Sopas e tradição. Saber ancestral e identidade. Sernancelhe celebra o seu povo com o 7.º Festival de Sopas e Encontro de Ranchos únicos como uma visita ao Santuário da Lapa, à aldeia medieval de Fonte Arcada, ao Centro Histórico de Sernancelhe, ou à casa onde nasceu o escritor Aquilino Ribeiro, por exemplo, a todos damos as boas-vindas.
Presidente da Câmara de Sernancelhe Carlos Silva Santiago A poucos dias da 7ª edição do Festival de Sopas e Encontro de Ranchos, Sernancelhe prepara-se para acolher milhares de pessoas para aquele que é um evento singular. Não tem a dimensão económica da Festa da Castanha e não pretende mergulhar na história com o mesmo rigor da Feira Aquiliniana, mas assume a sua missão de homenagear, como nenhum outro, o povo sernancelhense, a sua história e identidade. E quando falamos de Festival de Sopas, aliado à grande manifestação etnográfica proporcionada por dez ranchos folclóricos do nosso País, falamos, em primeiro lugar, de saber ancestral, pois as 18 sopas que este certame disponibiliza são resultado de pesquisa e de receitas que perpassaram gerações, chegando até nós graças ao dinamismo das associações que
são as grandes obreiras deste Festival, cabendo-lhes a tarefa hercúlea de confecionarem milhares de litros de sopas em apenas três dias. Depois, ao referirmo-nos às sopas, estamos igualmente a marcar uma posição quanto às nossas origens rurais, demonstrando que nos orgulhamos da identidade que nos define, e que fazemos questão de a celebrar, de a mostrar e mesmo de a promover através deste certame. Por tudo isto, e a caminho da sétima edição, aguardamos os milhares de visitantes que, neste fevereiro, elegerão Sernancelhe como destino de visita. Seja para provar as sopas, seja para comprovar as qualidades dos nossos queijos da Lapa, das cavacas de Freixinho, do cabrito com castanha, ou ainda para condimentar estes sabores com momentos
Contamos com todos vós neste Festival de Sopas e Encontro de Ranchos. Um abraço, O Presidente da Câmara Carlos Silva Santiago
PUB
Ano 4 - n.º 58 - janeiro 2020
Preço 0,01€
Mensal
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
Contacte-nos em: geral@vivadouro.org - www.vivadouro.org
Linha do Douro
13.500 13.500 assinam assinam petição petição entregue entregue na na Assembleia Assembleia da da República República
> >Pág. Pág.77
Entrevista com o escritor Gonçalo M. Tavares
"O que está em causa é que os velhos também querem viver e têm direito a viver exatamente da mesma maneira que todos os outros. E isso no Douro e no Norte também sucede"
> Págs. 16 e 17 Região
Taxa de IMI mantém-se Maioria dos municípios na maioria da região não abdica de 5% de IRS > Pág. 6
> Pág. 8
Vila Real
CLUB de VILA REAL celebrou 125 anos > Pág. 18
4 VIVADOURO JANEIRO 2020
Editorial Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org
José Ângelo Pinto
Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário
Caros leitores,
Este país que está deitado à espera dos fundos, dos subsídios, dos RSI, da segurança social e dos incentivos. Ao mesmo tempo, aqueles que trabalham, produzem, desenvolvem, inovam, estabelecem, contratam, organizam são perseguidos com taxas, taxinhas e pelos zelosos funcionários
Registo no ICS/ERC 126635 Número de Registo Depósito Legal 391739/15 Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 Tel.: 910 599 481 Paginação: Rita Lopes Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Administrador: José Ângelo da Costa Pinto Estatuto Editorial: http://www.public. vivadouro.org/vivadouro
E por tudo isto que temos que lutar com todas as forças para trazer infraestruturas para o Douro.
Sumário: Breves Página 5
Armamar Página 11 São João da Pesqueira Página 13 Lamego Página 14 Vila Real Páginas 15, 18 e 20 Entrevista VivaDouro Páginas 16 e 17 Alijó Página 19
Luís Braga da Cruz
Sabrosa Página 21
Engenheiro Civil
Boticas Página 26
Próxima Edição 26 FEVEREIRO
"Cheias, seca estrema e adaptação climática"
Peso da Régua Página 9
Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda. e Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha
Impressão: Unipress Tiragem: 10 mil exemplares Sítio na Internet: www.vivadouro.org Facebook: www.facebook.com/ jornalvivadouro E-mail: geral@vivadouro.org Agenda: agenda@vivadouro.org
As tempestades Elsa e Fabien deixaram um rasto de destruição na região, afetando especialmente os concelhos de Alijó, Murça, Sabrosa e Vila Real.
Região Páginas 6, 7, 8, 10, 12, 24
Torre de Moncorvo Página 25
Colaboradores: André Rubim Rangel, António Costa, António Fontainhas Fernandes, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Manuel Cabral, Paulo Costa, Pedro Ferreira, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Silva Fernandes.
NEGATIVO
E a linha do Douro é essencial.
NIF: 507632923
Sede de Redação:Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Fânzeres Tel.: 916 894 360 / 916 538 409 Sede do Editor: Travessa do Veloso - 87 4200-518 Porto Sede do Impressor: Arcozelo - Vila Nova de Gaia
A Região do Douro, eleita pela Wine Enthusiast, como uma das 7 Melhores Experiências de Viagem de Vinhos, para 2020.
FOTO: DR
Há um afastamento concreto da convergência com a Europa, o que faz com que os nossos jovens procurem fora de Portugal as suas oportunidades. E isto no Douro é um drama cada vez maior. Há uma incapacidade do estado de se reformar e regenerar que continua a engordar e a absorver milhões e milhões de euros de impostos em atividades de mérito discutível, enquanto os serviços vitais do estado como a saúde, a segurança e a educação continuam a ser desprezadas e ignoradas e a definhar por falta do necessário financiamento.
do estado. A prioridade para o investimento nos territórios de baixa densidade não chega. É preciso medidas efetivas de apoio total e completo aos corajosos que decidem viver nestes territórios. E se a qualidade de vida pode ser melhor em muitos aspetos, muitos outros há em que é preciso que haja mesmo apoios fiscais efetivos e eficientes para o desenvolvimento desses territórios. Aumentar os apoios às camaras municipais, melhorar as estruturas sociais de apoio, aumentar a capacidade interventiva de freguesias e das infraestruturas do estado nestes territórios é absolutamente essencial; não podendo continuar estas pessoas a serem objetivamente prejudicadas por viverem nestes territórios.
FOTO: DR
POSITIVO
Nacional Página 27 Opinião Página 28
O impacto dos fenómenos que tocam a nossa sensibilidade depressa se esvai. Já foi há um mês que, depois de um longo período de défice hídrico, aconteceram em Portugal cheias em algumas bacias hidrográficas. Há imagens dramáticas que mostram a rotura dos diques laterais do leito artificializado do rio Mondego, habitações submersas, campos alagadas e animais em risco. Criticou-se a administração por inacção e antecipa-se, como muito provável, a maior frequência desta situações no futuro face à transição climática. Importa saber o que fazer. Há um conceito que os engenheiros usam para classificar os fenó-
menos naturais de ocorrência aleatória - o período de retorno - o lapso de tempo em que um acontecimento tem a probabilidade de ocorrer pelo menos uma vez. Para dimensionar com segurança um descarregador de uma barragem no rio Douro, deve utilizar-se a cheia com um período de retorno de 1.000 anos, que é provável que ocorra uma vez em cada mil anos. Isto significa que as albufeiras das barragens, alterando o regime de afluências naturais de um rio, têm sucesso na regularização das cheias com períodos de recorrência mais baixos, as mais frequentes, mas nada podendo fazer em relação às maiores. Um efeito negativo e provável das alterações climáticas é alterar o regime de caudais nos nossos rios, períodos de seca mais prolongados e cheias mais frequentes, a que não estávamos habituados. Ou seja, poderemos ter de pôr em causa a capacidade das albufeiras alisarem os picos de cheias, revendo a forma como gerimos os nossos recursos hídricos. No caso do Douro, é conhecida a baixíssima capacidade de regularização dos aproveitamentos hidroeléctricos concretizados no leito do rio Douro, tanto no troço nacional como no internacional. Até dizemos que são "fios de água". A capacidade de armazenamento está nos afluentes. Em
Portugal, só agora é significativa no Sabor e no Tâmega. Em Espanha, é bem maior em especial junto à fronteira, em Almendra, no rio Tormes e em Ricobayo, no rio Esla. Acontece que, em média, por cada 2 m3 de água que chegam ao Atlântico, na Foz do Douro, um é gerado em Portugal e outro em Espanha, apesar da bacia hidrográfica do Douro ter 80% (78.859 km2) da sua área em Espanha e apenas 20 % (19.224 km2) no nosso território. Dispomos de maior precipitação, o que nos obriga a assumir a responsabilidade com as nossos águas, gerindo-as melhor. A transição climática vem evidenciar a insuficiência de água a sul. Mesmo depois dum mês de Dezembro pluvioso, a maior parte do Alentejo e Algarve continuavam em situação de seca prolongada ou extrema, em finais de Dezembro. Tudo isto recomenda rever a nossa relação entre o planeamento territorial e os riscos, fazer um uso parcimonioso da água, adaptarmo-nos aos riscos de cheia e zelarmos pela qualidade da água. Há algumas dezenas de anos o Eng. Laginha Serafim defendeu os transvases de bacias húmidas para as bacias mais secas, nomeadamente a partir das cabeceiras do Côa para a ribeira da Meimoa, no Zêzere, e daí para sul. Admito que tenhamos de voltar a pensar também neste assunto.
5
VIVADOURO JANEIRO 2020
Breves Nova barragem no rio Balsemão para regar vinhas e pomares O abastecimento de água às vinhas das regiões demarcadas do Douro e do Távora-Varosa vai ter de passar pela construção de uma nova barragem no Rio Balsemão, em Lamego. O presidente da autarquia, Ângelo Moura, anunciou que já foi apresentada uma candidatura ao programa nacional de regadios. No rio Balsemão existe já a Barragem de Pretarouca que está a ser alvo de um investimento de 1,5 milhões de euros para aumentar a capacidade da albufeira e criar uma reserva para situações de seca prolongada.
Investigador da UTAD dá a conhecer o primeiro impressor português Rodrigo Álvares, era natural de Vila Real e terá participado na impressão do primeiro livro em língua portuguesa. A obra, intitulada O Sacramental, foi impressa em Chaves, no ano de 1488 e teve quatro edições em Portugal, duas no século XV (Chaves, 1488; Braga, c. 1495) e duas no século XVI (Lisboa, 1502; Braga, 1539), sendo um dos livros, depois dos breviários e missais, com mais edições em Portugal naquela época. O professor e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), José Barbosa Machado, tem desenvolvido intenso trabalho sobre os primeiros livros impressos em língua portuguesa, com destaque para O Sacramental e para o Tratado de Confissom, este último também impresso em Chaves, no ano de 1489.
Marcelo Rebelo de Sousa visita Sabrosa Marcelo Rebelo de Sousa, estará no Espaço Miguel Torga a 28 de janeiro na Cerimónia Evocativa dos 25 Anos da Morte de Miguel Torga, onde será apresentado o livro “Cartas para Miguel Torga”, com organização e prefácio de Carlos Mendes de Sousa. A cerimónia está agendada para as 18h. Este evento insere-se no programa especial de eventos de evocação a Miguel Torga do Espaço Miguel Torga e Município de Sabrosa, no ano em que se completam 25 anos do seu falecimento.
Reconhecendo a importância da fotografia na formação de memórias coletivas, o Museu do Douro (MD) dá continuidade ao concurso fotográfico inserido no projeto “Fotografia Contemporânea no Douro”, pretendendo deste modo dinamizar e dar visibilidade ao património construído no presente, parte da memória futura. Este é um projeto de recolha fotográfica com enfoque na paisagem e património da Região Demarcada do Douro (RDD) para a construção de um arquivo de referência, em suporte digital, sobre o espaço e o tempo durienses. Os trabalhos deverão ser enviados até 31 de maio.
75 mil euros para alunos do ensino superior A Câmara Municipal de Tabuaço atribui 76 bolsas de estudo para o ano letivo de 2019/20 aos alunos do Ensino Superior do concelho de Tabuaço. A atribuição teve lugar no passado sábado, dia 18, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. O valor é atribuído por escalões sendo, assim, variável e complementar com a Bolsa de Estudo do estabelecimento de ensino de frequência, salientando ainda que os alunos que terminaram o secundário na Escola Abel Botelho, em Tabuaço, têm também uma majoração, condição que a Câmara Municipal defende como incentivo à permanência no concelho.
Em 2020, a Symington Family Estates vai celebrar dois marcos históricos: o bicentenário da marca Graham’s e os 350 anos da marca Warre’s. De forma a assinalar estes dois eventos, a empresa criou um Fundo de Impacto, com um compromisso inicial de 1 milhão de euros. O fundo será utilizado primordialmente para apoiar causas de beneficência nas regiões do Douro e do Porto, bem como no Alto Alentejo, zonas onde detém a sede e as suas quintas. As áreas de foco são três: bem-estar e saúde da comunidade, proteção e conservação ambiental e herança cultural e educação.
Palestra Aequilibrium - Dinâmica trófica da Águia-real mediterrânea O Laboratório de Ecologia Aplicada do CITAB foi convidado a integrar o Projeto Aequilibrium focado na dinâmica trófica da Águia-real mediterrânea (Aquila chrysaetos homeyeri). É neste âmbito que Enrique Navarro, o coordenador deste projeto, vem à UTAD apresentar os resultados que decorrem de um esforço de foto-armadilhagem e de anilhagem sem paralelo na Península Ibérica, com uma cobertura das relações tróficas da Águia-real com as suas presas que inclui mais de 63 espécies identificadas de vertebrados, com base numa monitorização de mais de 87 territórios deste super-predador e a marcação de mais de 90 aves com emissores GPS-GSM.
Auditório municipal de Moimenta da Beira com programação cultural regular em 2020 Programação cultural tem início no dia 30 de janeiro, às 16 horas, no Auditório Municipal Padre Bento da Guia, em Moimenta da Beira, com uma arruada pela Banda às Riscas, um grupo de animação de rua que nasceu no Porto, que ‘canta’ temas do imaginário coletivo e circense. A arruada vespertina marcará simbolicamente a abertura oficial da programação cultural para este ano de 2020. À noite, a partir das 21h30, sobem ao palco os Barry White Gone Wrong (BWGW), banda que mistura rock, soul, blues e um pouco de funk, com digressões por Portugal, Espanha, França, Holanda, Bélgica e alguns países de África.
Casa do Douro vai ter eleições até maio Segundo declarações da Ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, durante o debate na especialidade da proposta do Orçamento do Estado para 2020 em comissão parlamentar, “o Ministério da Agricultura encontra-se a preparar a legislação” para se realizarem as eleições aos órgãos sociais da Casa do Douro, “previstas para Maio de 2020”. Em comunicado enviado às redações a Associação da Lavoura Duriense (ALD), veio já dar conhecimento que assim que a data das eleições seja marcada apresentará a sua candidatura.
FOTO: DR
Concurso Internacional de Fotografia 2020 Douro Património Contemporâneo – Memória com Futuro
Symington cria Fundo de Impacto no valor de 1 milhão de euros
Teatro Ribeiro Conceição aposta na formação de público O Teatro Ribeiro Conceição, em Lamego, quer que o ano de 2020 seja o de continuar a apostar na formação de novos públicos e em nomes consagrados do panorama nacional em nome de uma programação “eclética”. Há dois anos debaixo da gestão do pelouro da Cultura da Câmara de Lamego, o Teatro tem sido palco de espetáculos mas também de projetos que, segundo a vereadora Catarina Rocha, estão a formar público.
6 VIVADOURO JANEIRO 2020
Região
Maioria dos municípios mantém taxa de IMI No total dos 19 municípios da região, 16 vão manter a taxa de IMI aplicada em 2018, as exceções são Freixo de Espada à Cinta, Moimenta da Beira e Vila Real que irão baixar o valor cobrado este ano. Para este ano o intervalo deste imposto, definido por lei, é de 0,3 a 0,45%. Freixo de Espada à Cinta é o município da CIM Douro que regista a maior descida neste imposto cobrando este ano a taxa mínima tal como acontece em 10 outros concelhos, que mantêm este valor. Nos outros dois municípios onde esta taxa sofre um corte este será apenas de 0,005%: em Moimenta da Beira baixa de 0,38 para 0,375% e em Vila Real o imposto baixa de 0,4 para 0,395%. Nos 19 municípios do Douro nenhum cobra a taxa máxima (0,45%), contudo Mesão Frio fica próximo desse valor cobrando aos seus mu-
nícipes uma taxa de 0,43%, igual ao imposto cobrado no ano passado. Alijó, Peso da Régua, Tabuaço e Torre de Moncorvo mantém esta taxa nos 0,4%. O IMI pode ainda ser alvo de deduções de acordo com o agregado familiar havendo, neste caso, a redução de 20€ no caso de 1 filho, 40 no caso de dois e, para os casais com 3 ou mais filhos, a dedução será de 70€. Contudo, estas deduções são também elas aprovadas individualmente por cada município e por patamar. No caso da região do Douro os municípios aprovaram todas as deduções, exceção feita no caso de Penedono que apenas as aplica a casais com 2, 3 ou mais filhos. Recorde-se que estão isentos do pagamento de IMI durante três anos os imóveis cujo valor patrimonial tributário não exceda os 125 mil euros e se destinem a habitação própria e permanente do proprietário. No entanto, esta isenção só é aplicada quando o rendimento anual sujeito a imposto do agregado não ultrapassa os 153 300 euros. Mas, ao contrário do que acontecia
anteriormente, já não é necessário apresentar um pedido de isenção, uma vez que o fisco reconhece automaticamente a isenção com base nos elementos de que dispõe sobre o rendimento do agregado e sobre o valor do imóvel. No que diz respeito aos prédios rústicos a taxa é igual para todos os municípios nacionais, 0,8%. Este ano existirão ainda outras novidades que estão previstas no Orçamento do Estado. Os monumentos nacionais e os prédios de interesse público ou municipal vão perder a isenção do pagamento do imposto. Ainda assim, mantém-se a isenção para prédios afetos a lojas com história (que sejam reconhecidas pelo município como estabelecimentos de interesse histórico e cultural ou social), imóveis de associações, organizações religiosas, ou ainda estabelecimentos de ensino particular, entre outros. Os prédios urbanos ou frações autónomas que se encontrem devolutos há mais de dois anos, os prédios em ruínas, bem como os terrenos para construção com aptidão para uso
habitacional localizados em zona de pressão urbanística, vão estar sujeitos a uma taxa agravada de IMI. Nestes casos, a taxa de IMI será seis vezes superior à que for definida pelo município para o ano em causa, e será agravada nos anos seguintes, em mais de 10%. De notar que o apuramento do IMI diz sempre respeito ao ano anterior, sendo responsável pelo pagamento deste imposto o proprietário do imóvel em questão a 31 de dezembro. As regras de pagamento deste imposto sofreram algumas alterações. Em primeiro lugar, a AT ficou com mais um mês para enviar as notas de cobrança e para as disponibilizar no Portal das Finanças, alargando-se o prazo para 30 de abril. Esse adiamento aconteceu a par do alargamento do prazo para o pagamento do próprio imposto exigido aos proprietários. Além disso, o pagamento em prestações também foi mudado. Caso o montante a pagar seja superior a 100 euros, mas inferior a 500 euros, passou a haver lugar a duas prestações; se for superior a 500 euros, há lugar a três prestações. ■
VIVADOURO JANEIRO 2020
7
Região
Petição para reabertura da Linha do Douro entregue na Assembleia da República No total foram cerca de 13.500 os signatários do documento que foi entregue no passado dia 9 de janeiro na Assembleia da República, em defesa da requalificação e abertura da Linha do Douro até Espanha. A petição foi entregue à Vice-Presidente da Assembleia da República por uma comitiva composta por António Marquez Filipe (Presidente da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial), Fernando Pinto (Presidente da Fundação Museu do Douro), Carlos Silva (Presidente da CIM Douro), Nuno Gonçalves e Domingos Carvas (Vice-Presidentes da CIM Douro), José Manuel Gonçalves (Presidente da Câmara Municipal da Régua), António Silva (Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lamego), Luís Pedro Martins (Presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal) e Luís Braga da Cruz. Lançada em junho do ano passado, a petição foi subscrita por 13.500 pessoas a quem, António Filipe diz pertencer o documento. “A entrega correu muito bem, fomos muito bem recebidos pela Vice-Presidente da Assembleia da República e no final da sessão também o Presidente fez questão de nos vir cumprimentar. Entregamos esta petição, que não é um documento da Liga dos Amigos ou da Fundação do Museu do Douro, é de todos os 13.500 assinantes que pretendem ver Linha do Douro reabilitada e aberta até Salamanca”. Durante a visita à Assembleia da República a comitiva esteve ainda com os deputados eleitos da região que apoiam a reabertura da Linha do Douro, um apoio que para o Presidente da Liga dos Amigos é importante e um sinal de que a sociedade civil e a politica podem unir esforços em prol de uma vontade. “Claramente que o apoio dos deputados é importante, não só pela sua presença física mas pelas declarações que prestaram nas mais diversas plataformas. Isso também me leva a dizer que considero esta petição particularmente importante porque prova que é possível a sociedade civil trabalhar em conjunto com a política no sentido de se encontrarem as melhores soluções para as pessoas e isso foi muito interessante de ver, a vontade da sociedade civil e a política trabalharem juntas em prol de uma população” afirma António Filipe à nossa reportagem. Também Luís Pedro Martins, Presidente do TPNP sublinha a importância da Linha do Douro em termos de turismo para a região, afirmando que muitos dos turistas que hoje
chegam ao Porto não visitam o Douro por falta de alternativas de transporte. “Investir na internacionalização da Linha do Douro é investir no futuro de uma região que tem muitíssimo para oferecer ao país, nomeadamente em termos de turismo. Cerca de 72% dos turistas que visitam o Porto e Norte de Portugal não vão além da Área Metropolitana do Porto, a porta de entrada na região. Uma das razões que explica esta não distribuição de turistas por outros subdestinos está, desde logo, relacionada com a inexistência de alternativas de transporte”. A aposta na ferrovia, diz o presidente da TPNP, “deve, obrigatoriamente, integrar uma estratégia global de promoção do Douro Vinhateiro Património da Humanidade, tendo em conta que a reativação da Linha do Douro permitirá ultrapassar as dificuldades de acessibilidade que estão a impedir a economia local de beneficiar, verdadeiramente, do impacto que o turismo está a ter no país”. Luís Pedro Martins acredita que “o prolongamento da Linha do Douro até Barca de Alva, e sua extensão até Espanha, em articulação com os operadores turísticos do território, vai permitir aos turistas 'mergulharem' verdadeiramente na região e, dessa forma, percorrerem num destino que passa, em Portugal, por três patrimónios da Humanidade. Investir na Linha do Douro é agir estrategicamente. É pensar para além da tradicional tentação centralizadora e 'litoralizada' do país”. Também a CIM Douro apoia esta petição, começando por sublinhar o sucesso no documento que tinha o objetivo inicial de ter 4000 subscritores, bem como a argumentação que suporta a petição, aproveitando para manifestar, uma vez mais, algum
"É pensar para além da tradicional tentação centralizadora e 'litoralizada' do país”."
descontentamento pelo facto desta obra não constar no PNI 2030 “Tendo sido definido como objetivo inicial a recolha das 4 000 assinaturas necessárias para que a petição fosse discutida no Parlamento, o documento superou largamente essa meta, o que garante que agora vai ser discutido pelos deputados da Assembleia da República e que o assunto Linha do Douro regressará à ordem do dia do País. Entre os argumentos que demonstram a importância estratégica nacional da infraestrutura Linha Ferroviária do Douro, são apontados a sua relevância no contexto da classificação do Douro como Património Mundial pela UNESCO, o contributo direto para a dinamização da economia e consequente fixação de população, a garantia de maior atividade turística e a promoção de uma vertente transfronteiriça que interessa a Portugal, Espanha e à Europa. Razões que levaram a que a Linha do Douro fosse considerada estratégica para os 19 concelhos da CIM Douro e esta Comunidade a incluísse no documento macro “Douro 2030 – Estratégia para uma Década”, remetido em 2018 à União Europeia, e indicada para constar no Programa Nacional de Investimentos (PNI). Contudo, o Governo português decidiu não incluir esta infraestrutura na versão intermédia do PNI 2030, pese embora seja uma certeza que a União Europeia defende e apoia investimentos transnacionais na ferrovia e, concretamente, a ligação de qualidade de comboio de Portugal a Espanha e ao resto da Europa. Foi precisamente essa uma das ideias sustentadas pela Liga de Amigos, pela Fundação Museu do Douro, por diversas entidades da região Norte, e apoiada pela CIM Douro, que lançaram a Petição que enumerava um conjunto vasto de argumentos para que a ferrovia seja entendida como essencial à economia e ao turismo do Douro e da Região. O texto da petição lembra mesmo que “a requalificação da Linha do Douro poderá ser vetor fundamental no turismo na região por
“Nós vemos a Linha do Douro não como um ramal mas como parte integrante da rede ferroviária europeia, portanto defendemos claramente que a ligação a Espanha é absolutamente essencial." ligar quatro patrimónios da Humanidade: o Porto, o Alto Douro Vinhateiro, Foz Côa e Salamanca”. Com a entrega da petição na Assembleia da República, abre-se uma importante janela de esperança para que a Linha do Douro seja inscrita no PNI 2030 ou em outro instrumento público adequado, e seja reaberta, requalificada e modernizada em toda a sua extensão”. Ecos de apoio ao documento chegam também de Espanha com diversos órgãos de comunicação social a noticiarem a entrega na Assembleia da República, algo que para António Filipe é muito importante sendo demostrativo do envolvimento da sociedade civil de ambos os lados da fronteira. “Nós vemos a Linha do Douro não como um ramal mas como parte integrante da rede ferroviária europeia, portanto defendemos claramente que a ligação a Espanha é absolutamente essencial." Entendemos também que é muito importante que as populações locais, as associações locais, também estejam envolvidas e também se possam mobilizar, no sentido de elas também reivindicarem, junto dos seus políticos, das suas autoridades, para que a questão seja estudada de uma forma científica, de uma forma tecnicamente ajustada, daí o facto da Liga ter, junto de uma sua congénere na zona de Castilla Leon, ter tentado chamar à atenção para esta petição e aquilo que ela representa. Pensamos que é fundamental a mobilização de ambos os lados da fronteira”. ■
8
VIVADOURO JANEIRO 2020
Região
Doze municípios do Douro sem desconto no IRS Há doze municípios da região que não vão devolver em 2020 aos respetivos contribuintes residentes a quota parte do IRS cobrado na sua área a que têm direito. As câmaras de Alijó, Freixo de Espada à Cinta, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Murça, Peso da Régua, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Vila Nova de Foz Côa e Vila Real decidiram não abdicar dos 5 por cento da coleta do IRS que o Orçamento do Estado distribui por cada concelho. Mais sorte terão os munícipes de Carrazeda de Ansiães e Sabrosa que vão receber na íntegra os 5 por cento (tal como aconteceu em 2019), valor semelhante ao de Santa Marta de Penaguião e Torre de Moncorvo que irão devolver 4,5%, sendo que o município liderado por Nuno Gonçalves não devolveu qualquer valor em 2019. Armamar e Penedono irão devolver 4% da taxa e Lamego fica pelos 1%. De acordo com a Lei das Finanças Locais, as autarquias têm direito a ficar com 5 por cento da coleta líquida dos seus cidadãos, ou seja, do imposto cobrado nos limites territoriais dos concelhos. No entanto, as Câmaras têm a possibilidade de prescindirem dessa mesma percentagem, ou de parte
dela, e devolvê-la sob a forma de dedução à coleta aos seus contribuintes residentes. Este “benefício fiscal” aplica-se tanto a quem recebe IRS no momento da liquidação como quem tem de pagar. Ou seja, se na altura do acerto de contas com o fisco tiver imposto a receber e o seu município der o desconto, a sua conta ficará mais recheada. Caso tenha de pagar imposto, a fatura será mais leve. Para beneficiar do alívio no IRS, o contribuinte tem de ter residência fiscal no concelho que oferece o desconto, e ter coleta do imposto, e não precisa de fazer mais nada. Este ano, segundo a Autoridade Tributária e Aduaneira, houve 134 municípios que comunicaram a decisão de devolver alguma parte do IRS a cobrar sobre os rendimentos de 2019 a que teriam direito. Desses, 24 abdicaram na íntegra dos 5 por cento a que teriam direito. Pelo contrário, em 2020 há 176 câmaras municipais das 308 existente no país que optaram por não devolver nenhum valor. Por sua vez, 50 autarquias deliberaram abdicar de pelo menos metade e apenas 31 optaram por entregar 1 por cento, enquanto 20 ficam abaixo dessa taxa. Desde que a medida entrou em vigor o número de autarquias que abdicam desta receita, ou de parte dela, triplicou. Em 2008 eram apenas 44 municípios. Em 2020 serão 134. Os restantes 174 ficam com toda a verba transferida pelo Estado, arrecadando um montante global superior a 472,7 milhões de euros. ■
Concelhos Alijó Armamar Carrazeda de Ansiães Freixo de Espada à Cinta Lamego Mesão Frio Moimenta da Beira Murça Penedono Peso da Régua Sabrosa Santa Marta de Penaguião São João da Pesqueira Sernancelhe Tabuaço Tarouca Torre de Moncorvo Vila Nova de Foz Côa Vila Real
IRS 2020 Valor Coletado Valor Devolvido
5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5%
OE2020 já estabeleceu transferências para os municípios O Orçamento de Estado para 2020 foi aprovado na Assembleia da República com os votos favoráveis do Partido Socialista, as abstenções de BE, PCP, PEV, Livre e os três deputados madeirenses do PSD, tendo os restantes partidos votado contra o documento. No documento consta a tabela das transferências de Estado para as autarquias, sendo que na região do Douro, Mesão Frio é a que recebe a fatia mais pequena (3.830.779 Milhões de euros) e Vila Real a maior (13.800.583 Milhões de euros). Na tabela em baixo poderá consultar o total que cada município receberá este ano do Orçamento de Estado. ■
0% 4% 5% 0% 1% 0% 0% 0% 4% 0% 5% 4,5% 0% 0% 0% 0% 4,5% 0% 0%
VIVADOURO JANEIRO 2020
9
Peso da Régua
Adjudicada requalificação do Largo Padre José Pinto de Carvalho A contratualização de adjudicação da obra de requalificação do Largo Padre José Pinto de Carvalho – Godim contempla um investimento total de 363.694,36€ O local onde se pretende intervir, é fortemente marcada pela presença da Igreja de São José de Godim, largo adjacente e cemitério municipal. Aqui se realizam durante o mês de maio, as Festas da Ascensão, também designadas por Feira do Queijo, onde se divulgam e comercializam alguns dos produtos endógenos tradicionais, mais representativos da gastronomia e doçaria da região duriense. Atualmente todo este espaço público so-
fre de constrangimentos funcionais variados, em que a circulação rodoviária surge como principal motivo. O fluxo quotidiano intenso que atravessa o largo, e a sua desregulação e indisciplina, tornam-no pouco aprazível à estadia e ao passeio, bem como pouco funcional aos restantes usos para que é solicitado. As tradicionais feiras e festas, fazem-se ocupando também a estrada, limitando a circulação e reduzindo o espaço a um estreito canal entre vendedores e visitantes. Reflexo de tudo isto é a imagem de degradação generalizada do espaço. O mobiliário urbano existente é reduzido e em mau-estado, os canteiros limitam pequenas zonas relvadas sem qualquer uso, ornamento ou significado, constituindo-se como obstáculos à mobilidade. A intervenção que será levada a cabo pela Câmara Municipal do Peso da Ré-
gua visa a requalificação do espaço, preservando a memória e os elementos de maior qualidade arquitetónica, bem como, dotar o recinto das condições ne-
cessárias para o usufruto pleno por parte da população. A intervenção foi adjudicada à empresa Francisco Pereira Marinho & Irmãos, AS ■
Requalificação do Mercado Municipal com obra adjudicada Foi assinado esta semana o contrato de adjudicação da obra de requalificação do Mercado Municipal, em Peso da Régua, num investimento total de €206.148,80, com um prazo de execução de 8 meses. Esta operação tem um nível micro com incidência no concelho do Peso da Régua e um nível macro na economia da própria região dada a afluência de produtores e consumidores de concelhos limítrofes ao espaço a intervencionar. Enquanto elemento infraestrutural identificador da história do Peso da régua e das suas gentes, o espaço a reabilitar está atualmente desenquadrado não só do núcleo urbano onde se insere mas também das políticas e preocupações de ordenamento, ambientais e socioculturais que o Município procura incluir nos seus equipamentos públicos. Esta intervenção permitirá beneficiar o espaço, que apresenta sinais evidentes de envelhecimento, degradação física e fun-
cional. A reorganização e requalificação do interior, melhorará significativamente as condições dos serviços existentes e potenciará o acolhimento de funções
adicionais, capazes de enriquecer a oferta global do Mercado Municipal. Esta obra terá uma comparticipação municipal de 121 268.63€ e uma com-
> Na foto - José Manuel Gonçalves e Luís Sá na assinatura do contrato
participação comunitária / PDR2020 de 84 880.17 €, tendo sido adjudicada à empresa Anteros, Construções, Sociedade de Construções e Obras Públicas, SA. ■
10 VIVADOURO JANEIRO 2020
Região
Municípios do Douro com saldo positivo em 2018 Todos os municípios do Douro apresentaram saldo positivo em 2018. A conclusão consta do relatório “Caracterização Financeira dos Municípios da Região do Norte - Dados Prestação de Contas 2018”, tornado público em Dezembro pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e que confirma que as receitas registadas foram, nesse ano, superiores às despesas. Segundo o relatório que analisou toda a região norte, “todos os municípios arrecadaram receitas correntes suficientes para pagar as despesas da mesma natureza, gerando assim uma poupança corrente positiva”. Ainda assim, as receitas próprias estiveram longe de assegurar a independência
financeira dos municípios. As transferências financeiras obtidas a partir de terceiros, tais como as decorrentes de transferências do Orçamento de Estado, a partir de fontes como o Fundo de Equilíbrio Financeiro, o Fundo Social Municipal ou a Participação variável no IRS, correspondem a 71% do total de receitas
obtidas pelos municípios, concluindo-se assim “que estes municípios dependem em larga escala de terceiros para se financiarem, sendo a receita proveniente das transferências do Orçamento do Estado o seu principal recurso”, lê-se no documento. O equilíbrio orçamental dos municípios,
teve, ainda, na cobrança de impostos diretos a sua segunda mais importante fonte de receitas, aqui encontramos o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), o Imposto Único de Circulação (IUC), o Imposto Municipal sobre as Transações Onerosas (IMT) e a Derrama, com um total de pouco mais de 30 milhões de euros.
Distribuição das receitas dos municípios em 2018, por tipologia, em M€ Impostos diretos
Impostos indiretos
Taxas
30,033,295
877,573
2,457,841
Rendimentos Venda de bens da propriedade e serviços
6,538,717
21,709,608
Tranferências financeiras obtidas
Outras receitas
Total
131,911,897
34,430,260
227,959,191
Distribuição das despesas dos municípios em 2018, por àrea de incidência, em M€ Pessoal
Aquisição de bens e serviços correntes
Transferências e subsídios
Aquisição de bens de capital
Serviço da dívida
Outras despesas
Total
60,675,023
65,816,413
21,690,841
34,667,168
28,243,431
2,687,460
213,780,337
Diferencial receitas/despesas em M€ Total receitas
Total despesas
Diferença
227,959,191
213,780,337
14,178,853
Douro ainda é dependente financeiramente O relatório analisa, ainda, a independência financeira das finanças municipais. É apenas na sub-região da Área Metropolitana do Porto (AMP) que as receitas próprias dominam, totalizando 51% do total de receitas obtidas. A região do Douro está no outro oposto como a mais dependente financeiramente cifrando-se o total de receitas próprias obtidas nos 27%. O grau de independência financeira das autarquias é o rácio que relaciona as receitas próprias com as receitas totais. Considera-se que só existe independência financeira quando as receitas próprias representam, pelo menos, 50% das receitas totais. Para o efeito entende-se que as receitas próprias da autarquia são as totais, deduzidas das transferências e dos passivos financeiros. Entre os 19 municípios do Douro há
quatro que constam da lista dos 10 mais dependentes em toda a região norte: Tabuaço com uma receita própria de 14%, Freixo de Espada à Cinta com 16%, Carrazeda de Ansiães 17% e Murça 19%. Autarquias do Norte gastaram em Educação mais 48 ME do que receberam do Estado As despesas das autarquias do Norte com educação ultrapassaram em 48 milhões de euros o valor atribuído para o setor pelo Orçamento de Estado de 2018 à região, segundo um outro relatório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, “Execução do Fundo Social Municipal (FSM) na Região do Norte – 2018”, que analisa “as despesas gerais de funcionamento do pré-escolar e do 1.º ciclo, bem como os transportes escolares relativos ao 3.º ciclo do ensino básico”, a cargo dos municípios.
“Em 2018, o montante global do FSM distribuído aos municípios do Norte foi de 68,19 milhões de euros. As despesas elegíveis reportadas pelos municípios da região atingiram 116,3 milhões de euros, resultando numa taxa de execução de 171%, o que significa que as despesas dos municípios neste domínio são muito superiores às transferências efetivamente recebidas para este fim”, conclui o relatório da CCDR-n, disponibilizado à imprensa. O documento refere que, em 2018, “as despesas com o funcionamento corrente do pré-escolar na região do Norte totalizaram cerca de 27 milhões de euros”, sendo de 602,51 euros o “valor médio da despesa por aluno nos municípios da região. Já as despesas com o 1.º ciclo do ensino básico ascenderam a 65,9 milhões de euros e o valor médio de despesa por aluno foi de 557,22 euros”, acrescenta o
relatório. Quanto a “despesas com professores, monitores e técnicos do 1.º ciclo do ensino básico público”, ligados ao “enriquecimento escolar” (tempo não letivo), a despesa “ascendeu a 7,4 milhões de euros”. Neste caso, foi de 62,55 euros o valor médio da despesa por aluno. As despesas com transportes escolares do 3.º ciclo ascenderam a 15,9 milhões de euros, resultando num valor médio de despesa por aluno de 145,56 euros. O Relatório, elaborado com base na informação prestada pelos municípios, enquadra-se no apoio prestado pela CCDR-N à Administração Local, no contexto da Lei do Orçamento de Estado e do Decreto-Lei de Execução Orçamental, que atribui às CCDR a responsabilidade de verificar a demonstração, a nível regional, a realização de despesa elegível das verbas do FSM. ■
VIVADOURO JANEIRO 2020 11
Armamar
Crianças das escolas cantaram as Janeiras na Câmara Municipal As crianças do ensino pré-escolar de Armamar passaram pela Câmara Municipal para cantar as Janeiras. João Paulo Fonseca, Presidente da Câmara Municipal, acompanhado pelo Vice Presidente e Vereadora da Cultura, recebeu as meninas e meninos do Jardim de Infância da Fundação Gaspar e Manuel Cardoso e do Jardim de Infância de Armamar no átrio do edifício sede do município. Os pequenotes, acompanhados pelas suas educadoras cantaram alguns temas alusivos à época, perante uma plateia composta pelos membros do executivo e funcionários da Autarquia. ■
Montaria ao Javali em Armamar
Cinco detidos por caça ilegal
Armamar é um conhecido destino dos amantes da caça. Anualmente a Câmara Municipal organiza a Montaria ao Javali. É um evento muito participado,
O Comando Territorial de Viseu, através do Núcleo de Proteção Ambiental de Lamego, deteve cinco homens com idades compreendidas entre 37 e os 57 anos, pelo crime de caça ilegal, no concelho de Armamar. No âmbito de uma ação de fiscalização ao exercício da caça em Armamar, os militares detetaram os suspeitos a caçar numa área condicionada, a uma distância in-
com centenas de participantes que aproveitam para conhecer Armamar, as paisagens duriense e beirã e desfrutar da gastronomia local. ■
ferior a 250 metros de uma área residencial. Foi ainda detetado o uso de um chamariz que simulava o canto de um tordo, colocado numa oliveira, sendo este método de caça proibido. Os caçadores foram detidos tendo-lhe sido apreendidas cinco caçadeiras, 124 cartuchos e um telemóvel. Os factos foram remetidos ao Tribunal Judicial de Lamego. ■
12 VIVADOURO JANEIRO 2020
Região
Comité de Combate ao Granizo criado no Douro As tempestades de granizo são um dos fenómenos que mais preocupa os viticultores da região originando, quase todos os anos, elevadas perdas de produção sem que haja qualquer forma de os prever ou mitigar. O Comité é formado pela ProDouro, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) e as adegas cooperativas de Favaios e Sabrosa, pretendendo, nesta primeira fase centrar-se numa área-piloto que abrange as zonas de Sabrosa, Pinhão e Alijó, especialmente afetada pelo granizo nos últimos anos. “O objetivo é implementar um sistema de luta preventiva contra o granizo na Região Demarcada do Douro, juntando esforços entre empresas privadas, associações e setor científico. Queremos tão cedo quanto possível, de preferência já em 2020, implementar esta solução na área piloto", afirma Rui Soares, presidente da ProDouro - Associação de Viticultores Profissionais do Douro, à nossa reportagem. A ideia de arrancar com o projeto numa área-piloto acontece por duas razões: pelo facto de ter sido a área mais fustigada nos últimos anos com avultadas perdas para os viticultores, mas também porque, para que a solução apresentada resulte ela tem que ser implementada numa área alargada
e não apenas numa ou outra propriedade de forma avulsa. "Esta área tem um histórico mais acentuado e pareceu-nos que seria uma boa zona para arrancar, para começarmos o nosso projeto, cujo objetivo é também a validação de uma técnica que não existe na região. Depois é algo que não podemos fazer numa quinta, por exemplo, até porque falamos de um fenómeno que tem movimento, a queda do granizo pode começar a sentir-se numa quinta mas com a deslocação vai certamente sentir-se noutra propriedade vizinha, daí pretendermos fazer o teste nesta área mais alargada”, afirma Rui Soares. Numa primeira fase foram instalados na região 30 granizómetros, um equipamento construído por uma estaca em ferro, colocada no meio da vinha com uma placa de esferovite no topo que regista a intensidade, o tamanho e a quantidade de granizo que caiu. “Essas medições são feitas pelas marcas que as pedras de granizo deixam na placa ao baterem nela. Dependendo do tamanho do buraco deixado conseguimos perceber o tamanho das pedras e a perfuração que fazem dão uma ideia da força com que as mesmas embateram”.
“Este granizómetro não protege a vinha, simplesmente serve para que nós possamos estudar a evolução destes fenómenos”
Rui Soares alerta que este não é um método preventivo quanto aos possíveis danos. “Este granizómetro não protege a vinha, simplesmente serve para que nós possamos estudar a evolução destes fenómenos”. Efetivamente existem já dois métodos, muito utilizados em França, por exemplo, que permitem mitigar os efeitos da queda de granizo, sendo que ambas as soluções foram já pensadas para a região, em conjunto com as empresas que as desenvolveram e que enviaram alguns especialistas ao Douro para perceberem as características únicas deste território. "Nós temos duas opções, ambas são operações de modificação do tempo, ou seja, são operações que consistem em perturbar artificialmente a formação das nuvens de granizo que se formam na atmosfera", refere. Com a aplicação destas técnicas, "em vez de caírem pedras de granizo, ou cai chuva, no caso da solução da empresa Selerys, ou caem pequenas bolas de granizo, que já não fazem mal à cultura, que é o princípio proposto pela associação francesa ANELFA. No fundo, são duas metodologias diferentes, embora o objetivo final seja o mesmo", frisou. No caso do Douro a solução escolhida pelo comité é da empresa Selerys que transforma as pedras de granizo em chuva, reduzindo assim drasticamente o potencial risco para as vinhas. A ideia é testar a técnica na área-piloto, um projeto a três anos, e depois expandir a metodologia a toda a Região Demarcada do Douro, beneficiando não só a vinha, mas também a produção frutícola que representa uma outra importante atividade eco-
nómica do território. " Na região há diversas zonas onde a vinha não é o principal produto agrícola, temos também a maçã, a azeitona, a cereja, etc, tudo culturas que podem beneficiar com este tipo de solução. Estamos na fase crítica, temos a informação, já estudámos, já temos todos os dados ao nosso dispor, já sabemos tudo, as vantagens e desvantagens de todos os métodos, já sabemos os custos associados, que não são assim tão elevados, falamos de cerca de 40€ no primeiro ano e 17 euros nos seguintes. Neste momento, a única coisa que precisamos é, efetivamente, de encontrar um modelo de financiamento para que o projeto avance tão cedo quanto possível, é nesse sentido que estamos a reunir com diversos parceiros como por exemplo a CIM Douro, que terá aqui um papel importante porque é que melhor conhece o território e a ADVID que tem o contacto privilegiado com os viticultores", salientou Rui Soares. Um custo não associado é a mão-de-obra até porque este é um trabalho em prol de todos e dada a extensão da região é impossível ter equipas de ativação dos equipamentos. “Em todos os casos que visitamos não há a questão dos custos de mão-de-obra porque sendo este um trabalho em prol da região, ele é feito em regime de voluntariado, assumido pelos próprios proprietários. Estes equipamentos têm um radar que emite avisos quando a probabilidade de queda de granizo é alta e esse aviso é enviado para quem tenha os aparelhos de forma a que possa ir ao terreno e ativá-los”. ■
VIVADOURO JANEIRO 2020 13
São João da Pesqueira
Inauguração da Sala de Novas Aprendizagens e Multimédia Na próxima sexta-feira, dia 24 de janeiro, pelas 10h00, será oficialmente inaugurada a Sala de Novas Aprendizagens e Multimédia na Escola EB 2,3 e Secundário de S. João da Pesqueira. Este investimento do Município de S. João da Pesqueira de cerca de cinquenta mil euros, mais obras de requalificação física, permitiu criar um espaço dotado de tecnologias digitais de ponta, mobiliário para trabalho em equipa e iniciação à robótica. Este projeto insere-se no Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar (PIICIE) em desenvolvimento no Município até junho de 2021 e visa implementar estratégias inovadoras e motivadoras de ensino – aprendizagem com vista a aproximar a escola ao mercado de trabalho. ■
Festa dos Saberes e Sabores do Douro A Câmara Municipal de S. João da Pesqueira vai organizar nova edição da Festa dos Saberes e Sabores do Douro, que vai decorrer nos dias 22, 23 e 29 de fevereiro e 1, 7 e 8 de março de 2020. Promover a região do Douro no âmbito da Rota das Amendoeiras em Flor, nomeada-
mente, através da divulgação da gastronomia típica e regional, bem como das artes e ofícios, continua a ser o objetivo da Festa de Saberes e Sabores do Douro. Com este certame, a autarquia pretende impulsionar a economia local e promover os recursos mais emblemáticos do concelho e da re-
gião, desde os produtos agrícolas, passando pela gastronomia regional, até ao artesanato típico do Douro. Tudo num ambiente rural, proporcionando assim aos visitantes a oportunidade de conhecerem e adquirirem produtos locais, autênticos e genuínos, com qualidade e distinção.
Taste in Douro em S. João da Pesqueira Em pleno Coração do Douro, vai decorrer no dia 31 de janeiro, pelas 16h00, na sala de provas do Museu do Vinho, a iniciativa “Taste in Douro”, um evento vínico de harmonização gastronómica, organizado pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) em parceria com o Município de S. João da Pesqueira e a Esprodouro – Escola Profissional do Alto Douro. Por questões logísticas este evento é limitado a 40 participantes e as inscrições devem ser efetuadas através do e-mail – myportwineday@ivdp.pt ■
Na edição de 2020, vão continuar a pontificar, para além da animação musical e cultural, as tradicionais tasquinhas, o delicioso pão caseiro, os enchidos (moiro, alheira, chouriça e a tabafeira), o azeite, vinho, mel, amêndoas, figos secos, entre outros produtos regionais de excelência. ■
14 VIVADOURO JANEIRO 2020
Lamego
Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
Cidadania Ativa! Do slogan à prática no Douro! Neste início de ano queria desafiar-vos para a reflexão acerca da importância das vossas atitudes na terra onde vivem ou trabalham. Na vida não podemos limitar-nos a usufruir das atividades ou acontecimentos que se realizam um pouco por toda a região. Devemos cada vez mais valorizar quem muito trabalha para que as coisas aconteçam. Quero com isto dizer que cada um de nós pode fazer a diferença. Cada um pode dar um pouco do seu tempo em favor do bem comum. A isto chama-se cidadania ativa e solidária. As nossas terras precisam do nosso saber e da nossa força. Todos juntos podemos fazer desta região um território solidário e ativo. A minha nota deste e início de ano centra-se, por isso, nesta força que a sociedade tem para mudar o que está mal e fazer coisas boas em favor de todos. Em 2020, ponha maos à obra em favor da sua terra, dos seus vizinhos e até de si próprio. No Douro é já muito significativo o papel das Instituições da sociedade. O que seria este grande Douro sem essa força visível e transformadora. Têm sido muitas as causas defendidas pela sociedade a partir das instituições. Causas sociais, causas económicas, causas do desenvolvimento. Mas há uma causa em que não temos tido grande sucesso. A da desertificação humana. Acho que precisamos de um grande abraço de todas as instituições da região para que algo façamos nesse âmbito. Não podemos deixar cair os braços à espera que se acentue o silêncio. Este silêncio que nos deixa vazios de almas e de vida!! A cidadania é força transformadora , no Douro!
Município foi símbolo mundial da defesa dos Direitos Humanos A cidade de Lamego hasteou bem alto, ao longo de quatro dias, a bandeira da defesa e da promoção dos Direitos Humanos, num momento em que os equilíbrios do mundo são abalados por várias incertezas, intolerâncias e ataques aos alicerces dos sistemas democráticos que põem em causa as liberdades e garantias que, até há pouco tempo, eram tidas como duradouras e inabaláveis. Vindos de diversas partes do mundo, cerca de 70 oradores, estimularam o diálogo, despertaram a produção de conhecimento e incentivaram a partilha de reflexões e experiências, ligadas àquela temática, durante o "II Congresso Global de Direitos Humanos”. Presente na Sessão de Encerramento, a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, elogiou a organização em Lamego deste importante evento: "Não é muito comum a realização de encontros deste nível, fora das cidades de Lisboa e do Porto", apresentando logo em seguida as políticas sociais que o Governo está a implementar de modo a defender a dignidade das pessoas e as políticas de integração, para as quais espera a colaboração ativa das autarquias. Ao seu
> Na foto - Angelo Moura e Berta Nunes
lado, Ângelo Moura, Presidente da Câmara Municipal, sublinhou que "é uma honra para Lamego estar no centro destas temáticas", acrescentando depois que os Direitos Humanos são hoje um "património mundial” e que todos os cidadãos estão convocados para a sua defesa. A cidade de Lamego tornou-se assim, mais uma vez, um símbolo mundial da promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável. O Teatro Ribeiro Conceição foi o ponto de encontro de muitos reitores e professores universitários, magistrados do Ministério Público e juízes de Portugal, Espanha e Brasil, entre outros países, interessados nesta temática tão pertinente e atual. Os trabalhos foram divididos em doze sessões temáticas, devido à amplitude da discussão se alastrar a vários domínios da sociedade e, por isso, para além do TRC, também se desenrolaram na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego. Recorde-se que a sessão de abertura do congresso contou com a presença, entre outras personalidades, da secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira. A realização de uma Conferência Inaugural, proferida por D. António Couto, Bispo da Diocese de Lamego, marcou o início do evento. Organizada pela professora de Direito da Universidade Federal do Maranhão, Maria da Glória Aquino, por João Paulo Bichão, magistrado do Ministério Público Português, e por Laís Locatelli, advogada vinculada à Ordem dos Advogados do Brasil, a segunda edição do "Congresso Global de Direitos Humanos", contou com o apoio, entre outras instituições, do Município de Lamego. ■
VIVADOURO JANEIRO 2020 15
Vila Real
Rui Santos apresenta queixa-crime por ameaças de morte O autarca de Vila Real, Rui Santos, anunciou ter apresentado uma queixa-crime, ao Ministério Público, por ameaças de morte feitas na rede social Facebook. Os factos recuam aos dias 6 e 7 de janeiro quando António Lagoa, escreveu alguns comentários na sua página de Facebook, a propósito das obras na Avenida Carvalho de Araújo. “Nos dias 6 e 7 de janeiro, na pagina de Facebook deste senhor, foram publicadas diversas mensagens que me visavam e que configuram enquadramento criminal. Estas injurias foram já participadas por mim ao Ministério Público, ao abrigo dos artigos 153 e 189 do Código Penal, porque atentam contra a minha pessoa, há ameaças de morte a mim e à minha família”, conta Rui Santos. O autarca lembra que tem dois filhos e que estes acabam por ser confrontados com estes comentários, situação que resulta no receio que algo lhes aconteça. “Tenho dois filhos, um com 21 anos e uma menina com 11 que com certeza têm acesso a este tipo de comentários, fui inclusive contactado por uma educadora da minha filha
perguntando-me se ela necessitaria de algum acompanhamento porque os colegas falavam sobre este tema na presença dela. Este tipo de comentários é absolutamente vergonhoso, eu não tenho medo de ninguém, podem-me dizer que esta gente é louca mas são esses loucos que matam gente nos Estados Unidos, em Oslo ou em tantos outros lugares. O Presidente da Câmara de Vila Real, seja eu ou outro qualquer que aqui esteja, não pode estar sujeito a este tipo de ameaças. Não tenho nenhum receio por mim embora tenha a consciência que as coisas acontecem, em Portugal e no Mundo mas não é por isso que irei deixar de fazer aquilo em que acredito. Tenho sim, receio pelos meus, sobretudo pelos meus filhos e pelos restantes membros da minha família. Tenho um pai com 76 anos e tenho receio que, confrontado com uma coisa destas, tome alguma atitude menos ponderada. Esta pessoa é com certeza perigosíssima, olhando ao que escreve”, conclui o autarca. Para Rui Santos, as críticas à obra da Avenida Carvalho de Araújo são válidas, desde que dentro das regras da democracia, regras essas que afirma terem sido ignoradas nos comentários que levam a esta queixa-crime agora apresentada. “O projeto da Avenida Carvalho de Araújo foi alvo de três consultas públicas, de um debate e grande discussão. Eu aceito todas as críticas,
mesmo aquelas que têm um lado mais sentimental. Há quem concorde com o projeto e há quem o critique, neste concelho somos cerca de 50 mil pessoas e provavelmente cada um de nós faria um projeto para a sua avenida em concreto mas nada, rigorosamente nada, justifica este tipo de ameaças, por isso é que vamos agir judicialmente, mostrando a estas pessoas que incentivam ao ódio que não é assim que se vive em democracia. Quem tem o desplante, seja com que motivo for, de dizer que abater uma árvore é um crime, chamando-me criminoso, inclusivamente alguns funcionários camarários, merecem com certeza ser penalizados”. Confrontado pela nossa reportagem, António Lagoa mostrou-se surpreendido com a queixa-crime, afirmando que se sente um bode expiatório numa situação em que as críticas são várias à atuação da autarquia neste projeto. “Eu quando era pequenino tinha medo do escuro mas do claro nunca tive medo. Qual é o objetivo que ele pretende, que eu vá preso? Pois eu lá dentro continuarei a falar, ganha é um problema acrescido. Sinto-me um bode expiatório de todas as críticas que o projeto e o Presidente da Câmara têm recebido. Eu não fiz ameaças nenhumas, só disse verdade. Eu não ameaço, quando tenho que bater bato. Quem planta uma árvore nunca toma a
sombra dela e ele vai morrer e não vai tomar a sombra das árvores que vai plantar”, afirma. Questionado sobre as discussões públicas a que o projeto foi sujeito, António Lagoa afirma não ter tido conhecimento delas, acusando mesmo o município de as ter feito de forma encapotada, evitando assim a confrontação daqueles que discordam da intervenção. “Ele, se fosse homem fazia consultas públicas como deve ser, não quase off the record em que estão lá os mesmos carneiros de sempre a votar no mesmo bode. Não soube de qualquer consulta pública, onde é que isso foi publicado, colocaram cartazes na cidade? Eu sou totalmente contra esta obra, não gosto nem sei até que ponto será bom para o turismo porque praças cheias de granito há em qualquer lugar. É certo que várias coisas estavam mal mas esta não pode ser a solução, deitar tudo a baixo, cortar todas as árvores que parece que só servem para pendurar as luzinhas de Natal. Eu não sou contra a câmara ou contra esta corja. Com a corja eu dou-me bem, não te dás com eles não te juntes a eles, já diz o ditado. Nunca recebi nada deles, têm um Parque do Alvão para promover que nunca promoveram mas têm uma avenida para promover. Talvez a minha filha deixe de viver em Vila Real porque isto já não lhe diz nada, a mim também não porque eu já quase não vivo cá”. ■ PUB
16 VIVADOURO JANEIRO 2020
Entrevista VivaDouro
Gonçalo M. Tavares:
O desemprego “pode estar na origem de gr tão pouca pobreza como a que existe hoje” Texto: Amdré Rubim Rangel
Como vê Luanda desde o tempo das suas raízes, comparativamente com a atualidade? A opção de voltar à terra natal e ficar alguma vez se desenhou em si? Eu nasci em Luanda, em 1970. Os meus pais são portugueses e estiveram lá durante seis anos. Eu vim para Portugal com quatro anos, portanto não tenho recordações grandes de Luanda. Era muito criança. E nunca voltei, precisamente porque nunca tive entusiasmo de ir para um país com uma grande pobreza e, ao mesmo tempo, com pessoas das mais ricas do mundo. De alguma maneira, espero que as coisas mudem em Angola para nos sentirmos satisfeitos em voltar. Completa no corrente ano meio século de vida. Que lições de vida mais surpreendentes aprendeu e ensinou aos que o rodeiam? Nós todos vamos mudando muito e algumas coisas para mim eram muito claras, como por exemplo: eu com 20 e tal anos não tinha um grande prazer em viajar, tive uma disciplina quase obsessiva de leitura-escrita e as viagens eram quase sempre uma perturbação nesta disciplina. Com o tempo isso foi mudando. Mantenho por completo a minha disciplina, mas ganhei um novo prazer na viagem com uma espécie de um conjunto de crianças que muitas vezes são fortes. Inclusive, tenho um livro de canções mexicanas que só pode nascer porque fui à cidade do México. Uma outra mudança, também interessante, é que durante muito tempo a natureza era, para mim, uma espécie de paisagem com homens e animais. Era aquilo que me entusiasmava. E, de repente, a questão da própria da natureza e da árvore, que não a via fora da paisagem, começa a ter interesse para mim por uma natureza mais lenta e de modo criativo. O que mais o cativa em ser escritor? E de que modo? Para mim, escrever não é uma decisão. Eu tenho uma necessidade absoluta de isolamento na questão da escrita. Eu preciso de estar diariamente isolado, três ou quatro horas, sem ninguém à volta. Isso é o ponto de partida. Depois, a forma como utilizo esse isolamento, esse silêncio, esse espaço vazio, esse tempo, é lendo, vendo imagens e escrevendo. Portanto, para mim a escrita não é uma decisão intelectual: é
uma necessidade orgânica. Porque eu fico mesmo chateado e irritado se, num dia, eu fique apenas virado para o exterior, sem essas horas de isolamento. A escrita está incluída nisto! É possível um escritor manter a sua atividade se não tiver um “clube” certo, constante, regular de leitores aficionados? Qual é o marketing ajustado para se ter sucesso no campo literário? Essa parte não tem que ver com a arte. Para mim, a literatura é uma arte e, portanto, tem a ver com a criação. A questão do marketing, do negócio e do entretenimento, nada se relaciona com a escrita. Não é um assunto que me preocupe e em que pense, minimamente. Um criador não pode pensar nessas questões. Ele quer tentar fazer algo que, se possível, faça com que o recetor mude um pouco a sua forma de pensar. É entrar de uma forma nova, através de experiências passadas, na vida e na forma de contemplar a própria arte. Tudo o resto, que anda à volta, eu não me interesso minimamente. Como as redes sociais, que não tenho. Apenas quero ficar no mundo da criação. Na última década, uma boa parte das obras suas escritas versou sobre algumas realidades – trágicas ou não – que assustam o ser humano: o perder-se ou estar perdido, o medo, a loucura, o mau-olhado, a vaidade, a velhice, o desemprego… É o que mais o aflige nesta vida ou é aquilo que mais se reflete na Sociedade portuguesa contemporânea? Sim, são temas que me interessam e que atravessam o ser humano, o cidadão português e não português. Na questão do desemprego é fundamental perceber que ele pode estar na origem de grandes violências, até na História do séc. XX. Em algumas nações, vemos como o desemprego foi a primeira parte da eleição de um ditador. Quando as pessoas estão desempregadas agarram-se uma qualquer nova promessa. Esses são todos temas que, infelizmente, continuam a ser atuais, como a questão do fascismo em «Aprender a Rezar na Era da Técnica». São problemas humanos que existem sempre. Ao estarem traduzidas as suas obras, de diferentes géneros, em mais de 50 países, recebe habitualmente eco dos seus leitores de outras línguas, no estrangeiro? E o que é que eles mais apreciam e destacam nos seus livros?
VIVADOURO JANEIRO 2020 17
Entrevista VivaDouro
randes violências” e “nunca se viu ”
Alguns desses problemas que ressaltam das suas obras afetam particularmente a região Norte e o Douro, tais como a pobreza, o desemprego e o envelhecimento, a par do analfabetismo e do alcoolismo. No seu entender, e com os projetos agora financiados no «Norte 2020», como travar assertivamente tudo isso? Bem, eu não sou político, por isso não consigo dar resposta e tenho que dar resposta. Em termos criativos-literários há a questão da velhice, de que falou, e que me afeta muito. Eu escrevi um livro – «Os Velhos Também Querem Viver» – que remonta a uma peça (parte do original «A Festa») e onde é pedido que alguém queira morrer em vez dele, para ele continuar vivo. Todos dizem que não, mesmo os seus próprios pais, já muito velhinhos. O que está em causa é que os velhos também querem viver e têm direito a viver exatamente da mesma maneira que todos os outros. E isso no Douro e no Norte também sucede. E essa recusa que aborda na peça pode ser uma metáfora atual alusiva a leis velhas e inapropriadas que não beneficiam os idosos e os mais vulneráveis a poderem viver melhor, com mais dignidade e qualidade? O que acho que está a acontecer é que, hoje, uma pessoa com 70 anos é uma pes-
FOTO: Gonçalo M. Tavares
Bem, o que é interessante é que o leitor de outro país interpreta sempre de uma forma distinta. Por exemplo, quando eu escrevi livros sobre a guerra houve leitores argentinos que sentiram aquilo ter sido possível na Argentina. Como aconteceu, também, na Sérvia. Há, portanto, esta apropriação dos leitores de acordo com a sua história e experiência e há, depois, diferentes interpretações que pode parecer trágico para um leitor indiano e completamente diferente para um europeu. Para mim é sempre uma surpresa a reação dos leitores no estrangeiro perante livros difíceis. E é bonito ver que, depois, há leitores que fazem coisas com os livros. Em França e na Argentina já fizeram peças de teatro e um micro-filme. Até há teses de doutoramento, em Itália e no Brasil, sobre a minha obra. Ainda há pouco tempo tive com o Luís Miguel Cintra e recordamos a encenação e a ópera feita, há quase 10 anos, sobre o meu livro «Jerusalém». Um outro projeto, que penso que em breve se concretizará, é um filme a partir de «Jerusalém» e um outro sobre «Bucareste-Budapeste: Budapeste-Bucareste», o meu livro mais recente.
soa com vontade, não apenas de viver mas de fazer coisas. Coisas que ainda não fez. Tem de haver uma evolução mental, geral, do que é a velhice. Não tem que ver com perdas de qualidades, mas um ganho de coisas que os mais novos não têm. Como passar por determinadas experiências extraordinárias. A relação entre avô-avó e neto, que não é a mesma entre pai-mãe e filho, é algo que só uma pessoa mais velha pode ter. Isto não tem que ver com conhecimento intelectual, mas com experiência de vida que se tem de valorizar gradualmente nas políticas sociais. E não colocar as pessoas em mini guetos, numa espécie de caixa, onde as pessoas mais velhas só vão estar com as mais velhas e os mais novos com mais novos. Misturar gerações, de forma heterogénea, torna-se uma junção mais rica, tanto a nível de idades como do percurso de formação das pessoas. Certamente já visitou a beleza do Douro, que já foi bem inspirável na obra de renomados autores. Assim como já escreveu sobre viagens, se fosse desafiado a recriar esta região demarcada, o que escreveria de peculiar sobre ela? É difícil de falar antes. É uma região que me interessa muito. Aliás, eu cresci em Aveiro, bem perto do Porto e do Douro. A questão do rio interessa-me muito, quer dizer, a presença da água e da vida. Hoje talvez não seja tão evidente, mas desde sempre essa presença foi o ponto de partida para se formar a cidade. As pessoas estavam onde estava a água. Portanto, um ou outro rio são sempre focos de inten-
sidade humana. Há obras que, por vezes, seguem determinados cursos de água. Não sei exatamente sobre que tema, mas sei que esta efervescência humana à volta da água sempre me interessou, na forma como afeta os comportamentos humanos. Uma última questão sem questão em concreto. Deixe-nos uma mensagem para este tempo: um repto de mudança, um abraço à paz, uma aragem de esperança, um sol de justiça… O que acho importante é não ignorarmos que há situações politicamente complicadas, que algumas coisas perigosas estão de novo a aparecer. Não as podemos ignorar. Mas também não podemos ter um discurso catastrofista. Há livros recentes que mostram bem isso. Apesar de nós podermos ter uma perceção diferente, na verdade, nunca se viu tão pouca pobreza como a que existe hoje! Pensando no mundo em geral. É evidente que basta um caso de pobreza para ser chocante, mas é importante não haver pessimismo. Porque, realmente, há muitos milhões – se pensarmos na Índia e na China – que saíram da pobreza extrema e estão hoje numa situação diferente. É certo que nós chocamos sempre de frente, quer seja no Douro ou noutras regiões, com a questão da pobreza e achamos que é catastrófico. E, de facto, é. Mas importa ter uma certa expectativa boa, porque acho que há hoje um compromisso coletivo social – pelo menos na Europa –, em que um caso de pobreza não é apenas daquela pessoa, mas da responsabilidade de todos e em que estamos todos envolvidos. ■
18 VIVADOURO JANEIRO 2020
Vila Real
CLUB de Vila Real celebrou 125 anos de história A contar os 125 anos de existência o CLUB de VILA REAL agrega neste momento mais de 150 sócios e 52 desportistas em duas modalidades, ténis de mesa e xadrez. Sem nunca ter interrompido a sua atividade ao longo destes anos, o CLUB tem já no seu palmarés diversos títulos regionais e nacionais dos quais se destacam: Campeão Nacional de Equipas Femininas Iniciadas, 11 títulos de Campeão Nacional Singulares (diferentes atletas), Campeão Regional mais de 20 categorias, todos em ténis de mesa. A propósito desta efeméride o VivaDouro conversou com o atual presidente da direção, João Gonçalves, que nos falou do passado mas também do presente e do futuro desta instituição. Comecemos pela génese do CLUB, quando foi criado qual era o seu propósito? No final do seculo XIX a sociedade estava em plena transformação, a nobreza e o clero perderam o protagonismo da produção intelectual e começaram a aparecer os club’s onde os intelectuais, os burocratas (sobretudo juristas) e os militares tinham a possibilidade de se reunir e organizar. Estes club’s também conhecidos muitas vezes como “clubes de cavalheiros” eram locais onde se realizam reuniões de negócios sob reserva e discrição, não são clubes sociais ou recreativos, são para conversas sérias, numa primeira fase. O CLUB estava vedado ao público, a curiosos, só entravam sócios, havia serviços de bar impecáveis, poltronas confortáveis, ambiente tranquilo, nem os jornalistas não entram. Mais tarde, já em meados do século passado o CLUB de VILA REAL passou a ter atividades mais recreativas, os bailes de salão, as quermeces, as festas de carnaval e inclusivé atividades mais culturais, até muito recentemente o CLUB tinha um piano que frequêntemente se fazia ouvir nos salões, teve uma biblioteca riquissima, que infelizmente hoje em dia está muito depauperada. Foi uma época de grande dinamismo no CLUB. Já mais próximo do final do século os sócios foram diminuindo e foi-se tornando novamente num espaço muito fechado, onde os jogos de cartas predominavam e era frequentado exclusivamente por homens. Mais recentemente, já neste século o CLUB teve uma grande transformação. Em 2007 é criada por mim a secção de ténis de mesa e alguns meses depois assumo as funções de Presidente do CLUB de VILA REAL. Alterou-se o processo de admissão de sócios, facilitando o processo, até ai muito difícil. Passou a ter uma quota mensal mais acessível e passou a ter um cargo de Diretor Cultural, que
iria voltar a dinamizar atividades que até então não estavam desenvolvidas. O primeiro diretor cultural, Abílio Frias, que merece destaque foi o impulsionador, embora muitos não se recordem, começou por organizar exposições, a primeira a ser realizada foi de material escutista, a organizar concertos e a dinamizar a apresentação de cinema de animação e documentários, desde sempre com boa adesão. Mas o ténis de mesa treinava na sede e a organização de tantas atividades era difícil. E quando o ténis de mesa encontra outro espaço, no Seminário de Vila Real, um dois anos depois, coinside com a entrada em funções de novo diretor cultural que potencia ainda mais as atividades culturais e recreativas. Foi um periodo de grande numero de concertos, de um crescimento extraordinário de sócios, chegamos às várias centenas. Mais recentemente, em 2017 voltamos a ter problemas financeiros, e a nova direção eleita nesse ano, assumiu diretamente a direção cultural apenas o Presidente transitava da direção anterior. As atividades culturais voltaram a ser realizadas em grande numero, e o desporto nunca neste anos todos sofreu com estas situações, tendo sido sempre um motivo de orgulho com os inumeros títulos nacionais que foi alcançando. Ou seja, o CLUB de VILA REAL foi-se transformando ao longo dos anos, de modo a poder perpetuar a memória. 125 anos de história, certamente não os viveu todos mas, para si, qual é a estória que mais destaca desta longa vida? Não saberei contar muitas das estórias do CLUB, mas felizmente ainda temos alguns sócios que contam mais de 70 anos como sócios e nos foram contando muitas das estórias que por aqui ocorreram. Aquilo que mais destaco nas várias estórias é a particularidade do CLUB ter sido uma associação que contou com a participação das mais importantes figuras históricas de Vila Real, muitas das figuras que se destacaram na história da cidade passaram pelo CLUB e por isso o CLUB teve um papel importante, deve ter sido neste espaço que foram discutidas muitas das decisões que afetaram os vilarealenses e a importância e a exclusividade do CLUB foi de tal ordem que nos anos 60, tendo o CLUB permitido a entrada como sócio a um comerciante rico da cidade, que tentava há vários anos sem sucesso, ser sócio, os jornais da época evidenciavam a admiração geral, pois relatavam que para aceitar tal situação deveria o CLUB de VILA REAL estar já em situação delicada. Não era fácil ser sócio, de tal modo que quando cheguei à Presidência do CLUB havia apenas 13 sócios, fui o 14º sócio. Certamente está é uma história repleta de altos e baixos, qual o momento mais negativo que destacaria destes 125 anos?
Não posso falar muito sobre os anos antes de estar presente na vida do CLUB, sei que no final dos anos 90 do século passado o CLUB teve um período muito difícil em termos financeiros e teve de vender grande parte do espólio que tinha, ficando reduzido a muito pouco. O espólio acabou por ser vendido aos sócios da época e houve alguns que fizeram empréstimos de verbas significativas para o CLUB. Recentemente, em 2017 o CLUB também passou por um período difícil em termos financeiros, coincidiu com uma gestão financeira ruinosa do diretor cultural à data, que felizmente saiu do CLUB, por sua própria iniciativa, mas a atual direção conseguiu recuperar e está com a situação regularizada. Desde que estou à frente das sucessivas direções o período mais difícil foi efetivamente 2017, para além das dificuldades financeiras tínhamos uma notificação do senhorio para abandonar o edifício em março de 2018, a lei assim o permitir. Esta situação só poderia ser revertida se o Município de Vila Real reconhecesse o CLUB como entidade de interesse social, cultura e histórico, o que viemos a conseguir. O ténis de mesa desempenha um importante papel nas atividades do Club, havia essa lacuna na cidade? Havia já no concelho de Vila Real alguns clubes de ténis de mesa, que ainda hoje existem, mas nenhum tinha dimensão nacional. Não é por surgir um atleta que se bate a nível nacional, que até pode ser campeão nacional, que temos um clube bem estruturado. O nosso objetivo foi criar condições para que surgissem muitos atletas desses, para que o trabalho pudesse ser desenvolvido com os olhos no futuro e não nos resultados imediatos. Felizmente conseguimos, somos o clube vilarealense com maior número de atletas. Trabalhamos sem o apoio financeiro que outros clubes nesta modalidade, aqui bem perto, têm. Somos a entidade que mais divulga ténis de mesa em Vila Real e somos totalmente autónomos em relação à Associação Regional da Modalidade,
que deveria ser a entidade que mais divulga ténis de mesa. São muitas as conquistas desportivas do Club, em especial neste desporto, qual é a que mais destacaria? Em 12 anos da existência desta modalidade no CLUB, em que os nossos atletas foram 12 vezes campeões nacionais há muitas conquistas importantes. Desde logo a conquista do Campeonato Nacional de Equipas Femininas Iniciadas. Podemos ter um atleta bom, mas uma equipa, que é composta por 3 atletas, tem de se trabalhar muito, até hoje nenhum outro clube vilarealense o conseguiu. Outro destaque é o facto de termos uma equipa sénior feminina a disputar o Campeonato Nacional da 2ª Divisão, a única deste campeonato apenas com atletas da formação e na sua maioria as atletas ainda não são seniores sequer. Conseguimos criar um torneio que é único neste país, um torneio com dimensão dentro de um Shopping, com mais de uma centena de atletas participantes, o “NOSSO TORNEIO” de ténis de Mesa que todos os anos traz a Vila Real várias centenas de participantes. Por fim, merece destaque o facto de termos sido o único clube, desde que ando no ténis de mesa que conseguiu encher um autocarro de 56 lugares para se deslocar a um torneio, mais de metade eram atletas e os restantes eram treinadores e pais, o que nesta modalidade é assinalável. Olhando agora para o futuro, como imagina o CLUB daqui a uns anos? Fruto das alterações legislativas parece-me muito difícil que se venha a manter a possibilidade do CLUB permanecer na mesma sede, que diga-se, não é a primeira sede do CLUB. Por isso, será com naturalidade que o CLUB poderá ter de mudar de sede, mas manter-se-á a dinâmica cultural e a potência desportiva. Aliás, apesar desta direção estar de saída, e em particular eu, ao fim de 12 anos de Presidência, estamos a lançar projetos internacionais para dinamizar ainda mais o CLUB e garantir o futuro. O CLUB saberá adaptar-se aos tempos e continuará mais 125 anos certamente. ■
VIVADOURO JANEIRO 2020 19
Alijó
Núcleo Museológico de Favaios Pão e Vinho recebeu 22 mil visitantes em 2019 O Núcleo Museológico de Favaios - Pão e Vinho, situado no concelho de Alijó, voltou a bater o recorde de visitantes, no último ano. O equipamento cultural duriense registou cerca de 22 mil entradas durante 2019 e superou o número do ano anterior que ultrapassou os 18 mil visitantes. “O último ano foi o melhor ano de sempre, o que mostra que o Núcleo Museológico de Favaios - Pão e Vinho é já um ponto de paragem obrigatória no nosso Concelho. Foi também a primeira vez que ultrapassamos os 20 mil visitantes, uma fasquia acima da qual nos queremos manter”, sublinha o Presidente da Câmara Municipal de Alijó, José Rodrigues Paredes. Nos últimos dois anos, Setembro foi o mês em que o Núcleo Museológico recebeu
mais pessoas, logo seguido dos meses de agosto e outubro. Em setembro de 2019, foi ultrapassada a fasquia das três mil entradas. Além dos visitantes portugueses, o Núcleo Museológico de Favaios - Pão e Vinho recebeu um elevado número de pessoas vindas do Reino Unido, Estados Unidos da América, Brasil, Alemanha, França, Alemanha, França, Canadá, Itália, Espanha, Porto Rico, Nova Zelândia, entre outros países, o que demonstra bem a diversidade da origem dos visitantes. A Vereadora da Cultura, Mafalda Mendes, adianta que “tem havido uma aposta em criar dinâmicas e promover atividades que atraiam os próprios Munícipes e também que envolvam também os públicos mais novos”. O Serviço Educativo do Núcleo Museológico tem movimentado um elevado número de crianças do pré-escolar e de outros níveis de ensino, inclusive estrangeiros. Em muitos casos, a visita dos alunos é complementada com a passagem por uma padaria tradicional de Favaios, onde têm a oportunidade de pôr a “mão na massa” e provar o pão. Inaugurado em julho de 2012, o Núcleo
Município cede Escola Primária de Presandães à APPACDM O Município de Alijó assinou, a 21 de janeiro, um contrato de comodato com a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Vila Real - Sabrosa, que prevê a instalação de um Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) na antiga Escola Primária de Presandães. O Presidente da Câmara Municipal de Alijó, José Rodrigues Paredes, acredita que este contrato vai permitir “dar uma nova vida a um edifício público que não tem uso há vários anos, através da colaboração com a APPACDM que pretende ali criar uma nova resposta social para a comunidade”. A assinatura do contrato decorreu nos Paços do Município e contou com a presença da Presidente da Direção da APPACDM de Vila Real - Sabrosa, Helena Lapa. O Município de Alijó, proprietário da Escola Primária, cedeu o imóvel de forma gratuita à APPACDM durante um pra-
zo de 30 anos. O contrato de comodato prevê que o edifício seja aproveitado pela instituição para o desenvolvimento e implementação de um projeto de instalação de um Centro de Atividades Ocupacionais destinado aos seus utentes. A APPACDM já possui um lar residencial a funcionar em Alijó, mas durante o dia os utentes têm de ser deslocados para o CAO que funciona em Sabrosa. Em breve, estes utentes poderão passar a usufruir desta resposta social que ainda não existe no concelho e que irá beneficiar inúmeros utentes. ■
Museológico de Favaios - Pão e Vinho integra a Rede de Museus do Douro (MuD). O espaço dedica-se à interpretação interativa da história do vinho Moscatel e do Pão de Favaios, procurando valorizar os recursos locais e dar a conhecer as tradições e os processos associados a estes dois produtos de excelência que extravasam as fronteiras do
Concelho. O Núcleo Museológico de Favaios oferece ao visitante sensações visuais, olfativas e tácteis, complementadas com interatividade e projeções sobre os produtos, o concelho e a região. Além da exposição permanente, o equipamento recebe exposições temporárias e possui uma sala de provas e uma loja. ■
Município assina contrato de execução da Ciclovia do Campo Meão O Presidente da Câmara Municipal de Alijó, José Rodrigues Paredes, assinou hoje, 20 de janeiro, o contrato de execução da Ciclovia do Campo Meão, no âmbito do Plano de Acessibilidades e Mobilidade Urbana Sustentável. O contrato vai agora ser submetido a visto do Tribunal de Contas e só após o visto será feita a consignação. As obras, que deverão arrancar em breve, têm a duração prevista de 12 meses. A empreitada da Ciclovia, que vai ligar as vilas de Alijó, Favaios e Sanfins do Douro ao longo de 7,4 quilómetros, resulta de um investimento de 458.489€ (+IVA), financiado por fundos comunitários no montante de 302.105,49€. “O objetivo desta obra é introduzir padrões de mobilidade sustentável, permitir a ligação dos três principais polos urbanos e populacionais, encurtando a distância entre eles, e promover um estilo
de vida mais saudável e ativo”, sublinha o Presidente da Câmara Municipal de Alijó, José Rodrigues Paredes. A Ciclovia vai unir os três principais polos urbanos e populacionais do concelho, através do Campo Meão entre o lado poente de Alijó e o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Sanfins do Douro. Serão criadas zonas de estacionamento para bicicletas, bebedouros, e bancos, na Rua Campo de Tiro, em Alijó, na Rua do Cemitério, em Favaios, e no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Sanfins do Douro, pontos de início e fim da ciclovia. Com esta obra, o Município de Alijó pretende promover a mobilidade sustentável através do incentivo à utilização da bicicleta como meio de transporte menos poluente. A empreitada foi adjudicada à empresa João Manuel da Silva Teixeira e Filhos LDA, na sequência de concurso público. ■
20 VIVADOURO JANEIRO 2020
Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária
Alimentação consciente, leia os rótulos! Depois da época em que muitos foram os excessos alimentares, que todos cometemos, é importante revisitarmos os nossos hábitos alimentares e a forma como, nos supermercados, escolhemos os produtos que servirão de base à nossa alimentação. O sistema de rotulagem nutricional serve para que o consumidor tenha acesso rápido às características dos diferentes alimentos e ainda para nos ajudar a fazer escolhas alimentares mais informadas e saudáveis. Deve ser único, consensual e de fácil leitura, escrito em português. Está provado que com a adoção de sistemas de rotulagem, a escolha de opções alimentares mais informadas e saudáveis aumenta 3 a 5 vezes. No entanto, um estudo realizado na população portuguesa, financiado pela DGS e com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), apurou que 40% dos inquiridos tinha dificuldade em interpretar a informação nutricional obrigatória que está presente nos rótulos dos produtos alimentares, pelo que urge empreender desde muito cedo a prática de análise e leitura dos rótulos dos alimentos. O rótulo deve ter letra legível, e apresentar: a lista de ingredientes (dispostos de forma decrescente de quantidade); a origem do produto (quem é o fabricante e onde ele foi fabricado); o prazo de validade (dia e o mês quando o prazo de validade for inferior a três meses); o mês e o ano para os produtos que tenham prazo de validade superior a três meses); o conteúdo líquido (quantidade total do produto contido na embalagem); o lote (para controle na produção); a informação nutricional obrigatória (valor calórico, carbohidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, colesterol, fibra alimentar, cálcio, ferro e sódio) e a identificação de produtos com potencial alergénico. Um conjunto de ingredientes foi estabelecido como responsável pela maioria das reações alérgicas aos alimentos (anexo II do Regulamento (UE) nº1169/2011). Se estiverem presentes no alimento, devem ser claramente visíveis e realçados não só nos produtos embalados como também nos não pré-embalados, incluindo os alimentos vendidos em restaurantes e cafés. O nome da substância ou do produto a constar na lista de ingredientes deverá ser realçado através duma grafia que a distinga claramente da restante lista de ingredientes, por exemplo, através de carateres, do estilo ou da cor de fundo. A informação nutricional deve estar toda na mesma face da embalagem, potenciando a capacidade de leitura e a escolha do produto. Existem diferentes formas de apresentação da informação nutricional, apresentamos aqui, duas formas mais correntes. A primeira, sob a forma de tabela, apresenta os produtos por 100 gr de produto e por porção de produto ou unidade. A segunda, denominada semáforo nutricional, avalia os alimentos de acordo com a sua composição nutricional e atribui-lhes a cor vermelha, amarela ou verde, quando os compara com os valores de referência.
Faça uma alimentação consciente, leia os rótulos!
Vila Real
CHTMAD inaugurou Unidade Clínica de Ambulatório Médico (UCAM) Na passada sexta-feira, dia 17 de janeiro, a Ministra da Saúde, Marta Temido, inaugurou na unidade hospitalar de Vila Real do CHTMAD a Unidade Clínica de Ambulatório Médico (UCAM).
Esta Unidade resulta de uma parceria entre o CHTMAD e o ACES Marão e Douro Norte para a integração de cuidados. Esta nova abordagem aos serviços clínicos permite dar resposta, sempre que necessário, a doentes provenientes do serviço de urgência, dos internamentos, após alta hospitalar, e dos referenciados pelos cuidados primário de saúde de carácter pouco urgente, num prazo máximo de 7 dias. É um projeto inovador, realizado por profissionais do CHTMAD com a colabora-
ção do ACES Marão e Douro Norte. Procura encontrar novas soluções no acesso aos cuidados de saúde e, além disso, um amplo aumento da eficiência de recursos, fundamental para a modernização organizacional das instituições. No futuro, o CHTMAD pretende alargar este serviço a todas as unidades hospitalares que abrangem cerca de 500 mil habitantes (área de referenciação deste centro hospitalar). O evento contou com a presença do Conselho de Administração, vários Deputados à Assembleia da República; Presidente do Conselho Diretivo da ARS Norte; Presidente da Assembleia Municipal de Vila Real; representante da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Presidente da Escola Superior de Enfermagem de Vila Real; Diretor Executivo do Aces Marão e Douro Norte; Presidente do Conselho Clínico do Aces Marão e Douro Norte; Centros de Gestão e Diretores de Serviço; representantes das entidades civis e militares e várias associações que colaboram com o CHTMAD. ■
VIVADOURO JANEIRO 2020 21
Apoios de Incentivo à Natalidade entregues às primeiras famílias contempladas Cerca de quarenta famílias foram já contempladas com o Apoio de Incentivo à Natalidade do Município de Sabrosa. A cerimónia aconteceu no mês passado, na biblioteca do CEISDTAD, e contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, que fez a entrega dos Vales de Incentivo e que no momento teve a oportunidade de afirmar que “esta é uma medida de todo o executivo camarário que ajuda a estancar a sangria de que o interior sofre”.
Sabrosa
Em vigor desde o dia 31 de outubro de 2019, esta medida vem apoiar os nascimentos ou adoções no concelho de Sabrosa com um subsídio, de prestação única, no valor 1000€, mil euros, e tem retroativos a 1 de janeiro de 2018. Para tal, quem requer este apoio tem de residir efetivamente no município de Sabrosa no mínimo há dois anos, tendo em conta a data do nascimento ou da adoção da criança, e estar recenseado no concelho de Sabrosa. ■
Bolsas de Estudo Miguel Torga para o Ensino Superior entregues hoje a 43 alunos do concelho Aconteceu no passado dia 30 de dezembro em Sabrosa a cerimónia de atribuição das Bolsas de Estudo Miguel Torga para o Ensino Superior 19/20. No momento, cada aluno foi presenteado com um apoio económico para fazer face “às exigências que o investimento na formação académica comporta”, como referiu o presidente da câmara municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, que deixou também palavras de incentivo a todos os presentes
no sentido de completarem as suas etapas académicas porque ”o esforço compensa”. Esta medida apoia anualmente todos os alunos do concelho de Sabrosa que se candidatam a esta bolsa de estudo e que cumpram os parâmetros para a sua atribuição. Com este apoio, o Município pretende colaborar na formação de quadros técnicos superiores na sua área geográfica, contribuindo dessa forma para o desenvolvimento social, económico e cultural do concelho. ■
Sabrosa Oficina Social vai apoiar os mais vulneráveis do concelho Foi apresentada no passado dia 10 de janeiro em Sabrosa a Oficina Social da Câmara Municipal de Sabrosa, “um serviço móvel de apoio à população mais vulnerável do concelho de Sabrosa, que terá neste serviço um apoio à realização de pequenos serviços, que muitas vezes as pessoas não conseguem executar sozinhas", como referiu o presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, na sua apresentação. Promovida pelo município de Sabrosa, tem como objetivo apoiar os grupos sociais mais vulneráveis e/ou em situação de incapacidade ou dependência, com vista à pres-
tação de apoio domiciliário gratuito, em reparações, substituições e/ou também, na área das pequenas obras que garantam a minimização de barreiras arquitetónicas e de melhoria da mobilidade nas suas habitações próprias e/ou arrendadas, desde que autorizado para tal, em habitações situadas no concelho de Sabrosa. Os serviços prestados ao abrigo deste programa são prestados de forma gratuita e compreendem pequenos trabalhos de reparação e bricolage nas áreas da carpintaria, serralharia, eletricidade e construção civil. Esta medida do Município de Sabrosa,
vem na continuidade da prossecução de políticas socias responsáveis, à semelhança de outras medidas já implementadas, mantendo sempre a preocupação de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos seus munícipes, em particular dos grupos sociais mais vulneráveis, como são os casos dos idosos, dos portadores de deficiência ou qualquer outro cidadão, ainda que momentaneamente, se encontre impossibilitado de manter a autossuficiência, a autonomia no seu dia-a-dia e a sua dignidade enquanto pessoa. Os Serviços contemplados neste progra-
ma poderão ser solicitados no Gabinete de Ação Social da Câmara Municipal de Sabrosa, pelo interessado ou por terceiros em sua representação, através do telefone fixo 259 937 130, remetidos por email, para o endereço geral@cm-sabrosa.pt, ou ainda, via postal, para o endereço Rua do Loreto, 5060-328 Sabrosa, através do preenchimento de formulário próprio, também disponível online em www.sabrosa.pt. Para mais informações acerca dos critérios e requisitos para usufruir deste serviço pode consultar o Gabinete de Ação Social da Câmara Municipal de Sabrosa. ■
Miguel Torga evocado no dia do 25.º aniversário do seu falecimento Foi na passada sexta-feira, 17 de janeiro, que aconteceu a Sessão Evocativa do 25.º Aniversário do Falecimento de Miguel Torga em São Martinho de Anta. Com um programa onde a obra do poeta foi presença obrigatória, o evento começou ao final da tarde com uma romagem à campa de Miguel Torga,
no cemitério de São Martinho, num momento "sentido e de homenagem", como teve oportunidade de referir o presidente da câmara municipal de Sabrosa, Domingos Carvas. Ali, foi ainda lido um poema do poeta por um aluno do agrupamento de Escolas Miguel Torga - Sabrosa.
Já no Espaço Miguel Torga, e perante um auditório cheiro, aconteceu a projeção do filme “Milagre”, de Sinde Filipe, baseado no conto de Miguel Torga. No período da noite, o Espaço Miguel Torga voltou a encher-se de espetadores para assistir ao recital de poesia “Uma noite com a palavra dos poetas”, por
António Capelo acompanhado por Tiago Nunes ao piano. Este evento está inserido no programa de Evocação de Miguel Torga no 25.º Aniversário do seu Falecimento, que acontecerá ao longo do ano de 2020 com outras iniciativas que serão oportunamente divulgadas. ■
22 VIVADOURO JANEIRO 2020 PUB
Eduardo Graça Presidente da Direcção da CASES
CASES – 10 anos O ano de 2020 tem um significado especial para a CASES, pois, tendo sido criada por escritura pública, celebrada em 4 de fevereiro de 2010, celebra 10 anos de atividade assumindo, superadas as vicissitudes surgidas ao longo deste decénio, a sua natureza de cooperativa de interesse público - “régie cooperativa”, configurando uma parceria entre o Estado e as entidades confederais da Economia Social. A propósito do 10º aniversário da CASES, será apresentada no dia 4 de fevereiro próximo, pelas 10 horas, no Teatro Tália, em Lisboa, uma exposição alusiva ao aniversário, em simultâneo com a cerimónia de entrega do Prémio António Sérgio. Nos dias 5 e 6 de fevereiro serão realizadas, no mesmo espaço, um conjunto de iniciativas de que destaco: 5 fevereiro - 10H30 // 12H30 - Mesa Redonda | Inquérito ao setor da Economia Social (INE/CASES); entre as 15H00 // 17H00 - Diz Sim à Economia Social | Sessão dinamizada pelo projeto Y.ES. No dia 06 fevereiro - 10H30 // 13H00 - Mesa Redonda | O Microcrédito em Portugal - A experiência da CASES - O Programa Nacional de Microcrédito | Passado, Presente e Futuro. A CASES prossegue, assim, no âmbito das atribuições que lhe estão cometidas, o reforço, promoção e divulgação da Economia Social, uma realidade que recobre um vasto universo de dezenas de milhares de entidades que têm em comum um conjunto de princípio e valores que as distinguem do universo das entidades públicas, por um lado, e das empresas privadas (lucrativas) por outro. A Economia Social é em Portugal, um conglomerado económico/social relevante que representa mais de 72 mil entidades que geraram, em 2016, segundo dados da Conta Satélite da Economia Social, 3,0% do Valor Acrescentado Bruto (VAB), 5,3% das remunerações e do emprego total e 6,1% do emprego remunerado. Ademais, face a 2013, o VAB aumentou 14,6%, o emprego total 8,5% e o emprego remunerado 8,8%, evidenciando maior dinamismo do que o total da economia (8,3%, e 5,8% e 7,3%, respetivamente), a que acresce o enorme potencial do voluntariado. Este é um setor consagrado no art.º 82.º da CRP, sob a designação de “setor cooperativo e social” a par dos setores público e privado, fazendo com que, em Portugal, no plano Constitucional existam, com a mesma dignidade, três setores de propriedade dos meios de produção (público, privado e cooperativo e social). Novos e exigentes desafios, no plano nacional e internacional, se perfilam ao setor da Economia Social neste ano de 2020, e no próximo futuro, para fazer face aos quais não enjeitaremos esforços no âmbito desta singular parceria entre o Estado e as entidades da Economia Social. Votos de Bom Ano de 2020.
PUB
24 VIVADOURO JANEIRO 2020
Região
«Facendo Caminho» une Norte de Portugal e Galiza O projeto «Facendo Caminho», uma estratégia para a estruturação, proteção e valorização das rotas portuguesas dos Caminhos de Santiago na euro-região Galiza-Norte de Portugal, foi apresentado no Porto, numa cerimónia onde estiveram presentes os representantes das quatro entidades parceiras, Luís Pedro Martins, presidente do TPNP; António Ponte, diretor regional da Cultura do Norte; Nava Castro, diretora de Turismo da Galiza; e Xosé Lago, diretor do AECT Galiza/Norte de Portugal.
«Facendo Caminho» representa um investimento de 657 499 euros e segundo Luís Pedro Martins “pretende consolidar os Caminhos de Santiago como um produto estratégico, impulsionando-o como recurso patrimonial, cultural e natural transfronteiriço, capaz de gerar atividades turísticas e económicas que contribuam para o desenvolvimento socioeconómico do território”. O projeto, que decorre até Dezembro de 2021, vai focar-se na melhoria das condições conjuntas e de afluência aos caminhos, reforçando a identidade transnacional e incrementando a participação das populações locais na proteção e conservação das rotas. “A organização da atividade gerará a melhoria da sua qualidade de vida e o fomento do desenvolvimento do território”, considera Luís Pedro Martins, lembrando que está em marcha um processo de certificação dos caminhos, “que reconheça a importância histórica destes itinerários e ajude na sua salvaguarda”, concorrendo este projeto para tal objetivo, ao melhorar o conhecimento sobre os Caminhos. Estima-se que o projeto «Facendo Cami-
nho» possa contribuir para um crescimento anual de peregrinos na ordem dos dois pontos percentuais, reforçando o aumento já registado nos últimos anos. Do documento faz parte uma forte componente de menorização dos impactos ambientais previstos face ao aumento do fluxo turístico ao património cultural e natural, envolvendo maior participação da comunidade local na conservação e proteção dos recursos. Nava Castro salientou que os Caminhos de Santiago “são percorridos por peregrinos de todos os cantos do mundo” e enalteceu “este trabalho de cooperação e harmonização que resulta num documento estratégico para proteção, dinamização e promoção deste património conjunto da euro-região”. Por seu lado Xosé Lago manifestou a importância deste projeto e da junção destas entidades públicas, sem esquecer o envolvimento de outras Entidades no projeto, referindo como exemplo o papel da Comissão de Acompanhamento, bem como as ações de boas práticas e de visitação a referenciais estratégicos dos Caminhos, esperando que este projeto consolide a vontade na apos-
ta em itinerários ibéricos, de matriz transfronteiriça, com alcance europeu, enquanto verdadeiros itinerários transnacionais e com escala. António Ponte encerrou a sessão reforçando o papel e importância que o processo de Certificação dos Caminhos de Santiago Portugueses já em curso tem, certo de que em 2021 Portugal já estará mais apto a receber os peregrinos. António Ponte reforçou ainda a importância que o património cultural tem para o aproveitamento turístico do Caminho. "Sem património cultural e sem as comunidades, os caminhos não seriam tão ricos", frisou. Os Caminhos de Santiago são uma rota milenar seguida por milhões de peregrinos desde o início do século IX, quando foi descoberto o sepulcro do Apóstolo Santiago. Desde então, pessoas de todos os cantos do mundo percorrem os caminhos que conduzem à catedral onde se veneram as relíquias do Santo Apóstolo, dando origem a um fenómeno que se mantém e reforça de dia para dia. ■
PUB
VIVADOURO JANEIRO 2020 25
Torre de Moncorvo
Feira Medieval realiza-se de 24 a 26 de abril A próxima edição da Feira Medieval de Torre de Moncorvo realiza-se nos dias 24, 25 e 26 de abril e este ano tem como tema principal “Trovas de D. Dinis na Terra do Ferro”.
Com o surgimento desta nova vila, D. Dinis incentiva o povoamento e a exploração económica da região, fomentou todos os
meios de uma riqueza nacional, na extração de prata, estanho e ferro. Assim, no decorrer dos três dias são várias as ex-
periências que podem ser vividas, as recriações históricas e cantigas de amigo, escárnio e maldizer que serão interpretadas na terra do ferro. ■
O Rei D. Dinis não só apreciava literatura, como foi ele próprio um poeta notabilíssimo e um dos maiores e mais fecundos trovadores do seu tempo. Aos nossos dias chegaram 137 textos da sua autoria, distribuídos por todos os géneros (cantigas de Amor, cantigas de Amigo e cantigas de Escárnio e Maldizer). Em 2020, a Feira Medieval mantém as suas características mais importantes, a de ser dedicada ao rei D. Dinis e do ferro estar presente em todas as edições. D. Dinis na sua passagem por Santa Cruz da Vilariça verifica a centralidade do lugar onde hoje se situa Torre de Moncorvo e a sua importância na defesa contra as incursões espanholas, atribuindo a 12 de Abril de 1285 foral a “Turre Menendi Corvi “ e mandando construir a cerca, como refere o documento de 1295. A 2 de Novembro de 1319 concede-lhe Carta de Feira.
Município cria experiências únicas para visitantes A Câmara Municipal de Torre de Moncorvo apresentou, no passado mês de dezembro, um conjunto de pacotes turísticos para explorar o concelho, promovendo as suas riquezas e herança única, num encontro de descoberta do território mesclando reflexões, emoções e história. Assim, estão disponíveis sete experiências turísticas com vários temas de visita, entre eles “Passeio no Tempo”, “Passeio Pela Arte e Tradição”, “Passeio em Busca da Fé”, “Passeio Judaico”, “Passeio pelo Património”, “Passeio pelos Miradouros” e “Passeio pela Arte Urbana”. Os visitantes ao contactarem a Loja Interativa de Turismo ou, ao visitarem a página web ou aplicações móveis do Município, ficam o conhecer os roteiros disponíveis, podendo escolher aquele que pretendem efetuar ou mesmo adaptar qualquer um deles mediante os seus interesses ou preferência de visita.
Importa salientar que à exceção do “Passeio pelos Miradouros” e “Passeio pela Arte Urbana”, todos os outros têm o acompanhamento de um técnico do Município no decorrer da visita.
Com esta iniciativa o Município liderado por Nuno Gonçalves pretende abrir os tesouros escondidos aos visitantes e também à população local, permitindo-lhe a descoberta do pa-
trimónio, da cultura e da história do concelho. Estes pacotes turísticos permitem ainda facilitar e ajudar os visitantes a planear a sua visita a Torre de Moncorvo. ■
26 VIVADOURO JANEIRO 2020
Boticas
70 mil visitaram a Feira Gastronómica do Porco em Boticas A Câmara Municipal de Boticas, em parceria com a EHATB – Empreendimentos Hidroelétricos do Alto Tâmega e Barroso, organizou mais uma Feira Gastronómica do Porco, que já vai na XXII edição. O evento, que já se tornou um dos mais importantes a decorrer no município, sendo também um dos eventos mais consolidados do Alto Tâmega, é certamente a melhor forma para se divulgarem os produtos mais típicos da região e o famoso fumeiro tradicional. O certame, que decorreu entre os dias 9 e 12 de janeiro, voltou a ser um êxito como já vem sendo hábito e, durante os quatro dias de feira, aproximadamente 70 mil pessoas visitaram o concelho, tendo sido vendidas cerca de 40 toneladas de fumeiro. A abertura do evento decorreu na quinta-feira, dia 9 de janeiro, e contou com a presença da Secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, bem como de diversas entidades vindas de todos os concelhos do Alto Tâmega Além da participação de meia centena de expositores de fumeiro, este ano a feira contou com a presença de mais de três dezenas de expositores dedicados à venda de outros produtos alimentares e artesanato. Durante os quatro dias de feira os visitantes tiveram a oportunidade de saborear vários produtos regionais, como os pratos que já são típicos nesta ocasião, o cozido e a assadura, visto que à semelhança das edições anteriores as tasquinhas estiveram presentes na feira, sendo um dos fatores diferenciadores deste certame. O que também não faltou nestes quatro dias foi a animação,
que ficou a cargo de grupos de música tradicional e popular. No final do certame a nossa reportagem falou com o autarca de Boticas, Fernando Queiroga, que se mostrou satisfeito pelo sucesso alcançado, uma vez mais, nesta realização, sublinhando que este se trata do mais importante evento do concelho em termos de promoção do mesmo, dos seus costumes e tradições. Qual o balanço que a autarquia faz da edição deste ano da Feira do Porco? A 22ª Feira do Porco foi, mais uma vez, um sucesso e o balanço é muito positivo. Terminámos com sentimento de dever cumprido, pois a feira teve um record de visitantes e vendas e, apesar de termos responsabilidades acrescidas por esta ser ter sido a primeira feira do fumeiro que se realizou no Alto Tâmega em 2020, estamos cientes que alcançamos o objetivo de divulgar a riqueza e as potencialidades deste território. Tendo a edição de 2020 mais um dia comparativamente aos anos anteriores, tanto a organização como os produtores estão muito satisfeitos com o êxito da feira. Estávamos muito confiantes relativamente a esta novidade e constatamos que foi uma aposta ganha, superando todas as nossas expectativas. A componente gastronómica associada à comercialização de fumeiro são, indiscutivelmente, a chave do sucesso e aquilo que diferencia a nossa feira das restantes que se realizam na região. Acredito que estes dois fatores que mais contribuíram para esse feito foram o facto de os visitantes poderem deliciar-se com a excelente gastronomia local no próprio recinto da feira e, o mais importante de todos, a qualidade dos produtos vendidos. Agora é tempo de acertar pormenores, ver aquilo que ainda pode ser mais aperfeiçoado para começarmos já a pensar na edição do próximo ano.
> Fernando Queiroga e Isabel Ferreira na inauguração do certame
Do ponto de vista da promoção do concelho, esta Feira é a principal aposta do município? Porquê? Sim, sem dúvida que a Feira Gastronómica do Porco centra todas as nossas atenções pelo facto de ser um dos maiores eventos organizados no Concelho de Boticas. Todas as iniciativas são importantes, no entanto, esta feira requer especial atenção, porque além da componente de divulgação e promoção dos nossos produtos endógenos e das potencialidades únicas deste território, tem um impacto económico significativo, sobretudo no rendimento
das famílias que têm na agricultura e na produção de fumeiro uma forma de vida e sustento. Os produtores apresentaram neste evento o “fruto” de um ano de trabalho árduo, mas que agora se revelou compensador. Continuamos a apoiar e incentivar os nosso munícipes a apostarem no setor agropecuário, porque nos permite, em primeiro lugar, fixar população e, em segundo, gerar mais riqueza e dinâmica no nosso Concelho. Esta gente merece ser recompensada pela resiliência e pela forma como continua a acreditar no crescimento da nossa terra. ■
Maria Vitória Baía e Domingos Baía
Sónia Gonçalves Sou de Montalegre mas gosto de vir aqui porque é uma terra acolhedora e devido à proximidade é fácil para nós transportarmos os nossos produtos. Vem sempre muita gente a este certame, no ano passado eu esgotei tudo o que tinha ainda durante o dia de sábado. Estas feiras são importantes para mostrarmos o nosso produto porque não temos a capacidade para os colocar nas grandes superfícies, isso só as fábricas o conseguem, não os pequenos produtores como nós.
Nós trabalhamos na agricultura, temos os porcos que alimentamos e tratamos para chegar a esta altura e conseguir realizar um pouco mais de dinheiro com a venda destes produtos. Nós já participamos desde o início do evento até porque trabalhamos também na pecuária. Temos clientes que nos conhecem aqui e que acabam por se tornar nossos amigos, regressando em outras épocas do ano para nos visitar. A grande diferença do nosso produto é que é 100% caseiro.
VIVADOURO JANEIRO 2020 27
Nacional
Autarquia de Alfândega da Fé já iniciou preparativos para o Entrudo O Município de Alfândega da Fé já deu início aos preparativos para os festejos de Entrudo reunindo com várias associações e entidades locais que anualmente se envolvem e participam na organização deste evento.
As “deixas” e o “testamento do Entrudo” são também tradições do concelho de Alfândega da Fé. Trata-se de uma sátira dedicada às pessoas da comunidade, apro-
veitando-se a folia do entrudo para deixar algumas críticas à sociedade. Para além disso haverá lugar a uma encenação, com o cunho de um dos pro-
motores do Entrudo em Alfândega da Fé nos últimos anos, Fernando Dias, que faz questão de manter o seu envolvimento nesta iniciativa. ■
A autarquia pretende recuperar as tradições concelhias, que se têm vindo a perder, reavendo os trajes e costumes do entrudo transmontano. Para já ficam marcados dois cortejos, nos dias 23 de fevereiro (domingo) e 25 de fevereiro (terça feira) e a recomendação aos participantes para que as máscaras e os trajes sejam o reflexo do tradicional entrudo do concelho, com a utilização das máscaras de renda ou artesanais e de vestuário “à moda antiga”.
PUB
28 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Opinião
Douro: O que se espera de 2020?
António Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD
O início do ano foi marcado pela discussão e aprovação do Orçamento de Estado na Assembleia da República, um importante instrumento de gestão que contém uma previsão discriminada das receitas e despesas do Estado. O debate foi intenso, mas o desafio da coesão territorial não mereceu especial atenção. Indubitavelmente, seria um bom momento para os partidos políticos apresentarem novas orientações que permitam mudanças que se traduzam num
novo ciclo económico assente em baixos salários para um paradigma de maior valor da produtividade. Desde logo, um ciclo que crie emprego com mais incorporação de conhecimento e inovação, sobretudo em bens transacionáveis e que permita reter uma nova geração qualificada no país. A atração e a retenção de talento é, sem duvida, um desafio para o país e as regiões em particular. Numa altura em que a Europa está a delinear as bases para um novo quadro comunitário, esta
mudança de ciclo económico exige um maior investimento em ciência e em estratégias que reforcem a valorização do conhecimento. O futuro da Europa das regiões passa pela criação de ecossistemas regionais de inovação, que promovam a investigação, o empreendedorismo e a criação de empresas baseadas no conhecimento, estimulando a fixação e atração de capital humano para as regiões mais desfavorecidas como o Douro. Neste contexto, o futuro do Douro exige o estabelecimento
de pontes entre o poder político, o tecido empresarial, o sistema cientifico e a sociedade, de forma a delinear estratégias assentes no conhecimento e inovação, que apostem na qualificação das pessoas e na atratividade da região. Deste modo, será possível assumir uma trajetória estrutural, não apenas cíclica, de recuperação económica e social para o país, mas também para as regiões desfavorecidas. A todos expresso os votos de um bom Ano.
registada em 2017) e 44,7% do valor exportado, a sua melhor quota de sempre no volume de negócios. No que diz respeito aos mercados destino das exportações de Vinho do Porto em 2019, é de realçar que entre o top 10 apenas o 1º - França (-1,1%), o 4º Bélgica (-4,6%) e o 8º - Canadá (-6,9%) diminuíram a quantidade importada; todos os outros importaram mais garrafas de Vinho do Porto que em 2018: Holanda (+1,7%), Reino Unido (+8,8%), EUA (+1,8%), Alemanha (+6,2%), Dinamarca (+11,3%), Espanha (+11,6%) e Brasil (+12,7%). O Vinho do Porto é o vinho português em que as exportações têm tradicionalmente mais peso no total das suas
vendas (81% do volume de negócios em 2018) e, consequentemente, o vinho português com maior quota nas exportações de vinhos portugueses (em 2018 representou 38% do total das exportações portuguesas de vinho e 59% das de vinho com Denominação de Origem Protegida). Neste início de 2020, quando ainda não estão disponíveis os números finais das exportações portuguesas de vinho em 2019, mas com os dados relativos ao Vinho do Porto aqui apresentados, podemos desde já confirmar o seu contributo para o desejado crescimento das exportações de vinhos portugueses, o qual traduz o seu indubitável prestígio internacional.
Exportações de Vinho do Porto - 2019
Gilberto Igrejas Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP)
Exportações de Vinho do Porto no valor de 305,8 milhões de euros, correspondentes a 6,7 milhões de caixas (ou seja, 81 milhões de garrafas), colo-
cam 2019 em destaque. O ano de 2000 foi o melhor de sempre em termos da quantidade exportada de Vinho do Porto e 2002 em termos de valor. Se em termos de volume de negócios ainda houve alguma oscilação entre aumentos e diminuições, já em termos de quantidade a tendência neste século tem sido claramente de quebra, com exceções apenas em 5 dos últimos 19 anos: 2003, 2005, 2007, 2010 e o ano agora em análise. Com efeito, depois de 8 anos consecutivos de diminuição da quantidade exportada de Vinho do Porto, em 2019 verificou-se um aumento de 1,2%, enquanto em valor o crescimento foi ainda mais acentuado (+2,8%), o que significa que não só foram
exportadas mais garrafas, como o foram a um preço médio mais elevado (+1,6%). Para esse comportamento positivo do preço médio de exportação de Vinho do Porto em 2019, muito contribuiu o acréscimo registado na quantidade exportada das categorias especiais (+2,4%), em simultâneo com a subida do seu preço médio (+1,4%). Entre estes vinhos, destaque para os vinhos do Porto 10 anos, com exportações de quase 5 milhões de garrafas (+9,5%), no valor de 38 milhões de euros (+11,5%). Assim, 2019 merece também realce porque as categorias especiais representaram 23,1%, da quantidade exportada (igualando a sua melhor quota na exportação até ao presente,
Caracterização Financeira dos Municípios da Região do Norte – o caso do Douro
Natália Gravato Diretora de Serviços de Apoio Jurídico e à Administração Local da CCDR-N
A CCDR-N publicou recentemente na sua página eletrónica um relatório de caraterização financeira dos Municípios da Região do Norte, suportado nos
documentos de prestação de contas do ano de 2018 dos 86 municípios integrantes desta Região. Nesse relatório disponibiliza-se informação relativa aos municípios da sub-região do Douro, sub-região essa que em comparação com a Região do Norte, corresponde a 19% do território, compreende 22% dos municípios e abrange 6% da população residente. Desse documento destacam-se aqui dados relativos à capacidade de criação de receitas, à aplicação de recursos financeiros e ao cumprimento da regra do equilíbrio orçamental. Uma primeira nota reporta-se à capacidade destes municípios para arrecadarem receitas próprias, ou seja, receitas provenientes da sua atividade e da gestão do seu património. De facto, estas receitas têm
um peso de apenas 29% no cômputo das receitas totais, ficando abaixo da média da Região que atinge um peso de 48%. As exceções a este padrão são os municípios de Vila Real e Lamego, cujas receitas próprias representam respetivamente 49% e 48% do total das respetivas receitas. Resulta, consequentemente, desse relatório que as receitas provenientes de terceiros, como é o caso das transferências do Orçamento do Estado e as resultantes da obtenção de fundos comunitários e da contração de empréstimos representam 71% no cômputo das receitas totais, ultrapassando a média de 52% da Região. Neste domínio destaca-se o Município de Tabuaço, onde esta tipologia equivale a 86% das respetivas receitas. Constata-se pois que esta sub-
-região, no que concerne ao indicador independência financeira que relaciona as receitas próprias com as receitas totais, onde se incluem também as transferências e os passivos financeiros, apresenta um rácio de 27%. Este rácio encontra-se abaixo dos 50% essenciais ao cumprimento desse parâmetro, sendo ainda o menor da Região do Norte. Como segunda nota e no que concerne à aplicação dos recursos financeiros, verifica-se que as despesas de investimento constituem apenas 16% das despesas municipais, assumindo as de funcionamento um peso de 61% e as outras despesas um peso de 23%. O que contrasta com os valores existentes na Região em que se verifica um peso de 19%, a nível de
investimento, de 57% de funcionamento e de 24% noutras despesas. Como última nota regista-se que todos os municípios desta sub-região arrecadaram, no ano de 2018, receitas correntes suficientes para financiar despesas da mesma natureza, gerando uma poupança corrente positiva no valor de 14.178 mil euros, com o peso de 8%, ainda assim abaixo da média da Região. Em síntese, verifica-se o cumprimento da regra do equilíbrio orçamental, a acentuada expressão das despesas de funcionamento e a reduzida capacidade de criação de receitas próprias, o que reflete as vulnerabilidades económicas do tecido produtivo do Douro, tema esse que é essencial, mas que está fora do relatório aqui analisado.
PUB
O jornal VivaDouro e a página Meteo Trás os Montes juntaram-se para um concurso fotográfico sob o tema: #sincelo As três fotografias com mais "gostos" são: 1º Lugar: André Martins
2º Lugar: Cláudia Carneiro
3º Lugar: Cláudia Carneiro
Armando Mateus: “Este é um evento muito ligado às nossas tradições, aos nossos costumes” evento, surpreendendo-nos todos os anos com uma sopa gourmet. Também a associação que representa a Sarzeda traz sempre uma sopa associada a uma lenda ou uma história da freguesia, por exemplo, no ano passado trouxeram a Sopa das Três Marias que eram três irmãs que cada vez que faziam sopa juntavam os ingredientes que cada uma tinha para que ficasse mais composta, é também uma mensagem de partilha, das lendas, das histórias.
Quais as expectativas da autarquia para mais esta edição do Festival das Sopas? Este ano continuamos a ter grandes expectativas neste Festival das Sopas e Encontro de Ranchos, pois trata-se de um dos eventos com maior aceitação e adesão, a seguir à Festa da Castanha, por parte do público. Eu penso que grande parte dessa adesão esteja associado ao facto de ser um evento muito ligado às nossas tradições, aos nossos costumes e sem dúvida é este formato de evento que as pessoas mais procuram porque a ele vem associado uma identidade, uma cultura, algo de diferente que outras regiões não oferecem e é isso que o público hoje procura. Por tudo isto as expectativas são altas, esperando receber milhares de visitantes, com as nossas associações e coletividades totalmente dedicadas a este evento, recebendo da melhor forma todos aqueles que nos visitarem. O sucesso de um evento destes pode ser medido pelo número de visitantes e pelos litros de sopa que são vendidos. Ainda há margem para crescer? Há margem para continuar a receber mais pessoas, não há margem para aumentar o número de sopas à prova. No total são 18 associações e coletividades de diversas áreas: culturais, desportivas, etc, todas elas sem fins lucrativos e do nosso concelho, sendo cada uma delas representativa de um lugar ou de uma freguesia. Tentamos dar oportunidade a que todas as freguesias estejam representadas, isto porque todas elas têm diferenças entre si, diversas particularidades que têm
representatividade neste certame: sejam elas mais de montanha ou do planalto, algumas mais ribeirinhas ou com predominância de um produto específico. Tudo isto faz com que dentro do nosso concelho existam hábitos alimentares diferenciados e sopas tão diferentes. O que nos interessa não é só o número mas que a oferta seja alargada para agrado do público que nos visita. Há alguma novidade em termos de sopas nesta edição? Todos os anos preenchemos uma ficha de pré-inscrição onde é obrigatório que a associação ou coletividade nos informe sobre a sopa que irá preparar. Há algumas que já são quase uma marca do evento, por exemplo, da freguesia do Carregal, local de nascimento de Aquilino Ribeiro, temos sempre a sopa de gravanços e bacalhau porque ela é mencionada na obra Cinco Reis de Gente, a obra que fala da infância do escritor nesta localidade. Na freguesia da Faia há uma forte ligação ao rio, à pesca, e daí chega-nos a sopa do peixe de rio, uma vez mais a identidade do local a ficar bem sublinhada na sopa que é apresentada, ou ainda as sopas de caça, ligadas às freguesias onde esta atividade é mais tradicional. Estas já são quase uma imagem de marca do evento. Contudo, há outras que gostam de trazer ao festival um toque mais contemporâneo não pegando tanto na vertente da tradição mas olhando a novos desafios e essas apresentam-nos sopas novas que é o caso, por exemplo, da Associação Manta Verde, da Lamosa, que tem elementos muitos novos e gostam de trazer essa juventude ao
A realização paralela do Encontro de Ranchos é o casamento perfeito entre os dois eventos? Sim. Quando iniciamos este evento o ponto de partida era criar um evento gastronómico, tendo em conta a época do ano em que o realizamos, em fevereiro, no frio, a sopa era o elemento que mais se adequava, mas também por ser a base de todas as refeições. Quando idealizamos o festival quisemos que ele estivesse associado a algo que também fizesse parte dos nossos hábitos e costumes, e que trouxesse animação. Nesse sentido pensamos que só faria sentido associar o folclore, a etnografia, porque são eles que dão a continuidade desta temática, e que casam na perfeição com as sopas. Temos no concelho dois grupos de rancho que eram indispensáveis a esta realização, até pelas permutas que podiam trazer com outros ranchos. Este ano, pela primeira vez podemos dizer que em termos de rancho abrangemos já todo o território nacional com a presença de um grupo que nos chega do Algarve. Quando começamos com este evento realizamos uma pesquisa de alguns documentos existentes na Biblioteca Municipal e encontramos uns álbuns de fotografia do início do século XX, de diversos temas, que decidimos trazer para o evento para mostrar os nossos hábitos e costumes. Portanto, tudo isto é uma realização que consideramos que é uma mostra das nossas tradições e costumes, casando na perfeição todas estas vertentes. Já falou muito das associações, elas são uma parte essencial a este evento? Sim, são. Nem todas as associações se mantêm desde o início neste certame, houve uma ou outra que não se manteve porque efetivamente, para participar neste evento é necessário ter uma estrutura com forte dinâmica para que tenha elementos capazes de trabalhar arduamente durante estes três dias, e algumas não suportaram o ritmo. Obviamente que o sucesso do evento depende do empenho destas associações e de quem nelas participa. É também uma
importante fonte de receita para elas, quantos mais visitantes temos, mais tijelas são vendidas e esse valor reverte para as associações. Este é um ciclo bem entendido por todos. Mais trabalho é sinónimo de mais gente e obviamente de maior retorno para as associações. Num evento destes, qual é o retorno para cada associação? Esse retorno é variável. Existe um regulamento de participação e com ele é atribuída uma verba fixa a cada uma, um valor simbólico de 150 euros, que funciona como um motor de arranque para a compra de alguns dos produtos que vão precisar, e que normalmente são adquiridos dentro das suas próprias localidades, dinamizando também o próprio comércio local. Depois, há a venda das tijelas, que normalmente vendemos em média umas 5 mil, com o valor de 3 euros, sendo depois esse valor dividido pelas 18 associações participantes. Na venda da tijela é também oferecido um passaporte que “obriga” o visitante a provar todas as sopas não sobrecarregando assim uma ou outra associação em que a sopa se destaque. O número de tijelas vendidas não é igual ao número de visitantes, isto porque algumas pessoas acabam por vir mais pelo folclore ou, em alguns casos, há uma partilha da tijela pela família, por exemplo. Este ano, por exemplo, estamos com a contar com um número muito próximo dos 20 mil participantes. Olhando para esses números, o concelho já tem capacidade hoteleira para acolher boa parte desta gente? Infelizmente ainda não. Temos um aumento significativo de camas, muito graças ao turismo rural mas ainda não há essa capacidade. Normalmente as pessoas que querem ficar por cá ficam muitas vezes nos concelhos nossos vizinhos como Penedono, Moimenta da Beira e Trancoso, ainda que, o perfil maioritário do visitante deste festival é aquele que vem e regressa a sua casa no mesmo dia, aproveitando muitos deles, para visitar um pouco do concelho, como por exemplo o Santuário da Lapa. Para terminar pedimos-lhe que deixe uma mensagem para todos aqueles que pensam visitar Sernancelhe durante estes dias. Quem quiser encontrar um fim de semana diferente e em época de frio, mas que é recebido num local acolhedor, com uma mistura imensa de cheiros e paladares que é este Festival, junto com o folclore o artesanato e as tradições, então certamente sairá daqui satisfeito.