PUB Visite-nos em: www.vivadouro.org - E-mail: geral@vivadouro.org Ano 7 - n.º 92 - outubro 2022 | | Diretor: Miguel Almeida | Dir. Adjunto: Carlos AlmeidaPreço 0,01€ Mensal José Manuel Gonçalves “No primeiro semestre do próxi mo ano deverão estar concluídas duas das grandes obras que tinha prometido à população na última campanha, o Hospital D. Luiz I e as termas das Caldas do Moledo” > Págs.12/13 DESTINO BARCA D'ALVA 2029 HÁ GENTE NAS ALDEIASEspecial Aldeias Vinhateiras Aldeia Vinhateira de Barcos Aldeia Vinhateira de Trevões Presidente da Câmara de Peso da Régua “A Linha do Douro tem um potencial único no Mundo que deve ser aproveitado em toda a sua plenitude, e por isso queremos que o comboio chegue até à fronteira,” afirma Pedro Nuno Santos O VivaDouro começa este mês um especial sobre as Aldeias Vinhateiras do Douro. Barcos e Trevões são as primeiras a me recer o nosso destaque > Págs.24 a 27 > Págs.4|5
Estimados Leitores, É inevitável, por esta altura do ano, a dis cussão à volta do orçamento de estado. E desta vez com um avanço muito significativo que é a existência de um acordo de concerta ção social entre os parceiros (todos menos a CGTP) que garante estabilidade no trabalho e nas empresas quando se vive um contex to internacional de enorme incerteza é uma notícia excelente pois pode ser o amaciador necessário para o clima inóspito que se prevê para toda a Europa e Norte América.
De facto, a existência de um acordo de me dio prazo que regula, por um lado o aumen to saudável do salário mínimo e, pelo outro, uma previsão de evolução que faz com que os intervenientes saibam o que os espera.
Por outro lado, este é o primeiro orçamen to de há alguns anos que demonstra preo cupação com o desenvolvimento económi co e, consequentemente, com a promoção e criação de emprego. As vantagens fiscais para as empresas que promovam o empre go e que façam verdadeiro achatamento salarial pelo crescimento dos salários mais baixos vai levar a que as empresas promo vam internamente a diminuição das dispa ridades salariais.
O compromisso dos parceiros sociais é bem claro: adotar princípios de promoção do emprego sustentável, implementar me canismos para atrair e valorizar os jovens no mercado de trabalho. As medidas concretas que fazem parte do compromisso entre o governo, as empresas e os sindicatos (com exceção da CGTP) são: O aumento do bene ficio anual do IRS Jovem ao longo dos anos, iniciando-se em 50% e terminando com 20% no quinto ano; a criação de programa anual de apoio à contratação sem termo de jovens qualificados com salários iguais ou superiores a 1.320€; a extensão extraordiná ria do Programa Regressar durante a vigên cia do Acordo; a atualização dos escalões do ISRS; a eliminação da diferença entre a retenção na fonte de IRS e o imposto devido são algumas das medidas que constam no acordo.
Mas a mais emblemática e que mais es paço tem tido na comunicação social é o já famoso acordo de progressão dos rendi mentos do salário mínimo. Sendo verdade que assenta nalguns pressupostos, o que é valorizado são os resultados esperados e es tes estão bem definidos: 5,1% de aumento para 2023; 4,8% para 2024; 4,7% para 2025 e 4,6% para 2026.
Este acordo fará mais pela contenção da inflação desmesurada em Portugal do que qualquer outra ação. Porque, simultanea mente, valoriza o trabalho e dá aos merca dos condições de previsibilidade que fazem uma enorme diferença.
Parece que um governo de maioria absolu ta pode construir melhores orçamentos que um governo que depende de acordos com outros partidos.
POSITIVO
A chuva que se tem feito sentir nos últimos dias veio minimizar as perdas em algumas culturas da região…
NEGATIVO
… que têm sofrido quebras significativas na colheita deste ano. Na fileira da cas tanha e no olival estão previstas quebras que podem rondar os 40%
Uma mulher Douro
No passado dia 15 de outubro tiveram início as Comemorações do Centenário de Agustina Bessa Luís em Amarante onde nasceu, seguida de uma sessão na Fun dação de Serralves, no Porto, onde viveu parte da sua vida, presididas pelo Presi dente da República.
Desta forma, um conjunto de instituições do Norte iniciaram uma homenagem até outubro de 2023 a uma ilustre figura da literatura e cultura portuguesa, inde levelmente ligada ao Douro, região que marca fortemente a sua vida e a sua ficção. Como ela própria refere, o Douro é espaço de criação e liberdade, pois está ligado à primeira visão, a esse primeiro abrir os olhos para o mundo. É a partir desse olhar primevo, que Agustina parte para o mais vasto mundo dos lugares e perso nagens literárias que compõem o seu universo romanesco.
Nas palavras de sua filha Mónica Baldaque, Agustina e o Douro um canto do mundo, como todos os outros cantos do mesmo mundo, onde se nasce e se morre e se cumprem destinos são inseparáveis. Por este motivo, em 2018 setenta anos após a publicação de Mundo Fechado, a UTAD atribuiu o doutoramento Honoris causa a Agustina, dada a sua forte ligação ao Douro.
Na companhia de um outro doutor da UTAD, Manuel de Oliveira, com quem sempre manteve uma forte cumplicidade, projetaram em Vale Abraão olhares so bre o Douro, vozes sobre a magia, a força e a alavanca simbólica de um rio. Cons truíram a imagem de um Douro, de rituais vinhateiros e de desejos imaginários, analisando a inevitável atração que ele exerce sobre as personagens.
Nos olhares do cineasta e da escritora, projeta-se o Douro “das palavras, das imagens, dos planos narrativos e dos planos cinematográficos” e que os olhares de Agustina e de Manoel de Oliveira se fundem “no Douro, porque os socalcos durienses são socalcos do olhar”.
Em boa hora a CCDR-N incentivou a criação de um consórcio promotor das Co memorações liderado pelo município de Amarante incluindo as autarquias do Porto, Vila do Conde, Póvoa do Varzim, Baião, Régua, as universidades, os or ganismos regionais de turismo e da cultura, a Fundação de Serralves e o Teatro S. João. Desta forma, durante um ano será honrada a memória de uma escritora portuguesa que soube observar e entender a alma portuguesa, em particular as paisagens e as vidas da região do Douro.
2 VIVADOURO OUTUBRO 2022 SUMÁRIO: Destaque Páginas 4e 5 Armamar Página 6 Carrazeda de Ansiães Página 7 S. João da Pesqueira Páginas 8 e 31 Santa Marta de Penaguião Página 9 Tabuaço Página 10 Mesão Frio Página 11 Entrevista Autarca Páginas 12 e 13 Moimenta da Beira Página 14 Alijó Página 15 Entrevista Páginas 16 e 17 Vila Nova de Foz Côa Página 18 Armamar Página 19 Vila Real Páginas 20 e 29 Sabrosa Páginas 21 Opinião Páginas 22 e 28 Especial Aldeias Vinhateiras Páginas 24, 25, 26 e 27 Região Página 30
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Fontaínhas Fernandes Professor Universitário
Destaque
Barca d'Alva poderá ver o regresso
Os estudos de viabilidade económica, financeira, técnica e ambiental da reabertura da Linha do Douro, no troço entre o Pocinho e Barca d’ Alva, foram apresentados, no início deste mês, em Freixo de Espada à Cinta, na presença dos minis tros Pedro Nuno Santos e Ana Abrunhosa, obtendo em todos luz verde à intervenção.
Desde o encerramento do trajeto, de cerca de 28 quilómetros, que liga o Poci nho a Barca d'Alva, em 1988, têm sido muitas as reivindicações de populações e políticos para a sua reabertura, uma posição que parece agora ganhar um novo fôlego com a promessa do Ministro das Infraestruturas que irá mesmo avançar.
O estudo de viabilidade económica da reabilitação da Ligação Ferroviária Poci nho/Barca d'Alva, desenvolvido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimen to Regional do Norte (CCDR-N), e apresentado hoje em Freixo de Espada à Cinta, aponta para uma estimativa global de custos na ordem dos 75 milhões de euros,
dos quais 60 milhões de euros serão destinados à obra de reabilitação, 3,5 mi lhões de euros para projetos e 11,2 milhões de euros para fiscalização e estaleiro.
O documento conclui ainda que "o projeto é rentável do ponto de vista económi co, com os benefícios económicos, sociais e ambientais a superarem os custos", pelo que, "recomenda a sua execução".
No que diz respeito a fontes de financiamento o estudo aponta que devem ser consideradas possibilidades como o Orçamento de Estado ou o Programa Regio nal Norte 2030, que tem revista uma dotação orçamental de 92 milhões de euros
É uma decisão importante para o ter ritório e para a região, de discrimina ção positiva do interior. De facto nós, autarcas e população da região, ansiá vamos há muito por esta decisão. Não es tou, neste momento, eufórico porque já tivemos várias falsas partidas. Neste momento estou expectante para tentar perceber se de facto temos condições para avançar.
A decisão política foi concretizada mas ainda não vi onde se vão buscar as verbas correspondentes, resta esperar pelo primeiro trimestre de 2023 para perceber se irá haver uma derrapagem temporal ou não. Neste momento todas as cautelas estão em cima da mesa.
Se de facto se concretizar, evidentemente que ficarei muito contente e estarei ao lado do Governo para apoiar as decisões que acharem convenientes. Só não quero ser enganado mais uma vez, não podemos esquecer que em 2009 foi assinado um protocolo de intenções sobre a reabertura da linha. Na altura tive oportunidade de comentar que não sei o que é um protocolo de intenções, sei o que é um protocolo de concretizações, por tanto, neste momento vou dar o benefício da dúvida, ao Governo e, se se concretizar, então darei os parabéns.
Não tenho dúvidas sobre os propósitos quer do ministro Pedro Nuno Santos, quer da ministra Ana Abrunhosa. Gostaria era, e já o disse antes, que o Primeiro-Ministro António Costa se pro nunciasse publicamente sobre a reabertura desta linha, dando o seu aval político à questão.
Era muito mau que depois deste envolvimento dos dois minis tros, e não só, não podemos esquecer as declarações da mi nistra Ana Mendes Godinho, que afirma ter raízes em Foz Côa, e que na altura da campanha eleitoral defendeu com unhas e dentes este projeto.
Tenho alguma duvida que três membros do governo venham aqui de uma forma “kamikaze” afirmar algo sem aval do Primei ro-Ministro, mas gostaria de não ouvir este silêncio ensurdece dor de António Costa
A linha trazia não só os turistas mas dava também muito trabalho às gentes de Foz Côa. Este é um investi mento que irá trazer muitos pos tos de emprego mas também um novo dinamismo para a região e para o nosso concelho, sem dúvida. Será importan te para povoar uma região que tem sentido uma sangria diária de pessoas.
José Manuel Gonçalves – Presidente da Câmara Municipal de Peso da Régua
Será difícil reabrir a totalidade da linha até Barca d'Alva em 2029. Temos que ser pragmáticos e sérios neste assunto. Olhando aquilo que são os calendários nor
A linha neste momento ainda só está eletrificada até Marco de Canaveses, para chegar até Barca d'Alva ainda há um longo per curso pela frente. Há processos burocráticos bastante complexos, do ponto de vista técnico e de contratação pública.
Vai ser lançado agora o troço Marco – Peso da Régua, que natu ralmente terá os seus constrangimentos e dificuldades, bem como as limitações de execução até porque não podemos interromper a linha e perder por completo a mobilidade no território, nomeada mente nos períodos de maior afluência turística. Vão haver sempre atrasos para além dos habituais.
De Peso da Régua ao Pocinho não existe sequer projeto ainda, o que temos é uma decisão política que nos diz que é para avançar, mas nem sequer há projeto técnico, que vai ser lançado agora e que sabemos que demora o seu tempo com estudo de impacto am biental, contratação pública, concurso portanto, há aqui um dilatar de tempo.
No próximo ano vai seja lançado o projeto Pocinho – Barca d'Alva, aquilo que eu espero que possa vir a acontecer é que se fun dam os dois projetos e a obra Régua – Pocinho não fique por aí e que, com o financiamento que consigamos arran jar seja Régua – Barca d'Alva. Mas os timings irão ser sempre maiores.
É importante ter a decisão política e go vernamental no sentido que tudo isto será realidade, é fundamental e algo que nunca existiu. Ao contrário do que muita gente diz, nunca se ouviu ninguém fazer uma promessa que a linha chegaria a Barca d'Alva. O ministro Pedro Nuno Santos tem sido sério e, até à reunião que aconteceu em Freixo de Espada à Cinta, nunca o ti nha assumido aberta
Basta recordar uma conferência que realizamos aqui na Régua em 2018, sobre a Linha do Douro, tivemos um deputado do Partido Socialista que disse que ela nem sequer era uma prioridade, que ia bater num muro perto de Espanha, o IC26 é que era uma priorida de. Pois bem, nem uma coisa nem outra se confirmaram.
Felizmente hoje também eles já alinharam o discurso. Nas últimas eleições legislativas houve um consenso sobre o investimento na Linha do Douro, tal como hoje existe de forma geral. O Parlamento, por unanimidade, deu essa indicação, por isso considero que hoje há as condições políticas nacionais para isto ser uma realidade. Em termos de aplicação prática, ainda levará o seu tempo, não podemos é tirar o pé do acelerador e estar muito atentos a todos os timings.
Estou convencido que Porto – Barca d'Alva já não vai parar. O sonho é que nos orienta a vida e a ambição, e para mim esse sonho é ver Porto e Salamanca ligados por ferrovia. O nosso fim, aquilo que devemos sempre tentar alcançar, é isto. Para o território todo, se esta via se concretizar, será dos maiores sucessos turísticos na europa. Temos que acreditar nisso.
O estudo que foi
apre sentado garante a viabilidade da linha e há uma coisa que todos nós devemos ter consciência, o estudo é conservador, não foi feito de encomenda para justificar o in vestimento. Se nós tivéssemos que olhar para aquele estudo de forma mais crua, ele iria aumentar o po tencial da linha, não o inverso. O que lá está plasmado peca por defeito e não por excesso, e é bom que as pessoas vejam que este projeto é bom para o território mas será muito
Esfrego os olhos de esperança, e que Não há forma de fugir ao compromisso.
A CIM Douro desde 2018 encontrou uma uni dade para este projeto da Linha do Douro, conse
4 VIVADOURO OUTUBRO 2022
João Paulo Sousa Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa
Destaque
regresso do comboio em 2029
para investimentos na ferrovia, nomeadamente nas linhas do Douro (troço Peso da Régua – Pocinho), do Vouga e estudos no Sousa.
Ainda sobre financiamento, o estudo aponta a possibilidade de financiar o troço Régua-Pocinho através de mecanismos nacionais e europeus associa dos ao Plano Ferroviário Nacional 2030 (PFN2030), deixando assim a dotação prevista no Programa Norte 2030 para o financiamento da ligação Pocinho – Barca d'Alva.
De acordo com o documento os benefícios totais do investimento "são de
84,2 milhões de euros", gerando "importantes impactos", em especial no se tor do turismo que, logo em 2029 deveria representar 81,6% dos utilizadores, chegando aos 91,7% em 2059.
"No total dos 26 anos de exploração do projeto, o valor acrescentado bruto (VAB) na fileira do turismo irá aumentar em 101,2 milhões de euros a preços constantes e serão criados mais de 4.700 postos de trabalho, sendo que as atividades económicas mais beneficiadas serão a hotelaria e a restauração", salienta o estudo.
De acordo com o documento, o VAB do projeto "é de 42,5 milhões de euros e a taxa interna de rentabilidade económica (TIRE) é de 8,04%".
Nas conclusões do estudo é ainda possível ver que a reabertura deste troço significaria a criação de 4724 novos postos de trabalho, tendo um impacto a rondar os 101M€ no PIB da região, contabilizando não só os quatro municípios diretamente servidos pelo troço (Figueira de Castelo Rodrigo, Vila Nova de Foz Côa, Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta), mas a todo o território do Douro.
guimos colocar este assunto na agenda política. A sociedade civil, através da Fundação Museu do Douro e da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, conseguiu elaborar uma petição com mais de 13 mil assinaturas. Com toda esta dinâmica e envolvimento global, conseguimos a aprovação, por unanimidade, deste assunto na Assembleia da República.
Temos vindo a saltar etapas, com muito esforço e paciência, en volvendo a ministra da Coesão, que tem sido o elo de ligação com o Governo. Temos exigido datas e timings para que haja respostas.
Estamos agora à espera que chegue o final do mês de Março para sabermos em que ponto está o concurso para o projeto de execu ção. Cada passo tem que ser cumprido. Aguardamos que até final do mês de março o Ministro das Infraestruturas cumpra o que nos deixou em Freixo de Espada à Cinta, e depois arranjar solução de financiamento para reabrir este pedaço de troço até Barca d'Alva. Acredito que se continuarmos como estamos sempre, determi nados e exigentes, vamos conseguir. Não estamos a pedir nada em especial. Este é um simples investimento que o Gover no pode fazer no território de interior em detrimento dos milhões que se investem no Litoral.
O Governo não fará mais que a sua obrigação assim como nós não fazemos ao exigir mais para
que há muito reclama esse investimento. Foi um evento em con junto com o Município da Régua a que se seguiram diversas outras iniciativas que permitiram densificar o desejo do povo duriense.
Estamos obviamente satisfeitos com este anúncio contudo, de pois de tantos anos de espera, desejávamos que não fosse preciso esperar tanto. Continuamos sem compreender porque motivo um investimento cuja evidência avassaladora foi agora confirmada pelo estudo de viabilidade da CCDR-N, mas que há muitos anos está a ser defendida na região e na União Europeia, tanto demorou a ser confirmado.
Estamos satisfeitos, como é obvio, mas vamos manter-nos aten tos para confirmar que depois de décadas de avanços e recuos desta vez, é mesmo para se fazer. Este prazo não pode ser aceitável para nenhum cidadão nacional. Estamos a di zer que a reabertura de um troço com 28 km em que atualmente não há explo ração ferroviária num troço existente (o que torna o trabalho muito mais fácil), e com um estudo técnico de viabilidade e já bastante desenvolvido demorará mais tempo do que a construção da linha de Alta Velocidade entre o Porto e Soure (2028)!
Não pode ser, não é aceitável e a verificar-se apenas pode signi ficar o desprezo absoluto para com a região, uma vez mais. Senão vejamos: o concurso para projeto está previsto para o primeiro trimestre de 2023, o projeto deverá es tar concluído em
agora provar, contudo, mesmo que não fosse viável económica e financeiramen te, ele deveria avançar. A execução deste projeto poderá ajudar a fixar pessoas, e isso acabará por arrastar muitas outras. Estamos habituados a ouvir falar do custo da insularidade, e o custo da interioridade? Não se deve olhar da mesma forma?
O estudo está aí e prova a viabilidade do projeto. Já há datas apon tadas, com a exploração a dever iniciar em 2029, portanto, é um sucesso fantástico para nós, para a sociedade civil que é aquela que a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial representa.
Pedro Nuno Santos
– Ministro das Infraestruturas e da habitação
Temos muita gente a clamar reformas mas a reforma que fizeram durante décadas na ferrovia foi desinvestir na mesma e abando ná-la. Aquilo que hoje
estes terri tórios de baixa densidade.
O principal ingrediente para o fac to de termos tido um resultado bastante positivo até ao momento, é a unidade da CIM, não existem dis cussões ou decisões tomadas tendo em conta o partido A, B ou C. Todas as pessoas que compões a CIM Douro têm obviamente ligações partidárias, mas quando estamos na defesa de um projeto de interesse regional para o Douro, para o Norte e para o país, exigimos isto enquanto homens representantes de um povo, que se chama Douro. O Douro não tem partido e essa foi a razão pela qual conseguimos envolver todos nesta luta.
Dá jeitos aos Governos que, por vezes, haja estas divisões, coisa que o Douro ultrapassou há muitos anos e por isso é que temos conseguido colocar na agenda política a discussão de alguns temas que para nós são bastante importantes.
Este passo espelha a resiliência do povo duriense. Se não formos nós, autarcas, empresários e cidadãos, deste território, ninguém se lembra de nós. Temos que fazer lembrar Lisboa que o Douro existe.
Luís Almeida – Presidente da Associação Vale d’Ouro
Em 2018 a Associação Vale d'Ouro deu voz aos especialistas fer roviários que apontaram a inequívoca necessidade de reabertura da Linha do Douro até Barca d'Alva e Salamanca para o desenvol vimento da região mas também deu voz à população desta região
2024 e a obra po derá iniciar-se em 2025 com um prazo que não pode exceder ano e meio. No final de 2026 o comboio tem que começar a circular até Barca d'Alva. Depois de décadas de espera e de desinvestimento, o míni mo que o Ministério e as suas tuteladas podem fazer é dar prio ridade máxima a este investimento e concluí-lo dentro dos prazos mínimos aceitáveis. Caso contrário a região terá que pensar se riamente em como deverá ser ressarcida pelas promessas não cumpridas desde 2009 com a então Ministra Ana Paula Vitorino, já lá vão 13 anos.
António Saraiva – Presidente da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial
O passo dado em Freixo de Espada à Cinta significa uma vitória de todo um trabalho começado há já 3 anos pelo meu antecessor António Filipe, juntamente com a Fundação do Museu do Douro.
Já sabíamos que este projeto era viável, como este estudo vem
estamos a fazer é
o contrário, hoje temos praticamen te toda a nossa rede ferroviária em obra. Es tamos noutro paradigma, estamos numa nova era.
As obras demoram tempo a fazer, há estudos de diversa ordem que precisam ser feitos, projetos, empreitada, etc. É difícil recuperar 40 anos de atraso na ferrovia em poucos anos mas é esse o trabalho que estamos a fazer.
A Linha do Douro tem um potencial único no Mundo que deve ser aproveitado em toda a sua plenitude, e por isso queremos que o comboio chegue até à fronteira.
Esse é um desfio em que temos que estar permanentemente envolvidos, conseguir justiça e respeito para todos. Por isso é que temos que fa zer um esforço para dar resposta a reivindicações antigas da população.
O estudo foi fundamental, mas mais fun damental ainda foi a força das populações, dos autarcas e da coesão territorial. "ministro entra também no comboio, mas quem o pôs a andar foi a região, as pessoas e os autar cas".
5OUTUBRO 2022 VIVADOURO
Armamar
Feira da maçã bate recorde de visitantes num espaço renovado
Foi uma Praça 25 de abril de cara renovada e com todas as condições que recebeu mais uma edição da Feira da Maçã, certame maior do concelho de Armamar.
Milhares de visitantes subiram a encosta para celebrar, em Armamar, um dos produtos de maior destaque no concelho, a maçã. Ao longo de três dias houve muita animação no centro da vila com música, eventos desporti vos e convívio.
No final do certame, em jeito de balanço ao VivaDouro, o autarca armamarense, João Pau lo Fonseca era um homem satisfeito com o su cesso do certame.
"O balanço final é bastante positivo, supera mos o número de visitantes e em termos de expositores, não sendo um número maior que em anos transatos tivemos mais expositores li gados ao setor da maçã e a outros produtos endógenos do nosso concelho, como o vinho e o fumeiro, por exemplo, um aspeto que é muito importante para nós.
É um sinal que as coisas estão a ser bem feitas e que temos tido a capacidade de ano para ano de melhorar aquilo que não estava tão bem em anos anteriores. É também um sinal que a aposta que fazemos na promoção deste evento tem sido acertada. Não tenho dúvidas que ano após ano vamos melhorando, esse é o nosso objetivo. Esta feira já é o maior evento do nosso concelho e uma referência na região".
Com a Praça 25 de abril renovada, o autarca
Rosalinda Paiva - Produtora
Não temos gran des motivos para celebrar. Estamos a atravessar um período de seca muito complicado, e por outro lado os custos que temos sempre a subir, quer com combustível, por exemplo, quer com os produtos. Não é fácil, vamos tentando, mas é complicado.
Esta situação de seca é geral, temos que arranjar soluções, mas não será fácil.
Com estas temperatura e sem água fica difícil apresentar um fruto com toda a qualidade que estamos habituados.
Temos que começar a armazenar a água das chuvas de inverno, quando as há, para a usarmos ao longo do ano me diante as necessidades das plantas.
José Osório - Presidente AFA
acredita que o certame ganhou mais dignidade e condições para receber os milhares de tu ristas que passam pelo evento, bem como os expositores que ali exibem o que de melhor se faz no concelho.
"Há dois anos iniciamos a requalificação da Praça 25 de abril, onde se realiza o certame, era um local com o espaço adequado, mas com falta de condições, quer em termos de pavimentação quer com estruturas de apoio à própria feira. Não tenho a mínima dúvida que a requalificação deste espaço abrilhanta ainda mais a Feira da Maçã".
Encerrado o certame deste ano, João Paulo Fonseca afirma que a autarquia está já a pensar em 2023, levantando desde já um pouco o véu sobre o que se poderá esperar de novidades.
"Costumo dizer que no dia em termina a Fei ra da Maçã, começamos a trabalhar no ano seguinte, é isso que já estamos a fazer. Iremos melhorar um ou outro aspeto, fomentan do a ligação não só à maçã como tam bém a outros produtos que aqui temos.
que fica este ano. Apesar da boa notícia relativamente ao granizo, os custos de produção aumentaram muito e a produção diminuiu, o que resulta em algumas situações mais complicadas. As chuvas tardias que atingiram a nossa região conseguiram minimizar os danos. Este ano registamos uma quebra de 30 a 40%. Aqui vive-se do vinho e da maçã, é disto que gostamos. Havendo anos bons e outros menos bons, a nós resta-nos continuar o nosso caminho.
Este ano realizamos um passeio durante o evento mas no próximo ano estamos já a preparar uma série de caminhadas nos novos percursos pedestres que entretan to abrimos no concelho, como o percurso Douro Cister e a GR14.
Queremos tornar este evento num en contro com a natureza permitindo aos visitantes terem a noção do que é o nosso território em termos de paisagem, gastro nomia e tudo aquilo que temos para ofere cer a quem nos visita".
6 VIVADOURO OUTUBRO 2022
Carrazeda de Ansiães
Assinado contrato para arranjo urbanístico do Bairro de Santa Águeda
Depois de ter sido lançado no dia 15 de julho o concurso público para a requalificação do Bairro de Santa Águeda, que pretende dotar a vila de Carrazeda de Ansiães de mais um espaço verde e de lazer, foi agora as sinado o contrato.
Os representantes do Município de Carrazeda de Ansiães e da empresa Gualdim Ansiães Amado & Filhos, LDA, para a realização da empreita da de obra pública que consiste no Arranjo Urbanístico do Bairro d San ta Águeda.
A obra em causa tem prazo de exe cução de 180 dias a contar da data da sua consignação e representa um investimento na ordem dos 179.206,19€ (cento e setenta e nove mil, duzentos e seis euros e dezano ve cêntimos) acrescido de IVA à taxa legal em vigor.
CAECA recebe Magusto’22
Para comemorar o São Martinho, o Município de Carrazeda de Ansiães está a organizar um magusto para a comunidade.
Dia 12 de novembro, sábado, pelas 17h00 o Centro de Apoio Empresarial de Carrazeda de Ansiães (CAECA) é o sítio para passar o final de tarde, há porco no espeto, a tradicional casta nha assada com vinho novo e anima ção musical com Ricky Show.
Os interessados devem inscrever-se através do formulário de inscrição disponível nas redes sociais do muni cípio, por telefone 278098507, email lit@cmca.pt ou presencialmente na Loja Interativa de Turismo (LIT).
Os inscritos devem dirigir-se à LIT, até sexta-feira 11 de novembro, para levantar a senha da inscrição que dá acesso ao evento.
Pacote Fiscal para 2023 aprovado pela Assembleia Municipal
Na Sessão Ordinária da Assembleia Municipal de 30 de setembro, foi pro posto para deliberação o pacote fiscal para o ano de 2023, tendo este sido aprovado.
Das medidas que constam do novo orçamento destacam-se, a aplicação
da taxa mínima no que respeita ao IMI sobre prédios urbanos (0,3%); Sendo legalmente possível, é apli cada a redução do IMI aos sujeitos passivos, em função do número de dependentes dos agregados fa miliares; Abdicar da totalidade da participação da receita do IRS (5%), em favor dos contribuintes; No que toca à taxa municipal de direitos de passagem, propor a percentagem de 0,25% sobre a faturação mensal emi tida pelas empresas de redes e servi ços de comunicação; Não se aplica a derrama.
Arruamentos nas freguesias do concelho vão avançar
Como forma de melhorar os acessos para os munícipes, quer dentro das aldeias e freguesias, quer no que toca a acessos às explorações agrícolas, o Município de Carrazeda de Ansiães
vai proceder a arruamentos/calceta mentos em vários locais.
Foi assinado a 18 de outubro o contra to de empreitada de obra pública entre os representantes do Município de Car razeda de Ansiães e da empresa Cal çadas Peixotostone, Unipessoal, LDA, para os arruamentos nas freguesias.
As obras representam um investi mento de 177.266,00€ (cento e setenta e sete mil, duzentos e sessenta e seis euros) acrescido de IVA à taxa legal em vigor, e têm prazo de execução de 120 dias a contar da data da sua consigna ção.
7OUTUBRO 2022 VIVADOURO
S. João da Pesqueira
AUTARCA DE S. JOÃO DA PESQUEIRA
A LISBOA PARA RESOLVER ASSUNTOS DO CONCELHO
O Presidente do Mu nicípio de S. João da Pesqueira, Dr. Manuel Cordeiro, deslocou-se a Lisboa, onde esteve
o Ministro
da Saúde, Dr. Manuel Pizarro, no tratamento de assuntos do interes
da área da Saúde do concelho.
recebido
nas Infraestruturas
Portugal, onde esteve
agilizar
cação
tão
ENTREGA DE VALES DA MEDIDA DE APOIO À NATALIDADE E ADOÇÃO
O Município de S. João da Pesqueira no âmbito da me dida de Apoio à Natalidade e Adoção, entregou no dia 20 de outubro, mais 12 vales de apoio a crianças do conce lho, no Auditório da Bibliote ca Municipal.
Esta iniciativa visa a com participação com a aquisição de bens e/ou serviços, con siderados indispensáveis ao desenvolvimento salutar da criança, nos estabelecimen tos comerciais do nosso con celho.
Saiba como beneficiar des ta medida em https://www. sjpesqueira.pt/p/apoioanata lidadeeadocao
UVA - ABERTURA DO ANO LETIVO
Decorreu no passado dia 17 de outubro, a abertura do ano letivo da Universida de Vida Ativa, no auditório da Biblioteca Municipal, com uma sessão solene, onde estiveram presentes, o Presidente da Câ mara Municipal, Dr. Manuel Cordeiro, o Vice-Presidente e Responsável da UVA, Dr. José Rodrigues, e a Vereadora, Eng. Susana Carvalho, que aproveitaram o mo mento para desejar a todos um bom ano letivo, esperando que a Universidade Vida Ativa continue a ser um espaço de apren dizagem, mas principalmente de convívio.
Neste dia, os alunos ficaram ainda a co nhecer o horário e respetivo plano de ati vidades.
Este é um projeto de apoio à população sénior assente numa estratégia de enve lhecimento ativo, no entanto, aberto a to das as pessoas que nele encontrem razões para aderir, quer para se valorizarem, quer para integrarem programas de vo luntariado e solidariedade social.
8 VIVADOURO OUTUBRO 2022
DESLOCA-SE
reunido com
se
Também foi
de
a
o
ansiado processo de requalifi
e alargamento da EN 222. Se tem interesse em fazer parte da UVA – Universidade Vida Ativa, ainda o pode fazer através do telm. - 965 880 234 ou email uva@sjpesqueira.pt Inscreva-se e venha fazer parte da UVAUniversidade Vida Ativa.
Município investe perto de 20 mil euros em livro de fichas para alunos penaguienses
Santa Marta de Penaguião
Tribunal Judicial da Comarca de Vila Real promove ação de divulgação em colaboração com o Município
Decorreu, no passado dia 4, no Auditório da Escola Básica de Santa Marta de Penaguião, uma Ação de Literacia Judicial do Tribunal Judicial da Comarca de Vila Real, proferida pela Juiz Presidente do Tribunal Judicial da Comarca de Vila Real, Maria Hermínia Néri de Oliveira, onde o tema abordado foi “A organização judiciária dentro do Estado de Direito Democrático”.
O ano letivo 2022/2023 no concelho de Santa Marta de Penaguião arrancou com toda a normalidade após 2 anos de restri ções.
Continuando a apostar numa política de proximidade e de qualidade de vida dos seus penaguienses, a autarquia mantém a
cooperação com o Agrupamento de Esco las e apoia os alunos e as suas famílias, com a oferta dos livros de fichas de atividades a todos os alunos do 1.º, 2.º e 3º ciclos, para além dos manuais das AEC (inglês e música).
Num investimento total de 19 989,912€, os livros de fichas de atividades foram dis
Conselho Municipal de Educação prepara nova Carta Educativa
tribuídos e entregues gratuitamente a todos os alunos, quer estivessem abrangidos pela ação social escolar ou não.
Com esta oferta, as famílias do concelho de Santa Marta de Penaguião recebem a de vida equidade das oportunidades na educa ção.
Esta ação, em colaboração com o Município de Santa Marta de Penaguião, insere-se num plano de ações de divulgação do Tribunal Ju dicial da Comarca de Vila Real apresentadas aos vários Municípios desta Comarca com o principal objetivo de promover a “Interliga ção com os agentes locais dos vários sectores da sociedade - ensino, cultura, associações de solidariedade social e cívicas - a fim de desmitificar o papel da justiça e aproximar os cidadãos ao meio judiciário”.
A ação foi dirigida aos alunos do 9º ano de escolaridade do Agrupamento de Escolas de Santa Marta de Penaguião, tendo estado pre sentes alguns professores, parceiros e enti dades do Agrupamento de Escolas.
Autarquia associa-se ao Projeto Artémis no Dia para a Consciencialização da Perda Gestacional e Morte Neonatal
Teve lugar no passado dia 13 de outu bro, nos Paços do Concelho, mais uma reunião ordinária do Conselho Municipal de Educação, sendo o primeiro ponto da ordem do dia a apresentação da equipa e da metodologia respeitante à elaboração da nova Carta Educativa - 2ª geração, pre vista no Decreto-Lei nº 21/2019. Fizeram-se, ainda, algumas conside rações pertinentes acerca do arranque do ano letivo de 2022/2023, ficando o sentimento de dever cumprido e de con gratulação geral pelo trabalho realizado pelo Agrupamento de Escolas, em cola
boração com o Município de Santa Mar ta de Penaguião e as restantes entidades e serviços parceiros.
A presidir a reunião esteve a Vice-Pre sidente e Vereadora da Educação do Município de Santa Marta de Penaguião, Sílvia Silva, tendo estado também pre sentes vários elementos de entidades e serviços fulcrais na área da educação do concelho.
No final, ficou o comprometimento de todos os presentes para que o sucesso escolar e a felicidade dos alunos seja sempre uma prioridade.
A Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião aceitou o desafio propos to pelo Projeto Artémis e associou-se ao movimento que ocorre em vários países, iluminando na noite do dia 15 de outubro o edifício da Câmara Municipal, com as cores do laço da Perda Gestacional (rosa e azul), assinalando o Dia para a Conscien cialização da Perda Gestacional e Morte Neonatal, com o objetivo de dar visibilida de e sensibilizar para o tema. O Projecto Artémis é uma associação
sem fins lucrativos fundado em dezembro de 2005 com o objetivo de apoiar pais e mães que sofreram processos de perda gestacional e neonatal.
Reconhecendo que esta é uma dor silencio sa, vivida muitas vezes em isolamento, fruto do ainda tabu que reveste o tema, o objetivo é fazer chegar o assunto a toda a sociedade, para que esta, deixando de ser uma dor es condida, se torne visível para todos e a partir daí se reconheça a importância do desenvol vimento de ações que a dignifiquem.
9OUTUBRO 2022 VIVADOURO
Tabuaço
Barcos voltou a viver o espírito das vindimas
Nos passados dias 1 e 2 de outu bro, a aldeia vinhateira de Barcos, Tabuaço, foi palco da já tradicional Festa das Vindimas, um evento que anualmente vê crescer o número de visitantes, e que nos últimos dois anos não se realizou devido à pandemia.
O envolvimento da população na prepa ração deste evento é grande, seja na de coração das ruas ou na forma como ali recebem os milhares de turistas que pro curam viver um pouco da experiência da produção de vinho na região. Facto que o autarca tabuacense, Carlos Carvalho, des taca, bem como a importância desta festa na preservação das tradições locais e na valorização do território.
"É uma festa importante até pelo facto de Barcos ser uma Aldeia Vinhateira e ter já uma tradição com alguns anos. É tam bém um evento importante para a valo rização dos produtos locais, bem como aquilo que é a preservação das nossas tradições e a valorização turística que permite que muitos dos turistas que nos visitam nesta altura das vindimas possam tomar contacto com aquilo que é o patri mónio, com os nossos produtores e os nossos costumes.
O envolvimento da população é o mais importante e ficamos muito satisfeitos ao ver que de ano para ano esse envolvimen to é cada vez maior e, mesmo aconte cendo o que aconteceu este ano em que choveu no primeiro dia, as pessoas não baixam os braços e fazem tudo para apre sentar o seu trabalho da melhor forma".
Para Fernando Barradas, Presidente da Junta de Freguesia, este evento é o culmi nar de duas semanas de trabalho inten so na sua preparação. Com uma adesão maior do que no ano anterior, o autarca local destaca a dedicação da população que com pouco dinheiro faz uma festa que a todos enche de orgulho.
"O balanço é muito positivo. No domin go houve uma adesão muito grande, tan to na caminhada como no passeio a ca valo e aqui nas ruas de Barcos, onde se tem vivido um dia divertido com diversos espetáculos muito interessantes.
São duas semanas de trabalho árduo para fazer isto e o trabalho que aqui a população faz é voluntário. É uma satisfa ção cada vez maior ver este envolvimen to. Se houvesse dinheiro muita coisa po deria ser resolvida mas essa não é a nossa principal preocupação nesta festa, aqui o mais importante é o envolvimento da população mesmo numa altura de tanto trabalho como é esta das vindimas. Ha vendo dinheiro tudo se faz mas também existe depois um maior afastamento da população e não é esse o nosso objetivo".
Este ano, no decorrer da festa houve ain da tempo para homenagear um dos filhos mais conhecidos desta aldeia vinhateira, Fábio Cecílio, jogador de futsal que, com a camisola da seleção nacional tem conquis tado diversos títulos europeus e mundiais.
No final da homenagem, em declarações ao VivaDouro o futsalista mostrava-se honra do com o momento vivido, sublinhando a ligação à terra que o viu nascer.
“Pessoalmente é um grande orgulho. Foi aqui que nasci e foi nestas ruas que dei os meus primeiros chutos numa bola.
Tenho sempre as minhas origens em mente, é por isso que também faço questão de levar sempre a bandeira da minha freguesia para os grandes palcos, orgulhando não só a minha terra mas também todos os portugueses.
Acompanho a Festa das Vindimas de Barcos desde sempre, é igualmente uma
oportunidade de rever amigos, onde quem nos visita pode ficar a conhecer melhor as nossas tradições e também a nossa gastronomia. É uma festa muito bonita que espero que continue, fico feliz por ver que este ano apareceu aqui muita gente".
10 VIVADOURO OUTUBRO 2022
Mesão Frio
Mesão Frio com vários eventos culturais nos próximos meses
São vários os motivos para visitar Me são Frio nos próximos meses. De 29 de outubro a 19 de novembro, o Município promove a iniciativa «Teatro nas Al deias», com o objetivo de descentralizar a cultura e de a levar a todo o Concelho, através de uma digressão da Companhia Filandorra Teatro do Nordeste, nas freguesias. As dramatizações são inspira das em obras escritas por alguns autores da região de Trás-os-Montes e não só.
No dia 29 de outubro, «O Velho da Horta» de Gil Vicente, é levado à cena no Salão Paroquial de Vila Marim. Para acolher a população de Cidadelhe e Oli
veira, no dia 5 de novembro, a sede do agrupamento de escuteiros de Oliveira recebe a encenação das «Histórias da Ver melhinha» de Bento da Cruz, nascido em Montalegre. Futuramente, os espetáculos nestas duas freguesias serão alternados por razões logísticas e demográficas.
Por fim, no dia 19 de novembro, a Casa do Povo de Barqueiros acolhe a peça «Diabos e Diabritos num saco de Mafar ricos» de Alexandre Parafita, natural de Sabrosa. A entrada nos espetáculos é li vre e sempre com início pelas 21h30.
Nos dias 5 e 6 de novembro, o Muni cípio vai participar com um stand, ex
pondo os produtos representativos do seu território no I Festival dos Produ tos Durienses, que se realizará no novo Mercado dos Produtos Durienses, em Paços Sabrosa. A abertura do evento coincidirá com a inauguração do espa ço, na presença da Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
No dia 13 de novembro, o Município irá organizar o Magusto Comunitário, no adro da Igreja de São Martinho, no lugar de Vila Jusã. O evento tem início pelas 15 horas, com uma cerimónia em honra do santo. Logo após, pelas 16 ho ras, decorre o magusto comunitário,
aberto a toda a comunidade, onde não faltarão as tradicionais castanhas assa das ao lume, o vinho novo e animação musical a cargo de Mónica M.
De 30 de novembro a 8 de dezembro, Mesão Frio leva a cabo a centenária Feira Anual de Santo André, com os seguintes cabeças de cartaz: no dia 3 de dezembro, a atuação dos Anjos, no dia 7 de dezembro, os Wet Bed Gang, nos dia 30 de novembro e 1 de dezem bro, Feira de Vinhos «Douro em Tons de Rosé», nos dias 3 e 4 de dezembro Mercado Medieval, muita animação de rua e música popular.
Mesão Frio dinamiza encontros e conversas informais entre empresários do concelho
Mesão Frio acolheu dois encontros en tre empresários de diferentes setores de atividade empresarial, produtores do Con celho, particularmente da hotelaria, do vi nho e da vinha e de outros produtos endó genos e a população em geral, nos dias 6 e 13 de outubro, para conversas informais, sob o mote «Literacia Económico-Finan ceira» e ainda, um convívio intitulado «Bu siness Sunset».
A primeira iniciativa, «Literacia Econó mico-Financeira», decorreu na Biblioteca Municipal de Mesão Frio, com um painel de oradores composto pelos empresários do Concelho, José Alves, da Quinta da Rede e José Mendonça, da Quinta Barquei ros D’Ouro e ainda, Pedro Ferreira, empre sário do Sabonete de Aregos, do Concelho de Resende. A conversa moderada pelo Economista e Consultor, Eduardo Fontes, levou os empresários a explorarem a sua própria experiência empresarial e a pres tarem o seu testemunho, traçando uma vi são daquilo que é o tecido empresarial de um concelho do interior como Mesão Frio.
O evento «Business Sunset», um encon tro informal e de convívio, realizou-se no Centro Interpretativo do Barco Rabelo e reuniu igualmente à conversa empresá rios e produtores do Concelho. Em repre
sentação do Município de Mesão Frio es tiveram os Vereadores Fernando Correia e Justina Teixeira e Carlos Pombo Silva, Presidente da Assembleia Municipal. O encontro entre os vários agentes dos di ferentes setores de atividade empresarial ofereceu um final de tarde propício à tro ca de ideias e à partilha de experiências. Todos os produtores tiveram a oportuni dade de reforçar a sua rede de contactos para novos negócios, de expor e de dar a conhecer os seus produtos endógenos. A iniciativa decorreu em ambiente des contraído e incitou à reflexão e ao debate sobre a inovação nos negócios e a gestão das empresas.
Ambos os encontros aconteceram em ambiente informal entre empresários, comerciantes e população em geral, que puderam contribuir com as suas inter venções e colocar as suas questões. As iniciativas proporcionaram a reflexão e o debate sobre a inovação nos negócios, a gestão das empresas, a amplificação da rede de contactos e a partilha de ideias e de experiências ao nível empresarial
A organização de ambas as iniciativas esteve a cargo da Câmara Municipal de Mesão Frio em colaboração com a Asso ciação Empresarial de Resende.
11OUTUBRO 2022 VIVADOURO
“Peso da Régua tem uma relação de proximidade sempre foi o centro do território de comércio
José Manuel Gonçalves cumpre o seu segun do mandato à frente da autarquia reguense. Com obras de grande dimensão a decorrerem no território, o autarca pensa já em futuros projetos para a cidade.
Ser autarca implica uma dedicação ao cargo que vai muito além das habituais 8 horas de trabalho. Quem fica a perder com esta dedi cação?
Em primeira instância perde a minha família. De pois acredito que também perco eu, em termos de relações pessoais.
Quem vem para um cargo destes tem que ter a predisposição de abdicar desse tempo, e que haja a compreensão por parte daqueles que vão ser mais prejudicados, mas este cargo tem mesmo que ser cumprido com uma dedicação plena, de quase 24 horas, 7 dias por semana.
Em casa há essa compreensão?
Felizmente sim, e sempre que consigo tento compensar o tempo de ausência. Hoje sinto que tenho esse apoio claro em casa para exercer este cargo na plenitude que ele merece, e que os re guenses merecem.
Tem algum hobbie que ficou “arrumado na gaveta” quando assumiu este cargo?
Gostava de fazer mergulho e deixei de fazer. Outra coisa que gosto muito, que já não faço tan to como antes mas continuo a fazer uma semana por ano, é ski. É uma semana que, não desligando completamente das minhas funções, mais usufruo em termos pessoais e familiares.
Aquilo que efetivamente considero que fica em falta é a questão da família e as relações pessoais, com amigos, porque o tempo não dá para tudo.
Entrando agora num diálogo mais político. Está neste momento a cumprir o segundo mandato à frente da autarquia de Peso da Ré gua. Ao longo de todo este tempo tem conse guido cumprir os seus objetivos?
Quando iniciei funções abracei um projeto mui to desafiante, vindo de 12 anos de vice-presidência em que atingimos uma série de objetivos a que nos tínhamos proposto.
O grande desafio em 2017, quando assumi a pre sidência, era reinventar o projeto para Peso da Régua.
Se nos primeiros 12 anos a preocupação foi muito centrarmo-nos na melhoria de qualidade de vida no nosso concelho, seja na cidade ou nas freguesias, com equipamentos, infraestruturas bá sicas, requalificação urbana, etc, penso que o que tem marcado os meus mandatos é preparar cada vez mais o nosso concelho na dinâmica económi ca para poder dar resposta e utilizar todo o seu po tencial, nomeadamente ligado ao turismo, assente no vinho e na vinha, no património e na paisagem.
Nos meus dois discursos de tomada de posse o vinho sempre teve um papel de destaque. No pri meiro com uma referência à candidatura a Capital Europeia do vinho, tendo conseguido ser Capital
Qual é a maior carência que Peso da Régua tem neste momento?
Ainda temos duas ou três carências que identi ficamos.
Temos a questão da saúde que estamos a suprir. Entendo que tem de haver uma resposta mais efi caz durante 24 horas e 7 dias por semana. É uma preocupação que já vinha do meu antecessor e que finalmente estamos a solucionar.
Outra carência que identificamos prende-se com a mobilidade. Peso da Régua tem problemas de mobilidade, temos uma estrada nacional que ainda atravessa a cidade sem ainda haver uma alternativa que permita retirar bastante trânsito do nosso centro, esse é também um desfio para os próximos anos. Temos um projeto que já teve avaliação positiva no estudo prévio, estamos ago ra a fazer os estudos de impacto ambiental e o de tráfego. O meu compromisso com os reguenses é que no final deste mandato tenha todo o projeto de execução concluído. Se conseguirmos encurtar timings e financiamento, melhor ainda, mas esse
compromisso é para manter. É algo fundamental para a mobilidade que pretendemos para o nosso concelho.
Além destes há mais projetos na calha?
Temos outros projetos, alguns em parceria com outras entidades que nos parecem fundamentais.
Estamos a desenvolver, em coordenação com a
APDL, o projeto para a recuperação do Cais Flu vial, que é uma necessidade efetiva.
O Cais Fluvial é o principal porto de receção de passageiros em toda a via navegável do Douro. Apesar de estar bem cuidado, não responde às condições necessárias ao turismo, cada vez de maior excelência, que queremos atrair para a re gião.
Lançamos o desafio, estamos a desenvolver o projeto e já tivemos um conjunto de reuniões com algumas entidades sobre a recetividade à viabiliza ção do mesmo. É uma ambição que temos para o futuro e que esperamos que seja uma realidade, melhorando muito aquilo que é a atratividade do nosso concelho.
Já há datas para a concretização desse pro jeto?
Ainda não chegamos a essa fase. Por agora a preocupação é a conclusão do projeto, que espero que seja em breve.
A fase seguinte é ir ao próximo Quadro Comuni tário, porque não terá grande cabimento no PDR, e perceber onde o possamos encaixar. Na minha opinião pode encaixar como um Projeto de Prefe rência Regional, não é um projeto somente para a Régua porque muitos dos turistas que ali desem barcam, vão conhecer outros pontos de interesse da região fora do nosso concelho.
Havendo essa disseminação de pessoas pelo ter ritório, faz todo o sentido que ele seja considerado um projeto regional e não um projeto local, ape nas de Peso da Régua. É assim que o vamos tentar enquadrar para que seja uma realidade.
No primeiro semestre do próximo ano deve rão estar concluídas duas das grandes obras que tinha prometido à população na última campanha, o Hospital D. Luiz I e as termas das Caldas do Moledo. Que importância vão ter estas obras para o concelho?
A expectativa é que efetivamente as duas obras estejam concluídas no primeiro semestre de 2023, e ao serviço dos reguenses. Estas obras têm, desde logo, uma importância histórica e simbólica.
O hospital sempre foi um espaço de referência, mas foi perdendo valências ao longo dos anos.
12 VIVADOURO OUTUBRO 2022 José Manuel Gonçalves, Presidente da Câmara de Peso da Régua
Em perfil- A banda da vida – Xutos & Pontapés - Não passo sem Doces - Prato favorito – Cabrito grelhado - Local de férias – Albufeira - Em Peso da Régua gostava de ter… Afirmação turística - Clube – SC Régua e SL Benfica
Nacional, e no segundo com uma candidatura conjunta da região a Capital Europeia que, como é sabido, ganhamos.
proximidade com o rio, e na história comércio de bens e serviços”
A reestruturação hospitalar com concentração, numa primeira fase em Vila Real, e depois também em Lamego, com a construção do novo hospital, que hoje sabemos que tem grandes problemas de afirmação não estando bem definindo se é um hospital pequeno ou um centro de saúde grande.
O hospital que agora está a ser requalificado vai ter uma Unidade de Convalescença com 30 ca mas, que consideramos essencial para o território, e deslocalizamos para edifício as duas Unidades de Saúde Familiar, criando novos espaços e as condi ções para termos um Atendimento Complementar Urgente 24 horas. Numa primeira fase irá dar res posta aquilo que eram as nossas maiores necessi dades e a ambição da nossa população.
A saúde é para nós um pilar de desenvolvimento económico no concelho. Estamos a desenvolver outros projetos nesta área que em breve poderão vir a ser anunciados, implementando outras áreas da saúde em Peso da Régua.
As termas são outra obra simbólica para o concelho?
Felizmente todas as questões que atrasaram a re solução deste processo estão ultrapassadas, neste momento a ambição é que aquele volte a ser um espaço de referência.
Para que seja esse local de referência, não pode mos apenas pensar nos balneários termais. Neste momento temos o balneário onde existiram as pis cinas municipais, é aquele que fica em território de Peso da Régua, e que está a ser recuperado de vendo estar pronto no primeiro semestre de 2023.
O objetivo desde já é que tenha serviços termais e de SPA e lazer. Vais ter as duas ofertas em virtude de ser o primeiro, não tendo o segundo balneá rio pronto, por agora. Todos os tratamentos que sempre existiram ali, estão desde logo garantidos neste renovado espaço.
A ambição depois é recuperar, em parceria com o TPN, o segundo balneário, numa segunda fase. Em seguida queremos requalificar todo o espaço exterior do próprio Parque Termal. Temos ainda a parte hoteleira que é para nós muito importante, temos património que é da Câmara e outro que é do TPN. Queremos juntar tudo e abrir uma con cessão a longo prazo para aparecer uma cadeia hoteleira que possa pegar nesse processo.
Todo o projeto ficará finalizado com a criação de um Centro Interpretativo D. Antónia Adelaide Fer reira, num espaço que é do TPN, e que colmatará uma lacuna existente na região.
Tem referido diversas vezes a dinâmica económica que quer trazer para o concelho. Numa altura em que o envelhecimento das populações do interior é evidente, havendo cada vez menos jovens, esta dinâmica pode ajudar a inverter esse ciclo em Peso da Régua? Temos que ter a ambição de olharmos para o nosso território, e aí cada um ter de olhar per si, por concelho, e analisar em que podemos ser mais competitivos? De que forma podemos gerar valor acrescentado? Não vale a pena que a autarquia in vista em áreas onde não haja procura do ponto de
vista económico.
Peso da Régua tem uma relação de proximidade com o rio, e na história sempre foi o centro do ter ritório de comércio de bens e serviços. Todos os serviços ligados ao setor do vinho estão cá, temos a confluência dos três eixos de mobilidade (fluvial, rodoviário e ferroviário).
São estes os propósitos pelos quais temos que nos guiar, e a aposta que o concelho tem feito no turismo nos últimos anos é para ficar, até porque temos uma situação privilegiada.
Tudo aquilo que já falamos antes sobre obras e projetos no concelho, por um lado tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida de quem cá vive, e por outro tornar o nosso concelho mais atrativo e competitivo, trazendo novos investimentos.
Atrevo-me a dizer que, desde Covelinhas, onde começa o nosso território a montante, até Caldas do Moledo a jusante, toda esta frente ribeirinha tem tido investimentos que já estão concluídos, em obra e em projetos, é uma zona de elevado potencial e é onde temos de nos diferenciar pela autenticidade que temos.
Com isto contribuímos para o todo. A desertifi cação que o país está a registar é mais evidente no interior e alguns momentos da história são respon sáveis pelo acelerar desse processo, como foi para nós o encerramento da Casa do Douro, tal como o hospital e as termas.
O nosso foco é encontrar soluções para fixar gen te, e para isso é necessário criar as condições para que as pessoas tenham a sua própria habitação, um aspeto que muitas vezes fica esquecido.
As decisões que toma no dia a dia, nem sem pre são do agrado de toda a gente. Isto condi ciona a sua atividade de alguma forma?
Vivemos num sistema democrático. Estou aqui porque a maioria dos reguenses entendeu que eu devia ser o seu legítimo representante, alicerçado num conjunto de compromissos que assumi.
Naturalmente que o meu trabalho só será efetivo se for de encontro aquilo que são as ambições e as expectativas dos reguenses. Contudo, isto não
quer dizer que muitas vezes, numa primeira fase, não existam reações negativas em algumas deci sões que tomamos.
Por norma gosto de ser contido, avaliar bem todas as decisões, promover a discussão das mes mas e muitas vezes faço até discussões públicas para que as pessoas se possam pronunciar.
Mudando de tema e olhando para a realida de da CIM Douro, o autarca de Peso da Régua tem a noção que o conceito da 'capelinha' já está ultrapassado? Há consciência que juntos são mais fortes?
Claramente. Esse espírito é, cada vez mais, uma marca da nossa Comunidade Intermunicipal do Douro. As conquistas têm que ser em conjunto, in dependentemente do município que diretamente possa ser mais destacado nela.
Aquilo que cada um dos municípios conquistar melhora a nossa região num todo. Hoje há essa consciência e já há provas e resultados efetivos dessa nova consciencialização dos autarcas. Hoje, se temos um Governo e um Ministro que vem ao território do Douro afirmar que a Linha do Dou ro irá eletrificada até Barca D'Alva, deve-se àqui lo que foi a audácia e a persistência dos autarcas, com o apoio claro da sociedade civil quando foi chamada a assinar uma petição.
Se hoje somos Cidade Europeia do Vinho, fo ram os autarcas que se juntaram e fizeram uma candidatura comum. Já começamos a ter a per ceção clara que é nesta rede que é a região do Douro, que deve ser uma só, que temos que nos suportar e trabalhar.
Se olharmos para o nosso território e se achar mos que o que é feito aqui, nos realiza e satisfaz, e o resto é paisagem, estamos errados. Não é as sim. Há um trabalho conjunto que tem vindo a ser feito, do qual começam a surgir resultados.
São conquistas que nos motivam também para novos projetos e novas lutas. Uma delas, e que considero que merece a nossa urgente atenção, é a questão da Casa do Douro. Claramente que esse vai ser o desafio para os próximos tempos.
Faço parte da Comissão e vou voltar a promo ver discussões nesse sentido. O Douro tem que ter uma Associação Pública de Direito Privado que faça a efetiva defesa dos pequenos viticul tores. Temos património que está ainda entre gue a uma Comissão Administrativa, que fez o seu trabalho, e que neste momento está pronta para entregar a uma associação que tem que ser criada.
Está nas mãos dos políticos criar essa associa ção e dar-lhe competências para que ela possa contribuir para aquela que será a realidade des te território. Ao contrário do que acontece no país, estamos a falar de uma necessidade em que há dinheiro. Quando se fala de qualquer projeto, o problema é sempre dinheiro.
Neste caso estamos a falar de uma situação em que o valor do património em existe na Casa do Douro, edificado e vinho, depois de pagas as dívidas, ascenderá a mais de 60 milhões de euros. Muito dinheiro que pode alavancar todo este trabalho de desenvolvimento da região, que passa em grande parte pelo preço a que vende mos o nosso produto maior, o vinho.
Temos que valorizar o nosso produto, o preço por garrafa ou pipa tem que aumentar clara mente. As dificuldades e os custos de produção que os nossos viticultores têm, são dos mais ele vados que existem na Europa. Se a qualidade é inquestionável, temos que arranjar forma de va lorizar o nosso produto para lhe dar sustentabi lidade, naquilo que é a sua atividade económica. Este tem que ser o mote. Foi o mote para a Ci dade Nacional do Vinho, e vai ser o mote para a Cidade Europeia do Vinho. E será o mote da nova Casa do Douro (que para mim nem é velha nem nova, é a Casa do Douro). A nossa maior fábrica é claramente o nosso vinho, o nosso pa trimónio e a nossa paisagem, e isso tem que ser cada vez mais valorizado.
Queremos formar mais gente cá, melhorar a produção e a forma como nos relacionamos com o vinho, para podermos ter condições para viver cá.
Para terminar e concluindo um raciocínio que fez enquanto falávamos do trabalho da CIM Douro, se há mérito que a Comunidade Intermunicipal tem é tomar decisões com o foco no todo em detrimento da parte?
Sem dúvida. O presidente da CIM é o autarca de Sernancelhe, o comboio nunca chegará a Ser nancelhe, mas se há pessoa que tem lutado pela concretização deste projeto, é o Carlos Silva.
Hoje, estamos certos que se a Linha do Douro for uma realidade como esperamos, Sernance lhe também irá ganhar com isso. Como outro projeto irá ganhar Sernancelhe em prol de ou tro.
Temos que olhar para os projetos em prol de um todo. Essa é uma grande conquista desta CIM, fruto do trabalho continuado que tem exis tido, era uma realidade nova há uns anos atrás mas que agora faz parte do nosso dia a dia. E começamos a ver frutos.
13OUTUBRO 2022 VIVADOURO NOTA PRÉVIA: O VivaDouro prossegue com uma série de entrevistas aos 19 autarcas da CIM Douro.
Moimenta da Beira
Quatro Chefs confecionaram receitas aquilinianas nas cozinhas de oito restaurantes de Moimenta da Beira
A organização foi da Câmara Mu nicipal de Moimenta da Beira, que pretendeu com esta ação inédita captar a atenção do visitante para os aromas e sabores únicos da gas tronomia local.
Oito dias, oito restaurantes aderentes e quatro Chefs de referência da cozinha portuguesa estiveram envolvidos na 1ª edição "Moimenta com Sabor", uma ini ciativa que decorreu em outubro, "Mês Enogastronómico", sempre às sextas e sábados à noite, onde foram servidos jan tares com receitas aquilinianas confecio nadas por Chefs convidados.
“Aquilino Ribeiro, como bom beirão, é devoto das iguarias regionais em que a presença do vinho é uma constante. Ora, a cozinha tradicional moimentense e os vinhos de marca Terras do Demo, preen cheriam seguramente todos os requisitos reivindicados pelo gosto do Mestre... e hoje, estou certo, preencheram o gosto de todos nós”, assegurou o Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, Paulo Figueiredo.
O evento arrancou a 7 e 8 de outubro com o Chef convidado Hernâni Ermida, que cozinhou na sexta-feira no restau rante Prato Dourado e no sábado no res
taurante do Hotel Verdeal. Estes foram os dias que coincidiram também com a 13ª edição dos Fins-de-semana Gastronó micos do "Turismo Porto e Norte de Por tugal", em Moimenta da Beira, em que a ementa especial, e saborosa, foi constituí da por três pratos da gastronomia local.
Nos dias 14 e 15 de outubro, foi a vez do
Chef Thomas Egger enaltecer a gastrono mia Aquiliniana ao confecionar os pratos no restaurante O Lopes, na sexta-feira, e no dia seguinte no restaurante S. Francis co.
Depois, na sexta e sábado seguintes, 21 e 22, o Chef Pedro Sanches serviu emen tas com os melhores sabores e produtos
regionais no jantar de sexta-feira, no res taurante O António, e no sábado no res taurante Grill da Costa.
A fechar a edição de estreia "Moimenta com Sabor", a 28 e 29, entrou em ação o Chef Hugo Laranjeira que cozinhou na sexta no restaurante Íris Bar e no sábado no restaurante Pico do Meio Dia.
Câmara Municipal dá 4 mil euros em “cheques-prenda” e “vouchers” para apoiar natalidade
“Cheques-prenda” no valor de 1.500 euros por cada nascimento ou adoção. E ainda “Vouchers” de 2.500 euros de reembolso para despesas efetuadas no concelho com aquisição de bens e/ou servi ços considerados indispensáveis ao desenvolvimento da criança (frequência de creche, consultas médicas, medicação, artigos de higiene, puericultura, alimentação, vestuário e calçado).
São os novos apoios à natalidade e à ado ção. É uma nova política social de incen tivo ao crescimento e à dinâmica demo gráfica, que visa fomentar a natalidade e a qualidade de vida dos munícipes. Tudo para fixar pessoas, mais famílias no con celho de Moimenta da Beira.
O anúncio foi feito pelo Presidente da Câmara Municipal, Paulo Figueiredo, durante a palestra "Amamentação, uma responsabilidade de todos", inserida na Semana Mundial do Aleitamento Mater no, onde estiveram presentes mães, pais, bebés, futuras mamãs, a ACES Douro Sul, profissionais de saúde e eleitos da autar quia. A ação decorreu no Auditório Muni cipal Padre Bento da Guia.
Estes novos apoios fazem parte do arti culado de um novo Regulamento aprova do na última sexta-feira pela Assembleia Municipal. "É o contributo que o Muni cípio quer dar, e para nós é também um investimento apostar nas pessoas. Elas são, efetivamente, o maior ativo da nossa sociedade, e são elas, de facto, que irão
proporcionar vida futura", explicou Paulo Figueiredo, muito preocupado com a di minuição de nascimentos entre os anos 1995 a 2021. "A nossa sociedade está cada vez mais envelhecida e cada vez temos menos nascimentos. Em 2021 nasceram no concelho 68 crianças, numa popula ção de 10 mil pessoas. Em permilagem
dá 6,8, metade da registada em 1995, cujo valor andava nos 12 a 13.
Temos aqui um decréscimo enormís simo. Todos nós sabemos o que já está investido no concelho, seja ao nível da saúde, seja ao nível da educação, seja a outros níveis. As nossas escolas preci sam de mais alunos, a nossa sociedade precisa de mais gente e nós podemos ter no concelho de Moimenta da Beira mais nascimentos, mais crianças porque elas são efetivamente a base da nossa alegria", disse o autarca, esperançado no êxito da nova política que acaba de anunciar.
O apoio à natalidade e à adoção desti na-se às crianças nascidas ou adotadas a partir de 1 de janeiro de 2022; à criança registada como natural no concelho; aos indivíduos residentes no Município de Moimenta da Beira à data de nascimento ou adoção que estejam recenseados nos 6 meses anteriores.
Os candidatos devem manter-se recen seados no Município pelo período de 10 anos consecutivos e o apoio é concedi do até ao terceiro filho. As candidaturas serão efetuadas no Balcão Único após a publicação em Diário da República, pre visivelmente a 11 de outubro de 2022.
14 VIVADOURO OUTUBRO 2022
07h00 - Início da Feira Franca de São Martinho
08h00 - Arruada com os Zés Pereiras de Sanfins do Douro e Pegarinhos
08h30 - Mostra Gastronómica das Freguesias
10h00 - Tripas | Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Magusto Tradicional e Prova do Vinho Novo
11h00 - Concerto do Ás da Concertina
14h00 - Ranchos Folclóricos do Pinhão e Santa Eugénia
16h00 - Concerto da Banda Sinfónica da GNR
17h30 - Bolo de Encerramento das Comemorações
11 NOVEMBRO
LUÍS MARQUES MENDES
É um homem de origem nortenha, mas que viveu metade da sua vida, ou mais, em Lisboa. Essa disputa característica en tre norte e sul, que não só no nosso país, também o assolou?
No meu caso, acho que nunca tive na minha mente, na minha conduta e no meu compor tamento essa lógica de guerrilha entre norte e sul. Tenho muito orgulho em ser nortenho e sempre que posso regresso às origens. To davia, vivo há várias décadas em Lisboa e isso para mim nunca foi nada de anormal. O país pequeno e percorre-se bem, por isso essa ri validade para mim não faz sentido. Acho até algo artificial. Deixo isso mais para o domínio do futebol.
No entanto, isso também toca na política quanto às regiões e regionalização, face a um excessivo centralismo. O que lhe pa rece?
Esta questão da descentralização é impor tante. O país é muito centralista, ainda hoje, quase 50 depois da revolução de abril. Aqui lo que é consensual em Portugal é, de facto, uma cultura de proximidade. A transferência de poderes e responsabilidades do poder cen tral para o poder local devia ser feita de forma muito mais acentuada. Todos os governos têm feito alguma coisa, há que reconhecer. Não aquilo que era suficiente, mas o que as cir cunstâncias permitiram. Eu se tivesse poder, neste momento, acentuaria as competências para o poder local. Acho fora de tempo quan do se fala em ‘regionalização’, quando não se completou a descentralização. Por isso, o dinheiro público não é administrado com tan ta eficácia e a burocracia aumenta. Quando o poder estiver mais perto das pessoas, melhor! Assim, tornaríamos o país mais harmonioso, mais tolerante e mais bonito.
Ainda abordando o Norte, que viagens e histórias pelo Alto Douro nos pode contar de ali ter vivido mais intensamente? Seja como turista ou como governante que foi…
A minha ligação ao Douro é mais como tu rista, como português que adora a região. Eu visito regularmente o Douro, com amigos. É uma das zonas mais bonitas do mundo. Não é de Portugal ou da Europa: é do mundo! É uma pérola. Por isso, hoje em dia, muito da ima gem do país no plano turístico, lá fora, tem a ver com o Douro. Felizmente, nos últimos anos o turismo em relação ao Douro cresceu substancialmente. Isto projeta uma grande imagem do país, uma imagem de qualidade, uma imagem de serviço, uma imagem de hos pitalidade, uma imagem de bom ambiente, boa cultura, boa gastronomia e boa história. É um turismo novo. Já não é apenas o turismo algarvio, de sol e praia.
E há algo mais, além dessa beleza pai sagística e gastronómica, que o atrai no
Douro e fá-lo visitar regularmente?
Eu gosto de tudo no Douro, mas as paisagens são qualquer coisa de encantador. Passear no Douro, dentro da zona vinhateira, é qualquer coisa de único. A gastronomia duriense é fan tástica. E acho que as pessoas são muito hos pitaleiras, mas isso é uma característica do ser português. Portanto, qualquer coisa me satis faz no Douro, apesar de ser um minhoto que aprecia muito o Minho.
Ato após ato eleitoral, a abstenção vai avançando “de vento em popa”. Não se
ria a altura, no imediato, dos partidos se juntarem todos a debater como combater seriamente este problema?
Nós podemos debater este problema, com certeza. Nós podemos fazer várias reflexões sobre esta matéria, é pertinente. Todavia, te nho para mim, as três questões mais impor tantes para resolver a abstenção. Não são as únicas, mas as prioritárias. São elas: primei ro, governar bem. Se houver boa governação, se as pessoas sentirem que a sua vida está a melhorar, se sentirem que – mesmo em mo mentos de dificuldade como este – o Estado
e o Governo ajudam e que elas estarão a ser bem tratadas. Assim, não tenho dúvida que a abstenção diminuirá: se a governação for má, ela aumentará. Segundo ponto, as pessoas são muito sensíveis às questões da seriedade e do mérito – sempre o foram, mas hoje ainda mais! Se a política nacional for feita de casos, como agora a cada passo se fala – uma incompatibili dade aqui, um conflito de interesses acolá, etc. –, que dá uma imagem de falta de honestidade e de promiscuidade, pode ter a certeza que a abstenção não vai diminuir. As pessoas desa creditam da política e dos políticos. Terceiro elemento, muito parecido com o anterior: a política é uma atividade muito nobre, porque é tratado do interesse dos outros e de gerir o dinheiro desses outros. Portanto, os melhores devem estar na política! Ora, hoje, os melho res estão noutras atividades e menos na polí tica. A política atual não é muito atrativa, já foi, há 20-30-40 anos! Não há boas decisões com maus decisores. Se tiver no Parlamento, e nas várias bancadas, ministros e deputa dos com qualidade isso mobiliza as pessoas. O contrário fá-las afastarem-se das institui ções. Quanto ao que propõe, acho que esses debates não vão resultar em nada, porque é música celestial, é um pouco assobiar para o lado. As pessoas para irem votar tem de estar confiantes e, para tal, têm de ver que a sua vida e a vida do país estão em boa direção e a evoluir favoravelmente. Nos anos passados em que isto aconteceu, a abstenção nunca foi alta. Agora, o que é que se espera? Com tantas crises, a abstenção é, também, um sentimento de insatisfação das pessoas e um meio de elas o demonstrarem. Refiro isto, mas não defendo a abstenção.
Se não tivesse perdido as eleições dire tas na liderança do PSD, em 2007, consi dera que poderia ainda estar a exercer a política ativa? E não sente falta da mesma? Com certeza que teria continuado, não sei quantos anos, mas aceitaria o desafio. Se teria contribuído para melhorar a qualidade da po lítica, não sei. Essa avaliação só pode ser feita pelos outros, não me compete a mim fazê-lo. Só sei que dei o meu contributo durante 22 anos seguidos de política nacional. Fui quase tudo o que é possível ser em Portugal: autar ca, deputado, secretário de Estado, ministro, líder do PSD e líder parlamentar. Portanto, já dei o meu contributo! Quando falámos em re novação, assim o fiz, saindo e dando lugar a outros. É assim que deve ser. Vivo muito bem dessa maneira, ou seja, não me arrependo de ter feito política ao longo de duas décadas, como também não me arrependo de não estar agora ativo na vida política. Não tenho sauda des! Cada coisa em seu tempo. Estou sempre muito bem com a vida.
Sinceramente, e para encimar esse con ceito de “político completo” que é, não pensa voltar a exercer um alto cargo, ou concorrendo para primeiro-ministro ou para a presidência da República?
Em teoria sim, posso ser candidato a tudo –
16 VIVADOURO OUTUBRO 2022 Entrevista
Tex To : André rubim rA ngel Fo Tos : Abreu Advog A dos
“Acho fora de tempo quando se fala em ‘regionalização’, quando não se completou a descentralização”
acho que tenho experiência e currículo para esse efeito –, mas na prática não me parece muito fiável. Estou a gostar muito, sincera mente, da vida que levo.
Quanto à presidência, como é ser conse lheiro do presidente da República – que já o conhecia bem antes – face às crises conjunturais que vivemos, no antes e no pós-guerra?
Sou um entre os 20 existentes que, de vez em quando, são chamados a dar as suas opi niões. De modo geral, de três em três meses. Não é um modo de vida regular. Mas é uma tarefa digna, exigente, precisando de alguma atenção, cuidado e aprofundamento. Para mim é um privilégio sê-lo e já sou há vários anos, desde a presidência do Dr. Jorge Sam paio, passando pela presidência do Prof. Ca vaco Silva. Tento sempre fazer o meu melhor, ser útil e construtivo. Toda a gente sabe que sou amigo do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa e que tenho por ele enorme estima, amizade e consideração. Acho que ele é das pessoas polí ticas mais talentosas que há em Portugal!
Em 2008 referiu publicamente que era preciso “mudar de vida”. Não se sente re petitivo por, infelizmente, ter de dizer o mesmo atualmente? E o que implica, con cretamente, essa mudança?
Eu lamento que o país não tenha mudado muito de vida. Quando escrevi esse livro, men cionei que o país deveria mudar de políticas. Infelizmente, daí para cá, não houve grandes mudanças, mas a culpa não é minha porque já não estou a fazer política. Continuo a de fender a mesma coisa: o país tem de mudar de vida. Concretamente: mais crescimento no plano económico-social, para ter melhores salá rios e os trabalhadores possam subir na vida – é o “elevador social”. Estas são, para mim, as mudan ças essenciais. O país tem de crescer mais, como vários países europeus crescem, para que os nos sos jovens altamente qualificados não tenham de emigrar à procura de melhores empregos e de melhores oportunidades. Infelizmente isto não tem vindo a acontecer… Por exemplo, olhemos ao OE2023 e à situação anormal que estamos a viver, pois a guerra não suspende a Democracia nem a governação. Acho que este novo OE apre sentado é bom, prudente e positivo do lado finan ceiro, no défice e na dívida. Mas acho que já não é nada positivo no lado económico, porque preci sava de ter mais ambição, medidas de alívio para facilitar e incentivar o investimento. E precisava, também, ser mais equilibrado no domínio social, sobretudo numa altura em que as pessoas mais pobres e vulneráveis passam muitas dificuldades Tudo isto preocupa-me, mas têm de ser feitas escolhas. Portanto, continuo a defender: é preciso mudar de vida!
Neste sentido – e porque neste mês ce lebra-se o dia mundial de erradicação da pobreza, uma realidade ainda mais pre mente e deprimente –, para onde vamos, já com quase metade de pobres portugue
ses no país, o 8.º pior da Europa em risco de pobreza e exclusão social (era o 13.º)?
Não vamos bem, pois é claro. Mas isto tem a ver com o que dizia antes: enquanto o país não tiver grandes taxas de crescimento econó mico, não cria riqueza. Não criando riqueza, tem mais dificuldade em criar condições para que as pessoas saiam – digamos assim – da si tuação de pobreza. Vamos sempre “bater ao mesmo”, sempre! Uma elevada pobreza é a consequência dum país que não tem alto cres cimento económico, logo que não enriquece! Assim, se o país crescer na sua riqueza, terá menos pobres. Nos últimos anos, temos tido crescimentos medíocres porque as políticas estão erradas. Vamos ser francos: a Hungria, a Polónia, a Eslováquia e outros países têm um imposto sobre as empresas mais baixo. No mo mento em que um investidor quiser apostar e tiver de escolher entre Portugal e esses países, certamente escolherá um desses que não a nós. A Hungria tem uma taxa de IRC na ordem dos 10% e nós temos três vezes mais! Isto não há milagres! O que cria riqueza são as empre sas. E o que cria as empresas são os investi dores, sobretudo os internacionais – que são os mais importantes. Isto é tão simples quanto isto: se o país não cresce nem se desenvolve, gera pobreza. Muitas vezes, não gostamos de ser diretos e práticos nestas questões.
Sendo jurista, como antevê – face às bu rocracias, contornos e morosidades da Justiça – que seja o desfecho dos processos relacionados com José Sócrates e Ricardo Espírito Santo, estes mais sonantes, entre outros?
É uma pena que a justiça não funcione em alguns casos, ou funcione de forma muito len
ta… E uma justiça lenta não é uma boa justi ça. Casos como o que referiu são casos que se arrastam há demasiado tempo nos tribunais, em função das regras que existem são arrasta dos por muitos mais anos, e isso é muito mau para a imagem da Justiça e para a confiança das pessoas nas instituições. Não posso dizer mais.
Mas porquê, nestes e noutros casos, a Justiça parece não atuar, parece estar im potente e conivente com “determinados” interesses? E quais são eles e como vencê -los perante os poderes instalados?
Não, não se trata disso. Desculpe discordar, mas a Justiça não avança não é por estar con dicionada ou por ser conivente com outros interesses! As dificuldades de agir nestes pro cessos muito grandes são por algumas razões muito simples. Primeiro, estes são megapro cessos, com uma dimensão brutal, o que sig nifica que têm de se ter meios para investigar, ter mais pessoas, mais perícias, mais meios técnicos e financeiros. E o país não está habi tuado a ter isso! Porque, de modo geral, teria criminalidade menos sofisticada e esta – que abordamos – é criminalidade moderna, muito mais sofisticada! Segundo, como as pessoas estão a investigar vários casos não podem fazer tudo ao mesmo tempo. Terceiro, há de pois as regras de funcionamento da Justiça, porque estão também os advogados para im pugnar isto, para meter recurso acolá. E a Jus tiça tem várias situações destas que acabam por ser manobras dilatórias. São por estas razões a morosidade destes processos. Isso é bom? Não, é péssimo! Mas, atenção, as causas não são a falta de vontade em resolver, porque se não nem começava sequer a investigação. Não há soluções fáceis, até porque o país não é rico e tem de dar dinheiro à Justiça, à Educa ção, etc.. Nas redes sociais é que parece fácil, há soluções para tudo, mas isso é próprio da queles que nunca fizeram coisíssima nenhu ma nestas matérias. Não tenho nada contra as redes sociais, mas tenho muito contra a forma como se criam nelas ideias sem se es tudarem os assuntos. Importa, ainda, referir que em algumas situações a nossa Justiça é lenta, mas noutras não é! E se formos a ver a Justiça em outros países, como na Espanha, não é diferente. Alerte-se que não há justiça na hora! Há a criação de associação, ou de sociedade, na hora, mas não justiça imedia ta. Pois tem de se ouvir uma parte, depois a outra e tem de se investigar as várias maté rias. A Justiça, para ter celeridade, tem de ter segurança. Mas, também, se não tiver segurança não é Justiça! É complexo.
Quanto a um dos temas do momento, os abusos sexuais por alguns agentes eclesiais, como vê este desfecho? Vai acontecer como nos outros casos?
Acho que é mais prudente deixar que tudo funcione. Esta Comissão que a Igreja criou vai terminar o seu mandato no final deste ano, vai apresentar o seu relatório, os ca sos existentes vão seguir para a Justiça e,
depois, esta analisará se “têm pernas para andar”. Alguns deles, por serem muito an tigo, podem já estar prescritos por lei. Por tanto, temos de aguardar. Eu não vou dar opinião nenhuma sobre isto, porque acho sempre um péssimo contributo estarmos a falar de cor, sem dados concretos. Nem eu, nem você, fazemos ideia do que se passa lá dentro com os casos que a Comissão está a trabalhar. Qualquer palpite que se dê não ajuda. Deixemos que as instituições funcio nem. Por isso, vamos esperar que a Comis são termine o seu processo e divulgue o seu relatório. Então aí, qualquer cidadão vai po der ler e dar a sua opinião.
De que forma vai ser possível a paz, ou seja, o fim definitivo da invasão e guerra na Ucrânia e o fim ditatorial de Putin, para que não vivamos mais ameaças geo políticas que não são de agora? E como não se aprendeu nada com o passado e não se conseguiu evitar estes males maiores que têm eclodido?
Esta guerra na Ucrânia só existe, na minha opinião, porque o Ocidente – EUA e Europa – deixaram Putin avançar no passado, quan do ele invadiu a Geórgia, quando ele anexou a Crimeia. O Ocidente assobiou para o ar e mostrou, assim fraqueza. Perante isto, Pu tin avançou, mais uma vez, na Ucrânia. Se o Ocidente tivesse sido, no passado, tão uni do e corajoso como está a ser agora, prova velmente não tínhamos guerra na Ucrânia. Primeira lição que temos de aprender: com um homem como Putin só se pode falar a linguagem da firmeza! Quando o Ocidente é fraco, perdemos! Segundo, esta guerra pro vavelmente não tem solução militar, só terá uma resolução política. Mas não se pode ce der a Putin, porque se isso acontecer, a se guir ele invadirá a Polónia, a Moldávia ou os Países Bálticos. Portanto, quem vai ter que ceder vai ser ele. O que significa que estes sacrifícios todos que estamos a fazer, neste momento e em várias partes do mundo, é o preço que temos de pagar pela defesa da liberdade, da democracia, na segurança eu ropeia e na dignidade dos países. Hoje acon tece na Ucrânia, mas pode suceder noutro lado. Terceiro, infelizmente isto é longo e acho que vai continuar a ser. Uma guerra é uma guerra, há um invasor. Ou se perde ou se ganha: temos de impedir Putin de a ganhar e deixá-lo cada vez mais isolado e perturbado, para que perceba que tem de ir para as mesas das negociações e recuar.
Peço-lhe uma mensagem final mais po sitiva…
Eu sou, por natureza, uma pessoa de espe rança e de otimismo. Temos de ter paciência e resistência, face a este pesadelo que mui tos de nós nunca tínhamos vivido (desde 1945). E que vai passar, apesar de não haver soluções mágicas. Há que manter a esperan ça de que vai ser melhor, eu acredito. Não podemos andar sempre tristonhos. Nunca perco a fé nem a esperança.
17OUTUBRO 2022 VIVADOURO
Vila Nova de Foz Côa
Passadiços do Côa e CAR são apostas para potenciar concelho
Os Passadiços do Côa e o Centro de Alto Rendimento do Pocinho são apostas da autarquia de Vila Nova de Foz Côa na potenciação e dinami zação do concelho, como sublinhou o autarca durante visita dos secre tários de estado do desporto e do turismo ao território.
Inaugurado em junho de 2016, o CAR do Pocinho é gerido pela Câmara de Vila Nova de Foz Côa, tendo já acolhido diversos es tágios de seleções de remo de vários paí ses, bem como atletas nacionais.
Durante a visita de João Paulo Correia, Secretário de Estado do Desporto, foi as sinado m protocolo ente a Associação dos Atletas Olímpicos de Portugal e o Centro de Alto Rendimento do Pocinho, para a utilização deste equipamento de alta com petição com vista à promoção desportiva.
De acordo com o presidente da Asso ciação dos Atletas Olímpico de Portugal (AAOP), Luís Alves Monteiro, “este acor do estabelece os eixos para a cooperação entre ambas as entidades, que potencie a mais-valia que representam os atletas olím picos para o desenvolvimento desportivo”.
Em declarações em exclusivo ao Viva Douro, João Paulo Correia sublinhou a im portância do CAR e do protocolo assinado na promoção do território, destacando o trabalho conjunto entre o desporto e o turismo, sublinhado com a assinatura do
protocolo.
“É importante que o desporto seja um polo de atração para estes território, foi por isso que se criou o CAR do Pocinho em 2016, com o intuito de captar eventos de desportos náuticos.
Volvidos cerca de 6 anos consideramos que ainda há margem de crescimento, por isso este grupo de trabalho criado entre o desporto e o turismo para uma estratégia de apoio público à realização de eventos desportivos internacionais, que vai utilizar todos os Centros de Alto Rendimento do país.
Esta é a intenção do Governo, quer do lado do desporto, quer do lado do turis mo, e foi também com esse intuito que a autarquia de Foz Côa, em conjunto com a Fundação de Desporto e Associação de Atletas Olímpico de Portugal, firmaram o protocolo que é mais um incremento para maior utilização deste CAR”.
Passadiços são nova atração do con celho
Com 930 metros de extensão e 163 me tros de desnível pela encosta, os Passadi ços do Côa representam um investimento da ordem dos 300 mil euros, compartici pados pelo FEDER, e ligam também o es paço museológico à linha férrea desativa da entre o Pocinho e Barca d'Alva.
Presente na inauguração esteve a Secre tária de Estado do Turismo, Rita Marques, que destacou a "beleza única" e a "singu
laridade" do projeto, aproveitando ainda para destacar o trabalho feito pelo Go verno durante o período da pandemia no setor, que agora se reflete no número de turistas que chegam a Portugal.
“Os dois anos de inatividade que vive mos durante a pandemia foram-no ao nível dos aeroportos e dos passageiros desembarcados, mas foram anos de for tíssima atividade no que toca à política pública do turismo. Tentamos ao máximo preservar a marca "Portugal", fomos o pri meiro país no mudo a lançar o selo Clean & Safe, demos formação a cerca de 70% da nossa força de trabalho.
Com todas as iniciativas conseguimos preservar a nossa marca de forma muito forte, o que quer dizer que, quando as condições de viagem foram aliviadas, Por tugal estava na lista de preferências, quer dos mercados tradicionalmente emisso res, mas também de outros, como por exemplo os EUA que face a 2019, tem um crescimento de quase 38%, são números extraordinários.
Esse trabalho de casa foi feito durante a pandemia e a expectativa é que durante este ano possamos encerrar o ano com números acima de 2019, não só em receita turística, que ficará cerca de 5% acima de 2019 mas também a nível de passageiros embarcados, e a nível de dormidas tam bém”.
João Paulo Sousa, autarca de Vila Nova
de Foz Côa, mostrava-se, no final de am bas as cerimónias, bastante satisfeito, ten do aproveitado os discursos que realizou para enaltecer o potencial do concelho, mas também para deixar alguns recados para Lisboa.
“Foram dois discursos distintos mas complementares. O primeiro ligado com o mundo desportivo ligado ao CAR onde temos que mudar claramente de paradig ma e de nível. Temos que percebe que o CAR tem imensa potencialidade mas te mos que passar da potência ao ato. Embo ra o país esteja num desnível acentuado, há associações e federações que têm que olhar elas próprias para os espaços que temos aqui, com imensa qualidade e que é preciso rentabilizar o investimento aqui feito.
O segundo é mais de índole cultural. O significado dos Passadiços tem a ver com a criação de pontes, com os rios, com a Linha do Douro, com o visionamento di reto da própria barragem, com a constru ção do novo cais, que é uma exigência, e a ponte com o imaginário dos foz-coenses que iriam ao rio com uma frequência diá ria.
Quem conhece o meu estilo, sabe que gosto de sinalizar para progredir, não para criar problemas. Os autarcas sentem as mesmas dores de crescimento. Estamos aqui, sentimos o Douro, somos Douro, so mos o Douro Superior, não temos que ser os coitadinhos, mas temos que aprovei tar estes momentos para demonstrar o nosso contentamento e o nosso descon tentamento.
Acredito na sustentabilidade turística e com ela, na valorização dos produtos endógenos, a valorização cultural e so cial, olhar para os jovens e para os idosos tudo isto está interligado.
A partir do momento em que damos mais um passo, atraímos mais pessoas e valorizamos os nossos produtos ven dendo mais e melhor. Ou seja, vendemos mais e melhor o nosso território”.
De resto, os visitantes dos Passadiços terão acesso a uma APP que fornecerá in formação sobre a biodiversidade da zona, a fauna e flora existentes, bem como so bre as gravuras do Vale do Côa.
18 VIVADOURO OUTUBRO 2022
Abriram as candidaturas às bolsas do ensino superior
A Câmara Municipal de Armamar tem abertas as candidaturas para atri buição de bolsas de estudo a alunas e alunos do ensino superior. O prazo
decorre até ao próximo dia 28 deste mês.
Este ano vão ser atribuídos 30 mil euros em apoios para os alunos do
ensino superior, conforme o regula mento municipal, revisto e aprovado em setembro último, pela Assembleia Municipal de Armamar.
Esta medida está enquadrada nas políticas de apoio educativo que a Autarquia desenvolve do pré-escolar ao ensino superior.
Rally de Portugal Histórico passou em Armamar
No passado dia 4 de outubro as máqui nas que fizeram história no Rally de Por tugal passaram por estradas e caminhos de Armamar.
A décima sexta edição do Rally de Por tugal Histórico percorreu o país entre 3 e 8 de outubro. A prova percorreu os traça dos mais icónicos que no passado compu nham o itinerário do Rally de Portugal, e Armamar faz parte desses quilómetros de eleição.
Os participantes entraram no território do município em Queimada, subindo ao Monte Raso e descendo por Travassos e São Romão até ao campo de futebol da Praia em Armamar. Voltando para trás, passaram mesmo junto à Capela de Nossa Senhora da Guia, em Tões, rumo à Fraga da Pena. Daí desceram por caminhos mu nicipais até à “curva das 3 Marias”, entre Aldeias e Fontelo, onde tomaram a N313 até à saída do município na pedreira de Fontelo.
19OUTUBRO 2022 VIVADOURO Armamar
Jorge Braz, novo Doutor Honoris Causa da UTAD
Foi num ambiente de grande sole nidade que decorreu no passado dia 19 de outubro, na Aula Magna da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) a cerimónia de atribuição do grau de Doutor Hono ris Causa ao selecionador nacional de Futsal, Jorge Braz, bicampeão europeu, campeão mundial da modalidade e vencedor da primei ra edição da Finalíssima Interconti nental.
Acompanhada a sessão de um interlúdio musical do Conservatório de Música de Vila Real, notava-se na assistência, para além do corpo doutoral da instituição, a presença de muitos convidados, entre au tarcas, deputados, dirigentes desportivos, atletas e destacados dirigentes da Federa ção Portuguesa de Futebol.
O reitor da UTAD, Emídio Gomes, abrin do a cerimónia, manifestou a grande hon ra de poder atribuir “a máxima distinção que esta instituição pode conceder” a Jor ge Braz, reconhecendo “um percurso no tável, que constitui, para aqueles que vêm sendo observadores do seu trajeto, um motivo de orgulho e enorme honraria”.
“Nunca nos esqueçamos que cada novo doutoramento Honoris Causa constitui um momento de reflexão, de afirmação e até de renovação desta instituição”, afir mou o reitor. “Seja bem-vindo à nossa Academia!”, completou.
Jorge Braz teve como padrinho do dou toramento o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes. Daí que, no cumprimento do ritual da cerimónia, usasse de seguida da palavra o deputado e ex-Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, a quem coube o elogio do padrinho do doutorando.
Fernando Gomes, por seu turno, apre sentou um vasto rol de referências muito louváveis ao homenageado. “Estudioso, frontal, decidido, tem uma capacidade de trabalho ímpar e uma vontade inquebran
tável de integrar e valorizar todos os que com ele se cruzam”, afirmou o Presidente da Federação de Futebol. “Vencedor cró nico e líder inato, lê-se nele a vontade de conquistar o mundo”, concluiu.
Seguiu-se o momento da imposição das insígnias doutorais pelo reitor da UTAD, o que o novo Doutor agradeceu com uma emotiva intervenção. Realçou a importân cia de todos quantos consigo colaboraram
ao longo da sua carreira e fez um percurso descritivo, quer da sua vida pessoal, quer profissional, desde a pequena aldeia de Valpaços, os estudos em Chaves, depois no Porto, os clubes por onde passou, a Universidade do Minho, a UTAD, não es quecendo os seus adversários. “Ganha-se mais quanto mais forte for o meu adver sário”, disse-o numa implícita e honrosa alusão ao seu colega “rival” selecionador de Espanha.
Sobre os seus colaboradores mais pró ximos afirmou: “Tenho a melhor equipa do mundo a trabalhar comigo”. Sobre a UTAD, onde foi treinador e docente de Desporto, disse: “Ser Honoris Causa desta Universidade é a minha maior honra”. A terminar a cerimónia, falou, em nome do Conselho Geral, o seu membro coop tado, António Filipe, com palavras de lou vor à UTAD pela iniciativa da homenagem a Jorge Braz, enaltecendo o perfil de ven cedor que destacou com as palavras-cha ve que sobre ele mais se têm ouvido: com petência, paixão, generosidade, coração, alma criatividade e liderança.
20 VIVADOURO OUTUBRO 2022
Sabrosa
I Festival dos Produtos Durienses, com Emanuel e Bárbara Bandeira, inaugura novo Mercado dos Produtos Durienses em Sabrosa
O Município de Sabrosa vai inaugurar, com a realização do I Festival dos Produtos Durienses, o novo Mercado de Produtos Durienses, localizado em Paços – Sabrosa, nos dias 5 e 6 de novembro de 2022.
Este novo espaço será inaugurado no dia 5 com a presença da Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e o I Festival dos Produtos Durienses contará com a presença dos Municípios da CIMDOURO, que durante dois dias participarão neste certame que promoverá os seus produtos endógenos e a sua cultura.
O I Festival dos Produtos Durienses conta ainda, no dia 5 pelas 21h30, com a atuação do cantor, e filho desta terra, Emanuel, e da cantora Bárbara Bandeira, no dia 6 pe
las 17h30. A animação musical e cultural deste festival estende-se ainda durante os dois dias do mesmo, com duas dezenas de atuações programadas. Bandas de Música, ranchos folclóricos e grupos de cantares tradicionais do douro farão as delícias dos visitantes, num evento de entrada livre.
A Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, mostra-se manifes tamente satisfeita com a inauguração do Mercado dos Produtos Durienses e com a realização deste Festival, considerando que este é um momento de extrema im portância para Sabrosa e para a Região Duriense que, com este equipamento, vê, finalmente, a possibilidade de desenvol ver uma estratégia de promoção do terri
tório local e duriense num espaço de ex celência, com uma localização única, que contribuirá para alavancar o Douro, os seus produtos, a sua cultura e tradições.
Este novo espaço multiusos possuí uma área total, aproximada, de 1100 metros quadrados, e está dotado de todas as con dições infraestruturais necessárias à boa realização de eventos diversos. O mesmo foi desenhado para prosseguir com a es tratégia de valorização económica e cultu ral do que de melhor se produz nesta que é a Região Demarcada do Douro e tem um investimento total de 1.803.563,60 Euros.
O programa completo do evento pode ser consultado em www.sabrosa.pt.
Edição de 2022 do Festival Rir Sem Bilhete terminou em grande com a dupla “Quim Roscas e Zeca Estacionâncio”
No passado sábado, 22 de outubro, a edição de 2022 do Festival Rir Sem Bilhete chegou ao fim com o espetáculo da dupla “Quim Roscas e Zeca Estacionâncio”, que esgotou o Auditório Munici pal.
A dupla subiu ao palco com grande sentido de humor e proporcionou ao público presente um espetáculo hilariante onde não faltou a música, a comédia, e o improviso.
A edição de 2022 teve início em maio com a Ana Arrebentinha, seguindo-se em julho o es petáculo “O Regresso da Alzira”, e por fim, no passado sábado, Quim Roscas e Zeca Estacionân cio, com os atores João Paulo Rodrigues e Pedro Alves.
A Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, referiu ser uma honra ter a “casa” cheia no último espetáculo deste festival em
2022, agradecendo a presença de todos os sabro senses e de todos os visitantes ao nosso conce lho. No momento confirmou também a continui dade do festival em 2023, esperando que tenha ainda mais sucesso do que a presente edição.
O Festival Rir Sem Bilhete regressou este ano, depois de ter sido suspenso nos últimos dois anos devido à pandemia da Covid-19, e todos os espetáculos tiveram entrada gratuita.
Município reforçou apoios da Ação Social Escolar para o ano letivo 2022/2023
O Município de Sabrosa reforçou os apoios dos alunos e das suas famílias para o presen te ano letivo 2022/2023 com um conjunto de medidas destinadas a garantir a igualdade de oportunidades de acesso e sucesso esco lares a todos os alunos dos ensinos básico e secundário, e a promover medidas de apoio socioeducativo destinadas aos alunos de agregados familiares cuja situação económi ca determina a necessidade de compartici pações financeiras.
Relativamente às fichas dos manuais escolares, manuais de EMRC e material escolar para o ano letivo 2022/2023, a Câmara Municipal de Sabrosa deliberou apoiar diretamente os alunos e as suas famílias através da atribuição de:
- Cadernos de fichas dos manuais escolares a to dos os alunos que frequentam o 1.º e o 2.º Ciclos do Ensino Básico, independentemente do escalão de Ação Social Escolar em que se inseriam;
- Conjuntos de material escolar para os alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico inseridos nos escalões A e B da Ação Social Escolar. Para os alunos do Escalão A, um conjunto no valor de 16,00€ e para o escalão B, um conjunto no valor de 8,00€.
- Livros de Educação Moral e Religiosa Católica para todos os alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico que se inscreveram nesta disciplina.
É de referir que a oferta dos cadernos de fichas
abrangeu até agora, 120 alunos do 1.º CEB e 74 alu nos do 2.º CEB, ou seja, a totalidade dos alunos matriculados nesses níveis de ensino, tendo o custo de 11 174,00€. A oferta do material escolar abran geu cerca de 60 alunos beneficiários da Ação Social Escolar, num total de 1 223€ e a atribuição dos ma nuais de EMRC abrangeu 43 alunos.
Neste ano letivo de 2022/2023, foi deliberado pela Câmara Municipal de Sabrosa a oferta das refeições escolares aos alunos da Educação Pré-Escolar de to dos os estabelecimentos de ensino do Agrupamen to de Escolas Miguel Torga. Neste momento estão a ser servidas cerca de 350 refeições diárias, sendo que as refeições dos alunos do 1º CEB ao Ensino Secundário são comparticipadas pelos pais e en carregados de educação de acordo com os escalões do Abono de Família concedidos pela Segurança Social.
Relativamente aos transportes escolares são ofe recidos a todos os alunos que deles necessitem, mediante requerimento por parte dos encarrega dos de educação, aos serviços de Educação. A sua disponibilização é comparticipada a 100% para os alunos de todos os níveis de ensino, tendo abrangi do até á data cerca de 366 alunos.
Para os alunos da educação pré-escolar e 1.º CEB, foram alargados os horários de acolhimento e ma nutenção no espaço escolar – 07h45 até às 18h30. Aos alunos do 1.º CEB são ainda oferecidas as AEC e atividades da Componente de Apoio à Família, com
qualidade e dinamismo, para cativar os alunos e a ocupá-los de uma forma lúdica que permita o seu crescimento e desenvolvimento pessoal. No âm bito destas atividades, durante este ano letivo, irá oferecer-se aos alunos do 4.º ano de escolaridade a possibilidade de frequentarem atividades lúdico -pedagógicas relacionadas com as Ciências Naturais e Exatas.
Neste ano letivo de 2022/2023 e no âmbito da atri buição dos auxílios económicos indiretos, também foi concedido a cada estabelecimento de ensino pré-escolar e do 1.º CEB um valor que lhes permitiu a aquisição de material escolar e didático ao longo de todo o ano.
No sentido de atrair e fixar as famílias e jovens, o Município de Sabrosa promove ainda várias ini ciativas de apoio às famílias e aos alunos que não são abrangidos pelos apoios sociais previstos para aqueles que frequentam o Agrupamento de Esco las Miguel Torga como é o caso das seguintes me didas:
- O Programa Apoiar a Primeira Infância – Cre ches Gratuitas para todas as crianças de agregados que residam no Concelho de Sabrosa. É promovido e financiado pela Câmara Municipal de Sabrosa e implementado em parceria com as Instituições Particulares de Solidariedade Social que detêm Acordos de Cooperação para funcionamento da resposta social Creche;
- O reforço de 50 % na medida de Incentivo à Na
talidade (1.500,00€ para cada criança);
- Os Prémios Municipais de Mérito Escolar: Vou cher no valor de 500 euros (ensino secundário); voucher no valor de 25 euros (primeiro, segundo e terceiro ciclos de escolaridade);
- Apoio ao Agrupamento de Escolas, através da oferta de vouchers no valor de 25 euros aos alunos colocados no seu quadro de mérito. Estes vouchers podem ser trocados por material na papelaria local;
- A todos os alunos do Agrupamento de Escolas Miguel Torga, o acesso a duas plataformas digitais –Reeducar+ para os alunos da Educação Pré-Escolar e 1.º CEB e a Escola Virtual para os alunos dos 2.º e 3.º ciclos e Ensino Secundário;
- Apoio aos estudos de jovens que frequentem o Ensino Superior, através da revitalização da Bolsa de Estudo Miguel Torga.
A Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, relativamente a todos os apoios agora em vigor expressa que “aquilo que mais queremos é ter jovens e crianças no concelho. Queremos que a população aumente, mas para isso é necessário criar medidas nesse sentido. O apoio das creches gratuitas pretende ajudar os agregados familiares a terem menos encargos, ao mesmo tempo que tor namos o território mais atrativo”.
Os apoios socias apresentados foram aprovados na Reunião de Câmara nº 22/22, de 2022/06/09, por unanimidade, de acordo com a informação técnica.
21OUTUBRO 2022 VIVADOURO
Domingos Nascimento
Presidente da Agência Social do Douro
Unir para sobreviver!
Importa identificar e valorizar as opor tunidade para que possamos viver melhor e felizes nesta região de diversidades, de potencialidades, de identidades, únicas.
Precisamos, realmente, unir. Uma união pela sobrevivência.
Todos sabemos que somos cada vez me nos os que persistimos e resistimos em viver nas terras do Grande Douro. Somos menos e estamos mais velhos.
Há freguesias e até municípios que serão um vazio de pessoas na próxima década.
Continuamos motivados e com a espe rança de impedirmos a desertificação hu mana de algumas das nossas terras?
É uma tristeza imensa cada vez que uma casa fica abandonada. Há cada vez mais portas que se fecham. Os silêncios são pe sados e desassossegantes.
O nosso maior problema é a falta de pes soas!
É-o há muitos anos. Mas continuamos com a cabeça enterrada na areia.
Os modelos organizacionais, com algu mas exceções, não mudaram.
O facto de sermos poucos não nos pode matar a esperança de revertermos a ten dência.
Queremos ser mais e viver melhor!
Para isso precisamos inovar. E inovar é olhar as coisas de outra perspetiva. A pers petiva do sucesso e da viabilidade.
Por exemplo, a agricultura pode fixar pes soas, e ser muito rentável. Há excelentes exemplos na região. Precisamos reforçar a inovação. Para isso urge olhar este setor com estratégia integrada e planeamento.
O turismo é já uma excelente fonte de riqueza, mas podemos ir mais longe. Mas para se ir mais longe só planeando envol vendo as pessoas do território.
É preciso juntar esforços. E tomarmos de cisões em vários concelhos ao mesmo tem po.
Que lógica têm as dinâmicas estruturan tes, mas sem escala e confinadas?
Que impacto têm iniciativas agarradas a um só município quando na verdade o que faria sentido era juntarmo-nos para se dar dimensão às marcas e aos esforços de as promover?
Há imensas oportunidades no Grande Douro. Mas só serão verdadeiras soluções se tivermos visão estratégica e capacidade de darmos escala aos nossos esforços. De, realmente, nos juntarmos.
A Agenda Douro é o chapéu que precisa mos para dar força e dimensão a muitas das iniciativas locais. Algumas dessas iniciativas são de extraordinária valorização de produ tos e territórios e, fundamentalmente, das pessoas.
A Agenda de propósitos comuns já existe, em particular nos grandes investimentos.
Mas precisamos ir mais longe. Se não for possível à escala do Grande Douro, avance -se já no Douro Sul.
Vamos lá unir para sobreviver.
Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I
para o cancro da mama, nomeadamente: a ida de, antecedentes de cancro da mama, alterações genéticas hereditárias, consumo de tabaco, con sumo excessivo de álcool, primeira menstruação precoce e menopausa tardia.
Ana Luísa Santos
Outubro Rosa: Prevenção do cancro da mama
O movimento Outubro Rosa teve início na déca da de 90, nos Estados Unidos da América, com o propósito de sensibilizar a sociedade para a luta contra o cancro da mama. Em Portugal, a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) promove a comemoração deste mês e através do estabele cimento de parcerias com várias entidades da sociedade civil, solidariedade social, entre ou tras, desenvolve várias iniciativas, sempre com a finalidade de consciencializar a sociedade para a prevenção e o diagnóstico precoce do cancro da mama, nomeadamente através do rastreio.
Observa-se durante este mês uma adesão da comunidade em geral a esta iniciativa, são muitos os encontros, caminhadas, palestras, que se rea lizam no decorrer do mês, sempre com a mesma mensagem de apelo à importância da prevenção e diagnóstico precoce, bem como de esperança para que se encontra em processo de tratamento. Segundo dados da LPCC, o cancro da mama é o mais prevalente em Portugal. Apesar de ter uma maior incidência na mulher, 1 em cada 100 can cros da mama acontecem em homens.
Há vários fatores de risco que podem concorrer
No caso do cancro da mama a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais, tanto para o aumento da sobrevivência, como para a manutenção da qualidade de vida. Quando o diagnóstico é feito precocemente, o cancro da mama tem uma taxa de cura superior a 90%.
O Programa de Rastreio de Cancro da Mama é uma atividade da LPCC, realizada em colabora ção com os Cuidados de Saúde Primários, e que cobre atualmente toda a região norte do país. As unidades móveis deslocam-se de 2 em 2 anos a cada concelho, e as mulheres são convidadas a participar através de uma carta-convite para a realização de uma mamografia (gratuito). São incluídas neste programa de rastreio as mulheres com idades entre os 50 e os 69 anos, inclusive.
Paralelamente aos exames de rastreio, há sin tomas de alerta aos quias devemos estar atentos, já que o cancro da mama pode causar alterações visíveis:
Qualquer alteração na mama ou no mamilo, quer no aspeto quer na palpação;
Qualquer nódulo ou espessamento na mama, perto da mama ou na zona da axila; Sensibilidade no mamilo; Alteração do tamanho ou forma da mama; Retração do mamilo (mamilo virado para den tro da mama);
Pele da mama, aréola ou mamilo com aspeto escamoso, vermelho ou inchado; pode apresen tar saliências ou reentrâncias, de modo a parecer “casca de laranja”.
Secreção ou perda de líquido pelo mamilo.
Nos estádios iniciais o cancro da mama não cau sa dor, no entanto, se sentir uma dor na mama que persiste, deve consultar o seu médico.
Para todos os dias sejam cor-de-rosa, vamos prevenir, detetar, tratar e vencer!
22 VIVADOURO OUTUBRO 2022
Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária
HÁ GENTE NAS ALDEIAS
Especial Aldeias Vinhateiras
Quando chegamos à praça, circundada por dois museus ali existentes, uma casa de alojamento local e a Igreja Matriz, espera-nos o Padre Amadeu Castro. A forma calorosa como nos recebe combina com o dia solarengo que convida a uma conversa logo ali, num banco de granito encostado à igreja.
"Shhh! Ouça! Em mais lado nenhum consegue estar assim a conversar acompanhado do chilrear dos passarinhos, e a respirar ar puro, isto é que é qualidade de vida", afirma sorrindo enquanto por uns segundos ficamos em silêncio.
Natural de Castro Daire, está na paróquia há 27 anos, sendo o sacerdote da mesma há 25, após dois anos de estágio como seminarista e diácono.
"Era o que acontecia aos mais reguilas, eram mandados para o Douro ou para a Serra da Gralheira em Cinfães. Vim contra a vontade, com uma revolta interior muito grande, não queria nada. Com o passar do tempo fui conhecendo as pessoas e sentindo-me integrado nesta comunidade. Entretanto já houve vários convites para ir para outras paróquias, mas recusei sempre".
No discurso do pároco está sempre a expressão "comunidade", questionado sobre esse uso, exclama que "esse é mesmo o espírito que aqui se vive, todos trabalham para o bem comum".
Um bem comum que foi potenciado com o projeto Aldeias Vinhateiras, que ajudou à recuperação de diversos espaços de Trevões, mantendo a traça original daquela que até meados do séc. XIX foi a sede do concelho.
“Infelizmente o projeto ficou esquecido”, afirma Amadeu Castro, reforçando, "é uma pena, tinha um espírito bonito. Ainda há poucos dias falei com diversas entidades mostrando-lhes a importância do projeto e da vitalidade que dava a estas aldeias".
Efetivamente o movimento é pouco, já vão largos os minutos de conversa quando somos interrompidos por uma carrinha de transporte de pão que para a marcha para nos cumprimentar, seguindo depois pelas ruas da vila, buzinando a avisar que chegou a padeira.
"As aldeias vinhateiras trouxeram muito movimento, efetivamente aqui em Trevões vamos sentindo a presença dos turistas. Criamos aqui as Casas do Prior, duas casas recuperadas para alojamento, temos o Museu de Arte Sacra e o Museu de Trevões, mesmo ao lado, e claro, a nossa Igreja Matriz que é um Monumento Nacional, datado do séc. XIII, e que atrai muitos visitantes".
De tudo o que o turista pode encontrar em Trevões, de uma coisa vai sentir falta, um local para fazer as suas refeições. "Aqui não temos nenhum restaurante", lamenta o Padre Amadeu, "antes da pandemia havia dois, mas depois de tanto tempo parados não aguentaram e fecharam, agora para se comer num restaurante temos que ir à freguesia ao lado, Paredes da Beira, ou a São João da Pesqueira".
Mais do que um museu, propriamente dito, o Museu de Arte Sacra é um espaço de apoio à comunidade com biblioteca, centro pastoral utilizado para diversas atividades, desde catequese a momentos culturais e de convívio, bem como um espaço onde
quem quiser pode usufruir de computadores com acesso à internet.
"O museu é um complemento da Igreja, foi construído para podermos exibir toda a história religiosa deste território, que nos foi deixada pelos nossos antepassados. Estes patrimónios não podem estar escondidos nas gavetas, deve ser mostrado".
Mesmo ao lado, num edifício azul claro, ergue-se o Museu Etnográfico de Trevões, "uma fotografia de como viveu esta gente daqui, das famílias mais abastadas às mais pobres", asseguranos o pároco.
Albergando o mais variado tipo de peças, a exposição permanente visa dar a conhecer os costumes e modos de vida passados, tentando desta forma criar um elo entre as diferentes gerações. Inaugurado a 15 de Setembro de 2001, fruto de um trabalho árduo de recolha, o Museu de Trevões guarda memórias e relíquias da vida dos seus antepassados. Uma viagem no tempo que dá a conhecer a cultura, os modos de vida, as tradições e a história desta gente.
"Para a nossa comunidade este museu tem uma importância enorme, desde logo porque as peças que lá se encontram são fruto de doações das pessoas de cá, mas também porque a recuperação do espaço e preparação foi tudo feito com trabalho voluntários destas gentes, dos mais novos aos mais velhos".
comensais.
Uma boa alimentação seria fundamental para a tarde que se adivinhava com passeios pelas culturas existentes na freguesia, desde as tradicionais como vinhas, pomares e olivais, até às apostas mais recentes como uma exploração de mirtilos.
Foi exatamente pela aposta inovadora de Marta Santos que começou a descoberta dos melhores produtos que aquela terra dá. No total são 2,5 hectares de pés de mirtilo, "mas nem todos são bons de produzir, inicialmente ainda não percebíamos muito disto e levaram-nos a comprar alguns pés de um género de mirtilo que não tem muita procura no mercado", apesar disso Marta garante que a aposta é para continuar.
O encontro foi marcado no café, no centro da vila, que gere com o marido. Pedindo as devidas desculpas aos três clientes que se preparavam para passar umas horas de conversa junto ao balcão, Marta e Rui fecham o estabelecimento para rumarmos à exploração de mirtilos.
Pelo caminho confessam que depois de dezembro, "o café é para fechar", a agricultura que praticam já não é de dimensão familiar, mas "para ser rentável" têm que ter ambos a disponibilidade que este trabalho obriga.
Quando se iniciaram no negócio dos mirtilos, muitos foram os que duvidaram do sucesso do projeto. "Havia pessoas que nos diziam que nos íamos meter num martírio, a brincar com o nome do fruto, e mesmo hoje ainda há quem duvide".
Com um total de produção a rondar as sete toneladas, Marta garante que a produção é mais rentável do que o maior produto da região, o vinho. "Num ano normal, o mirtilo é mais rentável, e dá menos trabalho, não tem tratamentos, só fazemos a poda", contudo Rui lembra que no vinho "há a questão do benefício que no caso de um ano mau nos garante sempre algum rendimento", argumento que não convence Marta, "eu prefiro o mirtilo".
Apesar do entusiamo com o projeto, Marta confessa que no início, quando lhe falaram desta cultura, "nem o fruto conhecia sequer".
"Na altura levaram-nos a Sever do Vouga e, apesar do tipo de propriedades ser muito diferente do nosso, ficamos logo impressionados com a quantidade de fruto que víamos que cada planta produzia. Outra vantagem desta cultura é que os frutos amadurecem a diferentes ritmos, o que prolonga no tempo a apanha, mas permite também ter tempo para o ir escoando, acabando por haver menos desperdício ou investimentos em câmaras de frio".
A visita ao centro da vila não pode terminar sem que entremos na Igreja Matriz, "é uma obra lindíssima", exclama o padre, retorquindo em seguida com um sorriso "por isso é que o classificaram como Monumento Nacional".
Olhada do exterior, a simplicidade da igreja não deixa antever a beleza interior, com um imponente retábulo-mor em talha dourada, o teto forrado a "caixotões de madeira pintados com motivos vegetalistas", e um piso lajeado com tampas sepulcrais. Um edifício imponente que nos faz saltar uns quantos ciclos respiratórios.
Terminada a conversa com o Padre Amadeu e com o aproximar da hora de almoço tivemos que decidir onde apreciar um bom repasto. A escolha recaiu sobre o restaurante "O Cruzeiro", em Paredes da Beira. Como sugestão do dia, joelho assado com batata, um verdadeiro manjar para os palatos apurados dos
O tom intenso com que Marta fala dos mirtilos é cativante, e a pré disposição que afirma ter para receber forasteiros que queiram conhecer a sua produção, cativante. Vale bem a pena uma visita e, se for pela altura da apanha, participar dos trabalhos que com sorte, a simpatia deste casal será espelhada na oferta de um punhado de mirtilos.
A aposta de Marta e Rui Santos é a prova de que a aposta na agricultura não precisa ser apenas nos produtos tradicionais. O espírito resiliente destas gentes é igualmente um espírito de descoberta, espelhando bem aquilo que vamos sentindo pelas ruas da vila.
A tarde vai a meio, a conversa animada, mas o próximo encontro já está marcado, é com o produtor dos vinhos Bajanca, António Alfredo, que nos irá levar numa viagem que começa nas vinhas e terminará nos pomares de maçã.
Nos mais de 100 hectares que possui, António Alfredo diversifica
24 VIVADOURO OUTUBRO 2022
Subindo ao alto de uma das várias encostas do Douro, chegamos à vila de Trevões, no concelho de São João da Pesqueira, que todos insistem chamar de aldeia, talvez pela calma que se respira e a familiaridade que se sente de cada vez que nos cruzamos com alguém.
Padre Amadeu Castro
“Shhh! Ouça! Em mais lado nenhum consegue estar assim a conversar acompanhado do chilrear dos passarinhos” Marta
A razão desta variedade de culturas é uma "garantir trabalho ao longo de todo o ano" e assim poder contratar mão de obra efetiva. "É que", justifica António, "arranjar mão de obra agora é um problema e assim tenho sempre pessoal certo".
"Em agosto começamos com as maçãs das qualidades gala, depois em setembro vêm as golden, entretanto temos a vindima, regressamos às maçãs para as qualidades mais tardias, e em novembro temos o olival. No restante do ano há um conjunto de trabalhos que é preciso realizar como as podas, tratamentos, etc, e assim garantimos trabalho o ano todo".
A ligação de António ao projeto das Aldeias Vinhateiras é grande, foi no armazém onde tem as barricas em que envelhecem os seus vinhos, que foi apresentado o projeto da Aldeia Vinhateira de Trevões, "foi um dia bonito, fizemos a apresentação e uma prova de vinhos". O projeto, reconhece, "trouxe gente para Trevões, o que foi bom porque é bom para a vila que haja gente a passear por aqui".
Dono também da uma bomba de gasolina e oficina na vila, está habituado a receber muitos turistas que lhe vão pedindo algumas indicações e sugestões, "mesmo com aqueles que só falam inglês eu lá me safo, com uns gestos a ajudar a gente entende-se”. Aproveitando o tema, e como bom contador de histórias que se tem revelado ao longo da nossa conversa, António aproveita e conta mais uma. Antes da pandemia, nas bombas de gasolina, apareceu um grupo turistas, "eram mais de 20 jipes, todos para encher o depósito". O movimento pouco habitual, mas muito bem vindo, motivou António a pegar numa caixa que encheu de maçãs, "para lhes oferecer. Foram daqui todos contentes". Já este ano, "em fevereiro, salvo erro, apareceu aqui um deles aos abraços, com mais um grupo de jipes e todos novamente para abastecer. Lá lhes voltei a oferecer mais uma caixa de maçãs, mas desta vez também lhes ofereci uma caixa de vinho" (risos).
A moral desta história é simples para António, "é isto que ganhamos com eles (turistas), se os tratarmos como sabemos, eles voltam novamente, porque foram bem recebidos, é o melhor que temos para oferecer".
Para António, Trevões "é a capital do norte, pelo menos para
mim", contudo o tom muda quando confrontado com a realidade demográfica da região. "Fiz parte de uma junta de freguesia em meados dos anos 80, tínhamos cerca de 900 eleitores, hoje devemos ter uns 300, 400 é uma tristeza".
Mais uma vez a conversa vai longa e o aproximar do sol da linha do horizonte indica que também se aproxima o nosso próximo encontro, é com António Bastos, presidente da junta
Aldeia Vinhateira de Trevões
de sair daqui para ter as coisas do dia a dia, sejam produtos ou utensílios para a agricultura, correios, mercearia, banco há praticamente tudo", afirma antes de concluir num tom mais carregado, "infelizmente falta-nos aqui um ou dois espaços de restauração".
Os louvores à vila e os lamentos com o que ali falta são em tudo semelhantes ao que o Padre Amadeu nos falava pela manhã.
Apesar da sangria de gente que se sente nestes territórios, o autarca conta-nos que na vila "há cerca de 50 crianças em idade escolar", o problema, explica, "é quando chega a hora de irem para a universidade, tiram um curso, não vêm futuro aqui e acabam por não regressar".
Apesar de acreditar "que estes territórios estão condenados há mitos anos", António Bastos ainda tem uma réstia de esperança "que os Governos façam algo para efetivamente mudar isso. Não basta que a câmara ou a autarquia dê um apoio de mil ou dois mil euros por cada criança nascida, é uma ajuda e é importante, mas não convence ninguém a vir para cá".
de freguesia.
Regressamos ao café de Marta e Rui, o movimento é maior por esta hora, o fim da jornada de trabalho e o regresso das crianças após um dia de escola, já obrigam a pedir licença até alcançar o balcão. Marta e Rui têm três filhas, a do meio, que anda no 5º ano, teve hoje uma prova de atletismo na escola, ficou em primeiro lugar, e todos os que entram no estabelecimento lhe dão os parabéns, que ela recebe com a timidez de quem repentinamente é o centro das atenções.
"Mais dois ou três minutos e o presidente está aí, passou agora para baixo, deve ir deixar a filha a casa e vem para aqui", diz Marta virada para mim, sabendo já quem aguardávamos ali sentados. Em Trevões é assim, os hábitos e conquistas de cada um, são conhecidos por todos.
Se não foram dois ou três, seguramente não foram mais de cinco os minutos que o presidente demorou até se juntar a nós na mesa. Vindo de São João da Pesqueira onde tem um escritório em que desenvolve a sua atividade profissional, agente de seguros, traz consigo a mesma simpatia com que os seus fregueses nos foram recebendo ao longo do dia.
Falamos um pouco sobre o projeto das Aldeias Vinhateiras, para o presidente, "este projeto pode ainda trazer muita coisa boa para Trevões, em especial através do turismo e da atividade económica que este gera, mas precisa ser reativado porque ultimamente não se vê grande atividade”.
António Bastos é um presidente orgulhoso da sua terra, "quem aqui vive não precisa
Em jeito de conclusão deste diálogo, e do longo dia que tivemos por estas ruas, desafiamos o presidente da junta a convidar um turista que nunca tenha ouvido falar da sua terra, a visitar Trevões, e a verdade é que António Bastos não se deixou intimidar.
"Trevões é uma freguesia com diversos monumentos e vários pontos de interesse. Temos dois museus, a nossa Igreja Matriz, que é Património Nacional, casas brasonadas, e as Casas do Prior onde poderá pernoitar. Qualquer pessoa que venha a Trevões, tenho a certeza que irá querer voltar".
Antes de nos despedirmos de Trevões regressamos ao café de Marta e Rui, ainda cheio de gente. O padre Amadeu junta-se a nós para mais uns minutos de conversa antes de entrarmos no carro e esta simpática e acolhedora Aldeia Vinhateira ficar perdida no nosso retrovisor entre as curvas e contracurvas tão características das estradas do Douro.
25OUTUBRO 2022 VIVADOURO
o seu negócio apostando na vinha, nos pomares e nos olivais, "também tenho muita floresta mas porque gosto mesmo, não dá rendimento nenhum e se fizer bem as contas até dá prejuízo".
Marta e Rui Santos
“Diziam que nos íamos meter num martírio, a brincar com o nome do fruto, e mesmo hoje ainda há quem duvide”
António Bastos, presidente da junta de Trevões
“Trevões é uma freguesia com diversos monumentos e vários pontos de interesse.”
António Alfredo, produtor
“É isto que ganhamos com eles (turistas), se os tratarmos como sabemos, eles voltam novamente.”
HÁ GENTE NAS ALDEIAS
Especial Aldeias Vinhateiras
"Chove certinho", como se diz na forma popular, pingos grossos, a média velocidade que, por estes dias, são abençoados pela imponência da Igreja Matriz, que nos recebe quando chegamos ao centro da aldeia. Em estilo românico, a Igreja Matriz de Barcos terá sido edificada nos séculos XIII/XIV, sendo alvo de diferentes intervenções ao longo dos séculos, conservando hoje vários elementos, arquitetónicos e decorativos, dos estilos românico, gótico, maneirista e barroco.
O casario que circunda a igreja é também ele maioritariamente em pedra. Outrora a aldeia foi sede de concelho, e os Paços do Concelho eram ali. Por entre esse casario existe hoje o Espaço do Cidadão, onde entre outros serviços funciona a Junta de Freguesia, local onde temos encontro marcado com o presidente, Fernando Barradas. Voltaremos em breve à conversa com Fernando Barradas. Entretanto, depois dos cumprimentos iniciais destas circunstâncias, e uma troca de palavras sobre o tempo dos dias que correm, somos convidados a descer para o andar inferior onde a junta dinamiza uma loja de produtos da freguesia, há um pouco de tudo, azeite, vinho, artesanato e várias lembranças, tudo produzido por gentes desta terra.
Com a chuva que continua "certinha" a cair lá fora, este é o abrigo perfeito para a conversa com duas dinamizadoras das atividades da paróquia e da aldeia, Graciete Calçada e Maria João Magalhães. Apreciando os muitos produtos ali expostos, pegamos num livro de fotografias que está aberto em cima de uma mesa. "Esse livro é do rancho, deram ao meu marido e ele ofereceu à junta, a minha mãezinha, que Deus a tenha, ainda aparece aí numa fotografia", a voz que surge nas nossas costas é de Graciete. O tom com que profere aquelas palavras é familiar, e de súbito começamos a desatar o novelo da conversa, quase sem tempo para ligar o gravador que vai registar toda aquela informação.
A conversa sobre a fotografia da mãe faz Graciete viajar no tempo até ao passado, quando em Barcos "havia muita gente", recorda as festas da freguesia que se faziam, "fazíamos uma Semana Santa que era espetacular, os jovens eram figurantes vivos, no Natal chegamos a fazer o presépio vivo, agora há pouco jovens para isso, e os que há não ligam nenhuma", conclui terminando num tom mais assertivo, "só querem computadores".
"Foi por isso que acabamos por ter a ideia dos manequins", intervém Maria João na conversa. "É", afirma instantaneamente Graciete que continua a explicar, "agora, no Natal, colocamos os manequins espalhados pela aldeia a recriar diversos momentos do nascimento de Jesus, até ao presépio".
A ligação à paróquia e a devoção são evidentes nas duas amigas que vão complementando as informações e estórias de cada uma. O entusiamo com que o fazem não convida à interrupção, deixamos seguir enquanto o gravador regista.
"Fazemos isto desde 2016, por aí", conta Graciete. "Começamos por fazer a cabeça com um balão, jornal com cola e uma máscara, depois o corpo era com enchimentos de espumas e assim mas não
deu muito resultado. Começamos por fazer o 'esqueleto' com tubos de pvc e verginha, para depois os vestirmos e encher. Não é perfeito mas faz as figuras que é o mais importante", explica Maria João. Sendo natural de Barcos, Maria João, foi "arrastada", como diz entre risos, para Tabuaço. "Por causa do trabalho do meu marido, a escola dos miúdos, fui para lá, mas venho para aqui todos os dias", assegura-nos desde logo.
Graciete calçada também é de Barcos, esteve emigrada vários anos até regressar à aldeia natal. A semelhança do percurso com o presidente é evidente "é meu marido".
"Está visto que isto de gostar de mostrar a aldeia e tratar dela é uma coisa de família", retorquimos, numa exclamação que provoca algumas gargalhadas.
"É importante para nós fazer isto. A nossa aldeia cada vez tem menos gente, e os poucos que cá ficam estão cada vez mais velhos, é uma forma de darmos animação à aldeia", explica Graciete. "E pode ser que os jovens que por aqui ainda vão ficando aprendam e mantenham esta tradição", atira Maria João quase em jeito de recado.
Entre as memórias está também a entrada da aldeia no projeto das Aldeias Vinhateiras, "no início havia aí umas moças que estavam a estagiar e que nos ensinavam várias coisas, tínhamos aulas de computadores e outras coisas. Quando foi a altura das vindimas desafiaram os alunos a fazer uma Festa das Vindimas. Foi muito giro, pedimos às pessoas que abrissem os fundos da suas casas e que nos emprestassem utensílios antigos, ligados às vinhas, que por lá tivessem para decorarmos as ruas. Ficou um espetáculo, muita gente aderiu, agora as pessoas já aderem menos e acabamos por ser nós que temos que fazer tudo".
Outro aspeto positivo do projeto foi o fluxo turístico à aldeia, "andava
apresentado, com praticamente todas as casa ali existentes, já recuperadas. Um postal autêntico.
"Havia também aqui a Casa da Roda e o Forno Comunitário, o problema é que foi tudo vendido a privados que demoliram para construírem coisas novas. O antigo tribunal, agora é uma adega", é com algum peso da voz que Maria João vai falando do que já não se pode ver por Barcos.
De resto, há ainda muito por conhecer na aldeia e na freguesia, "temos várias casas brasonadas, a Forca, a Cruz de Pendão onde fizeram a guerra entre os Mouros e os Celtas, o Santuário de Sabroso, que tem o cemitério ao lado com jazigos muito antigos há muita coisa mesmo, é pena que algumas delas tenham ido para as mãos de particulares".
Qualquer turista já tem hoje quem o possa acompanhar numa visita pela freguesia, "antes era mais difícil, mas agora na Junta temos umas meninas a estagiar que fazem esse trabalho". Certamente que a tenra idade não lhes permite partilhar tantas estórias e memórias como as duas amigas que nos recebem, mas a marca identificativa de simpatia destas gentes e o conhecimento dos espaços certamente tornarão a viagem valerosa.
"E temos as pessoas mais idosas que se encontra pela aldeia, têm sempre uma estória para contar, e é com eles que mais aprendemos, já viveram muito", diz Graciete.
Devotas como são, têm entre as suas preferências as festas religiosas da freguesia. "A nossa festa, da nossa padroeira, é 15 e 16 de agosto, mas no último fim de semana de maio fazemos a peregrinação, que para mim é das festas mais bonitas", diz Graciete, enquanto Maria João lembra a Semana Santa que antigamente "fazíamos tudo ao vivo, vinha muita gente de fora para assistir, a praça ficava cheia de gente. É pena que isso se tenha perdido".
A conversa vai longa, o entusiasmo e o brilho dos olhos que íamos notando a cada estória ou memória em Graciete e Maria João fez com que os ponteiros do relógio acelerassem o ritmo. Ainda temos que nos encontrar novamente com Fernando Barradas. O reencontro com o presidente da Junta acontece ainda na loja de produtos locais. Como entretanto a chuva parou, aproveitamos para conversar enquanto caminhamos pelas ruas estreitas, mas impecavelmente tratadas, da aldeia.
Autarca há 21 anos, fruto da agregação de freguesias que juntou Barcos e Santa Leucádia, que lhe permitiu cumprir mais três mandatos, "a minha oposição ainda tentou que eu não me pudesse candidatar, mas depois de muita luta o Tribunal Constitucional deu-me razão e avancei".
Tantos anos no governo da freguesia, conhece este território como ninguém, cada um dos seus habitantes pelo nome, e os seus hábitos, mas se a desagregação das freguesias acontecesse, "não voltava a avançar. Já são muitos anos, e para quem se dedica a isto a 100% como faço, torna-se cansativo, para todos".
sempre aqui muita gente". Em 2019, ano anterior à pandemia, "registados, foram mais de 5500", irá contar-nos Fernando Barradas quando mas à frente o voltarmos a encontrar. Por enquanto seguimos o percurso das memórias e estórias que Graciete e Maria João nos vão contando.
"O que aqui faz muita falta é um restaurante, não há nenhum sítio para as pessoas comerem" um queixume que já não é novidade para quem anda por estas aldeias, "alojamento existe", mas quem ali fica tem que se deslocar para fazer as suas refeições.
Se não há onde forrar o estômago, não falta sítio cuja beleza podemos apreciar. O centro da aldeia mantém-se exemplarmente
Nascido em Barcos, emigrou jovem até regressar à aldeia natal com o sonho de a transformar no oposto daquilo que via a cada regresso de férias, “tudo abandonado”. Defende que "nas freguesias os presidentes não podem ser partidários, são representantes do povo, que já é pouco e com muita idade. Um lamento que tenho é de uma campanha em que as questões partidárias foram mais fortes e chegou mesmo a haver chatices sérias entre os fregueses, coisa que nunca tinha acontecido, não é esse o nosso espírito".
Depois de contado o episódio menos feliz, lá nos fazemos a caminho e Fernando Barradas aproveita para nos fazer um retrato dos seus fregueses, "cerca de metade da nossa população são pessoas idosas, deixamos de ter crianças, deixamos de ter escola, que foi um crime que cometeram contra estas aldeias, em todo o lado, não foi só a nós".
Efetivamente a "radiografia" é semelhante a tantas outras aldeias
26 VIVADOURO OUTUBRO 2022
Na viagem pela EM 512, que nos levará até ao coração do conce lho de Tabuaço, rumo à Aldeia Vinhateira de Barcos, desde a N222, colada ao rio Douro, as curvas acompanham o sublinha do dos vinhados, proporcionando imagens únicas a cada vira gem.
Graciete Calçada e Maria João Magalhães
“Agora, no Natal, colocamos os manequins espalhados pela aldeia a recriar diversos momentos de Jesus”
Fernando
Temos de prestar serviços aqueles que queremos manter cá, e temos que os disponibilizar de forma acessível, diminuindo as distâncias de acessibilidade".
Em pleno Alto Douro Vinhateiro, a aldeia de Barcos, em Tabuaço, diversos povos, desde pelo menos a Idade do Bronze, de acordo com os vestígios encontrados no local. Durante a caminhada que fazemos, somos ladeados pelo casario típico, em torno da Igreja Matriz.
"vai um copo?", ouve-se repentinamente uma voz saída "dos fundos" de uma casa, é uma das muitas "adegas" caseiras que existem por ali. Simpaticamente recusamos, certamente que as expectativas de apreciar um bom néctar duriense não sairiam defraudadas, mas a hora é de trabalho.
Fernando Barradas era já autarca quando o projeto das Aldeias Vinhateiras foi lançado. O autarca confessa que na fase inicial "houve muito trabalho que foi feito, foram dados cursos a pessoas que queriam investir no seu negócio, promoção da aldeia, a Festa das Vindimas, tudo isso", contudo, "com o passar do tempo foram deixando de ter atividades e mesmo as Festas das Vindimas acabaram por ser as Juntas a ter que as organizar".
O tom é de "alguma pena", até porque "se há uma coisa que trouxe para a aldeia foi reconhecimento e turistas, e isso foi muito bom, ainda é hoje em dia. Antes da pandemia chegamos a ter aqui 5500 num ano, 2019, é um número muito bom para nós de gente no território", explica em reconhecimento o autarca. Enquanto nos aproximamos novamente do centro da aldeia, todos quantos vão aproveitando a "aberta" e caminham pelas ruas, não se cruzam sem um "bom dia", sempre acolhedor.
Se as pessoas têm idade avançada, todo o casario em volta tem
da Loja de Produtos Locais, que garantiu ter a porta fechada antes de sairmos. "É um espaço onde as pessoas levam sempre qualquer coisa, por mais simbólico que seja é sempre importante para nós, porque é fruto do nosso trabalho". O "nós" e "nossos" que Fernando vai usando no discurso, faz questão de avisar, "nós, comunidade. É para o bem de todos".
Chegados ao Santuário, aos olhos destaca-se a beleza do Parque, onde sobressai a Igreja Românica de Santa Maria do Sabroso, numa posição central.
Um imóvel é de arquitetura religiosa, românica e seiscentista, Construído no Séc. XIII. No exterior da capela, apoiadas nas suas paredes, podem ainda ser apreciadas lápides sepulcrais, com cruzes e espadas esculpidas, provenientes do primitivo cemitério que ali existia.
É notório que o edifício foi recuperado recentemente, "fomos nós que o fizemos", diz Fernando. "Foi uma obra que deu muita polémica, feita contra a vontade da autarquia na altura, que chegou a vir aqui embargar a obra, mas no dia seguinte estávamos cá de novo". A convicção que Fernando carrega nas palavras, suportadas na devoção que tem ao local, transformaram um monumento que, segundo descreve, estava prestes a ruir, num local de culto com a simplicidade, a beleza e a devoção, que todo aquele espaço combina.
Mais recentemente "com o apoio da autarquia e da REN a Junta já conseguiu recuperar o investimento feito". Quem ficou a ganhar com esta colaboração foi o visitante que, junto à entrada do Santuário, tem agora "um Parque de Merendas com todas as condições até para fazer um churrasco. É uma mais valia para este espaço envolvente, as pessoas podem também desfrutar desta proximidade com a natureza”. No regresso ao centro da aldeia, há ainda tempo para uma paragem e ver a Santa Maria Adelaide.
Reza a lenda que esta mulher foi enterrada como qualquer outro, no dia em que o coveiro abriu o buraco para remover os restos mortais, o caixão permanecia inteiro para espanto de todos. Aberto o caixão perceberam que o corpo permanecia também inteiro, apelidaram-na de santa, tiraram-na daquele caixão, deram-lhe banho, e vestiram-na, colocando-a depois num caixão à vista de todos. Durante anos algumas mulheres da aldeia iam cortar-lhe as unhas e o cabelo, crentes que notavam o seu crescimento. Seguimos viagem até ao centro da aldeia, onde deixamos o carro que precisamos para ir ao encontro de João Pinto, um produtor que vinhos da freguesia que tem como "assinatura" do seu trabalho uma gama de vinhos produzidos na região, com castas provenientes de outras regiões.
Aldeia Vinhateira de Barcos
"conhecimento técnico de viticultura" na sua formação.
“Com as mudanças que este mercado foi sofrendo, pouco apelativo para pequenos produtores, como éramos, decidi forcarme mais na enologia para procurar novas soluções. Foi este desejo de manter a propriedade e a valorizar, tornando-se uma fonte de rendimento, que me fez ficar por cá".
João admite que “não é fácil” ser jovem e viver nestes territórios, “temos acesso a tudo hoje em dia, em especial com o acesso fácil que temos à internet mas para assistirmos a um espetáculo de outra dimensão, por exemplo, temos que fazer duas horas de
um ar renovado, "foi outra coisa boa das Aldeias Vinhateiras, recuperamos as casas quase todas, e as ruas. Houve uns cinco ou seis que não quiserem e já se arrependeram".
Fernando Barradas não só é o presidente da Junta, como é também guia turístico, "quando chega aqui um turista quem o leva a conhecer aqui a aldeia sou eu, ou alguma das meninas que agora temos aqui a trabalhar, dependendo de quem está disponível".
A esse propósito propõe uma visita a um dos locais que mais o orgulha, o Santuário de Santa Maria do Sabroso. Aceitamos o convite, carrinha ligada e aí vamos nós. Aproveitamos a viagem para conversar sobre as vantagens do turismo na freguesia, a propósito
"Vão ter como João?", "Vamos presidente. Não marcamos uma hora certa, vamos ligar e vamos ter com ele à quinta", respondemos prontamente. Sem hesitar, Fernando Barradas afirmou-nos, "a esta hora, vá ali ao café e vai ver como ele está lá a tomar café, ou está a chegar, garanto-lhe".
Decidimos testar a sapiência local dos hábitos dos poucos que por cá estão e, assim que os nossos cafés pousam na mesa, pela porta entra o João Pinto, ainda sem que o tivéssemos avisados que já íamos ao seu encontro.
Depois de tomado o café, seguimos o João até à Quinta da Covada. Este produtor é um dos jovens que resistiram à tentação de abandonar o território, conta-nos que, o que o motivou a permanecer, foi querer "continuar o sonho dos avós", acrescentando para isso
viagem até ao Porto”. Por Barcos os dias são feitos “de rotinas”, para lá do “trabalho burocrático” que é sempre necessário fazer , João Pinto passa os seus dias entre as vinhas, a adega e o processo de engarrafamento e embalamento dos vinhos. “É um trabalho que se faz por ciclos, há picos de muito trabalho e outros momentos onde trabalhamos de uma forma mais descontraída.”
O propósito de João no trabalho que desenvolve é simples, mostrar que o terrioir do Douro é adequado à produção de castas naturais de outras regiões do país, como o Alvarinho de Monção, o Sousão, típico do Dão, ou o Alicante Bouschet do Alentejo.
"Quando rotulamos um vinho de quinta, temos que lhe dar uma imagem corporativa. Com esse objetivo criei a marca Desnível, que me dá para experimentar coisas diferentes e provar que efetivamente o Douro tem um terreno fantástico para qualquer casta que aqui se produza.
São fantásticos os resultados que conseguimos obter, o Alvarinho mantém as suas características habituais, com menos acidez vincada e mais textura de boca, por exemplo, ou o Sousão, o vinhão dos vinhos verdes, que é típico no Douro e que nos dá vinhos com uma concentração brutal, o Alicante Bouschet que conserva o nariz e a boca da sua região natural mas ganha um fim de boca cheio de rusticidade que o Douro lhe dá".
A forma como João fala dos seus vinhos e dos objetivos que tem alcançado, carrega a jovialidade que estes territórios foram perdendo mas que aqui e ali ainda vamos encontrando nesta viagem. Enaltece a beleza da aldeia a que chama casa, "a recuperação que se fez o centro da aldeia tornou aquele espaço muito bonito" contudo, o jovem agricultor lamenta a falta de mais atitude na iniciativa privada que capacitasse aquele centro "com valências que são necessária quem nos visita, como um restaurante, por exemplo".
Com a chuva a querer regressar, e a luz do sol a perder força para se ir impondo atrás do céu nublado, aproxima-se a hora de um brinde ao Douro, para nos despedirmos da Quinta da Covada em direção à próxima Aldeia Vinhateira.
27OUTUBRO 2022 VIVADOURO
Fernando Barradas - Presidente da Junta de Freguesia
“O papel do presidente da Junta é muito importante. Temos de prestar serviços aqueles que queremos manter cá.”
e vilas que ainda resistem no interior daí, garante-nos Fernando Barradas, "o papel do presidente da Junta é muito importante.
João Pinto - Produtor de Vinho
“Quando rotulamos um vinho de quinta, temos que lhe dar uma imagem corporativa.”
Dedico esta coluna aos nossos ex-alunos do curso de Enologia, os nossos Alumni, profissionais que nas mais variadas em presas são desafiados a criar vinhos a partir de uma matéria-prima que todos os anos nos surpreende, sobretudo con siderando as condições aleatórias em que a uva cresce e se desenvolve.
Não são muitos os setores industriais que enfrentam esta aleatoriedade e im põem uma capacidade de decisão ao instante. Por todo o Portugal Continen tal e Ilhas, enfrentaram um ano vitícola
Do aleatório ao sublime
de 2022 e uma campanha de vinificação verdadeiramente desafiantes. As altera ções climáticas estão a fazer-se sentir a um ritmo bem mais acelerado do que o esperado e, de uma forma bem mais exacerbada, vão criando situações de maturação imponderáveis. Territórios que aparentemente pareciam homogé neos são, afinal, muito heterogéneos, pondo ainda mais em evidência o ter roir, uma verdadeira fonte de biodiver sidade que põe à prova a capacidade de cada enólogo. Contudo, estou certo que vamos assistir a uma melhoria da qualidade dos vinhos desta campanha que, de ano para ano, vai superando as nossas expectativas e que os mercados
nacionais e internacionais sabem bem reconhecer.
Este ano, e como vem sendo hábito, já numa fase de descontração após a azá fama de várias semanas de vindima, o evento “UTAD Alumni Wine and Cheese Collection 2022 – A Prova dos Novos” vai acontecer a 11 de novembro, coincidindo com o dia de São Martinho. Honra-nos ter como madrinha a Senhora Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Professora Elvira Fortunato, que assim poderá assistir ao lançamento de quatro novos vinhos que poderemos saborear, desde logo, com as magníficas refeições do nosso Restaurante Panorâmico: um tinto que vem da região Tejo pela mão de
Martta Reis Simões, um branco da região do Alentejo trazido por Sandra Gonçal ves, um Porto produzido por Tiago Al ves de Sousa e um Espumante nascido na ilha da Madeira pelas mãos de Sofia Caldeira.
Este ano, o “UTAD Alumni Wine and Cheese Collection 2022 – A Prova dos Novos” terá ainda outro sabor, com a degustação de queijos de cabra, ovelha e vaca produzidos, respetivamente, pelos nossos Alumni Inácio Neto, João Reis e Zulmira Lopes.
Os nossos Alumni aumentam a sua visibilidade pela via do agroalimentar, mas o desafio fica para outras áreas. Um grande bem-haja a todos/as.
Os vinhos do Porto e Douro estão no «Top of Mind» na América do Norte
IP redobra esforços de promoção, até pela dimensão do mercado.
O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP, IP) fechou com grande sucesso mais uma etapa de promoção e divulgação do Vinho do Porto na Amé rica do Norte, mercado absolutamente estratégico para o setor e que, também fruto das ações que temos vindo a fazer, é um dos principais mercados de expor tação.
Os Estados Unidos da América pas saram, em seis anos, do sexto lugar no ranking das exportações para o segun do lugar no término do ano anterior. O Canadá, com forte presença lusófona, é outro mercado que integra o TOP 10 nas nossas exportações e onde o IVDP,
Trata-se de dois destinos com um uni verso consumidor de grande escala e, sublinhe-se, com poder aquisitivo, o que permite apostar nas categorias premium, que trazem maior valor acrescentado aos agentes económicos. São mercados prioritários, selecionados através de cri térios ponderados, como o volume de negócios, a quantidade e o preço médio.
Em Vancouver realizou-se a competi ção Master of Port Canada, dotando os sommeliers locais de mais conhecimen tos sobre tudo o que respeita ao Vinho do Porto. Já nos Estados Unidos, tiveram lugar duas Masterclasses com a presen ça de vários produtores e várias ações dirigidas a profissionais. O interesse
crescente pelos vinhos desta região foi latente.
Delineámos como centrais os objetivos de reforçar o conhecimento sobre os nossos vinhos junto dos públicos pro fissionais, rejuvenescer o universo de consumo e aumentar o reforço da noto riedade em mercados criteriosamente se lecionados. A época pandémica impediu -nos de concretizar estes objetivos através do contacto direto, mas, agora que a situa ção sanitária o permite, vamos retomar em força este modelo presencial, porque sabemos do retorno que isso representa para a visibilidade dos nossos vinhos e da Região Demarcada do Douro.
Num mercado tão competitivo como este, temos de ser assertivos na afirma ção do nosso produto, enfatizando a
autenticidade, a excelência, a identida de e a genuinidade dos nossos vinhos, associando-os a uma imagem forte, di nâmica e versátil. Uma região com um terroir único, que reivindica para si o estatuto de paisagem incomparável com a chancela de Património Mundial, também com um potencial enoturístico que pode elevar a região a referência mundial neste segmento de turismo.
Estamos convencidos de que este é o rumo certo e manteremos este tipo de ações com fortes componentes de formação e pedagogia, principalmen te em escolas de hotelaria e setor HO RECA, nas provas, nas atividades com profissionais e consumidores, e, ainda, marcando presença em certames seto riais de comprovada qualidade.
António
E Vigo aqui tão perto
O nosso conceito de distâncias vai mu dar, o que hoje se faz longe será perto. Recentemente o ministro das Infraes truturas apresentou, no Porto, com o primeiro-ministro, o projeto da linha ferroviária de alta velocidade que ligará as cidades de Lisboa, Porto e Vigo ou, o mesmo será dizer, que ligará o Norte de Portugal à vizinha Galiza e ao país. Colocando a questão em termos práti cos, no horizonte de oito anos, até 2030, Porto e Lisboa (que agora distam cerca de três horas de comboio) ficarão à dis
tância de uma hora e quinze minutos de viagem, enquanto que Porto e Vigo (até aqui separadas por duas horas e vinte mi nutos de caminho) ficam a uns curtos 50 minutos de distância. A irmã Galiza chega -se a nós como num abraço, e a ligação ao aeroporto não fica esquecida. O Norte fica mais perto do mundo.
Não só dos predicados temporais se re veste esta conquista. Muito além dos tem pos de viagem, a nova linha de alta velo cidade significará melhorias na qualidade geral do serviço, concretamente na sua qualidade e previsibilidade, que sabemos ser impreterível para quem, no Norte, e numa base diária, utiliza a ferrovia.
Num enquadramento comunitário em que o país e a Europa estão obrigados a reduzir as emissões e a própria dependên cia carbónica, o projeto da alta velocidade vem garantir, para além de maior seguran ça, um desempenho energético-ambiental mais avançado, mais eficiente, mais verde. A ligação raiana com a Galiza, que de vi gor e sentimento já não passa necessida de, tem todavia espaço para crescer, ama durecer e fortalecer laços, assim queiram os decisores políticos a quem cabem as grandes decisões. Neste projeto de futuro, a eurorregião Galiza – Norte de Portugal é uma das grandes contempladas. Torna-se mais coeso o território, aumentam os ín
dices de competitividade da economia, movimentam-se as pessoas através da fronteira, dinamiza-se o turismo e, com isso, estimulam-se as importantes inte rações sociais, culturais e simbólicas en tre os povos.
De Espanha, do Governo de Madrid, e ao contrário do que o famigerado adágio popular augura, aguardam-se bons ven tos. Espera-se que, conforme já apelou o presidente do Governo Regional da Galiza, Alfonso Rueda, o governo cen tral espanhol dê um passo em diante e não trave nem hesite no compromisso já firmado desta grande ligação ibérica e europeia.
28 VIVADOURO OUTUBRO 2022
da CCDR-NORTE
Gilberto Igrejas
Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)
Eduardo Rosa para a Investigação da UTAD
Vila Real
Elvira Fortunato afirma que UTAD "tem condições únicas no mundo" durante visita à universidade
A Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior visitou a Universi dade de Trás-os-Montes e Alto Dou ro (UTAD), no passado dia 10, uma visita com o objetivo de conhecer toda a rede de instituições de ensi no superior a nível nacional.
"Aquilo que estamos a fazer desde o iní cio do mandato é visitar todas as institui ções, falar com o corpo docente, com os investigadores e com os alunos. Temos que conhecer os sítios, falar com as pes soas, não pode ser à distância pela inter net, nem de outra forma", explicou a go vernante.
Elvira Fortunato, que tinha estado na UTAD há cerca de 20 anos "na altura para um congresso", reconhece no campus transmontano qualidade de nível mun dial, que pretende promover com a sua presença.
"Já tive oportunidade de dizer ao reitor, durante esta minha visita, que temos aqui condições únicas, não só a nível nacional, como europeu e até mesmo mundial, para explorar toda a potencialidade que esta universidade tem, na região onde está in serida, e até em algumas áreas de investi gação que tem que são únicas no mundo. Acredito que haja muitos estudantes na cionais e internacionais, que não conhe cem a riqueza dos campus universitários que temos em Portugal. Esta visita é tam bém uma forma de dar alguma visibilida de às coisas excelentes que temos".
Questionada sobre as dificuldades cres centes com o alojamento, e o aumento dos preços dos quartos, a ministra recor reu à assinatura do Plano Nacional de Alo jamento para Estudantes do Ensino Supe rior, que irá disponibilizar mais quartos em residências, assumindo que "é neces sário tempo para fazer as obras necessá rias antes que fiquem disponíveis".
"No imediato a única solução é termos um reforço no âmbito da ação social, es pecialmente para os alunos bolseiros, é o que podemos dar porque quartos não aparecem de repente. Obviamente nada é suficiente, mas acredito que é uma boa
ajuda. Não queremos ter alunos coloca dos e terem que abandonar devido a falta de condições financeiras".
Emídio Gomes, reitor da UTAD, afirmou estar "grato" pela visita, "e à forma que a mesma decorreu".
"Tem sido uma partilha bastante interesan te ao longo das horas que a visita decorreu, do que é a UTAD e do que queremos que a UTAD seja no futuro. A ministra, como uma pessoa distinta que é, boa ouvinte e coope rante, tem garantido à UTAD toda a colabo ração institucional e pessoal".
Questionado sobre as preocupações que teria apresentado à ministra durante a re união, Emídio Gomes respondeu com boa disposição, afirmando que "o reitor não se queixa, o reitor mostra e diz o que preten de fazer (risos).
Nunca fui muito sindicalista, nunca apre sentei muito capital de queixa, sou res ponsável pela universidade e falo sempre do presente e do futuro. O que lhe disse é onde estamos e onde pretendemos estar, e que contamos com a sua ajuda.
A UTAD caminha para uma universida
de melhor e mais envolvida no território, como um centro difusor e de promoção e desenvolvimento económico. É para aqui que queremos que caminhe".
O reitor afirmou ainda que a universida de vai "submeter em novembro novas for mações que aí serão tornadas públicas".
Nova adega já tem luz verde À margem das declarações sobre a visi
ta da ministra à academia transmontana, o reitor, Emídio Gomes, confirmou que o projeto da nova adega da universidade recebeu já o visto do Tribunal de Contas.
“Ao fim de 36 anos de uma adega, natu ralmente, ultrapassada pelo tempo, va mos fazer uma remodelação profunda, de forma a termos um espaço experimental ao nível da exigência de uma elite mun dial, que são os enólogos que a UTAD for ma", afirmou.
Para o reitor, a aposta na inovação "é uma obrigação. Uma universidade é um espaço de renovação permanente, parar é morrer. O investimento em condições de ensino e investigação é o oxigénio de uma universidade".
Questionado sobre a tecnologia a ser usada na nova adega, Emídio Gomes afir mou que sim "à data de 20022, daqui a 36 anos quem cá estiver já não dirá o mesmo (risos). Espero que não demore novamente 36 anos, espero que daqui a 8 ou 10 se diga que estas instalações já estão ultrapassadas e comecem a fazer umas novas"
29OUTUBRO 2022 VIVADOURO
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Região
Ensino superior chega a Sernancelhe e Moimenta da Beira
Pela primeira vez os municípios de Sernancelhe e Moimenta da Beira têm, no seu território, ensino su perior, um projeto possível através de uma parceria das autarquia com o Instituto Politécnico de Viseu (IPV), através da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL).
Para os autarcas este momento reveste -se de grande importância, não só pelo simbolismo em si mas por este poder ser também um fator de atração e fixação de pessoas nos seus concelhos, em especial mais jovens.
"Naturalmente tem um significado mui to importante para todos nós. Trazer o ensino superior até uma pequena vila do interior de Portugal mostra um sinal de um grande reconhecimento pelo trabalho que tem sido desenvolvido, pela dinâmica e pela vitalidade que o concelho tem con seguido mostrar.
A visibilidade que a nossa escola profis sional tem conseguido ao longo dos últi mos anos tornando-se uma referência no ensino profissional, ajudou a que desse mos este passo. É também uma demons tração que esta escola e este concelho têm as condições e a vitalidade para poder ajudar a continuar a alimentar o ensino superior, nomeadamente esta parceria com o IPV", explica Carlos Silva, autarca de Sernancelhe.
A mesma visão é partilhada por Paulo Figueiredo, autarca moimentense, que destaca a oportunidade de enriquecimen to pessoal que este protocolo pode trazer para os moimentenses e todos aqueles que escolherem ali estudar.
“A importância deste protocolo é eleva da, extraordinária, desde logo não só para o município, como para os estudantes. Acima de tudo damos o nosso contributo para que as pessoas possam enriquecer o seu conhecimento, capacitando-as para o exercício de funções no mercado de trabalho. Esse é o grande objetivo. Dar o nosso contributo para o enriquecimento pessoal de cada um.
Por outro lado é para nós gratificante ter em Moimenta da Beira mais uma opção educativa, ainda que sendo profissional, é de ensino superior. É algo que nos deixa satisfeitos porque sabemos que as opções no ensino superior são escassas, mais ain da no interior do país. Este projeto deu -nos ainda a possibilidade de reabilitar um edifício histórico no nosso concelho. É um motivo de orgulho para nós”.
Para os autarcas, esta é também uma possibilidade de atrair e fixar pessoas no território, contrariando a tendência de perda de população que o interior vai re gistando nas últimas décadas.
"Todos os argumentos, ações e tudo o que se possa fazer para melhorar o estatu to do concelho de Sernancelhe é determi nante para a sua afirmação e, por efeitos
de arrasto, para a fixação de pessoas. Te mos este foco, o nosso principal objetivo é continuar a criar as condições para que possamos continuar a ter gente.
Fazemos um exercício enorme na capta ção de empresas e na fixação das pessoas criando condições pra que cá fiquem, também através da requalificação de ha bitações e colocando-as à disposição a preços reduzidos.
Com a Estratégia Local de Habitação, te mos avançado com projetos rápidos para garantir que casais jovens fiquem por cá e garantir que as pessoas que vêm traba lhar para as empresas que aqui se fixam, também fiquem por Sernancelhe. Um concelho vivo tem que ter gente, e este é o nosso principal objetivo neste momento", afirma Carlos Silva.
"Todos nós sabemos que a gestão do ter ritório interior é, cada vez mais, extrema mente difícil.
Quero crer que este primeiro passo que demos com os cursos que temos é isso mesmo, um primeiro passo, não quere mos ficar por aqui, queremos mais cur sos e mais alunos. É uma forma de con trariar a desertificação deste território.
Já temos alguns estudantes que são de fora de Moimenta mas queremos atrair mais e que estes se fixem cá. Estamos já a trabalhar numa residência de estudan tes onde poderemos albergar estudan tes de fora que venham para cá estudar, com custos reduzidos. É um edifício que
estamos a reabilitar e que por sinal está muito bem localizado", explica Paulo Fi gueiredo.
Miguel Mota, Diretor da Escola Supe rior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL) explica que para o quadriénio 2019-2023 ficou estabelecido, no Plano Estratégico da ESTGL, "aproximação da Academia ao território e às suas popu lações, sendo a deslocalização das ofer tas formativas, neste caso Sernancelhe e Moimenta da Beira, o primeiro passo para se alcançar esse objetivo. Acredi tamos que, desta forma, a curto prazo poderemos ministrar cursos breves e outras formações que vão ao encontro das necessidades do território".
O diretor revela ainda que "estão já a ser pensadas e preparadas" outras for mações fora de Lamego, sendo a próxi ma "na área do Turismo", em parceria com o município de S. Pedro do Sul.
Para Miguel Mota, o trabalho que vem sendo feito entre a Escola e as autarquias da região são mais um argumento que os territórios ganham no combate à deserti ficação e envelhecimento populacional.
“Todo o trabalho já realizado entre a ESTGL-IPV e os municípios de Moimen ta da Beira e Sernancelhe já criaram di nâmicas que nos estão a permitir estabe lecer parcerias com diversas empresas, que acredito sejam potenciadoras de estratégias para a fixação de pessoas no território”.
30 VIVADOURO OUTUBRO 2022
Carlos Silva - Presidente CM Sernancelhe
Paulo Figueiredo - Presidente CM Moimenta da Beira Miguel Mota - Diretor ESTGL
Em vinte e oito de Maio de 1851 nasceu, na Quinta de Cidrô, em S. João da Pesqueira - coração do Douro - Luís Maria Pinto de Soveral, filho de Eduardo Pinto de Soveral, mais tarde Visconde de S. Luís e de D. Maria da Piedade País de Sande e Castro.
Luís Maria Pinto de Soveral é bati zado, em 1852, na capela da Quinta de Cidrô, sendo seus padrinhos Sal vador País de Sande e Castro e sua avó D. Leonor Maria Correia de Sá. Desconhecemos o seu tempo de meninice.
1864 - Aparece-nos a frequentar o Liceu do Porto, com o propó sito de em seguida se matricular na Escola Naval, em Lisboa.
1865 - Seu pai requere a Sua Ma jestade, o Rei, que “… haja de mandar o dito seu filho praticar nas esquadras de Sua Majestade Britânica …”
1871 - Era “aspirante do Quadro”
MARQUÊS DE SOVERAL Homem do Douro e do Mundo
Acinco de Outubro de 1922 falecia, em Paris, Luís Maria Pinto de Soveral,o Marquês de Soveral, ilustre personagem duriense e um dos portugueses mais rele vantes na história da diploma cia portuguesa.
Ocorre este mês o centená rio do seu falecimento.
A Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, a Confra ria Queirosiana de Vila Nova de Gaia e a Associação dos Amigos de Pereiros, de S. João da Pesqueira, constituí ram-se em Comissão Organi zadora para a comemoração do Centenário do Marquês de Soveral, com diversos eventos
para o período de Outubro de 2022 a Outubro de 2023.
Contactado o VIVADOURO, jornal mensário da e para a região do Douro, a Comissão Organizadora, encontrou a maior recetividade para du rante os doze meses da come moração do centenário acom panhar os diversos eventos,
MARQUÊS de SOVERAL
Homem do Douro e do Mundo
da Escola Naval, mas “ … não po dendo, por motivos justificáveis continuar ao serviço da mesma arma, pede a Vossa Majestade haja por bem conceder-lhe a exo neração do dito serviço”.
1873 - Conclui na Universidade de Lovaina, (Bélgica), o Curso de Ciên cias Políticas e Administrativas.
Nesta Academia de grande pres tígio, tinha obtido igual grau, seu primo e cunhado Antonio Maria Correia de Sá e Benevides Velas co da Câmara, 8º Visconde de Asseca Nomeado Encarregado de Negócios em Viena, (Áustria)
1874 - Nomeado Segundo Secre tário para a legação de Berlim, ( Alemanha), como Encarregado de Negócios.
Condecorado pelo Imperador Guilherme I Nomeado para Ma drid como Primeiro Secretário Nomeado para Roma 1884 - Obtém uma licença e viaja
pela Europa. 1885 - Nomeado para a legação de Londres, (Inglaterra), como Encarregado de Negócios interi no 1890 - Passa a Encarregado de Negócios efetivo 1895 - Ministro plenipotenciário 1895 -Nomeado Ministro dos Ne
gócios Estrangeiros, pelo Chefe de Governo Hintze Ribeiro, por sugestão de D. Carlos. 1897 - Regressa a Londres, com a categoria de Ministro Plenipo tenciário
1898 - Nomeado Par do Reino 1901 - Nomeado Conselheiro de
mas também dar a conhecer, o “Homem do Douro e do Mundo” através de entrevis tas, reportagens e depoimen tos.
Aqui deixamos o nosso agra decimento pela disponibilida de e colaboração.. ■
A Comissão Organizadora
Estado D. Carlos concede-lhe o título de Marquês de Soveral
Condecorações
Grã Cruz da Ordem de Cristo, (Portugal)
Grã Cruz da Ordem de Santo An dré, (Inglaterra) Grã Cruz de S. Miguel e S. Jorge (Inglaterra) Grã Cruz de Santo Olavo (Norue ga) Ordem da Magna Cruz Piani pelo Papa Leão XIII, (Vaticano)
Depois de ter pisado os salões dos palácios reais de Portugal, Inglater ra, Bélgica e Espanha, morre, com setenta e um anos em Paris, na pre sença da rainha viúva de D. Carlos, D. Amélia de Orleães e Bragança e seu filho D. Manuel II, rei deposto pela Revolução de 5 de Outubro de 1910.
Está sepultado no Cemitério de Pére Lachaise da mesma cidade de Paris. ■
31OUTUBRO 2022 VIVADOURO
“ Quem diria a essa criança que nasceu em S. João da Pesqueira … o que o destino lhe guardaria de celebridade principesca e o muito que os historiadores o apreciarão mais tarde …” Archer de Lima, O Marquês de Soveral e o seu tempo Comissão Organizadora: José Cardoso Rodrigues Câmara Municipal de S. João da Pesqueira J. Gonçalves Guimarães Confraria Queirosiana Alberto Silva Fernandes Associação dos Amigos de Pereiros CENTENÁRIO do MARQUÊS de SOVERAL Centenário // 1 VIVADOURO outubro 2022
MUNICÍPIO FREIXO ESPADA CINTA DE À