VivaDouro_ed73_abril2021

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Ano 6 - n.º 74 - abril 2021

Preço 0,01€

Mensal

Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida

Visite-nos em: www.vivadouro.org - E-mail: geral@vivadouro.org

Abril marcado pelo desconfinamento

> Págs. 4, 5 e 6

Carrazeda de Ansiães aposta no turismo

Vila Real FIIN regressa para celebrar Património Natural > Págs. 10 e 11

S. João da Pesqueira Manuel Cordeiro:

"A intenção de criar bodes expiatórios nas candidaturas independentes, é claramente subverter valores e princípios." > Pág. 16

Entrevista Henrique Sá Pessoa: "Quem nunca foi ao Douro não tem noção do seu esplendor" > Págs. 14 e 15

> Págs. 12 e 13 PUB


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VIVADOURO

ABRIL 2021

Editorial Miguel Almeida Diretor VivaDouro

SUMÁRIO: Destaque Páginas 4, 5 e 6 Santa Marta de Penaguião Página 7 Carrazeda de Ansiães Páginas 8, 14 e 15 Lamego Páginas 9 e 22

25 de abril Comemorar o 25 de abril, é isso mesmo, comemorá-lo , mas sem excluir todos aqueles que o querem fazer. O 25 de abril, apesar de ter sido protagonizado pelos militares, pode e deve ser comemorado por todos os portugueses. Importa, salientar e enaltecer a coragem que foi necessária para fazer o 25 de abril. Convém não esquecer os riscos, que essas pessoas correram, para que hoje possamos viver em liberdade. Não interessa, se ideologicamente somos de esquerda, do centro ou de direita, devemos estar muito orgulhosos desse enorme feito, que foi o restabelecimento da nossa democracia. Hoje, Portugal é um país mais justo, onde existe liberdade de expressão e sobretudo liberdade política (sendo certo que por vezes em exagero). Por tudo isto, termino como iniciei, dizendo um enorme obrigado a quem sem violência fraticida possibilitou, que hoje o nosso país seja uma democracia respeitada em todo o mundo.

PRÓXIMA EDIÇÃO 28 MAIO

Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org POSITIVO Ao longo do último mês diversos concelhos da CIM Douro registaram diariamente zero casos de infeção por Covid-19.

Vila Real Páginas 10, 11 e 20 Entrevista Páginas 12 e 13 São João da Pesqueira Páginas 16 e 21 Alijó Páginas 17 e 26 Região Páginas 18 e 27 Armamar Página 19 Torre de Moncorvo Página 20

NEGATIVO Os últimos dias de abril são marcados por fortes chuvas e algum granizo, uma situação que tem causado alguns constrangimentos nas vias de comunicação e perdas na agricultura.

Murça Página 22 Sernancelhe Página 26 Nacional Página 29 Opinião Página 30 Lazer Página 31

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Destaque

Abril desconfinamentos mil Texto e fotos: Carlos Almeida

Abril é um mês marcado pelo desconfinamento. Com os números de infetados e mortes a diminuir ao longo do mês foram várias as atividades que voltaram a abrir portas animando assim a economia. O VivaDouro foi acompanhar a reabertura das feiras e atividades culturais.

“Olha a camisola, só 5 euros a peça. Venha menina, compre que é barato”, o pregão ecoa pelo recinto onde se realiza a feira semanal de Peso da Régua, umas das primeiras a regressar após o confinamento. Logo à entrada um funcionário da autarquia mede a temperatura a quem entra no espaço e obriga à desinfeção das mãos com o gel ao seu lado. “As pessoas regem bem, nota-se que têm os cuidados necessários para evitar problemas”, conta-nos enquanto encosta o termómetro à testa do jornalista. A afluência é controlada para que não haja um excesso de pessoas no recinto, os corredores largos ajudam à circulação por entre os toldos carregados com peças de vestuário, artigos para a casa ou utensílios para a agricultura. A oferta é variada mas há também uma

garantia que nos vão dando, “ainda faltam muitos feirantes… e clientes”. Menos clientes e menos dinheiro João Paulo é de Lamego, este feirante com 14 anos de experiência garante que “nunca tinha visto uma situação como a atual. Têm sido tempos difíceis e há gente que não sabe como sobreviver”. Enquanto responde às nossas questões João Paulo vai olhando o recinto. “O ambiente está fraco, não sei se é ainda por receio ou por falta de dinheiro. Temos tudo para atender as pessoas em segurança, mas as pessoas não aparecem”. Num espaço onde habitualmente o cliente já regateia o preço, este feirante de Lamego constata que “as pessoas regateiam muito mais agora, nota-se bem isso, mas nós também não pode-

mos baixar muito porque temos os espaços para pagar, o aluguer e as outras despesas”. Durante o confinamento as vendas adaptaram-se, João Paulo faz parte do grupo de feirantes que aproveitaram as ferramentas atualmente disponíveis para chegar aos seus clientes, como a internet. Apesar disso reconhece que é uma realidade diferente. “Optei por fazer vendas online mas não se compara com o movimento aqui na feira, deu para ir aguentando o barco. Eu trabalho de segunda a sábado, todos os dias entra dinheiro, no online fazíamos uma venda por semana e temos que esperar pelo dinheiro, enquanto isso passa-se fome”. Um pouco mais à frente encontramos Ana Gonçalves. Com mais de quatro décadas dedicada a este negócio a feirante vende artigos para a casa, desde

decoração até utensílios de cozinha. Ao contrário do seu vizinho, Ana Gonçalves não fez uso da internet para continuar a seu negócio durante o confinamento. “Têm sido tempos difíceis porque não podemos trabalhar e este é o nosso único sustento de vida. Para o nosso negócio as vendas online não funcionam”, afirma. Nesta reabertura a experiente feirante mostra-se satisfeita, contudo deixa notar também alguma preocupação com o que vai vendo pelas ruas. “Foi muito bom que as feiras pudessem reabrir, agora temos todos que ter juízo, consideração pelos outros, e respeito, é o mais importante. Não acho que as pessoas tenham receio, até acho que algumas estão à vontade demais e isso pode prejudicar-nos um bocadinho”.


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Destaque

> Feirante - João Paulo

Tal como João Paulo, Ana também nota que há menos gente pela feira e quem anda vem com menos dinheiro, fazendo mesmo o paralelo com a crise económica que recentemente afetou o país. “Nota-se que há menos gente porque as pessoas também não têm dinheiro. Nota-se que as pessoas agora, durante esta crise, gastam menos dinheiro do que na altura da Troika”. Por entre tapetes e carpetes encontramos Avelino Gonçalves, outro experiente feirante que soma já 22 anos de atividade. O discurso é semelhante, assim como o sentimento que a reabertura desta atividade traduz, um alívio face aos tempos difíceis que tem vivido. “Nunca nenhum de nós tínhamos passado por algo semelhante. Temos estado parados, com alguma dificuldade, mas vamos arranjando uns trabalhinhos para fazer alguma coisa, não é para ganhar dinheiro, é mais para

> Feirante - Ana Gonçalves

passar o tempo”. Para Avelino Gonçalves as vendas online foram uma ferramenta, contudo, o feirante reconhece que não tem o mesmo efeito. “Vendi poucas peças online mas não dá de maneira nenhuma para sustentar o negócio. É a primeira feira que faço depois da reabertura, já deu para fazer algum negócio, nada comparado com o que fazíamos antes mas já é melhor do que estar parado”. Clientes entre a satisfação e o receio Por entre os clientes a satisfação com a reabertura das feiras é notória. Não sendo a típica afluência destes dias, são vários os clientes que vão circulando pelos corredores do recinto em busca dos produtos que precisam. Vítor Sousa é um desses clientes, já com dois sacos na mão vai olhando para umas camisolas expostas numa banca quando é interrompido pela nossa reportagem. Satisfeito com a

reabertura este cliente mostra ainda algum receio pela situação, não deixando de aproveitar a oportunidade para comprar o que não comprou ao longo dos meses em confinamento. “Já há algum tempo que as feiras estão fechadas, assim como o comércio tradicional, por isso esta reabertura é positiva, no meu entender. Anda aqui muita gente, a pandemia continua aí e isto ainda pode vir a piorar. Logo na entrada tiram-nos a temperatura e há gel para desinfetar as mãos, mas cada um de nós também tem que ter cuidado porque nunca há a garantia de uma segurança a 100%. Com as lojas fechadas e mesmo com a possibilidade de compra ao postigo acabei por não comprar nada durante este tempo, hoje aproveitei para comprar algumas coisas que me estavam a fazer falta”. Num passo mais acelerado, em direção à saída vai Carla Carvalho. Sacos na mão vai passando um último olhar pelas peças expostas. “Comprei umas coisas que já me estavam a fazer falta e que normalmente só encontramos mesmo aqui na feira, já comprei uns panos de cozinha e meias que é uma coisa que se estraga muito”. Carla Carvalho nota que “ainda faltam alguns feirantes” mas a nível de clientes “penso que o movimento já é razoável”. Apesar de haver algum receio, esta cliente afirma que as medidas de segurança que se vêm ao longo de recinto dão alguma tranquilidade a quem por ali circula. “Há sempre algum receio, venho protegida e vejo que as pessoas também se protegem o que dá para ter alguma

> Feirante -Avelino Gonçalves

tranquilidade”. Cultura também desconfinou Entre os agentes ligados à cultura há muito que se pedia a retoma da atividade. As fragilidades do setor são conhecidas e as portas fechadas ou os espetáculos cancelados têm sido motivo de preocupação para os milhares de profissionais destas atividades. Chegados ao Museu de Lamego somos recebidos pela diretora Alexandra Falcão que nos convida a entrar para uma conversa numa das salas de exposição. O diálogo começa pelos tempos difíceis que o setor atravessa e pelas soluções que foi encontrando para chegar aos seus visitantes. “Tem sido uma vida de alguma angústia e muita incerteza. De repente vimos toda a programação virada do avesso com a necessidade de nos reinventarmos, de encontrar formas alternativas de continuarmos próximos dos nossos visitantes e dos nossos utilizadores. Nunca estivemos parados, enquanto nos foi possível conseguimos manter o museu aberto com uma programação presencial, sempre com marcações e seguindo todas as normas e orientações da DGS. Para além disso houve necessariamente um reforço da presença das redes sociais, sites, etc. Fizemos alguns projetos específicos para o digital”. A presença online terá mesmo sido uma das grandes alterações que a pandemia provocou e que, nas palavras da diretora, veio para ficar. “É um formato que veio para ficar e neste momento temos sempre a perspetiva de uma programação destinada ao público presencial mas também ao público virtual.


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Destaque

> Cliente feira - Vítor Sousa

Naturalmente que isso é um trabalho que obriga a alguma exigência porque efetivamente os utilizadores estão em toda a parte do mundo e temos que encontrar conteúdos destinados a essa grande diversidade de público que muitos deles nem português falam”. Falando da reabertura de portas a diretora afirma que esta é aguardada com alguma expectativa, mas também alguma incerteza. “Com muita calma. Alguma incerteza e expectativa. Também não podemos simplesmente estar à espera e temos que fazer acontecer para captar esses públicos. Naturalmente que isso passa por um reforço da nossa comunicação, da nossa divulgação. Estamos sempre a pensar em projetos criativos e inovadores. É muito positivo que no dia da reaber-

> Cliente feira - Carla Carvalho

tura, e do nosso aniversário, a autarquia nos tenha distinguido com a medalha de ouro da cidade”. Numa visão mais alargada do setor e da sua importância para a sociedade, em especial nos tempos conturbado que o mundo vive, Alexandra Falcão não tem dúvidas da importância da cultura no desenvolvimento e bem estar da sociedade, demonstrada, nas suas palavras, pela crescente procura do setor em especial por um público mais jovem. “Noto que nestes últimos dias, e a história mostra-nos isso mesmo, em alturas de crise as pessoas valorizam mais o seu passado, a sua história, as suas memórias. Nos últimos tempos isto é muito visível. Numa altura em que estamos presentes mais no mundo digital é muito curioso percebermos que estamos a chegar a outros públicos,

> Alexandra Falcão, Diretora do Museu de Lamego

essencialmente aos mais jovens que se têm interessado por arqueologia e arte sacra, isso é muito importante. Acredito profundamente que a cultura e a arte podem ser um motor de desenvolvimento e de transformação de um mundo melhor. Temos essa responsabilidade. O museu tem uma função social muito importante e, num modo muito concreto, sendo o Museu de Lamego um museu do Estado, não pode ficar alheio à crise nos setor cultural de pessoas que trabalham de forma independente, que não estão vinculadas ao estado e naturalmente temos que olhar com muita sensibilidade e com espírito de grande solidariedade para a crise que está a acontecer à nossa volta”. Autarquia agracia Museu em dia de aniversário A Câmara Municipal de Lamego agraciou, com a Medalha de Ouro da Cidade, o Museu de Lamego, em cerimónia realizada no passado dia 5 de abril. No dia em que o Museu de Lamego assinalou a sua reabertura ao público, no contexto do atual estado de emergência e, simultaneamente, a passagem do 104.º aniversário sobre a sua fundação, ocorrida a 5 de abril de 1917, esta instituição cultural foi distinguida tendo em conta o seu contributo para "o engrandecimento e dignificação do Município de Lamego". "É um reconhecimento devido e me-

recido de uma instituição secular que muito faz em prol das nossas gentes. Ao longo dos tempos, tem desenvolvido e implementado um processo organizado e sistemático de programação anual, dando uma ênfase especial à realização regular de exposições temporárias e culturais de maior alcance mediático, dando uma grande visibilidade a esta instituição museológica e, consequentemente, ao Município e à região", afirmou o Presidente Ângelo Moura, na intervenção de encerramento desta homenagem pública. Fundado num edifício, do século XVIII, que foi palácio episcopal, o Museu de Lamego possui hoje um acervo verdadeiramente eclético, com coleções de pintura, tapeçaria, mobiliário, ourivesaria, paramentaria e meios de transporte, que faziam parte do recheio do antigo palácio, complementadas, mais tarde, por um conjunto de capelas revestidas em talha dourada, espécies arqueológicas, cerâmicas, gravura, desenho e fotografia. No discurso de agradecimento, a diretora Alexandra Falcão referiu que "as coleções, o edifício e a História é esta a tríade que a Medalha de Ouro da Cidade hoje premeia e também aquela que devemos e queremos transmitir às gerações vindouras, como um claro compromisso com o futuro e a sua construção. Preservamos memórias, mas também as criamos para um futuro que queremos que seja melhor". ■


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Autarquia atribui prémios e bolsas a estudantes do concelho Os alunos do concelho de Santa Marta de Penaguião que integram o Quadro de Excelência viram o seu esforço recompensado pela autarquia, num ano marcado pela pandemia Covid-19 e pelo estudo à distância. Os alunos do 1º ciclo foram os primeiros agraciados com a distinção da autarquia durante uma visita do autarca Luís Machado às EB1 do concelho e ao centro escolar, momento que permitiu, com todas as medidas de segurança asseguradas, entregar aos alunos do Quadro de Excelência deste grau de ensino um certificado e um livro, “símbolos do orgulho que o município tem neles”. Já após o regresso às aulas presenciais foi a vez dos alunos dos 2º e 3º ciclos que receberam das mãos do edil um certificado e um cheque no valor de 100€. De acordo com a diretora do Centro Escolar, Rosa Cardoso, “esta parceria com o município é importante para os alunos que acabam também por ver neste gesto um reconhecimento do seu esforço, é um mimo que se lhes dá, não é pelo prémio em si mas pelo gesto”. A diretora recorda ainda um ano difícil marcado pela pandemia e pelo ensino à distância, sublinhando a colaboração entre o Agrupamento de Escolas e a autarquia durante esse período. “Foi um ano muito complicado. Graças à colaboração com o município conseguimos chegar a bastantes alunos com a disponibilização de computadores logo no primeiro confinamento. Por sermos um agrupamento pequeno conseguimos controlar os alunos que assistiam às aulas, fazendo com que todos estivessem presentes e ativos, evitando que ficassem em isolamento”. Para o autarca penaguiense, a atribuição destas distinções e prémios é não só um reconhecimento, mas também um investimento no futuro do concelho. “Em primeiro lugar é o reconhecimento do desempenho dos nossos alunos e uma motivação extra no seu dia a dia na atividade escolar. Por outro lado, é um investimento no sentido de criarmos conhecimento no nosso concelho e aproximar os nossos alunos do município, mostrando que lhes reconhecemos o seu mérito. Contudo isto também lhes dá o compromisso de colaborarem com o município. Aquilo que nós esperamos é que mais tarde, depois da sua formação superior, os alunos trabalhem em prol de Santa Marta de Penaguião, ficando por terras penaguienses ou em lugares de decisão onde possam influenciar políticas que nos considerem, é esse o nosso objetivo. Continuamos no caminho que já iniciamos há alguns anos: o

de criar uma das melhores escolas do país ou seja uma escola mais amiga, mais segura, mais próxima, mais feliz, de forma a que as nossas crianças se sintam bem e sejam acolhidas de uma forma diferente, mas essencialmente que o nosso nível de conhecimento melhore todos os dias para que os nossos alunos sejam mais competentes e capazes, no sentido em que o futuro de Santa Marta passará inevitavelmente por todos eles. Esta é a mensagem que temos tentado passar sempre e tem corrido bem. Os nossos alunos nesta altura sentem o concelho de maneira diferente e principalmente ao nível dos jovens que estão no ensino superior pois já sentem que têm um compromisso e uma obrigação para com o nosso concelho, esperemos que ele se concretize. De facto, este é o caminho que queremos percorrer. Estou convencido que faremos a diferença exatamente por isso. As nossas crianças naturalmente sentem-se motivadas e mais tarde teremos ainda oportunidade de atribuir as bolsas para o ensino superior. A nossa obrigação é formar homens e mulheres com conhecimento, mas essencialmente formar penaguienses que estejam onde estiverem sintam Santa Marta de Penaguião e possam influenciar decisões e estratégias sempre em prol do desenvolvimento e bem-estar dos penaguienses”. Num tom mais descontraído, Luís Machado afirma que o valor do prémio dado aos alunos do 2º e 3º ciclos (100€), “é um miminho e é gratificante para eles porque assim podem comprar umas sapatilhas novas ou uma peça de roupa (risos). É importante que eles tenham a possibilidade de satisfazer um gosto que não tenha a ver com a educação, mas que seja o resultado da sua dedicação”. Alunos do Ensino Superior –Autarquia bate recorde de Bolsas de Estudo O Município de Santa Marta de Penaguião entregou, este ano, bolsas de estudo a 70 estudantes universitários do concelho, mais nove do que o ano anterior. As bolsas de estudo que contemplam também seis bombeiros e filhos de bombeiros foram entregues aos estudantes numa cerimónia diferente onde o Presidente da Câmara Municipal, Luís Machado, durante a sessão realçou a importância da qualificação dos jovens penaguienses, incentivando os mesmos a manterem a “garra” para chegarem ao mercado de trabalho, quem sabe, a lugares de topo, bem como continuarem o esforço na prevenção contra a Covid-19. Esta medida de apoio às famílias representa um investimento da autarquia no montante de 37.750,00€, um apoio importante para todas na medida em que ajuda a aliviar as despesas tidas todos os anos, como por exemplo com propinas, transportes e alojamento. De realçar que esta medida que apoia anualmente os alunos do concelho de Santa Marta de Penaguião já representa, desde o ano 2014, um investimento da autarquia de cerca de 224 mil euros, num universo de 451 bolsas atribuídas ■

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Santa Marta de Penaguião

Apoios financeiros diretos ao comércio ultrapassam os 35 mil euros No total são 73 os empresários do concelho de Santa Marta de Penaguião que já receberam durante o mês de abril os apoios financeiros referentes ao Programa Extraordinário de Apoio e Incentivo ao Comércio Local, criado pela autarquia. Numa primeira fase, a autarquia entregou um total de 13.430,90€ e numa segunda fase um total de 21.947,18€ aos empresários que submeterem as suas candidaturas ao referido programa e que reuniram os critérios para a respetiva atribuição (incluídos 9 vouchers de 150€ aos agentes culturais e taxistas do concelho). Este apoio dado pela autarquia liderada por Luís Machado consiste em atribuir, entre outros, o valor correspondente a dois meses de renda, um mês de TSU ou o valor equivalente a taxas anuais de água, saneamento e resíduos sólidos, numa tentativa de apoiar o comércio local face às dificuldades causadas pela pandemia Covid-19. Durante as cerimónias de entrega dos apoios o autarca penaguiense referiu que “as ajudas disponibilizadas correspondem a mais de 3% do nosso orçamento, o que comparado a outros grandes municípios nos coloca muito acima da média”. Luís Machado lembrou ainda que “Santa Marta de Penaguião é um dos primeiros municípios a proceder à entrega de apoios ao comércio local de forma direta”.

Nas declarações que prestou à comunicação social, à margem da cerimónia, o autarca sublinhou a resiliência dos empresários locais durante os dois confinamentos a que estiveram sujeitos devido à situação pandémica. “No primeiro confinamento, com algum sacrifício, os nossos empresários ainda foram superando as dificuldades, mas no segundo estas agravaram-se e muito. Com este apoio o nosso objetivo é injetar diretamente dinheiro para que os empresários possam fazer face a alguns dos seus encargos, bem como reanimar a atividade económica possibilitando que rapidamente se recuperem os valores de negócio pré pandemia”. O edil penaguiense destacou a celeridade com que estes apoios foram entregues. “As medidas foram aprovadas em fevereiro e os primeiros apoios já chegaram ao comércio local, em menos de um mês, na expectativa que assim também possamos ajudar para que alguns destes negócios não encerrem definitivamente”. O autarca resumiu ainda o investimento já efetuado desde o início da pandemia, nomeadamente no que respeita à disponibilização gratuita de EPI´s a todo o comércio e instituições e que o mesmo, para além deste apoio financeiro, se irá manter até já não ser mais necessário. No final das cerimónias, o autarca deixou um pedido a todos os empresários, “responsabilidade e cumprimento máximo de todas as regras de segurança” para evitar que o concelho e consequentemente todos os penaguienses, sejam obrigados a confinar novamente. “Seria péssimo para todos, vamos continuar a ser responsáveis como fomos até agora”. As candidaturas para o Programa Extraordinário de Apoio e Incentivo ao Comércio Local encontram-se ainda abertas até ao próximo dia 3 de maio. ■

Município em destaque em estudo divulgado pela DECO


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Carrazeda de Ansiães

Restaurantes servem 750 doses de cabrito em take-away Em Carrazeda de Ansiães, para fintar os condicionamentos provocados pela pandemia Covid-19 durante a época da Páscoa, a autarquia decidiu este ano levar a cabo uma iniciativa conjunta com os restaurantes do concelho que serviram 750 doses de cabrito assado em regime de take-away. Sendo um dos pratos típicos desta região na Páscoa, o cabrito assado é também um atrativo para os turistas que ano após ano visitam Carrazeda de Ansiães. Este ano, devido à situação pandémica e à limitação de viagens entre concelhos, a Páscoa significou um tempo mais tranquilo, contudo, a autarquia local decidiu levar a cabo uma iniciativa que permitiu aos restaurantes gerar algum movimento. Luís Morgado é dono do Restaurante Convívio, no centro da vila transmontana, à chegada da nossa reportagem está a ultimar os preparativos para servir aqueles que aderiram à iniciativa da autarquia. Na porta de entrada do restaurante coloca uma mesa que serve de barreira aos clientes para que não entrem no espaço. Lá dentro tudo parece tranquilo. Parece

porque na cozinha a azáfama já é muita, os pratos estão a ser ultimados, o cheiro do cabrito assado invade todo o espaço e não tarda nada o primeiro cliente já vem “reclamar” a sua encomenda. Para o empresário “esta iniciativa é muito boa”, deixando mesmo um desafio à autarquia, “seria interessante que se mantenha nos próximos anos, era bom que a autarquia assim o fizesse porque é sempre uma mais valia para o nosso negócio”. No entender de Luís Morgado, esta iniciativa tem nota positiva até porque “aumentou o movimento” mas também para a população é uma mais valia porque “assim acaba por conseguir comer um dos seus pratos de eleição desta época a um preço muito convidativo”. Desafiamos Luís Morgado a dizer o que tem de especial este cabrito mas o empresário, de sorriso no rosto lá nos foi dizendo que “o segredo são os temperos da cozinheira”. Antes da conversa terminar, e sabendo do encontro que a nossa reportagem tinha com João Gonçalves, presidente da câmara municipal, o empresário remata a conversa com uma ideia, “organizar a semana do cabrito, durante este período de Páscoa”, do seu ponto de vista seria bom não só para os munícipes como também poderia ser um chamariz para os turistas. Saímos do Restaurante Convívio com destino ao edifício da autarquia onde João Gonçalves já nos aguarda. Para o edil, esta iniciativa ganha especial importância num setor que tem sido especialmente afetado pela pandemia. “Perante os reflexos desta pandemia não podemos cruzar os braços e temos que encarar a situação da melhor forma possível. São iniciativas que nos ajudam a manter os nossos empresários animados, de forma a que possam fazer a vida o mais normal possível. O setor da restauração, como é sabido, tem sido um dos mais atingidos nesta crise, foram obrigados a fechar portas e funcionar apenas em regime de take-away. Isso, aliado a esta época da Páscoa onde aqui é tradição comer o cabrito, decidimos levar a cabo esta iniciativa de apoio aos nossos restaurantes”. Contudo o autarca lembra que este não é o único negócio a ganhar com esta iniciativa. “Desta forma podemos também ajudar outros setores como é o caso dos produtores pecuários do nosso território que face a esta pandemia também vêm o seu volume de negócios diminuir, com dificuldade em escoar o produto”. Inicialmente a iniciativa foi planeada para

> Luís Morgado e esposa, proprietários do restaurante Convívio

servir 500 refeições, pré-reservadas, contudo, devido à procura que excedeu em larga escala essa previsão acabaram por ser servidas 750 doses deste prato típico. “Inicialmente fizemos o contacto com a restauração e 11 restaurantes aderiram a esta iniciativa. Calculamos cerca de 500 refeições distribuídas por todos os restaurantes mas a procura superou em muito a oferta e acabamos por aumentar para as 750”, conta-nos o autarca. Para João Gonçalves esta iniciativa tem ainda um outro propósito, perceber a aceitação do público para num futuro se pensar num festival, mais alargado, servindo assim como fator de atração de turistas ao concelho transmontano. “Este prato é muito apreciado nesta região

Ana Pereira – cliente É uma iniciativa nova e que pode vir a ser uma nova tradição. É uma forma de ajudarmos a nossa restauração num momento tão difícil para eles como este de pandemia. Era normal virmos a um ou outro restaurante fazer as nossas refeições mas com a situação atual não podemos, daí a importância deste tipo de iniciativas.

e por quem nos visita. Queremos aproveitar esta iniciativa para percebermos qual será a aceitação e esperamos que nos próximos anos possamos continuar a promover este festival, já de uma forma diferente com as pessoas a irem aos restaurantes, não só as de cá, mas também os muitos turistas que nos poderão visitar”. Questionado sobre a importância desta data do calendário para os seus munícipes, o edil fala-nos de uma época de festa, vivida entre a espiritualidade e a família. “A maior percentagem da população é católica e este período é vivido muito intimamente, com as famílias reunidas, é uma época com muito significado que este ano está prejudicado devido a todas as restrições da pandemia”. ■

Manuel Matias – cliente Na altura da Páscoa muitos restaurantes faziam o cabrito e esta foi uma forma que a autarquia encontrou para os ajudar. Normalmente ao sábado venho buscar o almoço porque é uma forma de descansarmos um pouco em casa e também de ajudar os restaurantes da vila, tento variar de restaurante para ir ajudando todos dentro das minhas possibilidades.


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Lamego

Pandemia e poder local marcam discursos do 25 de abril O 47º aniversário da histórica madrugada do 25 de Abril de 1974, "aurora da desejada liberdade sonhada pelos portugueses", foi assinalado em Lamego com a realização de uma Sessão Solene da Assembleia Municipal Comemorativa do Dia da Liberdade. O programa de comemorações decorreu este ano em versão reduzida, devido aos condicionalismos motivados pela atual pandemia. "Nunca é demais relembrar que antes dessa data e dos esconsos e obscuros 40 anos de ditadura, muitos foram perseguidos, presos, torturados e assassinados, por algo tão simples e que faz parte dos genes de qualquer ser humano: ser livre no seu pensamento verbal. Não ser cortado por delito de opinião. Por isso, a liberdade, na assunção pura do seu significado, foi conquistada pelos portugueses", proferiu José Rodrigues Lourenço, Presidente da Assembleia Municipal, no discurso de encerramento desta sessão evocativa. Num Salão Nobre este ano marcado pela ausência de representações institucionais e de público, devido às atuais regras sanitárias, José Rodrigues Lou-

renço recordou ainda que, no próximo dia 12 de dezembro, se celebram 45 anos das primeiras eleições autárquicas em regime democrático, "uma das grandes conquistas de Abril". "Porque as autarquias são constituídas por mulheres e homens, também não é de escamotear as características hominis de cada um, ou seja, as de compromisso

com a causa pública, a seriedade e o carácter. Assim se cumpre a Constituição da República Portuguesa e Abril", fundamenta. Intervieram nesta sessão, os representantes dos grupos políticos que compõem este órgão e o Presidente da Câmara Municipal. "Comemorar Abril é também celebrar o poder local, uma

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das maiores conquistas da democracia portuguesa. Aos autarcas, como a todos os agentes políticos em geral, impõe-se um denominador comum: a missão de servir, de estar ao serviço dos cidadãos e da satisfação dos seus anseios de bem-estar, de qualidade de vida, de paz e segurança, de tolerância e democracia", sublinhou Ângelo Moura. ■

Museu de Lamego agraciado com a Medalha de Ouro da Cidade A Câmara Municipal de Lamego agraciou com a Medalha de Ouro da Cidade o Museu de Lamego, em cerimónia realizada a 5 de abril último, no seu Salão Nobre. No dia em que o Museu de Lamego assinalou a sua reabertura ao público, no contexto do atual estado de emergência e, simultaneamente, a passagem do 104.º aniversário sobre a sua fundação, ocorrida a 5 de

abril de 1917, esta instituição cultural foi distinguida tendo em conta o seu contributo para "o engrandecimento e dignificação do Município de Lamego". "É um reconhecimento devido e merecido de uma instituição secular que muito faz em prol das nossas gentes. Ao longo dos tempos, tem desenvolvido e implementado um processo organizado e sistemático de programação anual, dando uma ên-

fase especial à realização regular de exposições temporárias e culturais de maior alcance mediático, dando uma grande visibilidade a esta instituição museológica e, consequentemente, ao Município e à região", afirmou o Presidente Ângelo Moura, na intervenção de encerramento desta homenagem pública. Fundado num edifício, do século XVIII, que foi palácio episcopal, o

Museu de Lamego possui hoje um acervo verdadeiramente eclético, com coleções de pintura, tapeçaria, mobiliário, ourivesaria, paramentaria e meios de transporte, que faziam parte do recheio do antigo palácio, complementadas, mais tarde, por um conjunto de capelas revestidas em talha dourada, espécies arqueológicas, cerâmicas, gravura, desenho e fotografia. ■

Autarquia cede escola à Associação de Mazes O Município de Lamego e a Associação de Melhoramentos de Mazes celebraram um contrato de comodato, através do qual a autarquia cede a esta associação, pelo prazo de dez anos, a Escola de Mazes, na freguesia de Lazarim. O edifício será, a partir

de agora, transformado num centro de convívio e de realização de atividades socioculturais em prol da população. O documento firmado entre as duas partes prevê ainda que o imóvel seja convertido num espaço multifuncio-

nal para ser utilizado como sede da Associação de Melhoramentos de Mazes. Satisfeito com a formalização desta parceria, Ângelo Moura, Presidente da Câmara Municipal, enfatiza que “o acordo agora estabelecido vai dotar o lugar de Mazes de uma nova

dinâmica social e reforçar o espírito desta comunidade, ao mesmo tempo que começam a fazer coisas”. “Precisamos deste tipo de investimento e de unir esforços para garantir a sustentabilidade dos territórios de baixa densidade”, afirma. ■


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Vila Real

FIIN(almente) de regresso Está de regresso o Festival Internacional de Imagem da Natureza (FIIN) que todos os anos premeia curtas, fotografias e desenhos da Natureza, em Vila Real. Mafalda Vaz de Carvalho é a vereadora com o pelouro do ambiente e responsável pelo festival, numa conversa com o VivaDouro fala do que é este evento e do impacto que já se vê refletido nas ações dos vila-realenses. Para iniciar esta conversa gostaria de lhe lançar um desafio para que, através de imagens nos descrevesse o que é o FIIN. É um desfio interessante, nunca me tinha sido colocado. O FIIN é: Descoberta – do património e das técnicas

Oportunidade – de divulgar o património e os trabalhos

Reinventar – provocado pela pandemia foi necessário repensar a forma como se poderia organizar o FIIN

Reconhecimento – o concurso e os prémios atribuídos

Organizadora teve, uma vez mais, que ser criativa e pensar numa solução, foi assim que surgiu a ideia da gala online que, depois de muito trabalho de todos, lá foi apresentada e acabou por ser um sucesso. E este ano, como será? Já temos algumas ideias mas ainda nada está definito por isso vamos aguardar um pouco mais para divulgar informação.

Afirma que a palavra reinventar surge desde o ano passado com a pandemia. Mas não é essa também um pouco a génese do festival? Estando ligado à Natureza que todos os anos se vai modificando, também não é assim com o FIIN? Sim, o FIIN é dinâmico como o planeta. À medida das necessidades e dos acontecimentos vai-se ajustando para conseguir cumprir a sua finalidade que é o espírito conservacionista do nosso património natural. No ano passado foi necessária essa adaptação porque o mais natural seria suspender tudo devido à pandemia.

Quando foi a altura de abrir os concursos tivemos aqui essa discussão e havia quem defendesse que não deveríamos avançar mas foi decidido avançar e conseguimos alcançar o marco dos 6500 trabalhos submetidos, semelhante a anos anteriores o que é muito significativo. Com o prolongar da pandemia, que inicialmente se falava de algo que passaria em três meses, tivemos outro problema porque tínhamos os trabalhos e os vencedores já estavam escolhidos, era necessário fazer-lhes a devida honra, até porque o próprio regulamento obriga à sua divulgação. A Comissão

Com a pandemia falou-se muito da forma como a Natureza reagiu ao abrandamento da nossa vida quotidiana com menos carros nas estradas e menos voos, por exemplo, houve um reflexo disso nos trabalhos apresentados? Tivemos mais trabalhos de autores portugueses e da região, isso foi algo que se notou. Há uma alínea do regulamento que de alguma forma restringe um pouco podermos ver mais esse lado da pandemia que é o facto de, por exemplo, não serem permitidas imagens de animais domésticos. Isto obriga a que os fotógrafos se dirijam às zonas mais naturais e sair um pouco do meio urbano. Em 2019, por exemplo, que foi um ano em que se falou muito de alterações climáticas, no livro do encontro de fotografia que fazemos habitualmente na programação do FIIN (que no ano passado foi mesmo cancelado), tivemos uma série de trabalhos a compa-

rar o antes e o depois de algumas zonas naturais. Tanto que nós só escolhemos o nome do livro depois de receber os trabalhos e este chama-se “Retratos em alteração”. Foi um ano em que esta preocupação esteve muito presente nos fotógrafos. Em termos de pandemia o que dou conta, e saindo um pouco do FIIN mas pensando no meu pelouro na autarquia que é o ambiente, o que eu dei conta foi que desde o primeiro mês de pandemia a perceção das pessoas quanto ao meio que as rodeia cresceu brutalmente. Na altura chegamos a fazer alguns vídeos de sensibilização de onde colocar as máscaras, etc… Talvez este ano essa preocupação das pessoas com o meio que as envolve se venha a notar mais nos trabalhos do FIIN. Tivemos muitas denúncias, pessoas a assinalar coisas que não estão bem, descargas ilegais, entre muitas outras coisas, foi um ano forte em denúncias e isto só pode ter uma explicação, para além de estarem mais tempo em casa fica provado que as questões ambientais as preocupam, o que nos leva a considerar que o FIIN está a cumprir o seu papel aqui nesta região. As pessoas devem olhar para o meio que as envolve e devem tê-lo como seu, só assim se vão preocupar com ele. Mas isso, essa sensibilização, ainda faz falta em Vila Real e toda essa região onde a Natureza abunda?


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Vila Real Ainda faz. Penso até que é uma missão que nunca acaba num território tão dinâmico como o nosso. Tenho a confiança que quem é de cá, trabalha a terra e vive destes ecossistemas muito particulares, dá-lhe o devido valor mas, estamos num território dinâmico, e ainda bem que assim é, levando a que haja os que saem e os que entram, portanto, esse trabalho é sempre importante. Aproveitando essa questão digo já que muito me orgulha perceber que há também esta gente que vem de fora e que aposta nestas questões da biodiversidade local. É fantástico perceber que os valores naturais começam a entrar na economia, representando já milhões de euros. Vi recentemente um documentário sobre morcegos e o seu impacto na economia. É um animal que tanto se falou agora devido à pandemia. Nesse documentário é colocado o cenário do desaparecimento dos morcegos e do impacto que isso teria, porque são animais que controlam muitas pragas e alimentam-se de insetos. A quantidade de produtos químicos que seria

usada para garantir o mesmo resultado teria um impacto de muitos milhões na economia, é brutal. Esta procura da sustentabilidade está a ser um episódio bonito de se ver e é gratificante acompanhar estes sinais que nos vêm da comunidade civil. A autarquia de Vila Real tem dado um grande valor às questões ambientais. Podemos dizer que o FIIN é a “cara” mais pública deste trabalho que o município faz em prol da Natureza? O FIIN é o momento de celebração de toda a atividade para a sustentabilidade que nós temos, e não é só do ambiente, ou seja, não só no pelouro do ambiente. Vila Real está a atravessar um tempo de mudança quanto à mobilidade suave, à mobilidade elétrica, à redução de emissão de gases carbónicos, à descoberta do património, mais recentemente a assunção da cogestão do Parque Natural do Alvão. Neste momento o Parque Natural do Alvão é gerido pelos dois municípios que o integram, Mondim e Vila Real, sendo que nós somos o benificiário financeiro e técnico

desse protocolo, estamos ativamente a trabalhar na gestão do parque para também o tornarmos num grande palco daquilo que é o nosso território.

O FIIN é a montra de tudo isto, é a celebração de toda uma estratégia de conservação e preservação do Património Natural do concelho de Vila Real. ■

> Mafalda Vaz de Carvalho, vereadora da Câmara Municipal de Vila Real com o pelouro do ambiente

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Entrevista

HENRIQUE SÁ PESSOA “A pandemia veio questionar-nos: será que nós trabalhamos para viver ou vivemos para trabalhar?”

Lançaste no mês passado mais um livro, o «ComTradição», fazendo jus ao programa atual que tens na TV. Em que é que este novo livro e o teu programa diferem de todos os outros que já realizaste? Este programa tinha como objetivo muito específico relembrar, numa ótica doméstica, que a cozinha portuguesa é muito importante e que, ao mesmo tempo, podemos brincar com ela. Há sempre uma espécie de santuário na nossa cozinha, quase intocável, em que não podemos pegar na receita e transformá-la. O que acho errado! Às vezes há algum receio que a gastronomia tradicional já desaparecer ou morrer. Penso que é exatamente o contrário: é como se fosse uma Bíblia e na própria, há leituras dos factos que têm de ser atualizadas ao presente. Por exemplo, o livro da cozinha tradicional portuguesa de Maria de Lurdes Modesto, dos anos 60, tem receitas não só difíceis de executar, como também há algumas pesadas que já não fazem tanto sentido face aos nossos hábitos alimentares. Por isso, peguei nalgumas dessas receitas e daí o nome: «ComTradição», no facto de que o programa homenageia a cozinha tradicional portuguesa e, por outro lado, de contradizer algumas das coisas que eram feitas, reinterpretando-as com o meu cunho pessoal.

Foto: DR

Texto: André Rubim Rangel

Comecemos pelo assunto do momento, relativamente a ti. Aguardas com ansiedade ou com tranquilidade por saberes, em meados de setembro, se conquistarás o troféu de «Melhor Chef do Ano», a nível mundial? Já que és um dos 100 nomeados… Não aguardo com ansiedade nenhuma. Estar nomeado nos 100 melhores do mundo para mim já é um feito, só por si. Agora se vou ser o 100, o 99, o 70, o 30 ou 5, sinceramente não penso nisso: esse ranking é muito subjetivo. Mesmo não conseguindo alcançar o ouro, ou o top-10 mundial, desejas fazer melhor ou pelo menos igualares o 70.º lugar do Chefe José Avillez, sendo ambos os únicos portugueses nomeados nestes prémios desde que existem (há 5 anos)? Estes prémios são sobretudo importantes para dar visibilidade ao nosso país e o facto de estar-

guesa, não serão esses um ou dois suficientes para que o país tenha reconhecimento internacional. Apesar da concorrência, temos de valorizar o trabalho dos nossos colegas. Tenho muito gosto e fico muito feliz quando vou ao restaurante dum colega e como bem, sou bem tratado, sou bem recebido e consigo reconhecer que o seu trabalho é muito importante para o nosso país.

mos lá dois, a par do Ricardo Costa – e acredito que ainda se junte o José Avillez, por ter estado o ano passado –, acredito que haja mais portugueses ou estrangeiros a trabalhar em Portugal, no ranking, já que vão anunciando um por dia. Portanto, para mim, quanto mais melhor. Significa, que aos poucos, Portugal começa a ter essa representação internacional que tanto merece. Acho que outros chefes deviam constar nesse ranking, como o chefe Rui Paula ou o chefe Vítor Sobral, entre outros, que levam a nossa gastronomia mais longe e a elevam. Fico feliz por estarmos nesse ranking. Por falares à vontade de tantos chefes vê-se a solidariedade entre vós. Quer dizer que nesta área não há tanta rivalidade nem concorrência como no futebol, ou nas grandes marcas/empresas? Não lhe chamo rivalidade, mas é normal em qualquer área haver concorrência. Agora, denegrir um colega ou falar mal dele nunca teve, para mim, grandes resultados. Pode haver chefes com mais destaque, mas nós temos consciência que se não houver outros chefes a elevar a gastronomia portu-

Sentes que, por parte das pessoas de mais idade e por norma mais conservadoras, possa haver alguma resistência e crítica a essas adaptações que fazes? Sim, haverá neles alguma resistência e crítica. Mas a única pessoa que pode ser criticada por fazer alguma alteração sou eu. Falo por mim e não represento toda a cozinha portuguesa. E eu aguento com algumas críticas. Esses não têm de fazer como faço. Cozinho à minha maneira e se tiver bom, ótimo! Eu cozinho para mim, não para o meu ego, sempre com o intuito de agradar. E tenho consciência que o trabalho que faço, de inspiração na cozinha portuguesa, tem uma lógica e um sentido. Não é só fazer loucuras e lançar pratos descabidos. Gosto mais de ser criticado por alguém que come da minha cozinha, do que propriamente alguém que vê a receita e que sem a provar já está a falar mal. Realço ainda que este meu novo livro está no top de vendas da Fnac, da Bertrand e de outras livrarias e, na televisão, «ComTradição» é um dos programas com mais audiências no «24 Kitchen». Há uma década publicaste o «Ingrediente Secreto». Duas questões alusivas: olhando para trás, mudarias ou corrigirias alguma dessas receitas, com o que sabes hoje? O «Ingrediente Secreto», iniciado em 2008/9, foi o programa que tive mais tempo no ar, provavelmente, Ainda hoje tem um grande impacto, principalmente e curiosamente no mercado bra-

sileiro. Temos 75 mil subscritores que continuam a ver o programa no nosso canal do Youtube. Eu não mudaria nada, continua atual. São receitas perfeitamente práticas, fáceis e aplicáveis de fazer em casa. Uma vez vi um ranking dos livros dos chefes de cozinha e eu liderava a percentagem de sucesso das receitas feitas em casa, com uma taxa de sucesso de 95%. As pessoas sabiam que seguindo essas receitas ia correr bem, a eficácia do resultado era garantida. E isso deixa-me muito satisfeito, por conseguir passar essa mensagem. Uma coisa é o Henrique Sá Pessoa no «Alma» de 2 estrelas Michelin, com a experiência duma cozinha falsamente simples – são coisas que, obviamente, não vais conseguir fazer em casa por causa do nível técnico e profissional já muito elevado –, e depois tens o Henrique Sá Pessoa que partilha receitas com as pessoas em casa, passando uma imagem de simplicidade e descontração. Isso aproxima muito as pessoas. E tenho recebido elogios que valorizo muito, tais como: “desde que o viu, o meu marido começou a cozinhar”; “através de si, o meu filho quer ser chefe de cozinha” e mesmo crianças de 5-7 anos que vêm ter comigo na rua porque gostam de ver os meus programas. Correntemente, qual considerarias o teu ingrediente perfeito? E o que o torna perfeito, até mais do que secreto? Para mim, eu não diria o ingrediente em si, mas a palavra. O importante é ter ingredientes frescos, a qualidade da sua frescura, a sazonalidade e a sustentabilidade do ingrediente. Tudo isso é a chave de qualquer receita. Às vezes ouve-se: “o ingrediente é tão bom que não é preciso fazer nada”. Não é bem assim! A mão do chefe ou de quem prepara o ingrediente tem sempre uma parte muito importante no resultado final da receita, nem que seja saber cortar bem um peixe para um sushi, ou saber cortar e marinar bem uma carne para um estufado. Porque também conseguimos pegar num ingrediente muito bom e destruí-lo. Alguma vez pensaste que seria possível, ou ainda te sentes nas nuvens como estar a viver um sonho encantado, por em 3 anos – e após um ano de abertura do novo «Alma» – seres distinguido com 2 estrelas Michelin? Sim, confesso que às vezes ainda me sinto em estado de graça de como conseguimos esse feito. Também há que ter consciência de que o «Alma» do Chiado com três anos teve antes um «Alma» em Santos, durante cinco anos. Houve um conjunto de pessoas a trabalhar: foram dois restaurantes distintos, apesar do nome ser o mesmo. O primeiro era mais humilde e não tínhamos muitas condições para aspirar a muito mais do que fazíamos. Foi uma preparação para o que se seguiu depois. Enquanto aí éramos 5, no segundo «Alma» chegámos a ser 30. Tal foi possível por termos uma espinha dorsal laboral e por ter apanhado um conjunto de jovens muito determinado e com muita vontade para colocarmo-nos num patamar superior, pelas parcerias criadas e pelo Daniel Costa, o meu braço-direito há já 18 anos. É toda uma equipa focada e continuamos a querer mais, em querer evoluir e a fazer o nosso caminho. És um dos 7 chefes em Portugal – e dos 4 portu-


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Entrevista gueses – com mais estrelas Michelin. Isto faz-te apostar ainda com mais alma na tua cozinha e restaurante para conseguires isolar-te na tabela com uma 3.ª estrela? Eu não penso tanto na questão de ser o primeiro. Acho que há muitos mais chefes em melhores condições e mais perto de conseguirem essa distinção. Aliás, considero que alguns dos nossos chefes – já aqui mencionados – cozinham já num nível comparativo a 3 estrelas Michelin, não vejo que falhe nada neles olhando a certos restaurantes de 3 estrelas que conheço. Mereceriam esse reconhecimento. Por outro lado, temos de pensar que, nos últimos anos, a cozinha portuguesa teve uma evolução tremenda. Isso vai, sem dúvida e em breve, empurrar alguns dos restaurantes de 2 estrelas a alcançar a 3.ª estrela. É irrelevante quem será o primeiro, o importante é abrir portas para que outros atinjam esse patamar. Foi assim com o José Avillez, quando foi o primeiro a atingir as 2 estrelas no país. No último ano do «Alma» antigo foi lá um inspetor e disse-me: “eu nem sabia que vocês existiam”. Ou seja, e convém não esquecer: há apenas 12 inspetores Michelin para um universo de 55 milhões de habitantes e dezenas de milhares de restaurantes. E obter mais uma estrela Michelin é sinónimo de, paralelamente, os preços dos menus do restaurante subirem e poderem afugentar clientes, dada a crise? O sinónimo dos preços subirem não têm que ver com as estrelas Michelin. Eu quando ganhei a 2.ª mantive os preços. Relaciona-se, sim, com o elevar-se a fasquia da experiência que se oferece. Deste modo, é inevitável que se tenha acréscimo de custos e, nestes, se reflita nos preços aos clientes. Isto é como no futebol: ao ires ver um jogo da Liga dos Campeões, para veres os melhores jogadores, não pagarás o mesmo quando vês um jogo da 1.ª Liga ou da 3.ª Divisão. A cozinha é igual! Se vais a um restaurante em que pagas 150 euros por um menu, estás à espera duma experiência única. Agora se vais lá e não é o que queres por preferires encher-te com uma boa feijoada, é outra coisa. Trata-se de gostos pessoais.

Consideras que, há 12 anos, tomaste a decisão correta ao deixares a cozinha de famosos hotéis – mesmo com as tuas experiências sublimadas em Londres e Sidney – para investires e abrires o teu próprio restaurante? Sem dúvida. Se me perguntasses se eu voltaria atrás e se mudava alguma coisa, eu não mudaria nada. Foi muito arriscado: eu saí duma situação de muito conforto e com um salário ótimo, principalmente para a minha idade e para a altura em que vivíamos. Pessoalmente, acho que a experiência dos hotéis é muito importante no trajeto dum cozinheiro. Dá-te uma grande estabilidade, dá-te uma estrutura, dá-te um ritmo mais sereno, coisas que num restaurante não tens. Traz-te benefícios, sobretudo na fase inicial da carreira, onde precisas de alguma escola com conhecimentos mais básicos, que não te passem ao lado. O que acontece nos restaurantes com estrelas Michelin, onde há muita pressão e, às vezes, tudo muito a correr. Não aconselho começar por aí, pois sucede haver jovens com 23 a 25 anos estarem já exaustos e quererem saltar fora. Eu conheci casos assim. É preciso ter alguma calma e não querer subir rápido a fasquia, pois além do grande preço com as relações familiares torna-se asfixiante. A pandemia veio questionar-nos: será que nós trabalhamos para viver ou vivemos para trabalhar? Eu adoro cozinha e trabalho com gosto, mas vou tendo consciência que a cozinha não é tudo para mim! Sinto, cada vez mais, que quero passar tempo com a minha filha, passar tempo com minha namorada, passar tempo a viajar, a ir à praia, a ler um livro, a ver um filme. Também preciso de tudo isso para ter paz interior e essa tranquilidade que motiva quanto estou a trabalhar. Já passei muitos anos em que trabalhava 15/16/17 horas por dia, em que também sentia depois alguma solidão, no resto da minha vida, e que me deixava deprimido. Já tiveste algumas experiências no Douro, entre as quais a de Chefe convidado nas viagens do comboio «The Presidential», entre o Porto e o Douro Superior. Que memória te fica de cozinhar num espaço mais condicionado e em mo-

vimento? Foi atribulado? Foi uma experiência que eu gostei imenso. Aliás, gostei tanto que até repeti. Gosto muito do Chefe Gonçalo e da equipa que está por trás do «The Presidential», ou que estava – não sabemos se vai retomar ou não. Mas foi um conceito muito bem pensado. Claro que para quem está a cozinhar não é fácil, com o comboio em movimento e constantemente a dar solavancos, contudo não deixa de ser um desafio em conseguir servir 60 refeições em andamento e ao mesmo tempo, com 4 ou 5 pratos. Para quem está sentado a usufruir, é uma experiência fantástica. E ao estares a cozinhar enquanto vês todas aquelas belas paisagens do Douro, também te inspira de modo a recriares algo de momento, improvisado nessa inspiração? Sim, embora nós já levássemos o menu praticamente decidido. Só temos de o executar no comboio. O desafio está em perceber como fazê-lo num comboio em constante movimento e como manter a alta expectativa, pois não se pode baixar muito a guarda. As pessoas estão lá para ter essa experiência única.

Foto: DR

Para ti, como descreves o esplendor do Douro gastronómico de tua eleição, seja da tua confeção ou não? Ou seja, quais os melhores pratos desta região, desde uma entrada, uma sopa, dois pratos principais, uma sobremesa ou outra iguaria? Não consigo destacar um prato. Para mim o Douro é uma região mágica! Ou seja, quem nunca foi ao Douro não tem noção do seu esplendor. Eu próprio não tinha. Comecei a ir mais ao Douro recentemente. Fui, a primeira vez, cozinhar ao «Six Senses», com o Chefe Ljubomir, na altura, e fiquei grande fã desse projeto. Tenho ali, também, um dos meus melhores amigos – como já disse –, o Chefe Rui Paula e o seu restaurante DOC, talvez dos restaurantes mais bonitos em Portugal, pela sua envolvência. E depois temos todo aquele cenário de gastronomia e de vinhos, fazendo com que seja impossível não ficar apaixonado pelo Douro! Claro que é uma cozinha mais pesada, uma cozinha de subsistência, mas não consigo destacar os seus pratos muito próprios. Destaco, mais facilmente, o vinho do que a sua gastronomia. Os vinhos do Douro são muito singulares. Aliás, a região do Douro foi uma das primeiras regiões vinícolas do mundo, portanto há essa parte histórica de que muitas vezes não temos noção da sua importância na História mundial do vinho. E acho que, nos anos mais recentes, houve também uma grande evolução dos vinhos durienses em termos qualitativos. O reconhecimento internacional já não é só nos tintos, mas também nos brancos e nos espumantes. O Douro deu um grande salto, sem falar obviamente do vinho do Porto. Quais são aqueles vinhos do Douro que aprecias mais e que não podem faltar nas cartas de vinhos dos teus restaurantes? Gosto muito do Carm, cujo proprietário, o Filipe, é um grande amigo meu. Também gosto muito, sem dúvida, dos da Quinta do Vallado, que conheci melhor quando levámos o vinho do Porto

a Singapura. E gosto, ainda, dos vinhos Niepoort: são incontornáveis. Ficam estas três sugestões. Depois de mais de um ano com a atual pandemia, e tendo sido a restauração um dos sectores que mais sofreu, qual o balanço real que julgas pertinente ser feito? Eu tento sempre ser o mais positivo possível, mas houve coisas realmente devastadoras neste último ano e acredito que, infelizmente, uma grande parte da restauração não vai conseguir aguentar este segundo desconfinamento. Se o primeiro já foi doloroso, este último foi uma espécie de machadada final para muitas pessoas. A única diferença que vejo entre estes dois anos, é que este ano temos uma vacina à vista. O ano passado entrámos no verão com alguma confiança, até com excessos de confiança, e nos deparámos com uma normalidade falsa porque o número de contágios estava controlado e, de repente, as pessoas já se esqueciam da pandemia, ao ver-se as praias cheias, os hotéis e restaurantes cheios... Houve um certo relaxamento, levando a um segundo confinamento. Acho que ninguém esperava, quando até algumas empresas estavam a conseguir recuperar, antes do encerramento total em janeiro. Que caminhos achas que os gerentes da restauração devem seguir para se prevenirem caso a pandemia se prolongue por muito mais tempo e haja mais confinamentos generalizados? Uma das coisas muito importantes é ter noção do investimento que está a ser feito face à capacidade desse empresário no seu próprio investimento. Quando alguns me dizem que querem abrir um restaurante, eu digo: é preciso ver o intuito do restaurante, qual o objetivo, quantas pessoas empregadas, para que mercado vai trabalhar, etc.. São perguntas a considerar. Pois não faz sentido abrir um negócio e após um ou dois meses sem faturação ter de fechar. Antes de abrir, as contas têm de ser muito bem feitas! Uma das soluções mais vistas foi o takeaway, ou não. Porque também ele implica muitas adaptações no restaurante e não temos mercado suficiente para uma grande oferta dessa. Eu não o faço, não me compensa, o lucro é quase nenhum. Há um intermediário que está a fazer bastante dinheiro: as empresas de entrega ao domicílio. Pois, como em qualquer crise, há oportunidades novas que surgem. Assim, e para o futuro, teria de se repensar nessas plataformas e ver forma de como o Governo – como regulador – intervir nessas comissões/percentagens, para haver alguma justiça nesse processo. Terminamos com a questão da praxe nestas grandes entrevistas. A tua mensagem final e esperançosamente positiva, que toque ao coração e alma dos nossos leitores… Como sou muito positivo, respondo – quando ouço dizer: “isto já não vai mais ser o mesmo” –que não só não vai ser o mesmo, como vai ser ainda melhor. Temos é que aprender a lição e com a nossa História, por tudo aquilo que já ultrapassámos. Há que alterar hábitos. Para mim, a maior mensagem é: temos de dar maior valor à vida e pensar, além de nós próprios, em tudo o que nos rodeia. ■


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Carrazeda de Ansiães

Carrazeda de Ansiães investe 1,5 milhões de euros no setor do Turismo Este investimento na criação, reorganização e promoção de novos produtos turísticos, vai qualificar a oferta no município e aumentar a sua competitividade regional. Os onze projetos são abrangentes, promovem uma aposta equilibrada pelo concelho e são transversais a diversas áreas: valorização e preservação do património cultural, edificado e religioso; turismo de natureza; enoturismo; cultura e tradição; desportos de natureza e promoção do bem-estar físico.

A Construção do Núcleo Museológico do Ferreiro e Ferrador, em Seixo de Ansiães, representa um investimento de 160 000,00€. Além de albergar um vasto espólio, legado por um antigo ferrador e recriar uma oficina de ferreiro, vai abordar aspetos relacionados com elementos patrimoniais, como são os cinco núcleos de insculturas rupestres, popularmente conhecidas como “fragas das ferraduras”. Este novo espaço será o quinto núcleo temático do Museu da Memória Rural, que vem juntar-se ao Núcleo Museológico do Azeite, na aldeia da Lavandeira, Núcleo Museológico da Telha, em Luzelos, Moinho de Vento, em Carrazeda de Ansiães e os Moinhos de Rodízio em Vilarinho da Castanheira. Com um orçamento de 90 mil euros, a requalificação e ampliação do Antigo Balneário Termal de S. Lourenço, em Pombal de Ansiães, é outra das obras com enorme importância para o município. Os espaços adjacentes ao balneário vão ser demolidos e substituídos por uma nova estrutura dividida entre áreas destinadas a instalações sanitárias e vestiários. Os novos edi-

fícios vão ser dotados de uma cobertura plana também com a função de miradouro e todo o equipamento termal vai estar identificado por placas direcionais e informativas para permitir ao visitante ficar a conhecer a história da atividade termal em S. Lourenço e ter um acesso pedonal ao local onde se localiza as antigas termas, conhecidas como “caldas velhas”. A valorização paisagística e ambiental nos santuários da Senhora da Saúde, em Mogo de Ansiães, e na Senhora da Costa, no Seixo, e arranjo paisagístico da área envolvente à Anta de Zedes, representam um investimento de 350 mil euros. Assume particular importância a requalificação do edificado, mas também a intervenção urbanística, com a colocação que estruturas de apoio e informação ao visitante e melhoria dos acessos. É o caso da anta de Zedes, que para além do seu valor arqueológico é considerada um local de excelência para a observação das estrelas. Os Santuários referidos integram o Circuito de Visitação do Património Religioso do concelho de Carrazeda de Ansiães, criado com o pressuposto de funcionar

com um ativo distintivo de um território e da sua matriz identitária. Esta premissa permitiu a elaboração de um projeto, que integrou uma candidatura, já aprovada, ao programa PROVERE – Projetos Âncora, no valor de 200 000,00€, que tem como objetivo a reabilitação do património religioso e a sua promoção/divulgação através da criação de duas rotas de visitação temática e interpretativas do estilo românico e barroco. As igrejas alvo de reabilitação foram escolhidas com base nas necessidades prementes de intervenção e em estreita articulação com as entidades que tutelam o património religioso classificado, estando previstas as seguintes ações de reabilitação: do arco cruzeiro e retábulos colaterais, da Igreja de S. Bartolomeu em Parambos; do altar-mor e teto da capela-mor e intradorso do arco triunfal, da Igreja de S. Lourenço do Pombal de Ansiães; do teto da nave e da capela-mor, da Igreja de Stº Amaro dos Pereiros e do retábulo da virgem do rosário, do coro alto, tampas de sepultura e portas de acesso, da Igreja de S. Miguel de Linhares. O circuito prevê ainda mapear todo este pa-

trimónio e disponibilizar em suporte digital, através de uma app mobile com realidade aumentada, animação 3D e serviços complementares de informação interativa acessível através de um sistema de beacons. O Turismo de Natureza sempre foi uma aposta clara do município que vai implementar cinco novos percursos pedestres, em Linhares, Ribalonga, Vilarinho da Castanheira e Pinhal do Douro, um investimento na ordem dos 150 mil euros. Os locais escolhidos estão todos eles integrados na zona classificada pela UNESCO, como Património Mundial, zona especial de proteção do Alto Douro Vinhateiro e visam a constituição de infraestruturas na área ao turismo natureza que permitam ao visitante entrar em contacto com áreas de inegável valor patrimonial, paisagístico e ambiental. Vão permitir o acesso a locais de elevado interesse e até agora inacessíveis à maioria do público, como as quedas de água da Ribeira de Linhares, conhecidas como as “Quedas de Alto”, à queda de água da “Fraga da Ola” e a uma área de floresta de espécies autóctones, junto à aldeia de Pinhal do Douro. Em simultâneo


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Carrazeda de Ansiães

> Igreja de Santa Eufémia da Lavandeira

vão permitir dar a conhecer e interpretar inúmeros elementos patrimoniais na área da arquitetura vernacular como são os fornos de secar figos, um lagar de azeite desativado, muros apiários, lagares escavados na rocha, entre outros. De iniciativa intermunicipal há a destacar a Criação de uma Rede Intermunicipal de Enoturismo e construção do “Wine Tourism Welcome Center de Carrazeda de Ansiães”. Uma candidatura submetida e aprovado pela Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior, prevê a criação de uma rede de “Welcome Centers” vocacionados para o enoturismo nos municípios promotores do projeto, nomeadamente o Município do Peso da Régua, o Município de Tabuaço, o Município de Carrazeda de Ansiães e o Município de Sernancelhe. Em Carrazeda de Ansiães vai estar localizado um dos “welcome centers”, uma estrutura que vai centralizar toda a informação sobre a oferta existente na área do enoturismo e do turismo de experiências, efetuando a ponte entre o turista e o produtor/ promotor de experiências reais e imersivas. Este espaço vai também ter uma área dedicada à venda e exposição dos produtos endógenos. A Criação da “Grande Travessia BTT do Douro Internacional e Vinhateiro é outros dos projetos estruturantes que resulta,

> Igreja de São João Batista - Rota do Património Religioso

igualmente, de uma candidatura à Linha de Apoio à Valorização do Interior, do Turismo de Portugal, coordenada pela Associação de Municípios do Douro Superior e que engloba um percurso BTT pelos concelhos de Carrazeda de Ansiães, Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa. A Grande Travessia BTT vai ter uma extensão de 275 km e conta com a construção ao longo do percurso de vários centros de BTT que funcionam como locais de apoio aos utilizadores da rota, assumindo a forma nomeadamente de centros intermédios de apoio e centros finais e términus de cada uma das etapas. No concelho de Carrazeda de Ansiães o traçado vai ter uma extensão de cerca de 16 kms. Uma terceira candidatura à mesma linha de apoio, vai permitir a criação da “Rota do Saber Fazer”. Tendo como entidade promotora a Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, este projeto quer criar uma oferta turística que reúna os detentores do saber fazer de caracter artesanal e associado às práticas rurais agrícolas e os operadores do setor do turismo, oferecendo um produto turístico estruturado e coeso e que seja o reflexo da identidade cultural transmontana. A Rota, já definida, tem 187 km de exten-

> Valorização paisagística e ambiental Santuário N. Sra. da Saúde

são e integra os Municípios de Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros e Mirandela. Por fim, o município vai avançar com a beneficiação da Rota do Douro, de elevado

> Novos Trilhos

> Nucleo do Ferreiro e do Ferrador

interesse paisagístico e turístico, uma vez que se encontra em pleno Património da Humanidade o Alto Douro Vinhateiro, permitindo ao turista fazer uma visita de qualidade a este local. ■


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São João da Pesqueira

AR altera lei que permite candidatos independentes Mais do que as escolhas dos partidos para este ou aquele concelho, um dos tema que marcou o arranque das autárquicas, que se realizarão entre setembro e outubro deste ano, foi a alteração à Lei Eleitoral Autárquica, que poderia impedir a candidatura de candidatos por movimentos independentes. Manuel Cordeiro, atual Presidente do Município de São João da Pesqueira foi um dos principais rostos deste movimento. A comissão de Assuntos Constitucionais discutiu, no passado dia 21 de abril, a alteração à lei eleitoral autárquica em que reduz o número de assinaturas dos grupos de cidadãos independentes e admite uma candidatura simultânea a uma câmara e assembleia municipais. Um dos primeiros artigos polémicos a ser alterado foi aquele que impedia que um candidato independente a uma câmara pudesse sê-lo também a uma assembleia municipal, um dos aspetos mais contestados pelos autarcas independentes nos últimos meses. Este artigo foi alterado por proposta do PCP e BE e aprovado por maioria, apenas com o voto contra do PSD. Outra norma alterada foi quanto à exigência de assinaturas pelos candidatos que se apresentem aos três órgãos au-

tárquicos: câmara, assembleia municipal e junta de freguesia. Ao contrário do que acontecia até agora, com a alteração à lei aprovada em 2020, os grupos de cidadãos que concorram à câmara e assembleia municipal "podem ainda apresentar candidatura aos órgãos das freguesias do mesmo concelho, desde que os proponentes integrem 1% dos cidadãos registados na freguesia". No caso dos 19 concelhos que integram a CIM Douro, São João da Pesqueira é o único gerido por um autarca independente, Manuel Cordeiro que foi anfitrião da primeira reunião dos autarcas independentes, que decorreu ainda durante o mês de março, com o objetivo de pressionar os órgãos decisores a alterar a lei que os condicionava. Em declarações ao nosso jornal, o autarca pesqueirense faz o balanço da luta dos autarcas independentes, considerando democraticamente justa a decisão agora conhecida. Qual o papel do Município de S. João da Pesqueira, nomeadamente do seu Presidente no desenlace deste resultado. O Município enquanto instituição não tomou nem tinha de tomar posição sobre o assunto. Pessoalmente e tendo sido eleito por um GCE, senti-me no dever de face ao novo ordenamento jurídico eleitoral das Autarquias, aprovado em Agosto de 2020, que penalizava de forma injustificada, mesmo inconstitucional, as candidaturas autárquicas independentes, praticamente as impedindo, senti-me no dever de diligenciar junto de outros autarcas eleitos nas mesmas condições, no sen-

> Na foto: Manuel Cordeiro, Isaltino Morais e Rui Moreira

tido de delinear uma estratégia conjunta de oposição à alteração legislativa, claramente direcionada, numa conceção partidocrática e redutora da participação cívica e politica do eleitorado, com a qual não podíamos de todo concordar. Obviamente recebi de todos os colegas eleitos nas lista independentes todo o apoio e solidariedade, tendo tido lugar no meu concelho a primeira reunião formal que iniciou uma posição estruturada e concertada de oposição à alteração legislativa de Agosto passado, que culminou felizmente com o recuo da maioria dos deputados da AR nesta questão, repondo-se a justiça e indo ao encontro de valores de igualdade, de cidadania e de formas de participação na vida democrática não baseada exclusivamente em partidos políticos, enriquecendo obviamente a qualidade da nossa democracia. Foi um recuo que também honrou os deputados e partidos que reconheceram que tinham errado. Era o resultado que estava a contar? A união demonstrada pelos autarcas em todo este processo, de forte oposição à pretendida alteração, aliada à justiça dos princípios que defendíamos que obteve inclusivamente algum respaldo ao nível da opinião publica e publicada, retirou espaço aos defensores da alteração. Os partidos que insistiram inclusivamente na manutenção das regras li-

mitativas das candidaturas independentes (especialmente o PSD), não prestaram sequer um bom serviço a si próprios, pelo que natural e previsivelmente serão justamente penalizados eleitoralmente nas próximas autárquicas. “Grosso modo” sim, foi o resultado que o bom senso ditava. Caso não fosse este o resultado, o movimento ponderava criar um partido politico? A possibilidade da criação do partido foi meramente instrumental, face à necessidade de criar um mecanismo célere que permitisse a participação das listas de independentes ao ato eleitoral autárquico, que objetivamente estava impedido de o fazer de forma razoável à luz da legislação eleitoral de agosto de 2020. Quando se chega ao paradoxo de ser mais fácil criar um partido do que concorrer a uma autarquia, há necessariamente algo que está mal. A intenção de criar bodes expiatórios nas candidaturas independentes, para justificar os fracassos de algumas lideranças partidárias, é claramente subverter valores e princípios, o que é intolerável. A ideia da criação do partido era o último recurso se a posição do legislador de agosto de 2020, se mantivesse. Diria até que por razões de “legitima defesa” tal possibilidade se colocaria, fruto de um contexto artificialmente criado. Felizmente com o recuo que teve lugar, tal cenário não se concretizou. ■


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Alijó

Dia Mundial do Livro celebrado com “Semana da Leitura” O Município de Alijó, através da Biblioteca Municipal, dinamizou a “Semana da Leitura” nos Jardins-de-Infância de Alijó, Pegarinhos, Pinhão, Sanfins do Douro, Vilar de Maçada e Vilarinho de Cotas. Durante toda a semana, a equipa da Biblioteca percorreu os Jardins-de-Infância, onde leu lengalengas e trava-línguas a todas as crianças. A iniciativa terminou no passado dia 23 de

abril, com a celebração do Dia Mundial do Livro. As crianças dos Jardins-de-Infância ouviram as obras “O Som das Lengalengas” e “Uma História de Dedos”, de Luísa Ducla Soares, “Trava-línguas”, de Luísa Costa Gomes, e “Travalengas”, de José Dias Pires. A iniciativa teve como objetivo incentivar o contacto com os livros e divulgar a importância da leitura regular. ■

Município ajuda a equipar nova ambulância dos Bombeiros Voluntários de Cheires A Câmara Municipal de Alijó concedeu um apoio financeiro pontual no valor de cerca de cinco mil euros à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cheires, que vai permitir equipar totalmente a nova ambulância de emergência pré-hospitalar (ABSC). Este apoio vem dar resposta a uma necessidade urgente desta Associação Humanitária ao permitir apetrechar a nova viatura de socorro com todos os equipamentos necessários para obter a certificação do INEM e, assim, efetuar emergência pré-hospitalar. ■

Novos percursos pedestres já estão a ser sinalizados por todo o Concelho Estão a decorrer os trabalhos de sinalização e homologação dos novos percursos pedestres que estão a ser criados em todas as Freguesias do Concelho de Alijó. Este projeto engloba a criação de 17 novos percursos pedestres e reforça a aposta do Município no Turismo de Natureza. Através deste produto turístico cada vez mais procurado, o Município pretende contribuir para a dinamização do pedestrianismo, assim como para

a manutenção e conservação de caminhos rurais. Este projeto resulta de uma candidatura aprovada através da Operação 10.2.1.6. “Renovação De Aldeias” do Programa de Desenvolvimento Rural 2014/2020, uma medida gerida pelos Grupos de Ação Local (GAL) de apoio à preservação, conservação e valorização dos elementos patrimoniais locais (paisagístico e ambiental). ■


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Região

Ferrovia é aposta do Governo Está previsto que Portugal tenha, dentro de um ano, um Plano Ferroviário Nacional (PFN). Até lá, o grupo de trabalho constituído para a sua elaboração irá ouvir as diferentes entidades regionais com o objetivo de fazer um levantamento das suas necessidades. Garantida está desde já a ligação a todas as capitais e distrito, significando que Vila Real irá ter o comboio de volta. De acordo com Frederico Francisco, coordenador do grupo de trabalho, “a primeira fase do plano, que agora arranca, dedica-se à auscultação de um conjunto de entidades, estando ainda previstas sessões regionais para levantar as necessidades que o país tem. Segue-se a redação do plano que, posteriormente, será submetido a uma nova ronda de participação pública e depois será entregue ao Governo, para que o possa aprovar e transformar em lei”. Frederico Francisco destacou ainda que o Plano Ferroviário Nacional “pretende ligar todas as capitais de distrito e cidades, a partir de 20 mil habitantes”. Próxima paragem: Vila Real A 25 de março de 2009 era encerrada a ligação ferroviária entre Vila Real e Régua (Linha do Corgo), pelo Governo então liderado por José Sócrates, alegando falta de segurança na ligação. Esta era a última ligação ferroviária da capital distrital que já em 1990 vira a ligação a Chaves encerrada. Com o recente anúncio do Plano Ferroviário Nacional, o regresso do comboio a Vila Real é uma certeza. “Para nós é claro que o comboio tem de chegar às capitais de distrito. Esperamos levar o comboio a Vila Real e Bragança porque Portugal não é só Lisboa e Porto", afirmou o ministro quando questionado pelos jornalistas já depois de assinalar a primeira fase do PNF. A notícia do regresso do comboio à cidade deixou, entre muitos outros, o autarca Rui Santos bastante satisfeito, afirmando que é a oportunidade “de corrigir um erro com cerca de 30 anos”. O autarca vila-realense lembrou ainda “que Vila Real é a única cidade universitária do país que não tem comboio e, hoje, a ferrovia é fundamental para o desenvolvimento dos nossos territórios. Temos a expectativa de que esse erro histórico seja corrigido e que no plano ferroviário nacional volte a contemplar Vila Real com a ferrovia”.

Contudo, Rui Santos afirma que a realidade de hoje “é diferente de há 40 anos”, referindo-se à rede rodoviária existente que está “muito bem estruturada”, obrigando a que “a linha ferroviária que venha por aqui a passar tem que ter um grau de sofisticação e de rentabilidade, de comodidade e de rapidez, tendo presente a realidade que hoje temos na área rodoviária. Caso contrário isso seria um fracasso”. Ambição ministerial Durante a sessão de lançamento do Plano Ferroviário Nacional, no passado dia 19 de abril, o Ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, assumiu a ambição de “terminar com os voos de menos de 600km na Europa”, o que, em Portugal, significaria a continuação apenas de uma ligação aérea, Bragança – Faro. “Se nós conseguirmos que entre Lisboa e Porto nós tenhamos uma distância de tempo de uma hora e um quarto, é mudar de forma radical a forma como nós nos organizamos dentro do nosso território”, afirmou o ministro, aproveitando para destacar as melhorias em termos de organização do trabalho, da organização das empresas e das potencialidades que serão criadas. Para Pedro Nuno Santos, Portugal está muito atrasado relativamente à Europa na ferrovia, um atraso que o governante quer começar a ver recuperado neste que é o Ano Internacional da Ferrovia. “A ferrovia está a crescer em toda a Europa. O ano 2021 é o Ano Europeu da Ferrovia, toda a gente já percebeu que a ferrovia é um meio de transporte do futuro, não é um meio de transporte do passado. Ao contrário de muito outros países europeus, ao contrário do nosso país vizinho, que ao mesmo tempo que investia na rodovia, nunca deixou de investir na ferrovia, ao contrário de muitos países europeus e nomeadamente, mais uma vez, de Espanha, nós temos muitos anos de atraso para recuperar”. A “mochila” da CP "Temos de sanear a dívida histórica da CP, que é uma mochila que a CP carrega porque o Estado no passado não pagava, mas impunha que a CP prestasse serviço", afirmou o ministro durante a sessão. O governante afirmou ainda que "se queremos mais operação e mais comboios em funcionamento precisamos de continuar a reforçar quadros de pessoal da CP", não esquecendo do material circulante que já foi e está a ser recuperado nas oficinas da EMEF, e aquele que será adquirido. Para Pedro Nuno Santos o PNF pode significar o alavancar de uma indústria do futuro. "Se vamos voltar a ter ferrovia em Portugal, se vamos expandir a rede, se vamos comprar comboios, não há nada num comboio que não consigamos fazer, não há nenhuma razão para que Portugal se limite a comprar lá fora". Requalificação da Linha do Douro prossegue Entretanto, no final do mês de março a IP anun-

> Na foto: Pedro Nuno Santos, Ministro das Infraestruturas

ciou um investimento de 5,9 Milhões de euros para a requalificação do troço entre o Pinhão e o Tua, numa extensão de cerca de 12 quilómetros, com um prazo de execução de 300 dias. Esta intervenção tem por objetivo a requalificação da infraestrutura de via neste troço e insere-se no Plano de Reabilitação da Linha do Douro que a IP tem em curso. A IP explicou que estão contemplados trabalhos de substituição integral das travessas de madeira por travessas de betão bibloco e também a substituição de carril e transformação de barra curta em barra longa soldada. Com esta intervenção, a empresa visa a "melhoria dos níveis de segurança, qualidade, fiabilidade e disponibilidade da infraestrutura", ainda a "melhoria dos níveis de conforto e comodidade para os passageiros" e a redução dos custos de manutenção". Reabertura até Barca D’Alva vai avançar A reabertura da Linha do Douro até Barca D’Alva será também uma realidade, a confirmação foi dada pela Ministra da Coesão Territorial, em Torre de Moncorvo, numa reunião com a CIM Douro, a IP e a CCDR-N, que serviu ainda para a criação de um grupo de trabalho que irá estudar o modelo de reabertura do troço Pocinho – Barca D’Alva, encerrado desde 1988. "A ideia é definirmos que modelo queremos para retomar esse troço. O grupo de trabalho vai fazer a análise custo-benefício, vai tentar perceber, com os atores da região, o melhor modelo para essa retoma. "Teremos novidades sobre qual a opção para retomar, qual o investimento envolvido e quais as fontes de financiamento". De acordo com o que já foi dado a conhecer a reabertura deverá ter como base o transporte de passageiros, aproveitando o turismo da região, contudo, a ministra não coloca de lado a hipótese também do transporte de mercadorias. "Estamos a falar de uma região que tem um potencial turístico e produtivo muito importante em várias áreas. É um verdadeiro projeto de coesão territorial, para fomentar o turismo, a agricultura, a agroindústria, e é um projeto que é uma alternativa ao transporte fluvial, que tem

as suas limitações pelas condicionantes ambientais", salientou a ministra. De acordo com um estudo da Infraestruturas de Portugal (IP), a reabertura deste troço deverá ter um custo de cerca de 47 Milhões de euros, tendo já também o Ministro das Infraestruturas, afirmado o seu apoio à intervenção. "Sou a favor da extensão da Linha do Douro até Barca d'Alva. Tem um potencial turístico muito importante. É uma das regiões mais bonitas do Douro", admitiu o governante em audição parlamentar em 22 de março. Recorde-se ainda que no início do mês de março foi aprovada, por unanimidade, uma petição para a reabertura da Linha do Douro até Barca D’Alva, apresentada pela Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, e que reuniu quase 14 mil assinaturas. Corgo, Tua e Sabor. As linhas encerradas no Douro Se até aos finais da década de 80 o comboio era um meio de transporte comum na região do Douro e Trás-os-Montes, os sucessivos encerramentos de linhas a partir de 1988 vieram alterar esse cenário. Os primeiros encerramentos aconteceram no Douro Superior com a ligação entre Pocinho e Barca D’Alva a encerrar em 1988, ano em que também foi fechada a Linha do Sabor que ligava o Pocinho a Miranda do Douro. Já na década de 90, em 1991, foi a Linha do Tua que viu parte do seu percurso encerrar por motivos de segurança, após um descarrilamento em Sortes. No início do ano seguinte, em 1992, foi encerrado o troço entre Macedo de Cavaleiros e Bragança. Na Linha do Tua manteve-se em funcionamento o troço de cerca de 60 km entre Mirandela e a foz do Tua, que viria a encerrar definitivamente em 2008 com a aprovação do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico, que levou à construção da barragem Foz-Tua e consecutiva inundação do traçado. A Linha do Corgo, na sua ligação entre Peso da Régua e Vila Real foi a última a encerrar, em 2009 por motivos de obras, acabando por ser oficialmente encerrada em a 1 de janeiro de 2012. ■


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Autarquia vê aprovado Escolhas de oitava geração O projeto OPTA foi aprovado pelo Alto Comissariado para as Migrações IP, no âmbito do programa Escolhas de oitava geração E8G, num total de 105 projetos submetidos a candidatura a nível nacional. A candidatura apresentada pela Câmara Municipal contempla um projeto ambicioso que será operacionalizado pela Santa Casa da Misericórdia de Armamar. Nesta edição juntam-se à Autarquia e Santa Casa onze entidades locais para concretizar as medidas

aprovadas. O OPTA, Orientar e Promover Trajetórias de Aprendizagem de Armamar, dispõe de cerca de 100 mil euros para desenvolver nos próximos dois anos ações em torno da promoção do sucesso e reintegração escolar, diminuição do absentismo, alfabetização e competências básicas, a diminuição dos estereótipos de território, etnia, género, religião, orientação sexual, entre outros. Na oitava geração, o programa Esco-

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Armamar

lhas alarga a sua ação à integração social de crianças, igualdade de oportunidades na educação e emprego, o combate à discriminação social, a participação cívica e o reforço da coesão social, e destina-se a todas as crianças e jovens, particularmente as provenientes de contextos com vulnerabilidade socioeconómica. A inclusão digital e a promoção da saúde passam também a integrar as áreas estratégicas de intervenção do Programa Escolhas. ■

Armamar em fotografia, o passado no presente A Câmara Municipal de Armamar preparou um desafio no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios (DIMS), que se assinala anualmente a 18 de abril. A ideia é que os Armamarenses procurem fotografias antigas que tenham em seu poder e as partilhem no evento criado na página de Facebook de Armamar, Terra de Emoções até ao final do próximo dia 18. Podem ser paisagem ou retrato, lugares que o tempo mudou, ruas ou edifícios antigos que o tempo fez desaparecer ou alterou, trabalhos agrícolas, festas e tradições,

artes e ofícios, entre outras. Com a iniciativa a Autarquia procura sensibilizar para a importância de preservar a memória coletiva dos armamarenses.

O DIMS foi criado pelo Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS) a 18 de abril de 1982, e aprovado pela UNESCO no ano seguinte, com

o objetivo de sensibilizar os cidadãos para a diversidade e vulnerabilidade do património, bem como para a necessidade da sua proteção e valorização. ■

ELH de Armamar vai ser apresentada dia 28 A Câmara Municipal vai apresentar no próximo dia 28 de abril a Estratégia Local de Habitação (ELH) de Armamar, estudo desenvolvido pela Autarquia, com a colaboração da Vale Consultores. A ELH de Armamar abrange o período 2021-2027, partindo do diagnóstico atualizado das carências habitacionais das famílias Armamarenses. Este estudo será a base para o enquadramento e elaboração de uma candidatura ao “Programa 1º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação”. Em articulação com outros instrumentos de gestão estratégica e objetivos do município, a ELH assenta num modelo de intervenção realista, pragmáti-

co e mensurável, para orientar e articular as políticas públicas de habitação e a atuação das entidades públicas e privadas. A construção deste documento desenvolveu-se em torno dos vetores: diagnóstico atualizado das situações de carência habitacional; estado do mercado de habitação; estado de conservação do parque habitacional; opções estratégicas em função do diagnóstico de carências habitacionais, articulados com outras políticas de habitação em vigor; estimativa financeira de soluções habitacionais identificadas e enquadramento das potenciais fontes de financiamento e; desenho de um plano de

ação em função dos objetivos e recursos disponíveis. Com a definição da ELH, o Município de Armamar fica mais próximo da resolução dos problemas habitacionais da população e logo do desenvolvimento social do concelho, estando mais apto a mobilizar recursos financeiros para o seu território. A ELH é o principal instrumento da Nova Geração de Políticas de Habitação e procura responder às prioridades nacionais, quer no que respeita a famílias em situação de grave carência habitacional, quer recorrendo a outras soluções ou instrumentos que promovam a habitação acessível. ■

Ginásio de Armamar reabre com medidas COVID-19 A Câmara Municipal reabriu na passada segunda-feira, 26 de abril, o ginásio instalado no edifício das Piscinas Cobertas de Armamar. O equipamento vai retomar a ati-

vidade, mas com muitos ajustes ao seu funcionamento para garantir o cumprimento das normas estabelecidas no âmbito do combate à COVID-19 e, bem assim, salvaguardar a

saúde dos seus utilizadores e profissionais. Foi elaborado um plano de contingência específico para aquele espaço, onde constam todas as medidas, re-

gras e procedimentos a observar. Os documentos estão disponíveis na página do município na Internet e nas redes sociais de Armamar, Terra de Emoções. ■


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Vila Real

UTAD lidera projeto UTAD FOOD ALLIANZ Aprovado recentemente pelo Portugal 2020 este liderado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), tem como objetivo estudar a cadeia alimentar assente no conceito “Farm to fork” (do campo ao prato).

O conceito “Farm to fork” tem como base a correta alimentação dos animais, com vista uma melhor saúde e bem-estar destes, refletida numa alimentação saudável e de qualidade do consumidor de carne. “A indústria da alimentação animal europeia é fortemente dependente de recursos alimentares ricos em proteínas, fortemente dependente de mercados externos e de difícil sustentabilidade a longo prazo”, explica Emídio Gomes, responsável pelo projeto.

Por outro lado, a alimentação animal, assim como a saúde e o bem-estar dos animais “têm impacto na qualidade de carne e dos produtos cárneos e, consequentemente, na saúde do consumidor”, acrescenta. Este projeto pretende assim dar resposta a estas questões através do desenvolvimento de novos métodos e estratégias desde a produção de alimentos para animais, passando pela avaliação da saúde e bem-estar destes e pelo comércio de carnes e produtos cárneos, até ao estudo das preferências e ou tendências e ainda da perceção dos consumidores, englobando assim trabalhos inovadores ao longo de toda a cadeia de valor alimentar. Pretende ainda aplicar os princípios da economia circular tendo prevista a valorização de subprodutos, com vista à obtenção de novos produtos inovadores, numa lógica de sustentabilidade da cadeia de valor alimentar. “Espera-se com este projeto fortalecer o conhecimento sobre as ten-

dências do consumo de produtos de origem animal, com o objetivo de ajudar o setor a preparar-se e adaptar-se às mudanças esperadas e fomentar o conhecimento e a inovação ao nível da cadeia alimentar”, conclui Emídio Gomes. O UTAD FOOD ALLIANZ insere-se dentro dos objetivos da “Rede Internacional de Food Chain Alliance” - composta pela UTAD e pelo INIAV - Instituto

Nacional de Investigação Agrária e Veterinária - que constitui a participação portuguesa da rede europeia “Food Chain Management Alliance”, liderada pela Fraunhofer Gesellschaftuer. Esta Rede pretende contribuir para a discussão e elaboração de importantes documentos para o futuro do setor da carne, em estreita ligação com a FEFAC - European Feed Manufacturers Federation. ■

Torre de Moncorvo

Administradora da EDP produção inaugura Hortas Comunitárias de Torre de Moncorvo No passado dia 22 de abril, a administradora da EDP Produção procedeu à inauguração das hortas comunitárias de Torre de Moncorvo, estando presente o Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, o Vice-presidente, Victor Moreira, e a Vereadora responsável pelo pelouro do ambiente, Piedade Meneses. A iniciativa que foi implementada pelo Município de Torre de Moncorvo, no decorrer do passado mês de março, contou com o apoio da EDP Produção. No decorrer da visita às hortas comunitárias Joana Freitas, Administrado-

ra da EDP Produção salientou que “ficamos muito contentes de ver a nossa pequena ajuda viabilizar um projeto que é útil à região e que em particular apoia famílias carenciadas do muni-

cípio.” Aproveitou ainda para “dar os parabéns desta iniciativa e dizer que ficamos muito contentes de poder estar associados à fruição desse apoio para a comunidade.”

Relembramos que as hortas comunitárias de Torre de Moncorvo são constituídas por talhões de 50 a 100 m2 e beneficiam 40 famílias moncorvenses. ■


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São João da Pesqueira

Concluída a 1ª fase da futura loja do cidadão Estão a ser concluídas as obras exteriores do edifício destinado à futura Loja do Cidadão, um espaço que vai congregar num único local serviços públicos atualmente dispersos, de forma a simplificar a vida dos munícipes, melhorando a eficiência e rapidez no atendimento, tornando-o mais próximo e promovendo a literacia digital por via do apoio assistido na prestação dos serviços públicos digitais. ■

Comemorações do 25 de abril A Câmara Municipal num ano ainda limitado pela pandemia Covid-19, decidiu erguer um singelo mas sentido monumento, por forma a honrar todos os militares do concelho que foram destacados para a guerra colonial, especialmente os que faleceram, desta forma expressando a sua gratidão e respeito pelo seu sacrifício . Este memorial é para honrar estes homens, mas servirá sobretudo para Lembrar às gerações mais novas que nunca esqueçam que Portugal tem uma História, que Portugal e o seu Concelho tem pessoas que lutaram pela sua Pátria e pela Liberdade que hoje todos temos e usufruímos!

Devido às regras para este tipo de cerimónia, e para salvaguar o bem maior que é a saúde e a vida das pessoas, através das juntas de freguesia, foi convidado apenas um ex-combatente (o mais idoso de cada freguesia) como representantes de todos os seus camaradas. Esperamos que para o ano e debelada a pandemia já seja possível a todos marcar presença nas próximas comemorações. Convidamos todos a visitar o Memorial aos Antigos Combatentes do Ultramar do Concelho de S. João da Pesqueira, localizado no jardim em frente à Caixa Agrícola. ■

Centro Intermunicipal de Recolha Oficial de Animais de Companhia Os Municípios de S. João da Pesqueira, Penedono e Sernancelhe juntaram-se para criar um centro de recolha de forma a servir os três concelhos. O objetivo passa por acabar com o número de animais abando-

nados e reduzir os ataques dos cães vadios às pessoas. Esta nova infraestrutura que está em fase de conclusão, representa um investimento de cerca de 300 mil euros. ■


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Murça

Cerca de 5.000m2 de placas de fibrocimento retiradas de escola Está a decorrer o processo de remoção de placas de fibrocimento que serviam de revestimento ou cobertura da Escola Básica e Secundária de Murça. Este tipo de material, considerado de risco para a saúde dos utentes, é razão suficiente para se proceder à sua extração e eliminação. Há 36 anos que este tipo de material fazia parte dos diferentes pavilhões deste edifício público, tornando cada vez mais débil o seu estado de conservação, comprometendo o ambiente e a saúde de quem o frequenta. Para os jovens estudantes, professores, auxiliares e comunidade em geral, esta intervenção trará a este local de trabalho e aprendizagem

maior segurança e bem estar. Esta intervenção faz parte do projecto geral das obras de remodelação daquele equipamento escolar, num total de 2.8 Milhões de Euros. Para o executivo Municipal, a remoção deste material constituía uma prioridade, fazendo tudo que estava ao seu alcance para que fosse retirado na sua totalidade, ou seja, quase 5.000m2 de placas de fibrocimento existentes. A operação está a cargo de uma empresa certificada, com responsabilidade e garantia de segurança nos trabalhos de remoção, no seu transporte para o sítio definido para a sua decomposição, e consequente descontaminação do local. O Município de Murça, tem vindo a promover medidas que visem a remoção de placas de fibrocimento, com material potencialmente nocivo à saúde, também nas habitações particulares. Além do aconselhamento prestado pelos seus técnicos, a Autar-

quia disponibiliza mesmo, um apoio financeiro às operações de reconstrução ou recuperação de imóveis que impliquem a retirada ou substituição deste tipo de materiais. Este financiamento é atribuído mediante o estabelecido no regulamento específico existente e disponível aos munícipes.

Este tipo de medidas contribui para que mais rápido se proceda à remoção, substituição e eliminação deste tipo de material potencialmente perigoso para a saúde, em todo o Concelho, para que todos possam ter melhores condições de segurança e salubridade.■

Lamego

Produtores esperam um bom ano para a cereja da Penajóia Sobranceira ao rio Douro, é na freguesia da Penajóia, em Lamego, que amadurecem as primeiras cerejas da Europa. As cerejeiras exibem já os primeiros frutos “pintados” de encarnado, num ano em que há a expectativa de uma boa produção. Ricardo Simões é o presidente da Amijóia -Associação dos Amigos e Produtores de Cereja da Penajóia e produtor, de acordo com as declarações prestadas ao nosso jornal, este ano a expectativa é de uma boa produção apesar das noites frias que impediram o vingamento de alguns frutos e da chuva que se tem feito sentir na reta final de abril, quando já começam a ficar prontos os primeiros frutos. “Tínhamos a expectativa de ser um bom ano. Há variedades que vão ter uma boa produção mas outras não produziram, na época do vingamento

(passagem da flor para o fruto) houve umas noites muito frias o que fez com que o fruto não vingasse. A cereja que vem agora por estes dias, da zona mais junto ao rio, e que é a primeira da europa também tem causado alguns problemas por causa da chuva que se tem feito sentir que estraga o fruto. Contudo a expectativa é que seja um bom ano. Conhecida como a “primeira cereja da europa” ganha esse estatuto devido ao micro clima que se gera na zona ribeirinha da freguesia “com temperaturas mais altas e bastante humidade”, fazendo com que o fruto se desenvolva mais rapidamente e que “ganhe uma textura e doçura adicional, características muito apreciadas pelos consumidores”. Com a atual situação pandémica, pelo segundo ano consecutivo, a Montra da Cereja da Penajóia não se realizará, representando um revés para os produtores que assim se veem impossibilitados de vender a cereja ao cliente final, a um preço mais apelativo do que para os intermediários. “Uma das razões para a realização da Festa da Cereja é a promoção do fruto.

No ano passado e este ano, devido à pandemia a festa não se pode realizar e essa promoção irá passar mais pelos canais online com a divulgação de um vídeo promocional que em breve será divulgado nas redes sociais. A não realização deste evento é também um revés para os produtores porque era um local onde a cereja acabava por ser vendida por um preço mais alto, porque é vendida diretamente ao cliente final em vez de um intermediário, o que gerava também um maior rendimento”. Em ano pandémico, conta-nos Ricar-

do Simões, os produtores estão preocupados com o escoamento do produto que habitualmente esgota no mercado nacional. “Os produtores estão um pouco apreensivos em especial no que diz respeito ao escoamento do produto, as pessoas perderam poder de compra e a cereja, sendo um fruto, um alimento, não é um bem de primeira necessidade, isso pode levar a grandes quebras nas vendas. É um produto que se esgota no mercado nacional até porque a freguesia é pequena e a produção não é intensiva”. ■


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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DO INTERIOR - DOURO

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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA Perceções dos residentes no Douro sobre o desenvolvimento turístico da região – Alguns resultados do estudo dos residentes no âmbito do Projeto Dourotur

Ana Paula Rodrigues

Docente da UTAD Membro da equipa do Projeto Dourotur Membro da APM - Associação Portuguesa de Management

O projeto Dourotur – Turismo e inovação tecnológica no Douro foi implementado no período de 2016 a 2019 e pretendeu criar propostas para melhorar a competitividade do destino turístico “Douro”, através de um turismo mais criativo, sustentável, responsável e durável. No âmbito deste projeto, o desenvolvimento turístico dos 19 concelhos que integram a região Douro constituiu uma das suas temáticas de relevo. Nesse contexto, uma das linhas de investigação deste projeto foi a análise das perceções dos residentes destas comunidades. O objetivo do estudo das perceções dos residentes foi dar voz às gentes que vivem este território duriense, ou seja, compreender a perspetiva dos residentes acerca do desenvolvimento turístico e dos fatores que influenciam esse desenvolvimento. Para esse efeito, foi usada uma metodologia quantitativa, com base numa inquirição por questionário aplicado presencialmente a 461 residentes dos 19 concelhos que integram a região Douro. Para a aplicação do questionário foram estabelecidas quotas por sede de concelho, género, idade e habilitações literárias. A atitude dos residentes face ao desenvolvimento do turismo A literatura relacionada com o turismo tem vindo a estudar sistematicamente como os residentes percebem o desenvolvimento do turismo e o respetivo impacto nas suas comunidades, procurando, assim, compreender

o papel que os residentes desempenham no planeamento do turismo e a necessidade de incluí-los para alcançar o desenvolvimento sustentável do setor. Neste contexto, o sucesso e a sustentabilidade de qualquer projeto de desenvolvimento turístico depende fortemente da cooperação da comunidade local. Essa constituiu uma das questões mais importantes do estudo em causa e a principal conclusão revela que, nitidamente, os residentes que responderam ao questionário apoiaram o desenvolvimento turístico na sua comunidade. Foram várias as conclusões obtidas, sendo destacado as apresentadas seguidamente. A perceção dos residentes sobre os efeitos do turismo Os efeitos do turismo podem ser percebidos de maneiras diferentes pelos habitantes locais numa comunidade. Estes efeitos sentidos resultam, frequentemente, tanto do próprio desenvolvimento do turismo, quanto das interações entre turistas e residentes. No entanto, independentemente da sua origem, o turismo pode ter um efeito irrevogável sobre os valores da comunidade, padrões de comportamento, estilo de vida e qualidade de vida dos residentes. No estudo em causa, em termos de efeitos do turismo, verificou-se que os residentes inquiridos perceberam mais os benefícios do que os custos associados ao turismo, ou seja, apurou-se uma perceção positiva sobre os benefícios do turismo, enquanto os custos do turismo não foram percebidos com grande intensidade. A imagem dos residentes relativamente à sua comunidade A imagem que os residentes têm das comunidades onde vivem é crucial, uma vez que afeta a sua atitude e comportamento, assim como a perceção dos efeitos do turismo e o apoio ao desenvolvimento do setor. Em termos

médios, foi verificado no estudo que os residentes inquiridos não detinham uma imagem cognitiva muito forte e cristalizada das comunidades, destacando de forma evidente os atributos ligados à segurança, à paisagem, ao clima e ao facto de os moradores locais serem amigáveis. A imagem afetiva foi maioritariamente positiva: os residentes consideraram que a sua localidade é calma, sossegada, relaxante e alegre. Satisfação com a comunidade A satisfação sentida pelos moradores com a sua comunidade está intimamente relacionada com os efeitos positivos e negativos percebidos em relação ao turismo na sua localidade. Em relação à satisfação com a comunidade, os residentes demonstraram um moderado grau de satisfação com o local onde vivem. Apesar de destacarem a qualidade de vida, revelaram-se um pouco descrentes em relação ao futuro da sua comunidade no que toca a melhores condições. Descrição da comunidade de um ponto de vista turístico No âmbito deste estudo aplicado aos residentes foi solicitado que os respondentes descrevessem a sua comunidade de um ponto de vista turístico. Através da nuvem de palavras visível na Figura seguinte pode observar-se as

palavras mais frequentemente usadas pelos participantes. Pode observar-se o conjunto de palavras mais recorrentes, obtendo uma descrição da comunidade local. Em destaque realçam-se os seguintes termos: monumentos, paisagem, atrativa, potencial, calma e gastronomia, com ocorrência superior, percebendo-se que a generalidade dos participantes se baseia sobretudo nestes adjetivos para descrever a sua comunidade. Outros aspetos foram analisados neste estudo (por exemplo, a dependência económica, o nível de interação com os turistas, a confiança nas instituições ligadas ao turismo, etc.), os quais foram expostos como outputs do projeto nas plataformas a ele associadas. Em síntese, esperou-se que os resultados obtidos no estudo das perceções dos residentes das comunidades durienses contribuíssem para o desenvolvimento do destino turístico Douro, expondo indicadores que poderiam funcionar como agentes facilitadores do desenvolvimento de iniciativas turísticas. Além disso, esperou-se neste estudo adquirir uma melhor compreensão dos elementos que caracterizam a perceção dos residentes durienses sobre o desenvolvimento do turismo e os seus efeitos nas comunidades onde vivem.


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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA

O DOURO TEM FUTURO Ângelo Moura Presidente da Câmara Municipal de Lamego

Refletir sobre sustentabilidade e desenvolvimento no interior, no âmbito do nosso território, é pensar Douro. O Douro tem de ser projetado como um todo, uma região de futuro, alicerçado no crescimento sustentado dos seus setores fundamentais, nomeadamente o enoturismo e a agricultura, em estreita ligação com o desenvolvimento social dos seus habitantes. Estão reunidas todas as condições intrínsecas para elevar esta região a uma referência mundial de excelência, construindo, em estreita parceria com todos os agentes políticos, económicos, sociais e culturais, um território competitivo e sustentável. O caminho que deve ser selecionado e

percorrido pelos dirigentes políticos e associativos da região deve ter como objetivo principal o bem-estar das nossas gentes, promovendo a integração dos principais núcleos urbanos com as zonas de cariz eminentemente rural. O Douro deve ser um local de fixação de pessoas assim assegurando o futuro. Deverão ser promovidas soluções inovadoras no âmbito da mobilidade e ser assumido, com coragem, uma planificação estruturada do território, com definição dos núcleos urbanos sustentáveis. Esta assunção é indispensável para, com racionalidade, potenciar a execução dos projetos estruturantes, no âmbito dos programas comunitários disponíveis. Devemos todos, solidariamente, pugnar pela concretização de novos investimentos em infra-estruturas, nomeadamente na construção e modernização de acessibilidades que nos coloquem mais próximos da Europa

e do Litoral do país. Os novos investimentos devem privilegiar as ligações rodoviárias, ferroviárias e fluviais de forma a tornar mais competitivo o nosso tecido empresarial e contribuir significativamente para a criação de emprego. De sublinhar aqui a importância da recente aprovação, pela Assembleia da República, por unanimidade, dos projetos de resolução que defendem a requalificação da linha do Douro e a reabertura do troço Pocinho-Barca de Alva, cuja concretização se impõe. Esta decisão constitui um enorme passo em frente no sentido da valorização e da dignificação da região do Douro e representa mais um sinal da relevância da Linha do Douro no quadro dos atributos que levaram à classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial pela UNESCO. Em simultâneo, devemos continuar a trilhar o caminho da valorização do setor primário, procurando devolver o orgulho à condição de agricultor, esteio de desenvolvimento da economia regional duriense, fazendo homenagem ao “lavrador do Douro”. Todos, de forma articulada e coordenada,

Governo e Autarcas, devemos pugnar pela incrementação dos setores económicos suscetíveis de criarem valor acrescentado, produzindo riqueza em espiral sustentada, com a observância de regras equilibradas de gestão territorial e ambiental, pela implementação de redes e soluções digitais e pela promoção de políticas integradas visando o bem-estar e a coesão social garantindo um futuro promissor às novas gerações, colocando sempre as pessoas no centro da ação. Os setores da educação, da ação social e da cultura constituem pedras basilares do desenvolvimento humano pelo que o investimento em tais áreas é condição sine qua non ao alcançar daquele desiderato. Numa palavra, apenas com a fixação de pessoas, sobretudo os jovens, e a criação de novos empregos será possível garantir o desenvolvimento sustentável de um território que tem, dentro de si, todos os recursos para singrar num quadro macroeconómico cada vez mais competitivo. O Douro tem futuro.

vio para o processo de repovoamento. Porque pretendem os jovens viver nas aldeias despovoadas? Uma parte significativa dos nossos jovens está atenta às alterações climáticas e procura estilos de vida longe da poluição citadina. E para esses jovens, consequência das alterações aos modelos de trabalho, fazem-no a partir de qualquer lugar, desde que tenham acesso à internet. E por isso, um país com uma das maiores taxas de cobertura de internet, com sol durante todo o ano, afirma-se como um atrativo para essa geração. E as aldeias, estarão preparadas para receber novos residentes? Em Aldeia, uma aldeia de Cinfães, a população não acreditava que aqueles jovens estudantes da Universidade do Porto que visitavam há um ano aquele lugar cumprissem a sua promessa de ali viver. E assim aconteceu: quatro jovens ins-

talaram-se nessa aldeia, na casa dos familiares de um colega de universidade. Estão a desenvolver o projecto “Casa da Abóbora”, que engloba permacultura, turismo meditativo e residências artisticas. É um novo recomeço para quem chega, e um alento para a aldeia. Na Madeira, e com o apoio da Secretaria Regional da Economia, criaram um espaço para “Nómadas Digitais” na vila da Ponta do Sol. São esperados muitos “trabalhadores remotos”, pessoas e casais que trabalham online. O movimento já começou. Cabe a cada freguesia, a cada lugar anunciar o seu interesse para acolher novos residentes para que isso possa acontecer. Depois do e-mail, que revolucionou a forma como comunicamos, as e-villages vão revolucionar a forma como vivemos.

E-Villages

Frederico Lucas coordenador do Programa Novos Povoadores Portugal tem um milhão de imóveis em estado de ruina, muitos deles nas aldeias. A emigração e a revolução industrial foram o mote para o despovoamento, promovendo a ascensão social da população rural. Passaram seis décadas, e a realidade mostra-nos hoje que uma parte significativa da população empregada em

meio urbano vive no limiar de pobreza. Perante isto, os jovens que procuram local para residir, evitam os elevados custos com habitação nas cidades e optam por soluções à sua medida: periferia das cidades; casas e quintinhas em meio rural; autocaravanas. Mas existe um problema cuja solução parece mais complexa: apesar de abandonadas, as ruinas em meio rural não estão à venda. Por ser herança, os proprietários não pretendem alienar essas ruinas, e os interessados ficariam sem oportunidade de viver nessas aldeias, participando assim no seu processo de repovoamento. A solução que tem sido encontrada é o contrato de Comodato, que permite ao comodatário recuperar e habitar o imóvel e ao comodante manter a propriedade sem custos de recuperação e manutenção. E este parece ser o caminho mais ób-


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Alijó

Cultura de espargos já é realidade no Douro Quando falamos de agricultura no Douro a primeira imagem que temos são as vinhas, os olivais e amendoais, as cerejeiras e os soutos de castanha. Contudo cada vez mais é possível encontrar culturas diferenciadas como é o caso dos espargos no concelho de Alijó. Foi na Holanda e na Suíça, onde trabalhou na colheita dos espargos, que José Rodrigues ganhou inspiração para se dedicar a esta cultura no regresso à sua terra natal. “Já tinha estado na Holanda a fazer a apanha de espargos mas aí era espargo branco, o processo de cultivo é diferente e para mim é mais complicado porque obriga a ter alguma maquinaria específica. Em 2014 na Suíça vi o processo todo desta cultura e achei logo que podia resultar aqui na nossa zona até porque o solo tem características semelhantes. Quando cheguei, comprei as plantas, cultivei-as no viveiro e transplantei no ano seguinte”. Inicialmente as reservas eram muitas, até por parte de seu pai, homem habituado às lides agrícolas mas que nunca tinha tido nenhum contacto com esta cultura. “Quando comecei com isto o meu pai dizia que eu era maluco, que não ia dar nada. Quando transplantamos do viveiro para o terreno percebemos que afinal poderia dar até porque as raízes estavam bem desenvolvidas e a verdade é que logo no primeiro ano na terra começaram a produzir. O meu pai nunca tinha comido espargos, apanhei alguns e levei para casa para ele experimentar, no final ele acabou

por dizer que tinha sido uma boa decisão, nem que fosse só para nós comermos”. Habitualmente, no primeiro ano de cultivo não é normal haver produto em condições, contudo, no terreno de José foi possível apanhar cerca de 500 quilos de espargos, o prenuncio do que aí viria já que no segundo ano o volume foi elevado, chegando mesmo ao ponto de apanhar 100 quilos num só dia, obrigando o agricultor a procurar formas de escoar o seu produto, a solução foi uma cooperativa existente em Felgueiras. Uma solução que a pandemia veio limitar fazendo com que as vendas se virassem para as plataformas online. “No primeiro ano nem se costuma tirar mas as plantas estavam tão fortes que acabamos logo por colher cerca de 500 quilos. No ano seguinte, já com as plantas bem desenvolvidas, num só dia apanhei 100 quilos e comecei a pensar o que ia fazer com tantos espargos. Acabei por contactar a cooperativa, em Felgueiras e nesse ano despachei para lá todo o produto. No ano passado, com a pandemia, a cooperativa começou a evitar receber tanta quantidade de espargos porque também não os conseguia escoar, foi nessa altura que o meu irmão me disse para começar a vender online, e a verdade é que foi um sucesso, é quase irónico mas

para mim 2020 foi um ano excelente”. Comparando o trabalho desta cultura com a mais comum na região, a vinha, José Rodrigues apressa-se a somar vantagens: menos trabalho, mais rendimento e menos prejuízo. “Em comparação com a vinha o trabalho é diferente, apesar de algumas semelhanças, desde logo o tempo que vai desde a sua plantação à primeira colheita a sério, que acontece pelo terceiro ou quarto ano. Depois há a questão dos produtos, esta cultura é menos tolerante a alguns produtos mas isso é algo que também pretendo evitar, quero manter esta cultura o mais natural possível. Uma grande diferença está na produção, o espargo dá durante 3 meses que são intensivos, todos os dias temos que estar no terreno a colher, durante o resto do ano o trabalho é pouco, ocupando cerca de dois meses apenas. Outra vantagem desta cultura, comparativamente com a vinha ou outras desta região, é a questão das intempéries, se vem uma tempestade de granizo pode perder-se uma cultu-

ra em escassos minutos, no caso dos espargos não, como cresce debaixo da terra e dá constantemente durante 3 meses, caso venha uma tempestade perde-se a cultura de 2 ou 3 dias, na semana seguinte estamos novamente a colher produto sem problema nenhum. Ou seja, em vez dos 1500 quilos produzo 1200, 1300… é algum prejuízo mas não se perde tudo como acontece na vinha, por exemplo”. Atualmente José Rodrigues produz cerca de 2 toneladas deste produto, o objetivo é duplicar a produção mas o agricultor também tem amendoeiras e vinha “para ter o que fazer ao longo do ano”. “Atualmente produzo cerca de 2 toneladas e no próximo ano devo chegar às 3 toneladas. Daqui a 2 anos que é o ano cruzeiro devo chegar às 4 toneladas. É algo que começou quase como carolice mas está a tornar-se um negócio sério. Não tenciono plantar mais do que aquilo que tenho, até porque quero ter outros produtos mas o espargo é aquilo que me vai dar o rendimento anual”. ■

Sernancelhe

Biblioteca Municipal emprestou mais de 1200 livros durante o confinamento No Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor a Biblioteca Municipal Abade Vasco Moreira, em Sernancelhe, revelou que durante os confinamentos por causa da pandemia da Covid-19 emprestou mais de 1200 livros aos munícipes, numa ação de proximidade e solidariedade que ajudou a promover a leitura, a quebrar o isolamento e a superar os longos confinamentos a que todos fomos sujeitos. Apesar de ter estado encerrada por longos períodos, a Biblioteca de Sernancelhe nunca quebrou o vínculo com os seus utentes. Sempre respeitando as normas impostas pela Direção Geral de Saúde, desde março de 2020 que os sernancelhenses receberam sempre as novidades literárias ou as obras de que necessitavam para pesquisa ou trabalhos escolares.

A Proteção Civil Municipal foi parceira neste processo, levando a magia dos livros a casa das pessoas. Assim como os técnicos do Contrato Local de Desenvolvimento Social que, contactando com os munícipes através do projeto “Conversas à Janela”, serviram de portadores de livros à população que integra a Rede de Centros Lúdicos.

Por outro lado, os próprios técnicos da Biblioteca assumiram a itinerância como uma forma de aproximar as pessoas e levaram a casa dos sernancelhenses os livros e, através deles, as histórias que tanto ajudaram a enfrentar os longos períodos de confinamento e o isolamento forçado a que foram sujeitos por causa da Covid-19. A funcionar há 13 anos, a Biblioteca Municipal Abade Vasco Moreira conseguiu assim reinventar-se e estar ao lado das pessoas num dos momentos mais dramáticos da nossa história. Levou-lhes alegria, magia e conhecimento. Proporcionou a centenas de leitores regulares a sensação de viajarem sem saírem das suas casas, com segurança e responsabilidade. Nestes tempos conturbados, este feito é um bom motivo para assinalar e festejar o Dia Mundial do Livro, a data que tem como propósito reconhecer a importância e a utilida-

de dos livros, assim como incentivar hábitos de leitura na população. Os livros são, aliás, um importante meio de transmissão de cultura e informação, e ainda, elementos fundamentais no processo educativo. Em termos históricos, e de acordo com a Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, “o Dia Mundial do Livro é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de abril. Trata-se de uma data simbólica para a literatura, já que, segundo os vários calendários, neste dia desapareceram importantes escritores como Cervantes e Shakespeare, entre outros. A ideia da comemoração teve origem na Catalunha, Espanha: a 23 de abril, dia de São Jorge, uma rosa é oferecida a quem comprar um livro. Mais recentemente, a troca de uma rosa por um livro tornou-se uma tradição em vários países do mundo”. ■


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Região

Caminho de Santiago: requalificação do Caminho de Torres “Valorização Cultural e Turística do Caminho de Santiago – Caminho de Torres” é este o nome do projecto que uniu cinco Comunidades Intermunicipais, a do Tâmega e Sousa, entidade líder, CIM do Alto Minho, CIM do Ave, CIM do Cávado e CIMDOURO, no propósito de requalificar e valorizar o Caminho de Torres, criando assim mais uma opção aos peregrinos, com melhor qualidade, a caminho de Santiago de Compostela. O projeto, que começou a ser desenvolvido em 2017 e conta com um investimento global de cerca de 1 milhão de euros, cofinanciado a 85% pelo Pro-

grama Operacional Regional do Norte (Norte 2020), através do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional). A área de intervenção corresponde a mais de 230 quilómetros, entre Ponte do Abade (Sernancelhe) e a ponte internacional sobre o rio Minho (Valença do Minho), ao longo dos quais podemos já encontrar Sinalética própria dos caminhos de Santiago, áreas de descanso e vários painéis de informação sobre o património. Estão previstos vários eventos para divulgação do Caminho de Torres com a distribuição de vários materiais, nomeadamente guias, mapas, brochuras, e um livro, sempre em três idiomas. Brevemente será também disponibilizado um website e uma aplicação móvel que irá servir os peregrinos nas suas deslocações. Também em curso está o processo de certificação do Caminho de Torres, (de acordo com o Decreto-Lei 51/2019, de 17 de abril, ajustado pelo Decreto-Lei 17/2021, de 3 de março). Relembramos que o Caminho Português PUB

de Santiago é o segundo itinerário mais percorrido para chegar até Santiago de Compostela e que integra 4 sítios classifi-

cados como Património Mundial da Humanidade, centros históricos, património único e uma natureza exuberante. ■

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Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro

Não deitemos a democracia local para o lixo! As autárquicas estão aí. Lá para fins de setembro, início de outubro, os cidadãos vão escolher. As diferentes dinâmicas partidárias ou de cidadãos vão apresentar-se a eleição. Um momento nobre e carregado de simbolismo democrático. Durante a apresentação aos cidadãos que vão fazer as escolhas, as forças mostram, ou deviam mostrar de forma muito clara, os seus projetos ou programas que se propõem realizar naquele concelho ou freguesia. Estes programas deveriam ser colocados em lugar público e de fácil acesso. Durante a campanha, mas permanecerem durante todo o mandato. Os programas deveriam ser documentos “sagrados”. Vulgarizámos a eleição, manipulando o

Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I

Dia Mundial da Consciencialização do Autismo Dia 2 de abril comemorou-se o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo, com o objetivo de esclarecer a população mundial sobre o autismo e a importância de se promover a qualidade de vida daqueles que vivem com autismo, para que estes se sintam parte integrante da sociedade (ONU – www.un.org). O autismo é uma doença do desenvolvimento cerebral que se inclui nos Transtornos do Espectro Autista. Este distúrbio neurológico caracteriza-se por perturbações na comunicação, na interação social recíproca e comportamentos repetitivos. Os sintomas surgem nos primeiros três anos de vida e é mais prevalente nos rapazes. Embora não se conheça atualmente uma cura para o autismo, o diagnósti-

povo com generalidades em folhetos de ocasião. Depois da eleição, quem fica no poder acha-se desvinculado dos compromissos de campanha. Quem fará o papel democraticamente importante de oposição, abandona o seu programa e raramente escrutina de forma adequada o de quem está no poder. Parece, este meu texto, um lugar de irrelevâncias. Mas, é a democracia que se vai rasgando e fragilizando quando rasgamos e colocamos no lixo os compromissos eleitorais. Quando será que percebemos que a democracia vive de verdade e honestidade? De ética e valores? De clareza e previsibilidade das opções do governo local e das posturas límpidas e ativas das oposições? Não, não ficamos mandatados para fazermos o que bem nos apetece. O povo, os cidadãos, não dão, temporariamente, o poder para tudo. A democracia representativa só se realiza com os valores da responsabilidade, da transparência e da constante auscultação e avaliação do povo. Há até opções que exigiriam a possibilidade legal do referendo local. Sejamos democratas, começando por conceber projetos ou programas eleitorais consistentes, com a participação da cidadania e o mais pormenorizados possível. E, depois, fazer desses programas, o guia para as nossas opções no poder ou para as nossas intervenções na oposição.

co precoce, resultante de uma avaliação multidisciplinar, permite a definição de um plano individual de intervenção. O aumento da incidência, que se tem verificado nos últimos anos, pode estar relacionado, entre outros motivos, com a maior consciencialização dos profissionais de saúde para o diagnóstico. Tal como o diagnóstico, também o plano de intervenção individual requer uma abordagem multidisciplinar, onde se incluem os pais/cuidadores com um papel muito relevante. Na origem do autismo podem estar fatores genéticos, fatores pré-natais e outros fatores de origem orgânica. A investigação sobre o autismo continua a desenvolver-se e muito haverá ainda a descobrir. No entanto, há já consenso científico em relação à não existência de ligação causal entre atitudes e ação dos pais e o aparecimento de perturbações do espectro autista. Uma pessoa com autismo pode nascer em qualquer país ou cultura, de qualquer raça, classe social ou educação parental. (Federação Portuguesa do Autismo – www. fpda.pt). Neste Dia Mundial de Consciencialização para o Autismo, e ao longo de todo o mês, irão decorrer, um pouco por todo o mundo, ações de sensibilização para aumentar a compreensão e aceitação das pessoas com autismo, promover o apoio mundial e inspirar um mundo mais generoso e inclusivo, com o grande lema “Juntos conseguimos criar um mundo mais inclusivo”.


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Ministra da Agricultura confiante num acordo sobre nova PAC até fim de maio "A nossa proposta é muito equilibrada", considerou a ministra Maria do Céu Antunes, falando em conferência de imprensa no final de uma reunião do Conselho de ministros da Agricultura da UE. A presidência portuguesa da União Europeia (UE) está otimista na possibilidade de um acordo com o Parlamento Europeu (PE) "durante o próximo mês" sobre a nova Política Agrícola Comum (PAC), disse hoje a ministra Maria do Céu Antunes. "Saímos com a confiança de que estamos no caminho certo para alcançar um acordo entre as três instituições durante o próximo mês", disse. "A nossa proposta é muito equilibrada", considerou a ministra, falando em conferência de imprensa no final de uma reunião do Conselho de ministros da Agricul-

tura da UE. Na reunião, "teve bom acolhimento" uma proposta, que será debatida na sexta-feira num trílogo entre os colegisladores, que avança com uma dotação progressiva de 22% de dotação mínima de verbas para os regimes ecológicos, que vigorará em 2023 e 2024, e que será aumentada para 25% a partir de 2025 e até 2027, data em que caduca a PAC. Estes valores pretendem fazer uma ponte entre os 20% previstos pelo Conselho e os 30% ambicionados pelo PE. "O trílogo de sexta-feira é um momento importante nas negociações", considerou ainda a ministra. "Saímos do Conselho com a forte convicção de que nos une um espírito de compromisso com a modernização da agricultura", acrescentou ainda. Por seu lado, o comissário europeu da Agricultura, Janusz Wojciechowsk, reiterou que "o compromisso está ao alcance de todos", sublinhando ainda partilhar o otimismo sobre a possibilidade de um acordo em breve, adiantando que "nenhum Estado-membro

discordou da proposta" da presidência portuguesa. "Estou profundamente convencido de que nos aproximamos do fim", acrescentou Wojciechowsk. Fonte parlamentar adiantou à Lusa que está agendado um 'super trílogo' em 25 e 26 de maio, com vista a fechar um acordo. A PAC 2021-2027 é composta por três regulamentos: um regulamento sobre os planos

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Nacional

estratégicos, um sobre a organização comum única dos mercados (OCM) e um regulamento horizontal relativo ao financiamento, à gestão e ao acompanhamento da PAC. A PAC deverá entrar em vigor em 01 de janeiro de 2023, vigorando até lá um regime transitório. A presidência portuguesa do Conselho da UE termina em 30 de junho, seguindo-se a Eslovénia.■

Autárquicas 2021: Urnas abertas até às 20h De acordo com as alterações à Lei Autárquica aprovadas esta semana na Assembleia da República, os eleitor poderão exercer o seu direito até às 20h, estando ainda previsto o voto para cidadãos confinados ou idosos em lares que estiverem no concelho onde estão recenseados. As alterações à lei eleitoral autárquica foram aprovadas por maioria com os votos so PS, BE, CDS, PAN e as duas deputadas não ins-

critas, Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues. O PSD, PCP e PEV votaram contra, enquanto os deputados do Chega e Iniciativa Liberal se abstiveram. Para as próximas autárquicas, em setembro ou outubro, não está previsto voto antecipado em mobilidade no domingo anterior, como aconteceu nas presidenciais, por dificuldades logísticas com a distribuição dos boletins de voto e com a vigilância policial

das urnas. O que está previsto é o voto de pessoas em confinamento devido à Covid-19, desde que estejam no concelho onde estão recenseados. Uma das regras aprovadas é que, tratando-se de eleições locais, não podem ser nem os presidentes nem os vereadores a fazer a recolha dos boletins de voto em casa de quem está confinado.

Por proposta do PS e do PSD, vai ser criada uma plataforma digital para simplificar a subscrição de candidaturas, o que pode ser feito recorrendo, por exemplo, à chave digital, e retira-se a obrigação de as assinaturas serem reconhecidas por um notário. Tratando-se da lei orgânica, a votação foi eletrónica. Na votação final global, o diploma recolheu 131 votos a favor, 87 contra e duas abstenções. ■

Festa da Cereja de Alfândega da Fé 2021 O Município de Alfândega da Fé apresentou a Festa da Cereja deste ano que se vai realizar num formato diferente daquele em que tradicionalmente se apresenta ao público. À semelhança do que aconteceu em 2020, com o Mercadinho da Cereja e dos Produtos Locais, a autarquia decidiu reinventar o evento para contornar os efeitos da pandemia na economia local, alargando o espaço, o âmbito e as atividades, apresentando-se numa configuração nova e criativa. Assim nasce o Mercadinho Cereja&Co. (com-

panhia), que este ano vai incluir uma plataforma de vendas online e um conjunto de atividades ao ar livre, para dar continuidade à política da autarquia de promoção e valorização do território e dos seus produtos endógenos. Com início a 8 de maio e instalado no Jardim Municipal, o Mercadinho da Cereja&Co vai prolongar-se até ao fim de semana anualmente reservado à Festa da Cereja (11, 12 e 13 de junho). Durante seis fins de semana consecutivos e nos feriados, Alfândega da Fé apresentará uma mostra dos produtos locais, de ex-

celente qualidade, destacando-se a Cereja de Alfândega da Fé. Paralelamente, vai ser lançada uma plataforma para vendas online dos produtos locais onde será feita também referência à gastronomia, alojamento, eventos e muito mais. Assim vai ser a Plataforma Cereja&Co, um espaço digital para venda online dos produtos locais, mas que se dedica também à promoção do território. O Município está também a preparar um programa alternativo para assinalar a Festa

da Cereja, que inclui Fins de Semana Gastronómicos, um encontro de Paddle nos Lagos do Sabor, Provas de BTT, Percursos Pedestres, Animação Virtual e a meia Maratona da Cereja. Estas iniciativas serão programas em função da situação epidemiológica nessas datas. Em tempos de pandemia, é necessário reinventar as tradições para continuar a dinamizar a economia local, a impulsionar o escoamento de produtos da terra e a promover um território cheio de potencialidades ■


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ABRIL 2021

Opinião António Fontaínhas Fernandes Reitor da UTAD

Na recente visita do Primeiro Ministro à UTAD, entre outros motivos, foi celebrado um contrato entre a CCDR-N e o Instituto Fraunhofer que prevê a criação em Vila Real de um centro na área da agricultura de precisão, uma área determinante para o desenvolvimento do Douro. Efetivamente, o futuro passa por novas dinâmicas que poderão ter expressão em muitos domínios, quer neste com a criação deste centro, quer na génese do Laboratório Colaborativo da

Uma Universidade virada para o Douro Vinha e do Vinho sob a égide da ADVID, os quais representam apostas impulsionadora de programas de desenvolvimento, de investigação e de inovação para o Douro e todo o Interior do país. Indubitavelmente, ao longo do seu percurso histórico, a UTAD enquanto instituição situada num território desafiante assumiu, a par dos pilares do ensino e da investigação, uma estratégia de apoio à comunidade, impulsionando o desenvolvimento regional do interior. De facto, a Universidade tem acompanhado a dinâmica económica e cultural da região, deixando a sua marca em muitos projetos que marcam o percurso de um território, como a classificação

Gilberto Igrejas

PRÉMIOS VINDUERO|VINDOURO

Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)

ro Vindouro. Este Concurso reveste-se de grande importância para nós: logo, porque é o maior concurso internacional de vinhos de Espanha e Portugal. Um evento de prestígio que conta com um painel de provadores de primeiro nível que valoriza os melhores vinhos de ambos os países. É um dos concursos mais importantes a nível mundial, sem dúvida alguma. Além disso, decorre na magnífica paisagem das Arribas do Douro, Parque Natural Internacional. Um destaque especial importa aqui ser pontuado: a existência dos “Prémios em Feminino”. Com isso enfatiza-se o objetivo de colocar a mulher no papel representativo que merece dentro da cultura do vinho, um mundo que sempre esteve maioritariamente ocupado por homens, mas no qual a Mulher surge com um maior protagonismo e merece que seja reconhecido. Sabemos que a Mulher representa 52 % da tomada de decisão na compra do vinho, pelo que a representação do critério feminino é fundamental, muito útil para os produtores tê-lo em

Os PRÉMIOS VINDUERO|VINDOURO foram este ano, mais uma vez, atribuídos na 16.ª edição do Certame Internacional de Vinhos de Portugal e Espanha que nasceu em 2005, convertendo-se numa referência no território ibérico. O Concurso realiza-se anualmente em Trabanca, uma localidade situada na província de Salamanca na inigualável região das Arribas do Douro, um espaço de surpreendentes paisagens e excelentes vinhos cujo rio banha ambos os países. Desta vez, o evento realizou-se no figurino de uma gala em ambiente completamente virtual, consequência da atual pandemia de COVID-19 que vivemos. Tal como fizemos com os vinhos, que nos vão surpreendendo ano após ano, também nesta gala “conseguimos transformar um problema numa oportunidade para inovar”, referiu José Luís Pascual, Presidente dos Prémios Vindue-

Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil

Sou engenheiro civil, há 55 anos. Trabalhei na EDP durante 9 anos, no projecto de grandes barragens. Nesse ambiente de exigência e rigor, aprendi bastante e encontrei gente de qualidade a quem fiquei a dever muito. Ainda como alunos da FEUP, em 1964, fizemos uma visita inesquecível às obras dos empreendimentos do Douro Internacional. Foi o suficiente para nos apercebermos do valor técnico excepcional das soluções. Ainda hoje são motivo de orgulho para a engenharia portuguesa e testemunham o génio técnico de uma geração. Têm valor técnico, moral e patrimonial. Mais tarde, compreendi a importância da dispo-

do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade, lembrando que foi um dos seus docentes, Bianchi de Aguiar, o coordenador da candidatura à UNESCO. É conhecido o impacto que a chancela UNESCO tem no Douro, em especial no sector do turismo, comprovado por um estudo realizado pela UTAD passados alguns anos sobre a classificação de Património da Humanidade. Apostando numa forte interatividade com o território, a UTAD viu esta estratégia consagrada com a criação da Cátedra UNESCO em Geoparques e Desenvolvimento Regional Sustentado, voltada para uma formação avançada e multi-

disciplinar no Douro e Trás-os-Montes. Reconhecendo a dimensão humana no trabalho hercúleo de um povo que enfrentou a natureza, ao longo dos séculos, vencendo todas as adversidades, permitindo dotar o território de uma beleza ímpar enquanto “paisagem evolutiva viva”, a UTAD continua a honrar o esforço e saber acumulados dos homens e mulheres do Douro, ao criar conhecimento e inovação, formando os melhores e mais consagrados enólogos que trabalham na região e no país. Este é o compromisso da UTAD com a região e o país.

consideração. Uma referência especial à entidade organizadora deste certame: a Associação VinDuero-VinDouro. Merece o nosso público reconhecimento pelo apoio e confiança num concurso internacional e transfronteiriço como este, em que se busca o desenvolvimento da cultura vitivinícola e a aposta no conhecimento da grande qualidade dos vinhos que se produzem em ambos os lados da raia. Espanha posiciona-se como um mercado significativo para a Denominação de Origem Porto. Por esse facto, e porque estamos permanentemente atentos às necessidades deste importante mercado, o IVDP, nos últimos anos, tem vindo a desenvolver um intenso plano de promoção, percorrendo praticamente todas as escolas superiores de hotelaria e turismo do país vizinho, num programa de formação focado no Vinho do Porto e integrado nos planos curriculares das escolas aderentes. As denominações de origem “Douro” e “Porto” foram premiadas no decurso desta 16ª edição do certame, na categoria “Melhor Denominação

de Origem para Vinhos Tintos com envelhecimento até 6 meses”. Dois vinhos da Região Demarcada do Douro foram também premiados: o “Gran Arribe de Oro no Femenino” foi para o vinho do Douro 100 Hectares Vinhas Velhas Tinto 2017, enquanto o vinho Vale da Vila Tinto 2018 obteve a distinção como “Melhor Vinho Tinto com Envelhecimento até 6 anos”. De referir que os vinhos do Douro e do Porto têm sido as Denominações de Origem Protegidas com maior participação e maior número de vinhos premiados e neste certame, referente ao ano de 2020, obteve 51 medalhas de ouro, todas fruto do excelente trabalho que empresas, adegas cooperativas, enólogos, viticultores, e tantos outros, prosseguem na Região Demarcada do Douro. Com estes prémios contribuímos positivamente para a dignificação deste Concurso, no ambiente transfronteiriço que une dois territórios que, de tão próximos, nos surgem como duas faces da mesma moeda.

"A trapalhada da venda das barragens do Douro" nibilidade hidroeléctrica para a gestão do diagrama da procura eléctrica diária, para além do seu valor como energia limpa. Tanto as grandes potências instaladas nessas centrais, como os reforços de potência feitos depois ou, ainda, os sistemas reversíveis com bombagem no Tua e Sabor, conferiram a este conjunto de cinco empreendimentos hidroelécticos um interesse nacional acrescido. Entretanto, os desafios da descarbonização e a evolução para a mobilidade eléctrica, reforçam a importância estratégica futura destes centros electroprodutores, para o interesse nacional. Foi por todas estas razões que muito me surpreendeu a sua recente venda a um grupo francês, por 2.200 M€. As concessões feitas nos anos 1950, deveriam, ao fim de 75 anos, serem revertidas. Em 2007, pelo que percebi, os prazos de concessão foram revistos e a EDP pagou ao Estado cerca de 760M€, depois de avaliações feitas

por bancos especializados, embora sem concurso público. O valor dos contratos de aquisição de energia CAE (e posteriores CMEC) complementares tinham um valor residual de 1.374M€, que a EDP abdicou de receber, a troco de uma extensão contratual até 2042. Que dúvidas sobram? Em que medida o interesse público foi salvaguardado, com a venda destas "joias da coroa" por 2.200M€? Como é que esta transação usou facilidades fiscais previstas na lei do Orçamento do Estado de 2020, prevista para operações de reestruturação de empresas? A questão do pagamento das taxas de recursos hídricos pela extensão da concessão, ainda está por esclarecer. Há ainda dúvidas suscitadas pela Comissão Europeia sobre a legitimidade da extensão da referidas concessões, por clarificar. Como serão cumpridas as contrapartidas de mitigação ambiental impostas para os aproveitamentos do Sabor e do Tua?

Temos que reconhecer que somos credores de mais explicações. Finalmente, tem sido referido o fraco nível de benefícios concedidos às autarquias locais dos territórios onde estão localizadas as barragens, centrais e albufeiras. Sobre isto, apenas gostaria de recordar que, em 2001, quando passei pelo Ministério da Economia, aprovamos regras1 para a energia eólica, consagrando a obrigação do promotor pagar uma renda no valor de 2,5% do valor da energia produzida ao município onde as instalações estivessem localizadas. Essa medida, além de justa, muito contribuiu para a expansão pacífica desta forma de energia renovável. 1 DL 339-C/2001, de 29 de dezembro de 2001


ABRIL 2021 VIVADOURO

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Lazer Piadas de bolso:

RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO

Óculos sem orelha - Uma professora diz ao aluno: – Paulinho, o que acontece se eu cortar a sua orelha? – Eu fico surdo. – E se eu cortar a sua outra orelha? – Fico cego! – Então porquê? - perguntou assustada a professora. – Porque os meus óculos caem!

Feijoada de choco e camarão 500 g de feijão branco cozido 500 g de chocos frescos limpos 150 g de miolo de camarão 150 g de cebola 1 dente de alho 1 lata de tomate pelado em pedaços 50 ml de vinho branco 1 raminho de salsa 1 folha de louro Azeite q.b. Sal e pimenta preta q.b. Tempere os chocos com sal e reserve. Leve ao lume um tacho grande com o fundo coberto com azeite, a cebola e o alho picados. Tape e deixe cozinhar, por cerca de 4 a 5 minutos. Junte o tomate pelado e o louro partido. Tempere com sal, tape e cozinhe, em lume brando, durante 2 ou 3 minutos. Adicione o vinho e deixe ferver, durante 2 minutos. Acrescente os chocos cortados em pedaços e a salsa picada. Envolva, tape e deixe cozinhar, em lume brando, por cerca de 10 a 12 minutos. Por fim, junte o feijão cozido e o miolo de camarão, retifique o sal, mexa e deixe cozinhar, com o tacho destapado, por mais 5 minutos. Sirva a feijoada acompanhada com arroz branco.

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