Jornal_VivaDouro_ed67_setembro_2020

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Ano 5 - n.º 67 - setembro 2020

Preço 0,01€

Mensal

Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida

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Vindimas e apanha da maçã marcadas pela Covid-19

Entrevista Clara Ferreira Alves: "Desde que o homem é homem, que não está em paz universal!" > Pág. 12 e 13

Região Entrevista com Feliciano Amaral, candidato à Casa do Douro > Pág. 22 e 23

Autarcas contestam modelo de eleição para CCDR-N > Pág. 26

Reportagem

> Págs. 4, 5 e 6

Regresso às aulas feito com preocupações > Pág. 24 e 25 PUB


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VIVADOURO

SETEMBRO 2020

Editorial José Ângelo Pinto Administrador da Vivacidade, SA. Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT

SUMÁRIO: Destaque Páginas 4, 5 e 6 Região Páginas 8, 18, 20, 22 e 23 Alijó Página 9 Carrazeda de Ansiães Página 10

Caros leitores,

São João da Pesqueira Página 11

À medida que vamos aprendendo a contrariar a pandemia e os seus efeitos, vamos ficando mais fortes e mais capazes de os contrariar, quer individualmente que em grupo. Só com o esforço de todos e com uma forte adaptação às novas circunstâncias seremos capazes de vencer. Porque vencer é ser capaz de compreender que não é quem transporta o vírus, sem o saber, que tem culpa quando nós o apanhamos. A “culpa” de haver uma transmissão não pode deixar de ser de quem não se protege e não se cuida. Mas, ao mesmo tempo, temos que ser capazes de continuar a ser humanos, de continuar a ajuda o próximo e de continuar a dar aos outros o apoio que é necessário. Porque o ser humano apoia o próximo, independentemente de pandemias e de COVID’s. Porque o ser humano, sendo racional e intelectual também é emocional e espiritual. Nas gerações atuais, nunca se experimentou nem se viu nada como a pandemia causada pelo vírus COVID 19. Os jovens, os adultos e até os quase seniores nunca tiveram uma dificuldade coletiva que afetasse todo o mundo como esta.... Todos estamos a aprender a lidar com tudo isto, mas é um processo de aprendizagem.... É absolutamente indispensável que estejamos todos a lutar do mesmo lado. Por isso as dificuldades que ainda existem de comunicação e gestão entre organismos, municípios e proteção cível não são, hoje, com a experiência e conhecimento que já temos compreensíveis. Lembro que nunca é demais que todos devemos proteger-nos e proteger as outras pessoas. Aplicar regras simples como manter sempre uma distância de segurança e conforto de 2 metros em relação a todas as outras pessoas; evitar o toque direto de superfícies lisas, como maçanetas, corrimões, vidros, etc.; evitar o contacto físico entre pessoas, quaisquer que sejam os envolvidos e a razão, nomeadamente cumprimentos ou outras saudações e desinfetar constantemente as mãos, evitando que estas entrem em contacto com a boca, nariz ou ouvidos. Agora ainda é mais importante que nos protejamos. Mas que também voltemos a viver como ser social que somos.

Entrevista Páginas 12 e 13

PRÓXIMA EDIÇÃO 28 OUTUBRO

Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org POSITIVO Após as viagens do Comboio Histórico do Douro terem tido lotação esgotada em todas as edições do mês de agosto, a CP-Comboios de Portugal decidiu prolongar as viagens até ao final de setembro.

Lamego Página 14 Sabrosa Página 15 Armamar Página 19 Carrazeda de Ansiães | Tabuaço Página 21

NEGATIVO Devido à pandemia Covid-19, diversas quintas do Douro cancelaram os seus programas para participação de turistas na vindima e nas lagaradas.

Reportagem Páginas 24 e 25 Régua Página 26 Nacional Página 29 Opinião Página 30 Lazer Página 31

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Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil

"Democratização das CCDR" O PS, na campanha eleitoral, fez uma proposta que muita gente estranhou - a de submeter lugares na presidência das CCDR a escrutínio eleitoral. Não a concretizou na legislatura anterior, por não ter encontrado ambiente favorável no Parlamento ou solução jurídica aceitável. Voltou agora a ela de forma mais determinada, pelo Decreto-Lei n.º 27/2020, de 17 de Junho, cuja promulgação não levantou objeções a Belém . A solução encontrada é subtil. Modifica a lei orgânica das CCDR, apenas alterando "a forma de designação do presidente e dos vice-presidentes". Argumenta com "a consolidação do processo de descentralização em curso", "uma governação de proximidade baseada no princípio da subsidiariedade", "o aprofundamento das autarquias locais", "uma resposta mais ágil e imediata da parte da administração pública", etc. Poderia ter dito que era para cumprir a Constituição, para aprofundar a democracia participativa, para reduzir o centralismo de Estado, para melhorar a coesão nacional, para dar um sentido mais estratégico ao desenvolvimento do território. Mas não o fez. Provavelmente cairia no ridículo, levantaria críticas e iria mexer com a má consciência dos que têm medo da regionalização ou daqueles a quem dá jeito que o País continue fortemente centralizado. Entendamo-nos. A regionalização não foi chumbada pelo referendo de 1998. O que

foi rejeitado foi o mapa proposto. Aliás, há um acórdão do Tribunal Constitucional, desse ano, que diz que a constituição e as suas normas não são referendáveis. Se a Constituição não foi objecto de um referendo porque o havia de o ser a regionalização, um dos seus preceitos? Passados estes anos, pode-se concluir que se tratou de um hábil artifício político dos centralistas para meterem "paus na engrenagem" da descentralização regional. A organização democrática do Estado compreende três categorias de autarquias locais - regiões administrativas, municípios e freguesias - como pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos . As CCDR ou as CIM (comunidades intermunicipais) não têm carácter autárquico. As CCDR continuarão a ser órgãos desconcentrados e as CIM a ter mera natureza associativa. E a autarquia de nível estratégico continua por cumprir! A eleição indirecta do presidente e de um dos vice-presidente será feita por colégios eleitorais de raiz municipal, no seio das assembleias municipais e das CIM, isto é por eleitores com representatividade indirecta. O outro vice-presidente é uma espécie de prefeito, nomeado pelo governo. A questão é saber se esta solução híbrida e complexa será um primeiro passo para chegar à legalidade constitucional, como o Primeiro Ministro tem defendido? Ou se, pelo contrário, uma forma de ensarilhar mais ainda a solução porque aspiramos há tantos anos? São dúvidas e apreensões legítimas que se começarão a esclarecer dentro de dias, quando se conhecer a natureza dos candidatos que irão a votos: se personalidades com competência cívica e técnica reconhecida ou, em alternativa, políticos no defeso. Receio que dê asneira.

Registo no ICS/ERC 126635 | Número de Registo Depósito Legal: 391739/15 | Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 | Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 | Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 / 910 599 481 | Paginação: Rita Lopes | Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4510-698 Fânzeres | Administrador: José Ângelo da Costa Pinto | Estatuto editorial: www.public.vivadouro.org/vivadouro | NIF: 507632923 | Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda., Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha | Sede de Redação: Avenida Barão de Forrester, nº45 5130-578 São João da Pesqueira | Sede do Editor: Travessa do Veloso, nº 87 4200-518 Porto | Sede do Impressor: Arcozelo - Vila Nova de Gaia | Colaboradores: André Rubim Rangel, António Costa, António Fontaínhas Fernandes, Beatriz Oliveira, Freire de Sousa, Gilberto Igrejas, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Paulo Costa, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Sílvia Fernandes. | Impressão: Unipress | Tiragem: 10 mil exemplares


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Destaque

Tristeza marca época de colheitas no Douro Setembro é um mês marcado pelas colheitas no Douro. As vindimas e a apanha da maçã fazem a região fervilhar com milhares de trabalhadores nos campos numa azáfama marcada pela alegria de colher os frutos de um longo ano de trabalho. Este ano, devido à pandemia, os trabalhos fazemse a um ritmo mais amargo, agravado pelas quebras nas produções. duas pessoas afastadas por mais de 2 metros. Mesmo durante a hora da refeição há todos os cuidados de desinfeção e afastamento para que possa correr tudo bem ate ao final desta campanha”.

Texto e fotos: Carlos Almeida

Salete Cardoso é responsável pela roga que vai colhendo os cachos das videiras na Quinta do Monte Travesso, em Tabuaço. Conta já algumas décadas de trabalho na vinhas e, apesar de ter já passado por anos bons e maus de colheita, confessa que este ano, devido às medidas de proteção contra a pandemia, em especial o uso da máscara, o trabalho é feito num ambiente mais triste. “Se andamos de boca destapada andamos a cantar e a conviver uns com os outros, com a máscara temos sempre a sensação de estarmos sufocados e quando respiramos parece que até a máscara nos entra na boca, anda-se mais triste”. A tristeza que Salete nos fala, também Francisco Nápoles a sente. O jovem de 19 anos que pertence à família proprietária desta quinta fala à nossa reportagem enquanto trabalha sozinho mais um lagar de uvas que se vai aprontando. “Devido a esta situação tem que se fazer este trabalho sozinho, como é muito puxado vamonos revezando. As vindimas eram sempre uma festa, uma alegria na qual participavam sempre amigos que vinham de fora, por exemplo, agora não é possível, ou melhor, ser até é mas nós não vamos correr esse risco”. Questionado sobre o uso da máscara, o jovem é taxativo, “é muito mau”. O calor que se faz sentir, com temperaturas acima dos 30 graus, aumenta a sensação de sufoco, diminuindo o ritmo de trabalho que já corre mais lento devido à redução do número de trabalhadores em cada roga, como nos conta Salete Cardoso. “No tempo do frio já faz diferença, com o calor que se tem feito sentir é muito mau ter que andar de máscara. Neste grupo temos duas pessoas que sofrem de bronquite e falta de ar o que torna ainda mais difícil, é um grande transtorno. Mas é assim, temos que nos proteger para o nosso bem e para o bem dos outros. “Se antes fazíamos a vindima em 10 dias agora vamos demorar 12 ou 15. Diminuímos o número de pessoas que anda na roga, passamos de cerca de 14 pessoas para 7 ou 8. Temos que nos esforçar um pouco mais para fazer o mesmo trabalho tentando que a vindima não seja muito mais demorada”. José Silva é trabalhador da Quinta do Pessegueiro, em São João da Pesqueira. As rugas do rosto e as mãos calejadas do trabalho ganham ainda mais força quando enche o peito de orgulho para dizer que tem “67 anos, 68 lá para

o próximo mês, e já faço a vindima há muitos anos, desde que saí da escola, há muito mais de 50 anos”. Com a máscara a tapar parte do rosto não hesita ao afirmar que “assim fica mais difícil, se não tivéssemos que usar a máscara era melhor, parece que até custa a respirar”. Edna Soares é a guia turística da Quinta do Monte Travesso que nos acompanha pela propriedade, na conversa marcada pela poeira que os passos vão levantando no solo escaldante confessa também ela que este ano a vindima é vivida de uma forma mais triste. “As vindimas são conhecidas pela alegria que transmitem com pessoas a conviver e a cantar, este ano sentimos que é mais difícil e mesmo nos momentos de refeição em que as pessoas normalmente comem juntas, este ano quase parece que as pessoas desconfiam umas das outras. Normalmente temos turistas que gostam de participar na lagarada mas este ano isso não é possível, ficando essa tarefa entregue sempre ao mesmo grupo ou a pessoas do mesmo agregado familiar”. Uso da máscara não é a única medida implementada As medidas preventivas não passam apenas pelo uso da máscara, aos trabalhadores é medida a temperatura e pedido que desinfetem as mãos sempre que possível enquanto todo o material e carrinhas de transporte são desinfetadas antes e depois da sua utilização. “Nos transportes os colaboradores medem a temperatura antes de entrarem no carro, usam máscara, desinfetam as mãos e reduzimos o

número de pessoas por carro de forma a manterem maior distância entre elas. No caso concreto das lagaradas, é pisado apenas um lagar de cada vez e apenas com pessoas da mesma família/grupo, utilizando máscara e procurando manter o afastamento possível no lagar”, conta-nos Bernardo Nápoles, filhos dos proprietários. Na Quinta do Pessegueiro os cuidados também são muitos e estendem-se mesmo aos trabalhadores externos à propriedade. “Este ano é uma adaptação para todos nós. Para além dos nossos trabalhadores também trabalhamos com um empreiteiro agrícola, mão de obra que vem de fora mas que temos ao máximo tentado respeitar as regras, há todo o cuidado em falar com os colaboradores logo no início da manhã, e a meio da tarde fazer um ponto da situação para que toda a gente esteja consciente que temos de ter todos os cuidados necessários para não correr riscos”, conta-nos Célia Varela, diretora da propriedade. A mesma ideia é transmitida por Hugo Heleno, Diretor de Viticultura e Enologia da quinta, que nos explica ainda como decorre o trabalho na vinha. “É muito mais complicado porque parecendo que não o uso da máscara dificulta a respiração, principalmente na vindima no terreno. Vamos perder um bocadinho mais de rendimento de corte mas temos que aguentar, ter calma e controlar porque o mais importante é a saúde. Nós trabalhamos com um empreiteiro, eles têm respeitado vir no transporte com máscara e quando chegam desinfetam as mãos. Durante a vindima nos bardos temos no máximo

Qualidade ainda é incógnita, quantidade diminui O responsável da quinta fala-nos ainda da qualidade dos vinhos que este ano serão produzidos sem adiantar ainda uma previsão concreta. “Em termos de qualidade ainda é um pouco cedo para vermos isso. As uvas apresentam um teor alcoólico não muito alto e nota-se alguma quebra da acidez mas agora é hora de colher e esperar que não chova para termos uma vindima mais tranquila e podermos trabalhar o mosto na adega para que a fermentação alcoólica corra dentro do esperado”. Célia Varela, diretora da propriedade conta-nos que este ano se regista uma quebra na produção, apesar disso a vindima deverá correr dentro das expectativas, afirma. “Começamos aqui na quinta da Teixeira com touriga nacional, foi a primeira parcela que começamos a vindimar. Este ano temos uma quebra entre os 5 e os 10%, pensávamos que seria pior mas estamos otimistas. O mês de agosto foi muito quente e provocou alguma queima mas para já está tudo a correr com normalidade. Temos 30 hectares em produção. A vindima dura normalmente durante o mês de setembro e pode ainda entrar no mês de outubro, depende claro das condições climatéricas, caso chova teremos que parar mas o mais normal é durar o mês de setembro”. Ministra elogia trabalhos na região De visita à região, no início deste mês, a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, passou pela Quinta do Pessegueiro em São João da Pesqueira e pela Alves de Sousa Douro & Port Wines, em Santa Marta de Penaguião, concelho onde também almoçou com os autarcas da CIM Douro. Em declarações exclusivas ao nosso jornal a governante revelou “grande apreço e reconhecimento pelo trabalho que estão a fazer, pese embora todas as dificuldades que sentimos que têm e que estão agora aumentadas por via da pandemia”. “Sabemos que este ano foi um ano particularmente difícil nomeadamente com a chuva e as alterações climáticas que provocaram doenças e com isso baixar a produção mas o esforço do Ministério da Agricultura é no sentido de acompanhar os seus produtores, os seus vitivinicultores, para podermos garantir um preço da uva justo e as condições para que o setor do


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Destaque

vinho possa continuar a crescer em Portugal, e em concreto nesta região que representa praticamente 40% das exportações de vinho no nosso país. Os desafios que se colocam a todos nós, de nos protegermos e protegermos todos os outros. Aquilo que é a higiene respiratória, a higienização das mãos, de material de colheita. No fundo é o que se passa nas vindimas, nas centrais fruteiras, nos hospitais, escolas, etc. É todo um esforço que temos de fazer enquanto cidadãos e que é um esforço mundial, não é apenas de Portugal”. Maçã também vive colheita difícil No Douro, o concelho de Armamar é conhecido pela excelência da sua maçã, à qual é atribuída a designação de “Maçã de Montanha”. Conhecida pela sua doçura e textura, é durante o mês de setembro que decorre a sua apanha, este ano, tal como acontece nas vinhas, esta apanha fica marcada pelas regras de prevenção à Covid-19, bem como por uma acentuada quebra na produção, fruto da forte tempestade de granizo que se abateu sobre cerca 60% do concelho em finais de junho. Maurício Fonseca é um dos produtores do concelho que falou à nossa reportagem, apontando para uma quebra geral de cerca de 50% na produção deste ano. “Este ano temos que dividir o concelho em dois. Há uma parte que foi muito afetada pelo granizo e nessas zonas há pomares com perdas mesmo de 100%, na outra parte, este ano felizmente não foi afetados. No global, uma produção que rondará as 70 a 80 mil toneladas neste concelho, este ano andará pelas 40 mil, o que significa grosso modo uma quebra de 50%”. Outro produtor, um dos maiores do concelho armamarense, é Duarte Miguel. Na perspetiva deste fruticultor as quebras serão mais elevadas este ano porque, como nos diz, a somar à queda do granizo, houve ainda uma parte da maçã afetada pelo “pedrado”, uma doença típica deste fruto e ainda algum cansaço das árvores que no ano de 2019 tiveram uma produção histórica. “Este ano há um decréscimo grande em relação à campanha anterior por dois motivos,

um porque no ano passado foi a nossa maior produção de sempre, foi um ano muito bom, por outro lado, mesmo em relação à média expectável, este ano estamos abaixo dos níveis de produção. As árvores no ano passado produziram muito e no ano seguinte como estão esgotadas produzem sempre menos, houve também alguns problemas com o frio na altura da floração e da polonização que afetou o vingamento dos frutos, chegamos mesmo a ter neve nessa altura o que influenciou bastante pela negativa. Outro grande problema foi o granizo que afetou 60 a 70% do concelho e isso acaba por reduzir em muito o produto comercializável, embora as maçãs estejam cá mas estão danificadas o que faz com que vão para sumo. Tivemos ainda alguns problemas no controle da doença do pedrado, que surge mediante algumas condições climatéricas que este ano foram gravosas e é sempre difícil de combater, isto provoca uma pequena mancha na maçã que a torna menos comercializável. Por tudo isso o stock disponível este ano de fruta boa, de primeira, é bastante reduzido. Temos maçã com o defeito do granizo e cerca de 10% com o defeito do pedrado, são vendáveis na mesma em especial no mercado grossista mas a um preço mais baixo, já não é aquela maçã perfeita”. Qualidade da maçã mantém-se De acordo, os dois produtores estão quanto à qualidade da maçã de Armamar que, apesar de todos os problemas garantem, continua igual. “A qualidade mantém-se sempre. A nossa maçã tem sempre características que a tornam única, o problema é na quantidade. As características, a dureza, o brix, o açúcar, essas mantém-se intactas, tal como estamos habituados. A maçã de Armamar já criou o nome de maçã de altitude e não há muita oferta ao nível do país de maçã idêntica à nossa, alguma na zona de Carrazeda embora em quantidades muito inferiores às nossa. Outra grande região produtora de maçã é a zona de Alcobaça mas não é de altitude. A altitude confere à maçã a dureza e mais açúcares, o que torna a maçã mais esta-

ladiça e sumarenta”, afirma Duarte Miguel. “A maçã de Armamar sempre se pautou por ter características únicas, temos pomares a 800, 900 metros de altitude e alguns mesmo dentro da região do Douro, com solos muito ricos e um clima bastante favorável que faz com que o brix seja distintivo. Este ano essa qualidade mantém-se, excluindo nas zonas afetadas pelo granizo, essas maçã irão para a produção de sumos, não pelo sabor, que esse está lá mas pela imagem que apresentam”, garante Maurício Fonseca. Covid-19 dificulta colheita Num ano marcado pela pandemia Covid-19, os problemas que se vivem nos pomares são semelhantes ao vividos nas vinhas do Douro, menos gente a colher os frutos e com todos os cuidados necessários para evitar a propagação da doença.

> José Costa

> Hugo Heleno

“Houve situações que este ano tiveram que ser alteradas. Desde logo, com o pessoal tivemos que fazer uma divisão maior das pessoas, com grupos mais pequenos e, no nosso caso, tentando que cada grupo seja oriundo da mesma povoação, evitando assim que possam ocorrer contágios em diferentes locais, caso isso se venha a verificar. O uso das máscaras, por mais que custe e com o calor custa muito, é obrigatório, a desinfeção das mãos é constante e dos transportes ela é feita de manhã e ao final do dia. Dentro daquilo que podemos fazer também medimos a temperatura a todos os trabalhadores antes destes entrarem no transporte para tentar que todos estejamos o mais seguros possível. Nota-se um trabalho mais lento, principalmente da parte da tarde. De manhã está mais fresco e anda-se melhor, da parte da tarde e com o calor que se tem feito sentir nota-se que o rendimento é afetado, talvez a chegar a uma quebra de cerca de 15%. As pessoas são humanas, não são máquinas”, conta-nos Maurício Fonseca. Duarte Miguel usou estratégias semelhantes, menos elementos nas turmas de colheita, constituídas na sua maioria por pessoas do mesmo agregado familiar ou da mesma localidade. No transporte também foram redobrados os cuidados com a empresa a investir na aquisição de duas viaturas novas para permitir um maior afastamento das pessoas nos momentos de ida e vinda dos trabalhadores de casa para os pomares e vice-versa. “Não tem sido fácil a nível de colheita porque as temperaturas têm estado extremamente elevadas e as máscaras tornam-se extremamente asfixiantes. Quem está a trabalhar com 35º como temos tido não é fácil usar a máscara. Apesar de nós, a empresa, até fornecermos máscaras e informarmos os trabalhadores que têm de as usar para seu próprio bem, acabam


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Destaque

> Duarte Miguel

> Francisco Nápoles

> Edna Soares

> Maurício Fonseca

por nem sempre as usar, colocando-as quando nos veem. Há aqui uma situação de algum desleixo obrigado pelas temperaturas que dificultam o seu uso. Contudo o risco também não é extremamente elevado porque temos turmas mais pequenas, com 5 ou 6 elementos, praticamente da mesma família que coabitam na mesma habitação o que não torna a situação tão perigosa. São pessoas que já convivem na sua vida familiar e no período extra laboral estando praticamente sempre juntas. Foi um cuidado que tivemos este ano tendo em conta o cenário que vivemos, em outros anos eramos capazes de juntar 2 ou 3 turmas até para que a colheita fosse mais rápida estando todos bastante próximos, este ano há um distanciamento grande entre as turmas. Temos tido o cuidado de os manter afastados, com pessoas de locais diferentes. Como temos muitas parcelas isso acaba por ser feito com bastante facilidade. A maior parte do nosso pessoal é daqui da zona e vem em veículos próprios. Algum pessoal que não é daqui nós fornecemos as carrinhas e este ano compramos mesmo mais duas carrinhas para esse serviço, de forma a diminuir a lotação. De Cinfães, por exemplo, uma carrinha trazia as 9 pessoas que temos de lá a trabalhar e atualmente esse transporte é feito em duas carrinhas, uma nossa e outra da pessoa que nos arranja os trabalhadores. Houve aqui algum investimento, não se pode dizer que tenha sido muito forte mas é sempre um acréscimo”. Matilde Paiva é uma das apanhadoras de maçã que percorre os pomares de maçã de Armamar, para esta trabalhadora, o uso da máscara torna o trabalho mais difícil, contudo a preocupação em cumprir as regras para combater a pandemia supera os receios do contágio. “É mais complicado mas temos que fazer este

sacrifício. Com o calor transpiramos mais e custa mais a respirar. Nós próprios temos estas preocupações, fomos avisados mas sabemos as regras e mesmo no transporte tentamos usar sempre a máscara e desinfetar as mãos para evitar problemas. É algo que nos preocupa e nos deixa um pouco receosos, apesar de no meu concelho, Tarouca, não haver ainda nenhum caso da doença”. Celene Costa é outra trabalhadora destas turmas. Apesar de ter chegado a ponderar não trabalhar nas colheitas este ano lá está ela por entre os pomares. Com familiares emigrados em França e tendo conhecimento da gravidade da pandemia por terras gaulesas confessa que tem mais receio. “É mais chato trabalhar com a máscara, sentimo-nos mais abafados e custa mais, mas para nosso bem e para o bem dos outros tem que ser assim. Ficamos sempre a pensar se devemos ou não vir para a apanha, até porque temos algum receio mas confiamos que todos os cuidados estão a ser tomados. Tenho familiares em França e sabendo o que se passa lá obviamente que nos faz aumentar os receios, felizmente por aqui a situação é mais calma”. Autarquia cancelou Festa da Maçã Um dos momentos que marca a colheita da maçã em Armamar é a já tradicional Festa da Maçã que arrasta até ao concelho milhares de pessoas em busca daquele fruto tão apetecido. Este ano, devido à pandemia, a autarquia liderada por João Paulo Fonseca decidiu cancelar este evento, algo que, na visão dos dois produtores com quem a nossa reportagem falou, tem efeitos contraditórios. Maurício Fonseca afirma que a não realização do evento é um revés para os produtores que

> Salete Cardoso

aproveitam o evento para dar a conhecer o seu produto aos visitantes que por lá passam. “A não realização da Festa da Maçã afeta os produtores. É um evento que já se organiza há vários anos, há muita gente que já reserva aqueles dias para virem conhecer não só a nossa maçã mas também o nosso concelho e era notório o seu sucesso não só para nós, mas mesmo para a restauração e a hotelaria de Armamar. Além de estarmos impedidos de mostrar aquilo que temos de melhor, a nível da nossa economia local somos muito afetados. É uma pena mas a saúde e a segurança de todos são o mais importante, apesar de ainda há poucos dias termos visto a realização de um evento como a Festa do Avente, mas isso são opções de quem manda e nós temos que respeitar”. Já Duarte Miguel, assumindo que a não realização do evento é sempre negativa, afirma que o posicionamento que a maçã de Armamar já granjeou perante o consumidor é suficiente par colmatar a falta do evento que, segundo este produtor, é também realizado numa altura de muita azáfama, o que nem sempre permite uma participação em condições dos

produtores locais. “Acaba por não ser muito mau por dois motivos. Um porque a festa da maçã é basicamente feita por entidades como a Associação de Fruticultores de Armamar que basicamente só nos pedia a nossa participação com algum produto e eles tratavam do resto. A altura também não era a mais propícia porque na altura da colheita temos sempre bastante azáfama e não temos grande disponibilidade de participar efetivamente na festa até porque, quando surgiu o conceito da festa os agricultores iam para lá individualmente vender o seu produto. Atualmente, até pela falta de mão de obra que se regista, isso já não acontece, essa responsabilidade foi passando para a AFA e nós pouco participamos. Contudo há uma perda a nível de marketing e publicidade, apesar da nossa maçã já ter atingido um patamar que já é do conhecimento geral, já não há uma necessidade extrema de ter um produto desconhecido que necessita deste tipo de eventos para ser conhecido, o produto já está implementado, as pessoas já procuram a nossa maçã pelas suas características. Considero que não se perde muito mas perde-se sempre algo”. ▪


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Murça

Autarquia lança campanha de recolha de monstros A partir desta semana, a autarquia de Murça disponibiliza a todos os munícipes do concelho um serviço de recolha personalizada e gratuita, dos “monos” e “monstros” que entretanto perderam utilidade. Os “Monos” e “monstros” são resíduos urbanos, muitas vezes de caráter doméstico, cuja recolha através dos meios de remoção normais não é possível, uma vez que, possuem por norma, dimensões ou peso demasiado elevado. São exemplos de “monos” e “monstros” frigoríficos, máquinas de lavar, sofás, colchões, entre outros eletrodomésticos e peças de mobiliário, que deixaram de ter utilidade para os seus proprietários. A inexistência de serviços de recolha destes resíduos pode levar ao aumento

da poluição, com o seu abandono em espaços naturais e florestais, e de igual forma, à impossibilidade, por parte de um munícipe, de se ver livre destes objetos, leva a que estes se acumulem na sua habitação ou sejam despejados em locais urbanos inadequados. Com esta iniciativa, a Câmara Municipal de Murça pretende que exista uma política de valorização ambiental que melhore as condições dos espaços naturais do Concelho e, ainda, que sensibilize a população para o que se considera boas práticas neste domínio. Este tipo de resíduos será posteriormente transportado por uma empresa especializada na sua gestão em colaboração com a autarquia, sendo encaminhados para destino adequado e sempre que possível para valorização posterior. Para agendar a recolha, os munícipes devem ligar para o número 259510120 ou enviar um mail para obp@cm-murca.pt. ▪ PUB

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Região

Eleição para a CCDR-N gera revolta entre os autarcas O processo de eleição para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) realiza-se no próximo dia 13 de outubro, mas está longe de ser pacífico, em especial na região Norte com diversos autarcas a levantarem a sua voz contra a forma como o processo está a ser conduzido.

As notícias publicadas no início de agosto que davam conta de um entendimento entre António Costa e Rui Rio para a escolha das presidências das CCDR despoletaram o descontentamento dos autarcas que, com o aproximar da data das eleições, tem subido de tom. José Manuel Gonçalves, autarca reguense eleito pelo PSD, foi dos primeiros a publicamente expor o seu descontentamento com este processo. Em declarações exclusivas ao nosso jornal, o edil afirma que “o processo está completamente desvirtuado”, deixando no ar a esperança que surja uma candidatura fora deste âmbito. “O processo devia sair do território e do entendimento amplo dos autarcas, independentemente da cor partidária. Era daqui que deviam sair as soluções e havia essas soluções em cima da mesa de grande consenso dos autarcas de toda a região norte e a verdade é que aquilo que verificamos são solução que estão a ser impostas pelos dois partidos do bloco central e que os autarcas serão meros figurantes e terão lá o nome indicado em quem votar. Esta é uma eleição do território para alguém que quer trabalhar e para governar o território e por-

> José Manuel Gonçalves

tanto não pode ser imposta de cima para baixo mas sim do território para cima. Naturalmente que até ao momento de apresentação das listas ainda há probabilidade de aparecerem outros movimentos saídos das bases autárquicas, como alternativa e que podem ser a solução, é uma situação em cima da mesa”. Em Sabrosa, o autarca eleito pelo Partido Socialista, Domingos Carvas, é também duro nas críticas ao processo, chegando mesmo a compará-lo às eleições existentes na época do Estado Novo. “Eu acho que os partidos, tanto o PS como o PSD se estão a marimbar para os autarcas, estão a escolher quem muito bem entendem, sem ouvirem nada nem ninguém como sendo donos do território e depois chamam-nos como os cordeirinhos para bater palmas, neste caso votar, parece que estamos no Estado Novo em que havia eleições, o candidato estava escolhido e o povo ia lá votar. Ainda por cima alteraram as regras para que qualquer outro que se queira candidatar de forma a que isso seja praticamente impossível. Aumentaram o número de assinaturas necessárias, numa alteração legislativa, e reduziram aos prazos de apresentação de candidaturas, mesmo para quase eliminar aqueles que teriam vontade de apresentar uma candidatura autónoma aos partidos que, eu acho que a bem da democracia e da região, pudesse existir. Esperamos que exista. Eu não participo numa coisa dessas, aliás, provavelmente abrirei a Câmara ou o local da assembleia e quem quiser ir votar que vá, não irei elucidar ninguém, quem quiser que o faça, no sentido em que quem não estiver elucidado não vota e fica um voto em branco. Não quero saber, farei apenas o que a lei me obrigar a fazer e se me puder esquivar a isso também me irei esquivar”. Em São João da Pesqueira, o autarca Manuel Natário Cordeiro, eleito por um movimento independente de cidadãos também não fica à margem da polémica, questionando mesmo a proximidade que este modelo pretende criar entre os presidentes das CCDR e os autarcas das regiões. “Como se sabe, os presidentes das CCDR eram até aqui nomeados pelo governo. A nova lei (decreto-lei nº 27/2020) introduz agora novidades e, aparentemente, uma melhoria na medida em que se passa de uma nomeação para uma eleição votada por todos os eleitos locais. Porém, o que aparentemente seria um bom passo rumo a uma maior proximidade entre autarcas e CCDR, acaba por não se verificar, uma vez que o diploma define que o cargo que era exercido mediante nomeação política passa a ser sujeito a eleição “após os nomes dos candidatos serem indicados pelo Governo em Conselho de Ministros”. Por isso, quanto a serem os autarcas a eleger, fica apenas o princípio. Também não se percebe porque pode o governo fazer cessar o mandato se quem elegeu foram os autarcas”. Regionalização para Governo, Centralização para autarcas No passado dia 12 de setembro, no discurso de abertura do XIX Congresso da Federação Distrital do Porto, que teve lugar em Matosinhos, o Se-

> Domingos Carvas

cretário-geral do PS, António Costa lembrou que, não havendo "condições políticas" para avançar com o processo de regionalização, estavam, contudo, criadas as condições para dar um passo em frente neste processo com a eleição diretas para as CCDR, até aqui nomeadas pelo Governo e que passam a ser eleitas pelos autarcas de cada uma das regiões do país. "No dia 13 de outubro, os autarcas da região vão ser chamados a eleger o próximo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Norte (CCCDR-N). No caso do Norte, é um colégio eleitoral que tem mais de 4.000 pessoas e todos vão escolher quem vai ser o próximo presidente e vice-presidente da CCDR Norte e ao Governo só caberá apenas designar o segundo vice-presidente e designaremos no fim para assegurar que também na CCDR será respeitada a paridade", disse. Para garantir, a escolha de "boas direções", o secretário-geral apelou para a mobilização dos autarcas, salientando que as CCDR serão parceiros fundamentais na execução do próximo quadro financeiro plurianual, na execução do Programa de Recuperação e Resiliência e também nos programas operacionais regionais, cujo desenho será da sua responsabilidade. "Desta vez quem vai decidir se vão investir nesta estrada ou naquela linha de caminho de ferro, quem vai decidir se vão investir no metro ligeiro ou vão construir uma nova ponte. Se vão investir mais na qualificação das escolas ou mais no incentivo às empresas, desta vez, no que diz respeitos aos programas regionais, não vai ser o Governo, desta vez, vão ser aqueles que os autarcas da região vierem a eleger. E isso é um passo de gigante na regionalização, na democratização e na descentralização da gestão dos fundos comunitários em Portugal", disse. Contudo, na visão dos autarcas, a forma como o processo está a ser gerido contraria esta lógica defendida por António Costa.

José Manuel Gonçalves afirma que este é “um processo que teoricamente é para descentralizar mas como já vimos, o próprio modelo de escolha é para centralizar, naturalmente, e é para que a pessoa escolhida continue, no fundo, a ter subserviência aos principais partidos e ao Terreiro do Paço. Isso nós consideramos que é inaceitável”. Para Domingos Carvas este não é um primeiro passo para a regionalização mas “para uma relocalização. Ou seja, cada vez vamos estar mais longe de uma regionalização pura e democrática como nós queremos porque ninguém deveria eleger ninguém quando esse candidato é proposto acordado pelos partidos. Os partidos não representam, no seu todo, a população, eles representam uma fatia da população e no voto direto e universal nem representam ninguém, propõem-se e esperam que o povo com o seu voto eleja alguém. O que não é o caso, temos que eleger aquele que os dois partidos querem que se eleja ora, isto é subnegar a liberdade de voto, é limitar a nossa ação política, é pedir-me para eu ir tratar de uma eleição de alguém que eu nem sequer conheço, não faço a mínima ideia quem é o senhor, só o Rui Rio e o António Costa é que provavelmente sabem quem é”. A posição recentemente partilhada por Marcelo Rebelo de Sousa é usada por Manuel Natário Cordeiro para criticar a ideia que este modelo defende a regionalização. “Se este é o princípio de uma regionalização não se percebe ainda. Fica a dúvida mas também a preocupação que partilho, aliás, com o senhor Presidente da República, pois se a regionalização seria um bom passo face ao contexto centralista atual, melhores passos seriam dados através de verdadeiras transferências de competências do estado diretamente para as autarquias, no domínio da saúde, da educação, da ação social ou da mobilidade, porque a realidade de cada concelho é diferente e as prioridades de investimento também”. ▪

> Manuel Cordeiro


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Alijó

Homenagem a José Maria Pires Ministra da Coesão Territorial em São Mamede de Ribatua inaugurou FABLAB Tua Alijó O Município de Alijó associou-se ao Grupo Dramático Ribatuense na homenagem ao seu mais antigo membro, José Maria Pires. A cerimónia, que se realizou a 5 de setembro, dia de aniversário do antigo Presidente da Junta de Freguesia de São Mamede de Ribatua, incluiu o descerramento de uma placa comemorativa, da autoria do escultor Laureano Ribatua. Do programa fez parte ainda uma missa campal e uma homenagem aos atores e colaboradores do teatro já falecidos, no cemitério local. O Presidente da Câmara Municipal de Alijó, José Rodrigues Paredes, fez questão de associar-se a este momento festivo. “Com esta homenagem singela mas

profunda e muito sentida, pretendemos manifestar o nosso reconhecimento, enquanto comunidade, pelo valioso serviço público que tem sido a sua vida”, afirmou o Presidente da Câmara, destacando que “foi através da arte de representar que se deu com maior paixão”. José Paredes realçou ainda a aldeia de São Mamede de Ribatua e o seu percurso ligado à produção cultural, quer através da sua banda filarmónica, quer através do seu grupo de teatro. A homenagem inclui ainda intervenções de membros do Grupo Dramático Ribatuense e do atual Presidente da Junta de Freguesia de São Mamede de Ribatua.▪

Abriu ao público, no passado dia dia 28 de agosto, o primeiro Laboratório de Prototipagem e Fabricação Digital da região. A Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, presidiu à inauguração do FABLAB Tua Alijó, juntamente com a Secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira. “É com este tipo de projetos que conseguimos transformar o Interior”, sublinhou a Ministra, a propósito do novo equipamento. Durante a cerimónia, o Presidente da Câmara Municipal de Alijó, José Paredes, explicou este projeto “representa uma forte aposta na inovação e no empreendedorismo em todo o território do Vale do Tua”. “Este serviço que agora colocamos ao dispor de todos, muito especialmente ao serviço dos investidores, será mais uma fonte de energia positiva e confiança no alavancar de projetos de desenvolvimento que se quer sustentado, sustentável, amigo do ambiente e criador de emprego, preferencialmente emprego jo-

vem e qualificado”, sublinhou. José Paredes aproveitou a presença da representante do Governo em Alijó para reivindicar apoios do Estado para projetos estratégicos para o Concelho, nomeadamente o Plano Integrado e Sustentável de Humanização do Centro Histórico da Vila do Pinhão. A este propósito, Ana Abrunhosa reconheceu que este é um projeto estruturante, que exige várias etapas de execução, deixando a garantia de que quer “encontrar uma solução para este projeto que não é para um ano, nem dois, nem três, mas que é certamente um projeto transformador, não só para o Concelho, mas também para o Douro e para o País”. “Nunca deixamos um bom projeto sem financiamento”, assegurou a Ministra da Coesão Territorial. O programa do dia incluiu ainda a visita às obras de requalificação da Casa dos Nouras, futuro Centro de Mostra e Amostra de Produtos Endógenos e da área envolvente ao Plátano e Igreja Matriz. ▪

Município alarga medidas de apoio ao sucesso escolar no ano letivo 2020/2021

Município avança com requalificação do Miradouro de Casal de Loivos

A Câmara Municipal de Alijó vai alargar as medidas de apoio ao sucesso escolar no ano letivo 2020/2021. Além de disponibilizar novamente acesso gratuito à plataforma pedagógica “Escola Virtual” aos alunos do 2º e 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário, vai também oferecer acesso à plataforma “+ Sucesso Escolar: Aprender, Colaborar e Partilhar”, direcionada aos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico e a todas as crianças da Educação Pré-Escolar. As duas plataformas são ferramentas pedagógicas online que colocam à disposição da comunidade educativa formas de estudo e acompanhamento mais dinâmico e atrativo, e que tem a particularidade de disponibilizar aulas interativas, exercícios e testes para avaliação de conhecimentos nas várias áreas curriculares. Todos os Pro-

O Município de Alijó arrancou, no passado dia 14 de setembro, com a requalificação do Miradouro de Casal de Loivos, um dos pontos de interesse turístico mais atrativos da Região do Alto Douro Vinhateiro. Esta intervenção, que inclui a construção de estruturas de apoio ao miradouro, resulta de um investimento superior a 380 mil euros, comparticipado através da Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior do Turismo de Portugal. O Presidente da Câmara Municipal de Alijó, José Paredes, considera que “este investimento vai permitir a valorização do património paisagístico do Concelho e criar ainda mais condições para o crescimento do setor do turismo no Concelho e na Região do Dou-

fessores e Educadores do Agrupamento de Escolas também terão acesso às respetivas licenças e irão receber formação específica para utilização da plataforma. Estas iniciativas estão enquadradas no Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar (Piicie Alijó Educa+), financiadas pelo Norte 2020. ▪

ro”. “É mais um passo que damos no sentido de valorizar uma das nossas maiores riquezas enquanto produto turístico”, sublinha José Paredes. O Miradouro de Casal de Loivos, considerado um dos mais impressionantes da paisagem duriense, oferece uma vista panorâmica sobre as encostas repletas de vinhas em socalcos que rodeiam a vila do Pinhão e o rio Douro. Esta empreitada tem um prazo de execução de um ano, período durante o qual o estacionamento será interdito na Rua do Cemitério, junto ao miradouro. Futuramente, o Município de Alijó pretende avançar também com a requalificação da Rua Central de Casal de Loivos, que dá acesso a este Miradouro. ▪


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Carrazeda de Ansiães

Município lança obras de beneficiação da Estrada Municipal 629 O Município de Carrazeda de Ansiães e a empresa Higino Pinheiro & Irmão, S.A., assinaram quarta-feira, 9 de setembro, nos Paços do concelho o con-

trato de obra pública de “Beneficiação da EM629 entre a EM628 e o limite do concelho. Esta obra refere-se à requalificação de

um troço da estrada municipal que liga Carrazeda de Ansiães à localidade de Folgares. O valor da empreitada ascende a

148,580,76€ acrescido de IVA à taxa legal em vigor e tem prazo de execução de 90 dias a partir da data de consignação. ▪

Requalificação de várias ruas no centro da vila O Município de Carrazeda de Ansiães e a empresa Carlos Augusto Pinto dos Santos & Filhos S.A assinaram sexta-feira, 4 de setembro de 2020, nos Paços do concelho o contrato de empreitada de obra pública, denominada: Requalificação da Rua dos Bombeiros Voluntários, Rua da Srª da Graça, Rua Adelino Amaro da Costa, Rua de Santa Águeda e Travessa de Santa Águeda. Esta empreitada ascende ao valor de 414,987,51€ acrescido de IVA à taxa legal em vigor e têm um prazo de execução de 180 dias a partir da data de consignação. ▪

Valorização paisagística e ambiental do Jardim da Telheira De forma a tornar o jardim num lugar mais acessível, seguro e inclusivo estão a decorrer obras de valorização paisagística e ambiental do espaço.

Estas obras incluem a colocação de um parque infantil, alguns aparelhos de cardio fitness, mobiliário urbano e pavimentação dos percursos existentes. ▪

Passaporte Rede de Museus do Douro (Mud) já disponível O passaporte da Rede de Museus do Douro (Mud) pode ser adquirido pelo preço unitário de 2€ nos espaços museológicos do Município de Carrazeda de Ansiães, nomeadamente CIVT – Centro Interpretativo do Vale do Tua no Museu da Memória Rural. O passaporte permite-lhe usufruir de descontos nos acessos em 41 locais que integram a Rede de Museus do Douro, estando 6 deles localizados no concelho de Carrazeda de Ansiães, contendo ainda

uma descrição sobre os espaços a visitar, horários de funcionamento e descontos atribuídos. Venha visitar e carimbar o seu passaporte nos seguintes espaços: CIVT – Centro Interpretativo do Vale do Tua Museu da Memória Rural Núcleo Museológico da Telha Centro Interpretativo do Castelo de Ansiães Moinho de Vento Núcleo Museológico do Azeite ▪


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São João da Pesqueira

Inauguração do Centro Pastoral Monsenhor José Gomes em S. João da Pesqueira Teve lugar no dia 6 de setembro, a inauguração do Centro Monsenhor José Gomes em S. João da Pesqueira. Após a sessão de inauguração e visita ao edifício, decorreu o lançamento do livro “Postais Turístico Históricos da Vila de S. João da Pesqueira”, livro da autoria de Monsenhor José Gomes. Esta cerimónia contou com a presença de S. Exa., o Bispo de Lamego, D. António Couto. Foi também a última Eucaristia celebrada no Concelho pelo Pároco Filipe Pereira, que vai assumir funções de Reitor do Seminário Maior de Lamego. ▪

Câmara Municipal oferece vales escolares A Câmara de São João da Pesqueira está a disponibilizar vales escolares para o novo ano letivo. Os vales podem ser levantados pela comunidade educativa. Segundo a autarquia, os vales escolares referentes ao pré-escolar e ao primeiro ciclo “estarão disponíveis para levantamento nos estabelecimentos de ensino a frequentar sob a responsabilidade das coordenadoras dos Serviços de Apoio à Família do Município”. “Os Vales Escolares relativos aos restantes ciclos de ensino estarão, como habitualmente, disponíveis para levan-

tamento no Balcão de Atendimento da Câmara Municipal”, acrescenta o município. A Câmara de São João da Pesqueira lembra que a educação “é um dos pilares do desenvolvimento do território e com vista a minimizar os efeitos negativos da pandemia bem como apoiar as famílias neste início de ano escolar”. Por isso, a autarquia reforçou o valor do vale escolar em 10 euros, “relativamente ao ano letivo anterior, num investimento total previsto de 36.630 euros”. ▪

Bolsas de estudo para o mérito - ensino superior Estão abertas as inscrições para atribuição de Bolsas de Estudo por Mérito, aos (às) alunos (as) do ensino superior público. Poderão concorrer à Bolsa de Estudo Por Mérito, os (as) alunos (as) do concelho com média igual ou superior a 14 valores. A Bolsa de Estudo por Mérito terá o valor correspondente à totalidade do montante da propina anual do curso frequentado pelo (a) concorrente no

ano letivo 2019/2020. A fim de se inteirarem de todos os procedimentos, os (as) interessados (as) poderão dirigir-se ao Balcão Único de Atendimento da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira ou ao Gabinete de Apoio ao Pelouro da Educação, onde em ambos os casos, poderão fotocopiar o Regulamento Municipal de Atribuição de Bolsas de Estudo a Alunos do Ensino Superior, ou ainda consultar a informação disponível no site do Município em www.sjpesqueira.pt ▪


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Entrevista

CLARA FERREIRA ALVES: “O ser humano é gregário: expande-se com os outros, não se expande sozinho”

episódio inteiro no Douro. Fomos a casa dos Symington, tomar chá com um dos patriarcas da família e seu filho. Houve uma grande conversa em torno dos vinhos e do país. Depois, tivemos a ver um pouco do Douro, onde almoçamos e ficamos. Creio que a equipa toda – era imensa gente na realização – ficou uma noite no Douro. Não estávamos propriamente de férias, mas foi uma sensação extraordinária apreciar aquele rio, os vinhedos, a cor magnífica de tudo aquilo. Depois pensei: bom, vou voltar. Mas ainda não voltei. Tentei, em tempos, quando vim passar o fim de ano ao Porto, mas havia tantos turistas e com tudo reservado, que não era possível eu ir para o Douro. Portanto, fiquei sem o Douro. Mas, agora, aproveitando a circunstância trágica da covid, estou a pensar visitar o Douro com calma e vê-lo como deve de ser. Já com longa vida no «Expresso», o que é realmente e pretende ser a “Pluma caprichosa”? Qual o verdadeiro capricho dessa sua pluma escrita? A “Pluma caprichosa” tem a ver com um verso de Alexandre O’Neill, a pluma caprichosa com que o destino escreve. O O’Neill é o meu poeta, que eu conheci pessoalmente, brevemente. Ele morreu passado pouco tempo. É um poeta cujo estilo e o modo como trabalha a língua portuguesa interessamme muito. E, assim sendo, fui ‘roubar’ esse verso do O’Neill e continua, muito bem, com esse nome, de que gosto bastante. Relaciona-se, também, com o facto de eu escrever sobre aquilo que me apetece e não estar vinculada a um tema só – político ou outro –, coisa que eu detesto.

Texto e fotos: André Rubim Rangel Permita-me que coloque uma questão que certamente já lhe fizeram algumas vezes: o que a levou a trocar a advocacia pelo jornalismo? Aborrecia-me mortalmente na advocacia. E gostava muito. O único ramo do Direito que achava graça era o Direito Penal. E disseram-me logo que com ele só se ganhava dinheiro defendendo traficantes de droga. Portanto, o que teria de fazer era Direito Comercial, Direito Empresarial e essas coisas. Isso não gostava: mudanças de foro social, despejos e esses casos com que se começa na profissão. Era supremamente entediante. Eu sempre tive uma visão romântica do

tribunal e depois percebi que para ganhar dinheiro era conciliar no escritório, não era no tribunal. E nunca me arrependi de não ter seguido essa carreira. Teria mais dinheiro do que tenho hoje, mas esse não é o ponto. Imaginemos que tinha agora, num instante de improviso, escrever e descrever o Douro para si. Como narraria? Eu conheço tão mal o Douro: só fui à região duas vezes. É terrível. E sempre brevemente, nunca fiz a famosa subida de barco ou descida de barco. A primeira foi com os meus pais na infância, não me lembro de muita coisa. A segunda, mais engraçada e melhor, foi quando estava a fazer um filme com o Mário Soares – «O caminho faz-se caminhando» – e nesse filme fizemos um

No seu currículo jornalístico destaca-se também o ter sido repórter de guerra no Golfo e na América Latina: há alguma história/episódio que nunca tenha contado e que nos possa, agora, revelar? Deve haver imensos episódios que não contei, tirando aqueles que escrevi. Para não irmos para as coisas trágicas que vi, que são muito más, dentro das coisas boas – que não tem nada a ver –, é que no meio do horror, que foi sempre a questão israelo-palestiniana, foi a primeira vez que eu vi o Mar Morto. É um mar com uma tal densidade que as pessoas flutuam. E nada me pareceu mais adequado àquela região, que gerou três Deuses monoteístas, de um mar que está absolutamente morto, que é denso, e aparentemente não podemos ir fundo, nem ao fundo, nem ir mais fundo. E, às vezes, há qualquer coisa nos motivos daquela guerra – que se tornou profundamente trágica – de trivial. E hoje é uma guerra esquecida. Logo, o Mar Morto define bem aquela região, com o seu nome terrível! Isto que exprimi não é um episódio, mas uma visão alusiva.

Que análise e comparação faz do Golfo de então com o atual, e sua complexa tensão? É o mesmo! É sempre a mesma coisa. A passada guerra do Golfo foi por causa do Golfo Pérsico, mas o Golfo chamado «Médio Oriente» repete a mesma história de há mais de 10 mil anos. Há uma oscilação dos heróis e dos vencidos, mas continuamente uma história dum enorme desentendimento tribal e religioso, explorado por entidades externas, que têm como cálculo, muitas vezes, a venda das armas. Estamos perante potências regionais e tribos, algumas delas religiosas e fundamentalistas. Mas acha que se o Saddam Hussein não tivesse sido morto, seria diferente? O Saddam já está muito fora da História atual e aquilo continua igual. A morte do Saddam aconteceu num dia que os americanos resolveram que ele já não era amigo deles e invadiram, assim, o Golfo Pérsico. Mas, quer dizer, o Iraque é uma democracia? Não, claro que não! Será? Duvido… Para si, “a guerra faz avançar o mundo”. Mas não estaríamos melhor em paz universal? O que a bloqueia e impede de avançar? Nunca estivemos em paz universal. Desde que o homem é homem, que não está em paz universal! Mas, então, como utopia, entende que nunca deixará de o ser? Eu acho que nunca haverá paz universal. Há sempre alguém que está zangado com alguém, pelas melhores razões e pelas piores razões. Normalmente as guerras é pelas piores razões. Agora nem estamos num ponto particularmente mau: não há muitas guerras, há menos do que já houve. Mas a guerra hoje mudou: é agora tática, de guerrilha e insidiosa e não de peito aberto, como a I ou a II Guerra mundial. Esse tipo de guerra já acabou. A guerra contemporânea é mais tecnológica, de mísseis cirúrgicos. A guerra vai evoluindo. A indústria do armamento é poderosíssima, que não pode morrer. Esta indústria precisa de disputa: podemos chamar-lhe ‘guerra’ ou, simplesmente, ‘disputa’. Às vezes uma guerra não é mais do que uma disputa económica, ou disputa de vaidades ou uma disputa de poderes. É sempre muito mau quando alguém quer converter outro alguém, na minha opinião. Considera que somos uma sociedade de bem-estar e abundância sem distopia? A sociedade portuguesa não sofre de distopia, ao lado de tantas outras e que não têm democracia. Nela vivemos, com algum bem-estar e alguma abundância – estamos dentro da Europa –, embora não seja perfeita nem rica. Pelo menos rica


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Entrevista A espécie humana aguenta muita coisa. A resiliência da espécie humana é infinita! Jogando com o nome do programa televisivo em que é comentadora, qual o melhor e pior mal da política atual? Como pô-la nos eixos e sem mais desleixos? Quer fazer trocadilhos (risos). Eu acho que não há o melhor mal de nada. O mau é sempre mau e o que é mau, é mau! O melhor da política é ser livre. É que noutro país estaria na prisão por fazer aquilo que faço. Como escritora, que lições e conselhos dá a quem se inicia na escrita e quer viver dela e com ela? Não acho que alguém que não tenha talento possa viver da escrita e se iniciar na escrita. Isso é uma falsa premissa. As pessoas ou nascem com o talento ou não nascem! É como saber pintar ou fazer música. Não o descobrem mais tarde. A escrita não é uma técnica. Sente que os portugueses leem mais livros que outrora? Não, não leem nada. E o que leem, muitas vezes, são maus livros.

como outras, mas isso o país é o que é. O período cíclico das Descobertas já terminou e, portanto, olhando a sociedades com um grau de sofrimento avassalador – como o Iraque, a Síria, certas regiões de África, o Iémen, etc. – não estamos mal e somos uma sociedade altamente funcional. E nesses países que indiquei nem é bem distopia o que vivem, mas ambientes de guerra e disputas... Todavia, como travar os “vírus” humanos do relativismo moral, da fugacidade e do mau uso/abuso tecnológico que vivemos? Não chamaria, como disse, «vírus humanos», porque vírus é vírus e humanos são humanos. Mas todos sofremos como espécie humana. Estamos numa fase de cansaço que gera a indiferença. Sabemos demasiadas coisas e não podemos acudir a todas! Quanto ao travar esses problemas, vejamos que a sociedade vai avançando e vai evoluindo. E a nossa é altamente informada e altamente tecnológica. Portanto, é impossível parar o que chamamos ‘futuro’! O avanço continua, independentemente do que nós achamos sobre ele. Primeiro, inventou-se a roda, depois Gutenberg inventou o modo de imprimir – a Imprensa –, Silicon Valley inventou a sociedade digital e do algoritmo. Assim, é impossível parar isto. Podemos discordar, podemos controlar através de regulações, podemos fazer leis, podemos adequar aquilo, mas travar é impensável. Participou na recente Feira do Livro do Porto, sobre “Alegria para o fim do mun-

do”. O que significa para si este mote e como pode servir de apelo aos cidadãos? De repente, a covid impediu a nossa vida, parou-a. E, portanto, ela ficou triste. É um facto! Não podemos abraçar as pessoas, não podemos estar uns com os outros, estamos solitários em casa, confinados. O ser humano é gregário: expande-se com os outros, não se expande sozinho. As pessoas não são Kafkas, de modo geral. Não estão fechadas no quarto, a escrever a obra. Deste modo, é preciso ter instantes e

momentos, pingos de alegria no meio disto. Porque ainda estamos no meio e não sabemos quando saímos disto! A feira do livro é um desses momentos, que foi resgatado dessa ‘solidão’, de doença e/ou dor – no caso das pessoas que morreram –, a que fomos condenados. E esta condenação que aborda desejarse-ia curta: aguentarão as pessoas ter que voltar a confinar em casa, numa nova quarentena da 2.ª vaga que espreita?

Que critérios tem em conta manter na sua escrita, a fim de ser fiel ao que escreve e àquilo que os seus leitores reconhecem nela? O meu único critério é eu achar que aquilo que fiz é bom! Até eu chegar a esse ponto demoro muito tempo. Emendo e reemendo, estrago, volto atrás. Isto é uma técnica de escrita e reescrita. Mesmo depois dos seus livros publicados, ao relê-los, algo lhe diz que escreveria diferente? É sempre. Acontece naturalmente. Já estavam os seus quadros de pinturas expostos, na exposição, e o Bonnard ia lá retocar o amarelo. É sempre possível retocar o amarelo. Quando compra um livro que não conhece, o que pensa e quer antes de o comprar? Fica-se pela capa, se a interpela ou não? Nunca compro livros que não conheço por alguma razão. Nunca compro livros só pelo título ou porque tem uma capa interessante. Ou tenho de ter uma referência ou é mesmo raro que um título me chame a atenção para o comprar. E há muitos títulos completamente idiotas. Primeiro, tenho de ver se vale a pena, porque detesto deitar livros fora – embora já tenha deitado alguns –, sabendo mais ou menos o que quero dele. Tenho de saber quem é o autor ou ter, pelo menos, curiosidade em conhecer algo sobre ele. Não pretendo perder tempo com um mau livro. Uma última e breve mensagem de desafio aos leitores… Leiam. Leiam! Continuem a ler, no caso dos que já leram. ▪


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Lamego

Zigurfest celebra 10 anos com edição especial O sol de fim de tarde, o relvado onde, sentados, embarcamos numa conversa com Afonso Lima, um dos organizadores do Zigurfest, David Bruno e Pedro Pestana, dois dos artistas presentes nesta edição de décimo aniversário, são o cenário ideal para um diálogo que, tal como o próprio evento, caminha por diferentes percursos, alimentado pelas visões individuais de cada participante. A pandemia da Covid-19 trouxe ao mundo artístico mudanças profundas, se nos cinemas e teatros, por exemplo, as lotações das salas foram limitadas a metade, os concertos praticamente desapareceram das agendas de artistas e promotores, contudo, como uma gota no oceano, o Zigurfest vai acontecer, mudando o seu formato mas mantendo a essência: levar a música a locais icónicos da cidade de Lamego. “Essencialmente é um ano de sentimentos um pouco dolorosos para nós. Este é o décimo ano do Zigurfest portanto pretendíamos festejar de forma diferente, tínhamos planeado trazer bandas e artistas que já tinham passado pelo festival para mostrar o trabalho que tinha sido feito ao longo dos últimos anos. Fazer isto com essa comunidade que se foi criando ao longo dos últimos anos seria especial. Podíamos ter adiado mas essa era uma decisão fácil, como o Zigur é um festival que não precisa da bilheteira, está montado de forma a não precisar disso, então podemos correr riscos que outros promotores não podem correr daí ter sido possível avançar e também garantir a quem vive disto que continua a ter palcos. Não vai poder acontecer exatamente nos moldes em que habitualmente acontece, em vez de 4 dias será em diferentes datas até ao final do ano, e diversos espaços porque não podemos criar grandes aglomerações. Obviamente que um dos palcos principais, até porque é a casa principal do festival, é o Teatro Ribeiro Conceição, outro espaço importante, porque é um dos nossos parceiros, é o Museu de Lamego, onde será o concerto dos 10000 Russos”, afirma Afonso Lima. Para Pedro Pestana, elemento dos 10000 Russos esta é a oportunidade de regressar aos palcos, situação que, apesar de difícil é abordada com algum humor pelo músico. “Nós tínhamos cerca de 100 concertos por ano e passamos a 0, ou melhor, na verdade passamos para 1 (risos). O grande statement em teres um festival, e

quereres continuar a fazer coisas, é que isto não pode parar. Não podemos ir apenas jantar fora, tomar um café e beber cerveja, tem que haver mais qualquer coisa. Os concertos só por si não são nocivos à saúde, há forma de os fazer sem serem nocivos quer para os músicos quer para o público, isso é o mais importante”. Também para David Bruno esta é uma oportunidade de voltar aos palcos e a um palco, o do Teatro Ribeiro da Conceição, que conhece bem, foi ali que gravou o seu primeiro álbum “ao vivo”. Para o músico que tem a portugalidade como inspiração no seu trabalho, atuar no interior, tocar no Zigurfest é ainda mais especial. “É um regresso que sabe bem. Tenho agora uma série de concertos que marquei e que nunca serão rentabilizados como poderiam ser. Eu não vivo só da música, por isso se ganhar só metade do dinheiro continuo a ter que comer e onde morar. Por isso o que estou a tentar fazer é tocar onde posso, nem que seja em salas mais pequenas, não tenho nenhum problema com isso. Vai ser bom tocar de novo. Se eu não tivesse lançado o álbum antes da quarentena não tinha feito nada, a minha música vive muito de observar a nossa vida do dia a dia e estar em casa para mim foi zero em termos de inspiração. Eu sendo um defensor da portugalidade, voltar a tocar neste festival, que para mim é o mais português de Portugal, é muito bom. É de valorizar a iniciativa de quem simplesmente não adiou ou parou, que faz um esforço maior por realizar um evento com menos pessoas. Com menos gente os concertos podem ser ainda mais incríveis, até porque as pessoas estão muito sedentas de voltar a ver música ao vivo por isso acho que vai ser especial”. O mote dado por David Bruno despoleta um diálogo entre os três entrevistados que vagueia entre a seriedade do assunto e o humor. “Isso depende do contexto, do que estás a fazer, do que tocas e das pessoas que estão, não há uma regra”, afirma Pedro Pestana O que é transversal e que me parece ser mais problemático é o pessoal ter que estar sentado. Com música há uma necessidade inerente em dançar quando a música assim o pede e isso não se pode propriamente fazer na cadeira. Há algumas soluções que vemos serem testadas e que podem ser mais agradáveis, ou não, mas ainda não encontramos a solução porque também ainda não fizemos o suficiente. Quanto ao grau de imersão das pessoas, se estiveres a fazer música para o corpo as pessoas sentadas vão estar naquela, se é para a cabeça então tudo bem. Se fizeres para os dois também está tudo bem porque tanto dá para um lado como para o outro. Com tudo isto surgiu-me uma dúvida, daquelas de casa de banho (risos). Se isto perdura, até que ponto é que vai haver uma mudança fundamental na música em que se note que

passa a ser feita para gente sentada, ou noutro contexto, não tanto para abanar o corpo”, completa o elemento dos 10000 Russos. “Por acaso também já tive essa dúvida, inclusivamente na programação desta edição. Tínhamos pensado em alguns artistas que são fundamentalmente para música de corpo que não fazia sentido ter”, afirma Afonso Lima. “Eles não iam ficar contentes no final do concerto”, remata David Bruno. “Eu tenho repertório suficiente para fazer um concerto numa danceteria para velhotes sentados sem problema nenhum (risos), e isso é um cenário daqueles “vá que não vá”... Agora, o que não é mesmo solução para nada nesta vida, são os concertos em live nas redes sociais, chegas ao final das músicas e fica um vazio… fiz dois e nunca mais quero fazer, é um vazio gigantesco, ao menos as pessoas sentadas estão ali e o distanciamento é lateral, não é para cima, as pessoas podem levantar-se”. Concordando com o artista gaiense, Pedro Pestana completa afirmando que “isso é algo muito específico, quando as coisas começam a abrir um pouco o streaming deixa de fazer sentido, em março e abril acabou por ser uma necessidade. Naquele contexto era mesmo necessário fazer alguma coisa, eu também fiz e também não gostei, até certo ponto estás demasiado confortável”. “Eu vi dos dois e nota-se que havia muita gente a interagir mas aquela coisa de pôr corações e likes, e a pedir “toca aquela”… É giro mas para ti que és artista não faz grande sentido”, comenta Afonso Lima. “Surgiu de uma necessidade que era o não poder sair de casa e a única forma de fazer algo para fora era essa”, sublinha Pedro Pestana, interrompido por David Bruno que remata o diálogo “ou na varanda como o José Malhoa… (risos)”. Antes do gravador se desligar houve ainda

tempo para questionar tanto artistas como promotor da importância da realização de um evento desta dimensão numa cidade do interior, algo que para David Bruno “é mais especial do que tocar no Porto ou em Lisboa”. Pedro Pestana, que já colaborou com Afonso Lima em outros projetos no interior considera “fundamental que o país seja tratado como um todo. “Já trabalhei com o Afonso num outro projeto, o “Um ao molhe” a ideia já era descentralizar este tipo de eventos do eixo Lisboa – Porto, corremos todos os distritos”. Para Afonso Lima, organizador do festival, este tipo de eventos tem um papel essencial até porque permitem a quem está no interior ter contacto com outras realidades, sublinhando ainda o papel das autarquias no apoio a projetos como o Zigurfest. “Faz muito sentido que isto exista. Começa a deixar de haver tanta necessidade porque já começam a aparecer outros projetos. O Zigurfest começa em 2011, em pleno tempo da Troika, quando nós começamos deu muito jeito e para nós foi a oportunidade ideal para trazer para o interior coisas que nós, quando éramos mais novos, nem sequer sabíamos que existiam. Eu enquanto jovem que cresceu em Lamego estava alienado de muita cultura, por isso para nós era fundamental trazer estas coisas que são mais diferentes, aquilo que habitualmente não passa nestes locais. Há um papel importante das autarquias no sentido de procurarem e apoiarem estas comunidades que querem fazer algo de diferente, nós tivemos a sorte que alguém nos ouviu e confiou no nosso trabalho”. Os bilhetes para os concertos de David Bruno e 10000 Russos já estão disponíveis para reserva até ao dia 18 de setembro através do email bilheteira.trc@cm-lamego.pt ou dos telefones 254 600 070 ou 962 116 119. ▪


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Município abre novo Posto de Turismo Abriu, no passado dia 21 de agosto, ao público o novo Posto de Turismo do Município de Sabrosa, localizado no Jardim do Largo Dr. Sá Fernandes, vulgarmente conhecido como Largo da Fontainha. Neste Posto de Turismo é possível obter informações sobre todo o território do concelho de Sabrosa e da região duriense, informações úteis aos visitantes sobre ofertas turísticas e ainda realizar a compra de alguns produtos endógenos, de forma acessível para todos os visitantes. Este posto está aberto todos os dias

da semana, de segunda a sexta-feira das 09h30 às 13h00 e das 14h00 às 18h30, e aos sábados e domingos das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. Este espaço de informação, promoção e divulgação do território sabrosense substitui o serviço que era prestado no antigo Posto de Turismo, agora encerrado e localizado no Auditório Municipal, e vem complementar a estratégia de divulgação e promoção turística do concelho de Sabrosa, acrescentando também serviços àqueles já existentes no concelho. ▪

“A Casa ao Lado” pinta viagem de circum-navegação O projeto “Um TRAÇO por Magalhães” trouxe, durante a última semana de agosto, a Sabrosa o centro artístico “A Casa ao Lado”, através dos muralistas Joana Brito e Ricardo Miranda, para pintar um mural que alude e evoca à viagem de circum-navegação, comandada por Fernão de Magalhães. Localizado numa das fachadas exteriores da Piscina Municipal de Sabrosa, o trabalho foi desenvolvido com a técnica de “pintura mural” e teve a duração de quatro dias. A imagem gráfica apresentada no trabalho final vai ao encontro do intuito do projeto, “que pretende abordar a viagem na sua globalidade, união e a

multiculturalidade presente através das suas variáveis e perspetivas, e que engrandece o trabalho feito por todos os intervenientes, de todas as nacionalidades envolvidas.”, referiram os artistas. A propósito das Comemorações do V Centenário da Primeira Volta ao Mundo (2019-2022), comandada por Fernão de Magalhães, o projeto “Um TRAÇO por Magalhães”, está a ser desenvolvido junto da Comunidade Portuguesa espalhada pelo Mundo, deixando a sua “marca” através de intervenções artísticas comunitárias, neste caso relacionadas com o tema da viagem. ▪

CLDS 4G já “arrancou” em Sabrosa O Contrato Local de Desenvolvimento Social - 4ª Geração, de Sabrosa CLDS-4G Sabrosa, começou no início do mês de setembro o seu trabalho no concelho de Sabrosa. O CLDS-4G terá como objetivo promover a inclusão social de grupos populacionais que revelem maiores níveis de fragilidade social no concelho de Sabrosa, mobilizando para o efeito a ação integrada de diversos agentes e recursos localmente disponíveis, constituindo-se como um instrumento de combate à exclusão social fortemente marcado por uma intervenção de proximidade realizada em parceria. Com uma duração prevista de 36 meses, o CLDS-4G Sabrosa irá desenvolver atividades que permitam a intervenção integrada nos seguintes eixos: Eixo 1: Emprego, formação e qualificação;

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Sabrosa

Eixo 2: Intervenção familiar e parental, preventiva da pobreza infantil; Eixo 3: Promoção do envelhecimento ativo e apoio à população idosa. Financiado por fundos estruturais em conformidade com a legislação nacional e europeia aplicável, designadamente pelo Fundo Social Europeu (FSE), tem como Entidade Coordenadora Local da Parceira a APPACDM de Sabrosa-Vila Real e conta com o apoio da Câmara Municipal de Sabrosa. ▪

Terminou a edição 2020 do Mercado Local de Produtos da Terra O Mercado Municipal de Sabrosa recebeu no passado dia 7 de setembro a última edição de 2020 do Mercado Local de Produtos da Terra. Num fim-de-semana que deveria ser de festa em Sabrosa, o Mercado Local de Produtos da Terra veio dar algum colorido, dinâmica e animação, à manhã de domingo na vila e levou vários populares ao evento. Para além dos habituais produtos frescos da terra,

os visitantes puderam também apreciar uma atuação musical do grupo “Rama de Oliveira”. A edição de 2020 do Mercado Local de Produtos da Terra decorreu entre os meses de maio e setembro no concelho de Sabrosa, passando pela grande maioria das freguesias e levando o que de melhor os produtores locais disponibilizaram a quem visitou e usufruiu deste evento. ▪




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VIVADOURO

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Região

Vale do Tua, um destino de estrelas

“Dark Sky® Vale do Tua” é esta a designação que foi agora atribuída pela Fundação Starlight, que nos últimos dois anos avaliou em diferentes períodos e auditou o processo de candidatura, para confirmar que, efetivamente este território reúne todas as condições para integrar a lista de sítios Starlight, na modalidade de Destino Turístico. Miguel Claro é fotógrafo profissional e uma das peças chave na atribuição desta certificação, em declarações ao nosso jornal afirma que “o Vale do Tua tem o seu encanto natural. É riquíssimo do ponto de vista paisagístico mas também do ponto de vista da arqueoastronomia, aqui há muitos monumentos megalíticos e é uma parte muito importante nesta parte do astro turismo que também as pessoas procuram muito”. Questionado sobre o que podemos ver no céu do Vale do Tua, o fotógrafo que nos últimos anos tem fotografados os astros um pouco por todo o mundo afirma que “sem ter nenhum conhecimento nós vemos meramente estrelas, pontos individuais, dispersos, sem nenhuma correlação entre eles que, apesar de nas constelações podermos ver alguma correlação, ela é apensa fictícia, adotada por nós aqui na Terra, que não é real. Muitas vezes elas nem sequer estão dentro do mesmo espaço atingível, estando a centenas de anos luz umas das outras. Uma das coisas que tentamos quando fazemos as visitas guiadas ao céu e as sessões de observação, que futuramente serão desenvolvidas no Vale do Tua e que dizem respeito propriamente ao astroturismo, é ensinar a ver essas constelações para que numa próxima observação a pessoa já consiga reconhecer constelações como a Ursa Maior ou a Ursa Menor, por exemplo, conseguir reconhecer a Via Láctea a olho nu, que é algo fantástico também. A informação que passamos fará toda a diferença, o céu sempre esteve lá contudo reconhecê-lo é um mote para as pessoas olharem mais para cima e interrogarem-se sobre o que estará mais além. Ao reconhecer estas constelações, algo que é possível com os nossos olhos, é suscitada a curiosidade sobre o que há nessas constelações e aí sim, existem os tais objetos que serpenteiam a esfera celeste que não são visí-

© MIGUEL CLARO - DARK SKY® VALE DO TUA

O Parque Natural Regional do Vale do Tua destaca-se, cada vez mais, como um local único a conhecer, juntando agora ao património arqueológico, à observação de aves, e aos percursos pedestres, a observação de nebulosas, galáxias, enxames de estrelas e planetas a 'olho nu'.

veis a olho nu mas são alcançáveis através de binóculos ou telescópios, e que com conhecimento é possível de observar, nublosas, enxames de estrelas, galáxias e tudo o que nos envolve. É toda uma dimensão nova que se abre quando passamos a ter a possibilidade de realizar visitas guiadas ao céu com guias do céu formados ou astrónomos profissionais e com um observatório, uma estrutura física que permita ter instrumentos mais avançados para que isto possa ser feito com maior qualidade e o maior conforto possível” Apolónia Rodrigues é presidente da Associação Dark Sky para quem “a certificação Starlight Tourism Destination é uma garantia de qualidade do destino face a um conjunto de critérios mínimos estabelecidos pela Fundação Starlight. Quando falamos de destinos e na criação de oferta turística de qualidade é importante ter em conta critérios de avaliação que sejam objetivos e quantificáveis e especialmente analisados e confirmados por uma entidade externa. A certificação do Dark Sky® Vale do Tua permite assim comunicar, de uma forma imparcial, a qualidade do destino tendo esta avaliação sido realizada por uma entidade externa e com critérios técnicos que permitem aferir a sua oferta de astroturismo bem como as características base sem as quais não seria possível a certificação, ou seja, a qualidade do céu noturno. De acordo com a responsável, “a certificação recai sobre critérios técnicos de qualidade e disponibilidade do céu noturno e sobre a oferta turística do destino em causa, especialmente a oferta concreta na temática do astroturismo. No entanto, adianta ainda Apolónia Rodrigues, “o Dark Sky® Vale do Tua é uma junção de duas marcas destino: Dark Sky® e Vale do

Tua®. Numa primeira fase o Parque Natural Regional do Vale do Tua integrou o conceito e marca destino Dark Sky® desenvolvido desde 2007 e que permitiu iniciar a implementação do astroturismo no Vale do Tua. A equipa do Dark Sky® efectuou as primeiras medições de qualidade do céu e a avaliação da disponibilidade do recurso principal e chegou à conclusão que o destino cumpria os critérios mínimos com uma boa margem de segurança. Passada esta primeira fase com sucesso iniciou-se o processo de preparação para a certificação e trabalho de criação de oferta temática. O Dark Sky® Vale do Tua após a sua certificação passa a integrar a Rede Dark Sky® Portugal, a qual inclui já o Dark Sky® Alqueva, o primeiro Starlight Tourism Destination do mundo, e o Dark Sky® Aldeias do Xisto que tal como o Vale do Tua representa a junção de duas marcas e dois conceitos, o Dark Sky® e as Aldeias do Xisto®. As Aldeias do Xisto é uma criada e gerida pela ADXTUR”. Para Artur Cascarejo, Diretor do Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNRVT), “esta classificação é o culminar de dois anos de trabalho e preparação para a certificação como “Destino Turístico Starlight”, bem como a abertura da perspetiva de uma nova vertente de turismo que ainda estava por explorar na região. Desde o momento em que despertámos para esta questão, até ao momento em que a certificação foi atribuída, houve todo um trabalho de pesquisa e estudo das condições do Vale do Tua para a prática do Astroturismo. Este trabalho envolveu deslocações, quer da nossa parte a outros territórios, quer da parte de técnicos, especialistas e auditores à nossa região, pelo que esta certificação vem confirmar que estávamos certos ao apostar nesta vertente.

Para nós, esta atribuição traz também a responsabilidade de sensibilizar e difundir a mensagem da Fundação Starlight, que se preocupa não só com a vertente turística do Astroturismo, mas também com as questões relacionadas com a preservação do ambiente, nomeadamente questões relacionadas com a poluição luminosa, o que vai de encontro aos propósitos do PNRVT de promover iniciativas sustentáveis do ponto de vista ambiental e com forte ligação à natureza. É também uma oportunidade de criar mais um produto turístico diferenciado. Não só para o Parque e respetivos municípios, mas também para os empresários locais, tendo em conta que esta oportunidade abrange, por exemplo, empresas de animação turística, o alojamento e a restauração da região. Se os Percursos Pedestres, produto de créditos firmados no Vale do Tua, e o Birdwatching, produto em implementação pelo PNRVT, são facetas do turismo sustentável que são de fruição maioritariamente diurna, o Astroturismo vem permitir a exploração da componente noturna do turismo de natureza. Isto permite não só um aumento da oferta de produtos por parte dos empresários e da região, mas também um impacte direto positivo no número de noites que os turistas acabam por passar no território.”. De acordo com o diretor do parque, “tratase de uma vertente de turismo que se encontrava por explorar, pelo menos de forma tão aberta e declarada, em toda a região do Vale do Tua e do Douro. Em termos de Douro, acreditamos que os turistas que o escolhem como destino de férias podem ver no Tua uma região mais virada para o turismo de natureza. Posto isto, entendemos que se pode criar assim mais uma forma de ligação e complemento entre o Douro e o Tua. ▪


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Armamar

Bolsas de estudo para alunos do ensino superior em discussão pública A Câmara Municipal de Armamar colocou em discussão pública pelo período de trinta dias um projeto de regulamento municipal para a concessão de bolsas de estudo aos alunos do concelho que frequentem o ensino superior. Os interessados em conhecer o documento, colocar questões ou fazer

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sugestões podem consultá-lo no Balcão Único no Edifício da Câmara Municipal ou na página do município na Internet. Os contributos ou questões devem ser enviados por escrito ao Presidente da Câmara Municipal através de correio postal ou via correio eletrónico. ▪

Código de Posturas “Medicina Vai” vai ter regulamento municipal visitou Armamar A Câmara Municipal está a preparar um projeto de Regulamento do Código de Posturas do Município de Armamar. Os interessados em contribuir

para o teor do documento podem fazê-lo, no prazo de 10 dias úteis, mediante requerimento escrito a enviar para o endereço de correio eletrónico geral@cm-armamar.pt. ▪

Uma equipa de jovens futuros médicos esteve durante uma semana em Armamar a desenvolver um conjunto de ações junto da população. A iniciativa “Medicina Vai” é da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (AEFMUP). Tem como principais objetivos a promoção da saúde e simultaneamente alertar os jovens futuros médicos para a realidade do interior do país, as carências existentes e o papel que podem ter no

futuro para melhorar as respostas nesses lugares. Neste programa de cinco dias realizaram-se visitas domiciliárias, campanhas de sensibilização, sessões de educação para a saúde e até ações de voluntariado ambiental. A AEFMUP contou com o apoio da Câmara Municipal de Armamar, das Juntas de Freguesia do Concelho, bem como da equipa do ProAtivar - Contrato Local de Desenvolvimento Social (CLDS) de Armamar. ▪


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Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I

Dia Mundial da Segurança do Doente: Profissionais de Saúde Seguros, Doentes Seguros Dia 17 de setembro comemora-se o Dia Mundial de Segurança do Doente. A Organização Mundial de Saúde reconhece a segurança dos doentes como uma prioridade de saúde global. Para o ano de 2020, definiu como tema a “Segurança dos Profissionais de Saúde: Uma prioridade para a segurança dos doentes”. Num ano em que a pandemia por COVID-19 veio colocar em causa a segurança de todos, este torna-se um momento pertinente para abordar algumas questões relacionadas com o tema da segurança. Para que o utente receba os cuidados mais seguros, o profissional de saúde que o atende tem também que ver garantida a sua própria segurança, através de condições que lhe devem ser garantidas pela entidade patronal, pelos utentes e pela sua própria conduta. A intervenção dos serviços de saúde passa por ter um papel ativo na monitorização da qualidade dos cuidados prestados, das notificações de incidentes ocorridos na instituição, no fornecimento de equipamentos de proteção individual adequados à prática de cada profissional e ainda na dotação segura de profissionais às necessidades da população que servem. Os próprios profissionais têm a obrigação de se proteger adotando práticas seguras, tanto no que diz respeito à sua proteção, como à proteção dos utentes a quem prestam cuidados, nomeadamente através da utilização dos equipamentos de proteção individual, atualização científica constante, prática segura na identificação inequívoca dos utentes, notificação de incidentes relacionados com a sua segurança e segurança dos doentes, entre outros. Os utentes têm também um papel fundamental na promoção da sua própria segurança e segurança dos profissionais. O primeiro passo para utilização segura dos serviços de saúde é identificar-se corretamente à chegada, tendo na sua posse o cartão de cidadão e identificando-se com pelo menos dois de três elementos (nome completo, data de nascimento ou número de utente do SNS), já que muitos dos incidentes que ocorrem nos serviços de saúde estão relacionados com a identificação errada dos utentes. Depois, para sua segurança, e de todos, devem ser adotadas as medidas definidas após a COVID-19, como a utilização de máscara, etiqueta respiratória lavagem e desinfeção correta e frequentes das mãos e o distanciamento social. Outros aspeto fundamental para a segurança de todos é o cumprimento escrupuloso das prescrições médicas e recomendações da equipa de saúde, sejam enfermeiros, médicos, nutricionistas, psicólogos ou outros. A segurança nos cuidados de saúde é da responsabilidade de todos os envolvidos, profissionais de saúde e utentes, porque a segurança de uns está dependente da conduta dos outros.

Região

CIM Douro reuniu com Ministra e Secretário de Estado A CIM Douro, representada pelos seus vice-presidentes, Domingos Carvas e Nuno Gonçalves, Presidentes dos municípios de Sabrosa e Torre de Moncorvo, juntamente com o presidente do município de Alijó, José Paredes e o 1. ° Secretário Executivo Intermunicipal, Paulo Noronha, reuniram, na segunda-feira, dia 14, com a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa e com o secretário de Estado Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Carlos Miguel, em Lisboa. A reunião teve como objetivo discutir formas de melhorar a utilização das verbas disponíveis e permitir uma maior flexibilidade entre programas, podendo desta forma corresponder melhor às especificidades da região do Douro. Foram discutidas ainda questões relacionadas com o PROVERE Douro2020, a remoção do amianto nas

escolas, a promoção do sucesso escolar e os ajustamentos ao +CO3SO, sendo de realçar o interesse manifestado no apoio à requalificação do Pinhão, um projeto âncora para a CIM Douro. Foram ainda sensibilizados, a Ministra e o Secretário de Estado, para a concretização dos projetos ligados à via navegável do Douro e à requalificação integral da linha ferroviária do Douro, tendo a Ministra mostrado interesse no acompanhamento dos referidos projetos. De acordo com o vice-presidente da CIM, Domingos Carvas, “a reunião correu muito bem, dentro das expectativas que levávamos”. “Tínhamos 3 metas a atingir. A mais importante, tendo em conta a condição anárquica do Pinhão em termos de regeneração urbana, e que o Pinhão é muito mais que uma vila do concelho de Alijó, é um projeto âncora turístico para a região, não estando a CIM alheia a este problema, fomos lá discuti-lo como se de todos o Pinhão se tratasse. Conseguimos um reforço, ou pelo menos a promessa do mesmo, via PARU ou PROVERE, ou ambos, na ordem dos 3,3 milhões de euros, que vai permitir alavancar grande parte da obra de regeneração urbana do Pinhão.

Em segundo foi alertar a Ministra e o Secretário de Estado para o problema do amianto, ou retirada do mesmo, das escolas, não só pela componente de financiamento mas também de licenciamento por parte da Direção Regional da Cultura (DRC) tendo em conta que grande parte dos edifícios que têm amianto para retirar estão situados numa zona especial de proteção e que a DRC nem sempre aceita as coberturas conforme têm sido propostas e para as quais está dimensionado o preço para a substituição. Falamos ainda das nossas preocupações tendo em conta a apresentação do Plano Estratégico para a década 20-30, apresentada pelo António Costa Silva, em especial sobre a Linha do Douro, que é uma forma de desencravar a região bem como tornar o rio navegável às mercadorias. Temos, de uma vez por todas, alavancar estes projetos bem como o famigerado IC26 para desencravar alguns dos municípios que ainda hoje têm dificuldades nas ligações rodoviárias, e o melhoramento da rede rodoviária sobretudo aquela que passou para posse dos municípios e parte delas em condições deploráveis”. ▪


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Carrazeda de Ansiães | Tabuaço

Carrazeda de Ansiães e Tabuaço com financiamento para instalação de WiFi4EU A iniciativa WiFi4EU tem como objetivo proporcionar acesso à Internet de alta qualidade a residentes e visitantes locais nos principais centros de vida da comunidade local, como parques, praças, bibliotecas ou edifícios públicos. O objetivo deste programa é contribuir para a redução da exclusão digital, especialmente em comunidades de áreas rurais e locais remotos e o aumento do acesso aos serviços públicos 'online' que melhoram a qualidade de vida nas comunidades locais. Na quarta e última convocatória deste programa foram contemplados 12 municípios portugueses entre os quais se encontram Carrazeda de Ansiães e Tabuaço, que até ao momento eram os únicos

do território da CIM Douro não abrangidos pelo programa, de acordo com os dados fornecidos no site da ANACOM. Para o autarca de Carrazeda de Ansiães, João Gonçalves, esta medida irá permitir um melhor acesso à internet por parte dos seus munícipes. “É uma medida muito importante porque nos vai permitir melhorar o acesso à internet em grande parte da vila. É mais um serviço que prestamos aos nossos munícipes e foi com essa intenção que submetemos esta candidatura”. Por seu lado, Carlos Carvalho, autarca tabuacense, sublinha ainda a importância da instalação desta rede também na promoção turística do seu concelho. “Entendemos que, atendendo à cada vez maior apetência pelas tecnologias, quer seja na área da utilização pessoal, quer seja no turismo, que para nós é um setor cada vez mais importante, ter os nossos espaços públicos com rede wi-fi é bastante relevante. Nesse sentido aproveitamos esta me-

dida que existe por parte da Comunidade Europeia de instalar esta rede em diversos espaços públicos para permitir às pessoas, de uma forma gratuita, aceder. Para além da facilidade, pode permitir uma rentabilidade incomparavelmente maior daquilo que é a promoção e divulgação turística dos nossos produtos. Nas várias vertentes, quer seja para os nossos munícipes, na sustentabilidade económica dos nossos negócios, quer

na promoção e divulgação turística pode ser fundamental”. Até ao momento os dois autarcas não têm ainda definidas as datas e os locais onde a rede será instalada estando neste momento a decorrer os procedimentos necessários à instalação. Os municípios devem assegurar que a instalação está concluída e que a rede instalada começa a funcionar no prazo de 18 meses a contar da data de assinatura da convenção de subvenção. ▪

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Região

Feliciano Amaral

ção. Aqui fica o repto à Sra. Ministra da Agricultura que encontre forma de fazer chegar diretamente esses montantes às “mãos” dos pequenos e médios Viticultores. Atento até ao que a RDD representa para o país a nível de receitas com o turismo e exportações.

Profissão: Oficial da Guarda Nacional Republicana Naturalidade: São João da Pesqueira

Texto e fotos: Carlos Almeida Olhando aos apoios dados pelo Estado à região para colmatar os efeitos da Covid-19, que análise faz desses apoios? Agradeço, na sua pessoa, ao Jornal VivaDouro a oportunidade concedida de poder dar a conhecer o Movimento “Viticultores Durienses” e alguns projetos que gostaríamos de implementar na Casa do Douro, sem prejuízo de mais adiante apresentarmos mais iniciativas e um manifesto eleitoral. Começo por reiterar votos de continuação de boa vindima a todos e a cada um dos viticultores durienses, sem constrangimentos de COVID-19 ou acidentes de qualquer natureza, para que possa correr dentro da normalidade possível e em segurança. Em concreto sobre a questão colocada, todos os apoios do Estado à Região são bem-recebidos. Contudo, ao que parece, dos montantes disponibilizados para medidas de crise, destilação e armazenamento, para os vinhos Douro - Denominação de Origem Protegida (DOP) e Indicação Geográfica (IG) - apenas 4

milhões de euros vieram para o Douro, não se esgotando todas as verbas disponíveis (sobrando 7 milhões). E para apoio ao Vinho do Porto foi criada a medida de Reserva Qualitativa de 5 milhões de euros que vai permitir beneficiar 10 mil pipas. Pese todos esses apoios (9 milhões de euros), acontece que até à data desta entrevista ainda não se vislumbrou que esses apoios tenham tido reflexo nos pequenos e médios Viticultores (Viticultores que unicamente produzem uvas). As vindimas decorrem sem preços conhecidos, algo que nos deve envergonhar. É possível e justo que, com os apoios recebidos do Estado, as cooperativas e os Viticultores que comercializam vinhos, comprando uvas a outros Viticultores, possam manter os preços pago pelas uvas para vinhos Douro, considerando até que a produção este ano se estima menor. E que o preço por pipa de benefício seja aumentado por forma a igualar o rendimento do ano transato, visto que houve um corte de 6.000 pipas de benefício. Em comparação com outras regiões vitícolas do nosso país, o Douro fica a perder ou a ganhar? A Região Demarcada do Douro (RDD) ficou

claramente a perder. Pois tem especificidades próprias. A grande maioria dos 20.000 Viticultores na região é considerado pequeno ou médio Viticultor, com mais de 90 % dos mesmos com áreas inferiores a 5 hectares e os apoios foram concedidos às cooperativas e Viticultores que vinificam e que comercializam vinhos, sem o garante que tal se materializava na manutenção de rendimentos dos pequenos e médios Viticultores, e aqui culpo quem tinha a responsabilidade de representar esses Viticultores no Conselho Interprofissional e de garantir esse mesmo rendimento – o que não o fez. O Rendimento per capita da Região do Douro tem-se mantido abaixo de 60% da média nacional, sendo a Viticultura um dos grandes motores económicos da região. Era necessário diferenciar mais a RDD. Os 7 milhões de euros que não foram esgotados nas medidas de crise, mais os 5 milhões ainda cativos dos sucessivos saldos de gerência do IVDP, podem e devem servir para cobrir prejuízos que os pequenos e médios viticultores terão nesta vindima, considerando até, lamentavelmente, que atualmente o preço recebido pelas uvas não suporta os custos de produ-

Falando agora da Casa do Douro, o que motivou a sua candidatura? Deixe-me relatar com verdade o seguinte: desde tenra idade fui habituado a ajudar nos trabalhos da vinha, em propriedades algumas da família e outras de terceiros que tomávamos conta “de meias”, ou seja, o trabalho era nosso e o rendimento era metade para nós e a outra metade para o proprietário da vinha. Trabalho duro, mas que na altura era compensador. Permitiu aos meus pais criarem os filhos, adquirirem outras propriedades e construírem casa. Sucedendo o mesmo noutras famílias. Contudo, tudo isso hoje em dia deixou de ser possível com os preços pagos pelas uvas. Aliás, existem várias propriedades na RDD que os proprietários as dispensam para quem queira tomar conta delas, sem qualquer contrapartida financeira, só para não deixar desaparecer o legado da família que tanto “suor e lágrimas” custaram. O benefício era a maior fonte de rendimento do Viticultor. No ano de 2000 houve autorização para mais de 150.000 pipas de benefício, com preço, na minha terra, ao Viticultor de 1.300 euros e a pipa de consumo a 700 euros. Hoje há autorização para 102.000 pipas de benefício e sem valores por pipa próximos dos praticados. Porém, desde o ano 2000 a população mundial aumentou mais de 1.500.000 pessoas, potenciais consumidores e desde 2001 a Região Vinhateira do Alto Douro classificada pela UNESCO – condições ótimas para o progresso, mas que não chegou a todos. A título de exemplo, França nestas duas últimas décadas conseguiu duplicar o preço ao produtor. Assim, face a este quadro, os motivos que me levam a tomar esta decisão prendemse com a crise que se instalou na RDD, com quase duas décadas. Sinto-me na obrigação moral de ter que contribuir com aqueles que me ajudaram a crescer. Sendo natural de Ervedosa do Douro, Concelho de S. João da Pesqueira, que há vintes anos, era considerada a freguesia mais rica do Douro (por ser a maior produtora do Vinho Generoso), onde hoje muitas pessoas desistiram da viticultura e com vários pequenos e médios Viticultores a não suportarem os custos de produção, quanto mais gerar rendimentos. Infelizmente, esta é a realidade da maior parte do Douro Vinhateiro – empobrecimento. Urge alterar o atual estado da RDD, pelos Viticultores, pelas nossas famílias e pelo território. Precisamos de devolver a alegria e a vontade de viver aos Viticultores. Qual deverá ser o papel da CD no futuro da região?


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Região A Casa do Douro de acordo com a lei em vigor não tem as atribuições que já teve no passado, tal não significa que no futuro não as possa vir a ter, se for feito um trabalho de qualidade e de persuasão junto dos decisores políticos, ganhando outras atribuições ou competências. Por agora, é com base nas atuais atribuições que teremos que trabalhar e cumprindo todas sem exceção. Para não ser maçador e cansativo, e porque adiante apresentaremos um manifesto eleitoral, gostaria de deixar aqui algumas ideias. Sendo a viticultura um dos principais motores da economia da região queremos que a Casa do Douro seja o centro de gravidade, enquanto representante de todos os Viticultores, para alavancar toda a RDD. Atuando, em síntese, em 3 eixos: • Eixo 1: “Aumentar o rendimento dos viticultores” (todos sem exceção - mas com especial foco nos pequenos e médios Viticultores), o nosso principal objetivo: O benefício do Vinho do Porto contribuindo para a maior fatia do rendimento do pequeno e médio Viticultor, assim se queremos aumentar essa “fatia” (que em 20 anos foi reduzido em mais de 33% o n.º de pipas e estimamos em mais de 60 milhões de euros/ano que deixaram de entrar nos bolsos dos pequenos e médios viticultores e logo na região), a saída mais imediata será que a CD tudo faça para que as vendas do vinho do Porto aumentem significativamente em n.º de pipas e, em especial, em valor. Pois só desta forma haverá mais benefício para atribuir e maior remuneração para mais de 90% dos Viticultores – aqui temos que ponderar uma de varias formas, ou mesmo todas: 1 - pela promoção da “Bebida de Portugal e dos Portugueses”, o Vinho do Porto quer em Portugal e no estrangeiro, um dos nossos maiores embaixadores no mundo, ou 2 – Aumentar o n.º de Viticultores ou União de Viticultores ou Cooperativas que comercializam o Vinho do Porto, há 3 décadas eram mais de 3 dezenas de operadores que faziam exportação e conseguiam escoar bem mais vinho do que atualmente. Existe outra forma ainda para conseguir isso, sempre na ótica de melhor remunerar os Viticultores, contudo, por agora, fico-me por aqui. A nível de vinhos Douro (DOC e IG), para aumentar o rendimento, queremos apostar na certificação de todo o Vinho da RDD que para poder ser comercializado terá que ser considerado “certificado” pelo IVDP ou Casa do Douro (sem custos) que cumpre os requisitos de “Desenvolvimento Sustentável” e de “Comércio Justo”, por forma a imputar de facto todos os custos associados desde a produção da uva até ao consumidor final – remunerando justamente pelo seu esforço todos os envolvidos na cadeia de valor, gerando um verdadeiro impacto social e económico na RDD. Pretendemos, também, criar uma ou mais

plataformas online e físicas, de vendas e promoção, que agreguem os vinhos do Douro e Porto, para quem de forma voluntária se queira associar, gerida pela Casa do Douro, gerando melhores preços e melhores margens, com intuito que tal se repercuta no Viticultor. A aposta está em “vender mais e melhor” os vinhos, com reflexo no preço da uva, logo no Viticultor, e desta forma enriquecer a região e o território. • Eixo 2: “Gerar o máximo possível de poupança aos viticultores” (também todos sem exceção): pois cerca de 20.000 associados podem e devem ter outra capacidade negocial, através da Casa do Douro, seja na aquisição de “Seguros de colheita e outros”, de serviços de “Higiene e Segurança no Trabalho” ou nos “Fatores de Produção” – pois sabemos bem, por exemplo, o custo do herbicida e do sulfate, etc., etc.. E aqui podemos incluir uma panóplia de serviços técnicos necessários ao viticultor, a preços mais interessantes ou mesmo sem custo, quer prestado diretamente pela CD ou através de entidades ou associações já instaladas na RDD, em parceria. Mesmo, através de protocolos com diversas entidades, inclusive em áreas não diretamente ligadas à viticultura, gerando poupança aos viticultores. • Eixo 3: Junto do Governo e de outras entidades públicas (e não só) reivindicarmos todas as medidas possíveis que melhor sirvam os interesses dos viticultores – desde alterações legislativas, redução de impostos, subsídios à viticultura, financiamentos, pagamento de dívidas aos Viticultores, descativação de valores no IVDP, exigir mais e melhor fiscalização, para que se acabe com a introdução de uvas ou mostos na RDD e outras práticas contrárias ao interesse geral dos Viticultores, etc, etc. Neste Eixo, queremos também incluir a recuperação do espólio, vinhos e imóveis que já pertenceram à Casa do Douro para colocar ao serviço dos Viticultores. Como presidente da CD, como será a relação com o IVDP? O IVDP como organismo público e face às suas competências, é um parceiro estratégico, pelo que a relação institucional será naturalmente harmoniosa e a melhor possível. Alguns dos nossos projetos terão que envolver o IVDP e partindo dessa premissa, o sucesso do IVDP significa o sucesso da Casa do Douro, logo dos Viticultores. As duas instituições têm que caminhar de braços dados. E com o comércio? Deixe-me por as coisas noutro patamar, a Casa do Douro representa todos os Viticultores (conforme a Lei que reinstitucionaliza a Casa do Douro enquanto associação pública), quer os que unicamente produzem uvas, quer os Viticultores que além disso, vinificam e comercializam o vinho, por isso

na qualidade de futuro presidente da Casa do Douro, a minha relação com todos os Viticultores será obviamente a melhor possível, na procura das melhores soluções para o interesse geral dos Viticultores. Conforme já referi, o nosso objetivo é o “aumento de rendimento de todos”. Mas não deixa se ser evidente que a crise instalada no Douro, onde durante anos tem havido “esmagamento de preços”, só nos tem levado ao empobrecimento da maior parte dos Viticultores, e consequentemente da região, com a consequente desertificação da mesma. É preciso que o preço pago pela uva aumente consideravelmente, é fundamental que quem compra uvas despenda pelo menos o mesmo que gasta a tratar das suas uvas. É também essencial que sejam estabelecidos / contratados os preços antes da Vindima. É inadmissível um Viticultor desconhecer a que preço vai vender as uvas. Ninguém vende vinho sem preço. Existem já boas práticas na RDD de contratos plurianuais, algo a incentivar e a aumentar. Pegando no exemplo, que recentemente utilizei de que preços de 3.99 euros por uma garrafa de Vinho do Porto na prateleira de um supermercado não são admissíveis: esse valor, descontada a margem da distribuição ou supermercado, do preço da rolha, da garrafa, do rútulo, das taxas e da aguardente e do preço da uva paga ao pequeno e médio Viticultor e vencimentos pouco sobra para o Viticultor que comercializa o Vinho. Ao invés, da diminuição de preços, devemos apostar na subida de preços em todo o setor, associado sempre à melhor qualidade possível dos vinhos, as margens podem ser enormes quer para os pequenos, médios e grandes Viticultores. Num comparativo entre os candidatos já apresentados, que atributos o destacam dos restantes? Antes de responder diretamente à questão, tive reuniões e conversações com membros de outras candidaturas ou seus representantes e não obtendo garantias que os seus projetos aumentariam os rendimentos dos Viticultores e, nalguns casos, não oferecerem garantias de uma gestão isenta ou nem demonstrarem vontade de servir os Viticultores, sentimos a necessidade de avançar com uma candidatura. E o facto de mais de uma candidatura me propor para não avançar ou ainda me solicitarem para me juntar à sua candidatura, é porque os oponentes consideram-me estar à altura do desafio. Relativamente à pergunta, estou habituado, até pela minha atividade profissional principal, Oficial da Guarda Nacional Republicana, a servir os outros, a gerir pessoas, orçamentos e recursos, a dirigir serviços – tudo que terá que ser feito pelo futuro presidente da Casa do Douro. Durante cerca de uma década estive ligado a funções de Dirigente Associativo (neste caso, associativismo militar), exigindo melhores condições para as pessoas, onde muitas das

"Podem os Viticultores contar comigo para “contas certas”, aliás esta é uma das minhas linhas vermelhas, a outra é não me submeter a interesses corporativistas que não seja o melhor interesse dos Viticultores Durienses" minhas funções passavam por reuniões ao mais alto nível junto do Governo e outras entidades, e trabalhar em dossiers complexos, sempre na procura de alinhar interesses. Por isso, sinto-me com capacidade para poder servir os Viticultores. Podem os Viticultores contar comigo para “contas certas”, aliás esta é uma das minhas linhas vermelhas, a outra é não me submeter a interesses corporativistas que não seja o melhor interesse dos Viticultores Durienses. Considerando, ainda, que a Casa do Douro é uma associação pública, sujeita a regras próprias, de acordo com algum funcionalismo público, nenhum dos candidatos tem a experiência nessa área que eu tenho. É apontado como o candidato novo que vem de fora das lógicas associativas habituais o que causa apreensão aos habituais intervenientes. Sente-se capaz para ocupar o cargo? Já no passado, em momentos de crise foram chamados militares à Direção da Casa do Douro: entre outros dou-lhe os seguintes exemplos: logo a primeira direção em 1932 contava, com 3 militares, 1 major e 2 capitães, em 1949 houve um tenente-coronel, aliás o mesmo posto que detenho, no pós25 de abril, novamente um militar de posto de capitão – ou seja não é inédito. Eu sou natural da região, toda a minha família é natural da região, desde pequenino que fui habituado a trabalhar na viticultura e é uma questão que me diz muito. Quem já está, de acordo com a sua definição de “lógicas associativas”, e acredito que se refira à Federação Renovação Douro e à Associação da Lavoura Duriense em concreto, que também manifestaram ir a eleições, deixam muito a desejar. A primeira que deveria representar todos os Viticultores, que supostamente terá 3 mil associados, contudo só nos tem feito perder milhões de euros dos bolsos dos pequenos e médios viticultores. A Segunda que alega representar 15 mil viticultores, pergunte a algum deles se já alguma vez recebeu sequer um “rebuçado” dessa mesma associação, temo que ainda teria feito pior. Acho que tenho as condições necessárias para assumir a função de Presidente da Casa do Douro. ▪


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Reportagem

Escolas preparadas para o regresso dos alunos Setembro é mês de início de mais um ano letivo. Para aqueles que iniciam o seu trajeto escolar ou um novo ciclo é sempre altura de algum nervosismo, para os que regressam para junto dos seus colegas é tempo de matar algumas saudades que as férias provocaram. Este ano, devido à pandemia Covid-19 este é um momento que será vivido de forma diferente e o VivaDouro visitou duas escolas da região para perceber como é que tudo está a ser preparado para receber os alunos. Texto e fotos: Carlos Almeida Nas Escola Secundária de Latino Coelho, em Lamego, o regresso dos cerca de 800 alunos à escola está planeado para o dia 17 de setembro. Para o diretor do agrupamento escolar, o professor Martins Rocha, tudo está pronto para esse momento com alguns ajustamentos já planeados, em especial no que diz respeito aos horários das aulas e às salas que têm capacidade para receber alunos com as devidas condições. “O que está planeado é o ensino presencial, com ajustamento de horários e algumas opções em termos de mancha horária tentando fazer com que os alunos fiquem menos tempo na escola mas também com menos espaço livre, como se costuma dizer. Houve um reajustamento nos horários de funcionamento, a criação de 6 tempos de manhã para permitir mais aulas concentradas neste turno e depois uma seleção de salas onde os alunos podem estar com as condições de afastamento que são recomendadas pela DGS. No fundo estamos a seguir todas as instruções da DGS e desde o pré-escolar foram feitos os necessários ajustamentos. Nós temos salas grandes e pequenas, em algumas das pequenas não há condições portanto não serão utilizadas a não ser por grupos reduzidos de alunos. A questão de funcionamento em si, não é complicado quando os alunos estão nas aulas, o complicado é quando eles saem das aulas, nos espaços comuns, essa é a parte que está a dar mais trabalho em termos de organização de circuitos por onde eles podem andar porque temos que jogar com várias coisas, ter os alunos permanentemente fechados numa sala aumenta a probabilidade de conflitos”. Para o diretor, a manutenção dos alunos dentro da sala de aula durante o período da aula e o intervalo é mesmo o mais difícil de gerir, por isso foram já dadas indicações aos docentes para adaptarem os momentos de aula à nova realidade. “Já foram dadas algumas orientações para os diretores de turma durante a semana anterior no sentido de estabelecer um plano de atuação que mais do que fazer a identificação das dificuldades, dos atrasos e dos avanços, relativamente ao período em que estiveram à distância têm efetivamente alguma orientação na gestão de

> Distanciamento é palavra de ordem na sala de aula

pausas no decurso das aulas para descontrair e captar a atenção. Os ajustamentos passam efetivamente por juntar duas aulas seguidas num bloco e depois um intervalo de 10 minutos, que é pouco, mas que é o que é possível e em seguida mais duas aulas, intervalo, e novo bloco. Cada bloco corresponde a 100 minutos dentro da sala de aula, regra geral com o mesmo professor salvo raras exceções. Esses 100 minutos de aula são obviamente complicados no contexto atual, não o seriam num contexto normal onde se poderiam fazer atividades diversas mas agora temos que ter um ensino moderno numa escola organizada à moda antiga com todos virados para o mesmo lado sem abertura para movimentações dentro da sala”. Com vários anos de experiência o diretor confessa que existe alguma apreensão entre o corpo docente, apesar de existir já alguma experiência ganha com o regresso às aulas de alguns alunos em julho, após o período de confinamento. “É obvio que já passamos essa experiência quando no ano passado regressaram os 11os e 12os anos, havendo uma adaptação a este novo ensino presencial. Houve cuidados, há consciência do corpo docente de que vivemos uma situação de risco e que sistematicamente vamos alertar os alunos para que tenham os comportamen-

tos e atitudes adequados ao tempo que vivemos. Quando começarmos as aulas não iremos ter cá nenhum vírus dentro, mas ele pode entrar e temos que saber lidar com a situação de forma tranquila seguindo as indicações da DGS. De uma maneira geral toda a gente está apreensiva com a situação mas penso que vai tudo querer andar para a frente e pôr o país a mexer”. Em Lamego tudo está preparado para o ensino presencial, contudo, toda a reestruturação de horários e funcionamento foram feitos já a pensar num possível regresso ao ensino à distância. “Tudo isto passou por uma reestruturação e reorganização das próprias aulas que maioritariamente vão ser feitas em blocos de 2 aulas, os tais 100 minutos, o que permite uma passagem da situação do presencial para o ensino à distância mantendo os mesmos horários, correspondendo a primeira hora a trabalho síncrono e a segunda a trabalho autónomo dos alunos. Os horários terão certamente acertos mas que serão pontuais, ou seja, de um dia para o outro saberemos que horários iremos ter porque será o mesmo do presencial. Essa foi a estratégia simples mas que está a dar muito trabalho na construção desses horários. Também nesta estratégia temos no nosso

plano de atuação, para além daquilo que eu disse, os professores utilizarem os recursos tecnológicos ao seu alcance no ensino presencial, fazendo com que essa utilização permita capacitar melhor os alunos para o trabalho digital com as plataformas. Se todos os professores fizerem esse trabalho na sala de aula, se for necessário passar ao ensino à distância, já vão saber quais são as capacidades e as dificuldades dos alunos. Aqueles que tenham mais dificuldades em acompanhar passarão certamente para o grupo que vai ficar na escola”. No concelho vizinho, Peso da Régua, no Agrupamento de Escolas Dr. João de Araújo Correia, o diretor Salvador Ferreira garante que tudo está já planeado para receber os cerca de 2000 alunos que frequentam a escola secundária. “Nós temos um plano, um “guia de utilização” para cada um dos espaços, cantina, pavilhão desportivo, biblioteca, etc, contudo a sua aplicação pode depois ser alterada mediante a realidade, porque não sabemos se teremos essa capacidade no que diz respeito aos assistentes operacionais. Fizemos um trabalho de preparação muito intenso mas tudo pode mudar quando for aplicado à realidade do dia a dia”. As mudanças a que o diretor se refere podem surgir, em especial pela falta de pessoal não docente que, segundo diz, é in-


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Reportagem suficiente para todo o trabalho e vigilância que este tempo obriga. “Nós temos 28 funcionários, 3 já estão de baixa de longa duração. Dizem que temos o rácio mais elevado do que devíamos ter mas na verdade o rácio é apenas um estado de espírito porque para que tudo funcionasse bem, neste momento, precisávamos de mais funcionários, até porque, muitos dos que temos já têm alguma idade, apenas 2 ou 3 têm menos de 50 anos, o que é penalizante, e alguns deles estão mesmo enquadrados nos grupos de risco devido às doenças que têm. Vamos ver se conseguimos equilibrar as coisas e temos apelados a esses funcionários que tenham o máximo cuidado na sua vida pessoal, fazendo um esforço porque este é um ano excecional. O mesmo acontece com os professores, muitos deles têm mais de 60 anos”. Para este regresso uma das principais preocupações está relacionada com os momentos que podem resultar em ajuntamentos, as refeições e os intervalos, por isso foram também pensados ao pormenor. “Aqui na secundária a medida que conseguimos implementar melhor, até porque as nossas turmas em média não ultrapassam os 22 alunos, é a distância dentro da sala de aula, onde conseguimos mesmo que seja maior do que a recomendada. Cada sala está destinada a uma turma, para evitar que haja muitas deslocações dentro da escola. Garantimos também uma maior distância entre a primeira fila de carteiras e o quadro, que normalmente é superior a dois metros para que o professor se possa descolar nessa zona sem problemas. Na cantina vamos utilizar um sistema de cores, azul e laranja, os alunos depois de percorrerem o trajeto até pegarem a sua refeição desinfetam e lavam as mãos, depois, já com o tabuleiro vão-se sentar nas cadeiras assinaladas com uma cor, ficando todos virados para o mesmo lado. Quando o aluno da cadeira azul termina a refeição o aluno seguinte senta-se na cadeira laranja que está virada no sentido contrário e um funcionário desinfeta a área azul que esteve em utilização. Seguindo sempre as regras da boa alimentação vamos também este ano tentar fazer refeições mais simples evitando assim que sejam necessários muitos funcionários na cozinha, podendo aloca-los a outros serviços. Desta forma os alunos também farão a sua refeição de forma mais rápida. O bar vai estar encerrado para evitar aí aglomerações, algo que estamos a pensar é fazer uns “kits” que os alunos podem adquirir por exemplo com uma peça de fruta, uma sanduíche e uma bebida. Há uma situação que nos preocupa e que a decisão ainda está em aberto que é a questão dos intervalos. De forma a prevenir problemas maiores em termos de segurança, na construção de horários criamos um desfasamento, por exemplo, num dos pavilhões, metade das turmas começam as aulas às 08:50 e as restantes às 09:05,

isto irá fazer com que os intervalos ocorram em momentos diferentes, bem como a pausa para o almoço. Nós temos aqui um pavilhão, por exemplo, que só nele estarão 400 alunos, mais do que no total de muitas escolas que por aí existem. Se as coisas começarem a correr mal teremos que ser obrigados a manter os alunos dentro das salas durante os intervalos mas essa não é a nossa opção inicial. As idas à casa de banho também serão desaconselhadas durante o intervalo, porque não teremos capacidade de garantir que não vão em grupo, portanto essas idas irão acontecer mais durante o tempo de aula. Obviamente que isto irá gerar algum descontentamento nos professores mas é a melhor forma de garantirmos a segurança”. Salvador Ferreira está consciente que “os pais estão preocupados”. De forma a minimizar esse sentimento “as equipas que elaboraram os planos de utilização dos espaços foram também constituídas por um elemento da associação de pais, permitindo assim que haja um maior envolvimento deles o que também gera confiança”. Apesar de todos os cuidados o diretor afirma que “a partir deste momento temos a consciência que vão surgir casos. Temos um plano de contingência preparado exatamente para essa situação. Aquilo que esperamos é que, assim que os pais em casa se apercebam de qualquer sinal, que eles próprios tomem a iniciativa de não trazer os seus filhos. Se os casos forem detetados dentro de alguma das nossas escolas estamos preparados para isso. O que apelamos é que os alunos se controlem uns aos outros, não de uma forma negativa mas para prevenir algum problema. De alguma forma todos nos achamos intocáveis mas se nos defendermos a nós vamos defender todos à nossa volta. Os jovens hoje têm uma visão às vezes rebelde sobre o excesso de normas mas neste caso acho que eles próprios também querem regras porque no fundo eles próprios também têm preocupações com esta situação, eles não são imunes às notícias que nos chegam todos os dias”. Na azáfama da escola anda também Vânia Santos, acompanhada pela filha Maria, que este ano vem estudar para Portugal após regressar da Bélgica onde esteve emigrada. Maria confessa-se “apreensiva” com esta nova etapa e num comparativo com a experiência vivida em Bruxelas afirma à nossa reportagem que “aqui notam-se menos cuidados. Na bélgica há um maior cuidado. Lá as pessoas usam máscara na rua, não se encostam nos balcões dos cafés, por exemplo, isso aqui não acontece, há muito mais cuidado”. Vânia confessa que a filha “não queria vir estudar para Portugal” mas, apesar de notar “menos cuidado por parte das pessoas” afirma estar “tranquila com esta nova etapa” até porque, afirma, “ela também terá o máximo cuidado”. ▪

> Marins Rocha - Diretor Agrupamento de Escolas Latino Coelho

> Salvador Ferreira - Diretor Agrupamento de Escola Dr. João de Araújo Correia

> Vânia e Maria Santos


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Célia Santos: "Culminar tudo isto com uma subida à categoria máxima é excelente, estou muito feliz" Há quantos anos é que a arbitragem entrou na sua vida e porquê? Eu quis tirar o curso em 1993, no entanto era a única mulher aqui na Régua. Nunca tive muito jeito para jogar futebol e na altura não havia muitas opções de desportos para mulheres. Falei com um árbitro daqui, mostrei o meu interesse e na altura o que ele me disse é que deveríamos ser mais raparigas para eu não ser a única. Em 1994, ou seja há 26 anos, houve um grupo de 5 raparigas, todas estudantes de desporto na escola secundária que resolvemos fazer o curso. Ficamos três com o curso, a Catarina, a Berta e eu e começamos a apitar as três. Foi um processo difícil na fase inicial? Foi, muito difícil. As raparigas agora não fazem ideia o que nós passamos. Para além dos insultos, que eram muitos, também o facto das pessoas não estarem preparadas para isso. Na altura tinha 18 anos, era uma miúda, pequenina, como sempre fui (risos), muito inexperiente. Quem joga futebol sabe as manhas e nós nunca jogamos sequer, por isso foi muito complicado. Estar no interior norte também não ajudou na época, nós fomos pioneiras e vivemos muitas aventuras. Só quem gosta mesmo e tem muita resiliência é que consegue aguentar o que nós aguentamos numa fase inicial. Estive para desistir é verdade, entretanto surgiu o convite para ir para a Federação e nós não quisemos perder essa oportunidade, isto já quatro anos depois, em 1999. Sentiu com essa entrada para a Federação, um papel mais importante a desempenhar do que somente o de árbitra? Tínhamos objetivos porque nós chegamos a um ponto em que só fazíamos camadas jovens,

Masculino não porque a nossa categoria só nos permite fazer os campeonatos femininos, em todos os escalões, juniores masculinos de 2ª divisão e o Campeonato Nacional Seniores. Todos os anos há um regulamento que determina que tipo de jogos podemos fazer, tudo o que seja acima do CNS masculino não podemos fazer. Sente que o jogador homem tem mais respeito pela árbitra mulher? Gostava de ver uma colega a fazer a primeira categoria masculina, já não é para mim mas espero ver isso e, em termos de respeito acho que sim. Os jogadores já se habituaram a ver as mulheres. Desde que houve uma árbitra francesa, a Stéphanie Frappart, que chocou o mundo ao ser nomeada para a Supertaça Europeia, as pessoas vão-se habituando à ideia. E os insultos? Sente que ele é dirigido ao árbitro, figura do jogo, ou é especialmente dirigido à árbitra? Há machismo sim, mais na bancada do que no terreno do jogo. Continua a ser fácil dizer “vai lavar a loiça”. Já ouviu isso alguma vez? Sim, muitas vezes. São muitos anos a ouvir essas coisas.

não nos davam confiança para apitar seniores. A nossa carreira estava estagnada, tinha acabado o meu curso superior e não havia objetivos a cumprir o que nos vai desmotivando. Com esse convite sentimos uma maior motivação, eu a Berta e a Catarina, e fomo-nos apoiando umas às outras. Aí surgiram outros objetivos de poder apitar equipas mais conhecidas como o Boavista, já não tinha nada a ver com a distrital, foi esse rebuçadinho que me fez continuar. Era uma fase em que precisava de ter algo aliciante onde me agarrar porque tinha acabado o curso e começava a pensar em constituir família. Ao fim de todos estes anos chegas ao topo da carreira na arbitragem feminina. Era um objetivo? Todos os anos, todas as épocas o objetivo é dar o melhor, sempre. Eu não queria acabar a minha carreira no fundo da tabela, tive algumas épocas más no fundo da tabela e dizia para mim, “não, eu sou melhor do que isto”. Estou numa fase de acabar a carreira, os 45 anos são o limite, e queria acabar bem, queria acabar no topo, no melhor das minhas capacidades, também por uma questão de autoestima e de valorização pessoal, até porque estou a fazer algo que acredito que faço bem. É claro que isto dá muito trabalho, muita gente não imagina. Nós treinamos três vezes por semana, temos que estudar, temos formações e isto exige muito da nossa vida pessoal, tem que se gostar. Culminar tudo isto com uma subida à categoria máxima é excelente, estou muito feliz. Mas, neste momento, como árbitra, não pode ambicionar entrar, por exemplo, no Estádio de Alvalade para apitar um Sporting-Porto em seniores masculinos?

E consegue-se ignorar? Se eu ligasse a tudo que ouvi não estava na arbitragem há 25 anos (risos), o primeiro ano foi terrível. Lembro-me de ter um jogo em que éramos três mulheres e eu estava de assistente, na linha, onde se ouve mais, e eu ouvi tanta coisa que, se eu não abandonei naquela hora mentalizei-me que não iria abandonar mais. Se lhe pedisse para recordar o melhor e o pior momento da carreira, que momentos seriam esses? A melhor história foi fazer a final da Taça de Portugal feminina, fui como assistente, foi subir a escadaria do Jamor e receber a medalha. Tive muitos momentos bons, mas mesmo com o estádio particamente vazio, mas é o Jamor, é a Final da Taça. Foi apitar a Super Taça Sequeira Teles, foram os que me orgulharam mais. A pior, fui agredida, levei uma cabeçada de uma jogadora, foi mais a dor psicológica do que a dor física e foi um momento que negativamente me marcou muito, não estava à espera, ninguém merece ser agredido. Olhando agora para estes dois anos que faltam se pudesse escolher o momento ideal para coroar a carreira, como é que gostaria que fosse esse momento? Eu gostava de fazer a Super Taça feminina que ainda não fiz, gostava de fazer um jogo no meio, sem ser quarto árbitro. Mas o que eu queria mesmo era sair na primeira divisão, vai ser difícil esta época e a próxima, mas vou terminar no nacional que é um dos meus objetivos, mas pretendo continuar ligada à arbitragem, não quero despedidas, vai custar muito. Uma das coisas que eu quero deixar vincada é

que, tenho sentido muito carinho das pessoas com a minha subida, não estava à espera. A arbitragem é sempre o parente pobre, mas eu senti, neste último mês um carinho muito grande, principalmente das pessoas aqui da região. Isso é importante, é motivante? É, fico feliz porque torna a arbitragem nobre, ou o orgulho das pessoas por ser da terra, independentemente de ser o árbitro. Quase nunca se vê ninguém a valorizar os árbitros. Fiquei muito sensibilizada. Sente-se um exemplo (não como boa ou má árbitra) mas como fonte de inspiração para outras miúdas, mais novas? Sente orgulho de pensar que alguém um dia pode dizer “eu via a Célia Santos a arbitrar e quis também eu arbitrar”. Eu sou professora, e já fui dar formação a Mesão Frio, a Santa Marta, aqui na Régua, e já passaram por mim muitos alunos, e gosto muito de lhes mostrar o meu caminho. Não é fácil lá chegar, mas procuro sempre motivar mais as miúdas, mas eu queria ser esse exemplo, queria que houvesse mais árbitras aqui. Uma pergunta um pouco provocatória, quando está na bancada, como adepta do seu clube, como reage perante a arbitragem da partida? Eu não tenho clube, os miúdos perguntam, e eu respondo que sou dos árbitros. O meu clube são os árbitros, nunca estou na bancada para falar mal dos colegas. Eu vejo alguns jogos aqui no Régua e em Santa Marta, e nunca ninguém me ouviu comentar sequer um lance. Uma das frases que digo muitas vezes é, “não comento arbitragens”. Mesmo em casa sozinha, só com a Seleção Nacional sou capaz de dizer uma ou outra coisa, mas por uma questão de respeito do colega que está lá, porque sei o que custa. E como presidente do núcleo não me ficaria bem ter esse tipo de comportamento. Já aconteceu, ajuizar um lance, que até foi decisivo, mas quando revê esse lance, pensa “se calhar fiz mal”. Tive o curso de CF1 de primeira categoria, e nós no curso temos uma parte de analise de lances nossos. No jogo que fiz Fiães Benfica, deu na televisão, mas não vi o jogo, e um dos clipes que foi analisado foi o meu. E realmente tive muito mal, e só esta semana é que vi que a cor do cartão devia ser diferente, e custa um bocadinho. Porque ou estás atrasada, ou não estas no sítio certo para analisar da melhor forma, o assistente também não viu que afinal ela ia isolada. Tendo essa consciência, o risco de errar é menor. Sim e depois sabemos que se erras, porque ás vezes estas apitar para uma falta e já sabes que fizeste asneira, não ficar com a ideia naquele erro. Se ficas a pensar naquilo, o jogo recomeça, ainda estás e pensar e fazes outro erro. Um bom arbitro é aquele consegue adaptar-se ao jogo e superar essas pequenas falhas. Porque é tudo muito rápido, não tens tempo para pensar, nem para ver. ▪


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VIVADOURO

SETEMBRO 2020

Eduardo Pedroso

Domingos Nascimento

Equipa do Setor Cooperativo e Estatísticas

Presidente da Agência Social do Douro

Divulgados este mês os últimos dados do inquérito ao setor da Economia Social Dados do Inquérito ao Setor da Economia Social (ISES) divulgados pelo INE revelam que o número de pessoas inscritas em entidades de Economia Social (ES) equivalia, em 2018, ao dobro da população residente em Portugal nesse ano. Assim, as mais de 60 mil entidades do setor da ES existentes, na altura, em Portugal, tinham inscritos cerca de 20,5 milhões de cooperadores, associados ou irmãos, significando que, em média, cada português seria membro de duas entidades da Economia Social. O universo da ES em Portugal, que compreende Cooperativas, Associações mutualistas, Misericórdias, Fundações, IPSS e Associações com fins altruísticos, agrupavam também mais de um milhão de organizações (pessoas coletivas). Este inquérito, lançado em junho de 2019, com a colaboração da CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, teve a divulgação dos primeiros resultados em novembro do ano passado, os quais estavam centrados essencialmente na análise das práticas de gestão das entidades da ES. Como complemento a esses resultados preliminares, o INE divulga agora em setembro os dados remanescentes do ISES, trazendo informação que irá possibilitar uma caracterização mais detalhada do setor, nomeadamente em termos das atividades desenvolvidas, dos seus dirigentes, das pessoas ao serviço, do trabalho voluntário, meios de financiamento, iniciativas de responsabilidade social e relações com entidades do setor público e privado. Entre outros aspetos, e sem prejuízo dos resultados variarem entre as diferentes “famílias” da ES, destaca-se que todos os concelhos do país registam a presença destas entidades, sendo que cerca de 37% destas identificam como principal área geográfica de atuação o nível nacional e 64% como principal utilizador, beneficiário ou cliente, o público em geral. Sobressai também que a maioria desenvolve trabalho em rede ou em parceria, destacando-se o Sector Público e o Setor da ES como os principais parceiros. Observa-se também que 81% das pessoas ao serviço no setor da ES têm contratos de trabalho sem termo e que são menos de 1/3 as que recebem o salário mínimo nacional. No âmbito do trabalho voluntário, todas as “famílias” da ES realizam ações de voluntariado, sendo de salientar que quase 30% dessas ações inserem-se nos domínios da cultura e defesa do património e que em cerca de 40% das entidades os voluntários estão abrangidos por seguro de acidentes pessoais e de responsabilidade civil. Os resultados do ISES revelam também que mais de metade destas organizações utiliza indicadores-chave para a monitorização/avaliação do desempenho da sua atividade e implementa medidas de responsabilidade social, porém, apenas cerca de 7% utilizam métodos de medição do impacto social. De notar, igualmente, que cerca de metade das entidades do setor não tem website ou página eletrónica, embora quase 2/3 utilize as redes sociais. De acordo com os dados reportados, os três principais meios de financiamento das entidades de ES são as transferências ou subsídios (28%), as prestações de serviços (22%) e os empréstimos (19%). Constata-se também que apenas 5,5% obtém financiamento de fundos comunitários ou outros semelhantes. A par da Conta Satélite da Economia Social, esta operação estatística assume enorme relevância no entendimento e visibilidade do sector da Economia Social (ES), evidenciando não só a elevada heterogeneidade das entidades que o constituem, mas também aquilo que as une, podendo, desse modo, representar uma importante ferramenta na construção de ações estratégicas e de políticas públicas.

Viver em felicidade é um direito! Todos queremos viver da forma que nos sintamos mais felizes. A idade não nos leva a ideia de felicidade. De amar e ser amado. De dar e ter carinho e afeto. De ser cuidado e amparado. A casa é comummente o nosso lugar. A nossa mais próxima ligação ao bem estar, à sensação de felicidade. Os Lares são opção. São solução . Alternativa à forma de viver mais comum em casa! O Estado decidiu apoiar quem pretende ou necessita viver numa estrutura coletiva residencial. O Estado não financia instituições. Assim deve continuar a ser. Mas as pessoas devem poder optar. Ficar em casa é a solução que grande parte de nós deseja. Assim sendo, deve o Estado também apoiar as pessoas que fiquem em casa. Quem fica em casa, fica, muitas vezes, em desamparo. Não chega o atual modelo de apoio domiciliário. Para que seja seguro ficar em casa, urge criar redes de cuidados complementares, de saúde e sociais. Também, por comparação aos lares, as nossas Aldeias, deverão ter ao seu serviço Cuidadores, neste caso, Comunitários. Profissionais capazes de acompanhar e apoiar os cuidados das pessoas nas suas casas. Os Lares não são um problema. São uma excelente solução. Mas precisamos reformular o conceito de estrutura residencial para idosos. Estas deverão ser estruturas de cuidados sociais e de acompanhamento de saúde de forma continuada. Estes lugares de felicidade, deverão estar equipados e preparados para uma perspetiva de maior complexidade das patologias dos seus habitantes. A sua organização deve estar suportada num novo modelo. O modelo de comunidade assistida em modo continuado e de conforto humano. E o financiamento? Pois, as pessoas deverão ser apoiadas financeiramente tendo em conta o grau de dependência e a complexidade das suas patologias. Urge também, que a saúde e o social, consigam dar espaço à criação de Redes Integradas de Saúde e de Apoio Social. Nestas Redes, localmente organizadas, rapidamente, deverão ter participação: os hospitais, os centros de saúde, as Instituições e as autarquias e as organizações de cuidadores e de utentes. Em resumo, precisamos de: • ERPI - Estruturas Residenciais Para Idosos, de nova geração (reformuladas) • Rede de Cuidados Complementares em Casa. • Cuidadores Comunitários • E, para coordenar e melhor articular, deverão ser formalizadas localmente as Redes Integradas de Saúde e Apoio Social (RIS). Não é fácil mudar. Pior, é não começar! Vamos lá..!


SETEMBRO 2020

VIVADOURO

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Nacional

Entidades da Economia Social em Portugal contam com mais de 20 milhões de associados Inquérito ao Setor da Economia Social revela que, em média, cada português é membro de duas entidades da Economia Social. Em junho de 2019 o INE lançou pela primeira vez, com a colaboração da CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, o Inquérito ao Setor da Economia Social 2018 (ISES), um projeto inicialmente pensado como uma extensão do Inquérito às Práticas de Gestão (IPG) que evoluiu para uma versão expandida de modo a integrar questões específicas do setor da Economia Social (ES). O inquérito foi dirigido ao universo da Economia Social em Portugal, que compreende Cooperativas, Associações mutualistas, Misericórdias, Fundações, IPSS e Associações com fins altruísticos. Os primeiros resultados deste inquérito, centrados essencialmente na análise das práticas de gestão das entidades da ES, foram divulgados em novembro do ano passado. Como complemento a esses resultados, no dia 14 de setembro de 2020, o INE divulga os resultados rema-

nescentes do ISES constituindo informação que possibilita uma caracterização mais detalhada do setor, nomeadamente em termos das atividades desenvolvidas, composição interna, relações com entidades do setor público, privado e outras entidades da ES, iniciativas de responsabilidade social e meios de financiamento. Destaca-se assim que as mais de 60 mil entidades da ES reúnem cerca de 20,5 milhões de cooperadores, associados ou irmãos e 1,1 milhão de organizações (pessoas coletivas). Estes dados revelam assim que o número de pessoas associadas a entidades da ES equivale ao dobro da população residente em Portugal nesse ano. Todos os concelhos do país registam a presença de entidades da ES, sendo que cerca de 37% destas identifica como principal área geográfica de atuação o nível nacional e 64% como principal utilizador, beneficiário ou cliente, o público em geral. Sobressai também que a maioria desenvolve trabalho em rede ou em parceria, destacando-se o Sector Público e o Setor da ES como os principais parceiros. Observa-se também que 81% das pessoas ao serviço nas entidades da ES têm contratos de trabalho sem termo, mais de 70% têm horário fixo e são menos de 1/3 as que recebem o salário mínimo nacional. No âmbito do trabalho voluntário, verifica-se que são realizadas ações de voluntaria-

do em todas as “famílias” da ES, sendo de salientar que quase 30% dessas ações inserem-se nos domínios da cultura e defesa do património e que em cerca de 40% das entidades os voluntários estão abrangidos por seguro de acidentes pessoais e de responsabilidade civil. O ISES revela também que mais de metade destas organizações utiliza indicadores-chave para a monitorização/avaliação do desempenho da sua atividade e implementa medidas de responsabilidade social, porém, apenas cerca de 7% utilizam métodos de medição do impacto social. De notar igualmente que cerca de metade das entidades do setor não tem website ou página eletrónica, embora quase 2/3 utilize as redes sociais. De acordo com os dados reportados, os três principais meios de financiamento das entidades de ES são as transferências ou subsídios (28%), as prestações de serviços (22%) e os empréstimos (19%). Constata-se também que apenas 5,5% obtém financiamento de fundos comunitários ou outros semelhantes. Os resultados do ISES incluem igualmente uma análise do contributo das entidades da Economia Social para cinco dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. Realça-se o objetivo de alcançar a igualdade de género (ODS 5), verificando-se que, segundo o

ISES, cerca de 70% dos membros da direção de topo e 78% dos dirigentes de topo das entidades da ES são do sexo masculino, embora seja importante referir que as pessoas ao serviço com funções de dirigente (dirigentes intermédios) são maioritariamente do sexo feminino (62%). No que respeita à promoção do crescimento económico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos (ODS 8), de acordo com o confronto entre dados do Relatório Único (Quadros de Pessoal) 2018 e o ISES, o ganho médio horário no total das entidades da ES é inferior ao observado no total da Economia Nacional, sendo o ganho médio horário das mulheres inferior ao dos homens em todas as “famílias” da ES. Contudo, observa-se que mais de 70% destas organizações pratica políticas de remuneração não discriminatórias segundo o sexo dos trabalhadores. Esta publicação evidencia ainda, com base em dados das três edições da Conta Satélite da Economia Social (CSES), a importância do papel que o setor da ES tem no cumprimento do ODS 10 (Reduzir as desigualdades no interior dos países e entre países), na medida em que uma parte significativa do Valor Acrescentado Bruto da ES é destinada a remunerações (89,7% em 2016), percentagem muito superior à observada na Economia nacional (50,5% em 2016). ▪

Ministra da Agricultura apresentou Agenda de Inovação para a Agricultura 20-30 A Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, apresentou, no passado dia 11, na AgroGlobal, a Agenda da Inovação para a Agricultura 20-30. Este plano estratégico para a Agricultura, a 10 anos, foi apresentado numa sessão que contou com as presenças do Primeiro-Ministro, António Costa, e do Ministro da Agricultura, Pescas e Alimentação de Espanha, Luís Planas, tendo ainda integrado a intervenção do Comissário Europeu de Agricultura, Janusz Wojciechowski. Segundo Maria do Céu Antunes, a Agenda de Inovação para a Agricultura | 20 | 30 tem como propósito “fazer crescer o setor, inovando-o e entregando-o à próxima geração, sem deixar

ninguém para trás. Esta agenda procura tornar o cidadão mais consciente do impacto da sua alimentação, da urgência da proteção do planeta e da conservação dos recursos naturais. Pretende ainda reforçar uma cadeia de valor inovadora e competitiva e um Estado focado em apoiar os agricultores e em simplificar a relação com a Administração Pública”. Ao apresentar publicamente estas linhas de ação para o futuro, a titular da pasta da agricultura sublinhou tratar-se de “uma agenda ambiciosa, que visa proporcionar mais rendimento, mais futuro, mais saúde, mais inclusão e, para tudo isto, mais inovação. Esta ambição é evidente nas metas traçadas para estes objetivos estratégicos: Mais Saúde (aumentar em 20% o nível de adesão à Dieta Mediterrânica), Mais Inclusão (instalar 80% dos novos jovens agricultores em territórios de baixa densidade), Mais Rendimentos (aumentar o valor da produção agroalimentar em 15%), Mais Futuro (mais de metade da área agrícola em regimes de produção sustentável reconhecidos), Mais Inovação (aumentar em 60% o investimento em investigação e desenvolvimento). Esta Agenda de Inovação para a Agricultura | 20 | 30 surge assente em quatro pilares - Sociedade, Território, Cadeia de Valor e Estado - e in-

tegra 15 iniciativas emblemáticas: Alimentação saudável, Uma só saúde, Mitigação das alterações climáticas, Adaptação às alterações climáticas, Agricultura circular, Territórios sustentáveis, Revitalização das zonas rurais, Agricultura 4.0, Programa dos produtos agroalimentares, Excelência da organização da produção, Transição agro energética, Promoção da investigação, Inovação e capacitação, Rede de Inovação, Portal Único da Agricultura e Reorganiza. Esta agenda foi construída tendo por base o programa de Governo e após a auscultação de vários agentes ligados à gestão do território, à investigação e com intervenção nos setores agrícola e agroalimentar, designadamente pro-

dutores, empresários, autarcas, investigadores, parceiros e organismos. Maria do Céu Antunes, que destacou ainda a aposta na inovação e conhecimento e o incentivo às novas gerações de agricultores e produtores, referiu ainda que está a ser desenvolvida uma plataforma que permitirá monitorizar a aplicação destas medidas e assim avaliar a sua execução. A construção da Agenda da Inovação para a Agricultura | 20 | 30 foi construída de uma forma participativa e será implantada com a participação de todos, sem deixar ninguém para trás, sobretudo com os homens e as mulheres que sempre trabalharam a terra e com os jovens que acabam de chegar. ▪


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VIVADOURO

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Opinião António Fontaínhas Fernandes Reitor da UTAD

O desenvolvimento sustentado do território exige estratégias adequadas aos novos paradigmas económicos e societais, marcados pelas questões ambientais, de desmaterialização, de conectividade e da automação, onde o conhecimento e a inovação são ele-

Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)

Estamos em época de vindimas, sempre na esperança do que será o produto que advirá de um ano agrícola intenso, confiantes na mudança de contexto económico em que vivemos. O Douro de sempre é assim: duro, difícil, grandioso. Tal como as suas Gentes, da dureza redescobrem uma força imensa, das dificuldades fazem nascer progresso, da grandiosidade escolhem a dimensão do seu trabalho, dos seus projetos. O Douro é mais do que tudo as suas Gentes, quem dá sentido e continuidade à história que outros no passado começaram a traçar, sempre perspetivando o futuro. As Gentes movem, pela sua vivência intensa, toda a Região. Pela sua persistência, pela

Ruben Fernandes Diretor do Órgão de Acompanhamento das Dinâmicas Região do Norte/CCDR-N

O mundo vive uma crise sanitária sem precedentes na história recente da humanidade. A atual pandemia está a expor as vulnerabilidades socioeconómicas dos nossos modelos de desenvolvimento e a pressionar uma mudança de paradigma, nomeadamente em territórios que, pelas características da sua estrutura produtiva, revelam uma menor resiliência a choques provocados por crises à escala global. Em Portugal, o surto do novo coronavírus levou o Governo a lançar e a preparar um qua-

A criação de um ecossistema de inovação no Douro mentos fulcrais e diferenciadores de novas lógicas de competitividade. Estes desafios exigem a concertação dos principais atores da região, caso das empresas, do poder local e das instituições científicas e tecnológicas, em torno de estratégias regionais abertas ao global, perspetivadas face aos desafios tecnológicos e a novos modelos de negócio. Mas, o desenvolvimento baseado na valorização do conhecimento exige capacidade para a sua produção e aplicação, além de formação de recursos humanos qualificados.

Nesta lógica, a Europa tem vindo a apostar na promoção de ecossistemas de inovação, o que exige a concertação dos atores locais, em torno de estratégias regionais abertas ao global. A Comissão Independente de Descentralização (Lei n.º 58/2018, de 21 de agosto) refere esta solução no relatório final publicado em julho de 2019, a exemplo de outras soluções como a criação de um banco de desenvolvimento regional de novo tipo, para alavancar o nível tecnológico, a qualidade de gestão e a competitividade das empresas.

Desta forma, será possível perspetivar uma estratégia de desenvolvimento regional integrado e coesivo, visando a retenção e atração de população, a criação de condições competitivas de investimento baseadas na produção, e a aplicação e valorização de conhecimento. Esta visão é vital, se pretendemos alcançar um País regionalmente mais coeso e inclusivo, tendo como pilar a incorporação do conhecimento em atividades especializadas geradoras de valor.

Um Douro dinâmico, pelo valor das suas Gentes sua teimosia ao não desistir em levar por diante projetos arrojados, que perduram muito para além dos limites individuais e extravasam-nos no proveito coletivo. Anualmente, por ocasião do Port Wine day, revemos os sucessos que muitos protagonizam e assinalamo-los como exemplo para os demais, para que se possam repercutir na vivência individual e coletiva. Juntamos a esta comemoração, recentemente, a atribuição de distinções “Douro + Sustentável”, nas áreas do Enoturismo, Viticultura, Enologia e Revelação, para salientar projetos que mostrem a preservação do território, a promoção da vitalidade da região, o esforço das comunidades e o envolvimento na salvaguarda de uma paisagem única. Na atual edição, coube distinguir Tiago Alves de Sousa, na vertente Enologia, pelo reconhecimento nacional e internacional da qualidade e singularidade dos vinhos da Quinta da Gai-

vosa, que juntam o melhor das vinhas velhas a uma viticultura moderna e sustentável, baseada num sistema de plantio denominado New Old Vineyards, de que é um dos mentores. No Enoturismo, distinguimos o projeto WoW - World of Wine, concretizado pela empresa Fladgate Partnership. Inserido na zona histórica de Vila Nova de Gaia, este projeto assenta num conceito de experiências centradas no vinho. Partilhando a história e promovendo o património, marcará certamente o enoturismo da Região, com mais-valias únicas no turismo cultural. Na Viticultura, elegemos o projeto PATGEN VINEYARDS, desenvolvido pela Quinta do Crasto em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que teve por objeto identificar a totalidade das castas que compõem a vinha centenária denominada “Maria Teresa”, onde nascem vinhos icónicos e vastamente premiados, pro-

jeto que revela ambição na preservação da biodiversidade e preocupação pela sustentabilidade. A Distinção Revelação foi atribuída a Bulas Cruz por ser um projeto familiar que mantém a tradição e preserva a cultura e o património da Região. Progredindo num contínuo acréscimo de qualidade dos seus vinhos, assegurando a sustentabilidade futura com a criação de novos mercados e clientes no exterior, patenteia grande dedicação e esforço. As Distinções Douro+Sustentável são também exemplo da vitalidade e do dinamismo com que todos, à sua dimensão, colocam ao serviço de uma região e do país, internacionalizando a marca Portugal. É este Douro que celebramos e que continua a valer, mais do que tudo, pela dedicação constante e empreendedorismo das suas Gentes.

A Política de Coesão e a resposta à pandemia de Covid-19 dro de intervenções, de curto e médio prazo, de resposta à crise. Este tem sido concertado com a ação que a Comissão Europeia desenvolveu no sentido de uma “resposta comum” ao impacto da pandemia, no âmbito da qual têm sido adotadas e anunciadas medidas sem precedentes na União Europeia. Algumas destas incidem na operacionalização dos programas da Política de Coesão – a principal política de investimento da UE de apoio à redução das disparidades económicas, sociais e territoriais entre regiões. Foi o caso da Iniciativa de Investimento de Resposta à Crise do Coronavírus (CRII) e da iniciativa que lhe sucedeu, CRII+, a primeira permitindo a mobilização imediata dos fundos da Política de Coesão no apoio aos setores mais expostos à crise sanitária e a segunda alargando o âmbito do apoio

comunitário, proporcionando liquidez imediata e permitindo uma maior flexibilidade nos programas da Política de Coesão. A publicação mais recente da CCDR-N sobre as dinâmicas da Política de Coesão na Região do Norte dá nota desta situação. Em particular, ela evidencia que, dos 590 milhões de Euros de apoio comunitário captado pelas oito sub-regiões do Norte no primeiro semestre de 2020 (num total de 8.446 milhões de Euros no período 2014-2020), mais de 10 por cento (63 milhões de Euros) se enquadrou em medidas da CRII e da CRII+, apoiando investimentos de empresas na qualificação, inovação e em atividades de I&D. As oportunidades de financiamento da UE não se esgotam nestas medidas, merecendo des-

taque, ainda no âmbito dos investimentos orientados para a Coesão, o Mecanismo de Recuperação e Resiliência – o principal instrumento temporário para o relançamento e recuperação económica dos Estados Membros da UE. Em Portugal, é reconhecida a importância deste mecanismo com vista à implementação de mudanças estruturais na economia. No entanto, e dadas as assimetrias regionais existentes, importa também garantir a sua mobilização no quadro da coesão territorial e do desenvolvimento do interior e sempre em prol da competitividade sustentável, da justiça social e da robustez institucional. É óbvio que esta se assume como uma questão de incontornável importância para a Região do Douro.


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VIVADOURO

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Lazer Piadas de bolso:

RECEITA CULINÁRIA Arroz de pato no forno

- Doutor, como eu faço para emagrecer? - Basta a senhora mover a cabeça da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. - Quantas vezes, doutor? - Todas as vezes que lhe oferecerem comida!

Ingredientes: 4 peitos de pato 2 chávenas almoçadeiras de arroz 1 chouriço de carne 150 gr de toucinho fumado 1 cebola média 3 dentes de alho 1 colher de sopa de polpa de tomate ½ dl de azeite 2 folhas de louro Colorau q.b. Sal q.b Pimenta q.b. Noz moscada q.b. Preparação: Num tacho, coza os peitos de pato com bastante água, ½ do chouriço, as folhas de louro e ½ de toucinho fumado, cerca de 40-50 minutos. Entretanto, faça um refogado com o azeite, a cebola e os alhos picados, deixe alourar e acrescente a polpa de tomate, deixe refogar uns minutos. Depois do pato cozido, coe e reserve o caldo, deixe arrefecer os peitos. Desfie os peitos, corte o chouriço às rodelas e o toucinho aos bocados e acrescente tudo ao refogado. Adicione um pouco do caldo, para não queimar, e deixe os sabores se misturarem, acrescente um pouco de colorau e deixe ferver. De seguida, junte o arroz, envolva e deixe fritar uns minutos, em lume brando. Adicione o caldo, em quantidade o dobro da medida do arroz, tempere de sal, pimenta e noz moscada, deixe levantar fervura, depois reduza o lume e deixe cozer mais 10 minutos. Num tabuleiro de ir ao forno, unte-o com um pouco de margarina, coloque todo o preparado e enfeite por cima com a outra metade do chouriço às rodelas e a outra metade do toucinho às fatias. Leve ao forno até ficar douradinho, cerca de 15-20 minutos.

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Maria Helena Socióloga, taróloga e apresentadora

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Amor: A sua capacidade de entrega e sensualidade estarão em destaque e podem trazer muita animação à sua vida amorosa. Saúde: Sentir-se-á muito dinâmico e determinado, cheio de força de vontade para enfrentar os desafios. Dinheiro: poderá receber uma ajuda da parte de um colega de trabalho. PUB


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