Jornal_VivaDouro_ed71_janeiro_2021

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Ano 5 - n.º 71 - janeiro 2021

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Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida

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FIQUE EM CASA! Nós levamos a informação até si!

218 mortos | 10.455 infetados 19/01/2021

Cumpra a REGRA DOS 5 Destaque

Moimenta da Beira

Reportagem

Gilberto Igrejas:

"Percebo muito bem as dificuldades de quem todos os dias tem que ir para a vinha, seja debaixo de chuva, neve ou sol"

Paulo Sanches distinguido uma vez mais Professor do Ano

Os momentos mais marcantes do ano 2020 no território da CIM Douro

> Págs. 4, 5 e 6

> Pág. 10

> Págs. 16 e 17 PUB


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VIVADOURO

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Editorial Miguel Almeida Diretor VivaDouro

SUMÁRIO: Destaque Páginas 4, 5 e 6 Santa Marta de Penaguião Página 7 Torre de Moncorvo Página 8 Sabrosa Página 9

A expectativa (baixa) deste novo confinamento A primeira consequência deste novo confinamento é que a economia vai voltar a piorar. E esta quebra da economia, infelizmente não trará os desejados efeitos na saúde, porque há 52 exceções! (Ontem foram retiradas algumas, porém continuam a ser demasiadas). António Costa pediu para nos focarmos nas regras, (confinamento) mas infelizmente a maioria dos portugueses não o está a fazer. As ruas, os jardins e as praças continuam com demasiadas pessoas. Muitas, mas mesmo muitas empresas não voltarão a abrir as suas portas, consequência direta, vão perder-se muitos postos de trabalho. Na saúde, vamos acabar com a discussão entre o público e o privado, o que nós efetivamente precisámos é de mais recursos na saúde. Há muitos dias que já deveríamos ter recorrido à requisição civil. Os portugueses não podem continuar a morrer por manifesta falta de recursos. Nesta edição do VivaDouro, podem como habitualmente ler o que de mais importante aconteceu nos nossos municípios. Permitam-me que destaque nesta edição a entrevista com Gilberto Igrejas, presidente do IVDP, damos-lhes igualmente a conhecer a história de Paulo Sanches, docente na Escola Secundária de Moimenta da Beira, que foi mais uma vez galardoado com o prémio de melhor professor nacional de educação e promoção da cultura científica e tecnologia em escola portuguesa. Termino este editorial, lembrando o que o nosso primeiro ministro repetiu variadíssimas vezes na comunicação ao país. A regra é FICAR EM CASA. Tenham muito cuidado.

PRÓXIMA EDIÇÃO 17 FEVEREIRO

Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org POSITIVO O programa Wine Show já está a ser exibido e a “casa” em Portugal é a região do Douro. Este programa chega a mais de 100 milhões de telespectadores.

Moimenta da Beira Página 10 São João da Pesqueira Página 11 Reportagem Páginas 16 e 17 Regiao Páginas 18, 22 e 26 Carrazeda de Ansiães Página 19 Lamego Páginas 20 e 23

NEGATIVO Douro pode perder estatuto de Património da Humanidade se for aprovado projeto para hotel de luxo em Mesão Frio.

Armamar Página 21 Entrevista Páginas 24 e 25 Penedono Página 28 Nacional Página 29 Opinião Página 30 Lazer Página 31

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Destaque mas que existem na RDD. Isto é uma ação que queremos continuar nos próximos anos, com estes investigadores e com outros que vamos chamar, e que permitiu de alguma maneira fazer essa aproximação. O congresso que tínhamos previsto não foi possível de realizar, iremos realizar em julho de 2021 se a atual situação assim nos permitir, esperamos que sim. À margem disto aumentamos significativamente aquilo que foram as nossas participações e as nossas formações que é evidente que se torna quase um ex-libris para o IVDP. Há quem diga que as formações são poucas e nós temos a noção que podemos fazer sempre mais e melhor, contudo, é importante também estar atento à comunicação social estrangeira onde muitas vezes somos dados como exemplo do fazer bem nesta área, isto porque consideram que estamos a profissionalizar o setor, ficando assim com os melhores canais a vender os melhores produtos da região que são os nossos vinhos.

Gilberto Igrejas RAIO X

Cidade mais bonita: Vila Real País: Portugal Último filme no Cinema: Agora sigo mais séries, a última foi “A Mão de Midas” Música: Dá-me Lume, de Jorge Palma Clube: FC Porto Orientação Política: Partido Socialista Prato preferido: Cozido à Portuguesa Livro: Este Vírus que nos enlouquece, de Bernard-Henri Lévy

Texto: Miguel Almeida Texto e Fotos: Carlos Almeida

Natural de Vila Real, foi na cidade transmontana que fez todo o seu percurso académico até terminar a licenciatura em Biologia e Geologia via ensino. Depois de uma curta passagem por Lisboa regressou a Vila Real onde fez um mestrado na área da genética, indo depois para França onde fez o doutoramento. Fez uma pós-graduação em Medicina Legal e viajou até ao outro lado do mundo para participar num projeto de investigação na Austrália. Em 2005, já de regresso à UTAD fundou um grupo de investigação, centrado na biotecnologia alimentar. Na universidade transmontana foi ainda coordenador do curso de Enologia da UTAD, sendo responsável pela remodelação do mesmo. À frente do IVDP há dois anos, Gilberto Igrejas falou com o VivaDouro onde fez um balanço do trabalho desenvolvido até agora e do futuro para o IVDP e da Região Demarcada do Douro (RDD) Passam dois anos desde que assumiu a presidência do IVDP, que balanço faz deste tempo? Eu julgo que o balanço que se pode fazer é positivo. Tivemos 2 anos muito diferentes. Um em franco crescimento, em quantidade, valor e preço unitário, que foi 2019, e depois 2020 que foi totalmente diferente. Apesar de serem 2 anos muito diferentes em termos de mercado e perspetivas de venda podemos dizer que o balanço é

positivo. Aumentamos, de forma significativa, a parte da promoção, da proteção das marcas coletivas do Douro e Porto que, passando um pouco despercebida, é muito importante continuar este mecanismo de proteção, e fizemos algo que considero muito importante, mantivemos e aumentamos tudo que tem que ver com ações de promoção e formação, mesmo dentro do território, aproximando o instituto dos cidadãos. Há uma ação que eu considero da maior importância, a "Taste in Douro", foi crucial para aproximar aquilo que é a arte de bem servir aos vinhos do Douro e Porto, isto também nos permitiu aproximar dos concelhos, mostrar a nossa disponibilidade, como instituto público, de

cooperar com os concelhos e os autarcas que estão ávidos de se embrenharem na procura de melhores soluções e permitiu ainda aos agentes económicos do território (hotéis, restaurantes, etc.) saber como servir os seus vinhos. À margem disso fizemos algo que pode ter passado despercebido a alguns, o lançamento da "Hackathon Douro e Porto, "que permitiu lançar 10 desafios societais para a sociedade da RDD e tentar arranjar 10 soluções tecnológicas, altamente vanguardistas, para resolver os mesmos. Isto permitiu também fazer outra coisa, ir buscar investigadores que estão capacitados e diariamente a trabalhar nestas matérias, preconizando soluções para estes proble-

Falando ainda de balanços, qual é o balanço que faz da última vindima? O balanço da última vindima, como é público, registou uma quebra de cerca de 26%. Acabou por não ter tido um efeito prejudicial maior pelo facto de termos mais dificuldades em escoar a vindima anterior. Acabou por permitir que os agricultores pudessem ter negociado melhores preços o que para o tecido social é bom. Os agricultores que cá vivem todos os dias precisam de vender as uvas a um preço justo porque é dessa verba que vivem. Nessa vertente foi positivo. Do ponto de vista da diminuição da quantidade de uvas vendidas, é um aspeto mais negativo. As medidas de apoio à Covid-19 apresentadas antes mesmo da vindima vieram ajudar a colmatar estas quebras que fala? Foram cruciais. Foram articuladas estudadas desde o início. Falamos de 5 milhões de euros para a Reserva Qualitativa do Vinho do Porto, tivemos as medidas de destilação de crise que, pela primeira, vez diferenciaram a viticultura de montanha, como é a nossa, que tiveram um acréscimo de preço, e tivemos ainda as medidas de armazenamento de crise. Tudo somado dá uma ajuda para a RDD de cerca de 9 Milhões de euros. Isto permitiu amenizar aquilo que foram as quebras ao nível das vendas por parte dos agricultores. Foi o possível ou considera que se podia ter ido um pouco mais longe? Eu penso que em face daquilo que eram as perspetivas de crise e de retoma ao longo


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Destaque do ano, julgo que foi o possível. Nós podemos sempre exigir mais, ter sempre mais vontade, faz parte até porque quem não ambiciona não alcança. Contudo eu penso que é também importante nós termos a noção de que o país vive uma situação difícil e nós estamos inseridos numa sociedade onde devemos ser uma parte e não o todo, sendo solidários com os que nos rodeiam. Se o setor dos vinhos, e particularmente a RDD, conseguiu este apoio de 9 milhões e se ajudou a mitigar as perdas essencialmente daquilo que seria prejudicial que era manter a estrutura social e fundiária a continuar a preservar este território, isso foi benéfico. Se tivesse tido o dobro seria melhor? Seguramente e isso ninguém o pode negar, agora, num ano de crise para o país, termos conseguido 9 milhões penso que foi uma ajuda muito generosa por parte do Governo e do Ministério da Agricultura no sentido de incrementar algumas das medidas que estavam pendentes e que eram importantes para a região. Para o pequeno viticultor, que é a grande parte da região, como é que ele viu a parte dele desses 9 milhões? Aqui a questão trata sempre de uma dualidade que tem que ver com a ajuda ser dada ao agricultor diretamente ou ao comerciante. O quadro normativo europeu não permitia a ajuda direta ao agricultor, ponto final. Nesta altura, estamos a falar em meados de abril, maio, a ajuda direta não era possível, a única via que tínhamos e que podia ser equacionada era a alternativa através do armazenamento. Facilitando o armazenamento estávamos a facilitar que de alguma maneira o agricultor tinha facilidade em escoar as suas uvas a melhores preços. Na altura até se conseguiu algum consenso no setor, não só na RDD mas a nível nacional. Posto isto temos estas três medidas em articulação para a RDD, a Reserva Qualitativa, a Destilação de Crise e o Armazenamento de Crise. É esta conjuntura que nos possibilita chegar a uma vindima que não é abundante e que o agricultor possa discutir melhor os seus preços. Se me pergunta se é possível ajudar diretamente? No cenário que tínhamos em 2020 não, vamos ver se o futuro possibilita que as ajudas possam via a ser efetuadas de outra maneira.

daqui a quatro anos teríamos um crescimento sustentado a 10%. É precisamente nos 10% que estamos atualmente, mas de quebras, será este o valor neste momento, apesar de ainda nos faltarem fechar os números do mercado nacional. Se for este o valor, significa que nós tivemos, em valor, menos 57 milhões para a região. Nós tínhamos tido em 2019 cerca de 571 milhões de euros em termos de volume de negócios. Claro que estas quebras são em termos globais, há pessoas que podem afirmar que têm quebras maiores e sou sensível a isso. Sei que as quebras não são iguais para todos, que há pessoas com muito mais dificuldades que estes 10%. Sei que há pessoas que não conseguiram vender muitas garrafas que tinham expectativa de vender, sei perfeitamente, mas não falo individualmente, nem em relação aqueles que não venderam como aos que venderam mais, falo em termos de dados estatístico. Eu espero que haja essa sensibilidade de perceber que as minhas palavras não visam atentar ninguém, longe de mim, não faz parte do meu DNA. Percebo bem as dificuldades de quem trabalha a terra, esse é o ponto número um. Percebo muito bem as dificuldades de quem todos os dias tem que ir para a vinha, seja debaixo de chuva, neve ou sol, percebo-as como ninguém porque eu nasci numa aldeia e sei perfeitamente o que custa trabalhar na agricultura. Nessa parte ninguém me dá lições. Sou sensível porque sei o que custa, eu trabalhei muito tempo em férias a ajudar os meus avós e sei o que é o trabalho da agricultura, não é um trabalho de cardápio. Como sou sensível eu espero que as pessoas entendam que quando falo de números falo de uma forma geral. Em 2020 perdemos, claro que perdemos. Desde logo perdemos no mercado nacional, que vinha a crescer, com o fecho do turismo os vinhos do Porto quebraram cerca de 40%, os vinhos do Douro quebraram cerca de 15%, foram compensados por onde? Pelas exportações, os vinhos do Douro praticamente em termos de valor devemos estar aproximadamente igual, no caso dos Vinhos do Porto devemos ter quebrado cerca de 3%. Tudo isto somado dá uma quebra global de cerca de 10%. Isto foi conseguido através de um artefacto, não sejamos inocentes nesta matéria, começamos a vender as garrafas mais baratas do que em 2019.

Vínhamos de um 2019 com números em crescendo. A pandemia veio afetar este crescimento? Sim, veio afetar, isso é inegável. Tínhamos previsões de crescimento de 2,5 ao ano,

Qual é o dado positivo que há a reter aqui? É que as gamas especiais aumentaram também este ano, ou seja, em 2020 nós vendemos a maior percentagem de sempre das gamas especiais, o que mostra que há um

trajeto que podemos fazer no futuro, apostar ainda mais nestas gamas especiais, valorizando ainda mais este produto, trazendo assim mais valor para a região. Esses números refletem que um público mais conhecedor do produto torna-se um público mais exigente na qualidade? Claro que sim, e neste binómio funciona muito bem a formação. O facto de nós termos as portas abertas (tínhamos antes da pandemia), todos os dias 10 de cada mês, tínhamos as ações do “Saber servir, vender melhor”, o “Master of Port”, as ações do CPE… Todos estes exemplos mostram como nós vamos cativando novos públicos-alvo e vamos fazendo outra coisa muito importante para os nossos vinhos, que é o rejuvenescimento daqueles que apreciam o vinho, e isto vai ser cíclico e vai ser capital. Nós conseguimos de alguma maneira passar esta mensagem da descontração no consumo regrado dos vinhos do Douro e Porto, e particularmente no Porto que é tão aclamado internacionalmente mas que o público mais jovem não o vê dessa maneira. Se nós conseguirmos aproximar

o consumidor mais jovem e este consumo regrado e moderado, vai ser ele próprio o embaixador até para ações futuras. Nós tivemos esse exemplo este ano em que não era possível deslocar as equipas do IVDP aos países onde queríamos fazer a promoção e, aqueles que tinham sido ou os CPE’s (Certified Port Educator), ou aqueles que foram Master of Port, foram os próprios a dinamizar essas ações nos seus países. Isto mostra bem do encanto que essas pessoas têm pelos vinhos da nossa região. Todas estas mudanças são muito baseadas numa comunicação que mudou bastante desde que chegou ao IVDP. Quais foram os objetivos desta mudança? Nós tínhamos o objetivo de abrir as portas do IVDP para que as pessoas o conhecessem melhor, para isso as redes sociais eram um veículo privilegiado. Nós sabemos que hoje o digital é importantíssimo, tivemos este ano que passou que evidenciou bem a importância desses canais. Hoje os jovens comunicam


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Destaque sobretudo por estas vias e se queremos aproximar os nossos vinhos desse público temos também que estar presentes aí. Este é apenas um dos exemplos. O facto de nós termos desenvolvido e termos sido parceiros num festival de música que decorreu nesta região, o Wine & Music Valley, mostra bem que a apetência do público jovem para o consumo dos vinhos Douro e Porto existe. Tivemos nesta região 17500 pessoas em 2019, num festival em que a única bebida consumida foram os vinhos Douro e Porto, isto era impensável há uma década atrás. Para mim foi um exemplo da mudança de paradigma. Envolvemo-nos em outra ação que tem o mesmo objetivo e que chega a mais de 100 milhões de telespectadores, através de uma série que já está no ar que é o Wine Show. Em Portugal a sede do programa é na RDD, o que mostra bem a importância que é dada à nossa região. Vai ser uma divulgação internacional enorme. Lançámos a campanha nacional “Dar uma Nova Linguagem ao Vinho do Porto” ao longo do mês de dezembro. Divulgámos a campanha "Onde Levas o Teu Porto" em diversos meios (TV, imprensa, internet, canais digitais e exterior). Nos canais digitais (Facebook, Instagram e YouTube) as imagens desenvolvidas e os 4 vídeos (um de 30'' e três de 10'') impactaram positivamente Portugal e são um sucesso. A 15 de Dezembro já tinham atingido mais de meio milhão de pessoas no Facebook e Instagram e acima de 600 mil no YouTube. Foram, igualmente, geradas dezenas de milhares de reações e centenas de comentários nas publicações e partilhas. Decorreram, ainda, diversas ações com influencers digitais, no Facebook e Instagram, que procuram incentivar o consumo moderado de Vinho do Porto, criar associações positivas e bons momentos com Vinho do Porto, captando um público jovem e, ao mesmo tempo, contrariando a ideia de uma bebida só para ocasiões especiais. Podemos ver todos estes posts e stories acompanhando a hashtag da campanha #OndeLevasoTeuPorto. Em TV, a avaliação, até 15 de dezembro, é igualmente positiva, estando, nessa altura, a campanha a apresentar uma boa performance. Com a exibição de 45 spots, foram atingidos cerca de 12.000.000 contactos nos targets selecionados. O que falta para que numa saída à noite (quando tal voltar a ser permitido), vermos mais jovens a consumir vinhos desta região em vez de uma qualquer bebida branca? Temos que começar a valorizar o que é nosso e não haja dúvidas que os vinhos do Douro e Porto são produtos genuinamen-

te portugueses. Quando vamos almoçar ou jantar, quando recebemos convivas em nossa casa nós devemos ter os vinhos da nossa região para os servir, ligando-os sempre a uma história. Pratica isso em sua casa? Sim, sempre praticamos. Eu sempre que visitava um amigo, mesmo no estrangeiro, fazia questão de levar sempre um vinho da região, assim como se algum me viesse visitar também trazia sempre uma garrafa. As pessoas podem esquecer muitas coisas mas não vão esquecer nunca a marca, nem a região. Olhando agora mais para o futuro. Em breve iremos começar a usar a designação “Vinhas Velhas”, é um passo importante para a região? Era um passo necessário. Considero que poderíamos ter ido um pouco mais longe mas para primeiro passo, já foi importante. Isto não impede que a região, no futuro, não possa fazer modificações mas neste momento era importante dar este passo. Nós estamos a falar de uma região que tem mais de 100 castas, um património genético único. Se nós não o valorizarmos dificilmente alguém o fará. Uma forma de valorizarmos os viticultores que preservam este património é valorizá-lo. Fazendo um paralelismo, tem que ser vista, esta designação, como a designação “Vintage”, por exemplo? Aquilo que estamos a fazer é sobretudo a

valorização do agricultor, enquanto no outro caso valorizamos o produto. Contudo, podemos dizer que é semelhante. Já defendeu também alterações à “Lei do Terço”… Não foi em mudanças à “Lei do Terço” que eu falei. A leitura desta lei direcionou-se num tempo e numa circunstância, aquilo que eu me refiro, nesta altura, é que uma forma de nós aumentarmos também a entrada de público mais jovem seria permitir a entrada de jovens enólogos para serem agentes económicos no Porto, eliminando a capacidade das existências mínimas dos 75 mil litros. Isso é a base da “Lei do Terço”. Não é. Há formas de o fazer. O que eu preconizava com esta alteração é não obrigar à existência dos 75 mil litros a quem quisesse instalar-se na região para comercializar os Vinhos do Porto. Esta podia ser uma boa medida para termos bons enólogos, que têm provas dadas ao nível da produção de vinho do Douro, também no negócio do Porto, aproveitando também a capacidade que eles têm de comunicar para um público muito mais jovem. É espantoso quando vemos nas nossas Master Classes internacionais as segundas e terceiras gerações de algumas das casas mais emblemáticas da região, a comunicar e a forma como os mais jovens têm uma capacidade totalmente diferente dos mais seniores, digamos assim. Antes de terminar gostaríamos que nos

dissesse qual o ponto de situação da Casa do Douro. Esse ponto de situação é público. Neste momento decorre a solução para a Direção Geral do Tesouro e Finanças, o Dr. Agostinho Santa tem estado a trabalhar e aquilo que a Ministra da Agricultura afirmou é que tão depressa quanto essa situação esteja resolvida, tão depressa se marcariam as eleições para a Casa do Douro. Vê nos candidatos que se apresentaram até agora o futuro daquela instituição? Por agora não existem candidatos, temos candidatos a candidatos, até a Comissão Eleitoral estar novamente constituída e avaliar as listas não há candidatos. Agora, quanto mais pessoas estiverem envolvidas na solução melhor. De facto a região merece algum dinamismo e um olhar diferente daquilo que têm sido os últimos anos. Sabendo do seu interesse pela política, está nos seus planos, daqui a cinco anos, ser candidato à Câmara Municipal de Vila Real? Sabe que eu nestas coisas tenho como princípio viver o dia. Neste momento estou com um mandato de presidente do IVDP que tem a duração de cinco anos e a minha cabeça está focadíssima para o trabalho diário, assertivo e sério que aqui desenvolvemos, e falo no plural porque eu sou apenas o rosto, são mais de 100 pessoas que aqui estão envolvidas diariamente. ▪


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Santa Marta de Penaguião

Espaço Origem D’Ouro será realidade em 2022

Santa Marta de Penaguião terá mais um motivo de atração para o turismo do Douro em 2022 com a construção do Espaço Origem D’Ouro.

De acordo com o autarca, Luís Machado, “o objetivo é que os turistas que venham ao Douro venham a Santa Marta de Penaguião conhecer a história da região para depois a visitarem”. Assim, o novo espaço faz parte de um conjunto de empreendimentos construídos e a construír no concelho penaguiense, que visam um “Tour” turístico e cultural único e D’ouro. O miradouro D’ouro Vivo complementará e complementar-se-á com o Espaço João de Mansilha

- Ligação História D’ouro, “onde contamos a história de João de Mansilha e como foi criada a Região Demarcada do Douro”, e o Origem D’ouro, onde se pretende que um auditório 4D leve os turistas numa viagem “de 1756 até aos dias de hoje”. “O espaço terá ainda uma cave onde teremos uma cápsula do tempo, um local onde ficarão armazenados vinhos do concelho feitos no ano de inauguração do espaço, e também aqueles vinhos que, não sendo para beber, as pessoas os queiram guardar num local público. A propriedade da garrafa continua a ser individual mas todos a poderão apreciar por exemplo, pelo seu rótulo especial. Os vinhos desta garrafeira serão preferencialmente produzidos no nosso concelho, no entanto existirão outros que são “representati-

vos” da região e que poderão encontrar um espaço aqui”, explica Luís Machado. Ao VivaDouro o autarca penaguiense afirma que o município está a “desenvolver um projeto único. Ao adicionarmos a estes três espaços a N2 e o Marão, daremos uma dinâmica diferente a Santa Marta de Penaguião, tornando o concelho num local de visitação obrigatório na região. A nossa vantagem é, de facto, a nossa localização, estamos a 10 minutos do rio Douro e da ferrovia e a 5 minutos da A24”. Para Luís Machado, uma das lacunas da região é a ausência de circuitos de visitação que tenham a duração de um a três dias, com uma oferta organizada que possa ser comercializada pelos operadores. “É importante que nós, bem como os concelhos de Vila Real, Mesão Frio, Sabrosa, Murça, Alijó e Ré-

gua, possamos ter um circuito de 2/3 dias que, sendo circular, as pessoas possam iniciar visita, dormir ou fazer as suas refeições em qualquer um dos concelhos. Este seria um circuito simpático e confortável pela sua proximidade. Para o edil este “é um desafio para a CIMDouro. Conseguirmos ter uma oferta diferente envolvendo todos os parceiros privados como os produtores de vinho, o alojamento local, os restaurantes, etc. O interesse seria que o turista passasse 2 noites no nosso território. Seria um grande passo para as nossas economias locais”. O contrato para a construção do Origem D’ouro já está assinado encontrando-se neste momento para visto do Tribunal de Contas. “Contamos iniciar a obra em finais de fevereiro, início de março, devendo esta ter a duração de 12 meses”. ▪


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Torre de Moncorvo

Fundo do Baixo Sabor aprova candidatura de dois projetos no concelho de Torre de Moncorvo A Câmara Municipal de Torre de Moncorvo viu aprovado no âmbito do Fundo do Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo Sabor, as candidaturas dos projetos de restabelecimento do acesso fluvial entre o Felgar e a Cardanha/Adeganha com a criação de dois cais ancoradouros, no Lago de Cilhades, e do Sabor Lake Resort- elaboração dos projetos de arquitetura, paisagismo e especialidades do núcleo turístico do lago de Cilhades.

Os contratos de financiamento foram assinados pelo Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, no passado dia 15 de dezembro. A criação dos dois ancoradouros prevê um investimento de 172.596,19€, sendo comparticipado em 90% pelo Fundo do Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo Sabor e os restantes 10% serão suportados pelo Município de Torre de Moncorvo. Um dos cais será instalado no Felgar, na margem esquerda do Rio Sabor, e terá capacidade de acostagem de barcos privados ou coletivos e capacidade de estacionamento de barcos recreativos e privados, assim como embarcação da proteção civil. O segundo cais ancoradouro será construído na Cardanha e servirá de embarcadouro principal de acesso direto ao Lago de Cilhades, a partir da margem direita do Rio Sabor. A candidatura de elaboração dos projetos de

arquitetura, paisagismo e especialidade do Núcleo Turístico do Lago de Cilhades, com a criação de Sabor Lake Resort, tem como objetivo central aumentar, diversificar e qualificar a oferta de atividade de lazer no território dos Lagos do Sabor de uma forma inovadora e sustentável. Prevê a criação dos projetos necessários para a implementação de uma

praia fluvial, edifícios de apoio, cais para embarcações, piscina flutuante, eco resort com casas palafitas prefabricadas e anfiteatro ao ar livre, soluções estas adequadas a um parque natural. O custo elegível da candidatura é de 45.264,00€, sendo comparticipado e 90% pelo Fundo do Baixo Sabor e os restantes 10% pelo Município de Torre de Moncorvo. ▪

Aprovado acordo de colaboração que vai permitir investimento de mais de 2 milhões de euros na habitação social No âmbito do programa 1º Direito, e de acordo com a Estratégia Local de Habitação, o Município de Torre de Moncorvo vai resolver a questão do núcleo precário da cadeia, vai reabilitar os bairros sociais da Fonte de Carvalho e Santo Cristo, adquirir frações ou prédios para destinar a habitação e arrendar habitações para subarrendamento, de forma a proporcionar condições dignas de habitação à população mais vulnerável.

Através deste programa serão apoiados 59 agregados familiares, num total de 122 pessoas que vivem em condições habitacionais indignas e que não dispõem de capacidade financeira para encontrar uma solução habitacional condigna. O acordo entre o Município de Torre de Moncorvo e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) prevê um investimento estimado de 2.241.236,42€, sendo que 1.920.703,97€ serão disponibilizados pelo IHRU, dos quais 1.136.610,39€ concedidos sob a forma de comparticipações financeiras não reembolsáveis e 784.093,58€ a título de empréstimo bonificado, sendo o montante restante assegurado pela Câmara Municipal de Torre de Moncorvo. No total, a Estratégia Local de Habitação dispõe de um valor de 7.346.243,4€, valores que serão utilizados pelo Município através deste acordo, mas aos quais também se po-

dem candidatar as Instituições Particulares de Solidariedade Social e os proprietários de habitações do concelho, para proporcionar habitação digna ao próprio agregado familiar ou para alugar a famílias carenciadas. O Município disponibiliza ainda apoio na elaboração de candidaturas quer aos proprietários de habitações quer às Institui-

ções Particulares de Solidariedade Social do concelho. Em breve, a autarquia contactará todos os proprietários das habitações identificadas na Estratégia Local de Habitação, sendo que aqueles que ainda não constam desta e tenham interesse em candidatar-se ao 1º Direito devem contactar o município. ▪

Autarquia disponibiliza lenha gratuita aos munícipes A Câmara Municipal de Torre de Moncorvo está a promover a iniciativa “Quintas-feiras do Reboredo”, em que a autarquia atribui corte de lenha aos munícipes, no Perímetro Florestal da Serra do Reboredo, sob a supervisão dos serviços do Município de Torre de Moncorvo. A iniciativa está a decorrer todas as quintas-feiras, desde dia 29 de novembro, e desenrola-se até dia 29 de abril de 2021. Cada requerente pode extrair 1500kg de lenha, na data e local

identificado pelo município, sendo que esta tem de ser para consumo próprio. Para as famílias mais carenciadas, existe outro programa “Reboredo Ajuda”, que consiste na atribuição de 1500kg de lenha em que o transporte é efetuado pelo município, de forma gratuita. O munícipes interessados em candidatar-se, a qualquer uma destas iniciativas, devem apresentar um pedido no Gabinete Técnico Florestal. ▪


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Autarquia lança Balcão Móvel de Atendimento (BMA) que leva serviços às freguesias O município de Sabrosa tem disponível, desde o dia 22 de dezembro, o Balcão Móvel de Atendimento (BMA), um serviço itinerante que permite a todos os munícipes usufruir e tratar na sua freguesia dos serviços até aqui só disponíveis na sede da autarquia, sem a necessidade de se deslocarem da sua localidade. Assuntos relacionados com o Urbanismo, Ensino, Rendas, Ação Social e Água são alguns dos que podem ser tratados com mais comodidade por todos neste novo serviço, que funciona na carrinha SOS - Sabrosa oficina Social e que passa por cada uma das freguesias em data e horário mensal já estabelecidos. Desta forma, fica simplificado o processo de tratamento de assuntos relacionados com a área de obras, nomeadamente entrega de requerimentos, e toda a documentação necessária para licenciamento, legalização, certidões, autorizações de obras; requerer transporte escolar, apoio

social escolar ou atribuição de bolsas de estudo e efetuar os pagamentos mensais das refeições escolares; fazer o pagamento de rendas de habitação social, pedido de apoio especial COVID-19 e demais assuntos relacionados com a habitação social; entregar requerimentos e documentação do cartão do idoso, apoio à natalidade, apoio de habitação degradada e serviços de oficina social ou a possibilidade de pagamento das faturas da água e saneamento, através da parceria com as Águas do Interior Norte. Também a requisição/participação para autorizações de queimas ou queimadas estará disponível, fazendo assim com que um dos serviços mais solicitados pelos munícipes fique agora mais facilmente acessível. Este projeto é desenvolvido no âmbito da candidatura “Proximidade Local Digital Integrada”, efetuada pela Câmara Municipal de Sabrosa, e Financiado pelo FEDER no âmbito do Programa Operacional Regional

Norte 2020, que tem por objetivos permitir o acesso ao balcão de atendimento às pessoas mais afastadas da sede de concelho, bem como permitir também o

Bolsas de Estudo Miguel Torga 20/21 entregues a 73 alunos do concelho O Município de Sabrosa entregou, no passado dia 29 de dezembro, as Bolsas de Estudo Miguel Torga para o Ensino Superior 20/21 a setenta e três alunos do concelho. Para assinar o momento aconteceu uma cerimónia restrita, devido ao atual estado de pandemia que se vive, onde estiveram presentes os três alunos que ingressaram este ano no ensino superior com melhor média de acesso, em representação de todos os outros, de forma a terem a oportunidade de receber pessoalmente um Certificado de Atribuição da Bolsa e o comprovativo de transferência do valor agora recebido. No momento, o presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, reforçou

o sentimento de satisfação e orgulho sentido pela atribuição desta bolsa aos alunos, que considera ser “um reconhecimento do mérito dos mesmos, para além de um apoio importante para todos numa fase tão decisiva do percurso da sua formação”, apelando também para que a mesma seja “utilizada da melhor forma” de forma a ser valorizado este investimento “que é feito de coração pelo executivo municipal”. Aproveitou ainda o momento para deixar votos de um Bom Ano de 2021 a todos os contemplados, com muitos sucessos académicos, e com a esperança de que no próximo ano seja possível juntar pessoalmente todos os alunos presenteados num evento que comemore os

seus méritos e feitos académicos. Todas as candidaturas recebidas nesta edição foram validadas para atribuição, num total de 73 bolsas de estudo concedidas, mais trinta do que no ano anterior. Esta medida apoia anualmente todos os alunos do concelho de Sabrosa que se candidatam à mesma com aproveitamento escolar no ano anterior e que cumpram os restantes parâmetros para a sua atribuição. Com este apoio, o Município pretende também colaborar na formação de quadros técnicos superiores na sua área geográfica, contribuindo dessa forma para o desenvolvimento social, económico e cultural do concelho. ▪

Regeneração urbana da Rua do Teixo e seus arruamentos, em São Martinho de Anta, em fase de conclusão As obras de regeneração urbana da Rua do Teixo, e seus arruamentos, na vila de São Martinho de Anta, estão neste momento em fase de conclusão. Depois de meses de intervenção no terreno, esta obra dota esta rua, e arruamentos adjacentes, com nova pavimentação, novo sistema de regadio, águas pluviais, nova rede elétrica e uma Ilha Ecológica, ficando também colocada a pré-instalação de gás canalizado. Com o objetivo de requalificar o espaço público, melhorar a imagem urbana de São martinho de Anta e promover a dinâmica económica e social local, a Rua do Teixo, e seus arruamentos, apre-

senta agora pavimento totalmente renovado em calçada em cubo, com a colocação de guias centrais de granito, para além de contemplar também intervenções realizadas ao nível do encaminhamento e drenagem das águas pluviais, regadio e rede elétrica. Com a conclusão destes trabalhos, esta zona vê-se agora dotada das infraestruturas necessárias às exigências atuais e reclamadas por de todos os habitantes, numa intervenção que dignifica este importante ponto da vila, terra natal de Miguel Torga. Na realização destes trabalhos foi também colocada um Ilha Ecológica para separação dos resíduos,

indo ao encontro das preocupações municipais a nível ambiental e da promoção da reciclagem. O Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, congratula-se com a conclusão desta intervenção, reforçando a importância da mesma “que visa melhorar urbanisticamente o nosso território, resolvendo também alguns problemas que as infraestruturas existentes apresentavam e dotando-as de todas as condições necessárias para corresponder às necessidades atuais das nossas populações”. Esta obra teve um investimento total de 227 838,15€. ▪

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atendimento assistido nos serviços online, também estes disponíveis para todos os munícipes e ajudar, sobretudo, a população mais idosa. ▪

Ministra da Coesão Territorial visitou Sabrosa A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, esteve de visita ao concelho de Sabrosa para a realização de uma reunião de trabalho com o atual executivo municipal. Na agenda da reunião estiveram vários assuntos, e preocupações, relacionados com o território sabrosense que o executivo municipal teve oportunidade de apresentar e pretende conseguir ultrapassar, de forma a dotar o concelho de Sabrosa de mais e melhores condições para os munícipes e visitantes. Depois da reunião, a ministra teve oportunidade de visitar dois dos espaços culturais municipais do concelho, nomeadamente, a Exposição “Os Locais e Culturas da Viagem de Magalhães” e o Espaço Miguel Torga, ficando assim a conhecer, de uma forma mais aprofundada, a dinâmica cultural e a estratégia de dinamização do território que a Câmara Municipal de Sabrosa tem desenvolvido nos últimos anos. ▪


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Moimenta da Beira

Paulo Sanches distinguido “Professor do Ano 2020” Na edição deste ano do prémio Professor do Ano, a escolha da Comissão Editorial da Casa das Ciências, recaiu no professor no Agrupamento de Escolas de Moimenta da Beira, Paulo Sanches, Professor de Física e Química, reconhecendo assim o seu trabalho docente na escola e na partilha das suas experiências com toda a comunidade docente. Para começar, conte-nos um bocadinho do seu percurso de vida. Eu sou natural do concelho do Fundão, de uma aldeia chamada Vale de Prazeres. Fiz o meu ensino secundário no Fundão, depois fui para a cidade do Porto, para a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, onde tirei o curso de Química, mas do ramo científico. Quando acabei o curso não havia, na altura, muita empregabilidade na parte dos laboratórios e praticamente eu e todos os meus colegas fomos para o ensino. Mantive-me na zona do Porto e de Paços de Ferreira durante quatro anos, colocado sempre nas escolas do concelho de Paços de Ferreira. Quando decidi concorrer um bocadinho mais a nível nacional, para efetivar, vim parar a Moimenta da Beira, isto em 1998. Como eu tinha sempre aquele gosto por divulgar a ciência, no ano seguinte, 1999, lancei o Clube das Ciências, com o intuito de divulgar a ciência e motivar os miúdos para a ciência. Em 2005-2006, concorri aos projetos Ciência Viva, e a partir daí foi quando se deu o grande boom, sempre para projetos, participar em concursos, participar em divulgação de ciência, começar a criar parcerias com, por exemplo, a Universidade de Aveiro, depois com alguma parte do ramo da astronomia, que é uma das minhas paixões. Em 2009, comemorava-se o ano internacional da astronomia, que era um evento a nível mundial, e cá Portugal também se faziam algumas atividades, envolvi-me muito nessas comemorações e lembrei-me, além de ir participar nalguns eventos de astronomia, criar a concentração de telescópios em Moimenta da Beira. De telescópios? De Telescópios. Se faziam concentrações de motas porque é que não havíamos de fazer uma concentração de telescópios? Eu já conhecia muitas pessoas do mundo da astronomia,

principalmente astrónomos amadores, e fizemos, ou pelo menos pensei fazer um evento a nível nacional que se reunisse em Moimenta da Beira. Aquilo correu tão bem, foi divulgado a nível nacional, que tivemos logo a presença de quarenta e dois telescópios. Na altura convidei o coordenador nacional e o coordenador internacional, que também era um português, mais o presidente dos astrónomos amadores e fizemos o evento que era para ter sido só em 2009. Quando lhes disse que só iríamos fazer isto em 2009 eles quase que nos obrigaram a repetir a concentração, repetimos depois em 2010, mas depois decidimos passar a organizar de dois em dois anos, fizemos em 2012, 2014, 16, 18, e tudo estava previsto fazermos agora a sétima concentração em 2020, que já vinham espanhóis, aqui da zona da Estremadura, mas devido à pandemia acabou por não se realizar. Além do campo da astronomia também fazemos alguns trabalhos e projetos na parte do espaço, semana mundial do espaço, lançamento de foguetões, etc. Depois tenho também algumas atividades de holografia… De? Holografia, fazer hologramas, uma parceria que tenho com a Universidade de Aveiro. Depois também me envolvi nos robôs da LEGO, da parte da robótica, e isto tudo paralelamente às aulas de físico-química. Pelo facto de ter já uma ligação um bocado muito antiga ao Ciência Viva e ter feito muitos projetos fui convidado a levar dois alunos de Moimenta para sermos nós os representantes de Portugal no International Space Camp realizado nos Estados Unidos. Eles elegem um professor por cada estado, que consideram o professor do ano, depois juntam esses tais cinquenta e tal professores americanos com cerca de vinte a trinta professores de outros países e vão visitar a Casa Branca, a NASA, etc. E o Paulo foi o convidado português? Eu fui um dos convidados para 2010. Houve uns colegas que tinham ido em 2009, outros em 2011, e na altura em 2010 fui eu. Pude levar dois alunos, foi a experiência mais fantástica que já tive na minha vida. Passar uma semana na NASA. Eu fiz um programa espacial, os alunos fizeram outro, foi muito bom. Dá aulas a que anos de escolaridade? Dou aulas desde o 7º ano até o 12º. Criei também, em 2009, um projeto para levar o ensino da ciência ao pré-escolar e ao primeiro ciclo. Professores de físico-química e professores de biologia levamos desde 2009 a ciência junto dos pequeninos. Portanto, todo este trabalho de divulgar e promover ciência, foi reconhecido pelo Ciência Viva no ano passado atribuindo-me um prémio. Este ano surgiu este prémio por parte de outra entidade que é a Casa das Ciências, um portal de divulgação de recursos, de trabalhos de ciência, junto de professores, quer sejam de físico-química, biologia, matemática ou informática.

Já estou ligado à Casa das Ciências praticamente desde o início, todos os anos eles têm feito um encontro internacional de professores no qual eu também tenho colaborado, tenho feito lá alguns workshops e portanto o prémio deste ano da Casa das Ciências, que foi instituído em 2018, é o reconhecer também não só o trabalho que faço com os alunos mas também o trabalho de partilha com outros colegas. Ou seja, é um prémio não só da química ou da ciência em si, mas é um prémio global? Sim, é um prémio atribuído a um professor que gosta de partilhar a sua experiência, e a sua divulgação de ciências junto dos colegas, que está sempre disponível para isso. Num ano como este em que os professores tiveram que fazer muito do seu trabalho à distância este prémio ganha outro sentido? Vejo-o como sendo o reconhecimento de vinte anos de trabalho em prol da divulgação da ciência. Claro que, este ano, tivemos praticamente que nos reinventar, socorrermos de outras estratégias, de outras metodologias para chegar aos miúdos e até mesmo entre nós, para divulgarmos e comunicarmos uns com os outros. Eu costumo dizer que faço isto porque gosto, desde miúdo sempre gostei muito de ciência, sempre gostei de me questionar o porquê das coisas, e é isso que eu tento incutir aos miúdos, é que eles se questionem sempre porque é que isto cai, porque é que isto funciona, etc. Nada acontece por acaso. Nada acontece por acaso, e sempre tive essa curiosidade, e gosto de tentar que os miúdos e muitos colegas meus entendam o porquê das

coisas, mas às vezes recorrendo a exemplos e a analogias muito simples. Eu gosto de fazer muitas comparações com coisas que eles conhecem do dia a dia. Quando me contactaram a dizer que me iam reconhecer como professor do ano claro que me deu uma satisfação muito grande mas… Não trabalha para o prémio. Não trabalho para o prémio nenhum. Acima de tudo tenho muito prazer em fazer as coisas. Estes prémios, quer o do ano passado, quer o deste ano, não há candidatura, não há concurso, a entidade, portanto a instituição Ciência Viva, a entidade Casa das Ciências vai conhecendo o trabalho que eu vou fazendo e decidiram premiar-me. Sente que o seu trabalho também é reconhecido na escola onde leciona e pelo município de Moimenta da Beira? Sim, sim, penso que a escola reconhece perfeitamente o trabalho que tenho feito, assim como o próprio município. Reconhece e valoriza? Sim, penso que sim. Dá-me todas as condições para desenvolver o projeto. Não me posso queixar, é por isso que me sinto bem nesta escola. Tenho um bom relacionamento com os alunos, com os professores, com os funcionários, com a direção. Muitas das atividades que vou fazendo só as consigo fazer porque tenho a ajuda dos funcionários, principalmente, de alguns colegas que me ajudam porque não consigo fazer nada sozinho. Eu até costumo dizer que estes prémios não são só meus, são de um conjunto de pessoas que me ajudam a promover as coisas. ▪


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São João da Pesqueira

Isenção de taxas municipais A Câmara Municipal de S. João da Pesqueira de forma a minimizar o impacto provocado pela pandemia COVID-19, para além das medidas que já adotou, tomou também a decisão de isentar durante o ano 2021 os seus munícipes das seguintes taxas: - Licenciamento de Atividades Empresariais; - Publicidade;

- Ocupação do Espaço Público com Esplanadas e similares; - Isenção de taxas urbanísticas no licenciamento de obras para projetos para a construção/reabilitação da primeira habitação, que sejam devidas em 2021, com exceção daquelas que decorrem de incumprimentos por parte dos interessados. Consulte a versão completa do despacho em www.sjpesqueira.pt ▪

Desinfeção das escolas O Município está a levar a cabo a desinfeção das Escolas do Concelho, através de equipamentos de nebulização. Este equipamento espalha uma névoa seca no ambiente onde é utilizado, atomizando a mistura de água e o agente biocida desinfectante: peróxido de hidrogénio. Esta solução reduz a proliferação de micróbios e de vírus, sendo um milhão de vezes mais eficaz do que os métodos tradicionais de pulverização ou abrasão. Esta ação de desinfeção será realizada em todos os centros escolares fora do

Município lança medida “olhar pelos nossos” O Município de S. João da Pesqueira lançou a medida “Olhar pelos Nossos”, de forma a combater o isolamento da população idosa do Concelho, com um apoio integrado ao domicílio. Este projeto destina-se a pessoas com 65 ou mais anos e/ ou que se encontrem em situação de vulnerabilidade, sem suporte familiar e social. Com esta medida pretende-se estar mais perto e apoiar os Munícipes, nomeadamente, na organização e toma diária de medicação, consultas e realização de exames médicos, capacidade de realização da higiene pessoal e habitacional, cuidados na alimentação, encaminhar e articular para os respetivos serviços, sensibilizar para os bons hábitos biopsicossociais, encurtar a distância dos familiares, com a possibilidade de realização de videochamadas, pro-

movendo e melhorando a qualidade de vida dos munícipes que se encontrem em situação de vulnerabilidade. A equipa é constituída por uma Assistente Social e uma Psicóloga do Município, podendo recorrer-se a outras valências, caso seja necessário, nomeadamente apoios de saúde. Posteriormente, será divulgada uma calendarização, da presença das Técnicas nas respetivas freguesias, semanalmente, dirigindo-se às habitações das pessoas sinalizadas pelos Presidentes da Junta de freguesia. Em caso de dúvidas deverá contatar as Técnicas responsáveis: -Dra. Marlene Morais - Dra. Vânia Alves Através do contato telefónico: 963 647 198 ▪

horário letivo. A utilização deste tipo de equipamento enquadra-se na Orientação nº14/2020 da Direcção Geral da Saúde, “na desinfecção de áreas de isolamento e/ou em grandes espaços (cinemas, restaurantes, centros comerciais, cantinas, escolas, entre outros) onde se supõe que possam ter ocorrido casos de COVID-19 ou eventual disseminação, pode recorrer-se ao método de desinfecção por vapor de peróxido de hidrogénio, através da aquisição de uma máquina e produto próprio”. ▪


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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DO INTERIOR - DOURO

ORGANIZAÇÃO:

APOIO:


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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA

"Um percurso pelo desenvolvimento sustentável do Douro" Sustentabilidade e Desenvolvimento do Interior - Douro Associação dos Amigos de Pereiros por Luís Braga da Cruz

Apesar de ser o produto do Douro que mais visibilidade lhe conferiu em termos mundiais, o Douro não é só vinho e é bom que tenhamos consciência disso. O desenvolvimento de um território depende, cada vez mais, da forma equilibrada como souber acrescentar valor àquilo que detém, não esquecendo que o mais importante recurso está sempre na capacidade e na inteligência daqueles que nele vivem, ou que o adoptaram como referência identitária. Sempre nos intriga uma aparente contradição. Porque é que o vinho, do Douro primeiro e do Porto depois, sendo o grande produto de exportação portuguesa , nos séculos XVIII e XIX, deixava tão pouco valor Douro na região de onde provinha? Dominando a exportação em pipa, era toda a componente comercial que ficava fora da região. Assim, se consolidou o entreposto de Gaia e se concentraram as múltiplas operações logísticas de armazenamento, de envelhecimento e de carga marítima. No Douro cuidava-se da paisagem vinhateira num ambiente que só raramente era perturbado ou reclamava o recurso à inovação. Houve excepções, que merecem ser referidas, de que são exemplo a reacção à crise da phylloxera em 187172, que devastou a paisagem do Douro, sinalizada pelos mortórios. A crise obrigou a repensar a cultura da vinha e a experimentar novas formas de armação do terreno. O governo nomeou comissões para o estudo do fenómeno e propor soluções. Houve repercussão social, induzindo abandono, emigração para o Brasil e também animação na compra e venda das propriedades. Esta crise desencadeou a preocupação de diversificar a produção duriense, para contrariar a excessiva dependência da vitivinicultura. Em 1884, por influência do Conde de Samodães, o governo de António Augusto de Aguiar autorizou a título experimental a cultura de 1.000 ha para produção de tabaco, no Douro, que chegou a ter uma adesão significativa - cerca de 1500 agricultores pediram autorização para o cultivar no Douro. Segundo avaliações feitas à época, uma produção de 700 toneladas de tabaco poderia equivaler a 10.000 pipas de vinho . Embora com algumas flutuações, foi necessário chegar a meados dos anos 1980 para haver um novo vigor no Douro. O PDRITM , que correspondeu ao último grande empréstimo do Banco Mundial a Portugal, tinha uma componente de renovação das vinhas do Douro. Foram autorizadas na Região Demarcada do Douro reconstituições, transferências e novas plantações , num total de 2.500 ha, em terrenos com a classificação potencial A e B, em intervenções entre 3 e 10 ha, instalados em áreas de mortórios e com a obrigação de usar as cinco castas consideradas de melhor aptidão - Tourigas Nacional, Touriga Francesa, Tinto Cão, Tinta Roriz e Tinta Barroca - e de seguir as instruções

dos serviços. Vale a pena recordar dois outros aspectos em que o PRITM foi decisivo: o apoio à investigação e a produção de conhecimento no sector vitivinícola e agrário, ter estabelecido linhas de crédito que favoreceram o investimento, nomeadamente na mecanização da vinha. Pode dizer-se que o PDRITM esteve na base da renovação do Douro. A grande procura manifestada levou a autorizar mais 1.000 ha, financiados ainda por recursos disponíveis na primeira fase do projecto . Atendendo a que a maioria dos objectivos do PDRITM foram alcançados até 1989, o governo português decidiu negociar com o Banco Mundial uma 2.ª fase para esta intervenção. Assim, o PDRITM prolongou-se por mais sete anos, em duas fases: de 1990/93 e de 1994/96, com um investimento total de 90 milhões de contos. Comportava uma componente orientada para a reestruturação de 5.000 ha de vinhas no Douro (reconstituições e transferências), reconversão de 2.000 ha de souto e 2.800 ha de amendoal, desta vez já com apoio comunitário, com um custo global para esta componente de 12,3 milhões de contos. Previa ainda uma linha de crédito específica de 35 milhões de contos para investimento na vinha e em agro-indústrias. Com a adesão de Portugal à CEE, em 1986, passámos a ter acesso aos fundos estruturais europeus. Enquanto no 1.º período de programação (1986-89) os projectos regionais financiados se limitavam a investimentos municipais, que se candidatavam sem uma prévia afectação territorial por sub-regiões, no 2.º período de programação (1990-1993) os programas operacionais regionais passaram a reflectir uma diferenciação espacial dos problemas, dado o novo enquadramento introduzido pelo mercado interno comunitário, sendo estruturados por sub-programas regionais. No Norte, incluía cinco sub-programas de caracter integrado, um dos quais especificamente dedicado a Trás-os-Montes e Alto Douro - o PROTAD - com um investimento total de 98.320 mil ECU . Estes programas integrados tinham sido propostos pela CCRN com base nos ensinamentos recolhidos de intervenções anteriores . No que respeita a Trás-os-Montes e Alto Douro recordava-se que as intervenções anteriores eram dominadas por uma lógica de desenvolvimento rural e com reflexo directo na base económica agrícola ou assumindo como unidade de intervenção a localidade. Defendia-se que uma certa perspectiva "micro" desse lugar ao apoio a polos mais dinâmicos e à intensificação das relações internas à sub-região, com a provisão de bens e serviços que proporcionassem a competitividade e a especialização. Consideravam-se como aspectos críticos a promoção do tecido empresarial agrícola, a diversificação económica a partir dos seus recursos na perspectiva de aumentar o emprego, a estruturação do mercado sub-regional para contrariar a pequena dimensão dos mercados locais ou a valorização do potencial natural e do património urbano. As intervenções repartiam-se em cinco domínios clássicos: acessibilidades, equipamentos, saneamento básico, desenvolvimento local e estudos e projectos. O apoio ao sector primário prosseguiu com os programas específicos dos fundos europeus para agricultura e o mundo rural. A vitivinicultura não cessou de se

acentuar, com uma animação económica e fundiária, sem precedentes no Douro . A dimensão média das propriedades cresceu, o que, com o aumento da mecanização, reduziu os custos de produção. O uso sistemático das castas recomendadas qualificou muito os vinhos DOC Douro e favoreceu também o Vinho do Porto. Como frequentemente acontece, quando se opera uma mudança que envolve tantas variáveis em simultâneo, sem uma cuidadosa avaliação, nem tudo pode ter corrido bem. O sistema de patamar e talude não se comportou bem para as inclinações de terrenos mais acentuadas. As vinhas ao alto, cuja autorização foi aceitável dentro de certos limites, reclamam uma cuidadosa condução das águas pluviais para evitar processos erosivos provocados por episódios de precipitação excepcional. Para a preparação do período seguinte, o QCA II de 1994-1999, voltaram a ser feitos estudos para o Douro . Havia a preocupação de seleccionar os sectores de actividade económica em que era possível actuar, para mais facilmente acrescentar valor económico ao Douro, a partir dos progressos já alcançados e para que servissem de base ao lançamento de novas iniciativas de desenvolvimento. Identificaram-se dois domínios claramente mais promissores - o turismo e o vinho de mesa - fazendo sentido identificar o que se poderia fazer para lhes dar consistência. O turismo no Vale do Douro reclamava uma planificação global com actuação em muitas dimensões: preservando a paisagem vinhateira, valorizando o património edificado dos seus centros urbanos, fazendo o levantamento e a organização da oferta dos recursos mais adequados ao seu desenvolvimento, dando forma a novos polos de atração, capacitando os profissionais desse sector, aumentando a capacidade de alojamento local, complementando a infraestrutura de navegação fluvial existente com novos equipamentos de acostagem e de apoio às embarcações, corrigir a deficiente informação para o visitante. Mas também se identificou como aspecto crítico a baixa capacidade empresarial existente no Douro. Foi neste âmbito que se propôs e se criou a SPI Douro, S. A. - Sociedade de Promoção de Empresas e Investimento do Douro , cujo principal objectivo seria dinamizar novas iniciativas empresariais no Douro e gerar mais emprego na região. Esta ideia surgiu de uma reflexão feita para justificar a possível criação de uma sociedade de desenvolvimento regional. Gostaria de recuperar algumas das considerações então feitas para compreender o que poderia faltar ao Douro para que o que o objetivo geral de um desenvolvimento sustentado pudesse ser alcançado. É do conhecimento clássico que qualquer processo para o desenvolvimento de um território reclama três coisas: o reforço das suas infraestruturas para reduzir custos de isolamento, a estimulação de investimento empresarial produtivo e a atração de iniciativas que gerem emprego. Mas também é sabido que as infraestruturas, só por si, não geram desenvolvimento. Poderá ser a forma mais fácil de gastar dinheiro, mas não é suficiente. É necessário que seja acompanhado por iniciativas privadas, concorrendo para a criação de um clima favorável, bem percepcionado pelos agentes locais e reconhecido por potenciais investidores. As iniciativas só aparecem e se reproduzem com caracter perene se forem viáveis, o que exige demonstração. Já existiam alguns casos de aproveitamento de oportunidades no Douro, que vingaram por si, mas entendeu-se que a SPI Douro poderia encurtar tempo no processo da sua maturação, com uma intervenção de caracter mais voluntarista. Na altura, interrogávamo-nos porque não havia mais dinamismo no Douro. Porque era tão difícil passar das potencialidades latentes à acção? As respostas pode-

riam ser várias: porque os decisores do Douro não vivem no Douro; pela reduzida capacidade de estruturar e dinamizar os recursos; por os agentes locais (cooperativas, empresas, proprietários) serem de dimensão reduzida, de pequena capacidade competitiva, não operando em rede ficavam votados ao isolamento. Acreditávamos que uma estrutura de natureza empresarial, com a SPI Douro, poderia contribuir para a superação de algumas destas deficiências, na medida em que criava capacidade técnica de aconselhamento e mobilização, bem como disponibilizava meios no terreno para ultrapassar limitações. Como factores de êxito referiam-se: a qualidade dos recursos humanos a afectar, as iniciativas serem sediadas no Douro com o envolvimento dos agentes regionais e locais, ter uma boa relação com as instituições financeiras, mobilizando o poder político autárquico local, ganhando progressiva autonomia em relação às instituições públicas. Quanto às possíveis soluções alternativas para alcançar este propósito de desenvolvimento, reconhecíamos que, em geral, as instituições financeiras portuguesas não tinham vocação específica para lidar com este tipo de intervenções. Também poderiam ser convocadas as sociedades de desenvolvimento regional, prevista na legislação portuguesa com uma estrutura jurídica próxima das instituições financeiras, mas que ainda não tinham revelado capacidade para liderar com estes projectos, na sua fase de promoção. No que respeita ao papel das associações empresariais regionais, em especial as de caracter supramunicipal, tem sido reconhecido o seu papel na animação do ambiente empresarial, em especial o comercial, em zonas de baixa densidade económica e social. Implicaram-se na prestação de serviços de apoio às empresas, na formação avançada, na concretização de feiras e mostras . Mas ainda não estavam em fase de promover novas formas de empreendedorismo. Teriam de se adaptar a esse novo desafio. Nos territórios do Interior, há várias associações para o desenvolvimento local que têm feito o seu caminho positivo, mas ainda longe de uma forte lógica empresarial. Como foi concebida, a SPI Douro deveria promover o investimento e contribuir para a transposição de boas ideias em iniciativas empresariais. Para isso, deveria tentar criar um fundo de investimento lateral, a gerir por instituições financeiras e seguir um roteiro clássico de: identificação de oportunidades e parcerias; preparação de iniciativas; mobilização de meios financeiros. Finalmente, para que as iniciativas tivessem condições de operacionalização era necessário assegurar a credibilidade dos parceiros e a inquestionável qualidade dos projectos. A SPI Douro acabou por ser criada em 1997 com um capital de 900 mil euros e uma participação accionista diversificada em que se incluíam algumas importantes empresas nacionais com interesse no Douro e também empresas locais. Ainda dinamizou alguns projectos bem sucedidos que hoje sobrevivem ou seguiram outros rumos . Porém, não sobreviveu às vicissitudes habituais, esvaziando-se e desaparecendo após 2004. Terá sido uma ideia romântica? Porventura, mas de qualquer forma os seus nobres propósitos continuam válidos e o Douro precisa de ultrapassar as suas debilidades ao nível do seu tecido empresarial. O Douro foi evoluindo e reforçando justamente aquele obectivo de acrescentar valor nos domínios do vinho e do turismo. O número de turista não cessou de crescer atá à pandemia da Covid 19. A navegação, antes pensada para mercadorias, foi resgatada pelo Turismo. O enoturismo acentuou-se como outra componente daquela actividade e aumentou em muito a oferta de alojamento da região. A reabilitação do Património passou a ser uma das mais importantes polí-


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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA ticas dos municípios do Douro. Os vinhos DOC foram factor de diversificação, passando a ser engarrafados na região. Alguns acontecimentos vieram dar maior visibilidade internacional aos atributos durienses de caracter excepcionais, dos quais o de maior relevo foi sem dúvida ter sida consagrada a inscrição do Douro Vinhateiro na lista indicativa das paisagens culturais Património Mundial, em 2001. Com este reconhecimento aumentaram as oportunidades de desenvolvimento de todos estes factores, mas também a responsabilidade na preservação do seu caracter único e do "valor universal e excepcional", como a UNESCO o classificou. O Programa Operacional da Região Norte 2000-2006 (Programa ON) previa uma nova figura - as AIBT - as acções integradas de base territorial - cabendo ao Douro uma delas. O aparecimento de um Eixo Prioritário de AIBT’s no programa regional constituiu uma das alterações mais significativas em relação aos períodos de 1990-93 e de 1994-99. A sua criação estava em linha com a necessidade de intervenções específicas, vinculadas às características de cada território, nomeadamente aos seus pontos fracos e fortes, oportunidades e ameaças quanto ao desenvolvimento. Uma outra intervenção emblemática foi a recuperação do material circulante ferroviário e a criação das viagens dos comboios históricos na linha do Douro, foram duas iniciativas promovidas e pagas com os recursos financeiros do Programa Regional. O sucesso foi inquestionável, sobretudo por enriquecer a oferta turística. Com algumas descontinuidades, esta actividade ainda hoje subsiste. Recentemente, iniciou-se um movimento nacional a favor da reabilitação da linha do Douro até à fronteira de Barca d'Alva e, em continuação por Espanha, até ao entroncamento de La Fuente de Sán Esteban, em Castilla y León. Seria a recuperação de uma antiga conexão que, com a electrificação da linha ferroviária do Douro, pode dar um importante contributo para contrariar o isolamento cul-de-sac, do Douro. Nos últimos 50 anos a rede ferroviária do Douro e Trás-os-Montes tem vindo a ser dramaticamente podada, das extremidades para o seu tronco principal, sempre com argumentos de racionalidade económica, por proposta de quem não tem qualquer

perspectiva da dimensão territorial destas infraestruturas e sem capacidade para atribuir valor económico aos aspectos intangíveis do processo de desenvolvimento. Se não conseguirmos interromper estas decisões insensatas, qualquer dia a Linha do Douro acaba por ter o seu termo na Régua. No advento do novo período de programação de 2000-2006, os programas regionais foram precedidos de um exercício nacional que se designou por “Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social 2000-2006" e que também implicou um "Diagnóstico Prospectivo da Região do Norte” , que inventariou as áreas críticas para o futuro da região. Este documento seleccionava como questões decisivas para o desenvolvimento da Região Norte, os seguintes dez tópicos: as condições infra-estruturais necessárias para assegurar a competitividade da economia regional; o equilíbrio do sistema urbano regional; a qualificação do ambiente urbano e rural; o combate à pobreza e à exclusão social; as políticas dirigidas à infância e juventude; a formação profissional e escolar dos activos e a empregabilidade; a oferta de emprego qualificado; o desenvolvimento do sector agro-florestal; a política industrial e de apoio às PME; o modelo institucional de apoio ao desenvolvimento. Verificava-se uma mudança de linguagem e um alinhamento com novas preocupações tais como a coesão regional e o desenvolvimento sustentável. Outra novidade, estava em associar ao FEDER uma componente de FSE (Fundo social Europeu), o que não acontecia antes, e que traduzia uma orientação: associar a capacitação dos recursos humanos às outras componentes do desenvolvimento regional. A pequena dotação financeira devotada às AIBT - 268 milhões de euros (5,8%) do ON - bem como a que coube ao Douro - 62 milhões de euros - traduzem o caracter experimental desta iniciativa. É muito interessante o trabalho de avaliação encomendado pela CCRN à UTAD , pelo qual se conclui que, em relação aos objectivos definidos pela AIBT, 65% dos projectos foram considerados com um nível de relevância "satisfatório" e 31% "bom" ou "muito bom". É significativo que os 28 projectos de "Requalificação de Centros Históricos Durienses" tenham tido uma classificação de "bom", sendo considerados

os mais estruturantes, e por envolverem articulações significativas com outros domínios de acção como a cultura e o turismo. Enfim e para rematar, ao fim de tantos anos e de tantas experiências poderíamos dizer que foi feito um longo percurso, uma evolução cheia de ensinamentos que não devemos esquecer. Muito faltará ainda para fazer, é certo. Porém, o que mais importa é a disciplina do trabalho, compreender o sentido das mudanças entretanto ocorridas, interpretar as novas realidades do Douro e discernir sobre o caminho que vale a pena continuar a prosseguir, com persistência e, porque o Douro é um território muito sensível, sempre numa perspectiva de qualidade e de sustentabilidade. 1 A exportação de vinho do Porto, segundo o barão e Forrester, assume caracter sistemático depois de 1678. Nos primeiros dez anos, com valores médios anuais de 632 pipas. A exportação vai crescendo progressivamente, estabilizando em cerca de 30.000 pipas, na segunda metade do século XVIII. No ano de 1851, foi de 32.947 pipas ("Report from the Select Committee on import duties on wines together with the Proccedings of the Comittee ordered by The House of Commons to be printed, 18 june 1852", referido em "Vinificação Moderna", Pedro Bravo e Duarte de Oliveira, 2.ª edição, O Comércio do Porto, 1917, pág. 29. 2 Gonçalves, Eduardo C. Cordeiro 2008. "Recessão e reconversão: uma ideia para o Douro na viragem do século XIX para o século XX", Douro: Estudos & Documentos, 22: 199 - 206. GEHVID - Universidade do Porto, 2007, pág. 205. 3 O Projecto de Desenvolvimento Rural Integrado de Trás-os-Montes (PDRITM) foi financiada através de um empréstimo contraído pelo Estado Português junto do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento, antes da adesão à CEE. Vigorou entre 1982 e 1989, mobilizando um investimento global superior a 13 milhões de contos. 4 Portaria 685/82, de 9 de Junho. 5 Portaria 863/85, de 14 de Novembro. 6 QCA (1990-1993) - 1.º Quadro Comunitário de Apoio, também conhecido por "Pacote Delors", proposto por Portugal em Março de 1989 e aprovado pela Comissão

Europeia em Julho de 1990. 7 ECU - Unidade Económica Europeia - moeda virtual de referência nas transações europeias, que existiu entre 1999 e 2002 e que foi substituída pelo euro em paridade de 1 ECU=1 €, a partir de 1 de Janeiro de 2002. 8 "Intervenções Operacionais da Região Norte de Portugal do Plano de Desenvolvimento Regional 19891993", CCRN, Porto, Dezembro de 1989. 9 Pina, Maria Helena Mesquita. "A expansão e a reconversão vitícola na Região Demarcada do Douro : algumas problemáticas", in. Actas do V Congresso da Geografia Portuguesa: Portugal : Territórios e Protagonistas, Guimarães, 2004, pp.321-322. 10 "Douro - Diagnóstico e Avaliação dos Efeitos das Políticas e Intervenções Sectoriais", CCRN, Porto, Janeiro de 1994. 11 É aqui merecida uma palavra de homenagem ao grande promotor da ideia e seu futuro primeiro responsável - o Eng.º Rodrigo Sarmento Beires - à época, Setembro de 1994, Vice-Presidente da CCRN. 12 Recordo o papel muito relevante que tiveram o NERVIR e o NERBA, organizações de base distrital pertencentes à rede da Associação Industrial Portuguesa. 13 Entre 1997 e 2004, a SPI Douro foi uma activa preparadora de iniciativas tais como: a rede dos cais fluviais; a recuperação do património ferroviário e o relançamento dos comboios históricos do Douro; a candidatura do Alto-Douro Vinhateiro a PM. Também lançou projetos empresariais, como: os Lavradores de Feitoria – Vinhos de Quinta; a Pousada Solar da Rede; a Cenários D’Ouro - Operador Turístico. Ou projectos de natureza económica, como: a Bienal da Prata; as Aldeias Vinhateiras e Fronteiriças; o Fórum da Iniciativa Económica de TMAD; os Fundos de Investimento Florestal. 14 Elaborado pela CCRN, no âmbito dos trabalhos preparatórios do período de programação 1994-99. 15 Artur Cristóvão et al., "Avaliação Intermédia de Programas de Desenvolvimento Regional: O caso da Acção Integrada de Base Territorial do Douro", UTAD, Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento, Vila Real, s/ data.

Alto Douro Vinhateiro, 20 anos de Património Mundial – uma breve reflexão. Fernando Bianchi-de-Aguiar Presidente Honorário da OIV

A paisagem vitícola da Região Demarcada do Douro, da qual o Alto Douro Vinhateiro é uma mancha representativa, resulta de um gigantesco e persistente trabalho humano de transformação de uma inóspita zona montanhosa numa região viticola de excelência. Quase vinte anos decorridos da sua classificação como Património Mundial, são inquestionáveis os benefícios que trouxe à Região. No entanto, a vida dos durienses, particularmente dos pequenos viticultores e assalariados rurais, não está hoje melhor e a sua

confirmação está nos dados demográficos: a região está em progressiva e acelerada desertificação. Os durienses não encontram nela um espaço de bem-estar e de realização pessoal e profissional. Muitas razões determinam a decisão da sua partida, mas uma é certa: a insuficiente oportunidade de trabalho diferenciado, principalmente para os mais novos. Trata-se de uma constatação preocupante, sobre a qual importa refletir. O Douro vinhateiro é um território vasto, muito diverso, complexo e com um tecido produtivo constituído por explorações vitícolas de tipologia, dimensão, gestão e níveis tecnológicos muito diversas. As vantagens trazidas pelo desenvolvimento económico estão centradas no enoturismo e não foram acompanhadas por uma alteração sensível na rendibilidade da

atividade vitivinícola. Por essa razão são sentidas de forma muito díspar, não encontrando uma boa dos durienses mais valias no novo estatuto da Região. Numa recente intervenção no Ciclo de Conversas da LADPM referi o interesse em procurar parcerias com algumas das regiões vitícolas europeias mais prósperas, também reconhecidas pela UNESCO como patrimónios mundiais. São ao todo catorze, muito diferentes entre si, mas com experiências interessantes que vão do seu sucesso económico à forma como se organizaram para a sua preservação e valorização. Qualquer uma destas regiões nos pode trazer bons ensinamentos. Tomemos um exemplo: o Vale do Alto Reno médio Alemanha (2002), com 27.250 hectares classificados e 34.680 hectares de zona tampão. O Vale do Reno e dos seus afluentes é um caso muito conseguido de reestruturação fundiária em encostas íngremes, predominantemente de minifúndio, que propiciou condições de boa acessibilidade e de trabalho menos penoso. Foi esta a forma encontrada para evitar o abandono, preservando a atividade económica e consequentemente a sua emblemática paisagem viticola, pilar do grande sucesso turístico. Um problema semelhante existe nas nossas manchas de minifúndio, em encostas muito difíceis, onde só

uma reestruturação fundiária poderia preservar essas manchas de paisagem tradicional. Sabemos que a sua sobrevivência está em causa, seja pelo abandono iminente ou pela vontade legítima de reconverter para sistemas de armação do terreno mais modernos, perdendo-se para sempre o seu contributo para a excelência da paisagem duriense. Como reagiriam os viticultores perante uma proposta de reestruturação coletiva? Teriam de se visar manchas consensualmente delimitadas, prevendo um eventual emparcelamento com o aumento da dimensão média das parcelas e eventualmente a concentração de explorações. Estou certo de que adeririam de bom grado e por esta via melhorar-se-iam as condições para uma nova geração de viticultores se fixar na região. Termino referindo que uma intervenção no território desta índole deve ser liderada pelas autarquias e enquadradas nas orientações normativas previstas no Plano de Gestão/PIOT-ADV , que deveriam constar nos PDM respetivos. 1 Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território – Alto Douro Vinhateiro 2 Plano Diretor Municipal


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A interioridade Cláudia Bento Deputada GP PSD – Circulo eleitoral Vila Real

Nas últimas décadas, tem-se observado um envelhecimento da população portuguesa consequência não só do aumento da esperança média de vida, mas também da diminuição da taxa de natalidade. Portugal poderá passar dos atuais 10.3 milhões de habitantes para 8.2 milhões em 2080, adicionalmente o número de idosos passará de 2.2 milhões para três milhões e o índice de envelhecimento passará de 159 para 300 idosos por cada 100 jovens de acordo com projeções do Instituto Nacional de Estatística. Em Portugal 70% da população concentra-se nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, o interior fronteiriço está praticamente desabitado e 85% das cidades têm menos de 50 mil habitantes.

Este retrato demográfico impõe importantes desafios para o futuro. Realço 4 áreas: - Área da Saúde - O envelhecimento populacional coloca maiores desafios para a sustentabilidade dos sistemas de saúde e de proteção social. Estas pessoas têm múltiplas co morbilidades e têm graus de incapacidade motora e mental que exigem um maior consumo de cuidados diferenciados a que associam a maiores custos. Há a necessidade de cuidar de uma população envelhecida com patologias crónicas e necessidades especificas. O SNS deve investir e reforçar os cuidados de saúde primários, continuados e apostar numa rede de cuidados de saúde de proximidade com o intuito respeitar a dignidade e melhorar a qualidade de vida do doente. O planeamento dos cuidados de saúde é fundamental no sentido de adequar a prática clínica às patologias com maior impacto na qualidade de vida promovendo a sua prevenção, deteção e tratamento adequado. - Promover o envelhecimento com saúde, autonomia e independência - De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o envelhecimento ativo “é o processo de otimização das oportunidades de saúde,

participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”. Tal envelhecimento coloca aos governos, às famílias e à sociedade em geral, desafios para os quais não estão preparados. - Pressão acrescida no mercado de Trabalho - O envelhecimento da população implica desafios em matéria de emprego, condições de trabalho, e proteção social. O peso crescente da população idosa ameaça a sustentabilidade dos sistemas de pensões pois há menos população em idade ativa para sustentar as pensões. A promoção de oportunidades de emprego para uma força de trabalho em envelhecimento requer uma nova reflexão. - Envelhecimento Populacional e Desertificação do interior – A dificuldade em contrariar o envelhecimento populacional bem como a da perda de população no interior do país tem contribuído para a sua desertificação e para o seu atraso social e económico. Adicionalmente verifica-se uma tendência para a concentração populacional nas grandes áreas metropolitanas, a qual necessita de ser revertida. Viver num concelho do interior impõe desafios dirigidos à atração da fixação de população através de medidas de descentralização de serviços públicos, discriminação positiva que consigam consolidar e atrair novos investimentos de forma a revitalizar a economia do interior, combater as desigualdades e promover o desenvolvimento destes territórios. Só na presença de um país equilibrado é que teremos coesão territorial.

O governo é o primeiro responsável por garantir e promover o desenvolvimento do território nacional e a coesão territorial, devendo proporcionar condições de fixação de populações e funcionamento de atividades económicas e sociais, que evitem a desertificação do interior do país e acentuem os desequilíbrios existentes. Uma das melhores formas de responder a estes desafios é melhorar as condições de acessibilidade, pois associadas a situações de isolamento são entendidas como fator limitante para o desenvolvimento do território; é necessário criar oportunidades de emprego que permitam fixar a população bem como levar à criação de postos de trabalho qualificados. Outro ponto de relevo é a criação e a instalação de serviços públicos nestas regiões bem como a criação de um programa operacional para o interior com o intuito de reforçar a coesão económica e social, combater a desigualdades entre o litoral e interior e criar mecanismo de atração de investimento. O fundo de Recuperação da União Europeia prevê que Portugal poderá arrecadar um total de 26,3 mil milhões de euros, 15,5 mil milhões dos quais em subvenções e os restantes 10,8 milhões sob a forma de empréstimos. Esperemos que uma percentagem destas verbas seja dedicada à coesão territorial e que ajude à revitalização socioeconómica do interior. Criar riqueza, reforçar a competitividade dos territórios e promover um desenvolvimento económico sustentável são elementos chave na redução das assimetrias regionais e na promoção destes territórios.

Uma Visão sobre a Saúde na Área do Douro Sul “Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.”

In, Constituição da Republica Portuguesa

José Carrapatoso Médico Ex-Presidente da Assembleia Municipal de Lamego

O acesso à Saúde na área do Douro Sul é um reflexo de todos os condicionalismos que conduziram à desertificação e empobrecimento do interior do país, com o consequente envelhecimento populacional, a diminuição da natalidade e a perda da população mais jovem, fruto da reduzidíssima capacidade de manter e promover o emprego. Hoje, como aconteceu após a Revolução dos Cravos, são os Centros de Saúde o garante da assistência, em proximidade, da maioria dos problemas de Saúde das gentes da nossa região, embora com a sentida dificuldade de atracção de novos profissionais, resultante da fraca motivação que a região lhes desperta, para substituir os que, pela idade e/ou por vontade própria, deixaram o seu local de trabalho. Para além disso, a reforma que nos colocou a drenar os

nossos doentes mais graves para novos Centros de Referenciação, esqueceu que a Região tem uma orografia própria, com distâncias superiores a cem quilómetros e tempos de deslocação inadequados à assistência de urgência de uma população que ronda os 80.000 habitantes, ultrapassando, em diversas evacuações para o serviço de urgência, mais de uma hora de ambulância por estradas muito sinuosas. Acresce ainda a inexistência de uma rede de transportes públicos eficiente na região, que não oferece uma desejada solução para a deslocação às consultas externas do Hospital de referência e/ou visitas a familiares internados no Hospital, o que implica o seu abandono nas enfermarias e o aumento de custos para as famílias, situação ultimamente agravada na situação pandémica que vivemos. Historicamente, o antigo Hospital de Lamego sempre respondeu satisfatoriamente às

necessidades das populações que servia – os Concelhos do Douro-Sul - nas especialidades de que dispunha e nas emergências médico-cirúrgicas que ali ocorriam. Todavia, há cerca de treze anos o antigo Hospital Distrital de Lamego foi integrado no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, o que, em nossa opinião, muito penalizou a nossa região e as suas gentes. Da sua génese esperar-se-ia que este Centro Hospitalar permitisse que as populações da sua área de abrangência fossem tratadas, nas situações de doença, com a máxima qualidade, eficiência, comodidade e proximidade, sendo que este último desidrato não se verifica na nossa região. Na realidade, a abertura do novo Hospital de Proximidade de Lamego, com uma urgência básica qualificada, com o apoio presencial de Medicina Interna e Cirurgia e com internamento para doentes agudos limitado a trinta camas, acrescidas de mais trinta camas destinadas à Cirurgia de Ambulatório, permite concluir que este equipamento não responde aos anseios dos nossos doentes em condições de equidade e proximidade. Todavia, a abertura do Serviço de Urgência Básica de Moimenta da Beira foi uma maisvalia nas situações de urgência. Mas, do meu ponto de vista, quer esta, quer

a Unidade de Lamego, não respondem no tempo adequado, às necessidades das gentes da região do Douro-Sul, por inexistência dos serviços e especialidades imprescindíveis num serviço de urgência, obrigando a transferências frequentes para os Hospitais Centrais de Vila Real e Viseu. Estas considerações não colocam em causa a competência, a dedicação, o brio profissional e a qualidade humana e técnica do pessoal médico e de enfermagem que ali desempenha a sua actividade, que dão o melhor de si na defesa da saúde de quem os procura. Concluindo, afirmamos que o Douro-Sul é uma região belíssima a sofrer os efeitos de uma crise económica de todos conhecida, agravada com a desertificação de todo o interior, a baixa empregabilidade e natalidade, o envelhecimento populacional, a que acrescem as dificuldades e gravidade da pandemia que grassa em termos globais, pelo que é o momento para unir as vontades de cada um de nós, cidadãos da região, autarcas e forças políticas, no sentido de criar as sinergias e iniciativas que permitam inverter a tendência central de penalizar e empobrecer o interior, e o Douro Sul em particular, em todos os seus vectores, onde naturalmente as questões da Saúde também estejam contempladas.


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JAN Petição pela reabertura da Linha do Douro até Espanha entregue na Assembleia da República. “Numa cerimónia carregada de simbolismo e de orgulho nesta causa, uma delegação de representantes da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, da Fundação Museu do Douro, da CIM Douro, das autarquias do Douro e do Turismo do Porto e Norte deslocaram-se à Assembleia da República, no passado dia 9 de janeiro de 2020, para a entrega formal da Petição, ao que se seguiu, no

dia 16 de julho a apresentação e defesa da Petição perante a Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, onde a LADPM renovou os sólidos argumentos que justificam este investimento estruturante para a região, absolutamente necessário para a melhoria da prosperidade económica da região, nomeadamente pela via do turismo. Segue-se agora a Apreciação da Petição 32/XIV/1ª em Reunião Plenária do Parlamento, o que irá acontecer já no próximo dia 3 de fevereiro de 2021, esperando-se que possa ser aprovada uma Moção que reforce o pedido ao Governo que não só dote os Programas de Investimento das verbas necessárias à total requalificação da Linha, em Portugal”. António Marquez Filipe, Presidente da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial.

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MAI Na UTAD arrancam as obras no âmbito da eficiência energética e da mobilidade dentro do campus

MAI

O último fim de semana do mês os concelhos de Armamar, Moimenta da Beira e Tarouca são assolados por uma tempestade de granizo que deixa um rasto de destruição causando prejuízos avultados aos produtores de maçã e cereja.

MAR Março fica marcado pela pandemia Covid-19 e a sua chegada não só a Portugal como à região duriense. Dia 18 o primeiro caso é registado no concelho de Sernancelhe e, a 23 de março surge o primeiro surto na região com o primeiro caso registado no Lar Nossa Senhora das Dores. É também neste mês que se regista a primeira morte por Covid-19 na região, em Vila Nova de Foz Côa, no Lar da Santa Casa da Misericórdia.

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JAN Gala de Encerramento da Cidade do Vinho 2019 – Peso da Régua O concelho ostentou o galardão ao longo do ano de 2019 resultando num total de mais de 100 eventos, com a participação de toda a comunidade e dos diferentes agentes económicos ligados ao setor.

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Ministra da Agricultura confirma um pac tura duriense no âmbito do combate ao vid-19. Este pacote viria depois a ser revis de euros.


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v i sta OUT • O grupo Q Cells (de origem sul coreana) começa a instalar no Larinho, em Torre de Moncorvo, uma central fotovoltaica com 27 mil painéis solares. O projeto conta com um investimento que ronda os 8 milhões de euros. • Sernancelhe organiza, pela primeira vez na região, um evento de grande escala em versão online. A Festa da Castanha foi um sucesso com cerca de 15 toneladas de castanha vendidas através da plataforma Dott.pt

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Reportagem

• Arranca em Torre de Moncorvo a exploração de ferro após 30 anos de abandono do complexo mineiro. “Não se poderá falar só num projeto a nível local, claro que a nível local iremos notar várias coisas, desde logo a mão de obra que irá permitir com que diversas sectores sejam alavancados. A restauração, o alojamento, os próprios serviços, e depois toda uma parte de trabalhadores indiretos, ou seja, aqueles que não pertencendo às minas, também vão ter de prestar serviços às próprias minas. Este é um projeto importante, daqueles que nós chamamos de estruturante, para territórios que o Terreiro do Paço denomina de baixa densidade e que eu chamo de alta intensidade”. Nuno Gonçalves, Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo.

Eleições para a CCDR-N, um processo que foi muito contestado pelos autarcas durienses pela forma como foi conduzido. António Cunha foi eleito o novo presidente do organismo.

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cote de 5 Milhões de euros para a agriculos prejuízos causados pela pandemia Costo totalizando no final cerca de 9 Milhões

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NOV Com a presença do ministro Manuel Heitor, é inaugurado na UTAD o Km1 da ciclovia que ligará a universidade ao centro da cidade de Vila Real.

OUT TPNP e ATP anunciam a fusão dos dois organismos responsáveis pelo turismo na região Porto e Norte, passando a designar-se Turismo Porto e Norte

AGO O VivaDouro lança uma edição especial extra dedicada à viticultura duriense, um trabalho sem precedentes na comunicação social regional que ouviu os principais atores do setor da região

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DEZ Arranca a vacinação contra a Covid-19 em Vila Real. “É um dia marcante para as pessoas, quer aquelas que vivem circunstancialmente na região, quer aquelas que necessitam dos serviços que são prestados na região. É um dia marcante porque iniciamos um caminho que temos que percorrer, que nos leva, dentro de 3 ou 4 meses tenhamos uma grande parte da população com imunidade ao Covid-19 o que permitirá à nossa vida dita normal antes de março de 2019. É um percurso muito difícil, vivemos neste momento no meio da ponte por-

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DEZ Douro celebra o 19º aniversário da distinção Douro Património Mundial

que estamos a caminho de conseguir a imunidade mas ainda não a temos e os próximos 4, 5, 6 meses, é nossa obrigação não deitar tudo a perder, continuando a respeitar as normas da DGS. É fundamental que, todos sem exceção, continuem a ter presente que o vírus atinge todos por igual, não acontece só aos outros. Mais importante que a vacina é que nós próprios funcionamos como vacina, não nos infetando nem infetando os outros”. Rui Santos, Presidente da Câmara Municipal de Vila Real


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Região

“9 Meses de inverno, 3 de inferno” 10 anos de vivência em 12 episódios

Formado em fotografia, foi nessa área que desenvolveu a sua vida profissional por terras durienses. Em conversa com a nossa reportagem João Pedro Marnoto conta que o primeiro trabalho que desenvolveu na região foi para a autarquia de Alijó, “andei durante 1 ano a explorar o território para a autarquia fazer um daqueles livros promocionais do concelho”, algo que lhe permitiu “investir muito mais na fotografia documental, uma área que sempre me agradou”. Ao longo de 10 anos de vivência na região João Pedro foi fazendo diversos contactos que lhe permitiram conhecer a região “melhor que muitas pessoas naturais do território”, viajando

entre um Douro “que não precisa de adjetivos” e Trás-os-Montes que “é mais cru, com menos riqueza e parece que fica longe de tudo”, o que, do seu ponto de vista “é bom, de certa forma, porque ajuda a que as tradições se perpetuem ainda mais no tempo”. Para o realizador este trabalho é fruto “relação do Homem com a terra, a fé e o progresso. Com a terra por uma relação muito mais visceral que vem do trabalho, do abrir a janela de manhã e sentir o ar puro; Com a fé porque esta experiência fez-me olhar para a religião com outros olhos, temos tempo para parar e falar connosco próprios e com o Deus que acreditamos, algo que na cidade hoje não conseguimos fazer porque a vida é cada vez mais rápida; Com o progresso é aquele jogo entre as tradições, o passado e o futuro”. Ao contrário do “Fé nos burros”, o primeiro filme de João Pedro Marnoto sobre a região mas que “é leve e tem até alguns momentos de comédia”, o “9 meses de inverno 3 de inferno” é “mais visceral, é uma imagem da região no bem e no mal”. “Naturalmente que alguém de fora, chega e tem uma visão diferente, tal como eu tinha no início, um certo ‘olhar paternalista’ da cidade sobre o campo, como eu costumo dizer. Contudo, com o passar do tempo ficamos a conhecer a região e o nosso olhar também modifica, desconstróis as ideias pré-concebidas que tinhas antes. Em 2018 fiz uma digressão, uma espécie de cinema ambulante, para exibir o filme em diferentes aldeias da região, e uma das coisas que mais me agradou

Há Festa na Aldeia - Aldeias de Portugal – fotografia Vânia Costa - Myde

O nome de família revela as suas origens, Marnoto é o homem que trabalha nas salinas, João Pedro é natural de Santa Maria da Feira mas um relacionamento levou-o para Alijó onde, à medida que ia desenvolvendo a sua vida profissional, cresceu o projeto que agora resulta num filme documentário de 12 episódios. “9 Meses de inverno, 3 de inferno” é um retrato “visceral” do Douro e Trás-osMontes.

foi as pessoas agradecerem o trabalho que eu tinha feito por não ter exatamente esse olhar mais “paternalista” que uma pessoa de fora poderia ter. Foi muito ver que as pessoas reconheciam isso, é sinal que fizemos o trabalho bem feito”. Depois de uma exposição fotográfica que tem corrido a região desde 2017 e que em breve chegará à cidade do Porto, e de um livro já publicado, este trabalho é agora exibido em filme num formato diferente, dividido em 12 episódios que têm a duração de 5 a 10 minutos cada um, percorrendo um ano na vida da região. “A ideia de subdividir o filme tem um lado de marketing porque assim posso andar durante um ano a fazer pu-

blicidade ao filme e ao meu trabalho. Outra razão é também porque hoje em dia ninguém fica 1 hora e meia a ver um filme online, desta forma as pessoas podem ver o episódio de uma forma rápida porque os episódios têm entre 5 e 10 minutos. O trabalho está feito de forma cronológica, acompanho o evoluir natural da natureza começando com a poda e acaba na altura das vindimas, por isso os episódios serão exibidos no mesmo tempo, o primeiro começou em novembro e irei terminar agora em 2021 na época das vindimas”. Com dois episódios já online, João Pedro Marnoto revela-nos que as reações têm sido bastante positivas recordando mesmo uma mensagem que recebeu de uma pessoa, natural da região que neste momento está emigrada na Dinamarca. “Há uma pessoa que agora vive na Dinamarca que, quando viu o primeiro episódio, me enviou uma mensagem de voz em que se notava claramente que estava a chorar porque lhe avivou uma série de memórias de infância com o pai e a avó. São este tipo de reações que fazem acreditar que o trabalho está realmente bem feito e que retrata bem a vivência naquele território”. “9 meses de inverno, 3 de inferno” é assim resultado de um filho do litoral que se deixa adotar por um território repleto de tradições e gentes únicas, num retrato real. ▪


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Carrazeda de Ansiães

Apresentação oficial do terceiro número da Revista Memória Rural Foi já oficialmente apresentada pelo Presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, João Gonçalves, o terceiro número da Revista Memória Rural, órgão de comunicação do Museu da Memória Rural que integra um projeto de musealização que se encontra polarizado pelo território concelhio a partir de pequenos núcleos temáticos que fazem abordagens interpretativas e museográficas sobre o património rural e imaterial.

A Revista Memória Rural é distribuída de forma impressa e digital, tem uma periodicidade anual e aborda como principais temáticas o Património Imaterial e a Memória Histórica da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. É num contexto genérico de valorização do Património Cultural e da identidade local e regional que esta publicação se assume com o intuito de fortalecer o processo de comunicação do projeto museológico do Museu da Memória Rural, tentando dar-lhe visibilidade e dinâmica regional e nacional. Num ano atípico e histórico, a Revista Memória Rural cumpriu com a sua assiduidade, e até atingiu um recorde de participações e de artigos. Um volume com 377 páginas que neste ano de 2020 se debruça sobre aspetos relativos à cultura duriense e transmontana, incluindo as questões culturais

transfronteiriças, contando neste número com a participação de alguns investigadores espanhóis, numa tentativa partilhada de estudar e entender o território e os processos históricos e culturais de forma comum. Nos dois números anteriores foi feita uma

apresentação mais formal, com convidados de honra e com a presença dos autores, mas devido à conjuntura sanitária que atravessamos, este ano a autarquia optou pela sua apresentação de forma mais simples e simbólica. ▪

Município aprova programas de incentivo à fixação de jovens no concelho A Assembleia Municipal de Carrazeda de Ansiães no dia 28 de Dezembro de 2020, aprovou por unanimidade dois Regulamentos Municipais “ANSIÃESJOVEM” e “INCENTIVO FISCAL À AQUISIÇÃO DE HABITAÇÃO ISENÇÃO DE IMT”, que englobam um conjunto de medidas que visam incentivar a fixação de Jovens no Concelho de Carrazeda de Ansiães.

Os programas de apoio incidem sobre várias vertentes, nomeadamente: apoio à fixação de residência na modalidade de arrendamento, apoio à fixação na modalidade de aquisição de edifício ou fração autónoma de edifício, apoio à fixação na modalidade de aquisição e recuperação de imóvel, em estado degradado ou de construção nova, destinado a habitação própria, apoio de 10% sobre o valor do consumo de água, eletricidade e resíduos sólidos e, isenção de IMT na aquisição de imóveis. O valor de apoio na modalidade de arrendamento correspondente a 25% do valor da renda mensal paga pelo jovem. Quanto à modalidade de construção de edifício ou de aquisição de edifício ou fração autónoma de edifício, o apoio concedido corresponde

ao produto da multiplicação da área bruta de construção do imóvel adquirido pelo valor de 25,00 € (vinte e cinco euros), por m2, podendo este apoio ir até um máximo de 8 000,00€. Aos apoios podem candidatar-se pessoas individuais ou agregados familiares com idade compreendida entre os 18 e os 40 anos de idade, inclusive, para além de outras condições prevista nos respetivos regulamentos. Com estes incentivos o Município pretende criar condições com vista ao aumento do número de residentes em permanência no território e facilitar a fixação de população jovem, estimulando igualmente o comércio e a economia local, bem como a reabilitação de imoveis através da procura de casa no regime de arrendamento. ▪

Assinatura da receção provisória das obras da escola EB 2,3/S Decorreu no dia 6 de janeiro a assinatura da receção provisória das obras de requalificação e modernização da escola EB 2,3/S de Carraze-

da de Ansiães. Esteve presente o Presidente do município, João Gonçalves, o Delegado Regional da Educação do Nor-

te, Sérgio Afonso, o Diretor da Escola, Carlos João, técnicos da AMTQT, técnicos do município e os técnicos do empreiteiro.

Foram verificados os trabalhos realizados, tendo estes sido executados de acordo com o contratado e que contribuíram em muito para melhorar as condições da escola. ▪


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VIVADOURO

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Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I

Alimentação consciente, leia os rótulos! Depois da época em que muitos foram os excessos alimentares, que todos cometemos, é importante revisitarmos os nossos hábitos alimentares e a forma como, nos supermercados, escolhemos os produtos que servirão de base à nossa alimentação. O sistema de rotulagem nutricional serve para que o consumidor tenha acesso rápido às características dos diferentes alimentos e ainda para nos ajudar a fazer escolhas alimentares mais informadas e saudáveis. Deve ser único, consensual e de fácil leitura, escrito em português. Está provado que com a adoção de sistemas de rotulagem, a escolha de opções alimentares mais informadas e saudáveis aumenta 3 a 5 vezes. No entanto, um estudo realizado na população portuguesa, financiado pela DGS e com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), apurou que 40% dos inquiridos tinha dificuldade em interpretar a informação nutricional obrigatória que está presente nos rótulos dos produtos alimentares, pelo que urge empreender desde muito cedo a prática de análise e leitura dos rótulos dos alimentos. O rótulo deve ter letra legível, e apresentar: a lista de ingredientes (dispostos de forma decrescente de quantidade); a origem do produto (quem é o fabricante e onde ele foi fabricado); o prazo de validade (dia e o mês quando o prazo de validade for inferior a três meses); o mês e o ano para os produtos que tenham prazo de validade superior a três meses); o conteúdo líquido (quantidade total do produto contido na embalagem); o lote (para controle na produção); a informação nutricional obrigatória (valor calórico, carbohidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, colesterol, fibra alimentar, cálcio, ferro e sódio) e a identificação de produtos com potencial alergénico. Um conjunto de ingredientes foi estabelecido como responsável pela maioria das reações alérgicas aos alimentos (anexo II do Regulamento (UE) nº1169/2011). Se estiverem presentes no alimento, devem ser claramente visíveis e realçados não só nos produtos embalados como também nos não pré-embalados, incluindo os alimentos vendidos em restaurantes e cafés. O nome da substância ou do produto a constar na lista de ingredientes deverá ser realçado através duma grafia que a distinga claramente da restante lista de ingredientes, por exemplo, através de carateres, do estilo ou da cor de fundo. A informação nutricional deve estar toda na mesma face da embalagem, potenciando a capacidade de leitura e a escolha do produto. Existem diferentes formas de apresentação da informação nutricional, apresentamos aqui, duas formas mais correntes. A primeira, sob a forma de tabela, apresenta os produtos por 100 gr de produto e por porção de produto ou unidade. A segunda, denominada semáforo nutricional, avalia os alimentos de acordo com a sua composição nutricional e atribui-lhes a cor vermelha, amarela ou verde, quando os compara com os valores de referência. Faça uma alimentação consciente, leia os rótulos!

Lamego

Lamego recupera calendário do Jardim da República O calendário do Jardim da República, em frente ao edifício da autarquia, faz parte do imaginário coletivo de muitos lamecenses e estava esquecido há mais de duas décadas, agora volta a informar o dia, mês e ano em que nos encontramos. “Está na memória de todos os lamecenses e na minha. Há mais de 50 anos que eu e os meus colegas e amigos cruzávamos este passeio a caminho do Liceu Nacional Latino Coelho, outra memória. Passávamos aqui pelo Jardim da República e todos os dias tínhamos a perceção exata do dia do mês em que estávamos”, contanos Ângelo Moura, autarca lamecense. A recuperação do calendário está integrada numa recuperação mais ampla de todo o jardim que também já viu reabilitadas as armas da cidade. De acordo com o autarca as obras de melhoramento vão ainda abranger o mobiliário urbano do jardim, bem como os azulejos “da autoria do Mestre Colaço que estão a precisar de uma intervenção

minuciosa e cuidada, algo que será feito a médio prazo. Sseria demagogia afirmar que estará pronto este ano. São obras de grande valia para a cidade”. Ladeado por uma moldura notável de edifícios históricos - os Paços do Concelho, a Igreja das Chagas, o Solar dos Pinheiros de Aragão e a Fonte "O Lamego", o Jardim da República, antigo Campo do Tablado é, historicamente, um dos parques mais procurados pelos lamecenses para passear e descansar. O parque tem forma retangular e por causa do desnível entre as ruas que o delimitam, há uma escada de acesso, revestida com típicos azulejos azuis e brancos. Conta com trilhas para caminhadas, passeios por um jardim e bancos para descanso, jardins com canteiros de flores, um coreto e uma fonte ornamental na área central. O Jardim da República possui 15 painéis de azulejo da sua autoria sobre temáticas tão diversas como as Côrtes de Lamego ou o Transporte de Vinho e os Barcos Rabelos. À nossa reportagem o autarca lamenta não poder “neste momento fazer o apelo para que as pessoas visitem este espaço em comunhão, estamos convictos que todo este trabalho, que está e vai ser feito em breve, poderá ser apreciado por todos os lamecenses”. ▪


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VIVADOURO

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Armamar

Câmara Municipal entrega tricicleta a André Pinto

Foi entregue, no passado dia 7, ao atleta André Pinto uma tricicleta que vai permitir a este Armamarense, que sofre de paralisia cerebral desde nascença, participar em melhores condições nas provas desta modalidade de desporto adaptado. O ato teve lugar em frente ao edifício da Câmara Municipal e contou

com a presença do presidente João Paulo Fonseca, acompanhado pelo vereador do desporto e pela vereadora da juventude e ação social. Estiveram ainda o presidente da Junta de Freguesia de São Cosmado, representantes da Associação Mover Viseu e os técnicos do projeto Proativar-CLDS 5G de Armamar. A tricicleta foi adquirida num esforço financeiro conjunto da Autarquia, Artenave, Associação Salvador, Associação Mover Viseu, Junta de Freguesia de São Cosmado, Adidas entre outras entidades locais. O André é um jovem natural de

Armamar Sim suspenso A Câmara Municipal de Armamar suspende, a partir de hoje, dia 20, o serviço de mobilidade Armamar Sim, uma decisão integrada no combate à pandemia da Covid-19. Recorde-se que entre março e ju-

nho do ano passado foi tomada a mesma medida, interrompendo este serviço que garante a mobilidade dos Armamarenses entre todas as localidades e a vila sede do concelho. ▪

São Cosmado. As limitações com que cresceu não o impediram de se afirmar na prática desportiva. Atualmente pratica tricicleta com a camisola da Associação Mover Viseu, uma entidade cuja ação valoriza o desenvolvimento e a integração socioprofissional, económica, cultural e desportiva da população desfavorecida no distrito de Viseu. Em julho de 2019 integrou a equipa de 4 triatletas que representou Portugal no CPISRA Internacional Cup, um evento de desporto adaptado, que se realiza anualmente e que há dois anos decorreu na Dina-

marca. Na altura participaram 114 atletas de 18 países. O André não fez por menos, venceu a prova dos 400 metros de tricicleta, sagrou-se campeão e veio de lá com uma medalha de ouro. A Tricicleta é uma modalidade de atletismo adaptado, para pessoas com paralisia cerebral e deficiências motoras que afetem o movimento, o equilíbrio, que se desloquem em cadeira de rodas ou que não tenham uma corrida funcional a pé. A modalidade está em fase de reconhecimento pelo Comité Paralímpico Internacional (IPC). ▪


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VIVADOURO

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Região

2021 traz vários fins de semana prolongados e possibilidades de “ponte” Olhando para o calendário do próximo ano são três os fins de semana prolongados que estão previstos, havendo ainda a possibilidade de quatro oportunidades para fazer “ponte”. A estes podem ainda somar-se alguns feriados municipais. Um dos fins de semana prolongados deste ano já passou, este ano o dia 1 de janeiro calhou a uma sexta feira, dando assim a possibilidade de um fim de semana de três dias. O próximo irá acontecer em abril, entre o dia 2 (Sexta Feira Santa) e o dia 4. Mais próximo

do final deste ano terá lugar o terceiro fim de semana de três dias entre 30 de outubro, um sábado, e o dia 1 de novembro, segunda feira, Dia de Todos os Santos. Se olharmos para as possibilidades de fazer “ponte”, ao longo de 2021 elas serão cinco: Entre 13 de fevereiro (sábado) e 16 de fevereiro (terça-feira, Carnaval); Entre 3 de junho (quinta-feira, feriado do Corpo de Deus) e 6 de junho (domingo); Entre 10 de junho (quinta-feira, Dia de Portugal) e 13 de junho (domingo, Dia de Santo António); Entre 24 de junho (quinta-feira, Dia de S. João) e 27 de junho (domingo) e ainda entre 2 de outubro (sábado) e 5 de outubro (terça-feira, Dia da Implantação da República). A estas datas do calendário nacional há ainda a somar os feriados municipais que podem também dar direitos

a fins de semana prolongas e “pontes”. Neste caso, e olhando às datas os únicos municípios que não têm essa possibilidade são Murça, que tem o seu feriado municipal marcado para 8 de maio (sábado), em que celebra o Dia da Criação do Município, e Vila Real que celebra o Santo António (13 de junho), que este ano se celebra num domingo. Em Armamar, Moimenta da Beira, São João da Pesqueira e Tabuaço o feriado municipal (S. João), já está comtemplado no calendário nacional como uma das possibilidades de “ponte”. Em Freixo de Espada à Cinta abril trará umas “mini férias” de quatro dias. A somar ao fim de semana prolongado que começa na Sexta Feira Santa, os freixenistas terão ainda no dia 5 o seu feriado (segunda feira de Páscoa).

Em Carrazeda de Ansiães (27 de agosto – sexta feira), Peso da Régua (16 de agosto – segunda feira), Sernancelhe (3 de maio – segunda feira), Torre de Moncorvo (19 de março – sexta feira) e Vila Nova de Foz Côa (21 de maio – sexta feira), o munícipes ganham um fim de semana prolongado neste ano. Nos restantes municípios os feriados municipais acontecem entre terça e quinta feira, não sendo expectável em qualquer dos casos que originem “pontes”, é o caso de Alijó (11 de novembro – quinta-feira), Lamego (8 de setembro – quarta feira), Mesão Frio (30 novembro – terça feira), Penedono (29 junho – terça feira), Sabrosa (8 setembro – quarta feira), Santa Marta de Penaguião (13 de janeiro – quarta feira) e Tarouca (29 setembro – quarta feira). ▪

Maioria dos concelhos cobra taxa mínima de IMI No total dos 19 municípios da região, 12 vão manter a taxa de IMI aplicada em 2019, sendo que em 10 a taxa cobrada será a mínima. Dos 19 municípios da CIM Douro cinco vão baixar a taxa de IMI cobrada aos munícipes: Alijó, Lamego, Moimenta da Beira, Peso da Régua e Vila Real. De acordo com os dados disponibilizados no website da Autoridade Tributária (AT) o município da região com o valor mais alto desta taxa é Mesão Frio que cobrará aos seus munícipes 0,43%, valor próximo dos 0,45%, teto máximo deste imposto. No lado oposto da tabela, ficando pelo mínimo de IMI (0,30%) ficam 10 municípios: Armamar, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Moimenta da Beira, Murça, Penedono, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião e Sernancelhe. À data do fecho da nossa edição, São João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa não têm ainda informação no sítio da AT, contudo, o valor deverá man-

ter-se igual ao ano transato, ou seja, 0,30% em ambos os concelhos. O IMI pode ainda ser alvo de deduções de acordo com o agregado familiar havendo, neste caso, a redução de 20€ no caso de 1 filho, 40 no caso de dois e, para os casais com 3 ou mais filhos, a dedução será de 70€. Contudo, estas deduções são também elas aprovadas individualmente por cada município e por patamar. No caso da região do Douro todos os municípios aprovaram todas as deduções este ano, no ano anterior apenas Penedono aplicava a casais com 2, 3 ou mais filhos. Recorde-se que estão isentos do pagamento de IMI durante três anos os imóveis cujo valor patrimonial tributário não exceda os 125 mil euros e se destinem a habitação própria e permanente do proprietário. No entanto, esta isenção só é aplicada quando o rendimento anual sujeito a imposto do agregado não ultrapassa os 153 300 euros. Mas, ao contrário do que acontecia anteriormente, já não é necessário apresentar um pedido de isenção, uma vez que o fisco reconhece automaticamente a isenção com base nos elementos

de que dispõe sobre o rendimento do agregado e sobre o valor do imóvel. No que diz respeito aos prédios rústicos a taxa é igual para todos os municípios nacionais, 0,8%.

De notar que o apuramento do IMI diz sempre respeito ao ano anterior, sendo responsável pelo pagamento deste imposto o proprietário do imóvel em questão a 31 de dezembro. ▪


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VIVADOURO

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Lamego

Concerto de Ano Novo encantou o público à distância O Município de Lamego festejou a chegada do novo ano, oferecendo aos lamecenses o tradicional Concerto de Ano Novo.

tório específico tornou-se nas últimas décadas mais rico e desafiante. O público teve assim a oportunidade de assistir, no conforto da sua casa, a

um naipe de virtuosas interpretações de Johann Strauss, Michael Geisler, Luís Cardoso, Eugene Damaré, Simon Riveira, Anton Rodriguez e Xavier Ri-

beiro. As obras percorreram várias áreas musicais, desde aberturas, pasodobles, peças a solo, polkas e marchas. ▪

Este espetáculo musical apresentou a partir do palco do Teatro Ribeiro Conceição, uma maravilhosa atuação da Banda Filarmónica de Magueija, sob a batuta do maestro Gualberto Rocha. Este ano, o evento teve contornos inéditos devido ao contexto da atual pandemia. Pela primeira vez, o TRC não acolheu público durante a atuação, pelo que foi transmitido on-line através das redes sociais da autarquia. Numa saudação de bom ano com o espírito de esperança e paz, a Banda de Magueija apresentou um concerto tipicamente filarmónico, cujo repor-

"Mima-te" é a montra vencedora do concurso de Natal A loja "Mima-te", dedicada à prestação de serviços de estética e massagens, situada na Av. Infantaria 9, é a grande vencedora da mais recente edição do concurso "Montras de Natal" que a Câmara Municipal de Lamego promoveu durante a quadra natalícia e que contou com a participação

de 63 lojas de rua. No mesmo evento, a montra da florista "Chuva de Prata" arrebatou o segundo lugar e a loja de artigos para criança "Pekenos e Trakinas" a terceira posição. Pelo quarto ano consecutivo, a autarquia de Lamego promoveu o concurso "Montras de Natal" com o objetivo de

revitalizar o comércio tradicional local e dar maior visibilidade a este importante setor económico. Os três primeiros classificados vão agora receber, respetivamente, prémios monetários no valor de 500€, 300€ e 100€. A título excecional, o júri do concurso também decidiu, por sua iniciativa, atri-

buir uma menção honrosa à loja "Casa das Lãs", localizada na Rua de Olaria, premiando deste modo a originalidade e criatividade dos materiais utilizados. Pela primeira vez, os lojistas aderentes que ajudaram a marcar a diferença numa quadra tão especial do ano receberam um prémio de participação no valor de 50€. ▪

Misericórdia de Lamego agraciada com a Medalha de Ouro da Cidade A Câmara Municipal de Lamego agraciou com a Medalha de Ouro da Cidade a Santa Casa da Misericórdia de Lamego, em cerimónia realizada a 12 de dezembro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Com mais de cinco séculos de existência, esta instituição de solidariedade social foi distinguida tendo em conta a sua "exemplar dedicação à causa pública, por assinaláveis serviços prestados em prol do engrandecimento, elevação e dignificação

do Município de Lamego, em diversos domínios, contribuindo inegavelmente para maior renome para a cidade". "Quero agradecer e reconhecer o trabalho desenvolvido por esta Santa Casa ao longo de 501 anos de dádiva e generosidade, augurando no futuro a continuação de um trabalho de excelência em prol dos mais desfavorecidos. No momento muito difícil que atravessamos, as IPSS's, e as misericórdias em particular, são um

complemento muito importante na concretização da missão do Estado na área da ação social", fundamentou, desta forma, o Presidente Ângelo Moura a realização desta homenagem pública. Durante o discurso de agradecimento que proferiu, o Provedor António Marques Luís defendeu que as misericórdias portuguesas souberam resistir e a adaptar-se a diferentes momentos na História, porque "foram sempre espaços de democracia e mantiveram a

equidistância entre o poder político e o poder eclesiástico". A poucos dias de terminar a sua missão à frente dos destinos da mais antiga e importante instituição do setor social do concelho, Marques Luís defendeu ainda que as Santas Casas devem ser orientadas através de uma "gestão empresarial, mas com uma visão social". "Quanto mais olho para o nosso riquíssimo passado, mais tenho a certeza que somos uma instituição de futuro", sublinhou. ▪


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Entrevista FOTO: DR

RICARDO PEREIRA: “Às vezes esquecemo-nos dos pequenos detalhes que nos fazem viver. O amor é esses detalhes”

Texto: André Rubim Rangel

Completaste, entretanto, 20 anos de carreira profissional na representação e na apresentação de televisão. Com pouco mais de 115 peças, novelas, filmes e programas, e olhando para trás, o que mais te impressiona ver em tudo o que produziste? Passou muito rápido, mas é sinal de que – como se costuma dizer – estive a fazer algo que realmente gosto, que me empolguei e me preencheu. Tive várias oportunidades até agora no teatro, na televisão e no cinema. E pude ter navegado por trabalhos mais dramáticos, como mais comediantes. Tem sido muito bom, prazeroso e muito consistente. Faço tudo com ponderação, aceitando os desafios com preparação e ganhando mais experiência. Têm sido projetos muito especiais, alguns deles pioneiros, e não somente em Portugal e no Brasil, mas também em Espanha, França e Holanda. Tem sido um prazer atrás de outro e isso é fantástico! Com essa experiência sentes-te à vontade, ou seja, já nada te aflige para aceitar qualquer trabalho? Não é bem assim. O desafio tem, em si, sempre receio e mais algum. Ele é desa-

fiante em te fazer procurar obter mais conhecimento. Exige uma dedicação extrema e um nervosismo natural que nos acompanha, acreditando que é isso que nos leva a fazer melhor. Quem me conhece sabe que eu levo tudo muito a sério, de modo muito profissional. Sentes-te mais caracterizado e identificado pelas telenovelas, já que desses 115 trabalhos realizados elas são quase metade? É mais a tua praia? Não. O género «telenovela» é o que tenho passado mais tempo da minha carreira, mas tem a ver com o facto de em Portugal e no Brasil ser um género com muita audiência e serem países produtores desse conteúdo. Eu adoro fazer telenovelas, são maratonas porque dramaturgias muito grandes, com um grau de exigência enorme, com muitas cenas diariamente. Também faço muito cinema para equilibrar energias: por ser um guião fechado, são menos cenas por dia, é uma forma de trabalho com outro ritmo e olhando mais aos planos. Gosto ainda de contrabalançar com outras disciplinas, como o teatro, que nos ajuda a tirar os vícios que ganhamos na televisão. No teatro tens o espectador à tua frente e observa-te no teu todo, ao detalhe, enquanto na telenovela a câmara é mais contida e não apareces sempre

por inteiro. Embora neste meu novo papel, que tenho na telenovela da SIC, não seja bem assim. Eu gosto de desafios que saiam fora da caixa, como este. Sou um amante da representação, de representar, o que me deixa muito feliz. Pegando nesta telenovela que falas e que está no ar, ela tem um nome interessante e sem o qual a nossa vida não existe. Além do mais, repete-se: «Amor amor»… Acho que é para nos fazer lembrar, como dizes e muito bem, que o amor é fundamental para a vida. E às vezes, neste atropelo da vida e rapidez com que ela tem andado, esquecemo-nos dos pequenos detalhes que nos fazem viver, cada um nas suas profissões e nas suas vidas. O amor é esses detalhes e há várias formas de dar e receber amor. E achas que com esta telenovela é possível passar esta mensagem, esta lição? Porque sabemos, muitas vezes, que o tema do amor é banalizado por ser pouco vivido e muito falado. E nem tudo é amor do que se diz ser… Esta telenovela vai passar a mensagem do amor, acredita! Ela foi criada de raiz, com esse ADN em que o amor tem de estar muito presente. O amor dum abraço, o amor dum sorriso. É o amor muito presen-

te na cultura portuguesa, pela música popular, pelos concertos, por dançar um bom bailarico e de trazer a leveza alegre, esquecendo as coisas más da vida. A tradição popular tem também esse lado, de nos trazer boas recordações da festa e da vida. Temos de ter consciência do amor não só como regra e veremos, ao longo desta telenovela, que o amor estará sempre presente de forma muito sincera e humana. Aliando o teu trabalho à família, exatamente na 2.ª metade destas duas décadas tens passado/vivido no Brasil, onde te tornaste marido e pai de 3 lindos filhos. Quais as tuas estratégias de conciliação entre toda esta logística entre Rio de Janeiro e Lisboa? Tem sido, talvez, o maior desafio da minha vida: ser pai, que é uma grande responsabilidade. É a maior e melhor viagem que posso ter. Junto da minha mulher, já antes dos filhos, tem sido um percurso muito especial e único. Tenho acompanhado muito os meus filhos, e gosto de acompanhar: as dúvidas deles, as ansiedades deles, as perguntas deles, a formação de cada um deles e a personalidade deles a desenvolver-se. Tem sido uma viagem de muita descoberta. Acho que o meu espírito nómada, de gostar de viver noutros países – que já tinha experimentado antes, quando trabalhava na moda – e de conhecer países diferentes, traz-me uma certa leveza e praticabilidade em tudo. Nós somos práticos e passamos isso para os nossos filhos. Nunca me esqueço duma frase que, uma vez, me disseram: “Os nossos filhos são o nosso espelho”. Naturalmente que eles, depois, caminham e seguem as suas vidas. Mas têm sempre um reflexo nosso e em nós. A Francisca, tua esposa, e os vossos filhos acompanham-te sempre, então, em cada viagem que fazes e para os papéis que desempenhas? E o como é a nível da escola deles? Hoje em dia, com o mundo mais globalizado, tornou-se mais fácil a circulação e o teres acesso à informação nos países onde te encontres. Tudo funcional de modo mais normal que no passado. Os meus filhos, por nossa opção, estudam numa escola internacional. Isso atenua tudo e faz com que tenham o aconchego e o equilíbrio, que para nós é fundamental no seu desenvolvimento escolar. Depois, nós desdobramo-nos, duma forma muito companheira e amiga, incentivando também o Vicente – o mais velho – e a Francisca – a do meio – em estimular e ajudar a irmã mais nova, Julieta, em tudo o que for preciso. Há um espírito muito colaborativo aqui em casa e tem funcionado muito bem. É uma aprendizagem, é um caminho, não havendo


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Entrevista

Nessa tua abertura ao mundo, já foste premiado na Diáspora e condecorado pelo teu mérito, pelo atual presidente da República. Isso confere-te mais exigência naquilo que fazes? Conforme disse na altura, no discurso que fiz, é não só uma honra receber tamanha distinção, mas uma exigência em fazer melhor. Nós, que estamos fora, temos a responsabilidade e o dever de divulgar e enaltecer o trabalho que Portugal faz nas várias áreas. Tenho promovido muito o lado da Cultura e de levar assim Portugal ao mundo. Estou sempre a tentar manter esta aproximação cultural entre ambos os países, não só no Conselho da Diáspora como na Associação Luso-Brasileira. O Brasil também é um país que me diz muito: tenho 3 filhos que nasceram lá e o público acarinha-me muito. Faço tudo o que posso em juntar as culturas e trazer também o Brasil a Portugal. Nos dois países podem sempre contar comigo. Deixando o âmbito cultural de lado, como vez a nível diplomático e político a relação entre Portugal e Brasil, sobretudo desde que Bolsonaro assumiu a presidência e a má gestão que tem feito da pandemia, comparativamente connosco? Eu não falo publicamente sobre política, por várias razões. É uma opção que sempre fiz. Gosto muito de estar informado sobre a política, gosto de ver, mas não quero nunca condicionar alguém que não tem opinião formada sobre determinada matéria política através do que eu possa dizer o que penso. Por isso não digo, não comento política. Tenho respeito por isso. Partilho algumas ideias mais em casa e entre amigos, mas só isso. Até porque não domino os temas e faz-me ser cauteloso. Devemos sempre pensar nas consequências do que estamos e possamos dizer. Há muitos meandros e caminhos da política que nós não conhecemos. Outra coisa que não gosto e que não faço é a comparação entre países, até porque têm realidades muito diferentes. Se quisermos fazer um paralelismo dentro da própria Europa, aqui houve modos diferentes de atuação. Não houve uma unidade nas medidas adotadas, porque cada país tem a sua realidade, o que leva a reagir diferentemente perante a mesma situação. Temos de pensar que tudo isto da pandemia vai mudar-nos a todos, o que daí advém e o

que podemos fazer para atenuar ao máximo o mínimo de factos desagradáveis.

FOTO: DR

uma receita exata de como ser pais. É toda uma experiência de dia-a-dia, do que vais conhecendo e sentindo, do que te parece melhor e mais correto. Penso que é bom que seja assim. É preciso estar com eles, para com eles aprender e lhes ensinar. E, depois, caminhar juntos, de mão dada.

Dada a instabilidade da tua profissão, entre outras, imaginas-te a fazer outra coisa no futuro? O que eu sinto é que nós, na Cultura, tanto nestes dois países que me dizem muito como noutros, vai ser preciso um grande auxílio. Esta pandemia atrasou vários projetos, adiou outros e cancelou outros ainda. Há toda uma estrutura que está atrás, que é tão importante como os que estão à frente, e que não estão a conseguir continuar. Naturalmente, olhamos apreensivos e com expectativa o que aí vem. Mas olhando para o outro lado, mais feliz, a Cultura mostrou a sua força e vitalidade durante o período de confinamento. As pessoas consumiram tudo o que havia para consumir: nos concertos online, nos streamings, nos videoclubes televisivos, em teatros online, em visitas a museus online, em leituras de livros online. Por isso, a Cultura soube reinventar-se em determinadas partes e algumas dessas iniciativas vão ficar. A solidariedade veio à tona: importa não esquecer o olhar para o outro e ajudá-lo. É preciso que, depois, as pessoas mostrem a sua força e vitalidade quando a pandemia acabar, para que a retoma nas salas de espetáculos seja completa. Apesar da importância dessa tua positividade, houve muitos dramas surgidos e inesperados. E continuam… Achas que as pessoas conseguirão sanar e ultrapassar esses dramas, que não dependem delas nem das suas forças de vontade? A pandemia veio, sem dúvida, acentuar várias questões sociais que temos, ainda agora mais visíveis. Ela veio encher a nossa cabeça ao longo de um ano e esta questão da saúde mental faz-nos estar muito atenta a ela. Ela é muito silenciosa e acredito que as marcas vão começar a aparecer. E já têm aparecido, com o aumento de casos de problemas psicológicos. Temos de olhar para uma resolução e acreditar que ela vai existir, com uma saída feliz diante dum ano atípico. Mas o problema, que origina outro problema em si, é que exteriormente pareces estar bem, para não pareceres estar mal, e por dentro estás um caco, vivendo o caos emocional. E como consegues perceber isso? Exatamente. É fundamental que estejamos muito atentos ao próximo. Quando podermos voltar a dar um abraço a alguém, devemos dar. Temos mesmo de olhar bem para o outro, de lhe dar um afeto, uma palavra de atenção. E para isso não precisas de ter dinheiro ou estares melhor

financeiramente. Qualquer um pode fazê-lo. Na minha humilde opinião, a atenção ao outro é fundamental. Olhando para a felicidade, de como está no presente e se a deseja no futuro, penso em todos os profissionais de saúde e pergunto como será daqui para diante, já que todos eles estão esgotados e não há à vista novos recursos, nem mais profissionais. Como vai ser? O que se quer é que esta pandemia termine o mais rapidamente possível. Cada pessoa vai guardar isto à sua maneira. Mas há muitas pessoas, boas e diferentes pessoas, que estiveram na chamada “linha da frente” e que temos de enaltecer e dar graças a Deus o trabalho magnífico que eles têm feito: tem sido levado ao extremo. Têm-se desgastado com um esforço brutal e têm privado as suas vidas pessoais, isolando-se para não contaminar a sua própria família. Já para não falar emocionalmente, quan-

do veem as pessoas que morrem e que ficaram a saber as suas histórias. Todo este momento que se vive é também de rezar por essas pessoas, as que ficam e as que partem, se é que conseguimos dar algum conforto com isso. É muito complicado! Peço-te, para terminar, uma mensagem final aos nossos leitores… Quem sou eu para deixar uma mensagem final, até sobre o que vai acontecer. Durante esta entrevista pensei e falámos muito nisso. Que acabe esta pandemia, que as coisas más dela que estão na balança desapareçam e não tenham o peso que percebemos que têm. Não esqueçamos que é indispensável a ajuda, transversalmente, tanto das instituições como de cada um de nós. Deixo uma mensagem de amor e carrego numa tecla do que tenho dito: a nossa atenção ao próximo e a nossa união farão a diferença para o futuro! Um grande abraço para todos. ▪


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Região

Balanço de 2020 marcado pela Covid-19 Em exclusivo ao VivaDouro, Nuno Gonçalves, autarca de Torre de Moncorvo afirma que 2020 “não foi um ano fácil”. O autarca moncorvense destaca em 2020 o combate à pandemia e aos seus efeitos na economia local, mas também a execução financeira do município que viu a sua situação melhorar significativamente. “Para qualquer município 2020 não foi, obviamente, um ano fácil. Basta ver que tivemos a braços com algo que era inesperado, uma pandemia. Desde março o município quis sempre estar ao lado dos seus munícipes, nomeadamente proporcionando condições para que a sua vida corresse dentro da nor-

malidade que era possível, isentando as taxas, isentando também as rendas das casas de habitação social, isentando as rendas dos espaços concessionados pela câmara, e não cobrando qualquer tipo de taxa quer a feirantes quer a ocupação da via pública quer de reclames, ou seja, em termos de receitas o município perdeu muito do seu orçamento. Em termos de execução financeira o município e Torre de Moncorvo há sete anos estava endividadíssimo, não era endividado, era endividadíssimo, em 2020 ficou em décimo-quarto a nível nacional na execução financeira. Isto é sem dúvida o fruto que se colhe de uma boa e prudente administração”.

De acordo com Nuno Gonçalves o município moncorvense perdeu, no ano passado, muitos milhares de euros, muitos deles injetados na economia local através de campanhas que reverteram para os empresários locais impostos que haviam sido cobrados anteriormente como por exemplo a derrama. O município de Torre de Moncorvo cobrava derrama, no último ano que o cobrou foram cerca de trinta mil euros, ora o município vendo também o problema que estava a afetar os comerciantes criou o programa do “Vivo aqui, compro aqui”, no montante exatamente igual àquilo que foi cobrado aos comerciantes, de trinta mil euros, in-

jetando esse dinheiro no mercado. De que forma? Fazendo com que por cada compra de cinquenta euros tivessem um desconto ou um voucher de cinco euros. Esse voucher poderia depois ser descontado nos restaurantes do concelho, valor esse que a autarquia pagava ao próprio restaurante. Ou seja, fazíamos com que fosse triplamente investido, não é duplamente, é triplamente. De acordo com o edil, um dos aspetos positivos de 2020 foi a aprovação da estratégia local de habitação, algo que apenas sete municípios a nível nacional conseguiram, num valor que “poderá chegar aos sete milhões e meio de euros em seis anos”. ▪

Aeródromo de Vila Real reabre no primeiro semestre de 2021 Após um ano e meio sem aviões a aterrar devido ao abatimento de uma parte da pista, o aeródromo municipal de Vila Real deverá reabrir ao tráfego aéreo até à primavera. De acordo com as declarações do Presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, ao nosso jornal, a obra para o Centro de Proteção Civil onde está incluído um novo hangar e novas instalações para a Proteção Civil Municipal e Regional, que passa a ficar ali instalada “já foi lançada em Diário da República”. O autarca confirma ainda que o município aguarda “a qualquer momento o parecer da ANAC, com quem temos trocado correspondência, para fazer uma intervenção mais ampla na pista mas também uma intervenção que será mais perene, resolvendo uma parte significativa da pista, passando a ter condições para inclusivamente aterra-

gens noturnas e para receber aviões de asa fixa”. Rui Santos afirma ainda que a pandemia veio atrasar todo o processo, contudo o edil não dá o tempo como

perdido afirmando que o mesmo “foi usado para repensar o uso do aeródromo”. O custo da intervenção “será superior a 500 mil euros”, verba que sairá dos co-

fres da autarquia. "Sendo o aeródromo usado como infraestrutura do Estado central, esta reparação fica exclusivamente a expensas da câmara", sublinha Rui Santos. ▪

Município faz testagem em massa à população O município de Sernancelhe está a levar a cabo uma testagem em massa a toda a população do concelho entre os dias 18 e 22 deste mês. De acordo com uma nota publica-

da na rede social Facebook a autarquia informa que esta ação destina-se a “detetar e fechar cadeias de contágio”, numa altura em que “o número de casos de Covid-19 no concelho aumenta diariamente”.

Esta ação, organizada pela Proteção Civil Municipal (PCM) percorrerá todo o concelho com o apoio dos projetos Aldeias Humanitar e Camião da Esperança. Na nota publicada pelo município

pode ainda ler-se que desta forma a PCM pretende, nos próximos dias, até ao final do atual período de emergência “regularizar a situação no concelho e alcançar a normalidade desejada”. ▪


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VIVADOURO

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Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro

“Humanovia” no Grande Douro! É preciso olhar para trás, trazer as lições do passado para podermos construir futuro. Não é possível fecharmo-nos às filoxeras da humanidade. Estamos metidos no mesmo barco Rabelo a navegar nas “correntes impetuosas” da vida. Muito se perde nestes tempos incertos, mas muito ainda vai ficar para se reerguer o sonho. Nada fará deste Grande Douro outra coisa que não o território dos sonhos virtuosos. Nada mesmo! Nem a COVID-19, muito menos a desertificação. O envelhecimento ou a falência social por desamparo sistémico dos mais velhos. Nada nos parará nesta caminhada glamorosa. Por vinhas que fazem paisagens soberbas e vinhos inauditos. Por pomares, soutos e olivais que fazem fruta, castanhas e azeite com elevada concentração de amor. Tudo o que faz a alma mais leve. Neste silêncio pulcro, neste grande rio e de outros rios, de aromas e sabores atraentes, não queremos que ganhe força o paradoxo. Por um lado constrói-se de forma objetiva e mais ou menos unida, o futuro. Andamos para a frente: nas Universidades, nas Empresas e nos Municípios do território, de uma forma

geral com visão e convicção. Por outro lado, deixamos fugir as Pedras que são o suporte da vida destes pedaços únicos. Andamos para trás! Fogem-nos por entre os dedos, as pessoas pela força do ciclo da vida. Algumas fogem-nos ficando cá sem saírem do círculo da pouca qualidade de vida. Muitas, essas, a grande parte, vão ganhar a vida! Tenho ouvido falar muito de estratégias e de Planos de investimento. E bem! Na Rodovia, na Ferrovia, na Hidrovia..! Mas falta perceber melhor qual é a estratégia para a “HUMANOVIA”! O Grande Douro pode e vai ser, tenho a certeza, um exemplo de uma grande Via para a humanização. Pelas políticas claras e transversais no território que estão a despontar, para a infância e juventude. Para o emprego e qualidade de vida, que permitirão a fixação de gente nova. E, estruturantes, para as respostas concretas do Cuidar dos mais velhos. O desamparo humano silencioso é uma realidade cruel. As iniquidades de acesso a cuidados de saúde e amparo social, à energia elétrica, ao conforto digno, são ainda um problema que não podemos esconder. Precisamos ser exemplo na resposta às novas necessidades destes novos tempos. A título de exemplo: Queremos Cuidadores Comunitários nas nossas terras. Queremos cuidadores presentes, próximos e promotores de felicidade humana. Com esta resposta inovadora, criaremos emprego e daremos, nas suas casas, mais qualidade de vida aos “que fizeram este Grande Douro” e preparamos também o nosso futuro. Daqui a pouco, seremos nós os mais velhos que teimarão em continuar a viver no território mais extraordinário do mundo! As pessoas não são pedras no horizonte, as pessoas são o horizonte! Muita saúde para todos!

Penedono

José Ângelo Pinto apresenta candidatura à autarquia de Penedono A candidatura, independente, foi lançada no passado mês de dezembro sob o lema “Mais Penedono”, integrando pessoas “oriundas de todos os setores sociais do concelho de Penedono”, tendo por objetivo “apresentar uma candidatura forte e ganhadora às eleições autárquicas de 2021”. “Quero que saibam que podem contar com todo o meu empenho e dedicação para ajudar a desenvolver Penedono e que, a partir de agora, com toda a força de ser candidato assumido e também com essa responsabilidade, não deixarei de estar presente em todas as circunstâncias em que possa fazer a diferença para as pessoas de Penedono”, afirma José Ângelo Pinto Quando questionado sobre a data de apresentação desta candidatura, a cerca de um ano do ato eleitoral, o candidato afirma que o faz “por cinco razões principais: Por responsabilidade, pelas pessoas,

pela definição de outros candidatos e listas, por Penedono e pela integração democrática das pessoas de Penedono”. No comunicado enviado às redações José Ângelo Pinto afirma ainda que se candidata “para ganhar por Penedono. Porque quero fazer muito e bem feito. Porque quero, acima de tudo, melhorar a vida das pessoas. E, para isso é necessário: Mais pessoas, Mais empresas e Mais Território”. Com o anúncio, foi apresentado o site da candidatura www.maispenedono.pt bem como uma página no facebook https:// www.facebook.com/maispenedono2021, ambas já disponíveis. José Ângelo Pinto tem mais de 30 anos de experiência como professor, economista, consultor, empresário e académico. Trabalha no desenvolvimento das pessoas e no desenvolvimento das organizações, quer diretamente na sua gestão quer no apoio concreto à gestão de topo. Detém diversos reconhecimentos internacionais, como consultor, formador e profissional, sendo gestor de projetos certificado PMP (Project Management Professional). Possui licenciatura em Gestão de Empresas, Mestrado em Economia e Gestão e Mestrado em Sistemas de Informação sendo também Professor Especialista (equivalente a doutor) em Gestão de Projetos. ▪


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VIVADOURO

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Nacional

Estado não deve interferir na venda de barragens da EDP no Douro Grupo de trabalho que analisa a venda das 6 barragens da EDP concluiu que não compete ao Estado interferir na relação comercial entre as entidades privadas, nomeadamente na configuração da operação. O grupo de trabalho que analisa a venda das seis barragens transmontanas concluiu que não compete ao Estado interferir na relação comercial entre as entidades privadas, nomeadamente na configuração da operação e respetivo enquadramento fiscal, foi esta quarta-feira anunciado. “Assim, o enquadramento correto e o cumprimento das obrigações tributárias decorrentes de uma operação desta natureza não obrigam as entidades privadas a uma validação prévia por qualquer entidade do Estado, nomeadamente pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT)”, indica em comunicado o grupo trabalho, constituído por representantes dos ministérios do Ambiente, das Finanças e da Modernização do Estado, de organismos da administração pública e dos municípios de Alijó, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Murça, Torre de Moncorvo e Vila Flor. Estes concelhos são abrangidos pela operação de venda dos Títulos de Utilização de Recursos Hídricos relativos aos aproveitamentos hidroelétricos de Miranda, Bemposta, Picote, Baixo Sabor, Feiticeiro e Foz Tua. Segundo o mesmo grupo, é importante notar “que a AT pode, no âmbito das suas competências, exercer as prerrogativas

de fiscalização, a par dos restantes instrumentos que o Estado se encontra dotado para avaliar as opções que os privados tomaram quanto à configuração jurídica adotada para qualquer operação”. O grupo decidiu indagar junto dos operadores privados as concretas intenções e objetivos de desenvolvimento a curto, médio e longo prazo, de forma a equacionar eventuais benefícios que possam advir para os municípios abrangidos, bem como analisar os mecanismos adequados para dar cumprimento à norma aprovada no âmbito do Orçamento de Estado de 2021. Neste contexto, o Grupo de Trabalho convidou os representantes da EDP Produção e da nova empresa gestora destes Aproveitamento Hidráulicos (a francesa Engie) a participar/estar presentes na reunião. “Estas empresas manifestaram disponibilidade para assumir dois importantes objetivos para a região: a nova empresa compromete-se a contribuir para o desenvolvimento social, cultural e ambiental da região; e a EDP Produção

compromete-se a manter-se presente no território durante 24 meses, para assegurar que a transição seja adequada e não disruptiva”, indica o mesmo documento. Aproveitando o momento criado para a reflexão conjunta sobre este território e as condições extraordinárias de financiamento comunitário suscitadas pelo momento atual, o Grupo de Trabalho propôs-se desenhar “Um Roteiro para o Desenvolvimento Sustentável da Região”, estudando e propondo as medidas e projetos estruturantes que a região necessita em termos ambientais e de ação climática. “No âmbito deste Roteiro serão pensados, desenvolvidos e concretizados projetos que combatam e minimizem o abandono da região, nomeadamente nas áreas da recuperação dos passivos ambientais, da mobilidade sustentável, do combate à pobreza energética, da transição energética, dos biorresíduos do ciclo urbano da água, da proteção da natureza, entre outras que contribuam para um desenvolvimento mais abrangente desta

região”, foi ainda decido. No decurso do mês de janeiro será realizada nova reunião do Grupo de Trabalho, na qual começarão a ser apresentados projetos concretos para integrar esse roteiro, a par de uma análise, em maior detalhe, do atual quadro fiscal. Na quinta-feira realizou-se em Mogadouro, no distrito de Bragança, a primeira reunião efetiva deste grupo, que foi criado em 14 de dezembro, por despacho conjunto da ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, do ministro do Ambiente e da Ação Climática e do secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Fiscais. Em 13 de novembro de 2020, foi anunciado que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tinha aprovado a venda de barragens da EDP (Miranda, Bemposta, Picote, Baixo Sabor e Foz-Tua) à Engie. A EDP concluiu, em 17 de dezembro, a venda por 2,2 mil milhões de euros de seis barragens na bacia hidrográfica do Douro a um consórcio de investidores formados pela Engie, Crédit Agricole Assurances e Mirova. ▪

Instituto da Vinha e do Vinho prorroga prazo de apresentação das candidaturas ao VITIS até 1 de fevereiro O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), face ao previsível condicionamento de mobilidade, por força da evolução da pandemia Covid-19, prorrogou o prazo de apresentação das candidaturas ao Regime de Apoio à Reestruturação e Reconversão da Vinha (VITIS), referente à campanha 2021-2022, até às 17 horas

do próximo dia 1 de fevereiro. Estas candidaturas podem ser submetidas na página eletrónica do IFAP — Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas. Com uma dotação de 50 milhões de euros, o VITIS para a campanha 20212022 “continua a reforçar a forte di-

nâmica de investimento no setor, adotando regras e critérios de prioridade e indo ao encontro das necessidades dos viticultores, das quais se destacam, nesta campanha, a ponderação de vinhas destinadas a modo de produção biológico e de viticultores detentores do estatuto da agricultura familiar”, re-

fere uma nota do Ministério da Agricultura. Suportada pelo orçamento do Plano Nacional de Apoio (FEAGA) do IVV, a medida VITIS é um dos “instrumentos privilegiados de melhoria da competitividade do setor vitivinícola e da qualidade dos seus produtos”. ▪


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VIVADOURO

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Opinião António Fontaínhas Fernandes Reitor da UTAD

O Douro está hoje no mapa dos vinhos de excelência, do património mundial e dos destinos turísticos mundiais de qualidade. António Barreto sublinhou que “O Douro é vinho…. O vinho é no Douro, a memória de todos, o fio condutor de gerações. O vinho está presente, de modo indelével, nas consciências e nos sentimentos. Está na paisagem! Está no quotidiano! Está no território! Na verdade, o vinho da natureza, não é apenas o vinho dos homens”. Por todos é reconhecida a relevância do vinho

Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)

O ano de 2020 foi particularmente difícil para a vida de todos, para a economia do país e do Mundo. Como em todas as regiões vitivinícolas, a Região Demarcada do Douro sofreu o impacte da pandemia, na sua vida social e económica. Importa aqui olharmos para o que se passou ao longo do ano passado em termos de informação estatística de comercialização. Um aumento de 0,1 % em quantidade e uma quebra de 3 % em valor resumem o que foi a exportação de vinhos em 2020 na Região Demarcada do Douro. Considerando os seus vinhos licorosos (Porto e Moscatel Douro), tranquilos (Douro e Duriense) e também os espumantes, atingiram-se exportações de

Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil

2021 tem que ser um ano de esperança. O que vai ser diferente, depois do período de privação que a Covid nos obrigou? De tudo o que aconteceu ultimamente, o mais esperançoso foi a União Europeia ter dado um sinal forte de coesão interna, ao negociar a provisão e distribuição de vacinas proporcionalmente a todos os Estados Membros e em simultâneo. Foi um forte sinal de coesão, que antecipa como podemos evoluir para uma Europa mais solidária e politicamente mais coesa e comunitária. Temos de nos preparar para as transições que a pandemia veio acelerar, especialmente em dois domínios que irão introduzir alteração

Vale a pena pensar no Douro! e as suas potencialidades, em contexto nacional e internacional. Contudo, o histórico encravamento geográfico do Douro, torna difícil apagar a sua condição de território periférico e marginal, face aos centros mais dinâmicos situados no litoral. Esta condição, associada a um processo generalizado de esvaziamento demográfico e de envelhecimento, tem agravado as disparidades de desenvolvimento económico e social e coloca desafios sérios para o futuro imediato. No passado recente, projetos estruturantes como o Projeto de Desenvolvimento Rural Integrado de Trás-os-Montes com efeitos reconhecidos na reconversão da vitivinicultura duriense, a classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade e o Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro foram determinantes para a região. Estes são apenas alguns exemplos!

Hoje não existem dúvidas, de que a produtividade, logo a competitividade, de qualquer setor ou território, passa por um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis e pelo progresso tecnológico, isto é, de inovação. Consequentemente, nos tempos de incerteza e de mudança que marcam a atualidade, é através do conhecimento e do saber, da atração de talento, que se combate a tendência para manter as desigualdades, quer na sociedade, quer entre territórios. O Douro de hoje precisa de políticas que promovam investimentos, que criem e fixem valor; de investimentos que assentem na inovação e promovam o emprego, a fixação e atração de população; de projetos que envolvam e comprometam todos os atores regionais; mas, fundamentalmente de instituições ativas e catalisadoras. Hoje, mais do que nunca, é preciso delinear no-

vos caminhos para o Douro, que passam pela criação, retenção e redistribuição de valor na região. Esta mudança, convoca o contributo das instituições científicas e do conhecimento. Da articulação entre educação, investigação e inovação, poderão surgir novos motores de crescimento económico, que estimulem a criação de riqueza, ao mesmo tempo, que promovam a inclusão social e a sustentabilidade do Douro. É na educação, no conhecimento e na inovação, que assenta o Futuro de qualquer região, e do Douro em particular. Colocar o conhecimento e a inovação no topo das prioridades coletivas, é uma ambição que requer grande convergência de esforços, envolvendo empresas, universidades, poderes públicos e a sociedade em geral.

A internacionalização das marcas Douro e Porto confirmada pela exportação! 8,4 milhões de caixas de 9 litros, cujo valor excede ligeiramente os 358 milhões de euros. Tendo em conta as consequências da pandemia em muitos dos principais mercados, nomeadamente os da União Europeia, esta é uma evolução que se pode considerar como globalmente positiva. Muito em especial durante o primeiro semestre de 2020, devido ao estado de emergência e ao confinamento decretado em alguns países de destino, o clima para a comercialização não foi de todo favorável. Confirma-se que o Vinho do Porto registou, em 2020, quebras de 1,4 % em quantidade e de 3,7 % em valor, mas não será de esquecer que os números de 2020 estão em comparação com os de 2019, ano que foi particularmente positivo para as exportações de Vinho do Porto. Recordamos que, depois de 8 anos consecutivos de diminuição da quantidade exportada de Vinho do Porto, em 2019 verificou-se um aumento de 1,2 %, enquan-

to o crescimento em valor foi ainda mais acentuado (+2,8 %), o que significa que, em 2019, não só foram exportadas mais garrafas, como o foram a um preço médio mais elevado (+1,5 %). Importa ainda destacar que, no que diz respeito a categorias especiais de Vinho do Porto, aquelas que aportam em si maior valor, registou-se em 2020 a maior quota de mercado de sempre na exportação total em quantidade (24,2 %), ultrapassando as maiores quotas até agora registadas - em 2017 e em 2019 - com 23,1 %. Este crescimento está em consonância com o que se verificou na quantidade exportada dos Porto premium, se bem que associada a uma diminuição de 7,8 % do seu preço médio, o qual tinha aumentado 1,3 % em 2019. No Vinho do Douro verificou-se uma evolução muito positiva ao nível da quantidade exportada (+5,6 %) , não obstante denotar-se uma evolução

negativa no seu preço médio (-5,8 %). Igualmente, comparamos os números de 2020 com os do ano anterior, durante o qual as exportações de Vinho do Douro tinham registado um crescimento significativo do seu preço médio (+8,8 %). Como fomos adiantando no final de 2020, em face do ano que vivemos - e tudo indicava que os valores finais do ano não iriam andar muito afastados dos que agora revelamos - ficou patente a resiliência das marcas Douro e Porto e, sobretudo, a força que o Vinho do Porto conseguiu ter no mercado internacional, comportando-se de forma excelente, quando olhamos para as quebras registadas em outras regiões vitivinícolas mundialmente emblemáticas. É seguro podermos afirmar que a internacionalização das marcas coletivas Douro e Porto foi confirmada pelos valores das exportações!

"Vacinas, Agendas Europeias e o futuro do Teletrabalho" nos nossos hábitos e comportamentos: a economia verde e a agenda digital. A economia verde pretende sujeitar o crescimento futuro ao desenvolvimento sustentável, no respeito pela natureza, pelo ambiente, com mais atenção ao caracter finito dos recursos e no respeito pelos imperativos da inclusão social. A agenda digital já fora traçada antes da pandemia. Resulta da rápida expansão das tecnologias digitais, despertando o interesse de governos e gestores privados em antecipar a sua utilização a favor da desmaterialização de processos, da simplificação administrativa e para a eliminação de gastos com deslocações desnecessárias. O teletrabalho, recurso que o confinamento precipitou, é um efeito da Agenda Digital que veio para ficar. Dados do INE revelam que, entre Abril e Junho de 2020, cerca de 1,1 milhão de portugueses

trabalharam a partir de casa, ou seja, cerca de um quarto da população activa nacional. Todavia, enquanto na Área Metropolitana de Lisboa os activos em teletrabalho representaram 36%, na região Norte esse indicador foi de 20%. Estas disparidades resultam de haver a Sul maior concentração da função pública, bem como de empresas de serviços, susceptíveis de optar pelo trabalho à distância, enquanto a Norte domina a produção industrial que reclama presença física na fábrica. Apesar do regime de teletrabalho ter virtualidades e merecer ser explorado, não deixa de colocar questões que exigem ponderação. Tão significativas diferenças dentro de um mesmo País mostram como é bom não tirar conclusões apressadas. Há nesta experiência alguns inconvenientes que têm de ser interpretados e corrigidos, tais como quebras de produtividade

e maior viscosidade no despacho de processos administrativos. Mas há também questões de avaliação e controle do trabalho e das condições em que é feito. Assim como na escola tem de haver interacção social para o saudável desenvolvimento das crianças e jovens, também em termos laborais se ganha com o partilha presencial no local de trabalho. Em suma, a Agenda Digital Europeia (2010) vai acelerar no pós-Covid, com melhor acesso a serviços, redes e produtos digitais. O teletrabalho será potenciado pelo incremento da economia digital. Mas tudo reclama uma adequada preparação organizativa, adaptação laboral e maior capacitação digital. Seria negativo que a esta agenda aumentasse as desigualdades entre portugueses.


B OA S FE ST AS

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Lazer Piadas de bolso:

RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO

Depois de um mês do nascimento do seu filho, Manel voltou na maternidade, com o bebê no colo: – Doutor… O que está a acontecer? Meu filho nasceu há um mês e nada de abrir o olho! Depois de olhar para o menino, que tinha cara de japonês, o médico diz: – Senhor Manel… Eu acho que quem tem que abrir os olhos é o senhor!

Arroz de pato no forno Ingredientes 4 peitos de pato 2 chávenas almoçadeiras de arroz 1 chouriço de carne 150 gr de toucinho fumado 1 cebola média 3 dentes de alho 1 colher de sopa de polpa de tomate ½ dl de azeite 2 folhas de louro Colorau q.b. Sal q.b Pimenta q.b. Noz moscada q.b.

Preparação “Em nome de da pato Câmara de Tabuaço desejo um Natal Feliz e Num tacho, coza os peitos comMunicipal bastante água, ½ do chouriço, as folhas de louum ano de 2018 pleno realizações pessoais e profissionais” ro e ½ de toucinho fumado, cerca de de 40-50 minutos. Entretanto, faça um refogado com o azeite, O Presidente da Câmara Maria Helena a cebola e os alhos picados, deixe alourar e acrescente a polpa de tomate, deixe refogar Socióloga, taróloga e apresentadora uns minutos. Depois do pato cozido, coe e André Teles Paulo de Carvalho) 210 929 000 reserve o caldo, deixe arrefecer os(Carlos peitos. mariahelena@mariahelena.pt Desfie os peitos, corte o chouriço às rodelas e o toucinho aos bocados e acrescente tudo ao refogado. Adicione um pouco do caldo, para não queimar, e deixe os sabores se misturarem, acrescente um pouco de colorau e deixe ferver. De seguida, junte o arroz, envolva e deixe fritar uns minutos, em Amor: lume brando. Adicione o caldo, em quantidade o dobro da medida do arroz, tempere de Não exija tanto dos outros, dê mais de si próprio. sal, pimenta e noz moscada, deixe levantar Saúde: fervura, depois reduza o lume e deixe cozer mais 10 minutos. Tenha a serenidade suficiente para deixar as coisas correrem, não se exalte Num tabuleiro de ir ao forno, unte-o com um pouco de margarina, coloque todo o prepanem proteste muito. rado e enfeite por cima com a outra metade Dinheiro: do chouriço às rodelas e a outra metade do toucinho às fatias. Leve ao forno até ficar Invista neste momento em algo que planeia há muito. Sentirá necessidade de douradinho, cerca de 15-20 minutos.

HORÓSCOPO

SOLUÇÕES:

se isolar para concluir o seu trabalho, mas poderão ocorrer mudanças.

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