Jornal_VivaDouro_ed75_maio_2021

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Ano 6 - n.º 75 - maio 2021

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Mensal

Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida

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Linha do Douro: Já se vislumbra a luz ao fundo do túnel

> Págs. 4 e 5

Negócio das barragens

> Pág. 6

93 Milhões de euros deixam autarcas moderadamente satisfeitos Régua

Vila Real

Reportagem

São João da Pesqueira

Cultura regressa ao palco no Festival Entre Cidades

Portonic procura novos públicos para Vinho do Porto

Emídio Gomes toma posse como Reitor da UTAD

Município promove-se na maior Feira de Turismo do Mundo

> Pág. 10

> Pág. 20

> Pág. 22

> Pág. 26

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VIVADOURO

MAIO 2021

Editorial Miguel Almeida Diretor VivaDouro

SUMÁRIO: Destaque Páginas 4 e 5 Região Páginas 6 e 21 Santa Marta de Penaguião Página 7 Carrazeda de Ansiães Páginas 8 e 11

As Odemiras deste país A vergonha dos imigrantes asiáticos, que laboram sobretudo em explorações agrícolas do alentejo, mas também em muitas zonas deste país, é o exemplo acabado da mais profunda hipocrisia que graça no nosso país. Podemos afirmar, que numa enorme teia de interesses, estamos a explorar, direi mesmo, estamos a escravizar todas estas pessoas. Há muitos anos que observamos estes fluxos migratórios no nosso país, sem que haja qualquer tipo de fiscalização. Entre os silêncios cúmplices e a hipocrisia política, o dinheiro fácil dos intermediários e a completa e total complacência dos empresários, todos beneficiam com esta enorme teia de interesses. Por isso, faço um apelo a quem tem a obrigação de fiscalizar, que o faça sem qualquer tibieza. Dentro de três meses, teremos o início das vindimas no Douro, não gostaríamos que o nosso Douro fosse abertura de telejornais pelos mesmo motivos de Odemira. Infelizmente, ou não, foi resultado deste surto pandémico que Portugal inteiro teve consciência da enorme gravidade do problema. Não fora essa situação, esta e outras regiões deste país iriam continuar a ser locais de completo desrespeito pelo ser humano. São pessoas sem voz, sem qualquer direito, mas em contrapartida com muitos, mas mesmo muitos deveres/ obrigações. Se é que se pode fazer a analogia, são os mais pobres de entre os pobres. Num governo que se auto intitula de democrático, solidário e humanista é muito grave o que o país acabe de presenciar.

PRÓXIMA EDIÇÃO 30 JUNHO

Lamego Página 9

Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org POSITIVO Depois de Ricardo Costa e Henrique Sá Pessoa, Rui Paula, o famoso chefe duriense, entra para o grupo dos The Best Chef, que compila os melhores 100 chefes do mundo.

Régua Página 10 Entrevista Páginas 12 e 13 Sabrosa Página 14 Tabuaço Página 18 Resende Página 18 São João da Pesqueira Páginas 19 e 26 Reportagem Página 20

NEGATIVO A morte de Maria Feliz trouxe um sentimento de consternação aos vila-realenses. O próprio autarca, Rui Santos, deu nota desse sentimento numa publicação feita na sua conta de Facebook.

Vila Real Página 22 Alijó Página 23

Luís Braga da Cruz

Armamar Página 24 Opinião Página 30

Engenheiro Civil

“Os 50 anos do Parque Nacional da Peneda-Gerês”

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Completaram-se 50 anos sobre a criação da primeira área protegida em Portugal, o extenso arco de território, com 69.000 ha, entre o Planalto de Castro Laboreiro (Melgaço) e Tourém (Montalegre). Gostaria de trazer algumas memórias pessoais que esta efeméride convocam. Quando, em 1991, a CCRN criou, com a Xunta de Galicia, a Comunidade de Trabalho Galiza - Norte de Portugal, ambas as instituições procuram identificar novos domínios para reforçar uma cooperação transfronteiriça pioneira. Contarei dois casos, em que a visão política esclarecida do então presidente da Xunta - D. Manel Fraga Iribarne - foi determinante factor de sucesso. 1. Era conhecida a situação inaceitável do nosso único Parque Nacional, em especial na sua zona de protecção total. Era confrontado com um território sem qualquer estatuto, onde a caça era tolerada sem restrições e onde não havia qualquer estratégia de conservação da natureza e de protecção da sua biodiversidade. Propus a D. Manuel que se estudasse a oportunidade de criar esse estatuto do lado galego. Ele achou bem e desencadeou efeitos. A Xunta elaborou um Plano de Ordenamento para a Baixa Limia - Serra do Xurés, que foi objecto de discussão pública antes de ser aprovado pelo Parlamento Galego. Em 1993, foi criado com 20.920 ha, o Parque Natural de Baixa Limia Xurés. Mais tarde, em Maio de 2009, daria origem ao reconhecimento pela UNESCO, de

uma Reserva de Biosfera Transfronteiriça, cuja grande diversidade de habitats e riqueza conjunta de valores naturais justificavam formas de cooperação, para a sua defesa e valorização conjunta. 2. Posteriormente, referi ao Presidente da Xunta uma velha ambição portuguesa de reintroduzir no Gerês-Xurez a cabra montesa, cujo último exemplar fora abatido em 1892. Sabia-se que o Presidente Américo Tomás se tinha interessado junto de Franco por essa reintrodução, a partir de exemplares existentes na Serra de Gredos, mas que o pedido fora recusado por se tratar de um recurso cinegético inalienável. Fraga reagiu de uma forma surpreendente: “o assunto tem relevância política” e decidiu tomar providências. Em 1994, trouxe de Gredos alguns casais da capra pyrenaica que foram aclimatados no Parque Natural do Invernadeiro (parque autonómico com 5,720 ha, na Província de Orense, criado em 1989). Visitei esse parque para ver como as cabras estavam a ser monitorizadas, numa área mais penhascosa e cercada, com três centenas de hectares. Depois dessa operação, o passo seguinte foi a transferência de alguns exemplares para a “Finca do Salgueiro”, já no parque do Xurés. Fui convidado por Fraga a visitar com ele essa aldeia serrana em cujo território fronteiriço fizeram nova cerca para reter os bichos. O que aconteceu a seguir é conhecido. Num inverno, forte nevada reduziu a altura da cerca e as cabras saltaram-na e dispersaram-se pelo Parque transfronteiriço, ignorando as fronteiras administrativas. Foram avistadas em liberdade na Serra Amarela, em 1999, e também nos Pitões das Júnias, em 2001. Eis dois exemplos simples que relevam o sentido político de D. Manuel Fraga, amigo de Portugal e crente nas vantagens da cooperação transfronteiriça para melhorar a situação daqueles que as fronteiras foram votando ao isolamento físico e social.

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Destaque

Modelo de reativação da Linha do Douro até Barca d’Alva definido no primeiro semestre de 2022 Texto e fotos: Carlos Almeida

O grupo de trabalho que vai estudar e definir o modelo de reabertura do troço da Linha do Douro, entre o Pocinho e Barca d’Alva, encerrado em 1988, foi formalizado no Museu do Douro e vai apresentar as conclusões em 14 meses. O grupo agora constituído será coordenado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), juntamente com os autarcas da Régua e de Vila Nova de Foz Côa, em representação da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro) e elementos da Infraestruturas de Portugal (IP). Presente na assinatura do Protocolo para a formalização do grupo de trabalho, a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, afirmou que este foi “um dia histórico para a região”, “É um dia em que nos sentimos profundamente felizes por estar aqui e acho que é um dia histórico. Espero que este dia signifique que aquilo que no passado fechamos, se volte a reabrir, o troço Pocinho Barca d’Alva na Linha do Douro”. A governante explicou ainda que este grupo irá desenvolver um trabalho com base em diversos estudos para delinear o melhor modelo para a reabertura do troço entre Pocinho e Barca d’Alva, numa extensão de 28 quilómetros, num prazo de 14 meses. “Hoje é o momento em que formalizamos um Protocolo que mais do que isso é um conjunto de estudos que vamos fazer, com um calendário e com um objetivo. Daqui a 14 meses esperamos ter esses estudos e essas conclusões. Os estudos que pretendemos são muito completos, desde rever toda a linha e perceber que investimentos é que têm de ser feitos, os impactos que esses investimentos podem trazer para a região,

perceber que fontes de financiamento é que podemos encontrar e um calendário de execução. Ao fim de 14 meses vamos ter um relatório completo com tudo isto. Os estudos prévios apontam para cerca de 50 Milhões de Euros. Como dizia o Secretário de Estado das Infraestruturas, a linha esteve abandonada, é muito importante perceber tecnicamente que trabalho é que se vai necessitar, é algo que demora o seu tempo. Quero dar nota do papel fundamenta que a IP vai ter, tal como a CCDR-N que vai coordenar este estudo”. A ministra destacou ainda o papel dos autarcas e da sociedade civil na persecução deste objetivo, referindo mesmo que “se não houvesse vontade política não estaríamos aqui”. “A grande visão estratégica dos autarcas da CIM Douro, com todos de acordo em como este projeto é prioritário para a região, junta-se ao trabalho conjunto em volta deste projeto desenvolvido pelos ministérios da Coesão Territorial e das Infraestruturas”. De acordo com Ana Abrunhosa a reativação deste troço da Linha do Douro é não só importante para a região e para o país, mas também pode funcionar como incentivo a Espanha para a reabertura da mesma do outro lado da fronteira. “Este projeto não é só importante para o Douro como para todo o país e esperamos que a sua total reabertura possa motivar os nossos vizinhos espanhóis a fazer o mesmo do lado deles da fronteira. Na cimeira que se realizou na Guarda este assunto foi falado

e não tivemos a garantia que do lado deles possam dar continuidade à linha até porque é um grande investimento e a prioridade deles em relação à ferrovia é outra”. Para a CIM Douro, nas palavras do presidente Carlos Silva Santiago, este foi “um dia de festa” para a região que assim vê em curso a possibilidade da “reabertura de uma linha que foi suspensa provisoriamente há 33 anos”. “O facto de estarmos aqui hoje é um passo muito positivo, mostra que o interior tem uma forma de sair do anonimato, que é estar junto, saber distinguir dentro das suas adversidades aquilo que é mais prioritário. É dentro dessa prioridade que se consegue este tipo de ações, de eventos”. O também autarca de Sernancelhe explicou ainda que os estudos em que a CIM Douro se baseou para apontar uma estimativa de 50 milhões de euros para a concretização desta empreitada tem como base “os dados do consórcio alemão que fez um estudo para a Comissão Europeia. De qualquer forma neste momento é importante fazer a discussão com quem está no terreno, com a Infraestruturas de Portugal, com a CIM, com a CCDR-N e com a Secretaria de Estado. Esse trabalho está a ser feito, é partilhado, e acho que teremos resultados num período entre 60 a 90 dias como disse a senhora Ministra, é determinante para a execução do projeto”. Confrontado com a diferença de prazos entre as suas afirmações e as da ministra Ana Abrunhosa, que aponta para um período

de 14 meses, Carlos Silva explicou que “14 meses é a junção de todo o tempo, o deste estudo do modelo mais viável para a Linha e o restante para a apresentação do projeto de execução”. O presidente deixou ainda um desejo, de que “a reabilitação desta ligação entre Pocinho e Barca d’Alva fosse de encontro às ambições em pleno daquilo que é a vontade do Douro mas vamos fazer essa avaliação com cuidado e daqui a 60, 90 dias teremos oportunidade de apresentar um plano que poderá satisfazer, com toda a certeza, a vontade da região. Espero que a determinação da senhora Ministra seja a mesma da CIM Douro. Não tendo dúvidas que a ministra Ana Abrunhosa é uma pessoa trabalhadora e dinâmica, isso irá determinar um resultado positivo”. Sociedade Civil teve papel fundamental Durante os discursos que tiveram lugar nesta cerimónia foi muito destacado o papel da sociedade civil, em especial da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial (LAPDM), e da Associação Vale d’Ouro (ASCVD), ambas presentes no Museu do Douro. No final da cerimónia de assinatura do protocolo, em declarações exclusivas ao nosso jornal, António Marquez Filipe, presidente da LADPM, confessava ter “um misto de emoções contraditórias”. “Por um lado, empolgado com o marco histórico que este dia representou, num caminho iniciado em junho de 2019, momento em que a Liga dos Amigos do Douro Património


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Destaque

> Estação Barca d’Alva

Mundial e a Fundação Museu do Douro lançaram uma petição que logrou recolher quase 14.000 assinaturas e que teve um outro momento alto, no passado dia 11 de março, na Assembleia da República, com a aprovação, por unanimidade, de cinco Projetos de Resolução de cinco partidos distintos! Desta feita, Governo (através de dois Ministérios diferentes, o das Infraestruturas e o da Coesão Territorial), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e a Comunidade Intermunicipal do Douro (representada por um elevadíssimo número de Presidentes de Câmara) assumiram publicamente, perante a Região, o compromisso de avaliarem este importante projeto, e aspiração de toda uma região. Inquestionavelmente, um momento alto, em contraste com a decisão governamental de encerramento do troço, no longínquo ano de 1988. Contudo, também apreensivo, não porque queira acreditar que, como por aí se diz, quando se pretende que um projeto não avance, não há nada como criar uma Comissão, mas porque acho que falta, neste processo, o principal elemento decisório, a vontade política de concretizar. Não serão, com certeza, argumentos técnicos que impedirão este projeto. A linha já lá esteve, durante 100 anos, e seguramente os meios técnicos hoje existentes encontrarão soluções exequíveis e eficientes para todos os desafios que possam surgir. No plano económico, os estudos de procura potencial, incluindo o proveniente dos fluxos turísticos presentes e futuros, e muito particularmente se se vier a contemplar a ligação internacional, seguramente comprovarão o mérito desta reabertura. Porém, fazer depender este investimento de financiamento comunitário poderá significar que, no final, se venha a “morrer na praia”. Seria pois fundamental que, neste momento, o Governo, sem tibiezas, afirmasse que “é para fazer”. Poderá ter sido meu problema, mas não ouvi isso nos discursos que lá foram proferidos”. Para o presidente da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, “a Sociedade Civil deverá continuar a demonstrar a sua determinação inabalável na concretização da reabertura da Linha do Douro. É também o momento de envolver a Sociedade Civil do lado espanhol, nomeadamente na região antigamente servida pela Linha, no sentido

de demonstrarmos, a ambos os governos, que não é suficiente uma linha do Douro que seja um ramal, mas sim uma Linha do Douro plenamente integrada na rede ibérica de transportes, num reforço da malha terrestre de comunicações que, seguramente, se revelará absolutamente fundamental num futuro em que venham a ser proibidas, pelo impacte ambiental, as ligações aéreas inferiores a uma hora”. Luís Almeida, presidente da ASCVD assinala o dia também como “importante para a região”, lembrando que este caminho começou a ser trilhado há alguns anos atrás, com uma iniciativa organizada pela própria associação com o apoio da autarquia reguense. “A assinatura deste protocolo marca, sem dúvida, um importante momento na luta pela reabertura da Linha do Douro entre Pocinho e Barca d’Alva. Esta é uma exigência que a região tem feito desde há várias décadas e que ganhou particular tração desde que em 2018 aqui mesmo na Régua, o município e a Associação Vale d’Ouro organizaram o debate “Linha do Douro: um futuro que tarda”. Desde aí multiplicaram-se as ações com particular enfase à Petição Pública da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial”. Contudo, o dirigente associativo, assume um tom mais crítico quando questionado sobre o tempo anunciado pela ministra para completar todos os estudos necessários (14 meses), sublinhando que vários desses estudos

> Linha do Douro abandonada

estão já feitos e são do conhecimento da IP.. “Apesar da importância do momento deve, contudo, recordar-se que a Infraestruturas de Portugal já fez o estudo da viabilidade da reabertura no contexto de uma intervenção global da Linha do Douro entre Ermesinde e Salamanca. Esse estudo continha as intervenções necessárias e respetiva estimativa orçamental que permitiria o aumento da capacidade da linha e o transporte de mercadorias. Estes 14 meses são tempo a mais para a realização de mais estudos. Em Portugal, em particular a Infraestruturas de Portugal, tem demonstrado uma enorme lentidão no que se refere à gestão de processos sobre a ferrovia, talvez porque o foco de uma empresa que gere rodovia e ferrovia não esteja no local correto. Ainda recentemente no caso da eletrificação da Linha do Douro tem havido sucessivos atrasos que não posso deixar de atribuir à gestão processual que a IP faz. Estes 14 meses deveriam estar a ser utilizados para a elaboração do projeto de execução já que conforme Pedro Nuno Santos referiu há poucas semanas na Covilhã, a decisão política de reabertura está tomada. Confio, contudo, que esta equipa de trabalho, com representação de alguns dos maiores defensores da reabertura na região fará um trabalho meritório e garantirá que dentro de 4 anos a linha possa mesmo ser reaberta e penso que a região não poderá permitir mais do que essa janela temporal”.

Luís Almeida recorda ainda os números desta linha ferroviária para alertar que a mesma não deve ser apenas pensada para a realidade das populações da região mas sim também para os milhões de turistas que visitam o Douro, ano após ano. “A Linha do Douro gera mais de 1 milhão de viagens/ano entre Marco de Canaveses e Pocinho, o que é notável num território tão pouco povoado. Isto significa que o potencial da linha vai para além da população que serve e numa estratégia concertada em toda a região e com a reabertura até Salamanca, objetivo que não desparece depois de hoje, a Linha do Douro poderá mesmo, como referiu José Manuel Gonçalves, Presidente da CM Régua, ser a “nova autoeuropa” e contribuir decisivamente para o crescimento do país. Para isso o estudo económico que este grupo vai fazer terá que ir mais longe do que simplesmente considerar a população residente, como de resto já o fez a Comissão Europeia nos seus estudos. Eletrificação Marco de Canaveses – Régua até 2023 À margem da cerimónia de assinatura do protocolo, o Secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado afirmou que a eletrificação da Linha do Douro entre Marco de Canaveses e Peso da Régua tem os projetos “em concretização. Neste momento estão na fase de avaliação de impacto ambiental e este ano ainda esperamos que o concurso seja lançado e que até ao final de 2023 esteja concluído. Depois, no próximo quadro comunitário será a vez da ligação entre a Régua e o Pocinho”. CP reforça oferta A CP – Comboios de Portugal efetuou alguns ajustamentos à sua oferta da Linha do Douro, para dar resposta ao acréscimo de procura na época de verão, entre a cidade do Porto e o Pocinho. Estas alterações já entraram em vigor e prolongam-se até 16 de outubro. A oferta é reforçada entre Porto São Bento e Pocinho, nos períodos de início do dia e da tarde, com duas novas ligações em comboio Miradouro, uma por sentido. A ligação entre a Régua e o Pinhão é também reforçada, no período da tarde, através da extensão de dois comboios, um por sentido, que atualmente apenas faziam o percurso entre Porto e Régua. ■


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Região

Municípios recebem mais de 90 milhões pelas barragens do Douro O grupo de trabalho criado pelo Governo para analisar o impacto da venda das seis barragens transmontanas pela EDP à Engie anunciou no início deste mês de maio um pacote de 93 milhões de euros. O valor é atribuído para financiar 133 projetos, dos quais se destacam intervenções ao nível do ciclo urbano da água (41 milhões de euros), da conservação da natureza e florestas (12,5 milhões de euros), da transição e eficiência energética (12,3 milhões de euros) ou da mobilidade sustentável (11,2 milhões de euros). O anúncio deste investimento do Estado foi fei-

to numa sessão em Mogadouro, no distrito de Bragança, presidida pelo ministro do Ambiente e Transição Energética, João Matos Fernandes, em que foram elencados todos os investimentos para dez concelhos abrangidos pelas seis barragens da bacia hidrográfica do Douro vendidas a um consórcio liderado pela francesa Engie por 2,2 mil milhões de euros. Os projetos têm um prazo de execução de seis anos. Dos 10 municípios abrangidos, quatro pertencem ao território CIM Douro: Alijó, Carrazeda de Ansiães, Murça e Torre de Moncorvo. Entre os autarcas o sentimento é mistro entre a satisfação de verem reverter para a região verbas pela exploração das barragens, contudo estão ainda na expectativa para perceber se o valor devido em impostos, um assunto que está a ser analisado pela Autoridade Tributária (AT), irá também ele ser revertido para a região, uma verba que ascende aos 110 milhões de euros.

Mário Artur Lopes – Murça

Não sendo este o valor que os autarcas reclamam em impostos para a região pela venda das barragens, ainda há “esperança” em receber esses mais de 100 milhões reclamados?

João Gonçalves – Carrazeda de Ansiães Os municípios abrangidos pelas seis barragens da bacia hidrográfica do Douro vendidas pela EDP vão agora receber mais de 90 milhões de euros para diversos projetos. Como autarca, considera este valor justo? Como sabemos este grupo de trabalho para o qual fomos convidados enquanto autarcas, debruçou-se sobre o impacto do negócio das barragens no território. Para nós foi importante ver de que forma tudo que gira à volta deste negócio possa significar algum retorno investido na região. Fomos desafiados para apresentar um roteiro com investimentos que pudessem ser considerados importantes para o território. Cada um de nós contribui com os projetos que achava mais interessantes. Alguns foram incluídos nas conclusões do grupo de trabalho e outros não, de qualquer forma a nossa expectativa é que o negócio da venda das barragens, e os seus impactos por via de impostos e taxas, não seja concorrencial com

estes projetos que eventualmente possam ser financiados por instrumentos financeiros que envolvam fundos comunitários. Não sendo este o valor que os autarcas reclamam em impostos para a região pela venda das barragens, ainda há “esperança” em receber esses mais de 100 milhões reclamados? Quem tem que dizer se há lugar ao pagamento de impostos, nomeadamente o Imposto de Selo, é a AT, que já referiu que está a analisar a questão. Nós estamos na expectativa de que caso haja obrigação do pagamento desse imposto, que seja cumprida a Lei do Orçamento e esse dinheiro seja aportado a fundo para investir na região. Este roteiro não tem a haver com essa verba mas com verbas que o Governo disponibilizará para o território de outra forma.

Nuno Gonçalves – Torre de Moncorvo

> Barragem Foz do Tua

Os municípios abrangidos pelas seis barragens da bacia hidrográfica do Douro vendidas pela EDP vão agora receber mais de 90 milhões de euros para diversos projetos. Como autarca, considera este valor justo? Com muita esperança. É quase uma obrigação retribuir ao território um direito do próprio território, das pessoas que aqui vivem. No fundo um negócio de 2,2 mil milhões de euros aqui na nossa região significa que há interesse económico em investir aqui e aquilo que nós, como autarcas, desejamos é que aqueles que nós representamos, os nossos munícipes, sejam envolvidos neste movimento financeiro de grande monta. Aquilo que queremos é que a nossa população sinta que este valor os tem em conta.

> Barragem do Sabor

Há duas formas de abordar a questão fiscal, há a questão formal e fiscal, de responsabilidades já previstas na lei que têm de ser cumpridas, e eu acredito que tudo o que esteja na lei seja devidamente cumprido, quer pela Autoridade Tributária quer pela Agência Portuguesa do Ambiente. Seja o valor que for o que acredito é que a dimensão fiscal seja devidamente cumprida, e que é uma questão paralela aos 93 milhões. Os 93 milhões são uma forma de também envolver os municípios promovendo um conjunto de investimentos importantes fundamentalmente na área ambiental, porque o grande impacto das barragens é no plano ambiental. São situações paralelas. O que se fez foi identificar um conjunto de necessidades para a valorização do território em que no fundo se promovem tendo em conta o negócio que foi feito. No campo da legalidade fiscal o que espero é que tudo seja clarificado o mais breve possível.

Os municípios abrangidos pelas seis barragens da bacia hidrográfica do Douro vendidas pela EDP vão agora receber mais de 90 milhões de euros para diversos projetos. Como autarca, considera este valor justo? Estamos a falar de um negócio que houve entre a concessionária das barragens, a EDP, e a Engie. Obviamente que nenhum dos autarcas ficou satisfeito com este valor. O valor de 93 milhões de euros não são esmolas, nem pedidos, são aquilo que é devido à região por dar um recurso endógeno muito importante que é a água. Os 93 milhões são um ponto de partida, não um ponto de chegada. Este valor foi alocado a alguns projetos que foram os próprios autarcas, juntamente com as entidades como a APA, e a AT, que se juntaram numa comissão para alocar esses projetos, mas são só alguns, a totalidade dos projetos que foram identificados para esta região vai para os 500 milhões de euros. Portanto, é um valor escasso. Temos que ver que esta comissão tinha três meses para alocar estes projetos a diversos ministérios e foi decidido alocar ao Ministério do Ambiente. Quanto a mim o erro está aí

porque deviam estar também o Ministério da Coesão Territorial e o das Infraestruturas, e aí teríamos oportunidade de alocar outros projetos importantes para nós, nomeadamente a mobilidade. As estradas são essenciais naquele território, ainda há muitas por concluir. É essencial a mobilidade no Tua, no Sabor e no Douro, portanto os Ministérios da Coesão e das Infraestruturas deviam estar presentes e assim poder alocar mais projetos desses 500 milhões que falava. Os 93 milhões são aqueles que cabem no Ministério do Ambiente. Se me perguntarem se é o ótimo? É bom. Não sendo este o valor que os autarcas reclamam em impostos para a região pela venda das barragens, ainda há “esperança” em receber esses mais de 100 milhões reclamados? A forma como foi tratado em termos de valor atribuído pelo negócio está ainda a ser auditado pela AT no grupo dos grande contribuintes. Espero que a AT vendo que é obrigatório o pagamento desse imposto que ele reverta para o território. A criação de um grupo para a gestão desse montante só tem fundamento se esse valor chegar à região.


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Santa Marta de Penaguião

Autarquia já atribuiu perto de 47 mil euros em apoios financeiros diretos Os empresários de Santa Marta de Penaguião continuam a receber os apoios financeiros referentes ao Programa Extraordinário de Apoio e Incentivo ao Comércio Local. Decorreu na manhã de hoje, dia 21 de maio, a terceira entrega de apoios da autarquia penaguiense, num valor total de 11.542,78 €, que continuam a corresponder a itens como o valor correspondente a dois meses de renda, um mês de TSU, bem como o valor equivalente a taxas anuais de água, saneamento e resíduos sólidos, entre outros.

Ajudas financeiras que correspondem a mais de 3% do orçamento municipal, tal como referido pelo Presidente da Câmara Municipal aquando da referida entrega, sendo que as mesmas poderão ser sempre reforçadas de acordo com a evolução da pandemia. Aquando da cerimónia, o autarca reforçou o pedido a todos os presentes para o rigor e cumprimento máximo de todas as regras de segurança nos seus estabelecimentos comerciais ou outras áreas profissionais correspondentes. “Não queremos correr o risco de retroce-

dermos no desconfinamento como alguns dos nossos concelhos vizinhos. Temos de estar cientes que, sendo o nosso concelho um concelho de pequena dimensão, mais

rapidamente podemos retroceder. Vamos mantermo-nos firmes nesta luta, e reavivar aos poucos a nossa economia”, frisou ainda o Presidente da Câmara. ■

Reforço ao combate à praga do castanheiro no Concelho de Santa Marta de Penaguião Foram feitas, no passado dia 20, mais 5 largadas de insetos parasitóides para combate à vespa da galha do castanheiro. Desta feita, forma efetuadas as largadas na parte mais alta do concelho penaguiense, nomeadamente nas localidades de Póvoa da Serra, Paradela do Monte e Justes, sendo que para a próxima semana prevêem-se mais 5 largadas, perfazendo assim um total

de 15 largadas desde o início do mês de maio. De realçar que este investimento que permite ajudar os produtores de castanha a protegerem os seus castanheiros, é suportado na íntegra pelo Município de Santa Marta de Penaguião. As largadas estão a ser levadas a cabo por Técnicos da Câmara, em articulação com a RefCast - Associação Portuguesa da Castanha. ■

Miradouro D’Ouro Vivo - O início Não é difícil encher o mundo de sonhos, mais difícil é perseverar e levá-los à sua concretização. Santa Marta D’Ouro é um sonho que começou a tomar forma com o Miradouro D’Ouro Vivo e a plantação dos enxertos. No final do seculo XIX toda a Europa foi invadida pela filoxera, uma doença provocada por um inseto, que devastou muitas vinhas. Ao tentar combater esta doença fatal, descobriu-se que as raízes das videiras americanas eram resistentes ao inseto. A partir daí, começou-se a enxertar as videiras, isto é, utiliza-se uma raiz de origem america-

na e a parte superior de origem europeia, que determina o fruto produzido. O porta-enxerto deve ser escolhido de acordo com o solo e o tipo de casta. Assim, o presente/passado e o futuro juntaram-se para iniciar este projeto de sabedoria e inovação. Uma turma do pré-́ escolar, juntamente com alguns dos Penaguienses que trabalharam e fizeram parte da historia da Casa do Douro, arrancaram com o início da Plantação do D’Ouro Vivo. O Miradouro D’Ouro Vivo será́ uma demonstração viva das castas mais importantes e relevantes na nossa Região. Aquelas que contam a história do

nosso povo e do caminho que fizeram até aos dias de hoje. Jovens e maduros irão, lado a lado, acompanhar o crescimento daquele espaço, e muitas são as surpresas que estão a ser preparadas na articulação

deste projeto. A pandemia não deixou que este fosse um momento registado por todos, mas a alegria, a emoção e o entusiasmo ficaram bem marcados nos rostos dos que lá estiveram. ■

Santa Marta de Penaguião prepara o JovInD’Ouro A Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião, com o intuito de agregar e otimizar as políticas de Juventude no concelho, está a desenvolver o JovInD’Ouro – Plano Municipal de Juventude de Santa Marta de Penaguião que será direcionado a todos os jovens, dos 16 aos 30 anos, que nasceram, residem,

estudam e trabalham no concelho. Para este Plano que se pretende ser de partilha serão ainda convidados a participar organizações juvenis concelhias, tais como o Conselho Municipal da Juventude, o Agrupamento de Escolas, os Grupos de Jovens e Escuteiros, entre outros jovens individuais da comunida-

de civil que se queiram associar. Considerando que é cada vez mais importante envolver e responsabilizar os jovens a nível social, económico, cultural e desportivo, o JovInD’Ouro tem como grande objetivo planear o desenvolvimento e implementação de políticas de juventude inovadoras de

carácter global e transversal, que respondam às necessidades identificadas pelos jovens penaguienses. O logotipo deste projeto será o resultado de um desafio lançado a todos os alunos e docentes do 9º ano de escolaridade do Agrupamento de Escolas de Santa Marta de Penaguião. ■


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VIVADOURO

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Carrazeda de Ansiães

Parambos, a aldeia 100% Sporting celebrou o título do leão Logo na entrada da aldeia um leão em pedra deixa adivinhar que estamos em terra de sportinguistas, uma certeza que se tem ao chegar ao centro do povoado onde outro leão, este já devidamente decorado com as cores do clube de alvalade, ostenta a frase: “Aqui manda o Rei Leão” Vem de longe esta ligação da aldeia de Parambos ao clube verde e branco, mais concretamente desde 1937 quando um grupo de jovens fundou o Sporting Clube de Parambos, a 87ª filial do clube leonino. Quem nos conta a história é António Pinto, o atual presidente do clube, que nos recebe entre os preparativos para mais uma tarde de festa já com o título de campeão nacional garantido. “Hoje é um dia de alegria, de festa”, afirma. Regressando à fundação do clube local e à ligação com o Sporting Clube de Portugal, António Pinto conta como tudo aconteceu. “Na altura a juventude fazia os arraiais populares e quando sobrava dinheiro era costume entregar na Junta Fabriqueira que era a representante da igreja. Nesse ano em vez de entregarem o dinheiro decidiram comprar uma grafonola para fazerem os bailes. O problema dito é que não havia onde deixar a grafonola, não seria justo ficar na casa de um ou outro do grupo então decidiram fundar um clube que ficaria responsável por ela. Na altura havia a moda das filiais dos clubes e o Sporting era o clube com mais filiais no país, por isso este grupo decidiu escrever uma carta ao clube para serem também uma filial, pedido que foi aceite tendo esta filial o número 87. Com o êxodo dos emigrantes e o desaparecimento dos jovens da aldeia o clube teve um interregno, contudo a chama sportinguista continuou. Em 1976 matriculei-me no Instituto Superior de Agronomia e na mesma tarde fui a Alvalade. O presidente das filiais e delegações era o Sobral Júnior que me recebeu. Eu era um miúdo na altura e tremia como varas verdes mas quando ele me disse “exponha a sua razão”, então comecei a falar do Sporting durante 2 horas. No fim ele deu-me 11 leões dourados e disse-me que voltasse a Parambos e que os entregasse aos 11 mais acérrimos sportinguistas daqui. Isto de ser mais sportinguista é complicado porque ser Sporting não se mede a metro, o nosso sportinguismo é dos pés à cabeça. Quando vim nas férias de Natal fizemos uma reunião da aldeia, em 25 de dezembro de 1976, onde criamos uma comissão instaladora do clube e daí até agora nunca mais parou”. Esta ligação viveu um dos seus momentos mais altos em 1989, o Sporting tinha jogo marcado

em Chaves, o presidente do clube era Jorge Gonçalves que decidiu levar a equipa até à pequena aldeia transmontana acompanhada por um batalhão de jornalistas, como recorda António Pinto. “Em 1989 o presidente Jorge Gonçalves trouxe a equipa do Sporting a Parambos quando jogamos em Chaves, uma visita que foi acompanhada por 40 jornalistas, foi um momento que colocou Parambos no mapa, até então era uma aldeia como as outras”. Questionado sobre como seria receber a atual equipa com a taça de Campeão Nacional, António Pinto não tem dúvidas, “seria um dia especial mas temos a noção que hoje isso é impossível, o futebol é hoje uma industria muito grande e trazer aqui a equipa não é o mesmo que trazer um grupo excursionista”. Apesar disso o sportinguismo nesta aldeia vive-se como em pouco locais “aqui a aldeia é Sporting e o Sporting é a aldeia”, afirma o presidente do clube local. O único lamento de António Pinto é que agora “é mais difícil” fazer a viagem anual até Lisboa para ver o Sporting jogar. “Por tradição nós fazíamos sempre uma viagem a Alvalade para ver um jogo mas hoje em dia é muito difícil porque as televisões é que mandam e os jogos acabam por ser muito tarde, e marcados com uma ou duas semanas de antecedência, o que dificulta para quem é de tão longe. Outro problema é que há cada vez menos gente na aldeia e por isso a questão do transporte também é difícil, temo que nos juntar com outros núcleos para conseguirmos encher um autocarro. Na última viagem que fizemos foram 17 lugares vazios, que têm de ser pagos e isso não é fácil”. Entre os primeiros a marcar presença na sede do clube está Áurea de Sousa, vem com um bolo nas mãos e vai avisando que só apareceu “para entregar o bolo” porque a tarde de afazeres está só a começar. “É altura de festejar, estivemos muito tempo sem esta alegria por isso agora é altura de feste-

jar com um bolo verde, por dentro e por fora”. Questionada sobre se é mais difícil ser sportinguista longe de alvalade, Áurea não hesita em responder, em tom assertivo: “ser sportinguista é em todo o mundo, seja em Lisboa, aqui em Parambos, em França ou na Suíça”. Numa aldeia que segue a lógica do interior, onde a maioria da população tem já avançada idade encontramos Bruno Pássaro, um adepto sportinguista com 18 anos que, até este ano, não tinha ainda vivido a alegria de ser campeão. “É um momento fascinante. Quando começou o campeonato não tinha muitas esperanças até porque os nossos adversários diretos fizeram grandes investimentos, em especial o Benfica mas estou muito feliz pelo título. Foi um momento feliz, vivendo no Porto sempre tive amigos que se metiam comigo por causa do Sporting mas este ano correu bem, agora é esperar por mais títulos”. Na sede do clube está já também António Castro Pinto, o sócio leonino mais antigo da aldeia, “são 58 anos de sócio”, afirma convicto. É natural de Parambos e assegura que na aldeia “vive-se Sporting de manhã à noite”. Contudo já teve oportunidade de viver o seu

sportinguismo bem próximo de alvalade, “estive na Força Aérea e ia ao estádio sempre que havia jogos”. Questionado sobre o que este título significa, António Castro Pinto hesita antes de responder, “nem sei bem explicar, é uma alegria especial, não por mim mas pelos meus netos que, apesar de terem nascido no início dos anos 2000, nunca tinham tido a alegria de ver o Sporting campeão. Em especial por esta juventude que acompanhou o Sporting nos últimos jogos, é um prémio fantástico”. As palavras faltam para descrever o que sente tal como para falar do seu passado ligado ao Sporting Clube de Parambos, onde foi jogador. “Uma alegria muito grande, um orgulho, é algo que nos marca para toda a vida. Desde muito pequenos já era uma alegria ir para o campo com o equipamento, depois mais tarde, quando começamos a jogar é uma alegria imensa”. Antes do início do jogo, e já com as carnes a serem temperadas para o churrasco, uma pequena bateria de foguetes é lançada à porta da sede do clube como um chamamento para aqueles que ainda não estão por ali porque, “o dia é de festa, de alegria”. ■

> António Castro Pinto

> Áurea de Sousa

> Bruno Pássaro


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Autarquia aprova Contas de Gerência de 2020 O executivo da Câmara Municipal de Lamego aprovou o Relatório e as Contas de Gerência referentes a 2020, um ano marcado pela pandemia, mas no qual esta instituição conseguiu ainda assim apresentar resultados líquidos positivos, pelo segundo ano consecutivo. O Presidente Ângelo Moura também sublinha que, pela primeira vez, o endividamento da autarquia está abaixo do limite máximo legal, resultado de uma redução sustentada nos últimos anos, e que o prazo de pagamento a fornecedores também continua a diminuir. A 31 de dezembro de 2020 era de 44 dias. “Lamego é agora de contas certas. Conseguimos apresentar mais uma vez resultados positivos, invertendo a anterior situação de desequilíbrio, fruto do trabalho desenvolvido e com a compreensão dos lamecenses”, afirma. Num quadro de grande austeridade, a autarquia de Lamego lançou, durante este período, um conjunto de apoios financeiros muito fortes para mitigar os efeitos negativos da pandemia na atividade económica

e nas franjas mais carenciadas da população. Entre outras medidas, o setor da restauração e similares ficaram isentos do pagamento de taxas de ocupação do espaço público, em particular a instalação de esplanadas. Foi também suspensa a aplicação de taxas e a cobrança de

mensalidades aos comerciantes e arrendatários do Mercado Municipal e prorrogado os prazos de licenciamento, multas, execuções fiscais e outros documentos administrativos. Para dinamizar o comércio tradicional também foi lançada a campanha “Eu COMPRO no Comér-

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Lamego

cio Local” com a oferta de mais de 2000 vouchers de consumo. Em 2020, a concretização de diversas obras públicas municipais deram um contributo muito importante para a manutenção da atividade económica e da empregabilidade no concelho. ■

Autarquia recupera muro junto à Urbanização da Ortigosa O Município de Lamego começou a proceder à reposição do muro que desabou, em fevereiro último, junto à Urbanização da Ortigosa, na Av. Alves Pedrosa. Os trabalhos visam garantir a segurança do prédio situado nas imedia-

ções e evitar novas derrocadas. Esta intervenção está orçada em 63 mil euros, a suportar integralmente pela autarquia. O arruamento onde se situa o muro que está agora a ser recuperado integra o novo circuito pedonal da cidade

de Lamego que ligará o centro urbano à zona do Relógio do Sol. Estas obras devem terminar muito em breve. Com a concretização deste projeto, a Câmara Municipal de Lamego pretende estimular estilos de vida mais saudáveis e incentivar as deslocações a pé

Vinho licoroso vence concurso nacional O vinho licoroso Pacheca Port Tawny 40 anos, da Quinta da Pacheca, venceu o Concurso Cidades do Vinho 2021, ao conseguir a melhor pontuação, entre os 560 vinhos que concorreram a esta primeira edição. “A Câmara Municipal de Lamego incentivou a participação dos produtores do concelho de Lamego, através da divulgação da iniciativa e comparticipando a inscrição de um vinho por cada produtor”, afirma o Presidente Ângelo Moura. Numa prova em que os vinhos licorosos conquistaram 10 das 12 Grandes Medalhas de Ouro a concurso, o Pacheca Port Tawny 40 anos obteve

uma pontuação muito próxima da perfeição. “Um resultado que enaltece o trabalho desenvolvido por toda a equipa da Pacheca”, salientam os proprietários Maria do Céu Gonçalves, Paulo Pereira e Álvaro Lopes. No Município de Lamego, o vinho Altano tinto reserva, da Symington “Family” Estates, foi ainda premiado com uma Medalha de Prata pelo júri do concurso. Os espumantes Murganheira e Murganheira Touriga Nacional Bruto (Sociedade Agrícola e Comercial do Varosa) também conquistaram duas Medalhas de Ouro.■

e em bicicleta entre a periferia urbana e o centro histórico. Adjudicada pelo valor de 454.785,69 euros, mais IVA, esta intervenção municipal é concretizada no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), cofinanciado em 85% pelo FEDER. ■


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Régua

Entre Cidades traz a cultura de volta aos palcos No total serão 81 espetáculos grátis, divididos por três cidades (Peso da Régua, Braga e Matosinhos), em três fins de semana distribuídos pelos meses de maio, junho e julho. Os primeiros concertos aconteceram nos dias 15 e 16 de maio. O festival Entre Cidades é um projeto que resulta da união de esforços de municípios, associações, profissionais de cultura, instituições públicas e privadas e, claro, de artistas, com o objetivo de descentralizar iniciativas artísticas e, ao mesmo tempo, criar sinergias territoriais, como afirmou à nossa reportagem José Manuel Gonçalves, autarca reguense. “O objetivo deste festival é agregar sinergias e trazer espetáculos à nossa cidade que, de outra forma, seria impossível trazer ao preço que assim conseguimos. Cada vez mais é importante este trabalho em rede, com outras cidades, com gente que tem os seus programas, como já fazemos no território. Agora queremos começar a fazer fora, com outros públicos e outros agentes, é um pouco esse o espírito que está subjacente a este festival”. Para o autarca, a realização deste evento é também importante como resposta à crescente procura que a autarquia regista por parte dos munícipes na realização de eventos culturais, bem como para aumentar o leque de oferta de atividades aos turistas que visitam a cidade. “É importante para o município em função da procura crescente que começamos a registar, apesar de ainda estamos numa fase onde temos que nos cingir a pequenos espetáculos. Peso da Régua é uma zona por excelência com muito alojamento turístico, com muita restauração e portanto é evidente que temos de ter eventos que sirvam os interesses dos nossos munícipes, ao mesmo tempo que complementam a oferta para quem nos visita”. L Pertués foi um dos artistas que subiu ao palco do Museu do Douro logo no primeiro dia, numa versão mais intimista, com apenas dois elementos em palco, o músico vila-realense mostrava-se, no final da atuação, bastante satisfeito com este regresso aos palcos. “Para nós é bom o regresso, ficamos contentes por regressar e poder fazer

> L Pertués no palco do Museu do Douro

aquilo que gostamos. Esperamos que com estas apresentações as pessoas comecem a ganhar confiança e a voltar a adquirir o gosto pela presença no espetáculo porque o público faz parte do espetáculo. Este regresso acaba por ser uma extensão da nossa sala de ensaios até porque estamos só os dois em palco, não foi um espetáculo com a banda toda, aí talvez fosse diferente. A felicidade do regresso ultrapassa a parte da estranheza em regressar aos pacos”. Vitor Hugo Ribeiro, nome verdadeiro do artista, afirma ainda que este tipo de eventos se reveste ainda de maior importância por se realizarem no interior, permitindo a que também as populações desta região tenham acesso à cultura, fomentando o aparecimento de novos projetos. “É importante para nós, que habitamos aqui, ter a hipótese de ir a palco. Depois para o público, poder participar no espetáculo, penso que também seja importante. Este crescer de atividades possibilita que jovens artistas da região se sintam motivados a continuar o seu trabalho e enveredar por este caminho”. Outra artista que subiu ao palco neste primeiro fim de semana foi Emmy Curl, também natural de Vila Real, tendo atuado no Teatrinho. No final da atuação a artista falou à nossa reportagem confessando que estava receosa com o regresso e a estranheza por ter o público à sua frente de máscara. “Foi o primeiro concerto oficial neste regresso. Receava que corresse pior até porque já estou há mais de um ano parada, quando estamos parados por muito tempo as coisas demoram a arrancar. É muito diferente ter as pessoas todas

com máscara porque não há aquele ping pong habitual de ver um sorriso na cara e isso dá-nos um feedback da reação do público mas é uma realidade com a qual agora temos que nos habituar”. Catarina Miranda, nome real de Emmy Curl, saúda ainda o regresso aos palcos com uma crítica às medidas que abrangeram o setor da cultura que espera que agora tenha outra atenção. Há muitas medidas, muitas restrições que, no meu ponto de vista não fazem muito sentido. A cultura foi dos setores mais prejudicados e comparando com outros setores sentimo-nos um pouco injustiçados. Contudo prefiro

olhar pelo lado positivo e agora estamos a voltar à carga com concertos e eventos. Chegamos a um ponto em que o excesso de oferta nesta área deu às pessoas um sentimento de “dado adquirido”, com a paragem forçada devido à pandemia aquilo que eu espero é que as pessoas comecem a dar o devido valor à cultura. A programação nos palcos reguenses foi da responsabilidade do Club de Vila Real com a parceria institucional do Município do Peso da Régua. O financiamento é assegurado ao abrigo do programa Norte2020, promovido pela CCDR-N. ■

Manuela e Inês Figueiredo

Elizabete, Rafael, Simão

É sempre agradável assistir a estes espetáculos, trazem vida à cidade e espero que surjam mais iniciativas destas. É excelente estar aqui novamente, em especial com artistas que eu não conhecia. Trazer a cultura nacional, artistas e pessoas novas à nossa cidade, poder assistir a um espetáculo com pessoas que não conhecemos ao nosso lado é espetacular.

É um sentimento de liberdade, de expressão, de criatividade. É incrível poder estar aqui apesar de considerar um pouco injusto para os artistas (como falava com os meus amigos) ler a audiência porque estamos todos de máscara. Não conhecia os artistas que temos visto até agora mas têm sido surpresas bastante positivas e estou a gostar bastante.


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Município implementa Plano Local de Desfibrilação Automática Externa Projeto resultou do Orçamento Participativo Municipal de 2019 e prevê a aquisição de quatro desfibriladores automáticos externos, equipamentos de proteção individual para 6 operacionais e formação de 24 operacionais. José Ramires, enfermeiro, foi o autor e proponente do projeto vencedor do Orçamento Participativo Municipal de 2019, que prevê a implementação de um Plano Local de Desfibrilação Automática Externa no concelho de Carrazeda de Ansiães. O projeto prevê a aquisição de quatro desfibriladores automáticos externos (três fixos e um móvel), aquisição de equipamentos de proteção individual para 6 operacionais do Posto de Emergência Médica a criar no âmbito do projeto e ainda formação de 24 operacionais, de diversos grupos e setores profissionais.

Vão receber formação, em suporte avançado de vida e desfibrilação automática externa, seis elementos das Piscinas Municipais Cobertas/ Descobertas, seis elementos do Agrupamento de Escolas de Carrazeda de Ansiães, seis elementos do Estádio Municipal e, ainda, seis elementos que vão integrar o Posto de Emergência Médica, neste caso Técnicos de Ambulância de Socorro. O investimento exigido é de aproximadamente 15 mil euros, foi garantido na totalidade pelo município de Carrazeda de Ansiães que esta tarde entrega os equipamentos aos serviços designados. A implementação deste plano tinha como data marcada abril de 2020, mas com o surgimento da pandemia da doença COVID-19, não foi possível realizar a formação dos operacionais prevista e só agora estão reunidas as condições para avançar. A doença cardiovascular é uma das principais causas de morbilidade e mortalidade no mundo ocidental, sendo no nosso país uma preocupação grave. A fibrilação ventricular é

Cidadania em movimento No âmbito da ação nº2 “Cidadania em Movimento “, as técnicas da equipa do Projeto PIICIE - “Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar” - desenvolveram em contexto de sala de aula com todas as turmas do 1° Ciclo a atividade “Vamos Poupar!”. Esta atividade abordou de forma lúdica e com recurso à história “Doutor Finanças e a Bata Mágica” assuntos relacionados com o tema da Literacia Financeira e Educação para o Consumo e teve como objetivos incentivar e elucidar as crianças sobre a importância do poupar assim como fazer a distinção entre o que são bens ne-

cessários e bens supérfluos. Foram ainda exemplificados alguns modelos de mealheiros elaborados com materiais reutilizáveis o que permitiu em simultâneo sensibilizar as crianças para a questão do meio ambiente e a importância da reutilização de materiais para reduzir a poluição e as causas do impacto ambiental! Esta atividade abrangeu um total de 150 crianças que ainda foram presenteadas com o livro “Doutor Finanças e a Bata Mágica” oferecido pela equipa PIICIE que tem como entidade coordenadora o Município de Carrazeda de Ansiães. ■

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Carrazeda de Ansiães

o mecanismo mais frequente da paragem cardiorrespiratória com origem cardíaca e o único tratamento eficaz nestes casos é a fibrilação elétrica precoce. Os equipamentos adquiridos e a partir de hoje disponíveis nos serviços de socorro, se usados nos primeiros minutos (entre 3 a 5 minutos) aumentam a probabilidade de sobrevivência entre 30 a 70%. Este tratamento é eficaz em casos, ainda demasiado frequentes, da dita morte súbita, que acontece em

pessoas de todas as idades e com muitos casos conhecidos publicamente associados a desportistas, daí a importância de colocar os desfibriladores em escolas, nas piscinas e no estádio municipal, bem como a necessidade de formar técnicos nestes locais para que saibam proceder de forma adequada, segura e eficaz. A Câmara Municipal enaltece a importância desta proposta apresentada por um cidadão, pelo impacto e mais-valia que representa para toda a sociedade. ■


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Entrevista

“Nós temos de sonhar e de fazer acontecer”

FOTOS: Rodolfo Magalhães

VITOR KLEY:

cachet e de me saber comportar duma maneira correta. Apesar de terem começado muito cedo, eu fiz dessas responsabilidades algo positivo e não como um peso em cima de mim. Portanto, cada um faz da sua forma a responsabilidade que lhe cabe. Quanto a essa expressão da música, a criança ainda não sente as dores do corpo. Cai jogando a bola, levanta-se e joga logo de novo. Quando ficar mais velha vai sentir as dores do corpo e certos medos e inseguranças. Quando se é criança nem se pensa nisso! É impossível pensar-se assim, hoje em dia, quando se tem tanto que fazer. “Deixa eu querer voar e enfrentar os meus problemas” é uma das tuas letras: consideras que os problemas são maiores e mais graves quando fugimos deles? O que se ganha com isso e o que perde que não consegue enfrentá-los? Nessa canção que fiz para a lua, não era bem isso que eu queria exprimir. Estava apenas a referir a necessidade da minha liberdade para enfrentar os meus desafios. Pedindo para deixar ser do meu jeito e resolvê-los da minha maneira, sem que as pessoas falem sem saber. Essa era a ideia. E foi bom porque deu certo: as coisas aconteceram. Acho que temos de enfrentar os receios. Eu quando tinha medo do escuro dizia: “não, eu vou lá no escuro porque sei que não tem nada. Preciso de me livrar desse medo”. E assim foi, tinha de ultrapassar isso sozinho. Passa a ser algo natural.

Texto: André Rubim Rangel

O teu sonho em adolescente era vires a ser como o teu pai: um tenista profissional. Praticaste até aos 16 anos e depois deixaste. Foi a música que te fez abandonar esse sonho e desviar de seres um outro Guga (Gustavo Kuerten)? O Guga é um ídolo e vai ser sempre um exemplo para a gente, ainda para mais para a minha família, muito ligada ao ténis. O meu pai conhece-o e uma vez que estive com ele eu tremia de tão nervoso que estava. Na verdade, eu jogava e cantava, pois aprendi ambos muito cedo. Mas a vida escolheu a música. Fui andando até que sinais da

vida me fizeram também tocar em bares, conhecer pessoas incríveis e que me influenciaram a optar pelo lado musical. Contudo, gostei sempre muito dos dois. O ténis era muito difícil para avançar. E, graças a Deus, a decisão foi a música. (risos) Algo inédito sucedeu contigo: lançares o teu 1.º álbum com 14 anos e com 15 faixas. Não é habitual. Pensas que, a partir daí, a tua vida ficou decidida, facilitada e melhorada? Quando eu fui gravar o álbum até tinha 13 anos e não 14. Era bem novinho mesmo. É muito gratificante poder começar algo tão cedo e passar a ser para a vida toda. É um privilégio. Na época não sabia que isso havia de ser a minha vida, mas eu estava muito feliz fazendo

as minhas canções. São 15 mais uma faixa bónus. O estar em estúdio e conseguir aquilo tudo foi muito importante para a minha aprendizagem. Eu sou muito grato por essa etapa da minha vida. Sentes que com essa responsabilidade tão cedo, e tão rápida, perdeste o melhor da tua infância? Já que cantas “ah, como eu queria voltar a ser criança”… Essa responsabilidade muito cedo depende de como a ia encarando e levando. Mas a minha família sempre me deixou muito livre. Claro que viveu comigo desde a infância, ao ir tocar a bares já muito rapazinho. Era a responsabilidade de atuar, de ter de falar com o contratante, de acordar o meu

Essa paz e romantismo musical que transmites deve-se a seres uma pessoa crente? Pois no tema «Vai na Fé» abordas a valorização do tempo, do caminho, do bem, do amor, do não desistir… Relativamente à Fé, eu acredito muito nela. A minha família é super religiosa e eu creio na religião do Amor, que é aquilo que te faz bem. E se te faz bem vai em frente! Foi isso que quis dizer com o «vai na Fé». O meu maior objetivo na Terra é espalhar o bem e espalhar o amor. Esta música traduz claramente isso e conta bastante da minha caminhada. Não só minha, mas também de todos os que estão comigo. E que “sonho bom” é esse que cantas sobre sendo tu mesmo, nesse próprio tema? Eu acredito que resulto dum sonho bom e tenho muitos sonhos bons. Há gente que tem “uma alma feita de sonhos”, como exprimia Chorão e Solidão. Nós temos de sonhar e de fazer acontecer, para nos mantermos vivos.


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Entrevista FOTOS: Rodolfo Magalhães

Há uma música tua muito conhecida cuja letra interessa explorar. Cantas que “o mundo está perdido, não sai do lugar”. O que é preciso para ele se encontrar e em que lugar? Acho que o mundo é um lugar tão incrível, a sua criação, o seu princípio, a sua natureza e nós próprios sermos parte dele. Unidos a ele. Penso que com o crescimento de tudo, do poder, do dinheiro, da matéria, etc., as coisas vão ficando um pouco poluídas, ou sem graça e muito plastificadas. Temos de ter cuidado com isso, porque o mundo e a Natureza não são assim! Temos de preservar ambos, sendo pessoas melhores. Achas que há hoje muita gente a amar com medo. E, se é amor, porquê esse medo e que medos? Eu canto essa música pensando também em quantas pessoas não dizem à outra: “eu te amo”, não entenderam ou ficaram pensando demais, ou naquelas que estão muito apaixonadas e depois deixam o amor escapar. Considero que temos de dar mais amor quando sentimos o nosso coração bater mais forte. Se «o amor é o segredo», o que terá ele que nunca pode nem poderá ser revelado? Exprimes ainda, que te disseram, que FOTOS: Rodolfo Magalhães

“a razão vence o coração”. Para ti, é melhor assim, ou o equilíbrio/empate entre ambas ou, ainda, que seja o coração vencendo a razão? Porquê? Eu acredito muito no coração. Claro que todo o mundo é muito racional, com as teorias e as coisas mais técnicas, que dão certas ou erradas, mas sempre que o coração fala eu sigo-o. Foi para manifestar este sentimento que eu quis escrever isso. Lançaste essa música no início da pandemia global do então «coronavírus», que nos afastou e distanciou tantas vezes dos que mais amamos. O que aprendeste com tudo isto e como superaste o teu sofrimento? Lançar esta música no meio da pandemia foi muito louco: nós podemos ver que tanta gente estava passando por esse sofrimento que eu também passei. Ainda passamos, mas agora um pouco mais controlado. Eu aprendi muito que não posso deixar as pessoas que amo para trás, mesmo que tenha muito trabalho e muitas viagens. Tenho de arranjar maneira de estar com os meus pais, com a minha avó e a minha família. Essa música foi, digamos assim, o meu remédio. Em 2019 tiveste a tua 1.ª tour internacional, começando por Portugal. Não

tendo atuado, que eu saiba, no Douro, tiveste já oportunidade de visitar esta nossa região turística? E o que te fascina mais nela? Eu já conheci um pouco da região Norte de Portugal, mas não conheci o Douro em si. Sei que tem belas terras vinícolas. Mesmo assim já provei o vinho do Porto e um vinho Duriense: eram bem bons! Quero muito visitar essa região, até tocar por aí. Quero conhecer tudo, porque em cada lugar que vou me encanto. Tenho a certeza que com o Douro será a mesma coisa! Por fim, peço-te uma mensagem final para os nossos leitores, que lhes sirva de alento e inspiração para estes tempos difíceis… Muito obrigado pela atenção. Quero enviar um beijo para todos os leitores e para todas as pessoas em Portugal: vocês são muito carinhosos comigo e com o meu trabalho. Fico muito feliz com isso. Eu amo estar no vosso país e sinto-me muito bem: sinto-me em casa. Espero que tenham gostado de saber um pouco mais de mim. Foram perguntas bem profundas e fiquei feliz por responder a elas. Espero ver-vos em breve, pois conto voltar a atuar em Portugal. Fiquem bem, se cuidem, com muita luz e um beijão. ■


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Sabrosa

Secretária de Estado do Turismo inaugurou Via Panorâmica de Acesso ao Alto Douro Vinhateiro Aconteceu em Sabrosa, no passado dia 12 de maio, a inauguração da Via Panorâmica de Acesso ao Alto Douro Vinhateiro pela Secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, numa cerimónia que contou também com a presença do presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins. Antes do momento de inauguração, aconteceu, no Espaço Miguel Torga, por parte do presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, e outros representantes locais, a receção oficial da comitiva presente em Sabrosa, a quem foi apresentado o espaço, a vida e a obra do escritor natural de São Martinho de Anta. Ainda no Espaço Miguel Torga foi possível ouvir as intervenções oficiais dos presidentes da Câmara Municipal de Sabrosa e do Turismo do Porto e Norte de Portugal e da Secretária de

Estado do Turismo. No momento, o presidente da Camara Municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, afirmou que “hoje é um dia de reconhecimento à secretaria de estado do turismo pelo apoio concedido à resolução de um problema identificado e assumido há muito pela autarquia e pelo poder central relativamente à insegurança de circulação na Estrada Municipal 323 Sabrosa – Pinhão, que está agora ultrapassado, assinalando esta inauguração isso mesmo.” Neste sentido, afirmou ainda que “a conclusão destas obras é também essencial para o desenvolvimento do turismo do concelho e da região do Douro uma vez que, em sinergia com outros equipamentos e serviços recentemente inaugurados e a inaugurar, como são exemplo o Posto de Informação Turística, os miradouros localizados nesta estrada, e o Centro de

Apoio à Visitação de Vilarinho de São Romão, esta Via de acesso ao Alto Douro Vinhateiro potencia aos visitantes uma experiência única e em segurança”. No mesmo sentido, foram as intervenções da

Secretária de Estado do Turismo e do presidente do Porto e Norte de Portugal, que destacaram a importância da conclusão destas obras e do empenho da autarquia na resolução dos problemas identificados. ■

Obras da nova Área de Acolhimento Empresarial já começaram Localizada junto da atual Zona Industrial, esta nova Área de Acolhimento Empresarial contempla a disponibilização de trinta e oito lotes destinados a Indústria/Armazém e Comércio/Serviços, de dimensão variada, que em conjunto possuem uma área de implantação de aproximadamente vinte e um mil metros quadrados.

A criação destes lotes permitirá ao Município ficar dotado de espaços para localização empresarial suficientes para atender à procura registada atualmente, consolidando a dinâmica de crescimento económico conduzida pelo município, e que se confirma pelo número de empresas que têm vindo a instalar-se no concelho e pelo crescimento

do respetivo volume de negócios. Esta disponibilização de novos lotes vem também incentivar a instalação de novas empresas e a redução do desemprego no concelho, tendo também o objetivo de captar investimento privado em outros sectores de atividade para além do vinícola, incrementando assim o desenvolvimento industrial de Sabrosa.

A conclusão do projeto está prevista para abril de 2022, sendo o mesmo apoiado no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte: Áreas de Acolhimento Empresarial - Apoio à localização de empresas (Baixa densidade), com um investimento total de 1 575 915.68€ e uma taxa de comparticipação de 85%. ■

Abertura da exposição Doiro Retratado de Amândio Silva no Espaço Miguel Torga Aconteceu no passado sábado, no Espaço Miguel Torga (EMT), a abertura da Exposição “Doiro Retratado”, de Amândio Silva. Uma cerimónia que contou com a presença da nova Diretora da Direção Regional de Cultura do Norte, Laura Castro, e de outras entidades e personalidades locais e regionais. No momento, a Diretora da Direção Regional de Cultura do Norte, Laura Castro, que também

é a autora do prefácio do catálogo oficial que acompanha a exposição, teve a oportunidade de realçar a qualidade da exposição patente e do trabalho artístico desenvolvido por Amândio Silva, reforçando também a pertinência da sua divulgação a novos públicos e territórios. No mesmo sentido, o presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, reforçou essa importância e destacou a felicidade pelo

EMT poder receber e apresentar uma exposição de reconhecida qualidade e prestígio. Dividida em cinco temáticas: cenas do quotidiano, paisagem, retrato, rogas e vindimas, tem a curadoria do neto do pintor, o arquiteto Adalberto Silva, estará patente para visitação até ao dia 15 de agosto. A entrada é livre mas limitada à lotação máxima do espaço decretada pelas normas da DGS ■

“Bairros Saudáveis” vai ser implementado em Souto Maior sob o lema “Saúde Cuidada, Vida conservada” A candidatura “Saúde Cuidada, Vida Conservada”, da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Souto Maior (ACDRSM), foi uma das candidaturas aprovadas pelo programa “Bairros Saudáveis” e vai ser implementada na freguesia de Souto Maior já em 2021, promovendo a atividade física regular e a dinamização social e cultural através da dinamização de programas adequados à terceira idade e a toda a comunidade local, proporcionando desta forma aos públicos abrangidos uma experiencia social e comunitária ativa e um envelhecimento saudável, atenuando e retar-

dando assim o processo de declínio cognitivo e das funções orgânicas que acontecem com o avançar da idade. Dividido em vários eixos de ação, “Saúde Cuidada, Vida conservada” contempla a dinamização de sessões de atividade física de Ginástica sénior, dança, circuitos de manutenção; Sessões de esclarecimento sobre nutrição; Dramatização de peças de teatro; e obras de requalificação do edifício da sede da Associação. A candidatura aprovada tem uma dotação financeira no valor total de cinquenta mil euros,

financiado a 100% pelo Programa Bairros Saudáveis, tem como parceiros a Câmara Municipal de Sabrosa e a Junta de Freguesia de Souto Maior, e conta abranger cerca de quinhentos benificiários. Em vigor desde julho de 2020, o Programa Bairros Saudáveis aplica-se a Portugal continental e visa apoiar intervenções locais de promoção da saúde e da qualidade de vida das comunidades territoriais, através de projetos apresentados por “associações, coletividades, organizações não-governamentais, movimentos cívicos e organizações de moradores”. ■


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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA Alberto Silva Fernandes

AAP - Associação dos Amigos de Pereiros | APM - Associação Portuguesa de Management

A (verdadeira) SUSTENTABILIDADE e DESENVOLVIMENTO DO INTERIOR - DOURO

A sustentabilidade e desenvolvimento do Interior, anunciada e inscrita nos Programas dos diversos Governos, não tem tido resultados práticos, pelo menos os desejáveis e necessários. A “governação centralista” do Terreiro do Paço é replicada pelos Municípios, a nível da Vila/sede do concelho. A verdadeira sustentabilidade e desenvolvimento do Interior, só será uma realidade, quando gerados no próprio Interior, através das pequenas comunidades, a começar pelas organizações de Economia Social existentes ou a criar e a dinamizar, como as Cooperativas, IPSS’s, Misericórdias, Associações, (desportivas, recreativas, culturais, de desenvolvimento local etc.) O apoio, incentivo e dinamização de iniciativas privadas no domínio da produção e comercialização de produtos endógenos como mel, enchidos, queijos, aromáticas, chás, frutos secos etc. Aos Municípios para além da disponibilidade dos

através de uma unidade móvel, com presença semanal em cada uma das aldeias - Oferecer e facilitar, com vantagens mútuas, serviços de apoio municipal, segurança social, informação fiscal, correio etc..., com a presença semanal em cada aldeia de um Gabinete Móvel do Cidadão. Reunidas as condições para que as aldeias proporcionem boa qualidade de vida, devem, contudo, manter a sua identidade, os seus costumes e tradições, a história e o património material e imaterial, a gastronomia tradicional e desenvolver a área do turismo de lazer, rural ou criativo, atraindo visitantes, eventualmente novos residentes. Hoje é possível viver na aldeia e trabalhar para o mundo, como os “nómadas digitais”, mas também há cada vez mais procura de locais fora do ambiente das grandes cidades, para turismo de lazer, turismo criativo ou simples “residência artística”, caminhadas, turismo desportivo ou experiências vivenciais como o acompanhamento de trabalhos agrícolas etc. “Visitar o natural” é hoje um objetivo de grande número de turistas e as aldeias poderão responder a esse segmento de mercado. Saibam elas aceitar o desafio, sem perder a sua identidade. A terminar, neste ano de eleições autárquicas e

serviços de mobilidade, educação e saúde, competiria em estreita colaboração com os autarcas locais: - Sensibilizar e formar a população para uma maior participação na vida coletiva - Assegurar a cobertura do território das aldeias com rede de internet e telecomunicações - Sensibilizar, formar e preparar a população para a profunda alteração que se verificará na sociedade - Novas tecnologias, - Alterações climáticas, - Combate ao desperdício - Alimentação saudável - Implementar o Orçamento Participativo a nível das Freguesias, como instrumento dinamizador da participação democrática das pessoas na vida coletiva - Fomentar a criação de Assembleias de Cidadãos - Promover o Voluntariado - Incentivar o associativismo - Criar apoios à natalidade, fixação de população e atração de novos residentes - Proporcionar soluções locais para o apoio domiciliário, bem como o apoio a idosos e doentes, combatendo a solidão e o isolamento e criando postos de trabalho nas aldeias - Disponibilizar apoio psicológico e cuidados de saúde e enfermagem, marcação de consultas,

pandemia, deixamos uma certeza, duas dúvidas, três perguntas e um alerta. Certeza O principal enfoque da atividade das autarquias são as PESSOAS Dúvidas 1- Quando terminará a pandemia 2-Que os eleitos sejam os mais competentes Perguntas 1- Dos muitos milhões que Portugal vai receber até 2023, como vão ser gastos e quantos chegarão às aldeias do Interior? 2- Qual o conhecimento dos autarcas locais, (Presidentes e membros das Juntas de Freguesia), sobre os Programas disponíveis para a região do Douro? 3- Será que em 2023, a Dra. Elisa Ferreira, Comissária Europeia da Coesão e Reformas, continuará a ter razão, quando afirmou em recente entrevista, “.... ao fim destes anos todos de apoio maciço de fundos estruturais, Portugal ainda é um país atrasado”? Alerta A sustentabilidade e desenvolvimento do Interior, não se faz dos gabinetes da administração central/municipal para as aldeias, mas o contrário. A única atividade que tem de ser obrigatoriamente executada de cima para baixo é a de ABRIR BURACOS!!!!!!

Artur Soveral Andrade

Deputado eleito pelo círculo eleitoral de Vila Real

A grave questão demográfica

Tendo sido convidado para escrever algumas linhas sobre o tema “Sustentabilidade e Desenvolvimento do Interior – Douro” faço-o com gosto, obviamente. I) O Interior em geral e o Douro em particular têm sido destinatários de uma desconsideração recorrente por parte do poder central. Por ser assim, entendo que é urgente dotar esta extensa parte do território de uma efetiva, forte, esclarecida e legitimada capacidade reivindicativa. II) No caso concreto do Douro acresce ainda que internamente a Região foi assistindo, com uma surpreendente passividade, ao desmantelamento da representatividade da Produção. A teimosia (e indignidade) em manter a Casa da Douro como uma espécie de Casa de Lázaro é o

Atente-se: em 1961 existiam 27 idosos por cada 100 jovens; em 2001 passaram, pela primeira vez, a existir mais idosos do que jovens (101 idosos por cada 100 jovens); em 2009 já eram 117 idosos por cada 100 jovens; e, apenas 10 anos depois, em 2019 passaram a ser 163 idosos por cada 100 jovens. Sucede que estes dados se reportam a valores médios nacionais, o que significa que nos territórios mais frágeis, com menor densidade populacional, a situação ainda é mais preocupante. Aliás, a tendência para um saldo migratório, que pode suavizar os números a nível nacional, é irrelevante no Interior, uma vez que os imigrantes tendem a fixar-se na área metropolitana de Lisboa e no grande Porto. Em 2018 Portugal tinha a terceira idade mediana mais elevada da União Europeia, o que também contribui para dificultar a nossa convergência em termos europeus. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, desde 2010 que o número de pessoas com idade potencial para entrar no mercado de trabalho é inferior à das

exemplo mais ilustrativo. Convém não perder de vista que o Governo e o partido que o sustenta assumiram compromissos que insistem, sem que se conheçam os motivos, em não cumprir. III) Inverter a tendência crescente para o adensar dos desequilíbrios regionais existentes, que penalizam dramaticamente o Interior, não é fácil e depende de muitos fatores. Uma abordagem neste contexto de todas as vertentes relevantes é uma compreensível impossibilidade. Daí que vá dedicar o remanescente deste texto a um ponto que avalio como especialmente relevante, a saber: o declínio demográfico. IV) O drama demográfico atinge todo o país. Mas, é especialmente grave no Interior. A quebra de natalidade é brutal, em parte por ser crescente a opção de não avançar para um segundo filho. A anterior crise financeira e a pandemia gerada pela Covid-19 vieram, como é natural, agravar ainda mais esta problemática. O índice de envelhecimento no nosso país é muito preocupante.

que estão com idade potencial para o abandonar. A diminuição e o envelhecimento da população originam vários e graves problemas que é necessário enfrentar, desde logo o da sustentabilidade por diminuição da população ativa. V) A situação do Interior só não é mais grave por mérito dos autarcas, das empresas e das associações locais que fazem tudo o que podem, dando o seu melhor, para que as pessoas sintam que vale a pena continuar a resistir. Porém, estamos a viver um tempo de alterações profundas que podem, em termos de custo de oportunidade, ajudar a fixar a população mais jovem e mais qualificada e, do mesmo passo, atrair novos residentes. Estou a pensar, por exemplo, no crescente recurso ao teletrabalho e na, cada vez maior, valorização da qualidade de vida (designadamente ambiental). Termino com palavras de esperança, recordando que na Régua tivemos a Ferreirinha e no Douro os Paladinos. Nunca ninguém, nem nada (nem a filoxera), nos levou a baixar os braços.

Fernando Rodrigues

“Diretor Geral e Pedagógico da ESPRODOURO

O futuro da educação no Douro O Douro afigura-se um desafio para o Séc. XXI, quer no seu processo de sustentabilidade, que na mão de obra que o poderá edificar. E pela primeira vez na história da humanidade não temos a mínima ideia de como vai ser o Douro e o mercado de trabalho daqui a 30 anos.

Existem, porém, várias possibilidades de investimento na região, que na minha opinião devem passar obrigatoriamente pelas infraestruturas de educação. Não quero com isto dizer que cemitérios não são importantes, mas o investimento para o futuro deve ser na aposta que fazemos: Se

criamos cemitérios, teremos gente sepultada; se investirmos na criação de estruturas de captação de jovens, manutenção e especialização de alunos com criação líquida de emprego, que se pretendam solidificar e investir na região, teremos uma sociedade a crescer.


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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA Com o PRR a apoiar provavelmente as componentes de residências de alunos, a componente de tecnologia e sustentabilidade energética das regiões, seria importante dotar as escolas de perfeitos laboratórios de trabalho, onde os alunos podem realizar experiências desenvolvendo trabalho profissional alinhado com o desenvolvimento do Douro. Quando as empresas e as estruturas da região não investem nas escolas, condenam o seu futuro ao que se formar com a qualidade possível. As empresas escola, são também uma aposta da ESPRODOURO, onde seria importante, as empresas terem pequenos espaços de incubação e formação de alunos, que serão os seus futuros trabalhadores, sem esperar que esse

trabalho seja uma componente apenas da escola que fornece “mão-de-obra pronta”, pois sem as empresas, o ensino profissional não faz sentido. Existe o apoio estatal, mas sem o apoio privado, a formação dos ativos adultos que são os pais dos nossos jovens, que pensem num futuro de longo prazo e não num futuro de imediatez financeira, em públicos que sejam focados na geração de valor e não na dependência do apoio financeiro, pode ser a linha do futuro, onde processos de mentoria com projetos executados, se substituem a horas de aula ministrada, onde uma seleção de formações individualizadas se substitui a horas de aula repetidas exaustivamente, onde uns fazem que ensinam e outros fazem que

aprendem, gerando de facto valor, dignificando o trabalho do professor que se vê impotente perante uma geração que acredita que a informação não tem valor por estar acessível sempre que dela necessitarem. O professor deve assumir o papel de mentor, de prescritor de aprendizagens e não de transmissor de conhecimento, deve ser um agente de sabedoria e uso adequado da informação, em detrimento de um repetidor de fórmulas que não servem para todos. Esse é o futuro em que acreditamos na ESPRODOURO, onde os nossos professores se chamam mentores, onde os diretores de turma se chamam gestores de aluno, onde temos um Coordenador de Futuros que alinha os sonhos individuais e um departamento Aliança Perfeita que alia a comuni-

dade, família, empresas e escola: num processo de parceria conjunta. Para isso desenvolvemos processos de captação de alunos estrangeiros, para poder reter novos públicos e mão-de-obra na região, desenvolvemos novos planos de formação de adultos (no Centro Qualifica e com cursos EFA), apostamos no projeto Europeu (com projetos ERASMUS+) e na captação de desistentes (com a certificação de Qualidade no EQAVET e com o projeto “Não Desistimos de Ti!”). Os nossos alunos são voluntários, mas precisam de referências para serem eles próprios as referências e por isso, apostamos na região, esperando que cada um na região também partilhe os seus sonhos com os nossos alunos!

Francisco Rocha

Deputado do PS eleito pelo Círculo Eleitoral de Vila Real

Um passo em frente para o(s) Norte(s)!

Não escondo a magia e o orgulho que nos invadem quando damos de caras com as placas azuis que, em Lisboa, assinalam a direção da A1 que nos conduzem, semanalmente, no regresso ao Reino Maravilhoso. Esse pedaço de território que Miguel Torga magistralmente batizou e onde nascemos, estudámos e residimos desde sempre. Um orgulho que se alimenta, em boa medida, de o Norte ter liderado o crescimento do PIB nos últimos anos (mais de 4% entre 2014 e 2017) e, por essa via, continuar a ser a Região mais exportadora do país e a que mais atrai

mais investimento direto estrangeiro. O paradoxo vem a seguir. O Norte é a região portuguesa com menor rendimento por habitante e está na cauda da Europa neste indicador. São várias as explicações que fundamentam essa realidade. Desde logo, o distinto mosaico social, económico e demográfico que caracterizam as diferentes sub-regiões que compõem o Norte. Mas também a velocidade desigual dos diferentes sectores de atividade no que toca à respetiva modernização, fazem com que ainda persista um modelo de desenvolvimento baseado em mão de obra intensiva e pouco qualificada, que desagua normalmente em produtos de baixo valor acrescentado e com reduzida incorporação tecnológica. O passo em frente é mais exigente e desafiante. Passar do diagnóstico à transformação da realidade. Este novo patamar exige, antes de mais, percebermos que temos (boas)

condições para alterar o modelo de desenvolvimento. O(s) Norte(s), e não só a Área Metropolitana do Porto, dispõe de talento e competências, produção científica e potencial tecnológico, capacidade industrial e startups inovadoras, boas infraestruturas e ligações internacionais. E se conseguirmos acrescentar, aos diversos territórios da região, oportunidades de financiamento pelos (novos) fundos europeus e a proatividade das instituições promotoras de desenvolvimento, de ciência e de inovação que existem no(s) Norte(s), podemos aspirar a elevar os indicadores de desenvolvimento e de riqueza, para valores mais próximos da média europeia e assim abandonar definitivamente os lugares do fundo deste ranking. Por isso, a transformação económica e social do(s) Norte(s) deve apostar de forma clara na sustentabilidade, no investimento em projetos

e infraestruturas de formação, investigação e tecnologia, em ecossistemas de inovação e em interfaces academia/empresas disseminados por toda a Região. Desta forma, o Norte terá um contexto mais favorável ao desenvolvimento de produtos sofisticados e inovadores, cujo valor acrescentado possibilite um salto na competitividade da região e nos rendimentos da população. Apostando na sua versatilidade, capacidade de adaptação e na respetiva diversidade territorial. Não esquecendo que o Norte é composto por distintos “Nortes” e que essa pluralidade, no contexto europeu cada vez mais normalizado, deve ser assumida como uma oportunidade, um fator distintivo de competitividade e não ser encarada como uma fatalidade congénita, que insistimos em transportar dentro das nossas cabeças. Ousemos, então, dar um passo em frente! Para (o) Norte!

Paulo Pereira

Natural Business Intelligence

O poder das plantas silvestres de Pereiros - S. João da Pesqueira

Pereiros é uma pequena aldeia encavalitada nas encostas do rio Torto na bacia hidrográfica do Douro, perto de São João da Pesqueira. O clima é marcadamente mediterrânico, e é por isso natural que as culturas predominantes seja mediterrânicas, como o olival, o amendoal e a vinha. Mas o mais distintivo de Pereiros é sem dúvida o mosaico mediterrânico intrincado, com zonas muito interessantes de matos, bosques, afloramentos e pastagens que ocupam mais de metade da freguesia. O rio Torto, que limita a freguesia a sul, serpenteia num frenesim de biodiversidade, que se prolonga pelos seus afluentes terra adentro. Num único dia, foram

identificadas e catalogadas mais de cem espécies diferentes, com destaque para as orquídeas neotinea-maculada (Neotinea maculata) e satirião-macho (Orchis mascula) e para o endemismo lusitânico lâmio-de-coutinho (Lamium coutinhoi), plantas protegidas que pela primeira vez foram assinaladas na região. Mas o que surpreende nesta biodiversidade florística exuberante é que mais um terço delas são consideradas Plantas Alimentares Não Convencionais (PANC). Beldroegas, espargos, bredos, labaças, urtigas, cardos, merugem, hortelã, amoras e medronhos são algumas destas valiosas plantas, que um pouco por todo o País começam a ser aproveitadas. O desafio é capacitar a população local para a valorização e reconhecimento do potencial das PANCs existentes em Pereiros, e este saber milenar das plantas ser devolvido às pessoas. O benefício pode ser alimentar, medicinal, económico ou mesmo cultural, pela

reapropriação do património natural local. Este conhecimento pode ainda ser usado para diversificar e enriquecer a gastronomia local, desta feita em harmonia com a sua rica biodiversidade. Num pequeno exercício de cálculo, estimou-se aqui são produzidas anualmente cerca de 7 toneladas de tomilho bela-luz (Thymus mastichina), planta aromática, alimentar e medicinal que ocorre em solos pedregosos no meio dos matos e em taludes. Já a esteva (Cistus ladanifer), que pode ser usada para fins alimentares (flor), estima-se que possa haver em Pereiros cerca de meia tonelada por ano. O labação (Rumex induriatus) pode chegar aos 600 Kg, e pode ser apanhado nos taludes rochosos para saladas e refeições cruas. As flores de alho-branco (Allium neapolitanum) constituiem um condimento muito interessante nas refeições mais elaboradas. O umbigo-de-vénus (Umbilicus rupestris) e o dente-de-leão (Taraxacum sp.) são

plantas de reconhecimento fácil e podem ser usados em saladas, picles e conservas. O cardo-bento (Cnicus benedictus), planta reputada na idade-média de ser a única capaz de travar a peste negra, tem actividade anti-microbiana, pelo que os extratos desta planta poderão ser explorados como alternativa aos antibióticos. Estudos fito-farmacológicos indicam que tem uma ação antioxidante muito significativa e com um potencial relevante no controlo da inflamação e diabetes tipo II. Este facto é relevante numa dieta de base natural no controlo destas patologias. Vivemos uma era de redescoberta da Natureza e transição ecológica e, exemplos como este da Aldeia de Pereiros, mostram bem o potencial que a Bioeconomia das plantas silvestres tem para a recuperação da economia e da sociedade, de uma forma perfeitamente alinhada com uma visão de sustentabilidade prática e progresso verde e de baixo carbono.


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Tabuaço

Em Tabuaço “Não Há Duas Sem Três” A Câmara Municipal de Tabuaço tem vindo a trabalhar em várias frentes na concretização de apoios para empresas, empresários e também no setor turístico. Em Tabuaço “não há duas sem três” arrancou a 15 de Maio e pretende incentivar turistas a visitar, comer, comprar, permanecer ou regressar ao concelho duriense. São várias as áreas em que o Município está a trabalhar para suprir as lacunas da intervenção do Estado, assumindo nas várias iniciativas o papel de subsidiário de modo a, por efeito de mitigação, garantir o funcionamento da economia local. “Não há duas sem três” é uma ini-

ciativa direcionada para a hotelaria, restauração, produtores locais e artesãos, com o intuito de incentivar turistas a permanecer ou regressar a Tabuaço, tendo em vista a recuperação das perdas provocadas pela pandemia no setor. Durante o período de validade da campanha, de 15 de maio a 31 de outubro de 2021, por cada reserva de duas ou mais noites numa unidade hoteleira do concelho de Tabuaço, a Câmara Municipal atribui vouchers no valor total de 60€ a aplicar nos alojamentos, na restauração e na aquisição de artesanato ou produtos locais. O conjunto das medidas extraordinárias anunciadas ao longo da última semana pela Câmara Municipal – Apoio às Rendas, Apoio direto a empresas e empresários em nome individual e “Em Tabuaço não há duas sem três – é

uma estratégia de equilibrar os graves prejuízos económicos e financeiros decorrentes da situação que atualmente vivemos, atuando preventivamente sobre o desemprego ao assegurar a viabilidade e a manutenção dos postos de trabalho.

Tal conjunto foi elaborado de uma forma criteriosa, responsável e suportada numa política financeira sustentável, auscultados os atores económicos do concelho e recebendo contributos de instituições e de autarcas do concelho. ■

Câmara Municipal em várias frentes no apoio à economia e agentes locais Considerando indispensável centrar a sua capacidade de acção na resolução de situações emergentes provocadas pela pandemia, e com uma preocupação acrescida a nível da economia local, a Câmara Municipal de Tabuaço desenvolveu vários programas, disponibilizados em vá-

rias frentes, que concretizam apoios para empresas e empresários em nome individual, o setor turístico e ainda estabelecimentos comerciais que, por força da pandemia, se forçaram ao encerramento total ou parcial. Atendendo a que as medidas de

Governo não foram suficientes ou não abrangem os empresários na sua maioria, e focado em alavancar a economia local, o Município lança o programa de apoio direto, excepcional e temporário, baseado na quebra de faturação, dirigido às empresas e empresários em nome

individual do concelho de Tabuaço. A decisão do Executivo é pensada para apoiar a retoma da actividade económica, evitando o encerramento das empresas ou a redução dos postos de trabalho, o que aprofundaria a crise económica e social do concelho. ■

Resende

O município de Resende, CTT e DOTT lançam festival da cereja de Resende online O Município de Resende, os CTT – Correios de Portugal e o Dott lançam no dia 21 de maio, o Festival da Cereja de Resende, que este ano será realizado online e fisicamente aos fins de semana, depois de um ano sem a sua existência, devido aos constrangimentos causados pela atual pandemia. Esta será a primeira edição online deste Festival, onde durante dois meses, produtores locais disponibilizarão toneladas de cereja que estarão à venda na plataforma Dott e serão distribuídas pelos CTT, dando assim a oportunidade única de todos adquirirem umas das mais afamadas cerejas do país,

com portes gratuitos para encomendas de valor igual ou superior a 25 euros. Pode aceder ao Festival da Cereja de Resende aqui: https://dott.pt/pt/campaign/ festival-cereja-resende. Esta iniciativa segue as mais recentes tendências das transações comerciais, tendo por missão apoiar os produtores locais no escoamento dos seus produtos a nível nacional no atual contexto de pandemia CoViD-19, que impediu a realização de mercados físicos e alterou os hábitos de consumo dos portugueses. Embora se trate da primeira edição online, é 19.ª vez que decorre o Festival da Cereja de Resende, uma iniciativa de grande importância para a economia local que procura promover e valorizar um dos produtos de excelência do concelho, já que as cerejas de Resende são de facto as primei-

ras a surgirem em toda a Europa e reforçadas de inconfundíveis características nutritivas e gustativas. Além desta edição digital também será possível estar fisicamente no Festival aos fins de semana e feriados, a partir de 29 de maio, entre as 10h00 e as 19h00, e aproveitar o espírito do Festival da Cereja de Resende. Os CTT são os responsáveis pelo processo de logística e distribuição dos produtos, em linha com a consciência que têm do papel crítico que desempenham na manutenção de cadeias de comunicação e logística vitais para a economia e a sociedade portuguesa, papel reforçado no atual contexto, apoiando também as empresas na presença nos canais digitais através das suas soluções e serviços. O Dott é o maior shopping online de

Portugal. Feito de portugueses para os portugueses, está, mais que nunca, empenhado, em apoiar a digitalização das empresas portuguesas. Para tal, conta com uma equipa dedicada em ajudar as empresas a vender online o mais rapidamente possível e, em simultâneo, oferecer aos portugueses as marcas que mais gostam numa experiência de compra única, segura e confiável. Os CTT, o Dott e a Câmara Municipal de Resende, estão a implementar medidas de mitigação de contágio por CoViD-19 e a seguir todas as recomendações das autoridades competentes para a proteção dos colaboradores e clientes. As três entidades apelam também ao seguimento rigoroso das recomendações da Direção-Geral da Saúde, por forma a garantir a segurança de todos.■


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São João da Pesqueira

Grande prémio internacional de ciclismo JN / OJOGO / TPNP com chegada em S. João da Pesqueira O 1º Grande Prémio de Ciclismo do Douro Internacional JN/O Jogo/ TPNP, decorrerá de 10 a 13 de junho e irá juntar as mais prestigiadas equipas nacionais da modalidade. Esta prova, inscrita no calendário nacional da Federação Portuguesa de ciclismo, vai aliar um desporto ímpar, amigo do ambiente, com as belas paisagens que a região do Douro nos proporciona. S. João da Pesqueira recebe a etapa de dia 12 de junho. ■

Novo centro de compostagem de resíduos verdes em S. João da Pesqueira O novo Centro de Compostagem de resíduos verdes de São João da Pesqueira, vem permitir a valorização dos resíduos verdes provenientes do tratamento dos espaços verdes públicos e de particulares, transformando-os em composto orgânico destinado à fertilização de espaços verdes públicos. Desta forma, o Centro de Compostagem de resíduos verdes de São João da Pesqueira vem contribuir para a preparação e valorização dos resíduos orgânicos biodegradáveis, especialmente para resíduos verdes e madeira, através de um conjunto de atividades e intervenções destinadas e orientadas para a sensibilização e informação dos produtores de resíduos e cidadãos em geral no concelho de São João da Pesqueira para esta temática. Neste sentido, o município considera que um sistema eficiente de recolha seletiva de resíduos e a reciclagem são

a base para se aumentar a qualidade e eficiência de qualquer sistema moderno de gestão de resíduos sólidos urbanos. Desta forma, irá por um lado garantir-se a redução da quantidade de resíduos urbanos biodegradáveis a depositar em aterro e, por outro lado, garantir-se a valorização desses resíduos transformando-os num fertilizante natural com todas as vantagens ambientais e financeiras daí decorrentes. Por outro lado, a implementação de um Centro de Compostagem traz ainda a vantagem, do ponto de vista demonstrativo junto da população, de que os resíduos biodegradáveis podem e devem ser valorizados, especialmente num concelho em que a grande maioria da população tem espaços verdes e logradouros na envolvente à sua habitação, onde se produzem abundantemente este tipo de resíduos e é sempre necessário proce-

der-se à fertilização do solo. Por fim, pretende-se reduzir a quantidade de resíduos urbanos biodegradáveis (RUB) a depositar em aterro, apontan-

do-se para que com a implementação deste centro de compostagem se possa garantir uma redução na ordem das 312 ton./ ano de RUB em aterro. ■

Município de S. João da Pesqueira apoia corrida para a vida A Liga Portuguesa Contra o Cancro - Núcleo Regional do Norte @LPCCNorte<https://www.facebook.com/LPCCNorte> realiza a 2.ª edição da CORRIDA PARA A VIDA, uma prova desportiva solidária a favor dos doentes oncológicos. Este ano, o evento conta com dois padrinhos conhecidos do público e vencedores do cancro, a ex-atleta Aurora Cunha e o cantor Marco Paulo. O município de S. João da Pesqueira junta-se ao evento e apoia a divulgação e inscrição. O Presidente da Câmara Municipal, Manuel Cordeiro e o atleta da Capital Dou-

ro, Fausto Neves, vão ser os padrinhos locais desta ação. De 16 a 30 de maio de 2021 participe e faça uma atividade física: caminhe, corra, dance, pedale… Sozinho ou acompanhado, mas cumprindo as regras de segurança de combate à COVID-19. Inscreva-se já online em http://bit.ly/ CorridaParaVida-SJP. Poderá também fazê-lo presencialmente, a partir da próxima semana, na Loja de Promoção e Informação Turística VISITPESQUEIRA (em frente à Câmara Municipal) ■


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Reportagem

Da lareira à esplanada. Portonic quer rejuvenescer o Vinho do Porto O Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) autorizou a comercialização de Portonic, uma bebida feita com Vinho do Porto e água tónica, com objetivo de atrair um público mais jovem para o consumo do néctar duriense. A autorização foi dada no início deste mês de maio depois de mais de um ano de discussão no setor. De acordo com um comunicado do próprio IVDP, a bebida deve obedecer a um “regulamento próprio, com vista à garantia da proteção da denominação de origem Porto”. A autorização para o uso da marca será dada pelo próprio instituto, podendo “ser apresentada em garrafa, lata ou outros tipos de embalagem, com diferentes capacidades”. A bebida, estando pronta a ser introduzida no mercado, terá de ser aprovada pelo IVDP, implicando uma análise organolética e físico-química e terá de ser inteiramente embalada no interior da Região Demarcada do Douro ou do Entreposto de Vila Nova de Gaia. Gilberto Igrejas, presidente do IVDP, em declarações exclusivas ao nosso jornal afirma que o que se pretende “é criar uma bebida que terá na sua génese Vinho do Porto e água tónica”, com o objetivo de “dar continuidade aquilo que tem sido um processo de rejuvenescimento do consumo dos Vinhos do Porto também por esta via. Certamente que o conhecimento do Vinho do Porto que os jovens vão ter com esta bebida irão certamente ser despertados em conhecer mais sobre este vinho”. Na realidade foi preciso quebrar algumas barreiras que por vezes persistem na nossa ideia. É importante preservarmos as denominações de origem protegidas e por esta via o IVDP continuará a ser o seu guardião. É através de um contrato que as empresas vão ter que celebrar com o IVDP que poderão colocar este Portonic no mercado. Não é licito dizer que todos poderão produzir esta bebida, é necessário obedecer a um conjunto de regras bem apertadas”. A junção do Vinho do Porto não é novidade na região, “é algo que existe há 30, 40 anos”, afirma António Saraiva, presidente da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP). Era uma bebida servida nas quintas, aos seus visitantes, nos meses mais quentes, inspirada por vezes em momentos familiares mais antigos. “Eu lembro-me de quando era miúdo, o meu pai fazia-nos refresco de Vinho do

Porto, não havia água tónica nem nada disso naquele tempo, era água com gelo e umas gotinhas de Vinho do Porto velho que era extremamente perfumado, portanto chama-se àquele refresco de vinho do Porto e era muito agradável. Os tempos evoluíram e nós continuamos a servir Vinho do Porto, mas com água tónica, originando que as pessoas fossem descobrir uma outra maneira de beber um Porto”. Para o responsável do comércio o Portonic vem agora abrir um novo mercado de consumo, suportado por um tipo de consumidor que procura bebidas agradáveis mas que não obriguem a complexas preparações. “Hoje em dia há muito a mania dos chamados pré-mix ou ready to drink, as pessoas não estão para estar com trabalho de estarem a abrir a garrafa de vinho do Porto, a por água tónica, uma rodela de limão, é daí vem a ideia do Porto Tónico, mas há muita desinformação aí porque aquilo não é Vinho do Porto. Portonic não é Vinho do Porto é uma bebida que leva Vinho do Porto. Portanto não pode ter selo de garantia porque não é Vinho do Porto, contrariamente a uma categoria que se criou que é Vinagre de Vinho do Porto e aí diz mesmo Vinho do Porto, portanto aquilo é tudo seguido pelo IVDP. Aqui há uma marca coletiva que pertence ao Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto que se chama Portonic”. Uma das marcas que já apresentou a bebida na qual tem vindo a trabalhar nos últimos 12 meses é a Taylor’s que, como nos recorda o seu Diretor Técnico e de Enologia David Guimaraens, “há 12 anos atrás inovou com o primeiro Porto Rosé, o Croft Pink”. O enólogo recorda que a bebida já é consumida na região há vários anos e que esta nova apresentação permitirá alcançar novos mercados e consumidores. “Todos nós já fazemos Portonic há bastantes anos, fazemos nós empresas e o próprio IVDP também o faz. O que estamos aqui a fazer é promover o setor. Este pré mix, o Portonic embalado numa lata fácil de consumo, está dirigido a um segmento de grande expansão pelo mundo inteiro. Esta categoria é das que está com maior crescimento neste momento. Em vez de estar aqui a vê-lo passar devemos juntar-nos a ele. Isto vai contribuir para o sucesso do Vinho do Porto, estamos convictos que vai contribuir para o crescimento das vendas porque vamos conquistar um segmento que naturalmente não bebe Vinho do Porto. Quando se inova para um produto destes nós não estamos a desistir do negócio, pelo contrário, estamos a dar mais força à empresa, que estando mais forte pode continuar a inventar em toda a gama. É disso que estamos a falar com lançamento

do Portonic”. Para David Guimaraens o entendimento dentro do setor não foi difícil até porque algumas marcas já vinham testando este produto há cerca de um ano, sinal, afirma, do dinamismo que o setor apresenta. “Não foi nada complicado, eu diria até que a abertura foi muito grande por parte das instituições e das outras empresas. Talvez a maior prova disso foi que no Interprofissional, quando sujeito a votação, teve um apoio quase unânime. Isso mostra a dinâmica do setor, foi muito positivo. Foi há um ano que lançamos este projeto, chegar agora ao mercado é muito gratificante, e não temos dúvidas nenhumas, pela reação que estamos a ter dos mercados dos cinco continentes, que isto vai ser um projeto de sucesso”. O enólogo explica que esta nova bebida poderá atrair novos consumidores para o Vinho do Porto, contudo não concorda que seja um produto para consumidores jovens, mas sim para momentos informais, independentemente da idade de quem o consome. “Há muitos consumidores jovens que vão aderir a isto e depois ficam com o nome Vinho do Porto na cabeça. É natural que muitos deles vão ter uma progressão para as outras categorias do vinho do Porto. Isto é atrativo para um consumidor jovem, com idades até aos 35, 40 anos, mas não só. Todos nós, mesmo mais maduros, temos momentos informais. Isto não é um vinho dirigido aos jovens, isto é uma bebida dirigida aos momentos informais”. Outra marca que procura entrar no mercado com este novo produto é a Quinta da Boeira. Albino Jorge é o sócio-gerente da empresa que tem apresentado produtos inovadores no setor, como um Vinho do Porto velho engarrafado num frasco de perfume. Em declarações à nossa reportagem o responsável da empresa afirma que “tudo o que tem Porto é sempre um produto de

“Portonic não é Vinho do Porto é uma bebida que leva Vinho do Porto.” excelência, portanto não poderíamos ficar para trás numa situação destas. O Portonic é também uma bebida de excelência e que tem uma procura bastante interessante. Através dos nossos distribuidores nacionais e internacionais iremos colocar o nosso Portonic engarrafado, nunca enlatado”. Para Albino Jorge, o Vinho do Porto é um produto que tem associado uma longa história e tradição que, habitualmente, afasta o consumidor mais jovem e que assim pode ser atraído, mantendo depois um hábito de consumo de Vinho do Porto que será feito pelas categorias especiais. O Vinho do Porto tem uma coisa que é a imagem e a história atrás de si. Normalmente as gerações mais jovens não consomem o Vinho do Porto porque está fora do alcance da bolsa deles, a partir dos 30 anos quando têm uma condição financeira mais estável têm prazer em ter uma garrafa de Vinho do Porto em casa para servir aos amigos, o que dá uma imagem associada a algum status social. Onde o Vinho do Porto não está bem é nas categorias correntes em que se verifica que há garrafas à venda a preços abaixo de simples licores que não têm as mesmas especificidades do nosso produto. Aqui é que é necessário planear alguma coisa para que o Vinho do Porto continue com a mesma imagem para os vindouros, é um pouco esse o trabalho que o Portonic vai fazer”. ■


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Freixo de Espada à Cinta

Praia da Congida, duas décadas de Bandeira Azul Rodeada pela natureza exuberante do Parque Natural do Douro Internacional, a Praia fluvial da Congida fica situada na grande albufeira formada pela Barragem de Saucelle, no concelho de Freixo de Espada à Cinta.

rante o verão a Congida esteve sempre com muita gente, muitos portugueses e também muitos espanhóis que devido à proximidade se deslocam até aqui. Aqui temos todas as condições para que as pessoas possam passar um dia tranquilo e mesmo para dormir, temos aqui 10 casas com muita qualidade, que são de um empresário espanhol, para que as

pessoas que queiram possam pernoitar aqui. Só acordar aqui na Congida é algo fantástico, assim como ver o pôr-do-sol ou ouvir o chilrear dos passarinhos”. Com o arranque da época balnear marcado para o dia 1 de julho, a praia da Congida não deverá este ano contar com as piscinas ao ar livre porque o edifício adjacente se encontra em obras,

uma situação que impede a sua utilização. Maria do Céu Quintas desafia todos os interessados em disfrutar de uns dias de calma a irem até Freixo de Espada à Cinta, até porque, segundo a autarca, “quem por aqui passa não se esquece deste local nunca, é um local ideal para quem precisar de recarregar baterias”. ■

São já duas décadas de Bandeira Azul para esta praia fluvial no interior de Portugal, uma distinção que deixa a autarca, Maria do Céu Quintas, satisfeita. “A distinção da bandeira azul é sinal que temos todas as condições aqui e que a água é boa, prova disso é também a existência de lontras neste local. É uma distinção que dá segurança às pessoas”. A manutenção do espaço é feita “pelos funcionários da autarquia” que ao longo de todo o ano “deixam este espaço em perfeitas condições”, conta a autarca. Num ano em que a época estival será ainda marcada pela pandemia Covid-19, Maria do Céu Quintas espera uma elevada procura por este espaço, à imagem do que aconteceu no ano passado com muitos turistas nacionais a deslocarem-se até Freixo de Espada à Cinta, bem como muitos espanhóis que vivem logo ali ao lado. “Já no ano passado verificamos que duPUB


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Vila Real

Emídio Gomes quer “fazer crescer” a UTAD O novo reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro tomou posse no passado dia 15 com o objetivo de “fazer crescer” a universidade, apostando na melhoria das condições e na inovação para atrair mais alunos. “Quero uma universidade sustentável e devidamente sustentada, aberta ao mundo e à mudança, responsável, inclusiva e integradora, através do crescimento participado e articulado com toda a comunidade académica e com o envolvimento da comunidade territorial”, afirmou no seu discurso de tomada de posse. Para o novo reitor, a “relação da UTAD com a região de Trás-os-Montes e Alto Douro é uma prioridade incontornável” sendo que a “academia tem obrigação de se abrir à sociedade, às comunidades e às empresas e tornar-se um acelerador do crescimento, contribuindo para o desenvolvimento global, sem descurar o impacto e a importância local e regional”. “Queremos que a UTAD seja um portal de afirmação do território: que leve a região ao mundo e, ao mesmo tempo, traga também muito para a região, seja conhecimento, desenvolvimento, reconhecimento ou investimento”, frisou.

Depois de realçar que o espaço estudante, a instalar no núcleo histórico central do campus, vai ser “um dos marcos” do seu mandato, quis assegurar que “nenhum aluno abandona a universidade por falta de meios económicos”. “É importante reforçar os apoios diretos, os programas de mentoria e a ação do Observatório Permanente do Abandono e da Promoção do Sucesso Escolar, envolvendo a Associação

Académica (AAUTAD) na sua identificação, monitorização e acompanhamento. Temos como imperativo o investimento em residências universitárias, com a criação de novas unidades e a requalificação das existentes. Vamos aumentar o número de camas, para suportar o crescimento de ingressos e criar condições dignas nas instalações atuais”, referiu. Emídio Gomes apontou ainda que “o abismo demográfico para onde o país caminha, que será ainda mais profundo nas regiões do interior, reforça a urgência de reformas políticas e de novas estratégias que permitam reformular o processo de captação de alunos”. “A abertura da UTAD ao mundo é decisiva para a sua sobrevivência a prazo. Uma universidade que apenas se renova dentro de si própria entrará num plano inclinado irreversível”, acrescentou. Do Governo, Emídio Gomes disse esperar que “ao desígnio político da aposta no desenvolvimento do território nacional como um todo, corresponda o apoio concreto na recuperação e valorização das áreas geográficas do interior”. Nesse sentido, referiu que a presença da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, na cerimónia, “representa um enorme alento e um fator de esperança”. Ministra defende curso de medicina na UTAD

Durante o seu discurso na cerimónia de tomada de posse do novo reitor, a ministra Ana Abrunhosa referiu que “faz todo o sentido” um curso de medicina na universidade transmontana. “Faz todo o sentido, quando sentimos bem recentemente que faltam médicos no país, quando sentimos recentemente que faltam profissionais de saúde no nosso país, quando sentimos recentemente que, para termos um país desenvolvido, temos que continuar a ter um sistema nacional de saúde com qualidade e a qualidade desse sistema reside nos excelentes profissionais que as nossas escolas formam”, afirmou a ministra. Em março foi assinado um protocolo entre a UTAD e o CHTMAD, que tem sede social em Vila Real, com vista à preparação do grupo de trabalho que vai avançar com a criação do centro académico clínico, o qual poderá vir a ser a base para um futuro curso de medicina. Ana Abrunhosa salientou ainda o papel das universidades como “motores de desenvolvimento, motores de coesão”, considerando que “só o serão se trabalharem em conjunto com todas as entidades da região”. “Isto não significa que a inovação que faça seja apenas com o fim de ter utilidade imediata, não, também é importante que haja liberdade na investigação que as universidade fazem, não podem é viver fechadas para a comunidade. Têm que estar totalmente abertas para a comunidade”, afirmou. ■


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Município investe 450 mil euros em obras de requalificação de estradas O Município de Alijó vai avançar com obras de requalificação e conservação de estradas do Concelho, num investimento total que ascende aos 450 mil euros. O Presidente da Câmara Municipal de Alijó, José Rodrigues Paredes, sublinha que “este investimento vai permitir melhorar as condições de acessibilidade entre localidades, assim como a segurança para quem circula nestas vias”. Estas intervenções incluem a repavimentação da Estrada Nacional (EN) 323, entre as localidades de Balsa e Vilar de Maçada, no troço entre os nós com a EN15 e a EN323-1. O concurso foi lançado com um valor base

que ronda os 256 mil euros. Está também em curso o concurso público de adjudicação da empreitada de conservação e manutenção de vários troços de estradas em todo o concelho, que necessitam de intervenção devido ao abatimento do piso ou degradação provocada por raízes de árvores adjacentes às estradas. O valor base do concurso ronda os 172 mil euros. Estas obras, a par de outras que estão a ser desenvolvidas no Concelho, demonstram o empenho e preocupação do atual Executivo Municipal, liderado por José Rodrigues Paredes, em garantir uma melhoria significativa na qualidade de vida da população. ■

Obras do Miradouro de Santa Bárbara decorrem a bom ritmo Depois da adjudicação da empreitada no mês de abril, estão a avançar a bom ritmo as obras de construção do novo Miradouro de Santa Bárbara, localizado em Santa Eugénia, no Concelho de Alijó. A obra inclui a colocação de mobiliário urbano e a construção de instalações sanitárias, de modo a criar melhores condições para os visitantes e dignificar este espaço inserido no Santuário de Santa Bárbara. A requalificação e construção deste miradouro insere-se no projeto “Alinatur - Turismo de Natureza em Alijó”, que tem como objetivo enriquecer e qualificar a oferta de pontos de interesse turístico, assim como promover a valorização do património cultural e natural do Concelho. ■

Antiga escola de Póvoa do Douro cedida à Associação de Caça e Pesca Socalcos do Douro O Município de Alijó celebrou, a 3 de maio, um contrato de comodato com a Associação de Caça e Pesca Socalcos do Douro que prevê a cedência da antiga escola primária da aldeia de Póvoa do Douro, na União de Freguesias de Castedo e Cotas. O contrato prevê a cedência do edifício, durante um prazo de 20 anos, para ali ser instalada a sede da As-

sociação e para a realização de atividades que se enquadrem no seu plano de ação, permitindo que se possa voltar a usufruir desta antiga escola. A assinatura do contrato decorreu nos Paços do Município na presença do Presidente da Câmara, José Paredes, e do Presidente da Direção da Associação, André Pinto.■

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Armamar

Adega Cooperativa de Armamar está a ser requalificada Começaram as obras de requalificação do edifício da Adega Cooperativa de Armamar (Adega). A intervenção é promovida pela Autarquia, na sequência de um contrato de arrendamento celebrado com as Caves Vale do Rodo, com o objetivo de dar nova vida ao edifício e o integrar na estrutura da Rede de Museus do Douro. A intervenção conta com apoio financeiro de duas candidaturas distintas. Por um lado, a requalificação da infraestrutura física, cofinanciada pelo FEDER do Programa Operacional NORTE 2020, no âmbito dos projetos PROVERE. Trata-se de um investimento de 573.049,42 euros, cofinanciados a 85 por cento, e que permitirá a promoção dos produtos endógenos, como a maçã e o vinho. A outra vertente do projeto é a criação de um espaço para valorizar o papel da Mulher no desenvolvimento económico, social e cultural da região Duriense, numa perspetiva de passa-

do, presente e futuro. Esta parte do projeto é financiada pela Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior, Programa VALORIZAR, do Turismo de Portugal e traduz-se num investimento de 218.739,60 euros financiados a 90 por cento. A ideia é valorizar o património construído, preservando a sua autenticidade, e viabilizar a utilidade daquele espaço para estruturar a oferta turística e cultural, dando melhor resposta à crescente procura. Assim, valoriza-se turisticamente o concelho e o território, desconcentrando a procura e reduzindo a sazonalidade turística. A Adega foi criada em 1957, conforme o plano das adegas cooperativas da região demarcada, elaborado pela Casa do Douro. O objetivo era manter e prestigiar as características do vinho da região e promover a sua comercialização. Em 2004, acontece o processo de fusão da Adega com a empresa

Caves Vale do Rodo, CRL. Desde então a utilização do edifício diminuiu face a uma nova estratégia de modernização e eficiência na gestão de instalações e recursos humanos da empresa.

A Adega é uma instituição que faz parte da identidade coletiva dos Armamarenses, pelo serviço que presta e pela beleza e originalidade do edifício situado no centro da vila de Armamar. ■

Programa Bairros Saudáveis - Armamar com 3 projetos aprovados Foram aprovados três projetos que várias entidades do concelho candidataram ao Programa Bairros Saudáveis. “TOC TOC Multi Serviços Porta a Porta”, “Saúde Drive-in” e “AproxiM@ster - Respostas Comunitárias de Tutoria Sénior”, estão entre as 232 candidaturas escolhidas num total de 750 admitidas a nível nacional. O projeto TOC TOC é promovido pela Associação Social, Desportiva e Recreativa de Arícera, com as parcerias da Unidade de Cuidados na Comunidade Terras do Douro e o Município de Armamar. Vai intervir em todo o território concelhio nos domínios social, económico, saúde, ambiental e urbanístico. Através de um acompanhamento personalizado, dará respostas até agora inexistentes a populações fragilizadas como idosos, deficientes e famílias em isolamento profilático sem retaguarda familiar.

Com o SAÚDE DRIVE-IN pretende-se descentralizar e flexibilizar o acesso aos cuidados de saúde, realizar rastreios e capacitar os cuidadores informais, apoiando-se a população mais frágil. A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Armamar é a entidade promotora e conta com a Unidade de Cuidados na Comunidade Terras do Douro, o Grupo de Voluntários Uma Ligação e o Município de Armamar como parceiros. O APROXIM@STER integra uma resposta já existente, a Universidade Sénior, prestando um serviço socioeducativo diferenciado para públicos com maiores vulnerabilidades sociais e de saúde, a quem a pandemia da Covid-19 veio acentuar o isolamento e a solidão, necessitando de suporte acrescido. O projeto é promovido pela Associação Cultural, Assistencial e Recreativa dos Trabalha-

dores da Câmara Municipal de Armamar, em parceria com entidades locais como o Município de Armamar, o Agrupamento de Escolas, Juntas de Freguesia, associações locais e o Banco Local de Voluntariado. As ações vão dotar a população envelhecida de saberes em torno da educação para a saúde ambiental, cooperativismo social, te-

rapia ocupacional, recorrendo ao reforço da comunicação digital. Os cidadãos terão acesso a ferramentas de comunicação, educativas, terapêuticas e autossustentáveis para combater o isolamento, a falta de meios ocupacionais e a ausência de informação que os ajude a salvaguardar a saúde mental e física.■

Realização de Exercício no Heliporto de Armamar Realizou-se no passado dia 15, no Heliporto de Armamar um exercício a “escala total” para testar o plano de emergência da infraestrutura. Com o exercício foram testados vários indicadores que medem o bom funcionamento

do heliporto, como a capacidade de prontidão e conhecimento dos Bombeiros Voluntários de Armamar e do efetivo integrado nas Brigadas de Aeródromo. Para acompanhar o exercício estiveram presentes observadores da Guarda Nacional

Republicana, pela Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS), do Serviço Municipal de Proteção Civil, da ANEPC, fazendo-se representar pelo CODIS de Viseu, bem como o Diretor do Aeródromo de Viseu.

O Heliporto de Armamar é uma estrutura com capacidade para efetuar operações aéreas de emergência de âmbito local, regional e nacional. Destina-se, numa fase inicial, à operação no âmbito da Proteção Civil, Emergência Médica e Combate a Incêndios.■

Rui Pires na Coleção Museu do Douro Exposição de exterior em Armamar Armamar acolhe a exposição “Rui Pires na Coleção Museu do Douro”, numa instalação patente ao público em frente à Loja Interativa de Turismo. A exposição baseia-se no espólio fotográfico doado pelo artista Rui Pires ao Museu do Douro (MD), que ultrapassa as trezentas imagens. Deste acervo, que inclui fotografias da sua coleção pessoal, onde regista as suas viagens pelo mundo, o MD escolheu um conjunto que abrange diferentes paisagens da Região do Douro. Trata-se de uma exposição ao ar livre que o

MD criou, com o apoio do Turismo do Porto e Norte de Portugal, composta por estruturas retro iluminadas com mais de 200 imagens. Com a iniciativa, o MD pretende levar este projeto ao encontro de um público mais vasto, num modelo que dá resposta e se ajusta às restrições impostas pela Covid-19. Esta mostra é constituída por três núcleos, Gentes, Património e Paisagem, testemunho das dimensões que tecem a essência do Douro, magnificamente revelada no olhar singular do fotógrafo. ■


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São João da Pesqueira

António Fontaínhas Fernandes

S. João da Pesqueira marcou presença na FITUR 2021

O município de São João da Pesqueira marcou presença na Feira Internacional de Turismo de Madrid (FITUR) com o objetivo de divulgar o seu território. Aquela que é considerada uma das maiores feiras mundiais do setor do Turismo decorreu entre os dias 19 e 23 de maio, sendo que os visitantes que passaram pelo espaço do município pesqueirense puderam obter informações sobre o Concelho de S. João da Pesqueira, o seu território nas suas diversas vertentes: património, gastronomia, história, cultura, eventos, desporto, natureza, entre outras, cumprindo assim mais uma etapa na estratégia de internacionalização da marca S. João da Pesqueira – Coração do Douro, junto dos mercados com elevado potencial, promovendo os seus atrativos turísticos. A presença do Município serviu, também, para concretizar diversos contatos diretos com operadores turísticos e entidades internacionais do setor. No certame, além do município de S. João da Pesqueira, marcaram presença apenas mais quatro municípios portugueses, todos eles capitais distritais: Lisboa, Braga, Castelo Branco e Setúbal. Em declarações ao VivaDouro o autarca pesqueirense, Manuel Cordeiro afirmou que “o executivo municipal teve sempre como visão para a concelho a sua promoção e divulgação, enfatizando neste campo o enoturismo, para o qual o nosso território

apresenta um forte potencial”. Para o edil, “a presença na FITUR 2021 insere-se nesta estratégia de divulgação do nosso território como destino turístico e, por arrastamento, refletindo uma aposta na divulgação dos nossos produtos de excelência, com especial incidência nos vinhos DOC e do Porto. A aposta na presença na FITUR, a maior feira de turismo da europa, visa dar um passo na internacionalização da divulgação do concelho, num mercado que, pela sua proximidade e dimensão, entendemos revestir-se de grande potencial económico”. No final do certame Manuel Cordeiro mostrou-se bastante satisfeito com o

Professor Universitário

A aposta das regiões na qualificação

resultado desta presença afirmando que “a nossa participação cumpriu os objetivos a que nos propusemos, quer com a abertura de ligações a operadores turísticos, quer em múltiplos contactos com visitantes isolados, famílias ou pequenos grupos. No período pós pandémico, que felizmente se aproxima, quisemos adotar uma ação mais pró-ativa por forma a posicionar o concelho num contexto da previsível alteração do paradigma do turismo massificado, com a procura de destinos mais seguros e mais tranquilos como o nosso, sendo expectável um crescimento do potencial do nosso território, com múltiplos fatores de atratividade neste contexto”.■

A crise provocada pela COVID-19 veio expor algumas fragilidades e desigualdades das regiões que têm de ser travadas a tempo, o que exige um investimento no combate à pobreza e na proteção social, na criação de emprego, mas essencialmente na qualificação das pessoas. Foi neste contexto que, entre os compromissos sociais da Europa subscritos na recente cimeira europeia do Porto, se destaca a determinação dos parceiros sociais europeus e das organizações da representativas da sociedade em apostar na qualificação de ativos adultos em 60%, além da garantia do aumento da população ativa empregada e da redução de pessoas em situação de pobreza. Indubitavelmente, a qualificação deve ser uma aposta da Europa e das regiões em particular, o que apela a entendimentos entre as instituições de ensino superior e os outros agentes do território. Foi neste contexto que o Governo lançou o desafio às instituições, no quadro do Plano de Recuperação e Resiliência, para de forma individual ou em formato de consórcio apostarem na qualificação com impacto no desenvolvimento das regiões. Por um lado, lançou o impulso Jovens STEAM que tem por objetivo promover iniciativas orientadas exclusivamente para aumentar a graduação superior de jovens em áreas de ciências, tecnologias, engenharias, artes e matemática. O outro eixo denominado Impulso Adultos tem por objetivo apoiar a conversão e atualização de competências de adultos ativos, através de formações de curta duração no ensino superior, de nível inicial e de pós-graduação, assim como a formação ao longo da vida. Com efeito e não obstante a evolução positiva de Portugal ultrapassar o défice de qualificações, graças a um conjunto de mudanças legislativas e de adaptação do sistema de ensino superior a novos públicos, a qualificação dos adultos ativos continua a ser um desafio que importa ultrapassar para enfrentar com sucesso o futuro e se concretizar a Estratégia Portugal 2030. Persistem ainda níveis de qualificação baixos na população ativa, tendo o sistema privilegiado o acesso de estudantes mais jovens na conclusão do ensino secundário. Persiste uma baixa capacidade de atração de estudantes mais velhos, já a trabalhar ou mesmo desempregados, estudantes a tempo parcial e de estudantes oriundos de grupos socioeconómicos sub-representados no ensino superior. Trata-se de uma oportunidade única que o Douro tem de aproveitar, envolvendo empregadores públicos e/ou privados, autarquias e entidades públicas locais, regionais e nacionais devendo ser orientado para a conceção dos programas de formação, disponibilização de recursos humanos para a formação especializada, atração de estudantes sobretudo adultos, bem como a empregabilidade dos formandos.


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Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro

Lamego e o futuro! A cidade de Lamego tem, todos lhe reconhecemos, uma força histórica e de dimensão simbólica, como não me lembro de outra. Podemos até dizer que Lamego é das mais fortes marcas de Portugal. Lamego é centralidade da geografia afetiva de todo o Norte. Centralidade viária no eixo Bragança, Vila Real, Lamego, Viseu, Coimbra. É, sem qualquer dúvida, centralidade sociológica no Douro e Beiras, particularmente de concelhos do Douro Sul. Mas importa olhar para a realidade e constatar que Lamego vive um tempo cronológico e demográfico que a coloca entre o futuro promissor e um presente penitente. Neste presente, uma parte da cidade colapsa, ou fecha portas, literalmente, ao som do silêncio da indiferença, de muitos de nós, mas fundamentalmente das autoridades locais que não poderiam permitir este fatalismo. Se os diagnósticos precoces da dialética urbana e as políticas proativas de regeneração tivessem acontecido, tudo poderia ter sido

Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Dalila Rodrigues Filipa Aguiar Lisete Morais Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I

Falando de Asma Em maio comemora-se o Dia Mundial da Asma, que, este ano, versa o tema “Descobrindo os Equívocos sobre a Asma”. Este evento é organizado pela Global Asthma Initiative (GINA) da Organização Mundial Saúde (OMS), tendo como principal objetivo sensibilizar as pessoas para esta doença. Aborda essencialmente os mitos e conceitos errados que as pessoas têm sobre a asma e que as impede de usufruir dos benefícios existentes no tratamento. Os equívocos mais comuns em torno da asma são: (i) a asma é uma doença infantil; (ii)a asma é infeciosa; (iii) quem sofre de asma não deve praticar exercício físico, no entanto a verdade é: (i) a asma pode surgir em qualquer idade (crianças, adolescentes, adultos e idosos); (ii)a asma não é infeciosa; (iii) quem sofre de asma pode praticar exercício físico. A Asma é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas potencialmente grave que afeta tanto crianças como adultos, caracterizada por vários sintomas, incluindo pieira, tosse, falta de ar e aperto no peito. Não tendo cura, esta doença, pode ser controlada, permitindo uma melhor qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde, ocorre em todas as idades e afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo e é a doença crónica mais comum em crian-

diferente. Uma parte da cidade precisa de ressuscitar e de se fazer à vida. As ruas que deixamos morrer, e as que, lentamente, para lá caminham exigem-nos determinação na introdução de conceitos modernos de cidade que tragam o futuro. E o futuro são as gentes novas que a podem habitar, os ventos novos da ciência, da tecnologia e do trabalho, os conceitos novos de comércio ao ar livre e outras atividades económicas de vanguarda, a cultura e os novos tempos das atividades criativas. Temos bons exemplos de quebra do ciclo decadente, embora insuficientes, de iniciativa pública, na zona do castelo, e privados, um pouco por toda a cidade. Mas precisamos de uma visão e atuação global e integrada. Lamego tem monumentalidade, equipamentos e escolas dos vários níveis, que são âncoras com grande relevância e utilidade para mudar o sentido do caminhar coletivo nesta cidade. Lamego é também a cidade verde. É-o por fora, e pode sê-lo por dentro, ou seja, uma cidade de grandes espaços verdes mas que a sua estrutura funcional a coloque no necessário caminho da sustentabilidade ambiental. No centro deste futuro estarão certamente as pessoas e as sua legítima ambição de viver e sentir uma cidade com a dimensão adequada, que seja um ecossistema urbano de grande qualidade de vida. Com este pequeno apontamento, fica o desafio da mobilização de todos para a reflexão e ação fora da caixa, que construa futuro coletivo, em Lamego! ças. As maiores dificuldades no seu controlo são a fraca adesão ao tratamento e a incorreta utilização dos dispositivos inalatórios, o que leva a agudizações com necessidade de internamento, consultas de urgência e absentismo laboral e escolar. A educação para a saúde do doente asmático e família leva à obtenção de ganhos em saúde, maior controlo da asma e da evolução da doença. Entre os diversos fatores associados às causas da asma está o fator genético já que é uma doença que costuma afetar diversos membros da mesma família. Se um dos progenitores sofre de asma, o risco do filho ter a doença é de cerca de 25%, aumentando para cerca de 50% se ambos os progenitores sofrem da doença. As alergias e a asma ocorrem frequentemente de forma simultânea. Os indivíduos com rinite alérgica, eczemas atópicos, alergias alimentares estão em risco de desenvolverem ou agravarem o seu processo asmático. A prevalência e o impacto desta doença estão a aumentar, sobretudo nas áreas urbanas, provavelmente devido a alterações ambientais ou estilo de vida. Nesta época de pandemia, embora as informações ainda sejam escassas e, por isso, possam ser imprecisas, a asma, por si só, não parece ser um fator de risco para contrair ou agravar a infeção por corona vírus. No entanto, a asma que não esteja bem controlada poderá contribuir para uma maior gravidade do quadro que se associe à eventual infeção Covid – 19 em asmáticos. Cerca de metade dos doentes asmáticos em Portugal não têm a sua asma controlada. Um controle adequado da doença implica, além de reconhecer os fatores desencadeantes, a realização de uma avaliação periódica e medicação adequada. Um dos principais problemas desta doença é a falta de diagnóstico atempado. Em caso de crise os doentes deverão ajustar a sua medicação de acordo com o plano pré-estabelecido pelo seu médico, procurando os serviços de saúde se tiver qualquer situação que não consiga controlar por si.


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MAIO 2021

Opinião Emídio Gomes Reitor da UTAD

O desenvolvimento económico e social do interior é um tema recorrente, sendo habitualmente muito elevada a diferença entre as expectativas criadas e a sua concretização efetiva. Sou dos que continua a acreditar que o país não tem obrigatoriamente que se inclinar sempre para o litoral e depois para sul, terminando com a quebra na zona do estuário do Tejo, por onde tudo se esvai na intrincada rede de interesses do poder central. Reconheço que vivemos hoje num país

Trabalhar por uma região melhor diferente, para melhor, do que aquele que conheci durante a minha infância e juventude. Onde o acesso à saúde, à educação e habitação condigna, entre outros, eram privilégio de uma parte minoritária da população. É por isso razoável e justo que a análise prospetiva tenha em conta o enorme avanço civilizacional que o Portugal democrático representa. O que não nos deve impedir de perceber o que correu menos bem e desejar, ou sonhar, a sua correção. Por isso continuo a pensar que não nos podemos conformar com a perda inexorável de população de todo o interior, fruto de políticas sucessivas que pouco ou nada fizeram para o evitar. Como não

Gilberto Igrejas

Ready to Drink!

Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)

tenha teor de álcool elevado, que seja um cocktail sem preparação prévia, que não implique grandes artes de bartender, que seja facilmente transportável, digamos que um cocktail estilo ready-to-drink. Neste enquadramento, nasceu a marca Portonic. Para isso o IVDP registou em seu nome esta marca, e sujeita a sua licença a regras rigorosas na defesa e proteção da denominação de origem Porto. Fica estabelecido neste acordo de licença que a utilização da marca Portonic depende de prévia autorização conferida pelo IVDP, designadamente da rotulagem da embalagem e da aprovação da bebida à base de vinho, que pode ser apresentada em garrafa, em lata ou em outros tipos de embalagem, com diferentes capacidades. Não menos relevante é o facto da rotulagem aposta na embalagem ter, igualmente, de ser previamente aprova-

O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP) tem vindo a trabalhar com os agentes económicos, há cerca de dois anos, no sentido de conseguir registar como marca, inserida numa aposta estratégica do setor, algo que já estava implementado informalmente na cocktelaria: compor uma bebida, descontraída, que combinasse a sensação doce com a sensação amarga. O IVDP sabe que o Vinho do Porto, por ser um vinho extraordinariamente versátil nas soluções que permite atingir, poderá facilitar a aproximação do Vinho do Porto dos momentos descontraídos de consumo e atingir uma camada mais jovem, que hoje procura, em certos momentos, algo que não

Célia Ramos, Vice-Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte

Quando falamos e recordamos o panorama do Alto Douro Vinhateiro é impossível não lhe associarmos um elemento-chave: os muros de xisto. Este pedaço icónico de História de luta contra a escassez de água e solo, moldou a face inclinada e pedregosa dos vales durante séculos e, hoje, assume o seu lugar como (provavelmente) o mais importante elemento cultural desta paisagem vinhateira. Os muros representam o testemunho de maior identidade, legado dos nossos antepassados durienses que, com engenho, força de braços e saber- fa-

entendo como continuamos a ter concelhos sem formação ao nível do ensino secundário, com centros de saúde que encerram às 20h e não garantem sequer um acesso decente ao hospital mais próximo, ou que deixaram mesmo de ter estação de correios e, ou, balcão da caixa geral de depósitos. Sonho com um país que olha cada freguesia, cada concelho, como o mais importante de cada dia, não apenas nos momentos de infelicidade. Com um diferencial fiscal significativo e transparente para todos os que, individual ou coletivamente, insistem em manter viva esta parte do território nacional. Imagino a coesão territorial como um desígnio co-

letivo, não apenas um conjunto vazio a preencher os limites de um espaço desenhado para eleitor ver. Com o cargo de reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro,- assumo a responsabilidade do seu contributo para os desígnios enunciados. Com mais de sete mil alunos e base em Vila Real, a UTAD é muito mais do que uma grande instituição pública sediada na sede de distrito. Tem que ser um ativo partilhado pelo vasto território envolvente, numa estreita interação com o tecido económico e social, municípios e Comunidades Intermunicipais, ou seja, um verdadeiro “hub” do desenvolvimento regional.

da pelo IVDP, prevenindo a proteção da marca em causa, da imagem e do prestígio da Denominação de Origem Porto, bem como da qualidade e características da própria bebida, ostentando uma marca registada figurativa com a palavra Portonic. As regras a que está sujeita a licença da marca Portonic insere-se na missão do IVDP de proteger a imagem de prestígio da denominação de origem Porto e, nesse sentido, quer a rotulagem quer a bebida são sujeitas a estrito controlo e fiscalização do IVDP de modo a preservar a reputação nacional e internacional da denominação de origem Porto, contribuindo, aliás, para a sua promoção. Estando pronta a ser introduzida no mercado, a bebida terá de ser aprovada pelo IVDP, implicando uma análise organolética e físico-química e terá de ser inteiramente embalada no interior da Região

Demarcada do Douro ou do Entreposto de Vila Nova de Gaia. De momento, apenas será possível utilizar-se Porto Branco na sua preparação, mas é de prever que, num prazo curto, venham a ser também autorizados Portonic tendo como base Porto Ruby, Tawny ou Rosado. Estamos convictos de que esta aposta estratégica irá criar novas formas de consumo que permitam conquistar relevância junto do público jovem, através de novas experiências associadas ao convívio e aos bons momentos da vida e valorizar o portfolio do Vinho do Porto. Se o doce nunca amargou, teremos com o Portonic a evidência de que amargando o doce se poderá ter sucesso, também pela via da aproximação do público mais jovem ao conhecimento do Vinho do Porto.

Muros de xisto: a dádiva das mãos durienses ao mundo zer esculpiram o solo, ergueram muros, construíram socalcos e tornam a paisagem rica e produtiva. Este património ímpar já mundialmente reconhecido exige por isso os meios necessários para garantir a sua manutenção, valorização e divulgação. Volvidos 20 anos sobre o marco incontornável da classificação do Douro pela UNESCO como Património Mundial Paisagem Cultural, Evolutiva e Viva, a CCDR-N, enquanto entidade gestora do Sítio, juntou esforços, contributos e apoios de homens e mulheres que, diariamente, lutam pelo presente e (sobretudo) pelo futuro desta região, para uma candidatura ao Prémio Internacional Melina Mercouri, de Salvaguarda e Gestão de Paisagens Culturais. Acreditamos que esta é a melhor forma

de prestar homenagem à nossa identidade, cultura e paisagem mas também, e sobretudo, um justo tributo a todos aqueles construtores anónimos que, diariamente, contribuem para a existência, manutenção e salvaguarda dos muros. Contudo, este prémio não representa apenas uma homenagem às sinergias traçadas entre os socalcos e a humanidade durante séculos, mas também o garante de uma paisagem evolutiva, viva e com futuro. Esta representa a urgência da aposta em formação para as “mãos” que, todos os dias, ajudam a esculpir estes traços da personalidade duriense. Mãos que precisam deste apoio e acompanhamento para que possam seguir a evolução do tempo e da paisagem. É também o compromisso da CCDR-N na

continuidade das políticas públicas de apoio junto dos produtores vinícolas, numa região que é extensa e heterogénea e, por isso, almeja por uma proximidade contínua e pela garantia de um trabalho em rede incessante. Este prémio representa a prova internacional que os durienses merecem pelo empenho, dedicação, envolvimento e, acima de tudo, pela capacidade de adaptação e resiliência que sempre demonstram na sua relação com o território. Um prémio que representará as “escadas de terra, semelhantes a templos que se aproximam do sol”, como tão bem Agustina as definiu um dia. Que representa, sobretudo, um compromisso de não desistir.


Jornal VivaDouro - 26 de maio de 2021

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________CERTIFICO, para efeitos de publicação, que por escritura do dia sete de Maio de dois mil e vinte e um, lavrada a folhas 9 do Livro 28-M, deste Cartório, José Pedro Alves Ribeiro de Sá Correia, casado, natural da freguesia de Argoncilhe, deste concelho, residente na Travessa das Austrálias, n.º 108, freguesia de São João de Ver, deste concelho, na qualidade de administrador único da sociedade comercial anónima com a firma, “EMPRI – EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS, S.A.”, pessoa colectiva e matrícula 504031350, da Conservatória do Registo Predial e Comercial de Santa Maria da Feira, com sede na Rua Dr. Cândido de Pinho, n.º 30F, na União das freguesias de Santa Maria da Feira, Travanca, Sanfins e Espargo, concelho de Santa Maria da Feira, com o capital social de cem mil euros, declara que a sociedade sua representada é dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem, do seguinte prédio:______________ ________Urbano, sito no lugar do Tedo, freguesia de Adorigo, concelho de Tabuaço, composto por casa de arrumações de rés-do-chão, com a área total e coberta de vinte e cinco metros quadrados, a confrontar do norte, sul, nascente e poente com a sociedade justificante,__________________________________ _________ inscrito na respectiva matriz predial, em nome da sociedade justificante, sob o artigo 414, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tabuaço. _________ Que este prédio adveio à posse da sociedade justificante, por compra verbal a José Maria de Sá Correia e mulher Maria Olímpia Alves Ribeiro de Sá Correia, casados no regime da comunhão de adquiridos, residentes na Rua 25, n.º 720, 1º direito, na freguesia e concelho de Espinho, em data que não pode precisar do ano de dois mil, transmissão esta meramente verbal, inexistindo portanto qualquer título formal que a possa comprovar.___________________________________________________________ _________ Que desde essa data, tem a sociedade justificante possuído o dito prédio em nome próprio e sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, posse que sempre exerceu sem interrupção e ostensivamente, à vista e com conhecimento de toda a gente e traduzida na utilização do imóvel para arrecadações e arrumos, na sua conservação, bem como em todos os demais actos materiais de fruição sendo, por isso, uma posse pacífica, porque exercida sem violência, contínua e pública._______________ _________ Como esta posse assim exercida o foi sempre de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, a sociedade representada do primeiro outorgante acabou por adquirir o prédio por usucapião, que invoca para justificar o direito de propriedade para fins de registo predial, dado que este modo de aquisição não pode ser comprovado extrajudicialmente de outra forma. _________ Que, desta forma, para a sua representada justifica a aquisição do aludido imóvel por usucapião. ______________________________ __________________________________________________ _________ ESTÁ CONFORME O ORIGINAL. __________________________________________________ _________ Cartório Notarial em Santa Maria da Feira da Licenciada Paula Cristina Dias de Sá, sito à Rua São Nicolau, n.º 50, na União das freguesias de Santa Maria da Feira, Travanca, Sanfins e Espargo, concelho de Santa Maria da Feira, aos 07 de Maio de 2021. _______________________________________________ A Notária,_____________________________________________________________________________ Registo n.º Factura/Recibo n.º 2021005/

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