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Ano 7 - n.º 91 - SETEMBRO 2022 | | Diretor: Miguel Almeida | Dir. Adjunto: Carlos AlmeidaPreço 0,01€ Mensal Visite-nos em: www.vivadouro.org E-mail: geral@vivadouro.org

Feira da Maçã 2022

O Município de Armamar está a preparar a décima quinta ediçãoda Feira da Maçã que vai acontecer entre os dias 14 e 16 de outubropróximo.

Este certame é de capital importância para Armamar, para a regiãoduriense e para o País.

Apesar das dificuldades que resultam da nossa interioridade, os Armamarenses sãogente de trabalho, lutadores e resilientes, enfrentam as adversidades e transformam-nas em desafios. É com muito orgulho que registo os resultados da atividade agrícolano município. O setor primário domina claramente a atividade económica de Armamar,fixa os nossos jovens que se “agarram à terra” e dela colhem frutos.

Nas últimas décadas Armamar afirmou-se pelos seus recursos endógenos e peloque os Armamarenses fizeram e fazem para os aproveitar. Falar de Armamar éfalar da maçã de montanha, dos vinhos Doc Douro, Porto e Távora Varosa e, maisrecentemente, também já se fala da nossa cereja, uma aposta mais recente dos nossosagricultores.

Armamar é terra fértil também em património: o histórico, com testemunhos inegáveisda antiguidade do povoamento deste lugar; o paisagístico, com a beleza arrebatadorada região Duriense e; acima de tudo, o património humano, porque as nossas gentestêm orgulho em preservar as nossas tradições e costumes, cientes que é do passadoque colhem os ensinamentos para continuar a projetar o futuro.

Na Autarquia continuo empenhado em apoiar o nosso tecido económico, social, culturale as nossas crianças e jovens em todas as ações, projetos e iniciativas. Armamarprecisa do envolvimento de todos para alavancar o seu potencial de desenvolvimento,promover a fixação das pessoas, desenvolver projetos e ser reconhecida como umaterra onde é bom viver e investir.

A Feira da Maçã serve todos estes propósitos. É a nossa montra, o nosso portfólio,com as evidências do que temos de bom e do que fazemos bem.

Visite Armamar! A Feira da Maçã é feita a pensar em si!

Cordialmente, João Paulo Fonseca

Presidente da Câmara Municipal deArmamar

Setembro 2022

Mensagem do Presidente da Câmara Municipal
PUB Visite-nos em: www.vivadouro.org - E-mail: geral@vivadouro.org Ano 7 - n.º 91 - setembro2022 | | Diretor: Miguel Almeida | Dir. Adjunto: Carlos AlmeidaPreço 0,01€ Mensal > Págs.18/19 Expodemo “Este é o melhor evento do país” afirma: Vindouro Marcelo Rebelo de Sousa Págs. 16/17 Manuel Cordeiro “Tenho uma equipa de quem tenho total lealdade, e isso não tem preço”. > Págs.12/13 Em política não há certezas e não se deve esperar gratidão ou reconhecimento. CAVACO SILVA EM ENTREVISTA Expodemo regressou com mais dias e muita animação > Págs.20 à 22

Economista e

A política faz-se com as pessoas e para as pessoas. Os exemplos de polí ticos de cariz nacional que preferem estar com as pessoas reais em vez de privarem com alguns privilegiados têm sido poucos. Claro que quando falamos de políticos de uma região ou de um município há um contacto real com as pessoas e é normal que um vereador ou até mesmo um presidente de cama ra tenha muita interação com pessoas do povo em geral; tendo uma perceção bem concreta das questões que podem afetar os seus eleitores.

Mas políticos com dimensão nacional raramente o têm. E, mais grave, rara mente fazem por ter essa perceção; pois nas oportunidades em que poderiam ouvir os problemas reais e concretos fe cham-se nos seus círculos íntimos e rece bem; por isso; informação filtrada como convém a este ou àquele assessor.

Recentemente tive oportunidade de apreciar um momento muito alto do nosso Presidente da República Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa que, num evento em que estava previsto que jan tasse pelas 19:30 com um conjunto de convidados especiais preferiu, cons ciente e perfeitamente conhecedor das consequências, estar na parte pública do evento; a interagir e falar com as pessoas. O referido jantar iniciou-se pelas 22:00 porque o nosso presidente fez as suas opções. E surpreende que o povo tenha uma enorme ligação emo cional com o presidente?

Um político nacional recentemente eleito para líder do seu partido prome teu, na sua campanha, que iria viver uma semana em cada distrito do país; procurando estar com as pessoas e per ceber os problemas específicos de cada região. Começou a cumprir essa pro messa esta semana e com excelentes resultados mediáticos.

São estas as iniciativas que fazem com que as pessoas se aproximem dos polí ticos. São as ações que definem os po líticos e as pessoas cada vez mais vêm as ações e não tanto as palavras. Não adianta os políticos acharem que as pessoas os vão perceber e escolher em função do que dizem. São os políticos que saem dos gabinetes e se expõem às pessoas que vão perceber melhor os problemas e dificuldades e só per cebendo os problemas se podem cons truir soluções.

E os bons exemplos devem ser segui dos.

SUMÁRIO:

Destaque Páginas

Peso da Régua Página

Mesão Frio Página

Santa Marta de Penaguião Página

Armamar Página

Entrevista Autarca Páginas

Lamego Página

Sabrosa Páginas

S. João da Pesqueira Páginas

Moimenta da Beira Páginas

Entrevista Páginas

Carrazeda de Ansiães Páginas

e

Alijó Páginas

Torre de Moncorvo Página

Sernancelhe Página

Opinião Páginas 32 e

VISITE-NOS NAS NOSSAS

POSITIVO

A chuva que caiu no início de setembro não deu ainda para repor os níveis necessários de água mas foi uma importante ajuda em especial para a agricultura

NEGATIVO

A seca que se registou até ao início de setembro afetou a produção de maçã, sendo de esperar quebras na colheita deste ano.

Ambicionar a neutralidade em carbono

Na maioria das nossas atividades diárias vivemos com carbono; precisamos e produzimos carbono. Alcançar a situação ideal de uma economia e sociedade neutras em carbono, ou “net zero” até 2050, exige uma cultura de mudança e uma estratégia para as regiões.

Todos temos de mudar as nossas rotinas do quotidiano e os próprios hábitos de trabalho que, por sua vez, foram objeto de grandes mudanças graças à crise pan démica. Hoje, parte do trabalho pode decorr em formato à distância, privilegian do algumas empresas dinâmicas que permitam aos trabalhadores desenvolver a sua atividade em casa, exigindo assim menos consumo de carbono.

Mas, as mudanças devem abranger o comportamento das nossas cidades, os transportes e a própria agricultura e indústria, com vista a alcançar um equilíbrio entre o carbono emitido para a atmosfera e o carbono removido da atmosfera. O ambicionado equilíbrio – ou zero líquido (“net zero”) – poderá acontecer quando a quantidade de carbono que adicionamos à atmosfera não for maior do que a quantidade removida.

Para atingir o “Net Zero”, as emissões das cidades, das habitações, dos transpor tes, da atividade agrária e industrial devem ser reduzidas significativamente nas próximas décadas. De igual modo, é essencial diminuir a incidência de incêndios florestais, um assunto que tem sido um flagelo no nosso país.

Neste processo de mudança, as emissões residuais nas próximas décadas preci sarão de ser removidas da atmosfera, quer mudando a forma de uso dos recursos naturais, quer da gestão do uso dos solos e da vegetação, para que possam absor ver mais dióxido de carbono ou ser extraído através de tecnologias de sequestro de carbono.

Para que essa mudança seja uma realidade, precisamos de compreender melhor os nossos comportamentos coletivos emergentes e desenvolver incentivos fiscais, económicos, sociais, culturais e científicos para acelerar o processo de mudança para “net zero”, numa era cada vez mais digital. 

Adjunto da Fontaínhas Fernandes Professor Universitário
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Prof.
ESTG.IPP.PT

Destaque

Douro atinge números históricos de alunos a ingressar no

São quase três mil o número de novos alunos que este ano ingressa no ensino superior nas duas instituições do terri tório CIM Douro, Universidade de Trás -os-Montes e Alto Douro e Escola Supe rior de Tecnologia e Gestão de Lamego, estabelecendo assim um novo recorde de ingressos

Com um número tão elevado de novos alunos há desafios que se colocam às insti tuições e ao território, que se pretende afir mar cada vez mais.

UTAD assinala "ano histórico"

Na UTAD o Reitor, Emídio Gomes, afir ma que este é "O" ano da universidade, no total a instituição preencheu 94,5% das vagas disponíveis para a 1ª fase do Concur so Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES) 2022/23, o que corresponde a 1539 novos estudantes colocados. Os resultados foram divulgados hoje, 11 de setembro, pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES).

Comparativamente com o ano passado, os números agora alcançados representam um crescimento de 10% face a 2021, cifrando-se como o melhor resultado de sempre da aca demia transmontana.

Das 36 ofertas formativas de 1º ciclo dis ponibilizados pela academia transmontana, 28 cursos ficaram com as vagas totalmente esgotadas nesta 1ª fase. Engenharia Infor mática, Ciências do Desporto, Enfermagem e Medicina Veterinária são os que regista ram maior número de alunos. Medicina Ve terinária (171,5 valores), Psicologia (164,0) e Gestão (160,5) estão no "top 3" dos cursos com a classificação média de entrada mais elevada deste ano.

Para o responsável máximo da UTAD, es tes resultados transmitem "um misto de sa tisfação e preocupação", pelos números em si e pelos desafios que os mesmos trazem para a academia e o território.

"Satisfação por termos conseguido o me lhor resultado de sempre da universidade, em especial quando percebemos que quase 1600 nos colocam como a primeira das suas

e para nós nos tornarmos um destino uni versitário sólido e com futuro temos muito trabalho pela frente. Um trabalho que é de tanta mais responsabilidade quanto maior é o número de famílias que nos confiam a educação dos seus filhos.

E por outro lado um pequeno sinal de preocupação, não tanto na engenharia civil que atravessa um período de menor procu ra que é geral no país todo, e que face ao número de vagas pré estabelecidas na licen ciatura, temos alguma dificuldade, mas so bretudo na tristeza que vejo num curso que temos em parceria com a Universidade do Porto, Florestal, que teve uma procura tão baixa quando o país está tão necessitado destes técnicos.

Isto significa muito provavelmente que a carga negativa que durante o verão inteiro passamos aos nossos jovens, de manhã à noite, na fase em que se vão candidatar ao ensino superior, em que basicamente que a fileira para a qual eles poderiam estudar é uma coisa que arde, quando é muito mais do que isso, é uma fileira com inúmeras ati vidades e aliciantes.

Quando digo preocupação é no sentido de motivação, para trabalhar ainda mais e não desistir.

Em síntese, enorme satisfação pelos resul tados, sentido de responsabilidade porque nos falta ainda muito trabalho para nos con solidarmos como um destino universitário prestigiado e com futuro, e esta pequena nota de preocupação numa área temática muito importante para uma parte do terri tório mais ligado à componente florestal e que nos motiva a trabalhar ainda mais para superar no futuro", explica Emídio Gomes.

O mesmo sentimento de satisfação pelos resultados é partilhado por Maria Ferreira, Presidente da Associação Académica que se confessa um pouco surpreendida com os números.

nos em prosseguir estudos para o ensino universitário mas penso que isso hoje é pra ticamente obrigatório.

Tivemos muitos alunos a escolherem a UTAD como primeira opção, é significado que o nome da UTAD começa a figurar entre as melhores universidades do país perante os alunos".

ESTGL também bate recorde

Satisfação e recorde são palavras que este ano também entram no discurso de Miguel Mota, Diretor da Escola Superior de Tecno logia e Gestão de Lamego (ESTGL), que viu aumentar significativamente o número de novos alunos na instituição.

“2022-2023, para a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL), foi um ano recorde no que diz respeito à ad missão de novos alunos.

Pelo Concurso Geral de Acesso tivemos 108 colocados, nas licenciaturas, e nos res tantes regimes mais 36 novos alunos. Nas outras ofertas formativas tivemos, nos cur sos CTeSP, 124 colocados, outro recorde, e estamos ainda a aguardar a seriação dos candidatos para mestrados, sendo previsí

vel que tenhamos 3 mestrados em funcio namento, o que significará mais 45 alunos. Ou seja, quase 300 novos alunos na nossa

Para o diretor da instituição estes resulta dos são fruto de uma adaptação da ESTGL à realidade do território que a rodeia, aos cursos CTEsP, e a uma divulgação próxima dos potenciais novos alunos na sua área de ação.

"Fizemos um trabalho muito grande de divulgação desde maio. Visitamos pratica mente todos os agrupamentos escolares da faixa de Cinfães até Foz Côa que designamos como sendo a nossa área de ação, porque somos o ensino politécnico de referência desta região. Resultado dessa prospeção, iniciamos este ano a licenciatura em Gestão Comercial, que teve logo metade das vagas preenchidas na primeira fase.

O que tentamos transmitir aos pais e aos responsáveis dos agrupamentos passa pela vantagem que podem ter ao ingressar na modalidade que temos que são o CTeSP'S, que nos permite moldar os alunos e ter mais oferta formativa porque nas licencia turas estamos também limitados quanto ao número que podemos abrir.

A aposta este ano, além dos cursos tradi cionais que continuamos a ter, passa por novos cursos na área tecnológica, prin cipalmente direcionados para a área dos

Emídio Gomes - Reitor da UTAD Maria Ferreira - Presidente AAUTAD Bruno Gomes - Presidente da AE-ESTGL
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Destaque

ensino superior

CTeSP's, com um curso que já tinha sido inovação no ano transato ligado à Softinsa, de TPSI (Técnicos de Programação de Siste mas de Informação), e um curso novo este ano com a Deloite que também encheu a turma seriada. É um curso que tem a curio sidade de ser um projeto misto onde os alu nos seriados estão a trabalhar e estudar ao mesmo tempo em projetos da empresa.

Esta aposta não acontece apenas em La mego, pelo que vamos constatando, regiões muito parecidas com a nossa têm feito uma abordagem aos grandes players do mercado tecnológico. Suponho que esse foi um pon to chave para o aumento de alunos, bem como a resposta positiva que demos à pro posta do Governo e do Instituto Politécnico de Viseu, na chamada descentralização, ou seja, a procura de levarmos o ensino às nos sas gentes e aos nossos territórios.

Este ano iniciamos em dois concelhos, Moimenta da Beira e Sernancelhe, e temos já para o próximo ano aprovado um novo curso que esperamos abrir em São Pedro do Sul. Nos dois primeiros concelhos con seguimos abrir dois CTeSP's em cada um, que estão completamente cheios".

Bruno Gomes, presidente da Associação de Estudantes da ESTGL está também satisfeito com os resultados alcançados, afirmando que "é uma grande honra e um orgulho enorme ver tantos alunos a es colherem a ESTGL para prosseguirem os seus estudos académicos.

A nível institucional são números recor de, reflexo do trabalho que a Escola tem feito nos últimos anos, em especial sob a direção do professor Miguel Mota que tem feito um trabalho exemplar à frente da instituição".

Para o responsável académico, "esta che gada de tantos novos alunos trará também novas dinâmicas para a cidade tornando-a mais viva, com mais jovens, e é isso que Lamego precisa”.

Alojamento preocupa responsáveis

Com o início de um novo ano letivo sur ge novamente a questão do alojamento para os estudantes universitários que che gam à região.

Os quartos são escassos e a elevada pro cura faz os valores aumentar também eles para valores recorde, "em Vila Real nenhum estudante consegue alugar um quarto por menos de 150 euros, sem des pesas incluídas", afirma Maria Ferreira, presidente da AAUTAD, concluindo que “se este aumento continuar nos próximos anos não é só a universidade que terá de se adaptar e crescer, mas também a cida de em si”.

A dirigente académica conta que esta "é uma das primeiras questões que, quer os pais quer os novos alunos, colocam quando che gam para efetuar a matrícula, depois vêm as questões sobre as bolsas, transportes, entre outras curiosidades".

Para Maria Ferreira este ano requer uma atenção maior por parte da Associação pe rante os seus pares, o aumento dos custos pode levar a situações de abandono do curso.

"Com todos os preços a aumentar e as bolsas não, certamente teremos que ficar atentos ao longo do ano a algum caso de maior dificuldade que surja de forma a evitar que esses alunos abandonem a uni versidade.

Temos a nossa plataforma SOS Estudan te que os alunos podem usar em qualquer altura para nos exporem a sua situação, temos ainda algum dinheiro que reuni mos durante a pandemia com a ajuda de quem podia, vamos criar um armário so

lidário em que o aluno que precise pode ir lá buscar roupa para usar".

Preocupações semelhantes tem o reitor Emídio Gomes que, apesar disso acredita que uma nova dinâmica territorial possa trazer novas soluções e com ela uma nova realidade para a universidade e a região.

"A UTAD, e a sua envolvente citadina, que é mais que apenas o território de Vila Real, tem que se constituir como um des tino universitário com futuro.

Estamos a trabalhar com esse objeti vo, ainda recentemente foram assinados os contratos das novas residências da universidade. Vamos triplicar a ofer ta de camas do lado da UTAD, no prazo de dois anos, sabemos que na cidade há muitos investimentos em curso por parte dos promotores privados. É normal que exista, entre uma universidade que está a crescer tanto e a envolvente que tenta acompanhar, possa existir um ou outro desajustamento que, em parceria com a autarquia, ou as autarquias, podemos ir minimizando.

A curto médio prazo temos que ser um destino universitário também conhecido pelas excelentes condições de alojamento que vamos proporcionar aos estudantes. Daí que diga, mais responsabilidade e, so bretudo, a consciência que há ainda mui to trabalho por fazer.

A rede de transportes públicos está a ganhar uma dinâmica que não tinha an tes e vejo, não em massa, mas franjas dos nossos estudantes prefiram viver em Vila Pouca, na Régua ou em Sabrosa, por exemplo, acredito que isso vá acontecer naturalmente.

Por esta razão é que eu falo da UTAD e da envolvente citadina como um novo destino universitário. Isto não é a Univer sidade de Vila Real, é uma universidade em Trás-os-Montes e Alto Douro, é assim que a vejo.

A nossa articulação com o município de Vila Real é fundamental mas isto é clara mente uma universidade que ultrapassa os limites do concelho".

Em Lamego, os problemas não passam apenas pela falta de alojamento para os estudantes, mas também pela falta de es paço que a Escola já sente para albergar tantos alunos durante o período de aulas.

"Estes resultados são muito positivos mas trazem algumas preocupações, des de logo a falta de espaço para lecionar e a questão do alojamento, tal como acontece em todo o país.

Sabemos que estão já planeadas para Lamego uma residência e outra para Moi menta da Beira, para poder apoiar o pro jeto de descentralização que já referi, por que não pretendemos ficar por aqui mas aumentar a nossa oferta naquelas regiões.

Quanto ao crescimento físico da Escola é algo que temos vindo a discutir com o município e o Instituto Politécnico de Vi seu, a nossa casa mãe. Acreditamos que em breve esta situação possa estar resol vida para dar as melhores condições aos nossos alunos". 

TESTEMUNHOS

UTAD

Sou natural de Armamar e a UTAD é mui to próxima, também tenho cá a minha irmã a estudar e gosto muito do ambiente da universidade

Tive psicologia no secundário e gostei muito do que aprendemos sobre esta área. Depois pesquisei um pouco mais, ouvi podcast dedicados ao tema e falei com algumas pessoas, ponderado tudo isso acho que fiz a escolha certa de curso.

É uma mistura, de orgulho por um lado, mas também de alguma saudade que já se vai sentindo, vou ficar com a casa va zia, tenho uma filha a terminar e outra a iniciar.

Sempre dei liberdade de escolher o cur so e a universidade que queriam, é obvio que as tentei orientar de alguma forma e, conhecendo a UTAD, sei que é uma das boas universidades do nosso país por isso tenho a certeza que a escolha foi bem fei ta e estão bem entregues.

ESTGL

Escolhi a ESTGL por ser uma escola que está bem conceituada, que está muito li gada à região e que nos oferece uma boa variedade de áreas de estudo. Estar pró xima de Resende, de onde sou natural, também é uma mais valia, tal como já co nhecer alguns dos colegas com quem vou estar, funcionários e professores porque já fiz aqui o CTEsP.

É um orgulho muito grande, para mim e para toda a família. É complicado quan do eles saem de casa, apesar dela já ter estado aqui no ano passado é sempre di fícil. A irmã mais nova é que sofre mais um bocadinho, cada vez que a Diana sai de casa ela começa logo a chorar de sau dades.

Ficar nesta Escola é uma vantagem por que já é um lugar familiar para ela e para nós, tendo ainda a vantagem de ser próxi ma de Resende, de onde somos.

Mariana Gaspar (curso de Reabilita ção Psicomotora) e Rui Gaspar (pai) Diana Dias (curso de Serviço Social) e Pedro Dias (pai)
7SETEMBRO 2022 VIVADOURO

Quinta Seara d’Ordens inova com vindima noturna

A hora desta reportagem foi marcada com Fernando Moreira, um dos três irmãos proprietários da Quinta Seara d'Ordens, situada no Peso da Régua e desde logo ficou evidente um facto, a noite seria para ficar em dívida ao descanso.

À chegada à quinta o relógio marca quase as três horas da noite, a lua em quarto min guante reflete pouca luz num céu escuro onde se vão amontoando estrelas que a au sência de nuvens deixa ver.

Com o carro já estacionado, ao sair da via tura os sons não deixam enganar, há mais gente que também faltou ao encontro com a cama esta noite. Ouvem-se os motores das carrinhas e dos tratores por entre vozes que vão dando indicações ou dialogando.

O olhar passa pela vinha e uma luz apro xima-se. "Boa noite, procuro o senhor Fer nando Moreira", questiono sem perceber bem quem é o meu interlocutor, de rosto "escondido" pelo brilho da lanterna que traz na cabeça. "Siga por esta estrada, ao chegar ali ao fundo encontra-o". Ouço as indicações e sigo ao encontro do meu entrevistado.

Por esta altura já é evidente que a azáfama da vindima que conheço é vivida por entre aqueles bardos que percorro. Tudo indica que os trabalhos prosseguem a bom ritmo, com uma diferença, esta vindima é feita no período em que o sol está no outro hemis fério.

Chego próximo de Fernando Moreira e, depois dos cumprimentos iniciais, a questão surge sem hesitação, como surgiu a ideia de fazer a vindima durante a noite.

A ideia surgiu há alguns anos, quando começamos a vinificar, porque sentíamos que as uvas teriam de chegar mais frescas à adega para evitar a sobrecarga energética na sua refrigeração, em especial nos anos mais quentes, e nos vinhos brancos que che gavam a entrar com temperaturas a rondar os 30 graus.

Mais tarde, conseguimos arranjar uma equipa pequenina para experimentar a vin dima noturna. Foi complicado porque as pessoas achavam que não ia resultar, que iam ter dificuldades em ver, etc. Contudo, a partir do momento em que os convencemos a história mudou e eles próprios foram co mentando com colegas.explica.

Para o responsável pela viticultura da em presa, a vindima noturna tem diversos as petos positivos, começando pelo bem estar dos colaboradores até à redução do consu mo de energia e uma melhoria nos vinhos ali produzidos.

As grandes vantagens desta vindima são várias, desde logo para os nossos colabora dores que evitam andar a trabalhar com sol e calor, depois também acabam por ter uma maior rentabilidade.

Outro aspeto positivo da vindima noturna é a sustentabilidade ambiental, que também está relacionada com a parte económica da empresa. Ao vindimarmos uvas mais frescas vamos poupar energia tendo menor neces sidade de as arrefecer, o que também se irá refletir a nossa conta de luz.

A somar a tudo isto está a qualidade que conseguimos nos vinhos, a uva entra fresca na adega e vamos trabalhá-los nas melhores condições.

Entre os homens e mulheres que vão e vêm entre bardos a colher as uvas está Ma nuel Carvalho. Com a pele já bem marcada pelos anos confessa que é a primeira vez que faz uma vindima noturna e, apesar da des confiança inicial, assume que a nova expe riência o agrada.

Já faço vindimas há muitos anos mas à noite é a primeira vez. Estou surpreendido porque quando me disseram estranhei mas a verda de é que está a ser uma experiência muito positiva. Já comentei mesmo com alguns amigos e até lhes disse que este pode ser o futuro das vindimas. Para nós é bom porque não apanhamos tanto calor, assim como as uvas não são apanhadas tão quentes.

Pensei que depois do primeiro dia não ia querer vir mais, mas agora já digo que onde houverem vindimas à noite podem contar comigo.

O relógio aproxima-se das cinco horas da noite, hora a que se iniciam os trabalhos na adega, para os quais chegam reforços.

António Moreira, irmão de Fernando, é o responsável pelo departamento enológico, vem acompanhado de João Moreira, filho, e José Moreira, filho de Fernando, ambos for mados em enologia pela UTAD e que tam bém já fazem parte do negócio da família.

Acendem-se as luzes da adega, ligam-se as máquinas para começar a colocar nos tabu leiros de escolha as uvas que já estão alinha das em caixas na entrada.

Enquanto tudo vai sendo preparado, a conversa prossegue com António que conta que o início deste projeto foi um pouco difí

cil pela desconfiança dos colaboradores em trabalharem de noite.

Acho que vai ser natural no futuro. No início tivemos algumas dificuldades em in centivar as pessoas a vindimar à noite. Este ano temos dois empreiteiros a trabalhar connosco e um deles dizia que ia ser difícil encontrar gente disponível, o que é certo é que no primeiro dia iniciamos às três e meia da manhã, no segundo às duas e, por von tade deles, começávamos à meia noite, mas não é compatível com o horário da adega. É muito melhor para o pessoal em especial em termos de temperaturas, requerendo apen nas um maior cuidado nas manobras com os tratores e as carrinhas para se evitarem acidentes porque, como sabemos, os nossos terrenos são um pouco complicado.

Se há duas ou três décadas atrás as vindi mas se iniciavam no final de verão, início de outono, com as mudanças registadas no cli ma a "época festiva", como muitos lhe cha mam, no Douro começa agora mais cedo, ainda em pleno mês de agosto, altura em que as temperaturas são muito elevadas e os vinhos, refletem isso mesmo.

Com as mudanças climatéricas as tempe raturas aumentaram bastante, chegamos a ter durante o dia 38, 39, 40 graus, e os mos tos na ordem dos 32, 33 graus. Esta situação prejudica bastante a parte de enologia por que as uvas entram quentes e podem mes mo haver pré-fermentações desde a vinha até à adega. Desta forma conseguimos que o mosto entre bastante fresco que é o ideal.

As mesmas vantagens são elencadas pelos primos João e José, que dão mais alguns por menores sobre o processo.

Uma uva entrada às 2 da tarde com tempe raturas a rondar os 40 graus de temperatura ambiente, vêm quentes, e com um poder oxidativo muito grande, o que não é interes sante para um vinho branco.

A nível microbiológico também é impor tante porque as temperaturas elevadas são as ideais para bactérias e leveduras se repro duzirem, podendo mesmo transformar o vi nho em vinagre, usando uma imagem mais comum.

Tendo temperaturas mais baixas desde a uva permite-nos um controle muito maior de todo o processo, explica João.

José Moreira, o mais recente membro da família a juntar-se aos trabalhos revela que a vindima noturna ainda desperta muita curiosidade, trazendo "várias questões co locadas pelos mais curiosos" como aqueles que ainda recentemente partilhavam as notas das aulas consigo nas salas e labora tórios da universidade.

O relógio já passou as sete horas, o céu já clareou e os primeiros raios de luz vão aparecendo, tímidos, mas a anunciar mais um dia quente pelos jardins suspensos do Douro.

À saída da Quinta Seara d'Ordens há ain da tempo para parar o carro e registar em fotografia aquela paisagem que nos tira a respiração.

Na região demarcada mais antiga do Mundo ainda há espaço para a inovação e novas metodologias de trabalho. 

8 VIVADOURO SETEMBRO 2022

Município de Mesão Frio entrega manuais escolares a alunos do 1.º Ciclo

No início de mais um ano leti vo, o Município de Mesão Frio fez uma visita ao Centro Escolar de Mesão Frio para a entrega dos Livros de Fichas aos alunos do 1.º ciclo com o 1.º escalão de rendimentos.

Fernando Correia, vice-presi dente do município, entregou os manuais escolares aos en carregados de educação dos 33 alunos contemplados, deixando a mensagem de que a autarquia pretende "continuar a trabalhar e investir na educação das nos sas crianças e jovens, acreditan do nas suas potencialidades e no seu papel para o futuro do concelho e da sociedade".

Para reforçar a aposta na edu cação, a autarquia comparticipa ainda os Livros de Fichas para os 28 alunos detentores do 2.º escalão de rendimentos.

Município proporciona noite cultural

Com o apoio da Câmara Municipal de Mesão Frio e da Junta de Freguesia de Mesão Frio-Santo André e sob a regên cia do Maestro Diamantino Nogueira, o Grupo de Cantares MESÃO E(N)CAN

TO e a Orquestra Alio Vírio subiram ao palco do Auditório Municipal de Mesão Frio, para um espetáculo musical muito animado.

O concerto intitulado «Melodias de Sempre» - Ontem, hoje e amanhã», apre sentou um repertório musical português

variado, que fez o público presente acom panhar temas conhecidos de artistas, como Paco Bandeira, Simone de Oliveira, José Cid, Zeca Afonso, Dulce Pontes, Car los Paião, Adriano de Oliveira, Da Vinci, Pedro Barroso e Manuela Bravo.

O muito público presente teve, assim, a oportunidade de desfrutar de um mo mento de partilha de memórias musi cais entre diferentes gerações e reviver a cultura mesão-friense, onde se destacou o hino de Mesão Frio.

9SETEMBRO 2022 VIVADOURO Mesão Frio

Santa Marta de Penaguião

Requalificação e valorização da Casa do Cantoneiro da E.N.2 já é uma realidade

As obras de requalificação e valo rização da histórica Casa do Canto neiro de Santa Marta de Penaguião iniciaram no dia 7 de setembro de 2022.

Um investimento adjudicado no va lor total de 221.471,15 euros vai agora tornar-se numa realidade. A opera ção que vai permitir requalificar o edifício de forma a preservar os va lores e encontrar mecanismos que o tornem apto a tornar-se num polo de dinamização e apoio ao turismo.

Salienta-se que o imóvel possui um potencial claro e inequívoco na pro moção da história do Frei João de Mansilha, da Estrada Nacional 2, do Caminho Português Interior de San tiago, dos produtores do concelho penaguiense e de todos os trilhos que se poderão fazer no Berço D’Ou

10 VIVADOURO SETEMBRO 2022
ro. 

Assembleia Municipal vai transmitir sessão na Internet

O Presidente da Assembleia Mu nicipal de Armamar, Rui Dionísio, faz saber que a sessão ordinária de setembro, que se realiza esta sexta-feira, dia 30, às 14:30 horas, vai ser transmitida em direto na Internet a partir da página do mu nicípio.

Com esta medida pretende apro ximar-se os Armamarenses da ação desenvolvida pela Assembleia Muni cipal.

Feira da Maçã de Armamar com página na Internet

A Câmara Municipal de Armamar acaba de publicar na Internet uma página ex clusiva para a Feira da Maçã, evento que anualmente a Autarquia organiza em co laboração com a Associação de Fruticul tores de Armamar.

A nova página (https://feiradamaca.my portfolio.com/) reúne informação sobre as origens do certame e contextualiza a importância da produção de maçã em Ar mamar.

Na página estão também disponíveis o histórico das imagens e vídeos recolhi dos desde a primeira edição corria o ano 2008.

A Feira da Maçã é o nome de um evento mais vasto. No certame estão representa dos os produtores agrícolas do município, numa terra em que o setor primário é cla ramente dominante. Maçã e derivados, vinhos Doc Douro, Porto e Távora-Varosa, indústria da transformação alimentar, e empresas de suporte à atividade agrícola.

A estes juntam-se o alojamento turístico e a restauração. As tradições e os costumes Armamarenses são o principal suporte da animação da Feira da Maçã, em ações

dinamizadas pelas associações culturais Armamarenses.

A Feira da Maçã 2022 decorre entre os dias 14 e 16 de outubro próximo.

um TERMINVS AVGVSTALIS

Foi identificado na localidade de Arí cera, concelho de Armamar, um marco delimitatório da época romana, um ter minus augustalis.

A descoberta surgiu no âmbito dos traba lhos que o arqueólogo José Carlos Santos está a fazer para a elaboração da Carta do Património Cultural do Concelho, um pro jeto da Autarquia Armamarense.

O bloco de granito amarelo, com cerca de um metro e trinta de altura, foi descoberto a servir de padieira num casebre. A peça não está completa. Terá sido cortada à me dida da necessidade de quem ali a colocou

e, segundo José Carlos Santos, é muito pro vável que o restante se encontre aplicado em alguma construção próxima.

Contém inscrições que, embora até hoje tenham passado despercebidas, sabe-se agora que revelam informação importante a respeito da organização territorial da re gião levada a cabo pelos romanos.

A pedra já foi objeto de estudo pelo ar queólogo José Carlos Santos e pelo profes sor catedrático jubilado José D'Encarnação.

Os resultados foram publicados no Ficheiro Epigráfico, um suplemento da Revista CO NIMBRIGA, da Universidade de Coimbra.

Esse estudo revela que no ano 43 da nossa

era, no âmbito da organização geral que o imperador romano Cláudio fez da Lusitâ nia, este marco delimitava o território de dois povos. Para identificar quais, seria ne cessário retirar o bloco granítico do lugar e perceber se alguma das faces ocultas revela a identificação de um deles. De igual forma, localizando-se a parte do bloco em falta conseguir-se-ia identificar o segundo nome.

Transcrição do letreiro:

[...] [O]

[...]

CAE[S(are)]

Autarquia dinamizou projetos do IPDJ no verão

A Câmara Municipal de Armamar promo veu três projetos de voluntariado no âmbi to do programa voluntariado jovem para a natureza e florestas, do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ).

A Autarquia colocou vários jovens, entre os 14 e os 30 anos de idade, residentes no concelho de Armamar, em ações de lim peza e vigilância, entre os meses de julho e setembro.

des, um encastrado na capela de S. Pedro de Balsemão e outro em Goujoim - foi pos sível reconstituir na totalidade: TI(berio)

CLAVDIO

CAE/SARE

AVG(usto)

GER/ MAN(ico) PONT(ifice)

TRIB(u nicia)

POTEST(ate)

P(eratore)

CO(n)S(ule)

AVG(ustalis)

MAX(imo)

(secunda)

(tertium)

IN[TER]

[INTER]

COS

[...]VG. Era o que restava dum texto maior, que - comparando-o com dois letreiros idênticos achados nas proximida

que significa: Sendo Tibério Cláudio César Augusto Ger mânico, pontífice máximo, no 2º poder tri bunício, imperador por duas vezes, Pai da Pátria, cônsul pela 3ª vez término augustal entre

entre [...].

11SETEMBRO 2022 VIVADOURO Armamar
[...] / [...] ○ GER ○
/ ○ MAX [...] / [...] ES ○ T [?] [...] [?] / 5 [...]
○ /
/
○ II
/ 5 IM
○ II (bis) ○ P(atre) ○ P(atriae) ○
○ / III
○ TERM(inus) ○
//
[...] //
[...]
[...]
 Foi encontrado

“Colocar a Pesqueira no mapa foi um

A cumprir o segundo mandato à frente do município de São João da Pesqueira, Manuel Cordeiro é o único independente entre os 19 autarcas da CIM Douro.

Ser autarca implica uma dedicação ao cargo que vai muito além das habi tuais 8 horas de trabalho. Quem fica a perder com esta dedicação?

A família, sem dúvida. Se eu fico a per der em termos de saúde ou envelheci mento, é comigo.

Como é que se compensa esta me nor presença junto da família?

Compenso nos hobbies que gosto de ter, mas dos quais abdico para passar tempo com a família.

Outra coisa que faço questão de fazer é ser eu todos os dias a levar as minhas filhas à escola. É uma forma de estar com elas diariamente, independentemente das horas a que chego a casa no dia ante rior, é sagrado.

Que hobbies são esses?

Andar de mota, por exemplo, ou caçar, coisas que já não faço há algum tempo.

Quando chegou à autarquia chegou a afirmar que os acordos eram feitos de boca, essa imagem que o municí pio tinha é passado?

Claramente. Inclusivamente a imagem que passamos neste momento é que, para além de termos um prazo de paga mento reduzido, as coisas são feitas com seriedade.

Se tiver que adjudicar uma obra, por exemplo, num muro que custe 4 mil eu ros, eu não a faço por ajuste direto com quem me apetece, peço sempre vários orçamentos. Apesar do valor permitir que fosse ajuste direto faço-o para as segurar a saúde financeira da câmara, quem fizer mais barato é quem ganha a obra.

Rigor?

Sem dúvida.

Nestes cinco anos que leva à fren te da autarquia, do que se orgulha mais?

Do que me orgulho mais é da promo ção que fazemos do concelho que hoje em dia é muito mais conhecido do que quando aqui cheguamos. Colocar a Pes queira no mapa foi um objetivo alcança do com sucesso.

É claro que há muitas outras coisas mas que demoram mais tempo do que um só mandato, como acessibilidades ou ser viços. Se não as conseguir então ficarei desiludido.

Está agora no segundo mandato, aquilo a que se propôs na última campanha, é exequível?

Manuel Cordeiro, Presidente da Câmara de São João da Pesqueira
12 VIVADOURO SETEMBRO 2022
Em perfil - O filme da vida – Le Goût des Autres - Agnés Jaoui - O livro da vida – Timbuktu, de Paul Auster - a banda da vida – Radiohead - Não passo sem Café no Bigodes - Prato favorito – Arroz de Cabidela - Local de férias – Barcelona - Em S. João da Pesqueira gostava de ter… Mais qualidade de vida para quem cá vive (serviços, emprego, etc) - Clube – Briosa (AA Coimbra)

um objetivo alcançado com sucesso”

Claro, não proporia nada que não con sidere exequível, até porque se, tudo correr bem, irei a eleições novamente.

A questão era se é exequível neste mandato.

Há sempre projetos que não se conse guem iniciar e terminar em quatro anos. Posso dar dois exemplo de projetos que se iniciaram no mandato anterior e que nos propusemos terminar neste: a re qualificação da N222 e a UCC.

Estão mais perto daquilo que estavam antes, mas a nossa ideia é que até ao final do mandato estejam concluídas, contu do, não o posso garantir a 100% porque também não depende apenas da nossa vontade.

Até ao final deste segundo mandato, o que era importante deixar termina do?

A N222, sem dúvida nenhuma. Se o Go verno não honrar o que me prometeu fico sem ter o que dizer às pessoas, mas estou convencido que vai honrar.

É algo que diz respeito à economia, às acessibilidades e à qualidade de vida das pessoas, algo que se fala há muito tem po e que se agora for cumprido será um marco para o concelho.

Para outros concelhos a questão das acessibilidades pode não ser importante mas para nós é. Apesar dessa dificuldade considero que somos dos concelhos que vai mexendo um pouco. Ainda há uns dias, num outro concelho alguém me di zia que na Pesqueira se vê, de facto, mo vimento e isso é verdade.

Entre os 19 autarcas da CIM Douro é o único independente. Este facto é uma vantagem ou uma desvantagem?

Colocando nos pratos da balança acre dito que tenha mais vantagens, contudo tem também muitos contras.

Quando reivindicamos algo, se fosse mos da cor do Governo que está em São Bento, talvez fosse melhor, mas é uma resposta difícil de dar.

Não considera que, pelo facto de ser independente, tem acesso mais difi cultado a um ministro ou ao Primei ro-Ministro?

Não, isso não. Depois, se as coisas se concretizam ou não é outro assunto, al gumas vão-se concretizando, as maiores estou à espera que se concretizem. Tal vez no final do mandato possa dar uma resposta co mais certezas (risos).

As decisões que se tomam, quase nunca são do agrado unânime da po pulação. É fácil viver com isso?

Sim, vivo muitíssimo bem porque ne nhuma decisão é unânime. Há sempre quem pense diferente de nós por varia das razões.

As decisões que tomo são com cons ciência e são, no meu entender, as me

lhores. Não conviveria bem se as de cisões tomadas fossem de ânimo leve, neste caso, estou sempre tranquilo e para responder a quem tiver duvidas.

Nunca tomo nenhuma decisão com o ob jetivo de prejudicar ou beneficiar alguém.

A lógica é sempre pensar no conce lho, mesmo que tenha que desagra dar a alguém que o apoiou?

Se calhar, muita gente que me apoiou fê-lo a pensar no seu benefício mas isso não aconteceu.

Desde que aqui cheguei já integramos mais de uma centena de pessoas no qua dro, que antes estavam em regime de recibos verdes. Podia ter afastado essas pessoas para ir buscar apoiantes meus, mas isso não aconteceu porque quem cá estava mereceu o meu reconhecimento pelo trabalho desempenhado.

Antes da campanha eleitoral se iniciar algumas pessoas afirmavam que avan çaria desta fez com apoio partidário, na sua cabeça isso chegou a ser hipótese em algum momento?

O que eu costumo dizer é que trabalharia com a mesma vontade e afinco se tivesse apoio partidário mas não, na minha cabeça nunca foi hipótese.

A sua eleição vem mostrar que no interior já não é só pelo partido que se ganham elei ções?

Modéstia à parte acho que sim, tem a ver com a pessoa. Nesta última eleição, se eu fosse por um determinado partido as pessoas votariam ali por ser o Manuel Cordeiro, não por ser o partido A ou B.

Há sempre uma minoria que não pensa as sim, para quem é o partido que interessa mas aqui na Pesqueira provou-se que não.

O que me importa é o meu concelho. Se pelo facto de estar filiado num partido tivesse mais hipóteses de conseguir esta ou aquela grande obra, então ia por esse partido, sem problema algum.

Aquilo que os pesqueirenses querem é que eu resolva os seus problemas, não lhes interessa se vou por algum partido ou como independente, sinceramente não considero que isso tenha peso.

Já falou na questão das acessibilida des, olhando agora para a saúde e a justiça no concelho, são áreas ainda com muitos défices no concelho?

No que respeita à justiça este Governo já fez alguma coisa. Na altura o PSD en cerrou o nosso tribunal, algo que mudou já durante o meu mandato, com o atual Governo. Agora temos novamente julga mentos que se realizam aqui na Pesquei ra, mas eu quero mais.

Nos próximos dias tenho agendada em Lisboa uma reunião com o Secretário de Estado da Justiça, Jorge Costa, exata mente porque quero aqui uma instância local, quero mesmo ter um juiz aqui, por uma questão de lógica, é um objetivo para este mandato.

Na saúde para já ainda só vamos com promessas, queremos a UCC e mais equi pamentos no nosso centro.

Temos a vantagem de ter aqui serviços de saúde abertos até às 24 horas mas não é sequer uma urgência. Também enten do que não é possível ter um serviço de urgência em todos os sítios mas, se hou ver mais e melhores acessibilidades e equipamentos seria mais equilibrado

Não podemos ficar satisfeitos com o 8 nem exigir o 80, é necessário um equilí brio em prol do bem estar das pessoas.

Um quarto do tempo deste segundo mandato já passou. Continua um pre sidente motivado para o que aí vem?

Sim, muito motivado mesmo. Confes so que pensei que o segundo mandato fosse mais tranquilo porque já sabemos como tudo funciona, mas a exigência é cada vez maior.

Todos os dias atendo pessoas, não te nho um dia específico para receber os munícipes, e isso desgasta um pouco,

mas gosto de o fazer, e quando assim é estamos motivados para continuar.

Considera-se mais um presidente de rua ou de gabinete?

De rua, sem dúvida alguma. Muitas vezes estou aqui no gabinete e tento despachar o que estou a fazer para ten tar ainda ir ver uma ou outra obra que temos em andamento, exatamente para sentir as pessoas e para as ouvir.

Por vezes estou a almoçar ou jantar em família e vem alguém ter comigo para falar de uma situação, nunca os mando passar depois no gabinete, ouço sempre o que têm para me dizer.

Do primeiro para o segundo man dato manteve a equipa praticamente igual, são aqueles em quem confia?

Aquilo que dizia há quatro anos con tinuo a dizer agora, tenho uma equipa de quem tenho total lealdade, e isso não tem preço.

Mais do que o respeito pelo presi dente, é o papel de amigo?

Sem dúvida absolutamente nenhuma. Tenho plena confiança que nenhum deles me quer passar a perna ou algo semelhante, e em cinco anos já o prova ram diversas vezes.

Quando existe essa proximidade, exige-se ou tolera-se mais?

Acho que se exige mais. Ao ter essa proximidade e ao perceber que é impor tante aquele assunto, há mais tendência de exigir.

Se existe essa proximidade, as dores que eu tenho a outra pessoa também tem que as ter, portanto acho que a exi gência é maior.

O que me importa é o meu concelho, desenvol ver S. João da Pesqueira, sem dúvida alguma, se o facto de estar com um partido dessa mais hi póteses ao concelho de conseguir esta ou aquela grande obra, então ia por esse partido, sem proble ma algum.

NOTA PRÉVIA: O VivaDouro prossegue com uma série de entrevistas aos 19 autarcas da CIM Douro.
13SETEMBRO 2022 VIVADOURO

Lamego

Romaria de Portugal regressou e levou milhares a Lamego

Após dois anos em que a realiza ção das Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios esteve sus pensa devido à Covid-19, o regresso deste ano ficou marcado pela forte afluência que os diversos momentos registaram.

Musica, animação, mostra de artesana to, gastronomia, vinhos, eventos despor tivos e culturais, mas sobretudo um forte pendor religioso, são já imagem de marca daquela que é conhecida como "A Roma ria de Portugal".

No total foram 16 dias de festa, entre 25 de agosto e 9 de setembro. Ao longo do programa vários foram os momentos de interesse, desde o festival Zigurfest, aos concertos de José Cid, Sons do Minho, Carolina Deslandes e os Quatro e Meia, a concentração motar, torneios despor tivos, eleição de Miss Viseu e, os mais significativos, a Grandiosa Marcha Lumi nosa, a Batalha das Flores e a Majestosa Procissão de Triunfo, sempre carregadas de enorme simbolismo.

Após a suspensão dos últimos dois anos, a Igreja das Chagas, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Lamego, abriu de novo as suas portas para os fiéis poderem venerar a Nossa Senhora dos Remédios e os andores que ornamentam a Majestosa Procissão de Triunfo.

Durante semanas, uma equipa orienta da pelo Padre Fernando Albano Cardoso assumiu a responsabilidade de realizar os últimos trabalhos de pintura, carpintaria e marcenaria necessários para que o des file tivesse a máxima dignidade e beleza possíveis.

Como é tradição, foram cinco os qua dros sagrados que estiveram em exposi ção até ao início do cortejo que marca o momento mais solene das Festas em Hon ra de Nossa Senhora dos Remédios.

"São João Paulo II Centenário", "Coroa ção de Nossa Senhora Rainha de Por tugal", "Visitação Ano da Juventude", "Assunção de Nossa Senhora" e "Nossa Senhora dos Remédios" foram os nomes

cissão de Triunfo é conhecida em todo o mundo pelo facto dos andores que osten tam as imagens sagradas serem transpor tados por juntas de bois, uma característi

ca sancionada pela Sagrada Congregação dos Ritos da Santa Sé, após pedido for mulado pela Irmandade dos Remédios. Existem outras procissões com animais, no entanto, esta é a mais antiga e tem au torização papal.

Além disso, é adornada por mais de 200 figurantes, incluindo crianças, que encar nam "anjinhos" e figuras bíblicas, tornan do este ato ainda mais rico do ponto de vista estético.

Este ano, a Majestosa Procissão de Triun fo voltou a atrair milhares de peregrinos que se associaram a esta celebração reli giosa, num autêntico hino de louvor, fé e devoção popular.

Dedicada ao tema da “Jornada Mundial da Juventude - 2023”, a Procissão de Triun fo voltou, como é tradição, a sair da Igreja da Misericórdia de Lamego para percor rer, em absoluto silêncio, as principais ruas da cidade.

Para o autarca lamecense, Francisco Lopes, “Lamego viveu umas festas vivas, dinâmicas e muito participadas. A Câma ra Municipal de Lamego fez um grande esforço, este ano, para devolver a Ro maria a todos os lamecenses.

Foram 16 dias vividos intensamente pela população. Quisemos que a cida de estivesse completamente preparada para receber tantos visitantes: com de coração, iluminação, diversas mostras de artesanato, gastronomia, animação permanente, e conseguimos”.

Francisco Lopes explicou ainda que o investimento feito pela autarquia para esta celebração foi compensado pelo retorno que teve na economia local com os milhares de visitantes que se deslocaram até à cidade de Lamego.

“Foi um investimento que teve um retorno enormíssimo e que foi neces sário para que a cidade tivesse muita vida. Tivemos muitas pessoas de con celhos vizinhos e muitos turistas em vi sita à região e que tiveram curiosidade em perceber o que é que é esta Roma ria”. 

14 VIVADOURO SETEMBRO 2022
escolhidos, este ano, para os andores que integraram o desfile religioso dedicado à "Jornada Mundial da Juventude". Remontando a 1894, a Majestosa Pro

Sabrosa

Banda Sinfónica Portuguesa atuou no Festival Sabrosa Summer Fest

A Banda Sinfónica Portuguesa atuou na noite do dia 6 de setembro, no Parque BB King, num concerto denominado “Tradi ções Festivas”, inserido no Festival Sabro sa Summer Fest.

As obras tocadas, de compositores por tugueses, russos e americanos, fizeram as delícias do público, sendo que um dos principais atrativos do programa passou pelo fantástico intérprete Rubén Simeó, trompetista espanhol de renome e tão aguardado pela população.

A música no seu estado mais puro, diri gida por Francisco Ferreira foi muito apre ciada por todos.

O Festival Sabrosa Summer Fest é uma iniciativa organizada pela Câmara Munici pal de Sabrosa e todos os espetáculos são de acesso livre.

Sabrosa Summer Fest encerrou ao som dos Anjos

Sabrosenses solidários com as vítimas do incêndio urbano

O encerramento da edição de 2022 do Festival Sabrosa Summer Fest foi prota gonizado pelos Anjos com um grandioso concerto que encheu o parque BB King de cor, ritmo e milhares de pessoas.

Com uma carreira de mais de 20 anos, a dupla de irmãos Anjos, um fenómeno de popularidade nacional continua a surpreen der. No dia 9 de setembro, subiram ao palco com a Tour VOA e levaram a multidão pre sente no parque BB King a viajar num mun do de emoções com as canções de sempre.

Neste concerto apresentaram uma re trospetiva dos seus êxitos, onde não fal taram temas como “Perdoa”, “Ficarei” ou “Quero Voltar”, sem esquecer, no en

tanto, os mais recentes “Tempo”, “Voa” e “Frágil”.

No final, Helena Lapa, Presidente da Câ mara Municipal de Sabrosa, referiu que dois anos após a pandemia foi finalmente possível realizar uma nova edição deste festival, agradecendo a presença de todos os sabrosenses e de todos os visitantes ao nosso concelho. De forma simbólica pre senteou ainda os artistas Nélson e Sérgio Rosado com vinho de Fernão de Maga lhães, tão característico da nossa região.

Esta edição do Sabrosa Summer Fest or ganizada pelo município de Sabrosa, de carácter gratuito, iniciou em agosto e con tou com cinco espetáculos. 

Mercado Tradicional e Festa da Rádio deram vida ao Centro Histórico de Sabrosa

setembro, o grupo de bombos “Os Ja notas” e um grupo de concertinas ani maram o Largo da Praça, tendo a festa continuado com a Comédia Popular “Histórias da Vermelhinha”, de Bento da Cruz, e o Conto Tradicional “O Cal

A solidariedade do público presente en cheu no dia 5 de setembro o auditório mu nicipal no evento Cultural Solidário a favor das vítimas do Incêndio Urbano em Sabrosa, que deflagrou no passado dia 17 de agosto e que consumiu duas habitações, ficando uma terceira parcialmente destruída.

No evento não faltou magia, com a parti cipação de Rubén Félix; teatro, com duas peças elaboradas pela Associação Despor tiva e Cultural Sabro; poesia, declamada por crianças; fado e muita dança, com “Os amigos da dança”.

A população que se deslocou ao auditó rio municipal na entrada deu o seu contri buto, sem valores fixos, e o valor apurado

no final foi de mil novecentos e trinta e três euros, a favor das vítimas do incêndio Urbano em Sabrosa.

A Associação Desportiva e Cultural Sabro elaborou também uma barraca solidária no Mercado Tradicional que decorreu nos dias 10 e 11 de setembro no Largo da Pra ça e todo o valor angariado reverteu para esta causa.

O município de Sabrosa agradece a todos aqueles que contribuíram e demonstra ram que o concelho é feito de gente solidá ria e sensível a este tipo de causas.

O evento foi organizado pela Associação Desportiva e Cultural Sabro com o apoio do município de Sabrosa. 

do de Pedra”, pela Filandorra – Teatro do Nordeste.

No domingo, dia 11, o mercado iniciou com a animação de “Georges Canário” pelas ruas onde decorreu posterior mente a Festa da Rádio Dom Bosco, que trouxe ao evento vários nomes do panorama musical nacional, valorizan do ainda mais a vertente popular e ani mada deste evento que visa preservar as tradições, bem como trazer gente e alegria ao centro histórico da vila de Sa brosa.

No fim-de-semana de 10 e 11 de setem bro, o Centro Histórico de Sabrosa rece beu o Mercado Tradicional e a Festa da Rádio Dom Bosco, onde estiveram presen tes vários expositores e artistas nacionais. Durante a tarde de sábado, dia 10 de
15SETEMBRO 2022 VIVADOURO

S. João da Pesqueira

VINDOURO celebrou o vinho e o Douro

Em plena jornada de vindimas, a VIN DOURO – Festa Pombalina / Wine & His tory celebrou 20 anos com uma enchen te de entusiastas e curiosos por vinhos e produtos de território. Foram milhares os que estiveram em S. João da Pesqueira de 2 a 4 de setembro, num evento memorá vel que mostrou os grandes argumentos do concelho que possui a maior área de vinhas na região classificadas como Patri mónio Mundial pela UNESCO.

O Presidente da República, Marcelo Re belo de Sousa, inaugurou oficialmente a VINDOURO, tendo sido calorosamente re cebido pelos visitantes e participantes no evento. A Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, também esteve presente em representação do Governo.

Na qualidade de cicerone, o presiden te da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, Manuel Cordeiro, conduziu a comitiva de convidados pelo recinto principal da iniciativa, que contemplou a presença de dezenas de produtores de vinhos DOC Douro e Vinho do Porto. O Mercado Pombalino recriou a tradicional venda de produtos locais, uma oportu nidade privilegiada de aquisição de pro dutos autóctones, que sabem verdadeira

mente ao que são. A Feira das Atividades Económicas promoveu oportunidades de negócio na região, estabelecendo-se como uma plataforma extra de contactos.

Trajados a rigor, a lembrar a atmosfera do séc. XVIII e a importância que o Mar quês de Pombal teve na demarcação e re gulamentação do Alto Douro Vinhateiro,

uma equipa de figuração de rua concreti zou os sempre aclamados Cortejos Pom balinos. O Jantar Pombalino, no cenário único do Palácio de Cidrô, teve autoria

Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi um dos prota gonistas da edição que celebrou 20 anos e que registou uma enorme adesão de entusiastas e curiosos.
16 VIVADOURO SETEMBRO 2022

S. João da Pesqueira

Quevedo Porto Tawny 40 anos vence “Grande Medalha de Ouro”

Quevedo Vinho do Porto Tawny 40 Anos, elabora do pela Vinoquel Vinhos Óscar Quevedo, arrecadou a 'Grande Medalha de Ouro' no III Concurso de Vinhos 'Douro em Prova' promovido no âmbito da VINDOU RO Festa Pombalina. Venceu ainda na categoria 'Vi nhos Fortificados'.

Quinta de Cidrô Marquis 2008, produzido pela Real Companhia Velha, foi eleito o 'Melhor Vinho Tinto' e o Titan of Douro Vale dos Mil 2019, elaborado por Luis

Leocádio, venceu o prémio de 'Melhor Vinhos Branco'.

No total foram avaliados em prova cega, sem conhe cimento prévio dos vinhos, um total de 94 amostras, apresentadas a concurso pelos produtores represen tados no evento. O painel de provadores atribuiu um total de nove medalhas de ouro, 32 medalhas de pra ta e 38 medalhas de bronze. Os jurados foram Nuno Guedes Vaz Pires (diretor da Revista de Vinhos), Marc Barros (editor da Revista de Vinhos), Célia Louren

ço (redatora da Revista de Vinhos), Manuel Moreira (sommelier da Revista de Vinhos) e António Maga lhães (representante do Instituto dos Vinhos do Dou ro e Porto).

Depois do sucesso desta edição que celebrou os 20 anos, a VINDOURO Festa Pombalina / Wine & History, uma organização do Município de S. João da Pesquei ra, estará de regresso ao Concelho 'Coração do Dou ro' em 2023.

dos irmãos Óscar (chef) e António (som melier) Geadas, do restaurante G-Pousada de Bragança, distinguido com estrela Mi chelin.

As noites reforçaram o ambiente de fes ta. Os concertos de Tony Carreira, Bárbara Bandeira, Maria Lisboa e Fernando Daniel tiveram lotação esgotada, atuações que certamente ficarão perpetuadas na me mória coletiva do público da VINDOURO.

Para o autarca esta foi a melhor edição já realizada da VINDOURO, sublinhada pela grande presença de produtores de vinho, e pela presença de Marcelo Rebelo de Sousa na abertura do certame.

'Foi a melhor Vindouro que já tivemos. Desde logo por aquilo que é o evento em si, pela presença do Presidente na inaugu ração, e por termos batido o recorde ab soluto de presença de produtores, foram mais de 80 que estiveram aqui.

Não haverá outra feira na região ou mes mo no país que tenha 80 produtores de uma só região representados. Óbvio que os outros expositores também são impor tantes, no total foram cento e muitos, mas este é um evento muito ligado ao vinho, daí a referência'.

O autarca afirmou ainda que passaram 'cerca de 25 mil pessoas' pelo certame, destacando como ponto mais positivo 'a forte presença dos produtores', e menos positivo, 'o espaço que se revelou peque no para tanta procura de visitantes'.

A presença de Marcelo rebelo de Sou sa foi um dos pontos altos desta edição, tendo o Presidente da República afirmado

que a VINDOURO 'é o melhor certame do género do país', afirmação que o autarca pesqueirense revela que o deixou 'um pouco constrangido, até porque tinha ou tros colegas autarcas presentes'.

'Sendo pouco modesto, se calhar o Pre sidente tem razão, porque, à nossa escala e ao que significam os vinhos do Porto e Douro, não é uma feira de vinhos no Porto ou em Lisboa que tem mais interesse que a nossa.

Obviamente que o Presidente quis ser simpático e quis ajudar mas, repito, à nos sa escala e ao significados que os nossos vinhos têm, a Vindouro é o melhor certa me do setor, quer na região quer em com paração com aqueles que se realizam fora da região.

É um evento com glamour, com uma envolvência diferente, talvez por isso tam bém sejamos merecedores de ter o Presi dente da República na inauguração. Não conheço outro evento do género que me reça tal honra.

Independentemente dos artistas que venham, não é isso que faz a VINDOURO. Caso contrário não teríamos aqui tantos produtores expostos, mesmo numa altura de vindimas, sendo certo que alguns não puderam vir por essa razão. Certamente não vieram para fazer um favor ao autar ca, vieram por reconhecerem importân cia ao evento.

Já mesmo depois de terminar a Vindou ro algumas pessoas têm-me abordado a dizer que no próximo ano também que rem estar presentes com o seu negócio. Acho que isto já diz muito'.

17SETEMBRO 2022 VIVADOURO

Moimenta da Beira

Expodemo 2022: Quatro dias, mais de 30 mil visitantes,

Foi o mais longo dos certames já realizados. O melhor e o maior de todos os que exaltam a maçã, em Moimenta da Beira. A 11ª edição da Expodemo, que passou de três para quatro dias, ocorreu de 15 a 18 de setembro deste ano de 2022.

Foram dias de sol incríveis, horas de fes ta sempre em ambiente efusivo. Correu tudo de feição!

Feito o balanço, estima a organização que mais de 30 mil pessoas terão passado pelo recinto. "Uma moldura humana to dos os dias", testemunha o Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, Paulo Figueiredo, orgulhoso pelo regres so da feira, depois de dois anos de reali zações em formatos digitais, por causa da pandemia de Covid-19.

O evento regressou para celebrar mais uma edição, enquanto festa de cultura e de negócios, festa de artes e de espetácu los de rua, festa de música, de teatro, dan ça, poesia, livros e de gastronomia, tam bém de experiências enogastronómicas únicas, e ainda e sempre enquanto feira e festa de exaltação à maçã, fruto da terra, das raízes e da luz.

A Expodemo regressou ao espaço de sempre, mas agora totalmente renova do: a Praça do Tabolado, no miolo mais urbano e nobre da vila, que acolheu os dois palcos principais. Foi neles que acon teceram os concertos e os espetáculos mais marcantes. À cabeça, o de Pedro Abrunhosa, na noite de 16 de setembro. O largo esteve pejado, apinhado de gente e de emoções! O músico, cantor e escritor de tantas canções que se juntam a tantos outros hinos, lendas e adágios, foi a estre la-maior, que a meio do concerto desceu do palco e misturou-se com o público. Foi o rubro!

No outro palco, mesmo em frente aos Paços do Concelho, como sempre acon teceu, foi a tarde do Somos Portugal, da TVI, tarde de um sobe e desce de artistas populares durante quase oito horas de emissão em direto. E também de reporta gens sobre o concelho e os seus produtos de maior valia. Foi no domingo, último dia do certame.

Entre os dois palcos, depois de saírem da praceta, no sábado à noite, houve ma gia chegada de França com a Compagnie des Quidams, que preparou para a Expo demo "FierS à Cheval", um espetáculo que foi um sonho passageiro, uma procissão de imagens que começou com persona gens estranhas, bizarramente vestidas, venezianos de ficção científica, orgulho sas de si mesmos Em 30 segundos o mun do transformou-se numa atmosfera de imagens oníricas, as personagens trans formam-se em fantásticos cavalos Um homenzinho estranho, o "homem das pis tas", prestou-se aos jogos, às justas, às co reografias desta fantástica cavalaria Uma criação musical original acompanhou o espetáculo. Sem palavras, mas com sons, sem barreiras, apenas atmosferas musi

cais.

Nos palcos, atuaram também Djs consa grados. Destaque para os Karetus e para as belíssimas performances de Guitos Live Percurssion, Verylight, e os residentes Pi ratas e Pedro Costa.

Um sublinhado ainda para as atuações do Grupo de Cantares da Câmara Munici pal de Moimenta da Beira; e para os inten sos desempenhos da Dança Criativa, De zpassitos, Iurie Chifrosin Trio, Orquestra CemNotas, com a participação de Fábio Augusto, e da frenética banda SuperNova.

Mas houve também outros momentos de grande evidência, como as Provas de Maçãs, não fosse a Expodemo a Festa da Maçã; a Praça de Espanha, um espaço ex positivo e de venda de produtos do país vizinho; o Pavilhão das Letras, que com debates à volta do livro, tertúlias, sessões de poesia e música erudita, enche de cul tura a Expodemo; o Festival de estátuas vivas e de arte de rua; as tasquinhas; as provas de vinhos, algumas comentadas por especialistas de renome; os espaços infantis; a tradicional gastronomia; as ati

vidades desportivas.

Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, este presente no arranque do certame, no final, em declarações ao Vi vaDouro a governante sublinhou a impor tância destes eventos na valorização dos produtos endógenos, destacando o papel dos autarcas.

"É muito importante que estes eventos regressem e mais uma vez devemos desta car o papel das autarquias. As pessoas es tão ávidas deste convívio e estes certames são a oportunidade de mostrar aquilo que de melhor cada concelho tem.

Aqui na Expodemo vimos do que é feito o coração de Moimenta da Beira: o vinho, a maçã, a metalomecânica, o granito, e tantas outras áreas de negócio. Isto é uma verdadeira montra. Depois é oportunida de de quem é de cá regressar à sua terra natal e de quem é de fora vir até cá conhe cer estes territórios.

Dá trabalho, envolve despesa mas acima de tudo é um importante investimento que as autarquias fazem".

Ana Abrunhosa referiu ainda que há di

18 VIVADOURO SETEMBRO 2022

Moimenta

visitantes, mais de 150 artistas e mais de 30 espetáculos

ferentes desafios para os territórios do in terior, como Moimenta da Beira, estando o Governo alertado para eles.

Aqui temos um desafio muito grande que é a falta de pessoas, temos que criar condições para que as empresas venham para estes territórios.

O Governo mudou recentemente a lei da emigração, simplificando a vinda e le galização de emigrantes. Neste momento alguém que queira vir trabalhar para o nosso país por um determinado período já o pode fazer sem tanta burocracia.

Há projetos estruturantes que exigem investimento público e para os quais de vemos aproveitar os fundos europeus para abrir com apoios só dedicados aos territórios do interior, seja para apoio ao investimento, contratação ou às institui ções do ensino superior, é o que estamos a preparar no âmbito do novo Quadro Co munitário.

Ana Abrunhosa falou ainda na Linha do Douro, afirmando que o Governo está "a trabalhar no projeto da Linha do Douro, em breve iremos reunir com os autarcas

para propor uma solução".

Também presente no certame moimen tense esteve Carla Alves, Diretora Re gional das Pescas e Agricultura do Norte (DRAPN), que se mostrou feliz por parti cipar em mais um evento dedicado à agri cultura, destacando o papel dos autarcas na promoção dos seus territórios e produ tos endógenos.

"Estes são territórios bastantes rurais nos quais os autarcas, e bem, têm apos tado neste tipo de eventos que ajudam a promover e escoar os produtos que aqui se produzem. Esta é uma ajuda importan te que as autarquias podem dar à agricul tura.

Temos tido eventos de grande nível um pouco por toda a região do Douro e esta Expodemo é mais um bom exemplo disso.

Moimenta da Beira é um dos maiores produtores de maçã no Douro, a par com Armamar. No total aqui temos mais de 1000 hectares de macieiras, representan do no todo nacional cerca de 35% da pro dução de maçã.

Para além da maçã aqui estamos tam

bém na micro região do Távora Varosa que, apesar da sua dimensão produz um espumante de excelente qualidade. É para mim um gosto enorme e um prazer estar presente nestes eventos".

Reconhecendo que "este ano não há mo tivos para grandes festejos", Carla Alves mostrou-se confiante que o "o próximo quadro comunitário, o PEPAC, que entra em vigor a 1 de janeiro, seja um programa com uma diferenciação positiva para os territórios do interior".

HOMENAGEM À UCRÂNIA

No final da sessão inaugural da Expode mo, todos os presentes foram convidados a acompanharem o autarca Paulo Figuei redo e a Cônsul Ucraniana no Porto, Ponomarenko Alina, na inauguração de uma exposição fotográfica, de autores ucranianos com imagens antes e durante a guerra.

Visivelmente emocionada com o ges to da autarquia, a diplomata ucraniana afirmou à nossa reportagem que este era um momento “importante para mim e para todos os ucranianos. Esta exposição mostra-nos imagens da Ucrânia antes e durante a guerra, assim como diversos momentos da nossa história e a maior das nossas tragédias, o Holodomor”.

Ponomarenko Alina fez ainda questão de deixar um agradecimento ao “Presi dente da Câmara e a todos os que partici pam neste evento, pelo facto de se terem lembrado da Ucrânia e preparado esta exposição. Para nós, ucranianos, que estamos a viver o terror da guerra, mo mentos como este são muito especiais”.

Deixando ainda um agradecimento ao Governo e a todos os portugueses “o fac to de apoiarem a Ucrânia neste momen to tão difícil”.

A Cônsul deixou ainda um desejo, “que todos possam regressar à Ucrânia em breve e já sem a guerra que os afastou do seu país”. 

19SETEMBRO 2022 VIVADOURO
da Beira

ANÍBAL CAVACO SILVA

Considera-se ser uma pessoa com mão -cheia de S's: sortuda, solidária, simples, simpática e sentimental? Como coroa es tas mais-valias?

Não costumo fazer avaliações sobre a minha personalidade. Deixo isso para os outros e cada um faz a avaliação segundo o lado que conhece melhor. Mas costumo dizer, e já es crevi, que sou um homem de muita sorte. Tive muita sorte na família e tive sorte na vida política também. Mas, como também se cos tuma dizer, às vezes para termos sorte é preci so uma boa dose de trabalho.

Onde sentiu ser mais fiel a si próprio e à sua maneira de ser e estar: no cargo de primeiro-ministro ou no de presidente da República Portuguesa? Porquê?

Procurei ser fiel ao superior interesse nacio nal e à minha consciência em todos os mo mentos em que desempenhei funções públi cas. Ser primeiro-ministro naqueles primeiros dez anos da integração europeia foi um desa fio extraordinário, um privilégio que nos deu, a mim e aos governos a que presidi, a oportu nidade de fazer o desenvolvimento acontecer a um ritmo que Portugal não conhecia e que não voltou a conhecer depois. Fui Presiden te da República num tempo muito diferente, mas muito desafiante também, em que creio que a minha experiência de governo e conhe cimento das questões de economia e finanças e do funcionamento da União Europeia foram muito úteis para o exercício de uma magistra tura de influência ativa e para ajudar o país a atravessar uma das mais graves crises que conheceu.

Posicionando o nosso país na altura em que estava nessas funções e posicionando -o agora, faria tudo igual ou mudaria algo nas decisões tomadas? Em que baseia es tes seus critérios?

O processo político de decisão não bene ficia da capacidade de uma plena antevisão do futuro – o que permitiria eliminar ou pelo menos reduzir a possibilidade de errar. O que posso dizer é que, em cada decisão que to mei, quer enquanto Primeiro-Ministro, quer enquanto Presidente da República, tive em conta uma análise tão rigorosa quanto possí vel das suas consequências e da ponderação do custo-benefício de cada decisão. E segui a máxima que Sá Carneiro ensinou aos que fizeram parte do seu governo: em cada mo mento, adotar o critério do superior interesse nacional, tendo em conta a opinião pública, mas sem confundir esta com a opinião publi cada. Posteriormente, podemos sempre dizer que teríamos feito de outra forma, mas com a informação que tinha em cada momento, tomaria provavelmente as mesmas decisões.

Olhando para trás, qual considera ser a sua obra de eleição realizada em Portugal, tanto quanto líder do Governo como chefe de Estado?

É difícil destacar uma 'obra de eleição' em

dez anos de governação que foram pródigos em reformas tão díspares que permitiram uma verdadeira transformação da nossa sociedade. Mas eu diria que o reforço da igualdade de oportunidades, como resultado de um vasto conjunto de políticas que resul taram não só em crescimento económico, mas também numa intensa ação social e no aumento quantitativo e qualitativo da edu cação em Portugal, é aquilo de que mais me orgulho. Como Presidente e tendo em conta as circunstâncias difíceis da vinda da troika,

Posteriormente, pode mos sempre dizer que teríamos feito de outra forma, mas com a infor mação que tinha em cada momento, tomaria pro vavelmente as mesmas decisões.

chamada pelo governo do Partido Socialista para evitar a bancarrota, talvez destacasse o trabalho, muitas vezes silencioso e discreto, para ajudar Portugal a libertar-se do progra ma de assistência financeira, evitando um segundo resgate, o que aconteceu com muito mérito do governo de Pedro Passos Coelho.

No ano em que se casou cumpriu serviço militar em Moçambique. O ter estado lá ajudou-o a mudar a visão que tem ou que tinha da colonização? Ainda hoje há gente

Texto e Fotos: André Rubim Rangel
20 VIVADOURO SETEMBRO 2022
Entrevista

“É urgente um abanão político que retire a sociedade portuguesa da apatia e acomodação”

que fala magoada de todo esse processo / transição nos PALOP

Fui mobilizado para prestar serviço militar em Moçambique quando era estudante do ISCEF. Normalmente aos estudantes era per mitido adiar o serviço militar, mas a mim foi recusado o adiamento. Casei-me 11 dias antes de embarcar e a minha mulher foi comigo. Moçambique marcou o início da nossa vida em comum, numa época em que a Guerra Colonial ainda estava longe dos dias mais sangrentos. O processo da descolonização foi muito doloroso e muitas pessoas sentiram-se traídas e abandonadas, perdendo tudo o que tinham de uma forma dramática. Mas quero destacar que considero notável que o Portu gal democrático tenha conseguido construir uma relação saudável com os PALOP. Empe nhei-me seriamente nisso, envolvendo-me nos processos de paz de Angola e de Moçam bique quando era Primeiro-Ministro e pro curando sempre manter excelentes relações com os PALOP e sublinhar a importância da nossa língua e passado comuns.

Com o tempo, Putin transformou-se num ditador, cada vez mais perigoso.

Atualmente olha de maneira diferente para aquelas verdadeiras 'forças de blo queio' que fizeram face à sua governação? As forças de bloqueio existiram, não foram uma figura de estilo. Repare que durante o tempo em que fui Primeiro-Ministro houve um líder partidário do maior partido da opo sição que se demitiu em protesto contra a interferência do Presidente da República no seu diálogo com o governo a propósito da revisão constitucional. E houve um líder sin dical que disse que foi impedido de assinar um acordo de concertação social por interfe rência de um líder do PS. O que me satisfaz é ver que, apesar das forças de bloqueio, cum primos o mandato que os portugueses nos deram e conseguimos desenvolver o país de uma forma notável.

Sendo sempre a vencedora dos atos elei torais a crescente abstenção, pelo povo estar desalentado e desacreditado na clas se política, não seria mais que oportuno instaurar-se já o voto eletrónico, entre ou tras medidas que combatam a abstenção? Não me parece que o voto eletrónico seja uma prioridade no combate à abstenção. Considero, no entanto, e disse-o recente mente, que creio ser necessário repensar o nosso sistema eleitoral, eventualmente com a criação de um círculo nacional ao lado dos círculos regionais. Já quando era Presidente da República promovi estudos sobre o alhea mento dos jovens em relação à política. Creio que a situação se está a agravar e a alastrar

em termos etários. Faz falta uma mudança na ação política concreta que traga uma nova es perança aos portugueses, principalmente aos mais jovens. Os anos do século XXI têm sido de decadência económica em relação aos paí ses da UE. Não devemos tomar nem a demo cracia, nem a liberdade por garantidas.

Como professor, o que sente ao ver a classe ser gradualmente desvalorizada, de modo geral, com imensos contratados a demorarem a efetivação no Quadro, a estarem a receber o mesmo há anos e sempre com horários e destinos incertos, ano após ano?

Os salários em Portugal são baixos, não é uma realidade exclusiva dos professores, nem apenas do sector público. E tem aliás sido essa a causa de um constante fluxo mi gratório de tantos jovens qualificados e em preendedores que, em face de magras ofertas em Portugal, partem para o estrangeiro em busca de melhores oportunidades de futu ro. É um problema da maior gravidade. Mas o que é preciso explicar às pessoas é que só é possível aumentar salários de forma sustentável quando há crescimento económico e aumento da produtividade. Neste momento, temos uma situação absurda em que há aumentos salariais no sector privado que são, além de decretados

pelo governo, financiados pelo governo! Ou seja, o governo aumenta o salário mínimo por decreto para níveis que sabe que as empresas não conseguem pagar e então dá-lhes o dinhei ro para que paguem aos seus trabalhadores. O sector público, por exemplo, precisa de atrair bons profissionais e para isso tem de oferecer melhores condições. Isso é verdade para os pro fessores, mas também para os médicos, para os enfermeiros, para os técnicos superiores em geral. Mas como o governo tem aversão a reformas fundamentais para promover o cres cimento da economia, Portugal está a tornar-se num país de salários mínimos, a que se junta a brutalidade de impostos.

Sente que os desafios dos seus livros «Cumprir a Esperança», «Construir a Modernidade» e «Ganhar o Futuro» vão sendo cumpridos ao longo dos anos, tais como o de criar mais rique za, o de promover o bem-estar e o de apostar nos Portugueses?

Esses foram, genericamente, os desafios que os meus governos, entre 1985 e 1995, procuraram cumprir. Mas o trabalho do governo é, por definição, sempre inaca bado. O que posso dizer é que as expec tativas dos Portugueses têm sido bastante defraudadas ao longo dos anos do século XXI e do ponto de vista económico o de senvolvimento do país está muito aquém do que devia estar e, como tal, a qualidade de vida dos Portugueses está também ela aquém do que podia e devia estar. Esse atraso fica patente no facto de estarmos a ser ultrapassados por países do Leste que entraram na União Europeia muito depois de nós e partiram de situações muito pio res do que a nossa. Eu creio que isso deve ser uma causa de preocupação. É urgente um abanão político que retire a sociedade portuguesa da apatia e acomodação pe rante o rumo de empobrecimento relativo que Portugal tem vindo a trilhar.

Sendo este jornal da área do Alto Douro, peço-lhe um exercício de me mória dos melhores momentos tanto profissionais como pessoais que tenha vivido e visitado nesta região

Tenho excelentes memórias da região do Douro. Ainda muito recentemente estive com a minha família a navegar no Douro, aproveitando um fim-de-semana em Ma rialva. Quer enquanto Primeiro-Ministro, quer enquanto Presidente da República, estive variadíssimas vezes no Alto Douro. Como Presidente da República recordo a minha participação na sessão comemora tiva dos 250 anos da Região Demarcada do Douro que teve lugar na Régua. Recordo igualmente a comemoração do Dia de Por tugal em 2015 em Lamego em que lembrei o Vale do Douro como a terra de alguns dos melhores vinhos do mundo, de uma gastronomia de exceção e de uma paisa gem de ímpar beleza.

21SETEMBRO 2022 VIVADOURO

Entrevista

Aqui, e em termos governativos, pode mos considerar seu o momento alto as novas travessias ferroviárias criadas no Douro e implantadas entre as décadas de 80 e 90? Porquê?

Eu escrevi recentemente um livro [Uma experiência de social-democracia moderna, 2020] em que detalhei os processos de deci são da construção de algumas grandes obras públicas nos meus mandatos como primeiro -ministro. Entre os projetos estão as pontes de S. João e do Freixo e sobretudo sobre a pri meira houve histórias muito engraçadas, com ameaças de que iria cair no dia da inaugura ção e de que o Governo estava a pôr em causa a segurança do convidado Presidente Mário Soares, com intermináveis declarações televi sivas sobre o assunto! São obras que perdu ram no tempo, mas também marcante e num âmbito mais cultural, foi a aquisição do Par que de Serralves, no Porto, ou o lançamento do programa das Aldeias Históricas, num âm bito que vai para além do Douro. Creio que, num caso e noutro, houve um acréscimo de bem-estar à vida das pessoas, que deve ser uma medida da decisão política. Agora a go vernação vive muito da propaganda.

Mas como o governo tem aversão a reformas fundamentais para promover o crescimento da economia, Portugal está a tornar -se num país de salários mínimos, a que se junta a brutalidade de impostos.

Ao longo dos seus mandatos chegou a estar com Vladimir Putin. Como foi esse encontro e que impressões tirou dele? E agora, como caracteriza essa personagem com a invasão criminosa na Ucrânia?

Recebi Putin em 2007, quando Portugal exer cia a Presidência do Conselho da União Euro peia, no âmbito da cimeira União Europeia -Rússia. A cimeira foi em Mafra mas, no dia anterior, recebi Putin em Lisboa. Fiquei com a sensação de que era uma pessoa fria e dura, sem vontade para fazer cedências. Isto foi ain da no seu segundo mandato, antes de ele ceder o poder a Medvedev, com quem me reuni em Novembro de 2008 e, portanto, quando ainda havia a ficção de que a democracia funcionaria na Rússia. Com o tempo, Putin transformou-se num ditador, cada vez mais perigoso. A guerra da Ucrânia tem-nos trazido imagens de morte e de destruição que eu não esperava ver numa Europa do século XXI. Esperam-nos tempos duros, porque a guerra trará consequências penosas para todos e isso vai testar a capacida de de os europeus continuarem firmes ao lado dos ucranianos. Está em causa a nossa segu rança, a nossa liberdade e a nossa democracia.

Quais foram as personalidades, duas in ternacionais e duas nacionais uma ligada à política e outra não, que mais o impres sionou / gostou de conhecer e a que menos gostou? Quais os motivos das escolhas?

Um dos privilégios da vida política é o de nos cruzarmos com pessoas extraordinárias e de podermos conviver com elas, por vezes longe dos holofotes. No meu tempo de primeiro-mi nistro, um tempo de grandes mutações políti cas na Europa e no mundo, tive oportunidade de contactar e ver de muito perto como, por exemplo, o Papa João Paulo II, Gorbatchev, Thatcher, Reagan e Kohl moldavam um mun do diferente e melhor. Estamos a precisar de novos líderes com capacidade para darem à Humanidade esperança num mundo me

lhor. Claro que acabamos por nos cruzar com outras de que levamos recordações menos boas, mas eu permito-me não res ponder a essa questão na medida em que são ossos do ofício.

Além das 4 altas condecorações na cionais que detém, possui 54 altas con decorações de Estados internacionais, dos cinco continentes. Algo notável! Há alguma que tenha um sentido especial para si, que mais destaque ou que mais o tenha sensibilizado? E porquê?

As condecorações são, na sua maioria, o resultado da ação diplomática que exerci, quer enquanto Primeiro-Ministro, quer en quanto Presidente. Atribuo especial signi ficado às que me foram atribuídas após a conclusão dos meus mandatos: a Grã-Cruz de Cristo, que me foi dada pelo Presidente Mário Soares depois de deixar São Bento em 1995, e os Grandes-Colares da Liber dade e do Infante D. Henrique, dados pelo atual Presidente da República. O Colar do Infante recebi-o este ano, aliás com enorme surpresa, na comemoração dos 15 anos da EPIS (Empresários pela Inclusão Social).

Por último, solicito-lhe uma mensa gem final motivacional para os nossos leitores, baseada no seu lema de vida ou nalguma expressão de autor que sempre o inspirou

Aos jovens, principalmente aos oriundos de famílias modestas, quero dizer-lhes que, apostando fortemente na educação e com trabalho sério, é possível subir na vida. O caminho será mais fácil se tiverem a seu lado uma família unida em que os valores da fraternidade e da entreajuda são cultiva dos. Àqueles que tenham atração pela vida pública, aconselho a que adquiram primei ro a capacitação para o exercício de uma atividade profissional, porque em política não há certezas e não se deve esperar grati dão ou reconhecimento.

22 VIVADOURO SETEMBRO 2022

Carrazeda

“Com Vida e Movimento” em Carrazeda de Ansiães

O CITICA encheu-se de vida e movimen to domingo, 25 de setembro, com o Fes tival Cultural Douro Superior "Com Vida e Movimento" um evento itinerante que já percorreu três dos Municípios deste território.

"Valorizar as tradições e a cultura du riense" é o mote deste certame que vai ainda ocorrer nos restantes concelhos do Douro Superior até ao final deste ano. Na tarde de ontem contou-se com apre sentações da Banda de Música de Freixo

de Espada à Cinta, Rancho Folclórico do Centro Cultural de Mêda, Pauliteiros de Sendim Miranda do Douro, Grupo de Cavaquinhos da Escola Municipal Sabor Artes de Torre de Moncorvo, Gaiteiros de Bemposta Mogadouro e claro os filhos da

Clássicos encheram Carrazeda

O Município de Carrazeda de Ansiães foi pal co do 1º Encontro de Clássicos neste domingo, 25 de setembro. O evento reuniu e mostrou aos amantes das quatro rodas cerca de 70 viaturas clássicas, num passeio que correu as

artérias da vila e partiu em direção a aldeia de Foz-Tua para visitar o Centro Interpretativo do Vale do Tua (CIVT), a par de exposição de Clássicos que decorreu no CAECA. Um conjunto de 70 automóveis clássicos,

oriundos de toda a região transmontana e de outras zonas do país, com a parceria do Clube de Automóveis Clássicos de Vila Flor e o Clube de Clássicos do Nordeste, que contou ainda com a edição do Festi

casa: o Rancho Folclórico de Carrazeda de Ansiães.

Um obrigado à organização do Festival, aos grupos que tão bem representaram as suas terras e cultura e ao público que tornou esta tarde memorável.

val Cultural Douro Superior “Com Vida e Movimento”.

No fim houve lembranças oferecidas aos participantes e a promessa de novos en contros.

Vilarinho da Castanheira integrada na rede de “Aldeias de Portugal”

A freguesia de Vilarinho da Castanheira recebeu o certificado de classi ficação que comprava a sua integração na Rede Nacional de “Aldeias de Portugal”.

A Rede, é composta por um conjunto de lugares, em que a sua comu nidade e atores locais que valorizam o passado e os recursos locais, em simbiose com o conforto e as novas tecnologias.

As Aldeias de Portugal são um novo conceito, da forma de abordar o Turismo Rural, que se diferencia da restante oferta por proporcionar aos seus visitantes a Experiência da Ruralidade , através de um produto único e inimitável, mais personalizado, que valoriza a hospitalidade, o lazer os usos e costumes. 

23SETEMBRO 2022 VIVADOURO
de Ansiães

Alijó

Município recebeu Símbolos da Jornada Mundial da Juventude

O Município de Alijó associou-se à pere grinação dos Símbolos da Jornada Mundial da Juventude, cuja jornada pelo Concelho termina amanhã. Os trabalhadores do Mu nicípio receberam e conduziram depois os Símbolos - a Cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romaniaté ao Quartel dos Bombeiros Voluntários de Alijó.

Esta peregrinação, que atravessa as 21 Dioceses de Portugal, arrancou em no vembro de 2021 e continua até julho de

Inscrições abertas para a Universidade Sénior de Alijó

Estão abertas as inscrições para a Uni versidade Sénior Alijó (USA), que retoma a sua atividade a partir do dia 10 de ou tubro.

As inscrições poderão ser feitas presen cialmente na Biblioteca Municipal de Alijó ou através de um formulário na página de internet do município. A USA, dirigida a pessoas com mais de 55 anos, promove a valorização da experiência de vida e do conhecimento dos nossos seniores, atra vés da dinamização de atividades sociais, culturais, de formação, de desenvolvi mento social e pessoal, de solidariedade social, de convívio e de lazer.

Contamos consigo para partilhar, apren der, conviver e, sobretudo, manter-se ati vo, de forma descontraída. Caso necessite de mais informações, contacte 961 838

2023, para anunciar o maior encontro de jovens do mundo que está agendado para o verão de 2023, em Lisboa.

A Jornada Mundial da Juventude conta com dois símbolos que a acompanham e representam: a Cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani. Nos meses que antecedem cada JMJ, os símbolos partem em peregrinação para serem anunciadores do Evangelho e acompanharem os jovens, de forma espe cial, nas realidades em que vivem. 

Alijó recebeu Comemorações do 13.º aniversário do Comando Territorial de Vila Real

Alijó recebeu hoje a Cerimónia Militar do 13.º aniversário do Comando Territo rial de Vila Real da Guarda Nacional Re publicana (GNR), que foi presidida pelo Major-general, Adjunto do Comandante do Comando Operacional, Rui Alberto Ri beiro Veloso.

O programa de comemorações, que ce lebra também os 105 anos de presença da GNR no distrito de Vila Real, terminou no passado dia 18 de setembro, com uma Caminhada no Trilho das Fragas Más, na Freguesia de São Mamede de Ribatua.

24 VIVADOURO SETEMBRO 2022
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Torre de Moncorvo

Vinho Sabor Douro regressou à Foz do Sabor

Inserida no Douro Superior, Torre de Moncorvo, é terra de vinhos de excelência. No decorrer dos meses de setembro e outubro decorrem as vindimas, altura em que as uvas são colhidas e transformadas no belo néctar sobejamente conhecido e apreciado por todo o mundo.

É desta premissa que nasce o Vinho e Sa bor Douro, um festival que assinala o final do verão e dá a conhecer os maravilhosos vinhos que se produzem no concelho, numa paisagem única como é a da emble mática Praia Fluvial da Foz do Sabor, onde os visitantes têm ainda oportunidade de usufruir de espetáculos musicais e outras iniciativas preparadas pela autarquia para o evento.

Nesta edição os destaques foram a reali zação de uma noite branca, batismos de Stand Up Paddle, Fitdance e música para bebés.

Helena Pontes, da divisão de cultura da autarquia moncorvense explica que o cenário edílico é ideal para a prova de vi nhos da região.

“Já vamos na 7ª edição desta mostra dos vinhos do concelho. Costumamos dizer que os vinhos do Douro Superior são os melhores da região e, para nós, os de Tor re de Moncorvo são os vinhos excelentes do Douro.

Para lá de uma festa de vindimas esta é também uma festa de despedida do verão.

Os visitantes que passam por aqui têm oportunidade de provar gratuitamente os vinhos dos expositores que aqui estão, podendo votar nos seus favoritos através de um cartão que lhe é oferecido na aqui sição do copo de provas.

A junção entre esta paisagem e os fantás ticos vinhos que temos é perfeita, apenas falta aqui a presença da nossa amêndoa coberta IGP que, no próximo ano, já fará também parte deste certame".

Pedro Ferreira, da Quinta da Pardala, é um dos produtores presentes no evento. Representante de um projeto que se iniciou em 2019 e colocou no mercado o seu primeiro vinho em 2021, afirma que este tipo de iniciativas "são muito positivas", sublinhando ainda o tra balho da autarquia neste setor com o apoio na representação "em outras fei ras de vinhos, fora da região, de grande dimensão".

Para o jovem produtor o ponto menos positivo do evento é a data, "muita gen te nesta altura ainda está em vindimas, o que dificulta a presença em eventos deste género. No meu caso consegui vir porque já terminei a colheita, caso con trário seria impossível".

Um dos artistas que passou pela Foz do Sabor para animar o evento foi Pau lo Gonzo que em declarações à comu nicação social se mostrou "muito feliz por ter oportunidade de fazer o que lhe dá prazer (cantar), envolto numa paisa gem fantástica como é a do Douro".

Presentes no evento estiveram os pro dutores de vinho do concelho que, no

local, venderam ao copo, ou à garrafa, os néctares que produzem nas suas quintas.

Além da dinamização da economia local este evento tem como objetivo au mentar a oferta turística da região fora da época alta.

Torre de Moncorvo está situada na margem direita do Douro, cercada a Norte e Noroeste pelo rio Sabor e a Sul pela Serra do Roboredo. Grande parte do concelho é abrangida pela Região Demar cada do “Vinho do Porto” e, pela área do Alto Douro Vinhateiro classificada como

Património da Humanidade, pela UNES CO. Não há dúvida que os vinhos pro duzidos no Douro Superior, sub-região do Douro onde Torre de Moncorvo está inserido, têm provas dadas da sua quali dade de excelência como comprovam os vários prémios que lhe são atribuídos

26 VIVADOURO SETEMBRO 2022

Festival do Moscatel regressou a Favaios

Em plena época de vindimas o Festival de Moscatel regressou ao planalto de Favaios, em Alijó, para celebrar um dos néctares mais reconhecidos da região duriense, que contou com nomes grandes na animação musical, Ruizi nho de Penacova, Gisela João e Pedro Abrunhosa.

Ao longo de três dias, foram milhares aqueles que se deslocaram às terras altas de Alijó para provarem o moscatel, um vinho doce que tem vindo a registar um crescimento significativo de reputação nos últimos anos.

Mário Monteiro, presidente da Adega Cooperativa de Favaios, em declarações à comunicação social afirmou que o certa me pretende divulgar o moscatel de Fa vaios, que pertence ao Douro. Queremos chamar à atenção para o resto do país que Favaios produz moscatel de grande qua lidade.

O presidente da Cooperativa mostrou -se ainda bastante satisfeito na campanha deste ano que deverá registar um aumen to de produção de cerca de 10%, compara

Sabrosa

tivamente com a vindima do ano anterior.

Para Mário Monteiro, outro registo que merece esta celebração são os números referentes à aposta na internacionalização que tem sido feita nos últimos anos, resul tando já num terço das vendas da adega. É um número muito bom, estamos em to dos os países da diáspora, Brasil, Estados Unidos, China, Angola, Moçambique, Ca nadá, entre outros.

José Paredes, autarca alijoense, nas suas declarações, sublinhou a importância do

vinho para o concelho, com destaque para o moscatel.

Este ano já organizamos a Feira dos Vinhos dos Altos, onde o moscatel se in sere, contudo, este vinho, pelas carac terísticas únicas que tem e a importân cia para o nosso concelho, merece um evento específico.

Em 2021, a produção de moscatel em Favaios foi de 6.200 pipas de vi nho (550 litros cada) e a previsão para este ano aponta, segundo Rui Paredes,

da Adega de Favaios, para as cerca de 7.000 pipas.

O ano de 2022 foi quente e seco e as previsões do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) apontam para uma quebra na ordem dos 20% na colheita global da Região Demarcada do Douro, face à campanha anterior.

No entanto, o Douro é uma região heterogénea e as dificuldades não se fazem sentir de forma igual por todo o território.

Festa do Vinho e do Azeite encheu a aldeia vinhateira de Provesende

Durante os dias 17 e 18 de setembro a aldeia vinhateira de Provesende foi palco de mais uma celebração dos produtos endógenos com centenas de visitantes a encherem o centro da localidade.

Com um programa recheado de muita animação e muitas barraquinhas onde não faltou a boa gastronomia típica, o vinho, o azeite e o artesanato, a edição deste ano da Feira do Vinho e do Azeite iniciou no sábado de manhã com um percurso pedestre pelo Trilho das 5 capelas , dando-se posterior mente a abertura oficial da feira com o cortar da fita pela Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa. A tarde foi marcada pela presença da Secretária de Estado do De senvolvimento Regional, Isabel Ferreira, da Chefe da Estrutura sub-regional de Vila Real CCDR-N, Helena Teles, e da Diretora Regional de Agricultura e Pescas do Norte, Carla Alves. Para Isabel Ferreira é importante continuar a valorizar os produtos endógenos, em espe cial nos territórios de menos dimensão como a aldeia de Provesende.

“Todos os locais são importantes e os mais pequenos ainda mais, é necessário que hajam cada vez mais políticas públi cas de proximidade, que aproximem os locais e as pessoas.

Estamos numa aldeia com dinamismo, que organiza esta feira há muitos anos, que regressa agora após a pandemia, e que merece o nosso apoio porque é aqui que se promovem os nossos produtos endógenos. Durante o tempo que aqui estive vi imensos jovens que aqui desen

volvem as suas atividades e isso é sempre um aspeto que merece ser assinalado .

Com o centro da aldeia cheio de gente, o presidente da junta local, Carlos Madureira era um homem feliz e surpreendido como explicou à nossa reportagem.

“Não estava à espera de tanta gente porque é o recomeço deste evento após a paragem provocada pela pandemia.

Estamos muito contentes com este mar de gente que se vê. É um evento que dá muito trabalho e que tem custos para os cofres da junta mas justifica-se para ter este ambiente aqui e para promover os nossos produtos .

Para o presidente da junta, a junção este ano do azeite ao cartaz deste evento é me recida para aquele que é o segundo produ to mais produzido no concelho , afirmando mesmo que no seu entender, o azeite do Douro é o melhor do mundo, com caracterís ticas diferentes dos restantes .

Também Helena Lapa, autarca sabrosense se mostrava satisfeita com o sucesso do even

to sublinhando o vasto número de visitantes, e a importância destes produtos para a eco nomia local do seu concelho.

“Para os produtores locais é o retomar de uma atividade que lhes permite mostrar os seus produtos, e a presença de tanta gente aqui é muito positiva.

O nosso objetivo é apostar cada vez mais neste tipo de eventos. Como disse no meu discurso, a coesão territorial começa por dentro, neste tipo de eventos, na promoção dos nossos produtos e dos nossos produto res, é fundamental.

Temos que apostar (no azeite), porque é também um produto de grande importância no nosso concelho. Vão surgindo já também os frutos secos e o mel mas os principais são o vinho e o azeite e este evento surge para os valorizar”.

Parte integrante da organização deste even to é a Associação Sabrosa XXI, liderada por Celeste Marques que, à nossa reportagem destacou a importância do evento para as

gentes da aldeia que durante os dois dias viram um mar de gente pelas ruas e muita animação, tudo com o objetivo de promo ver os seus produtos mais identificativos.

É muito importante para a comunidade local porque dinamiza e aldeia e trás pes soas até cá, algo que é tão necessário. É um evento dedicado aos produtos endógenos, ao vinho e ao azeite, para os promover, e para isso precisamos de pessoas aqui.

O Douro é vinho e azeite, antigamente as oliveiras estavam no meio da vinha, hoje es tão mais na bordadura mas cada vez se dá mais importância ao azeite e à sua qualida de. O nosso objetivo é conseguir a denomi nação de origem para o nosso azeite

A música tradicional ao som de concerti nas, a atuação do Rancho Folclórico de San ta Eugénia, o grupo Bomboémia, e o grupo Batucada no Cobre encerraram a tarde do primeiro dia da feira, que continuou pela noite fora com o espetáculo 4 Mens e poste riormente com o Dj QuarentineLive.

O segundo dia desta edição iniciou com a missa da bênção do Mosto com a presença das confrarias, seguindo-se posteriormen te o brinde à Região Demarcada do Douro e aos seus viticultores. Da parte da tarde, a animação continuou com muita música de rua, folclore, teatro e a atuação do Grupo Sons do Minho, que encerraram em grande a 13ª edição da Feira do Vinho e do Azeite.

A Feira do Vinho e do Azeite é organiza da pela União de Freguesias de Provesen de, Gouvães do Douro e São Cristóvão do Douro, em parceria com o Município de Sa brosa e apoio da Associação Sabrosa Douro XXI.

27SETEMBRO 2022 VIVADOURO Alijó

Carrazeda de Ansiães

Durante o fim de semana de 26 a 28 de agos to, a vila de Carrazeda de Ansiães foi palco da Feira da maçã, do vinho e do azeite, um certame que visa a divulgação destes pro dutos da terra e que gera duas dezenas de milhões de euros.

Para o autarca carrazedense, João Gonçalves, o certame requer um investimento relevante para o município, que é recompensado pelo retorno que gera e pela divulgação dos produtos de ex celência do concelho.

Na inauguração do evento este o secretário de Estado da Agricultura, Rui Marinho que deixou a garantia de “haver financiamento para o rega dio, uma das reivindicações que tem vindo a ser feitas pelo autarca e pelos produtores do conce lho transmontano.

Rui Marinho explicou que falta a apresentação do estudo de impacto ambiental e que assim que o aval for dado o projeto será formalizado e avançarão as obras de uma infraestrutura que considera importante para a região .

Com este regadio permite-nos dar uma garan tia de abastecimento com toda a regularidade e permitir aos agricultores tomar as decisões mais adequadas no sentido de fazer os seus investi mentos, sendo a disponibilidade de água está garantida , afirmou.

O Secretário de Estado frisou ainda que a cons

Região

Feira da maçã, do vinho e do azeite celebrou o melhor de Carrazeda de Ansiães

“Nem todos os pomares foram afetados da mesma forma, nomeadamente pelo granizo e pelo calor, por isso ainda não há uma estimativa global das quebras. Todavia, 2022 vai ser ano de lamentar perdas importantes, em alguns casos na ordem dos 80%.

trução desta nova albufeira vai permitir assegu rar o abastecimento situações de seca e comple mentar as disponibilidades hídricas que existem na barragem de Fontelonga e garantir de forma regular e previsível o abastecimento doméstico da população de Carrazeda de Ansiães.

Num ano marcado pelas elevadas temperatu ras e falta de chuva, o autarca João Gonçalves recebeu esta notícia com entusiasmo.

João Gonçalves referiu que a realização dos estudos prossupõe sempre um grau de incerte za no que toca à concretização do projeto, no entanto, ter a confirmação de financiamento é um passo muito importante para a sua concre

tização.

Maçã, Vinho e Azeite registam quebras de produção

Apesar de no evento ser vivido um ambiente festivo, a verdade é que este ano os produtores não têm os melhores motivos para sorrir, só na maçã são estimadas quebras superiores a 70%, resultado da seca, do calor extremo, e de uma tempestade de granizo que se registou no con celho.

Luís Vila Real, presidente da Associação da Fruticultores, Viticultores e Olivicultores do Pla nalto de Ansiães, com 250 associados, fala numa quebra generalizada das produções.

Luís Braga da Cruz homenageado pela CCDR-N durante apresentação de livro de crónicas

Luís Braga da Cruz foi ministro da Eco nomia no XIV Governo Constitucional, liderado por António Guterres, Vice -Presidente do Conselho de Adminis tração da Fundação de Serralves e pre sidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, cargo pelo qual gosta de ser recordado, entre outros.

Foi por ter ocupado o cargo entre 1986 e 2001 que Luís Braga da Cruz foi homena geado pela CCDR-N, sendo atribuído o seu nome ao auditório da Comissão na cidade do Porto.

Em declarações ao nosso jornal, Luís Braga da Cruz confessou-se sentido com a homenagem, sublinhado que a mesma não se reporta apenas a si e ao trabalho que desenvolveu à frente do organismo mas também a todos aqueles com quem trabalhou e aprendeu.

“Ninguém é insensível a homenagens e, naturalmente, que não escapo a essa regra.

Porém, considero que quando estamos motivados e vemos o esforço do nosso trabalho convergir com um objetivo pre viamente definido, isso já é razão bastante para nos sentirmos gratificados.

Quando se trata de um trabalho insti tucional, as homenagens não podem ser entendidas apenas como tributo pessoal a um indivíduo. Este reconhecimento tam bém homenageia uma geração com que aprendi, que dedicou muito à causa regio nal e aos problemas do desenvolvimento.

Foi um período muito especial em que Por tugal teve acesso aos fundos estruturais euro peus, sendo necessário acompanhar a gestão desses recursos e cuidar da sua rigorosa apli cação, o que aconteceu”.

Seguida da homenagem, decorreu a apre sentação do livro “Crónicas sobre o Douro... e outros temas, da sua autoria, uma oportu nidade para Miguel Cadilhe e António Cunha, convidados a discursar, tecerem duras críti cas à macrocefalia da capital que atrofia a coesão territorial, num país em que a prio ridade do investimento público são as prio

ridades do centralismo, contra a regionaliza ção que defendem.

Sobre o livro, Luís Braga da Cruz refere que é uma compilação de textos, muitos deles es critos no nosso jornal numa coluna mensal que manteve durante seis anos, que refletem o seu trabalho e a sua visão sobre a região de Douro e Trás-os-Montes.

“Durante seis anos tive a sorte de poder es crever uma crónica mensal para o Vivadou ro. Não recebia qualquer orientação sobre os temas que abordaria. Tinha liberdade de escolha, sendo que as únicas restrições eram

Num ano médio, deveríamos produzir 1.200 toneladas. Em 2022 nem metade vamos con seguir. E dessa metade, se conseguirmos apro veitar 20% para o mercado já será muito. Como se não bastasse, com calibres inferiores ao nor mal”.

Nova marca apresentada

A inauguração da 25ª edição deste evento ser viu ainda para a apresentação da nova marca do município, Carrazeda de Ansiães. Entre Douro e Tua, nossa.

De acordo com o autarca esta é uma nova rou pagem de mostrarmos o concelho e o conceito que temos é que é uma marca fortemente terri torial, porque marca bem o facto de Carrazeda de Ansiães estar virada para os rios e não de cos tas voltadas para eles e das potencialidades e das portas que esses rios nos abrem. É também uma marca fortemente emotiva e muito inclusiva. 

relativas ao número de caracteres. Tive a preocupação de ter o Douro e Trás-os -Montes como referencial geográfico, bem como os seus recursos específicos: a paisa gem vinhateira, o rio, a vitivinicultura, as acessibilidades, a cultura, as instituições, os desafios futuros, algumas vivências pessoais. Foram pequenos ensaios sobre política regional, de grande variedade te mática, onde o Douro era o pretexto para refletir sobre o nosso futuro coletivo.

Tenho que reconhecer que os catorze anos em que tive responsabilidades admi nistrativas na Comissão de Coordenação Regional do Norte, marcaram profunda mente a minha maneira de ser e de estar.

Em primeiro lugar foram uma fonte de ensinamento. Eramos confrontados com problemas reais, muitas vezes com com plexidade, que reclamavam soluções jus tas e consensuais.

A CCRN era tida como uma plataforma de racionalidade técnica, mas cujas so luções tinham implicação política, por envolverem dinheiro público, por contri buírem para o bem estar das populações e por exigirem sentido de equidade e justi ça. Muitas das operações, aparentemente, podiam parecer fáceis, mas não o eram. Nada podia ser deixado ao acaso. Tudo exigia preparação, estudo técnico, aten ção às diversas sensibilidades, para haver eficácia.

Este livro acaba por reunir textos que re portam esta experiência, onde a realidade do Douro está muito presente”.

28 VIVADOURO SETEMBRO 2022

Sernancelhe

Festa da Castanha: 30 anos a promover a Martaínha

A celebrar 30 anos de Festa da Cas tanha, Sernancelhe prepara-se para uma edição especial deste certame. A realizar no último fim de semana de outubro, o vereador Armando Mateus esteve à conversa com o VivaDouro antecipando aquilo que será a Festa da Castanha 2022.

São 30 anos da Festa da Castanha, é esta a festa mais importante do município? Tenho que assumir que sim.

A Festa da Castanha é aquela que, pela lon gevidade, traz mais notoriedade ao concelho, aquela que alavanca o nosso produto de ex celência, que é a castanha Martaínha, aquela que atrai milhares de visitantes ao nosso con celho e traz retorno financeiro à economia local.

É sem dúvida o grande evento de Sernan celhe e que acaba por ajudar também a ala vancar todos os restantes que organizamos ao longo do ano.

Nesta edição tão especial que novidades podemos esperar?

Tem sido um crescendo, nomeadamente na organização dos eventos pelos quais sou res ponsável. Esta é a minha nona edição deste evento, já recebi uma responsabilidade muito grande porque este evento era já uma refe rência na região, com a equipa que temos o objetivo sempre foi melhorar a edição seguin te.

Obviamente, passado 30 anos, há que mar cá-los de uma forma diferenciada. Para esta edição a grande aposta é homenagear aque les que, ao longo de todo este tempo, tra balharam em prol do sucesso deste evento, assim como as entidades que por aqui foram passando.

Nesta edição estamos a desenvolver um documentário, que irá ser apresentado na inauguração do evento, com o registo destas três décadas, recorrendo ao arquivo do mu nicípio, ainda muito em formato papel com notícias de jornais e cartazes.

O início deste evento foi num local próximo da sede do município, ao ar livre, sujeito às condições do clima já em pleno outono. Um percurso interessante que este evento foi ten do ao longo dos anos, e que agora as pessoas vão poder conhecer já em formato digital, mas também, por exemplo, no espaço do evento com a exibição dos 30 cartazes do evento, contando também eles a história de como temos evoluído em termos de comuni cação do evento.

No fundo, nesta edição vamos homenagear quem ao longo de 30 anos trabalhou e se de dicou a esta Festa da Castanha. Será uma fes ta que percorrerá os 30 anos da sua história e a sua evolução, transformando esta festa num evento, atrevo-me a dizer, de dimensão internacional.

Tem uma estimativa de visitantes que Sernancelhe poderá acolher neste fim de semana?

Sou sempre muito cauteloso nessa estimati va. No primeiro ano que fui responsável pela organização da Festa da Castanha apercebi -me que me deixei levar pelo entusiasmo e fui

um pouco exagerado.

Garantidamente ultrapassamos os 50 mil vi sitantes, isso é uma certeza. É uma logística bastante cuidadosa, não só na organização.

Este é um evento genuíno, de tradições, com uma personalidade forte que queremos manter. Com 30 anos esta é já uma festa adul ta e madura.

Hoje em dia as preocupações que temos prendem-se com questões de segurança e de satisfação de todos quantos nos visitam.

Um concelho de seis mil habitantes, que durante um fim de semana recebe 50 mil vi sitantes, tem que ter resposta para uma série de situações que podem surgir.

Com esse fluxo, como é que se gere, por exemplo, a questão do alojamento e da alimentação?

A grande maioria dos visitante vem cá so mente durante o dia, não pernoita, algo que pretendemos mudar e que acontece também porque não há oferta suficiente, não só em Sernancelhe como nos concelhos vizinhos, em especial Moimenta da Beira, Penedono, Trancoso e Aguiar da Beira.

Os visitantes que acabam por pernoitar aqui são aqueles que além da visita vão também participar em alguma das provas desporti vas que temos no programa, como é o caso do trail, da caminhada ou do BTT. São pro vas que se iniciam muito cedo e por isso os participantes procuram dormida, vindo de véspera.

Teremos que continuar a apostar neste as peto e a verdade é que as respostas vão sur gindo, não através de unidades de grande di mensão, mas muito no alojamento local e no turismo rural.

Quanto à alimentação, na tenda gastronó mica tentamos que os espaços sejam da res ponsabilidade de outras entidades que não os restaurantes locais porque esse já ficam lotados por natureza e é assim uma forma de aumentar a nossa capacidade.

Outra aposta que temos vindo a fazer mais recentemente neste ramo, é na chamada fas t-food, com maior capacidade de resposta, mas que tem que ter sempre um cariz de li gação á nossa realidade como as bifanas, san des de leitão ou porco assado, por exemplo, associando a isto os nossos vinhos e os vinhos da região, onde temos também uma oferta bastante alargada.

Esta será uma aposta deste ano, uma tenda maior para os restaurantes com lugar senta do, e uma outra tenda, à qual iremos chamar "lounge", uma tenda de bem estar com muita oferta de comida de rua. Assim agradamos aos diferentes gostos de quem nos visita.

Vamos ainda ter vários parques de estacio namento em redor do evento, permitindo as sim também que as pessoas circulem de for ma mais fácil, usando os tranfers que estarão à disposição gratuitamente, e que circulam em espaços temporais de 10 a 15 minutos.

Para quem nos visita temos ainda outra oferta, que já incluímos há alguns anos, que é o comboio turístico que, além de transportar as pessoas até ao evento, faz ainda um circui to de visitação pelo centro histórico da vila.

Em 2020 o evento foi exclusivamente online por força da pandemia, em 2021 o online foi mantido mas já houve também atividade presencial. Este ano, já sem pra ticamente nenhumas restrições derivadas da pandemia, a versão online será para manter?

A aposta no online acabou por ser forçada devido à pandemia mas os resultados foram muito positivos, mesmo no ano passado onde já foi possível receber pessoas no Exposalão mas que muita gente ainda optou pela com pra de castanha online.

Essa era uma aposta que prendíamos man ter, contudo o executivo municipal decidiu este ano não manter esta aposta, por uma razão específica e que esperamos que não se volte a repetir, a seca.

É um ano em que a quantidade de castanha será muito reduzida devido ao longo período de seca que vivemos e, por essa razão, consi deramos importante ter o máximo de produ to disponível no evento presencial.

Ainda que o castanheiro não seja uma cul tura que tenha uma grande necessidade de água, também não lida bem com as tempe raturas elevadas que se registaram este ano.

Portanto, este será um ano de colheita baixa, e muito possivelmente de menor qualida de do que é habitual. Normalmente anos de pouca quantidade dão muita qualidade mas a conjugação de fatores este ano faz-nos ficar na expectativa.

Podemos então afirmar que, na fileira do castanheiro, este será um ano de me nor quantidade e qualidade?

Em termos de quantidade seguramente que sim, em termos de qualidade temos ainda que aguardar, mas poderá ser.

Se lhe pedisse para nos indicar o ponto alto do evento deste ano, qual seria a es colha?

O ponto alto penso que será exatamente o momento de abertura com tudo o que já re feri atrás. Será um momento muito marcante com a presença de muitos rostos que marcam a história destes 30 anos de Festa da Casta nha.

Outro ponto que merece destaque é a apre sentação de depoimentos dessas personalida des e entidades que fazem parte da história do certame, bem como de produtores e ou tros negócios ligados a este setor, que come çam a ser divulgados a 26 de setembro, até bem próximo da data do certame.

O associativismo desempenha também um papel importante neste evento?

Sem dúvida. Este ano a tenda de boas vin das, aquela que alberga os espaços mais insti tucionais será aumentada, permitindo assim a presença de mais associações e parceiros deste evento.

Para terminar pedimos-lhe uma mensa gem para todos aqueles que pretendem vir até Sernancelhe para a Festa da Cas tanha.

A mensagem que posso deixar é exatamen te a apelar que nos visitem. Será uma visita que terá como retorno uma grande satisfação para todos que por aqui passem.

Para aqueles que já ouviram falar deste evento e pensam visitá-lo, este é o ano cer to para o fazer. É uma feira que assinala três décadas e por isso será uma edição especial, direi mesmo, de excelência, onde vamos mos trar tudo aquilo que fizemos ao longo de todo este tempo. Para quem ainda não veio é o ano certo.

Quem vier é certo que terá um bom cartaz de animação, boa castanha assada, boa jero piga. Com muito desporto pelo meio, bem como uma série de atividades paralelas já tão típicas desta organização.

É um evento para toda a família?

É o evento certo para uma visita em família, com tudo preparado para os receber. 

30 VIVADOURO SETEMBRO 2022

Opinião

Domingos Nascimento

O turismo deve contribuir para a humanização do território.

Todos reiteramos que são as pessoas o património mais valioso do grande Douro. Então sejamos conse quentes. É pelas pessoas e pela sua qualidade de vida que temos de continuar a lutar.

Na região, à semelhança de todo o interior, o de samparo humano é real. Faltam às pessoas as reta guardas familiar e de vizinhança. É a desertificação demográfica o fator mais relevante deste desamparo.

O Grande Douro pode ser um exemplo para o país.

Precisamos criar condições de apoio permanente às pessoas que vivem nas suas casas, nas nossas aldeias.

O turismo é uma atividade humana com impac tos significativos para os territórios, comunidades e sociedade em geral. E não é inócuo.

É uma dinâmica que promove o multiculturalis mo e o desenvolvimento económico, cultural e social. Mas também deixa algumas marcas am bientalmente relevantes.

A OMT - Organização Mundial do Turismo inter preta os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sus tentável, apontando o contributo do turismo para cada um deles.

Deixa muito evidente a vontade de fazer do tu rismo um "potencial único para proteger o patri mónio cultural e natural e apoiar as comunidades tanto económica quanto socialmente.”

No Douro o turismo tem uma expressiva impor tância. Explorado de forma mais significativa por grupos económicos estruturados para extrair o máximo possível das potencialidades da região. Muitos empregos são criados e há alguma dinami zação de atividades económicas locais. Mas, uma parte significativa do maior património do Douro, as pessoas, ficam excluídas deste movi mento de entradas, saídas e uso.

Em linguagem muito simples, o turismo serve-se das nossas terras, do nosso rio, dos nossos mo numentos. Mas deixa nada ou quase nada para muitas pessoas.

Por isso o turismo tem que libertar recursos que deverão estar diretamente ao serviço das pessoas, de TODAS AS PESSOAS!

Particularmente pessoas com mais idade.

As nossas aldeias podem ser "comunidades ampara das", com serviços de saúde e sociais para as pessoas, que permitam a vida sem o isolamento que provo ca solidão e perceção de insegurança e fragilidade.

Criando-se emprego jovem, que se fixarão por cá, apoiando profissionalmente os de mais idade. Estru turando-se uma Rede, municipal e, eventualmente, supramunicipal, de Cuidadores Comunitários.

O Turismo deve financiar esta inovadora forma de humanização.

Considero de total justiça e como racional medida a aplicação da taxa turística na Grande Cidade que é este Douro dos 19 municípios que integram a CIM Douro.

A Taxa turística, de 2 euros, aplicada em simultâneo por todos os municípios, seria, depois das necessá rias deliberações dos órgãos competentes, gerida com equidade, pela Comunidade Intermunicipal, que a colocaria ao serviço dos mais velhos e mais desfavorecidos.

Penso até que a taxa de humanização seria um bom reforço para o aumento da qualidade percecionada do território pelos turistas ou potenciais turistas.

Neste século XXI é o Cuidar das pessoas o principal indicador de desenvolvimento.

Fica a responsabilidade no colo de cada um dos eleitos para os diferentes órgãos nos municípios. Todos podem contribuir com a sua vontade para fazer avançar a taxa de humanização.

No Grande Douro, o turismo vai estar ao serviço de todos!

A 17 de setembro assinala-se o  Dia Mundial da Segu rança do Doente, iniciativa promovida pela OMS desde 2019, com o objetivo de aumentar a consciencialização global sobre a segurança do doente. O tema da campa nha deste ano é a Segurança da medicação. O uso de medicação é a tecnologia mais utilizada nos sis temas de saúde. Nas últimas décadas, os medicamentos têm contribuído para a eficiência dos sistemas de saúde por se revelarem um meio custo-efetivo para a redução da carga da doença e mortalidade, promovendo a me lhoria da qualidade de vida individual.

A utilização segura do medicamento exige uma diminui ção da prevalência dos incidentes através da adoção de medidas estruturais e processuais de prevenção, impli cando mudanças organizacionais e comportamentais.  Deverá ser dada  atenção particular a contextos onde ocorrem a maioria dos danos, ou seja, na transição de cuidados, na polimedicação e em situações de alto ris co. Os danos causados por medicamentos são respon

sáveis por 50% de todos os danos evitáveis em cuidados médicos.

A ampla evidência internacional sugere que existe um potencial não aproveitado no investimento que se faz anualmente em medicamentos. A Organização Mun dial da Saúde estima que 50 % dos cidadãos em todo o mundo não tomam corretamente os medicamentos, por diversas razões. Estima-se que seja possível poupar cerca de 370 mil milhões de euros através do Uso Res ponsável do Medicamento. Este valor corresponde a cerca de 8% da despesa mundial em saúde, que é afeto a custos de saúde evitáveis, com consequente impacto nos valores de internamentos hospitalares, morbilidade e mortalidade.

Mas se as organizações têm que adotar medidas de se gurança, os utentes também precisam de colaborar em todo este processo. Os medicamentos são substâncias que tem como objetivo curar doenças ou aliviar sinto mas, no entanto se não forem tomados os devidos cui dados, podem causar problemas. Assim:

Faça uma lista dos medicamentos que está a tomar Leia o nome do medicamento e siga as indicações do seu médico

Saiba para que servem os medicamentos que toma Confirme SEMPRE a data de validade

Conheça os efeitos secundários/interações

Guarde os medicamentos em lugar seguro e adequado Informe o seu médico se tiver alguma alergia Pergunte, a profissionais de saúde, sempre que tiver duvidas

NÃO PARTILHE medicamentos com família e amigos Crianças e idosos devem ter cuidados especiais com a sua medicação

Após um internamento hospitalar, deve falar com o seu médico de família para que ele verifique toda a medica ção

Faça um uso responsável dos medicamentos. 

Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I
Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária
Dia Mundial de Segurança do doente: a Segurança da Medicação
Presidente da Agência Social do Douro
O turismo, no Grande Douro, não está ao serviço de todos!
32 VIVADOURO SETEMBRO 2022

Venha nos visitar na Feira da Maçã de Armamar ou no nosso Stand: Filial de Viseu - Estrada Nacional 16, 3515-789 Gumiei Ribafeita Viseu . Portugal Email: mta.vendas@mta.pt

33SETEMBRO 2022 VIVADOURO
35SETEMBRO 2022 VIVADOURO

Opinião

Jaime Sampaio

A UTAD vai atribuir o grau de doutor Honoris Causa ao treinador de futsal Jorge Braz no dia 17 do próximo mês. Os títulos desportivos que tem ajudado a conquistar com a seleção nacional de Futsal nos últimos anos são uma justifi cação óbvia e suficiente, mas não a úni ca, nem a mais importante.

O Jorge Braz representa na perfeição a imagem de um treinador moderno,

“Ser Portugal”

cujas funções não se circunscrevem só à complexa tarefa de liderar e preparar equipas (não só de jogadores) para vence rem todas as competições em que parti cipam. Na realidade, também incorpora muito bem toda a implementação de um plano de desenvolvimento desportivo da Federação Portuguesa de Futebol que, por exemplo, se preocupa muito em cap tar os mais jovens para a prática despor tiva ou em formar melhores dirigentes e melhores treinadores. O Jorge Braz é, as sim, um exemplo de boa gestão que ultra passa o fenómeno desportivo. Quando se

refere a “ser Portugal”, revela um orgulho indescritível no que o nosso País repre senta, no compromisso e na cumplicidade dos jogadores portugueses e de todos os seus staffs de apoio, que continuamente se superam e usam a força das equipas para transformarem as dificuldades em oportunidades. É difícil encontrar um “eu” nos seus discursos, percebe muito bem que o seu papel, muito melhor do que assente em hierarquia por instrução e deliberação, é assente em estabeleci mento de redes, em que os intervenientes são coordenados e empoderados para se

responsabilizarem e contribuírem para a melhoria de todo o processo.

A UTAD identifica-se com todos estes fundamentos do “ser Portugal” e também se identifica com o ser “de lá detrás das pedras”, pois traduz o orgulho, a perseve ração e a resiliência de uma identidade ab solutamente imprescindível para diferen ciar e dignificar o nosso futuro enquanto nação. É neste sentido que atribuir o grau de doutor Honoris Causa ao treinador Jor ge Braz é um reconhecimento à sua exce lência profissional, indissociável do seu exemplo de cidadania. 

Um grande futuro pela frente

A mais antiga região vitivinícola de marcada e regulamentada do mundo, o Douro Vinhateiro, fez há escassos dias (a 10 de setembro) 266 anos desde que o Marquês de Pombal a instituiu. E a efe méride, que nos habituámos a fixar no calendário como Dia Internacional do Vinho do Porto, foi aproveitada pelo Ins tituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P., para reconhecer projetos que se têm destacado pelo desenvolvimento de boas práticas ambientais, sociais e económi cas.

Iniciativas como o “Douro+Sustentável” servem para sinalizar que, de facto, a Re gião Demarcada do Douro (RDD) tem um

grande futuro pela frente, mais promis sor do que o foi no passado. E que esse futuro passa pelos projetos, consistentes, que contribuem para o desenvolvimento economicamente viável da região, alicer çado em boas práticas ambientais e na proteção e valorização do património na tural duriense.

Ao distinguirmos o que de melhor se faz no Douro estamos a mostrar a vitalidade do setor e a paixão que é diariamente posta, socalco após socalco, na vitivini cultura da região. Mas, mais do que isso, estamos a apontar caminhos. E a abrir novos rumos. Isto numa altura em que os desafios que se colocam à fileira, desde a produção à comercialização de vinhos, são reconhecidamente enormes.

É por isso que o Instituto dos Vinhos

do Douro e do Porto, I. P. desenvolve fre quente e estrategicamente todo um con junto de ações de promoção, em várias vertentes.

Para demonstrar toda a versatilidade e polivalência do Vinho do Porto empreen demos, este mês e nos próximos, várias provas com harmonizações em concei tuados restaurantes e com reputados chefs, cocktails em bares de referência, sunsets com produtores vinícolas e des tinados aos consumidores finais, provas comentadas por enólogos a pensar nos mercados internacionais, entre outras iniciativas.

São também estes esforços que nos permitem concluir que há sinais encora jadores do comportamento das vendas de vinho do Porto, com destaque para o

que tem sido o crescimento do merca do nacional, depois de um ano anterior absolutamente extraordinário no que às exportações diz respeito.

O sucesso só se alcança com o envol vimento de todos. Tem sido assim na Região Demarcada do Douro. Mas o su cesso será tanto maior quanto melhor for distribuída equitativamente toda a riqueza gerada na cadeia do setor. É igualmente para esse desiderato que o IVDP se encontra a trabalhar, inclusive a pensar no reforço da mão-de-obra na região em períodos sazonais. E porque é preciso enobrecer toda a atividade agrí cola, objetivo que passa pela melhor re muneração dos que nela laboram.

Também aqui é uma questão de sus tentabilidade. Uma vez mais.

António

Crónicas do Douro

experiência prática.

É comum recomendarem-se livros para leitura nas férias estivais – tão co mum quanto a frustração das expecta tivas que lhes sucede. Prefiro, por isso, recomendar leituras para a “rentrée”, e apenas duas. Leituras instrutivas pela sua atualidade e pelo que dizem do País que somos, herdamos e temos.

As obras estão em fase de lançamento e são assinados por autores especial mente habilitados, isto é, que combi nam um conhecimento rigoroso das realidades que tratam a uma sabedoria maturada, feita de saberes diversos e

A primeira é da autoria de Luís Braga da Cruz. É hoje apresentada publica mente na CCDR-NORTE, da qual foi Pre sidente durante cerca de uma década.

Em “Crónicas sobre o Douro… e outros Temas”, Braga da Cruz oferece um lúci do retrato sobre a evolução do País nos últimos 40 anos, em múltiplas dimen sões (onde cabem “políticas públicas”, Europa, educação, cultura, inovação ou acessibilidades), e do Norte e do Douro em particular. É um retrato em modo de testemunho de quem se dedicou a estu dar, a fazer e a participar da vida pública. Que lhe conhece (e aponta) os motivos de orgulho, mas também os seus rotun dos falhanços. A sua leitura só pode ser

uma lição muito útil, tal como o assertivo e enriquecedor prefácio de Miguel Cadi lhe.

Frequentemente, a obra esbarra no fracasso do modelo de desenvolvimento nacional: o do “centralismo português”. Cadilhe é perentório ao recordar que “Portugal está em posições extremas de centralismo comparado [na Europa], no que toca ao nível regional do Continente, percorrendo as suas razões: “a híper-cen tralização do Estado”, “a falácia do país pequeno”, “a hipo-governação regional” e “a brecha entre governações munici pal e regional”. A páginas tantas, Braga da Cruz explica as suas consequências, com um bom exemplo: “os países mais bem organizados avançaram mais de

pressa do que nós e assim se acentuou o distanciamento entre uns e outros, que é o que tem acontecido. A minha convic ção vale-se do exemplo da Galiza, cujos indicadores não eram muito superiores aos do Norte de Portugal (em meados da década de 80) e cujos desvios, entre tanto, nunca cessaram de se acentuar. O sucesso galego não aconteceu pelo efeito de arrastamento de Espanha, como um todo. Pelo contrário, a Espanha é que beneficiou, sobretudo na década de 90, da afirmação autónoma de cada uma das suas regiões”. Eloquente q.b.!

A segunda leitura remete-me, pre cisamente, para “Galiza – Terra Irmã de Portugal” de Ramón Villares. Tema para um próximo artigo.

Pró-Reitor para as Infra-estru turas e Projetos Científicos da da CCDR-NORTE Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)
36 VIVADOURO SETEMBRO 2022

S. João da Pesqueira

- Escola Profissional do Alto Douro denotada como uma escola de Inovação!

A Esprodouro - Escola Profissional do Alto Douro iniciou mais um ano letivo que conta já com diversas atividades de integração e de pro moção do sucesso escolar dos seus alunos, com imensas novidades.

Os alunos têm este ano Aprendizagens Essenciais em Empresa, onde 25% das disciplinas da componente sociocultu ral e científica (Português, Matemática, TIC, Inglês e outras) são ministradas em contexto real de aplicação das aprendiza gens. Para o Diretor Geral e Pedagógico, Fernando Rodrigues, “a escola decidiu olhar para a legislação e implementar a flexibilidade curricular e as aprendi zagens essenciais como faziam sentido numa escola profissional: aplicando o conhecimento! E a ANQEP (Agência Na cional para a Qualificação e Ensino Pro fissional) reconhece essa inovação que se começa a validar nos resultados, como a motivação dos alunos e a diminuição das faltas!”

Apesar do arranque das atividades leti vas ter sido dado no dia 13 de setembro, no domingo anterior a este início (dia 11), foi realizado o BootCamp destina do a toda a comunidade escolar e suas famílias, que contou com a presença da direção da ASDOURO (entidade proprie tária da ESPRODOURO), o presidente José Luís Rodrigues, o Paulo Tolda, bem como o diretor geral e pedagógico da es cola, o Fernando Rodrigues. Nas palavras do Presidente da Direção da ASDOURO e Vice-Presidente do Município de São João da Pesqueira, “ter a família envolvida na formação dos alunos é fabuloso. Começar o ano letivo numa escola de referência na região do Douro, é uma garantia para as famílias de que os seus filhos vão ter su cesso. Por isso o município apostou na criação de uma residência de estudantes, ainda que numa primeira versão, para poder proporcionar a todos os alunos do Douro e internacionais, que consigam en contrar na ESPRODOURO a chave do seu sucesso!”

Este ano contam ainda com grupos de mentoria com apadrinhamento, onde os alunos mais velhos criam grupos com os mais jovens e organizam as atividades da escola, inserindo os alunos e ajudan do à integração de alunos estrangeiros e alunos mais novos. Fruto disso foi o pri meiro evento, um torneio de futebol, no dia 21 de setembro, de abertura oficial do ano letivo e receção aos novos alunos. Na opinião do Coordenador de Futuro da ESPRODOURO, César Sila, “os objetivos desta atividade de um grupo de mento ria passam por proporcionar aos novos alunos o convívio e interação com a res tante comunidade educativa, incentivar o espírito desportivo e de cooperação, con tribuir para o processo formativo dos alu nos, fomentar o conhecimento das impli cações e benefícios de uma participação regular nas atividades físicas desportivas escolares e, também, contribuir para a

valorização do ponto de vista cultural e compreensão da sua contribuição para um estilo de vida ativo e saudável.”

Também nessa mesma semana, a ES PRODOURO esteve em aulas em empresa, onde participou na comemoração “John Graham: 50 Vindimas no Douro”, na Quinta da Gricha, em Ervedosa do Douro. Este evento contou com a participação do proprietário e fundador da Churchill’s,

Johnny Graham, de vários jornalistas e críticos de gastronomia e vinhos, servi ço com a responsabilidade do chef Tiago Santos - Restaurante Courage (Aveiro), onde foram confeccionados sete momen tos harmonizados com sete vinhos da empresa. Os alunos do 2º ano de Técnico de Cozinha e Pastelaria da ESPRODOURO participaram nesta atividade onde apren deram em formato Workshop com o chef

convidado, ficando a cargo a responsabi lidade de serviço de mesa e de vinhos dos alunos do 2º ano do curso de Técnico de Restaurante/Bar.

E foi assim, o início do ano letivo na ES PRODOURO, de um ano que se adivinha muito promissor, repleto de atividades de enriquecimento curricular e de novas ex periências para os seus alunos, com mui to sucesso e inovação à mistura!

37SETEMBRO 2022 VIVADOURO
ESPRODOURO

Depois do sucesso no ano ante rior, ainda com a pandemia bas tante presente nas nossas vidas, que expectativas tem a autar quia para a edição deste ano da Fes ta da Maçã?

Tem tudo para correr bem. A memó ria do grande evento que organizamos no ano passado está ainda muito pre sente.

Estou convencida que, em primeira instância, será importante para a pro moção do concelho mas também para voltar a proporcionar um ambiente de festa e convívio.

Este ano o certame terá certamen te menos contingências.

Sim, o nosso Plano de Contingência não é tão apertado apesar de termos ainda alguns cuidados.

Estamos muito expectantes, temos cerca de 80 expositores inscritos, que vão desde os produtores de maçã, vi nhos, comércio, serviços, entre outros negócios muito ligados ao trabalho agrícola, o que para nós é um motivo de grande satisfação.

É uma procura acima do habitual, e que será também sintomática do suces so e do alcance que esta festa já adqui riu. Não podendo ter orçamentos mui to elevados para estes eventos, à nossa escala penso que conseguimos atrair importância para este setor.

Sendo que este é um evento com um forte cariz agrícola, em especial cen trado na fileira da maçã, ele serve não só para que celebremos mas é também uma oportunidade de chamarmos à atenção para os nossos problemas, es tando naturalmente as alterações cli máticas no topo dessa lista.

A designação do certame é Festa da Maçã mas, como referiu, entre os 80 inscritos até ao momento, es tão diversos negócios que não estão ligados a este fruto. Este evento é muito mais do que apenas um even to dedicado a um fruto tão especial nestas terras?

Na verdade só cerca de 20% dos expo sitores é que são fruticultores, mas isto também está relacionado com a estra tégia que adotamos ao longo dos anos deixando à Associação dos Fruticulto res (de Armamar - AFA), a representa ção dos mesmos.

Cláudia Damião: "A NOSSA EXPECTATIVA É RECEBER 15 MIL VISITANTES

Temos mais de 200 produtores no conce lho que estão muito vol tados para a produção e não para a presença indi vidual neste tipo de even tos, ficando essa responsabi lidade de representação para a AFA.

Os produtores que estão também vi rados para a comercialização direta aca bam por ter o seu espaço individual.

Pode questionar-se porque é que uma feira com tantas atividades envolvidas mantém ainda a designação de Festa da Maçã, mas essa é também uma aposta ao nível do marketing que assumimos, é uma forma de nos diferenciarmos.

Contudo, este é o nosso produto mais diferenciado, com 90 toneladas de pro dução, somos o concelho com maior pro dução de maçã em todo o país.

Podíamos usar outra designação, seria mais inclusiva de todas as áreas que aqui marcam presença, mas desviava-nos do foco neste produto que tem uma impor tância tão grande na nossa economia lo cal.

Não podemos ter um concelho em monocultura, é necessário diversificar, exemplo disso é a cereja que tem vindo a ganhar espaço no nosso território pelas excelentes condições que aqui existem para esta cultura.

Este evento, mais do que a animação e o convívio entre todos que passam por aqui, serve também para chamar à atenção para alguns problemas, desde a organização produtiva à transformação do produto, que são, no meu ponto de vista, deficits no nosso concelho. Somos exímios na arte da produção mas não es tamos organizados comercialmente para escoar o produto.

O que falta fazer?

Corporativismo. É preciso que os nosso produtores tenham uma visão mais es tratégica daquilo que deve ser o produ to, não basta ser bom e ser escoado, tem também que ser valorizado. Temos que conseguir escala.

Temos 90 milhões de quilos de produ ção, se for a uma superfície comercial em qualquer ponto do país, provavelmente tem dificuldade em encontrar maçã de Armamar. Fica diluída na grande dis tribuição ou nos grandes grupos que já têm outra capacidade. Se houvesse mais corporativismo haveria certamente mais produção associada e aí a competição para a venda seria muito melhor.

Um produtor com 100 hectares de ma cieira não tem escala para a grande dis tribuição. Tem corrido bem porque o produto se vende, mas não é valorizado.

E os produtores conseguem perce ber que juntos seriam mais fortes?

Há sempre receio em dar esse passo.

Há sempre a desconfiança no outro. Os poucos exemplos que têm surgido de corporativismo nem sempre correram bem, portanto, há sempre alguma des confiança.

A verdade é que também não tem cres cido muito o número de produtores que quer passar para a comercialização, ape sar de este ser um setor que podia cres cer muito, a par da transformação.

Se eu vender um quilo de mação a 20 cêntimos, com esse mesmo quilo posso fazer uma garrafa de sumo, e aí vendo-a por 1 euro, ganhando mais dinheiro. Esta aposta na transformação tem que sair do nosso concelho.

Tenho feito muitos contactos com vá rias empresas dos setores da cervejaria e dos laticínios, que são produtos que têm usado a maçã, para que o testemunho de les possa ser influenciador.

Tem havido alguns apoios dos Quadros Comunitários para o setor da transforma ção mas não tem havido essa coragem. Há uma vasta gama de produtos que se podem desenvolver através da maçã, desde a maçã desidratada, à polpa da maçã, os sumos, as cidras, etc.

Fala com muito entusiasmo da maçã de Armamar, o que a distingue das outras?

Não tenho uma base científica para afir mar que a nossa maçã é melhor que a de Moimenta da Beira ou de Carrazeda de Ansiães, falando de outras duas maçãs do Douro, contudo, há aqui um papel im portante da orografia e a maçã de altitu de tem um acréscimo de valor em termos de características (brix, coloração, etc).

Aquilo que é uma evidência é a expres sividade em termos de números, de facto é em Armamar que se produz mais quan tidade de maçã.

A maçã que é comercializada, fica em Portugal ou vai para a exportação?

A maioria fica no nosso país, nos pe quenos mercados e uma parte para a grande distribuição, mas indiretamente. Sabemos também que alguma começa a ser exportada, sobretudo para a Europa, África e Brasil.

Do que tem falado com os produto res, que expectativas têm para a Festa da Maçã deste ano?

Estão muito expectantes, consideram que é uma aposta importante que o con celho faz e que ajuda a promover ainda mais a nossa maçã.

O certame é também uma forma de ven derem mais, não só no evento, onde essa venda já é significativa, mas nas vendas futuras que certamente aqueles que nos vistam de várias partes do país farão no futuro.

Num ano difícil para a agricultura como este tem sido, ganha ainda mais importância a realização de um even to destes?

Sem dúvida. Como já referi, é mais uma oportunidade de chamar à aten ção para os reais problemas deste setor, estando à cabeça, como já referi a ques tão das alterações climáticas, e tudo o que lhe está inerente como a seca ou a eventual queda de granizo, apesar de neste último caso termos já uma solu ção implementada com a Associação de Fruticultores

Falando agora do evento mais con cretamente, quer revelar um pouco do que vai acontecer em Armamar durante os dias da Festa da Maçã?

Estamos uma vez mais a apostar numa animação que seja consensual, que as pessoas se divirtam, e que todo o concelho esteja representado, isso para nós é ponto de honra, que todos se identifiquem com o evento e quei ram participar.

Estamos muito preocupados com aquilo que possa ser o atrair para o nos so concelho, no setor frutícola, algu mas empresas que possam influenciar positivamente todo este negócio.

Acima de tudo esperamos que este evento seja uma oportunidade de pro mover tudo aquilo que somos e temos, a prova de maçãs, a degustação de iguarias, a presença do nosso afamado vinho.

Não será mais do mesmo, será um evento que pugnará por ser uma boa mostra do concelho, que mostrará o nosso orgulho em ser quem e o que so mos.

Este é um evento onde o associa tivismo também tem uma presença muito forte.

Sim, quando me referia que a nossa principal bandeira é que este certame é o espelho do nosso concelho, afir mo-o com toda a propriedade, pelos setores que estão envolvidos, desde a agricultura à cultura, passando pelo as sociativismo, serviços, restauração, um pouco de tudo que Armamar tem para mostrar.

Em termos de artistas que irão ani mar o evento, já se podem conhecer alguns nomes?

Já. Temos a Cuca Roseta confirmada, e estamos com outros contactos que por agora ficam ainda em segredo.

Tem uma ideia do número de pes soas que passarão pelo evento?

É sempre difícil fazer uma estimativa destas mas estamos a preparar uma para metrização porque precisamos de medir para avaliar, é importante que se faça.

Podemos dizer que é expectável rece ber cerca de 15 mil pessoas.

As pessoas gostam de vir e comprar, como disse atrás, as vendas durante o certame são significativas, só em maçã é expectável que esse valor atinja os 25 mil euros.

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