rosto que os vários stakeholders reconhecem, responsável pelo departamento de Qualidade e Internacionalização. Conta-nos que "o início não foi fácil, havia muitos vícios enraizados do trabalho de força de homem. Quando chegamos diziam que não iríamos aguentar, mas felizmente as coisas mudaram e com elas as mentalidades".

Como em qualquer realidade, Natércia diz que "trabalhar maioritariamente com mulheres tem os seus aspetos positivos e negativos, como em qualquer outra realidade. A diferença é que nós trabalhamos de uma forma mais organizada, somos mais proativas e conseguimos estar aqui, mas pensar no que vai acontecer à frente".

Numa realidade, de uma adega, em que por vezes é necessário tomar decisões imediatas "conseguir ter a capacidade de decidir e estar a prever o que possa acon-

tecer em seguida, é uma vantagem que as mulheres têm".

Tendo as cooperativas um espírito de apoio económico às economias locais, há também um espírito social que se desempenha, promovido pelo contacto próximo que existe com os produtores. Acreditando que esse papel pode ser desempenhado pelo exemplo, Natércia está convencida que "o contacto de muitos anos que temos com os nossos viticultores, e o trabalho que fomos mostrando que somos capazes de fazer, foi mudando a forma como olham e lidam com as mulheres".

Para descrever a mudança que se sente, Natércia recorre a Fernando Pessoa e a um slogan criado pelo poeta para uma outra bebida, "Primeiro estranha-se, depois entranha-se".

"Mesmo fora desta realidade, no seu dia a dia, acredito que esta mudança já se faça sentir, o exemplo que damos com o trabalho que fazemos aqui ajuda-os a perceber aquilo que o trabalho feminino é capaz".

Para lá de tudo isto, o sucesso é também suportado pelos vinhos que ali são produzidos e que vão colecionando prémios ano após ano. "Há quem diga que temos o sexto sentido apurado para os vinhos, acho que têm razão. Como costumo dizer, os nossos vinhos são de mulheres, para mulheres, mas que os homens também podem beber". (risos)

Com a conversa a terminar, na adega vai já ecoando a voz de Celeste Marques que acompanha uma visita de estudo com alunos de uma escola profissional. Adolescentes em viagem de estudo numa adega é um cenário que imaginamos poder tornar-se incontrolável a qualquer momento, nada que um "oh meninos! Estão para aí a falar e eu aqui a explicar para as paredes é? Vamos lá tomar sentido", os olhos arregalados e a pose reta denunciam que o aviso foi recebido.

Acompanhamos o restante da visita e em tom de brincadeira recordamos esse

instante na nossa conversa com a enóloga principal da Adega de Sabrosa, após algum riso, conta, "é como quando aqui na adega ouvem os meus saltos, ficam logo todos em sentido, já sabem que estou a chegar às vezes bem os lixo, vou sem saltos e eles não contam comigo, também temos que fazer uma surpresa de vez em quando". (risos)

Enquanto conversamos, no espaço de breves minutos, Celeste Marques já ligou a um colaborador a dar instruções para resolver uma situação e falou com outra colaboradora que se cruzou connosco entre cubas e mangueiras, sem nunca desa-

O ambiente que se vive na adega é bom mas por vezes ter tantas mulheres também tem os seus problemas e quando se chateiam entre elas é logo um drama. (risos)

linhar do assunto que vamos mantendo.

"Tenho que estar atenta a tudo, sou assim. A vantagem de ser mulher é que somos mais organizadas e metodológicas que é muito importante numa adega. Quando uma mulher está à frente de um trabalho ele anda mais rápido, isso nota-se, mas temos que nos impor muitas vezes".

O ambiente que se vive na adega "é bom mas por vezes ter tantas mulheres também tem os seus problemas e quando se chateiam entre elas é logo um drama. (risos) Ou porque esta isto, ou aquelas que fizeram aquilo qualquer coisa é motivo para se chatearem, mas não lhes dou grande oportunidade e também as ponho em sentido. No final lá se entendem e aquilo passa, nisso os homens têm um

espírito diferente".

Com uma vida que ficou marcada por episódios de violência doméstica quando iniciou a vida profissional como enóloga, Celeste Marques é hoje um exemplo para muitas mulheres da região, no trabalho que vai desenvolvendo e em palestras em que é convidada a abordar o tema.

"Na altura decidi agarrar-me ao trabalho e mostrar que conseguia ser boa naquilo que fazia e que o meu trabalho seria apreciado e reconhecido. Se me diziam que não era capaz de o fazer então era exatamente isso que ia fazer.

Três dias depois do pior episódio de que fui vítima apresentei-me na adega para trabalhar, era época de vindimas e eu sabia que estavam a precisar de mim. Na altura, o meu diretor conhecia-me bem e os meus problemas, também fiz questão de o assumir perante todos e fui muito respeitada por isso. Daí em diante decidi que era isto que ia fazer, é este o poder que as mulheres têm e que eu tento também passar com o meu trabalho".

Nesse trabalho, a que Celeste Marques se refere, respeito é uma palavra que todos lhe reconhecem. "Quando cheguei isto era uma confusão, começamos a mudar tudo e a organizar as coisas de forma mais eficaz. Reorganizamos o trabalho e gerimos melhor os nossos recursos, quer económicos quer humanos. Essa mudança tem dado bons resultados, mas todos os dias temos que gerir alguma situação".

Para a experiente enóloga, ver a Adega de Sabrosa ser conhecida como "Adega das Mulheres", é "um orgulho, é sinal que aquilo que temos feito é bem feito e que somos reconhecidas por isso. A vida ensinou-me que temos que mostrar aquilo que somos capazes, mesmo que tenhamos que trabalhar o dobro ou o triplo de um homem, é o que faço diariamente, e o que transmito à minha equipa, Por isso fico tão satisfeita quando ouço que somos a "Adega das Mulheres". ○

22 VIVADOURO MARÇO 2023 Sabrosa
Celeste Marques Rita Borges Natércia Veiga

JOSÉ MIGUEL JÚDICE

Licenciou-se em Direito e que, depois, lecionou. Costumo dizer que “o Direito está torto”: concorda? O que é preciso e falta ser feito para que o Direito prossiga direito?

Quantas horas tenho para falar consigo sobre isto? (risos) É evidente que o Direito nunca está completamente direito. Há coisas que funcionam. Uma das consequências da complicação que temos com a Justiça é o subproduto da democracia. Em situações autoritárias, a maior parte dos litígios não eram resolvidos nos tribunais. Eram as personalidades poderosas, a nível local, e eram aqueles que podiam influenciar que, de alguma forma, arbitravam e mediavam os conflitos. Havia uma hierarquia de poder: nas sociedades tradicionais também era assim, não tinha de ser autoritária. Uma das vantagens é que não só somos todos iguais perante a lei, mas é realmente assim. Uma parte do problema está aí. Segundo, acho que o sistema judicial não se modernizou. O Estado tem culpas. Os juízes têm culpas. Os advogados têm culpas. Os procuradores têm culpas. Os próprios funcionários têm culpas. Eu ainda sou dum tempo – e não é de há muito aquele quando era bastonário – em que havia advogados que resistiam ferozmente ao uso do email para notificações. Ainda me lembro que quando veio a covid, extraordinariamente, suspenderam processos por causa da mesma. Na arbitragem, que é o que eu faço, estas e as audiências passarem a ser feitas virtualmente. Não é bem a mesma coisa, mas funcionou! Há, portanto, muito conservadorismo e há muita vontade em não mudar nem arriscar. O nosso código do processo civil é um código bastante desatualizado, não se procura ver o que se faz noutros países em que corre melhor. Há sistemas que podem pôr a funcionar a Justiça em Portugal: é preciso ter coragem de os aplicar!

Enquanto bastonário sente que fez obra? Que fez algo para deixar o Direito e a Justiça um pouco melhor do que estava?

Fiz o meu dever. Mas sobretudo fizemos –não só eu, mas uma equipa – a Ordem dos Advogados como iniciativa. As outras associações das ordens jurídicas vieram connosco para termos feito um congresso da Justiça, que aprovou uma espécie de caderno de encargos, um conjunto de propostas ao Governo e aos partidos representados na Assembleia da República. Receberam-nos com muita simpatia, agradeceram o trabalho feito, mas no momento seguinte meteram numa gaveta. Já depois disso, não me esqueço que era vice-presidente da Câmara de Comércio da Indústria Portuguesa e conseguimos patrocinadores para pagar um estudo profundo sobre a Justiça econó-

mica, a Justiça que interessa às empresas. Esse estudo foi da mais elevada qualidade e craveira, com propostas muito bem elaboradas. Fomos entregar ao Governo e aos partidos da oposição e ninguém ligou nada. Mas nem tudo está péssimo, houve coisas que melhoraram. Contudo, era preciso que a Justiça fosse rápida, mas não é!

E manifesta-se solidário e em empático com os tribunais e os funcionários judiciais que se encontram em greve para defender esses ou outros propósitos?

Eu acho ótimo porque os funcionários judiciais têm os seus direitos e têm todo o direito de o fazerem. Agora, considero que se está a atingir uma estratégia de greves em Portugal que não ponderam os direitos em perder. Estes direitos de greve têm de ser analisados em conjunto com outros direitos. Estamos agora a ver a questão em Portugal do direito à habitação e do direito à propriedade. É preciso conciliar estes dois direitos. O direito de greve não é diferente: tem de ser conciliado com outros direitos. As greves podem ser ilegais, sobretudo se forem abusivas. E têm sido utilizados métodos de greve que acho serem manifestamente abusivos. Se uma greve se prolonga só causando problemas aos estudantes, aos utentes da Justiça e aos dos comboios, desagregando a Sociedade, o Estado não se preocupa muito. Portanto, quem paga as greves são os menos responsáveis por elas.

Foi membro do MDLP, um movimento de extrema-direita. Ainda se identifica com algum tipo dessas ideias e ideais?

Não fui da fundação, como refere erradamente a Wikipedia. Apenas membro por dois meses e meio. E o MDLP não tem a ver com ideias, mas com o que se passava na altura. Portugal estava em sérios riscos de haver uma guerra civil. Para se ter uma ideia: os aviões foram deslocados para as bases do Norte, antes do 25 de Novembro, porque se previa que o país fosse partido ao meio. Segundo, tinham-se todas as condições para se instalar uma ditadura marxista em Portugal, político-militar. Portanto, o MDLP era uma espécie de identidade em reserva, para ajudar de fora se e quando houvesse o drama de se perder a Liberdade no país, com o possível golpe de Estado a ser montado. O MDLP, por isso, acabou com o 25 de Novembro. O meu e nosso objetivo foi sempre lutar contra a violência. Graças a Deus, o MDLP não teve qualquer utilidade. Não me arrependo do que fiz, não me pesa rigorosamente nada na consciência. O que eu estava a fazer era um programa caso houvesse a

necessidade de criar um governo de Portugal no exílio. Isto aconteceu com os nazis e com os soviéticos. Nós temos uma memória esquecida. Em 1975 estávamos a 40-45 anos de governos no exílio numa quantidade de países que tinham sido ocupados por forças marxistas e comunistas da URSS. Esse foi o objetivo! Nunca propus no MDLP nada que não fosse democrático, ou de regime liberal, nem participei em nenhum ato de violência.

Foi essa ligação ao MDLP, mesmo que curta, que o fez ser preso pelo PREC? Não, isso foi antes. Eu fui preso em 28 de setembro. Eu estava, nessa altura, com o general Spínola, que era o líder do MDLP e o único que eu apoiava lá. Nesse dia de 1974 encontrávamo-nos numa manifestação fracassada e eu, que era uma figura conhecida de Coimbra, fui detido sem ser levado a nenhum procurador da República, sem ser interrogado. Durante 40 dias não me deixaram ver o meu advogado. Ao fim de 100 dias libertaram-me sem me acusarem de coisa alguma! Todos os direitos fundamentais pelos quais eu lutara e aprendera com o meu mestre Jorge Figueiredo Dias foram desrespeitados. Ora no 11 de março de 1975, estava eu muito sossegado em minha casa e foram-me lá buscar para ver se eu estaria no golpe de Estado ao general Spínola. Aquele ataque ao Quartel do RALIS. Eu não tive nada a ver com aquilo!

Levaram-me para a cadeia, estive preso uma noite inteira e, felizmente, no dia seguinte libertaram-me. Depois, por

24 VIVADOURO MARÇO 2023 Entrevista

“Há sistemas que podem pôr a funcionar a Justiça em Portugal: é preciso ter coragem de os aplicar!”

que fui eu para o Brasil? Porque fui demitido. Eu era casado, tinha dois filhos, era assistente na Universidade de Coimbra, dava aulas, fui demitido da função pública em agosto sem me ouvirem, sem me darem o direito de defesa! E, de um dia para o outro, fiquei sem receber um escudo. Portanto, tive de emigrar para recomeçar a minha vida. Não tinha como dar de comer aos meus filhos, é tão simples quanto isto! Em 1977 fui reintegrado pelo Conselho da Revolução, nem precisei de ir ao Tribunal, porque não houve nenhum motivo para me demitirem nem havia uma única acusação sustentada contra mim. Há algo de que se fala pouco e que se devia dar a conhecer mais: é o relatório das Sevícias, que estava escondido na presidência da República e já se pode consultar. Foi escrito por um homem de esquerda e antifascista toda a vida, entre outros, que analisaram o que foi feito durante a revolução de violência sobre pessoas. Houve fuzilamentos simulados! Houve pessoas barbaramente agredidas nos quarteis! Esses relatórios revelam isso. No 25 de abril de 1975 os direitos fundamentais eram tão violados como eram antes do 25 de Abril de 1974… Quando eu era Bastonário fiz uma homenagem na prisão de Peniche, com a presença do presidente Sampaio – durante o tempo todo –, a todos os advogados que defenderam a liberdade, defenderam os presos políticos, defenderam o direito à democracia antes e depois do 25 de Abril. Todos eles, fossem de esquerda ou não, concluíram da mesma maneira: podemos discordar uns dos outros, mas estavam todos de acordo na defesa dos vários direitos e de não serem ameaçados por entidades públicas.

Para além de Spínola, a figura política referencial para si foi F. Sá Carneiro, um notável paradigma. O que carece nos nossos políticos atuais para se aproximarem das características e carácter

Para contextualizar, eu fui amigo pessoal de Sá Carneiro – embora fosse mais novo do que ele –e fui o seu último advogado, com o meu sócio António Maria Pereira. Fui convidado por ele para ser deputado nas segundas eleições de 1980. Não aceitei, porque não queria fazer vida política. Conhe-

ci-o bem, por isso escrevi um livro sobre o seu pensamento político. Há muitas características importantes de Sá Carneiro e que hoje fazem falta. Eu diria: a primeira é a capacidade de levantar voo contra o vento, de dizer o que tem de ser dito, de defender o que tem de ser defendido, mesmo que os Portugueses – num primeiro momento – estejam contra isso. A coragem política de dizer que não. A segunda característica era a de ter uma paixão total sobre a liberdade e os direitos fundamentais. Vivia-os com grande determinação. A terceira era a de ser um homem capaz de perceber, e de não tolerar, os ataques à liberdade e aos direitos fundamentais. Políticos dispostos a arriscar é o que falta mais, hoje em dia. Não me esqueço, embora não estivesse lá, quando a maioria do grupo parlamentar do PSD abandonou o partido e ficaram deputados independentes. Aí, alguém – julgo que Santana Lopes – foi falar com Sá Carneiro, que estava na sede do partido, e ele disse-lhe isto: “eu nunca estive tão sozinho e nunca tive tanta certeza de ter razão”. Um ano e meio depois disto, Sá Carneiro ganhou as eleições com maioria absoluta! É preciso ter memória, pois há quem a tenha muito curta, que os gritos sobre ele –pela esquerda comunista em Portugal – era o de lhe chamarem ‘fascista’. Portanto, era muito difícil ser político naquela altura. Dizer o que ele disse, fazer o que ele fez.

Em 2008 escreveu o livro «Portugalando», com o mote “olhares de um otimista preocupado”. Sente-se, ainda, um otimista preocupado? Ou mais, face ao presente, um pessimista ocupado? Ora bem, há quem diga que um pessimista é um otimista bem informado. Não sei se essa frase é correta, o que refiro é que eu, hoje em dia, estou muito mais preocupado do que estava há 15 anos. Em primeiro lugar, e acima de tudo, porque se estão a destruir gerações, dando-lhes uma educação insuficiente. Está a passar-se o que aconteceu com a covid, em que lutei contra o exagero da proteção de pessoas que não corriam riscos. Muitos, atualmente, me dão razão nesse sentido. Foram três anos, no fundo, de destruição do ensino em idades formativas e estamos agora em greves sistemáticas, com desorganização antes do Natal. A Educação está nesse risco. A Justiça está muito pior, pelo menos há menos esperança de que possa melhorar. O que se passa no SNS é o que nós sabemos. O estado dos lares é o que nós sabemos. O Estado não tem dinheiro para proteger os mais desfavorecidos… Somos o país da OCDE em que a taxa mais alta de IRS começa mais cedo, isto é, pessoas mais pobres pagam mais taxa e durante mais tempo. Somos o 3.º ou 4.º país do mundo com o imposto sobre o rendimento mais elevado. Temos impostos sobre as empresas que são dos maiores da Europa e para as gran-

des empresas é mesmo o maior da Europa. Temos custos com um nível elevadíssimo: continuam a haver jovens a emigrar, por não lhes darmos condições aqui. Está a destruir-se a confiança de investidores estrangeiros, na questão do direito de propriedade em Portugal. O que está a ser feito com o pacote de Habitação é algo lamentável! Aumentar o imposto sobre quem compra uma casa para alojamento local ou rural, que já paga impostos, é um erro e destrói a tal confiança de investimento. Pensa-se que assim se aumenta a construção de habitação para arrendamento. Não! Estamos a criar para a habitação o que se fez com as escolas privadas. Costa fez tudo para acabar com a legítima concorrência da escola privada e da escola pública. A ideia é que a escola privada deve ser apoiada até lá chegar uma escola pública. O grande problema é que Portugal não se adapta. O nosso Ensino está a ser feito como o que se fazia no séc. XIX. Na Saúde, há muitas pessoas a ocupar camas nos hospitais porque não têm para onde ir! Porque o Governo não tem uma política de cuidados continuados. São, portanto, razões – entre outras – que me preocupam e me fazem estar mais pessimista do que estava em 2008.

Vivemos tempos conturbados, há já uns tempos. Como grande defensor que é de Aristides de Sousa Mendes, que figura mundial está e/ou pode vir a seguir esse grande exemplo e lição que nos deixou?

Recorde-se que nessa escolha nacional, pela RTP, chegaram à final dez nomes de «Os Grandes Portugueses». Em primeiro lugar ficou Salazar, em segundo Cunhal e em terceiro Aristides de Sousa Mendes. Isto diz algo sobre o país nos dois primeiros lugares mais votados. Quanto a Sousa Mendes ele não era perfeito, foi difamado e pode ter tido falhas na sua vida, mas teve coragem e preocupação de ajudar os refugiados da guerra – sobretudo judeus, mas não só judeus. Foi capaz de dizer não a quem mandava para tentar salvar da morte esses tantos que ele ajudou. É uma figura admirável nesse sentido. Hoje em dia admiro o presidente Zelensky, a sua coragem. De alguma forma, podemos considerá-lo o Aristides de Sousa Mendes deste tempo. Embora tenha mais, com a sua força militar. Quando começou a invasão russa, os americanos deram-lhe logo asilo político, caso ele quisesse. O tal governo no exílio que há pouco descrevi. E ele respondeu: “não, eu vou ficar na minha Ucrânia. E se morrer, morro”. É um rapaz novo, com mulher. E tem resistido bastante. Por isso, admiro-o muito. O grande líder é alguém que vê para além de 5 anos, e não apenas de 5 meses. Esse foi o problema da senhora Merkel, que eu critiquei tantas vezes. Em 2008 era óbvio que Putin não ia parar, com a invasão à Geórgia. Depois, em 2014,

invadindo a Crimeia. Ela continuou com a ilusão de que podia tratar com o Putin… Quanto ao Alto Douro, o ano passado exprimiu-se quanto à falta de trabalhadores nas vindimas pelo facto de Portugal ser o país da UE que está a envelhecer mais rapidamente. Como vê esta situação?

Não tenho dúvidas algumas de que a viabilidade de Portugal e a viabilidade de reformas para os Portugueses passam por uma política de grande recetividade de imigrantes, de pessoas que venham para cá trabalhar. Isso é essencial. É evidente que não estou favorável à situação que exija contratos para que as pessoas venham, porque sei – quando isso acontece – que nem sempre vêm os que merecem ser comprados face àqueles que pagaram a redes mafiosas para obter contratos. Sou favorável a uma política de imigração muito rigorosa, muito cautelosa, muito produtiva. Não há solução para as vindimas, como não há para outras situações que já apontei antes, sem ser pela mão dos imigrantes. Acho que o presidente da República, em vez de estar a dar entrevistas todos os dias, devia chamar o Governo e a oposição e –de porta fechada aos jornalistas – debater este grave problema nacional, de que não se fala. E vejo que está apenas a ser usada como arma de arremesso.

E como conhecedor que é do Douro, que parte dele mais o fascina?

Considero o Douro com uma potencialidade enorme de sobreviver no séc. XXI. Conheço o Douro como turista. Aliás, a minha viagem de núpcias em 1971 foi para o Douro, num carrinho velhote que tinha comprado em 5.ª ou 6.ª mão. (risos) Atualmente, o Douro teve uma revolução impressionante. Não só pelo vinho de mesa, como pela qualidade do vinho do Porto; pelo turismo, que não só pelo enoturismo, do Douro navegável. Não é por ter lá um milhão de pessoas visitantes, mas para dar dignidade de vida às pessoas que ali estão e vivem. Eu admiro muito o Douro, agora é preciso que haja pessoas para continuar as vindimas. Não me parece que, no futuro, os robôs as façam nos socalcos. (risos)

Para terminarmos de modo mais alegre, que mensagem final nos deixa? Apelo que cada um faça o seu dever, que cada um trabalhe – e trabalhe bem! –mesmo que não tenha razões para o fazer. Nós só melhoraremos se trabalharmos e lutarmos tal como quando éramos mais pobres. Eu tenho 73 anos e continuo a trabalhar. Estou a contribuir para minha alegria e felicidade e para o bem dos outros. Acho que devemos exigir menos e dar mais! Temos de ser mais generosos. Acredito que a geração dos meus netos vai mudar o país! ○

25 MARÇO 2023 VIVADOURO

UTAD estuda perfil do consumidor português de espumante

De acordo com o estudo, desenvolvido pelo Centro de Estudos Transdisciplinares de Desenvolvimento (CETRAD) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) mais de 90% dos portugueses compram espumante para consumir em épocas de celebração, uma conclusão que não surpreende o setor.

Encomendado pela Comissão Vitivinícola Regional de Távora-Varosa, o estudo incide sobre todos os espumantes nacionais o que, para o Presidente da Comissão, José Fernandes Pereira, é "bastante útil para o planeamento de futuras ações de promoção dos espumantes deste território que tem 97% da sua produção destinada à produção de espumantes".

"Este estudo é importante para percebermos de que forma devemos promover o nosso espumante. Iniciamos uma campanha intitulada "Onde tudo começou" na altura do Natal porque foi aqui, com os monges brancos que começou a produção de vinho que mais tarde se fez espumante, agora temos desenvolvido ações com o intuito de mostrar que o espumante acompanha bem qualquer refeição. São ações de divulgação que já fizemos em Lisboa e em Lamego e que em breve faremos também no Porto".

Entre os resultados deste estudo ficamos

também a saber que 92,8% dos inquiridos elege o brunch de domingo como momento ideal para o consumo deste néctar, sendo que 47,6% referem ainda um momento mais descontraído com amigos após um dia de trabalho. Há ainda 40,6% dos inquiridos que referem o consumo "à beira da piscina" como momento ideal.

O consumo fora de casa é referido por cerca de metade dos consumidores que afirmam ainda que estariam disponíveis para o consumir numa discoteca ou bar se tal lhes fosse disponibilizado.

Um dos dados que mais surpreendeu neste estudo foi o facto de 33,6% dos inquiridos referirem que já consomem vinho espumante às refeições, havendo mesmo uma percentagem significativa (25,5%) que afirma que já substituem o vinho, em especial o branco, pelo consumo de espumantes.

Com o objetivo de perceber o quão valioso seria indicar o método de produção nos rótulos dos espumantes, a UTAD também tentou perceber o que sabem os consumidores de espumante sobre a matéria: 71,6% afirmaram conhecer o método clássico, 16,4% disseram saber o que é o método Charmat e 26,9 por cento não conhecem qualquer método.

Entre as regiões de origem preferidas estão a Bairrada (33,3%), seguido da região francesa de Champagne (23,9%), Távora-Varosa (11,6%)

e Douro (11%). Quanto aos fatores mais importantes para a compra, a primeira coisa em que a generalidade dos consumidores pensa ainda é a doçura (se o espumante é seco, meio-seco ou bruto), depois vem o preço, a harmonização com refeições e a cor.

Uma das curiosidades deste estudo é a perceção que 32,8% dos inquiridos estariam mais disponíveis para comprar espumante se este fosse apresentado em outros vasilhames como uma lata, por exemplo.

José Fernandes Pereira, Presidente da Comissão Vitivinícola Regional de Távora-Varosa explicou que este estudo é um seguimento do trabalho que tem sido desenvolvido na promoção e valorização da região como produtora de espumantes.

"É sabido que esta região é produtora de espumantes de grande qualidade, aliás isso mesmo é dito pelo próprio estudo.

Neste momento estamos a tentar divulgar e afirmar a região, as marcas que aqui temos são conhecidas mas se falamos na região do Távora-Varosa, já não se passa o mesmo, muitas pessoas não associam as marcas à região.

Temos feito este trabalho levando a cabo diversas iniciativas em conjunto com outras instituições da região como a Escola de Tecnologia e Gestão de Lamego, a Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego e a UTAD para que todos, em conjunto, possamos levar a

nossa região mais longe.

Sendo uma região pequena que não tem muitos recursos, temos que aproveitar tudo o que é possível a nosso favor".

Com menos de 10 produtores "esta é a única região do país em que todo o espumante é de Denominação de Origem, não existe aqui Indicação geográfica ou o conhecido espumante IVV".

O Presidente da Comissão explicou ainda que "a escola desta região passou pela Murganheira e pelo Professor Orlando que é um dos maiores conhecedores do setor e que pôs os conhecimentos da Murganheira ao serviço da região. É uma referência para a nossa região e serviu como elo aglutinador".

Este ano a região Távora-Varosa teve um crescimento de volume certificado de 40%, mesmo com a quebra de produção que se registaram, “o que mostra bem a vitalidade do setor e que as ações que temos levado a cabo têm surtido efeito”.

De acordo com a equipa do CETRAD, este será o primeiro estudo mais completo sobre o perfil do consumidor de espumante em Portugal. Foram inquiridos 800 indivíduos no último mês de Setembro, uma amostra que os investigadores dizem ser representativa dos consumidores portugueses de espumante, e os inquéritos foram conduzidos pela empresa Netsonda. ○

Ministra da Agricultura e Alimentação visitou concelho de Sabrosa

no Dia Internacional da Mulher

Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura e da Alimentação, assinalou o Dia Internacional da Mulher com uma visita ao concelho de Sabrosa onde Helena Lapa foi a primeira mulher eleita presidente de câmara no distrito de Vila Real.

O evento iniciou-se com a receção da ministra no Espaço Miguel Torga, em São Martinho de Anta, onde foi recebida por uma comitiva liderada pela presidente do município, Helena Lapa, pela presidente da Assembleia Municipal de Sabrosa, Helena Ervedosa Pavão e pelo diretor do Espaço Miguel Torga, João Luís Sequeira, que fez a visita oficial ao espaço a toda a comitiva.

A ministra da Agricultura e Alimentação demonstrou a todos o seu contentamento por estar presente em Sabrosa a assinalar uma data tão importante como o Dia Internacional da Mulher, referindo que “o caso de Sabrosa é um bom exemplo de como é possível fazer diferente, tendo pela primeira vez uma mulher na presidência da câmara Municipal”. Salientou também que é necessário convocar “todas e todos para continuar a fazer mais e melhor para esbater as desigualdades e construir um futuro próspero”.

A governante afirmou ainda que "quando celebramos este dia celebramos todas as conquistas que as mulheres fizeram. Foram feitas leis, nomeadamente a da paridade que obriga a que nos lugares políticos haja uma representatividade de género e isso foi fundamental

para eu, a autarca de Sabrosa e tantas outras mulheres, podermos chegar a este lugar sem deixarmos de olhar para aquilo que é o perfil e as competências de cada uma.

Tudo aquilo que foi criado foi de facto muito importante e não nos podemos esquecer que a nossa democracia se faz com os homens e com as mulheres e todos devem ter as mesmas oportunidades, para que cada um dê o que de melhor tem para a construção no nosso futuro individual e coletivo".

Por seu lado, a Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, aproveitou o momento para salientar que "é para nós um prazer receber a ministra da Agricultura e Alimentação no nosso concelho, especialmente nesta data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Sabrosa é um território singular, que elegeu a primeira mulher presidente de câmara no distrito de Vila Real, e isso é um motivo de grande orgulho”.

No seguimento do evento, foi também visitada a Adega Cooperativa de Sabrosa, uma coo-

perativa de viticultores que é conhecida como a “adega das mulheres” pois possui uma alta taxa de colaboração do sexo feminino.

Já no local, e sempre acompanhada pela presidente do município, a ministra Maria do Céu Antunes foi recebida pela diretora e enóloga Celeste Marques, um dos principais rostos desta cooperativa, que apresentou todos os seus colaboradores, instalações e néctares da região.

A visita comemorativa do Dia Internacional da Mulher acabou com uma prova de vinhos e com um brinde simbólico a todas as mulheres.

Apoios das intempéries chegam em breve À margem da visita, questionada quanto aos fundo prometidos, ainda em dezembro, em Mesão Frio, aos agricultores da região, Maria do Céu Antunes afirmou que "o processo acabou por ser mais demorado do que o esperado", mas que está neste momento em andamento, tendo sido assinado, pela ministra, na mesma manhã o despacho que permite a abertura dos Avisos para estes apoios, deixando

ainda a garantia que quem já iniciou as intervenções necessárias não será prejudicado.

"Gostaria que estes processos fossem mais céleres mas há passos que não podemos saltar para que tudo seja feito em conformidade. Os agricultores sabem que a partir do momento que afirmamos que daríamos este apoio eles puderam ter uma perspetiva daquilo que são as condições para fazerem face às perdas que tiveram".

Casa do Douro com solução à vista

A Ministra mostrou-se convicta que o assunto Casa do Douro será resolvido em breve sem, no entanto, adiantar datas. De acordo com a governante, neste momento os partidos estão a encontrar uma solução para resolver as inconstitucionalidades da proposta anterior que passará pela atribuição de competências públicas à instituição.

“Estamos a avaliar técnica e juridicamente as propostas que nos têm chegado. O que sabemos que os partidos estão a fazer é a criar condições para resolver as questões que foram consideradas inconstitucionais. É um passo muito importante até porque temos que fazer o processo eletivo. Conseguimos já fechar todas as questões com o património e dívidas a fornecedores, portanto logo que haja condições para avançar para o processo eletivo assim o faremos. Vai depender a aprovação do Decreto-Lei.

A seu tempo vamos pronunciar-nos sobre o tema, até porque isso é uma exigência da Assembleia da República". ○

26 VIVADOURO MARÇO 2023
Região

Amendoeiras em Flor são convite para visita a Moncorvo

Entre 13 de fevereiro e 29 de março, Torre de Moncorvo vive o espírito das Amendoeiras em Flor, um evento que abrange os dois meses, durante os fins de semana, com diversas atividades de lazer, culturais, desportivas e gastronómicas.

As paisagens marcadas pelos tons branco e rosa tão característicos nesta altura do ano, e o perfil orográfico do Douro Superior, emprestam à paisagem um colorido especial que atrai milhares de visitantes, portugueses e estrangeiros aquele território, como explica Nuno Gonçalves, Presidente da Câmara de Torre de Moncorvo.

“A época das Amendoeiras em flor é sempre um atrativo de visita ao nosso território no decorrer dos meses de Fevereiro e Março. As belíssimas paisagens aliadas à boa gastronomia são um ótimo cartão de visita para os milhares de turistas que visitaram Torre de Moncorvo e a região, nesta época do ano”.

O autarca afirma ainda que “o Município de Torre de Moncorvo aproveitou para demonstrar o que de melhor se faz no concelho, promovendo um mercado da amendoeira em flor, com os produtos endógenos de Torre de Moncorvo. Desta forma apoiamos os produtores, ajudando-os a escoar os seus produtos de excelência e damos também a conhecer o talento existente, uma vez que a animação deste

mercado ficou ao cuidado da Escola Municipal Sabor Artes, nomeadamente do Grupo de Cavaquinhos e do Grupo de Gaitas de Foles”.

Nuno Gonçalves aproveitou ainda para salientar a realização do Festival Cultural Douro Superior com Vida e Movimento que contou com a participação de vários grupos de música tradicional da região”.

Entre os vários eventos que este certame

engloba, as tradições do concelho estiveram também em destaque em iniciativas como o Entrudo Lagarto, a Rota das Pipas, a Feira do Pão e semana da Cestaria.

“A cultura foi outra das apostas, recebemos uma equipa do Teatro Nacional D. Maria II, no âmbito da Odisseia Nacional, que culminou a apresentação do espetáculo de Marionetas Mendo Corvo e com a estreia nacional da peça de teatro Nau

Nau Maria, reforça o autarca moncorvense.

Para encerrar as festividades, no fim-de-semana de 18 e 19 de março decorrem as comemorações do Feriado Municipal. A 26 de março acontece a Rota da Amendoeira, na Açoreira, com o último evento a decorrer no cineteatro de Torre de Moncorvo, uma palestra motivacional com Paulo Azevedo. ○

27 MARÇO 2023 VIVADOURO Torre de Moncorvo

MARQUÊS DE SOVERAL Homem do Douro e do Mundo

MARQUÊS DE SOVERAL: O MELHOR AMIGO DO REI

Continuação ds edição anterior Soveral era o homem mais popular de Londres – exceto, talvez, na embaixada da Alemanha, onde o apelidaram de Soveral Überall [Soveral Por Todo o Lado]. Os alemães, que conheciam os sentimentos profundamente antigermânicos do embaixador português, não apreciavam a intimidade que ele gozava no círculo real. Adotaram, igualmente, a alcunha de “Macaco Azul” com que Bismarck carimbara o português, anos antes, ainda em Berlim (parece que era uma referência ao facto de Soveral gesticular de forma animada e ter pele morena e cabelo preto-azulado). O embaixador nunca lhe perdoou.

Ele era, definitivamente, um arrasa-corações. Gordon Brook-Shepherd, autor de uma biografia de Eduardo VII, descreve a enorme quantidade de bilhetes amorosos que encontrou, ao longo da pesquisa para o livro, nos arquivos pessoais de Luís de Soveral. Muitos deles assinados pelas maiores beldades da época. Dezenas de cartas, notas, telegramas ou simples mensagens, rabiscadas à pressa nas costas do menu de um banquete oficial ou no programa de um espetáculo de ópera. Uma das conquistas mais fiéis deste verdadeiro Don Juan lusitano era, curiosamente, a enigmática mulher de um embaixador alemão, que assinava as cartas com um misterioso “E. von R.”. Soveral conheceu-a durante uma conferência na Holanda e desde então mantiveram uma relação que se prolongou por muitos anos (os dois amantes tinham uma forma singular de combinar encontros: para afastar qualquer suspeita, enviavam, por correio, um envelope com o catálogo de uma loja; escondido, por baixo dos selos, escreviam o local e a hora do rendez-vous secreto).

A atração pelas saias trazia-lhe, por vezes, problemas sérios. Em 1884, quando ainda estava colocado na embaixada de Portugal em Madrid, Soveral envolveu-se num escândalo com a infanta Eulália de Bourbon – e logo numa altura em que decorriam negociações preliminares para um eventual casamento dela com o herdeiro do trono português. O plano matrimonial foi imediatamente abandonado e Soveral “convidado” a abandonar a capital espanhola em 24 horas.

A rainha Vitória não tinha o filho Eduardo em grande conta. O príncipe de Gales – “Poor Bertie”, como ela dizia – era constantemente deixado à parte dos negócios de Estado. A rainha mantinha-o afastado dos corredores do poder. Nunca o consultava nem o deixava imiscuir-se nos assuntos oficiais. Até à morte da mãe, em 1901, Eduardo, como príncipe de Gales, fora portanto “forçado” a preencher o

seu dia-a-dia com os prazeres do jogo, das viagens, do desporto e das amantes. Muitas vezes envolvia-se em escândalos e por duas vezes foi chamado a tribunal para responder num caso de adultério e num processo de jogo ilegal.

Luís de Soveral, claro está, era uma presença constante em todos esses capítulos da vida do príncipe. O português acompanhava-o nas escapadelas amorosas no Hotel Bristol, de Paris. Ou nas noitadas no “Amphitryon”, um dos clubes mais exclusivos de Londres. À noite era frequente encontrá-lo à mesa de jantar de Eduardo, a partilhar a mesa de bridge ou de bilhar no castelo de Windsor. Ou num passeio matinal em Sandringham. Luís de Soveral era tratado como um membro da família, conforme se pode ver no cartão de boas-festas – citado no livro de Brook-Shepherd – que o príncipe enviou a Soveral, no Natal de 1894: “Em que dia podemos contar contigo aqui [Sandringham]? Qualquer dia que te convenha será conveniente para nós!”. Ou numa carta, de novembro de 1895, escrita durante o breve período em que Luís de Soveral foi chamado a Portugal para desempenhar o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros: “Toda a gente me pergunta: Quando é que o Soveral regressa a Londres?” Ele regressou, de facto, pouco tempo depois. O estilo de vida da cosmopolita sociedade londrina estava a anos-luz da Lisboa de finais do século XIX.

A intimidade entre o embaixador e a família real britânica teve repercussões, naturalmente, nas relações diplomáticas entre os dois países. Soveral conseguiu alguns trunfos. Foi certamente graças à sua influência que as colónias portuguesas não foram retalhadas de cada vez que os Governos de Londres e de Berlim se conluiavam para os partilhar. O embaixador teve igualmente um papel fundamental na neutralidade portuguesa durante a guerra do Transval, que culminou com a assinatura do Tratado de Windsor, em 1899. Este tratado desfez os sonhos que a Alemanha nutria pelos nossos domínios ultramarinos, ao mesmo tempo que dava um novo fôlego aos acordos de aliança e paz de 1642 e 1661, entre a Inglaterra e o nosso país, que tinham sido praticamente esquecidos. E quando os credores internacionais apertavam a corda, Soveral conseguia negociar empréstimos favoráveis junto dos maiores financeiros da City, onde se incluíam os seus amigos Alfred de Rothschild e Sir Ernest Cassel. A influência e o prestígio do ministro português aumentaram ainda mais quando o sexagenário príncipe de Gales subiu finalmente ao trono, em 1901, após a morte de Vitória. Eduardo VII reinou duran-

te pouco mais de nove anos e, ao longo desse tempo, Soveral esteve sempre ao lado dele. Quando o rei adoeceu – como no Verão de 1902, ou em março de 1910 – Luís de Soveral era a única pessoa, fora do círculo real, que podia entrar em Buckingham a qualquer hora e sem autorização. “Soveral estava sempre presente, ao lado do rei, de cada vez que se discutia o futuro da Europa”, diz Brook-Shepherd. “A sua influência no rei e, através dele, na Europa, era enorme”. Os sentimentos antigermânicos do embaixador tiveram enorme influência, por exemplo, na política britânica de aproximação à França e à Rússia – a chamada Entente Cordiale. “O ministro português foi dos mais entusiastas a aconselhá-la [a aliança] e a preparar o seu êxito”, lê-se no obituário que o diário The Times publicou por ocasião da morte de Soveral. Esta intimidade do monarca com um cidadão estrangeiro causava natural comichão em muita gente. As alfinetadas na imprensa eram frequentes.

O prestígio do ministro português valeu-lhe inúmeras condecorações na Inglaterra e em vários outros países europeus.

Em 1898, o rei D. Carlos fê-lo par do reino e, dois anos mais tarde, marquês de Soveral. E não foi por acaso, naturalmente, que a primeira visita oficial que o monarca britânico fez a um país estrangeiro teve como destino Portugal. A visita de cinco dias, na Páscoa de 1903, foi organizada por Soveral e incluiu uma tourada, um espetáculo de ópera e tiro aos pombos, além dos tradicionais discursos, receções e banquetes oficiais. Foi um enorme êxito popular.

A notícia do assassinato do rei D. Carlos e do infante D. Luís Filipe, no dia 1 de fevereiro de 1908, causou enorme consternação na corte de Londres. “Toda a gente está profundamente abalada com as notícias de Lisboa”, escreveu o embaixador da Áustria-Hungria, conde de Mensdorff.

“O Rei e a Rainha ficaram muito sentidos. Todas as atividades foram canceladas”. Logo no dia seguinte ao regicídio, Eduardo VII assistiu a uma missa fúnebre na catedral de São Paulo. Apesar das críticas da imprensa, o monarca, acompanhado da rainha e de outros membros da família real, assistiu à missa de 7º dia na igreja (católica) de St. James. Foi a primeira vez, em muitos séculos, que um soberano inglês participou numa celebração católica numa igreja do país.

O pesar do rei Eduardo era profundo e sincero. Ele tinha uma grande simpatia pelos primos Bragança que tão bem o acolheram em Portugal, cinco anos antes. O monarca estava triste, igualmente, pelo seu grande amigo Soveral. Para o marquês, por seu turno, a tragédia servia

para pôr à prova, mais uma vez, a velha aliança entre os dois países e a amizade especial que unia estes dois homens. Luís de Soveral receava – com toda a razão, como se viu – que o regicídio fosse o prenúncio de um período de instabilidade política que culminaria com a queda da monarquia.

O marquês pediu ajuda ao rei Eduardo e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Inglaterra logo nos primeiros dias de fevereiro. Soveral queria que o amigo enviasse, pelo menos, um esquadrão da marinha britânica rumo ao Tejo, tropas e polícia para estabilizar a situação. Mas a boa-vontade do monarca, que nos primeiros dias de fevereiro prometera “toda a ajuda possível” ao amigo Soveral e ao jovem rei D. Manuel II, deu lugar ao bom-senso do estadista. “A atitude do povo [português] não é favorável à monarquia. Receio bem que o país esteja a caminhar rapidamente rumo ao republicanismo!”, lê-se numa carta do rei enviada ao marquês no dia 23 de fevereiro. Em vez de vasos de guerra, o rei mandou, unicamente, o superintendente Quinn, o seu guarda-costas pessoal, para ajudar na investigação policial sobre os assassinos do rei D. Carlos.

Tal como Soveral previra, ao regicídio de 1908 seguiu-se, poucos anos mais tarde, o golpe de 5 de outubro de 1910. O marquês não aceitava a ideia de representar o novo regime, revolucionário e republicano, instaurado em Lisboa. Após a queda da monarquia, Luís de Soveral demitiu-se do cargo de embaixador e retirou-se gradualmente da vida pública, embora tenha continuado a viver em Londres e a visitar a família real britânica com regularidade. Este fora o segundo choque em menos de seis meses. O seu velho amigo, o rei Eduardo VII, morrera em maio desse ano. Soveral, naturalmente, foi uma presença constante sempre perto do leito de morte do monarca, trisavô do atual rei Carlos III. Em 1922, o marquês de Soveral adoeceu gravemente com um cancro, em Paris, e foi internado numa casa de saúde da capital francesa. Aí recebeu a visita de personalidades como o rei Afonso XIII, de Espanha, ou D. Manuel II, o último rei de Portugal que, então, vivia exilado nos arredores de Londres. A rainha D. Amélia (viúva de D. Carlos) acompanhou-o nos últimos momentos de vida, sentada ao lado do fidalgo português. Luís de Soveral morreu no dia 5 de outubro de 1922, solteiro, com 72 anos, e foi enterrado no cemitério do Père-Lachaise, em Paris.

/fim

Paulo Anunciação, em Londres

29 MARÇO 2023 VIVADOURO

Este mês, passam três anos desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 como emergência pandémica. Foi a 11 de março de 2020, mas já em finais de 2019 se percebiam sinais de que algo grave e de âmbito mundial se passava.

Na verdade, poucos ou mesmo ninguém imaginava o que seriam os anos seguintes. Hoje, olhando para estes três anos, podemos perceber o tamanho dos sucessivos desafios e as soluções que to-

A inovação depois da pandemia

dos fomos capazes de criar para os ultrapassar. As escolas passaram a lecionar as aulas online, os restaurantes passaram a criar refeições para entrega, os ginásios criaram programas de exercício para os clientes executarem em casa, as empresas reorganizaram a forma de trabalho para a colaboração remota, a administração pública passou a atender os cidadãos online. Estes são exemplos simples, sem nenhum critério particular, mas cada um de nós sabe como teve de se adaptar para conseguir superar os desafios colocados pelas restrições da pandemia e, nesse sentido, cada um conhece bem o seu próprio exemplo. E digo “adaptar”, mas, em muitos casos, a palavra mais correta seria “inovar”.

Tudo aponta para que 2023 seja, definitivamente, o regresso à normalidade. É tempo de perceber o que se aprendeu e, em particular, os aspetos positivos que podem ser transferidos para a nova normalidade. Diz a sabedoria popular que “a necessidade aguça o engenho”, sendo também uma força indutora da inovação. Há soluções que foram implementadas na pandemia, mas que dificilmente seriam experimentadas sem a urgência do contexto pandémico. É por isso importante perceber como o que aprendemos pode mudar, e vai mudar, a maneira como vivemos, estudamos, trabalhamos, etc.

Para além dos indivíduos, as organizações que forem capazes de inovar a par-

Um Instituto dedicado à Região

de equilíbrio para a região do Douro, cabendo-lhe a competência de disciplinar e orientar as ações entre a produção e o comércio.

determinante na consolidação territorial da região do Douro, tendo como propósito superior a garantia da genuinidade e da qualidade do vinho do Porto.

tir destas experiências terão uma vantagem em tudo equivalente à passagem por um processo de inovação clássico. Terão produtos e processos melhores e com mais valor.

Devemos, também, refletir sobre as atividades desenvolvidas no período da pandemia, como o trabalho remoto, que contribuíram e contribuem para a revitalização das regiões do Interior, através da fixação de população jovem, que trabalha a partir das suas residências para empresas nacionais e internacionais. São conhecidos vários exemplos na região do Douro, que, consequentemente, se ligam às atividades locais, fazendo investimentos e criando novas oportunidades de negócio e de emprego.

Fundado a 10 de abril de 1933, num contexto político marcadamente corporativista, o Instituto do Vinho do Porto surge como instituição reguladora de um dos produtos mais importantes do ponto de vista da produção, do comércio e da economia vigente em Portugal à época. A institucionalização de uma entidade que fosse o garante da defesa genuína e intrínseca de um produto com a dimensão e a importância estratégica e a marca que o vinho do Porto detinha nos mercados interno e externo, asseguraria alguns dos princípios base de regulação e

Domingos Nascimento

Entramos num lugar amplo e moderno. Edifícios bem enquadrados na paisagem.

E, logo ali, um dos ícones mais fortes da região: o Santuário de N. S. dos Remédios.

No seu interior tudo muito bem organizado. E, muitos jovens, não passando

No entanto, as competências atribuídas ao Instituto do Vinho do Porto ultrapassaram o perímetro das meras funções de âmbito técnico e fiscalizador, acumulando um leque de competências mais abrangentes e inovadoras, como são disso exemplos a existência de uma Câmara dos Provadores e o papel que viria a desenvolver nas áreas da promoção e de defesa da marca Porto em todo o mundo.

A fundação do Instituto do Vinho do Porto foi, de facto, um marco importante para todos quanto dedicavam as suas vidas à produção e à comercialização de um produto único, e, simultaneamente,

O legado que o Instituto do Vinho do Porto deixou do ponto de vista da regulação do setor vitivinícola, a par do trabalho desenvolvido ao nível tecnológico e científico, com a publicação, durante décadas, dos Anais do Instituto do Vinho do Porto, é de um nível sem paralelo em Portugal e no Mundo. Em destaque, o património - móvel e imóvel - adquirido ao longo do seu período de atividade, que atestam a sua capacidade de investigar, de empreender e de mobilizar, verdadeiro testemunho do passado e de registo para memória futura.

Para tal, foi decisivo a conjugação de

um determinado número de fatores estruturais, de ordem física, de cariz financeiro e, sobretudo, ao nível de recursos humanos. O Instituto do Vinho do Porto sempre teve a capacidade de reunir profissionais de excelência, dotados de aptidões intrínsecas e empíricas, providos de padrões de exigência e de qualidade, ao nível de um produto único no Mundo como é o vinho do Porto.

Foi este o padrão que imperou no estabelecimento e no funcionamento do Instituto do Vinho do Porto durante noventa anos, tendo sempre como foco a defesa e a promoção do vinho do Porto. Estejamos todos, hoje e sempre, à altura de continuar a trilhar este caminho na salvaguarda e na valorização dos vinhos da Região Demarcada do Douro. ○

desapercebido o seu dress code

Um ambiente físico e humano muito cuidado e sereno. À entrada um lema "fazer coisas simples, extraordinariamente bem!" que desperta a atenção. Estamos na Escola de Hotelaria e Turismo do Douro, em Lamego.

O lema já referido põe-nos a pensar. De que coisas simples estão a falar?

Numa Escola de Hotelaria e Turismo só podem ser coisas relacionadas com necessidades, vivências e interações humanas.

Destacando o Turismo, todos sabemos

ser um fenómeno fantástico. Trazendo e levando pessoas, num movimento de procura de bem estar e felicidade. Sendo assim, a Escola de Hotelaria e Turismo do Douro em Lamego, trabalha para a felicidade de muita gente. A dos alunos, construindo com eles um caminho formativo que se revela de grande oportunidade; a dos agentes económicos, a quem disponibiliza técnicos muito diferenciados para as suas unidades de negócio; e, as pessoas Turistas, que terão por perto, nos dias que querem ser felizes, outros seres

humanos tecnicamente robustos, mas também muito consistentes nos valores defendidos nesta Escola, "o BRIO, a HUMILDADE, a DISPONIBILIDADE e a PAIXÃO".

Quando falo da região só sei falar das pessoas. Na Escola de Hotelaria e Turismo do Douro, em Lamego, valorizam-se muitas pessoas da região, abrindo novos e preciosos horizontes para muitas delas.

Assim, sim!

O Douro é cidade, sempre que as pessoas são o objetivo! ○

30 VIVADOURO MARÇO 2023
Opinião
- Vice-Reitor para a Inovação, Transferência de Tecnologia e Universidade Digital - UTAD Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP) Presidente da Agência Social do Douro
O Douro é Cidade, a "fazer coisas simples, extraordinariamente bem!”

Liga lança ciclos de debates para discutir o futuro da Região do Douro

Refletir sobre os principais desafios do Douro é o mote de um ciclo de debates que a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial vai promover no Museu do Douro na Régua. A região do Douro, a exemplo de outras regiões europeias, debate-se com problemas complexos que exigem uma discussão aberta e participada, os quais devem ser discutidos sem limitações. Desta forma, a Liga pretende contribuir para uma reflexão sobre a Região e perspetivar soluções para alguns dos temas centrais para o desenvolvimento da região.

A Liga dos Amigos do Douro Património Mundial (LADPM) decidiu organizar em 2023 um ciclo de debates em torno dos grandes desafios da Região do Douro. A sessão inaugural terá lugar no dia 25 de março pelas 15 horas no Museu do Douro na Régua e tem como tema de fundo o ”O futuro da ferrovia no Douro”, contando com a presença de conhecidos especialistas na área.

Este primeiro debate tem como tema central o Plano Nacional Ferroviário, enquanto instrumento que irá definir a rede ferroviária que assegura as comunicações de interesse nacional e internacional em Portugal.

O plano tem sido objeto de uma ampla discussão pública tendo como propósi-

to planear uma rede ferroviária para um horizonte de médio e longo prazo, afirmando-se como um modo de transporte de elevada capacidade e sustentabilidade ambiental. Pretende assegurar uma cobertura adequada do território, a ligação entre os principais centros urbanos, as ligações transfronteiriças e a integração na rede transeuropeia. Em simultâneo, visa identificar as linhas ferroviárias, com elevado potencial de desenvolvimento turístico.

É neste quadro de debate nacional sobre

o futuro da ferrovia que importa considerar a linha do Douro, enquanto via estruturante para a mobilidade do Douro e um ativo estratégico para o desenvolvimento do turismo na Região.

No âmbito do debate sobre Plano Ferroviário Nacional, a Associação Vale D’Ouro defende a criação de um novo corredor ferroviário entre Porto e Madrid, via Trás-os-Montes. Esta proposta permitirá ligar o Douro diretamente ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, uma estrutura determinante

para os fluxos turísticos.

Com base nestes pressupostos, a LADPM convidou especialistas neste domínio para participarem neste primeiro debate e pretende mobilizar os durienses para debater um tema da maior relevância para o desenvolvimento da região.

O debate seguinte está previsto ser realizado durante o mês de maio e tem como tema central o próximo ciclo de programação de fundos comunitários Portugal 2030 e o seu impacto no Douro. ○

31 MARÇO 2023 VIVADOURO Região
18/19 MARÇO 2023 WWW.CAMI.PT FOTO: Evento integrado em:

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