Jornal_VivaDouro_ed83_jan2022

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Ano 6 - n.º 83 - janeiro 2022|

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|Diretor: Miguel Almeida | Dir. Adjunto: Carlos Almeida

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DE REGRESSO ÀS URNAS > Págs. 6 à 8 Nesta edição pode encontrar o destacável do Boletim Informação

Nuno Ferreira

João Paulo Sousa

"Para mim, o lado pessoal nunca se irá sobrepor ao lado coletivo"

"Tenho uma equipa fabulosa, são duas pessoas mais novas que me trazem uma visão diferente"

> Págs. 10 e 11

> Págs. 20 e 21


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VIVADOURO

JANEIRO 2022

Editorial José Ângelo Pinto Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT Caros leitores, A pandemia ou endemia, dependendo do dia em que se fala dela, prossegue o seu amplo contágio todos afetando sem dó nem piedade e continuando a provocar situações bem complexas para todos. A complexidade aumenta quando se coloca a tomar decisões aqueles menos preparados para tal, como, por exemplo, a decisão estranha, tomada um mês antes da data, de determinar que na primeira semana não há aulas para ninguém, na outra que o teletrabalho é obrigatório, mas as aulas passam a ser obrigatoriamente presenciais e na outra que não interessa haver casos na turma pois o que imporá é haver testes negativos. Ou seja, gerir as decisões que são tomadas supostamente por causa da pandemia é mais complexo do que gerir a própria pandemia (agora endemia). Mais, a única coisa mesmo bem feita que o país soube fazer foi a aceleração brutal, mas necessária, nos processos de vacinação, por um lado porque disponhamos dos recursos necessários e pelo outro porque a população, de uma forma geral, reage bem aos processos de vacinação, uma das heranças do Estado Novo, mas que muitos já não conseguem recordar. E se há alguma coisa no COVID-19 que esteja provado é que as consequências em pessoas vacinadas são muito inferiores, estatisticamente, às consequências em não vacinados. A História normalmente pode ajudar muito a perceber os dias de hoje. A ultima pandemia que se pode comparar com o COVID 19 foi provocada pelo vírus “Influenzavirus H1N1”, que se disseminou de 1918 a 1920 por praticamente todo o mundo ocidental, que provocou milhões de mortos e que ficou conhecida como “gripe espanhola” por haver muitos focos no país vizinho. As ondas da gripe espanhola são parecidas com as ondas do COVID-19. A segunda onda foi a que provocou mais infeções e mortes, quyer num caso quer no outro. A gripe espanhola acabou, segundo uma das teorias mais fundamentadas, com a existência de uma nova vaga de uma mutação muito mais contagiosa e muito menos letal que acabou por produzir uma imunidade na população, acabando assim com a mortalidade do vírus. A esperança de todos nós é que o mesmo possa acontecer com a mutação conhecida por Ómicron do COVID 19, que muitos esperam possa vir a terminar com a letalidade do vírus e a imunizar definitivamente a maior parte da população. Esperemos que assim seja.

PRÓXIMA EDIÇÃO 23 FEVEREIRO

SUMÁRIO:

Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org

São João da Pesqueira Páginas 4 e 9 Destaque Páginas 6, 7 e 8 Entrevistas Autarcas Páginas 10, 11, 20 e 21 Armamar Página 12

POSITIVO

As exportações de vinhos portugueses cresceram 3,8% em volume e 8,6% em valor entre janeiro e novembro, comparativamente com 2020. No Douro aumentaram 11% em quantidade e 18% em valor, aproximando-se dos 547 milhões de euros.

Alijó Página 13 Mesão Frio Página 14 Sabrosa Página 19 Entrevista Páginas 22, 23

NEGATIVO

A falta de chuva tem aumentado as preocupações um pouco por toda a região. Sem água a agricultura, um dos pilares da região, sofre danos irreparáveis.

Boticas Página 24 Carrazeda de Ansiães Página 25 Opinião Páginas 26 e 30 Santa Marta de Penaguião Página 27 Tabuaço Página 28 Nacional Página 29

ANUNCIE AQUI Tel.: 962 258 630 | 910 599 481 carlos.rodrigues@vivadouro.org geral@vivadouro.org

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Luís Braga da Cruz

Presidente da FORESTIS, Associação Florestal de Portugal. Engenheiro Civil

As Ajudas Europeias à Floresta, para 2021-2027 Em crónica anterior, em 2018, critiquei, por manifesto desajuste à realidade nacional, as ajudas europeias à Floresta Portuguesa1. A circunstância do território nacional não ser homogéneo e conter grande variedade de espaços florestais recomendava a regionalização das medidas, o que foi reclamado pelas federações de produtores florestais. De então para cá, temos de ser justos, alguma coisa melhorou. Com a passagem da tutela da Floresta, da Agricultura para o Ambiente, passou a haver mais realismo. Alguma regionalização das medidas começou a ser feita, o que conduziu a maior justiça territorial. Porém a deficiente concepção inicial da medida específica para a floresta (medida 8.ª), no âmbito do PDR 2020, não permitia inverter o que de errado havia. Essa medida estava subdividida em inúmeras componentes, o que não permitia partir dos problemas da floresta de cada território para as soluções, nomeadamente numa lógica de intervenção integrada de apoio à reflorestação dos territórios ardidos. Os avisos iam saindo parcelarmente, desfasados no tempo, apreciados sobretudo a partir de gabinete em detrimento de uma análise a partir das condições do terreno e com critérios de valorização muito discutíveis. Num momento inicial, houve avisos com grande procura, mas que foram anulados, gerando grande frustração e descrédito no sector. Uma parte do pouco dinheiro 1- 7 de Julho de 2018, "A Constituição e as Ajudas Europeias à Agricultura".

disponível acabou por ser transferido para medidas de apoio à Agricultura, reduzindo a já baixa dotação consagrada no PDR 2020 para o investimento florestal. Por tudo isso, a procura posterior foi reduzida e o interesse por parte dos produtores florestais também baixou, em especial nas regiões do minifúndio. O período que sucedeu aos grandes incêndios de 2017 reclamava apoio a operações de reflorestação das áreas ardidas e, depois, ao controle da indisciplinada regeneração natural que se seguiu. As Organizações de Produtores Florestais (OPF) foram reclamando que, em futuro período de programação, seria necessário corrigir alguns daqueles erros e que a nova tutela da Floresta - o Ministério do Ambiente - produzisse pensamento próprio e encarasse os apoios à floresta com formato diferente. Incompreensivelmente a preparação da proposta nacional - no Continente, porque nas regiões autónomas foi diferente - para o período seguinte (PEPAC 2021-27), continuou a ser cometido ao GPP2 do Ministério da Agricultura, que apresentou uma proposta decalcada da anterior medida 8.ª do PDR 2020. Isto é tanto mais grave por, nos períodos de audição pública, terem sido apresentadas inúmeras contribuições que, apesar disso e no essencial, não foram consideradas. Os agentes do sector fizeram a sua parte, reiterando as suas posições críticas e esperando uma proposta disruptiva. Porém, tais sugestões foram pura e simplesmente ignoradas. Por tudo isto se justifica perguntar: Será que o Ministério do Ambiente tem pensamento autónomo sobre as políticas florestais que importam a Portugal, assumindo a responsabilidade de fazer chegar as propostas a Bruxelas? Valerá a pena no futuro contribuir para debates públicos que se assumem como processos “faz de conta”? 2- GPP - Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral do Ministério da Agricultura.

Registo no ICS/ERC 126635 | Número de Registo Depósito Legal: 391739/15 | Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 | Diretor Adjunto: Carlos Almeida | Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 | Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 / 910 599 481 | Paginação: Rita Lopes | Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4510-698 Fânzeres | Administrador: José Ângelo da Costa Pinto | Estatuto editorial: www.public.vivadouro.org/vivadouro | NIF: 507632923 | Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda., Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha | Sede de Redação: Avenida Barão de Forrester, nº45 5130-578 São João da Pesqueira | Sede do Editor: Travessa do Veloso, nº 87 4200-518 Porto | Sede do Impressor: Av.ª da Republica nº6 1º Esq. 1050-191 Lisboa | Colaboradores: André Rubim Rangel, António Costa, António Fontaínhas Fernandes, Beatriz Oliveira, Freire de Sousa, Gilberto Igrejas, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Paulo Costa, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Sílvia Fernandes. | Impressão: Luso Ibéria | Tiragem: 10 mil exemplares


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Deslumbre-se com o melhor que o Douro tem para oferecer

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VIVADOURO

JANEIRO 2022

S. João da Pesqueira

Salaam Aleikum São João da Pesqueira

Salaam Aleikum é uma expressão de cumprimento utilizada por muçulmanos, significa “Que a paz esteja sobre vós”. Pode ainda não ser familiar para muitos mas a família Alshikh trouxe-a para o léxico do concelho. Composta por seis elementos, esta família síria encontrou a tranquilidade em pleno coração do Douro. É na sua casa, bem no centro da vila de São João da Pesqueira que a família Alshikh nos recebe. À entrada, fica o calçado, uma tradição muçulmana para que as impurezas não sejam levadas para o interior da habitação. Na sala reúne-se a família que terá como porta-vozes, durante a nossa conversa os filhos Mahmoud, Reem e Malak, os mais fluentes em português. Mohammed (pai) e Thana (mãe), acompanham o diálogo com atenção e vão respondendo aos filhos em árabe para que estes, por sua vez, nos traduzam. Musa, o mais pequeno da família Alshikh, fica sentado no sofá, mergulhado com o olhar no tablet. Não existisse a barreira linguística e este podia ser o cenário de qualquer outra família pesqueirense, que é um pouco como já se sentem. Viver em São João da Pesqueira tem sido "muito bom", contam-nos. Os filhos estão todos na escola e, apesar das dificuldades que

vão surgindo, afirmam que recebem todo o apoio por parte de professores e colegas. "Temos professores muito bons e atenciosos, sempre que temos alguma duvida basta chamar e tiram todas as dúvidas, mesmo que tenham que repetir duas ou três vezes. Em Português e História temos mais dificuldades mas, por exemplo, a ciências e matemática não", conta-nos Malak. Reem, a mais nova das raparigas diz mesmo que os seus “colegas dizem que matemática é muito difícil mas eu não acho, acho fácil". Mahmoud, o filho mais velho conta que já fez alguns amigos na vila, "costumamos ir ao cineteatro e ao ginásio várias vezes, ou jogar futebol. Fui bem recebido, sinto que gostam de mim e eu gosto deles também". A família Alshikh é natural de Alepo, no norte da Síria, de onde saíram devido à guerra em direção à Turquia, país onde viveram durante quase 6 anos, viajando depois para Portugal. "A vinda para Portugal aconteceu de uma forma repentina, um dia no final da escola estávamos em casa e o meu pai recebeu uma chamada a perguntar se queríamos vir para cá. Disse que sim e chegamos a São João da Pesqueira uma semana depois, foi tudo muito rápido", conta-nos Reem que nos revela ainda que mesmo antes de cá chegar já admirava Miguel Torga. Com os pais empregados, Mohammed na agricultura e Thana numa lavandaria de

uma IPSS, e os filhos a estudar. Os planos da família passam mesmo por São João da Pesqueira. Mahmoud quer formar-se na área das novas tecnologias enquanto as suas irmãs pretendem ambas ser médicas. Manuel Cordeiro, autarca pesqueirense explica-nos que a vinda desta família resulta da preocupação da autarquia em atrair mão de obra para a região, fixando população. “Tudo surge da preocupação da autarquia com a questão da falta de mão de obra no concelho. Contactamos o Alto Comissariado para as Migrações no sentido de lhes dizer que teríamos interesse em receber cá migrantes. Realizamos uma reunião aqui na autarquia onde nos foram apresentadas as condições necessárias para dar andamento ao processo, designadamente as questões de habitação, emprego e acompanhamento das pessoas. Depois disso realizamos uma outra reunião mas com empresas da região, de dimensão considerável porque era necessário que quem os empregasse também lhes desse habitação, o que acabou por ser um problema porque ninguém se mostrou disponível. A solução passou então por assumirmos nós o arrendamento da casa e assim que chegaram o pai começou logo a trabalhar na Quevedo". Manuel Cordeiro conta-nos que inicialmente chegaram ao município duas famílias, os Alshikh e uma outra família afegã que aca-

bou por não se adaptar, tendo partido para outro destino. Quanto à família síria, para o autarca são já olhados como seus munícipes. O autarca espera agora que a boa integração da família Alshikh sirva de motivação para que outros possam chegar ao concelho duriense. "A família afegã acabou por ir embora porque não era isto que queria. A família Síria integrou-se muito bem e estão quase a fazer três anos aqui. Os filhos são excelentes alunos e estão muito bem integrados, é normal ver os miúdos a passear pela rua com os amigos. Para nós são mais uma família pesqueirense e por nós são muito bem vindos. Gostávamos de receber muitos mais migrantes, quer para nos ajudar a colmatar a falta de mão de obra que existe na região e para fixar pessoas no nosso concelho, que é sempre um desafio. No início quando cá chegaram houve naturalmente quem reparasse e fizesse algumas perguntas, neste momento são mais uma família que aqui anda, olhando por esse lado acho que já ninguém "repara" neles. A língua é sempre um entrave para quem está no estrangeiro mas a equipa da autarquia que os acompanha fez um ótimo trabalho e conseguiu sempre ajudar a solucionar qualquer questão que surgia. Hoje já vão falando português e fica um pouco mais fácil".


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VIVADOURO

Destaque

JANEIRO 2022

Legislativas 2022: Quem 2022 arrancou em ritmo de campanha. Portugal vai a votos para eleger o próximo Governo depois de Marcelo rebelo de Sousa ter dissolvido a Assembleia da República, em consequência do chumbo do Orçamento de Estado para este ano.

Em plena campanha eleitoral, com as caravanas a percorrerem o país de norte a sul, passando também pelas ilhas, sem esquecer os círculos da emigração, dentro e fora da Europa, um dado é já certo, os rostos do Douro que estarão no próximo hemiciclo serão diferentes dos eleitos em 2019. Ascenso Simões (Vila Real), pelo Partido Socialista, Luís Leite Ramos (Vila Real) e António Lima Costa (Viseu), pelo Partido Social Democrata, são três rostos que não regressam às bancadas dos seus partidos. Contudo, o Douro não deverá perder representantes visto que as listas candidatas incluem diversos nomes de durienses, podendo mesmo chegar a ter representantes em três círculos eleitorais (Vila Real, Viseu e Guarda), em vez de apenas em dois (Vila Real e Viseu), como na atual legislatura. Olhando para os resultados de 2019, com as atuais listas de candidatos, o Douro ficaria representado com cinco deputados, os mesmo que em 2019. Artur Soveral Andrade, André Marques (PSD) e Francisco Rocha (PS), pelo círculo de Vila Real, Hugo Maravilha (PSD), por Viseu, e ainda Gustavo Duarte (PSD) pelo distrito da Guarda. Apenas em Bragança o Douro não deverá eleger nenhum representante da região. Eleitores inscritos diminuem na região Para as eleições de dia 30 estão inscritos nos cadernos eleitorais 10.821.244 eleitores, mais 9808

do em que 2019, quando eram 10.811.436. De acordo com os dados disponíveis, este é o número mais alto desde 1975. Há 47 anos, nas primeiras eleições legislativas do pós 25 de abril, o número de eleitores registados era de 6.220.784 recenseados. Apesar deste aumento geral, se for feita uma comparação com as últimas legislativas, quase todos os

círculos perderam eleitores, com a exceção da Europa, Fora de Europa, Setúbal, Faro e Açores. São justamente os emigrantes que fazem crescer os cadernos eleitorais: há mais cerca de 30 mil eleitores pelo círculo Europa do que em 2019 e mais 25 mil pelo círculo Fora da Europa. Apesar de não se registarem perdas de lugares de deputados, todos

os distritos perdem eleitores entre 2019 e 2022. Em Bragança, para estas eleições estão inscritos 137.581 eleitores menos 4.006 que em 2019. Na Guarda a perda é de 5688 eleitores, em 2022 são 145.869 as pessoas inscritas nos cadernos eleitorais. No distrito de Vila Real a perda de eleitores está próxima dos seis milhares, 5988, no total são 213.124 as pessoas que podem

exercer o direito de voto. A maior descida nestes números acontece em Viseu, nas legislativas de 2022 votam menos 7632 eleitores comparativamente com 2019, 340.384. No total dos quatro distritos são 836.958 os eleitores inscritos, menos 23.314 do que em 2019, quando somavam 860.272. O crescimento registado nos cadernos eleitorais aconteceu em


JANEIRO 2022 VIVADOURO

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Destaque

m irá o Douro eleger

2019, quando a alteração legislativa que introduziu o recenseamento automático através do cartão do cidadão dos portugueses que vivem emigrados, fez crescer o número de recenseados em 1.138.608 eleitores. Em 2015, o número de recenseados era bastante inferior: 9.682.823 inscritos. 17 partidos vão a eleições

No total são 17 as forças partidárias que se apresentam a eleições no próximo dia 30 nos quatro distritos que abrangem a região da CIM Douro. Viseu é o único distrito onde ao 17 partidos estão representados, Bragança é o que menos forças terá no boletim de voto, 13. Já Guarda e Vila Real terão um total de 15

candidaturas. Os 17 partidos representados nos boletins de voto de toda a região são: ADN " Alternativa Democrática Nacional; Bloco de Esquerda; CDS-PP; CDU; CHEGA; Ergue-te; Iniciativa Liberal; Livre; MAS; MPT " Partido da Terra; Nós, Cidadãos; PAN; PS; PSD; PTP " Partido Trabalhista Português; R.I.R. Volt Portugal.

Confinados devido à Covid-19 podem votar presencialmente Estas eleições, serão o quarto ato eleitoral (depois das eleições dos Açores de 2020, das presidenciais de 2021 e das autárquicas do mesmo ano), a acontecer em Portugal desde o início da pandemia de Covid-19. Acontecem durante a quinta vaga da pandemia no país, que se caracteriza por ter a variante ómi-

cron do SARS-CoV-2 como predominante. Assim sendo, até 19 de janeiro de 2022, a informação oficial era de que as pessoas em confinamento ou isolamento devido à Covid-19, e outros impedidos de se deslocar à assembleia de voto no dia principal do ato eleitoral, como utentes de lares ou presos, poderiam pedir entre 20 e 23 de janeiro a recolha do respetivo voto na morada onde se encontram a cumprir confinamento, marcada para os dias 25 e 26 de janeiro. Contudo, isto impediria de votar todos os eleitores que ficassem isolados a partir do dia 24. A 19 de janeiro de 2022, a Ministra da Administração Interna, Francisca Van Dunem, e a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, anunciaram que os eleitores em isolamento profilático devido à Covid-19 poderão sair de casa para votar no dia 30 de janeiro, na sequência de um parecer jurídico que o Governo tinha pedido ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República. A decisão passou ainda pelo Conselho de Ministros, que alterou as normas relativas ao confinamento obrigatório para permitir que os eleitores isolados, independentemente de estarem infetados ou não, votem, recomendavelmente entre as 18h e as 19h desse mesmo dia, sem necessidade de apresentarem declaração de isolamento profilático. Nas outras três eleições que haviam ocorrido durante a pandemia, não se tinha tomado esta decisão. No parecer, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República, após o Governo lhe ter perguntado que valor jurídico deveria prevalecer (a proibição de sair de casa decorrente do risco de contágio, ou o direito universal ao voto), respondeu que “não pode ser imposta aos eleitores sujeitos a confinamento a privação do direito de sufrágio”, anunciando que considera urgente rever a legislação eleitoral, alegando que o regime legal vigente “não harmonizou em termos adequados” o direito ao voto dos eleitores em confinamento obrigatório. Entretanto, já a Comissão Nacional de Eleições tinha também emitido a mesma opinião jurídica.


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VIVADOURO

JANEIRO 2022

Destaque

Distrito a Distrito BRAGANÇA

VILA REAL

O distrito mais a norte de Portugal tem, para estas eleições registados 137.581 eleitores, o número mais baixo entre os quatro distritos abrangidos pela região Douro. No total o distrito transmontano elege três deputados para a Assembleia da República, sendo que em 2019 a vitória foi para o PSD que elegeu 2 deputados contra apenas 1 do Partido Socialista. Desde 1975 que o distrito é dominado pelos socias democratas. Só em 2005 o Partido Socialista conseguiu a vitória no final da noite eleitoral. Em 2019, Bragança registou uma abstenção de 55,11%.

Vila Real é o único distrito da região do Douro que tem neste território a sua capital. Com um total de 213.124 eleitores, o distrito elege um total de cinco deputados. Desde 1975 que o PSD tem dominado as eleições legislativas, uma senda de vitórias apenas interrompida em 2005 com a vitória do Partido Socialista. Tal como nos restantes distritos, também em 1979 e 1980 as eleições em Vila Real foram ganhas pela AD. Nas últimas eleições legislativas o distrito transmontano registou uma abstenção de 54,24%

Resultados 2019

Resultados 2019

PSD – 40,78% (2 deputados)

PAN – 1,31%

PSD – 39,04% (3 deputados)

PAN – 1,65%

PS – 36,54% (1 deputado)

CHEGA – 0,84%

PS – 37,21% (2 deputados)

CHEGA – 0,79%

BE – 6,03%

IL – 0,43%

BE – 6,06%

LIVRE – 0,55%

CDS-PP – 4,46%

LIVRE – 0,42%

CDS-PP – 4,50%

IL – 0,42%

CDU – 2,12%

Outros – 2,80%

CDU – 2,51%

Outros– 2,63%

GUARDA

Com um total de 145.869 eleitores inscritos, o distrito da Guarda elege também três deputados. Ao contrário dos restantes distritos da nossa região, no distrito beirão as vitórias eleitorais são divididas. PS e PSD já venceram por seis vezes cada um, registando-se ainda uma vitória para o CDS-PP, em 1976. Em 1979 e 1980 as eleições foram ganhas pela AD (coligação PSD, CDS-PP e PPM), fazendo assim pender a balança de vitórias para a direita. Nas eleições de 2019, o distrito da Guarda registou uma abstenção de 49,42%.

VISEU

PS– 37,55% (2 deputados)

PAN– 1,60%

Viseu é o distrito mais populoso da região Douro, e também o que tem mais eleitores recenseados, no total são 340.384. Tal como no restante território, Viseu é um bastião Social Democrata tendo mesmo ficado conhecido como Cavaquistão quando nos anos 90 Cavaco Silva, então Primeiro-Ministro somou volumosas vitórias nas urnas. Em 2019 o PSD foi o vencedor da noite eleitoral, contudo, o resultado em número de deputados registou um empate entre os sociais democratas e os socialistas, elegendo cada um quatro deputados para a Assembleia da República. Em 2005 o PS registou em Viseu a sua única vitória eleitoral em legislativas. No distrito, em 2019 abstiveram-se de ir às urnas 48,95% dos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais.

PSD – 34,37% (1 deputado)

CHEGA– 1,48%

Resultados 2019

BE – 7,81%

IL – 0,60%

PSD – 36,24% (4 deputados)

PAN – 2,13%

CDS-PP – 4,99%

LIVRE – 0,49%

PS 35,37% (4 deputados)

CHEGA– 0,97%

CDU – 2,99%

Outros – 2,78%

BE – 7,86%

IL – 0,55%

CDS-PP – 5,89%

LIVRE – 0,49%

CDU –– 2,30%

Outros – 3,31%

Resultados 2019


JANEIRO 2022 VIVADOURO

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S. João da Pesqueira

S. João da Pesqueira marca presença na 42.º edição da FITUR – Feira Internacional de Turismo de Madrid Chegou ao fim a 42.º edição da Feira Internacional de Turismo de Madrid (FITUR), que decorreu de 19 a 23 de janeiro e que mais uma vez se realizou em formato presencial, para passar a mensagem de que o turismo deve recuperar a sua liderança como alavanca de desenvolvimento e con-

viver em segurança com a nova situação decorrente da pandemia. A Câmara Municipal de S. João da Pesqueira participou mais uma vez neste evento de referência, com um stand personalizado do Município, com o intuito de se valorizar e promover os produtos do nosso concelho,

criando um contexto favorável à comercialização e internacionalização do tecido empresarial, impulsionando ao mesmo tempo o valor turístico da marca: “S. João da Pesqueira – Coração do Douro. O evento foi inaugurado pelos reis de Espanha, Felipe VI e Leticia, que visitaram o

Stand do Turismo de Portugal. A FITUR 2022 superou as expectativas com quase 7.000 empresas e 107 países a marcar presença na edição de 2022 e contou com uma forte presença da imprensa, nacional e internacional.

Esta quinta-feira, 27 de Janeiro, o Museu do Vinho de S. João da Pesqueira comemora o Dia Internacional do Vinho do Porto com uma conferência que cruza a teoria e a prática da enologia convocando para isso estudantes universitários, enólogos e produtores. Reunir numa troca de experiências diferentes gerações, olhares e vivências do vinho é o principal objetivo da segunda edição da conferência do Dia Internacional do Vinho do Porto, que tem lugar no Museu do Vinho do concelho que é o maior produtor do “Néctar dos Deuses”.

A sessão de abertura contará com a presença do Presidente da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, Manuel Cordeiro, com Luís Pedro Martins, Presidente da TPNP – Turismo Porto e Norte de Portugal e com o Reitor da UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Emídio Gomes. O evento conta com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) como parceiro, e terá no primeiro painel os contributos da academia, com a apresentação de três projetos inovadores sobre alterações climáticas na RDD, vinho biológico e subprodutos do vinho.

O segundo painel apresenta projetos de vida dedicados à vinha e ao vinho e os convidados são o enólogo e produtor Rui Roboredo Madeira, a enóloga Paula Queirós, responsável pelo Laboratório de Análises Enológicas Duriense e gerente da Quinta das Aranhas e a enóloga Filipa Pizarro, diretora técnica da 2PR. O último painel junta três quintas à conversa sobre os percursos do Vinho do Porto - a Messias, a Quevedo Vinhos e a Mateus & Sequeira, representadas por Gonçalo Louzada, Óscar Quevedo e Manuel Mateus, respetivamente.


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VIVADOURO

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Nuno Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta

"Quando deixei o Governo para ser autarca, tive de entre o meu país e o meu concelho, escolhi Freixo d Numa conversa com o autarca e o homem, Nuno Ferreira, eleito para o primeiro mandato em setembro de 2021, conta ao VivaDouro como foi a transição do município e como o trabalho autárquico o obriga a estar longe de alguns momentos familiares. Ser autarca implica uma dedicação ao cargo que vai muito além das habituais 8 horas de trabalho. O que se perde ao dedicar o dia a dia à causa pública? É muito difícil dissociar esses dois lados, o pessoal e o profissional estão fundidos num só. Aquilo que se perde, não vou omitir, são os momentos com a família que acaba por ficar um pouco em segundo plano, é a realidade. A partir do momento que enveredei pelo caminho da causa pública, e da luta pelos valores que acredito serem os mais justos a sociedade, decidi que o faria de uma forma aberta, honesta e justa. A política faz-se todos os dias. Quando a política deixar de estar no seu estado mais puro, saber ouvir, colocando em prática aquilo que acreditamos, deixará de fazer sentido. Para mim, o lado pessoal nunca se irá sobrepor ao lado coletivo. Entendo que todos juntos conseguiremos levar a bom porto qualquer projeto. Sozinho isso jamais poderá ser conseguido, pelo menos algo que seja duradouro. Há três premissas que eu tenho, uma é que só tem importância aquilo a que se dá importância, segunda é que os lugares são de passagem, enquanto cá estivermos damos o nosso melhor, e a terceira, que é fundamental, é que independentemente do cargo que desempenhe, devo entrar puro e sair puro. Estou certo que é isso que a minha família me pede e me pediu ao longo da minha vida. Sei que compreendem todas as ausências às quais já fui obrigado pelas funções que desempenho. Quando deixei o Governo para ser autarca, tive de escolher entre o meu país e o meu concelho, escolhi Freixo de Espada à Cinta, uma escolha fácil. Amo demais o meu concelho para o poder abandonar. Tomar decisões como autarca implica sempre agradar a uns e desagradar a outros. Do lado mais pessoal, consegue-se lidar com o facto de saber que a decisão irá desagradar alguém? Consegue-se. Dizer sim a todas as decisões qualquer um pode fazer, dizer não nem todos conseguem. Acredito piamente que se tomarmos uma decisão que sabemos que não agrada a todos, devemos sabê-la explicar. Justificar o porquê dessa decisão, não a tomando de ânimo leve. Quando assumimos a autarquia tivemos que tomar decisões que estou certo que não agradaram a todos. No dia em que eu passar a decidir com base na opinião dos outros sobre o que é correto ou incorreto, deixarei de ser autarca e passarei a ser uma marioneta como muitos no passado. Um autarca tem que ter o poder e, sobretudo, a capacidade intelectual de tomar decisões em prol da população.

Se me pergunta se o lado humano está patente? Claro que esse está sempre presente, mas no bem coletivo. Somos sensíveis a todas as situações, mas sempre com o ónus de trabalhar em prol da população do concelho de Freixo de Espada à Cinta. É também nesse sentido que aparece o projeto da Presidência Aberta? A Presidência Aberta é a melhor forma de ser completamente aberto e honesto com a população. Normalmente vai-se às freguesias de quatro em quatro anos, por altura das eleições, aquilo que o nosso executivo fará é passar todos os meses, pelo menos uma vez por cada uma das nossas freguesias. Passar não é para visitar, é para resolver os

problemas, ver com os próprios olhos, e sujeitar-se à crítica da população. É uma iniciativa que é coordenada com os presidentes de junta porque são eles quem está mais próximo das pessoas no dia a dia. Temos o atendimento ao público na autarquia mas entendemos que as pessoas, em especial as mais idosas e desprotegidas, merecem o nosso máximo respeito, por isso também devemos ir ter com elas. Não contem comigo para fazer uma política de gabinete. Centrando agora a nossa conversa no contexto mais político. Já passaram sensivelmente três meses desde a tomada de posse, como foi a transição da anterior governação autárquica?

Em perfil - Um filme: O Gladiador - Um livro: Qualquer um de Guerra Junqueiro - Um música/banda: Vangelis - Não passo sem o concelho de freixo de Espada à Cinta - Prato favorito: Arroz de Polvo - Local de Férias: Freixo de Espada à Cinta - Em Freixo de Espada à Cinta gostava de ter: a visita de todos os portugueses uma vez por mês. - Clube desportivo: SL Benfica

Começamos a nossa governação precisamente no dia 13 de outubro de 2021. A nossa forma de estar é governar ano a ano, fazendo o melhor que consigamos para o concelho. Foi o que aconteceu desde esse dia até ao último do ano 2021. Fizemos o Sabores e Tradições, a inauguração da iluminação da Natal, tomamos medidas pró-ativas, mudamos instalações do município, levamos a cabo um conjunto de ações que foram benéficas para a população e, acima de tudo, devolvemos a alegria ao concelho de Freixo de Espada à Cinta. Há algo que é perentório, e que devemos falar sem fugir à sua questão. O que podem esperar do Presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, é que nunca deixará nenhuma questão sem resposta. A comunicação social será tratada com todo o respeito, ao contrário do que aconteceu no passado recente, movendo-se pelo seu próprio interesse, jamais. A comunicação social cumpre o papel que o 25 de abril lhe deu, levar a verdade à população, esteja do nosso lado ou contra nós. Regressando à sua questão, de uma forma muito direta. Encontramos um município moribundo, que não tinha uma linha condutora, quer a nível de financiamento, quer, tão pouco, de recursos humanos. Quem me antecedeu não teve a seriedade de assumir o seu compromisso com quem a elegeu, ocupando o seu lugar na oposição, como eu fiz no passado. É mais importante saber perder do que saber ganhar, aí vê-se o verdadeiro carácter das pessoas. Quem me antecedeu não teve a honestidade de fazer uma reunião de transição. Quem me antecedeu não teve a frontalidade de dizer quantos recibos verdes, prestadores de serviços, existiam na autarquia. Algo que sempre procurei saber, descobrimos que havia 93 prestadores de serviços no município, uma fatura mensal superior a 70 mil euros. Quase um milhão de euros no final do ano, uma situação incomportável. Quem me antecedeu não teve a hombridade de apresentar a real dívida da câmara, quer de curto e médio prazo, que ascende a mais de 2,5 milhões de euros, quando em 2020 era de 1 milhão e pouco. São dívidas, muitas delas, a pequenos fornecedores, só nas bombas de combustível da vila ascende a 100 mil euros. Outra são mais de 600 mil euros a uma sociedade de advogados. É incomportável que tenham sido gastos 178 mil euros em publicidade nos anos de 2019, 20 e 21, sendo que 2020 e 21 foram anos de pandemia, em que não se realizaram eventos, por exemplo. Quando tentamos ainda aproveitar alguma verba destinada a este serviço, a mesma já estava toda gasta, no início do mês de outubro. Não faz sentido nenhum. A minha antecessora deixou no gabinete do autarca, e no Salão Nobre, um gasto em mobiliário de 76 mil euros. Garanto que as cadeiras não são de ouro mas custaram 76 mil euros. Não é forma de governar. Não houve o cuidado de fazer a transição dos


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NOTA PRÉVIA: O VivaDouro inicia este mês uma série de entrevistas com os 19 autarcas da CIM Douro

escolher de Espada à Cinta, uma escolha fácil" assuntos pendentes no município, nem tão pouco dizer que a dívida real da autarquia, no dia da mudança, ascendia a quase 14 milhões de euros. Sabíamos, porque era público, que essa dívida rondava os 12 milhões mas quando assumimos funções percebemos que afinal esse valor era superior. Esta não é uma forma séria de se fazer política, nem de se governar para a população. Os vencimentos dos funcionários da autarquia estavam em causa no mês de novembro. Assim que chegamos tivemos que alterar a rubrica que é alocada às despesas com pessoal, reforçando-a, porque não tinha dinheiro para pagar os salários aos funcionários, isto é muito grave. Os funcionários da autarquia têm as suas famílias e os seus compromissos no final do mês. É inadmissível que o Embaixador Chinês, e o Chefe da Delegação Chinesa, enviem correspondência para o município e não obtenham nenhuma resposta. Para a anterior autarca a seda era uma clara aposta, nem o processo de certificação foi sequer iniciado, é um trabalho que nós já estamos a fazer. Porquê? Por falta de pagamento do processo. O PDM estava parado, tem que ser executado até 2023. Por falta de pagamento. Compromissos atrás de compromissos que foram assumidos e nunca foram pagos. Parece anedota mas não é. A nossa inscrição no Congresso da Associação Nacional de Municípios foi barrada inicialmente porque havia uma dívida de 10 mil euros, por não pagamento de cotas anuais. Que credibilidade por ter a Câmara da Freixo quer na praça quer com os seus pares? Na Associação dos Municípios do Douro Superior, a dívida da autarquia é superior a 600 mil euros. Há muita responsabilidade e factos para apurar aqui. Neste momento está tudo nas mãos das entidades competentes, e nós estamos a levar a cabo uma auditoria externa ao município, votada por unanimidade na Assembleia Municipal e na Reunião de Câmara. As responsabilidades têm que ser apuradas. À política o que é da política, à justiça o que é da justiça. Quem me antecedeu, com muita sinceridade, não deixou saudades. Todos esses problemas, em especial a dívida da autarquia, podem por em causa algum projeto pensado para o executivo que lidera? Como é óbvio isto acarreta dificuldades de governação mas, algo que o Presidente da Câmara de Freixo nunca fez, nem nunca fará, é virar as costas à luta. Nós vamos à luta. Pretendemos ir buscar algumas verbas ao Fundo de Apoio Municipal (FAM), com o objetivo de pagar já as dívidas de curto e médio prazo aos fornecedores. Um compromisso que assumimos, e que fica aqui registado, é que passaremos o prazo de pagamento médio, das dívidas de curto e médio prazo, de mais de um ano, para 30, 60 dias. Nós fomos eleitos para governar e levar Freixo a outro patamar, é isso que vamos fazer. Iremos

seguir o caminho do reequilíbrio financeiro, colocando o município com contas certas, seguindo o caminho do desenvolvimento e do progresso. Já referiu que encara a governação ano a ano, contudo tem certamente uma visão transversal ao que quer que seja o seu mandato. Qual o caminho que pretende seguir? Apresentamos um manifesto eleitoral às eleições de setembro de 2021, que foi sufragado e escolhido pelas pessoas. É esse o documento que queremos cumprir. Sabemos que não será cumprido a 100% mas 85 a 90% tem que ser cumprido. Há três "bandeiras de campanha" que assumimos claramente, sendo que duas delas estão já praticamente cumpridas. Uma foi a colocação do ensino secundário em Freixo de Espada à Cinta. Posso afirmar aqui que isso será uma realidade já a partir de setembro deste ano, num modelo único no país, não havendo limite de idade para a inscrição. Será uma formação financiada, 200€ por mês a cada aluno, com apoio ao alojamento e alimentação para alunos deslocados. Esta formação será em três áreas

distintas: cozinha, turismo e viticultura. Uma promessa cumprida ao final de três meses. Nesta área da educação pretendemos ainda ir aos PALOP atrair estudantes criando em Freixo de Espada à Cinta um mini IPB, elevando Freixo a outro patamar. Freixo de Espada à Cinta é a porta de Portugal para a Europa, é onde o Douro começa, o "ground zero" do Douro é no Mazouco. Há que o assumir com toda a segurança. Outra "bandeira" é o alargamento do horário de funcionamento do Centro de Saúde. Já iniciamos esse movimento a nível nacional, em vez de fechar às 22H00, passar a fechar às 00H00. A proposta foi apresentada na AMDS e foi apoiada por todos os autarcas, independentemente da cor política, trata-se de defender o interesse das nossas populações. Em Freixo de Espada à Cinta estamos a 1 hora de Mirandela ou a 1H45 de Bragança, estamos longe dos grandes centros hospitalares. Os profissionais de saúde que estão no nosso concelho, independentemente de serem auxiliares, são profissionais de excelência, conseguem fazer o mesmo trabalho

que se faz em Mogadouro. Mais do que falar do interior é preciso praticar o interior com políticas pró-ativas. Após as eleições vamos falar com o Ministério da Saúde sobre este processo que já está em andamento. Tivemos o cuidado de falar com o diretor da ULS Nordeste, Carlos Vaz, dizendo ao que vínhamos. Não queremos só o alargamento do horário do Centro de Saúde como a reposição das valências que foram retiradas, como a reabertura da sala de fisioterapia. A terceira "bandeira", e que também já é um processo em andamento, é a saída do município da ADIN. As negociações com a ADIN têm corrido bem e com seriedade. O objetivo é devolver a Freixo de Espada à Cinta preços de água que sejam justos com a nossa população. É um assunto que requer alguma calma e muito estudo mas estamos a dar o nosso máximo para que a sua conclusão seja efetivamente uma mais valia para os nossos munícipes. São três "bandeiras" que assumimos e que estamos a cumprir. Freixo de Espada à Cinta tem dois pilares onde queremos alicerçar a nossa governação, o turismo e a agricultura. Em fevereiro, posso também deixar aqui esta informação, vamos estar presentes na Expo Dubai. Somos pequenos de tamanho mas grandes de coração e é isso que vamos mostrar. Fechamos ontem uma parceria com a AICEP para estarmos presentes divulgando a seda, que é ainda trabalhada tradicionalmente no nosso concelho. O Castelo de S. Jorge, que recebe milhares de turistas diariamente fez já uma encomenda de produtos de seda a Freixo de Espada à Cinta, num valor considerável. Falando só deste ano, vamos ter ainda o certame da Flor da Amendoeira. Uma festa com o conceito fora do habitual, realizada em três fins de semana com animação, artesanato e gastronomia. Em abril vamos ter uma prova de BTT, a Race Nature, que trará ao concelho mais de 400 pessoas. Logo a seguir à Páscoa, as seleções de sub17 de voleibol feminino, de Portugal e Espanha vão estagiar aqui em Freixo. A corrida do 10 de junho. O campeonato nacional de volei de praia que contará com uma etapa na Congida. As festas de verão, que sempre foram uma referência mas que foram abandonadas nos últimos 8 anos. Já próximo do final do ano mais uma edição da Feiras dos Sabores e Tradições. Uma iniciativa que também iremos levar a cabo este ano é realizar uma ceia de Natal em Paris. Temos de ir ao encontro dos nossos emigrantes, pessoas pelas quais temos o maior respeito, pedindo-lhes que regressem no verão, não só durante uma semana, mas um mês inteiro. Estamos a trabalhar com os olhos postos no futuro, mas com os pés bem assentes no presente, governando com a máxima transparência.


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VIVADOURO

Armamar

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Piscinas Cobertas já reabriram

O funcionamento deste equipamento desportivo, que contempla ainda o ginásio, estará sujeito ao cumprimento das normas estabelecidas no âmbito do combate à pandemia. Será obrigatória a apresentação do certificado digital de vacinação e uso de máscara. A equipa técnica e auxiliar está preparada para dar indicações e prestar esclarecimentos aos utentes. Pode conhecer a renovada oferta de serviços das piscinas cobertas no site do município.

30 mil euros para apoiar estudantes do superior

Para o ano letivo 2021/2022 a Autarquia alocou o valor de 30 mil euros. Os interessados devem consultar o aviso de abertura das candidaturas, na página da ação social escolar no website do município na Internet, onde é possível consultar mais informação útil como o regulamento e o formulário de candidatura.


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Alijó

Simulacro na EB1 de Favaios testou evacuação do estabelecimento de ensino

O Município de Alijó, através de uma iniciativa do Serviço Municipal de Proteção Civil em estreita colaboração com o Clube de Proteção Civil do Agrupamento de Escolas D. Sancho II de Alijó, promoveu hoje um simulacro na Escola Básica do 1º Ciclo de Favaios, que teve como objetivo testar uma evacuação de emergência. Depois de a campainha da escola dar o sinal de alerta para a ocorrência de um sinistro, os alunos, professores e pessoal não docente cumpriram com as orientações previstas em caso de emergência e abandonaram as salas de aula, dirigindo-se em fila e encostados à parede até ao

ponto de encontro, situado no espaço de recreio da escola. Este tipo de simulacros pretende treinar comportamentos a ter em caso de emergência, de modo a preparar os alunos e garantir a segurança de toda a comunidade escolar. A iniciativa insere-se na estratégia do Município que prevê a realização de simulacros periódicos em todas as escolas do Concelho. A realização de simulacros é fundamental, por exemplo, para operacionalizar os planos de emergência, praticar os procedimentos estabelecidos, identificar vulnerabilidades existentes e futuras necessidades.

Projeto ViViFiCAR recruta Mediador TOMI disponibiliza informações sobre ou Produtor Cultural em Alijó o Concelho à distância de um toque

O projeto ViViFiCAR, do qual o município de Alijó é parceiro, está a recrutar um Mediador e/ou Produtor Cultural, residente no Concelho ou arredores, para apoiar a produção das diferentes atividades programadas. As candidaturas decor-

rem até ao dia 1 de fevereiro, sendo que o início de funções está previsto para o dia 21 de fevereiro. O projeto ViViFiCAR envolve processos de aprendizagens criativas com impacto a médio e longo prazo, com o potencial para criar sinergias entre artistas, populações e território, instigando mudanças positivas em todos que, direta ou indiretamente, participam neste projeto. Para saber mais sobre o projeto, visite www. vivificar.pt e www.ciclo.art. É organizado e produzido pela Plataforma Ci.CLO, financiado pela EEA Grants e operado pela Direção-Geral do Património Cultural com a Direção-Geral das Artes como parceiro do programa, cofinanciado pela Fundação Museu do Douro, Câmara Municipal de Alijó, Câmara Municipal de Lamego, Câmara Municipal de Mêda e Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, com o apoio mecenático do BPI e da Fundação ”la Caixa”, e em parceria com o Surnadal Billag A/S (Noruega), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Culture Action Europe e Asia-Europe Foundation.

Está em funcionamento no Jardim Dr. Matos Cordeiro, em Alijó, um equipamento interativo de exterior, designado TOMI, que disponibiliza informações úteis e conteúdos turísticos, de forma interativa e durante 24 horas por dia. Esta é mais uma ferramenta de comunicação de proximidade dirigida à população e aos visitantes. Os TOMI são plataformas digitais de grande formato, onde os residentes e os visitantes podem, através de um toque no ecrã, ter acesso a informações sobre onde comer e onde dormir, pontos de interesse turístico, pesquisa de rotas e distâncias entre pontos. O equipamento permite ainda tirar uma

fotografia da área envolvente ao TOMI e enviá-la para o e-mail pessoal. Os pontos de interesse são acompanhados de um mapa do local, imagens e QR Codes para download direto de coordenadas geográficas. O TOMI de última geração instalado em Alijó permite uma experiência inclusiva e autónoma aos seus utilizadores, garantindo que todos, independentemente das suas necessidades físicas ou cognitivas, possam procurar informação e serviços inteligentes no TOMI. Os utilizadores também podem controlar a navegação no equipamento através de um telemóvel, o que permite evitar o toque direto no equipamento.


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VIVADOURO

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Mesão Frio

Município distinguiu participantes da mostra de presépios No âmbito da realização da 3.ª mostra de presépios, organizada pela Câmara Municipal de Mesão Frio, o Presidente da autarquia, Paulo Silva, recebeu, ontem, dia 17 de janeiro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, os representantes das 18 entidades concelhias, para homenagear e reconhecer publicamente, as suas participações repletas de interesse, criatividade e originalidade. O edil agradeceu o envolvimento e a empenhada colaboração de todas as entidades que participaram na mostra, que esteve exposta na Avenida Conselheiro José Maria Alpoim e referiu que a iniciativa, ano após ano, visa, sobretudo, “proporcionar o entrosamento, aumentar a participação e o convívio entre a comunidade e chamar as pessoas a participarem”. Os presépios, que durante semanas foram contemplados por várias centenas de visitantes, acrescentaram brilho ao «Natal na Avenida», temática escolhida para a iluminação deste último Natal. A exposição congregou as seguintes entidades: a Câmara Municipal de Mesão Frio, as cinco Juntas de Freguesia do concelho, o Agrupamento de Escuteiros de Vila Marim, a Casa do Povo de Barqueiros, o União Futebol Clube de Barqueiros, o Sport Clube de Mesão Frio, a Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio, o Agrupamento de Escolas Professor António da Natividade, a Comis-

são de Proteção de Proteção de Crianças e Jovens de Mesão Frio, a Associação «Os Alio Vírio», a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Mesão Frio, a Delegação de Mesão Frio da Cruz Vermelha Portu-

Maria Filomena Ferreira recebeu menção honrosa do concurso “Natal iluminado”

A iniciativa levada a cabo pela autarquia, surgiu com o propósito de desafiar os moradores do concelho a iluminarem as fachadas das suas casas por ocasião da época natalícia. Foi com grande enlevo que o Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Paulo Silva, recebeu ontem, dia

17 de janeiro, no edifício dos Paços do Concelho, a munícipe que conquistou a primeira edição do concurso “Natal iluminado”. Maria Filomena Ferreira, moradora no lugar do Paço, na freguesia de Vila Marim, foi quem exibiu a fachada iluminada mais elaborada, tendo recebido uma menção honrosa e uma lembrança do Município, pelas mãos do Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, que agradeceu a participação de todos os munícipes: “uma escolha é sempre subjetiva. Nesta primeira edição do concurso, decidimos premiar a extensão da iluminação, considerando, também, o esforço que os munícipes colocaram nas suas iluminações”, disse, agradecendo e felicitando a munícipe premiada pelo júri que realizou a avaliação das fachadas iluminadas. O Município de Mesão Frio agradece a participação de todos os munícipes e lança, desde já, o repto para que mais pessoas se juntem à próxima edição, destinada a embelezar e a acrescentar brilho à quadra natalícia.

guesa, a Associação Génese da Aventura e a Associação Cultural e Desportiva de Vila Marim. O Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio felicitou todos os intervenientes e

deixou patente que o Executivo Municipal estará disposto a acolher novas sugestões e novas propostas que possam ir ao encontro de uma maior participação ativa da população.

IP investe 1,8 milhões no concelho de Mesão Frio

A Infraestruturas de Portugal (IP) lançou dois concursos públicos, para intervenções na Linha do Douro, nos quais está incluída a renovação da ponte de Sermanha, no lugar do Granjão, na freguesia de Vila Marim, pertencente ao concelho de Mesão Frio. A empreitada terá o prazo de execução de 210 dias e foi lançada pelo valor base de 1,8 milhões de euros. Está ainda previsto um outro investimento de 950 mil euros, para a reabilitação estrutural do túnel

de Bagaúste, em Peso da Régua. A intervenção na ponte de Sermanha visa a “remoção integral do atual revestimento anticorrosivo, com substituição de peças que apresentem perda de secção por corrosão e aplicação de novo esquema de pintura para um novo ciclo de vida”. A operação abrange, ainda, uma adaptação da estrutura da ponte com a instalação de guarda-corpos no passadiço central. Com esta operação, a IP visa reforçar as condições de segurança existentes e os níveis de desempenho desta infraestrutura.


Boletim Informativo da Cooperativa Agrícola de Penela da Beira Nº 37 - JANEIRO de 2021

Trimestral

Ficha Técnica Ana Dias; Angela Martins; Beatriz Almeida; Igor Nora; José Angelo Pinto; João Pedro; Joaquim Vasconcelos; Maria João Gaspar, Rui Droga; Tânia Amaral

Aviso de Abertura para investimentos na instalação Está a decorrer o período de candidatura á instalação de Jovens Agricultores o aviso - N.º 06 / Operação 3.1.2 / 2021- 31 de Dezembro de 2021 às 17:00 a 11 de Março de 2022 às 17:00.

Rui Droga Esta Operação visa estimular diretamente o investimento de jovens agricultores, designadamente em processos e técnicas mais inovadoras e mais eficientes, reforçando a produtividade e a escala da oferta e contemplando a atratividade de investimentos relacionados com matérias de sustentabilidade económica e ambiental que reforçam a competitividade sectorial a longo prazo. Estes apoios têm como principais objetivos: Fomentar a renovação e o rejuvenescimento das empresas agrícolas e da estrutura produtiva agroindustrial, potenciando a criação de valor, a inovação, a qualidade e segurança alimentar, a produção de bens transacionáveis e a internacionalização do sector; Reforçar a viabilidade e a competitividade das explorações agrícolas, promovendo a inovação, a gestão sustentável, a capacitação organizacional e o redimensionamento das empresas; Preservar e melhorar o ambiente, assegurando a compatibilidade dos investimentos com as normas ambientais e de higiene e segurança no trabalho. A grande crítica aos apoios, é que os jovens agricultores e novos investidores, veem-se forçados muitas vezes a ter de fazer investimentos em equipamentos e dossiers que visam exclusivamente satisfazer a Valia Global da

INVESTIMENTO DE JOVENS AGRICULTORES NA EXPLORAÇÃO AGRÍCOLA Operação (VGO), ou seja obter os pontos necessários para a aprovação, mas na realidade esses investimentos pouco estruturados e planeados só aumentam o investimento e pouco contribuem para a inovação ou para a melhoria do ambiente, até contrariando uma gestão sustentável. Os novos investidores, os Jovens Agricultores já tem efetivamente vontade em inovar em melhorar o ambiente e ser sustentáveis por obrigação da filosofia de vida mas também muito por força do dos fatores de produção e a estabilização ou diminuição dos valores do seu produto final. Quando se pensa em investir em energias alternativas aos combustíveis, nomeadamente os painéis fotovoltaicos, deve ser planeado de forma a ser um investimento para o futuro e não para esta candidatura ou para este equipamento, a utilização de energia deve entrar em conta com os gastos nos próximos 10 anos ou mais, pois se uma empresa que está a fazer uma plantação e uma instalação de rega certamente no futuro irá aumentar a sua produção, e se não existir um planeamento capaz o investimento em painéis e equipamentos acessórios deixam de dar resposta, no momento que existir o aumento de área. Contudo devemos efetivamente aproveitar estes apoios de forma a dar uma nova vida ao sector, mas também com alguma cautela por exemplo no que respeita ás necessidades de mão de obra, não podemos fazer o aumento de área sem pensar que no futuro tem que captar recursos humanos

para a região ou concelho, e este problema não pode ser desligado, é fundamental adequarmos o investimento a capacitação que a empresa tem ou pode vir a ter para garantir a colheita e todas as atividades culturais de forma a minimizar os custos. Caso não se deslumbre um aumento de mão-de-obra disponível devemos equacionar a mecanização da colheita e ou apanha, alguns sectores estão a ser mecanizados muito rapidamente havendo uma mais-valia para o produtor que em custos que são menores quer em rapidez de colocação do produto no mercado. Apesar das candidaturas e dos avisos nos levarem para o cumprimento da VGO, deve o investidor procurar não se limitar a satisfazer a formula, mas sim enumerar todos os investimentos, custos, quer diretos quer indiretos, e que o custo também deve contar com a mão de obra, pois muitas vezes para além do operador e da retro escavadora, há o custo a fechar essa vala, ou de crivar a terra. Por outo lado, alguns orçamentos aparecem só com o custo do equipamento e não se contabiliza a instalação e as deslocações que tudo isso soma ao investimento. Só com perceção dos valores reais concretos é que os técnicos podem ter a verdadeira noção do investimento e elaborar o projeto da melhor maneira, pois não se deve seguir só o que está tabelado, até porque esse é um valor muitas vezes abaixo do custo real. Os apoios á instalação de jovens agricultores carecem de um investimento mínimo de 25 mil euros e o prémio dependerá do valor de investimento. Os apoios são con-

cedidos sob a forma de subsídio não reembolsável para os investimentos elegíveis até 500 mil euros por candidatura. Acima deste valor o apoio será reembolsável. O montante do prémio à instalação é de 20 mil euros por jovem agricultor, acrescido de 5 mil euros no caso de o investimento na exploração ser igual ou superior a 80 mil euros por jovem agricultor, e de mais 5 Mil euros no caso de o jovem agricultor se instalar em regime de exclusividade. A Coopenela, ao longo dos anos, tem vindo a capacitar-se de forma a conseguir dar resposta ás solicitações dos associados, particularmente na área do apoio à elaboração de projetos deste tipo, sendo que, neste momento, é possível o jovem agricultor contar com a Coopenela para realizar a candidatura á instalação e as candidaturas a investimentos e apoios no âmbito do desenvolvimento rural. Como o período de candidatura é muito curto solicitamos que venha a té nós rapidamente para podermos iniciar e realizar a candidatura em tempo útil. Por outro lado e como falamos em investimentos avultados aconselhamos que todo esse estudo de um novo investimento deva ser feito mesmo em período onde não existe candidaturas, pois há muitas vezes a necessidade de licenciamentos, que podem ser demorados, e a resposta dos fornecedores aos próprios pedidos de orçamento é também demorado.


Apoio aos agrícultores Candidaturas pedido único (PU) 2022

Angela Martins Prestes a iniciar mais uma campanha do Pedido Único, PU 2022, que consiste no pedido de pagamento de um conjunto de ajudas que integram os regimes sujeitos ao Sistema Integrado de Gestão e de Controlo (SIGC), previsto na regulamentação comunitária. É um momento de grande importância para os agricultores, dado a viabilidade económica e o rendimento de muitas explorações. As candidaturas às ajudas incluídas no PU 2022 são pré-preenchidas com os dados existentes nas diferentes bases de dados do IFAP e são submetidas a um conjunto alargado de validações automáticas para que sejam consideradas válidas e aceites. Essas validações têm por base a informação pré-preenchida residente

no Sistema de Informação (SI) do IFAP, nomeadamente aos dados pessoais e comerciais dos Beneficiários – IB (Identificação do Beneficiário), as referentes à caracterização da Exploração Agrícola, incluindo-se as Parcelas e respectivas Ocupações de Solo, armazenadas no SIP (Sistema de Identificação Parcelar) bem como os animais registados no SNIRA (Sistema Nacional de Informação e Registo Animal). O sistema de Identificação de Parcelas (SIP, também denominado Parcelário constitui uma base de informação de referência chave, no âmbito do Sistema Integrado de Gestão e Controlo. O SIP é um sistema de informação geográfica que pretende caracterizar as explorações agrícolas em Portugal e tem como finalidades: Apoiar os Agricultores na correta formulação dos seus pedidos de ajuda. Prevenir a atribuição de ajudas em áreas não elegíveis (vias, áreas sócias, outras áreas não agrícola), Prevenir a dupla declaração, isto é, garantir que não há pagamentos de ajudas para uma mesma área a mais de um agricultor, O SIP tem como objectivo a identificação do limite das parcelas das explorações

agrícolas, às quais é atribuído um número único, assim como a delimitação e classificação das ocupações de solo, permitindo a apresentação de candidaturas a Ajudas Comunitárias e a execução de Ações de Controlo. As acções a efectuar na aplicação ISIP apenas são permitidas a técnicos credenciados para o efeito. Para que as informações registadas no ISIP estejam corretas e actualizadas, compete ao Beneficiário: Deslocar-se a uma Sala de Parcelário sempre que ocorram alterações na sua exploração; Consultar no portal do IFAP os Documentos IE e P3 e validar a informação decorrente de actualizações internas. Com a nova funcionalida de Fotografias da App-IFAP-Mobile premite aos Beneficiários do IFAP e aos técnicos tirarem fotografias georreferenciadas com a possibilidade de efetuar o envio das fotografias recolhidas em campo para o Sistema de Identificação Parcelar [iSIP], que passam a poder submeter ao IFAP evidências fotográficas de características ou de eventos relacionados com a sua exploração agrícola.

As fotografias recolhidas poderão servir para evidenciar as culturas instaladas no terreno ou as recentes alterações na exploração agrícola, suportando desta forma as necessárias atualizações das ocupações de solo decorrentes instalação de novas culturas ou intervenções não visíveis no Ortofotomapa mais recente no IFAP. Estas validações nos terrenos podem ser feitas pela equipa técnica da Coopenela através da recolha de evidências de campo (fotografias), sendo as mesmas carregadas no parcelário do agricultor. Todas as visitas de campo podem ser agendadas em sala de parcelário com os técnicos, de acordo com a disponibilidade de ambas as partes. Após actualização do parcelário e aprovação de evidências de campo o pedido único pôde ser submetido sem ser necessária qualquer diligência adicional. Assim, para agilizar o processo da Candidatura ao PU 2022 sugerimos que verifique essa informação antes de iniciar a formalização da sua candidatura. Não se atrase! Entregue a sua candidatura atempadamente.

Preparação de um projeto de promoção da castanha na Europa

Neide Costa

A Coopenela está a preparar um projeto de promoção com o objetivo de promover toda a castanha produzida na Europa entre 2023 e 2025. A cooperativa tem como intuito submeter o projeto ao concurso europeu Promotion Of Agricultural Products. A ideia pré-definida de que a castanha é exclusivamente um fruto tradicional será combatida com este projeto. O fruto que, em tempos, já foi a base da alimentação de muitos europeus continua a ter um forte va-

lor nutritivo, o que leva a cooperativa a optar por criar uma imagem moderna para a castanha, sem omitir nenhuma parte da sua história e importância. Com a criação da marca “Eurochestnuts”, pretende-se partilhar com os habitantes da Alemanha, da Áustria, da Espanha e da França temas como a cultura da castanha, os seus benefícios para a saúde, as suas vantagens para o meio-ambiente e a sua versatilidade na cozinha. Do mesmo modo, pro-

cura-se incentivar o seu consumo nas épocas quentes, como por exemplo, o gelado de castanha ou a cerveja artesanal de castanha. Em parceria com empresas francesas e espanholas, a cooperativa portuguesa realizou submissões por três anos consecutivos, contudo os projetos não seguiram avante. Este ano, estão a trabalhar, de modo incessante, para que o projeto seja validado.


Em jeito de balanço do ano de 2021 dizer que foi um ano atípico no que respeita a ocorrências e a dias de alerta não só a nível local, mas a nível nacional.

Tânia Amaral Os últimos dados disponíveis indicam que se registaram em 2021, 7114 fogos rurais que resultaram em 26.833 hectares de área ardida, sendo 2021 o ano com o valor mais reduzido em número de incêndios e o segundo valor mais reduzido de área ardida desde 2011. A maioria dos fogos que deflagraram este ano foram de pequena dimensão e consumiram uma área inferior a um hectare, sendo que, segundo o ICNF, a

maior parte dos incêndios rurais registados este ano tiveram como causas o uso negligente do fogo, como queimas ou queimadas, e fogo posto. “As causas mais frequentes em 2021 são: uso negligente do fogo (48%) e o incendiarismo - imputáveis (23%), naquele caso com relevância para as queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (21%), queimas de amontoados de sobrantes florestais ou agrícolas (10%) e queimadas para gestão de pasto para gado (14%). Os reacendimentos representam 4% do total de causas apuradas, num valor inferior face à média dos dez anos anteriores (16%)”, pode ler-se no relatório com dados provisórios até 15 de setembro. Relativamente à área de intervenção da equipa de Sapadores Florestais de Penela da Beira, referir que foram executados mais dias de silvicultura preventiva em serviço público do que inicialmente previsto, fruto do reduzido número de ocorrências e dias de vigilância.

O clima teve um papel importante neste reduzido número de fogos rurais, tirando a semana de 10 a 17 de agosto, em que se registaram temperaturas um pouco acima dos 40 graus nalgumas zonas do país, não se registaram este ano situações extremas. Os valores foram sempre próximos, ou até inferiores ao normal. E isso, de acordo com os critérios em permanente atualização, fez com que o risco de incêndio fosse em geral baixo ao longo de todo o ano. A juntar a todas estas condições, o facto de todos termos nesta fase uma maior consciência para a necessidade de manter os povoamentos florestais limpos e o cumprimento das normas em vigor para a limpeza em redor das habitações, levou a que a área ardida fosse menor. Nesse sentido, relembro que segundo o estipulado no n.º 2 do artigo 15.º do Decreto-Lei n.º 124/2006, de 28 de junho alterado pelo Decreto-Lei n.º 17/2009, de 14 de janeiro, os proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que, a qual-

quer título, detenham terrenos confinantes a edificações, designadamente habitações, estaleiros, armazéns, oficinas, fábricas ou outros equipamentos, são obrigados(as) a proceder à gestão de combustível numa faixa de 50 metros à volta daquelas edificações ou instalações, medida a partir da alvenaria exterior da edificação, de acordo com as normas constantes no anexo do referido Decreto-lei. (in http://www.icnf.pt) Temos todos o importante papel de cuidar da floresta no inverno para a protegermos no verão. A Cooperativa tem ao dispor dos sócios e não sócios todo o apoio necessário para a limpeza dos seus terrenos florestais e dispõe de apoio técnico para plantações/reflorestações bem como para elaboração a candidaturas. #Portugal Sem Fogos Depende de Todos#



JANEIRO 2022 VIVADOURO 19

Sabrosa

Inauguração da Casa-Museu Miguel Torga foi destaque na evocação do 27º aniversário da morte do escritor A Casa Miguel Torga, em S. Martinho de Anta, foi inaugurada no passado dia 17 janeiro de 2022, data em que se assinalaram os 27 anos da morte do escritor. As comemorações evocativas tiveram início pelas 15h00 no Espaço Miguel Torga, com a inauguração da exposição Contramuros de Francisco Laranjo, artista que realizou aguarelas a que chamou: “Imagens do silêncio”. A sessão de abertura foi marcada pelos discursos do Diretor do Espaço Miguel Torga, da Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, da Diretora da Direção Regional de Cultura do Norte, Laura Castro e de um discurso escrito pela filha de Miguel Torga, Professora Clara Rocha, que por questões de saúde não esteve presente no evento, delegando o seu discurso que posteriormente foi interpretado pelo diretor do Espaço Miguel Torga, João Luís Sequeira. Para a presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, esta Casa Museu vai ser um complemento ao Espaço Miguel Torga e frisa a abordagem expositiva muito centrada na intimidade do escritor. "Hoje, é um dia feliz para todos nós, depois de alguns anos passados sobre o iní-

cio deste processo inaugurar a casa-museu Miguel Torga a 17 de janeiro, quando passam 27 anos sobre a morte de Miguel Torga, e de uma data que de forma ainda mais vincada evocamos a sua vida e obra, que foi para mim e para o Município do qual dirijo, um valor inestimável. (...) O Município de Sabrosa, tudo fará, para que hoje, amanhã e ao longo dos tempos a casa de Miguel Torga seja uma referência incontornável e um ponto cultural da região, contribuindo sempre, como já acontece com o Espaço Miguel Torga, para valorizar o poeta, o escritor,

o humanista e este reino maravilhoso." Á posteriori, decorreu a visita orientada à Casa Miguel Torga na qual os convidados ficaram a conhecer em detalhe os núcleos que compõem a exposição. A casa onde nasceu Miguel Torga é agora um espaço museológico onde se podem encontrar as memórias das vivências do escritor na sua infância e adolescência e de quando este regressava, com alguma periodicidade, ao longo da sua vida, uma abordagem expositiva centrada na sua intimidade, na sua relação com a família, no seu reconhecimento inter-

nacional e na sua relação ao território, que se encontra aberta ao público como casa-museu. Um projeto de recuperação, musealização e promoção que foi desenvolvido pela Direção Regional de Cultura do Norte, um núcleo museológico só possível depois da doação da casa pela filha do escritor à Direção Regional da Cultura do Norte. O evento terminou com um concerto dos Lavoisier, grupo composto por duas vozes, uma guitarra e várias frequências, que partindo dos poemas de Miguel Torga, desenvolveram um álbum conceptual, lançado em 2019, interpretando o Reino Maravilhoso descrito por Torga. Miguel Torga, um dos grandes nomes da cultura portuguesa, foi ainda recordado na Aula Magna da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, com uma mesa redonda evocativa da sua vida e obra, pelas 10h30 do dia 17 de janeiro, data em que passam 27 anos da sua morte. “Celebrar a Memória de Miguel Torga”, organizado pela Pró-Reitoria para a Cultura, Comunicação e Imagem da UTAD, e contou com a intervenção de especialistas da obra do escritor e nomeadamente da Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa.

Município oferece acesso ao Serviço da Escola Virtual aos professores e aos alunos da Escola Básica e Secundária Miguel Torga O Município de Sabrosa ofereceu hoje aos professores e aos alunos matriculados na Escola Básica e Secundária Miguel Torga o acesso ao Serviço da Escola Virtual. Os códigos de acesso à Escola Virtual foram entregues na escola e serão distribuídos a partir de hoje, abrangendo cerca de 360 alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário regular e profissional. Este serviço dispõe de uma solução integrada, com os melhores e mais completos conteúdos, que promove o trabalho colaborativo, propõe percursos adaptativos e únicos para cada aluno, fornece feedback constante e imediato, apresenta meios de

avaliação e diagnóstico, e fornece relatórios das progressões para os professores e encarregados de educação. Baseadas nos programas curriculares,

os alunos relembram e aprendem, através das aulas interativas da Escola Virtual, os conceitos abordados nas aulas da escola. A riqueza e a diversidade dos milhares de recursos são fundamentais para uma melhor compreensão e para uma aprendizagem eficaz. Os alunos terão ainda acesso a testes interativos, organizados por tópicos do programa, que avaliam em tempo real os conhecimentos do aluno e em função dos resultados serão sugeridas aulas interativas para a revisão da matéria. Nos anos sujeitos a provas ou exames são disponibilizados resumos da matéria, provas oficiais e modelos em formato interativo,

com resultados automáticos, que ajudam na preparação para as Provas e Exames Nacionais. Estudar na Escola Virtual também permitirá ao aluno obter conquistas: ganhar Medalhas, participar em Desafios e receber Pontos, que poderão ser trocados por prémios na loja da Escola Virtual. Com este investimento, e num momento onde as plataformas digitais de ensino assumem um papel fundamental para o sucesso na aprendizagem, o município espera contribuir para o sucesso escolar dos mesmos e reforçar decisivamente nestes alunos a vontade de estudar de uma forma desafiante e divertida.

Testagem à Covid-19 promovida pelo município à população do concelho já começou Iniciou na segunda-feira, 10 de janeiro, a testagem da população do concelho de Sabrosa à Covid-19 promovida pelo município em parceria com as Juntas de Freguesia. Esta iniciativa começou com a testagem aos trabalhadores da Câmara Municipal e irá continuar durante os próximos dias, em todas as freguesias do concelho. A testagem está a ser realizada por uma equipa da UNILABS, parceira nesta inicia-

tiva, e os testes realizados serão elegíveis para certificado de testagem. Pessoas sem marcação, em número limitado, que queiram fazer o teste no momento em que a testagem estiver a decorrer na sua freguesia também o poderão fazer. Paralelamente, estará disponível um centro de testagem, localizado no Auditório Municipal, em Sabrosa, às terças e quintas, das 16h15 às 17h45 onde poderá também realizar teste sem marcação.


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João Paulo Sousa, Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa

"Tenho o sentimento de ser foz-coense. Pode haver ninguém com esse sentimento maior que o meu" João Paulo Sousa chega ao leme da autarquia foz-coense após 12 anos na vice-presidência do município. Sublinha as semelhanças com o passado e traça novos caminhos para Vila Nova de Foz Côa, numa conversa onde há ainda uma comparação ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Ser autarca implica uma dedicação ao cargo que vai muito além das habituais 8 horas de trabalho. O que se perde ao dedicar o dia a dia à causa pública? Provavelmente a família queixa-se um pouco, não escondo isso. Contudo, eu sou uma pessoa muito equilibrada, sei gerir muito bem o meu tempo. Durmo muito pouco, às 4 e meia da manhã já começo a chatear a minha esposa (risos), sou como o Presidente Marcelo. A adrenalina que sinto neste cargo é precisamente pela vontade de fazer. Costumo dizer que se algum dia perder esta vontade então é melhor retirar-me. Não sou pessoa de estar acomodada porque se entramos na rotina acabamos por não fazer nada de diferente e isso tira todo o interesse. Tenho uma equipa fabulosa, com duas pessoas mais novas que eu e que trazem uma visão diferente e que se complementa muito bem com a experiência autárquica que eu trago na bagagem. As decisões que se tomam, quase nunca são do agrado unânime da população. Como autarca, que peso tem a opinião dos munícipes nas suas decisões? Tenho o costume de dizer que no dia em que eu não tiver a capacidade de ouvir, vou-me embora. Uma das características fundamentais que tenho é ser um bom ouvinte. Sempre fui uma pessoa muito ponderada. Se alguém se queixa é porque sente alguma necessidade. Se um dia não tiver paciência não estou aqui a fazer rigorosamente nada. Há duas coisas que aprendi na política, não há gratidão nem ressentimento. Depois há o sentimento de ser foz-coense. Pode haver quem o seja tanto como eu mas certamente não há ninguém com esse sentimento maior que o meu. Herdou uma câmara gerida pelo mesmo autarca durante 12 anos, do qual foi vice-presidente. Que legado ficou da gestão de Gustavo Duarte? Deixou uma câmara numa situação financeira invejável. Deixou também vários ensinamentos de competência, transparência e integridade. E acima de tudo deixa-me a vontade de querer fazer mais. Somos um concelho de referência e queremos continuar nessa senda. Como referência digo que o concelho de Foz Côa é um território que tem recursos e know-how para assumir a liderança dentro deste território. Aquilo que o ex-presidente Gustavo me

Em perfil - Um filme: Matrix - Um livro: Qualquer um de José Augusto Corrêa - Uma música/banda: FIARRESGAS (Grupo Popular Foz Côa) - Não passo sem Amizade - Prato favorito: Posta à Mirandesa - Local de Férias: Praia dos Tomates, Algarve - Clube: FC Porto - Em Foz Côa gostava de ter: Mais população

deixou, e já nos conhecemos há muitos anos, para além da sinceridade, da competência e da dedicação, foi a vontade de lutar assumindo que temos que sentir o território. Não se ganha o território se não o sentirmos. Não aceito aquela máxima que os políticos são todos iguais. Costumo dizer que não sou político, estou na política para servir as pessoas que me viram nascer. Sei quais são os problemas e as limitações que temos e, tendo isso em conta tento fazer o melhor que sei e posso em prol deste concelho e destas pessoas. Nestes 12 anos desempenhou um papel de relevo na governação da autarquia. Como vice-presidente, se lhe pedisse para escolher um momento desta última dúzia


JANEIRO 2022 VIVADOURO 21 NOTA PRÉVIA: O VivaDouro inicia este mês uma série de entrevistas com os 19 autarcas da CIM Douro

quem o seja tanto como eu mas, certamente não há de anos, qual seria? Tivemos alguns. É difícil escolher um, depende do campo de intervenção. Se falarmos da justiça, foi conseguir manter o tribunal a funcionar quando muitos foram encerrados, no campo da saúde foi a conquista da SUB, da qual assumimos a componente financeira, a nível cultural a manutenção da Fundação do Parque Côa que passou por algumas dificuldades na altura da Troika. Depois houve também diversos eventos que estruturamos e que sentimos que valeu a pena fazer esses investimentos porque deram mais visibilidade ao concelho. São exemplo disso o Festival dos Vinhos do Douro Superior e a continuidade da Festa da Amendoeira em Flor que já leva 40 anos de longevidade, atraindo centenas de pessoas Centenas? Não estará a ser um pouco modesto? É difícil contabilizar. Eu sou muito comedido nestas coisas, se fosse mais exagerado eu falaria em 150 ou 200 mil. A Festa da Amendoeira em Flor tem características muito próprias, ao longo do evento são realizadas mais de 40 atividades. Só os passeios pedestres, que são quatro ou cinco, juntam 300 ou 400 pessoas cada um. No desfile etnográfico as ruas de Foz Côa ficam completamente preenchidas. Não é fácil contabilizar porque não é um percurso fechado. É efetivamente muita gente e quando se fala em amendoeiras em flor é Foz Côa, ponto. Olhando agora para o futuro. Sendo que há aqui uma certa continuidade na governação do município, agora é o João Paulo que está na presidência. De que forma quer deixar a sua marca no concelho? Já o estamos a fazer. Eu e o anterior autarca somos muito próximos mas pessoas completamente diferentes. Quando dizemos que somos diferentes refiro por exemplo que, em termos de prioridades, embora nos completássemos, eu estou a apostar em outras áreas de intervenção. Sempre demos muita importância às pessoas, com programas na área da saúde, por exemplo. Neste momento queremos dar atenção a outras áreas de intervenção, nomeadamente assumindo quatro compromissos essenciais. Desde logo uma atenção muito grande à questão da juventude. Temos de dar atenção aos jovens, e aos jovens casais, criando um sentimento de identidade e pertença. Não temos que lhes dar o peixe mas temos que lhes dar todas as condições para pescar. No caso das creches, por exemplo, eu antecipei-me ao Governo reduzindo 50% do custo das famílias com a creche, é uma forma de incentivo. Ainda nas pessoas temos de continuar a dar atenção aos nossos idosos. Estamos a protocolar, com os diferentes presidentes de junta, aulas de educação física para diversas infraestruturas ligadas aos idosos, como os

centros de dia ou os lares. Cada freguesia receberá dois mil euros para esse fim. A Universidade Sénior, por exemplo, só ainda não arrancou devido ao número de infetados por Covid-19 que existem neste momento entre os alunos. Em segundo temos alguns projetos que são estruturantes para nós. Há obras que são urgentes arrancar como a construção de um Centro de Recolha Animal, que já está em andamento. É uma estrutura para cerca de 200 animais, que terá um custo a rondar os 400 mil euros. Outra obra estruturante, e para a qual já temos o projeto, é a construção, de raiz, das piscinas cobertas municipais. São duas obras estruturantes. Já deixo aqui de parte o Mercado Municipal e a Foz Côa Story House, que já estão com uma taxa de execução de 80% e serão finalizados no decorrer deste ano. Um outro plano, o terceiro, e que irá ser apresentado na Assembleia Municipal de fevereiro é o plano habitacional de recuperação de casas, apoiado pelo PRR. Já temos 65 habitações sinalizadas no concelho. Vamos fazer uma candidatura e mediante o resultado vamos apoiar as pessoas na recuperação das suas habitações. Outro compromisso que para nós é im-

portante está relacionado com a questão cultural e turística, desde logo com a ligação à Fundação do Côa, estando já eleito como representante do município no Conselho de Administração. A reabertura da Linha do Douro até Barca D Alva será também uma bandeira desta presidência. Tenho sido irreverente o quanto baste no que diz respeito a este tema e ainda recentemente reunimos todas as partes interessadas aqui em Foz Côa. Considero que temos todos o mesmo objetivo, independentemente da posição espanhola. Vamos ver se realmente avança ao contrário do que aconteceu em 2009 em que a ministra da época, Ana Paula Vitorino, veio assinar um compromisso de intenções que não saiu do papel. Uma outra questão que me parece fundamental, e que está relacionada com a questão do turismo, é criar o tal sentimento de pertença que referi há pouco. Precisamos de tornar o concelho mais atrativo, mais dinâmico, inclusivo, mais digital. As smart cities estão aí e recomendam-se. Um dos grandes projetos que estamos a desenvolver neste momento é uma candidatura, a nível internacional, para integrar o 5G nos Passadiços, que são um fator estruturante

no nosso desenvolvimento na área do turismo. As coisas mudaram muito, em especial com este cenário pandémico, e as nossas preocupações atuais devem refletir isso. O apoio ao comércio local é fundamental, o investimento em determinadas atividades não deve ser travado. Na área da viticultura existem neste momento projetos no valor de cerca de 20 milhões de euros por privados. Temos a noção que estamos a atravessar momentos difíceis mas é nestes momentos que podemos marcar a diferença, e é isso que queremos fazer aqui. Há uma garantia que fica, é que nunca nada será feito comprometendo a saúde financeira do município. Por muito diferentes que eu e o anterior autarca pudéssemos ser, essa sempre foi uma linha vermelha que não se ultrapassava. Recebi uma autarquia com um saldo positivo de cerca de 4 milhões de euros, mesmo com parcas fontes de rendimento, ainda por estes dias foi noticiado que temos a água mais barata do país, no IMI também cobramos a taxa mais baixa, com os descontos aplicados aos filhos. É preciso muito rigor para se conseguir isto, e esse rigor é para continuar.


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VIVADOURO

Entrevista

JANEIRO 2022

CHEF CHAKALL

Texto: André Rubim Rangel

Vivendo há uns anos em Portugal, que ligações mantém com as suas origens? Tenho uma ligação, mas cada vez menos. No princípio, ia todos os anos de visita. Agora tenho a morar cá a minha mãe e uma minha irmã. E com a covid muito menos é possível. Mas mantenho as ligações, naturalmente. Faço um vinho na Argentina e tenho amigos lá. Quando o Papa Francisco foi eleito disse vir "lá do fim do mundo". Considera, também assim, a Argentina e qual o significado de ter um Papa seu compatriota? Aquele é mesmo o fim do mundo! Só quem é de lá percebe, porque para ires a qualquer lado tens de apanhar o avião e são 10h, 12, ou 14h de voo, no mínimo. A terra é redonda e nada é central, mas acho que "a par da Austrália" estamos perdidos lá no fundo. Quanto ao Papa, no início não foi algo que me chamasse muito a atenção. Mas vendo, depois, as coisas que faz e como fala, acho até que é positivo. Ele é consequente com o que diz. E, hoje em dia, é muito difícil: há muitas pessoas que são uma fachada. Por outro lado, não me surpreende como ele é, pois é realmente argentino: preocupado com as questões sociais, uma pessoa de low profile. Conheço muitos argentinos como ele. Como Luso-Argentino, é apreciador de futebol? Quem prefere e porquê: Ronaldo ou Messi? Como Luso-Argentino, escolho um a distribuir jogo e outro a marcar… Por isso, posso ter e escolher os dois. Estudou Jornalismo e trabalhou na área durante sete anos. O que mais e o que menos o encantou nessa escolha e no trabalho realizado? Estudei jornalismo porque gosto de escrever. Não foi em si pela vocação, pelo trabalho do jornalista. Foi uma experiência fantástica! Comecei a trabalhar com 18-19 anos, pois tive a sorte de o fazer paralelamente com os estudos. A parte que mais me encantou foi as entrevistas, a músicos famosos, que realizei: algumas pessoas me surpreenderam pela positiva. E a ter também noção do mundo de outro lado. Isso ajudou-me na minha forma de estar e de ser. E o menos reside em entrevistas que realizei a pessoas que não me surpreenderam, ou surpreenderam negativamente. E nessas suas entrevistas para a revista «Rolling Stone» com músicos famosos, de quem até era fã, quais aquelas duas ou três que mais lhe impressionaram e não defraudaram as suas expectativas? Primeiro, o Bono dos U2. Convidaram-me e eu passei uma semana inteira com eles e convivi com eles. Fiz-lhe uma entrevista a ele em Barcelona e depois iam para Itália e fui com eles. Foi espetacular e eles são super humildes! Pessoas normais. Podia estar aqui a falar muito deles. Depois, outro que gostei imenso – e que estive com eles em Buenos Aires – foi Jimmy Page e Robert Plant. Não gostava muito deles,

inicialmente, mas depois foi também muito engraçado. Pessoas muito simples, mesmo com o sucesso que tiveram e que dominaram o mundo. Eu percebi aí que afinal são todos iguais: são homens, gostam de divertir-se e têm os seus momentos. O que aconteceu ao fim desses sete anos para decidir viajar pelo mundo e deixar de ser jornalista? Embora aos 25-26 anos decidisse que tinha de mudar, eu fui-me embora mas sem pensar deixar de sê-lo. Renunciei ao jornal onde estive esses sete anos, queria fazer algo diferente e vir para um país distinto. Como jornalista já tinha vivido e trabalhado na Alemanha. Nessa altura, pedi licença de um mês e estive na Turquia. Daí que tinha a curiosidade de viver noutro mundo e sonhava dar a volta a África. Foi basicamente isso. Juntei o útil ao agradável: o jornal onde trabalhava deu-me 60 mil dólares com a minha saída, deixei e vendi tudo o que tinha e fui atrás do meu sonho: percorrer todo o continente africano. Nessas viagens que fez por três continentes – sobretudo o africano – e de tudo o que viu e fez, o que mudou em si e o transformou, além de querer ser chefe de cozinha? Eu nunca quis ser chefe, foi uma coincidência. É um negócio de família: os meus pais e avós sempre tiveram restaurantes e estiveram ligados à restauração. Ainda hoje penso, às vezes, que é um caminho induzido. É natureza. Eu, sinceramente, nem me esforço muito para cozinhar, é algo natural que sai. É, portanto, um dom que tem inato em si? Não sei se é um dom, porque não sei se os tenho. Se o é, é natural, porque tudo o que faço é instintivo e intuitivo. A primeira grande viagem

que fiz, ainda no jornal e antes de vir embora, foi de três meses pela América do sul. Percorri toda a Argentina e Colômbia. Já em África estive quase dois anos e dei a volta a ela num carro. Em cada viagem há uma mudança nas pessoas. Cada viagem faz algo em nós. Há um antes e um depois. O que mudou, realmente, em mim foi superar o medo. Não deixar de tomar as decisões e não estar agarrado ao que tinha. E não me arrependo quase de nada do que fiz na vida. Nessas viagens tive situações horríveis e momentos entre a vida e a morte. E aí perguntava-me: "O que faço aqui? Porquê, se não tenho necessidade?". Mas é uma parte do crescimento das pessoas. Agora, a cada dia que passa, e que se vai ganhando mais idade e mais responsabilidades com os filhos eu penso que voltamos a ganhar alguns medos. Trabalho comigo próprio e olhando para trás vejo que não tinha para perder, nada para ganhar, e fazia as coisas. Parece um pouco paradoxal: estar em certos países de África, fechados, com opressão e ditadura, que maltratam os estrangeiros e, mesmo assim, conseguir perder o medo nesses meios É pena que, às vezes, temos uma ideia do mundo " seja pelo jornalismo seja pelos interesses " que não é muito real! O supostamente pior país de África, o Sudão, foi o melhor em que estive. E falo a nível humano! O que faz a diferença são as pessoas. Os países são todos lindos, todos iguais, com boas paisagens e boa comida. O que os diferencia são as pessoas, a sua cultura e forma de ser! Cada país em África tem a sua beleza. Há países, pelas suas pessoas, que fiquei com uma impressão fantástica e outros foram um desastre. Racismo sempre há, sempre haverá " seja de que cor da pele for ",

porque essa é a parte pequenina das pessoas. Quando as pessoas não são completas ou são infelizes, tentam procurar um problema exterior e culpam seja quem for. De tantos países que conheceu e que também são ricos nas suas pessoas, cultural e gastronomicamente, o que fez realmente pesar na sua escolha/decisão por Portugal? Portugal é maravilhoso. Eu já viajei por mais de 130 países: tenho uma ideia, mais ou menos, do mundo! Suava mal eu dizer que sei tudo, porque não sei absolutamente nada. Acho que tenho uma ideia do mundo, de uns países melhor, outros pior. Há países onde se ganha bem dinheiro, mas a vida não é ganhar dinheiro. Eu tenho um restaurante no Pavilhão Portugal na «Expo Dubai», vou muitas vezes de viagem e dizem-me: "anda morar aqui". E eu digo: "Eu já sei onde quero viver, que é onde vivo, não é para ganhar mais cinco ou menos cinco", ou para não pagar impostos que vou para lá. Há escolhas a fazer na vida. E Portugal tem um povo maravilhoso. Como todo o lado há estúpidos e aldrabões, mas aqui são poucos! (risos). Entre defeitos e virtudes, nos Portugueses pisam mais as virtudes. Eu gosto imenso e aprendi bastante. Também sou Português, ao ser luso-argentino. Percebo que foi a escolha certa. Ninguém percebia esta minha escolha, ninguém! Foi um instinto forte que me trouxe cá. Na altura, no início, era só para estar um ano " porque conhecia a Europa toda, menos Portugal " e ir depois a África. E depois voltei e fui ficando e ficando. No que toca a programas televisivos já produziu séries culinárias para a National Geographic e para canais da Alemanha, China, Portugal e República Dominicana. O que


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“Quando as pessoas não são completas ou são infelizes, tentam procurar um problema exterior e culpam seja quem for” DR

gostaria de fazer de diferente a este nível e para que público/país? Acabei de fazer duas temporadas dum programa, que vai começar agora " «Os Amigos do Chefe» ", em que convido amigos meus famosos. É muito engraçado. Eles trazem três ingredientes, supostamente difíceis, e eu tenho de fazer dois pratos. Dá nos canais por cabo, das operadoras portuguesas. Há uns cinco anos estive para fazer um programa na CNN, nos EUA, que o Chef Anthony Bourdain – ainda estava vivo – fazia em espanhol. Esse parecia-me interessante. Mas, por outro lado, com isto da covid fiquei em Portugal. E parei de viajar. Antes do vírus fazia uma média de 150 voos por ano! Adoro estar aqui, na minha casa em frente ao rio, e já não estou tão curioso para viajar muito e a fazer programas. Lembro-me que estive sete anos com um programa na China, em que ia lá um mês por ano. Já fiz muito e, agora, aborrece-me. Eu preciso de estar interessado, de ter curiosidade para fazer as coisas. E em África não surgiu nada? Já que lhe marcou tanto Também estive a trabalhar vários anos em S. Tomé e Príncipe, como chefe executivo num hotel de cinco estrelas. África está aí. Eu tenho um problema: gosto, por um lado, das coisas; mas não gosto do seu lado social. Como as redes sociais: tenho-as, mas não me interessa mostrar que vivi num lugar bom, que comi bem. Tenho-as a nível de negócio, mas não gosto delas. As redes sociais acabam por ser tristes, tão banais, furtuitas. Da minha vida privada não aparece nada nas redes: é privada! Em Portugal, tem os seus restaurante praticamente todos em Lisboa (e um na Lourinhã). Pensa em alargar para outra região, como a do Douro, por exemplo? O que destaca nele, daquilo que conhece? O Douro é maravilhoso. Conheço muito bem! Estivemos a gravar agora novos programas em Torre de Moncorvo e Figueira de Castelo Rodrigo. Obviamente os vinhos são bons, mas para mim tem algo que é o melhor do mundo: o cordeiro mirandês, de Miranda do Douro! Também tem um mel fantástico. Portugal tem tudo de bom, para ser honesto. O Norte é muito mais rico e diverso. Quanto a abrir novos restaurantes tenho dois projetos para abrir, no Porto e em V. N. Gaia. Um era para ser agora e outro para março. Mas com a covid foi atrasando. O problema é o tempo: eu já tenho coisas a mais daquilo que posso fazer. E respeitante ao Alto Douro, que não apenas o Douro litoral? No que toca ao Alto Douro, tenho há uns anos um sonho que gostava de fazer nele: abrir um restaurante que seja apenas de grelha e forno de barro! Sem fogões e com tachos de ferro, servindo aí diretamente a comida. Só que tenho de arranjar o parceiro certo, porque não conseguiria estar sempre lá. Ainda não tenho idade de me reformar. Depois de reformar já daria. O mais importante que está nessa região não é o fine dining, mas o carinho das pessoas a fazer a comida e os produtos regionais! Eu

estou a fazer muitas coisas assim no Pavilhão Portugal na «Expo Dubai» e tem sido um sucesso! É considerado o melhor restaurante deste certame mundial. Se tivesse de criar um menu peculiar e original para o Douro / inspirado no Douro e Durienses, como seria ele? Que ingredientes especiais e combinações teriam? É fácil. E já me estás a dar ideias (risos): percorria o rio todo, do princípio ao fim, para procurar ingredientes em todo o caminho e fazer um menu nessa ordem, entre doces e salgados. Pegaria nas ervas aromáticas, que tem nas encostas e serras durienses, e nos vinhos para cozinhar. Faria um gelado de vinho do Porto branco e tinto. Criaria um pudim com os vinhos e alguma fruta, como por exemplo "pêra bêbada". Pegaria nas alheiras para poder fazer tanta coisa. Não é difícil, com tantas texturas! Tem ainda 15 ou mais livros da sua autoria, alguns deles traduzidos em várias línguas. De tudo o que já publicou e de receitas que já inventou, e olhando àquilo que existe por aí, acha que ainda há muito de diferente e de melhor a inovar? Não há muito para inovar, o que há são novas misturas no resultado final. Não há cores novas, mas há forma de fazer outros tons, diferentes. Raramente me surpreendo, é horrível! Só devo ter uma ou duas surpresas ao ano, em que digo: "Uauuu! É novo, é diferente!". Eu vou lançar brevemente um livro, com este programa que fiz e que já referi, «Os Amigos do Chefe», e eu criei uma receita que eu próprio não imaginei que ia criar! O David Carreira chegou com bacalhau, chocolate e bacon. Tive de fazer duas receitas

com esses ingredientes no mesmo prato! Saíram receitas originais, outras não. Por exemplo, a Fátima Lopes trouxe: abóbora, feijão preto e alho francês e pediu para eu fazer uma sobremesa Eram coisas assim, completamente fora do baralho. Tinha que criar e experimentar. Foram 44 receitas criadas que combinaram bem. Umas foram fáceis e imediatas, mas outras não: foram um desafio enorme. Estes tipos de desafios de inovar e ter novas formas de cozinhar vão aparecendo com aspirantes na área nos concursos de televisão respetivos. O inovar nos pratos tradicionais, que têm de replicar, não poderá ser estragar? Esses concursos televisivos que passam, de cozinha, são puro entretenimento. Só 2% é real, tudo o resto é montagem! Seja para os produtores, seja para os cozinheiros. Está tudo direcionado num mesmo caminho: ter espectadores. Tudo o que for gerar controvérsia e conversas entre os concorrentes é positivo para a produção. Eu acho que a comida tradicional é comida tradicional, é aquilo. A comida é tão livre, mas se quero comer tradicional que seja tradicional. O que interessa, no final, é o sabor. Não podemos "ser mais papistas que o Papa", como diz o povo, mas para manter a tradição têm de se manter os ingredientes originais, se não é outro prato diferente! Todo este seu percurso e labor já foi distinguido com alguns prémios internacionais, em alguns países. É algo que ambiciona sempre mais? Qual o prémio que gostaria de obter? Nunca ambicionei nenhum prémio, nunca DR

diretamente. Porventura, inconscientemente. Realço o prémio que ganhei com a «Cozinha Divina», que fez um pouco o meu caminho da carreira internacional, mas os prémios são prémios, valem o que valem. Para o bom e para o mau. Não sei se são justos ou não, é como as estrelas Michelin: quem são as pessoas que julgam isso? É tudo uma questão de gostos, de marketing, dos livros e parte do negócio. Muitos dos meus colegas ambicionam ter estrelas e estar fechados no restaurante 20 horas por dia: eu prefiro estar com os meus filhos. Eu vivo isto desde miúdo, com os meus pais proprietários de restaurantes, por isso sei o que valem as coisas. Hoje é uma palmadinha nas costas, amanhã é um golpe Afinal, se eu vou ter de pôr dinheiro do meu bolso para ter uma estrela, esquece! Trabalho para ganhar dinheiro, não o contrário. Não são todos assim, mas em muitos restaurantes funciona assim. Será que os restaurantes são autossustentados? Nem sempre se fala das finanças dos restaurantes Da sua maneira de ser e agir, qual o melhor comentário que normalmente gosta de ler ou ouvir de algum cliente seu após ter degustado dos seus manjares? Gosto muito de ler quando me escrevem: "Fico contente por ter vindo para Portugal e por fazer comida portuguesa como deve de ser". Isso tem acontecido muito no restaurante da «Expo Dubai», onde só faço comida portuguesa tradicional, com a minha forma de serem feitas. Têm de ser bem-feitas e eu cozinho de forma simples. Face àquilo que o preocupa mais e menos nesta vida e sem querer fazer futurologia, o que espera e prevê que possa acontecer neste novo ano, cá e pelo mundo, e nas variadas áreas sociais? Deveria ser positivo. É muito difícil dizer, porque esta pandemia levou mais pessoas para baixo do que para cima, no sentido mental. Isso nota-se muito e nem todos conseguem dar a volta à situação. Cada vez que julgamos que estamos a sair dela, voltamos a entrar com novas vagas É difícil! Não podemos nunca perder a esperança: a humanidade sempre se refez e encontrou uma saída, o caminho certo, mesmo ficando pessoas pelo caminho. É como tudo na vida. Terminamos a entrevista, pedindo-lhe uma mensagem particular de esperança para todos os nossos leitores Não há mal que dure 100 anos nem corpo que o resista, por isso estamos de um lado ou estamos do outro. As pessoas estão sempre preocupadas com a morte e tudo isso. Se nascemos, temos de morrer, logo não é assim tão mau. Seja o que for, as pessoas têm de acreditar em si próprias. Portugal deu-me uma coisa que era difícil eu conseguir noutro lugar: ser eu próprio, sem me julgarem. Temos de ser livres e independentes de mudar a nossa vida conforme nos apetece. Deus nos deu inteligência, cérebro e força para fazer as coisas, por isso nunca é tarde para se mudar e fazer o que sonhamos. Estamos vivos, por isso tomemos decisões, mesmo que difíceis. Haja boa vontade!


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Boticas

Feira Gastronómica do Porco de Boticas repete formato online com sucesso Depois de em 2021 a Feira Gastronómica do Porco de Boticas ter sido realizada em formato online, a expectativa da autarquia, e dos produtores, era que este ano o evento regressava ao formato presencial, um cenário que o prolongar da situação pandémica acabou por impedir. Para Fernando Queiroga, autarca de Botica, a realização do evento apenas em formato online foi uma "decisão difícil", reconhecendo que seria uma atitude "irresponsável", optando por suportar uma vez mais a realização do certame através da plataforma BoticasTem, onde qualquer pessoa pode adquirir produtos do concelho, a partir de sua casa. No final dos dias em que se realizaria o evento o autarca Fernando Queiroga falou à nossa reportagem fazendo ainda um balanço provisório do certame. Qual o balanço que a autarquia faz do evento? Atendendo que a plataforma BoticasTem ainda se encontra em funcionamento, com a venda online de fumeiro e enchidos, é difícil fazer um balanço final da 24ª edição da Feira do Porco. Até ao momento as vendas têm corrido muito bem, com o registo de um elevado número de encomendas, em especial durante os quatros dias em que habitualmente decorria a feira. A venda de fumeiro através da plataforma digital arrancou no passado dia 6 de janeiro e desde então têm sido muitos aqueles que têm comprado produtos do Concelho de Boticas e não falo apenas de enchidos e derivados do porco, que são os mais procurados nesta altura, mas também, por exemplo, de artigos de panificação, mel ou compotas. Apesar de não ter o mesmo significado e impacto que a feira presencial, a plataforma foi mais uma oportunidade para as pessoas adquirirem o que de melhor a nossa terra tem para oferecer, ajudando os produtores de fumeiro a terem o devido retorno financeiro do seu trabalho, muitas vezes subvalorizado, e a impulsionarem a economia local. Através do BoticasTem foram enviadas encomendas para todo o país, inclusive ilhas, e um número bastante significativo para o estrangeiro, nomeadamente para países como Espanha, França e Suíça e isso é a prova de que os nossos produtos são de qualidade e alvo de uma grande procura por parte dos consumidores, que conseguem ter em sua casa, com facilidade e rapidez o que de melhor se faz neste território classificado como Património Agrícola Mundial. Em cada encomenda é garantida a qualidade dos produtos, porque sabemos o impacto que isso tem no crescimento e, acima de tudo, na credibilidade da Feira do Porco de Boticas. São quase 25 anos a promover o que de melhor há e se faz no nosso Concelho e não podemos, de forma alguma, descurar todo o trabalho desenvolvido ao longo destes anos. Mais do que vender, aquilo que realmente valoriza os nossos produtos é a forma

tradicional como são produzidos, o que dá origem a uma qualidade excecional e um sabor tão característico desta região e é nesse registo que, juntamente com os produtores, vamos continuar a trabalhar. Para quem ainda não teve oportunidade de saborear o fumeiro de Boticas ainda vai a tempo de o fazer, uma vez que a plataforma continuará disponível para fazer encomendas, em particular de fumeiro e enchidos, até que o stock termine. De forma geral, as vendas têm corrido muito bem, os nossos produtores já escoaram uma boa parte da produção que fabricaram para o certame e isso deixa-me, naturalmente, muito satisfeito. A nossa prioridade sempre foi a de ajudar os produtores e, em tempos difíceis como aqueles em que nos encontramos devido à pandemia de Covid-19, esse fator ganha ainda mais peso, pois tenho consciência da importância que a Feira do Porco tem para a economia do nosso Concelho e para muitas famílias que se dedicam ao setor agropecuário e, consequentemente, à produção artesanal de fumeiro. A edição deste ano começou a ser pensada para o formato presencial. Passar para o formato online foi uma decisão difícil? Como foi recebida pelos expositores e pela população em geral? A vertente online do certame foi sempre uma opção, independentemente de conseguirmos ou não realizar a Feira Gastronómica do Porco no formato habitual. A decisão mais difícil de tomar foi mesmo cancelar a realização da feira presencial, pois estava confiante que este ano o Pavilhão Multiusos voltasse a ser palco de mais uma edição do certame. Contudo e tendo em conta a atual situação epidemiológica, seria uma grande irrespon-

sabilidade da autarquia descurar a questão da saúde pública, ao colocar em risco o bem-estar dos nossos munícipes, maioritariamente idosos, e de todos aqueles que nos visitam por ocasião da Feira do Porco, um dos maiores eventos realizados no nosso Concelho. Os produtores, bem como a população, encararam a decisão com alguma tristeza, como é obvio, mas também com muita serenidade e compreensão, o que não poderia ter sido de outra forma, tendo em conta a evolução pandémica no país e em particular na região Norte, de onde são oriundos grande parte dos visitantes. Esperamos que em 2023 as circunstâncias sejam bem diferentes, que a pandemia já seja uma coisa do passado e que possamos assinalar os 25 anos de Feira Gastronómica do Porco com toda a pompa e circunstância. Em 2021 foi desenvolvida a plataforma boticastem.pt, a existência dessa plataforma facilitou a realização do evento em formato online? Sem dúvida que a criação, em 2021, da plataforma digital BoticasTem foi uma mais-valia e um apoio importantíssimo para que, à data, conseguíssemos ajudar os nossos produtores a escoarem o stock de produtos destinados à feira. Este ano, infelizmente, não foi possível realizar novamente a feira no formato presencial e, mais uma vez, a plataforma digital foi o grande canal de escoamento de fumeiro e enchidos. A plataforma BoticasTem foi uma aposta ganha no que concerne à divulgação do que de melhor a nossa terra tem para oferecer, que associando a facilidade de compra e rapidez de envio tem permitido promover não só os produtos endógenos, mas, sobretudo, o Concelho de Boticas. Comparativamente com a ação desenvolvida em 2021, as vendas deste ano foram superiores? Como referi anteriormente ainda não temos disponíveis os números finais relativos às vendas deste ano, uma vez a plataforma continua em funcionamento e a venda de fumeiro só termina quando os produtores não tiveram mais stock disponível para fazerem face aos pedidos solicitados. Estou confiante de que este ano as vendas sejam novamente um sucesso e o número de encomendas seja superior ao de 2021, até porque a maioria das pessoas já sabem como funciona a plataforma e já conhecem a qualidade dos produtos associados à Feira do Porco de Boticas. O feedback tem sido muito positivo, temos recebido inúmeras mensagens de compradores que demonstram a sua satisfação pelas compras realizadas e isso deixa-me, naturalmente, muito satisfeito. Fica o desejo de quem em 2023 possamos realizar a feira no formato habitual no Pavilhão Multiusos e possamos receber de braços abertos todos aqueles que anualmente visitam a Feira Gastronómica do Porco e o Concelho de Boticas.


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Carrazeda de Ansiães

Instalação de esplanadas em espaço público - Isenção de taxas

Prevenção à formação de geada nas estradas municipais Com as baixas temperaturas que se têm registado nos últimos dias e a consequente formação de geada, tornam a condução perigosa para quem circula nas estradas municipais. Como forma de prevenção à formação de

Por deliberação dos Órgãos Municipais nos dias 14 e 30 de dezembro, foi aprovada a proposta para a isenção de taxas na instalação de esplanadas em espaço público.

geada os Serviços Municipais estão a proceder à limpeza das zonas mais problemáticas com a adição de sal nas estradas. A autarquia pede ainda aos munícipes que pratiquem uma condução mais cautelosa que não ponha em risco a sua segurança.

Os interessados deverão dirigir-se ao Gabinete de Apoio ao Munícipe (GAM) da Câmara Municipal a fim de requererem a autorização de instalação para esplanadas.

Rural.Connected Vodafone Sorteio de cabazes de Natal O sorteio dos três cabazes de natal no valor de 250€ decorreu no dia 6 de janeiro, nos Paços do Concelho. A sorteio estavam 572 senhas que correspondem a cerca de 8600€ em compras no comércio local. O júri do sorteio composto Presidente da Câmara Municipal, João Gonçalves, a Vice-Presidente, Adalgisa Barata, e a Chefe da

Com o Castelo de Ansiães como palco e o Vale do Douro como pano de fundo, foi assim a participação do Município no Rural.Connected da Vodafone. O projeto debruça-se sobre territórios rurais e remotos e o potencial das infraestruturas digitais para o seu desenvolvimento. O Presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães colaborou no mapeamento

de alguns dos desafios e oportunidades específicos da região, que se colocam à população e ao desenvolvimento dos negócios. Esta iniciativa internacional da Vodafone já conta com alguns casos desenvolvidos em vários pontos da Europa, sendo que em Portugal foi selecionada a empresa Quarpor, sediada no nosso concelho.

Divisão Educação, Cultura, Desporto e Turismo, Isabel Lopes. Os três cupões selecionados correspondem aos nomes: - Patrick Soares - Maria Antónia Oliveira - Cátia Fernandes


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Opinião

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Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro

O Douro valoriza a agricultura! O Douro é certamente uma das marcas mais fortes de Portugal. O Douro acrescenta valor a tudo o que a este conceito esteja associado. Os vinhos, os azeites, as frutas, etc. Falo de conceito e não de região porque me coloco do lado de quem compra Douro. Cada produto Douro, leva a cultura, a paisagem e a alma desta geografia. Não se compra só um vinho. Bebe-se com ele a força das pessoas que trabalharam a vinhas, as cores e os sons da terra, tão parti-

Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I

Alimentação consciente, leia os rótulos! Depois da época em que muitos foram os excessos alimentares, que todos cometemos, é importante revisitarmos os nossos hábitos alimentares e a forma como, nos supermercados, escolhemos os produtos que servirão de base à nossa alimentação. O sistema de rotulagem nutricional serve para que o consumidor tenha acesso rápido às características dos diferentes alimentos e ainda para nos ajudar a fazer escolhas alimentares mais informadas e saudáveis. Deve ser único, consensual e de fácil leitura, escrito em português. Está provado que com a adoção de sistemas de rotulagem, a escolha de opções alimentares mais informadas e saudáveis aumenta 3 a 5 vezes. No entanto, um estudo realizado na população portuguesa, financiado pela DGS e com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), apurou que 40% dos inquiridos tinha dificuldade em interpretar a informação nutricional obrigatória que está presente nos rótulos dos produtos alimentares, pelo que urge empreender desde muito cedo a prática de análise e leitura dos rótulos dos alimentos. O rótulo deve ter letra legível, e apresentar: a lista de ingredientes (dispostos de forma decrescente de quantidade); a origem do produto (quem é o fabricante e onde ele foi fabricado); o prazo de

culares neste território. O Douro acrescenta valor intrínseco, e, há muitos anos, também valor cultural. Podemos e devemos alargar a marca Douro a mais produtos para valorizarmos o que produzimos. A agricultura é o nosso chão sociológico. Somos uma região de referência no mundo, pela agricultura. Importa fomentar escala, integração de recursos, promover a oferta integrada e derrubar alguns muros territoriais, assumindo as diferenças. Do Douro Sul, do Douro Norte e do Douro Superior. É, cada vez mais, a diversidade da oferta que faz do Douro um oásis agrícola. Da vinha, dos soutos, dos olivais, dos amendoais, dos pomares de macieiras, cerejeiras, mas também da baga do sabugueiro, etc. O Grande Douro, deve unir. Que a agricultura seja o grande abraço!

validade (dia e o mês quando o prazo de validade for inferior a três meses); o mês e o ano para os produtos que tenham prazo de validade superior a três meses); o conteúdo líquido (quantidade total do produto contido na embalagem); o lote (para controle na produção); a informação nutricional obrigatória (valor calórico, carbohidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, colesterol, fibra alimentar, cálcio, ferro e sódio) e a identificação de produtos com potencial alergénico. Um conjunto de ingredientes foi estabelecido como responsável pela maioria das reações alérgicas aos alimentos (anexo II do Regulamento (UE) nº1169/2011). Se estiverem presentes no alimento, devem ser claramente visíveis e realçados não só nos produtos embalados como também nos não pré-embalados, incluindo os alimentos vendidos em restaurantes e cafés. O nome da substância ou do produto a constar na lista de ingredientes deverá ser realçado através duma grafia que a distinga claramente da restante lista de ingredientes, por exemplo, através de carateres, do estilo ou da cor de fundo. A informação nutricional deve estar toda na mesma face da embalagem, potenciando a capacidade de leitura e a escolha do produto. Existem diferentes formas de apresentação da informação nutricional, apresentamos aqui, duas formas mais correntes. A primeira, sob a forma de tabela, apresenta os produtos por 100 gr de produto e por porção de produto ou unidade. A segunda, denominada semáforo nutricional, avalia os alimentos de acordo com a sua composição nutricional e atribui-lhes a cor vermelha, amarela ou verde, quando os compara com os valores de referência. Faça uma alimentação consciente, leia os rótulos!


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Santa Marta de Penaguião

Santa Marta de Penaguião coloca passadeiras 3D para aumentar a segurança rodoviária O Município de Santa Marta de Penaguião procedeu à colocação de passadeiras 3D no centro da vila e Estrada Nacional nº2 (N2) num investimento municipal que ultrapassa os doze mil euros. A decisão da colocação prende-se com o facto da ação promocional da Rota N2 ter alavancado de forma acentuada o fluxo de tráfego rodoviário no referido eixo viário que atravessa a Vila de Santa Marta, mais concretamente, a Rua dos Combatentes (EN2), afetando assim a segurança rodoviária. De referir que as passadeiras a três dimensões são a nova aposta em termos de segurança rodoviária e luta pela menor sinistralidade pelo facto das mesmas criarem a ilusão de ótica de um obstáculo flutuante o que leva os condutores a abrandar a velocidade.

42 mil euros em bolsas de estudo para apoiar estudantes A Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião abriu no dia19 de janeiro e até ao próximo dia 21 de fevereiro, o prazo para apresentação de candidaturas a bolsas de estudo para os alunos do concelho a frequentar o Ensino Superior, referente ao ano letivo 2021/2022. A proposta do Executivo Municipal para a atribuição de 70 bolsas de estudo a estudantes do Ensino Superior, 12 bolsas para alunos bombeiros e 2 bolsas para alunos descendentes em 1º grau de bombeiros, no valor de 500 euros cada, foi aprovada na última reunião de câmara de 18 de janeiro. Um investimento na educação e na ação social de 42 mil euros que vem no seguimento da aposta do Município na educação e na formação dos jovens. “Sempre foi uma prioridade deste executivo apoiar os estudantes penaguienses oriundos de famílias economicamente carenciadas na continuação dos seus estudos”, reforça o autarca local, Luís Machado. Os interessados devem consultar o aviso de abertura das candidaturas, regulamento e o respetivo formulário de candidatura na página website do município.


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Tabuaço Quer ser proprietário de uma freguesia de Tabuaço? E de um museu do concelho? Com a criatividade de Cláudia Fonseca a ajudar, já poderá ser. A jovem natural de Tabuaço criou o “Tabuaço – O Jogo”, um jogo de tabuleiro que varia entre o Monopólio e a Trivia. Em conversa com o VivaDouro, Cláudia Fonseca conta que a ideia de criar este jogo surgiu no primeiro confinamento decretado pela pandemia quando “não havia muito para fazer”. A certa altura, continua, “decidimos jogar Monopólio e eu lembrei-me de trocar tudo o que conseguisse, por conteúdos sobre Tabuaço. No dia seguinte, fiz uma montagem no computador e imprimi em papel para jogarmos novamente, já com as localidades de Tabuaço. Um momento acompanhado de perto pelo futsalista campeão da Europa e do Mundo, Fábio Cecílio, também ele natural de Tabuaço e “padrinho” do projeto. “O Fábio Cecílio é um jogador de futsal natural da aldeia de Barcos, que pertence a Tabuaço, e é uma das caras que leva o nome de Tabuaço mais longe, devido a todas as conquistas que já conseguiu como futsalista. Para além disso, foi sem dúvida um impulsionador do jogo. É uma pessoa próxima de mim que acompanhou todo o processo e apoiou. Na altura da quarentena quando surgiu a primeira versão em papel, o Fábio estava lá e também jogou. Ele partilhou uma foto do jogo nas suas redes sociais e houve imensa gente a perguntar onde tinha comprado porque também queriam. A verdade é que é só por causa dessa partilha que o jogo realmente existe, pois não estava nos meus planos torná-lo real”. A transição para a realidade trouxe alguns desafios a Cláudia Fonseca, em especial as perguntas que surgem durante o jogo, “são 30 perguntas, claro que tentei não ser muito óbvia em algumas, para tornar o jogo um pouco mais complicado”. O conceito é semelhante ao clássico Monopólio, com compra e venda de propriedades, à banca e entre jogadores, até que um consiga levar os restantes à falência. “Tem ainda serviços públicos e deveres cívicos, perguntas e

História e Cultura de Tabuaço dão o mote para jogo de tabuleiro

cartas do trevo”. “Talvez a parte mais interessante do jogo são as perguntas sobre o concelho. Pontualmente serão lançadas novas perguntas para que não sejam sempre as mesmas. Há muita curiosidade que os Tabuacenses desconhecem”. Até ao momento Cláudia Fonseca vendeu as

20 unidades que tinha desenvolvido, “não fiquei nem com um para mim”, conta-nos. “Neste momento já estou a produzir mais e já tenho quase 20 reservas para vender assim que chegarem. Quem estiver interessado pode comprar enviando mensagem através da página de Facebook “Tabuaço - O Jogo”, ou

António Fontaínhas Fernandes Professor Universitário

Mais qualificação e mais inovação para as regiões O país assistiu a um conjunto alargado de debates entre os diversos lideres dos principais partidos políticos, os quais se pautaram pela ausência de alguns temas, entre os quais a ciência. Contudo, se olharmos para os programas partidários está expresso o propósito de continuar o crescimento da despesa pública e privada em I&D, aumentando de forma progressiva o investimento global. Por exemplo, o PS ambiciona atingir 3% do PIB em 2030, sendo maior a ambição do PSD, 5% do PIB em igual período. No entanto, os dados do inquérito ao potencial científico e tecnológico relativos a 2020 mostram

entrando em contacto com a Tabdima, uma empresa de Tabuaço que me ajudou a produzir o jogo. Para além da Tabdima, tenho outros patrocinadores e sem eles, seria tudo muito mais difícil, sou muito grata a quem acreditou neste projeto desde o primeiro momento”.

que a despesa total em I&D em Portugal atingiu 3.236 milhões de euros em 2020, evoluindo para 1,6% do PIB, face aos 1,2% de 2015. Este aumento é particularmente expressivo nas empresas (78% face a 2015) e representa 0,92% do PIB. Portugal é um dos estados membros da UE que mais cresce, porém ainda estamos longe de atingir as metas definidas pelos partidos. Indubitavelmente, regista-se uma evolução positiva da intensidade em I&D e da massa crítica científica, sendo a região Norte a que mostra uma melhoria dos níveis de desempenho face a 2015. O número de investigadores aumentou, sobretudo nas empresas, sendo que o Norte representa 40,4%, porém a dimensão do investimento, ou seja, a despesa por investigador, continua baixa a níveis europeus e mantém-se constante nas últimas décadas. Do próximo ciclo político espera-se mais ciência, mais inovação e continuar o esforço de formação superior, apostando na atualização e reconversão contínua e sistemática de competências. Espera-se, igualmente, que esta aposta ocorra de uma forma transversal ao território português, beneficiando as diferentes regiões e, em particular o Douro, de forma a dar resposta às dinâmicas de mudança tecnológica, digital e ecológica, cujo ritmo tende a acelerar e que exigirão, sempre, a atualização das competências de toda a população.


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Nacional

Abertas candidaturas para centros de formação da administração pública nas CCDR As Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) podem candidatar-se até 25 de janeiro a fundos europeus do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) para instalarem centros de formação para trabalhadores da administração pública, anunciou hoje o Governo. O PRR prevê fundos para formação de funcionários públicos, da administração central e local, no âmbito do Programa Qualifica AP, e o Governo decidiu alargar a rede de centros de formação e criar cinco Centros Qualifica AP nas diversas regiões do território do continente, que ficarão sediadas nas CCDR (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve). “Estes cinco Centros Qualifica AP, em conjunto com o já criado Centro Qualifica AP para a Administração Local, sediado na Fundação para os Estudos e Formação nas Autarquias Locais (FEFAL), preveem a emissão de 17 mil certificados de conclusão da certificação escolar ou profissional até ao primeiro trimestre de 2026, com uma dotação total de

11,5 milhões de euros”, segundo um comunicado do Ministério da Coesão Territorial divulgado hoje, a propósito da abertura, nesta sexta-feira, do aviso dirigido às CCDR para se candidatarem aos fundos do PPR. No total, ao abrigo do PRR, o Governo prevê que 25.500 funcionários públicos “aumentem um nível de qualificação até ao final do 1.º trimestre de 2026”, como se lê no despacho de 14 de dezembro passado, que criou os cinco Centros Qualifica AP nas CCDR. “Porque o investimento do PRR deve beneficiar quer a Administração Pública Central quer a Administração Pública Local, pretende desenvolver-se uma estratégia de territorialização do Programa Qualifica AP (...), com uma efetiva desconcentração e descentralização dos recursos a alocar a este investimento”, escreveu o Governo, no mesmo despacho. “Neste sentido, entende-se necessário flexibilizar as respostas a nível do território, com respostas desconcentradas e regiona-

lizadas que possam abranger trabalhadores das duas Administrações, em complementaridade com os Centros Qualifica AP já criados”, acrescentou. O Ministério da Coesão Territorial, no comunicado hoje divulgado, referiu ainda que esta “opção por sediar os Centros Qualifica AP nas CCDR visa, por um lado, a territorialização dos fundos do PRR e, por outro, o alargamento da oferta de respostas na área da certificação escolar e profissional adequadas às necessidades dos serviços públicos, desconcentrados ou autárquicos, em cada uma das regiões”. “Com isto, espera-se garantir que esta medida chega aos trabalhadores em funções públicas de todo o território”, sublinhou. As CCDR têm assim até 25 de janeiro para submeter candidaturas aos fundos do PRR, que devem incluir “o cronograma das metas com que se comprometem e correspondentes estimativas de custos”, sublinhou o Ministério da Coesão Territorial, no mesmo comunicado.

Campanha Nacional “Vive a Democracia” Campanha pretende apelar ao voto jovem e à consciencialização da juventude para uma cidadania ativa e plena, capaz de robustecer a democracia. O Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), a Federação Nacional das Associações Juvenis (FNAJ) e a Associação Nacional de Assembleias Municipais (ANAM) lançaram no passado dia 10 de janeiro, a Campanha Nacional “Vive a Democracia”. Pensada para desafiar os jovens a questionarem-se sobre o seu papel na sociedade enquanto cidadãos que pertencem a um sistema democrático, com deveres e direitos, que funciona melhor quando todos e todas participamos. No contexto das próximas eleições legislativas, que decorrem no dia 30 de janeiro de 2022, é importante mobilizar a juventude para este ato eleitoral, com o principal objetivo de combater o fenómeno crescente da abstenção eleitoral jovem no nosso país,

que nas últimas eleições presidenciais atingiu os 48-55%, segundo dados da Universidade Católica Portuguesa, corroborada pelos dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos que revelaram que 14% dos jovens, entre os 18 e os 34 anos, nunca votaram em nenhuma eleição. A Campanha decorre em formato online e

assenta em três áreas fundamentais: i) Literacia e sensibilização política através da divulgação de conteúdos sobre o processo eleitoral em curso; ii) Propostas dos/as jovens e das suas organizações com a divulgação e o debate de medidas concretas e das prioridades dos/ as jovens portugueses/as; e a realização de um Fórum Nacional «Portugal para Jovens» que será um momento de partilha de ideias e propostas para o futuro do país no qual os/ as jovens defenderão as temáticas que entendem ser prioritárias; iii) Apelo ao voto através da divulgação de informação útil sobre o direito e o dever de votar, partilhando dicas e estratégias sobre formas de exercer o voto antecipado e aumentar os níveis de afluência dos/as jovens às urnas. Perante a evidente dificuldade das novas gerações se autodeterminarem, é também objetivo da Campanha apresentar as reivindicações da juventude e das suas organizações, e espoletar um debate em torno das

medidas para a juventude propostas pelos partidos políticos candidatos às eleições legislativas. A atual crise demográfica que a Europa e Portugal atravessam, comprovada pelos Censos de 2021, que revelaram a perda de 2% da população portuguesa, torna imperiosa a aposta em medidas de estímulo à natalidade, que está profundamente relacionada com a emancipação jovem, cada vez mais tardia, tendo no acesso à habitação (onde a média de idades de saída da casa dos pais traçada pela União Europeia subiu para os 26,4 anos em 2020 e em Portugal se encontra acima dos 30 anos), e na taxa de desemprego (que entre o 1.º trimestre 2020 e o período homólogo de 2021, foi de 22,3% até aos 24 anos e de 24,7% até aos 34 anos, quatro vezes superior à taxa nacional de 5,9%) os seus maiores indicadores. Sob o lema «Política é Cidadania», a campanha visa o fortalecimento da democracia através da consciencialização da juventude para uma cidadania ativa, responsável e plena.

Programa “Transformar Turismo” abre candidaturas a 20 milhões Programa “Transformar Turismo” abre candidaturas a 20 milhões As candidaturas ao programa “Transformar Turismo”, que conta com um orçamento de 20 milhões para tornar o setor mais sustentável, podem ser apresentadas a partir de hoje no portal do Turismo de Portugal por entidades públicas e privadas. O programa “Transformar Turismo” insere-se no Plano Reativar o Turismo | Construir o Futuro, que tem como finalidade apoiar o investimento público e privado na qualificação de Portugal enquanto destino turístico, e numa pri-

meira fase é dirigido a projetos de valorização turística dos territórios, com foco no trabalho em rede e na resposta às necessidades do consumidor atual. Três despachos assinados pela secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, foram publicados em Diário da República na sexta-feira, aprovando o programa Transformar Turismo e as linhas de apoio Territórios Inteligentes, com uma dotação de quatro milhões de euros, e Regenerar Territórios, com uma de 16 milhões de euros, despachos que entram hoje em vigor. O Governo anunciou em dezembro o lança-

mento do Programa Transformar Turismo, com uma dotação inicial de 20 milhões de euros, visando um turismo mais sustentável, responsável e inteligente através do desenvolvimento de produtos, serviços e negócios inovadores com benefícios sociais tangíveis e impacto positivo no ambiente. O programa Transformar Turismo sucede ao Programa Valorizar, criado em 2016, e disponibiliza, numa primeira fase, linhas específicas de financiamento destinadas à valorização turística dos territórios através de projetos que transformem o turismo.

A Linha Territórios Inteligentes conta com uma dotação para financiamento de projetos de quatro milhões de euros, repartidos pelo ano de 2022, em fases trimestrais de candidaturas, que terminam em março, junho, setembro e dezembro, com uma dotação por fase de um milhão de euros. A Linha Regenerar Territórios conta com uma dotação de 16 milhões de euros, repartidos por 2022 e 2023, em fases trimestrais de candidaturas, que terminam em março, junho, setembro e dezembro de cada ano, com uma dotação por fase de dois milhões de euros.


30 VIVADOURO JANEIRO 2022

Opinião

Eduardo Rosa Vice-Reitor para a Investigação da UTAD

A criação do conceito de sistemas de inovação regional, vulgarmente conhecidos por RIS (Regional Innovation Systems), há vinte anos, entrou facilmente no nosso léxico e também na forma de estarmos e de nos posicionarmos face ao desiderato de promovermos o desenvolvimento regional. Reconhecida a massa crítica existente nas regiões, frequentemente imbuída de vontades inabaláveis para impulsionar o desenvolvimento, sentia-se a sua pouca eficácia face ao despovoado de instituições e de organizações regionais. Abro aqui

Vasco Leite

Coordenador do Centro de Estudos do Território e da Região da CCDR-NORTE

O ano de 2021 devolveu sinais claros de recuperação ao Douro com uma evolução bastante positiva nos principais indicadores económicos. De acordo com os últimos dados do IEFP, o desemprego registado no Douro foi de 9.793 indivíduos em novembro de 2021, menos 7,1% face a janeiro de 2021. De igual modo, o comércio internacional e os indicadores do turismo estão em forte retoma, após o fim dos vários estados de emergência de 2020. As exportações de bens em novembro de 2021

Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)

Em 2021, foi amplamente ultrapassado o anterior recorde de comercialização dos vinhos da Região Demarcada do Douro (RDD), que datava de 2019, atingindo-se um valor de vendas de cerca de 604 milhões de euros. Tem maior significado este recorde quando o perspetivamos no contexto de instabilidade que a pandemia COVID-19 veio provocar. A evolução das vendas dos vinhos da RDD em 2021 foi absolutamente notável, recuperando face a determinadas quebras registadas em 2020 e ultrapassando, mesmo, alguns valores pré-pandemia. Num acréscimo especialmente significativo, o valor da comercialização dos vinhos da RDD registou uma variação de 16,5 % quando comparado com o ano precedente. No tocante às vendas no mercado nacional, à quebra registada

Inovar na organização regional um parêntesis para referir que creio ser consensual que a criação da UTAD foi indiscutivelmente a primeira instituição na região de Trás-os-Montes e Alto Douro que veio promover o ambicionado desenvolvimento. Não obstante, foi necessário criar mais organizações que nos levassem a trabalhar de forma mais organizada em torno de objetivos comuns que, de forma efetiva, se traduzissem num impulso no crescimento e no desenvolvimento. Não obstante a existência de RIS foi necessário definir as estratégias que se traduziram nas estratégias de especialização inteligente- RIS3 (Regional Innovation Smart Specialization Strategy), numa fase em que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) se impunham como motor de desenvolvimento. Com as estratégias bem identificadas, após

um meritório exercício de auscultação regional efetuado pelas CCDRs, surgiram inevitavelmente as prioridades e com estas as organizações que pudessem dar corpo a uma estreita cooperação de entidades. Surgiram os Clusters e, mais recentemente, os Centros de Competências e Laboratórios Colaborativos, porém, há 25 anos, tinham surgido os Laboratórios Associados pela mão do saudoso Professor Mariano Gago, que só tardiamente e justamente em 2020 viram a ambicionada democratização regional. Efetuada esta sintética retrospetiva, é tempo de fomentar a inovação através de um modelo organizacional que estimule a cooperação entre todas estas instituições e organizações. No momento da ubiquidade da informação e das mudanças em nano-

segundos, temos que evoluir, rapidamente e sem qualquer inibição, para um nível de organização em ecossistemas regionais de investigação e inovação, com plataformas abertas e fortemente interativas, que sejam verdadeiros aglutinadores de competências e, acima de tudo, de vontades comuns, de cogeração de conhecimento, de potenciar a valia de cada um e das estruturas em que nos enquadramos, que se traduzam em mais-valia para o setor empresarial e para a sociedade em geral. Contem com a pro-atividade da UTAD. Para concluir, permitam-me terminar com uma expressão de Patrick Lencioni: “Teamwork begins by building trust. And the only way to do that is to overcome our need for invulnerability”.

Economia do Douro recupera em 2021 após impacto da Covid-19 aumentaram 74,6% face a janeiro de 2021 e as dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico cresceram de 5.160 para 31.704 durante igual período, um aumento exponencial superior a 500% face ao início do ano. Esta recuperação da economia do Douro surge após um ano de 2020 marcado pelo impacto negativo da Covid-19 na atividade económica da sub-região. O Produto Interno Bruto (PIB) do Douro diminuiu, em termos reais, 8,1% em 2020, a maior queda entre todas as sub-regiões do Norte. Ao mesmo tempo, pese embora as medidas de apoio, como o lay-off simplificado e as moratórias de crédito, o emprego no Douro baixou 1,7% em 2020, uma redução percentual superior à observada no Norte. Em valor absoluto, o

Douro tinha perdido 1.500 postos de trabalho em 2020. O comércio internacional e a atividade turística do Douro em 2020 também foram afetados pela evolução da Covid-19 e pelas medidas de restritividade social implementadas pelas autoridades nacionais para controlar a doença. No entanto, o impacto foi inferior ao registado no Norte, o que revela maior resiliência nestas dimensões económicas em contexto de crise. Prova disso, as exportações de bens do Douro diminuíram 6,0% em 2020, que compara com uma redução mais acentuada de 10,2% no Norte. Nos indicadores de turismo, as dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico do Douro baixaram 44,4% em 2020, enquanto no Norte a redução foi de 59,6%.

A história mais recente combinou, assim, a queda dos indicadores económicos em 2020 com a recuperação em 2021, de modo que a evolução em 2022 será marcada por incerteza relativamente ao impacto da nova vaga da crise sanitária na economia do Douro. No entanto, as novas medidas restritivas ao contacto social não são tão drásticas como as impostas em 2020, de forma que o acesso das famílias ao comércio, à restauração e à hotelaria será mais facilitado. Neste quadro, não se prevê uma recessão económica em 2022 com a amplitude da registada em 2020, mas ainda é cedo para antecipar qualquer valor de crescimento económico para esse ano.

Recorde de Vendas para a Região Demarcada do Douro em 2020 sucedeu uma forte recuperação em 2021. No caso do vinho do Porto, no entanto, a recuperação não foi total, ou seja, não permitiu voltar ao nível das vendas no mercado nacional em 2019, muito em consequência do impacto da pandemia no turismo e no canal HORECA em Portugal, sentido em diversos períodos de 2021. Ainda assim, Portugal, com 61,2 milhões de euros, ultrapassou o Reino Unido (52,6 M€) no ranking dos principais mercados para o vinho do Porto em valor, não voltando ainda ao 1.º lugar que detinha antes da pandemia (agora da França com 70,2 M€), mas recuperando uma posição em relação à descida que tinha registado em 2020. Em termos de exportação registou-se forte acréscimo, tanto de vinho do Porto (+12,2 %), como de vinho do Douro (+13,5 %), levando a que o valor total das exportações de vinhos da região tenha atingido cerca de 403 milhões de euros, numa contribuição importantíssima para o recorde no total das vendas da RDD, e também para o crescimento das exportações portuguesas de

vinho. Não havendo ainda disponíveis dados da globalidade das exportações de vinhos portugueses em 2021, são de destacar as notícias que davam conta de que, no período de janeiro a novembro do ano passado, o vinho do Porto e o vinho do Douro, no seu conjunto, tinham “uma quota de 44,1 % nas exportações de vinhos portugueses em valor", representando o Porto, sozinho, 36,4 % do valor total exportado nesses 11 meses e fazendo jus ao facto de ser, desde sempre, o vinho português mais exportado. No mercado externo, é de realçar o crescimento das exportações de vinho do Porto para os EUA, país que, com um valor total de 41,6 milhões de euros, ultrapassou a Holanda (35,8 M €) e se situa agora no 4.º lugar no ranking dos principais mercados em valor. No que ao vinho do Douro diz respeito, não se registaram alterações entre os dez primeiros mercados do ranking de 2021 relativamente ao de 2020, mantendo-se Portugal (123,7 M€) em 1.º e o Canadá (11,6 M€) em 2.º, apesar de este último ter registado uma quebra de 7,0 % no valor de

vinho do Douro importado. Por fim, merece também destaque que a evolução positiva nas vendas de vinhos da região em 2021 não se fez à custa do preço médio. Pelo contrário, os preços médios do vinho do Porto e do vinho do Douro subiram em 2021, tanto na exportação, como nas vendas no mercado nacional. No que respeita ao vinho do Porto, é de assinalar que contribuiu para essa evolução o facto de as categorias especiais terem atingido em 2021 a maior quota de sempre no total das vendas desta denominação de origem, tanto em quantidade (passando de 23,1 % em 2020, para 24,3 % em 2021), como em valor (passando de 43,5 % em 2020, para 46,7 % em 2021). Toda esta evolução notável e este novo recorde atingido atestam a resiliência das gentes do Douro e dos agentes económicos nos mercados internacionais, dando uma nova esperança a quem acredita no Douro e nas suas potencialidades.


JANEIRO 2022 VIVADOURO 31

Lazer


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