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Ano 5 - n.º 59 - fevereiro 2020
Preço 0,01€
Mensal
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
Contacte-nos em: geral@vivadouro.org - www.vivadouro.org FOTO: DR
Torre de Moncorvo: Minas de ferro reabrem até 14 de março
> Págs. 6 e 7 LAMEGO Wine & Music Valley realiza-se a 11 e 12 de setembro > Pág. 30 SERNANCELHE Festival de Sopas e Encontro de Ranchos leva milhares a Sernancelhe > Págs. 32 e 33
Francisco Moita Flores: "O Douro é uma das minhas grandes paixões"
INFORMAÇ O Nesta edição pode encontrar o Boletim Informativo da Cooperativa Agrícola de Penela da Beira
> Págs. 16 e 17
BREXIT • Symington, Real Companhia Velha e AEVP moderadamente preocupados em relação ao futuro do Vinho do Porto • Governo confiante quanto às negociações com o Reino Unido, que irão decorrer no ano 2020
> Págs. 26 e 27
2 VIVADOURO FEVEREIRO 2020
Editorial Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org
José Ângelo Pinto
Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário
Registo no ICS/ERC 126635 Número de Registo Depósito Legal 391739/15 Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 Tel.: 910 599 481 Paginação: Rita Lopes Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Administrador: José Ângelo da Costa Pinto Estatuto Editorial: http://www.public. vivadouro.org/vivadouro
total orientação para o cliente, neste caso o turista ou o visitante. Se há muita gente que percebe isto e tudo faz para que assim seja, também há ainda muitos velhos do Restelo que insistem que os serviços e as organizações devem ser orientadas para si próprias em vez de olharem para o mercado e perceberem que se não nos adaptarmos e nos virarmos para ele acompanhando as suas tendências e evoluções rapidamente a nossa região ficará ultrapassada e deixaremos de ser capazes de manter o turismo mesmo que pareça que somos capazes de o captar. Dito de outra maneira, muitas empresas e organizações, quer privadas, quer publicas, investem muitos euros para captar turistas. E tal até resulta pois basta haver um solzinho para os hotéis e equipamentos turísticos terem gente e gente interessada. Estes euros são bem gastos pois captam e atraem as pessoas até nós. Falta garantir que voltam. E para voltarem, a qualidade dos dias em que estão connosco tem que ser irrepreensível. Sem falhas. E com total profissionalismo de todos.
Sumário: Breves Página 4
"Uma nova estratégia para os Fogos Rurais"
Sabrosa Páginas 9 e 13 São João da Pesqueira Páginas 10, 11 e 18 Sernancelhe | Penedono Página 12 Régua Página 14 Armamar Página 15 Entrevista VivaDouro Páginas 16 e 17
Luís Braga da Cruz
Alijó Página 23
Engenheiro Civil
Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda. e Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha
Carrazeda de Ansiães Página 25
Sede de Redação:Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Fânzeres Tel.: 916 894 360 / 916 538 409 Sede do Editor: Travessa do Veloso - 87 4200-518 Porto Sede do Impressor: Arcozelo - Vila Nova de Gaia
Lamego Página 30
Próxima Edição 18 MARÇO
A pista do aeródromo de Vila Real continua encerrada impossibilitando os passageiros de usufruírem da ligação aérea entre Bragança e Portimão.
Destaque VivaDouro Páginas 6 e 7
Freixo de Espada à Cinta Página 24
Impressão: Unipress Tiragem: 10 mil exemplares Sítio na Internet: www.vivadouro.org Facebook: www.facebook.com/ jornalvivadouro E-mail: geral@vivadouro.org Agenda: agenda@vivadouro.org
NEGATIVO
Região Páginas 5, 8, 31 36, 37
NIF: 507632923
Colaboradores: André Rubim Rangel, António Costa, Ângela Vasques, António Fontainhas Fernandes, Beatriz Oliveira, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Manuel Cabral, Paulo Costa, Pedro Ferreira, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Silva Fernandes.
O anunciado encerramento dos balcões de Mesão Frio e Sabrosa da Caixa Geral de Depósitos foi revertido mantendo-se ambos em funcionamento durante toda a semana.
Reportagem VivaDouro Páginas 26 e 27
Sernancelhe Páginas 32 e 33 Vila Real Página 34 Tabuaço Página 35 Opinião Página 38 Lazer Página 39
FOTO: DR
Caros leitores, Convenci dois amigos brasileiros que se encontram no Porto em trabalho e em turismo a subirem ao Douro e a visitarem a região. Ficaram encantados com as belezas naturais, com a organização e disciplina dos municípios por onde andaram e voltaram para o Porto com a vontade de voltarem muitas vezes. Mas para que o encanto ocorresse foi preciso que lhes fosse mostrado tudo o que está para lá de alguns vinhedos e paisagens de montes e vales deslumbrantes. Porque ver as vinhas fabulosas e as paisagens que estão à vista de todos não chega para que os turistas se apaixonem pelo Douro o suficiente para voltarem. Todos concordamos que o turismo é e vai ser no futuro e cada vez mais um pilar essencial na garantia de sustentabilidade económica na região. Mas para que assim seja, é preciso que de uma vez por todas se perceba que precisamos de garantir a repetição. Precisamos de fazer de cada visitante (turista ou não) um apaixonado pela região. E isso consegue-se com uma completa e
FOTO: DR
POSITIVO
Os incêndios de 2017 provocaram um comoção nacional e com razão. Nunca tinham ocorrido em Portugal fenómenos com tão graves consequências em vidas e bens. O País ficou mais sensível para o estado de abandono do mundo rural e deu conta do desordenamento na nossa floresta. Apesar das medidas políticas tomadas depois dos fogos de 2003 e 2005, compreendeu-se que o dispositivo existente não servia. Era necessário pensar no problema de raiz e propor medidas mas eficazes. Por outro lado, suspeitou-se que os fenómenos meteorológicos, que deram dimensão dramática aos incêndios de 2017, tinham um ca-
racter novo e podiam ser reflexo da transição climática. Muito provavelmente, estamos a entrar numa fase em que estas ocorrências podem ser mais frequentes e mais perigosas. Era urgente agir. Perante isto, a Assembleia da República tomou uma decisão arriscada e inédita. Criou uma Comissão Técnica Independente, integrada por académicos, nomeados pelos reitores das universidades portuguesas, e por outros especialistas reconhecidos, nomeados pelo parlamento. Por seu lado, o Governo comprometeu-se a acolher o que essa CTI recomendasse. Entretanto a nova metodologia de trabalho fez o seu percurso. Foram produzidos dois excelentes diagnósticos e algumas recomendações incisivas e disruptivas. Foi criada uma Agência (AGIF) com a missão de fazer o planeamento, a coordenação estratégica e a avaliação do Sistema de Gestão dos Fogos Rurais. Reconheceu-se que era necessário mudar muito ao nível da política pública: reduzir a acumulação de combustível; alterar o comportamento da população portuguesa; valorizar o conhecimento não aproveitado, pôr a enfase nas acções de prevenção e não nas operações de combate. À AGIF foi cometida a responsabilidade de coordenar a actuação de to-
das as partes e de propor uma nova forma para proteger Portugal dos incêndios rurais graves, acabando por propor um Plano Nacional de Gestão Integrada dos Fogos Rurais, que foi submetido a discussão pública. Trata-se de um planeamento estratégico a que seguirá a construção de um Programa de Acção. O que tem de novo? Adoptar, como divisão territorial para estruturar a acção, as NUT II (Regiões-Plano) e como nível de proximidade as NUT III (nível de concertação intermunicipal); Centrar-se na causa dos problemas, ligando a problemática da floresta e dos fogos à valorização do território e ao mundo rural; Atribuir prioridade à gestão florestal e reconhecer a importância de uma actuação agrupada nas zonas de minifúndio; Capacitar todos os agentes intervenientes e apelar à responsabilidade; Ter uma visão integrada das acções de planeamento, prevenção e combate. O grande propósito deste Plano é alcançar a sustentabilidade da nossa floresta nas suas três dimensões: social, económica e ambiental. Só no equilíbrio entre estas componentes se produzirá um resultado aceitável e duradouro. Tudo reclama coordenação tanto na componente florestal como de defesa..Vale a pena estarmos atentos às fases seguintes deste processo.
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Breves Vida e obra de Aquilino Ribeiro na escola de Soutosa A antiga escola de Soutosa, em Moimenta da Beira, poderá vir a receber um centro de interpretação sobre a vida e obra de Aquilino Ribeiro. A candidatura aos fundos comunitários já foi feita pela União das Freguesias de Peva e Segões e aguarda agora aprovação.
Visitas às Caves de Vinho do Porto batem recordes
Uber Eats chegou a Vila Real Há mais uma cidade a contar com os estafetas da app de entrega de refeições da Uber: Vila Real. A cobertura do serviço na cidade, que funciona todos os dias entre as 12h e as 24h, inclui as freguesias de Torgueda, São Pedro, São Diniz e Mateus. No que toca aos restaurantes disponíveis na aplicação, destacam-se o Montes de Hambúrgueres, o Restaurante Convívio ou o Sushi Real, bem como a McDonald’s, Pizza Hut e Pans&Company.
O número de visitantes das Caves de Vinho do Porto atingiu um recorde de 1.376.243 pessoas em 2019, o que representa um crescimento de 8,8% face a 2018, segundo a AEVP - Associação das Empresas de Vinho do Porto. Espanha, com uma quota de 13,94% lidera no número de visitantes, com 191.868, mais 20% do que um ano antes, seguida de perto pela França, com uma quota de 13,55%, correspondente a 186.483 entradas, mas 2% do que em 2018. Portugal aparece no terceiro lugar do ranking: 177.758 visitantes, quota de 12,77% e crescimento de 32,6%.
Candidaturas abertas para mercado medieval de Torre de Moncorvo Estão abertas as inscrições até dia 8 de março para a atribuição dos vários espaços no mercado medieval, realizado no âmbito da Feira Medieval de Torre de Moncorvo, que decorre de 24 a 26 de abril de 2020. As candidaturas podem ser efetuadas para as categorias de artesãos, mercadores, artífices, místicos e tabernas.
Expodemo 2020 de 11 a 13 de setembro A 9ª edição da Expodemo vai realizar-se nos dias 11, 12 e 13 de setembro de 2020, em Moimenta da Beira. O evento, que o ano passado se estreou como “ecoevento”, estatuto que manterá para o futuro, é uma feira de negócios e de cultura, de sentidos e emoções.
Antropólogos Ibero-americanos vão debater na UTAD o presente e o futuro da Humanidade A Universidade de Trás-os-Montes e Ato Douro (UTAD) recebe de 28 a 31 de julho de 2020 o VI Congresso Internacional de Antropologia da "Associação de Antropolólogos Iberoamericanos em Rede" (AIBR). Organizado por um grupo de antropólogos da UTAD, do CETRAD (Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento) e do DESG (Departamento Economia, Sociologia e Gestão), o evento vai trazer a Vila Real “conhecimento, interculturalidade, animação e cerca de meio milhão de euros de impacto na economia local".
Alunos da Escola de Hotelaria do Douro-Lamego campeões nacionais no Portugal Skills 2020 Durante 4 dias, alunos dos quatro cantos do país reuniram-se em Setúbal para competir no Campeonato Nacional das Profissões. A Escola de Hotelaria do Douro-Lamego enviou 2 dos seus alunos para esta competição, cuja fase regional se realizou em novembro de 2019: Benedita Rua, na categoria Restaurante-Bar, e Mário Vingadas, na categoria Cozinha. Ambos os alunos se sagraram campeões e arrebataram o ouro na respetiva categoria sendo que, com esta vitória, candidatam-se a uma participação nos Campeonatos Europeu e Mundial das Profissões, organizados, respetivamente, pela WorldSkills Europe e pela WorldSkills International.
Município de Mesão Frio aprovou novo Código de Conduta Por deliberação da Câmara Municipal, foi aprovado o novo Código de Conduta, em reunião ordinária do executivo, no passado dia 6 de fevereiro. O documento estabelece o conjunto de princípios, critérios e normas de autorregulação e de orientação, em matéria de ética profissional, que devem ser observados por quem exerce funções na Câmara Municipal de Mesão Frio, na sua relação com terceiros.
SIC grava "A Árvore dos Desejos" em Lamego A cidade de Lamego vai ser o cenário de um dos episódios da próxima temporada de "A Árvore dos Desejos", programa líder de audiências em Portugal que voltará em breve a ser transmitido pela SIC em horário nobre.
Operação Floresta Segura 2020: Ações de Sensibilização No âmbito da “Operação Floresta Segura 2020”, o Comando Territorial da GNR de Vila Real, através do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA), vai realizar ações de sensibilização e fazer a georreferenciação das situações mais críticas de incumprimento dos critérios de gestão de combustível, em terrenos confinantes com edificações e junto à rede viária. Estas ações vão realizar-se de 27 e 28 de fevereiro e de 2 a 3 de março, em todo o Concelho de Alijó.
Semana da leitura em Sernancelhe A Biblioteca Municipal de Sernancelhe e a biblioteca escolar do Agrupamento Padre João Rodrigues vão realizar, de 2 a 6 de março, a iniciativa da Semana da Leitura. Segundo a autarquia, a ação visa dinamizar ações no âmbito da leitura e envolver a comunidade escolar. A iniciativa conta ainda com uma festa do livro e da língua portuguesa.
Boreal de regresso a Vila Real O Teatro de Vila Real vai ser o palco entre os dias 28 e 29 para o Boreal, um festival de inverno que quebra a sazonalidade e propõe nove concertos de artistas portugueses, anunciou hoje a organização. Entre os artistas que passarão pelo festival transmontano estão PZ, Cassete Pirata, Dan’s Revival, Ganso ou Nuno Calado, entre outros.
Casa do Cantoneiro, na Régua, vai ser centro interpretativo e albergue A Câmara de Peso da Régua vai requalificar a antiga casa do cantoneiro para centro interpretativo e albergue dos Caminhos de Santiago. O município duriense refere que a intervenção permitirá fortalecer a resposta turística do concelho com a particularidade de estar adaptada para o turismo inclusivo para pessoas com necessidades especiais.
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Região
Douro promove-se na Xantar A região do Douro esteve reunida na Xantar, a maior feira de turismo gastronómico da península ibérica, que todos os anos se realiza em Ourense, Espanha. A aposta no mercado espanhol é cada vez mais forte para os municípios do Douro, a proximidade geográfica e o interesse que existe do outro lado da fronteira pela região são fatores de peso para os municípios durienses. Alijó, Carrazeda de Ansiães, São João da Pesqueira e Vila Real foram os quatro municípios com maior destaque pela presença com um stand individual, os restantes quinze municípios fizeram a sua promoção no stand conjunto da Entidade Regional do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) com destaque, no primeiro dia, para o município de Lamego que esteve representado pelo vice-presidente, António Alves da Silva. Para Luís Pedro Martins, a presença neste certame reveste-se de grande importância pelo perfil do evento mas também pelo facto de Espanha ser o principal mercado emissor de turistas para a região. “A nossa presença aqui é estratégica por duas razões, em primeiro porque se trata do melhor, e julgo ate único, festival de gastronomia da
Península Ibérica e já com muita maturidade, muitíssimo bem organizado ao qual o Porto e Norte se veem juntando ano apos ano, aliás a presença portuguesa este ano é muito grande e muito significativa por parte dos municípios do Porto e Norte, com cerca de 30 municípios presentes. Depois outra razão é porque se trata de fazer promoção junto do nosso principal mercado, o nosso primeiro mercado emissor para a região, como é a Espanha e neste caso aqui a nossa vizinha Galiza. Portanto faz todo o sentido investirmos em promoção junto daqueles que em primeira instância visitam o nosso território, provam e degustam os nossos vinhos e a nossa gastronomia”. Para o presidente do TPNP a gastronomia é um fator de atração diferenciador na região pela riqueza de sabores existente, ajudando a enriquecer a experiência turística. “Eu não acredito na teoria do “monoturista”, aquele que vai apenas por um objetivo, não, eu acredito que o turista vai por N razões a um território, pode haver algo que o atraia mais, pode ser a natureza, pode ser o turismo religioso, pode ser enoturismo mas depois a gastronomia e os vinhos estão sempre por lá, e neste caso Porto e Norte tem para dar e vender do melhor que existe na gastronomia portuguesa e também nos seus vinhos, premiados e conhecidos em todo o mundo, desde os alvarinhos até os vinhos verdes, o Douro, o Vinho do Porto, entre muitos outros”. ■
Alijó – Sónia Pires Para o nosso município é de extrema importância estar aqui, desde logo pela proximidade geográfica desta região espanhola e porque este é um mercado estratégico para nós. Temos que começar a criar mais sinergias e contactos para conseguirmos atrair cada vez mais os “nuestros hermanos” para o nosso território. Aqui estamos a duas horas de viagem de Alijó por isso temos que apresentar aqui as experiências que o nosso território oferece. Essa é também uma razão pela qual participamos nos fins de semana gastronómicos, porque achamos que é possível conquistar os turistas pelo estômago. Esta é uma feira ligada ao segmento da gastronomia e vinhos e é nos vinhos que temos a nossa principal aposta no entanto também trazemos aqui um restaurante para um showcooking com um prato que é muito típico no nosso concelho, os milhos. Teremos também diversas provas de vinhos, não só com a Adega de Favaios como com alguns dos nossos empresários ligados ao enoturismo. Não temos medido o número de turistas espanhóis que nos visitam, contudo, pela nossa experiência e por aquilo que vamos falando com diversos parceiros nossos na área do enoturismo, percebemos que o mercado espanhol é aquele que tem mais impacto no setor do turismo em Alijó.
Lamego – António Alves da Silva Fundamentalmente Lamego é um destino que se insere na região do Douro, região essa que se insere no norte de Portugal, área geográfica que não vive sem a Galiza, portanto é natural que nos sintamos no dever e na obrigação de estar presentes neste tipo de eventos. É algo que não podemos, de maneira alguma, dispensar ou ignorar. Estamos aqui de uma maneira simples, de coração aberto, sem grandes pompas a afirmarmo-nos como Lamego, Douro, Norte de Portugal, Noroeste Peninsular, sendo o nosso concelho uma singularidade em toda essa vasta região em que nos inserimos. Lamego tem as suas iguarias, os seus sabores, mas eles não vivem sozinhos, temos que nos inserir num mercado mais vasto. Não dizemos às pessoas para visitarem um local em específico mas que visitem a região e todo o património que ali podem encontrar.
S. João da Pesqueira – Manuel Natário Cordeiro Com a experiência que temos tido nos últimos anos na presença em feiras nacionais e ibéricas, este ano decidimos rever o nosso posicionamento fazendo uma análise de quais são mais vantajosas para a promoção do município. Foi por essa razão que deixamos de marcar presença no SISAB, por exemplo, não fazia grande sentido, permitindo assim uma aposta mais forte nos 4 ou 5 eventos que queremos mesmo marcar uma forte presença como é o caso da BTL, a FIT, na Guarda ou a Essência do Vinho por exemplo. Em Espanha apontamos para a feira de Valladolid, a Xantar e a Fitur, exatamente para captar o turista espanhol. Para nós é difícil medir o impacto real da nossa presença nestes eventos, contudo, no relatório elaborado pelos técnicos responsáveis no final da feira podemos ver que foram feitos alguns contactos importantes. O balanço que fazemos é bastante positivo mas repito, é difícil medir efetivamente esse impacto.
Carrazeda de Ansiães – João Gonçalves Embora pudéssemos estar presentes juntamente com os restantes municípios no espaço do TPNP nós estabelecemos um conjunto de eventos deste género onde queremos estar presentes com o nosso stand próprio para afirmamos o território de forma diferente. Uma das feiras que elegemos este ano, tendo em vista essa estratégia, foi exatamente a Xantar, o maior evento do setor em Espanha e onde podemos mostrar as potencialidades turísticas do nosso concelho. Temos muito mais que apenas a gastronomia para mostra mas neste setor temos produtos de excelência que merecem ser mostrados e provados pelo público como é o caso do vinho, da maçã e do azeite. Estive presente num dos dias do evento e pude verificar que os galegos são um público muito interativo que não só provava os nossos produtos como questionava sobre outros pontos de interesse no nosso concelho e como seria a melhor forma de chegar até nós.
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Destaque VivaDouro
Minas de ferro reabrem na primeira O processo de reabertura das minas de ferro de Torre de Moncorvo tem sido longo mas agora, com a assinatura do contrato de venda à Aethel Mining, está próximo do fim. Em entrevista exclusiva ao VivaDouro o autarca moncorvense, Nuno Gonçalves, garante a reabertura até 14 de março. Texto: Carlos Almeida
O autarca social-democrata adiantou também que está prevista para o próximo mês de fevereiro uma sessão de esclarecimento pública, dirigida à população do concelho e outros interessados, com a finalidade de apresentar o projeto mineiro, agora gerido por uma empresa britânica “detida exclusivamente” pelo português Ricardo Santos Silva e a americana Aba Schubert. Estas minas são o segundo maior depósito de minério de ferro da Europa. Confirmada a passagem da exploração das minas de ferro de Moncorvo para as mãos da Aethel Mining, que data aponta para o início dos trabalhos de mineração? Os prazos estão definidos como estavam já definidos para a MTI, aliás, eles são definidos pelo próprio RECAP (Relatório de Conformidade do Projeto de Execução) e que foi aprovado sem condicionantes, impondo que a abertura aconteça, no máximo, até ao dia 14 de março. Sendo que a Aethel está a cumprir o que a MTI estava a prever, vai acontecer ainda durante o mês de fevereiro uma sessão de esclarecimento à população e depois entre 1 e 14 de março acontecerá a reabertura das minas. A parte do concentrado de ferro é uma segunda parte, nesta primeira fase é mais para os agregados que se conseguem fazer com o minério de ferro de Torre de Moncorvo. Estava prevista a criação de cerca de 500 postos de trabalho com a reabertura das minas, esta previsão também se mantém? A previsão é que nos primeiros dois anos sejam criados cerca de 200 postos de trabalho que irão aumentar ao longo dos primeiros 6 anos de laboração. Inicialmente também estava previsto um investimento de 114 milhões de euros, valores esses que se mantém. Será o mesmo timing e os mesmos núme-
ros que já estavam previstos, havendo aqui apenas uma pequena nuance que é, como já referi, a situação do concentrado de ferro que acontecerá numa segunda fase. Na seleção do pessoal para ocupar esses lugares há algum critério que privilegie os munícipes de Moncorvo? O que sempre tratamos com a MTI foi a garantia que sempre que houvesse mão de obra no concelho essa seria a prioridade e isso deve manter-se. Não é de agora a vontade da autarquia em reabrir estas minas. Sabendo já que serão criados todos esses postos de trabalho, que outras vantagens vê neste processo? Eu penso que temos de olhar a reabertura das minas de ferro de Torre de Moncorvo na ótica nacional. Um país que tem recursos naturais não pode estar de costas voltadas para eles e infelizmente Portugal está, há muitos anos, de costas voltadas para os
seus recursos naturais. O que estamos a falar é de benefícios não só para o nosso concelho mas para toda esta região e para o próprio incremento do PIB nacional. Portanto, nenhum país se pode dar ao luxo de ter a segunda maior jazida de ferro da europa fechada, quando pode ser explorada a céu aberto. Também não podemos esquecer uma questão que é fundamental. No início deste mês foi a votação final do Orçamento de Estado, o Senhor Primeiro-Ministro diz que este é um orçamento focado nas alterações climáticas e na demografia, ora, quanto à demografia estamos num território a que chamam de baixa densidade (normalmente refuto este pré-conceito afirmando que estou num território de alta intensidade, pela resiliência e perseverança das pessoas em se manterem, em criar emprego, etc). Até nesse aspeto a reabertura destas minas é importante. O ordenamento do território, e de todo
o litoral, exige que seja com produtos de qualidade e ficou demonstrado que os únicos molhes que resistiram às intempéries foram os de Sines e Leixões, curiosamente ambos feitos com minério de ferro das minas de Moncorvo. Portanto, quando estamos a pensar o reordenamento de todo o litoral devemos também pensar que temos matéria prima nacional e que escusamos de importar, é só “meter as mãos na massa” como se costuma dizer, e aplicar o que temos. Desta forma também ajudamos a que este território possa também atrair jovens, altamente qualificados e outros menos qualificados, mas que aqui encontrarão emprego, contribuindo assim para algo ainda maior que é a sustentabilidade do território. Outro aspeto é que assim poderemos dar um volte face naquilo que eu chamo o duplo desperdício do litoral porque o litoral cada vez tem mais fundos mas também tem cada vez mais população. Quando os fundos são
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quinzena de março
aplicados para resolver uma situação, já não são aqueles que seriam necessários, já são necessários mais porque já tem mais população e isso leva ao duplo desperdício. Estas minas estão longe da polémica que tem acontecido com as minas de lítio em Montalegre. Pode assegurar que elas não acarretam nenhum tipo de problema para os lençóis freáticos ou para o ambiente? Não acarreta nenhum problema para os lençóis freáticos. O RECAP e o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) foram muito importantes por isso mesmo. Todo este processo começou na etapa zero para que daqui a 5, 10 ou 15 anos não haja im-
pacto ambiental. Este foi talvez o estudo que maior número de horas levou para se perceber que não há intervenção agressiva no ambiente. Obviamente que é uma unidade de produção com tudo o que isso pode significar mas garantidamente não acarreta nenhum perigo a nível dos lençóis freáticos nem na qualidade de vida das pessoas. A população pode estar completamente tranquila quanto a isso? Completamente tranquilos porque a monotorização a que foi obrigado este EIA foi extremamente rigoroso. Esta é mesmo a razão pela qual adiamos algumas vezes a data da reabertura das minas porque era
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Destaque VivaDouro
sempre necessário mais um estudo, fosse para a fauna e flora ou inclusivamente para os próprios habitantes de todas as localidades que estão à volta das minas. Tem havido diversas entidades e personalidades a manifestarem preocupação com a exploração mineira próxima da área contemplada no Património da Humanidade. Esta é uma situação que o preocupa no caso das minas de ferro de Torre de Moncorvo? As minas de ferro de Torre de Moncorvo já tiveram, elas próprias, o impacto de estarem numa Zona Especial de Proteção (ZEP). A primeira solução de transporte do minério até ao Pocinho era uma passadeira a toda a
extensão, isso foi chumbado pelo impacto ambiental que podia ter na ZEP. Eu continuo a dizer que o Património da Humanidade é importante para nós e ninguém mais que os autarcas o querem preservar. O que nós dizemos é que, a forma como está estruturada a ZEP, não pode ter as mesmas condicionantes da zona do Património da Humanidade. Se compararmos, por exemplo, Peso da Régua com Torre de Moncorvo, nós só temos uma pequena área inserida na área considerada Património da Humanidade, o resto está em ZEP, ou seja, tem as mesmas condicionantes. Quando falamos de determinados recursos minerais e determinadas explorações, devemos sempre ter em conta essa mais valia que foi o Património da Humanidade. Contudo não podemos pôr em causa o investimento, as duas coisas têm que ser pensadas em conjunto. Se nos formos concentrar no discurso radicalista que alguns trazem para o Património da Humanidade, hoje provavelmente não existiriam os socalcos nas vinhas, porque são resultado da intervenção humana. Portanto, isso é um contrassenso. Hoje o que os turistas vêm ver, aquilo que a UNESCO quer preservar, é aquilo que é fruto do trabalho de homens e mulheres que arduamente, de sol a sol, fizeram. Eu não posso aceitar que alguns venham dizer que tudo é possível na fauna e flora exceto a intervenção do Homem porque se o Douro Vinhateiro recebeu esta distinção, ela resulta do trabalho dos homens e mulheres do Douro. Se não tivermos ninguém a habitar a região podemos ter todas as espécies mas há uma que certamente ficará em vias de extinção, que é o Homem. ■
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Região
Douro com representação no Conselho Nacional do PSD No último Conselho Nacional do Partido Social Democrata (PSD), realizado no início deste mês em Viana do Castelo, foram eleitos três conselheiros do Douro, Pedro Duarte de Vila Nova de Foz Côa, António Marques de Murça e André Marques de Peso da Régua sendo, este último, o único a garantir a sua reeleição. Um dos pontos de interesse da reunião magna dos sociais democratas foi a eleição do Conselho Nacional, órgão máximo do partido entre Congressos e representa, habitualmente, as várias sensibilidades do PSD, à qual se apresentaram um total de 10 listas. Entre os eleitos três nomes chegam da região do Douro, para os três delegados esta eleição significa garantia de representação da região, fator que todos consideram de elevada importância para dar voz aos interesses e preocupações dos durienses. “Quantos mais votos houver entre a região, a defender a região, acho que mais possibilidades temos de nos fazer ouvir com mais força e portanto aquilo que pretendemos fazer, no concelho nacional e noutros fóruns é a defesa do interior”, afirma António Marques. A mesma ideia é defendida por Pedro Duarte que defende que desta forma a região “tem mais uma voz ativa no órgão nacional de um partido que se propõe sempre a ser um partido do governo” por isso, defende o conselheiro, “a região do Douro só pode sair beneficiada”.
Para André Marques, a importância deste eleição é também um benefício para a região que assim garante voz num órgão nacional, “ se cada um, nas suas capacidades, conseguir influenciar positivamente em favor das causas da região, cresceremos todos, independentemente da cor partidária em causa. “Para mim, a Linha Do Douro tem particular interesse, sendo natural do concelho de Foz Côa. Acho que era absolutamente estruturante, para toda a Região Demarcada do Douro, que nós conseguíssemos avançar com essa obra e fazer a ligação a Salamanca, seria para todo o Douro, quase que poderemos dizer que haveria um momento antes da linha e outro depois. Seria estruturante para todo o Douro quer para o turismo, quer para a circulação de pessoas e mercadorias”, afirma Pedro Duarte. Outras duas áreas que eu acho que deviam também merecer uma discussão mais profunda e alguma revindicação são o setor da floresta onde o acesso a fundos é dificultado por
> António Marques
> Pedro Duarte
estarmos em diferentes patamares comparativamente a outras regiões, e a questão da vias de comunicação municipais, temos autoestradas e vias rápidas a atravessar a região mas quando saímos dessas vias principais a rede viária municipal tem muitos problemas dificultando a vida e o trabalho de todos que cá estão”, declara António Marques. André Marques, por sua vez, refere a Linha do Douro mas também os desafios da viticultura no Douro, bases para um desenvolvimento sustentado também no turismo. “A próxima década reserva muitos desafios importantes para região, necessitamos de ter um diálogo mais estruturado que aproxime todos os agentes do território. Numa dimensão infraestrutural temos a eletrificação da linha de douro e a ligação a Espanha é uma prioridade indiscutível e com mais força neste momento, é uma causa que tem conseguido unir o território. Não devemos esmorecer nesta luta, temos de
estar em constante movimento para não deixar cair no esquecimento. Outro grande desafio, é a valorização da viticultura como elemento chave de toda a dinâmica económica da região. Se conseguirmos fortalecer a figura do pequeno viticultor dando-lhes condições para se profissionalizarem e por sua vez o setor do vinho ganhar melhor posição no mercado mundial, acredito que a sustentabilidade do Douro venha a ser extremamente positiva. Quanto ao turismo, que tem tido um enorme crescimento com uma componente forte na economia da região, devemos ter a noção de que é um setor mais vulnerável do que a viticultura, aliás, sem as vinhas bem tratadas o turismo esmorecerá. Pode parecer um cliché, mas considero mesmo importante que a região assuma a necessidade de uma nova era na viticultura duriense, esta prioridade tem de ser tratada com especial atenção e merece a nossa união. “ ■
> André Marques
Luís Ramos na presidência de uma Comissão da APCE O Deputado Luís Leite Ramos foi eleito em Estrasburgo, Presidente da Comissão de Assuntos Sociais, Saúde e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE). Sucede no cargo ao Deputado austríaco Stefan Schennach numa comissão constituída por 87 deputados dos 47 países do Conselho da Europa. Esta comissão trata das questões relacionadas com as políticas e direitos sociais, a saúde pública, o desenvolvimento sustentável, a cooperação e o desenvolvimento económico, a democracia local e regional e a boa governança nessas áreas, concedendo atenção especial à defesa e proteção dos direitos humanos, do Estado de direito e da democracia política. O mandato de dois anos (2020-2022) terá
como principais objetivos e prioridades a análise e a aprovação de um vasto conjunto de relatórios e recomendações aos governos dos países membros em áreas como alterações climáticas e os direitos humanos, a luta contra o tráfico de órgãos, de tecidos e células de origem humana, a luta contra a violência sexual sobre as crianças, o repatriamento das crianças de zonas de guerra ou ainda o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho. Para o também professor universitário esta eleição resulta do reconhecimento do trabalho tem vindo a desenvolver na Comissão, bem como do papel que Portugal pode ter no diálogo entre as nações europeias. “O voto de confiança que em mim depositaram os meus pares da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, significa, antes de mais, o reconhecimento do trabalho que tenho vindo a desenvolver nesta Comissão e o desejo de o prosseguir, agora com muito mais responsabilidade, nos próximos dois anos. Mas significa também o reconhecimento do papel fundamental que Portugal, ainda que periférico,
pode desempenhar no diálogo e concertação entre as nações que constituem essa Grande Europa que se estende dos Urais ao Atlântico. Não tenho qualquer dúvida de que o facto de ser português foi tão ou mais importante na minha eleição quanto as minhas competências pessoais, académicas ou políticas”. “O Conselho da Europa tem como principal missão e mandato a promoção e a defesa dos direitos humanos, do Estado de direito e da democracia nos seus 47 países membros, mas também em todo o mundo. A minha ambição é de que nos próximos dois anos a Assembleia Parlamentar consiga inscrever o direito a um clima saudável e sustentável na carta dos direitos fundamentais e mobilizar todos os Estados e governos no combate às causas e impactos da emergência climática que vivemos. Que consiga consolidar e alargar os direitos das crianças e promover um combate sem tréguas à violência sexual de que são vítimas, através, nomeadamente, das redes sociais. Que consiga sensibilizar os Estados e governos no combate ao tráfico de órgãos e tecidos
de origem humana e criar novos dispositivos legais para impedir que esta praga alastre nos países menos desenvolvidos. E, finalmente, inscrever na Carta Social Europeia e na Convenção Europeia dos Direitos Humanos a problemática dos direitos sociais dos trabalhadores face à expansão, que se vislumbra, da inteligência artificial e da robotização”. ■
VIVADOURO FEVEREIRO 2020
Marcelo presente na apresentação do livro “Cartas para Miguel Torga” O livro “Cartas para Miguel Torga”, organizado e prefaciado por Carlos Mendes de Sousa, foi apresentado no Espaço Miguel Torga, em Sabrosa, uma cerimónia que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O auditório do Espaço Miguel Torga foi pequeno para a grande afluência de gente que esteve na apresentação do livro que reúne algumas das cartas recebidas por Miguel Torga ao longo da vida assinadas por nomes como Fernando Pessoa, Raul Leal, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Jorge Amado, Teixeira de Pascoaes, Hernâni Cidade, Óscar Lopes, Maria Archer, Adolfo Casais Monteiro, Vitorino Nemésio, Sophia de Mello Breyner Andresen, Jorge de Sena, Eduardo Lourenço, Ruben A., Urbano Tavares Rodrigues, António Barreto, Mário Soares, Fernando Piteira Santos, Jack Lang e Gonzalo Torrente
Ballester, entre muitos outros. O Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, na abertura da sessão não deixou de se congratular pela inauguração deste livro acontecer em São Martinho de Anta e com a presença do Presidente da República, que descerrou, em 2016, a placa inaugurativa deste espaço. Durante o seu discurso, Domingos Carvas, deixou também uma mensagem de alerta sobre a importância do trabalho cultural que o Espaço Miguel Torga faz na região duriense e no pais, sem ter até ao momento “recebido 1 cêntimo do Estado”, afirmando que não pretende receber “as mesmas verbas do CCB ou Serralves” mas pedindo a “mesma atenção” para esta infraestrutura. No final da cerimónia, em declarações exclusivas ao nosso jornal Domingos Carvas voltou a sublinhar esta ideia afirmando que “Miguel Torga é uma âncora do desenvolvimento cultural, se o Governo não apostar nisso o orçamento da câmara também não o consegue fazer”. O protesto do autarca foi apoiado pelo Presidente Marcelo que afirmou, à comunicação social que as assimetrias existentes devem ser esbatidas para o bem de todos os portugueses. “Tenho dito diversas vezes que o desafio dos próximos anos é o de corrigir as desigualdades territoriais. Não po-
dem haver, sistematicamente, vários “portugais”, a velocidades diferentes e com condições de vida completamente diferentes. É mau para todos”. Durante o seu discurso na apresentação da obra, exaltou a vida e obra de Miguel Torga, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que este livro é ilustrativo da importância do autor em diversos setores da vida não só nacional mas também internacional. "Pode dizer-se que este livro é também ele um livro testemunhal. Convites, agradecimentos, admirações, traduções, camaradagens, um ou outro afrontamento, quezílias literárias e a questão sempre muito presente da imagem que o autor projetava enquanto escritor e enquanto figura política 'difícil', como se dizia e se diz ainda", afirmou o chefe de Estado. Por esta obra passa, na opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, "meio mundo intelectual".
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Sabrosa
O Presidente da República não crê que "o estatuto de Torga como contista e diarista tenha diminuído com as décadas", mas considerou que as cartas agora reunidas ajudam "a compreender Torga como um poeta, com maiúscula, como ele gostava, ou com minúscula". Na sua opinião, Miguel Torga é, talvez, "dos autores contemporâneos, aquele que melhor definiu Portugal. Na cerimónia, que terminou com a leitura de alguns textos do livro, esteve presente a filha do escritor, Clara Crabbé Rocha, que trabalhou com Carlos Mendes de Sousa nesta obra. No final da cerimónia o Presidente da República teve ainda tempo para visitar a exposição de Nadir Afonso presente no espaço, alternando a apreciação das obras com as já habituais selfies com as dezenas de populares ali presentes. ■
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São João da Pesqueira
Município reivindica estatuto de “vila mais antiga de Portugal” Os forais são peças documentais de grande importância para o conhecimento daquilo que era a vivência da época em determinado local, neles é possível perceber como se estruturava a população e o estilo de vida que ali existia, bem como que produtos ali se produziam, entre muitos outros aspetos.
Outorgado por D. Fernando, o Magno, entre os anos 1055 e 1065 (não há uma certeza absoluta quanto à sua data), o Foral de São João da Pesqueira é assim o mais antigo de Portugal, reportando a uma época em que, por divisões internas o emirado árabe de Córdova começa a enfraquecer sendo o território conquistado pelos cristãos vindo da província de Leão, depois de terem atravessado o Douro em Zamora. O documento original há muito que foi perdido mas a certeza destas informações
é dada pelas inúmeras confirmações posteriores, como é o caso de uma feita por D. Afonso III, no ano de 1256. Facto inegável e comprovado por diferentes estudos e historiadores, nunca antes foi uma bandeira para o município sendo mesmo desconhecido por muitos até à publicação de um texto num blog minhoto. “Este assunto acaba por ser despoletado num blog de um autor do Minho que afirma exatamente que Ponte de Lima afirma ser a vila mais antiga de Portugal erradamente, esse epíteto pertence a São João da Pesqueira”, afirma Manuel Natário Cordeiro, autarca pesqueirense, à nossa reportagem, acrescentando ainda que “este é um aspeto que ainda não está muito na cabeça dos pesqueirenses, talvez por nunca ter sido valorizado, damos mais importância ao facto de sermos o maior concelho produtor de vinho ou o estarmos no coração do Douro Vinhateiro. Contudo considero que devemos começar a valorizar este aspeto, não por qualquer tipo de pretensiosismo mas porque é um facto histórico. Não sei porque é que nunca foi reivindicado este estatuto de vila mais antiga de Portugal, é um facto e sobre isso não há qualquer dúvida”. Para o autarca, a reivindicação de São João da Pesqueira como vila mais antiga de Por-
tugal pode ser uma fator diferenciador na promoção do concelho, estando por isso em desenvolvimento um estudo aprofundado com a colaboração de alguns professores universitários sustentando assim, cientificamente, este dado. “Com a dificuldade que por vezes temos em promover o nosso território, este pode ser um fator de extrema importância. Estamos já a trabalhar com alguns professores da Faculdade de Letras da Universidade do Porto que nos irão ajudar a sustentar cientificamente toda esta pesquisa para que ainda este ano comecemos a divulgar este facto, ajudando assim na promoção do nosso concelho. Não sei como será feita esta comuni-
cação, este será um assunto que irei trabalhar em conjunto com o nosso gabinete de comunicação para elaborar uma estratégia. A atribuição de um foral, por aquilo que eu entendo, tem a ver com a conquista de território e uma forma de o ir delimitando portanto, tudo o que seja um fator diferenciador num território, uma marca distintiva, é sempre importante, quer para a autarquia quer para toda a nossa população. O foral de São João da Pesqueira é o mais antigo do nosso país, anterior mesmo à portugalidade, a sua data situa-se entre os anos de 1055 e 1065, atribuído por D. Fernando, o Magno, tendo depois sido confirmado já em 1112. É um facto comprovado”. ■
Saberes e sabores do Douro vão estar à prova Está aí mais uma edição da Feira dos Saberes e Sabores do Douro, em São João da Pesqueira, um evento que cativa mais publico ano após ano. Dividido por três fins-de-semana (os dois últimos de fevereiro e o primeiro de março), a Feira dos Saberes e Sabores do Douro continua
a ser uma aposta da autarquia local para atrair turistas ao concelho duriense em época baixa. À conversa com o VivaDouro, Manuel Natário Cordeiro, autarca pesqueirense, revela algumas mudanças que se irão notar nesta edição. “A Festa dos Saberes e Sabores do Douro é um evento gastronómico que tem sido aposta da autarquia. Desde que tomamos posse promovemos algumas mudanças na sua organização mas a essência é a mesma. Nesse sentido este ano vamos continuar a
aprimorar este evento apostando mais forte em dois produtos que são muito importantes para nós, o javali e o peixe do rio, não quero que as pessoas cheguem e comam aquilo que podem comer num qualquer outro lugar. Seguindo esta linha de aprimorar este evento reforçamos também a animação com a presença de mais ranchos folclóricos e bandas”. Outra das apostas para a edição deste ano é a realização de uma segunda montaria, uma posta que a autarquia afirma estar em crescendo pela procura que se regista no setor cinegético por eventos deste género. “O turismo cinegético é, aliás, cada vez mais importante para nós, cada vez mais somos procurados por gente que faz caça e designadamente a caça grossa. Ainda recentemente tivemos a já habitual montaria de Trevões que, uma vez mais, foi bastante participada, é já um evento que muita gente conhece e onde muitos caçadores gostam de estar presentes, alguns até bem conhecidos do público. Este ano a Feira contará com duas montarias nos dois primeiros fins-de-semana,
é um público interessante porque após o término da montaria passam pelo espaço da feira e acabam por adquirir alguns produtos locais, fomentando ainda mais o negócio neste espaço”. Não sendo este evento a principal aposta da autarquia, Manuel Cordeiro afirma que o seu sucesso garante a continuidade do mesmo, até pelo impacto “extremamente positivo” que tem na economia local. “Este é um evento que, não sendo a nossa principal aposta, essa é a Vindouro, é para nós muito importante também pela questão económica, é um evento com muito peso na economia local pelo seu perfil, pelo dinheiro que gera nos pequenos negócios familiares que participam como expositores. O sucesso penso que está garantido até pelo feedback que os expositores nos vão dando, o evento decorre durante três fins-de-semana mas os expositores estão sempre a pedir um quarto. Numa altura em que é considerada época baixa para o turismo este tipo de organizações acabam por fazer toda a diferença”. ■
VIVADOURO FEVEREIRO 2020 11
São João da Pesqueira
Apresentação pública da nova imagem institucional do município de S. João da Pesqueira Decorreu no dia 14 de fevereiro, no Museu do Vinho de S. João da Pesqueira, a Apresentação Pública da Nova Imagem Institucional do Município de S. João da Pesqueira. Com a atual renovação da imagem, o Município de S. João da Pesqueira, pretende afirmar o território de S. João da Pesqueira cada vez mais como uma marca, com posicionamento estratégico nos mais variados sectores e voltada essencialmente para a captação de turismo e investimento para o concelho. Tornou-se por isso premente a atualização da atual imagem às novas realidades, de forma a adequar a estratégia municipal à forma como a autarquia comunica institucionalmente. ■
Município participa na essência do Vinho O Município de S. João da Pesqueira participou na Essência do Vinho, que decorreu de 20 a 23 de fevereiro, no Palácio da Bolsa, no Porto. Durante os dias do evento foram dados a conhecer no stand do “Coração do Douro”, vinhos, eventos municipais e a oferta turística do Concelho de S. João da Pesqueira. Este é o evento considerado como a principal experiência do vinho em Portugal, colocando em prova milhares de referências de todo o mundo e promovendo um programa que inclui dezenas de atividades cuidadosamente planeadas para oferecer uma experiência única a todos os que nele participam, desde os produtores aos profissionais e consumidores.Mais de 4000 vinhos de 400 produto-
res, de todo o país. Com um programa paralelo de provas temáticas e harmonizações. Realizado pela primeira vez em 2004, a Es-
sência do Vinho - Porto é uma organização da Essência do Vinho e Revista de Vinhos, em parceria com a Associação Comercial
Atletas de natação de S. João da Pesqueira em destaque A Escola Municipal de Natação de S. João da Pesqueira, participou no dia 15 de fevereiro, em Arganil, na prova do CMEN (Circuito Municipal de Escolas de Natação). Nesta prova, os atletas da EMN de S. João da Pesqueira obtiveram excelentes resultados, que vêm demonstrar o bom trabalho que tem sido desenvolvido nesta modalidade. No final, a Escola Municipal de Natação de S. João da Pesqueira obteve os seguintes lugares no pódio: João Bezerra - 1º 200B e 3º 50L Ana Beatriz Paíga - 2º nos 100C e 200B Letícia Camilo - 3º - 50L João Pinto Paíga - 3º -100C ■
do Porto. A última edição do evento recebeu cerca de 20.000 visitantes, 35% dos quais estrangeiros. ■
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Sernancelhe | Penedono
Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
Liderança(s) que afirma(m) o Douro! Dezanove municípios dão corpo à CIM Douro - Comunidade Intermunicipal. Uma CIM muito grande: No número de municípios. Na área geográfica - um território imenso! No número de distritos e, consequentemente de círculos eleitorais - quatro! Mas, também, e muito particularmente, pela grandeza do seu património - Material e imaterial! Não é preciso descrever esta que é a região mais emblemática de Portugal. Todos a conhecemos. Pela diversidade, pela força das suas marcas, pela sua indiscritível diferenciação, aliás, pelas suas indiscritíveis diferenciações. É uma região do mundo! Quiseram os Autarcas colocar na liderança desta CIM um presidente de câmara de um concelho de gentes que, embora mais situadas nas Beiras, Sernancelhe, também ajudaram a dar vida e forma ao Douro! Carlos Silva é um autarca com visão larga, o que lhe permitiu perceber que o tempo político e social exigia um modelo de liderança também ele diferenciador. Passados já dois anos e muitos meses, é bem visível o resultado. Temos agora uma região mais afirmativa, consciente do caminho comum que quer construir. Proativamente reivindicativa. Que se prepara e propõe conscientemente as opções para o seu desenvolvimento. Se olharmos atentamente vamos ver uma profunda mudança de atitudes. Uma CIM organizada, estruturada, participada e de liderança (s)! Carlos Silva, inteligentemente, trouxe todos para o topo da resolução dos problemas, deixando que, em cada caso mais específico, um ou outro elemento do conselho intermunicipal se destaque, representando todos. A região, com Carlos Silva, está a ficar ainda maior. Maior e melhor! Mais diversa mas menos dispersa. Mais homogénea, respeitando a heterogeneidade intrínseca- a que lhe dá ainda mais força e valor! O tempo cronológico vai ainda mostrar melhor o que falo. Acreditemos, muitos sabemos que é assim, de que não é fácil juntar tanta diversidade. Mas a mudança está a acontecer. A região precisa destas liderança(s) marcantes que a ajudem a uma constante afirmação. O tempo político deu-nos essa(s) liderança (s)! Nós, a sociedade civil, nas organizações, também estamos entusiasmados, motivados e confiantes! Juntos, seremos mais fortes! Para um Douro maior!
Circuito Running Wonders chega a Sernancelhe e Penedono O circuito Running Wonders contará este ano com uma nova etapa, a 7ª prova do circuito realizar-se-á entre Sernancelhe e Penedono, num percurso marcado pela autenticidade territorial. Paulo Costa, diretor da Global Sport, empresa responsável pelo circuito Running Wonders, em declarações ao VivaDouro conta que “este ano havia 73 municípios candidatos a esta nova etapa e a única certeza que tínhamos é que tinha de ser no interior profundo, era esse o objetivo”. O diretor afirma ainda que esta nova etapa foge do conceito existente, “fica fora daquilo que temos feito, fora das grandes cidades e patrimónios mundiais. Considerando que o interior é um dos nossos maiores patrimónios e estando nós empenhados em que este projeto contribua para o desenvolvimento da coesão territorial a opção recaiu sobre estes dois patrimónios”, não escondendo que a sua costela beirã e a proximidade a este território acabaram por pesar também na sua decisão, “o meu pai é de Aguiar da Beira e tenho uma forte ligação ao município de Sernancelhe e isso também teve algum peso na escolha”. A prova, que terá uma extensão de 21 quilómetros percorrerá diversos locais e aldeias dos dois concelhos tendo mesmo em alguns pontos o piso em terra batida, uma inovação neste tipo de provas. “Os atletas irão encontrar uma prova onde a autenticidade do território é sublinhada a cada quilómetro, vão encontrar aldeias belíssimas, campos cultivados, floresta, animais, etc, será uma prova especial, não temos dúvidas disso”. Paulo Costa assume ainda que esta “é uma aposta de risco, até porque são vilas com pouca população”, contudo, afirma ainda, “o envolvimento dos dois municípios onde a prova se realiza e de muitos outros envolventes irão certamente arrastar uma multidão. Esta meia maratona vai acontecer em julho, altura em que há poucas provas e isso também será uma vantagem”. Para os autarcas esta prova é também ela uma oportunidade de promover este território. Carlos Esteves de Carvalho, presidente da Câmara Municipal de Penedono assume
que esta prova “vai de encontro aos objetivos que nos levou a aceitar o desafio”. Para o autarca esta organização “mostra também que efetivamente nós somos capazes de fazer”, desafiando todos a participarem nesta etapa do circuito afirmando que este território “tem muito para oferecer a todos”. “Esta corrida não se limita a ser uma corrida de estrada, é uma corrida que vai passar no interior de algumas localidades e portanto isto dá para as pessoas se aperceberem da vivência destes territórios, na valorização do próprio património. Penso que vai ser uma iniciativa muito positiva, que estes dois concelhos, de mãos dadas, vão levar para diante, juntando e proporcionando a prática desportiva à natureza, com a preocupação de mostrar tudo aquilo que o interior tem”. A mesma ideia é defendida por Carlos Silva Santiago, autarca de Sernancelhe. “É o resultado de que o interior do país tem condições excecionais para uma modalidade amiga do ambiente. Acho que associar o interior à natureza e ao desporto é uma forma de o valorizar, por isso acho que tem todos os ingredientes para ser uma prova de sucesso”. ■
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Sabrosa
Município ajuda a promover atividades físicas em grupos de pessoas com problemas cardíacos
Município presente na FITUR, em Madrid, para discutir “A Sustentabilidade Turística Integral: 500 anos Depois”
O Município de Sabrosa assinou um protocolo de colaboração e parceria com a Fundação Portuguesa de Cardiologia, Delegação Norte, e a Fundação Patronato Santo António para promover atividades físicas em grupos de pessoas com problemas cardíacos. Com esta parceria vai ser dinamizado em Sabrosa o programa “Coração em Ação”, que tem por objetivo a promoção de ati-
Por Iniciativa do governo da Andaluzia, o município de Sabrosa, através do seu vice-presidente, António Graça, participou, no passado dia 23 de janeiro, na reunião de preparação dos “Territórios para a comemoração dos 500 anos da Viagem de Fernão de Magalhães” e do I Congreso internacional “ La Sostenibilidad Turística Integral: 500 Años Después” , que contemplará um conjunto de iniciativas no âmbito da sustentabilidade turística ligada aos locais tocados pela viagem e feito de Fernão de Magalhães, quinhentos anos depois da sua viagem. Na reunião, para além de Sabrosa, estiveram presentes representantes do Bra-
vidades físicas em grupos de pessoas com problemas cardíacos associados. Este é um programa direcionado à terceira idade, no âmbito da reabilitação cardíaca, da promoção da saúde, promovendo uma atitude ativa no combate à doença cardiovascular. Tem também por objetivo fomentar a reflexão e a ação sobre a importância do exercício físico e da alimentação num estilo de vida saudável. ■
sil, Chile, Argentina e Uruguai. Estiveram também na reunião representantes de Getaria e da Fundação RIE - Real Instituto Elcano, sendo a mesma presidida pelo vice-presidente do Governo e Conselho de Turismo de Andaluzia, Juan Marín. Presente esteve também o vinho “Fernão de Magalhães” da Adega de Sabrosa, com o qual foi feito o brinde final da mesma. O I Congreso internacional “La Sostenibilidad Turística Integral: 500 Años Después” vai realizar-se em 2021 em Sevilha com a participação de profissionais do setor do turismo espanhóis e Internacionais, privados e institucionais. ■
Chico Bernardes atuou no “Novas Canções da Montanha” do EMT
Carnaval Escolar 2020 saiu à rua com mensagem de alerta para as Alterações Climáticas
Foi no passado dia 1 de fevereiro que o jovem compositor e instrumentista de São Paulo se apresentou ao vivo no Espaço Miguel Torga, neste que foi o primeiro espetáculo da edição de 2020 do ciclo de música Novas Canções da Montanha. Chico Bernardes apresentou as canções do seu disco num espetáculo intimista com desdobramentos surpreendentes. Apesar da pouca idade do artista, o seu trabalho está carregado de grandes vivências
Aconteceu na manhã de 21 de fevereiro na vila de Sabrosa o Desfile de Carnaval Escolar 2020, que este ano trouxe às ruas uma mensagem de alerta sobre as Alterações Climáticas no planeta terra. Com a participação dos alunos do ensino pré-escolar, do 1.º ciclo e 2.º ciclo do concelho, o corso carnavalesco apresentou-se às
nas suas letras e melodias de carácter sentimental e introspetivo, que puderam ser apreciadas pelo público presente. O mais jovem integrante do clã gerado pelo cantor e compositor Maurício Pereira esteve em Portugal para um ciclo de dez concertos e o Espaço Miguel Torga foi um dos locais que o acolheu. O Novas Canções da montanha regressa no dia sete do próximo mês com o concerto de "São Pedro" ■
muitas pessoas que acorreram às ruas da vila para assistir ao mesmo com vários disfarces inspirados em quatro subtemas relacionados com o tema principal. A poluição dos oceanos, os incêndios, inundações e o degelo foram alguns dos temas em destaque, abordados com muita criatividade e que “pintaram” Sabrosa de muita cor e alegria. ■
14 VIVADOURO FEVEREIRO 2020
Régua
Cidade do Vinho encerra com apresentação da nova marca para o município “Peso da Régua, Cidade dos Vinhos do Douro” é a nova marca que o município liderado por José Manuel Gonçalves ostentará, uma apresentação que teve lugar durante a Gala de Encerramento da Cidade do Vinho 2019.
No passado dia 25 de janeiro o Auditório Municipal de Peso da Régua foi palco da Gala de Encerramento da Cidade do Vinho 2019, galardão que o concelho ostentou ao longo do último ano e que resultou num total de mais de 100 eventos, com a participação de toda a comunidade e dos diferentes agentes económicos ligados ao setor. No decorrer do evento o autarca reguense aproveitou para apresentar a nova marca da cidade, considerando que o galardão agora entregue a Pinhel foi o início de um novo futuro para a cidade e para a região. “Nós consideramos sempre que a Cidade do Vinho 2019 era por si só o inico e não o fim, portanto aquilo que fizemos enquanto estratégia foi fazer da Cidade do Vinho 2019 uma alavanca daquilo que tem que ser um projeto para o futuro. Acho que o nosso concelho Peso da Régua e o Douro, cada vez mais, tem que alicerçar a sua economia no vinho e na vinha, numa interligação e simbiose com aquilo que é a nossa paisagem, a nossa gastronomia, e a nossa historia. Tudo isto tem que estar cada vez mais interligado. Não me vou cansar de dizer que, se durante muitos anos, levamos o Douro ao Mundo, hoje a nossa ambição é trazer o
Mundo ao Douro, e este projeto insere-se nessa ideia, cada vez mais capacitar as nossas gentes e interligar todos os intervenientes deste setor. A nossa região tem que ter uma vocação cada vez mais turística. Este evento hoje encerra um ano que foi de lançamento mas iniciamos outro de imediato, com uma nova marca, Cidade dos Vinhos do Douro, que é isso que pretendemos ser, uma cidade que recebe e promove, cada vez mais, os vinhos da região no país e no Mundo. Esta tem que ser a nossa ambição futura, somos os vinhos do Douro, portanto quando as pessoas olharem para o Douro irão sempre lembrar-se de Peso da Régua. Não queremos com isto fechar-nos perante o território, queremos também ser uma alavanca para toda a região. Aquilo que é o nosso trabalho aqui, queremos que ele tenha frutos em todo o território”. Presente na cerimónia este também o Pre-
sidente da Associação dos Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), Pedro Miguel Ribeiro, que parabenizou Peso da Régua pela programação ao longo do último ano, sublinhando a criação de uma nova marca na Cidade como exemplo do potencial que as cidades vêm nesta distinção. “É um balanço extraordinariamente positivo. O município agarrou muito bem o projeto, tiveram uma enorme capacidade de desenvolver parcerias que resultaram em mais de 100 eventos num ano, é algo de fantástico e também uma demonstração clara da capacidade de trabalho dos municípios portugueses, neste caso Peso da Régua, na interação com os agentes económico-sociais, culturais e desportivos
do seu concelho, da sua região e do país. É a primeira vez que há um município do Douro a ostentar este galardão de Cidade do Vinho e isso permite uma forte promoção e valorização do território. Como podemos ver nesta gala de encerramento, isto não é o fim mas um principio de algo ainda maior, o Presidente da Câmara tomou a iniciativa de trabalhar na marca Peso da Régua – Cidade dos Vinhos do Douro. Para a AMPV isto é muito importante, que os projetos tenham continuidade, que os municípios fiquem satisfeitos com os resultados que obtiveram e que de alguma forma este galardão consiga impulsionar os municípios para algo ainda maior”. ■
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Autarquia organiza Montaria ao Javali
Armamar
No dia 29 de fevereiro a Câmara Municipal de Armamar organiza mais uma edição da Montaria ao Javali. Todos os anos são muitos os amantes de caça que fazem a sua inscrição para este dia que é também de convívio. Assim sendo, os participantes acabam por aproveitar o evento para conhecer as paisagens duriense e beirã, bem como saborear a gastronomia local. Nesta edição são esperadas dezenas de participantes. ■
“O Método de Ser Bom Aluno - Bora Lá” O Agrupamento de Escolas Gomes Teixeira de Armamar abriu portas a Jorge Rio Cardoso que conduziu uma palestra no âmbito do Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar do Município de Armamar. Nesta palestra, dirigida aos alunos do nono ano de escolaridade, o professor
deu dicas aos alunos sobre a forma de obter bons resultados escolares. Na ação, Jorge Rio Cardoso enumerou algumas bases que os alunos devem seguir para desenvolver um método de estudo adequado, nomeadamente programar o estudo, compilar apontamentos, assim como tentar recordar
Carnaval saiu à rua No dia 21, último dia de aulas antes da pausa de Carnaval, sexta feira, o tradicional desfile que comemora esta época festiva saiu à rua.
Neste corso participaram, como já é habitual, crianças das escolas e idosos das IPSS do município, dando assim lugar a uma diversão conjunta e inter-geracional. ■
o conteúdo através de diversas técnicas e, por fim, realizar questões sobre a matéria lecionada de modo a perceber se os conteúdos foram apreendidos. Ainda na ação, o professor aconselhou os alunos a serem persistentes no que diz respeito ao ensino e a nunca desis-
tirem quando aparecerem as primeiras advertências. Para além de docente, Jorge Rio Cardoso é autor de diversos livros na área da educação, como é o caso de “O Método de Ser Bom Aluno – Bora Lá”, que acabou por dar o mote a esta ação. ■
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Entrevista VivaDouro
Francisco Moita Flores: “O populismo está instalado no discurso político em geral, como o álcool está no vinho” Texto: André Rubim Rangel
Entende que o facto de ser alentejano seja uma mais-valia relativamente a outras regiões mais aglomeradas, mais urbanizadas, mais agitadas e/ou mais ruidosas paisagisticamente? Sou alentejano por nascimento. A longa vida já percorrida, tornou-
-me cidadão do Mundo. Do Alentejo habita em mim, como uma herança definitiva, a minha memória de criança, o amor pela gastronomia, as pedras, as ruas e as praças de Moura, o cantar alentejano e os meus amigos de infância. Creio que, neste momento, viver no Alentejo, em Trás-os-Montes, nas Beiras, é um ato de resistência ao abandono, à desertificação, ao envelhecimento a
que sucessivos governos votaram o interior do País. Porém, entre viver numa das duas grandes metrópoles ou numa região mais pacata, optaria claramente pela segunda solução. E se fosse natural do Douro, gostaria? Se sim, onde não se importaria de viver nessa região e porquê? O Douro é uma das minhas grandes paixões. Gostaria de viver no Vesú-
vio para todos os dias me refastelar naquela monumental paisagem que abarca as montanhas e o rio. Qual o motivo do seu primeiro romance policial, "A Fúria das Vinhas", ter como cenário nos socalcos durienses? Também conhece a região pelo seu escrito televisivo / série "A Ferreirinha". Passada mais de uma década o que está, para si, melhor e pior no Douro? A “Fúria das Vinhas” tem umas pinceladas de romance policial, no entanto, a história essencial é sobre o terrível combate que D. Antónia Ferreira travou contra a filoxera. Uma epopeia notável. Não consigo dizer se alguma coisa está pior nessa região. Quando ali entro, julgo-me sempre no Paraíso. Sem mácula. A ver pelos anos em que esteve na Polícia Judiciária (tanto como inspetor bem como assessor da Direção) era um trabalho de que gostava, daí ter regressado após dois anos de interrupção. Que razão fez com que deixasse realmente a PJ, mantendo a paixão policial nos seus livros e produções televisivas? Novos desafios. Dediquei-me à investigação científica e à ficção. Ficaram gratas recordações. Porém, fui sempre um espírito inquieto, procurando saber mais, conhecer mais. E caminhei por outras estradas, dando aulas, fazendo conferências, escrevendo ensaios e… ficção. Ainda detém a produtora multimédia e de filmes que fundou, mas não temos presenciado tantas séries ou produções suas como outrora. Tem em vista alguma grande produção para breve e sobre quê? Ou, não tendo, que conteúdos / história verídica gostaria de produzir para o grande público?
VIVADOURO FEVEREIRO 2020 17
Entrevista VivaDouro O ritmo de trabalho abrandou. A idade já é outra. Escrevi 16 séries para televisão. Seis filmes. Sete peças de teatro. Está para sair o meu décimo segundo romance e está em produção uma série que escrevi para a RTP. É muito trabalho construído e que fica como contributo para a cultura do nosso País. E em termos de livros, qual o romance que ainda não escreveu e com que sonha dar vida artístico-literária? É sempre o próximo. Não sei qual. Mas tenho a certeza de que é o próximo. É este estranho sentimento que nos motiva para escrever. Acreditar que o próximo trabalho é o mais feliz da nossa vida. Mas também sei que ao terminar uma obra, essa certeza se renova quando agarrar um novo projeto. Mas sei que tem já previsto para breve mais uma publicação sua. Pode adiantar-nos um pouco sobre essa obra? Aproveito, então, para informar que em maio sairá o meu novo romance, com o título “Os Cães de Salazar”. É uma história sobre o atentado contra Salazar, no verão de 1937. Uma história bem engraçada por sinal.
Se voltasse a ter um convite sugestivo para se candidatar / presidir a uma câmara municipal, como no passado, aceitaria? Em que moldes, por que partido e mesmo se herdasse uma dívida pesada? Como combateria isso e outros problemas administrativo-legais que enfrentam as câmaras a par das juntas de freguesias? Esse tempo acabou. Já tive convites mas acabou. Foi uma experiência datada no mundo da política. Não regressará. Como vê determinadas políticas populistas com que nos deparamos e que vai crescendo em certos agentes da sociedade, que não somente conetados com alas extremistas e/ ou esquerdistas? Hoje falar de populismo como se fosse uma arma de partidos extremistas é uma ilusão. Todo o discurso normalizado está impregnado de populismo. As exigências impostas pela revolução cibernética, devoradora de notícias, de casos, de grandes factos, de pequenas coisinhas, impuseram ritmos de imediatismo à política que vivemos com um discurso dominante que se centra na virtualidade e afasta os grandes problemas que exigem respostas de longa
duração. O populismo está instalado no discurso político em geral, como o álcool está no vinho. Contra ou a favor da eutanásia, pelo menos considera haver muitos mais contras do que prós. Como perspetiva o futuro com as recentes aprovações dos projetos de lei no Parlamento? Não sou contra a eutanásia. Nem sou a favor. Isto é, julgo que cada um tem o direito inviolável à Vida, à liberdade absoluta dentro das normas constitucionais e a esse encontro pessoal e definitivo com a sua própria morte. Não quero decidir sobre a morte de outros. Se assim o entender, quero ter o direito de decidir sobre a minha morte. Mais nada do que isto. Em termos de saúde pública - e seus sistemas de informação / comunicação - Portugal também não tem estado bem em especular demais e
anunciar suspeitos com o coronavírus, não passando disso. Para si, o que leva a esta precipitação e desestabilização geral na propagação de notícias dúbias e falsas, também provenientes dos próprios hospitais e ministério da Saúde? Há uma histeria mais ou menos manifesta em torno do coronavírus e da chegada do bicharoco a Portugal. É uma outra forma de populismo, incendiando os medos, os alertas, e as ameaças. Julgo que os discursos dos responsáveis da Saúde vão no sentido oposto. Apelando à serenidade e à confiança. Porém, o que fica é o alarido em torno dos mortos, dos contaminados. Gráficos de morbilidade e mortalidade. Enfim, uma panóplia de informação como se estivéssemos em véspera do Apocalipse. Não estamos. Veja-se como nos países europeus onde já contabilizam infetados, o sistema de controlo é tal, que não se notam sinais de alastramento. ■
18 VIVADOURO FEVEREIRO 2020
São João da Pesqueira
Esprodouro festejou o Dia de São Valentim No passado dia 14 de fevereiro, A Esprodouro – Escola Profissional do Alto Douro, festejou o dia de São Valentim com muita música, gastronomia, diversão e felicidade. Neste dia, a comemoração relacionada ao famoso “Dia dos namorados” deu lugar a um dia diferente na escola profissional, envolvendo toda a comunidade escolar. Assim, foi possível aos colegas, funcionários e professores conhecerem o trabalho desenvolvido ao longo de todo o ano. Ao longo do dia foram realizados cinco workshops, nomeadamente um intitulado “Desconstruir Sentidos”, realizado pelo projeto Pesqueira Educa, que colaborou com a Esprodouro na realização do evento. O final do dia ficou a cargo dos alunos do 2º ano de Técnico de Cozinha e Pastelaria que juntamente com o 1º ano de Técnico de Restaurante/Bar realizaram um Showcooking. Neste espaço foram
confecionados no momento diversas iguarias como sobremesas, tapas, snacks e bebidas. Durante o dia não faltaram momentos dedicados à música protagonizados por alguns alunos e membros do projeto Pesqueira Educa, assim como da Universidade da Vida Ativa (UVA) e Universidade Sénior de S. João da Pesqueira. Juntos protagonizaram uma coreografia elaborada por alunas do curso Técnico de Geriatria. A realização deste evento veio em conformidade com as linhas de ação estratégica (LAE) da Esprodouro, presentes no Projeto Educativo. Estas linhas de ação estratégica têm como objetivo envolver a família no projeto escola, visto que este envolvimento familiar no ambiente escolar proporciona segurança aos estudantes. Deste modo eles sentem-se acolhidos, encorajados e responsáveis pelos seus atos. Foram nove as Linhas de Ação Estratégica definidas como principais ações previstas para tomar decisões futuras. Em segundo lugar, estas linhas de ação estratégica passam por melhorar as infraestruturas e equipamentos da escola, dado que um bom planeamento estrutural tem grande influência no interesse dos alunos, bem como na sua mo-
Bispo de Lamego visita aldeia de Pereiros No passado dia 19 de Fevereiro, D. António Couto, Bispo de Lamego, visitou a Aldeia de Pereiros em S. João da Pesqueira. Recebido á entrada da Aldeia, pelo Pe. Manuel Ramos, Administrador Paroquial de Santíssimo Salvador de Pereiros, por representantes autárquicos, e membros do clero de Paróquias vizinhas, dirigiu- se ao Adro da Igreja onde o aguardavam, membros da Comissão Fabriqueira, da Associação dos Amigos de Pereiros e um número significativo de Pereirenses. Após o almoço no "Ernestus", D. António Couto visitou a Igreja Paroquial e de seguida dirigiu- se, em procissão, ao Cemitério da Aldeia, onde procedeu á bênção do campo sagrado. De regresso visitou as Capelas de Santa Eufémia, Senhora da Cabeça e Santa Luzia. A visita terminou com uma sessão de boas-vindas, na sede da Associação dos Amigos de Pereiros, onde o seu Presidente depois de saudar D. António Couto, descreveu sinteticamente a razão de ser da Associação, a sua atividade ao longo dos 26 anos de existência, salientando a preocupação da manutenção e preservação do património construído e imaterial, registo da história
tivação. Por fim, implementar um sistema de igualdade na diferença é uma das preocupações da Esprodouro, fazendo parte das LAE. Aos olhos da escola, o ensino deve ter uma base humanista, uma escola de todos para todos. De modo a completar a implementação das linhas de ação estratégica do Projeto Educativo da Escola Profissional do Alto Douro o estabe-
lecimento apresenta uma organização do ano letivo com 70% de aulas práticas enquadradas 70% em projetos de contexto real de trabalho, bem como a estruturação dos percursos do “perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória”. A melhoria da qualidade de vida de todo o ecossistema Esprodouro e a Cidadania transversal na escola são pontos que têm a atenção da instituição. ■
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e tradições da Aldeia, e a colaboração e ofertas á Igreja do Santíssimo Salvador de Pereiros. No final o Presidente da Associação dos Amigos de Pereiros agradecendo a visita de D. António Couto, ofereceu ao ilustre visitante, o documento/testemunho da sua presença e um conjunto de livros sobre a Aldeia, editados pela Associação. ■ PUB
INFORMAÇ O Boletim Informativo da Cooperativa Agrícola de Penela da Beira Nº 30 - Fevereiro de 2020
Trimestral
Ficha Técnica Ana Dias; Angela Martins; Igor Nora; José Angelo Pinto; José Fernando; João Pedro; Margarida Rodrigues; Maria João Gaspar, Rui Droga; Tânia Amaral
A afirmação da Coopenela João Pedro
Num Mundo global e competitivo, a concorrência entre as várias empresas pela colocação de produtos transacionáveis no mercado é bastante acesa e só é atingível com uma estratégia consciente e equilibrada. Os anos de crise internacional diminuíram muito o poder de compra das famílias e dos consumidores nacionais. Devido a essa situação, mas também por estratégia própria, a Coopenela começou a pensar cada vez mais no mercado internacional, através da participação em feiras internacionais, em visitas às instalações de clientes no estrangeiro, e isso, permitiu um aprofundamento do relacionamento comercial com esses clientes. Esse esforço financeiro, que hoje, pode ser considerado um
investimento de sucesso, tem dado muitos “frutos” nestes últimos anos. A aposta da Coopenela na qualidade, em detrimento de concorrer apenas pelo preço mais baixo, foi uma aposta ganha. Os nossos clientes estão dispostos a pagar mais, porque conhecem e preferem a qualidade dos nossos produtos em relação à concorrência. Isso também só é possível, pela qualidade dos produtos que nos entregam os nossos associados, que dispõem de vários serviços de acompanhamento e de recomendação por parte dos técnicos da Coopenela para produzirem cada vez mais e melhor, respeitando as melhores práticas culturais. Só esta articulação entre a produção e a comercialização, com a constante melhoria da organização interna e da realização de investimentos fundamen-
tais para o processamento dos produtos de forma mais rápida e com a melhor qualidade final, possibilita manter esta trajetória e crescer ainda mais no futuro. Com os mercados em constante evolução, os desafios serão muito grandes para os próximos anos. A Coopenela tem que ser capaz de trabalhar e exportar mais produtos, para novos clientes e mercados com maior poder de compra. As preocupações ecológicas e ambientais e a produção sustentável também estarão presentes cada vez mais na nossa estratégia futura. Se o mercado de castanha está relativamente bem consolidado, é necessário conseguir o mesmo para os outros frutos de casca rija. Isso é fundamental para a Coopenela pagar cada vez melhor, todos os produtos entre-
> João Pedro
gues pelos associados. O ano de 2019, foi um ano com um volume recorde de vendas dos nossos produtos. É um facto que deve orgulhar todos os diretores, colaboradores, mas principalmente, todos os associados da nossa instituição. O caminho seguido tem tido sucesso, mas temos que continuar todos os dias a tentar fazer mais e melhor em prol de todos e da nossa região.
O paradigma do consumo sustentável – O que está nas nossas mãos? Ana Dias
Encontramo-nos num momento em que somos cada vez mais confrontados com a comunicação social relativamente a fatores como a poluição, as alterações climáticas, o desperdício alimentar, a era do descartável, en-
tre outros problemas relacionados com o ambiente. Todas estas questões têm como denominador principal, mas não só, o consumo. Consumo esse que fazemos constantemente, todos os dias da semana, todas as semanas do mês e todos os meses do ano.
E então, até que ponto nos podemos culpabilizar pelos problemas decorrentes destes hábitos de consumo? A resposta está no consumo sustentável, consciente e responsável, a resposta está em tentar saber mais sobre os produtos que consumimos, sobre a forma como são produzidos e as voltas que deram até chegar até nós. É importante optar por produtos mais sustentáveis e também que voltemos a dar valor aos mercados de proximidade, às cadeias curtas e aos métodos de produção mais responsáveis como a Agricultura Biológica, um modo de produção que visa produzir alimentos e fibras têxteis de elevada qualidade, saudáveis, ao mesmo tempo que promove práticas sustentáveis e de impacto positivo no ecossistema agrícola. (Agrobio,2020). É importante fazer a economia circular, ou por outras palavras, fazer os recursos circular, garantir que o ciclo de vida dos produtos é otimizado desde a sua produção até ao fim de vida.
> Ana Dias
É importante respeitar o Ciclo dos 5Rs: Recusar – o consumo desnecessário, evitar os produtos que causem danos no meio ambiente; Repensar - sobre as condições socio ambientais em que determinado produto foi concebido; Reduzir – diminuir a produção de lixo, desperdiçar menos e consumir apenas as quantidades necessárias, reduzir a quantidade de embalagens; Reutilizar – produtos que ainda possam servir outra função; e Reciclar - aquilo que já não tiver mais utilidade mas que possa ainda dar vida a novos produtos.
Candidaturas ao Pedido Único de Ajudas (PU) de 2020 Ângela Martins
As candidaturas às ajudas incluídas no PU 2020 são pré-preenchidas com os dados existentes nas diferentes bases de dados do IFAP e são submetidas a um conjunto alargado de validações automáticas para que sejam consideradas válidas e aceites. Essas validações têm por base a informação pré-preenchida residente no Sistema de Informação (SI) do IFAP, nomeadamente aos dados pessoais e comerciais dos Beneficiários – IB (Identificação do Beneficiário), as referentes à caracterização da Exploração Agrícola, incluindo-se as Parcelas e respectivas Ocupações de Solo, armazenadas no SIP (Sistema de Identificação Parcelar) bem como os animais registados no SNIRA (Sistema Nacional
de Informação e Registo Animal). O sistema de Identificação de Parcelas (SIP, também denominado Parcelário constitui uma base de informação de referência chave, no âmbito do Sistema Integrado de Gestão e Controlo. O SIP é um sistema de informação geográfica que pretende caracterizar as explorações agrícolas em Portugal e tem como finalidades: • Apoiar os Agricultores na correta formulação dos seus pedidos de ajuda. • Prevenir a atribuição de ajudas em áreas não elegíveis (vias, áreas sociais, outras áreas não agrícola), • Prevenir a dupla declaração, isto é, garantir que não há pagamentos de ajudas para uma mesma área a mais de um agricultor, O SIP tem como objectivo a identificação do
limite das parcelas das explorações agrícolas, às quais é atribuído um número único, assim como a delimitação e classificação das ocupações de solo, permitindo a apresentação de candidaturas a Ajudas Comunitárias e a execução de Ações de Controlo. As acções a efectuar na aplicação ISIP apenas são permitidas a técnicos credenciados para o efeito. Para que as informações registadas no ISIP estejam corretas e actualizadas, compete ao Beneficiário: • Deslocar-se a uma Sala de Parcelário sempre que ocorram alterações na sua exploração; • Consultar no portal do IFAP os Documentos IE e P3 e validar a informação decorrente de actualizações internas. Através da versão pública do Sistema de Iden-
> Ângela Martins
tificação do Parcelar (ISIP) pode consultar a seguinte informação: parcelas identificadas, ocupações do solo, orto imagens, algumas condicionantes aplicáveis às parcelas e informação referente à delimitação geográfica de alguns apoios 'PDR 2020'. Estas validações nos terrenos podem ser feitas pela equipa técnica da Coopenela através da recolha de evidências de campo (fotografias), sendo as mesmas carregadas no parcelário do agricultor. Todas as visitas de campo podem ser agendadas em sala de parcelário com os técnicos, de acordo com a disponibilidade de ambas as partes. Após actualização do parcelário e aprovação de evidências de campo o pedido único pôde ser submetido sem ser necessária qualquer diligência adicional. Assim, para agilizar o processo da Candidatura ao PU 2020 sugerimos que verifique essa informação antes de iniciar a formalização da sua candidatura. O período de apresentação das candidaturas ao Pedido Único de Ajudas (PU) de 2020 decorre até ao dia 30 de abril. Não se atrase! Entregue a sua candidatura atempadamente.
As alterações climáticas e a importância das visitas de campo Margarida Rodrigues
Hoje em dia com as constantes alterações climáticas, o setor primário da Agricultura enfrenta um desafio de grandes dimensões. Os efeitos destas alterações e a necessidade de responder a estes impactos e às regras, cada vez mais exigentes, na qualidade dos produtos e na segurança alimentar estão a fazer com que os agricultores tenham de fazer alterações no processo produtivo das suas explorações. A fim de manter a agricultura e aproveitar ao máximo a rentabilidade das explorações agrícolas, o agricultor dos dias de hoje tem que se consciencializar que a adaptação a estas alterações é um foco importante para que não haja quebras bruscas na produtividade e qualidade dos seus
produtos. Para ajudar os agricultores neste processo e para ter o máximo de rentabilidade possível nas suas explorações, a Coopenela disponibiliza, diariamente, a sua equipa de técnicos para acompanhar os agricultores nas suas explorações e apoiá-los nas melhores práticas culturais para que estes possam ter as produções esperadas na melhor quantidade e qualidade possível. Assim sendo, o agricultor tem ao dispor todo o acompanhamento técnico que necessita para poder fazer as melhores escolhas e tomar as melhores decisões no processo produtivo das suas explorações. Alguns dos serviços que a Coopenela disponibiliza diariamente são: - Recolha de amostras de solo, folhas e/ou água das explorações para análise laboratorial;
- Análise dos resultados das ánalises laboratoriais e elaboração de recomendações dos produtos e quantidades a aplicar nas explorações; - Preenchimento dos cadernos de campo; - Acompanhamento dos processos de certificação de sistemas e modos de produção das suas explorações; - Visualização de possível ataque de pragas e/ou doenças nas suas explorações e recomendação das melhores práticas de prevenção e/ou tratamento; - Acompanhamento de todas as fases de desenvolvimento vegetativo e/ou produtivo; - Recomendação das melhores fertilizações a realizar de acordo com a cultura e métodos de aplicação; - Aconselhamento das melhores culturas a instalar no terreno e elaboração de projetos agrícolas;
> Margarida Rodrigues Estes serviços são apenas alguns dos que a Coopenela tem ao dispor dos agricultores. Pretendemos que o agricultor se sinta apoiado nas suas decisões e que estas sejam as mais vantajosas para ele e para as suas explorações.
O caminho da internacionalização da Coopenela Maria João Gaspar
A produção mundial de Frutos Secos de Casca Rija (FSCR) tem vindo a aumentar, esperando-se a manutenção desta tendência, motivada pelo consumo crescente destes frutos nos países desenvolvidos e emergentes. Uma evidência que sustenta este incremento, advém do facto dos frutos secos serem, comprovadamente, benéficos para a saúde quando consumidos com regularidade e de acordo com vários estudos a saúde é uma preocupação cada vez mais constante, e consequentemente, a alimentação saudável é uma tendência em crescimento. Diversos estudos referem, que em todo o mundo as classes saudáveis apresentaram o maior crescimento de vendas nas regiões em desenvolvimento entre 2012 e 2014, uma premissa que permite aumentar o alcance geográfico do mercado global dos frutos secos. Aliado à saúde, surge a consciencialização de outros tipos de problemáticas e os produtos orgânicos, naturais, de comércio justo, com certificações de origem ou qualidade, entre outros abrem várias oportunidades para os mercados alimentares. A aposta na dieta mediterrânea surge como uma oportunidade não só pelo seu carácter saudável,
mas também pelo aumento da imigração da população que a tem como base da sua alimentação, que assim introduzem esta dieta nos seus países de destino, passando estas áreas a serem afetadas por estes hábitos alimentares. Em Portugal, o setor FSCR assume especial relevância não só na sustentabilidade das economias das regiões rurais, sendo, em alguns casos, uma das principais fontes de rendimento, mas também pelo seu contributo na paisagem rural e no combate à desertificação em zonas deprimidas. A produção nacional de FSCR em 2018, de acordo com dados do INE, ocupava uma superfície de 82 717 ha, correspondendo a 60 797 toneladas, distribuídas pelas diferentes regiões agrárias. A Coopenela tem vindo a desenvolver esforços na dinamização da sua internacionalização com a candidatura a projetos que têm como objetivo a criação de dinâmicas de internacionalização de forma a aumentar e diversificar os canais de exportação, influenciando também padrões de consumo, o que irá permitir a redução/mitigação do risco de negócio. Paralelamente, a entrada em novos mercados com capacidade de expansão e com maior poder de compra irá permitir obter uma maior valorização do produto. Estes projetos irão
permitir a participação em certames internacionais da área, participação em missões internacionais aos mercados alvo, bem como em missões inversas, estratégias de grande pertinência para a promoção da cooperativa em ambiente internacional. Um fator determinante para a valorização dos nossos produtos, é reforçar a importância da certificação dos produtos, quer pelo modo de produção (ex: Modo de Produção biológica) bem como pelas suas características (ex DOP), pois a procura de produtos biológicos por parte do consumidor tem vindo a aumentar, sendo necessário explorar estes clusters de mercado. Neste âmbito a Coopenela pode ter um papel preponderante pois possui as certificações organizacionais HCCP e BRC, a certificação para a comercialização de produtos em modo de produção biológica para a Castanha, Noz e Amêndoa, com perspetivas de ser possível também para a avelã ou outros frutos que venha a comercializar, bem como a certificação para a comercialização de Castanha com a denominação DOP-Soutos da Lapa. Neste momento a exportação existente no sector está dependente de um pequeno número de compradores, estando os preços de venda sujeitos a grandes flutuações. Acresce o facto de ser necessário antecipar mo-
> Maria João Gaspar tivações reativas face ao aumento das áreas de produção de FSCR no nosso país, sendo que a internacionalização dos produtos surge como alternativa a mercados internos saturados. 1- Ramalhosa, Elsa; Cabo, Paula; Correia, Paula; Ribeiro, Carlos (2018). Frutos secos de casca rija: valorização, enquadramento e perspetivas. AGROTEC: Revista Técnico-Científica Agrícola. ISSN 2182-4401. 28, p. 63-65 2- INE (2018) Dados estatísticos de 2017.
VIVADOURO FEVEREIRO 2020 23
Alijó
Autarquia investe 800 mil euros no Santuário de Nossa Senhora da Piedade O Presidente da Câmara Municipal de Alijó, José Rodrigues Paredes, assinou no passado dia 20 de fevereiro, o contrato de adjudicação da empreitada de requalificação do acesso ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade, considerada “uma das grandes obras deste mandato”., que irá exigir um investimento de cerca de 800 mil euros, totalmente suportado com capitais próprios. “Prometi aos Sanfinenses que requalificaria o acesso da Vila até ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade. Sanfins do Douro precisava desta obra há muito tempo e estamos agora a dar um passo fundamental no cumprimento deste objetivo”, sublinhou José
Rodrigues Paredes, ao VivaDouro. Esta obra exige um investimento muito significativo por parte do Município de Alijó que vai avançar, mesmo sem financiamento comunitário. “Não foi possível encontrar
Comitiva de Espanha e Lituânia em Alijó
Uma comitiva de professores de escolas de Espanha e da Lituânia e de representantes do município lituano de Prienai foram recebidos no passado dia 19 de fevereiro, no Salão Nobre da Câmara Municipal. O grupo passou três dias em Alijó onde discutiu boas práticas na área da Educação, trocou experiências e teve ainda oportunidade de conhecer um pouco melhor o concelho. Este encontro realizou-se no âmbito do Erasmus+, um projeto de cooperação organizado pelo Agrupamento de Escolas D. Sancho II, em parceria com o Município de Alijó. Durante a receção oficial, o Presidente da Câmara Municipal, José Rodrigues Paredes, deu as boas vindas aos dois grupos e desejou reuniões profícuas. Os representantes das escolas espanholas
e lituana agradeceram a hospitalidade e simpatia com que foram recebidos, assim como o empenho de todos os parceiros, em especial do Agrupamento de Escolas D. Sancho II e do Município de Alijó. Os dois grupos de Prienai e de Segura de León participaram em várias reuniões de trabalho e assistiram a aulas desenvolvidas pelos professores portugueses. O programa de três dias incluiu ainda a visita a vários locais de interesse turístico do concelho. O grande objetivo deste projeto, subordinado ao tema “Modern Methods of Learning/Teaching and Assessment - A Way to Individual Progress”, é verificar o impacto da implementação de metodologias ativas e formas diferenciadas de avaliação na aprendizagem da matemática. ■
fundos comunitários para comparticipar esta obra, mas não deixamos que isso que nos impedisse de cumprir este compromisso que é essencial para o desenvolvimento de Sanfins do Douro”, explicou. Após a assinatura do contrato, a Presidente da Junta de Freguesia de Sanfins do Douro, Carla Miranda, lembrou que “esta era uma obra esperada pelos Sanfinenses há muitos anos” e acrescentou que “o dia 20 de fevereiro de 2020 que nunca será esquecido”. O projeto foi apresentado à população há cerca de um ano, tendo depois sido lançado o concurso de seleção do empreiteiro, que decorreu dentro dos prazos legais. O contrato de adjudicação assinado será agora submetido ao visto do Tribunal de Contas, após o qual será feita a consignação. A empreitada prevê a requalificação total dos acessos da Vila de Sanfins do Douro ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade, a reabilitação
das capelinhas ao longo do percurso e a criação de um novo miradouro com vista para noroeste. “Vamos melhorar as condições de acesso, de modo a criar uma maior atratividade. O Santuário tem potencialidades soberbas em matéria de turismo religioso, paisagístico e cultural que não podem ser esquecidas e que temos de explorar”, acrescentou. A intervenção vai incluir o alargamento da via, de modo a permitir a circulação de veículos pesados de passageiros. “Era uma aspiração antiga da população que vamos concretizar”, garantiu o Presidente da Câmara. Está prevista também a execução de muros de suporte à via e de contenção de taludes, passeios, substituição da iluminação pública existente por iluminação LED, rede de águas pluviais, colocação de bebedouros e mobiliário urbano e ainda pavimentação total da via. A empreitada tem um prazo de execução de 18 meses. ■
Palestra a pessoas com deficiência O Teatro e Auditório Municipal de Alijó recebeu no passado dia 20 de fevereiro, a palestra “Medidas de apoio ao emprego para pessoas com deficiência e incapacidade”, dirigida a empresários, dirigentes associativos, técnicos da área social e autarcas. A sessão de abertura contou com a presença da Vereadora da Ação Social, Mafalda Mendes, do Presidente da Associação 2000 de Apoio ao Desenvolvimento (A2000), António José Ribeiro, e da diretora do Centro de Emprego de Vila Real, Doroteia Abraão. Durante a sessão, foram apresentadas as medidas nacionais de emprego direcio-
nadas para as pessoas com deficiência e incapacidade, da responsabilidade do Instituto de Emprego e Formação Profissional, bem como os serviços de acompanhando e trabalho desenvolvido pelo Centro de Recursos para a Inclusão Profissional da A2000. No encontro foram ainda apresentados testemunhos de entidades inclusivas e clientes integrados. A iniciativa foi promovida pela A2000, com a colaboração do Município de Alijó e do Centro de Emprego e Formação Profissional de Vila Real. ■
24 VIVADOURO FEVEREIRO 2020
Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária
Cancro: Factos reais Dia 4 de fevereiro foi o Dia Mundial Contra o Cancro e, como tal, este mês damos especial atenção a este tema que cada vez mais temos presente no nosso quotidiano, seja nas nossas casas, no seio das nossas famílias ou pessoas próximas, como na comunicação social. O cancro tem início nas células; estas são o ponto de partida para todos os órgãos do nosso corpo: crescem e dividem-se para formar novas células, que no seu conjunto constituem os tecidos, que por sua vez constituem os órgãos. As células vão envelhecendo e morrem, sendo substituídas por novas células. Este processo cíclico por vezes sofre alterações, e formam-se células novas sem que as velhas tenham morrido. Este conjunto de células extra forma um tumor. Mas, nem todos os tumores correspondem a cancro. Há tumores benignos que dificilmente colocam a vida em risco, normalmente podem ser removidos e, muitas vezes regridem. As células deste tipo de tumores, apesar de crescerem não se “espalham”, não se disseminam para outros tecidos. Os tumores malignos são o cancro. São mais graves e podem mesmo colocar a vida em risco. Muitas vezes podem ser removidos, mas podem voltar a crescer. As células deste tipo de tumores podem invadir e danificar os tecidos circundantes e ainda, “espalhar-se” pela corrente sanguínea ou sistema linfático, chegando assim a outros órgãos, onde formam novos tumores (mestastização). Qualquer pessoa, até mesmo uma criança, pode desenvolver cancro, no entanto, há fatores de risco comuns, como por exemplo: tabaco, luz solar, radiação ionizante, determinados químicos e outras substâncias, alguns vírus e bactérias, consumo de álcool, maus hábitos alimentares, falta de atividade física ou excesso de peso. Ao longo da nossa vida devemos ter o cuidado de diminuir o mais possível a exposição aos fatores de risco. Apesar de tudo é importante ter em conta que nem tudo provoca cancro: o cancro não é causado por uma ferida ou inchaço; não é contagioso, embora estar infetado com um vírus ou bactéria pode aumentar o risco para alguns tipos de cancro. Todos estamos sujeitos a fatores de risco, no entanto, nem todos vamos desenvolver a doença, há pessoas que são mais sensíveis que outras. O plano de tratamentos para esta doença depende do estadio da doença e do tipo de cancro. O objetivo pode ser curar a pessoa ou, em alguns casos, controlar a doença, reduzindo sintomas o maior tempo possível. Em ambos os casos pode passar por cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia; em alguns casos, envolve também transplante e terapêutica hormonal e biológica. Normalmente o cancro tem melhor prognóstico se detetado precocemente, portanto é fundamental que adira aos rastreios aconselhados pelo seu médico/enfermeiro de família. E ainda, não adie a ida aos serviços de saúde se notar em si algum sintoma sugestivo de doença. Muitas vezes o diagnóstico precoce determina o bom prognóstico da doença. Prevenção e deteção precoce, são dois conceitos que devemos ter presentes se queremos ser agentes ativos na luta contra o cancro!
Freixo de Espada à Cinta
Município vai “reerguer”quatro torres do castelo medieval O município de Freixo de Espada à Cinta vai "reerguer" quatro torres de 25 metros no antigo castelo medieval, numa obra que pretende "demonstrar a imponência" daquele monumento nacional, anunciou a presidente da Câmara. "Vamos demonstrar a imponência do antigo castelo, com a construção de quatro torres, em aço ‘corten’, com cerca de 25 metros de altura. As torres assentam nas fundações medievais colocadas a descoberto por uma equipa de arqueólogos", afirmou à comunicação social a presidente, Maria do Céu Quintas. A valorização daquele espaço junto à antiga fortaleza datada do século XIII faz parte de um conjunto de obras de requalificação urbana do centro histórico da vila transmontana, orçadas em 1,9 milhões de euros. "Trata-se de uma zona nobre da vila e que tem sido muito esquecida e que agora está a ser requalificada. Trata-se de uma zona de muralhas, junto à Torre do Galo e ao cemitério. Esta intervenção vai permitir aos visitantes dar uma volta de cerca de 300 metros pelas antigas muralhas do castelo", disse a autarca. Vão ser construídas quatro torres, sendo que três são de formato octogonal, idênticas à "emblemática" Torre do Galo, um ex-líbris de Freixo de Espada à Cinta, e uma torre de menagem de formato quadrado.
Apesar das obras de requalificação estarem muito próximas do cemitério municipal, a autarca deu a garantia de que "ninguém mexe naquele espaço". "Apenas os acessos ao cemitério e área envolvente serão intervencionados. Junto ao perímetro de muralhas vai-se criar uma área visitável, que vai destacar a importância do castelo e do emblemático freixo, árvore, que deu o nome à vila, até à igreja matriz de traça manuelina", explicou Maria do Céu Quintas. A autarca disse que “as sondagens arqueológicas vão acompanhar a evolução das obras de requalificação do centro histórico”, para assim melhor se compreender o passado. Durante cerca de dois anos, os arqueólogos procuram descobrir o perímetro das muralhas, que deverá rondar os cerca de 300 metros e que, ao que tudo indica, era composto por oito torres de menagem, sendo considerado pelos especialistas como um castelo "opulento" para a região de fronteira. Segundo o arqueólogo João Nisa, para além de contribuir para a defesa do invasor castelhano, o Castelo de Freixo de Espada à Cinta tinha por missão defender o percurso da travessia do rio Douro, feita através de uma barca que fazia a ligação transfronteiriça com o reino de Castela. A candidatura para a execução destas obras foi efetuada a fundos comunitários através do Programa Operacional Regional do Norte 2020. De acordo com a Direção Geral do Património Cultural, o Castelo de Freixo de Espada à Cinta, classificado como monumento nacional desde 1910, é uma das mais antigas fortalezas transmontanas, estando documentado desde praticamente o século XII e antecedendo, por isso, o fenómeno de vilas novas criadas por D. Afonso III e D. Dinis. ■
VIVADOURO FEVEREIRO 2020 25
Carrazeda de Ansiães
Carnaval das escolas
Petizes visitam biblioteca
No passado dia 21 de fevereiro realizou-se o carnaval das escolas. Foi um dia onde as crianças desfilaram com muita alegria e folia. Manteve-se assim a tradição, onde os mais jovens demonstraram as suas fantasias e adereços adequados à época festiva. A agricultura foi um dos temas escolhidos, destacando-se a apanha da azeitona; o Alto Douro Vinhateiro, com os trabalhos da vinha, desde a poda até
Nos dias 13 e 14 de fevereiro, os alunos do Pré-escolar da Santa Casa da Misericórdia de Carrazeda de Ansiães, estiveram na Biblioteca Municipal onde participaram numa atividade de promoção do livro e da leitura dinamizada pela Biblioteca municipal. Trata-se de um momento em que pretendemos dinamizar e animar uma pequena história, que serve de base à realização de um pequeno atelier, relacionado com a história lida. O livro escolhido desta vez e aconselhado
à vindima; os espantalhos, que espantam as aves para não comerem o cereal. Este desfile dá continuidade à tradição e desperta a criatividade nas crianças, fazendo com que se integrem nas tradições culturais do território. Este desfile faz parte do programa festivo que o Município de Carrazeda de Ansiães proporciona aos seus munícipes e visitantes. ■
pelo Plano Nacional de Leitura foi: “O que é o Amor?” de Davide Cali e com ilustrações de Laura Cantone. É um livro que nos leva na aventura e na descoberta da palavra AMOR. Esta história foi contada às crianças de uma forma dinâmica e divertida, ao mesmo tempo mostravam-se as ilustrações da mesma. Todos os meninos interagiram de uma forma muito entusiasta ao longo deste conto infantil. No final da leitura da história decorreu um atelier de pintura - um Coração. ■
Ação de sensibilização para alunos do 1º ciclo
Município esteve presente na feira caça e turismo
O Destacamento Territorial da GNR de Mirandela através da Secção de Policiamento Comunitário e Prevenção Criminal (SPCPC), juntamente com a GNR de Carrazeda de Ansiães, os Bombeiros Voluntários e a Câmara Municipal, realizaram hoje uma ação de sensibilização no Agrupamento de Escolas de Carrazeda de Ansiães, subordinada ao tema “Número de telefone de emergência único europeu 112”. Esta ação de sensibilização foi destinada aos alunos do 1º ciclo e teve uma primeira parte
O Município de Carrazeda de Ansiães esteve presente na XXIV Feira da Caça e Turismo em Macedo de Cavaleiros, entre os dias 30 de janeiro a 2 de fevereiro, para uma ação de divulgação e promoção das potencialidades turísticas do Território de Carrazeda de Ansiães. A Feira da Caça e Turismo é um evento com atividades permanentes, que incluem exposição e prática da Falcoaria, prática do tiro
teórica em salas de aula, e uma segunda parte prática, com demonstração de meios ativados através do número de emergência 112. Para além da demonstração de meios, realizou-se uma simulação prática, na qual os alunos precisaram de recorrer ao número de emergência 112. A atividade teve como missão dar a conhecer a existência, a aplicabilidade, o funcionamento e o modo de utilização do número de emergência 112, bem como os meios que são acionados através da marcação do mesmo. ■
com arco e besta, Exposição de Fauna Viva de Espécies Cinegéticas, Parque Aventura, passeios a cavalo e momentos de animação cultural, bem como um conjunto de iniciativas diversas, que passam pelas montarias, raides turísticos, Copa Ibérica de Cetraria (Santo Ambrósio), corrida de galgos, prova de beleza de cães de gado transmontano, trial todo-o-terreno, passeio BTT Terras de Cavaleiros, entre outras. ■
26 VIVADOURO FEVEREIRO 2020
Reportagem VivaDouro
Vinho do Porto: Brexit deixa Empresas do setor estão expectantes sobre o futuro do comércio de Vinho do Porto com o Reino Unido (RU) numa altura em que as negociações com a União Europeia (UE) já se iniciaram devendo estender-se por todo o ano de 2020.
Texto e fotos: Carlos Almeida
A saída do Reino Unido da União Europeia é uma realidade desde o dia 1 de fevereiro, com a confirmação do Brexit vieram também algumas incertezas em especial no que diz respeito às trocas comerciais entre os países da união e o país de Sua Majestade, deixando os responsáveis das empresas de Vinho do Porto apreensivos quanto ao futuro. Contudo há também um sentimento de alguma esperança em que as partes consigam chegar a um entendimento que seja favorável a todas as partes, fundamentado no relacionamento histórico da Grã-Bretanha com este produto. Contactada pelo VivaDouro, a líder de mercado Symington Family Estates considera ser ainda “prematuro comentar o impacto do ‘Brexit’ no setor dos vinhos do Porto e do Douro”. “A única certeza que existe é que o Reino Unido formalizou a sua saída da União Europeia no dia 31 de janeiro de 2020. Seguir-se-á , tudo indica, pelo menos um período de 11 meses de negociações entre o Reino Unido e a União Europeia para definir o futuro relacionamento entre ambos. Ou seja, só quando essas negociações ficarem concluídas será possível saber, em concreto, quais os efeitos reais e potenciais sobre o nosso setor“, afirmou a direção da empresa. Com um posicionamento importante a Symington Family Estates afirma ainda que se manterá atenta ao desenrolar das negociações acreditando que o bom senso das partes prevalecerá, não só para o bem do setor mas também para a defesa dos interesses dos países mais pequenos da EU. “É evidente que temos acompanhado com muita atenção os desenvolvimentos nestes últimos três anos. O Reino Unido é um mercado muito importante, não só para a Symington Family Estates, mas para todo o setor dos vinhos do Porto e do Douro. A evolução das nossas vendas no mercado do Reino Unido tem sido favorável
(embora com alguns desafios) nos últimos anos e mantemo-nos otimistas quanto ao futuro. Acreditamos no bom senso de todas as partes envolvidas e na vontade de se chegar a um entendimento que continue a privilegiar o bom relacionamento comercial em todos os domínios e que, no quadro das negociações, se garanta que os interesses de todos, nomeadamente dos países mais pequenos da União Europeia, sejam defendidos e não sacrificados em nome de interesses maiores”. Expectante nas negociações está também a Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) que, na voz da diretora executiva Isabel Marrana que assume que a associação irá “acompanhar de perto” a evolução das negociações admitindo que “podem correr bem ou mal”, mas confessa-se “muito confiante nas ligações histórico-culturais” que o vinho do Porto tem com o Reino Unido. “Acho que o vinho do Porto até pode ser um facilitador para outras discussões noutros produtos. Se estivesse a vender tomate pelado ou frutícolas estava mais preocupada, porque não era um mercado maduro, porque não tinha as tradições que tem, porque não tinha empresas que são inglesas a vender para lá. Apesar de tudo, dentro da imprevisibilidade, estamos com o melhor contexto possível. As empresas líderes de mercado são inglesas, portanto os protagonistas que vendem o Vinho do Porto são, de facto, empresas inglesas, o que facilitará certamente”, afirmou. Em posição mais confortável está a Real Companhia Velha, a empresa criada em 1756 não tem neste momento no Reino Unido uma grande expressão, a aposta em outros mercados garante, por agora, uma certa tranquilidade. “No que diz respeito à Real Companhia Velha o mercado britânico não é prioritário em termos de valor ou volume, não temos uma posição forte nesse mercado o que faz que não estejamos demasiado preocupados com o Brexit. Se uma situação destas se registasse na Alemanha, por exemplo, onde aí sim, somos líderes de mercado, a situação
seria mais preocupante”, afirma Rui Soares. O responsável da empresa lembra, contudo, que um possível decréscimo no mercado britânico poderá ter consequências para a Real Companhia Velha se as empresas afetadas começarem a procurar novos mercados. “Do ponto de vista do setor, obviamente que esta é uma situação que nos preocupa. É sabido que o mercado inglês é importante para o setor, até pela ligação histórica que existe, portanto, qualquer coisa que possa perturbar o mercado preocupa-nos. Efetivamente se houver uma baixa no mercado britânico certamente que as empresas irão reagir tentando encontrar outros mercados para os seus produtos e aí pode-nos provocar mossa nos mercados em que nós atuamos. Ou seja, no nosso caso a nossa preocupação com o Brexit não é o mercado em si mas nas consequências que daí podem advir para outros mercados”. Confraria do Vinho do Porto expectante Estabelecida com o propósito fundamental de “ difundir, promover e consolidar o nome do Vinho do Porto em todo o Mundo”, a Confraria acolhe no seu seio, pessoas e entidades que pela sua atividade na produção e exportação de Vinho do Porto, bem como pela sua ação, reputação e serviços em favor do Vinho do Porto, contribuem para o seu conhecimento e prestígio da sua imagem. George Sandeman, atual Chanceler da confraria, em declarações ao VivaDouro, começa por assumir que a organização “não é política” e que por essa razão “não faz declarações políticas”, contudo afirma que a organização olha para o Brexit “como olha a maior parte do mundo, menos aqueles que votaram no “Sim” à saída, como uma certa confusão”. “A Confraria tem a missão de manter as tradições do Vinho do Porto e promover novas formas das pessoas o apreciarem. Ainda recentemente foi discutido que a Confra-
ria não tem feito nenhuma missão a Inglaterra como temos feito à China ou ao Brasil, por exemplo, a realizar-se uma missão ela só acontecerá lá para 2021 ou início 2022, quando as coisas estiverem mais calmas. Temos de olhar para o futuro com algum otimismo, é esse também o nosso papel olhando ao Vinho do Porto”. O chanceler não acredita que o Vinho do Porto seja uma moeda de troca nas negociações entre a UE e o Reino Unido lembrando, contudo, que o Brexit pode trazer alguns problemas como é o caso das denominações de origem e os atrasos na entrada de produtos naquele país devido à existência de fronteiras físicas. “As negociações entre Inglaterra e a UE vão levar algum tempo e eu não acredito que o Vinho do Porto funcione como uma moeda de troca, isso dar-nos-ia um estatuto artificialmente importante até porque os grandes negócios estão no setor bancário, nos serviços ou nos automóveis, por exemplo. No que diz respeito a bebidas alcoólicas, o Reino Unido também quer que a europa continue a importar o whisky que produz. Um problema que pode surgir é a questão das indicações geográficas, se o RU irá, no futuro, respeitar essas indicações. Tudo dá a entender que sim mas nas negociações com os EUA pode começar a importar “Port”. Contudo, eu acredito que o consumidor inglês distingue bem entre o Vinho do Porto e uma coisa que tenta usar esse nome, não acho que as pessoas vão alterar os seus hábitos para comprar um vinho mais barato. Outro problema que pode existir é o tempo que os produtos poderão demorar a entrar no mercado britânico devido à existência de fronteiras. No caso do Vinho do Porto esta situação não é tão grave como em alguns produtos perecíveis como as frutas ou as hortaliças, por exemplo. Contudo há já algumas empresas a enviarem o Vinho do Porto por via marítima para alguns portos na costa este, como Bristol, por exemplo, que são menos usados e podem demorar menos tempo. Isto pode ter impacto nos custos ao consumidor final e não tenho dúvidas vão querer que
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setor apreensivo
> George Sandeman - Chanceler da Confraria do Vinho do Porto
o produtor assuma uma parte desse valor para ter acesso ao mercado”. Governo com mensagem de “relativa tranquilidade” Em declarações exclusivas ao VivaDouro, o Secretário de Estado para a Internacionalização, Eurico Brilhante Dias garante que o governo está relativamente tranquilo quanto ao futuro no que diz respeito à exportação de Vinho do Porto para o Reino Unido. “A nossa mensagem é de relativa serenidade. Mesmo num cenário de indefinição como o que se viveu no ano passado, quando a saída do Reino Unido da União Europeia era uma possibilidade presente, a exportação portuguesa de vinho para o Reino Unido cresceu 3,0% face ao ano anterior, tendo atingido 77,7 milhões de euros - o equivalente a 9,5% das exportações portuguesas totais de vinho e 2,13% das exportações totais portuguesas de bens para o Reino Unido. O Vinho do Porto (engarrafado), com um peso de 57,3% das exportações globais de vinho para o Reino Unido, foi o principal tipo de vinho exportado para o mercado britânico, com 44,5 M€, tendo as vendas aumentado 8,0%, comparativamente a 2018. O Reino Unido foi o 2º principal mercado cliente de Vinho do Porto, com uma quota de 14,2% nas exportações totais de Portu-
> Isabel Marrana - Diretora executiva da AEVP
gal do produto. Por fim, é importante referir que Portugal foi, no ano transato, o 11º fornecedor de Vinho do Reino Unido, com uma quota de 1,9% nas respetivas importações totais”. O governante garante ainda que Portugal, juntamente com os restantes países-membros da União Europeia, estão empenhados a levar as negociações com o governo britânico a bom porto, evitando assim a aplicação de taxas aduaneiras a diversos produtos, entre eles o Vinho do Porto. “A União Europeia pretende que o acordo sobre a relação futura com o Reino Unido assente numa lógica de zero tarifas e zero contingentes pautais. Isto é, se vingar aquele que é o cenário ideal para a UE (e para Portugal também), os fluxos de comércio entre o Reino Unido e os Estados-membros da UE poderão continuar a fazer-se sem que os custos aduaneiros aumentem. O Reino Unido é um cliente histórico para o Vinho do Porto. Não é expectável que tenha interesse em dificultar as importações deste produto, onerando-as com tarifas. A título de exemplo, veja-se que, em 2019, o Reino Unido publicou um “regime tarifário temporário” que seria aplicado no caso de saída da União Europeia sem acordo (que acabou por não se verificar). Nesse regime, 87% dos bens a importar pelo Reino Unido ficariam isentos de tarifas, e o vinho não se encontrava entre os 13% de bens que ficariam sujeitos a
Reportagem VivaDouro
direitos aduaneiros. Mesmo que não se atinja o modelo de acordo ideal para a UE (e para Portugal), há margem para crer que as exportações de vinho do Porto para o Reino Unido não serão necessariamente penalizadas”. Uma das preocupações do Governo, garante Eurico Brilhante Dias, é assegurar a proteção das Indicações Geográficas de diversos produtos como é o caso do Vinho do Porto. “Do mesmo modo, a UE tem muito presente a necessidade de garantir tanto os termos de acesso ao mercado como a proteção adequada das Indicações Geográficas como o vinho do Porto. Este interesse é prosseguido por um conjunto de Estados-membros que Portugal integra, com outros como França, Espanha, Itália ou Grécia, que insistem na necessidade de não se descurar a proteção das IG. Nesse contexto, é importante salientar que está já salvaguardado que o Reino Unido continuará a dar proteção, no seu território, às IG europeias atualmente existentes (o que inclui o vinho do Porto), bem como àquelas que venham ainda a ser reconhecidas até ao final de 2020. Para que não haja dúvidas, este não é um aspeto que esteja dependente da negociação sobre a relação futura entre a União-Europeia e o Reino Unido que irá ter lugar durante este ano”. O Secretário de Estado garante ainda que, no caso de haver uma forte quebra no comércio com o Reino Unido, o Governo tem já preparado um fundo de 50 milhões de euros como resposta. “O Governo aprovou, em janeiro do ano passado, o Plano de Preparação e de Contingência para a saída do Reino Unido da União Europeia. Entre as medidas previstas nas várias dimensões do relacionamento com aquele país, houve uma preocupação particular com os potenciais impactos na relação económica bilateral. Foram reforçadas as equipas dos postos consulares e da Embaixada no Reino Unido (incluindo com elementos da AICEP e do Turismo de Portugal) e, para reduzir possíveis constrangimentos de acesso ao mercado, entidades públicas e privadas, como a AICEP, o IAPMEI, a Autoridade Tributária e diversas associações empresariais têm vindo a promover iniciativas de sensibilização e capacitação dire-
> Jason Owen - Importador britânico
cionadas às empresas portuguesas que exportam ou pretendem exportar para o Reino Unido. Foi ainda criada uma linha de crédito, num montante global de 50 milhões de euros, para colmatar as falhas de mercado identificadas nas operações de financiamento a realizar por empresas com exposição àquele mercado e que comprovem necessidades de financiamento (investimento ou fundo de maneio) relacionadas com estratégias de resposta ao Brexit”. Importadores e consumidores confiantes Presentes num dos maiores eventos de vinho do país, a Essência do Vinho, estiveram diversos importadores e consumidores britânicos de Vinho do Porto que, apesar de ainda nada estar definido, se mostraram confiantes no futuro das relações entre Portugal e o Reino Unido. Jason Owen é um Neozelandês a viver em Londres há 12 anos, importador e comerciante de vinhos assume que o Brexit não o preocupa quando se fala de Vinho do Porto, o mesmo não acontece com outros tipos de vinho como os espumantes, por exemplo. “O Vinho do Porto tem uma grande vantagem neste caso, é um vinho que só se pode produzir numa região em todo o mundo, é um produto único e com o qual os britânicos têm uma relação muito próxima por isso não acredito que haja qualquer dificuldade na sua importação, nem sequer prevejo que vão existir qualquer tipo de taxas para este produto. Já no caso de outros vinhos, como os espumantes, por exemplo, a situação é diferente, Inglaterra já produz alguns espumantes e por aí pode existir uma vontade de proteger um pouco mais o seu produto aplicando taxas aos que são importados, aumentando assim o seu preço ao consumidor final”. O empresário assume ainda que para os ingleses seria “impossível viver sem Vinho do Porto, é uma das bebidas mais procuradas em todo o país”. “A história, a herança que temos deste vinho é muito grande e certamente que será para continuar durante muitos anos”, conclui. Também Jennifer Robinson demonstra a mesma confiança à nossa reportagem. Para esta consumidora seria “uma tragédia” não ter Vinho do Porto em Inglaterra. “Não imagino esse cenário, temos uma ligação tão forte com este vinho que já faz parte da nossa cultura e das nossas tradições”. ■
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Eduardo Graça Presidente da Direcção da CASES
2020 – Ano promissor para a economia social A CASES, dez anos após a criação, prossegue a sua atividade tendo sido aprovado o Plano de atividades e orçamento para 2020. Sabemos que muitos ainda não entenderam que a CASES é uma cooperativa de interesse público, ou seja, uma “parceria público social” que reúne o Estado e seis entidades da economia social. Desempenha nalgumas áreas, como no setor cooperativo e no voluntariado, funções de autoridade de Estado o que não é posto em causa pela participação das entidades não públicas, pois o Estado dispõe de maioria no capital social. Adiante. Para 2020 destaco a orientação de reforçar a promoção, divulgação e capacitação da economia social, preferencialmente, através das entidades que desenvolvem a sua ação no seio das comunidades, mais próximas do terreno (cooperativas, mutualidades, fundações, associações, misericórdias, mais de 5 000 delas com estatuto de IPSS.) Assinalo algumas prioridades da atividade da CASES para 2020: - Reforço da promoção da prática de voluntariado e dos instrumentos de medida públicas existentes, através do apoio à elaboração de projeto de reforma da legislação de enquadramento do voluntariado e a concretização de um plano específico de divulgação da plataforma Portugal Voluntário. - Operacionalização da Base de Dados Permanente das Entidades da Economia Social instrumento revelante para um conhecimento público alargado do setor da economia social para lá do seu contributo na construção de uma nova edição da Conta satélite da Economia Social, com base em dados de 2019. - Continuidade de adoção de medidas para a melhoria contínua e aperfeiçoamento dos instrumentos, medidas e ações destinados ao setor cooperativo, tais como a manutenção de desenvolvimento da plataforma de credenciação das cooperativas permitindo modernizar o modelo de credencial, a ampliação e diversificação da informação acerca do setor, seu tratamento e divulgação (incluindo e edição das “Cem maiores cooperativas com dados de 2019”). - Reforço da divulgação e das condições de desenvolvimento do Programa Nacional de Microcrédito, através da conceção e concretização de uma campanha de divulgação do Programa e do reforço da Rede de Entidades Credenciadas para Prestação de Apoio Técnico, tendo em vista aumentar o número de candidaturas validadas e posteriormente aprovadas por instituições de crédito. - Por fim, nesta breve síntese, o apoio à preparação da presidência portuguesa da UE, que decorre no primeiro semestre de 2021, através, designadamente, da organização de um evento relevante na área da economia social. Estamos convictos que 2020 será um ano de forte consolidação da economia social, através das suas entidades, um setor que deve ser mais conhecido e reconhecido pois contribui fortemente para a coesão social, para a criação de riqueza (3% do VAB) e de emprego remunerado (6,1%) no nosso país.
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30 VIVADOURO FEVEREIRO 2020
Lamego
Wine & Music Valley regressa às margens do Douro com “mudanças e surpesas” As datas para a segunda edição do Wine & Music Valley já são conhecidas, o festival realiza-se a 11 e 12 de setembro no Cais Comercial de Cambres, em Lamego, a confirmação foi dada no decorrer da apresentação pública do evento na Xantar, Feira Internacional de Turismo Gastronómico em Ourense, Espanha.
Depois do sucesso da primeira edição, com mais de 17 mil pessoas a passarem pelo recinto, para este ano a organização promete “algumas mudanças e surpresas” mantendo a aposta nos vinhos, marca distintiva deste festival. A primeira mudança é a alteração dos dias em que o evento se realiza, este ano a organização optou pela sexta feira em vez do domingo. “Apesar do sucesso no ano passado, percebemos que as pessoas, gostando muito do dia de domingo, teriam preferido que o festival se realizasse sexta e sábado. Segunda feira é dia de trabalho e por isso achamos que teria mais recetividade assim, permitindo que mais gente, de todo o mundo, venha aproveitar o festival”, afirma Pedro Ribeiro, um dos promotores. Esta alteração, em conjunto com as imagens agora apresentadas e a promoção internacional fazem com que Manuel Osório, outro dos promotores do evento, aposte nas 20 mil pes-
> Pedro Ribeiro, António Alves da Silva, Luís Pedro Martins e Manuel Osório
soas para esta edição. “No ano passado, sendo um evento novo, faltavam imagens do que é este festival com aquela envolvência das vinhas do Douro, vendíamos apenas uma ideia. Este ano há imagens que são um fator diferenciador para conseguirmos atrair ainda mais gente. Também não é por acaso que estamos a fazer esta apresentação aqui, este é um mercado muito importante para nós. Na Galiza os hábitos são muito semelhantes aos nossos e pensamos que podem ir por aí abaixo e visitar a nossa região nessa altura. Todos estes fatores juntos fazem-nos acreditar que este ano atingimos as 20 mil pessoas. O recinto também será ligeiramente maior, é uma vantagem daquele espaço, dá hipótese
de crescimento, no ano passado apenas utilizamos um terço do espaço disponível”. Quanto a nomes que passarão pelo palco nas margens do Douro a organização confessa que “vários nomes têm sido falados, contudo não existe por agora nada em concreto”. A aposta nos vinhos continuará a ser marca distintiva deste festival, aposta essa que será reforçada este ano aumentando o número de produtores presentes. “À imagem do que já aconteceu no ano passado, estamos neste campo a trabalhar próximos com o IVDP, que percebeu desde logo a mais valia deste evento para os produtores. Foi um desafio para nós ter que agradar não só ao público como também aos produtores, em especial com resultados concretos da sua presença, e penso que isso foi conseguido, razão pela qual este ano pensamos que vamos conseguir chegar aos 100 produtores. O público terá assim de provar e conhecer ainda mais vinhos do Douro, é também para isso que existimos, para promover a região e os nossos vinhos”, afirma Manuel Osório. Presentes nesta apresentação pública da edição 2020 do Wine & Music Valley estiveram também Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal e ainda António Alves da Silva, vice-presidente da autarquia lamecense. Para o autarca, receber este evento no seu concelho é “um orgulho” até porque, como lembra, “o município de Lamego esteve envolvido neste projeto logo desde o início, não numa vertente financeira mas como anfitrião deste festival que leva o Douro ao mundo. Lamego aqui é um nome, não me farto de o dizer, este festival é em Lamego mas é um festival para o Douro e para o Mundo. Temos
muito orgulho que ele seja realizado no nosso território, temos muito orgulho de ter estado na sua criação, de o termos acolhido e de o acolhermos quantas vezes forem necessárias. Salientamos que é um festival de vinho, numa época de vindimas e que nada melhor para visitar o Douro que fazê-lo durante as vindimas”. Por sua vez Luís Pedro Martins sublinha a aposta feita “desde a primeira hora” pelo TPNP neste evento destacando a importância de iniciativas do género na promoção da região, dentro e fora de portas. “Este festival foi uma aposta de Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte logo no início do meu mandato, e foi um risco. Decidimos apostar neste festival por termos tido também a sorte de encontrar um conjunto de promotores que permitiu que nós participássemos na elaboração do conceito e julgo que com a nossa participação conseguimos criar um posicionamento muito interessante para o festival, é o primeiro festival que alia apenas música e vinhos, no Douro, em época de vindimas rodeado pelas margens do Douro. Conseguimos atrair cerca de 84 produtores e esperávamos cerca de 5.000 pessoas, vieram 17.500. Penso que hoje é uma aposta ganha e eu não tenho a menor dúvida que este evento vai ser um evento marcante da região, que veio para ficar porque o ambiente que se vive é absolutamente extraordinário. Temos a sorte de estar numa região com um microclima singular, são noites de fim de verão fantásticas no Douro com um copo de vinho a mão a ouvir músicos excelentes como Brian Ferry, Xutos e Pontapés, Mariza, Seu Jorge, e tantos outros que passaram por aquele palco. É muito importante referir que há outros eventos importantes na região, nomeadamente ali bem perto, na Régua, temos um outro festival que é o Douro Rock, um festival também muitíssimo interessante, aliás eu acho que os dois podem ser trabalhados em conjunto, um mais ligado ao vinho, o WMV, e o Douro Rock mais ligado às questões do território, são dois grandes eventos de música que se podem complementar um ao outro”. O presidente do TPNP conclui ainda que o sucesso do Wine & Music Valley é o resultado da união de um conjunto de entidades e interesses da região. “Eu acho que quando nós nos unimos conseguimos de facto fazer do melhor que há e eu não tenho a menor duvida que estamos a produzir eventos que serão marcas internacionais e da mesma forma como sei que quem vem a este tipo de eventos, vem e fica fidelizado ou pelo menos se não ficar fidelizado, porque não quer voltar àquele destino, vai fazer aquilo que é muito importante no marketing que é a recomendação”. ■
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Região
Prodouro promove debate sobre problemática da mão de obra na região A Associação dos Viticultores Profissionais do Douro (ProDouro) vai organizar, no próximo dia 20 de março, um debate subordinado ao tema “Mão de obra no Douro Vinhateiro”, no Auditório Municipal de Sabrosa. A falta de mão de obra no Douro é um tema que, não sendo novo, tem ganho destaque nos últimos anos em especial nas épocas de maior necessidade como as vindimas mas não só. Ao longo do ano são já vários os relatos de situações em que as empresas se deparam com esta falha o que leva a sucessivos atrasos em alguns trabalhos agrícolas como confirma Rui Soares, da ProDouro, à nossa reportagem, reforçando que este problema ultrapassa já a fronteira do setor afetando outras áreas como o turismo, por exemplo. “A falta de mão de obra é um problema que existe, vivemos com ele no dia a dia, o que
temos de fazer é encontrar soluções para o resolver. Este não é um problema apenas da época da vindima, vai-se sentido ao longo do ano, obviamente que durante a campanha se nota mais. Mas não é apenas na agricultura, no ano passado, já durante o verão, a Quinta das Carvalhas inaugurou uma esplanada que acabou por não funcionar por falta de pessoal. É um problema abrangente a diversos setores na região, e é essa discussão alargada que pretendemos fazer, obviamente focando sempre no setor vitícola que é aquele que nos interessa diretamente. Para quem não conhece a região isto até pode parecer uma mentira, para quem conhece e trabalha aqui sabe que não é”. É com o objetivo de “discutir o tema” e fazer “um ‘brainstorming’ reunindo o maior número de opiniões possível” que a ProDouro organiza este debate, afirma o presidente associativo. O evento, com início marcado para as 14:00H, será composto por dois momentos: “na 1ª parte temos uma apresentação com intervenções dedicadas ao tema em debate por parte da ProDouro e alguns convida-
dos que são prestadores de serviços agrícolas da região, mas também prestadores de serviço nacionais a trabalhar no estrangeiro, em Bordéus, por exemplo, e empresas multinacionais que prestam serviço em Portugal, com trabalhadores estrangeiros”, desta forma Rui Soares garante ser possível “abranger as diferentes visões do mesmo problema. Para nós era muito interessante conseguir recolher o depoimento deles porque é uma experiencia testemunhada por portugueses que nasceram cá, mas que são emigrantes em França e que aí se estabeleceram profissionalmente No fundo os problemas, os desafios que nós temos hoje em dia, certamente eles já passaram ou estão a passar, não sabemos bem, queremos ouvir o testemunho deles, saber da boca deles quais são as dificuldades como é que as contornaram. De certa maneira tentar aprender com eles a forma de resolvermos os nossos problemas”. Na segunda parte será dada a palavra a quem quiser intervir, iniciando-se o debate. Apesar do foco da discussão estar centrado na viticultura, Rui Soares garante que este é
um debate abrangente a todo o setor agrícola da região. “Como associação ligada à viticultura esse será o nosso foco, contudo, sabemos que os problemas são transversais e portanto ao tratarmos e ao debatermos os problemas da agricultura também podemos olhar para o exemplo da fruticultura ou do olival, por exemplo”. Confirmados para este debate estão já dois nomes, Miguel Martinho Afonso e José Sanfins, dois portugueses de sucesso em França e que darão o seu testemunho à plateia. Miguel Afonso é dono da empresa de prestação de serviços vitícolas P.S.T.T. VITI e vitivinicultor (Chateau Martinho). Foi figura destacada em setembro de 2019 pela revista francesa LE POINT. José Sanfins é o conceituado diretor do Chateau Cantenac Brown, Bordéus. A família Sanfins é proprietária do Chateau du Moulin (Medoc) e Chateau Chantelune (Margaux). A moderar o debate estará ainda o jornalista e diretor do jornal Público, Manuel Carvalho. A entrada é livre e aberta a todos que queiram participar mas de inscrição obrigatória limitada aos lugares disponíveis no auditório. ■ PUB
32 VIVADOURO FEVEREIRO 2020
Sernancelhe
Gastronomia e folclore: a ruralidade mostrou-se em A sétima edição do Festival das Sopas e Encontro de Ranchos, em Sernancelhe, ficou uma vez mais marcada pelo sucesso com milhares de visitantes no Exposalão onde foram confecionados mais de cinco mil litros de sopa. Texto e fotos: Carlos Almeida
O frio típico desta época do ano convida à degustação de pratos quentes e confortantes para o estômago e a alma, entre eles a sopa é um dos mais tradicionais e, em Sernancelhe, ela chegou pela mão de 18 associações locais que confecionaram milhares de litros, com sabores distintos, ricos em produtos endógenos, condimentados com cultura, tradição e as marcas autênticas da identidade sernancelhense. Entre as diversas sopas algumas apresentam nomes bem sugestivos como a sopa dos Namorados, à Pica-Peixe, da Banda, Dourada, de Feijoca à Zebreira, à Pescador, da Aldeia, de Perca à Binante, e de Carrapatos. Outras levam-nos para os sabores tradicionais como o caso da sopa de Peixe, de Gravanços com Bacalhau, de Javali, de Castanha, de Feijão Vermelho, de Cogumelos Silvestres, à Lavrador ou de Cebola. Todas elas confecionadas com ingredientes trazidos pelas associações participantes, dando a provar aos visitantes sopas originais, que resultam do somatório dos sabores da terra ao saber, passado de geração em geração e que, caso agora não fossem impulsionados com iniciativas como o Festival de Sopas, corriam o risco de se perder. Para Armando Mateus, vereador da autarquia sernancelhense, esta sétima edição do Festival das Sopas fica marcada
pelo sucesso, espelhado na forte afluência que se registou e do trabalho das diferentes associações e instituições que nele participaram. “O balanço desta 7ª edição é muito positivo tendo mesmo ultrapassado todas as nossas previsões quanto à adesão, na forma como funcionou e como todas as associações se dedicaram, uma vez mais a este evento”. Para o responsável autárquico, este evento é demonstrativo das capacidades do interior, não só na questão da organização mas tam-
bém na riqueza dos produtos endógenos que caracterizam esta região. “O Festival das Sopas é sem dúvida um espelho de uma aposta para o interior. Este tipo de eventos são uma forma de apresentarmos os nossos produtos endógenos, que sublinham a nossa diferenciação. A forma como aqui se apresentam as nossas tradições e a nossa cultura é também uma resposta para combater as questões do interior. Resumidamente temos aqui a diferenciação, a agregação e a união, mostrando todo o potencial humano. É um evento
que responde à problemática das questões do interior”. A par da sabedoria gastronómica de cada associação, o evento contou com a etnografia, trazida ao Exposalão de Sernancelhe por ranchos de Gouveia, Ponte de Lima, São Brás de Alportel, Trofa, Viseu, São Mamede Infesta, Ílhavo, Guimarães, Penedono, bem como os do concelho, numa demonstração da cultura de várias províncias históricas de Portugal como Beira Alta, Beira Litoral, Douro Litoral, Minho e Algarve. ■
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Sernancelhe
Sernancelhe
César Lourenço – Presidente da Associação de Caça e Pesca de Sernancelhe Neste evento estão representadas todas as associações mais significativas do concelho, e nós, como associação ligada à cinegética decidimos trazer a sopa de javali. Este tipo de eventos são importantes para afirmar o mundo rural e a sopa é um elemento essencial que nos remete para uma época em qua havia muitas dificuldades e as pessoas juntavam o pouco que tinham para a fazer criando um prato de sustento. A nossa associação participa neste evento desde o seu início, é também uma forma de mostrarmos a importância que tem.
João Aguiar – Presidente da ACIS Para este festival decidimos trazer a Sopa à Lavrador, uma das mais típicas da nossa região. Para além de mostrarmos os nossos empresários consideramos que também é importante mostrar os excelentes produtos que temos na nossa região e esta sopa reúne esses elementos: a couve, a carne e o feijão.
Vítor Rebelo – Associação Cinco Reis de Gente A sopa que nós trazemos é uma sopa de gravanços com bacalhau, é uma sopa que Aquilino Ribeiro, natural da nossa freguesia, retrata na obra “Cinco Reis de Gente”. É uma sopa fácil de confecionar, no fundo é uma sopa de grão-de-bico com bacalhau. O nosso objetivo aqui é também divulgar aquilo que nós temos de bom nas nossas freguesias, nas nossas aldeias, porque esse vai ser no futuro o motor que vai cativar as pessoas a virem cá e visitar. Nós temos produtos de excelência, temos é que também saber divulga-los e este é um bom evento para poder divulgar aquilo que melhor temos cá.
Custódia Anunciação – visitante Eu sou de um concelho vizinho, São João da Pesqueira e vim porque as minhas amigas me tentaram. Chegamos há pouco e ainda só provei uma sopa, a de peixe, que gostei muito. Considero que este tipo de eventos são importantes porque é uma maneira de dar-mos a conhecer os produtos da região.
34 VIVADOURO FEVEREIRO 2020
Vila Real
UTAD e AEPGA realizam inseminação artificial em Burras de Miranda Num estudo realizado pelo Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (HVUTAD) em parceria com a Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA) e o Centro de Reprodução Animal de Vairão, (CRAV), com o apoio da Direção Geral da Agricultura e Veterinária (DGAV), foi feita a aplicação de inseminação artificial em 12 Burras de Miranda com sémen refrigerado proveniente de seis garanhões do Burro de Miranda. O estudo decorreu nas instalações do HVUTAD, durante os meses de junho e julho de 2019, tendo como responsáveis Ana Celeste Martins-Bessa e Miguel Quaresma, médicos veterinários deste hospital, tendo também participado 10 estudantes do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária da UTAD. Neste estudo, “pioneiro em Portugal”, foram obtidas oito gestações, correspondendo a uma “taxa de sucesso de 66% à primeira tentativa”, resultados considerados “muito encorajadores” para a aplicação desta técnica, afirma Miguel Quaresma, do HVUTAD. A refrigeração de sémen de asininos e a posterior aplicação em Burras de Miranda, permitirá que “fêmeas em zonas remotas, longe de burros machos em atividade reprodutiva possam ser inseminadas e ficar prenhas ajudando, assim, a preservar a raça do Burro de Miranda”, salientam os investigadores.
A gestação das fêmeas, que tem a duração de 370 dias, está a ser acompanhada pelo HVUTAD e pela AEPGA, tendo-se verificado apenas a perda de uma das gestações, sendo considerado “normal”. A inseminação artificial de algumas burras em Portugal, com sémen fresco, já tinha sido realizada pela AEPGA, pelos médicos-veterinários Miguel Nóvoa e Belén Leiva, com a colaboração Miguel Quaresma, do HVUTAD, em anos anteriores, com suces-
so. Em 2018, com o apoio da DGAV, a equipa do CRAV, coordenada por António Rocha, havia já efetuado estudos preliminares que permitiram identificar o potencial de alguns machos reprodutores para a produção de sémen refrigerado com uma durabilidade superior a 36 horas. O presente estudo deu continuidade a este trabalho, tendo a inseminação com sémen refrigerado sido efetuada de forma sistemática e num maior número de fêmeas.
Este estudo, realizado e enquadrado no Serviço de Reprodução Animal (SERA) do HVUTAD, permitiu também estudar o comportamento e fisiologia reprodutiva desta raça, tendo sido recolhidos “dados úteis para maximizar a eficiência reprodutiva”. O Burro de Miranda é uma raça que ainda “está em risco de extinção”, já que apenas existem cerca de 700 fêmeas, número inferior ao recomendado pela FAO para a preservação de uma raça, que é de 1000. ■
Ponto de Encontro OLX chega a Vila Real Uma parceria entre o site OLX e a CBRE, gestora do Nosso Shopping, resulta na criação de um Ponto de Encontro OLX para a troca mais segura de produtos transacionados através da plataforma.
O receio na hora de efetivar um negócio feito online é real e por vezes pode mesmo fazer com que este não se realize, foi por esta razão que a plataforma digital criou os “Pontos de Encontro”, locais específicos, em espaços públicos onde comprador e vendedor se podem encontrar de forma segura para concretizarem a negócio. “Faremos uma aposta ainda maior na temática da segurança e, mais do que isso, pretendemos afirmar-nos como formadores / educadores
em matéria de transação digital. Um dos maiores obstáculos à realização destes negócios via internet é precisamente o receio inerente ao momento efetivo da troca. Pensando nisto, lançámos esta iniciativa dos ‘pontos de encontro’ que, de resto, queremos dar seguimento ao longo de 2020”, afirma explica Andreia Pacheco, Brand Manager do OLX em Portugal, em comunicado enviado às redações. Para João Guedes, Marketing Manager do Nosso Shopping, este “é mais um serviço
que corresponde aos objetivos de dar uma resposta cada vez mais alargada às necessidades expetativas dos clientes”. “Apesar de este ponto de encontro estar localizado num espaço público como o Nosso Shopping, a sua localização é discreta o suficiente para que as pessoas possam realizar a sua transação em segurança. Tem ainda um ponto de acesso a eletricidade para que, caso desejem, possam testar os equipamentos”, conclui João Guedes. ■
VIVADOURO FEVEREIRO 2020 35
Tabuaço
Rijomax nas 7 Maravilhas da Cultura Popular A Câmara Municipal de Tabuaço candidatou o Rijomax às 7 Maravilhas da Cultura Popular, iniciativa que, acredita, poderá contribuir para a notoriedade daquele que é já um dos ex-libris do concelho de Tabuaço no que toca ao turismo. A estratégia de promoção e divulgação defendida pela Câmara Municipal relativamente ao Rijomax foi o principal motivo que levou o Município a aderir uma vez mais a uma edição das 7 Maravilhas, desta vez da Cultura Popular. O Rijomax entrou na categoria dos “Artefactos”, tendo ainda o Município aproveitado outros grupos, nomeadamente, Festas e Feiras para destacar o S. João de Tabuaço, Lendas e Mitos para dar a conhecer a admirável história de Maria Coroada e o Cisma da Granja do Tedo e, também da mesma freguesia, na categoria de Procissões e Romarias, a Via-sacra.
“O que candidatamos são algumas das grandes referências da nossa cultura e dos nossos costumes”, afirma Carlos Carvalho, presidente da Câmara e promotor desta candidatura, ressaltando ainda que “nem sempre se ganha, é verdade, mas ao candidatarmos o que de melhor temos, de alguma forma, e sempre pela positiva, sempre divulgamos, promovemos e damos a conhecer o que, só por aí, acaba por valer a pena”. O Rijomax já está a ser alvo de uma significante intervenção que, numa primeira fase, contemplará o trabalho de conservação e restauro do relógio que começou a ser construído em 1945 e demorou 28 anos até à sua conclusão. Posteriormente será aplicado um tratamento de desinfestação por anoxia de azoto, em bolha e, finalmente, será relocalizado no Museu do Imaginário onde, em ambiente propício, se evitará a sua fotodegradação. Esta primeira fase de trabalhos decorre na Loja Interactiva de Turismo onde dois técnicos de conservação e restauro do Museu do Douro já deram início aos trabalhos. As 7 Maravilhas da Cultura Popular são uma iniciativa que pretende valorizar e reconhecer o património cultural material e
imaterial das várias regiões e localidades do país, contribuindo para a diferenciação e promoção territorial contemplando várias categorias. Esta é a segunda vez que a Câmara Municipal adere às 7 Maravi-
lhas, tendo numa primeira feito uma candidatura na edição dos Doces de Portugal. A primeira fase de candidaturas decorre até 01 de Março de 2020 sendo depois divulgada a lista de 21 candidatos por distrito. ■
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36 VIVADOURO FEVEREIRO 2020
Região
Porto e Norte com recorde de turistas em 2019 O Porto e Norte atingiu, em 2019, o recorde absoluto de turistas com mais de 10,7 milhões de dormidas na região, registando um crescimento histórico de 9,7 por cento, o maior a nível nacional. Para o presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Luís Pedro Martins, “este resultado é motivo de grande satisfação, nomeadamente pelo facto de ser conhecido no mês em que a direção da TPNP está a comemorar o seu primeiro ano de mandato”. Por outro lado, “representa o sucesso do trabalho que tem sido desenvolvido por todos os players, que têm sabido aproveitar as enormes potencialidades desta região. Estamos todos de parabéns, entidades públicas e privadas do setor”. Luís Pedro Martins realça, contudo, que “o recorde registado em 2019 não significa que está tudo feito, longe disso, é antes um fator motivacional para todos”.
“Temos de continuar a aposta na promoção, no investimento na sustentabilidade económica, cultural, social e ambiental do turismo na região, na criação de condições que permitam aumentar a estada média e o número de turistas que vão para além dos grandes centros urbanos, nomeadamente para o interior”, acrescenta. Ainda no que toca às dormidas, no mês de dezembro, o Norte foi, a seguir aos Açores, a segunda região que mais cresceu (+12,3%), concentrando 18,9 por cento do total de dormidas a nível nacional, resultado apenas superado pela Área Metropolitana de Lisboa. Em 2019, a região Norte sobressaiu, também, com o maior crescimento do número de dormidas de não residentes (+12,3%), demonstrando a crescente atratividade deste destino. No total, foram registadas mais de 6,4 milhões de dormidas de não residentes entre janeiro e dezembro. No conjunto do ano de 2019, destaque ainda para o aumento das dormidas no município do Porto, que teve um crescimento de 10,9 por cento, representando 6,5 por cento do total de dormidas a nível nacional. Neste particular, o mercado interno cresceu 1,7 por cento e os mercados externos aumenta-
ram 13 por cento. Entre os municípios mais representativos no total nacional, Matosinhos sobressaiu com a maior quota de residentes (60,2%), seguindo-se Braga (51,8%). Realce, ainda, para o facto de a região Norte ter sido, juntamente com o Algarve, a única que registou ligeiro crescimento da estada média (+0,2%) durante o mês de dezembro. Em termos de proveitos nos estabelecimentos de alojamento turístico, dezembro foi, na generalidade do país, um mês positivo, com o indicador do rendimento médio por quarto disponível na região Norte a situar-se nos 27,2 euros, ou seja, o terceiro maior a nível nacional. Já no que se refere ao rendimento médio
por quarto ocupado, o valor ascendeu a 71,9 euros na região Norte, apenas atrás de Lisboa e Madeira. No conjunto do ano de 2019, os proveitos totais a Norte aumentaram 13,9 por cento. Atendendo à concretização do Brexit, em 31 de janeiro de 2020, o INE faz, ainda, uma análise ao comportamento do mercado britânico nos últimos sete anos, com especial enfoque em 2019. O estudo conclui que aquele mercado registou, no ano passado, aumentos, praticamente, em todas as regiões de Portugal, destacando-se o facto de o maior crescimento ter ocorrido no Norte (+19,2%), seguindo-se a Área Metropolitana de Lisboa (+5,7%). ■
Reposição do “selo à cavaleiro” nas garrafas de Vinho do Porto é motivo de petição O Observatório do Vinho do Douro e do Porto vai lançar uma petição pela reposição do “selo à cavaleiro”, um selo de garantia que era obrigatório colocar no gargalo das garrafas de vinho do Porto até 2018. “Foi um erro económico gravíssimo porque permite confundir o Vinho do Porto com o vinho licoroso. Permite criar uma confusão muito grande no consumidor”, a afirmação é de Albino Jorge, da Quinta da Boeira e um dos membros fundadores do Observatório, em declarações à agência Lusa. A petição nacional “Salvem a genuinidade do vinho do Porto e Douro” é a primeira ação desenvolvida pela recém-criada associação, que nasceu com o objetivo de “defender o vinho do Douro e do Porto” e quer contrariar a “falta de representatividade da lavoura duriense” no conselho interprofis-
sional do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP). Durante 80 anos e até 2018, o vinho do Porto só podia ser comercializado exibindo no gargalo da garrafa o respetivo selo de garantia, aprovado e emitido pelo IVDP. Nesse ano, o Governo decidiu tornar facultativa a colocação do clássico selo de cavaleiro no gargalo das garrafas, que pode, agora, ser colocado no contrarrótulo. Quase dois anos depois, o observatório avança com uma petição, que já está a ser divulgada, e que defende a “revogação imediata do decreto-lei 06/2018”. Este tema mereceu a atenção do Observatório porque, reforçou o responsável, “muitos importadores e clubes do vinho do Porto em vários países começaram a reagir com preocupação ao aparecimento no mercado das garrafas sem selo, permitindo a sua confusão com outras marcas de vinhos licorosos”. Albino Jorge disse que esta mudança “foi um tiro no pé” que Portugal deu e descreveu que se trata de uma “alteração à fachada” da garrafa de vinho do Porto. Acrescentou ainda que o abaixo-assinado
pretende ser uma “chamada de atenção” que será, depois, entregue no IVDP. “Considerando que no conselho interprofissional estão representados lavradores exportadores bem como a Associação de Exportadores de Vinho do Porto (AEVP), facilmente se constata que não existe real representatividade da lavoura duriense caso contrário legislação como esta não passaria”, afirmou. O texto do abaixo-assinado defende que “este selo de garantia é um sinal distintivo que certifica a autenticidade do vinho do Porto” e “se a garrafa não tiver selo de garantia no gargalo é difícil para o consumidor a distinguir o vinho licoroso do vinho do Porto”. Refere ainda que o decreto-lei “ignora a faculdade visual e distintiva do selo, tratando-o como um simples elemento do domínio da segurança, pese embora o facto do ‘selo à cavaleiro’ ser um símbolo dos vinhos da Região Demarcada do Douro”, tratando-se “da identidade visual, não de uma mera tecnicidade”. “Não é pelo facto de ser produzido por uma qualquer prestigiada marca que lhe
confere o estatuto de vinho do Porto. É por ser produzido na primeira região vinícola demarcada e regulamentada do mundo”, sublinha a petição. O Observatório de Vinho do Douro e do Porto é uma associação sem fins lucrativos, tem sede em Vila Nova de Gaia e vai reunir pela primeira vez no dia 09 de março. ■
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Região
Empresas, estudantes e emigrantes vão ter apoios para ficar no interior Programas “Trabalhar no Interior” e “+CO3SO” destinam-se a contrariar a falta de emprego e de oportunidades, «um dos constrangimentos» destes territórios O Governo vai abrir os cordões à bolsa para atrair pessoas para o interior e dar até um máximo de 4.827 euros aos trabalhadores que decidam deixar o litoral para se fixarem nos territórios de baixa densidade. Também os estudantes que estejam a terminar a formação e queiram iniciar a sua vida profissional no interior vão contar com um apoio financeiro direto, gerido pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Estas e outras medidas constam do programa “Trabalhar no Interior”, apresentado pelo primeiro-ministro na segunda-feira, em Bragança. Quem decidir trabalhar no interior pode contar, à partida, com uma ajuda base de 2.600 euros, podendo atingir o máximo de 4.827 euros mediante as despesas de instalação e transporte e o número de membros do agregado familiar. Entre as várias linhas de financiamento está a comparticipação, durante três anos, no salário dos trabalhadores para empresas do interior que criem novos postos de trabalho, no âmbito de um novo aviso “+ Coesão Emprego”, um programa gerido pelo Ministério da Coesão Territorial que apoia o pagamento de salários por parte de empresas que contratem no interior. Os estágios profissionais no interior terão também uma majoração de 10 pontos na comparticipação da bolsa pelo IEFP, assim como a majoração em 20 por cento do prémio-emprego (conversão do contrato de estágio em contrato sem termo). O Governo quer ainda apoiar os emigrantes que queiram regressar e fixarem-se no interior. Estas medidas destinam-se a contrariar a falta de emprego e de oportunidades, «um dos constrangimentos» destes territórios, segundo o Governo. “Estes dois programas agem nessas duas dimensões: uma, dirigida às empresas, o ‘+CO3SO’, que apoia a criação de postos de trabalho, outra, o ‘Trabalhar no Interior’, que se dirige às pessoas”, disse o primeiro-ministro em Bragança. António Costa esclareceu que os incentivos contemplados nestes programas também se destinam a quem já vive no interior, destacando que a estratégia passa por “medidas muito dirigidas às empresas” e não outros tipos de incentivos. A sessão contou com a participação das ministras do Trabalho, Solidariedade, e Segurança Social, Ana Mendes
Godinho, e da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, bem como da secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira. “+CO3SO” tem 426 milhões de euros Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, adiantou que o objetivo dos dois programas é “atrair pessoas e empresas para o interior e valorizar aquelas que já cá estão”. Nesse sentido, o “+CO3SO” – que se lê “Mais Coeso – pretende contribuir para a promoção de emprego qualificado, de inovação e de transferência de tecnologia entre empresas e centros de conhecimento. Prevê avisos dedicados ao interior do país e adaptados às especificidades destes territórios. Segundo a governante, “no seu conjunto e nesta primeira fase”, este programa “vai disponibilizar uma verba de 426 milhões de euros, com um impacto estimado de 665 milhões de euros de investimento e a criação direta de cerca de 4.200 postos de trabalho”. A primeira fase do “+CO3SO” incide sobre quatro áreas, Para o Emprego há 240 milhões de euros de fundos europeus, destinados a criar mais de 3.800 novos postos de trabalho. Os apoios consistem na comparticipação integral de custos diretos com os postos de trabalho criados, onde se incluem remunerações e despesas contributivas, bem como um apoio adicional de 40 por cento para financiar outros custos associados. Para a Competitividade, estão disponíveis 186 milhões de euros dos Programas Operacionais Regionais e do Compete 2020. Nesta área o Governo estima um investimento total de 465 milhões e a criação direta de 424 postos de trabalho. Já para o Conhecimento e o Digital estão reservados 50,5 milhões de euros, num investimento total de 76 milhões de euros, prevendo-se a criação de 424 postos de trabalho. “Trabalhar no interior” com incentivos para pessoas e empresas O programa “Trabalhar no Interior” foi apresentado por Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Além dos apoios para quem tenha um contrato de trabalho que implique mudança de residência para o interior e para os estudantes que iniciem a sua vida profissional na região, está prevista, na área da formação profissional, a flexibilização das regras relativas ao número mínimo de alunos por curso e vão abrir 13 Centros Qualifica no interior. O programa inclui ainda incentivos às empresas para a contratação, com majorações especiais de 25 por cento no âmbito do Contrato-Emprego. Já no programa “Regressar”, os emigrantes que decidam voltar para Portugal terão uma majoração do apoio em 25 por cento caso
optem por se fixar no interior – que poderá assim chegar a 7.679,18 euros. Para facilitar a mudança será também lançado o programa “Habitar no Interior”, para criar redes
de apoio locais e regionais para o “Chave na Mão”, que vai incentivar projetos-piloto municipais destinados ao arrendamento a custos mais acessíveis. ■
Março é o mês do teatro em Alfândega da Fé Em março Alfândega da Fé abre, uma vez mais, portas ao teatro com quatro peças num festival dedicado à arte da representação. A Casa da Cultura Mestre José Rodrigues vai ser palco de dramas, comédias e, este ano, de uma Revista à Portuguesa. O Festival de Teatro vai já na XI edição e conta com a participação de companhias de teatro de todo o país. De destacar a participação do TAFÉ, escola municipal de teatro, criada no âmbito de uma estratégia cultural mais vasta, que tem como umas das suas premissas a aposta na formação e na valorização de talentos locais (de todas as idades) e que agora consolidada se apresenta cada vez mais e melhor dentro e fora do concelho. A primeira peça sobe a palco no dia 1 de março, uma tragicomédia “Pas de Deux” da Companhia de Teatro Experimental do Nordeste, baseada na obra “Nada de Dois”
(2009) de Pedro Mexia, consultor para a cultura da Casa Civil do Presidente da República e que integra o painel do programa Governo Sombra, citando apenas duas das suas muitas ocupações. No dia 9, “Frei Luís de Sousa” um clássico português de Almeida Garrett, encenada pela Companhia de Teatro Filandorra, apresenta-se dedicada sobretudo ao público escolar, pois consta do plano curricular da disciplina de português. A 15 acontece a estreia da comédia “O Negócio”, do TAFÉ, uma peça cheia de peripécias apresentadas pelos atores alfandeguenses. Para fechar, uma revista à portuguesa. Dia 29, concebida e encenada pelo ator Carlos Areia, “Quero ir prá ilha” é espetáculo de verdadeiro entretenimento, muitas gargalhadas e muita música, a não perder. ■
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Opinião
O Futuro do Douro também passa pelo conhecimento
António Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD
Os problemas socioeconómicos do Douro são bem conhecidos e estão caraterizados no estudo encomendado pelo IVDP à UTAD “Rumo Estratégico para o Setor dos Vinhos do Porto e do Douro”. Atendendo aos desafios e oportunidades com que se defronta o Douro, bem identificados no mencionado estudo, tornar o Douro mais inovador, competitivo e sustentável, exige uma abordagem sistémica em matéria de investigação, de inovação e de formação em toda a fileira e atividades de suporte. É evidente que é fundamental prestar especial atenção à viticultura e enologia, economia e turismo, marketing e
comunicação, cultura, sem esquecer as alterações climáticas, as dinâmicas demográficas e de mão-de-obra. O estudo avança mesmo com uma proposta de ações, no sentido de potenciar a capacidade e competitividade do setor e do território. Este tema deveria merecer melhor atenção pelos decisores políticos, numa altura em que se definem estratégias para aumentar a execução dos programas regionais do Portugal 2020 de 30 para 50% até ao final do presente ano e em que se anunciam e desenvolvem iniciativas visando preparar o futuro programa comunitário. O impulso anunciado pelo governo
na execução dos fundos comunitários inclui projetos inovadores de empresas que pretendam desenvolver a atividade em regiões de baixa densidade e, em menor dimensão, projetos para atividades de investigação e desenvolvimento tecnológico. Se concretizada, a medida parece ir no sentido da competitividade e da coesão. A aposta na inovação é determinante para a competitividade de regiões como o Douro, em especial nas fileiras de maior valor acrescentado. De igual modo, é vital apostar na valorização do conhecimento, potenciando as instituições de ensino superior. A sustentabilidade económica, social
e ambiental do território passa pela aposta no conhecimento, devendo incluir programas de I&D e de capacitação de infraestruturas científicas em áreas com impacto no desenvolvimento do território. Deste modo, será possível potenciar um programa estruturado de desenvolvimento, de inovação e de empreendedorismo com impacto potencial em áreas estratégicas. A competitividade e coesão do Douro passam, indubitavelmente, pela aposta no conhecimento. Caso contrário, o futuro da região continuará em causa e, certamente, as assimetrias em relação ao país vão continuar a aumentar.
Um trabalho continuo para o reforço internacional das marcas Porto e Douro do Vinho do Porto, a mais importante marca de Portugal no mundo! É, por isso, com orgulho, mas também com grande responsabilidade, que diariamente trabalhamos para garantir a autenticidade e qualidade dos vinhos do Porto e do Douro e com grande motivação para reforçar um caminho de evolução e de inovação. Evolução no investimento efetuado na promoção das marcas Porto e Douro que, em 2020, Gilberto Igrejas terá um crescimento de 61%, com novas ações no mercado nacional Gilberto Igrejas e em mercados internacionais, que Presidente do Instituto dos vão aumentar o seu número, poVinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP) tenciando o consumo informado e a promoção dos vinhos do Douro e do Porto, apoiando a internacioRegião Demarcada do Douro, a nalização da marca Portugal e dos mais antiga Região Demarcada e seus agentes económicos. Regulamentada do mundo, origem Exemplo disso será a criação de um
Manual das Marcas Porto e Douro, capaz de direcionar e garantir consistência na apresentação das respetivas mensagens estratégicas, valores e fatores de diferenciação, constituindo um documento vital na estratégia promocional a implementar. De igual importância será a realização do congresso “Porto & Douro: Memória com Futuro” que irá projetar-se como um acontecimento científico e cultural que lançará no futuro as memórias seculares da Região Demarcada do Douro. Terão, ainda, continuidade importantes ações como a promoção das categorias premium de Vinho do Porto nos aeroportos de Lisboa e do Porto, que em 2019 atingiram cerca de 2 mil passageiros de mais de 60 nacionalidades diferentes.
Manteremos a presença na região através da ação Taste in Douro, uma prova comentada com vinhos do Douro e do Porto, que leva a todos os concelhos da região uma formação objetiva e cuidada sobre os Vinhos do Porto e do Douro. Com início em 2019 e integrado nas celebrações do Port Wine day, daremos continuidade à atribuição dos prémios “Douro + Sustentável”, que distinguem projetos que conseguiram destacar-se na preservação do território duriense e que têm, igualmente, como premissas a contribuição para a promoção da vitalidade da região, do esforço das comunidades locais e do envolvimento de todos na salvaguarda de uma paisagem única. Mantemos a nossa participação no Wine & Music Valey, o primeiro
festival totalmente inspirado no vinho por onde passaram em 2019 mais de 17 mil visitantes, foram servidos 28 mil copos de vinho e estiveram presentes 84 produtores da Região Demarcada do Douro. Sem dúvida, um enorme contributo para o desenvolvimento do enoturismo na região, numa altura em que os números testemunham a importância que o vinho do Porto tem no interesse de quem nos visita. É o caso do novo recorde registado nas Caves de Vinho do Porto, que em 2019 receberam mais de 1,3 milhões de visitantes, um número absolutamente notável e que traduz um aumento de 8,8% face ao ano anterior. Temos pela frente um futuro exigente, mas os números indicam-nos o caminho.
tos e produtos do ramo automóvel, podendo traduzir, por isso, uma maior competitividade em indústrias com maior incorporação de valor. Ao mesmo tempo, o crescimento das exportações é particularmente notório em algumas das zonas relativamente menos favorecidas da região, contribuindo desta forma para o seu desenvolvimento e assim para uma maior equidade territorial. É o caso da sub-região do Douro, que se destaca significativamente das outras NUTS III, apresentando a mais elevada variação das exportações (17,4% em termos homólogos), fortemente impulsionada pelos produtos das indústrias alimentares (crescimento de 14,2%). De destacar ainda que esta evolução favorável está presente na grande maioria dos
concelhos do Douro, tratando-se por isso de uma dinâmica praticamente transversal a toda a sub-região. Não sendo possível neste momento antecipar que uma tal evolução decorre de uma transformação de natureza estrutural (a variação registada pode refletir uma alteração meramente pontual da procura externa dirigida a estes concelhos), devendo também referir-se que uma variação mais ampla é facilitada no quadro de um valor de exportação ainda relativamente reduzido (o Douro representa apenas 0,5% do total das exportações da Região do Norte), este é, em todo o caso, um sinal positivo, que deverá ser objeto de atenção em edições futuras desta publicação.
Exportações do Douro: bons sinais
Ester Silva Vice-Presidente da CCDR-N
Trimestralmente, a CCDR-N publica o relatório NORTE CONJUNTURA, dando conta da evolução de curto prazo de uma série
de indicadores macroeconómicos disponibilizados pelo INE. Oferecendo um olhar sobre as principais variáveis do mercado do trabalho e sobre o seu cruzamento com as dinâmicas de evolução setorial, para além de outros indicadores de natureza mais específica, relacionados com a evolução do turismo, construção, preços e crédito, esta publicação providencia um diagnóstico atualizado sobre o estado da economia regional, permitindo antecipar algumas das suas tendências futuras. Deste modo, o NORTE CONJUNTURA constitui uma fonte de informação relevante para os agentes regionais (públicos e privados), permitindo alargar a sua base de conhecimento no território em que se inserem. No relatório mais recente, publica-
do há pouco mais de uma semana, a análise habitualmente produzida é alargada ao comportamento do comércio internacional, introduzindo-se pela primeira vez indicadores sobre esta matéria. A principal nota positiva do relatório refere-se, precisamente, ao comércio internacional, dando conta do aumento das exportações regionais ocorrido no terceiro trimestre de 2019 (3,2 por cento, em termos homólogos), que vem inverter a tendência de queda que se vinha manifestando, apresentando, ao mesmo tempo, um valor claramente superior à média nacional (0,8%). Esta evolução é tanto mais positiva, quanto decorre das exportações de produtos com maior intensidade de capital e de tecnologia, como máquinas e equipamen-
VIVADOURO FEVEREIRO 2020 39
Lazer Piadas de bolso:
RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO
Dou aula de química e física, duas disciplinas pelas quais a maioria dos alunos tem aversão. Um dia comentei, numa das minhas aulas: – Eu ganho pouco, mas divirto-me com vocês. E um deles, para não perder a oportunidade, respondeu: – Nós também, não aprendemos nada, mas divertimos-nos muito.
Bacalhau com Natas Ingredientes Bacalhau – 500 gr (+/- 2 postas do lombo) Batata – 6 Cebola – 2 Alho – 3 Dentes Natas – 200 ml (1 pacote) Leite – 200 ml Noz Moscada – A gosto Azeite – A gosto Pimenta – A gosto Sal – A gosto
Preparação Se o bacalhau ainda não está cozido, coze o bacalhau até estar pronto, depois tira as espinhas as peles e desfaz em nacos grandes. Começa por cozer as batatas eu pessoalmente não ligo muito para a casca, mas podes descascar as batatas e levar a cozer em água temperada, até estarem boas, não é preciso cozer demasiado porque depois como vão ao forno podem acabar lá se ainda precisarem de uns minutos para estarem no ponto. Entretanto numa frigideira põe a cebola cortada em rodelas finas com um fio de azeite com os dentes de alho esmagados e deixa refogar até a cebola alourar. Depois junta o bacalhau, prova e retifica com sal e pimenta. Junta ao preparado o leite e as natas e uma colher de manteiga e uma pitada de noz moscada e deixa engrossar um pouco o molho, prova para ver se é preciso ajustar, quanto estiver a gosto, retira do lume. Escorre as batatas e corta elas em cubos e deita com a mistura do bacalhau e envolve bem, depois coloca tudo numa travessa ou pirex para levar ao forno pré aquecido quente a uns 200C só o suficiente para gratinar o topo e já está pronto!
HORÓSCOPO
Maria Helena Socióloga, taróloga e apresentadora
SOLUÇÕES:
210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt
Amor: Não exija tanto dos outros, dê mais de si próprio. Saúde: Tenha a serenidade suficiente para deixar as coisas correrem, não se exalte nem proteste muito. Dinheiro: Invista neste momento em algo que planeia há muito. Sentirá necessidade de se isolar para concluir o seu trabalho, mas poderão ocorrer mudanças. PUB
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