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Ano 6 - n.º 80 - outubro 2021
Preço 0,01€ Mensal
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
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Alta Velocidade proposta para a região > Págs. 4 e 5
● Proposta foi apresentada pela Associação Vale D’Ouro ● Ligação colocaria Vila Real a cerca de 2H30 de Madrid ● Vila Real e Alijó/Murça serão duas das estações do percurso Murça Azeite será de excelente qualidade > Pág. 6
Penedono Campanha da castanha abaixo das expectativas > Pág. 8
Região
> Págs. 22 e 23
Feira da Maçã marca regresso dos eventos à região
Ensino Superior: Ano arranca em regime presencial > Pág. 10
Nesta edição pode encontrar o destacável do Boletim Informação PUB
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VIVADOURO
OUTUBRO 2021
Editorial Miguel Almeida Diretor VivaDouro
SUMÁRIO: Destaque Páginas 4 e 5 Murça Página 6 São João da Pesqueira Página 7 Região Páginas 8, 10, 20 e 28
Ainda as Sondagens Havendo relevância estatística e um bom trabalho na seleção dos entrevistados, de modo que representem o universo, as sondagens são fiáveis e permitem perceber as intenções dos eleitores, no momento em que são realizadas. Os políticos que insistem em as desvalorizar e desconsiderar estes instrumentos apenas o fazem porque dá jeito quando os resultados que apresentam não estão de acordo com a sua ambição ou com as suas expectativas. Um tema controverso é se uma sondagem influencia os resultados. Porque se alguém é apresentado como vencedor fácil de umas eleições, isso pode ter o efeito de aumentar os resultados, isto porque muitos eleitores gostam de votar em quem ganha. Mas também pode ter o efeito inverso, ou seja, os eleitores acharem que já está ganho e que, por isso, nem vale a pena a deslocação à mesa de voto. Também pode provocar efeitos nos outros concorrentes, quer incentivando a que os eleitores que pretendem votar nas alternativas o façam quer desincentivando essa ação. Os estudos que existem indicam que os efeitos se anulam e que a publicação de uma sondagem com determinado resultado não influencia o resultado final das eleições. Isto é provado em Lisboa, município em que as sondagens apontavam outro resultado, havendo agora quem diga que a alteração de voto ocorreu porque as pessoas acharam que estava ganho e que não valia a pena ir votar. A verdade é que os resultados atingidos estão dentro das margens de erro, no entanto a comunicação social optou por realçar o resultado aparente em vez de explicitar a parte técnica do trabalho realizado. A influência direta das sondagens na abstenção e nas opções de voto é diminuta. Já os efeitos que provocam nos candidatos e nas forças que concorrem é outro ponto, pois podem motivar as hostes ou dificultar a gestão das expectativas. Mas são sempre apenas mais um elemento num sistema complexo de múltiplas influências que tem como objetivo último captar os eleitores para votarem “bem”. Parabéns a todos os autarcas eleitos e que desempenhem com lealdade e honra as funções em que forem investidos!
PRÓXIMA EDIÇÃO 24 NOVEMBRO
Santa Marta de Penaguião Página 9
Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org POSITIVO O regresso dos eventos de grande dimensão à região, com uma forte adesão do público para satisfação de comerciantes e produtores que assim vêm crescer o negócio
Alijó Página 11 Lamego Página 12 Armamar Páginas 13, 22 e 23 Vila Real Página 14 Carrazeda de Ansiães Página 19 Moimenta da Beira Página 20 Sabrosa Página 21
NEGATIVO A morte de Armanda Passos, aos 77 anos, deixa um vazio na arte duriense que perdura nos seus trabalhos, grande parte deles em exposição no Museu do Douro.
Entrevista Páginas 24 e 25 Tabuaço Página 27
Luís Braga da Cruz
Nacional Página 29 Lazer Página 30
Engenheiro Civil
Opinião Página 31
"Terra Maronesa, um caso exemplar de Economia de Montanha"
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Estas crónicas têm como objecto principal o Douro, mas também Trás-os-Montes, apelando à relação afectiva que todos temos com estes territórios simbólicos e com o seu desenvolvimento. Habituamo-nos a classificá-los como territórios do interior ou de baixa densidade. Não importa discutir o ajuste semântico destas designações, mas continua a ser imperativo questionar porque subsiste uma carga negativa sobre esta parte da realidade nacional. O progressivo abandono consolidou um padrão de vida com pouca esperança, como se tratasse de algo inevitável. Não aceito este determinismo. Muitas iniciativas concretas foram propostas e alguma coisa de positivo delas resultou. Porém, não tem havido coragem política para conceber e concretizar medidas mais radicais que induzam a inversão nos problemas destes territórios que ainda compõem a nossa identidade nacional. Por isso temos obrigação de exaltar as experiências exemplares que, a custo, se afirmam no bom sentido. O projecto "Terra Maronesa - Pastoreio Sustentável e Gestão da Paisagem", na freguesia de Telões, em Vila Pouca de Aguiar, apoiada pelo programa europeu LIFE (2020-2025), é uma operação que justifica ser estudado nas suas circunstâncias e pelo seu caracter pedagógico. Os terrenos em que se desenvolve fazem parte da Serra do Alvão. São parcialmente comunitários e neles havia usos antigos de pastoreio de montanha e de criação de gado. O progressivo
abandono pôs em risco as condições de sustentabilidade desse uso antigo. A acumulação desequilibrada de material combustível superficial fez acentuar os riscos de fogo rural, com perda de qualidade dos pastos tradicionais e fez reduzir os efectivos de animais das raças autóctones tradicionais bem adaptadas à montanha (bovina maronesa e cabra bravia). Para o contrariar, produtores pecuários persistentes e amantes da sua pátria local iniciaram um programa de recuperação de velhas práticas, tentando compreender esta realidade complexa, para definir o que deveria ser feito para optimizar o potencial produtivo. Exploraram a complementaridade das forragens dos lameiros nos vales com os pastos e as espécies arbustivas da montanha, donde resultou maior equilíbrio da paisagem e da economia de montanha. Quais os elementos mais positivos? Terem partido da realidade tradicional, estudando-a com apoio académico - Instituto Politécnico de Bragança - e técnico de uma organização florestal - Aguiar Floresta; ter compreendido o que fazer para aumentar a fertilidade do solo, reduzir a erosão e garantir a sustentabilidade do modelo de exploração. Foi fundamental integrar a operação pecuária com outras iniciativas que viabilizam o projecto (escolas de pastores, turismo em espaço rural, mais valor aos produtos locais, visibilidade ao resultados, para se poderem expandir aos planaltos vizinhos). Este conhecimento foi difundido entre criadores e a população em geral, monitorizando os benefícios e fazendo o balanço social e económico tanto à escala das explorações como da unidade de paisagem, num esforço agrupado para gerir melhor e adaptar esta actividade à tensão climática emergente. Um caso que merece ser acompanhado.
Registo no ICS/ERC 126635 | Número de Registo Depósito Legal: 391739/15 | Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 | Diretor Adjunto: Carlos Almeida | Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 | Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 / 910 599 481 | Paginação: Rita Lopes | Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4510-698 Fânzeres | Administrador: José Ângelo da Costa Pinto | Estatuto editorial: www.public.vivadouro.org/vivadouro | NIF: 507632923 | Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda., Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha | Sede de Redação: Avenida Barão de Forrester, nº45 5130-578 São João da Pesqueira | Sede do Editor: Travessa do Veloso, nº 87 4200-518 Porto | Sede do Impressor: Av.ª da Republica nº6 1º Esq. 1050-191 Lisboa | Colaboradores: André Rubim Rangel, António Costa, António Fontaínhas Fernandes, Beatriz Oliveira, Freire de Sousa, Gilberto Igrejas, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Paulo Costa, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Sílvia Fernandes. | Impressão: Luso Ibéria | Tiragem: 10 mil exemplares
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VIVADOURO OUTUBRO 2021
DESTAQUE
Associação Vale D’Ouro propõe Alta Velocidade entre Porto e Espanha
Texto e fotos: Carlos Almeida
Entre as estações projetadas, duas são em território duriense, Vila Real e Alijó/Murça. Capital espanhola ficaria a cerca de duas horas e meia de Vila Real. A proposta da Associação surge no âmbito da consulta pública para o Plano Nacional Ferroviário (PNF), que está a decorrer, tendo já o Ministro Pedro Nuno Santos garantido que a mesma será analisada. "Estamos a ouvir o país (...) as ligações a Espanha terão que ser avaliadas ainda com mais cuidado", afirmou o governante. Também Frederico Francisco, Coordenador do Plano Nacional Ferroviário, já veio a público afirmar que o projeto é “inovador”, referindo ainda que “as novas ligações não colocam em causa as atuais”. De acordo com Luís Almeida, Presidente da associação responsável pelo estudo, o mesmo foi “desenvolvido por um conjunto de técnicos de
reconhecida idoneidade, e competência técnica, a título gracioso”. “Os ecossistemas das associações, sejam elas culturais ou de outro cariz, dependem muito dos voluntários que as integram. Se nós temos recursos para dar um determinado tipo de resposta devemos aproveitá-los. Na missão de qualquer associação está o apoio às sociedades em que estão inseridas. No caso da nossa associação ela é constituída por diversos engenheiros civis o que nos dá uma certa sensibilidade para estes assuntos. Se essas pessoas estavam disponíveis para, de forma gratuita, dar o seu contributo neste projeto, cabia-nos a nós agregar essas vontades”. O responsável associativo afirmou ainda que esta “pretende ser uma proposta construtiva que lance a discussão, sobre a possibilidade da construção de uma linha ferroviária de alta velocidade que ligue o aeroporto Francisco Sá Carneiro, e a rede de alta velocidade espanhola a 35 km da fronteira, passando por Paços de Ferreira, Amarante, Vila Real, Alijó/Murça, Mirandela, Podence/Macedo de Cavaleiros e Bragança”. A linha proposta, de tráfego misto, com velocidades de 160 km/h até Paços de Ferreira, de 200 km/h até Vila Real e de 250 km/h no restante traçado, representando um investimento de cerca de 4 mil milhões de euros, que permitirá devolver à região um caminho-de-ferro moder-
no, invertendo-se uma dependência exclusiva do transporte rodoviário para a mobilidade de pessoas e bens. “O que nós quisemos com este projeto foi dar uma visão integrada sobre o que pode ser a ferrovia na região. A ferrovia deve desenvolver-se em torno de uma coluna cervical que acreditamos que possa ser a Linha de Alta Velocidade que propomos. No passado, se fizermos a analogia, esse trabalho foi feito pela Linha do Douro mas os tempos mudam, tal como a tecnologia e, a Linha do Douro, apesar de ter a sua importância, que é grande e que esta proposta nada afeta, a verdade é que os tempos de viagem nunca poderão ser muito reduzidos devido às velocidades que ali se conseguem atingir. A ideia é termos uma linha transversal a todo o norte, e a partir dali alimentar todas as outras linhas que possam surgir, como a do nordeste que está a ser discutida em Bragança. Mesmo a linha do Corgo tem, neste nosso projeto, um suporte para a sua reabertura. Até porque é necessário depois alimentar esta linha”, sublinhou Luís Almeida. Linha do Douro não é posta em causa Para o responsável pela apresentação da proposta, as críticas que têm surgido, afirmando que este projeto pode colocar em segundo plano a
luta da região pela reabertura da Linha do Douro até Espanha, não têm fundamento, sendo dois projetos distintos, que se complementam. “Só quem estiver de má fé é que pode ver neste projeto um impedimento à reabertura total da Linha do Douro, como defendemos. A Linha do Douro é uma perspetiva de curto prazo, e que já devia estar aberta até Salamanca. Nada nem ninguém pode parar esse desígnio. Este projeto é pensado para as próximas duas ou três décadas, são coisas completamente diferentes. A Linha do Douro tem o seu mercado, é o turismo e as populações que dependem dessa linha, como a cidade da Régua ou a vila do Pinhão, por exemplo, é uma linha consolidada que não pode ser posta em causa. Há também a questão dos valores, reabrir a Linha do Douro até Barca D’Alva custa cerca de 50 milhões de euros, contra 4,3 mil milhões, considerando as contingências, desta linha de alta velocidade. São duas realidades completamente distintas. A linha do Douro entra naquela visão de proximidade, do estender da malha da ferrovia na região. é uma linha que pode ser o início das cadeias logísticas da zona do Porto para Espanha e consequentemente para a Europa. Contudo, futuramente esta linha não comportará mais do que três ou quatro comboios de mercadorias por dia, porque está saturada. Fala-se muito que a Li-
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> Luís Almeida
nha do Norte está saturada mas, agora que o turismo começa a regressar em força, já se percebe que o mesmo cenário se vive aqui. É preciso estar de muita má fé para se dizer que esta linha de alta velocidade pode tirar financiamento da Linha do Douro, são duas coisas diferentes, são as duas necessárias, para a região e para o país”. Financiamento está assegurado Quanto ao financiamento para esta empreitada, Luís Almeida garante que o mesmo está garantido pelo PNF que já definiu um montante semelhante para o Corredor Internacional Norte, disputado por este projeto e outro já apresentado na região beirã, passando por Aveiro e Viseu até Salamanca. “Portugal já decidiu há muito tempo que vai fazer dois corredores internacionais, sul e norte. O sul já está em obra, o norte está previsto entre Aveiro, Viseu e Salamanca. O valor de investimento a que chegamos, foi feito com a metodologia da ADIF (empresa espanhola gestora da alta velocidade), que eles usam nesta fase dos projetos. Além disso é um custo muito próximo do que já está estimado para o Corredor Internacional Norte. Portanto, o que conseguimos provar com este estudo é, não só, que esta solução é tecnicamente viável como, do ponto de vista do investimento, é muito próxima do que já está pensado. A ideia não é comparar mas a verba já todos temos na mente que a vamos gastar, é só decidir onde vai ser feito o investimento”. Tecido económico e demografia são argumentos de peso Para esta escolha serão ponderados diversos fatores, contudo, Luís Almeida acredita que o norte é quem tem os melhores argumentos para conseguir este investimento. “Em termos de tecido económico e empresarial, ele está todo a norte do Rio Douro. Temos o Terminal de Lousado da Medway, que será só o maior terminal de mercadorias da Península Ibérica quando estiver concluído, temos um território que perdeu menos gente. Estamos a falar de uma região que tem praticamente tudo, estamos a passar por várias cidades, Vila Real, Mirandela, Bragança, Amarante, Porto, Paços de Ferreira, etc. Não podemos pedir aos nossos empresários que façam a volta por Pampilhosa ou por Aveiro para irem para Espanha quando podemos ter aqui um corredor direto. Outra questão é a ligação entre a nossa fronteira e a ligação à alta velocidade espanhola. No caso deste projeto essa ligação seria de 35 quilóme-
tros, na outra solução essa distância é muito superior. Estará Espanha disposta a fazer um investimento assim tão avultado? Eu atrevo-me a dizer que, se o corredor, pela beira alta, como está pensado, é viável, este também é de certeza”. Luís Almeida afirma ainda que o objetivo foi “colocar o país a pensar. Havia o mito que o comboio não passava o Marão e que Vila Real não voltaria a ter comboio, esta solução quebra esse mito. O que queremos é que se tomem decisões informadas porque isto envolve muito dinheiro, é para essa discussão que pretendemos contribuir. Não se trata de regionalismo ou achar que no nosso quintal é que é melhor, trata-se de capacitar o país com ferramentas para decidir”. Projeto já está em análise De acordo com informações que o dirigente associativo já conseguiu apurar, “o estudo está a ser analisado pela equipa do Plano Nacional Ferroviário”, equipa essa “que tem algumas questões para nos colocar mas, essa abordagem ainda não foi feita de forma oficial”. “É desde logo um bom sinal porque é sinal que o trabalho está a ser considerado, podendo ser uma solução para o desafio que o Governo lançou de voltar a ligar as capitais de distrito por ferrovia”. O presidente da Associação Vale D’Ouro afirma que “agora falta fazer uma análise de custo-benefício e uma análise de procura, que poderão sustentar e confirmar aquilo que neste trabalho já deixamos em aberto, que é a sustentação económica deste projeto. Isso são trabalhos que a associação já não consegue fazer até porque envolvem custos muito elevados, esperando que aí a região possa dar o seu contributo”. Poder político apoia projeto Rui Santos, autarca vila-realense, foi o primeiro político da região a mostrar-se favorável a este projeto, afirmando que o mesmo sustenta a política de desenvolvimento que tem apresentado para a região, lembrando que muitos também afirmavam que o Túnel do Marão nunca passaria do papel. “Em boa hora a Associação Vale D’Ouro fez um estudo que de certa forma vem confirmar aquilo que já era a nossa perceção. Olhando para as alternativas no norte do país, esta (grosso modo: Porto – Penafiel – Amarante – Vila Real – Bragança – Zamora) é, em termos de custo, semelhante ou igual a outras alternativas, e em termos de benefício é muito mais vantajosa, quer em termos de exportação, e os comboios hoje têm que competir com a rodovia.
Esta confirmação vem de encontro a uma outra perspetiva que é o desenvolvimento desta região do país, dos territórios do interior. Ficamos muito felizes que os estudos que são apresentados venham confirmar aquilo que defendemos há anos, esperando que depois deste estudo e da consulta pública, fique bem explicitado no Plano Ferroviário Nacional que esta é a melhor opção, e que já agora haja um calendário que preveja esta ligação mais cedo do que tarde. Muitos diziam que o Túnel do Marão era uma impossibilidade, ele está feito, muitos diziam que as SCUTS com perfil de autoestrada, incluídas no Plano Nacional Rodoviário, eram impossíveis, elas aí estão… está na hora deste Governo, e dos próximos, passarem do discurso à prática e confirmem com investimento aquilo que apregoam nos seus discursos”. Para Rui Santos, a localização de Vila Real, bem no centro da região norte, é uma vantagem, podendo a partir dali partir uma rede de ligações ferroviárias, como já acontece a nível rodoviário. “Vila Real é o centro geodésico do norte. Num processo futuro de regionalização, por exemplo, obviamente (acho que também é uma evidência), Vila Real terá uma forte possibilidade de ser a capital do Norte, é isso que faz sentido. Estamos a 50 minutos do Porto, de Viseu, De bragança e da fronteira com Espanha, Vila Real é o centro quer em termos geográficos quer em termos de malha rodoviária, a ferrovia vem reforçar esta ideia, sedimentar esta possibilidade. Sendo Vila Real capital de distrito, tal como Bragança, e havendo compromisso do Estado Central junto de Bruxelas para que todas as capitais de distrito ficarem ligadas por ferrovia, eu só vejo mesmo como possibilidade a escolha desta opção, qualquer outra seria contranatura. Esta vantagem deixa-nos a 40 minutos do TGV, isto é uma mudança drástica. Neste momento o importante é não baralhar conceitos, há quem diga que temos agora este discurso mas que o projeto só avançará daqui a 5, 8, 10 ou mais anos… Às vezes é preciso semear para depois colher, quando há 15 anos, ou mais, se avançava com o estudo do Túnel do Marão, havia muita gente que condenava o investimento. Manuela Ferreira Leite dizia que era um mau investimento…”. Nas declarações prestadas ao nosso jornal, o autarca vila-realense mostra-se convicto que esta posição possa ser partilhada pelos restantes colegas da CIM Douro, e de toda a região Norte. “Não me passa pela cabeça que não haja vontade política na região para abraçar este projeto. Não acredito que os autarcas do Norte não defendam esta perspetiva, não me passa pela cabeça, diria até que seria muito estranho se fosse ao contrário. Mas mais do que a vontade política são os factos e os dados, e esses são irrefutáveis. Esses factos demonstram que esta é a melhor opção, economicamente mais viável e menos custosa. Houve eleições e houve alguma reconfiguração, desde aí ainda não reunimos mas penso que todos os meus colegas estarão nesta luta, até porque a solidariedade na região tem sido uma constante. Eu percebo que o autarca de Lamego diga que a linha devia passar lá, ou a de Sabrosa, mas todos sabemos que as coisas não são assim e a argumentação que é feita na apresentação do projeto da associação é, como digo, irrefutável”. Também em Murça, Mário Artur Lopes, apoia a apresentação do projeto. O autarca diz, à nossa reportagem, que esta poderá ser uma oportuni-
>Rui Santos
dade de desenvolvimento para a região. “Sobre este investimento em concreto, aquilo que nos parece a nós é que nenhum governante irá fazer essa proposta sem que ela seja para levar a cabo. Sendo esse o objetivo, obviamente é algo que desejamos profundamente e que irá ajudar a levar, com facilidade, aquilo que no concelho existe (os produtos, os serviços e as pessoas), mas também nos poderá trazer muitas outras coisas. Se eu acredito ou não que será concretizado, volto a dizer o que já disse, se quem nos governa a nível nacional considera essa linha para a ter em conta no PNF em curso, tenho que acreditar que há uma intenção verdadeira de levar este projeto em diante”. Para Mário Artur Lopes não só é importante, como fundamental, que esta proposta tenha surgido da sociedade civil, sublinhando a importância de uma vontade conjunta entre eleitores e eleitos num projeto desta dimensão. “É importante e determinante. Ou seja, havendo vontade da comunidade, a força mobilizadora para que essas realidades venham a concretizar-se é muito maior. Não há interesse em promover qualquer projeto que não vá de encontro à vontade das populações, isso é fundamental. A força que um projeto destes pode ter, mesmo em territórios a perder população é sempre maior se houver uma vontade conjunta”. ■
> Mário Artur Lopes
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Murça
Azeite terá campanha de excelente qualidade Em Murça, na Cooperativa do Azeite local, a expectativa é de uma safra de excelente qualidade apesar de em menor quantidade, comparativamente com o ano 2020, a garantia é dada por Francisco Vilela, Presidente da organização. A completar 65 anos de existência a Cooperativa do Azeite de Murça tem somado centenas de prémios quer a nível nacional, quer a nível internacional, espelhando assim a qualidade do azeite produzido naquele concelho transmontano. Este ano a expectativa é de uma ligeira quebra nas quantidades, quando comparadas com o ano transato, contudo, garante José Vilela, a qualidade está, uma vez mais, assegurada. “A perspetiva é que a produção diminua ligeiramente comparativamente com o ano passado, isto partindo do pressuposto que há um ano de safra e um de contra-safra, que é este em que nos encontramos. Há muito olivais que foram limpos, o que também justifica uma quebra na produção mas temos olivais novos que estão com uma boa colheita. Em termos de qualidade estamos à espera de um ano de grande qualidade, as chuvas dos últimos dias foram muito importantes e foi um ano de poucos problemas com pragas e doenças”. Para o responsável pelo cooperativa, um dos problemas do setor é a falta de atenção, ou importância, que a sociedade em geral dá a este produto, não só para um aumento do consumo, pelos benefícios que esta gordura tem, mas para que os consumidores saibam distinguir entre o bom e o mau azeite. “Defendo que deveria mesmo existir um
programa de promoção de consumo de azeite nas escolas. É uma gordura monosaturada, que já está muito testada quanto aos seus benefícios para a saúde e na prevenção de diversas doenças. Esta educação também é importante para que as pessoas saibam o que estão a consumir. O termo azeite é muito lato, há azeites que têm apenas 1% de sumo de fruta juntamente com óleos e azeite refinado, que não são benéficos para a saúde. Os azeites 100% naturais são os azeites virgem e virgem extra, obtidos apenas do sumo do fruto que é a azeitona. É como fazer um sumo de laranja, só aquele que é obtido espremendo a laranja é que podemos dizer que é sumo natural. Setor aposta nos subprodutos A aposta nos subprodutos que podem ser obtidos através da produção de azeite foi “forçada”, em especial devido a alterações quanto ao destino a dar aos excedentes da produção. De acordo com Francisco Vilela, esta é uma forma de minimizar os custos da laboração, podendo mesmo fazer crescer o rendimento, fator que poderá resultar num incremento ao valor pago aos produtores, condição essencial, no seu entendimento, para segurar os atuais agricultores, conseguindo ainda atrair mais gente para o setor. A aposta nos subprodutos corresponde à necessidade de valorização do produto que temos, e como resposta aos desafios de sustentabilidade lançados pela União Europeia. No nosso caso usamos uma parte da matéria que produzimos para fonte de energia. Os caroços de azeitona, já prensados e partidos, são depois reutilizados em sistemas de aquecimento. Esta aposta ajuda-nos também a balancear as contas que há três anos sofreram um revés com uma alteração que nos veio trazer mais despesa, que é a finalidade que damos ao bagaço de azeitona. Este subproduto antes era-nos comprado para
> Francisco Vilela, Presidente da Cooperativa Agricola dos Olivicultores de Murça
>Mário Aurur Lopes - Presidente da Câmara Municipal de Murça
diversas utilizações, neste momento isso já não acontece e temos o custo de o eliminar, foi assim que surgiu a aposta num produto para o aquecimento, que fica mais barato ao cliente comparando com outras soluções. Se as cooperativas e os lagares continuarem a explorar os olivicultores, por mais que a gente queira, as pessoas vão acabar por abandonar a produção. O custo do olival aqui, comparativamente com as produções intensivas do sul do país, é completamente díspar. Se lá produzir um litro de azeite custa 2 ou 3 euros, aqui custa 6 ou 7, é uma diferença muito grande. sto acontece porque temos uma produção que não é intensiva mas também pelas características do nossos terrenos que torna o trabalho mais custoso e mais difícil de mecanizar. A nossa solução passa por valorizar da melhor maneira possível o nosso produto para pagarmos cada vez melhor aos nossos sócios, e o mais rápido possível. Azeite de Murça soma prémios Ao longo dos anos o azeite Porca de Murça tem conseguido diversos prémios, nacionais e internacionais. Já este mês, o Concurso Internacional Olivinus 2021, na Argentina, que integra o ranking Mundial dos melhores Azeites Virgem Extra do Mundo premiou com medalhas de “Grande Prestígio Oro”, “Prestígio Oro” e “Oro” todos os lotes de Azeite que a Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Murça submeteu a concurso: o Lote de Azeite DOP-Trás-os-Montes, os monovarietais de Cobrançosa, Cordovil e Verdeal e a Edição Comemorativa dos 65 anos da Cooperativa. Para Francisco Vilela, um dos fatores de sucesso é que o azeite da cooperativa é feito “unicamente com azeitonas de olivais que ficam dentro do território do concelho. É uma forma que temos de garantir características distintas ao nosso produto, da-
das pelo microclima que temos aqui nesta zona e que resulta da confluência de três zonas distintas, a terra quente, a terra fria e a terra de montanha. Se eu arrancar as oliveiras daqui de murça e as replantar num outro local, tenho a certeza que o produto final também será diferente”. Autarquia reconhece valor do azeite Mário Artur Lopes, autarca de Murça, sublinha a importância do olival no seu concelho, não só em termos económicos, mas também sociais e de promoção do território. “A produção olivícola, juntamente com a vínica, são muito importantes para o nosso concelho onde a agricultura tem um papel fundamental na economia local. No caso da azeitona, que nos dá o famoso azeite Porca de Murça, é extremamente importante porque, apara além de ser conhecido por todo o país e internacionalmente, tem conseguido alcançar inúmeros prémios. É necessariamente um setor ao qual o município tem estado atento e apoia sempre que se justifica. É determinante para a nossa economia bem como para o tecido social do nosso concelho”. Para o autarca, os prémios conseguidos pelos azeites do concelho são importantes não só por atestarem a sua qualidade mas também pela alavanca que podem ser para outros produtos e negócios do concelho. ”Para além de valorizar e certificar a qualidade do azeite de Murça, também têm um efeito de alavanca para o resto do território, seja em relação à vinha ou a outros produtos que aqui temos. Atrai visitantes ao concelho permitindo que haja uma dinâmica global em termos de negócio. Quer na restauração, quer nos próprios alojamentos, o azeite representa aqui um papel muito importante. Não há dúvidas que os prémios são um elemento de certificação da alta qualidade do azeite de Murça”. ■
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São João da Pesqueira
Comemorações Programa do centenário - EU SOU DIGITAL de Amália Rodrigues - UMA HISTÓRIA DE VIDA No âmbito das comemorações nacionais do Centenário de Amália Rodrigues (que se prolongam em 2021 por decisão da Fundação Amália Rodrigues e do Governo Português, por causa da pandemia de coronavírus), o Município de S. João da Pesqueira e a Vox Angelis vão dar a conhecer a música da Amália, os seus poetas e os seus compositores, mas também a História da sua Vida, bem como a His-
tória do Fado e a História da Cultura Portuguesa do Séc. XX. Este evento que vai decorrer no dia 14 de novembro, pelas 16h00, no Cineteatro de S. João da Pesqueira, é oportunidade única para assistir a um espetáculo que funde a Música com a Poesia, com a Cultura e com a História. Marque na sua agenda e venha comemorar o centenário da grande diva do fado, a grande Amália Rodrigues. ■
S. João da Pesqueira aderiu ao Programa - EUSOUDIGITAL, uma iniciativa inscrita no Plano de Ação de Transição Digital que tem como grande missão promover a literacia digital de um milhão de adultos em Portugal até ao final de 2023. O projeto arrancou no dia 1 de outubro, em todo o país, em S. João da Pesqueira já estão abertas as inscrições para mentores e alunos e as aulas presenciais arrancam em breve em instalações municipais. O sucesso deste ambicioso Programa, essencial ao nosso futuro coletivo, só será possível com o envolvimento de todos: os portugueses que já utilizam a internet, os que nunca utilizaram e que querem dar os primeiros passos, e as organizações públicas e privadas preocupa-
das em contribuir para um Portugal mais inclusivo, participativo e próspero. O projeto vai agora ser alargado à comunidade com a abertura de 1.500 Centros EUSOUDIGITAL, ao qual o Municipio de S. João da Pesqueira se associou, através da Biblioteca Municipal. Inscreve-te como aluno | Inscreve-te como mentor Inscrições: biblioteca@sjpesqueira. pt > 254489987 ■
Consulta Pública | Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios A Câmara Municipal informa que, o Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios de S. João da Pesqueira (PMDFCI) está em consulta pública, pelo prazo de 15 dias a contar do dia seguinte à publicação de edital na 2.ª série do Diário da República e na Internet no sítio institucional do Município. Durante este período, o referido Plano encontra-se disponível para consulta, no Balcão Único de Atendimento, no edifício dos Paços do Concelho, durante as horas normais de expediente, bem como na página da internet do Município de S. João da Pesqueira: www.sjpesqueira.pt Os interessados poderão apresentar as sugestões que entenderem por convenientes, devendo as mesmas ser en-
viadas por correio eletrónico para gtf@ sjpesqueira.pt, ou entregues presencialmente no Balcão Único de Atendimento da Câmara Municipal ■
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Região
Falta de mão de obra e calibres médios marcam campanha 2021 da castanha A chegada dos dias frios é sinal de cheiro a castanha assada no ar. Seja no campo ou na cidade, é um aroma que nos reconforta e que está de regresso após a ausência dos típicos assadores de rua, provocada pela pandemia. O VivaDouro foi ao alto da região, na DOP dos Soutos da Lapa, para uma conversa com José Fernando vice-presidente da Coopenela – Cooperativa Agrícola de Penela da Beira, responsável pela produção de mais de quinhentas toneladas anuais de castanha Martaínha. Quais as previsões para a campanha deste ano? Estávamos a prever uma mega campanha, com calibres grandes. Contudo o que estamos a verificar é que os calibres são mais médios. A chuva em setembro ajudou nas zonas quentes, que têm uma produção razoável mas, nas zonas frias foi um desastre. Além disso há também muitos castanheiros que estão queimados com a septoriose. Tudo isto resulta em quebras, que em alguns soutos, chega aos 70, 80%. Normalmente produzimos entre as 500 e as 600 toneladas, este ano não consigo prever, é muito difícil fazer previsões neste setor. Há muitos ouriços mas não sabemos como estão dentro. Ao contrário da uva ou da maçã, por exemplo, que a pessoa consegue ver como está a produção e ir prevendo o cenário, no castanheiro vemos o ouriço mas não vemos a castanha, não sabemos como está lá dentro. Acho que vamos ter uma quantidade inferior
> José Fernando
ao ano passado, ou atingir a mesma quantidade. Não será a campanha que estávamos à espera, em especial nas terras mais frias que vão sentir mais as quebras. Este era um ano importante para o setor? Este ano era importante haver uma boa campanha. A retoma das atividades era um momento importante, por exemplo, os tradicionais assadores de castanha vão trabalhar todos este ano. As pessoas também estiveram muito tempo em casa e certamente que sentiram saudades de sentir o cheiro e o sabor da castanha na rua, por isso temos a expectativa que também comam mais (risos). É um ano mau para o setor? Estávamos na expectativa que seria um grande ano. Neste momento vamos esperar pelo final da campanha e ver qual será o resultado. É uma problema da agricultura, tanto temos um ano bom como 2 ou 3 menos positivos. Em termos de qualidade do fruto, da castanha, essa está lá. A castanha está muito bonita, bem formada, com calibres médios. Vamos também esperar que o tempo nos ajude durante a campanha, o ideal é termos tempo fresco e alguma chuva. Se vierem dias de sol será mais complicado, em especial para a qualidade que produzimos aqui nos Soutos da Lapa, a Martaínha, os ouriços tendem a ficar fechados, o que torna mais difícil a apanha. Outro grande problema que temos este ano, é a falta de mão de obra. Estamos com muita falta de gente para trabalhar. Mas vê alguma razão específica para isso? Os mais velhos já estão reformados e já não têm condições físicas para este trabalho, os jovens… são poucos. A existência em simultâneo de outras colheitas que ainda acontecem na região, como as vindimas ou a apanha da maçã, também não ajuda. Temos que trazer gente para aqui. Daqui para a frente devemos criar condições para mandar vir pessoal de fora. Para virem e ficarem. Acredita que a solução passa mesmo pela “importação” de mão de obra para a região? Dando todas as condições para se estabelecerem aqui, eu acho que sim. A maior parte dos trabalhadores estrangeiros são jovens, podem ficar cá, criar aqui as suas famílias, os seus filhos. Apresentando condições eu acho que sim. Neste momento o preço que é pago pela mão de obra tem aumentado e já se conseguem rendimentos mensais muito bons. Há diversas épocas de colheitas na região, e todas elas têm apresentado problemas semelhantes com a falta de mão de obra. Mas temos é que criar condições. Não podemos fazer como em outros locais que não respeitam estas pessoas. Eles têm que vir e sentirem-se bem aqui para ficar. Temos que capacitar o território de melhores
condições também, rede de telefone, internet, cuidados de saúde, escolas, tudo isso. Aqui se há uma trovoada a 100 quilómetros, já fiamos sem luz, isso não pode acontecer. Estradas não nos podemos queixar porque essas existem em quantidade e qualidade, o que já é muito positivo. Mas o preço das casas, por exemplo, esse já está muito elevado. Vemos por aí muitas casas abandonadas porque ninguém as compra porque são muito caras, devia haver algum controle. E o mesmo acontece com os terrenos, há imensos ao abandono porque são muito caros e ninguém os compra. O próprio governo podia criar um incentivo e dar isenção de taxas a quem tem os seus terrenos tratados, aumentando essas taxas para quem os deixa ao abandono, certamente que as pessoas sentiriam mais necessidade em vender e haveria também mais interessados. A mecanização não é uma solução neste setor? Sim, claro que é importante, contudo na nossa região existem poucos soutos mecanizados. Com a falta de mão de obra alguns poderão virar-se para aí, vamos ver alguns produtores a relvarem os seus soutos para os preparar para a mecanização mas, por enquanto, ainda são situações pontuais. Ainda é dispendioso? Sim, ainda é cara, em especial para as áreas que temos, com o perfil de produtor que temos. São pequenas explorações, de pequenos e médios agricultores, muitos já de avançada idade. Investir muito dinheiro numa máquina que se vai utilizar durante um mês num ano, não é uma prioridade. Pode a solução passar pela aquisição de maquinaria pela Cooperativa, para que depois posso ser usada pelos seus sócios? Claro que sim. Nós já temos uma máquina que veio para um projeto e estamos a fazer ensaios, ainda não está a funcionar na totalidade. A produção de castanha tem diversas dificuldades neste sistema porque a necessidade de uma máquina num souto varia todos os dias, tanto pode ter muitos ouriços para apanhar, como poucos, depende dos que caem. Deixar a castanha no solo muito tempo também não é solução, é preciso uma apanha mais amiúde. Uma máquina neste sistema fica muito dispendiosa, por isso estamos a estudar a melhor forma de articular este sistema com as necessidades dos sócios. A solução pode passar por termos duas máquinas automotrizes e fazermos um “varrimento” pelos terrenos dos associados, são máquinas que cobrem áreas de 10 a 15 hectares por dia, o que já é uma área razoável, mas são muito caras, custam mais de cem mil euros cada. Só mesmo uma cooperativa é que consegue adquirir uma ou duas máquinas destas, é uma solução que estamos a estudar.
Toda esta incerteza que se vive na agricultura pode ser um entreve à atração de jovens para o setor? Eu penso que sim. Um jovem quando pensa instalar-se aqui, por exemplo, não deve cometer desde logo o erro de ter uma só produção. Eu, por exemplo, tenho castanheiro e vinha, e até há pouco tempo também tinha pomar. O facto de ter várias culturas diminui o risco de um ano perdido, por exemplo, se for um mau ano de vinho pode ser um bom ano de castanha, ou de maçã. Se apenas temos uma cultura ficamos dependentes do resultado de cada ano. Se um jovem chega aqui e investe, depois precisa de rentabilizar rapidamente o investimento. Se acontece logo no primeiro ou segundo ano de colheita haver um ano mau, o projeto cai por terra, é preciso ponderar muito bem. Para finalizar a nossa conversa peço-lhe que diga ao nossos leitores o que tem a castanha Martaínha de tão especial para que a considere a melhor do mundo. Para mim é sem dúvida a melhor (risos), para alguns pode ser duvidoso, para mim não (risos). É uma castanha semi-precoce, o que ajuda, a terbons calibres e um bom aspeto exterior, com um brilho que se aguenta muito tempo. É uma castanha que se conserva muito bem, é doce… tem tudo o que uma excelente castanha deve ter (risos). É a melhor do mundo. ■
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Santa Marta de Penaguião
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VIVADOURO
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Região
Ensino superior regressa com regime presencial Os alunos do ensino superior estão de volta à região, mais concretamente às cidades de Vila Real e Lamego. Depois das aulas à distância, devido à pandemia, os alunos estão de volta às salas de aula. A Vila Real os alunos chegam não só de todo o país e ilhas como também do estrangeiro, este ano a academia transmontana terá cerca de 900 alunos estrangeiros, oriundos de 49 países. Também para o reitor Emídio Gomes é um ano de estreia, ocupando o cargo pela primeira vez num arranque de ano letivo. Para o reitor, o acolhimento aos novos estudantes tem corrido muito bem, destacando o aumento de novos alunos comparativamente com o ano passado, bem como o regresso dos alunos ao campus. “Está a correr muito bem. A maioria das aulas já são em regime presencial e vemos o campus cheio de alunos. Este é um ano muito positivo para a UTAD com a entrada de cerca de 1600 novos alunos em licenciatura e 1200 em mestrado e doutoramento, um total de cerca de 2800 novos alunos, que é um número francamente animador, fazendo também crescer o número global de alunos na UTAD. Comparativamente com o ano passado o número de alunos cresce cerca de 5 a 10%”. Duas dessas novas alunas são irmãs, gémeas, e vieram do Brasil, com a família, para Portugal, em busca de uma vida mais tranquila. “No Brasil nós vivíamos no interior de São Paulo, numa cidade que para nós era pequena e tinha 121 mil habitantes, viemos para uma vila (Armamar), que tem poucos milhares de pessoas, foi uma mudança muito grande que coincidiu com a questão do Covid-19. Quando chegamos estava tudo parado, no inverno então foi um choque com a realidade, quase não se via ninguém na rua e dava por mim a pensar que tinha de fazer algo para não enlouquecer”. Para Isadora e Eduarda Rosa, a vida em Vila Real é o balanço perfeito entre a calma de uma pequena cidade portuguesa, com alguma vida mais cosmopolita que esta pode proporcionar. “Aqui conseguimos ter mais independência do que no Brasil. Estamos a viver com os nossos pais que também se mudaram connosco mas, por exemplo, só o facto de termos que andar de transportes, aqui não há nenhuma preocupação especial, no Brasil há sempre um risco de acontecer alguma coisa. Aqui conseguimos ser mais independentes.
> Isadora e Eduarda Rocha
Em Vila Real já conseguimos ter uma vida citadina, ir ao shopping, ao cinema ou ao teatro, locais para podermos socializar, com a calma de ser uma cidade do interior que tem sempre menos confusão do que por exemplo o Porto”. A escolha pela UTAD surgiu por indicação do tio que já vive em Portugal há alguns anos, e também da escola em Armamar onde frequentaram o 12º ano. “Quando viemos do Brasil, fomos viver para Armamar porque já temos lá família. O nosso tio falava muito na UTAD, e na escola também nos deram boas referências desta universidade. Também havia a possibilidade de ir para Coimbra mas já era uma cidade maior e não era isso que nós procurávamos”. Em Lamego, é a Escola Superior de Tecnologia e Gestão que atrai cada vez mais alunos para a região, este ano a previsão é atingir os 250 novos alunos matriculados, de acordo com o Presidente, Miguel Mota. “A estratégia que começamos a implementar foi com o objetivo de fazer crescer o número de alunos aqui, um objetivo que está a ser cumprido, em especial nos concursos regionais”. Para a direção da escola, a chegada dos novos alunos “está a correr muito bem, tanto para eles, como para os professores”, afirma Didiana Fernandes, vice-presidente da instituição. “Apesar daquele conforto que existe sempre por termos aulas a partir de casa havia muita vontade em regressar a este espaço e felizmente tem tudo estado a correr muito bem”, conclui a responsável. Contudo, o crescimento do número de alunos levanta outras questões e a falta de espaço físico para comportar todas as necessidades da Escola é uma das maiores. “Precisamos de mais instalações. Estamos com uma política descontinuada de horários porque temos um problema de espaço, mesmo ao nível das salas de aulas. Se temos um evento aqui, como já aconteceu com um colóquio internacional, ficamos sem salas disponíveis, mesmo o auditório. É, neste momento, o maior problema que temos. Com a candidatura que temos em curso para dois novos mestrados e uma licenciatura, a necessidade de aumentar o espaço disponível é ainda maior, até porque estamos convictos que essa candidatura vai ter uma resposta positiva, até porque são áreas muito pertinentes”, explica Didiana Fernandes. Em declarações à nossa reportagem, Miguel Mota, Presidente da instituição afirma que “quer a tutela, quer a autarquia local já foram alertadas para este problema”, reconhecendo que “têm havido algumas conversas mas na verdade ainda não temos nada concreto. Existem já alguns espaços identificados que poderão, no futuro, servir para que as nossas instalações cresçam”. Se da parte da direção a perspetiva do arranque des-
> Emídio Gomes
te novo ano tem sido positiva, do lado dos alunos esse sentimento também é partilhado. Bruno Gomes é o Presidente da Associação de Estudantes da ESTGL, para quem é “bom estar de volta a casa”. “Lamego é uma cidade pequena e aqui na Escola Superior somos cerca de 600 estudantes no total, acabando por proporcionar um ambiente mais familiar, mais acolhedor. É também por essa razão que nos referimos “à nossa casa”, é um pouco esse o sentimento que temos”, afirma. O responsável associativo destaca o papel da organização que representa na receção aos novos alunos, para Bruno Gomes é importante que estes se sintam bem acolhidos até porque quer a cidade de Lamego, quer a própria Escola Superior, são de pequena dimensão, o que ajuda a que se viva um ambiente mais familiar onde todos se conhecem. “Na Associação de Estudantes temos um papel importante na integração dos novos alunos, quer com a questão da procura de alojamento, por exemplo, quer com qualquer outro assunto que seja necessário, estamos sempre disponíveis para qualquer coisa. Fazemos também questão que os estudantes conheçam a cidade onde vão estudar e por isso também fazemos essa apresentação, este ano organizamos um jogo, um peddy papper que levou os alunos a diversos pontos de Lamego, é uma forma de ficarem a conhecer. É sempre bom que os novos alunos cheguem cá e se sintam bem acolhidos”. Para Bruno Gomes um dos grandes problemas que cada vez se nota mais é o alojamento, sem residências para estudantes e com os espaços vagos cada vez mais escassos na cidade, os preços começam a aumentar e isso pode ser um fator dissuasor na hora de atrair novos alunos, desempenhando também aqui a associação um papel importante.
A questão do alojamento em Lamego é muito importante porque não temos residências estudantis e acabamos por ter necessidade de fazer, na associação, algum “trabalho de casa” reunindo uma série de contactos de senhorios com espaços para alojamento, que são cada vez mais escassos e caros. ■
> Bruno Gomes
> Didiana Fernandes
Pedro Abrunhosa na receção aos novos alunos da UTAD Depois de dois anos em que a aula magna esteve vazia para a receção aos novos alunos, no início deste ano letivo foi novamente o epicentro deste momento. Este ano, para abrilhantar ainda mais este momento, ao palco da Aula Magna subiu o músico Pedro Abrunhosa, que após 18 meses de pandemia, destacou a lotação esgotada da sala, afirmando que a arte “é agregadora”. “Ter o auditório cheio foi muito comovente. Já temos feito concertos, sempre esgotados, mas temos de dobrar as datas e é um esgotado com pessoa sim e pessoa não. Aqui, pela primeira vez, ao fim de 18 meses, tivemos um auditório lotado. A arte também é isto, é uma forma de agregação. Fazerem as pessoas sentir-se parte de um todo, apesar das diferenças. Nós somos uma multitude de células. Hoje foi uma experiência interessante para mim”, salientou. No seu discurso, Pedro Abrunhosa, destacou a liberdade, o livre-arbítrio, a ética e a política. Palavras-chave que, para o cantor, são fundamentais no momento em que os novos alunos vão ter de fazer escolhas. “O livre-arbítrio é a decisão de casa um de poder alterar a vida do outro para o bem ou para o mal.
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Alijó
“Destino Alijó” convidado para Convenção Ibérica de Agências de Viagens Alijó é o único município português convidado para participar na III Convenção Ibérica de Agências de Viagens, entre 12 e 14 de novembro, em Punta Umbría/Huelva, Espanha, onde são esperados mais de 1000 participantes. Após um longo período em que o setor do Turismo viveu a sua pior crise de sempre, o Município pretende proporcionar uma oportunidade única aos agentes económicos do Concelho interessados em promover os seus produtos e serviços junto das Agências presentes, que
procuram incluir o destino Alijó nos seus pacotes de viagens. O Município assegura a possibilidade aos operadores turísticos de usufruir de um stand de 40 metros quadrados, onde poderão realizar ações de divulgação e ampliar a sua rede de networking. Esta Convenção reúne mais de 1000 agências de viagens da Península Ibérica e diversos operadores como companhias aéreas, companhias de navegação, hoteleiros, regiões de turismo, entre outros. Este evento é organizado pelo Grupo DIT Portugal, o maior grupo de gestão de agências de viagens da Europa, que aproveitam esta oportunidade para renovar a sua oferta de pacotes com novos destinos e novos produtos turísticos.
No âmbito deste plano de ação pós-Covid, o Município vai também marcar presença no Xantar - Salão Internacional de Turismo Gastronómico, que decorrerá entre 3 e 7 de novembro, em Ourense, com o ob-
jetivo de divulgar o produto “gastronomia e vinhos”. De 18 a 22 de novembro, será a vez da INTUR - Feira Internacional de Turismo de Valladolid, onde estará em destaque o segmento de negócios. ■
Universidade Sénior regressa a 2 de novembro A Universidade Sénior de Alijó vai retomar a sua atividade a partir do próximo dia 2 de novembro, destinada a pessoas com mais de 55 anos. As atividades disponíveis são Atelier de Costura Solidário, Teatro, Clube de Leitura em Voz Alta, Tuna, Informática, Cavaquinho, Saúde, Meditação e Alongamentos, e irão funcionar de segunda a sexta-feira, das
9h00 às 17h30, na Biblioteca Municipal de Alijó. A Universidade Sénior está vocacionada para a socialização, valorização de conhecimentos, preservação da cultura, histórias, tradições e valores. As inscrições estão abertas, até 29 de outubro, e podem ser feitas presencialmente na Biblioteca Municipal de Alijó ou através do formulário disponível em no site do município.■
Novo concurso para requalificação do Miradouro de N. Sra. Prazeres e área envolvente O Município de Alijó abriu um novo concurso público para a requalificação do Miradouro de N. Sra. Prazeres - Monte da Cunha e da área envolvente. Este é já o terceiro procedimento lançado pelo Município, depois de os dois concursos anteriores terem ficado desertos, por falta de apresentação de propostas. Atendendo a que não houve em-
presas interessadas nos dois concursos anteriormente lançados, o Município viu-se obrigado a avançar com um novo procedimento, o que se traduz num atraso considerável na concretização do projeto. Este é um problema transversal à região e ao país que tem condicionado a execução de muitas empreitadas. ■
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Lamego
Lamego regista participação recorde em ação ambiental nacional Esta iniciativa integrou o projeto “Plogging Challenge Portugal”, dinamizado em simultâneo em 22 localidades de todo o país. Lamego foi a cidade que reuniu o maior número de participantes. Mais de 50 voluntários promoveram uma ação de recolha de lixo na Mata dos Remédios para sensibilizar a comunidade para a urgência de manter limpo este “pulmão verde” da cidade de Lamego. Ricardo Pereira, impulsionador do projeto de cidadania #lamegoeuacredito, foi o coordenador local desta ação. “Muitos lamecenses, de diferentes idades, aceitaram o repto e participaram nesta atividade que juntou a vertente desportiva à pro-
teção ambiental da Mata dos Remédios. Todos os objetivos foram alcançados. Esta enorme adesão confirma que a cidadania está viva no seio da nossa comunidade”, afirma. Ao longo da manhã de 10 de outubro, foram recolhidos muitos sacos de lixo, numa extensa área, que foram depois depositados nos contentores existentes no Santuário dos Remédios. O lixo foi constituído, sobretudo, por máscaras, toalhetes, garrafas de plástico e de vidro, maços de tabaco e muitos outros materiais. A Mata dos Remédios ficou, após esta operação, muito mais limpa. No final desta ação de sensibilização, o Reitor do Santuário dos Remédios, Padre João
Teixeira, recebeu os voluntários de braços abertos e dirigiu-lhes uma palavra de agradecimento pelo seu contributo para um mundo melhor. Também marcou presença
nesta nobre iniciativa o Andebol Club de Lamego, associação desportiva que celebrou naquele dia o seu 31º aniversário, através da participação de jovens atletas. ■
CDS escolhe líder em Lamego A informação já foi confirmada pelo partido, que assim regressa à cidade onde Assunção Cristas foi consagrada presidente. O 29º congresso do CDS-PP está marcado para os dias 27 e 28 de novembro e irá decorrer no Pavilhão Multiusos, espaço também utilizado em 2018. A cidade lamecense “ganhou a corrida” à organização da reunião magna dos centristas, contra as cidades de Portimão e Pombal. De acordo com o regulamento do 29.º Congresso Nacional do CDS-PP, cabe à Comissão Organizadora do Congresso (COC) escolher o local para a reunião magna, e o
regulamento para a eleição dos delegados refere que as estruturais locais e distritais podiam “apresentar, à COC, candidatura para o local a realizar o congresso”. Para o presidente da concelhia do CDS-PP de Lamego, José Pinto, a notícia foi recebida “com imensa alegria” “A concorrer com cidades de maior dimensão, que também apresentaram todas as suas potencialidades, esta escolha é bem demonstrativa que Lamego está a voltar ao futuro, mostrando ao país que está preparada para a realização de grandes eventos”, afirmou. O agora também vereador autárquico no poder destaca que “o XXIX Congresso do CDS-PP trará à cidade de Lamego cerca de 2.000 participantes, vindos de todo o país (continente e ilhas), entre congressistas, convidados e toda
a comunicação social nacional, tornando-se num evento da maior importância e relevância, não só para o tecido económico na área da restauração e hotelaria de Lamego, mas para toda uma região que vai de Viseu a Vila Real, esgotando toda a capacidade hoteleira”. José Pinto acredita que “os lamecenses estarão preparados para mais uma vez deixarem o registo da sua marca na arte de bem receber e de mostrar o que temos de melhor, acreditando que a presença de toda a imprensa nacional constituirá mais um importante momento para a divulgação e projeção da nossa cidade. Esta é uma marca que nos distingue e que posiciona Lamego num papel de liderança estratégica territorial na região e no país”. Atualmente são dois os candidatos à lide-
rança do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, que se recandidata ao cargo, e o eurodeputado Nuno Melo. Da ordem de trabalhos do congresso consta, além da eleição dos órgãos dirigentes do partido para o biénio de 2021/2023 e da sua tomada de posse, a apresentação, discussão e aprovação das moções de estratégia global e de estratégia setoriais. Numa altura em que a indecisão política futura é muita (no momento do fecho desta edição não está ainda efetivado o chumbo do OE2022), a escolha do líder centrista poderá ser adiada, de acordo com algumas fontes do partido, que acreditam que Francisco Rodrigues dos Santos preferia ver sufragado o seu projeto em eleições nacionais, antes de enfrentar a oposição interna. ■
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Armamar
Abertas candidaturas ao ATIVAR.PT Estão abertas desde o início deste mês de outubro e até ao dia 30 de dezembro as candidaturas ao programa ATIVAR.PT. O Gabinete de Inserção Profissional de Armamar está disponível para prestar todo o apoio necessário. O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) procura assim dar uma resposta rápida e abrangente, através de formação profissional, estágios profissionais e de apoios reforçados à contratação e ao empreendedorismo.
Os estágios têm a duração de nove meses, não prorrogáveis, e visam promover a inserção de jovens no mercado de trabalho ou a reconversão profissional de desempregados. O incentivo destina-se às entidades empregadoras que celebrem contratos de trabalho sem termo ou a termo certo, por prazo igual ou superior a 12 meses, com desempregados inscritos no IEFP, com a obrigação de proporcionarem formação profissional aos trabalhadores contratados. ■
Cursos de Português Língua de Acolhimento A Câmara Municipal de Armamar vai promover cursos de Português para cidadãos com 18 ou mais anos de idade, cuja língua materna não seja a portuguesa e não detenham competências básicas, intermédias ou avançadas. Trata-se de uma ação no âmbito do protocolo celebrado pela Autarquia com o Centro Qualifica da Escola Latino Coelho de Lamego. Os cursos são compostos por ações de curta formação (UFCD), de 25 horas
cada, e no final atribuirão os níveis de proficiência linguística A1/A2 - Utilizador Elementar e/ou B1/B2 - Utilizador Independente. A formação é ajustada ao ritmo individual, com acompanhamento personalizado e flexibilidade de horário. Os cursos são gratuitos e ajustados às necessidades linguísticas de cada grupo de formandos. Para poder integrar os cursos, os candidatos devem ter título de residência, ou
fazer prova de que o pediram, ou comprovar a admissão de um pedido de asilo e cujo processo se encontre pendente, ou ter documento que prove a atribuição do Número de Identificação de Segurança Social (NISS). Os interessados devem contactar o Gabinete de Inserção Profissional (GIP) de Armamar através do telefone 254850800 ou através do correio eletrónico gip@armamar.pt. ■
Em outubro caçar é só ao domingo O exercício da caça no território do Concelho de Armamar só é permitido ao domingo, isto durante o presente mês de outubro. A informação é adiantada pela Câmara Municipal, através dos serviços de ambiente e gestão dos recursos cinegéticos.
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Vila Real
UTAD ocupa 10º lugar nacional em ranking internacional de universidades O ranking mundial de universidades para 2020/21 foi divulgado pelo Center for World University Rankings (CWUR). De acordo com a tabela, a Universidade de Trás-os-Montes e alto Douro (UTAD) surge no lugar 1471 mundial, ocupando o 10º lugar a nível nacional, entre as 15 instituições nacionais observadas. O ranking internacional analisa um conjunto de 20 mil instituições de ensino superior, avaliando-as em diferentes parâmetros como a qualidade do ensino, empregabilidade dos antigos estudantes, desempenho na investigação, qualidade das publi-
cações, entre outros. Na análise à tabela é possível verificar que a UTAD é valorizada no parâmetro da investigação, no qual ocupa a posição 1399. Num total de 100 pontos possíveis, a universidade transmontana agregar um total de 67,9 pontos. A tabela é liderada pela universidade de Harvard, nos Estados Unidos, país do qual são originárias oito das 10 universidades de topo mundial. A restantes duas são as britânicas Cambridge (4º) e Oxford (5º). Em Portugal a tabela é liderada pela Universidade de Lisboa, que ocupa o 206º lugar mundial, seguida pela Universidade do Porto (318º) e a Universidade de Coimbra (408º). Na última posição nacional (15º), surge o Instituto Politécnico de Bragança que mesmo assim ocupa uma honrosa 1996ª posi-
ção a nível mundial. De acordo com o reitor da UTAD, Emídio Gomes, esta é uma classificação “muito positiva”, contudo, a ambição é grande para os próximos anos. “Temos vontade em chegar ao Top 500 nos próximos anos. Uma universidade não tem que ser grande (em dimensão), para ser competitiva e ter
bom nível”. Para o responsável da universidade transmontana, “é possível progredir em áreas chave para a instituição, sobretudo com o aumento de alunos de mestrado, doutoramento e projetos internacionais, colocando a universidade num patamar superior de reconhecimento”. ■
Património etnológico: visões antropológicas Acaba de ser dada à estampa a obra «Patrimonio etnológico: visiones antropológicas», publicada em Espanha pela Editorial Síntesis, da autoria dos antropólogos Xerardo Pereiro, professor do Departamento de Economia e Sociologia da UTAD, e Santiago Prado Conde, da Universidad Internacional de La Rioja (UNIR). O livro é um manual universitário dirigido a alunos e outros leitores interessados em iniciarem-se nas problemáticas do património etno-antropológico, ajudando-os a compreender, interpretar, explicar, promover, organizar, desenhar, apresentar e gerir a diversidade de elementos do património
etnológico nos seus diferentes âmbitos de atuação e nos seus distintos processos de patrimonialização. A obra é composta por catorze capítulos, cobrindo os grandes temas e questões-chave do património etnológico numa visão predominantemente espanhola, ibérica e europeia. Refira-se que os autores, com doutoramento em antropologia, são professores nesta mesma área. Xerardo Pareiro é professor de Antropologia e Turismo Cultural na UTAD e Santiago Prado Conde é professor de Antropologia Social e Cultural na Universidad Internacional de La Rioja (Espanha) ■
Comunidade Académica da UTAD com acesso facilitado a consultas Compromisso resulta do protocolo de cooperação para a área da Saúde e Bem-estar assinado, no passado dia 19, entre a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e o ACES Douro I. Com este protocolo fica assegurada a acessibilidade da comunidade académica até 50 consultas mensais de Medicina Geral e Familiar e de Enfermagem no Agrupamento de Centros de Saúde Douro I – Marão e Douro Norte (ACES Douro I). O protocolo pretende otimizar as condições de acesso da comunidade académica da UTAD a serviços de saúde disponibilizados pelo ACES Douro I, por isso, estudantes e docentes, investigadores, trabalhadores não docentes e não inves-
tigadores da UTAD terão também acesso à Consulta de Cessação Tabágica, bem como a outras áreas de especialidade e programas de saúde disponibilizadas pelo ACES Douro I. As equipas de saúde escolar do ACES Douro I vão desenvolver atividades nas instalações da UTAD, em articulação com a Pró-Reitoria para a Saúde e Bem-Estar. “A criação de contextos promotores de saúde, a prevenção de comportamentos de risco e a importância de proporcionar à comunidade da UTAD o acesso a serviços de saúde contribuem para o desenvolvimento da estratégia para a saúde e bem-estar da UTAD”, frisa a Pró-Reitora para a Saúde e Bem-Estar, Conceição Rainho. ■
Boletim Informativo da Cooperativa Agrícola de Penela da Beira Nº 36 - OUTUBRO de 2021
Trimestral
Ficha Técnica Ana Dias; Angela Martins; Beatriz Almeida; Igor Nora; José Angelo Pinto; João Pedro; Joaquim Vasconcelos; Maria João Gaspar, Rui Droga; Tânia Amaral
COOPENELA PRESENTE NO ENCONTRO EUROPEU DA CASTANHA
Joaquim Vasconcelos
Mais uma vez, e assim vem acontecendo, há mais de uma década, a nossa cooperativa disse presente em mais um importante encontro, juntando-se assim, para lá de Portugal, a Espanha, França, Itália, Áustria e ao novel país aderente a Grécia. Desta feita o país anfitrião foi a França que, diga-se desde já, recebeu todos os participantes por forma, a que se sentissem como em casa. Para mim como cooperante e penedonense, e é nessa qualidade que decidi dar a minha opinião sobre o congresso, bem como a perce-
ção com que fiquei relativamente a alguns dos desafios que se colocam a produtores, associações de agricultores, armazenistas e consumidores. Haverá, certamente, visões ou perspetivas variadas e divergentes sobre o tema, umas mais otimistas outras menos mas, é sobre a minha que me proponho escrever estas linhas. A primeira convicção com que fiquei foi de que, efetivamente, tomamos parte de um evento de crucial importância que colocou em cima da mesa a variedade de problemas que todos sentimos no dia-a-dia. Temas como a adequação de terrenos para esta cultura, tratamento as debilidades do castanheiro, formas de acompanhamento ao longo do ano, comportamento das diversas variedades, formas de irrigação, fertilização dos solos, exploração dos mesmos com outras atividades em simultâneo. Perante a dificuldade, transversal a todos os países, do recrutamento de mão-de-obra, tiveram os participantes oportunidade de assistir, in loco, ao evoluir de diverso tipo de equi-
pamento destinado a suprir essa importante lacuna. Por outro, lado foi feita uma abordagem, clara e concisa, no que respeita ao comportamento dos mercados perante a crescente oferta do
produto vindo, imagine-se de onde, da China claro. Sim a China começa a chegar e em força. Realidade que me deixou de “água na boca” foi a fidelidade dos produtores para com as organizações de recolha e trata-
mento da produção, equipados à semelhança do existe nossa cooperativa. Desengane-se pois quem pensa em facilidades e que tempos de bonança se aproximam. Ninguém faz milagres. A preocupação com a venda ao melhor preço ficou bem patente ser um dos vetores principais. Realidade insofismável é que são as organizações de produtores, vulgo-cooperativas ou outras, quem melhor se situa para enfrentar as dificuldades que, já sentimos, e se podem adensar ainda mais. Relembro, mais uma vez, que é da minha perceção, alicerçada, como parece óbvio, da troca de informação e experiência vivida. Cada vez mais, tenho a certeza que tempos difíceis se avizinham, e que não devemos embarcar em facilidades nem aventureirismos. Passos seguros assentes em dados objetivos, assentes em estratégias estruturalmente sólidas, contribuirão para que as dificuldades sejam ultrapassadas de forma mais eficaz. E quando falo em dificuldades refiro-me ao escoamento da castanha problema que todos os anos surge. Não serei um caso sem mácula, pois, nem sempre optei pelo melhor caminho, mais racional mas sim, pelo mais fácil.
No nosso caso concreto temos a felicidade de, há uns bons anos, um grupo de pessoas corajosas ter criado a COOPNELA. Hoje, mais conhecedor da realidade, admiro e valorizo o papel de todos aqueles, particulares e instituições que, de algum modo, contribuem para que ela se mantenha em alicerces bem sólidos e continue a ser o baluarte deste precioso produto. Como penedonense, e peço que me desculpem mas não resisto a dizer que foi com orgulho que notei o respeito e admiração que além-fronteiras à nossa cooperativa granjeou. Embora houvessem produtores de outras regiões do país, “fomos nós” os intervenientes ativos nas diversas temáticas em debate, sempre com pertinência e oportunidade. Se alguma dúvida em mim pairasse sobre o papel crucial da coopenela, nos tempos difíceis que se perspetivam, ela dissipou-se completamente. De realçar o profissionalismo patenteado pelos elementos destacados pela cooperativa, tratando tudo ao mais ínfimo pormenor. Perante eles “tiro o meu chapéu”
ORGANIZAÇÃO E PREPARAÇÃO DA CAMPANHA 2021
Ângela Martins
Estamos a iniciar mais uma campanha de Frutos de Casca Rija na Cooperativa Agrícola de Penela da Beira, CRL importa referir que sem a cooperação de todos os envolvidos, não será possível realizar a campanha de forma correta e eficaz, tal como se verifica ao longo destes anos. A Coopenela, os seus colaboradores, diretores e membros dos órgãos sociais trabalham arduamente todos os anos, não só no período da campanha propriamente dita, mas durante todo o ano para que, chegada a altura da campanha, possamos obter os melhores resultados e para que todos fiquem satisfeitos. À semelhança de anos anteriores, a coopenela tem como um dos principais objetivos: ● Definir métodos de trabalho, organizar postos de trabalho, preparar e distribuir tarefas. ● Proceder à organização do trabalho. ● Estabelecer e aplicar me-
todologias das sequências de operações nos postos de trabalho, assim como da seleção das ferramentas e dos equipamentos de produção. ● Proceder à preparação do trabalho. ● Reconhecer a importância da higiene e segurança alimentar e sensibilizar os colaboradores relativamente aos conceitos gerais do sistema HACCP na produção de alimentos seguros. A formação faz parte do planeamento da organização. Este é um processo muito importante, sendo considerado um dos mais importantes na Gestão de Pessoas, cons-
tituindo um núcleo de esforço contínuo que melhora as competências pessoais dos colaboradores e, consequentemente, melhora o desempenho da organização. Cada vez mais, nos dias de hoje, as empresas só conseguem vencer a competitividade ao qual se encontram sujeitas, através da qualidade dos serviços prestados e da produtividade. dado que a formação é sempre uma mais-valia para os colaboradores, promovendo e melorando a sua motivação. O nosso foco é fazer com que a preparação/organização interna seja eficaz para estar-
mos devidamente prontos aquando da chegada dos produtos ao nosso armazém. Assim, as suas receções/processamentos serão sempre de forma a preservar, na sua totalidade, as caraterísticas dos produtos e a sua qualidade. Desejamos que esta campanha seja ainda melhor que a do ano anterior. Trabalhamos todos os dias para fazer com que o próximo ano seja sempre melhor que o anterior. Queremos ser uma entidade de referência não só nacional como internacional no setor dos frutos secos.
IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS DE INVESTIMENTO – JOVENS AGRICULTORES
Beatriz Almeida
É com o apoio e disponibilização dos Termos de Aceitação (TA) e processo de contratualização dos apoios das medidas de investimento por parte do IFAP (Instituto de Financia-
mento da Agricultura e Pescas, I.P.) que a COOPENELA (Cooperativa Agrícola Penela da Beira) se encontra envolvida em 1 dos 3 programas existentes, PDR2020. Uma das operações mais conhecidas e com mais candidaturas é a Operação 3.1.1. Jovens Agricultores, visa aumentar a atratividade do setor a jovens investidores, através do apoio à primeira instalação na atividade agrícola, promovendo o investimento, a organização da produção e a transferência de conhecimento. A necessidade de ter uma resposta consis-
tente para a sustentabilidade económica de primeiras instalações traduz-se numa corresponsabilização do jovem agricultor, quer ao nível da sua formação, quer ao nível financeiro, quer ainda ao nível da participação no mercado através de Organizações de Produtores. É enorme a importância deste tipo de candidaturas, tendo em vista a desertificação do interior e o envelhecimento da população é necessário que se consiga fomentar a renovação e o rejuvenescimento das empresas agrícolas e assim aumentar a atratividade do se-
tor agrícola aos jovens investidores, promovendo o investimento, o apoio à aquisição de terras, transferência de conhecimentos e a participação no mercado. Foi notório, durante o último período de candidatura, o interesse dos jovens por este tipo de atividades e é muito graças a estes apoios que nos é chegado e assim divulgado por nós e acompanhado pelos técnicos da COOPENELA para que tudo seja feito de acordo com o pedido pelo IFAP.
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Carrazeda de Ansiães
Mais de 400 participantes no Ansiães Douro Trail 2021 Mais de 400 participantes estiveram presentes no passado domingo, 10 de outubro, no Ansiães Douro Trail, prova certificada pela Associação de Trail Running de Portugal e que integra a Taça de Portugal de Trail 2021. A prova tem três modalidades diferentes, que se desenvolveram em trilhos, caminhos rurais e estradões do nosso concelho: o trail longo
com quase 30 quilómetros de extensão, o trail curto com 16 e uma caminhada com 11 quilómetros. Rosa Madureira e André Machado foram os vencedores do trail longo, enquanto que Lucinda Moreiras e Nelson Loureiro foram os primeiros no trail curto. A prova regressa em 2022 e com novidades. “É uma prova para manter. No próximo ano vai passar por outras freguesias, será um pouco mais curta, com mais subidas, mais descidas e também com vista para o Douro”, anunciou João Neves da Portugal NTN, que co-organiza o evento.■
Subida do nível da água do rio Tua
Causa 4G assinala Dia da Saúde Mental
O Município de Mirandela vai proceder ao esvaziamento da Albufeira do Açude Ponte de Mirandela entre os dias 25 de outubro e 5 de novembro. Desta forma a autarquia previne a população das zonas ribeirinhas do Rio Tua, para a subida do nível da
Como forma de assinalar o dia da Saúde Mental, 10 de Outubro, o CLDS-CAUSA 4G organizou um debate para a comunidade local. Organizado em parceria com a Alma-
água do rio, resultante do esvaziamento da albufeira, que poderá resultar em danos nas margens do rio. Este aviso serve de alerta para que sejam tomadas as devidas medidas de precaução de modo a serem evitadas situações de perda de vidas e bens materiais.■
Tua - Associação para a Prevenção da Doença & Promoção da Saúde Mental, a ação foi subordinada ao tema "Desmistificar estigmas e preconceitos associados à saúde mental".■
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VIVADOURO
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Moimenta da Beira
Pista de Leomil recebe prova do Campeonato de Portugal de Trial 4×4 É a maior e mais emocionante competição de Trial 4x4 que se realiza no país, e está de regresso à pista do Alto da Portela, em Leomil, Moimenta da Beira, no próximo dia 7 de novembro.
dia 7 de novembro. A data foi confirmada no passado dia 20 de outubro, entre Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting e a Autarquia. A pista de Leomil, ou “Calhaus do
Demo”, como era antigamente conhecido este espaço, no Alto da Portela, por ser um monte agreste de dificuldades naturais, vai voltar assim a receber a competição nacional de Trial 4x4, de-
pois da pandemia ter suspenso a prova de 2020. O Campeonato Portugal de Trial 4x4 iniciou-se em Valongo, no dia 10 de outubro, com um elenco de 24 equipas.■
Trata-se de um evento desportivo que envolve centenas de pessoas, entre pilotos, navegadores, assistentes, amantes da modalidade e todos os agentes desportivos intervenientes na competição. A prova, a contar para o Campeonato de Portugal de Trial 4x4, inicialmente marcada para 31 de outubro, vai decorrer no
Régua
Nacional de Enduro com passagem “de sucesso” pela Régua No primeiro fim de semana do mês, entre 1 e 3 de outubro, a cidade de Peso da Régua foi palco da primeira ronda dupla do Campeonato Nacional de Enduro. No fim de semana de 13 a 15 de maio de 2022 cidade irá receber etapa do Mundial. Com organização a cargo da Douropharma Representações, o Enduro Rotas do Douro deu o arranque para a fase final da época marcando o regresso da modalidade aos socalcos e vinhas da região da Régua. Pelo percurso, com cerca de 50 quilómetros de extensão, contemplando várias especiais, passaram 150 pilotos de diversos escalões competitivos. Nas categorias principais os vencedores foram Diogo Ventura, em Beta, na prova masculina, e Joana Gonçalves, da Jetmar | Husqvarna Portugal, na prova feminina. No final da prova, Filipe Sampaio, organizador da prova, em declarações ao nosso jornal afirmou que a organização “foi um sucesso”. “Fizemos algumas alterações nas especiais e nos percursos, algo que foi do agrado de muitos dos pilotos. O facto de termos toda a parte de logística e paddock foi positivo ter ficado na Avenida do Douro, permitiu uma melhor
organização dos espaços, e em termos de imagem é marcante. No geral podemos dizer que foi uma prova de sucesso”, explicou. Marcada está já a passagem do Mundial da modalidade pela cidade reguense, o fim de semana de 13 a 15 de maio será um “momento especial”. Em conversa exclusiva com o VivaDouro, Filipe Sampaio explicou o que irá ser feito para preparar a receção aos melhores pilotos de enduro do Mundo. “Vamos começar, a partir de dezembro, a delinear os percursos. Como sempre, vamos começar por pensar as especiais, definir o seu local, e depois então passamos
para o percurso. Depois deste trabalho feito é necessário falar com os proprietários de alguns terrenos por onde passamos, câmaras municipais, juntas de freguesia, autoridades… uma série de situações que temos de acertar. Para o mundial o paddock é maior, por isso, em princípio, vai ocupar os dois parques de estacionamento junto à Avenida”. Para o organizador uma preocupação é “que esteja bom tempo, que esteja sol (risos)… é o que mais peço numa prova de enduro”. Num tom mais sério, Filipe Sampaio afirma que “um dos objetivos que temos com
a organização deste evento é a envolvência de diversas empresas da região, em especial as que estão ligadas aos vinhos, com local para que possam expor os seus produtos. Criar um espaço onde se viva um ambiente de festa, não só dedicada ao Mundial de Enduro, mas a toda a região. Queremos aproveitar esta oportunidade para mostrar também a nossa região e os nossos produtos. A maioria dos pilotos e equipas vão chegar cá na segunda feira antes da prova, vão estar por cá uma semana, é muito importante aproveitar esta oportunidade criando uma envolvência com toda a cidade e com a região”. ■
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Sabrosa
Sessão Pública de Instalação dos novos Órgãos Autárquicos para o mandato 21/25 Decorreu no passado dia 15 de outubro, no Auditório Municipal de Sabrosa, a Sessão Pública de Instalação dos novos Órgãos Autárquicos para o mandato 2021/2025 no concelho de Sabrosa. A cerimónia iniciou-se com a tomada de posse dos novos elementos da assembleia municipal, seguida da tomada de posse do novo executivo municipal, presidido pela nova Presidente da Câmara Municipal, Helena Lapa, que, na sua in-
tervenção, sublinhou o facto de se estar “a fazer história no concelho e no distrito com a tomada de posse da primeira mulher presidente de câmara”, sendo esta uma “mudança de paradigma e que abre portas para a participação das mulheres num modelo muito direcionado para o masculino”. No momento, frisou ainda que espera “por parte de todos os elementos do novo executivo um mandato profícuo, de colaboração, discussão de ideias e
projetos, mas, acima de tudo, em defesa do bem comum e para o qual o povo do concelho de Sabrosa nos elegeu”. No fim da cerimónia realizou-se a primeira sessão da Assembleia Municipal, que culminou com a eleição da Mesa da Assembleia Municipal, que será presidida pela nova presidente, Maria de Fátima da Cruz Fernandes. No final foi servido um porto de honra a todos os presentes.■
Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza assinalado com Caminhada Solidária O Município de Sabrosa assinalou, no passado dia 17 de outubro, através da equipa de Ação Social o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza com uma caminhada solidária de angariação de bens alimentares. O Município de Sabrosa assinalou, através da equipa de Ação Social, no passado dia 17 de outubro, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza com uma caminhada solidária de angariação de bens alimentares. Numa manhã outonal e propícia
para o efeito, várias dezenas de participantes usufruíram das paisagens durienses que o “Trilho Vinhateiro de Provesende” oferece, entre a aldeia vinhateira de Provesende e a vila do Pinhão. Através da angariação de bens alimentares promovida para o efeito, os intervenientes na atividade doaram à organização vários quilos de bens alimentares, que serão distribuídos posteriormente às instituições sociais do concelho.
Esta iniciativa contou com o apoio e patrocínio da União de Freguesias de Provesende, Gouvães e São Cristóvão do Douro, da Associação Humanitária dos Bombeiros Volun-
tários de Provesense e Associação Saborosa Douro XXI e com o patrocínio dos supermercados Intermarché, Minipreço e Meu Mercadinho.■
Executivo Municipal iniciou périplo de reuniões com Juntas de Freguesia concelhias O novo executivo municipal, que iniciou funções recentemente e que é liderado por Helena Lapa, começou um périplo de reuniões com os representantes das juntas de freguesia do concelho de Sabrosa com vista a auscultar as
principais prioridades locais a serem vertidas no próximo Orçamento Municipal. Este documento, que comporta importância estratégica para o desenvolvimento local e para fazer face às principais necessidades das
populações, terá assim vertido as primeiras prioridades de cada uma das juntas de freguesia, sendo um documento de todos e para todos e que irá ao encontro das necessidades e expectativas de todas as freguesias.■
"Vou e Venho, memórias de Miguel Torga", apresentado no Espaço Miguel Torga Foi apresentado pela primeira vez ao público no passado sábado, 23 de outubro, no Espaço Miguel Torga, em São Martinho de Anta, em parceria com o projeto de programação em rede “Palavras Cruzadas”, o documentário sonoro “Vou e Venho,
memórias de Miguel Torga”, realizado e apresentado pela documentarista e radialista portuguesa Sofia Saldanha. Este documentário sonoro regista a memória individual de quem travou contacto com o escritor e constrói uma memória coletiva da
figura, trazendo para os dias de hoje histórias que vão desde a infância do escritor até à sua morte. As saídas de Torga para a caça com o padre da paróquia de São Martinho de Anta, onde lhe surge o emblemático poema "São Leonardo de Gala-
fura", a figura do médico na sua relação com a comunidade, a educação na sua infância, ou ainda o seu amor público pelas terras de Trás-os-Montes e Alto Douro foram algumas das histórias que se ouviram pelo trabalho de Sofia Saldanha. ■
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Armamar
Feira da Maçã recebe milhares de visitantes no regresso ao formato presencial Entre os dias 22 e 24 de outubro, a vila de Armamar foi uma vez mais o centro de todas as atenções com o regresso ao formato presencial da Feira da Maçã. Com menos expositores do que em edições passadas, o certame deste ano registou uma forte afluência de público que, ao longo de três dias pode degustar a maçã deste ano, bem como outros produtos do concelho como o vinho, azeite, fumeiro, etc, tudo isto num ambiente marcado por diversos momentos de animação e música ao vivo. Cláudia Damião, vereadora municipal e responsável pela organização do evento mostrou-se bastante satisfeita com o ambiente e a afluência que se registou ao longo dos três dias do evento. “Sentimos a grande satisfação de toda a gente que marcou presença aqui. Para os expositores é uma oportunidade de fazerem mais negócio depois de todo este tempo, para os visitantes é uma oportunidade de voltarem a conviver num ambiente de festa como este. Acreditamos que o evento cumpriu a sua missão de promoção dos nossos produtos, das nossas gentes e costu-
> Cláudia Damião com a Miss Beira Alta
mes, elevando Armamar não só no panorama regional como nacional também”. Entre os visitantes do certame esteve Manuel Melo, o ator que já passou por Armamar em edições anteriores da Feira da Maçã e que aproveitou o convite de um dos artistas do cartaz deste ano para matar saudades da vila duriense. “Vim reviver Armamar porque passei por aqui diversas vezes com o Somos Portugal. Vim como convidado do es-
petáculo do David Antunes que aconteceu na noite de ontem (sábado), porque tenho estado a acompanhá-lo nos seus espetáculos. Foi isso que me fez vir a Armamar, mas ainda bem que vim porque já tinha saudades e sou sempre muito bem recebido aqui… está é um bocadinho de frio (risos)… Compensa pelas caras bonitas, pelo presunto que comi que… meu deus… e pelo cabrito de hoje ao almoço. Agora vou para Lisboa de barriga bem cheia”.
> Manuel Melo
Para o ator é também importante uma progressiva retoma normal das atividades, tanto para os artistas que vivem dos espetáculos como para o público que já pedia o regresso destes eventos. “ Foi muito bom voltar a estar aqui, no meio das pessoas, podermos fazer o que mas gostamos e sentir que as pessoas estavam desejosas de voltar a ter este tipo de eventos. Há que ultrapassar o medo e viver mais, com os devidos cuidados que todos devemos ter”.
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Armamar
> João Paulo Fonseca e Carla Alves na visita aos expositores
Autarquia faz “balanço altamente positivo” No balanço final feito à nossa reportagem, o autarca João Paulo Fonseca, recentemente reconduzido no cargo, manifestou a sua satisfação pelo que considera ser um evento de sucesso, sublinhado com uma forte afluência de público. “O balanço é altamente positivo, em especial no que diz respeito ao nú-
mero de visitantes que passaram pelo evento. É a retoma destes eventos no formato presencial. Tivemos menos expositores comparativamente com a última edição presencial, em 2019, mas em termos de visitantes superou os números desse ano, o que nos surpreendeu bastante pela positiva”. Para o autarca, a fórmula para este sucesso é não só o reconhecimento que a maçã de Armamar já conseguiu, como a promoção levada a cabo pela autarquia, à qual se somam todas as medidas e precauções que foram tidas em conta num ambiente que ainda não é de total liberdade. “A forma como promovemos o evento foi muito importante. O fim das restrições que aconteceu já este mês também foi essencial para a presença massiva de público durante os três
dias do certame. Percebeu-se que as pessoas estavam ávidas de voltar a viver de uma forma praticamente normal, socializando e convivendo. Elaboramos, juntamente com os nossos técnicos da Proteção Civil, um Plano de Contingência para a feira que foi amplamente divulgado. Em todas as entradas do recinto e por todo o espaço havia dispensadores de desinfetante, assim como incentivamos ao uso de máscara e à manutenção da distância física entre as pessoas, apesar de não ser obrigatória por ser ao ar livre. Por aquilo que fomos verificando ao longo da feira foi notório que os visitantes tiveram essa preocupação”. João Paulo Fonseca fez ainda questão de sublinhar a satisfação que os expositores lhe foram fazendo chegar com o regresso do certame. “A satisfação entre os expositores era bem notória, até pelo volume de vendas que foi alcançado durante o evento. A Feira da Maçã é também
uma plataforma de promoção para outros produtos que temos no concelho, e esse objetivo foi conseguido”. O autarca armamarense afirmou ainda que este é um ano positivo para a maçã do concelho que mantém todas as suas características qualitativas apesar das quebras registadas devido ao granizo, que não condicionaram de forma crucial a produção. “Apesar dos episódios de granizo que tivemos este ano, que afetaram alguns dos nossos pomares, o balanço final é positivo. Continuamos a ter uma maçã muito boa, este ano a qualidade é excelente, e os calibres são bons, o consumidor sabe apreciar isso. Se em termos de qualidade este é um ano excecional, em termos de quantidade foi também um bom ano apesar dos problemas com as intempéries. Em resumo penso que este seja um ano de excelência para a maçã”. ■
José Osório – Presidente da AFA Do meu ponto de vista este evento correu muito bem, estamos nas horas finais e temos visto sempre muita gente por aqui. Estamos já a olhar para o próximo ano na expectativa que os canhões anti granizo que têm sido instalados pela região ajudem a evitar alguns problemas que se registaram este ano. O balanço que fazemos deste ano, apesar disso é positivo. As estruturas ainda não têm capacidade para armazenar toda a maçã que produzimos, com o ganizo muita maçã não foi comercializada ao público, foi para a industria, o que ajudou um pouco. Temos que ampliar e requalificar as nossas estruturas para ser possível armazenar toda a maçã produzida neste concelho.
Rosalinda Paiva – Frutipaiva Foi muito bom regressar, já todos estávamos com saudades, mesmo os visitantes, acima de tudo de virem ao berço da maçã, ao sítio certo. Recebemos aqui muita gente e todos vinham muito satisfeitos, inclusivamente pessoas que já tinham estado aqui connosco no último ano e que este ano regressaram. Estamos a terminar uma campanha que ficou marcada, no nosso caso, com quebras de 80 a 90% em alguns pomares. Quando já pensávamos que ia ser um ano excecional levamos com a pancada do granizo, custa muito. A maçã que ficou continua a ser a verdadeira maçã de Armamar, que as pessoas tanto gostam, doce, suculenta e estaladiça.
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VIVADOURO
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Entrevista
FERNANDO PIMENTA “A riqueza da simplicidade está, sobretudo, na família” Texto e fotos: André Rubim Rangel
É visto por todos que és uma pessoa simples, sem grandezas. Para ti, o que é a simplicidade e onde está a riqueza da mesma? A riqueza da simplicidade está, sobretudo, na família. Tudo aquilo que sou hoje, ou grande parte, provém dos valores que me foram transmitidos em família. Toda essa simplicidade de saber poupar, de saber ser boa pessoa e bom cidadão. Isso vem essencialmente das raízes que tenho da minha família e, também, penso que vem da cultura. Acho que Portugal é um país simples e refiro, particularmente, a zona Norte e esta minha região do Alto Minho. E, na prática, como transmites esses valores recebidos na conquista das tuas relações? Sem dúvida que aquilo que conquistei foi amigos. Posso orgulhar-me de ter muitos. Por exemplo, no meu aniversário deste ano, o primeiro telefonema que recebi foi da Eslováquia. E recebi mensagens de todos os cantos do mundo. Quer as coisas corram bem ou menos bem, tenho sempre o apoio de muitos colegas e amigos estrangeiros. Aí vejo que estamos a trilhar um bom caminho. E o que é que esses amigos estrangeiros mais valorizam na tua amizade. O que é que, para eles, sobressai na tua pessoa? Acho que é a forma de eu ser, o modo próximo de estar com eles, a maneira sempre divertida com que interajo com eles, mesmo
em momentos de maior pressão e, porventura, de maior constrangimento. Ouço dizer: “o Fernando Pimenta marca a diferença por onde está”. E é bom sentir isso. Mesmo da parte da Federação Internacional de Canoagem, que acho que gostam de mim. No fundo, é seguir a minha maneira de ser e não ligar muito a opiniões menos boas, de quem possa não gostar de mim. No início, antes da canoagem, começaste aos 4 anos na natação. Lembras-te dessa altura, em que a escolha foi dos teus pais e não tua? Sentias-te já “como peixe na água”? Sim, na altura gostava já da natação, até porque tinha lá alguns amigos e era uma forma de eu praticar desporto. É muito mais por aí, do que propriamente pelo desejo de vir depois a competir. Claro que nessa idade foi por decisão dos meus pais, até por indicação médica. Mais tarde, nos últimos anos em que estava lá, é que já tinha noção se queria ou não. E que tal? Sentes que se continuasses, já que começaste bem cedo, poderias vir a ser um Michael Phelps? Não! Não, porque não era uma modalidade que me atraísse como a canoagem. E não variávamos muito o tipo de treino, sempre dentro da piscina. Enquanto na canoagem há muito trabalho fora do rio e permite um know-how maior. As pessoas estranham quando me veem a fazer treinos de bicicleta e de corrida, a ritmos bons. Apesar de não ser a minha especialização, faz parte. Faço-o com regularidade e ajuda-me em tudo o resto, na produtividade e no facto de a cabeça estar mais liberta e focada.
Começaste com 12 anos na canoagem mas, curiosamente, como ocupação do tempo livre de verão nesse ano. Dá a sensação que foi algo casual, confirmas? Exato. Não esperava por tudo o que viria a acontecer posteriormente. De facto, quando entrei foi mesmo com essa finalidade de ocupar o tempo que se tem nas férias grandes escolares. Depois, acabei por ser convidado pelo meu atual treinador a ficar na equipa da competição. A partir daí é que fui desenvolvendo. Mas esse convite deu-se por o treinador reconhecer, nessa altura, que já tinhas talento? Sim, é o que ele diz: eu nunca desistia de subir para cima do caiaque, quando caía, com o desejo de continuar. Tinha essa garra e vontade de querer sempre mais um bocado. Aliás, faz este ano 20 anos em que começaste na modalidade. Desses, em 17 consecutivos já conquistaste mais de 170 medalhas! Para ti já é algo indiferente? Depende. São 108 internacionais e tenho 57 títulos de campeão nacional, mais algumas de prata e bronze. São, sem dúvida, já algumas medalhas, mas por detrás delas há sempre uma nostalgia. É sempre bom alcançar ótimos resultados nacionais e internacionais. Eu e o meu treinador damos mais primazia a estes segundos, porque são os que contam mais no palmarés e para o meu currículo. Cada conquista é sempre importante e é sempre bom valorizá-la. Até porque cada conquista tem uma história diferente. Mas vitória é vitória: celebras sempre da mesma maneira? Não celebro sempre da mesma maneira. Já que há medalhas que têm um sabor especial por aparecerem em momentos em que acreditávamos menos, ou porque não estávamos tão bem fisicamente ou numa altura positiva da nossa carreira, parecendo não estar a acontecer como queríamos e para a qual trabalhámos. E depois vence-se e dizemos: bem, afinal, valeu a pensa todo este esforço e todo este trabalho. E continuamos focados para conquistar mais. Depois, há aquelas medalhas que não são bem uma certeza, mas uma probabilidade maior de as poder conquistar: aí já não nos apanha tão desprevenidos, mas sabem bem na mesma. Contudo, as que sabem melhor resultam duma fase inesperada. E há alguma história mais caricata e interessante de que te recordes e que nunca tenhas contado, nessas tuas conquistas? Não, até porque já vai havendo uma rotina. Por exemplo, nas provas de 5000 metros existem sempre não peripécias – porque não são coisas engraçadas – mas acidentes de percurso. E, nesse momento, precisamos de
nos reencontrar, restabelecer a mente naquilo que queremos e voltar à competição. Até porque, mesmo sendo 5000 metros, é uma prova bastante rápida, de 20 minutos. Há que saber gerir muito bem as emoções e o esforço físico. Recordo-me dum episódio, numa maratona que fiz: um atleta arredou-me do título agarrando-me, num dos momentos em que tínhamos de sair do caiaque e correr com ele na mão. Faltavam 1500 metros para a meta. Fez ali uma jogada que ninguém percebeu o porquê. Acabámos por ser nós os dois prejudicados e os outros dois que se seguiam fugiram-nos e passaram à frente. Eu fiquei em 3.º lugar e ele em 4.º. Mas senti que perdi ali um título mundial. Ainda quanto às medalhas, como te posicionas – neste tempo que falta – para conquistar mesmo a única que te falta, o ouro olímpico? O que tiver de acontecer irá acontecer. Tenho de enfrentar com tranquilidade e o melhor possível. Esperar que não apareça nenhuma lesão e que continue com os apoios que tenho. São sempre aspetos muito importantes, não só em termos físicos mas também mentais. Espero, como é óbvio, em «Paris 2024» estar na luta por uma medalha de ouro. Normalmente já dás tudo nas provas, mas como é algo que queres ainda mais, mesmo muito, como pensas fazer ainda melhor do que já fazes? Esse pensamento é algo que deve ser feito com o meu treinador. É ele que traça a estratégia e que planeia a época. Para já, o objetivo é retomar os treinos. Claro que a longo prazo o objetivo são os Jogos Olímpicos, sem dúvida, mas até lá há muito, muito e muito que treinar. Muito mesmo! Por isso, tem de ser passo a passo, época a época, e competição a competição, trabalhando o melhor possível. E como é, como funciona, a rotina diária dos teus treinos? Depende um pouco da fase de treino. Normalmente, tenho sempre um treino de água da parte da manhã. Depois, um treino de cárdio ou de ginásio. Já à tarde, repete-se ou um ou outro, depende um bocado de ano para ano, de dia para dia consoante a época. Mas basicamente treinamos de duas a quatro vezes por dia. Quando venceste a prata olímpica, em 2012, foi em K2, com o Emanuel Silva. Dado o sucesso alcançado por que não voltaram a competir juntos? Na verdade, eu nunca escondi a vontade em competir em termos individuais. É como falarmos do Usain Bolt a correr só estafetas, não faria sentido. Ou dizermos ao Phelps o mesmo, ele provavelmente não nadaria. Ou, mais
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Entrevista recentemente, dizeres à Simone Biles que só iria competir em equipa, ela certamente não quereria. O mesmo se sucede no meu caso: já que era o melhor nacional, e ainda sou, de poder competir individualmente. Também gosto de me pôr à prova nesta categoria e sinto-me feliz. Embora aprecie, igualmente, fazer provas coletivas. Mas foi uma opção da Federação eu passar a fazer K1 e K4. Acho que, nestes casos, foram apostas ganhas. De que modo distingues e relacionas – em termos de exigência, esforço e técnica – essas categorias de K1, K2 e K4? É mais fácil sozinho? Não é uma questão de ser mais fácil ou mais difícil. Todas essas provas têm as suas especificidades. Em termos individuais é ponto assente que se estivermos bem tem tudo para correr bem: dependemos única e exclusivamente do nosso esforço. No K4, por exemplo, podemos compensar num dia a fraqueza de um dos atletas ou, num momento menos bom, podemos apoiar-nos uns aos outros. O K2 é igual, em que aí dependem um do outro. Em qualquer uma, o que é preciso é manter o mesmo espírito e a mesma vontade. Podemos dizer que 2021, que ainda decorre, foi o teu melhor ano? Tiveste uma medalha olímpica, foste novamente campeão mundial, foste pai pela 1.ª vez e ficaste noivo… Sim, é um dos meus melhores anos. E acho que isso também é fruto de nós querermos e fazermos com que os anos também sejam bons. Já 2020, para mim, foi muito bom, apesar de tudo isto que passámos com a pandemia. Sem dúvida que está nas nossas mãos se o ano vai ser bom ou mau. Se deixa de estar, temos de procurar uma forma para que as coisas dependam de nós. Ao falares no ano 2020, alterou muito o teu trabalho? Conseguiste dar a volta? Até porque não deixou de ser muito bom para ti… Não vou dizer que não. Mas alterou muito, por ter sido complicado e difícil. Ainda mais com o adiamento dos Jogos Olímpicos e a respetiva incerteza prévia de se realizarem ou não. Já estava muito trabalho feito para trás para eles serem em 2020 e eu estava na máxima força. Até porque, quando houve a competição internacional o ano passado, eu consegui vencer a distância olímpica. Acreditamos sempre. Mas enquanto para outros atletas foi possível praticar em casa, quando confinados, tu não… Consegui, na mesma, superar essa questão do teletrabalho, porque no meu caso é uma modalidade individual de outdoor e tínhamos uma permissão diferente, com o estatuto de alta competição em preparação para as Olimpíadas, para continuarmos a exercer o nosso trabalho. A nossa profissão é impossível ser feita em teletrabalho, não temos o rio em casa. E se estivermos 2 a 3 semanas sem treinar, perde-se completamente a forma física. Por isso mesmo, tínhamos de trabalhar da melhor maneira que podíamos e de forma a minimizar as perdas. Entretanto, a meio da tua carreira enfrentaste o dilema dos estudos académicos, que interrompeste em Fisioterapia. Desejas con-
cluir, um dia, esse objetivo? Sem dúvida que é algo que desejo cumprir, quando o meu rendimento e a minha performance de carreira desportiva começarem a baixar. Quero ter a minha formação, que faz parte do processo de aprendizagem e de evolução. Depois da Fisioterapia ainda estive em Reabilitação Psicomotora, aqui em Ponte de Lima. Mas, desde esse momento, a opção e decisão foi a canoagem a tempo inteiro. Quando terminar a carreira, pretendo seguir um curso de Desporto, ou ligado ao treino ou à gestão desportiva. Já foste feliz na região vizinha à tua, no Douro? Sim, já fui bastante feliz, tanto na área da região em si, como no próprio rio, precisamente. Os meus primeiros estágios em 2009, com o meu treinador, foram em Cinfães. Ao longo do Douro, tive também a experiência de poder descer num barco turístico e desfrutar das paisagens e da sua gastronomia. No rio, mas fora do Alto Douro, consegui ser vice-campeão do mundo no meu primeiro ano, como sub-23, em Crestuma. Depois, em Melres / Gondomar, fui várias vezes campeão nacional e vencedor de taças de Portugal. E há algo que gostasses de fazer – de novo ou de repetir –, tendo o Douro como cenário? Sinceramente, tenho visto que no Douro se fazem as vindimas dos famosos vinhos e, depois, as visitas às quintas e caves. Gostaria de fazê-lo, pois é sempre enriquecedor e bonito experimentar esses momentos. Sendo tu natural duma terra de vinho Verde és apreciador de vinhos do Douro e do Porto? Como é óbvio não sou aquele consumidor mais ativo, porque não tenho por hábito as bebidas alcoólicas devido à minha profissão e à minha dieta. Esporadicamente, numa festa ou outra, bebo um pouco com a família e os amigos: um copo de vinho cai sempre bem. Já começo a distinguir um bom vinho de um vinho menos bom. O que é que todo este teu percurso profissional te tem ensinado para a vida? Sem dúvida que são os valores que a minha família me foi passando, como já referi. É muito por aí. A parte de deixar um bom legado, de ser socialmente responsável e cumpridor dos meus deveres. E nesse teu legado, preocupa-te o estado em que está o desporto nacional? E o que farias para termos maior representação, e em mais modalidades, nas Olimpíadas? É certo que aumentando os apelos e os incentivos para a prática desportiva, a começar pelas escolas, poderia resultar. E também nas atividades extracurriculares, que não são só desportivas mas culturais. Tem de se criar, como é suposto, medidas de apoio e estímulo para que os novos talentos não acabem por desistir por falta das mesmas. Quais os melhores exemplos de apoio sustentado que viste noutros países e que podia aplicar-se cá? Vejo, por exemplo, no Japão: os alunos têm Educação Física nos cinco dias semanais. Já experimentaram reduzir, mas não conseguiram,
porque eles baixavam a sua produtividade. Às vezes isto é um estigma por se pensar que ao termos muita atividade física ficamos muito desgastados. Não sendo de grande intensidade, é possível, e permitindo aos alunos que passem por modalidades diferentes. Outro exemplo é da Polónia: os alunos têm os seus treinos antes de iniciarem a escola, que começa tipo pelas 10h. É uma questão de envolver as instituições desportivas com as escolas. Vemos que os Governos pouco fazem nesse sentido. E como não devemos estar sempre pendentes e dependentes deles, quem poderia ajudar nesse sentido? Eu, no meu caso, tive a sorte de poder ser “paitrocinado”, mas nem todos os atletas têm pais com condições de ajudar financeiramente as suas carreiras. Não duvido que as grandes marcas e empresas, sobretudo nacionais, tinham tudo a ganhar em estarem associadas a grandes nomes do nosso Desporto. Para além do mais, tem de haver o incentivo do próprio Governo, para se sentir que o trabalho dos atletas que representam o país também é compensado. Hoje em dia dependemos muito do financiamento público e é bastante pouco para as modalidades que nós temos. Há um orçamento muito pequeno para a canoagem e foi o Comité Olímpico a dar também uma ajuda, mas pouco pode fazer por ter um reduzido poder financeiro. Apontando a um tema atual, fraturante e polémico, como vês o aumento excessivo e sucessivo do preço dos combustíveis e seus riscos? Onde isto vai parar? Isto vai levar a uma falência de muitas famílias. Muitos de nós dependemos muito do carro para nos deslocarmos para os nossos em-
pregos e, com o ordenado mínimo, torna-se muito difícil. Isto pode levar ao aumento da criminalidade. É preciso repensar em algumas medidas, pô-las todas em cima da balança e ver que há imensos portugueses a irem às fronteiras de Espanha para atestarem o depósito. E assim não favorecem a nossa economia. Mas, como é óbvio, estão no seu direito, porque falamos duma grande discrepância de preços! E as pessoas precisam de dinheiro para sobreviver, para continuar o seu dia a dia. Mesmo nos aviões: aumentando o petróleo as tarifas são agravadas. É algo que o Estado deve gerir e discutir com os parceiros sociais, dentro e fora do Governo. Há que chegar a um acordo, de modo a ajudar os Portugueses! Além desta questão e olhando à volta, que outra realidade te preocupa bastante? Incomoda-me a parte da empatia que devíamos ter para com o outro e que, tantas vezes, não temos. Devemos olhar para o outro e tentar percebê-lo, perceber a sua situação, e não fazer um falso juízo, às vezes baseado num comentário menos feliz ou em algo que nos contaram e que não é bem assim… Não podemos procurar só os defeitos dos outros, mas corrigir os nossos próprios para podermos ajudar os que, à nossa volta, precisam. Há que focarmo-nos em nos colocarmos no lugar do outro. Já deixaste aqui um repto importantíssimo, que costumo solicitar ao terminar a entrevista. Há outro ainda que possas deixar? Concluo dizendo a todos que tenham objetivos e que trabalhem por eles. Que deem o seu melhor no quotidiano e, certamente, as coisas darão os seus frutos. É basicamente isso! ■
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Domingos Nascimento
forma de quebrar ciclos intermináveis de exclusão. Pela educação, pela melhoria das condições básicas de vida das famílias. Outro exemplo é o Aldeias Humanitar. Com intervenção humanitária de saúde e amparo Presidente da Agência social. Social do Douro A estes projetos os municípios disseram sim. A outras inovações os municípios certamente que não dirão não. Importa juntar todos, numa visão global. Dando dimensão à inovação social e ao empreendedorismo. Amparo para os mais velhos, formação e educação aos mais novos, e um impulso para os promotores de novos negócios (criação de Um território sem pessoas, não tem alma. emprego). As pessoas sem futuro, andam de alma in- Um Douro inclusivo que leve todos para a quieta. O Douro tem tudo para ser a mais frente. extraordinária região do país. Para a definição da estratégia regional, aconÉ Património Mundial da UNESCO. Tem for- tecerá, certamente, a Douro Pessoas Summit. tes forças transformadoras. Humanização, valorização, desenvolvimento Tem que ser uma das regiões mais humani- sociológico e repovoamento. Autarquias, Unizadas do mundo. versidades, Instituições da sociedade civil e Os municípios têm trabalhado a coesão so- Organismos desconcentrados do Estado Cencial. Cada um à sua dimensão e estrutura. tral - juntos! Mas continuamos a ter no Douro muitos ex- O Presidente da Comunidade Intermunicipal cluídos de futuro. Por razões diversas. Mas referiu numa sua intervenção “ a cidade do todas elas, ou quase todas, reversíveis. Douro”, como uma visão do conjunto deste Não é um fatalismo. É possível mudar a vida Grande, diverso e admirável Douro! de muitas pessoas. A cidade do Douro será uma cidade que CuiRefiro, só a título de exemplo, o trabalho da. Uma bandeira que orgulhará todos, a da da Bagos d’Ouro. Que é uma extraordinária Humanização!
Também no Douro há excluídos de futuro!
Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I
Infeções respiratórias: Gripe versus Covid-19 A chegada do inverno habitualmente é sinónimo de um aumento dos casos de gripe, mas o aparecimento da COVID-19 veio aumentar ainda mais a necessidade de prevenção. O aparecimento do novo coronavírus trouxe consigo inevitáveis comparações com o vírus da gripe comum – ambos resultam em doenças respiratórias, que se transmitem de pessoa a pessoa e têm sintomas semelhantes, o que dificulta a sua distinção. Ambas são infeções respiratórias provocadas por vírus. A gripe sazonal é provocada pelo vírus influenza. É uma doença contagiosa com maior expressão no inverno, especialmente entre os meses de dezembro e fevereiro. A sua disseminação fica facilitada em contextos com grandes aglomerados de pessoas (escolas, lares …). A transmissão ocorre quando uma pessoa infetada espirra, tosse ou fala, e pequenas gotículas contagiosas ficam em suspensão no ar e podem infetar pessoas que estejam próximas. Na gripe, o período de incubação do vírus é curto, habitualmente a cura é espontânea, podendo o doente recorrer a medicação destinada aos sintomas para os aligeirar e acelerar o processo. Apesar de se tratar de uma doença relativamente inofensiva, pode trazer complicações em pessoas com doenças crónicas ou idosos. Os sintomas podem variar de leves a graves e podem incluir: tosse, dores cabeça, febre, dores musculares, dores
garganta, congestão e corrimento nasal. A COVID-19, por sua vez, é a doença provocada pelo vírus SARS-CoV-2. Trata-se de um coronavírus que pode desencadear uma infeção respiratória grave, como é o caso da pneumonia, sendo mais contagiosa do que a gripe. À semelhança da gripe, a principal via de transmissão é o contacto com gotículas respiratórias infetadas. O contacto pode acontecer de forma direta, através da interação com um sujeito infetado, ou de forma indireta, através do contacto com superfícies ou objetos contaminados. O período de incubação da doença é superior ao da gripe, estimando-se que seja de 14 dias. A transmissão pode ocorrer mesmo antes do aparecimento dos sintomas. Os sintomas são sobreponíveis aos da gripe podendo incluir ainda dificuldade respiratória, cansaço, perda de olfato/paladar e diarreia. É indiscutível que tanto a gripe quanto a Covid-19 têm apresentações semelhantes com sintomas idênticos, sendo por isso difícil a distinção entre estas duas doenças. A boa noticia é que as medidas de proteção que nos habituamos a cumprir nos últimos tempos devido à Covid-19 também ajudam a prevenir a gripe. Assim, devemos manter/reforçar as seguintes medidas: higiene frequente das mãos, etiqueta respiratória (tossir ou espirrar para um lenço ou fazê-lo para o braço e não para as mãos), distanciamento físico, evitando grande aglomerado de pessoas e o uso de máscara. A vacinação é a principal forma de prevenção de muitas doenças. Atualmente, devido ao sucesso dos programas de vacinação, a maioria das pessoas desconhece a gravidade das doenças evitáveis pela vacinação, não se apercebendo da importância e dos ganhos conferidos pelas vacinas. Devido à constante mutação dos vírus, especialmente do vírus da gripe, a imunidade que resulta da vacina não é permanente, pelo que a vacina deve ser administrada anualmente. No caso de surgirem sintomas ainda que ligeiros, deve aconselhar-se junto da sua equipa de saúde familiar ou contactar a linha SNS 24 que avalia os seus sintomas e faz o encaminhamento mais adequado. Proteja-se e vacine-se, pela sua saúde.
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Autarquia lança plataforma “Mercado Tabuaço” Com o objetivo de divulgar e vender online os produtos e serviços locais, a autarquia tabuacense lançou a plataforma digital “Mercado Tabuaço”, suportando os custos pelo período de um ano. De acordo com o autarca Carlos Carvalho, este “projeto apresenta-se como um género de “montra” online, com o apoio da Câmara Municipal que, mais uma vez, avaliando os constrangimen-
tos que a pandemia trouxe a empresários e comerciantes, suportará os custos da plataforma pelo período de 12 meses”. Apresentado como uma alternativa ao formato tradicional do comércio, esta plataforma surge como uma oportunidade para que comerciantes, seja de bens ou serviços, artesãos, produtores e empresários em geral exponham e divulguem os seus produtos, minimizando, de alguma forma, os constrangimentos que a pandemia acabou por trazer a todos os ramos de negócio, em especial condicionados pela ausência física de clientes. “Será possível divulgar e vender on-
line todos os produtos e serviços do Concelho - Vinho, Azeite, Doçaria, Refeições, Alojamento, Roupa, Serviços de cabeleireiro, serviços cul turais, artesanato, entre tantos outros - aos quais potenciais clientes, de qualquer parte do Mundo, terão acesso diretamente de quem os comercializa. Se há “coisa” que os últimos quase dois anos nos vieram mostrar é que, de facto, é das dificuldades que nascem novas ideias, constroem-se soluções e se tenta, de alguma forma, evoluir. Neste sentido, não podemos deixar de admitir que os novos modelos alternativos à forma tradicional de comércio,
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Tabuaço
alavancados nas vantagens das novas tecnologias, poderão trazer grandes benefícios para o comércio e serviços no nosso concelho. Percebendo as dificuldades que os comerciantes têm sentido neste período de pandemia, e que possivelmente não se dissiparão nos próximos tempos, o Município suportará os custos desta plataforma pelo período de 12 meses, sendo este projeto mais um canal de comunicação que não pretende substituir a forma tradicional de comércio mas, antes de mais, ser uma outra estratégia para vender e promover o que é nosso”, afirma Carlos Carvalho. ■
Campanha “Não Há Duas Sem Três” revestida de sucesso O Município de Tabuaço, com o objetivo de ajudar a economia local, lançou este ano a campanha “Não Há Duas Sem Três”, que agora se aproxima do seu término, estando já marcada pelo sucesso alcançado. “Não há duas sem três” é uma iniciativa direcionada para a hotelaria, restauração, produtores locais e artesãos, com o intuito de incentivar turistas a permanecer ou regressar a Tabuaço, tendo em vista a recuperação das perdas provocadas pela pandemia no setor. Durante o período de validade da campanha, de 15 de maio a 31 de outubro de 2021, por cada reserva de duas ou mais noites numa unidade hoteleira do concelho de Tabuaço, a Câmara Muni-
cipal atribui vouchers no valor total de 60€ a aplicar nos alojamentos, na restauração e na aquisição de artesanato ou produtos locais. Para o autarca esta é uma aposta ganha, registando já a emissão de quase 800 vouchers, num volume total que se aproxima dos 20 mil euros. “O balanço desta iniciativa é bastante positivo. Desde o lançamento da campanha que o feedback foi surpreendente, uma vez que diariamente turistas entraram em contato com os serviços de Turismo do Município para se inteirarem da iniciativa. Ainda a decorrer, até à data foram já atribuídos 795 vouchers nos vários sectores, nomeadamente restauração, hotelaria e artesanato e produtos locais, o que se traduz em 15 900,00€. A iniciativa “Em Tabuaço Não Há Duas Sem Três” foi criada, antes de mais, para suprir as lacunas da intervenção do Estado, através da qual a Câmara Municipal assumiu o papel de subsidiário e de proximidade de
modo a, por efeito de mitigação, garantir o funcionamento da economia local, num cenário de grandes constrangimentos provocados pela pandemia da Covid-19 e que ditou o encerramento das atividades por longos períodos. Esta foi apenas uma de várias, num pacote de medidas que o Município desenvolveu para apoiar as nossas empresas e empresários e a economia em geral. Além desta, o município desenvolveu também a Campanha “É Nosso”, igualmente de apoio e incentivo à compra no comércio local, o Apoio às Rendas para os comércios que igualmente por força da pandemia estiveram encerrados ou parcialmente encerrados e ainda o apoio direto a empresas e empresários em nome individual, calculado mediante a quebra de faturação. No caso da “Em Tabuaço Não Há Duas Sem Três” , que continuará a decorrer até ao final do mês de Outubro, o intuito é incentivar turistas a visitar, comer, comprar, permanecer ou regressar a
Tabuaço, tendo em vista, como referi, a recuperação das perdas provocadas pela pandemia no referido setor. Apesar de esperar que os motivos não se repitam, o autarca tabuacense, Carlos Carvalho, garante que a autarquia continuará a incentivar o comércio local, podendo ativar algumas destas medidas em diferentes momentos no futuro. “O desejo é que não tenhamos que repetir estas iniciativas, pelo menos não pelo mesmo motivo, o que significará que não passaremos por mais nenhum confinamento, que as coisas estarão controladas e, basicamente, não teremos mais constrangimentos relativos à pandemia. No entanto, defendemos que poderá haver épocas em que se justifique o incentivo à compra no comércio local e aí iniciativas como o “É Nosso”, por exemplo, continuarão a fazer sentido, da mesma maneira que não vemos como descabido, pontualmente criarem-se iniciativas que alavanquem determinados sectores como o do turismo, por exemplo”. ■
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VIVADOURO
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Região
Estatuto da Agricultura Familiar apenas para singulares A partir do mês de novembro, o Estatuto da Agricultura Familiar será apenas atribuído a pessoas singulares beneficiárias de apoios até 5.000 euros, com rendimentos da atividade agrícola de, pelo menos, 20% do total, revela diploma hoje publicado. De acordo com o Decreto-Lei 81/2021, publicado no passado dia 11 de outubro, esta alteração tem como objetivo tornar o processo de adesão ao estatuto da agricultura familiar “mais ágil, mais abrangente e mais justo”. No texto pode ainda ler-se que o estatuto tem tido adesão inferior à estimada e que é, nesse contexto, que são alterados requisitos. O critério para a atribuição do título, dentro de 30 dias, quando entra em vigor o decreto-lei, é o requerente ser beneficiário de um montante de apoio não superior a 5.000 euros,
António Fontaínhas Fernandes Professor Universitário
O esvaziamento demográfico do Douro Os censos do Instituto Nacional de Estatística mostram que a região Demarcada do Douro regista uma preocupante diminuição população, equivalente a 11% em relação à região Norte que, por sua vez, também diminuiu mais que o país que sofreu uma redução média de 2%. Todos os concelhos do Douro registaram uma queda no número de habitantes, mas é mais acentuada nos concelhos com menor dimensão. Mas, a par do decréscimo de população assiste-se ao envelhecimento da população. A população registou uma diminuição nos estratos dos 0 aos 49 anos, enquanto na faixa etária dos 50 e mais anos se regista um aumento, a qual representa quase metade da população residente no Douro. A população duriense é mais envelhecida em relação ao Norte e a Portugal. Com efeito, o índice de envelhecimento no Douro é de 245, o que significa que em cada 100 jovens existem 245 pessoas com mais de 65 anos. A escassez de pessoas em idade ativa vai condicionar a atividade económica no Douro, em especial no sector do vinho e do turismo, obrigando a recorrer a mão-de-o-
decorrente das ajudas do Regime de Pagamento Base e do Regime da Pequena Agricultura, da Política Agrícola Comum, e ter um rendimento da atividade agrícola igual ou superior a 20% do total do rendimento coletável. “Com vista a tornar o processo mais ágil e menos burocrático, aposta-se na interoperabilidade dos sistemas de informação do Ministério da Agricultura, em particular na obrigatoriedade da inscrição no sistema de identificação parcelar, por parte dos candidatos ao estatuto”, lê-se também no decreto-lei. Tendo em consideração que o universo dos detentores do estatuto corresponde a mais de 90% de pessoas singulares, o Governo redefine o seu âmbito, no decreto-lei, deixando de contemplar as pessoas coletivas e passando o estatuto a ser atribuído a pessoa singular titular da exploração agrícola familiar, “adequando esta alteração à realidade vigente”, segundo o executivo. Além de alterar os requisitos para o reconhecimento do estatuto da agricultura familiar, o diploma promove a adaptação, ao segmento da agricultu-
bra de outras regiões e mesmo de outros países. Indubitavelmente, o combate à crise demográfica deve ser uma prioridade para o Governo, exigindo políticas nacionais de natureza social de incentivo à natalidade, de apoio à família, bem como de atração de imigrantes. Esta última passa por uma estratégia de atração de recursos humanos qualificados de países estrangeiros, por exemplo do espaço ibero-americano, dadas as afinidades linguísticas e culturais. Esta estratégia deve ser complementada por medidas locais dinamizadas pelas autarquias, no domínio da habitação para acolher agregados familiares, das creches para acompanhar os mais jovens, devendo igualmente envolver programas formativos para os estrangeiros. Exige, igualmente, também uma maior ligação entre as autarquias e as empresas, a qual pode ser integrada em ecossistemas regionais de inovação, onde as instituições de ensino superior e os centros de conhecimento podem assumir um papel relevante. Em síntese, numa ótica transversal e de desígnio nacional, urge avançar com espaços de diálogo entre os diferentes atores nacionais, regionais e locais, para desenho de políticas integradas de atração e fixação de mão-de-obra. Se nada for feito, de nada vale falar em sustentabilidade e resiliência ambiental, económica e social.
ra familiar, da linha de crédito de curto prazo, com bonificação de juros, criada em 1998, destinada às pessoas singulares ou coletivas que se dediquem, no continente, à agricultura, silvicultura e pecuária. O decreto-lei reforça o apoio às entidades com o estatuto da agricultura familiar, que passam a beneficiar de um nível de bonificação de juros de 50%, para um crédito até 5.000 euros. Esta alteração dos requisitos para o
reconhecimento do Estatuto da Agricultura Familiar e a adaptação da linha de crédito de curto prazo são medidas previstas no Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), com instrumentos como a majoração da bonificação dos juros da linha de crédito de curto prazo com um plafond máximo de 5.000 euros por ano ou o apoio à criação de organizações de produtores multiprodutos, no âmbito do PDR 2020, no valor de 500 mil euros. ■
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Nacional
Desemprego em mínimos de 20 anos coloca Norte abaixo da média nacional De acordo com o relatório trimestral Norte Conjuntura, da CCDR-N, a região Norte tem uma taxa de desemprego de 6,3%, a mais baixa dos últimos 20 anos, um valor abaixo da média nacional que se situa nos 6,7%. Os dados, referentes ao segundo trimestre de 2021, apresentam uma descida de 1,1% em relação ao período homólogo de 2020. “É a primeira vez, nos últimos 20 anos, que a taxa de desemprego da região se encontra tão abaixo da nacional”, pode ler-se no documento. Também em queda está o desemprego jovem, na região, que caiu dos 22,5% no primeiro trimestre deste ano para os 21,8% no segundo, invertendo a tendência de crescimento observada ao longo da crise” provocada pela pandemia de Covid-19, destaca o documento. Para estas quedas tem contribuído o aumento da população empregada. Em comparação com o período homólogo de 2020, este indicador cresceu 5,3%, representando um crescimento de 87.200 novos empregados. “Este crescimento acentuado deveu-se a um efeito base associado ao pico da crise pandémica no segundo trimestre de 2020, mas também ao dinamismo intrínseco da economia do Norte”, destaca a CCDR-N. Na análise mais fina à sub-região Douro, o relatório destaca o decréscimo de 1,3%, comparativamente ao período homólogo de 2020. O documento revela ainda os decréscimos nos municípios mais populosos da CIM Douro, com destaque para Vila Real, com uma descida acentuada de 8,2%. Lamego e Peso da Régua apresentam descidas mais moderadas de 1,2 e 0,1%, respetivamente. Em sentido contrário estão os municípios de Torre de Moncorvo, com um crescimento de 32,5%, São João da Pesqueira (+14,9%) e Vila Nova de Foz Côa (+12,3%). Em crescimento na região está também o salário mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem, que apresenta o valor mais elevado
de sempre, 955€, “um crescimento real de 4,2% face ao período homólogo” do ano passado. A contribuir para este valor está um crescimento em praticamente todas as áreas de atividade, com destaque para as atividades financeiras e de seguros (1556€),atividades de informação e de comunicação (1276€), e ainda a educação (1156€). Exportações e importações em crescimento O relatório elaborado pela CCDR-N debruça-se ainda sobre as importações e exportações da região. No segundo trimestre de 2021 as exportações aumentaram 42,7%, em comparação com o mesmo período de 2020, Contudo, ressalva o documento, o crescimento substancial é resultado do pico da crise pandémica, período no qual foram registadas quebras históricas nas transações internacionais. Quando comparado com o mesmo período de 2019, com os mercados internacionais ainda em pleno funcionamento, as exportações de bens tiveram um crescimento mais tímido, 1,1%. “Esta evolução positiva indica a retoma da normalidade no comércio internacional, confirmando a trajetória de recuperação da economia do Norte, revelando desta forma uma elevada resiliência perante o contexto extremamente recessivo do ano de 2020”, l^-se no documento. As importações de bens de consumo registaram, pela primeira vez desde o início da crise pandémica, o
primeiro crescimento homólogo, de 22,6%. Comparando com o período homólogo de 2019, um período de normal funcionamento nos mercados internacionais, também se regista um crescimento, contudo, mais tímido, 5%. A mesma tendência é registada nas importações de bens de capital que registaram um crescimento de 36,1% face a 2020, e 7,7% face a 2019, “o que traduz uma tendência favorável no aumento da capacidade de produção das empresas do Norte. Centrando atenções na sub-região Douro as exportações de bens aumentaram 10,1% que, segundo o documento, “resulta, sobretudo, de um efeito base associado à diminuição muito significativa das exportações de bens no 2º trimestre de 2020”. Contudo as exportações na região já superaram os valores pré-pandemia. Neste ponto o relatório destaca os comportamentos de Peso da Régua, com um crescimento de 39,8% e Vila Real com um crescimento de 28,6%. Turismo apresenta melhorias Os indicadores da atividade turística do Norte foram manifestamente melhores no 2º trimestre de 2021 do que no período homólogo de 2020, este último marcado pela maior crise de sempre do setor. Decorrido um ano, as dormidas nos estabelecimentos turísticos do Norte foram de 1,1 milhões no 2º trimestre de 2021, que compara com apenas 305 mil no período homólogo de 2020. Não obstante esta recuperação, o número ainda se encon-
tra num patamar bastante inferior ao da fase pré-pandemia, o que é elucidativo do impacto acentuado da crise sanitária neste setor. Em termos comparativos, há dois anos, as dormidas no Norte tinham sido de 1,8 milhões no 2º trimestre de 2019, ou seja, mais 63% do que no 2º trimestre do corrente ano. A evolução nos outros indicadores turísticos tem sido análoga à registada nas dormidas, ou seja, apesar da recuperação significativa face ao ano passado, os valores continuam inferiores aos do período pré pandemia. O número de hóspedes nos estabelecimentos turísticos do Norte foi de 663 mil no 2º trimestre de 2021, um valor que compara com 188 mil no período homólogo de 2020 e com 1 milhão no 2º trimestre de 2019. Em termos de localização geográfica, os residentes em Portugal continuaram a ser a principal fonte de turistas do Norte no 2º trimestre de 2021, representando 71,3% do total das dormidas realizadas, enquanto 29,7% foram de não residentes. Pese embora a predominância do mercado interno (um facto apenas visível em contexto pandémico) começam a surgir sinais positivos de uma gradual normalização da atividade turística com o reforço do mercado externo, após uma fase de declínio. De facto, no 1º trimestre de 2021, as dormidas de não residentes tinham representado apenas 19,6% do total do Norte, sendo necessário recuar ao 2º trimestre de 2020 para se observar uma proporção inferior (11,9%). ■
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VIVADOURO
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Lazer RECEITA CULINÁRIA
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Tapas de salmão fumado com pasta de queijo e ervas 4 a 6 fatias de pão de centeio 250 g de queijo fresco em creme 1 pepino de conserva
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1 colher de sobremesa de alcaparras
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pimenta preta de moinho
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200 g de salmão fumado ovas de salmão
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aneto picado
Barre levemente as fatias de pão com Vaqueiro Alho, corte-as em tiras e leve-as a tostar levemente no forno. Deite o queijo numa taça. Pique finamente o pepino de conserva e as alcaparras bem escorridas e junte-os ao queijo. Perfume com folhas de aneto picadas, tempere com pimenta preta moída na altura e misture muito bem. Corte o salmão em tiras. Barre as tiras de pão com a pasta de queijo e por cima coloque rolinhos de salmão fumado. Enfeite com ovas de salmão e folhinhas de aneto.
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ANEDOTA
Um médico aposentou-se e foi substituído por outro. Na consulta seguinte, o novo médico pediu a D. Ana a lista dos medicamentos que lhe haviam sido receitados. Quando o jovem médico viu a lista, engasgou-se. - D. Ana, sabe que estas pílulas são anticoncecionais? - Sei, mas ajudam-me a dormir. - Digo-lhe que não há absolutamente nada nestas pílulas que façam uma pessoa dormir! A D. Ana sorriu e disse: - Sim, eu sei. Mas todas as manhãs dissolvo uma pílula no sumo de laranja da minha neta... E assim durmo todas as noites sossegada!
Maria Helena Socióloga, taróloga e apresentadora
Escorpião
SOLUÇÕES:
210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt
Amor: Poderá ter de enfrentar uma zanga familiar, mas não fique preocupado, pois tudo se resolverá. Aceite os erros dos outros. Saúde: Cuidado com o sistema nervoso. Mantenha a serenidade. Dinheiro: Não se deixe abater por uma maré menos positiva nesta área da sua vida, pois nem tudo está perdido!
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Opinião João Barroso
Vice-Reitor para a Inovação, Transferência de Tecnologia e Universidade Digital
O tema do desenvolvimento regional e, em particular, das regiões de baixa densidade populacional tem sido recorrente nas últimas décadas. Foram realizadas grandes alterações estruturais que, no seu tempo, foram adequadas para diminuir o fosso entre as diferentes regiões e trazer algum equilíbrio socioeconómico ao País. Dois bons exemplos são a modernização da rede rodoviária e a expansão da rede de Ensino Superior. No entanto, chegados à atualidade e apesar do que já foi feito, verifica-se que a população destas regiões continua a dimi-
Jorge Sobrado
Secretário Técnico de Estratégia e Comunicação da CCDR-NORTE
O nome é desconhecido da generalidade dos cidadãos, mas os seus resultados não e têm marcado a nova vida de muitos territórios. Refiro-me às estratégias “PROVERE”, que têm sido financiadas pelos fundos comunitários, designadamente do NORTE 2020. Estas estratégias de nome complexo, mas de realidade bem tangível, desenvolvem-se e tornaram possíveis projetos e investimentos relevantes ou mesmo transformadores, especialmente nas “zonas de baixa densidade”. O Interior. São exemplos desses investimentos iniciativas como o Passaporte Douro, a rede de miradouros da N323 e os passadiços do Távora, no Douro, a ponte suspensa de Arouca (a “516”), o centro tecnológico da água e do termalismo da
Gilberto Igrejas
Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)
Inserindo-se na política da União Europeia, a Transição Digital irá promover uma transformação digital ao serviço das pessoas. No objetivo de construir o futuro digital da Europa, a Transição Digital deve funcionar para todos, colocando as pessoas em primeiro lugar e abrindo novas oportunidades para as empresas. As soluções digitais contribuirão, também, para a luta contra as alterações climáticas e a realização da transição ecológica. Espera-se que a Transição Digital possibilite a abertura de novas oportunidades às empresas do setor vitivinícola e às dos setores associados (matérias-primas, embalagens, turismo, etc.). Igualmente, a Transição Digital permitirá fomentar o desenvolvimento de tecnologias fiáveis, designadamente na vertente agrícola e da comercialização, promovendo uma sociedade aberta e democrática, viabilizando uma economia dinâmica e sustentável.
O desfio do desenvolvimento das regiões de baixa densidade populacional nuir. Veja-se o caso de alguns concelhos de Trás-os-Montes, que, nas últimas eleições autárquicas, viram o seu executivo municipal encolher, em consequência da diminuição do número de habitantes. Este é um indicador extremamente preocupante, pois sem pessoas a região tenderá a desaparecer. É necessário reconhecer que, para além das grandes infraestruturas, os investimentos no desenvolvimento do Interior ou nas regiões de baixa densidade populacional continuam a ser frugais e sem potencial para alterar as tendências de desertificação. Temos todos que nos questionar sobre a pertinência e a qualidade do investimento, bem como sobre o papel determinante do poder local na sua aplicação. Que reflexão fazem os vários órgãos do poder local sobre a qualidade dos
investimentos mais recentes? Têm sido, efetivamente, bem aplicados? Estão associados a uma estratégia de desenvolvimento local? Os resultados correspondem ao pretendido? Não querendo dar uma resposta a estas questões, reconheço que são complicadas e complexas. Há, no entanto, alguns fatores que são claros e reconhecidos como fundamentais para assegurar o desenvolvimento de uma região, sendo o mais importante a criação de emprego qualificado e a consequente captação e retenção de pessoas qualificadas. Este aspeto é o mais importante para se criarem as condições apropriadas para o aparecimento de novas iniciativas e ações que possam contribuir para um desenvolvimento sustentável de uma região. A pergunta seguinte é óbvia: como atrair recur-
sos humanos qualificados para regiões de baixa densidade populacional? As regiões consideradas desfavorecidas ou de baixa densidade podem proporcionar um estilo de vida mais saudável, quando comparado com a vida nas grandes cidades, infernizada pelo trânsito, stress, elevados índices de poluição, entre outros fatores. No entanto, o movimento de pessoas para estas regiões apenas acontecerá se houver oferta de oportunidades de emprego qualificado, que proporcionem condições para que as pessoas trabalhem na região e vivam usufruindo da boa qualidade de vida. Portanto, a questão que se coloca e que deixo em aberto (talvez para uma próxima ocasião) é esta: como criar oferta de emprego qualificado nestas regiões?
Histórias de futuro no Douro e a Norte. Aquavalor, em Chaves, a ecopista do Tâmega, o parque natural de Boticas, a reabilitação do Mosteiro de Ancede e a “Tasquinha do Fumo”, em Baião, a Quinta do Outeiro, em Resende, ou a Casa do Ermo, em Fafe, e o Centro Hípico do Norte, em Esposende, entre largas dezenas de outros muitos dos quais privados. O acerto e o sucesso destes programas designados de “PROVERE” – no Alto Minho, Cávado e Ave, no Tâmega e Sousa, no Douro, em Trás-os-Montes e no Alto Tâmega – só foram possíveis porque assumem uma vocação eminentemente territorial. Quer isto dizer que não foram criados abstratamente, num gabinete em Lisboa ou no Porto, mas antes “de baixo para cima”, respeitando a autonomia dos territórios para definirem estratégia e investimentos, associando instituições públicas e privadas. Através das vontades e das parcerias entre comunidades intermunicipais, municípios, associações de desenvolvimento, empresas e empreendedores, foi possível projetar
e ativar múltiplas identidades regionais do Norte, sejam elas naturais, rurais, agroalimentares, paisagísticas, patrimoniais e culturais, convertendo-as em oportunidades de vida e de negócio, que fixem e atraiam pessoas e atividades. No fundo, estas estratégias procuram ser uma “vitamina” em territórios ricos em ativos, mas mais periféricos dos grandes centros e carentes de dinâmicas de atração de pessoas, turistas e investidores. Os mais de 100 “milhões” geridos pela CCDR-NORTE nestes programas são apenas a alavanca, porque o que mais importa está nos territórios e na sua “governança”. E é isso que torna possível que, nestas estratégias, sejam investidos dois euros de investimento privado por cada euro de investimento público. Caso raro. Relativamente ao Douro, no qual a Comunidade Intermunicipal assume a liderança do projeto, o destaque é dado, por motivos compreensíveis, ao desenvolvimento sustentável de um turismo de qualidade e da
valorização deste bem maior que é o património mundial da UNESCO. Por esse motivo, a valorização das paisagens, das culturas locais, das experiências turísticas e do marketing regional ganham expressão na estratégia “PROVERE”. O plano de investimentos abrange mais de 50 projetos-âncora e representa um investimento total superior a 31,4 milhões de Euros. Nesse contexto, será por exemplo executada uma nova rede de sinalética orientativa e interpretativa do Douro, pilar fundamental na criação de identidade do território, no acolhimento ao visitante e ao turista e na acessibilidade a estruturas e ativos patrimoniais do destino. As estratégias “PROVERE” são, por tudo isso, reconhecidas como um excelente testemunho da boa aplicação dos “milhões da Europa” e da tão desejada proximidade das políticas públicas. São uma história a seguir, uma história de futuro no Douro e a Norte.
A Transição Digital na Região Demarcada do Douro Não menos relevante, a Transição Digital ajudará a lutar contra as alterações climáticas e a assegurar a transição ecológica. Pelas oportunidades que gera em termos de desenvolvimento e aplicação de tecnologias inovadoras (Inteligência Artificial, tecnologia 5G), espera-se a produção de uvas mais sãs, com menos aplicação de pesticidas, fertilizantes, menores gastos de combustível e de água. O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. não é alheio a esta temática. Desenvolve, desde há anos, a adoção de políticas visando a transição digital, numa postura de progressiva mudança estrutural, atualizando procedimentos, de modo a manter-se na senda da inovação, em linha com o estabelecido no Regulamento Geral da Proteção de Dados. As iniciativas tomadas pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P., que efetuou já múltiplos avanços no caminho para a sociedade digital, visam que a Transição Digital fique ao alcance de todos. Crê-se que uma rede eficaz de telecomunicações na Região Demarcada do Douro levará a uma Transição Digital mais rápida e justa, ao mesmo tempo que permitirá, se não uma inversão na pirâmide etária da população, pelo menos atenuar o decréscimo
da população e um rejuvenescimento da mesma. Isto em consequência da região se tornar mais atrativa para uma população jovem, amiga das novas tecnologias e que poderá tirar partido delas, não necessitando, por isso, de habitar em grandes centros urbanos. Assim, na Região Demarcada do Douro, o desafio mais relevante será criar condições para a adesão dos pequenos produtores à sociedade digital. A Transição Digital será certamente mais fácil para os que já tenham acesso a redes de comunicação e que dominam as ferramentas digitais. Tendo presente que algumas faixas populacionais mais envelhecidas estão menos aptas a utilizar tecnologias digitais, o IVDP promoveu acordos com municípios da Região Demarcada do Douro no sentido de facilitar o apoio especializado na interação com o IVDP. Os municípios, devido à sua proximidade com a realidade, serão certamente um órgão importante para identificação das lacunas, assim como para colaborar na implementação das novas medidas e acompanhamento de quem tem maior dificuldade em utilizar ferramentas telemáticas. Sendo certo que os agricultores e comerciantes de maiores dimensões estão bem apetre-
chados, tendo já um nível de maturidade digital elevado, nos seus diferentes domínios de atuação, também é verdade que desde o início do século XXI tem surgido uma vaga de novos pequenos e médios produtores, altamente qualificados e que estarão capazes de acompanhar a transição digital. Haverá, porém, a necessidade de capacitar os agricultores e comerciantes de menores dimensões para também eles poderem acompanhar a transição digital. Essa capacitação deve ser feita a dois níveis: criação de ferramentas digitais e de plataformas de interação e de fácil utilização, a disponibilização destas ferramentas aos agentes e a formação dos mesmos na sua utilização. Para além das iniciativas que são mais visíveis na interação diária dos agentes económicos com o IVDP, o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, encontra-se numa verdadeira revolução digital, abrangendo fortemente os seus procedimentos internos, estando neste momento a implementar medidas da maior relevância que estão a conduzir a nítido progresso no cumprimento da sua missão.
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