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Ano 7 - n.º 88 junho 2022
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Festas e romarias estão de volta
Helena Lapa, Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa Devemos sempre respeitar quem tem uma opinião diferente, quem pense diferente. É através desse respeito que se chega a consensos. > Págs.10/11
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DOURO será Cidade Europeia do Vinho em 2023 “All Aroud Wine, All Around Douro" foi o lema da candidatura do Douro a Cidade Europeia do Vinho 2023
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VIVADOURO JUNHO 2022
Editorial José Ângelo Pinto Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT
Estimados Leitores, A denominada “Transferência de Competências”, que consiste na passagem para os municípios de um conjunto de competências, assim designadas pelo estado central e pelo governo, mas que de competências pouco contém, uma vez que a maior parte da passagem consiste apenas na gestão dos edifícios públicos onde funcionam os serviços e nunca na transferência das verdadeiras competências, ou seja, na gestão dos serviços locais de saúde ou na gestão das escolas e dos seus planos curriculares ou na escolha dos profissionais que vão trabalhar nos serviços. Não, não. O que se “delega” são as funções de empreiteiro e de capataz e não a verdadeira gestão. Não tenho qualquer dúvida que qualquer um dos muitos presidentes de câmara que conheço vai gerir melhor estas competências do que o estado central. Com melhor relação custo beneficio para as populações e com melhor aproveitamento dos recursos. O problema é que é muito escasso, ou seja, deveria ir-se muito mais longe e colocar na esfera dos Municípios o poder de gerir tudo aquilo que é possível descentralizar. Os municípios hoje são organizações maduras e eficazes, com pessoas que neles trabalham bem capacitadas e motivadas e estão muito capazes de assumir com sucesso mais este desafio. Mas assumir só é viável se também houver dinheiro. O envelope financeiro deve acompanhar as transferências e pelo menos aquilo que o estado deixa de gastar deve passar para a esfera das câmaras municipais para estas poderem de facto exercer a competência. Estabelecer as condições sem ter uma grande maioria das câmaras de acordo e, especialmente, quando das mais organizadas dizem que não chega é perigoso. Colocando em causa o processo em curso e fazendo levantar as vozes sempre prontas para criar mais estado que defendem a Regionalização. Mas isso é outra história. ■
PRÓXIMA EDIÇÃO 27 DE JULHO
SUMÁRIO: Destaque Páginas 4 e 5 Vila Nova de Foz Côa Página 6 Mesão Frio Página 7 Peso da Régua Página 8 Sabrosa Página 9 Entrevista Autarca Páginas 10 e 11 Região Páginas 12 e 23 Sernancelhe Página 14 São João da Pesqueira Páginas 15 e 24 Entrevista Páginas 16 e 17 Alijó Página 18 Santa Marta de Penaguião Página 19 Lamego Páginas 20 e 31 Armamar Página 21 Carrazeda de Ansiães Página 25 Opinião Páginas 26 e 30
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NEGATIVO A falta de chuva faz aumentar as preocupações na região em especial para a agricultura onde já se preveem prejuízos provocados pela falta de água.
António Fontaínhas Fernandes Professor Universitário
O desafio da demografia no Douro Portugal confronta-se com sérios desafios que exigem uma maior ambição para ultrapassar os principais bloqueios da economia e da sociedade e, logicamente, passam por reformas estruturais. A demografia é um dos principais desafios, face às projeções que apontam para que Portugal, em 2070, tenha cerca de oito milhões de habitantes – uma redução de 23% da população residente face ao valor atual – o que, a confirmar-se, será um dos maiores decréscimos populacionais registados na Europa. A redução deverá ser mais acentuada na população em idade ativa, que sofrerá um recuo na ordem dos 37%, correspondente a uma perda de mais de 2,5 milhões de pessoas Nos últimos anos o dinamismo económico permitiu conter a emigração e tornar Portugal mais atrativo para a imigração. O país está assim muito dependente dos saldos migratórios positivos nas idades centrais para ter algum dinamismo demográfico e para que o envelhecimento da estrutura etária da população não seja tão intenso. Este cenário vai ter repercussões em diversos setores da sociedade e, face aos efeitos conjugados da redução da natalidade, do aumento da esperança de vida e o consequente envelhecimento da população, colocam-se sérios riscos em alguns setores da atividade económica. Embora o envelhecimento da população seja transversal a todas as regiões do país, existem territórios particularmente mais envelhecidos do que outros. Senão vejamos o caso do Douro: em 2001 o Douro tinha 128 pessoas com 65 e mais anos por 100 jovens e, no último Censos 2021, este indicador aumentou para 274, enquanto Portugal registou 182. O saldo natural no Douro é francamente negativo, reclamando a definição de uma política migratória que compense este problema, limitador do processo da atividade económica da região. A este nível importa olhar para experiências de outros países europeus e adaptar ao nosso contexto, na certeza de que são necessárias medidas estruturais e não apenas apoios pontuais. Em síntese, para minorar este desafio é essencial pensar um programa estruturado de atração e fixação de população com impacto nas principais áreas económicas das regiões, sob pena de a coesão ficar em causa e, certamente, um futuro mais competitivo e sustentável do país.
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Destaque
Festas e romarias estão Dois anos após a paragem provocada pela pandemia Covid-19, as festas e romarias estão de volta às aldeias, vila e cidades de todo o país, e o Douro não é exceção. Artistas e comissões de festas têm as agendas cheias para os próximos meses. Se há festividades que são características da cultura popular são as festas e romarias. Durante dois anos a pandemia impediu a realização destes eventos, uma situação que levou a vários problemas no setor do espetáculo. Santanita, um nome bem conhecido na região duriense, é agente de espetáculos, ramo a que está ligado há várias décadas, recorda dois anos difíceis que levaram muitos profissionais do ramo a optarem mesmo pela emigração. "Estes dois anos viveram-se com alguma dificuldade na área do espetáculo pelo facto de não podermos trabalhar. Estivemos todos parados. No meu caso tenho outras áreas de negócio que fui gerindo mas, quem vive só do mundo do espetáculo teve dificuldades para aguentar. Muitos dos músicos e artistas que temos tiveram mesmo que emigrar à procura de sustento para si e para as suas famílias. O nosso mundo artístico sentiu muitas dificuldades, apesar dos muitos apoios do Estado que existiram". De acordo com o agente, o mundo do espetáculo nacional não tem dimensão para a quantidade de artistas que existem, provocando assim uma dispersão de trabalhos o que, consequentemente, fez com que após dois anos de pandemia, muitos artistas vivessem com dificuldades. "Esta é uma atividade como outra qualquer, quando não temos dinheiro de lado ou se temos mas só tiramos de lá, ele acaba. Há artistas que têm mais possibilidades que outros é certo mas este é um país pequeno para a quantidade de artistas que temos e isso faz com que a grande parte não consiga colocar de parte assim tanto dinheiro. Comecei no mundo do espetáculo em 1987, já trabalhei praticamente com todos os artistas do panorama nacional e sei que todos têm graves dificuldades para dar sustentabilidade à sua equipa. O artista pode ser apenas um mas tem uma grande equipa por trás, que é necessária, e na qual também temos que pensar". Com a emigração de muitos artistas e técnicos do setor, Santinata diz que o paradigma do negócio mudou, com menos gente há também menos bandas disponíveis para a procura existente, o que obriga a mudanças, quer nos valores quer na forma como estes são negociados. “Eu tinha duas bandas que neste momento estão paradas por falta de músicos, emigraram. Em Vila Real havia seis
bandas, neste momento só existem duas. Neste momento há dificuldades em contratar bandas para fazer as festas do mês de agosto, há muitas datas para as quais não há bandas. Para nós acaba por ser, de alguma forma positivo, porque, se antes era o cliente que fazia o preço, porque havia excesso de oferta no mercado, agora somos nós que temos o poder negocial. A situação inverteu-se. Há muitas bandas que aumentaram, e bem, o cachet, mas há também aquelas que optam por fazer mais espetáculos, a preços mais baixos. Não há uma tabela definida”. Outra solução apresentada pelo agente de espetáculos é a alteração das datas das festividades, situação que pode gerar alguma polémica mas que garante, "pode ser essencial para assegurar todas as vertentes dos eventos".
"Pode haver festas que tenham que alterar o seu programa para ajustar de acordo com a disponibilidade das bandas para a parte da animação, sabemos que não é a solução que mais agrada às pessoas mas é a única que existe neste momento. Já há festas que têm sido obrigadas a alterar as datas porque faltam técnicos de
montagem, ainda há poucos dias rejeitei três propostas de autarquias porque não tenho gente para montar o material que temos. Falta gente neste meio". A certeza de que as pessoas estavam ansiosas por regressar a estes eventos vem de Calçarão, nome pelo qual se apresenta à nossa reportagem o responsável da Comissão de festas da aldeia de Espinho, no concelho de São João da Pesqueira. “As pessoas estavam ansiosas por regressar aos bailes, sempre que se cruzavam connosco perguntavam se iria haver festa este ano”. Calçarão explica ainda que estas funções dão muito trabalho mas a vontade do grupo que se juntou na Comissão de Festas era muita e "em vez dos habituais dois dias de festa este ano acabaram por ser quatro dias, cheios de animação. As pessoas estavam com muita vontade e nós muito motivados". Alegria no regresso ao palco Lucy Teixeira é uma das artistas mais requisitadas atualmente. Natural de Santa Marta de Penaguião, a artista apresenta-se como carismática, envergonhada e sorri-
Lucy Teixeira
Banda de Música de Sabrosa
Se há festividades que são características da cultura popular são as festas e romarias. Durante dois anos a pandemia impediu a realização destes eventos, uma situação que levou a vários problemas no setor do espetáculo.
dente. Em conversa com a nossa reportagem Lucy Teixeira recorda, com alguma apreensão, os dois anos de paragem obrigatória, provocada pela pandemia. “Com toda esta situação pandémica prejudicou imenso a nível de atuações, continuei a ter programas de televisão, entrevistas de rádio, etc, mas faltava o que mais me traz felicidade que é estar em contacto com as pessoas, senti las a vibrar comigo, sentir que estão felizes. Acho que essas foram as maiores dificuldades, não ter atuações, não puder interagir com o meu público. Foi muito complicado. Toda está situação pandémica prejudicou, principalmente a área musical, muitos de nós ficamos parados sem a concretização de atuações, que nos fez muita falta. Agora que regressei voltei mais forte que nunca, e voltar a sentir toda a energia e adrenalina do público enche-me o coração de alegria”. Com a agenda já bastante preenchida para os meses que se avizinham, Lucy Teixeira fala da alegria de estar de regressar aos palcos, próximo do seu público.
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Destaque
de regresso este verão
“Neste momento já tenho muitas datas agendadas, o mês de agosto vai ser de muito trabalho e tenho quase todos os dias preenchidos. É tão bom, após uma pandemia, ter uma agenda tão completa. Sinto me muito realizada e devo tudo isso às pessoas que tornam o meu sonho uma realidade. Tenho expectativas altas uma vez que já realizei bastantes shows, acredito que os próximos serão ainda melhores e as pessoas vão aproveitar e viver a música e as romarias de uma maneira única e diferente. Já tenho sentido o contacto com o público e estou muito feliz por toda a onda de amor e carinho que me transmitem. O regresso aos palcos após dois anos de pandemia, foi muito especial e estou mais forte que nunca para encher o coração de todo o meu público, que me apoia incondicionalmente. Apesar de toda a alegria que tem encontrado nos espetáculos que já realizou, a artista penaguiense nota ainda alguma apreensão do público na hora de grandes ajuntamentos. “Sinto que as pessoas tinham muitas sau-
dades das festas mas, ao mesmo tempo, têm medo de estar em contacto próximo. Aos poucos as pessoas vão ficando mais destemidas, e aproveitam cada minuto, e vivem e sentem a música ao máximo! De uma certa forma é compreensível o medo que as pessoas possam sentir, mas as saudades acabam sempre por sentir ainda mais, sobretudo quando se fala em música popular portuguesa que são as nossas raízes”. Bandas regressam com falta de músicos Não há romaria nem festa sem os tradicionais desfiles das bandas filarmónicas pelas ruas da localidade em questão. José Adelino é Presidente da Direção da Banda de Música de Sabrosa, que conta já com 160 anos de atividade, efeméride que não foi celebrada como desejado. "Em 2021 festejamos os nossos 160 anos, infelizmente não fizemos o que queríamos mas aquilo que nos foi possível fazer, apenas um concerto simples mas que se mostrou fundamental para
Comissão de Festas 2022 de Espinho, São João da Pesqueira
nos juntarmos novamente. Depois de algumas tentativas que falharam decidimos que só voltaríamos quanto a situação estivesse melhor, como acontece agora”. Para o responsável pela banda, a pandemia trouxe problemas maiores que a própria paragem da atividade em si, entre elas o abandono de alguns elementos, por diversas razões, e a dificuldade em recrutar novos músicos para esse lugar, situação que a banda foi sempre garantindo com os elementos da escola de música que também esteve parada. "Não está a ser um regresso fácil, e isto é transversal a todas as bandas de cariz voluntário na região. Tínhamos a particularidade de termos muita atividade, por ano tínhamos uma média de 35 a 40 aparições públicas, fora ensaios e outros momentos, era um ritmo ao que estávamos habituados. A pandemia foi muito complicado porque nos obrigou a parar de forma repentina, tal como a escola de música que é uma parte essencial do nosso dia a dia. Numa banda tão heterogénea
Santanita
como a nossa, o ensino da música tem um papel importante porque é uma forma de captarmos novos elementos, que vão ocupar os lugares vagos por aqueles que saem de Sabrosa por motivos profissionais, por exemplo, ou mesmo por questões de idade. Sempre tivemos muita dificuldade em manter o mesmo grupo por muitos anos, daí a importância da renovação. De um grupo de cerca de 65 pessoas neste momento apenas dois terços do grupo se mantém ativo, o que nos traz alguns problemas visto que as romarias estão de regresso às ruas das aldeias, vilas e cidades do nosso país e nós estamos com a agenda completamente preenchida para este verão. Infelizmente a mobilização não se consegue fazer como antes da pandemia, falo da nossa realidade mas também de outras da nossa região com quem vamos mantendo contacto. Estamos a fazer uma gestão com pinças porque não queremos assumir nenhum compromisso que depois não possamos cumprir. Assumimos até agora todos os compromissos assumidos antes da pandemia, novos contratos, temos que estudar bem para não falarmos mais tarde, esperando que, em setembro, com o início das atividades letivas este problema também fique mais suavizado. O pior vai ser este verão, pior pela dificuldade em termos todos elementos quantos necessários, até porque temos uma qualidade que queremos manter e tudo isso é uma gestão complicada. Entre artistas, músicos e organizadores, a expectativa é grande para o verão que se avizinha mas as preocupações também são algumas neste regresso que fica marcado pela falta de pessoal.
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Vila Nova de Foz Côa
Festival dos Vinhos do Douro Superior bate recorde de expositores no regresso
Com um número recorde de expositores, Foz Côa voltou a celebrar o que de melhor se produz nesta região vitivinícola. Milhares de visitantes passaram pelo certame, entre elas o ilustre Master of Wine, Dirceu Vianna Junior, com quem os produtores tiveram oportunidade de conversar e trocar opiniões. O Concurso de Vinhos que decorreu no âmbito do Festival teve 180 vinhos em competição, entre brancos, tintos e vinhos do Porto. Um júri composto por 33 especialistas e compradores profissionais escolheram os melhores vinhos. Os destaques vão para ‘Quinta da Extrema Edição II’, de Colinas do Douro Sociedade Agrícola, ‘Quinta do Vesúvio 2019’, da Symington Family Estates e ‘Burmester Tawny 20 anos’, da Sogevinus Fine Wines, nas categorias de vinhos brancos, vinhos tintos e vinhos do Porto, respetivamente. Foram anunciadas 66 medalhas, 20 na categoria de brancos (6 Ouros e 14 Prata), 37 na categoria de tintos (14 Ouro e 23 Prata) e 9 na categoria de vinho do Porto (4 Ouro e 5 Prata). “É importante que o esforço de inovação e qualidade que se está a fazer no Douro Superior chegue aos grandes centros urbanos através de eventos como este. O elevado número de medalhas atribuídas neste concurso prova bem a qualidade dos vinhos que aqui se estão a fazer”, afirmou Luís Lopes, diretor da revista Grandes Escolhas. Por sua vez, João Geirinhas, diretor do Festival, salientou também a grande qualidade dos vinhos em competição, reconhecido por todos os jurados, e realçou o facto “desta competição ser provavelmente o concurso com o nível qualitativo mais alto de todos quanto se realizam em Portugal. Aqui, mesmo as grandes marcas, aquelas que nos habituámos a ver como ícones dos nossos vinhos, fazem questão de estar presentes e participar”. O Festival dos Vinhos do Douro Su-
perior tem vindo a ganhar relevo, ano após ano, contribuindo para a afirmação da identidade do Douro Superior como um território de excelência para a produção de grandes vinhos. Além do espaço expositivo, o fim de semana contou com visitas a várias quintas, coloquios sobre as alterações climáticas e provas comentadas de azeites e vinhos. A noite foi animada na sexta feira pelos Sons do Minho e Dj´s Vacaciones e, no sábado, pelos HMB e Dj´s Chinelos com Vida. No final do evento, João Pauso Sousa, em declarações ao VivaDouro mostrava-se satisfeito com o evento, assegurando que “em termos de quantidade e qualidade foram apostas ganhas”. “Tivemos mais de 6 mil pessoas e 180 vinhos à prova. Demos visibilidade, e isso é muito importante para nós, assim como para os produtores com menor exposição no mercado, o que os deixa bastante motivados . Os melhoramentos que agora possamos fazer é indo ao detalhe, é nessa fase que estamos, a partir daí, como se costuma dizer, o céu é o limite”. No regresso após dois anos de pandemia, o Festival dos Vinhos e Sabores do Douro Superior, mostrou uma nova imagem e uma renovada aposta na animação. Para o autarca “era o momento para fazer esta mudança na imagem, apostar mais na parte dos sabores e num novo estilo de animação. João Paulo Sousa revela ainda que a edição do próximo ano já está a ser pensada, tendo também em vista a integração na Capital Europeia do Vinho 2023. “Neste momento já estamos a pensar na próxima edição. Em 2023 o Douro será Cidade Europeia do Vinho, é um ano muito importante e vamos ter que faturar em relação a isso. A marca “Douro” vende, nós temos os melhores produtores em Foz Côa. Neste momento é um dos maiores eventos do setor do país e só temos que subir mais um patamar na excelência que já apresentamos”.
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Mesão Frio
Mesão Frio já acolheu mais de uma dezena de refugiados ucranianos Desde março, altura em que Mesão Frio começou a receber os primeiros refugiados do conflito Rússia-Ucrânia, que a antiga residência de estudantes já abrigou um total de 12 pessoas. Há cerca de três semanas, chegou ao município um casal da região de Donetsk, que está prestes a ser integrado no mercado de trabalho. No mesmo local, estão instalados três jovens nigerianos, que estavam radicados há 10 anos em Kiev, onde completaram a sua formação académica e trabalharam, até começar a guerra. Oladete, Akinkoye e Olajide, todos perto dos 30 anos de idade, são amigos de longa data e exerciam respetivamente as profissões de videógrafo, agente imobiliário e designer de moda. Em Mesão Frio vieram encontrar o conforto e a tranquilidade para retomar o quotidiano que lhes foi roubado de forma brutal, assim como Maksym e Alona, os elementos do casal recentemente chegado a Mesão Frio. Quando a guerra começou, os três ami-
gos nigerianos demoraram cerca de 72 horas na fronteira Ucrânia-Polónia. Maksym e Alona, ele mecânico de profissão e ela cabeleireira, demoraram apenas 48 horas, porque decidiram abandonar o país antes de a guerra começar e fixaram-se temporariamente na Polónia. Para trás, Maksym deixou a família na Polónia, enquanto que a de Alona ficou em Espanha.
Herman José cabeça de cartaz em mês cultural
A Câmara Municipal de Mesão Frio proporcionou no passado mês um conjunto de eventos dedicados à cultura que trouxe centenas de pessoas à Porta do Douro. O evento ‘Coros nos Claustros’, que decorreu a 28 de maio no cenário do Convento de São Francisco, contou com dois momentos musicais protagonizados pelo Coro da Ordem dos Médicos e pelo Grupo Coral da Universidade Sénior de Rotary da Régua. No fim de semana de 3 e 4 junho, Mesão Frio recebeu a "Mostra do Livro" e os ‘Concertos na Avenida’, com eventos musicais, literários e de partilha de conhecimentos. As bancas de livros contaram com a participação da Livraria Zé, da Traga-Mundos, da Cooperativa Livreira Unicepe e da Biblioteca Municipal de Mesão Frio. Dos muitos livros disponíveis para compra e exposição mereceram des-
taque as obras do escritor mesão-friense Domingos Monteiro e de outros autores durienses. No mesmo evento, com a curadoria do Museu do Douro, estreou a exposição fotográfica "O Douro de Georges Dussaud", que agora se mostra na Biblioteca Municipal até ao final do mês de junho. À noite, a Avenida Conselheiro Alpoim encheu-se de gente para ouvir a Orquestra de Jazz do Douro, onde os músicos de Vila Real mostraram uma nova abordagem às músicas tradicionais durienses. O segundo dia da ‘Mostra do Livro’ ficou marcado pela conversa pública "A Nossa Identidade na Literatura’, com representantes da Associação Vale D"Ouro, da Tertúlia João Araújo Correia, da Casa-Museu Domingos Monteiro e de Manuel Igreja, escritor. O painel refletiu sobre a região e as suas referências literárias. Para terminar o dia em beleza, o humorista, ator, apresentador e cantor, Herman José, com o seu Quarteto, esteve em Mesão Frio para um grande e animado espetáculo. A enorme referência para todo o país, nestes quase 50 anos que leva de carreira, juntou uma moldura humana considerável para o ver. No dia 11 de junho, a Avenida Conselheiro José Maria Alpoim foi palco para o maior sarau de dança de que há memória em Mesão Frio, com atuações das oficinas de dança da biblioteca municipal – Bibliodance e Biblioritmos e a participação da Universidade Sénior de Mesão Frio.
Questionados sobre se pretendem voltar ao país de origem, os cinco elementos foram unânimes e perentórios na resposta: "não pretendemos voltar, porque não há para onde voltar", afirmou Maksym, com quem todos concordaram. Visivelmente emocionada, aquando da entrevista, Alona mostrou filmagens que passaram nos jornais nacionais da Ucrânia, da casa
onde vivia com os pais e que foi destruída em Donetsk, há pouco menos de uma semana. Sobre como têm aproveitado o seu tempo livre em Mesão Frio, enquanto não encontram ocupação, Maksym e Alona revelam que têm ido ao ginásio e feito caminhadas e que aquilo que mais têm gostado, em Mesão Frio, são as paisagens e as pessoas. Oladete, Akinkoye e Olajide têm aproveitado parte do seu tempo para estudar através da internet e fazer desporto, na equipa do Sport Clube de Mesão Frio, onde já se sentem integrados. Nenhum dos cinco elementos alojados conhecia Portugal, mas todos já tinham ouvido falar de Cristiano Ronaldo e da Ilha da Madeira, onde está parte da família da mãe de Maksym. A comunidade mesão-friense tem demonstrado receber muito bem os refugiados ucranianos, a quem a Câmara Municipal de Mesão Frio está a prestar todo o tipo de apoio temporário, sobretudo no que diz respeito à habitação, alimentação, integração social e profissional. VivaDouro, 22 de junho de 2022
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Peso da Régua
Douro Wine City regressou para a segunda edição Ao longo de quatro dias, entre 10 e 13 de junho, o Auditório Municipal do Peso da Régua, foi palco da segunda edição do Douro Wine City, um certame criado em 2019 no âmbito da Capital Nacional do Vinho. Nesta segunda edição, o programa do certame, com entrada livre, foi variado, não se limitou a provas e compras de vinhos, incluindo sessões de showcooking e música ao vivo. O sommelier e provador Manuel Moreira (Revista de Vinhos) foi o animador de Conversas sobre Vinho, uma iniciativa com contornos didáticos que ajudou os participantes a entender melhor as diferentes dimensões dos vinhos elaborados no Douro, das sub-regiões, às castas, tipologias e estilos. Nas sessões de showcooking, os chefes Hélio Loureiro, Carlos Pires (The Wine House Quinta da Pacheca), Jorge Coimbra (The River Restaurante) e Maria do Céu Pires (os novos doces Mechas) reinterpretaram alguns dos pratos e sobremesas tradicionais do Douro, sem esquecer o processo de fabrico dos famosos rebuçados da Régua. Tudo isto numa área de restauração preparada para o efeito. No capítulo de música ao vivo, o cartaz apresentou Anaísa, Ai Braguesa, Bando das Gaitas, David Silva Flamenco Guitar Trio, Orquestra de Jazz do Douro, The Splinters e Tozé Freitas. Os fins de tarde de sábado e domingo contaram com atuações dos DJ´s Pedro Simões e Igor Guimarães. José Manuel Gonçalves, Presidente da Câmara Municipal de Peso da Régua estava satisfeito no final do evento, sublinhando que esta edição “foi quase o retomar do ponto zero da primeira edição, consolidar a estrutura e lançar uma dinâmica mais virada para os profissionais. Neste momento está consolidada a estratégia para a afirmação desta feira, como mais uma grande feira do Douro que pode ser visitada por quem está na região mas também pelos muitos turistas que vêm até ao nosso território”. De acordo com o autarca, o futuro deste certame passa pela aposta na vertente comercial, permitindo aos produtores locais cimentar os mercados onde já estão inseridos e encontrar novos consumidores. "O nosso trabalho futuro é continuar a fazer crescer o evento, sobretudo na parte económica. As feiras de vinhos só fazem sentido se conseguirmos aliar aquilo que é um momento mais lúdico à dinâmica económica. Cada vez mais temos que assumir o vinho como fazendo parte da nossa cultura e do nosso património aproveitando estes momentos para trazer especialistas, comentadores, importadores e vários outros negócios ligados ao setor. Se o Vinho do Porto já tem uma afirmação assegurada, os vinhos DOC Douro estão a percorrer esse caminho através da excelente qualidade que apresentam, trazendo assim mais valias para o território que no fundo é aquilo que todos ambicionamos"
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Sabrosa
Primeiro Mercado Local de Município recebeu comitiva Produtos da Terra de 2022 do Município de Cadaujac aconteceu no Largo da Praça no âmbito da Geminação
O primeiro Mercado Local de Produtos da Terra de 2022, promovido pelo Município de Sabrosa, aconteceu no passado dia 12, no Largo da Praça, em Sabrosa, e juntou uma dezena de produtores locais para a venda de produtos frescos, hortícolas e frutícolas, vinho, azeite, ervas aromáticas e outros produtos de produção local. Numa manhã calorosa, desde as 08H30,
foram várias as pessoas que aderiram a esta iniciativa e passaram pelo local do evento, valorizando assim o seu propósito e dinamizando o escoamento dos produtos disponíveis. O próximo Mercado Local de Produtos da Terra realiza-se no dia 26 de junho, a partir das 08H30, no Largo do Eirô, em São Martinho de Anta. A entrada é livre.
O Município de Sabrosa recebeu no passado dia 4 de junho, uma comitiva do Município de Cadaujac que esteve de visita ao concelho, no âmbito da Geminação. A comitiva foi recebida no Campo da Feira Velha pela Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, que deu o pontapé de partida para um jogo amigável entre o Sporting Club Cadaujac e o União Desportiva Sabrosa. No final da partida as duas equipas reuniram-se para um almoço na Escola E B 2,3/S. Miguel Torga. Da parte da tarde o grupo vindo de Cadaujac visitou alguns pontos emblemáticos do concelho, tendo passado pela casa
de Fernão de Magalhães num passeio pelo centro histórico da vila de Sabrosa, pela Exposição Os Locais e Culturas da Viagem de Magalhães e por fim pelos Miradouros da Via Panorâmica de Acesso ao Alto Douro Vinhateiro. À semelhança da Associação “Cadaujac Sans Frontieres” recebida no Município de Sabrosa de 26 a 29 de maio, a comitiva de Cadaujac ficou alojada no Espaço de Apoio à Visitação em Vilarinho de São Romão, criado para acolher grupos de pessoas devidamente organizados, cujo objetivo seja a visita ao concelho de Sabrosa.
Município de Sabrosa assinalou Dia Mundial da Criança com magia e atividades lúdicas para os mais novos O município de Sabrosa comemorou o Dia Mundial da Criança com um programa que contemplou um espetáculo de magia e atividades lúdicas destinadas a todos os alunos do Pré-escolar e 1.º ciclo do Agrupamento de Escolas Miguel Torga - Sabrosa. Nesta data, em que os mais pequenos são o centro de todas as atenções, o município de Sabrosa dinamizou um dia repleto de diversão, de forma a proporcionar momentos únicos de alegria e diversão, estimulando a criatividade e potenciando novas experiências a todas as crianças. Durante a manhã, entre as muitas atividades desenvolvidas, as crianças tiveram oportunidade de brincar em diversos in-
Banda Sinfónica Transmontana atuou no coração da Aldeia Vinhateira de Provesende A iniciativa “Banda à Varanda” com intérpretes da Banda Sinfónica Transmontana que conta com a participação de músicos das bandas de Mateus, Portela, São Mamede de Ribatua e da Orquestra de Sopros do Conserva-
sufláveis, explorar um percurso de karts a pedal, ter acesso a vários jogos individuais e de grupo, usufruir de pinturas faciais, modelagem de balões, sem esquecer as
máquinas de pipocas e algodão doce. No período da tarde tiveram a oportunidade de assistir a um espetáculo de magia apresentado pelo mágico Rúben Félix, no
auditório municipal de Sabrosa, repleto de interação com o público, que provocou momentos hilariantes entre os mais novos. Presente nas comemorações, a Presidente do Município de Sabrosa, Helena Lapa, realçou a importância que é para a autarquia proporcionar um dia de atividades como o que aconteceu, sublinhando que “foi com muito carinho que o mesmo foi construído e preparado”, sabendo que ia ao encontro dos desejos já manifestados e identificados pelos mais novos para um dia como o que se comemorou. A todos eles “que serão o futuro da nossa terra” deixou ainda votos de um “excelente e feliz dia”, esperando que a autarquia tenha contribuído decisivamente para isso.
tório Regional de Música de Vila Real, atuou na escadaria da Igreja Matriz de Provesende durante a tarde do dia 04 de junho. A decorrer desde maio de 2021, este foi o regresso ao projeto Palavras Cruzadas, um ciclo de programação em rede desenvolvido numa parceria entre os municípios de Vila Real, Sabrosa, Bragança e a Fundação da Casa de Mateus, que já permitiu levar espetáculos gratuitos a diferentes localidades da região. Esta é uma forma de insistir na descentralização da cultura fazendo com que a população residente em localidades onde normalmente é mais difícil chegar abra as suas casas e as
suas varandas aos músicos, proporcionando encontros de tradição através de criações contemporâneas. O “Banda à Varanda” surgiu tendo por base uma composição original de Ângela Pinto e Fábio Videira, os diretores musicais Luís Filipe Santos e Valter Palma e o encenador Ángel Fragua que trabalham com intérpretes da Banda Sinfónica Transmontana, sendo esta uma criação da Inquieta - Agência Criativa. No passado dia 04 de junho brindaram o público presente com um concerto singular, uma exploração de novos sons, um desafio musical que nos retira das tradicionais mar-
chas das Bandas Filarmónicas e nos remete para uma música com raízes nessa tradição, mas com apontamentos de atualidade. Seja numa varanda, ou numa escadaria, ou até mesmo numa janela, estes são os palcos onde os músicos atuam com o intuito de criar uma relação com o mundo exterior, sendo que o local escolhido para esta ocasião foi o largo central da aldeia de Provesende, no concelho de Sabrosa, ao ar livre. A ocasião contou com a presença da Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa e do Vice-presidente, Martinho Gonçalves.
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Helena Lapa, Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa
“Não pretendo deixar uma marca pessoal, não é para isso das coisas se transformarem e evoluírem num determina Helena Lapa é a primeira mulher eleita autarca no distrito de Vila Real, um epíteto que não considera ser um peso mas um orgulho e uma preocupação. Numa conversa com o VivaDouro a autarca sabrosense emociona-se a falar da "sua terra", apresentando alguns projetos para vila duriense. Ser autarca implica uma dedicação ao cargo que vai muito além das habituais 8h de trabalho, pessoalmente, como é que isto se gere? Essa gestão torna-se mais difícil também pelo facto de ser mulher porque a nossa vida não termina ao fechar a porta do gabinete e ir para cassa. Há uma vida depois disso, organizar a casa, a família há sempre outras coisas. Mas nós mulheres temos essa capacidade. O facto desta disponibilidade me obrigar a ter os fins de semana sempre com uma agenda muito preenchida, porque faço questão de marcar presença em todos os eventos aos quais posso ir, leva de facto a sacrificar muito da vida pessoal. O que eu peço sempre é que me deem um dia por semana, se tiver um dia na semana já recarrego energias. (risos) As decisões que toma no seu dia a dia nem sempre são do agrado unânime da população, como autarca que peso tem a opinião dos munícipes nas suas decisões? Quando acredito em algo, acredito mesmo, com todas as forças do meu ser. Devemos sempre procurar o consenso mas, quando isso não acontece, resta-nos respeitar. Devemos sempre respeitar quem tem uma opinião diferente, quem pense diferente. É através desse respeito que se chega a consensos, é a única via. É uma mulher de consensos? Sim, tento sê-lo em todos os planos da minha vida, pessoal e profissional. Sempre fui assim. É a primeira mulher eleita autarca no distrito de Vila Real. Sente algum peso com esta afirmação? Não. Sinceramente não. Até de facto ser eleita foi algo que me passou completamente ao lado, não tinha sequer qualquer ideia disso. Só comecei efetivamente a dar valor a esse facto quando as pessoas, sobretudo a comunicação social, começaram também a valorizar. Ser a primeira mulher eleita autarca no distrito de Vila Real não é um peso, é mesmo um motivo de orgulho mas também alguma preocupação. Já tenho dito isto muitas vezes porque as mulheres têm as mesmas capacidades que os homens. Não têm é o mesmo tipo de disponibilidade, sobretudo mulheres mais
jovens, com filhos mais pequenos e todo esse lado pessoal para gerir, mas estamos no século XXI, chegou a horas das mulheres se assumirem. Já nos assumimos na ciência, na investigação, na cultura porque não na política? Isto não é um campo de homens. Há quem diga que faltam mais mulheres na política, acredita nisso? Acredito. Uma coisa eu tenho a certeza absoluta, na atual guerra da Rússia contra a Ucrânia, se fossem mulheres presidentes, isto não acontecia. Tenho a certeza absoluta. A mulher não é belicista, a mulher é criação, não é destruição. Falando em criação, se me permite usar o seu termo, o que pretende "criar" em Sabrosa ao longo deste seu primeiro mandato? Desde logo, e de uma forma mais genérica, criar melhores condições de vida àqueles que cá estão, tentando atrair gente para o território. No fundo, o objetivo de qualquer
Uma medida que tomamos e que tem tido sucesso, ainda que não seja por agora possível inverter os números que são muito difíceis, é a atribuição de creches gratuitas a todas as crianças. autarca no interior. A perda de população e a baixa natalidade é preocupante e dramático. Sem gente não se consegue fazer nada. Para isso temos implementado algumas políticas de incentivo à natalidade é à fixação dos mais jovens. Uma medida que tomamos e que tem tido sucesso, ainda que não seja por agora possível inverter os números que são muito difíceis, é a atribuição de creches gratuitas a todas as crianças. Vamos lançar no início do próximo ano escolar o programa de refeições gratuitas aos alunos da pré-escola, e damos um apoio de 1500€ por cada criança nascida no concelho. São algumas medidas que vão pelo menos fazendo as pessoas ponderar a saída. Em primeiro lugar o que devemos fazer é conseguir manter os que já cá estão, sobretudo os mais jovens. É óbvio que falta muito mais. Falta habitação e emprego, que são condições básicas para que as pessoas se possam fixar. É difícil conseguir chegar a todo o lado e esse é o lado mais "frustrante" deste lugar. É querer que algo aconteça mas não sem ter os meios necessários. Mas isto não sou apenas eu, Helena Lapa autarca de Sabro-
Em perfil Um filme: África Minha Um livro: 100 anos de solidão Uma banda: Nina Simone Não passo sem: Animais de estimação Prato favorito: Cozido à Portuguesa Local de férias: Portugal Em Sabrosa, gostava de ter: Muita gente Clube: F.C. Porto
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NOTA PRÉVIA: O VivaDouro prossegue com uma série de entrevistas aos 19 autarcas da CIM Douro.
o que estou neste cargo. Pretendo deixar a possibilidade ado sentido, criando as condições para tal.” ficilmente se resolveriam tão rapidamente. Porque infelizmente Lisboa ainda é muito longe. Mas o Governo pode ir mais longe, e dar mais competências às autarquias, nomeadamente na gestão de recursos humanos de quadros qualificados, como médicos por exemplo. No nosso Centro de Saúde um médico chega, fica uns meses e, assim que há oportunidade vai para um grande centro, devemos ter outra capacidade de gerir estas situações. Outra medida que se fala sempre é a criação de benefícios fiscais para estes territórios. É também um problema de mentalidade, das pessoas procurarem sempre mais os grandes centros? Já vamos tendo gente, sobretudo mais jovens, com uma filosofia de vida diferente. Que procura, muito mais do que um emprego muito bem remunerado, um local onde consiga ter uma boa qualidade de vida e tempo para a família. Uma família jovem que pretenda criar os seus filhos com segurança, tempo, educação seja o que for, encontra aqui tudo isso, ou bastante próximo. Há quem procure isso, temos que saber aproveitar a oportunidade e fazer as apostas certas. Quando conheço algum casal jovem que vive num grande centro coloco-lhes sempre uma questão, quanto pagam de creche. Dizem-me 300, 400, 500 euros só lhes repondo que em Sabrosa a creche é gratuita. Mas não é só a questão do orçamento familiar, é também o tempo disponível para a família, e sobretudo para as crianças. É isso que temos para dar e que devemos promover. É algo que os grandes centros não podem dar.
sa, é um problema de todos e não é apenas material. Este problema de desertificação do interior já vem acontecendo há décadas, é um movimento que iniciado é difícil conter a sua marcha. Podia o Governo ajudar tomando algumas medidas específicas para estes territórios? Eu sou muito a favor da descentralização das competências. O autarca é aquele que melhor conhece o seu território e as suas necessidades, seja na educação, na saúde ou apoio social, por exemplo. Estamos muito próximos e podemos ajudar a resolver situações que di-
Sabrosa é terra de Fernão Magalhães e de Miguel Torga, só pra lembrar dois grandes nomes. Um deu a volta ao Mundo, o outro viu a sua obra circular o Mundo. Sabrosa é este Mundo num pequeno território por descobrir? Sabrosa é uma terra com alma, com uma alma grande (pausa) Vejo-a emocionada… Não consigo dizer isto sem me emocionar. É mesmo isso, somos um território pequeno mas com gente de reconhecido mérito mundial, que nem sempre valorizamos como são valorizados lá fora. Nunca nos iremos alhear dessas figuras do nosso concelho e de outras, mais ou menos conhecidas, que tiveram um papel fulcral na nossa história, temos uma terra rica em talentos. Mas sente que ainda falta o Mundo descobrir Sabrosa? Olhando para o setor do turismo, tão relevante na região,
por exemplo. No sentido geral, não temos a pretensão que Sabrosa seja uma rota turística de massas, se bem que a ideia possa parecer positiva. Sabrosa tem uma particularidade que é muito interessante e que lhe confere a beleza que tem, o facto de se dividir entre a parte sul, próxima do rio com todas as características que conhecemos da região, e a parte norte, com características mais montanhosas, uma realidade completamente distinta, mesmo até na forma de ser e estar das populações. Tenho obviamente algumas ideias de como poderemos promover todo o nosso território mas não é algo que dê frutos nos curto prazo. Acredito que também é a nos-
Estamos também já numa fase avançada de negociações para a aquisição de uma quinta no centro da vila que era de um descendente do Conde de Mateus, a Quinta de Mouras, que está completamente ao abandono e em riscos de ruir. sa função, ao passar por este cargo, deixar uma marca que permita aos vindouros seguir um caminho de progresso. É frustrante ver por exemplo, os barcos que vêm ao Douro, atracar no lado norte do rio que é onde estamos, e nem sequer passarem pelo nosso território, irem diretos ao Palácio De Mateus em Vila Real. É óbvio que o nosso centro histórico precisa de melhoramentos. Precisamos dinamizar aquele espaço mas, sobretudo, Sabrosa tem que deixar de ser um sítio de passagem para ser um local de acolhimento, que receba. Nós sabemos receber e acolher bem, é uma característica nossa que temos de ter oportunidade de mostrar para que as pessoas conheçam. Era uma marca que gostava de deixar na sua governação, esta mudança de realidade turística no território? Sim, mas não propriamente como uma marca pessoal, nem apenas neste setor. Tem aí à sua frente um projeto que pretendemos implementar na vila. Obviamente que ainda vai estar em discussão pública mas pretendemos avançar com ele. A propósito da discussão desse projeto, há dias alguém me disse que eu tinha que deixar a minha marca governativa. Não é isso que pretendo, não é para isso que estou neste cargo. Pretendo deixar a possibilidade das
coisas se transformarem e evoluírem num determinado sentido, criando as condições para tal. Ainda há duas semanas fui a Lisboa falar diretamente com a Ministra da Coesão Territorial sobre os projetos que tenho para o concelho, tentando perceber que candidaturas podemos promover para os implementar. Falou que tenho aqui à minha frente um projeto que pretende implementar na vila, que projeto é esse? No caso concreto é o projeto do Mercado Municipal. Outra grande obra que gostaria de concretizar é a via do Pinhão ao Ferrão, transformando-a numa via panorâmica. É uma estrada paralela ao rio Douro e é um crime estar no estado em que está. Outro dos projetos que pretendo implementar é um espaço dedicado ao volfrâmio, temos um património material e imaterial riquíssimo, que está em vias de se perder. Já pedi, e está a ser feito, o levantamento testemunhal, há pessoas ainda vivas que trabalharam nas minas. Esse património não se pode perder. Isto não são ideias vagas, são tudo ideias que já estão em andamento e tudo muito trabalhado na minha cabeça. Estamos também já numa fase avançada de negociações para a aquisição de uma quinta no centro da vila que era de um descendente do Conde de Mateus, a Quinta de Mouras, que está completamente ao abandono e em riscos de ruir. Tenho várias ideias para o que poderá ser aquele espaço mas ainda nada muito concreto, sendo que não passará por grandes construções. É o coração da vila e o coração da vila tem que ter uma identidade. Se há coisa que valorizo muito é o Património. Reconheço que as novas construções nos permitem ter condições a todos os níveis que a melhor recuperação de um edifício antigo não consegue ter. Não podemos deixar que os edifícios antigos se deteriorem e ruam, fazendo novas construções que descaracterizam completamente, isso não. É uma garantia que deixa? Isso pode ter a certeza. E só não compro mais património existente porque não temos condições financeiras. Temos que preservar o nosso património, estamos também a tratar de recolher dados sobre o nosso património religioso. Falamos da nossa história, da nossa identidade, daquilo que fomos e que somos. Aquilo que melhor nos descreve é o passado? É a História, e contra isso não há nada a fazer. Somos o reflexo de toda a civilização anterior a nós, que foi deixando a sua obra, á qual não podemos agora virar costas e deixá-la ao abandono.
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Região
20 mil participantes correram ao longo do Douro Mais de 20 mil participantes integraram este ano o pelotão da Meia Maratona do Douro Vinhateiro, prova que este ano celebrou a sua 15ª edição.
tor masculino com um total de 1H05M31S, na chegada à meta afirmou estar "muito feliz". O atleta acrescentou ainda que para si esta é "uma prova carismática, que diz muito a Portugal, pela organização que é e pelas pessoas que junta". Para o atleta do Feirense o obstáculo mais difícil "foi o imenso calor que se fez sentir". Já Catarina Ribeiro, atleta do Sporting Clube de Portugal, vencedora no setor feminino, a vitória nesta prova foi carregada de emoção. No final, em declarações à nossa reportagem a atleta afirmou estar "muito contente pelo regresso às vitórias, ainda por cima nesta Meia Maratona que me diz tanto". Catarina Ribeiro, que já tinha ganho esta prova em 2017, explicou ainda que se superou para atingir o lugar mais alto do pódio. "Hoje para além dos meus adversários tive que correr contra mim mesma mas o resultado final deixa-me uma grande satisfação".
Provenientes de cerca de 40 países, os participantes puderam optar pela Meia Maratona, 21 quilómetros, ou pelas provas de 5 quilómetros que podiam ser feitas em ritmo de corrida ou passeio. A prova decorreu debaixo de muito calor mas os frequentes postos de abastecimento preparados para os atletas ajudaram a suportar a dureza da prova que muito consideram ser a mais bela do Mundo. Um desses participantes era o francês Laurent Barro que veio desde Paris até ao Douro para participar na prova. "É uma prova muito dura, com muito calor mas com paisagens muito bonitas que ajudam a fazer o percurso. Já estou inscrito desde 2020 mas devido à pandemia só este ano é que houve prova por isso aqui estou eu". Fábio Oliveira, vencedor da prova no se-
Feira Aquiliniana regressou ao Santuário da Lapa A Feira Aquiliniana regressou ao Santuário da Lapa, trazendo consigo milhares de visitantes, num certame que se prolongou por três dias com muita animação. Celebrar a vida e obra de Aquilino Ribeiro é o propósito primordial deste evento que se realiza todos os anos na Lapa, freguesia de Sernancelhe, no largo do Santuário de Nossa Senhora da Lapa. O bom tempo, a animação e os dois anos de paragem devido à pandemia Covid-19 foram elementos essenciais para a presença de milhares de turistas no certame. Armando Mateus, vereador da Câmara Municipal de Sernancelhe, em declarações à nossa reportagem afirmou ser “bom estar de volta”. "Finalmente podemos organizar mais uma Feira Aquiliniana, neste espaço magnífico que é o Santuário da Lapa, onde se reúnem todos os elementos necessários para a realização deste grande evento. Temos a santuário de fundo e este culto e devoção que existe à Senhora da Lapa, motivos que trazem ano após ano milhares de peregrinos até este local". Pelo largo do santuário e nas ruas adjacentes, mais de 100 expositores mostra-
ram o que de melhor se pode encontrar no concelho beirão, desde os produtos endógenos ao artesanato, passando pelos pequenos ofícios e pela doçaria, por
exemplo. “A agenda cultural deste evento é também muito forte com a presença de diversos ranchos folclóricos, grupos de
concertinas e bombos, e muitas encenações que contam com um enorme contributo da nossa escola profissional”, explicou Armando Mateus.
2022 CAIS SODRÉ FUNK CONNECTION JP BIMENI & THE BLACK BELTS
(PT) (UK)
THE ELECTRIC ALLEY (ES) . THE PARROTS (ES) PETER STORM & THE BLUES SOCIETY (PT) . VENTURI (ES) YOU SAID STRANGE (FR) . BIG BAND (PT)
PARQUE DA VILA OS SONS VÃO VOLTAR A AGITAR O PARQUE
SONSNOPARQUE
FESTIVALSONSNOPARQUE
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Sernancelhe
Sernancelhe estreia Momentos com Vinho com sucesso A vila de Sernancelhe foi, durante dois dias, o epicentro de três regiões vinhateiras, o Távora-Varosa, o Dão e o Douro, num certame que recebeu milhares de visitantes que procuraram conhecer os vinhos dos cerca de 80 expositores presentes. Armando Mateus, vereador da autarquia de Sernancelhe, e responsável pela organização do evento, em declarações ao nosso jornal após a cerimónia inaugural, afirmou que o evento já estava a "superar as expectativas" da organização. O responsável sublinhou ainda o grande número de "convidados profissionais do setor, uma vertente muito importante para nós e para os nossos expositores, por gerar aqui a oportunidade de potenciar as suas marcas e fazer negócio”. Uma das características mais identificativas deste certame é a junção de três regiões produtoras de vinho "Há aqui vários fatores, o mais histórico é aquele que nos une ao Dão porque já fizemos parte dessa região vitivinícola, e o Douro, porque temos esta identidade e proximidade, desde logo por estarmos integrados na CIM Douro. Sabíamos de início que trabalhar apenas - e este apenas não é diminuidor da capacidade dos nossos produtores - com a região Távora-Varosa, era demasiado limitativo, sendo mais importante pensar na união entre concelhos e entre regiões, só assim conseguimos dimensão. Temos aqui as três regiões unidas por uma questão de escala, mas também por uma questão histórica, geográfica e económica. Este evento só tem a ganhar com esta união entre as regiões". Mais do que um evento onde se podem provar vinhos de reconhecida qualidade, o Momentos com Vinho pretende também fomentar negócio. Para isso a organização convidou grupos de empresários, importados e especialistas do setor, dinamizando diversos momentos de contacto entre estes. "Sabíamos de antemão que para criar uma feira de vinhos, não poderia ser apenas mais um evento de provas de vinhos. Havia a necessidade de, logo desde o início, criar aqui uma vertente muito económica, para gerar negócio. O Exposalão tem todas as condições para um evento destes, são dois mil metros de área expositiva, climatização, público que já se habituou à excelência da nossa organização, em suma, temos todas as condições para criar aqui mais um grande evento", explica Armando Mateus. Gilberto Igrejas, Presidente do IVDP, presente no certame, sublinhou a importância do evento para a afirmação da região através do seu produto mais identitário, o vinho. "A importância que vemos neste tipo de eventos prende-se com o facto de estarmos a promover um produto que é identitário de cada região. O vinho une todas estas regiões e, tendo como imagem prin-
cipal o vinho, o IVDP não podia deixar de se associar. Muitos dos nossos produtores estão presentes neste certame, por outro lado a vivência do quotidiano desta região passa pela afirmação diária no território, capacitando o público, em especial o mais jovem, e aqueles que aqui produzem vinhos. Esta é também uma forma do Instituto se aproximar daqueles que paulatinamente vão criando as suas marcas, e tendo cada vez mais qualidade, que queremos potenciar através da certificação, para com isso aportar valor à região. Estando nós numa região que faz fronteira com o concelho de Sernancelhe, sendo inclusivamente o autarca, presidente da CIM Douro, não poderíamos deixar aceitar o repto que nos foi lançado, marcando presença e ajudando a potenciar o certame". O Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto destaca a importância do setor do vinho na economia nacional, revelando-se como um dos setores com melhor resposta quer durante a pandemia, quer no pós-pandemia. A importância do setor na economia nacional é ideia também partilhada por Arlindo Cunha, Presidente da CVR Dão, que também esteve presente no certame e, à nossa reportagem, a este propósito, sublinhou esse facto. “O setor dos vinhos é dos mais competitivos da nossa economia, não tenho dúvidas nenhuma ao afirmar isto. Não é por acaso que este setor já representa mais de mil milhões de euros de exportações, isto já diz muito. Isto num setor com com-
ponentes quase 100% nacionais, não há componentes importados. Nesse sentido é um setor que é uma grande alavanca no crescimento das regiões”. O Presidente da CVR Dão destacou ainda a importância da junção das três regiões neste certame, porque, como afirmou, "o vinho é talvez dos produtos mais icónicos dos territórios, aqueles que mais identificam os terri-
tórios, e consequentemente aqueles que mais podem promover os territórios. Em boa hora decidiram associar a este evento as regiões vizinhas do Dão e do Douro, os vizinhos a norte e a sul. Temos uma história conjunta como já hoje foi recordado, quando a região do Dão foi demarcada pela primeira vez, Sernancelhe integrava esta região vitivinícola.
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S. João da Pesqueira
Douro vence em Bruxelas a candidatura a Cidade Europeia do Vinho 2023 Uma delegação de autarcas da CIMDOURO, que o Presidente da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, Manuel Cordeiro, também integrou, juntamente com representantes da Confraria dos Vinhos do Douro, deslocaram-se a Bruxelas, para a apresentação da candidatura “Douro All Around” a Cidade Europeia do Vinho 2023, cuja cerimónia decorreu no dia 15 de junho, no Parlamento Europeu perante os jurados da Rede Europeia das Cidades do Vinho (RECEVIN) e que resultou na nomeação do Douro como Cidade Europeia do Vinho 2023.. A Cidade Europeia do Vinho é uma iniciativa da RECEVIN, que seleciona em cada ano uma cidade relacionada com a
produção e a cultura vitivinícola e onde o enoturismo tem grande importância. Esta nomeação do Douro poderá servir como ferramenta de potenciação e promoção turística, projetando a cultura do vinho e as tradições do território vitivinícola, a par com a divulgação dos recursos naturais e paisagísticos. A CIM Douro compreende os concelhos de Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Lamego, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Murça, Penedono, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Coa e Vila Real.
Festa da família
A Câmara Municipal organizou com a Paróquia de S. João da Pesqueira a Festa da Família, com o intuito de continuar a revitalizar as antigas tradições da Festa do Ermo (S. Salvador do Mundo). A festa começou na véspera (15 de junho) com atuação do Grupo Musical AS
BAND, já no dia seguinte (16 de junho), decorreu em S. João da Pesqueira, pelas 9h00, a Procissão do Corpo de Deus, após a qual teve início a caminhada da Família, que recriou a antiga romaria a S. Salvador do Mundo, pelas 12h00 foi celebrada uma missa campal no Ermo,
seguida do tradicional almoço em Família. Durante a tarde foram várias as atividades, tais como jogos tradicionais e atividades desportivas, com uma mega aula “Zumba Família” e de “Dance Kids”. A tarde terminou em beleza com as
atuações dos Grupos de Concertinas Amigos de Riodades e do Távora e Douro Sul. Há mais de 100 anos que a Festa do Ermo significa Festa da Família e convívio entre amigos e este ano a tradição voltou a estar viva.
FNA - Feira Nacional da Agricultura 2022 O Município de S. João da Pesqueira, com o objetivo de promover os produtos endógenos do concelho e o turismo do concelho, participou mais uma vez na Feira Nacional de Agricultura, a maior feira nacional na área da agricultura de Portugal. A FNA 22 – Feira Nacional de Agricultura decorreu no Centro Nacional de Exposições, em Santarém, de 4 a 12 de junho, e teve como tema central a “Inovação e Tecnologia”. O evento foi inaugurado pelo Sr. Presidente da República e foi visitado por milhares de pessoas
durante todos os dias do certame. No dia 11 de junho o Município organizou um passeio à feira, com a participação mediante inscrição de 137 pessoas do concelho (o município ofereceu o transporte e o bilhete de entrada na feira). No mesmo dia, às 18h30, o Município de S. João da Pesqueira, recebeu na gala organizada pela Associação de Municípios Portugueses de Vinho, a entrega da placa de novo associado, fazendo formalmente, parte desta associação desde abril deste ano.
Entrevista
ANA BACALHAU Texto e FOTOS: André Rubim Rangel Ainda tens o desejo, tal como em criança, de seres um dia professora de Português e Inglês? Professora de Português e Inglês, não. Mas gostava, um dia mais tarde, de dar aulas de interpretação e performance em palco. Portanto, gostaria de ser professora, de alguma forma, mas nessa área ligada à música. E contas fazê-lo paralelamente com a tua carreira musical ou posterior à mesma? Até ter voz! (risos) De que modo a tua formação académica te serve e ajuda na tua vida artística? Formei-me em Línguas e Literaturas Modernas. E, de facto, ajuda na interpretação de textos. Assim aprendi. Como a questão do melhor tom, o tom certo para dizer o texto. Que palavras são as mais importantes no texto para enfatizá-las, para lhes dar peso. Diante do texto para eu cantar, tudo isto dá ferramentas para fazer o meu trabalho. Ou seja, como intérprete, qual é o melhor caminho para eu escolher aquelas palavras. No caso do inglês, dá-me muito jeito quando vou cantar fora de Portugal, em que falo inglês se for num país em que não domine a sua língua. O teu caminho de felicidade é unicamente percorrido pela música? Ou o que mais o preenche e sem o qual não te vês ser feliz? Sim, eu preciso da música para me sentir plena. Por isso é que a pandemia foi muito difícil para mim, como para muitos músicos, porque não tínhamos o palco. Portanto, não estávamos bem. Preciso da família. Estas são as minhas duas vertentes de amor, sem as quais não consigo ver que a vida faça sentido, que valha a pena! Esses são os teus amores maiores. Todavia, tens outros que completem o ciclo? Sim, depois tenho outras ações que são importantes e que gosto de fazer. Gosto de ler, gosto de viajar e, às vezes, gosto de estar sossegada em casa. (risos) Que é algo que posso fazer poucas vezes. Gosto de tudo isso e, também, de nadar em águas quentes, de preferência. Não gosto de água fria. Que mais posso dizer? Gosto de estar com animais e gosto de campo. E face aos teus gostos eles não condicionam o tipo de países ou sítios a visitar? Nas férias grandes, divido sempre um período na praia e outro no campo. Durante muitos anos passei férias no Douro, inclusivamente o ano passado. É uma zona que eu gosto muito: não tem praia, mas tem vistas maravilhosas e tem campo, que eu adoro. Eu preciso do campo!
“O nosso verdadeiro eu
Desde criança que eu ia todos os verões para a aldeia da minha avó, em Carvalhal de Mouraz – perto de Tondela –, por isso o campo passou a ser uma segunda casa. Faz-me sentir bem. Tal qual a praia: quem não gosta de praia? Como sou branquinha, gosto de ter um tom de pele um pouco mais escuro. (risos) Que área é essa do Douro em que tantas vezes estiveste e que tanto te encanta? É em Alijó e à volta desta localidade, até se descer ao rio, no cruzamento do Tua a fluir no Douro. Isto antes da barragem ser construída, pois aí era o sítio onde ambos os rios se encontravam. Era para aí que eu ia, desde o ano 2011 até 2020. Em 2021 ainda fui para o Douro, mas para a zona pertencente a Viseu. Tens histórias e memórias dessa década passada nesse município de Vila Real? Tenho memórias muito bonitas. Ficava numa casa alugada, do pai do meu marido. Ainda cheguei a ir lá, também, com a equipa técnica toda dos «Deolinda» e fizemos aí uma almoçarada, com piscina, a caminho entre um concerto e outro. Fui para lá com a minha filha, pequenita, e com muitos amigos que ia convidando. Íamos, também e muitas vezes, ao restaurante «Calça Curta» comer os peixinhos do rio, que era o que eu gostava mais. (risos). E tudo isto no meio daquela beleza incrível, como não se encontra em lado algum, com aquele calorzinho como eu gosto. Ainda mais quando se desce à Foz do Tua, com aquele microclima. Adoro aquilo: fez parte da minha vida durante muito tempo! Em 2018 atuaste no Alto Douro: Lamego e Vila Real. Do que te recordas desses concertos e o que tiveram de especial? De Lamego, recordo-me da bola de carne, que é a especialidade. (risos) Também provei a de bacalhau, tinha de ser (risos), mas prefiro a de carne, que eu adoro! Mas a cidade é linda, o concerto foi incrível e o teatro de lá é muito interessante. Quanto a Vila Real, já tinha ido lá várias vezes, e fui também super bem recebida. Eles sabem receber como ninguém! Os teus concertos divergem muito de região para região, ou não? Não é a região onde atuo que faz o concerto ser diferente, mas se é em auditório ou ao ar livre. Em auditório, o concerto pode ser mais calmo, intimista. Enquanto ao ar livre tem que ter momentos mais enérgicos, para agarrar as pessoas. Basicamente é isso. Dedicas uma letra tua ao ciúme. Se reconheces nela que o ciúme corta, que queima e que põe a cabeça ao lume, por quê dar-lhe então esse pri-
vilégio musical? A música é minha, mas a letra é do Miguel Araújo. Eu acho que tudo pode e deve ser cantado: as grandes coisas, as pequenas coisas, as coisas de que não nos orgulhamos, aquilo que não é tão fixe… Tudo cabe dentro duma canção. Eu achei o tema, em questão, ótimo para cantar. (risos) Mas pretende-se mostrar que não se deve ter ciúmes, certo? Claro que sim! Apesar do ciúme da canção não ser doentio. Mas tem a ver com aqueles arrufes simples do dia a dia. Com a canção percebemos que o ciúme não tem razão de ser, que é ridículo, que é parvoíce termos ciúmes. E tens um dueto de canção com o Diogo Piçarra: como é possível um erro, que é sempre erro, ser bonito ou o mais bonito? Para mim, todos os erros ou quase todos os erros – desde que não façam mal a outros e a nós mesmos – são bonitos porque
nos ensinam. A beleza está em aprender a não repetir esses erros. E, às vezes, do erro nasce algo muito bonito: nasce uma canção ou uma nova interpretação duma canção já cantada muitas vezes. Ainda à volta das tuas canções, tens medos que te atrapalham? Mesmo assim, continuas a sentir-te sempre leve, “leve como uma pena”? Eu tenho um medo, pelo qual luto, que é o de me esquecer das letras. E, às vezes, esqueço-me da letra por ter medo de me esquecer dela. Sei que é contraproducente, mas acontece. E é daqueles medos que me chateiam muito! Depois, também tenho medo de aranhas, mesmo daquelas inofensivas – já que cá não encontras das venenosas –, o que é uma estupidez. E ainda medo de conduzir a grandes velocidades, não gosto disso e não me sinto bem. Estás também ligada a um livro escolar sobre igualdade de género. A que nível estamos, atualmente, de modo geral e na juventude?
u não tem assim tão grandes rótulos. Cada um é à sua maneira” poesia para passarmos a ser um texto técnico. (risos) Temos medo quando alguém quer muito ser poema e exibe essa liberdade de ser poema. Isso assusta os demais, até que se conformaram a um molde social, a esse estereótipo. É como aqueles tamanhos únicos de roupa, que não ficam bem a ninguém. (risos) E com tanta informação e recursos que há, a que se deve – para ti – o facto de as forças da ignorância vencerem, tantas vezes, as forças do conhecimento? Penso que já se venceram algumas batalhas face às forças da ignorância. Contudo, nas batalhas mais decisivas venceu sempre o amor. Deste modo, se a ignorância vencesse sempre os aspetos mais importantes da vida, já não estaríamos aqui como sociedade. A verdade é que fomos conseguindo, desde a II Guerra Mundial – a última grande batalha entre a ignorância e o amor –, embora agora pareça que a ignorância está a ganhar terreno. Através desta guerra na Ucrânia, através dos movimentos extremistas. A ignorância é atrevida. E é como a estupidez: uma pessoa que é estúpida não sabe que o é. (risos) No entanto, acho que a guerra vai perder para o amor.
Os estudos dizem que vamos demorar quase uma centena de anos a termos igualdade de género. Portanto, acho que podíamos estar melhor! Já foi um longo caminho que fizemos, desde 1974 até agora, felizmente. Mas como sociedade ainda temos muito caminho para andar, a fim de que homens e mulheres sejam avaliados como seres humanos e não por serem homens ou mulheres. Ou seja, que todos possamos ter liberdade e ter o mesmo peso na voz de cada um. E que só sejamos julgados pelos nossos atos e não pelo nosso sexo biológico. É esse o meu ideal, em tudo, que não só no género. Mas também na cor da pele, na cultura, na religião. Considero que ainda somos uma sociedade machista, conservadora para as mulheres, regulando muito os comportamentos delas e acusa muito a mulher quando, por exemplo, é vítima de violência sexual. Há muita culpabilização da vítima, neste nosso país com muita violência doméstica. Há muitos homens que acham que têm posse sobre a mulher, a “sua” mulher. Isso é errado e tem de ser corrigido! Este é
um tema que me interessa muito, por isso partilhei-o em livro escolar porque os jovens são a esperança do futuro e podem mudar isto. E quis sensibilizá-los, porque a violência no namoro tem também números assustadores! Logo, alguma coisa está a correr mal desde cedo. É bom levar isto até às escolas e pô-los a pensar, desde cedo. Achas que as pessoas e a sociedade ainda se iludem muito com os estereótipos existentes e se deixam enganar por eles? Eu acho que sim. Geralmente, quando alguém tenta ser quem é, essa liberdade assusta os outros. (risos) Porque, normalmente, o nosso verdadeiro eu não tem assim tão grandes rótulos. Cada um é à sua maneira. Agostinho da Silva dizia que “cada um de nós é um poema”. Apesar de poemas diferentes que somos. E quando uma pessoa morre, morre esse poema. Isso é muito bonito e eu acredito piamente nisso. Eu penso, muitas vezes, que nós próprios deixamos de ser
Enquanto cronista que foste numa revista, com tantas opiniões escritas, qual foi aquele texto/artigo que te foi mais difícil escrever, que demoraste mais? Porquê? Não me lembro de algum especificamente, mas recordo-me que certos textos demoravam mais a sair e outros custavam menos. Mas isso é como as canções: umas saem com grande facilidade e outras andam ali a remoer durante muito tempo. Às vezes, a dificuldade estava no assunto, em não saber bem sobre o que escrever. E há algum assunto concreto por ti cronicado que tenhas retido na memória? Sim, lembro-me de um texto que escrevi sobre o lixo, em que se deita muito lixo para o chão. Porque, nisso, o pessoal é meio porquito. (risos) Deu-me algum gozo escrever essa crónica, onde referia ainda que em dias de ventania se reparava bem o lixo deitado para o chão, em que ele girava no ar como um redemoinho. Depois terminava a crónica desejando que as pessoas que deitam lixo para o chão levassem com uma rabanada de vento, e com esse mesmo lixo, na cara. Isto dito assim parece muito bruto, mas na crónica foi escrito de modo mais irónico. Lembro-me de gostar de escrever essas crónicas e de gostar do resultado final das mesmas. Sentes-te ser uma pessoa com paciência? Paciência para tudo ou o
que te tira mesmo a paciência? Depende. Há situações para as quais sou paciente, outras não. Sou paciente para a minha filha, para animais e, de certa forma, para as pessoas no geral. Mas sou impaciente para a estupidez, para a leviandade e não gosto nada de pessoas sem ética no trabalho, que não fazem bem só porque lhes apetece trabalhar pela rama. Embirro também com pessoas que quebram compromissos profissionais, neste caso. Não tenho muita paciência para tudo isso, sinceramente. Eu sou uma pessoa empática: dantes tinha pessoas que me sugavam muito e eu tinha dificuldade em pôr travão. Hoje em dia já tenho aprendido a travar esse tipo de pessoas, chamadas de ‘tóxicas’. Até para a paciência é preciso tempo. De que forma te questionas sobre ele? De que é que gostarias de ter mais tempo? Gostava de ter mais tempo com a minha filha e gostava de viver mais tempo com qualidade. Falo quando se chega ao envelhecimento, que nem sempre é com qualidade. Tempo para viajar e para criar mais e melhor. E não estar com minudências do dia a dia: é uma questão de gerir o tempo! E o tempo em ti faz-te ser daquelas que diz que nunca tens tempo para nada ou das saudosas que quer que ele volte atrás? Não, não quero que volte para trás. Não sou nada agarrada ao que já fiz antes. (risos) Eu gosto mesmo é de andar para a frente! E gosto do que ainda está para vir. Terminando sobre o tempo, como completarias a frase? “E tempo das pessoas e do mundo…” … ganharem juízo! Ganharem amor. E ganha-se, dando amor! Tendo tu já deixando várias mensagens pertinentes e interessantes ao longo da entrevista, há alguma mais que queiras aflorar, para concluir? Sinto que estes anos de pandemia nos afastaram, não só fisicamente mas também nos tornaram acintosos uns com os outros. Pouco tolerantes entre nós. Sabem como é aquela pessoa que vive muito tempo sozinha, que depois fica muito rabugenta? Assim ficamos nós, depois de estarmos isolados muito tempo. Temos de voltar a viver em comunidade: isso é o segredo da nossa salvação e o da Humanidade. O de aprendermos a viver uns com os outros. Porque ‘o outro’, mais do que uma grande riqueza, é a maior riqueza que nós temos e que nos ensina tudo! Nós, sozinhos, aprendemos muito pouco. Ou só aprendemos tolices. A quem nos irá ler, desafio: abram-se, novamente, ao amor, à empatia, ao outro!
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VIVADOURO JUNHO 2022
Alijó
Feira dos Vinhos e Sabores dos Altos, em Alijó, recebeu milhares de visitantes Terminou com um balanço extremamente positivo a Feira dos Vinhos e Sabores dos Altos, que decorreu em Alijó, de 17 a 19 de junho. Durante três dias, Alijó recebeu milhares de visitantes que celebraram aquilo que de melhor se produz nesta região vitivinícola. "Fazemos um balanço extremamente positivo desta renovada Feira dos Vinhos e Sabores dos Altos, bem patente na elevada adesão de visitantes de vários pontos do País, que terá ultrapassado as 20 mil pessoas, e no grande número de vinhos em prova e em competição", sublinhou o Presidente da Câmara Municipal de Alijó, José Paredes. Mais de 40 expositores deram a provar os seus vinhos e produtos agroalimentares, numa grande ação de promoção e divulgação dos produtos do Concelho e do território. José Paredes acredita que "este evento foi o reflexo do dinamismo de toda a fileira vitivinícola do Concelho e, em especial, dos produtores dos Vinhos dos Altos, que souberam responder ao desafio lançado pelo Município de Alijó". "Focamos num novo nicho que queremos criar em Alijó, que são os designados Vinhos dos Altos. Enquanto nas cotas mais baixas encontramos vinhos já com reconhecimento mundial, que têm feito um caminho sustentável que lhes permite arrecadar uma série de prémios e distinções internacionais. Aqui, no planalto, surgem novas oportunidades para que surjam novos vinhos, mais frescos e leves, bastante aromáticos. Terrenos que estão subaproveitados ou mesmo ao abandono. È uma oportunidade que emerge para os produtores de Alijó e o mercado já começa a reconhecer o valor destes vinhos", explicou o autarca alijoense. O Presidente da Câmara Municipal destaca ainda que "a edição deste ano deixou garantias de que este é o caminho a seguir", no âmbito da estratégia de afirmação da identidade dos Vinhos dos Altos e da promoção do turismo e da gastronomia deste território de excelência.
José Paredes e Isabel Ferreira, inauguram o certame Presente na inauguração do certame esteve a Secretária do Estado para a Valorização do interior, Isabel ferreira, que sublinhou a oportunidade que os territórios têm de se mostrar com estes eventos, lembrando que o interior é hoje um território mais dinâmico e com novas oportunidades. "Estes eventos são uma oportunidade para estes concelhos do interior para mostrarem os produtos de excelência que têm, neste caso falamos do vinho, do azeite e do pão, que acabam por potenciar outros setores da atividade económica, nomeadamente o turismo, e isso é extraordinariamente importante. Atrair pessoas é um desígnio que todos temos, e para isso é importante que haja um conhecimento correto do que é o interior e os seus produtos endógenos. Hoje no interior, para além da vertente
agrícola, e Alijó é exemplo disso, temos também outras industrias, algumas de base tecnológica e de serviços, o que também diversifica as oportunidades de emprego que existem. Isto é algo muito relevante porque conseguimos fazer chegar os nossos produtos a qualquer parte do globo e, mais importante ainda, ter aqui
pessoas a trabalhar para qualquer parte do Mundo. É isso que este tipo de eventos promove. A pandemia acelerou vários processos, com as fronteiras fechadas os portugueses acabaram por descobrir mais do seu território e puderam perceber que aqui se vive com imensa qualidade de vida e com custos mais baixos. O interior é muito mais que a perceção ultrapassada na nossa cabeça". A Feira associou a promoção dos vinhos à gastronomia, harmonizando provas de vinhos tintos e brancos comentadas por especialistas com sessões de showcooking. O programa incluiu o Concurso "Escolha de Imprensa", que premiou os melhores Vinhos dos Altos, e uma demonstração de equipamentos de viticultura inteligentes.
JUNHO 2022 VIVADOURO 19
Santa Marta de Penaguião
Município atribui 31 mil euros em bolsas de estudo A cerimónia de entrega das bolsas de estudo aos alunos do ensino superior decorreu no passado dia 3 de junho, no auditório municipal de Santa Marta de Penaguião.
Durante a cerimónia de entrega, o presidente da Câmara Municipal apelou ao sentido de responsabilidade dos jovens para com o futuro do concelho. Salientou a preocupação constante do executivo municipal em garantir estabilidade profissional aos jovens frisando que tal depende, em grande parte, das decisões tomadas pelos mesmos em termos de escolha de áreas de habilitações e da sua entrega e dedicação ao concelho de origem. O alerta para o saber conhecer o concelho, o saber conhecer as suas potencialidades e o saber conhecer o seu património, foram os pontos marcantes desta entrega de bolsas de estudo de 2022.
Mais de 60 estudantes penaguienses (incluindo 8 bombeiros e 1 descendente em 1º grau de bombeiro) receberam, pelas mãos do Presidente da Câmara, um cheque individual de 500 €. Com este investimento de 31 mil euros, a Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião pretende reforçar a igualdade das oportunidades de formação e qualificação dos jovens estudantes residentes no concelho.
Penaguienses expõem as suas obras no auditório municipal Foram inauguradas no dia 03 de junho, no auditório municipal, duas exposições de pintura de artistas de Santa Marta de Penaguião. Patrícia Fonseca e Gorgi Batista aceitaram o convite da autarquia municipal e apresentaram ao público as suas obras de pintura. A exposição de Patrícia Fonseca é composta por 17 telas que vão desde o pequeno ao grande formato, trabalhos tipicamente caracterizados pelo uso intensivo da cor e a predominância do uso de óleo sobre tela. A mostra não tem uma temática concreta, contudo a pintora defende que as suas obras “refletem o seu universo, uma visão intima dos seus múltiplos mundos, que contam histórias passadas, memórias vívidas e desejos futuros. Com
uma exploração intensa do autorretrato, Patrícia, é, maioritariamente, a protagonista das suas obras”. A exposição de Gorgi Batista é composta por 24 telas caracterizadas pela pintura a óleo sobre tela e sobre madeira na qual o pintor pretende “mostrar o que de mais belo há no Douro Património Mundial. A pintura é a forma e a motivação para descrever o que me vai na alma, tendo em conta os aspetos históricos, literários e o imaginário desta paisagem única a nível mundial”. Na sua intervenção na sessão de abertura, o Presidente da Câmara enalteceu o trabalho desenvolvido pelos artistas, agradecendo a sua partilha agora patente na galeria do auditório municipal. As exposições encontram-se abertas ao público até ao dia 3 de julho.
Santa Marta de Penaguião realizou passeio sénior O Município de Santa Marta de Penaguião organizou no passado dia 15 de junho, mais uma edição do Passeio Sénior depois deste tempo de ausência por causa da Covid-19. Esta ação que já é uma tradição no concelho penaguiense é destinada a toda a população com 60 ou mais anos de idade. O Passeio Sénior de 2022 fica marcado pela alegria sentida pelos 750 idosos que puderam sair da sua rotina diária e desfrutar do reencontro entre amigos e vizinhos. Num clima de boa disposição, os idosos rumaram até Santuário de Nossa Senhora do Sameiro onde puderam tomar um pequeno-almoço em convívio e, chegada à hora do almoço, viajaram até Vila Praia de Âncora para desfrutar do almoço ofertado pelo Município penaguiense na Quinta do Cruzeiro onde não faltaram a animação e o divertimento. O passeio continuou com uma ida até à praia da Apúlia para terminar o dia com um pé de dança à beira mar e onde, mais uma vez, ficou demonstrada a jovialidade da camada mais
madura de Santa Marta de Penaguião. O agrado pelos momentos proporcionados e pela viagem promovida pela autarquia foi notória ao longo de todo o passeio relembrando os tempos pré-Covid.
A autarquia de Santa Marta de Penaguião deixa um agradecimento especial às Juntas de Freguesia na pessoa dos seus presidentes e restante executivo, Corporações de Bombeiros, enfermeiros e mo-
toristas, bem como à Câmara Municipal de Esposende e à Junta de Freguesia de União das freguesias de Apúlia e Fão pela colaboração prestada no Passeio Sénior 2022.
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Lamego
Feira Medieval afirma Lamego como destino turístico e cultural Entre os dias 10 e 12 de junho, o Município de Lamego regressou ao passado com a reconstituição histórica dos tempos de D. Afonso Henriques e as Cortes de Lamego. A Feira Medieval de Lamego reuniu dezenas de artesãos que recriaram o comércio e as artes da época medieval. A nobreza, os mestres de ofício e os servos também estiveram de volta à cidade para, animadamente, recriarem a história. O evento, de entrada gratuita, apostou na dinamização do turismo e do comércio local, contribuindo para a dinamização social e económica do concelho. O evento atraiu muitos visitantes de fora, e possibilitou que vários comerciantes e artesãos locais pudessem dar a conhecer a sua atividade e os seus produtos, estimulando a economia local, em especial das zonas históricas da cidade. O Mercado Medieval ofereceu diversas opções gastronómicas e a animação foi garantida com muita música e os curiosos jogos de destreza. A Feira Medieval de Lamego foi uma iniciativa realizada no âmbito do projeto "Agenda Cultural e Dinamização do Comércio Tradicional", cofinanciado em 85% pelo FEDER, com o objetivo primordial de dinamizar os centros históricos, em particular as áreas intervencionadas no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU).
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Armamar
Armamar recebe o selecionador nacional de futsal
O selecionador nacional de Futsal, Jorge Braz, esteve em Armamar no dia 28 de maio e foi recebido pelo presidente João Paulo Fonseca. Jorge Braz esteve no Pavilhão Gimnodesportivo Aldeias Séc. XXI a convite do Armamar Futsal Clube, tendo assistido a
um jogo a contar para a Taça Nacional de Futsal, Sub 15. O momento serviu ainda para a entrega do troféu de Campeão Distrital de Viseu, época 2021-2022. Estiveram presentes na cerimónia o Autarca João Paulo Fonseca, o Vice-Presiden-
te e Vereador do Desporto António Silva, a Vereadora da Cultura Cláudia Damião, o presidente da Assembleia Municipal Rui Dionísio e Amadeu Castro, em representação da Associação de Futebol de Viseu. Foi um momento marcante para o clube Armamarense, sobretudo para
os atletas que puderam conhecer e jogar, tendo na assistência o homem que levou Portugal aos títulos de campeão mundial e de bicampeão europeu de futsal, e que foi por quatro vezes distinguido com o título de melhor selecionador do mundo na modalidade.
Divulgada a lista de atribuição Juntos de Férias no verão das bolsas de estudo para o ensino superior
A Câmara Municipal de Armamar divulgou a lista definitiva de ordenação das candidaturas às bolsas de estudo a atribuir aos estudantes a frequentar o ensino superior. A lista nominativa respeita às 20 bolsas que a Autarquia atribuiu para o ano leti-
vo 2021/2022, um investimento de 30 mil euros, mais 10 mil que no ano letivo anterior. O processo de atribuição das bolsas foi lançado no dia 3 de janeiro deste ano. Os interessados podem consultar toda a informação na página do município na Internet.
Está de volta à Biblioteca Municipal de Armamar o programa “Juntos de Férias”, entre 1 de junho e 9 de setembro. O projeto resulta de uma parceria com a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, através da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas. O objetivo é o de incentivar o gosto pelo livro e pela leitura nos jovens entre os 10 e os 15 anos. A ideia é os jovens elegerem para leitu-
Saúde Drive-In já está no terreno O Município de Armamar, em articulação com a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários e a Unidade de Cuidados na Comunidade Terras do Douro, colocou no terreno uma viatura que funciona como Unidade Móvel de Saúde. Após um mês de estrada, e depois de cerca de 350 pessoas atendidas nesta unidade móvel, pode fazer-se um primeiro balanço muito positivo da iniciativa. Com este projeto, as entidades envolvidas procuram descentralizar o acesso da população com maior fragilidade aos cuidados de saúde, realizando rastreios, promovendo a literacia em saúde, e auxiliar os cuidadores informais que existem na comunidade. O Saúde Drive-In é um dos três projetos aprovados por entidades do concelho de Armamar ao Programa Bairros Saudáveis. Recorde-se que a nível nacional foram admitidas 750 candidaturas e aprovadas 232.
ra uma publicação, de entre um conjunto de livros recomendados pelo PNL2027 para os jovens. Depois disso participam dos jogos propostos numa aplicação para dispositivos Android e IOS. Quem obtiver a pontuação máxima fica habilitado a um prémio. Os livros elegíveis já estão disponíveis para ser requisitados na Biblioteca Municipal.
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VIVADOURO JUNHO 2022 VivaDouro, 22 de junho de 2022
CARTÓRIO NOTARIAL DE AROUCA EXTRACTO ---------- Eu, abaixo assinada, Maria Angelina Gonçalves Teixeira Cardoso, Colaboradora, devidamente autorizada pela Notária, Licª. Maria de Lurdes Carvalho Martins da Silva, sito na Rua Dr. Ângelo Miranda, Edifício Jardim nº 84, no uso das competências que lhe foram atribuídas e publicadas no sitio da Ordem dos Notários, em vinte e nove de maio de dois mil e dezanove, certifico, narrativamente, para efeito de publicação, que foi lavrada neste Cartório, no dia 01 de junho de 2022, a folhas 100 e seguintes do livro de notas para escrituras diversas nº. 146 - L, uma escritura de justificação, na qual FERNANDO MANUEL DE SOUSA ROCHA, e mulher ILDA DA CONCEIÇÃO COSTA PEREIRA, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, naturais ele da freguesia de Burgo, concelho de Arouca, e ela da freguesia de Adorigo, concelho de Tabuaço, residentes na Rua Dr. Joaquim Pinho Brandão, nº 5, união de freguesias de Arouca e Burgo, concelho de Arouca.---------- DISSERAM: ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- Que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do seguinte:----------------- Prédio urbano, composto de arrecadações e arrumos, sito no lugar de Lobata, freguesia de Adorigo, concelho de Tabuaço, com a área coberta de noventa e nove vírgula dezasseis metros quadrados, a confrontar de todos os lados com Fernando Manuel de Sousa Rocha, omisso na Conservatória do Registo Predial de Tabuaço, inscrito na matriz sob o artigo 545;----------------------------------- Que são donos do identificado prédio, por efeito da venda que lhes foi feita por José Cândido Lima Pereira e mulher, Maria de Lurdes da Costa Fernandes, entre si casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes na Rua Dr. Joaquim Pinho Brandão, nº 5, na vila de Arouca, posse essa iniciada no ano de dois mil e um, já no estado de casados entre si;--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Que desde logo entraram na posse e fruição do dito prédio, em nome próprio, posse que foi adquirida e mantida sem violência e sem oposição, ostensivamente, com conhecimento de toda a gente, com aproveitamento de todas as suas utilidades, segundo os seus destino e fim, colhendo dele todos os frutos que empregaram sempre em seu proveito próprio, nomeadamente armazenado alfaias agrícolas, pipos, palha, lenha, e produtos agrícolas de longa duração, cuidando das estremas, agindo de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. ------------------------------------------------------------------------------------------------------- Que essa posse, em nome próprio, pacifica, contínua e pública há mais de vinte anos, conduziu à aquisição por usucapião do dito prédio, que para os seus representados invoca, justificando o seu direito de propriedade para efeitos de registo predial;---------- Cartório Notarial de Arouca, um de junho de dois mil e vinte e dois.---Colaboradora. __________________________________________________ ---------- Maria Angelina Gonçalves Teixeira Cardoso Inscrita na Ordem dos Notários sob o numero 115/5 Conta registada sob o nº C-830 Emitido recibo
Desde 1980
The Romantic Tavern tlm: 933788570
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Região
DOURO será Cidade Europeia do Vinho em 2023
O Douro venceu, em Bruxelas, a candidatura “Cidade Europeia do Vinho 2023”. A região, Património da Humanidade, será assim uma referência europeia no vinho, na vinha, na cultura e na celebração harmoniosa entre a natureza e a obra secular realizada por gerações de durienses. “All Aroud Wine, All Around Douro" foi o lema da candidatura do Douro a Cidade Europeia do Vinho 2023, "que orgulhosamente assumimos como um desiderato primordial na garantia do presente e do futuro do nosso território”, afirmou o Presidente do Município da Régua, José Manuel Gonçalves, no início do discurso de apresentação. "Esta candidatura é um dos maiores desafios coletivos que o Douro já assumiu em toda a sua História, materializando o desejo e o pulsar de toda uma região. Nesta candidatura materializamos também a vontade de um território que é, segundo Miguel Torga, "a realidade mais séria que temos" em Portugal. Uma realidade que é "um excesso da natureza", construída com sangue, suor e lágrimas derramados por gerações de durienses. Foram múltiplas as razões para que a grande região do Douro tivesse vontade de assumir a missão de ser Capital Europeia do Vinho 2023. Com esta vitória acalentamos o desejo legítimo de que o Douro, um grande contribuinte das exportações nacionais, faça do vinho e da vinha uma alavanca concreta e real para o desenvolvimento da sua economia e riqueza de quem aqui vive e trabalha. O Douro não questiona o que o país pode fazer por nós, mas afirma a sua disponibilidade para continuar a trabalhar por Portugal. E é nesta incansável missão que estendemos as raízes da nossa autêntica e
legitima ambição". Durante o seu discurso o autarca lembrou ainda que "sendo uma região Património da Humanidade, produtora dos vinhos do Porto e dos DOC Douro, a falta de equilíbrio dos custos de produção face aos valores granjeados com as vendas, impede que esta região conheça a sustentabilidade económica geradora do crescimento e do desenvolvimento. O Douro é uma região que atravessa um momento difícil, cujos custos de produção de vinho são os mais elevados do País, fruto da orografia das vinhas e agravado pelo aumento dos preços dos produtos indispensáveis à viticultura". José Manuel Gonçalves lembrou ainda que esta candidatura é importante para uma maior afirmação da região no Mundo, depois de séculos centrada em si mesma. "Hoje o Douro, território de paisagens carismáticas com alma e atitude, com o seu aprazível rio navegável, tem a ambição legítima de trazer o Mundo ao Douro. E será esta descoberta do Douro, esta vivência do Douro in situ que trará mais valias ao que produzimos, ao que aqui criamos, ao nosso vinho, à nossa vinha, à nossa gente. Esta é uma oportunidade para promovermos o enoturismo, para podermos receber condigna e amplamente os visitantes, para mostrarmos o vinho como elemento estratégico e essência da nossa atividade económica. O Douro, património consagrado e aclamado à escala mundial, está preparado para o desafio. Um desafio que passa pelo crescimento turístico, assente no vinho, na vinha, na paisagem e no património". Já após a atribuição da designação, o autarca reguense esteve à conversa com o VivaDouro, reafirmando a importância desta designação para o futuro da região, sendo uma oportunidade para gerar mais
valor na região. “Era uma ambição que definimos para o território que, no âmbito da CIM Douro, trabalha cada vez mais em rede, e foi com essa rede que apresentamos esta candidatura a Cidade Europeia do Vinho 2023. É mais uma oportunidade que teremos de afirmar e potenciar o nosso território, criar dinâmicas para trazer gente e continuar a abrir o Douro ao Mundo, criando valor acrescentado. O Douro deve ser remunerado de acordo com a qualidade que os nossos vinhos apresentam, mas também com as dificuldades em termos de produção e da manutenção deste património. É reconhecido por todos que hoje temos um desequilíbrio entre a qualidade que apresentamos e o valor que o nosso produto tem. Temos de acrescentar valor em prol de uma melhor qualidade de vida para os mais de 20 mil produtores que a região tem. Estou convencido que a 31 de dezembro de 2023 vamos dar por bem empregue o investimento que estamos a fazer nesta candidatura”. Quanto aos planos para o próximo ano, José Manuel Gonçalves explica que a candidatura "tem desde logo três linhas orientadoras. Uma que passa pela produção de
conteúdos e promoção em todo o Mundo; em segundo olhar para tudo o que já fazemos no território e aliar a esses momentos o vinho, potenciando esta marca e, finalmente, olhar para os 19 municípios de modo a criar uma complementaridade de eventos de forma a que nas 52 semanas que o ano tem, nós possamos ter eventos relacionados com o vinho de forma permanente no território. Um desafio que vamos ter é compaginar aquilo que é o vinho com o património e a paisagem, mas também a cultura, e toda uma panóplia de interações que podemos potenciar". Gilberto Igrejas, Presidnete do IVDP, vê também na atribuição desta designação uma oportunidade "para divulgar a imagem das nossas duas DOP, Douro e Porto”. O presidente do organismo que gere a vitivinicultura da região sublinha ainda "a união do território com as entidades públicas e os agentes económicos de natureza privada". “Sabendo de tudo isto, sabendo deste território que temos, desta força motriz que são os autarcas, todos imbuídos do mesmo espírito, o certame só tem porque correr bem e o ano tem tudo para ser excelente e espero que assim venha a ser”, conclui.
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VIVADOURO JUNHO 2022
S. João da Pesqueira
ESPRODOURO debateu o Douro em iniciativa de sucesso No âmbito do seu projeto integrador, a ESPRODOURO organizou, no passado dia 18, o II Congresso Internacional de Aprendizagem Eficaz e o III Festival Enogastronómico. O II Congresso Internacional de Aprendizagem Eficaz, subordinado ao tema “(Re) Criar o Futuro do Nosso Douro!”, foi composto por 4 painéis de debate, contando com ilustres referências nacionais. Cada orador foi desafiado a apresentar 3 ideias, 5 problemas e 7 soluções para a região duriense. Durante a manhã, decorreu no auditório do Cineteatro de São João da Pesqueira, uma palestra sobre os desafios da Educação e Sociais. Será que deveremos trazer novos residentes para o Douro? Será que a educação deve mudar? Será que o ensino superior deve vir até ao Douro? Foram estas algumas das questões que se pretenderam ver debatidas com figuras de referência. A Feira Enogastronómica ESPRODOURO, serviu de palco a mais de 15 produtores que apoiam a escola para a mostra dos seus vinhos e produtos da região. Nesse mesmo palco, no recinto da ESPRODOURO, decorreram mais dois painéis do congresso, desta feita sobre o futuro da Gastronomia e do Vinho/Vinha na região do Douro. Quais são os novos desafios de comida? Agora que todos apostam na comida da região, como inovar? E os vinhos, como vencer o problema da água ou do terreno? Será que devemos aprender a vender o preço, em vez de vender pelo preço? Um debate acompanhado por um copo de provas e provas de miminhos gastronómicos realizados pelos alunos da instituição de ensino. O terceiro momento deste dia foi o Festival Enogastronómico, que também decorrereu no recinto da ESPRODOURO, com um painel de provas de vinhos a concurso, onde foram eleitos os melhores vinhos em três categorias: branco, tinto e Porto. Este painel, constituído por provadores das marcas presentes, provadores convidados e presidido pelo Presidente do IVDP, assim como por um grupo de apreciadores de vinho não especialistas, disseram de sua justiça qual o melhor vinho na
Na foto: José Luís Rodrigues, Carla Alves, Gilberto Igrejas e Fernando Rodrigues sua opinião. Estas provas foram realizadas bem ao estilo antigo do Douro, com uma surpresa reservada para o dia. O festival terminou com um momento reservado a convidados, o Jantar EnoGastronómico ESPRODOURO, que contou com sete momentos de harmonização feitos por sete enólogos, cinco pratos elaborados por cinco Chef’s e três momentos musicais. Durante o jantar foram entregues os prémios dos melhores vinhos a concurso e apresentado o trabalho dos alunos com testemunhos das empresas sobre o desempenho dos mesmos. No final, em declarações ao nosso jornal, José Luís Rodrigues, vereador autárquico e Presidente da Asdouro, gestora da Esprodouro, mostrava-se satisfeito com o resultado, salientando o trabalho que a escola tem feito no concelho, bem como o esforço dos alunos na realização deste evento. “Este evento insere-se num processo de
afirmação e consolidação da imagem da Esprodouro, no contexto local e regional. É um percurso que, durante o nosso mandato, leva já cinco anos. Quando cá chegamos encontramos uma situação verdadeiramente calamitosa e tem sido muito gratificante assistir ao processo de renovação desta instituição, olhando para o futuro. Crescemos em número de turmas de cinco para oito, apesar do surto pandémico. À chegada tínhamos um orçamento de cerca de 700 mil euros, hoje já ultrapassa o milhão e trezentos e cinquenta mil euros. Temos neste momento 30 alunos dos PALOP e uma residência para os alunos estrangeiros. Já conseguimos o selo EQAVET, um selo de qualidade europeu. Temos o Erasmus+, que permite que os alunos façam o seu estágio em contexto internacional. É um processo de crescimento da instituição. Este evento também se insere nesta estratégia, tudo o que aqui está foi feito
pelos próprios alunos, é significante do foco e da união que esta direção e nomeadamente o diretor, Fernando Rodrigues, conseguiu impor na instituição. Se o futuro da região Demarcada do Douro passa pelo turismo e pelo enoturismo, esta escola está focada exatamente nisso, é um fornecedor de mão de obra para a região em estabelecimentos de referência. O facto de haver alunos que frequentaram esta instituição e que hoje estão em estabelecimentos de restauração e hotelaria de excelência, é também um fator de prestígio, é também uma mola no processo de crescimento desta escola". Por seu lado, Fernando Rodrigues, diretor da ESPRODOURO, sublinhou também o trabalho dos alunos na realização do evento e destacou o papel destes no desenvolvimento da região, através dos cargos que vão ocupando em unidades hoteleiras e de restauração um pouco por todo o Douro. "Este festival, qua contou com cerca de 130 convidados, foi todo ele desenvolvido pelos nossos alunos, desde os de eletrónica que pensaram em toda a iluminação e sistema de som, aos alunos de comunicação e serviço digital que geriram todo o evento e a sua comunicação, passando ainda pelos de restaurante/bar que serviram às mesas ou pelos de cozinha e pastelaria que realizaram os pratos, sem esquecer também os alunos de saúde que estiveram de prevenção caso alguém precisasse desse tipo de apoio. Mesmo os alunos de viticultura tiveram o seu papel, no fundo foram eles que plantaram as vinhas que hoje circundam a nossa escola. Este é o melhor sinal que uma escola pode dar, quando toda a gente é envolvida no processo. Muitos dos quadros dos melhores hotéis e restaurantes da região são formados por nós. Sem uma escola de excelência como a nossa, com o rigor com que nós trabalhamos, seria impossível vender o Douro com a qualidade que se vende. O que queremos com este evento é mostrar a capacidade dos nossos alunos, aquilo que conseguem fazer, é isso que faz sentido para nós. Para mim isto é a representação maior do que pode ser um trabalho bem feito para o nosso Douro.
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Carrazeda de Ansiães ARCPA promove concurso de poesia‘Um poema para a paz!’ Avisam-se os interessados que a ARCPA está a promover um concursos de Poesia, subordinado ao tema: "Um poema para a Paz!". Este concurso, cujo prazo decorre até dia 15 de Julho, tem duas modalidades Juvenil e Infantil, e está inserido nas atividades do FARPA 2022. O Regulamento, Prémios e a Ficha de Inscrição encontram-se disponíveis nos seguintes locais: Sede da ARCPA, em Pombal de Ansiães, Site da ARCPA, Secretaria da Câmara Municipal e Biblioteca da Escola EB 2,3 + Sec. de Carrazeda de Ansiães
Abertura das Caldas de S. Lourenço
A Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães informa que, desde o dia 20 de Junho de 2022, as Caldas de S. Lourenço se encontram em funcionamento. Os interessados devem dirigir-se à Câmara Municipal (GAM - Gabinete de Apoio ao Munícipe) ou no site www.cm-carrazedadeansiaes.pt a fim de obter o impresso e efetuar a respetiva inscrição. Também podem proceder à inscrição através do telefone: 278 669 041, ou no Balneário Termal. A Câmara Municipal disponibiliza transporte a partir dos Paços do Concelho.
Sistema de uso partilhado de bicicletas elétricas disponível na Porta de Entrada do Vale do Tua
O Município de Carrazeda de Ansiães, inserido num conjunto de políticas públicas de planeamento e desenvolvimento sustentável elaborou uma candidatura que teve como objetivo a requalificação do núcleo urbano de Foz-Tua. Neste âmbito, foi também criado o Sistema de Uso Partilhado de Bicicletas Elétricas que inclui um equipa-
mento destinado a permitir a utilização temporária de bicicletas de uso partilhado, na área da aldeia de Foz-Tua, disponíveis na Porta de Entrada do Parque Natural Regional do Vale do Tua de Carrazeda de Ansiães, de quarta a domingo das 12h00 às 18h00. Consulte o regulamento e formulários no site do Município.
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VIVADOURO JUNHO 2022
Opinião
Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
Que o vinho seja o motivo e as pessoas o objetivo! Reiteradamente, fui trazendo para a opinião, a ideia de cidade conceptual e simbólica. Primeiro para o Douro Sul, e, depois, para o Grande Douro. Um conceito de Cidade, que una Aldeias, Vilas e Cidades, capaz de dar escala e força às nossas Terras, vazias de gente, mas cheias de potencialidades. Eis que o Douro encontrou um primeiro motivo para se fazer Cidade - o Vinho! O Douro será Cidade Europeia do Vinho em 2023. O acontecimento está bem entregue, à CIM Douro. A Comunidade Intermunicipal é, sem qualquer dúvida, a síntese da vontade dos 19 municípios. Mas, certamente, todos os municípios serão motor para esta concretização que se deseja com fortes impactos. Impactos não só económicos, não só de dinamização dos vinhos e de outros produtos da região, não só da atividade turística, mas, fundamentalmente, na valorização das PESSOAS! Bem sei que serão os rostos humanos
Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Maria João Pires Técnica de Saúde Ambiental
SECA: Riscos para a Saúde Em Portugal, vivemos neste momento um período de seca, que tende a agravar-se se continuarmos com a fraca precipitação que se tem verificado até ao momento. Para além de todos os problemas de caracter económico que advêm da seca, esta pode também acarretar consequências em termos de saúde. Uma situação de seca envolve riscos acrescidos para a saúde de determinados grupos de pessoas mais vulneráveis, como as grávidas, as crianças, os idosos, os portadores de doenças de doenças crónicas, as pessoas que vivem em deficientes condições de habitação e pessoas que, ao viver em comunidades rurais podem desenvolver situações de depressão, graças à perda de bens associados à agricultura. Estes riscos para a saúde estão principalmente relacionados com a perda
que fizeram e fazem o Douro que estarão no centro deste acontecimento inédito e muito relevante. Será, naturalmente, um acontecimento multigeracional. As crianças serão envolvidas para aprenderem a fazer o futuro da região. Os jovens participarão num grande movimento de empreendedorismo que fixe pessoas e dê sustentabilidade à região. Os mais velhos não serão esquecidos e serão a cultura viva e sabedoria da região. Para a história ficará: o facto da candidatura ser de todo o Grande Douro, (há pessoas que por isto já ganharam o seu lugar na história desta nossa região); o envolvimento ativo na concretização das ações de toda a região, sem exceção; a participação intergeracional; os resultados na economia; o aumento da notoriedade do território; e, no topo da importância, estruturado um novo projeto de desenvolvimento humano da Cidade do Douro, prevendo, entre outras coisas, cuidados e amparo para os mais velhos e soluções de futuro para os mais novos. No final de 2023 teremos o fim do Douro como Cidade Europeia do Vinho. Mas não quero ter dúvidas. Teremos consolidado o Douro como Cidade, do vinho, da maçã, do azeite, e, principalmente, a Cidade da humanização! O Douro já é Cidade!
de qualidade da água para consumo humano, para higiene pessoal e para preparação de alimentos. Em situação extrema podem surgir doenças associadas ao aumento de insetos e roedores, o acréscimo das doenças alérgicas e o agravamento de ocorrência de incêndios. Tendo em conta todos estes riscos é fundamental que se tomem algumas precauções importantes, que podem ser mais ou menos exigentes dependendo do sistema de abastecimento ser da rede pública ou sistema alternativo. Quando se trata de Sistemas de Abastecimento Público é necessário que se tenha em atenção as recomendações dos responsáveis pela distribuição da água e possíveis avisos da Autoridade de Saúde Local. Quando o abastecimento de água é proveniente de um sistema alternativo (poços, furos, fontanários), os cuidados devem ser acrescidos, nomeadamente: - Ferver a água 10 minutos antes de consumir ou desinfetar a água com produtos à base de cloro; - Armazenar a água em recipientes próprios, corretamente tapados e para consumo apenas em 24 horas. Estas medidas ajudam a prevenir possíveis complicações para a saúde decorrente do consumo de água que poderá estar com a sua qualidade comprometida devido à seca.
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30 VIVADOURO JUNHO 2022
Opinião
João Barroso - Vice-Reitor para a Inovação, Transferência de Tecnologia e Universidade Digital - UTAD
O conceito de “living lab”, ou “laboratório vivo”, refere-se à inovação e desenvolvimento feitos numa plataforma ou ecossistema aberto, muitas vezes caracterizado por uma área territorial e por alianças público-privadas que exploram contextos territoriais únicos para investigar e desenvolver serviços e produtos. Facilimamente podemos olhar para o Douro como um imenso laboratório vivo, onde podem ser desenvolvidas atividades de investigação e desenvolvimento (I&D) relacionadas com a fileira do vinho e da vinha. Nesta perspetiva, o Douro pode ser o berço de muitos produtos e serviços inova-
António Cunha Presidente da CCDR-NORTE
A emoção da Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCC) da FIA está de volta, com uma edição que será certamente especial. Não só porque marca o regresso desta importante prova do automobilismo mundial, interrompida durante dois anos pela pandemia de Covid-19, mas também porque em 2022 se dá o regresso da etapa portuguesa à Região Norte e ao Douro. O município de Vila Real será novamente palco deste evento, integrando o 51.º Circuito
Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)
Um pouco por toda a Região Demarcada do Douro sucedem-se festivais com a finalidade de promover os vinhos da região, dando a conhecer os seus novos perfis, a imensa variabilidade de harmonizações e os momentos de consumo, capacitando os profissionais de hotelaria e restauração e captando novos wine lovers para a vertente turística que mais cresce no País – O ENOTURISMO. Apesar da forma notável como o setor soube reinventar-se e readaptar-se às restrições ditadas pela pandemia,
Um laboratório vivo, do Douro para o mundo dores que, aqui desenvolvidos e consolidados, podem ser transferidos e economicamente valorizados por esse mundo fora. As áreas temáticas para desenvolver estas atividades de I&D podem, num primeiro olhar, parecer óbvias e algumas estão já em andamento, como turismo, maquinaria agrícola, produtos subsidiários da atividade vitivinícola, técnicas agrícolas, etc. Porém, o verdadeiro poder de um “living lab” está no estabelecimento de uma plataforma aberta, em que a imaginação e o poder de iniciativa das pessoas encontram condições para serem testados, permitindo que de ideias se passem a serviços e produtos com grande potencial para serem transferidos para outros mercados. E será desta forma que o Douro, para além da região vitivinícola e dos benefícios diretos que nos proporciona, pode
ser algo muito maior, consubstanciado numa verdadeira máquina produtora de investigação, de produtos e de empresas. E por onde começar? Na verdade, já muito se faz no Douro pelos diversos atores da região. No entanto, este ecossistema de laboratório vivo tem de assentar numa aliança forte entre todos os atores, centrada num sistema de inovação. Vejamos por onde outros avançaram. Há dias, em conversa com um amigo, emigrante na Suíça, falávamos sobre a falta de mão de obra no Douro. Reportou-me que também naquele país há falta de mão, “mas existem máquinas para tudo”. Sendo o cultivo da vinha na Suíça um verdadeiro desafio, os helvéticos partiram dos seus problemas para criarem soluções que hoje exportam para o mundo. Não é à toa que lá se produzem as melhores máquinas para tra-
balhos agrícolas na montanha. É facto que na Suíça não se reconverteu a vinha para a adequar às máquinas. Ao invés, criaram-se máquinas adequadas às vinhas de montanha, pulverização por helicóptero e, mais recentemente, por drones, até ao uso de tratores e acessórios adequados à vinha estreita em encosta. Em contexto semelhante ao Douro, existem outras regiões, por exemplo em Itália e em França, onde se criaram soluções que hoje são líderes na maquinaria e acessórios agrícolas. O caminho pode ser este: olhar para os nossos problemas e criar as nossas soluções. Temos todas as condições para dar vida a este conceito de laboratório vivo, com a aliança forte entre os atores, com instrumentos financeiros e com infraestruturas de apoio. Do Douro para o Mundo.
O Douro no mapa-mundo dos grandes circuitos de turismo Internacional de Vila Real. Depois de França, Alemanha, Hungria e Espanha, é com especial entusiasmo que vemos o calendário do WTCC chegar, em julho, a Portugal e, em particular, ao Norte do país. Depois, continuará pelos circuitos de Itália, Alsácia, Coreia, China e Macau. Com a certeza de que todos estes locais e culturas aportam algo de especial e positivo a esta prova, é aqui, no coração do Douro, que está o único circuito que coloca no mapa uma região vinhateira Património Mundial. Afinal, não só de asfalto se faz uma grande corrida. O nosso circuito assume uma dimensão simbólica, muito para além da pista, que o torna único e o coloca no mapa dos grandes circuitos mundiais. O
regresso desta prova à nossa Região afigura-se, por isso, uma excelente notícia para nós que a recebemos, mas também para a organização do WTCC, que terá o privilégio de voltar a organizar um evento num destino tão especial. As vantagens do acolhimento de grandes eventos são diversas. Durante estes dias, largos milhares visitarão o Alto Douro Vinhateiro, não apenas consumindo serviços, mas também difundindo a imagem do destino internacionalmente. Se, por um lado, o impacto económico direto do evento é fundamental, não menos significativo é, por outro, o impacto indireto de notoriedade gerado pelas transmissões internacionais em várias cadeias televisivas, com um alcance que ultrapassa os
milhões de telespetadores. O investimento que tem sido feito na Região Demarcada do Douro – não só em infraestruturas de mobilidade e turismo, mas também nas dimensões humanas ligadas à cultura, à ciência, à educação e à formação – justifica uma estratégia de comunicação deste território como uma oportunidade para visitar, mas também para viver e investir. A mensagem central da recente celebração dos 20 anos do Alto Douro Vinhateiro Património Mundial vai nesse sentido. Estou certo de que a corrida de Vila Real não consagrará apenas um piloto. Será também uma grande vitória para o Douro, para a Região Norte e para Portugal.
Douro no rumo da excelência nada melhor que o contacto direto, por inerência mais empático, para mostrar o que de melhor se faz na região em termos de vinhos, mas também de outros produtos endógenos que fazem parelha perfeita com esses mesmos néctares. No Douro Wine City, na Régua, ou na VinDouro, em São João da Pesqueira, no mês de setembro, o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P., marca presença significativa com provas comentadas por alguns dos seus profissionais mais distintos, numa degustação que põe todas as sensações à prova, ao mesmo tempo que convida à descoberta da história de uma região e de como ela é transportada para um copo de vinho. O crescente número de participantes e visitantes mostra-nos como os vinhos da região estão no top of mind dos consumi-
dores, gozando de grande notoriedade e visibilidade e posicionando-se num patamar de produtos de excelência. O vinho tem este potencial de arrasto. Permite dar a conhecer outros produtos que ancestralmente marcam a história do território e que estão traduzidos na forma como muitos chefs de cozinha têm sabido usá-los para proporem casamentos enogastronómicos perfeitos. O caminho para a valorização da região, aquele que oferece uma experiência 100 por cento autêntica, é mesmo este. Facultar a quem visita a Região Demarcada do Douro uma imersão no ser e estar do Douro, tornando o visitante, por alguns dias, um autêntico duriense, com os seus padrões culturais, os seus hábitos gastronómicos, o seu modus vivendi. Daí que seja fundamental conti-
nuar a fazer uma grande sensibilização em direção à valorização dos produtos de denominação de origem protegida, em detrimento dos produtos a granel, marcando a diferença pelo valor do produto. Nesse sentido, iniciativas como as que foram mencionadas são importantes para qualificar os profissionais de hotelaria, habilitando-os a saber servir o vinho nas melhores condições, saber fazer recomendações e saber contar a história do vinho e do território. O turismo no Douro precisa do vinho e o vinho precisa do turismo para se darem ainda mais a conhecer, sem que haja qualquer descaracterização, rumo à diminuição da pegada ambiental do turismo e de mão dada com a sustentabilidade social e ecológica.
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Lamego
ESTGL uma escola mais tecnológica e mais próxima da comunidade Nos últimos anos assistimos a uma explosão de tecnologias de informação que tem vindo a alterar os paradigmas da sociedade. Ao mesmo tempo assistimos também a uma evolução significativa no ensino superior politécnico na região do Douro, com a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL) a ajustar-se à realidade, com uma forte aposta nas novas tecnologias, nomeadamente na renovação da parceria com a Softinsa/ IBM que permitiu ter em 2021 a primeira edição do CTESP em Tecnologias de Programação em Sistemas de Informação e, já em 2022, a criação de um CTESP de Cibersegurança e Telecomunicações em parceria com a Deloitte, bem como a aprovação de um mestrado em Tecnologias de Informação e Automação. Na criação destes novos cursos estiveram envolvidas inúmeras empresas e instituições de referência, que contribuíram para a sua construção e que garantem estágios em contexto de trabalho. Outra iniciativa de proximidade, a par da descentralização de formações de ensino superior para os concelhos de Sernancelhe e de Moimenta da Beira,
como nos refere o Presidente da ESTGL, Miguel Mota, é o roadshow pelas escolas, que teve início no mês de junho, com o objetivo de aproximar a ESTGL da comunidade escolar, divulgando a sua oferta educativa nas escolas dos Distritos de Vi-
seu, Vila Real e Porto e ao mesmo tempo, conhecendo a realidade destes estabelecimentos de ensino. Este conhecimento da região permite, segundo o seu Presidente, crescer e tornar a ESTGL num estabelecimento de
ensino superior ainda mais dinamizador da Economia Local, ambicionando criar um Centro de Inovação Tecnológica em parceria com empresas/instituições com as quais já há protocolos e parcerias firmadas.
FESTIVAL
REGRESSA A TORRE DE MONCORVO DE 24 A 26 DE JUNHO O Festival do Solstício é celebrado através de um caldeirão artístico, cultural e ambiental, no centro da vila, e que une as gerações, as comunidades e a natureza. Durante três dias decorrem atividades, espetáculos, oficinas, desfiles, performances, workshops, animação infantil e visitas orientadas, ligadas ao meio ambiente e à temática das artes e ofícios tradicionais. Não faltarão as recriações de celebrações do Solstício de Verão dirigidas a todas as idades e repletas de atividades em família. Em comunhão com o Ambiente, o festival proporciona ao público a oportunidade para expandir a criatividade crescer com fantasia, arte, ciência, magia, saindo da caixa proverbial. Destaque para o desfile do Solstício, que se realiza no dia 24 de junho, com início no Centro Escolar e término no Jardim Dr. Horácio de Sousa e para as várias oficinas como facepainting, ateliers do mundo da fantasia, oficina CIARA – uma viagem ao sabor, oficina da água, oficina de resíduos, atelier 3R’s e oficina da natureza. Inserido no Festival do Solstício está o Mercado do Sol que decorre nos dias 24, 25 e 26 de junho, na Avenida Eng. Duarte Pacheco, e coloca à disposição dos visitantes vários produtos regionais e artesanato. De realçar os vários atelieres relacionados com as artes e ofícios, nomeadamente de sabão artesanal, de velas, de olaria e de cestaria. Durante os três dias acontecem outras atividades como street art (flores de Constantino, Rei dos Floristas), animação com insufláveis, espetáculo de magia e ilusionismo, teatro, estátuas vivas, hora do conto, exposições, atividades escutistas, concerto para bebés, defesa urbana e fit dance. Além de toda a animação o festival conta com vários espetáculos e concertos, no dia
24 de junho com a atuação da Escola Municipal Sabor Artes e a Escola de Rock de Paredes de Coura, espetáculo de fogo e a atuação de DJ. No dia 25 de junho realiza-se e um concerto com CUCA ROSETA e um espetáculo de fogo. No dia 26 de junho, e como forma de despedida do festival, tem lugar uma Festa da Espuma e animação com DJ.