Jornal vivadouro edição abril 2018

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Ano 3 - n.º 37 - abril 2018

Preço 0,01€

Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida

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Festival Literário do Douro regressa a Sabrosa em maio • Afonso Cruz, Manuel Sobrinho Simões, Carlos Nejar, João Tordo, Luís Carlos Patraquim e Nuno Júdice são alguns dos convidados confirmados.

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> Págs. 16, 17 e 18

Destaque: Entrevista exclusiva a António Filipe, Presidente da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial “A nossa estratégia tem que ser diferente, mais focalizada não fazendo algo igual para todos”

Murça Soldado “Milhões” homenageado nos 100 anos da Batalha de La Lys com lançamento de azeite e estreia de filme > Pág. 13

Douro Comunidade Intermunicipal reúne na Régua para debater estratégia 2020-2030 e PROVERE > Pág. 14 PUB


2 VIVADOURO ABRIL 2018

Editorial

Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org

José Ângelo Pinto

Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário

Caros leitores,

do a regiões onde é o único órgão de comunicação social e estando presente em cidades onde há diversas e excelentes ofertas de comunicação social, quer escrita, quer em rádio ou televisão.

Registo no ICS/ERC 126635 Número de Registo Depósito Legal 391739/15 Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-873) miguel.almeida@vivadouro.org Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 Tel.: 910 599 481 Ana Pinto Tel.: 910 165 994 Paginação: Rita Lopes Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Administrador: José Ângelo da Costa Pinto Estatuto Editorial: http://www.public. vivadouro.org/vivadouro Detentores com mais de 10% do capital social: Lógica & Ética, Lda. Sede de Redação:Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Tel.: 916 894 360 / 916 538 409 Colaboradores: António Costa, António Fontainhas Fernandes, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Manuel Cabral, Paulo Costa, Paulo Silva, Pedro Ferreira, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Silva Fernandes, Tiago Nogueira. Impressão: Unipress Tiragem: 10 mil exemplares Sítio na Internet: www.vivadouro.org Facebook: www.facebook.com/ jornalvivadouro E-mail: geral@vivadouro.org Agenda: agenda@vivadouro.org

Próxima Edição 16 MAIO

Já arrancou a época do turismo fluvial no Douro. Depois de em 2017 terem sido batidos recordes no número de visitantes à região, este ano é esperada nova enchente

NEGATIVO

FOTO: DR

O projeto do VivaDouro completa 3 anos. Ao longo deste tempo, consolidamos e desenvolvemos uma nova forma de fazer jornalismo positivo na região e temos tido a enorme felicidade de ter tido um enorme reco- Acreditamos que o modelo que nhecimento na região. idealizamos tem criado o seu espaço próprio de atuação e que o reE a região é fantástica. São fantásti- conhecimento que nos é dado vai cas as suas gentes, os seus costumes, prosseguir e até mesmo continuar a as suas tradições. E são fabulosos aumentar. os produtos que aqui são criados e desenvolvidos, como os vinhos, as Por isso, no nosso terceiro anivercarnes, as castanhas. E com pessoas sário, queremos dar os parabéns e produtos assim a região faz a dife- a todos os colaboradores, leitores, rença. anunciantes e fornecedores que connosco fazem o Vivadouro. Os jornais também são bons. O VivaDouro tem sido excelente chegan- Cumprimentos,

FOTO: DR

POSITIVO

Apesar do prazo já ter esgotado, um pouco por toda a região ainda se encontram terrenos que não foram alvo de limpeza

Sumário: Vários Concelhos Páginas 6, 8, 9, 11, 14, 15, 20, 21, 23, 24 e 26

“Explorações de Urânio junto ao Douro”

Breves Páginas 4 e 5 Foz Côa Página 10 Alijó Página 12 Murça Página 13 Destaque Vivadouro Páginas 16, 17 e 18 Régua Páginas 19 e 25 Torre de Moncorvo | Freixo de Espada à Cinta Página 22 Opinião Páginas 28, 29 e 30 Lazer Página 31

Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil

Fomos há dias alertados para um novo risco que pende sobre o vale do Douro e em relação ao qual importa estar alerta pelos danos que nos pode provocar. Trata-se da intenção espanhola de licenciar uma exploração a céu aberto de minério de urânio, tório e outros derivados radioactivos. Tal exploração envolve duas áreas de concessão, localizadas na província de Salamanca a escassos kilómetros da nossa fronteira. Uma destas áreas - Retortillo - fica sobre o Rio Yeltes, afluente do Rio Huebra, que encontra o Douro um pouco a montante da barragem de Saucelle, no final do

troço internacional do rio Douro. Fica praticamente na fronteira do “Parque Natural do Douro Internacional”, criado por Portugal em 1998, que se prolongou para Espanha no “Parque Natural de Arribes del Duero”, em 2002, por decisão das autoridades do país vizinho. A outra área - Alameda de Gardón fica um pouco mais para sul, mesmo na fronteira de raia seca, defronte á aldeia portuguesa de S. Pedro de Rio Seco (a terra natal de Eduardo Lourenço), no concelho de Almeida. Drena para o Rio Águeda que vai ter ao Douro em Barca d’Alva. A empresa mineira que disputa a concessão é uma dez mais importantes do mundo na exploração de Urânio e, desde 2013, tem promovido estudos de impacto ambiental junto das autoridades espanholas, autonómicas e centrais, para fazer a mineração desses sítios e também para obter licença para uma unidade industrial de concentração de urânio, prevendo escavações e áreas de deposição de escombros a céu aberto, as quais podem ser lixiviadas para o Douro. Que se saiba não foi feita qualquer diligência junto das autoridades portuguesas para acautelar neste processo os potenciais riscos para jusante. Não é preciso muita informação para identificar um claro risco de contami-

nação directa das águas superficiais que se encaminham para o Douro, sabendo que a empresa pública Águas do Douro e Paiva (do Grupo Águas de Portugal), capta água do Douro para consumo doméstico, alimentando em alta mais de 2 milhões de consumidores no Norte Litoral, incluindo praticamente toda a Área Metropolitana do Porto. Além destes riscos directos, também podem ser invocados danos potenciais na imagem do Douro Vinhateiro, património mundial desde 2001, e para o seu turismo crescente. Estas ameaças não são inéditas. Há 20 e tal anos dei o meu contributo para a organização de uma contestação ao planeado depósito de resíduos nucleares espanhóis, que se projectava para as cavernas subterrâneas da Central Hidroeléctrica de Aldeadavila, no Douro Internacional, em Freixo de Espada-á-Cinta. Cerca de trinta municípios ribeirinhos do Douro, dos dois países, reuniram-se na Casa do Douro e tomaram uma posição muito firme contra essa intenção, o que ajudou a que Espanha desistisse da ideia. Sinto que é necessário convocar de novo todas as pessoas e organizações para este risco potencial e que, por imperativo cívico, se mobilizem na defesa do Douro e dos seus valores.


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Breves

Sapadores florestais protegem castanheiros

Júlio Pomar em exposição no Museu do Côa Cerca de duas centenas de obras de Júlio Pomar estarão em exibição até ao próximo dia 5 de Maio no edifício do Museu do Côa, uma mostra intitulada “Incisão no tempo”

Equipa de sapadores florestais de Sernancelhe, composta por 5 elementos, está já no terreno com vista à proteção dos castanheiros contra os incêndios. Nos últimos anos o número de soutos no concelho tem crescido aumentando também a preocupação com este recurso.

Ligação Bragança Portimão reforçada com mais voos

Autarquia apoia ao preenchimento do IRS

A ligação aérea entre Bragança e Portimão, com escala em Vila Real, Viseu e Cascais, será reforçada passando a contar com dois voos diários. Esta medida visa dar resposta à crescente procura que se tem feito sentir.

Até 31 de maio a Câmara Municipal disponibiliza, no edifício da Biblioteca Municipal, o apoio de técnicos para ajudar na entrega do IRS. Com a entrega este ano a ser exclusivamente feita através da internet a autarquia antevê algumas dificuldades no preenchimento por parte dos munícipes.

Indicação Geográfica Protegida para Amêndoa de Moncorvo A amêndoa coberta de Torre de Moncorvo passa a figurar na lista dos produtos com Indicação Geográfica Protegida (IGP), desta forma torna-se no 139.º produto nacional a merecer proteção da União Europeia.

Humberto Sarmento no CDOS de Viseu

FOTO: DR

O comandante dos Bombeiros Voluntários de Tarouca, Humberto Sarmento, foi apontado para o cargo de segundo comandante do CDOS (Comando Distrital de Operações e Socorro) de Viseu. FOTO: DR

Freixo de Espada à Cinta prepara-se para a IIª edição do Mercado Medieval. D.Dinis, de cognome “O Lavrador”, e que está na génese da lenda que originou o nome de Freixo de Espada à Cinta, será a referência principal da edição 2018 do Mercado Medieval. A realizar-se entre 27 e 29 de Abril, o Centro Histórico de Freixo de Espada à Cinta será o tempo, o espaço e o modo para um regresso à História, onde confluem misticismos, vivências, artes, sabores e saberes, num ambiente preparado ao pormenor. Recriações teatrais, torneios apeados e a cavalo, espectáculos de fogo, danças medievais e orientais, desfiles de serpentes, e oficinas de ofícios medievais, dão corpo a um programa diversificado e diferenciador.

Conselho de Arbitragem da Guarda, no C.A.R. do Pocinho XIV Fórum de Arbitragem esta agendado para os dias 14 e 15 Abril 2018, em Vila Nova de Foz Côa. O local escolhido pela direção da A.F. Guarda e o seu conselho de arbitragem foi o Centro de Alto Rendimento do Pocinho.

Nadadora Vila-realense com mínimos para Olimpíadas da Juventude Ana Margarida Guedes assegurou o apuramento para os Jogos Olímpicos da Juventude, que terão lugar em Buenos Aires (Argentina) de 6 a 18 de Outubro. A nadadora vila-realense percorreu os 50 metros mariposa com o tempo de 27.86 segundos.

O comboio chegou a Barca d’Alva Exposição comemorativa do 120º aniversário da chegada do comboio a Barca d’Alva e da ligação da linha do Douro com a fronteira espanhola. A exposição apresenta a história da linha do Douro desde a projeção da empreitada até à sua construção.


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Breves Orçamento Participativo Jovem em Vila Real

Carrazeda vai ter gabinete de apoio à vítima A autarquia de Carrazeda de Ansiães e a Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de Bragança assinaram um protocolo para a criação do Gabinete de Apoio à Vítima de Violência Doméstica no concelho.

Encontra-se a decorrer, de 2 a 30 de abril, o período para apresentação de candidaturas ao Orçamento Participativo Jovem. Esta iniciativa, promovida pelo Município de Vila Real, visa sensibilizar os jovens para as questões do poder local, incentivando-os a apresentar propostas e/ou projetos que na sua perspetiva possam representar uma mais-valia para Vila Real.

FOTO: DR

Corrida da UTAD está a chegar A terceira edição da “Corrida da UTAD” realiza-se este ano no dia 18 de abril com o arranque marcado para as 15:30 horas junto aos Blocos laboratoriais. Os estudantes e os funcionários não docentes que participarem na prova terão as faltas justificadas. FOTO: DR

Produtores declaram Vintage 2016 2016 foi um ano de excelência para o Vinho do Porto, a confirmar este dado estão as declarações de ano Vintage em diversas marcas: Kopke, Burmester, Cálem e Barros, Ferreira, Sandeman e Offley, Cockburns, Dow’s, Graham’s, Warre’s e Quinta do Vesúvio.

Gala de tributo ao desporto em Moimenta da Beira

A Câmara Municipal de Mesão Frio homenageou o União Futebol Clube de Barqueiros com uma cerimónia de reconhecimento pelo seu êxito desportivo, na época 2017/2018, ao conquistar a Taça Distrital de Futsal Sénior Masculino da Associação de Futebol de Vila Real, no passado dia 11 de março. O ato solene aconteceu no dia 31 de março, pelas 12 horas, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. FOTO: DR

Pelo quarto ano consecutivo, novamente no pavilhão municipal de Moimenta da Beira, os melhores atletas, associações e clubes desportivos (época 2016/2017) voltam a ser distinguidos. O tributo acontecerá na Gala do Desporto, dia 21 de abril, a partir das 21 horas. Tudo numa noite cheia de luz e cor que incluirá vários momentos culturais de música e dança.

Mesão Frio homenageou vencedores da Taça Distrital de Futsal

Lamego recebe formação do “Portugal a Nadar” O Núcleo Arqueológico de Lamego, situado no Bairro do Castelo, vai receber no dia 21 de abril a ação de formação “Coordenação de uma Escola de Natação”, no âmbito do programa “Portugal a Nadar”. Rui Santos será o formador desta iniciativa que começa às 14 horas. Esta formação é dirigida a todos os técnicos a nível nacional das entidades do programa “Portugal a Nadar” e a outros técnicos interessados.

Técnicos em périplo para ajudar com IRS Técnicos da Câmara Municipal de Moimenta da Beira irão percorrer 42 localidades do concelho para ajudar as populações na entrega de IRS, que este ano é feita exclusivamente online.


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Vários Concelhos

Côa, Douro e Serralves, três museus com um só bilhete

“Projeto Vale do Varosa 2” já está no terreno

Unidos pelo mesmo rio, as fundações Côa Parque e Serralves, em conjunto com o Museu do Douro, têm agora outro aspeto em comum, um só bilhete de acesso aos três espaços.

Beneficiando de uma elevada concentração de imóveis e elementos históricos de reconhecido interesse turístico-cultural, o “Projeto Vale do Varosa” pretende desenvolver uma Rede de Monumentos no vale com o mesmo nome, abrangendo os concelhos de Tarouca e de Lamego, otimizando investimentos e potenciando um desenvolvimento turístico de conjunto.

O protocolo entre as três instituições foi assinado no mês de março, em pleno Parque Arqueológico do Vale do Côa, dando a possibilidade a quem quiser de adquirir um bilhete único, e assim visitar os três espaços que têm em comum a ligação ao rio Douro. “Quem chegar ao Porto, e procurar um espaço cultural nesta cidade, como é caso da Fundação de Serralves, poderá, imediatamente, ficar a saber que, se fizer um percurso ao longo do rio Douro, tanto de barco, como de comboio, tem três espaços de elevado valor cultural à disposição, com um só ingresso”, explicou

o presidente da Fundação Côa Parque, Bruno Navarro. Para os promotores do projeto, esta iniciativa trará diversas vantagens entre elas a realização de ações conjuntas que irão certamente aumentar a oferta cultural da região norte, em especial no interior. “Criando esta corda cultural, que acompanha o rio Douro, o novo projeto poderá ser o início de uma caminhada, que queremos ver aprofundada”, para “as três instituições poderem convergir no sentido de criarem uma programação cultural articulada”, que permita valorizar a região, defendeu Bruno Navarro. O bilhete combinado está disponível desde o dia 1 de abril, pelo valor de 17 euros, dando assim hipótese ao turista de visitar os três espaços museológicos de uma forma mais simples e sem a necessidade de enfrentar a espera habitual das bilheteiras, em especial em épocas de maior afluência como acontece, por exemplo, no verão. ■

A segunda parte deste projeto avança agora com a conservação e o restauro da antiga Botica do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas (Tarouca), num investimento que rondará os dois milhões de euros promovido pela Direção Regional de Cultura do Norte e co-financiado pelo Programa Norte 2020 através do FEDER.

O programa, que arrancou em 2009, levou já à recuperação de alguns monumentos como o Mosteiro de São João de Tarouca, o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, a Ponte Fortificada de Ucanha, a Capela de São Pedro de Balsemão e o Convento de Santo António de Ferreirim, enquanto imóveis históricos de enorme valor identitário, artístico e patrimonial, e como tal, de elevado potencial turístico. A segunda fase deste projeto que agora se inicia pretende aumentar as áreas de visita já abertas, a integração de novos elementos patrimoniais nos percursos de visita e o aumento da diversidade de elementos e temáticas de visita nos monumentos Mosteiro de São João de Tarouca, Mosteiro de Santa Maria de Salzedas e Convento de Santo António de Ferreirim, já integrados na rede e intervencionados na primeira fase. Ainda nesta fase será ainda reabilitada a Ponte Fortificada de Ucanha, melhorando assim as condições e qualidade de visita deste Monumento Nacional único no nosso território. ■

Misericórdia de Lamego com saldo positivo em 2017

Este saldo deve-se, sobretudo, à melhoria das receitas, invertendo desta forma os défices registados nos anos anteriores. Em nome da instituição, o Provedor António Marques Luís, alertou, no entanto, que a situação operacional continua “difícil”, pese embora os esforços desenvolvidos. Uma situação agravada pela necessidade de contratar novos colaboradores em algumas valências para cumprir as normas da Segurança Social, nomeadamente no Lar de Arneirós, na creche e jardim de infância e no Centro de Acolhimento Temporário. A melhoria das receitas deveu-se, sobretudo, à alienação de património que tinha uma rentabi-

lidade escassa, aproveitando uma oportunidade de valorização acentuada do setor imobiliário na cidade do Porto. A Assembleia Geral, que se realizou no passado dia 28 de março, ficou ainda marcada pela aprovação da alienação da Ilha Amarela, no centro da cidade do Porto, doada em tempos a esta Misericórdia e que se encontra agora bastante degradada. Os “irmãos” aprovaram também, por unanimidade, a decisão de alocar, na íntegra, o valor da venda à compra de imobiliário para rentabilizar através de aluguer. Marques Luís explicou que esta venda será feita por hasta pública, havendo já indicação firme de um valor-base “elevado, aproveitando o boom que esta cidade vive no imobiliário”. A alienação da Ilha Amarela substitui a vontade anterior de transformar este espaço num pólo residencial composto por apartamentos destinados a residências de curta/média duração “por existir risco de gerir à distância um empreendimento desta dimensão”. Numa análise detalhada à Conta de Gerência de 2017, também é destacado o início dos trabalhos de reconstrução e modernização do Lar de Idosos de Arneirós, “colocando um ponto final na resolução desta situação há muito adiada,

mas absolutamente indispensável face aos constrangimentos legais”. Uma remodelação que implica um enorme esforço financeiro e que será financiada por recursos próprios em cerca de 1 milhão e 300 mil euros. Foi também destacado o estabelecimento de um acordo final com o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Administração Regional de Saúde do Norte, através do qual

esta Misericórdia recebeu as antigas instalações do Hospital Distrital de Lamego e foi indemnizada pelo valor das rendas em atraso que lhe eram devidas. Como último ponto da ordem de trabalhos, a Assembleia Geral rejeitou a proposta, apresentada pela União das Misericórdias Portuguesas, de participar “de forma simbólica” no capital de um banco de economia social. ■ FOTO: DR

O Relatório de Gestão e Contas da Santa Casa da Misericórdia de Lamego, referente ao ano de 2017, foi aprovado por unanimidade em Assembleia Geral, apresentando um resultado operacional positivo de mais de 200 mil euros.


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Vários Concelhos

897 Quilómetros de rio inspiram projeto de música e cinema O projeto 897 guiou o grupo Sons do Douro por uma viagem que começou na foz do rio e subiu até à nascente, aos Picos de Urbión, em Espanha, misturando músicas, sonoridades e tradições das comunidades ribeirinhas.

e quisemos fazer uma dedicatória ao Douro que se transformou num poema belíssimo cantado e tocado pelo Filipe Marado”, referiu. É toda “esta emoção” vivida e partilhada ao longo de dois meses de viagem, entre agosto e setembro de 2017, e toda a aprendizagem conquistada que construiu o concerto e o documentário que culminam o projeto. O encontro de encerramento prolongou-se por dois dias, nas cidades de Lamego e da Régua, e incluiu o concerto, o lançamento do caderno de viagens e a estreia do filme documentário “897 Km de Douro”.

O projeto musical Sons do Douro foi impulsionado pelo Museu do Douro em 2013 e tem-se vindo a consolidar. Em 2017, o grupo realizou 40 espetáculos. Para além do 897, o Douro Inclusivo incluiu mais três ações que passam pela ampliação do espaço expositivo da unidade museológica, pela criação de novas ferramentas, como áudio-guias em várias línguas, vídeos em língua gestual e a produção de conteúdos em braille para que o museu seja acessível a todos, e, por fim, pelo desenvolvimento e promoção de projetos no âmbito da Rede de Museus do Douro. ■ FOTO: DR

A iniciativa, incluída no projeto Douro Inclusivo, promovida pelo Museu do Douro, com sede no Peso da Régua, terminou no passado dia 7 de abril com um concerto e o lançamento de um filme documentário realizado ao longo dos 897 quilómetros do rio que une Espanha e Portugal. A ação foi realizada pelos Sons do Douro, um grupo musical de percussão contemporânea que junta 10 elementos, tem como diretor artístico Filipe Marado. O grupo utiliza pipas de vinho, cestos de vindima ou sacholas como instrumentos musicais, juntando-os à viola, guitarra, bandolim e gaita-de-foles. Luís Carvalho, do Museu do Douro, disse que o projeto 897 concretizou um “grande

desafio” que começou na foz do Douro e fez o percurso inverso ao rio até aos Picos de Urbión, recolhendo a sua sonoridade e a das suas paisagens e das gentes. Segundo explicou, o objetivo foi, através do Sons do Douro, fazer “uma ligação e uma partilha entre as populações” que vivem junto ao rio. A viagem começou no tabuleiro da ponte Luiz I, no Porto, onde se encheu uma garrafa de água que acompanhou o grupo até à fonte del Duero, a nascente do rio, onde foi simbolicamente despejada. Luís Carvalho contou que ao longo do percurso foram realizados concertos junto às arribas, em miradouros, pontes, praças e ruas e uma residência artística em Zamora, onde foi feito um cruzamento artístico das tradições, música e das sonoridades portuguesa e espanhola. “Essa ligação traduziu-se em novas ligações musicais que foram incorporadas nos espetáculos e fazem parte do repertório do Sons do Douro”, frisou. Depois de Duruelo de la Sierra, a última localidade antes da nascente do rio, os viajantes percorreram os últimos 12 quilómetros a pé, com os instrumentos às costas. “Nas fontes a emoção era enorme, sentíamos que o nosso dever estava a cumprir-se

Turismo religioso cresce em Lamego

Tarouca inaugura Rota dos Moinhos de Cister

São cada vez mais os turistas que visitam a cidade de Lamego, como ficou evidente na recente semana de Páscoa. O turismo religioso está a ter cada vez mais procura e os operadores turísticos falam numa época “em alta”.

O Dia Nacional dos Moinhos, celebrado no início deste mês de março, foi assinalado, em São João de Tarouca, com o arranque do projeto “Rota dos Moinhos de Cister”.

De acordo com os dados do Turismo, Lamego, é a quarta cidade do Norte do país a receber mais visitantes nesta altura do ano, a seguir a Porto, Guimarães e Braga, sendo que, a maioria dos visitantes é de nacionalidade portuguesa, mas está a aumentar a procura

por parte de espanhóis, franceses, alemães, britânicos e até americanos e brasileiros. “Lamego mantém uma tradição nesta Semana Santa com uma série de realizações de cariz religiosos, mas também de cariz cultural”, explica o presidente da autarquia local, Ângelo Moura. Quem passou por Lamego durante a celebração da Páscoa pôde ainda assistir a várias iniciativas como a Procissão do Senhor Morto, presidida por D. António Couto, Bispo de Lamego, na noite de sexta-feira (30 de março) ou a tradicional Queima do Judas em Lalim. Fora da época pascal, Lamego recebe também grandes enchentes turísticas em especial no verão e em setembro, mês em que se comemora a famosa festa de homenagem a Nossa Senhora dos Remédios. ■

Em comunicado, a autarquia tarouquense afirma estes equipamentos como “importantes marcos da identidade da freguesia, que em tempos idos” foram “fundamentais para as comunidades que tinham no cultivo dos cereais um importante meio de subsistência”. O programa deste dia começou com um ciclo de conferências onde foi feita a contextualização do projeto e da importância do

mesmo para o desenvolvimento local. Após o término das conferências houve ainda tempo para um percurso pedestre de visita aos três moinhos, que constituirão mais um importante pólo de atração turística da freguesia, a par do Mosteiro Cisterciense de S. João de Tarouca, que anualmente atrai dezenas de milhares de visitantes ao concelho. “A concretização deste importante projeto deve-se à determinação e persistência da Associação Sociocultural de S. João de Tarouca que, com o apoio do município e da Junta de Freguesia de S. João de Tarouca, acreditou na viabilidade do mesmo e deitou mãos à obra para que se tornasse possível, sendo assim perpetuada a memória de um passado e a cultura identitária da freguesia”, pode ainda ler-se no comunicado da Câmara Municipal de Tarouca. ■


VIVADOURO ABRIL 2018

Casa do Douro vende vinho para pagar dívidas Ao todo foram comercializados 86.900 litros de Vinho do Porto, alguns deles velhos, dos anos 1934, 1935 e 1940 ou 1950, sendo a verba angariada destinada ao pagamento de dívidas a credores privados.

e “à revelia” do conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP). A organização questiona a razão de não se colocar à venda, em vez do vinho, “o património imobiliário desnecessário e em decadência para pagar as dívidas mais prementes”. A Casa do Douro, instalada no Peso da Régua, em Vila Real, foi criada em 1932 e teve problemas financeiros durante

Vários Concelhos

vários anos que, segundo o anterior governo, culminaram numa dívida de 160 milhões de euros ao Estado. Em dezembro de 2014, a CD deixou de ser pública e a Federação Renovação do Douro ganhou o concurso para a gestão. Há dois anos, contudo, foi aprovada a criação de uma CA para a regularização das dívidas contraídas pela anterior administração. ■ FOTO: DR

Depois de terminado o prazo de entrega das propostas para a compra dos 86.900 litros de vinho do Porto que a Comissão Administrativa do património da Casa do Douro (CD) anunciou, através do seu responsável, Agostinho Santa, que conseguiu atingir os 1,7 milhões de euros que agora irão servir para a instituição pagar dívidas a credores privados da instituição, nomeadamente a fornecedores de serviços e produtos. O mesmo responsável considerou a venda de 30 dos 33 lotes disponíveis “em êxito”.

No total foram quinze as empresas que se apresentaram à compra e, apesar do total de lotes não ser vendido, foi conseguida a verba que era tida como meta. “Como a oferta superou o preço base, conseguimos fazer o dinheiro que estávamos a prever”, referiu Agostinho Santa. Agora, vão ser notificadas as empresas que apresentaram as melhores propostas, as quais, após a notificação, têm cinco dias úteis para efetuarem o pagamento. O responsável pela Comissão Administrativa (CA), explicou ainda que o vinho foi selecionado do stock e que a venda foi “devidamente planeada” e aprovada pelo Ministério da Agricultura e pelo fiscal único. Já no ano passado, foram comercializados 81 mil litros de vinho para pagar os salários em atraso aos trabalhadores. Em contraponto, a Federação Renovação do Douro/Casa do Douro revela-se contra a “nova venda de vinho do Porto” pois considera que, além de “representar um excedente no mercado”, está a ser feita “sem o menor planeamento” a longo prazo

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Semana académica de Vila Criada associação Real apoia construção para o turismo marítimo de escola em Moçambique do Douro Ana Malhoa, Mastiksoul e o cantor brasileiro MC G15 são os cabeças de cartaz da semana académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que irá doar parte da receita para ajudar a construir uma escola em Moçambique. A maior festa dos estudantes da academia transmontana realiza-se entre 19 e 25 de abril, em Vila Real, e reforça este ano o cariz solidário. António Vasconcelos, presidente da Associação Académica da UTAD (AAUTAD), disse hoje, em conferência de imprensa, que “1% da receita” da semana académica vai reverter para a associação HELPO, para ajudar a construir uma escola em Moçambique. A HELPO é uma organização não-governamental que, desde 2008, ajuda a construir escolas, bibliotecas, creches, centros de nutrição, cantinas escolares e sistemas de aproveitamento de águas pluviais em países como Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau.

A organização desenvolve a sua atividade em 38 comunidades rurais e 52 centros de intervenção e financia as suas atividades através do programa de apadrinhamento de crianças à distância, donativos livres, projetos financiados por agências internacionais e empresas, chegando a mais de 19.000 crianças. A AAUTAD aposta também na inclusão social dos alunos com necessidades especiais e, nesse sentido, vai conceder entrada gratuita para os estudantes com mais de 60% de incapacidade. A festa dos estudantes arranca com a monumental serenata, junto à Capela Nova, e inclui a tradicional bênção das pastas dos finalistas, o cortejo e o baile académico. António Vasconcelos disse ainda que, no âmbito do protocolo com a PSP, serão realizadas ações de sensibilização para combater os comportamentos excessivos, como o consumo de álcool. Será também, acrescentou, estalecida uma parceria com a empresa de transportes públicos Urbanos, para o transporte gratuito de estudantes que vão à semana académica. O bilhete único varia entre os 33 euros para estudantes sócios da AAUTAD e os 43 euros para não-estudantes, um decréscimo de 2 euros comparativamente com os preços do ano passado. ■

São 28 as empresas do setor marítimo turístico (cruzeiros e hotéis) que agora se unem para constituir a Associação das Atividades Marítimo Turísticas do Douro (AAMTD). Criada formalmente a 7 de março, a nova entidade tem como objetivo principal “discutir soluções com o governo modo a que sejam zelados, de forma eficaz, os interesses das empresas e dos turistas, até porque se ao fim de 25 anos a Associação surge é por ser notória a inércia total na resolução dos problemas do setor”, adianta Telmo Leite, vice-presidente da AAMTD. No dia em que abre 50 por cento da navegação do Douro, com sete dias de atraso, a nova entidade entende ser o momento certo para atuar. Manutenção da via navegável (as boias de sinalização), marcação e gestão das eclusagens das barragens, garantia das comunicações de segurança na navegação, e cedência da informação em tempo real de caudais e barragens são os principais itens que a nova associação pretende ver cumpridos por parte da entidade que os tutela, a Administração dos Portos do

Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL). “O permanente e sucessivo atraso na reposição, controlo e balizagem ao longo do rio Douro, fortemente acentuado com a passagem da gestão do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos do Norte (IPTM), na Régua, para APDL, em Matosinhos, começa a assumir proporções absurdas e que podem até criar situações delicadas no dia a dia”, diz Humberto Tenazinha, também vice-presidente da AAMTD, acrescentando que a “APDL está vocacionada para portos de mar, de mercadorias, não faz sentido nenhum que esteja responsável por atividades navegáveis de rios de interior”. A AAMTD reúne 28 empresas do setor que no seu todo empregam milhares de trabalhadores e gerem centenas de embarcações. Tem nos objetivos estatutários defender os legítimos direitos e interesses dos associados e assegurar a sua representação junto de quaisquer entidades, públicas ou privadas. Mário Ferreira, eleito presidente da associação, adianta estar “muito apreensivo pelo facto de existir uma falta de diálogo muito grande com a APDL”. “Quando lá nos chamam é para preencher calendário tudo o que sugerimos é ignorado, pode ser que agora com a tomada de posse do novo administrador para área do Douro possam melhorar as coisas”, remata. ■


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Foz Côa

Vinte novas gravuras descobertas no Vale do Côa

O arqueólogo português Mário Reis assegurou, em declarações à agência EFE, que se trata de gravuras sobre pedras, nas quais estão representados diferentes animais. Foram todas encontradas na margem esquerda do rio Côa, e terão aproximadamente 20.000 anos. Segundo Mário Reis, as novas gravuras descobertas respondem a “representações de cabras, cervos e auroques“. O Parque Arqueológico do Vale do Côa, situado em Vila Nova de Foz Côa, junto à fronteira com a zona espanhola do Parque Natural Arribes do Duero, tem uma extensão de 20.000 hectares e 200 quilómetros quadrados. Segundo adiantou o arqueólogo, as novas gravuras localizadas estão no concelho de Quinta da Barca Sul, um dos enclaves onde já estavam identificadas outras gravuras. Um dos painéis descobertos que mais surpreendeu os arqueólogos foi picotado sobre uma pedra na qual se observam algumas cabras.

Segundo o presidente da Fundação Côa Parque, Bruno Navarro, neste jazigo, que foi descoberto em 1994, estão identificadas um total de 1.293 pedras com gravuras paleolíticas. O Parque Arqueológico do Vale do Côa é considerado como um dos mais importantes sítios de arte rupestre do mundo, e é o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre. Há cinco dezenas de núcleos de arte identificados ao longo dos últimos 17 quilómetros do Rio Côa, até à sua confluência com o Douro. Estes núcleos apresentam Paleogravuras de Arte rupestre, datadas na sua maioria do Paleolítico superior, mas o vale guardou também exemplos de pinturas e gravuras do Neolítico e Calcolítico, gravuras da Idade do Ferro e dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX, altura em que os moleiros, os últimos gravadores do Côa, abandonaram o fundo do vale. Arte do Côa incorporada em itinerário cultural do Conselho da Europa A Arte do Côa passou a integrar o Itinerário Cultural do Conselho da Europa, onde estão representados sítios como Altamira (Espanha), Lascaux, Chauvet, Niaux (França) ou Valcamónica (Itália), indicou hoje fonte da Fundação Côa Parque. “A incorporação da arte rupestre do Côa

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Vinte novas gravuras do Paleolítico Superior foram descobertas, recentemente, no Parque Arqueológico do Vale do Côa, que, desde 1998, é Património da Humanidade.

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neste itinerário do Conselho da Europa corresponde a outro nível de envolvimento da Fundação, agora num plano mais internacional. Nesta rede de instituições ligadas à arte pré-histórica, estão os maiores sítios europeus, onde faltava a Arte do Côa”, explicou à Lusa o presidente da fundação, Bruno Navarro. Segundo aquele responsável, a inclusão do Museu e do Parque Arqueológico do Vale do Côa nesta rede europeia de arte rupestre é uma forma de “colocar no mapa europeu” o território arqueológico do Côa e todas as suas potencialidades. “Este trabalho foi começado de forma faseada. Começámos por envolver o território do Côa e os seus quatro concelhos. Depois, mais recentemente, foi assinando um protocolo com a Fundação de Serralves e a Fundação Museu do Douro, para a criação de uma bilhete combinado que permite visitar os três equipamentos culturais. Esta terceira fase é o alargar de um trabalho em rede a nível internacional, que já tínhamos iniciado a nível local”, frisou. Museu do Côa passa a dispor de serviço de áudio-guias para visitantes O Museu do Côa (MC) passa a dispor de áudio-guias que estarão ao alcance dos visitantes, a partir de domingo, para quem pretender fazer uma visita à unidade museológica, sem ser com guias ou em grupos organizados. “A ausência dos áudio-guias era uma lacuna que existia no museu. Após estabelecermos um protocolo com uma empresa especializada,

solicitámos à nossa equipa de investigação que fosse feita uma revisão profunda dos conteúdos museológicos da exposição permanente, a fim de ser passada para um suporte digital”, explicou à Lusa o presidente da Fundação Côa Parque, Bruno Navarro. Nesta primeira fase, os dispositivos eletrónicos podem ser utilizados de forma gratuita pelos visitantes, para se poder fazer uma avaliação dos resultados. “Depois da fase de testes, que poderá durar uns meses, iremos avaliar se vamos manter o serviço de forma gratuita, ou se terá um encargo acrescido, que nunca será muito significativo”, vincou o responsável. Os novos dispositivos fazem uma descrição da “Arte do Côa” em português, inglês e espanhol, estando programada, para breve prazo, a introdução do francês. “Trata-se de uma mais-valia para os visitantes do museu. Em cada uma das salas exige um identificador de informação e os visitantes só têm de aproximar o aparelho desse identificador e ouvir a informação relativa a cada um dos conteúdos expostos”, explicou. Segundo Bruno Navarro, muitas das pessoas que optavam por fazer uma visita livre ao MC, não ficam a perceber, na realidade e com exatidão, o significado e história dos conteúdos expostos, pelos que estes novos aparelhos serão uma ajuda, com rigor científico e histórico. “Esta é uma forma muito feliz de ajudar os visitantes a perceberem o património que os rodeia”, frisou o responsável. ■


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Vários Concelhos

X Mostra de Teatro do Douro está em cena

O arranque desta mostra teve lugar em Alijó, que assim regressa ao mapa dos espetáculos quatro anos depois, com a peça “Bailado Russo” do Teatro Experimental Flaviense. A próxima paragem é Sabrosa com “O Chá de S. Cornélio” do Grupo de Teatro do Centro

Cultural Lordelense a 14 de abril e a Régua com “Carai, Valha-me Deus” do Teatro Fórum Boticas a 21 de abril. O Grupo de Teatro Aldeia Verde de Lazarim apresentará em Mesão Frio a comédia “Enquanto ela não aparece” a 28 de abril. O encerramento da X edição da Mostra de Teatro do Douro está marcado para um fim-de-semana com dois momentos, primeiro no Pinhão, dia 4 de Maio, com o Grupo de Teatro da Universidade Sénior do Rotary do Peso da Régua que leva a palco a peça “Ferreirinha – A mulher do Douro”, o segundo momento acontece em Santa Marta de Penaguião, vila escolhida para mais uma vez encerrar o certame, com o Núcleo de Teatro da Associação Cultual de Vermoim que, no dia 5 de maio, apresentará “Uma cabeça com dois cabritos”. Para Luís Almeida, Presidente da Associação Vale d’Ouro, esta edição da mostra fica marcada pela diversidade, “procuramos escolher grupos com trabalhos diferentes”. Uma mos-

tra que por tradição é marcada pela comédia, Luís Almeida afirma que também aí existe bastante diversidade, “a comédia é novamente o género dominante, mas temos também um musical e o registo biográfico de uma das maiores personalidades da região com a peça

que evoca a “Ferreirinha”, acrescentando ainda que “regressam textos criados por autores transmontanos sem esquecer grandes nomes como Tchekov ou Nicolau Maquiável cujos trabalhos estes grupos tão bem adaptaram aos nossos tempos”. ■ FOTO: DR

Entre os dias 7 de abril e 5 de Maio, a Associação Vale d’Ouro está a organizar a décima edição da Mostra de Teatro do Douro, um envento que envolve a região e que este ano passa por palcos em Alijó, Sabrosa, Mesão Frio, Régua, Pinhão e Santa Marta de Penaguião.

Município de Tabuaço dá 38 bolsas de estudo

Sernancelhe organiza primeiro “Tons de primavera”

A Câmara Municipal de Tabuaço atribuiu, no final do mês de março, 38 bolsas de estudo a alunos do Ensino Superior, uma acção que teve lugar na Biblioteca Municipal.

A Câmara Municipal de Sernancelhe decidiu este ano receber a primavera com um evento que junta cultura e desporto entre os dias 6 e 14 de Abril.

A atribuição das Bolsas de Estudo a alunos do Ensino Superior residentes em Tabuaço, que vem decorrendo de há uns anos a esta parte, tem constituído não só uma ajuda económica às famílias Tabuacenses mas também um estímulo para os jovens que pretendem prosseguir a sua formação académica superior. A entrega teve lugar na Biblioteca Muni-

cipal de Tabuaço, no passado sábado, dia 31 de Março e, para o Executivo Municipal, a médio prazo, esta iniciativa pode mesmo melhorar o tecido económico do concelho ao dotá-lo de profissionais e quadros técnicos superiores que acabem por contribuir e ter um papel fundamental no desenvolvimento económico, social e cultural do território. O valor das Bolsas é atribuído por escalões sendo, por isso, variável e complementar com a bolsa de estudo do estabelecimento de ensino de frequência. Este ano fram assim atribuídas 38 bolsas, que se somam às 97 entregues desde o ano letivo 2014/2015. Números que traduzidos num valor monetário equivalem a um investimento de 126.400€ na formação académica dos jovens tabuacenses. ■

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A iniciativa conta com sessões de desporto, música, teatro e literatura que terão lugar central no Auditório Municipal e na Biblioteca Abade Vasco Moreira, com o objetivo de “oferecer ao público, em especial às crianças e jovens, opções culturais diversas e assinalar efemérides importantes do nosso calendário”. Ao todo o programa contempla um total de seis eventos, dos quais três diurnos e outros três noturnos. O primeiro momento desta iniciativa foi uma caminhada, no dia 6, marcando o Dia

Mundial de Atividade Física e que teve início às 19:30, em frente aos paços do concelho. Já no dia 7, no Auditório Municipal, o pianista sernancelhense André Cardoso protagonizou o recital de piano “Para uma destra Mão Esquerda”. No dia 10, o Grupo de Teatro Filandorra representou no palco do Auditório a peça “A Farsa de Inês Pereira”. No próximo dia 13 de abril, na Biblioteca Abade Vasco Moreira, a partir das 10h00, decorrerá a campanha “Laço Azul – Prevenção dos Maus Tratos na Infância”. No mesmo dia, o Auditório Municipal assistirá à conversa com a escritora Teresa Barranha a propósito do livro “Regal, defesa da aldeia”. Para fechar esta primeira edição do “Tons de primavera”, no dia 14, também no Auditório, será a vez do lançamento do livro “A Sinfonia Universal do Amor Fraterno no Trajeto Ascensional da Humanização do Mundo”, da autoria de Fernando Paulo do Carmo Baptista. ■


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Alijó

Carlão alerta para a discriminação social em Alijó O Auditório Municipal de Alijó recebeu o músico Carlão que apresentou o livro Livres e Iguais, um projeto desenvolvido em conjunto com a empresa Betweien e que pretende alertar os jovens para a problemática da discriminação social.

este convite da Betweien surgiu fiquei muito contente”. “A verdade é que as nossas palavras e as nossas ações têm repercussões muito fortes nas pessoas, e digo isso por experiência própria, eu dou muita importância ao que dizem aqueles músicos e artistas aos quais me sinto ligado. É normal, portanto, que estes miúdos acabem por dar importância ao que eu digo e temos que aproveitar isso para passar este tipo de mensagens”, afirmou o ex Da Weasel. Carlão fez ainda questão de referir que com esta participação acabou por se aperceber que ele próprio tem “preconceitos, coisas vagas, ideias feitas, que muitas vezes vêm do desconhecimento”, daí a importância de

alertar os jovens “para qualquer tipo de discriminação, para terem essa consciência”. O projeto de Betweien conta com outros artistas que dão a cara por diversos temas ligados aos jovens. “São temas transversais aos jovens e para os quais não existe nenhuma disciplina específica que os aborde, sendo assim necessário um complemento pedagógico para abordar esses assuntos”, afirma Narciso Moreira, Diretor de projetos da Betweien, acrescentando que a empresa não quer “que estas ações substituam o papel do professor, queremos que sejam o mote para o trabalho que pode ser feito na sala de aula, em especial com o apoio do livro que desenvolvemos para cada um destes temas”. ■ FOTO: DR

Para além do livro, o tema é ainda abordado, durante a apresentação, em três composições musicais e uma pequena encenação teatral. Para Sónia XXXX, vereadora da educação do município de Alijó, discutir estes temas com os jovens é sempre importante para os alertar para as suas próprias atitudes no dia-a-dia. “Hoje estamos aqui com a comunidade escolar e a verdade é que os alunos praticam atitudes discriminatórias das quais nem sempre se apercebem. É importante alertá-los que só pelo facto de dizerem “ah, não me dou com ele porque

é da aldeia”, já estão a discriminar alguém”, afirmou. A mesma ideia é partilhada pelos alunos que encheram o auditório, “muitas vezes julgamos as pessoas pela aparência e não pelo seu interior, eu própria já o fiz com colegas de turma com quem não me dou e com pessoas estranhas que julgo pela aparência mas depois ao conhecer percebo que são completamente diferentes.”, conta Sara Brites, de 16 anos. Também com a mesma idade, Sara Rocha que admite que nunca se sentiu discriminada, “talvez por pertencer a um padrão dito normal”, contudo a estudante acredita que “existe um pouco de discriminação na escola, em especial, como fala numa das histórias que o Carlão contou, para com alguns membros de etnia cigana”. Sara Rocha acredita que estas iniciativas ajudam a alertar as mentalidades, em especial porque “se nos colocarmos numa foto a preto e branco, como a do Carlão na capa do livro, reparamos que somos todos iguais, não há cores que nos distingam”. Para Carlão este é um tema familiar, contudo, o músico confessa que “devia ter uma voz mais ativa em alguns assuntos mas o tempo não dá para tudo”, por isso, “quando

Plano de Ordenamento Florestal único em Alijó Alijó será o primeiro município nacional a ter um Plano de Ordenamento Florestal Municipal, uma medida que conta com a colaboração da Quercus e da Associação Nacional dos Engenheiro e Técnicos do Setor Florestal.

versas ferramentas de ordenamento do território, agindo de modo a ser possível implementar no terreno ações concretas que reflitam as políticas municipais de desenvolvimento e que consigam integrar de forma concreta e eficaz os diversos instrumentos já existentes como, por exemplo, o Plano Diretor Municipal (PDM). Desta forma, “será possível fazer a necessária compartimentação e proteção das áreas florestais e apoiar os cidadãos na escolha das espécies e técnicas mais adequadas a cada local específico”. Alijó tem parte do território classificado como Património da Humanidade e tem

feito uma forte aposta na atividade turística, pelo que aqui a paisagem assume “um papel fundamental nos eixos do desenvolvimento”. Neste território também se pretende potenciar e transformar em fontes de rendimento atividades ligadas à floresta como a produção de madeira de várias espécies florestais, a produção de cortiça e resina, bem como a produção de mel, a recolha de cogumelos silvestres ou a caça. Este concelho foi um dos mais afetados pelos incêndios no verão de 2017 que, para além de uma vasta área florestal, também destruíram produções agrícolas. ■ FOTO: DR

Trata-se de uma parceria que tem como objetivo “quebrar definitivamente o ciclo de incêndios que se instalou no território português”, afirmou o vice-presidente do município de Alijó, Vitor Ferreira, em declarações ao jornal VivaDouro. “Com este novo instrumento de planeamento será possível recentrar os espaços florestais na atividade das explorações agrícolas, reconstruir um território mais equilibrado e resiliente, reduzir os riscos a que se encontra sujeito, ser mais produtivo e com maior qualidade ambiental”, afirmou ainda o autarca.

O plano tem como objetivo “garantir a segurança de pessoas e bens através do ordenamento florestal e territorial”, prevenindo a ocorrência de incêndios e, no caso de estes ocorrerem, “garantir que não se transformam em incêndios de grandes dimensões e causem um mínimo de prejuízos”. Outra das vantagens deste plano é a dinamização da economia local, promovendo a exploração dos diversos recursos naturais, produtos e serviços do ecossistema, assim como das espécies florestais melhor adaptadas aos locais. Para isso pretende-se recorrer às “técnicas silvícolas mais adequadas, de modo a garantir a exigência de serviço do ecossistema, matérias-primas e produtos de origem florestal capazes de potenciar o rendimento das populações locais e em simultâneo a criação de postos de trabalho”. Com este plano de ordenamento florestal, pretende-se também promover “a qualidade ambiental e biodiversidade, apostando em floresta autóctone e na promoção e valorização do serviço do ecossistema, enriquecendo a paisagem e favorecendo a proteção dos solos e da água”. Por fim, pretende-se ainda integrar as di-


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Murça

Lançamento de “Azeite Milhões” para homenagear o soldado herói

O lançamento desta edição limitada de 2.000 garrafas foi mais um dos momentos a marcar os 100 anos da Batalha de La Lys, nas cerimónias oficiais que decorreram em França, na comuna de La Couture. “É um azeite feito de oliveiras centenárias de Valongo de Milhais, a terra do herói da Primeira Grande Guerra, o soldado português mais condecorado”, conta Francisco Vilela, presidente da direção da Cooperativa dos Olivicultores de Murça. Segundo o responsável da cooperativa trata-se de “um azeite com história”, em sintonia com a história do concelho e do país. “Algumas destas oliveiras provavelmente foram plantadas ou tratadas pelo soldado Milhões e por outros soldados e oficiais do concelho, que eram agricultores, e participaram na Guerra”, acredita o dirigente. Quanto às características do azeite, Francisco Vilela adianta tratar-se de “um azeite mais maduro, com um pala-

dar tipicamente amendoado, frutos secos, ligeiramente amargo e picante, mas, ao mesmo tempo, muito suave”. Com a garrafa de azeite foi editado um pequeno livro que inclui um texto inédito do escritor João Pinto Coelho, episódios da história do soldado Milhões escritos pela neta Leonida Milhões e ilustrações da bisneta Mafalda Milhões. Para além de uma justa homenagem aos portugueses que participaram na Primeira Guerra Mundial, para a cooperativa de Murça, a edição deste azeite simboliza, também, os agricultores ‘feitos’ soldados do Corpo Expedicionário Português, estando refletida a identidade cultural de um povo”. O presidente da Cooperativa dos Olivicultores de Murça faz parte de uma pequena comitiva de Murça, que juntou ainda o presidente da câmara local e um representante da adega cooperativa, que participaram nas cerimónias oficiais que decorrem em França e onde esteveram também presentes o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e o Primeiro Ministro, António Costa. Antestreia nacional do filme “Soldado Milhões” Na vila de Murça, as iniciativas para assinalar o centenário da Batalha de La Lys foram várias e arrancaram no dia 6, com a hora do conto dedicada ao “Soldado herói Milhões” e uma peça de teatro “O amor na base do corpo expedicionário português”, da autoria do tenente-coronel Alexandre Malheiro. Já no dia 9 realizou-se uma missa solene e a cerimónia de homenagem a Aníbal

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Chama-se “Azeite Milhões”. Foi produzido pela Cooperativa dos Olivicultores de Murça, para homenagear o herói da Primeira Guerra Mundial, Aníbal Augusto Milhais, exclusivamente com azeitonas colhidas em oliveiras centenárias da aldeia do soldado.

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Augusto Milhais, com a participação do Regimento de Infantaria 19, de Chaves, que decorreu na praceta Soldado Milhões. Ontem, dia 10 de abril, o auditório de Murça acolheu a antestreia nacional do filme “Soldado Milhões”, realizado por Gonçalo Galvão Teles e Jorge Paixão da Costa e que conta com a interpretação de Graciano Dias, Ivo Canelas, Lúcia Moniz, Nuno Pardal, Rodrigo Tomás. O filme, que chega às salas de cinema a 12 de abril, conta a história do soldado Milhais e dos mais de 75 mil portugueses que combateram na Flandres, durante a Primeira Guerra Mundial, O herói português da Grande Guerra Entre os soldados portugueses que participaram na Primeira Grande Guerra destaca-se Aníbal Augusto Milhais, natural Valongo, concelho de Murça. O soldado raso ficou famoso por se ter batido sozinho contra os alemães, para ajudar à retirada das forças aliadas, depois de ter desobedecido a uma ordem de retirada. Rezam as crónicas que, a 9 de Abril, uma força portuguesa se viu atacada pelos alemães. A força chegou a ser destroçada, a situação era “a pior possível”.

Muitos portugueses foram mortos e os sobreviventes obrigados a retirar. O soldado Milhais terá permanecido sozinho. Correu entre os vários abrigos, disparando de diferentes posições e criando a ilusão, nas tropas alemãs, de que a posição estava a ser guardada por vários militares. À quarta ofensiva, os soldados alemães decidiram contornar aquele ponto e deixaram o português para trás das linhas inimigas, onde sobreviveu durante uns dias, com umas amêndoas doces no bolso, até encontrar um oficial escocês que o ajudou a encontrar o batalhão português. Foi esse mesmo oficial que relatou, depois, o ato heroico do soldado. E foi assim, em plena I Guerra Mundial que o soldado português alcançou a fama, na Batalha de La Lys, em abril de 1918. A bravura do franzino e pequeno Aníbal, com pouco mais de um metro e meio de altura, valeu-lhe a Torre e Espada – a mais alta condecoração militar portuguesa – entre outras distinções. O epíteto “Milhões” nasceu com um elogio do seu comandante, Ferreira do Amaral: “Tu és Milhais, mas vales milhões”. O militar morreu aos 75 anos, em Valongo, na aldeia que adotou o nome de Milhais em sua homenagem. ■


14 VIVADOURO ABRIL 2018

Vários Concelhos

Estratégia 2020-2030 e PROVERE debatidos em reunião da CIM-Douro na Régua A CIM-Douro esteve reunida na tarde do dia 10 de abril no edifício do Museu do Douro, na Régua, um encontro que serviu para debater a estratégia da região para a década 2020-2030 e ainda a candidatura aos fundos PROVERE.

as suas instituições de parcerias e em rede. Assim, a linha estratégica da região para a próxima década está bem definida pelos autarcas, defendendo que a base económica da região deve ser alargada e apostando no desenvolvimento rural, “abandonando, de vez, o estigma de território de baixa densidade”. No decorrer do encontro foram ainda apresentados os dois projetos transvessais à região e que irão avançar tendo por base os 8,5 milhões de euros que estão ao dispor. Ambos os projetos têm um forte cariz turístico, ficando assim demonstrada a força que este setor tem na economia local de cada concelho e na região como um todo. Assim, irá ser criado um Plano de Sinalética para o território do Douro e a im-

plementação de um Plano de Marketing para o território. Para Carlos Silva, Presidente da Comunidade, “este programa é uma oportunidade para que a região do Douro encete uma trajetória de convergência nacional e europeia, sustentada na valorização económica dos recursos endógenos, na capacidade de diferenciação, inovação e competitividade num contexto sustentável, inclusivo e de cooperação interna e com o exterior”. A verba restante será distribuída pelos 19 municípios servindo para projetos de cariz supramunicipal e de promoção global do território, concorrendo para a consolidação de áreas fundamentais na região. ■ FOTO: Paulo Neto

Na reunião dos 19 autarcas do Douro, coube a Carlos Silva, Presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro, a tarefa de apresentar a estratégia que a região pretende seguir na próxima década, definindo o quadro comunitário Portugal 2030 como a “derradeira oportunidade para que a CIM Douro ganhe a competitividade e a coesão que o presente exige e que será indispensável no futuro deste território”. Neste seguimento os representantes da CIM assumem como falhada a estratégia anterior, que pretendia fomentar a coesão entre as diferentes regiões do país, apontando o dedo aos sucessivos governos e à distribuição de fundos que estes fizeram. “O fosso entre regiões agravou-se devido à má distribuição e gestão dos fundos comunitá-

rios, tão bem negociados em Bruxelas e tão mal orientados pelos sucessivos governos, face às necessidades de convergência dos territórios”. A estratégia agora definida antecipa, no tempo, aquilo que será o caminho que a região pretende fazer e que, no entendimento da Comunidade, vai ao encontro das estratégias que estarão a ser pensadas a nível europeu. Para isso, afirma Carlos Silva, “a futura política de coesão deve envolver o nível local em maior medida do que até agora, não só para a consulta ou a seleção dos projetos de financiamento, mas especialmente na escolha das prioridades de investimento. Deve basear-se mais intensamente que nunca no princípio da subsidiariedade e na verdadeira parceria entre o poder central e o poder local, garantindo a prossecução dos objetivos de desenvolvimento sustentável e o objetivo último de coesão económica, social e territorial”. As linhas orientadoras da estratégia agora apresentada, “CIM Douro – Estratégia para uma década”, foi trabalhada tendo em conta o contributo dado por cada um dos 19 autarcas da região e define quatro linhas de atuação globais: Um território interligado e conectado, atrativo e internacionalizado; Um território empreendedor e inovador/que valoriza o seu capital humano; Um território eficiente e sustentável, inclusivo e socialmente coeso; Um território que capacita

UTAD celebrou 32º aniversário A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro celebrou, no passado dia 23 de março, o seu 32º aniversário, uma data que serviu também para assinalar o início de um ano marcado pela homenagem à escritora Agustina Bessa-Luís.

ensaio, mas especialmente centrado no romance, seja de atualidade, seja mítico, ou histórico, numa “criatividade torrencial evidenciada nos mais de 70 títulos publicados” O encerramento da cerimónia comemorativa do 32º aniversário da instituição foi feito pelo Presidente do Conselho Geral da universidade, Silva Peneda, que louvou a obra desenvolvida em prol da afirmação de uma imagem de sucesso da instituição. Na comemoração do 32º aniversário da UTAD, houve lugar também para a entre-

ga dos diplomas de louvor aos funcionários docentes e não docentes com 20 anos de serviço, bem como do prémio de investigação da Fundação Maria Rosa. A cerimónia foi acompanhada por momentos musicais a cargo de Paulo Vaz de Carvalho e pela leitura de textos de Agustina Bessa-Luís por estudantes da UTAD. No ano em que se assinalam os 70 anos da publicação de “O Mundo Fechado”, Agustina Bessa-Luís será homenageada com o Doutoramento Honoris Causa, numa cerimónia que terá lugar em novembro. ■ FOTO: DR

Na cerimónia de celebração de mais um aniversário da instituição de ensino superior marcaram presença diversas individualidades entre elas o Ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes. António Fontainhas Fernandes, reitor da UTAD, aproveitou a oportunidade para, no seu discurso, apelar à necessidade de um país mais coeso. “O futuro apela a alterações de políticas públicas. Urge encarar o território nacional como um todo socialmente coeso, não apenas na narrativa, mas nas práticas e ações que permitam inverter o crescente ciclo de desertificação de grande parte deste país, não obstante a sua reduzida dimensão. (…). A tragédia dos fogos do úl-

timo verão pôs a nu o abandono do país e a urgência de reformas que foram sucessivamente abandonadas. Urge assim colocar na agenda política questões como a descentralização, enquanto pedra angular da reforma do estado”. Após o discurso o reitor, coube a António Vasconcelos, presidente da Associação Académica, falar em nome dos estudantes, destacando algumas das suas preocupações, bem como o sentimento de orgulho que vem crescendo entre os estudantes que, ano após ano, escolhem a academia transmontana para a sua formação superior. O Ministro da Cultura, por sua vez, começando por destacar e louvar a homenagem a Agustina, deixou palavras muito elogiosas com a UTAD. “A inovação, a capacidade criativa, a tecnologia, o rigor e o estudo humanístico avançaram e criaram um pólo de excelência nesta Universidade”, reconheceu. Após a sessão de discursos oficiais seguiu-se uma oração de sapiência pela antiga Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, professora emérita da Universidade do Porto e membro da Direção do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, com o título “Agustina - entre revolução e tradição”. Falou sobre a vida e a obra da escritora, num percurso pela novela, narrativa de viagens, autobiografia,


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Vários Concelhos

“Tardes de Agustina” arrancam na UTAD a 13 de abril

3 Anos de delegação de competências com balanço positivo

O início do programa de homenagem a Agustina Bessa-Luís arranca com as “Tardes de Agustina”, já no próximo dia 13 de abril pelas 14h30, em torno do “Princípio da Incerteza”, a memorável trilogia da escritora representada pelos romances Jóia de família, A alma dos ricos e Os espaços em branco.

Com a delegação de competências atribuídas às Juntas de freguesia, efetivada no ano de 2015, a Câmara Municipal de Mesão Frio faz agora um balanço muito positivo, destes três anos, no exercício das competências transferidas.

Para esta sessão, que decorrerá no auditório do Polo II da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT), são convidados Carlos Fiolhais, físico e ensaísta, e José Manuel Heleno (filósofo e especialista na obra

de Agustina). Assinale-se que a homenagem, voltada para a divulgação da vida e obra da escritora, decorrerá ao longo de 2018, incluindo, para além das “Tardes de Agustina”, exposições com a colaboração das Escolas Secundárias de Vila Real, da Biblioteca Municipal e da Rede de Bibliotecas de Vila Real, um Ciclo de Cinema em torno das adaptações fílmicas de algumas das suas obras literárias, apresentação de livros em articulação com a Editora “Relógio d’Água” e um Colóquio Internacional a 22 e 23 de novembro, que pretende agregar convidados em torno da obra de Agustina Bessa-Luís. Coincidente com o final do Colóquio, será concedido o Doutoramento Honoris Causa à escritora. ■

O sexto relatório semestral de acompanhamento foi apreciado na última reunião ordinária do executivo, dia 5 de abril e sub-

metido à aprovação da Assembleia Municipal. A transferência de 21 mil euros para as Juntas de freguesia não determinou o aumento da despesa pública global, tendo sim, contribuído para a promoção, para o aumento da eficácia e para a eficiência da gestão e dos ganhos. Mesão Frio foi um dos primeiros municípios do distrito de Vila Real a delegar competências nas Juntas de freguesia. Os acordos de execução destinam-se a assegurar que as Juntas realizem trabalhos de limpeza das vias, dos espaços públicos, das sarjetas e dos sumidouros. ■

Carrinha do Cidadão vai encurtar distâncias em Carrazeda de Ansiães

Sabrosa homenageia Torga no Dia Mundial da Poesia

Serviços prestados no Gabinete de Apoio ao Munícipe serão disponibilizados num veículo que vai percorrer todas as localidades.

O auditório municipal de Sabrosa recebeu, no passado dia 22 de março, o espetáculo Poesia em Torga, uma iniciativa da Fundação INATEL, que contou com o apoio do município de Sabrosa.

A partir de hoje, 11 de abril, os serviços municipais de Carrazeda de Ansiães, passam a visitar os habitantes assiduamente. Os serviços prestados no Gabinete de Apoio ao Munícipe, como os ligados à Saúde, à Ação Social e aos licenciamentos, vão ser descentralizados através da Carrinha do Cidadão. Esta “ideia com quatro rodas” vai percorrer todas as localidades do concelho. “Um dos problemas que mais afeta a população é o facto de haver cada vez menos mobilidade, principalmente entre os mais velhos. Nesta região, as deslocações não são muito fáceis. Por isso, queremos estar o mais pró-

ximo possível”, explica o presidente da câmara, João Gonçalves, em declarações à comunicação social. Em cada dia do mês, com dois funcionários a bordo, o veículo vai a terras diferentes, de acordo com um calendário já estabelecido. E vão até ajudar ao preencher o formulário do IRS, que, pela primeira vez, tem entrega obrigatória pela internet. “Nesta fase, temos já um entendimento com a Direção Regional das Finanças, para auxiliar nas mudanças à entrega do IRS. Outros protocolos podem surgir. Não nos queremos substituir a ninguém, mas ajudar as pessoas”, acrescenta o autarca. Fiolhal, Tralhariz, Castanheiro do Norte, Parambos e Misquel integram o itinerário do dia de estreia, entre as 09h00 e as 16h00. Esta é uma iniciativa apoiada pelo Programa Operacional Regional do Norte, no âmbito da promoção das tecnologias de informação e comunicação na administração de serviços públicos, ao qual Carrazeda de Ansiães se candidatou. ■ FOTO: DR

“Poesia em” é um evento que surgiu no seguimento da missão cultural da INATEL enquanto consultora da Unesco para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, que, nos últimos 5 anos, organiza e presta homenagem a um escritor, evocando assim a importância do património literário português, assinalando também o Dia Mundial da Poesia. Nas últimas edições foram homenageados nomes como Fernando Pessoa, Sofia de Melo Breyner, José Régio e Natália Correia, sendo que este ano a escolha recaiu em Miguel Torga que, segundo a diretora do Departamento de Cultura da INATEL, Carla Raposeira, “foi um dos grandes poetas portugueses, e fazia todo o sentido prestar-lhe esta homenagem, procurando fazê-la sempre nos territórios que tenham uma forte ligação ao escritor, e nada melhor do que fazê-lo no concelho de onde é natural”.

O Presidente do município de Sabrosa, Domingos Carvas, destaca a qualidade da iniciativa, mostrando-se “agradado com a homenagem prestada a Miguel Torga, uma homenagem mais do que merecida, e que vai ao encontro do trabalho que o município tem vindo a realizar, sobretudo através do Espaço Miguel Torga, cujo objetivo passa por salvaguardar e promover a obra do escritor, assim como a divulgação do território e património do concelho de Sabrosa”. O espetáculo de homenagem ao poeta teve direção artística de Luís Oliveira, e contou com a presença em palco da Peripécia Teatro; Eduardo Costa - Viola Amarantina; Rui Oliveira; Luís Antero, num Concerto de olhos vendados; do projeto Fado ao Centro - Fado de Coimbra; do Agrupamento de Escolas Miguel Torga, através da apresentação da curta-metragem de animação “Brinquedo”; do ator José Pinto e da atriz Sara Barros Leitão. Da programação deste Poesia em Torga constaram ainda diversas atividades, nomeadamente uma ação de divulgação da atividade com animação de rua em Sabrosa no dia 17, com a tertúlia “Celebrar Torga” e com o concerto “As Palavras”, de Rui Oliveira, no dia 21 de março, na Associação Zona Livre, em Vila Real, que também recebe a exposição “O Douro … nos caminhos da Literatura: Miguel Torga”, patente até dia 30 deste mês. ■


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Destaque VivaDouro

António Filipe Presidente da Liga dos Amigos do Dou

Apaixonado pelo Douro, António Filipe dedica-se, à mais de 30 anos, à produção de vinhos na mais antiga Região Demarcada do M mento, quer nos vinhos quer ao nível do turismo. Eleito recentemente para a direção da Liga dos Amigos do Douro Património Mundi Texto e Fotos: Carlos Almeida

Quais são, neste momento, as principais preocupações da LADPM? Desde logo a primeira preocupação é o cumprimento da nossa missão nas suas várias dimensões, nomeadamente a preservação da designação e a projeção daquilo que são os atributos que valeram, por parte da UNESCO, a atribuição da distinção como Património Mundial. Todo o nosso trabalho está centrado à volta destas dimensões compreendidas na nossa missão. Queremos fazê-lo como representante da sociedade civil e de uma forma completamente independente e equidistante de todos os poderes. No fundo considero que é isso que confere poderes à Liga, essa equidistância dos poderes quer locais quer nacionais. A Liga está unicamente com a intenção de garantir que aquilo que mereceu o selo da UNESCO possa continuar a ser mantido. Até porque acreditamos que existe aqui muito valor, em especial valor económico e que consideramos que deve ser mantido.

Falta ainda às pessoas da região entender o que significa este selo da UNESCO. O que pode ser feito para mudar esta ideia? Esse é precisamente um dos grandes desígnios que foram incorporados no plano de atividade desta direção que recentemente entrou em funções e que é a promoção da autoestima e da valorização identitária dos durienses à volta deste tema do património. Efetivamente achamos que é escasso o conhecimento que existe, não só do atributo em si mas do que este representa e de como pode ser transformado em valor. Há várias dimensões do nosso trabalho, uma delas vem já de direções anteriores e é a formação em escola. Numa primeira fase formação a professores, ministrada por especialistas na área, em conjunto com a UTAD, de forma a garantir que estes professores transmitem aos alunos a informação que lhes permita, primeiro tomar consciência do tema e depois tomar uma posição relativamente ao mesmo. Essa é claramente uma das dimensões. É importante tomar em consideração que

FOTO: CA

há um aspeto muito específico desta característica de Património, de bem da Humanidade, que a Região Demarcada do Douro tem e que não é muito normal. Se pensarmos, por exemplo nas Pirâmides de Gizé, estamos a falar de monumentos, que podem ser cercados, protegidos, algo bastante diferente do que aconteceu no Douro. O que mereceu a distinção da UNESCO na região foi esta simbiose, não sempre perfeita, este trabalho dual feito entre Homem e Natureza. Portanto à atribuição deste atributo há uma característica evolutiva. Evolução essa que pode ser boa mas que, no limite, pode também ser má para o próprio estatuto, portanto, o que nós queremos é consciencializar as câmaras, a CIM, os técnicos dos gabinetes de urbanismo, etc, para aquilo que são os valores identitários do Douro em termos de património, de urbanismo, de edificação e até mesmo de construção de vinhas. De alguma forma tentar criar exemplos de boas e más práticas que depois possam consolidar-se num modelo de caracterização daquilo que são os valores da Região Demarcada do Douro. Portanto, como referi são vários domínios. No plano da discussão dos temas está na nossa mente a organização de uma conferência, no próximo ano, onde poderemos debater alguns deles como o impacto da demografia e das alterações climáticas, por exemplo, porque podem ser razão para alteração do nosso estatuto. Se daqui a 50 anos, devido às alterações climáticas tivermos um Douro diferente, será que vamos manter esta distinção? Para quem anda no terreno diariamente, essas alterações já se fazem notar? A experiência profissional que tenho e a informação que temos permite-nos, de uma forma inequívoca, dizer que já há efetivamente uma alteração em parâmetros como o aumento das temperaturas mínimas e máximas, o aumento dos golpes de calor, dos dias com noites tropicais (em que as temperaturas andam acima dos 20º), etc. É para nós absolutamente evidente que tem havido aqui uma alteração, em especial em termos de temperaturas. Vemos que diversos operadores ou agentes económicos já incorporaram estas alterações. Por exemplo, na agricultura essas mudanças passam por mudar castas mais sensíveis para zonas mais altas. Também a gestão do stress hídrico tem sido alvo de estudos que apontam que é difícil manter as vinhas sem recorrer

à rega da barragem da Valeira para cima. É óbvio que isto preocupa a associação e leva-nos a querer debater estes temas em busca de soluções benéficas para todos e para a região. Considera que toda a gente tem essa consciência? Eu diria que existe uma consciência para o problema mas ainda não sabemos a sua dimensão. Se estamos preparados? Acho que não até porque nem sabemos a sua real dimensão. Por outro lado também depende dos agentes económicos da região, as empresas mais estabelecidas, com mais know how, com maiores recursos têm um capital de conhecimento superior ao do lavrador médio. É importante portanto que estas empresas trabalhem próximo dos produtores ao longo de todo o ano e não apenas na altura da vindima, para que lhes possam transmitir conhecimentos sobre as doenças e modos de tratamento, por exemplo. Essa consciência resulta então do conhecimento acumulado dos lavradores com os estudos científicos que vão sendo feitos nos gabinetes?


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Destaque VivaDouro

uro Património Mundial

Mundo. Homem de fortes convicções olha para o Douro como uma região afirmada mundialmente mas ainda com margem de cresciial (LADPM), António Filipe deu uma entrevista exclusiva ao VivaDouro onde o Douro e o trabalho da Liga foram os temas centrais. FOTO: CA

Precisamente. Mas também organizações como a ADVID que tem uma reputação incontestável nacional e internacional incontestável e um capital de conhecimento muitíssimo bom e que devem estar aí para ajudar nestes processos de transformação. Dando um exemplo de como nos podemos articular neste triângulo (empresas, instituições e produtores), nós lançamos à ADVID o desafio de criar um livro de boas práticas na construção de muros nas vinhas, não só do ponto de vista da agricultura mas também para a biodiversidade. Fomos alertados para um problema que é o facto de os muros estarem a ser demasiadamente bem construídos, com as pedras muito certinhas. Isto, numa zona como o Vale do Tua está a ser prejudicial para o pássaro da vinha, o Chasco-preto que encontram abrigo e alimento nesses muros. A UNESCO alertou contra a construção da barragem Foz Tua. Qual a posição da Liga perante esta obra? A posição da Liga sobre essa matéria é clara, a barragem não devia ter sido construída e a UNESCO também foi

bastante clara quanto a essa matéria. Tendo sido construída resta-nos garantir que os danos potenciais são mitigados. Há danos a vários níveis, desde logo a luz de uma central elétrica à noite e a influência que tem na fauna e flora locais, a questão da turbinagem da água, o barulho, a forma como as linhas de muita alta tensão saem da central e atravessam o vale, a própria qualidade da água pode estar em causa. Basta ver que nós hoje, em certas alturas do ano não temos sequer um rio mas uma sucessão de lagos e isto levanta questões com a qualidade da água e o impacto da lixiviação em águas paradas e a sua contaminação por adubos e outros produtos. Tudo fatores aos quais devemos ter a máxima atenção. A verdade é que a barragem está lá e, aquilo que temos que garantir, é que minimizamos os danos. Esse é também um dos papéis da Liga, de alerta e prevenção para este tipo de agressões. No fundo podemos dizer que existem dois tipos de agressões. As externas, como são as questões da barragem, do gasoduto ou mesmo da mina de urânio a céu aberto em Retortillo e outras macro questões. Estas serão as mais mediáticas, as que suscitam maior interesse da opinião pública.

Contudo há um vasto conjunto de micro agressões que vão sendo feitas ao património dentro da própria região, fruto de mal entendidos e políticas muito paroquiais por parte de algumas autarquias, em especial aquelas que não se vêm integradas dentro de um bem maior. São, portanto, um conjunto vasto de agressões de que o património vai sendo alvo. O somatório de todas elas pode comprometer a distinção. Falou na relação da Liga com as câmaras a CIM e outras instituições. Como acha que estes “atores” vêm a própria Liga? Eu não sei como ela é vista mas espero que seja vista como um parceiro, um parceiro que está equidistante a todos e, nesse sentido, não nos importamos nada de ser usados como plataforma de diálogo, de promover e divulgar a informação. Um dos projetos que a Liga tem neste mandato é tentar criar uma base de dados temática da região. Acreditamos que o turismo e o enoturismo são essenciais para a região até porque podem ajudar a compensar alguns dos problemas que enfrentamos. Por isso queremos ir ao encontro daquilo que as pessoas procuram, seja o turismo religioso, as visitas aos miradouros, etc. O turista não vê a diferença entre a Régua e Lamego, por exemplo, para eles não há barreira e é também assim que nós devemos olhar para a região. Eu compreendo que o estatuto de Património Mundial pode chocar com os interesses das autarquias porque efetivamente promove algum tipo de constrangimentos. Não só na zona de património mas também nas Zonas de Proteção Especial (ZEP) e aí a Liga também tem um papel importante para ajudar a contornar alguns constrangimentos que as autarquias enfrentam. Acima de tudo gostava que vissem a Liga como um parceiro equidistante de qualquer cor partidária e que está aqui para ajudar, sempre na defesa e na preservação deste bem que é o Douro Património Mundial. O Douro atrai cada vez mais especialistas que acabam por promover a região arrastando milhões de turistas. Está o Douro preparado, física e humanamente, para este fenómeno? É uma bela questão para a qual não tenho

uma resposta concreta. Mais uma vez falamos de um processo evolutivo. Olhando 20 anos para trás percebemos que muita coisa está diferente, muita coisa melhorou, apareceram mais hotéis e restaurantes, etc. O que eu acho é que tudo deve ser feito tendo em conta o fator autenticidade, até porque aquilo que as pessoas procuram é uma experiência. Desde que consigamos manter esta lógica de que é algo único e especial, e que não está ao alcance de todos então, estamos no caminho certo. Este processo tem é que ser feito sem que se altere o ADN da região, seja na dimensão das construções, dos materiais que se usam, dos métodos de plantação de vinha, etc. Se tivermos essa preocupação de manter a autenticidade e mitigar os efeitos negativos do desenvolvimento, porque também os há, considero que o Douro terá o futuro garantido. Se o caminho for o da massificação é um caminho fácil para esgotar o recurso que temos. Passo dar-lhe um exemplo de uma viagem que fiz recentemente ao extremo oriente, a um local com uma beleza absolutamente fantástica mas onde ninguém toma banho no mar porque está cheio de plástico e detritos, eu pergunto-me como é que uma zona assim será ainda apetecível daqui a 10 anos? Isso pode acontecer se nós optarmos por esse caminho. Mas é um caminho que o Douro está a fazer? Podia estar a acontecer mais. A verdade é que as autoridades têm tido o cuidado e a preocupação de não permitir que vamos pelo caminho da massificação. As limitações que têm vindo a ser impostas têm ido nesse sentido, agora, é obvio que se pode fazer sempre mais. Os vinhos do Porto e Douro recebem cada vez mais prémios e distinções de nível internacional. Podemos dizer que a região está afirmada a este nível? É bom ter prémios mas eles não pagam os salários, é preciso que depois isso tenha uma expressão ao nível do valor. Globalmente podemos dizer que isso se tem traduzido num acréscimo de valor para a região, em especial no que diz respeito aos vinhos DOC Douro que tem aumentado o seu negócio a um ritmo superior aquele que o Vinho do Porto desce, combinando os dois fatores podemos di-


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Destaque VivaDouro FOTO: CA

Então teremos que nos destacar pela qualidade? Sim, pela qualidade e pela história que temos para contar. Uma pessoa ligada ao mundo dos vinhos, a uma das casas de maior sucesso dizia que, para algo ser valioso precisa de ser muito bem feito, escasso e com uma história para contar e eu considero que esta premissa deve ser aplicada na nossa região. No mundo há vinho a mais, comparativamente ao consumo, há também diversas alterações políticas e religiosas que limitam por exemplo, o numero de países para onde conseguimos exportar, por isso o desafio para os nossos vinhos é grande e temos que nos diferenciar dos demais, chegando à cabeça e ao coração do consumidor. Os números mais recentes apontam Portugal como o maior consumidor de vinho aqui produzido, em termos de valor, no entanto esse crescimento está muito ligado ao turismo e ao vinho que os turistas aqui consomem. Falta ainda alguma consciencialização para que consumamos mais daquilo que produzimos? Isso tem mudado de uma forma radical. É verdade que esse valor está ligado ao crescimento do turismo mas não foi aí que começou. Há aqui um trabalho que tem vindo a ser

feito por diferentes atores como a comunicação social, por exemplo, com o seu interesse por este produto. É hoje comum ver as pessoas a comprar revistas e jornais para verem os vinhos que ali são apresentados e comentados e isso acaba por influenciar a decisão do consumidor, que está cada vez mais capacitado para fazer as suas escolhas. É mau que o Vinho do Porto tenha vindo a decrescer mas é importante valorizar o produto. Não podemos permitir que num ou noutro país, fruto do poder negocial do intermediário, o preço de venda seja espremido ao máximo reduzindo ao mínimo as margens do produtor. Isso é um negócio que não interessa e, se se perder é mau mas não é assim tão mau. E a história do Douro vende? Eu diria que algumas sim mas, para a maior parte das pessoas não. A título de curiosidade dou-lhe um exemplo, recentemente pedi um levantamento da quantidade de muros existente na região e o somatório dá qualquer coisa como o equivalente a 3,5 pirâmides de Quéops, esta é uma curiosidade que podemos usar como argumento de venda. Depois temos a nossa história que é fabulosa e que não temos que inventar nada. As gerações mais novas são um público ao qual o Vinho do Porto tem que estar cada vez mais atento? Sim, é essencial, tem que haver uma renovação dos consumidores e isso é um desafio que a região tem. Eu acredito que os nossos jovens, apesar

Do programa com que esta direção foi eleita para a Liga, quais os principais pontos que gostaria de destacar? Para este ano temos uma série de eventos que já estão programados. Um deles é trabalhado em conjunto com a CCDR-n, o “Somos Douro” e para o qual existem já uma série de iniciativas pensadas para co-

locar no terreno. Temos também um protocolo a ser desenvolvido com a ADVID que para nós é muito importante. A organização da conferência de boas e más práticas de urbanismo na região. Temos uma a conferência anual sobre as ameaças ao estatuto de Património Mundial nas suas diferentes dimensões: alterações climáticas, demografia, economia do vinho, etc. Gostaríamos também encontrar alguns mecanismos para permitir às pessoas identificar e denunciar potenciais más práticas na região, de uma forma rápida e simples. Nos próximos dois anos pretendemos também arranjar forma de promover as boas práticas e isso pode passar pela criação de um selo de qualidade de projeto amigo do Alto Douro Vinhateiro, a ideia não é premiar a excelência mas acima de tudo a consistência de fazer bem e de fazer de acordo com as regras que melhor defendem o nosso estatuto. Na sequência da atribuição do grau Doutor Honóris Causa ao Presidente da Junta da Galiza, pretendemos fomentar ainda mais a nossa ligação ao povo galego enaltecendo o grande e positivo contributo que aquele povo tem dado para a região do Douro. ■ FOTO: CA

zer que estamos a crescer. Mais uma vez temos aqui o fator de termos algo especial. Produzir uvas na RDD custa à volta de 0,70€ por quilo, em outras regiões custa 0,10€, por isso, se queremos competir pelo valor então vamos perder.

de viverem num mundo cada vez mais digital, procuram também cada vez mais experiências diferenciadoras. Efetivamente acho que não fizemos tudo o que era necessário para atrair um consumidor mais jovem, sobretudo na apresentação e na associação do seu consumo a momentos de grande solenidade. De qualquer maneira acredito que, quando o momento chegar, estes jovens serão consumidores até porque os nossos vinhos são produtos de inegável qualidade. Não podemos tentar competir em termos de imagem ou marketing com as grandes marcas de bebidas brancas, por exemplo, temos é que encontrar o nosso caminho para chegar a essas gerações e, quando elas tiverem capacidade de decisão o ideal é que tenha os nossos produtos no seu top of mind. A nossa estratégia tem que ser diferente, mais focalizada não fazendo algo igual para todos.


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Régua

Douro Rock apresenta cartaz completo

A decorrer de 10 a 11 de agosto, na margem do rio Douro, na cidade do Peso da Régua, o Douro Rock assume-se como um festival alternativo ao circuito de festivais de verão, que se realizam no litoral do país. “O rock de casta portuguesa serve-se no Douro”, afirmou Miguel Candeias, da organização do evento, em conferência de imprensa, realizada na sede da APDL na Régua onde foi apresentado o cartaz completo do evento, sublinhando ainda a ideia da promoção regional aliada ao evento. “Promover o Douro é o objetivo num festival 100% português”, afirmou Miguel Candeias. Durante os dois dias de festival vão passar pelo palco do Douro Rock os Xutos & Pontapés, The Legendary Tigerman, The Gift, Samuel Úria, Frankie Chavez, The Twist

Connection, Mishlawi e Kappa Jotta. Kalú, baterista dos Xutos & Pontapés, que participou na conferência de imprensa, afirmou que, no concerto em agosto, o grupo vai apresentar músicas do novo trabalho da banda, que conta ainda com as sonoridades da guitarra de Zé Pedro, e os temas inevitáveis da banda. Depois da morte do guitarrista Zé Pedro, os concertos de 2018 da banda terão, segundo realçou, “uma grande carga emotiva” e também servirão como homenagem ao músico que faleceu no final do ano passado. Kalú salientou que apoia a “100%” estas iniciativas que promovem a música portuguesa, e destacou ainda o cenário do festival, o Douro, do qual diz que se sente parte, já que a avó possui uma quinta no Pinhão, onde o músico tem memórias desde a sua infância. Também John Gonçalves, teclista e baixista dos The Gift, igualmente presente na sessão, realçou a realização deste festival no interior do país. “É bom ter estes eventos em sítios que não são os mesmos, e este Douro Rock está a provar isso, está a sair do litoral, onde a maior parte dos festivais

FOTO: CA

O festival já tem o seu cartaz completo e, pelo terceiro ano consecutivo, a música portuguesa é rainha num festival que aposta sobretudo nas melodias mais rock.

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de verão se realiza”, frisou. A banda irá apresentar, na Régua, o seu mais recente trabalho, “Altar”, lançado no ano passado. Presente também nesta apresentação esteve o autarca reguense, para José Manuel Gonçalves, este festival “contribui para a afirmação e divulgação da região”, destacando o impacto económico do evento, a nível da restauração e da hoteleira, expressando ainda o desejo de ver o número de visitantes aumentar nesta edição.

“Esperamos também mais campistas, uma figura típica deste tipo de eventos, e por essa razão estamos também a melhorar as infraestruturas a este nível de forma a proporcionarmos as melhores condições a quem nos visita durante esses dias”, afirmou Miguel Candeias. Nesta terceira edição, o evento quer consagrar-se. Entre 2016 e 2017, o festival passou dos 5.600 espetadores para os 10.800, número que se pretende ver aumentado na edição deste ano. ■ FOTO: CA


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Vários Concelhos

Jornalistas e bloggers estrangeiros visitam o Douro Cerca de duas dezenas de jornalistas e bloggers de dez países diferentes estiveram no Douro a conhecer a região e os seus produtos, uma visita organizada pela Associação Comercial de Vila Real.

conhecer melhor a região e os seus produtores apesar de já ter estado no Douro em outras ocasiões, “não é a primeira vez no douro mas é a primeira vez que é a primeira viagem de vários dias que me permite conhecer e conversar com os produtores. O vinho do porto já conhecemos mas esta viagem permite-nos conhecer os outros vinhos da região e temos provado excelentes vinhos, que encaixam perfeitamente no público sueco”. Presentes nesta prova de vinhos estiveram diferentes produtores que aproveitaram a oportunidade para mostrar o trabalho que têm vindo a desenvolver, “é importante estar nestes eventos para promover a nossa marca, alguns são de países para os quais já exportamos mas é importante conhecer sempre mais gente. O feedback que temos tem sido muito positivo”. Já Pedro Figueiredo, responsável da Associação Comercial da Vila Real, afirma-se satisfeito com o sucesso alcançado pela iniciativa. “Tem sido uma experiência muito positiva,

uma aposta ganha. Quer para os participantes quer para os produtores que entendem a importância que esta visita tem”. O promotor afirma ainda que é cada vez mais importante a aposta na área do marketing digital como ferramenta de promoção da região e dos produtos endógenos, “o marketing digital é cada vez mais importante. É uma realidade que me escapava a esta dimensão e esta experiência está a mostrar que é essencial. Temos que ter a noção que há público que se sente impelido a ir comprar um vinho só por ver uma fotografia de uma destas pessoas que aqui está”. Pedro Figueiredo afirma que, ainda que o vinho tenha sido a figura principal da iniciativa, os outros produtos da região não foram esquecidos, “estamos a dar um enfoque especial nos vinhos, porque é o produto bandeira da região mas, falamos também do azeite e fruta, por exemplo, como produtos com uma grande capacidade de exportação”. ■ Foto DR

Durante cinco dias, um grupo de 17 jornalistas e bloggers internacionais estiveram no Douro, a convite da Associação Comercial de Vila Real, tendo a oportunidade de conhecer a região e provar alguns dos produtos que aqui se produzem, uma ação que visa a promoção da região em mercados onde já se encontra presente. “A ideia deste evento é de promover a região e os seus produtos em mercados já consolidados, não era objetivo abrir novos mercados”, afirmou Nuno Augusto durante uma prova de vinhos que decorreu no edifício da Câmara Municipal de Vila Real, concluindo que esta iniciativa teve por base a ideia de “promoção do concelho de Vila Real e de toda a região do Douro e os seus produtos”. Entre os participantes a boa disposição foi evidente ao longo dos dias de visita e mesmo aqueles que já conheciam a região viram nesta iniciativa a oportunidade de a conhecer melhor. “Tenho visto um grande desenvolvimento na região nos últimos 15 anos, desde a minha primeira visita, e isso é muito positivo”,

afirmou Joan, um jornalista holandês que destacou ainda a oportunidade de conhecer pessoalmente os produtores, “o melhor desta visita é conhecer os produtores cara a cara porque é também assim que vendo os vinhos, por isso é importante conhecer quem está por trás da sua elaboração”. Já Liz Palmer, uma irlandesa a viver no Canadá destaca a forma como o grupo foi recebido em todos os locais por onde passou, “eu viajo muito e procuro locais bonitos, com gente simpática, boa comida e bons vinhos, foi isso que vim encontrar no Douro. Aqui é fácil até porque as pessoas nos recebem como se estivéssemos em casa, como parte da família e isso é mágico”. A blogger é uma das Top 40 influenciadores no ramo dos vinhos e procurou conhecer melhor uma região pela qual é apaixonada de forma a passar essa paixão aos seus seguidores, “sou uma das top 40 influencers no mundo e vim aqui para aprender mais sobre a região e os seus vinhos, para regressar a casa e educar as pessoas no meu país sobre os vossos vinhos”. Ainda a mesma bloger afirma que este tipo de iniciativas é importante para regiões como o Douro que se querem promover junto do público internacional, “trazer especialistas estrangeiros aqui é uma grande vantagem porque regressamos aos nossos países e funcionamos quase como embaixadores da região, promovendo-a e incentivando as pessoas a virem conhecer”. Eva, uma jornalista sueca partilha da mesma opinião e afirma que decidiu participar para

Alijó lança campanha para poupar água

1,7 Milhões de euros para apoio às famílias

A Câmara Municipal de Alijó arrancou este mês com a campanha “Gota a Gota não seque esta ideia - Poupe água” com o objetivo de apelar à poupança de água, uma luta necessária apesar de a chuva ter elevado os níveis da barragem local aos 90%.

A Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião concedeu, desde 2013, um total de 1,7 Milhões de euros para ajuda a famílias do concelho, divididos por diferentes apoios: bolsas de estudo, saúde ou recuperação de habitações degradadas.

“Felizmente São Pedro valeu-nos à última da hora e quase que repôs o nível da nossa albufeira. Ela está muito próxima dos 90%”, afirmou o presidente do município, José Paredes. A chuva que caiu em março e a previsão da que irá cair em abril, vai ajudar a colmatar problema de água este ano, mas o autarca salientou que a luta pela poupança “tem de ser constante”.

É uma campanha para continuar porque, segundo José Paredes, o fato da barragem de Vila Chã estar a repor os níveis “não quer dizer que se possa desperdiçar água”. “Este é um primeiro passo. Queremos, periodicamente e ao longo do ano, apelar e relembrar que é na poupança que muitas vezes está a melhoria das nossas condições de vida”, sublinhou o autarca. No âmbito da campanha, o município está a distribuir desdobráveis pela população com mensagens de sensibilização como fechar a torneira enquanto se escova os dentes ou se barbeia, não lavar roupa ou louça com água corrente ou assegurar que não há fugas de água nas tubagens ou torneiras. Num concelho onde algumas aldeias são ainda abastecidas por nascentes de água, José Paredes referiu que algumas localidades, no período de verão em que há maiores consumos, têm mais dificuldades de abastecimento pelo que é necessário recorrer à ajuda dos camiões cisternas. ■

O anúncio da verba foi feito pelo próprio autarca numa sessão na câmara onde entregou as bolsas de estudo, no valor de 500 euros, a 65 alunos que frequentam o ensino superior público e cujo agregado familiar tenha residência no concelho, fazendo o balanço do investimento nas famílias que tem sido levado a cabo desde que chegou ao cargo de presidente. O autarca explicou que os apoios financei-

ros estão dispersos por vários programas como a recuperação de habitação degrada, as bolsas de estudo aos estudantes no ensino superior, o “viver com conforto” que ajuda na aquisição de fraldas, o apoio à aquisição de medicamentos e os protocolos com o centro de emprego. Luís Machado salientou ainda que o objetivo deste programa é “eliminar ou pelo menos minorar as desigualdades económicas e sociais, que muitas vezes se tornam reais impeditivos na prossecução dos seus estudos”. Entre os beneficiários estão incluídos sete bombeiros voluntários, sendo também uma demonstração do incentivo por parte da autarquia ao voluntariado. Em breve, segundo o autarca, estarão concluídas as obras de beneficiação de 58 casas de famílias carenciadas, num investimento de 167 mil euros, dando assim continuidade com o projeto deste executivo que é acabar com a habitação degradada neste concelho do Douro. ■


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Vários Concelhos

Biodiversidade na viticultura protegida por boas práticas

Este manual nasce no âmbito de um projeto internacional, “Parceria Europeia para a Proteção da Biodiversidade na Viticultura”, que está a ser dinamizado, em Portugal, pela associação ambientalista Quercus e a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) aos quais se juntam ainda parceiros de Espanha, Alemanha e Turquia. “A perda de biodiversidade, atualmente, é um problema a nível global quase equiparado às alterações climáticas”, afirmou Paula Lopes Silva, da Quercus, que falava em Vila Real, à margem de um seminário de balanço sobre o projeto.

Segundo a ambientalista, um dos principais responsáveis pela perda de biodiversidade hoje em dia é a agricultura, nomeadamente através da redução de habitats de algumas espécies, da aplicação de herbicidas ou o desgaste dos terrenos. A opção do estudo se debruçar sobre a viticultura deu-se devido à importância económica desta atividade, e delineou um plano de ação, “prático e acessível”, que identifica cerca de 110 boas práticas a aplicar na vinha e na adega. “Este é um projeto sobretudo de divulgação e formação. Não é um projeto que tenha propriamente gerado conhecimento científico, mas em que tentamos congregar o conhecimento já existente, das boas práticas já existentes, nos quatro países”, salientou Paula Lopes da Silva. Segundo Cristina Carlos, da ADVID, os produtores do Douro já aplicam várias técnicas amigas do ambiente, como, por exemplo, a construção de muros de pedra seca, as sebes, o enrelvamento, a diversidade de castas ou a confusão sexual, utilizada contra a traça da uva.

Os muros, para além de servirem de suporte à instalação das vinhas na encosta, oferecem abrigo e proteção para aves, répteis ou insetos. O arrelvamento e outras infraestruturas ecológicas (arbustivas ou arbóreas) oferecem habitat, abrigo e alimento a muitos organismos benéficos como joaninhas ou parasitoides os quais, por sua vez, reduzem a presença de pragas na vinha. Um conjunto de técnicas que têm vindo a ajudar ainda na redução da aplicação de herbicidas e pesticidas. A melhoria da biodiversidade passa também pela adega onde se deverá ter uma maior atenção aos produtos adquiridos. Por exemplo, a opção por rolhas de cortiça, um recurso 100% sustentável e renovável, que pode ser reciclado numa série de novos produtos. Incluído neste projeto internacional estão ainda incluídos, a criação de um guia de bolso sobre a biodiversidade em viticultura, que descreve as principais espécies que podem ser identificadas pelos produtores, desde os organismos benéficos às pragas e espécies prejudiciais, e uma série de pequenos vídeos protagonizados por viticultores que dão o exemplo

das técnicas que já utilizam. O projeto é financiado pelo Programa Erasmus+ da União Europeia, arrancou em 2015 e tem duração até 31 de agosto deste ano. ■ Foto DR

Um manual de boas práticas vai ser colocado ao dispor dos produtores de vinho com o objetivo de proteger e promover a biodiversidade na vitivinicultura, desde a vinha até à adega.

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Torre de Moncorvo | Freixo de Espada à Cinta

Barragens inundam exploração agrícola em Moncorvo

A exploração agrícola da família da jovem agricultora Catarina Martins fica na Foz do Sabor, na zona em que o rio se encontra com o Douro, e tem sofrido diversas inundações, provocadas pela subida das águas “um metro e vinte acima da quota que está estipulada legalmente para esta zona”. Os prejuízos ainda não estão calculados, mas Catarina Martins avança já que não vai poder cumprir com os contratos que tinha com clientes de grandes superfícies de Portugal e de Espanha e teme que a situação “piore” com nova subida das águas. Este é já o

quarto alagamento das plantações em cinco anos, tendo três deles sido alvo de processos em tribunal e pedidos de indemnização que totalizam cerca de 300 mil euros. “Eu vou perder os meus contratos para a entrega destes produtos porque não tenho condições para cumprir” afirmou a jovem agricultora. Catarina Martins responsabiliza a EDP pelas inundações que destoem as culturas e argumenta que a subida das águas acima do legalmente previsto naquela zona do Baixo Sabor se deve “à má gestão das barragens” do Douro e do Sabor, que acumulam a água neste local e provocam o alagamento. Catarina Martins foi distinguida com um prémio de jovem empresária agrícola e decidiu seguir o negócio dos pais, licenciando-se na área. “Eu queria fixar-me nesta zona, mas eles estão-me a mandar embora por que eu não consigo andar toda a vida a pedir empréstimos para dar continuidade ao negócio por causa dos prejuízos”, desabafou. ■

FOTO: DR

O alagamento de parte de uma exploração de hortícolas existente em Torre de Moncorvo tem gerado “avultados prejuízos”, alegadamente pela subida ilegal das águas das barragens do Douro e Sabor.

Procissão dos “Sete Passos” mantém a tradição

Também conhecido como “Encomendação da Almas”, o ritual repete-se todas as sextas-feiras do período quaresmal, mas a última noite, na Sexta-feira Santa, é a mais esperada. Junto à antiga capela de Misericórdia, um grupo de homens que habitualmente integra a função sublinha que este ritual mantém fidelidade à origem “medieval”, mudando apenas alguns pormenores. Um dos figurantes e membro do atual grupo que realiza a procissão dos “Sete Passos” é José Martins, de 71 anos, que encara a sua participação como uma promessa de “fé e sacrifício”. “Vivemos isto com muita intensidade”, observa. Acrescenta que o grupo envolvido na “Encomendação da Almas” “até está maior, mas nas ruas, durante o ritual, há menos público. “Vai tudo embora para fora. Já não é como antigamente”, desabafa. Já Manuel Carrapatoso, de 75 anos de idade, conta que “herdou” o seu lugar na

procissão do seu pai. “O meu pai já fazia parte do grupo secreto que organizava a procissão e eu aprendi os cânticos. Aprendi também a olhar para quem está ao lado e saber o que fazer, no momento certo”, observa. O ritual envolve também um grupo coral que entoa “um cântico dolente e penetrante”, em português e latim, apenas junto a igrejas e encruzilhadas. Segundo os promotores desta iniciativa, a figura principal de toda a procissão é a “Velhinha”, uma personagem vestida de negro, que percorre todo o trajeto curvada, com “cajado” numa mão e com uma lanterna alimentada a azeite na outra. Elemento de destaque neste ritual é igualmente uma bota com vinho, “que significa o sangue de Cristo derramado”. Também marcam o ritual os sons das “emblemáticas” peças de ferro, presas à perna de duas pessoas e que são arrastadas pela calçada. “Tornam a via-sacra ainda mais penitente”, vincam os envolvidos no ritual. “Há períodos na procissão em que as pessoas se aproximam da velhinha com humildade, em sinal de penitência. E ela dá de beber a quem demonstra mais respeito e arrependimento”, explicam. A identidade de quem encarna tal personagem é sempre motivo de curiosidade, já que não é fácil saber de quem se trata. Quanto à designação “Sete Passos”, “é en-

tendida como o compasso, visto que toda a procissão é efetuada ao ritmo de um compasso de sete passos, bem medidos

e compassados”, observam os participantes, que no seu total não ultrapassam as duas dezenas. ■ FOTO: DR

Em tempo de Quaresma, a vila de Freixo de Espada à Cinta, mantém viva a tradição da procissão dos “Sete Passos”, um ritual tido como “único” em todo o país.


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Vários Concelhos

Escola que “enfrentou” Salazar Inaugurada a recuperação classificada de Interesse Municipal da Casa dos Milagres de Alijó Conhecido como um dos locais onde mais se contrariou a vontade do Governo de António de Oliveira Salazar, o edifício do Externato Infante D. Henrique será classificado pela autarquia moimentense como Imóvel de Interesse Municipal. Marcante na história do ensino no concelho de Moimenta da Beira, a instituição de ensino foi um marco na contestação ao regime do Estado Novo. Em causa, estavam os arcos que protagonizaram uma revolta popular que aconteceu há quase 60 anos e

que agitou o regime do Estado Novo, que queria demolir. Agentes da PIDE, guardas da GNR, prisões, ordens e contraordens de Viseu e Lisboa, sinos a tocar a rebate, estudantes em protesto e uma revolução popular foram os ingredientes desta contestação. A razão para a demolição do edifício é o desenho do mesmo, inspirado no arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, partidário do comunismo, era visto como demasiado arrojado para um país em ditadura, fechado a novos conceitos artísticos e demasiadamente conservador. Esta é uma das histórias que, até 15 de julho, estará em exposição no Museu do Design e da Moda de Lisboa, no âmbito da exposição “Tanto Mar – Fluxos Transatlânticos do Design”, que traça um mapa dos fluxos entre Portugal, Brasil e alguns países africanos no campo do design e da cultura material. ■

A Casa dos Milagres faz parte do Santuário do Senhor de Perafita que é formado por um conjunto de edifícios, integrando, para além da igreja, a Casa dos Milagres, a capela do Senhor dos Milagres, a fonte e o calvário.

FOTO: DR

O edifício encontrava-se já bastante degradado mas, ao abrigo do acordo de compensações da barragem Foz Tua, foi possível recuperá-lo e abri-lo agora ao público, num investimento que rondou os 160 mil euros. Segundo a Direção Regional de Cultura do Norte, uma primeira fase da intervenção contemplou o restauro de “uma das maiores coleções de ex-votos existente em Portugal”, os ex-votos são quadros, imagens ou inscrições que se oferece numa igreja ou numa capela para comemorar um voto ou desejo atendido. Trata-se de um agradecimento por qualquer intervenção miraculosa ou grandes graças recebidas. A Casa dos Milagres, que se situa no centro da aldeia, guarda os ex-votos, 94 tábuas votivas de óleo sobre madeira e metal, datadas de 1758 a 1896, quadros narrativos

de milagres ou graças realizadas, que o povo solicitava, e eram concedidas. De acordo com o protocolo assinado, em 2013, entre a DRCN, a EDP - Gestão da Produção de Energia e a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua, compete à EDP financiar a valorização de património cultural localizado em Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor, municípios abrangidos pelo Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua. A Direção Regional de Cultura do Norte é a entidade responsável pela coordenação e implementação do projeto de valorização do património, que inclui um conjunto de monumentos previamente identificados entre esta entidade e os municípios envolvidos, e que serão recuperados ao abrigo do acordo previamente estabelecido. No concelho de Alijó, e no âmbito desta iniciativa, já foi também intervencionada a Capela da Senhora da Lapa, em São Mamede de Ribatua. De acordo com o protocolo assinado, em 2013, entre a DRCN, a EDP - Gestão da Produção de Energia e a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua, compete à EDP financiar a valorização de património cultural localizado em Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor, municípios abrangidos pelo Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua. ■

Um ano depois da explosão em Lamego familiares retomam vida normal Das oito vítimas mortais, seis eram da mesma família e outros dois eram funcionários. A família mantém-se reservada mas há sinais evidentes do regresso à normalidade.

Indemnizações das seguradoras Segundo informações recolhidas pela comu-

nicação social, em falta está ainda o pagamento das indemnizações por parte da seguradora, contudo, a reserva da família em falar aos jornalistas não permite confirmar qual o ponto de situação atual. O presidente da Junta de Freguesia de Ferreiros, onde vive aquela família, disse ao VivaDouro nada saber sobre as indemnizações, até porque “a família é demasiado reservada”, contudo têm ido até à sede da Junta onde têm solicitado alguma documentação que o autarca afirma poderem tratar-se de documentos “para tratar da situação dos seguros”. “Mas a família não tem falado com a Junta. Nem para pedir qualquer tipo de apoio, psicológico ou outro. Foi um processo difícil, mas é uma família muito forte, com grande dinâmica”, explicou Patrício Esteves. Na altura do incidente, a PSP revelou que a empresa tinha sido inspeccionada em 2016, não tendo sido detectada qualquer desconformidade com a lei. “A empresa Pirotecnia Egas Sequeira, Sociedade Unipessoal, Ld.ª, em que ocorreu o incidente, encontrava-se a laborar ao abrigo

de uma autorização provisória do exercício da actividade, por força do previsto no Decreto-Lei n.º 87/2005, de 23 de Maio. A referida empresa foi alvo de várias acções de fiscalização pelo Departamento de Armas e Explosivos da PSP, tendo a última ocorrido em 12/04/2016, não tendo sido detectada qualquer desconformidade com a Lei”, referia então uma nota de imprensa da PSP enviada à agência Lusa. ■ FOTO: Arquivo VivaDouro

Um ano após a explosão numa pirotecnia de Lamego, que provocou a morte a oito pessoas, “os sinais da tragédia vão desaparecendo e a dinâmica familiar vai normalizando”, afirmou o presidente da Junta de Freguesia de Ferreiros, local onde residem. “Têm a vida normalizada, um dos filhos retomou o negócio, não na produção, mas apenas na venda e as irmãs estão a dar apoio ao mesmo tempo que trabalham numa empresa da região que as empregou após a tragédia. A situação está normalizada”, afirmou o autarca. Das oito vítimas, seis eram da mesma família e outros dois eram funcionários. O dono da empresa de pirotecnia, uma filha deste, três

genros do proprietário e ainda uma sobrinha não sobreviveram a uma forte explosão, seguida de incêndio, naquela unidade industrial. No final da tarde do dia 4 de Abril de 2017, a explosão deixou em choque as povoações circundantes, tal a brutalidade do incidente, que obrigou a grande desempenho da protecção civil, além de outras forças de segurança. Na altura, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se ao local e o Parlamento aprovou por unanimidade um voto de pesar, assim como a Câmara de Lamego. O Município de Lamego também destacou o facto de o primeiro-ministro, António Costa, ter manifestado “de imediato a sua solidariedade pessoal e o incondicional apoio do Governo, através da presença do secretário de Estado da Administração Interna e das mensagens e disponibilidade manifestadas pelo ministro da Defesa e outros membros do Governo”.


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Vários Concelhos

Vinhos “Alumni UTAD” 2018 apresentados A prova de degustação deu-se durante a gala de apresentação na UTAD e onde foram também conhecidos os enólogos que serão responsáveis pela produção de 2019. Luís Duarte, Paulo Ruão e Manuel Lobo de Vasconcellos apresentaram no passado dia 16 de março, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), as suas produções para o projeto vinhos “Alumni UTAD” edição de 2018. O conceito da marca vinhos de autor “Alumni UTAD” reúne antigos estudantes da UTAD, todos eles conceituados criadores de vinhos, em torno de um projeto inovador, em que todos os anos, três antigos estudantes da UTAD, de diferentes regiões vitícolas, serão responsáveis pela produção de um vinho tinto, um vinho branco e um vinho generoso. A receita da venda dos vinhos reverte integralmente para os Serviços de Ação Social da UTAD. Para a produção de 2018, Paulo Ruão criou um Douro DOC Branco produzido com a Casta Viosinho, selecionada das vinhas

com maior altitude região do Douro, procurando a frescura dos seus aromas. Com ligeira passagem por madeira de carvalho Francês, pretende criar complexidade sem perturbar a intensidade aromática, característica da casta. Paulo Ruão é licenciado em Enologia pela UTAD e fez formação no Instituto de Enologia, em Bordéus. É responsável pela direção técnica e enólogo da empresa Lavradores de Feitoria, Vinhos de Quinta SA, na região do Douro, e membro do conselho de administração. Luís Duarte produziu um Tinto Regional Alentejano elaborado com uvas provenientes da vinha do Monte do Carrapatelo uma vinha com 10 hectares de uvas brancas e tintas, situada na aldeia do Carrapatelo, em Reguengos de Monsaraz. As castas utilizadas neste vinho foram: Alicante Bouschet, Tinta Miúda, Touriga Nacional e Petit Verdot. Luis Duarte é aluno do primeiro curso de Enologia da UTAD e iniciou a sua carreira profissional no Esporão, no Alentejo. Foi enólogo e diretor de produção desta empresa (desde 1987), iniciando todo o projeto, até 2004. A partir desta data assume a gerência da Herdade dos Grous, tendo como responsabilidades a produção e comercialização de vinhos, agropecuária e olival. Criou a Luís Duarte Vinhos e é

consultor de vários projetos de vinhos em Portugal. Em 2015 foi distinguido com a Comenda da Ordem de Mérito Empresarial - Classe de Mérito Agrícola - pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva Manuel Lobo de Vasconcellos produziu o Porto Alumni L.B.V 2013 que possui na sua génese, uvas provenientes de terroirs de eleição da região do Douro, que transmitem a pureza, identidade e história da região com a denominação de origem mais antiga do mundo. Um lote especial composto por uvas das castas Touriga Nacional, Touriga Franca, bem como por uma vinha com 70 anos onde podemos encontrar uma diversidade de castas, que tão bem definem a complexidade e dimensão desta magnifica região que é o Douro. Manuel Lobo de Vasconcellos, também licenciado em Enologia pela UTAD, é desde 2007 diretor de enologia na Quinta do Crasto e enólogo da empresa de vinhos do Douro Roquette & Cazes. Desde 2015, exerce funções de enólogo consultor nos projetos de vinhos da família, nas Regiões do Alentejo (Herdade de Perescuma) e Tejo (Quinta do Casal Branco). A produção de 2019 do projeto vinhos “Alumni UTAD” ficará a cargo dos enólogos e antigos alunos da UTAD, Luís Ca-

bral de Almeida (vinho tinto), António Luís Cerdeira, (vinho branco) e João Brito e Cunha, (vinho do Porto), tendo sido indicados, respetivamente, por Luís Duarte, Paulo Ruão e Manuel Lobo de Vasconcellos, seus antecessores. A gala de vinhos “Alumni UTAD” incluiu também uma prova de vinhos intitulada “As mulheres no mundo do vinho”, que contou com a participação das criadoras de vinho, Ana Sofia Rodrigues, Celeste Marques, Maria Serpa Pimentel, Marta Casanova, Martta Reis Simões, Mónica Figueiredo, Rita Mendes, Sandra Alves, Sandra Gonçalves, Sofia Caldeira, Susana Melo Abreu e Vera Moreira, também antigas estudantes da UTAD e que permitiu uma “viagem por Portugal” com os seus vinhos. Também durante o evento, os presentes tiveram a oportunidade de assistir a uma Tertúlia, em que participaram Fernando Alves, da Symington Family Estates, Jorge Dias, da Gran Cruz e Beatriz Machado, da The Fladgate Partnership, moderada por Manuel Carvalho, do jornal Público, e onde se falou sobre a “evolução qualitativa” e sobre os rostos da “revolução” e “transformação” dos vinhos portugueses, e do seu impacto e afirmação nos mercados nacional e internacional. ■

Moimenta da Beira vai ter skate park

Santuário da Lapa prepara celebração dos 520 anos

A ideia para o skate park que irá nascer em Moimenta da Beira nasceu da vontade de Luis Alves, ou Luisinho, como é conhecido em Moimenta. Apaixonado pelo skate e sem um espaço para treinar as suas manobras, há dois anos fez um pedido ao autarca que agora será realidade.

O Santuário de Nossa Senhora da Lapa, em Sernancelhe, assinala este ano 520 anos e está a preparar aquela que quer que seja uma das maiores peregrinações, que terá lugar a 16 de setembro. “O Santuário pretende fazer convergir todos os locais, de todo o mundo, onde exista a devoção ou culto à Senhora da Lapa. Para tal já foram convi-

dados vários locais referenciados nesta Casa Mãe a participar devidamente identificados com estandarte, bandeira, insígnias ou outra forma de identificação que costumem usar nas suas celebrações mais solenes”, anunciou, em comunicado, a reitoria do Santuário. Para assinalar a efeméride, foi lançado o concurso a estudantes de arte ou pessoas ligadas às artes gráficas para elaborarem o cartaz das comemorações. Os concorrentes deverão fazer chegar as suas propostas até 3 de junho e o vencedor terá uma “gratificação simbólica de 250 euros”. A avaliação de propostas estará a cargo da Mesa de Honra da Associação de Nossa Senhora da Lapa. ■ FOTO: DR

“Tive a ideia de ir falar com o presidente. Foi numa quarta-feira à tarde, em agosto. Fui lá e disse-lhe que gostávamos muito de ter um skate park”, recorda Luís Alves, hoje “todo feliz” porque o projeto que idealizou “vai ser feito”. E até ficará junto às escolas, integrado no futuro Parque da Alagoa. “O Luís veio falar comigo para pedir que fizesse um skate park. Dei-lhe papel e um lápis e disse-lhe: “ora desenha aqui o que pretendes””. E o rapaz, então com 12 anos, traçou o esboço diante de José Eduardo Ferreira, um presidente “muito feliz por estes contactos permanentes dos munícipes”. “Este retorno é muito importante. É a proxi-

midade que valoriza o poder local”, observa o socialista, enquanto relembra, “muito satisfeito”, a iniciativa de três crianças do 1.º Ciclo que lhe escreveram um bilhete a pedir um corrimão para as escadas da galeria municipal. O corrimão foi posto, e o autarca aplaude quem “chama a atenção para pequenas coisas que têm impacto na vida das pessoas”. “A maior parte destes contactos resulta em ações concretas. Temos todo o dever de participar civicamente. Quando as pessoas se interessam por estas pequenas coisas, estão a preparar-se para se preocuparem com coisas maiores na vida”. Entretanto, passara-se um ano desde o pedido de Luís, e o jovem insistiu. “Fui lá (à Câmara) outra vez e pedi: “senhor presidente, faça-nos o skate park. Já temos o projeto!”. Ele sempre disse “sim, vou fazer”. E chegou o dia”, conta Luís Alves, que à quarta-feira reúne na Câmara com o responsável pelo projeto. “O Luís tem acompanhado o processo, e isso é muito giro, e decorre dessa proximidade”, congratula-se José Eduardo Ferreira, adiantando que o skate park, orçado em 25 mil euros, “está instalado antes do verão”. No total, o Parque da Alagoa custará 250 mil euros e será feito por fases, com inclusão de percursos pedonais, parques infantil e de merendas, área para ginástica, um espelho de água e zona de miradouro. ■


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Programar antes de saber ler ou escrever é realidade na Régua Projecto Code Mode, da Santa Casa da Misericórdia de Peso da Régua, ficou em primeiro lugar na V edição do Prémio Maria José Nogueira Pinto. Lógica, algoritmos e programação fazem agora parte do quotidiano das crianças reguenses. Num país em que a Matemática e as áreas científicas em geral são um problema no percurso escolar de muitos alunos, a Santa Casa da Misericórdia do Peso da Régua teve a ideia de pôr crianças do pré-escolar, que ainda não sabem ler nem escrever, a fazer programação de computadores. A ideia parece difícil mas o recurso a robôs educativos, dotados de software específico para a realização de actividades lúdicas que envolvem lógica, algoritmos e programação, facilita o processo. A ideia, já levada a quatro jardins-de-infância do concelho, valeu aos seus autores o prémio Maria José Nogueira Pinto, promovido pela farmacêutica Merck Sharp & Dohme, para distinguir projectos “socialmente responsáveis”. Distinguido num total de 94 candidaturas, o Code Mode da Santa Casa da Misericórdia de Peso da Régua visa desenvolver as competências digitais das crianças desde o pré-escolar, num concelho em que os baixos níveis de escolaridade se associam a uma elevada taxa de desemprego.

“Através da programação, é possível desenvolver a capacidade de comunicar, de colaborar e de resolver problemas e até trabalhar a vertente artística”, sustentou Daniela Meira, da Santa Casa do Peso da Régua, em declarações à comunicação social, para explicar que os robôs, um dos quais adquirido nos Estados Unidos da América (o Kibo) e outro em Inglaterra, “permitem até que as crianças inventem histórias e as animem com a ajuda do robô que aprendem a programar através de símbolos, isto é, sem precisarem de saber ler nem escrever”. Pelo caminho, as crianças das quatro escolas do pré-escolar do concelho, por onde o Code Mode já passou, vão aprendendo e desmistificando noções elementares de programação e robótica. A ideia é “fazer chegar o projecto a mais crianças, nomeadamente do 1.º ciclo do ensino básico”, segundo Daniela Meira. A V edição do prémio Maria José Nogueira Pinto, cujo primeiro prémio é de 10 mil euros, atribuiu ainda menções honrosas (com direito a mil euros) a quatro outros projectos. Um deles é o Dreaming with survivors, da associação Acreditar de Coimbra, que criou uma rede de sobreviventes de cancro infantil com a missão de discutir as principais necessidades de mudança na área da pediatria oncológica. No rol de distinguidos está ainda o projecto Biokairós que promove a integração indivíduos em risco de exclusão social numa unidade de produção agrícola, o SMS+Cuidadores, desenvolvido no Marco de Canaveses e que apoia maiores de 65 anos no domicílio com um leque de cuidados que inclui estimulação neuro-cognitiva e formação aos cuidadores; e, por último, o Super Babysitters, uma plataforma de babysitting solidário que liga famílias com baixos rendimentos a voluntários disponíveis para tomar conta das crianças. ■

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Vários Concelhos

Mosteiro de São João de Tarouca assinala 20 anos de reabilitação

Guiada pelo arqueólogo co-responsável pela intervenção, Luís Sebastian, a iniciativa surge ainda integrada no Ano Europeu do Património Cultural e nas comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, assinalado a 18 de abril. O Mosteiro de São João de Tarouca, o primeiro da Ordem de Cister a ser construído em Portugal, foi fundado em 1140, pelo ainda conde Afonso Henriques. A construção começou em 1154 e o complexo monástico viria a ser largamente ampliado no século XVII e XVIII com a construção de novos edifícios,

de entre os quais se destaca um novo e colossal dormitório. Em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas em Portugal, a igreja foi convertida em igreja paroquial e as dependências monásticas foram vendidas em hasta pública, sendo os edifícios explorados como pedreira até aos inícios do século XX. Com a igreja classificada como Monumento Nacional em 1956, tendo a proteção sido estendida a todo o conjunto em 1978, em 1996 o Estado Português iniciou a gradual aquisição de toda a área monástica, dando início à escavação arqueológica em abril de 1998. Finda a escavação em 2007, cerca de dois anos depois arrancava o projeto Vale do Varosa, que passava a integrar, além de São João de Tarouca, mais dois monumentos de relevo. O vizinho, também cisterciense, Mosteiro de Santa Maria de Salzedas e, já no concelho de Lamego, o Convento franciscano de Santo António de Ferreirim. Neste sentido, as principais linhas estratégicas do projeto Vale do Varosa foram a recuperação de edificado, a musealização do património móvel e imóvel, a instalação de centros de acolhimento e interpretação, a criação de uma imagem personalizada, a abertura ao público com funcionamento em rede e o desenvolvimento de ações de divulgação con-

junta. Já em abril de 2014 outros monumentos se juntaram ao Vale do Varosa. A Ponte Fortificada de Ucanha e a Capela de São Pedro de Balsemão passaram a integrar um projeto que desde o seu início teve como objetivo o alargamento da rede, potencializando a valorização do conjunto. A rede, hoje em pleno funcionamento, pretende afirmar a região como destino cultural de referência, ao fazer emergir no contexto duriense um conjunto de monumentos clas-

sificados que, no caso dos mosteiros cistercienses, foram mesmo uma peça fundamental na excelência reconhecida à região desde 2001 como Património da Humanidade. No próximo dia 21 de abril, os participantes na visita aberta às reservas e Mosteiro de São João de Tarouca terão uma oportunidade única de reviver 20 anos de intervenção e reabilitação do complexo monástico, que acabaria por dar lugar a uma rede de monumentos, a rede de monumentos Vale do Varosa. ■ Foto CA

Os 20 anos da reabilitação do Mosteiro de São João de Tarouca serão assinalados, no próximo dia 21 de abril, com uma visita aberta às reservas do mosteiro. A escavação, uma das maiores em território nacional, decorreu entre 1998 e 2007 e esteve na génese do hoje multipremiado Projeto Vale do Varosa.

Museu do Douro pretende ser mais inclusivo

O projeto resultou de uma candidatura da Fundação Museu do Douro à linha de apoio à valorização turística do Interior e pretende contribuir para a “excelência turística” no território Património Mundial da UNESCO, promovendo a inclusão cultural e a cooperação transfronteiriça. Luís Carvalho, do Museu do Douro, disse à agência Lusa que o projeto agrega quatro ações diferentes, entre as quais a iniciativa “Turismo acessível - Museu Inclusivo”. “O objetivo é chegar aos públicos com necessidades especiais que nos visitam cada vez mais e nós pretendemos que o Museu do Douro seja um espaço cultural de vanguarda no acolhimento desses públicos”, afirmou.

Até ao verão, pretende-se adaptar a unidade museológica, sediada no Peso da Régua, com novos equipamentos e tecnologias direcionadas para os públicos com necessidades especiais, desenvolvendo conteúdos em língua gestual para surdos ou em braille para invisuais. “Queremos que um invisual possa, de forma completamente autónoma, fazer a sua visita ao Museu do Douro”, salientou. Para estes utilizadores, os produtos de apoio à comunicação digital têm por objetivo a conversão da informação visual em tátil ou áudio. Serão ainda produzidas placas de sinalização tátil gravadas em acrílico com braille. As pessoas com deficiências auditivas terão acesso a um “pocket guide” (guia de bolso) e a vídeos em língua gestual. O Museu do Douro irá disponibilizar também áudio-guias em inglês, francês, castelhano e alemão, bem como uma aplicação móvel que combina uma planta do espaço com um sistema de interação que fornece ao utilizador automaticamente acesso a informação relativa à área onde se encontra. Os conteúdos vão ficar disponíveis em diversos formatos (áudio, textos e vídeos de língua gestual), de forma a serem acessíveis, independentemente das capacidades do utilizador.

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O Museu do Douro está a implementar o projeto Douro Inclusivo para melhorar as condições de visita de pessoas com necessidades especiais, através de ferramentas como vídeos em língua gestual, conteúdos em braille e áudio-guias.

Segundo Luís Carvalho, o Douro Inclusivo inclui mais três ações que passam pela ampliação do atual espaço expositivo da unidade museológica para locais que estavam, até agora, vedados ao público, pelo desenvolvimento e promoção de projetos no âmbito da Rede de Museus do Douro e pelo projeto 897. Realizado pelos Sons do Douro, um grupo musical de percussão contemporânea que utiliza pipas de vinho como instrumentos musicais, o 897 concretizou uma viagem que começou na foz do Douro e fez o percurso inverso ao rio até à nascente nos Picos de Ur-

bión, recolhendo a sua sonoridade, das suas paisagens e gentes. O objetivo foi fazer “uma ligação e uma partilha entre as populações” que vivem junto ao rio, através das tradições, história e novas sonoridades que deram origem a um concerto, um caderno de viagens e a um filme-documentário que foi lançado já no início deste mês de abril. No âmbito da Rede de Museus do Douro vai ainda ser criado um “Passaporte” que contém informação sobre as unidades museológicas públicas e privadas. ■



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Opinião

Confederação da Economia Social Portuguesa

Eduardo Graça Presidente da Direcção da CASES

No decurso do presente mês de abril de 2018 será dado o último passo para a criação da Confederação da Eco-

nomia Social Portuguesa. Trata-se de uma decisão que resulta de um processo de reflexão, e debate, realizado desde finais de 2016 no âmbito do Congresso Nacional da Economia social que decorreu ao longo de 2017. Pouco tempo atrás poucos acreditavam na viabilidade de reunir numa entidade associativa confederal, de âmbito nacional, as mais representativas, e diversas, confederações que representam as diversas “famílias” portuguesas da economia social. Mas o “inviável” vai tornar-se realidade. Quais as “famílias” de que falamos? São todas aquelas que a Lei de Bases da Economia Social enumera no seu artigo 4.º, resumidamente,

as seguintes: Cooperativas; associações mutualistas; misericórdias; fundações; instituições particulares de solidariedade social; associações com fins altruísticos que atuem no âmbito cultural, recreativo, do desporto e do desenvolvimento local e entidades abrangidas pelos subsetores comunitário e autogestionário. Serão as entidades associativas de grau superior, representativas destas diversas “famílias”, que assumiram o compromisso de criar, desde já, a Confederação Nacional que representará grande parte do universo da economia social portuguesa, ou seja, mais de 61 000 entidades, mais de 2,8% do VAB nacional e mais de 6% do emprego

remunerado a tempo completo. E qual a importância da criação da Confederação? Em breves palavras, será a de assumir a representação do setor da economia social, a uma só voz, no respeito pela diversidade, contribuindo para o seu efetivo reconhecimento pelos poderes públicos, em conformidade com a Constituição da República e a Lei, e pela comunidade nacional. A criação desta Confederação é um acontecimento da maior importância na história contemporânea da economia social em Portugal. Trata-se de um desafio exi-

gente para todos os seus dirigentes, como que o reinício de um longo caminho que exigirá redobrados, e persistentes, esforços internos para manter a unidade na diversidade, a criação de incentivos a melhorias na gestão das entidades de base e de sua transparência, profissionalização, sem prejuízo do papel do voluntariado e, finalmente, a conceção, e adoção, de um novo modelo de relacionamento com o Estado e o setor privado almejando o acesso ao mais alto patamar da concertação social. A todas e todos os seus dirigentes os meus desejos dos maiores sucessos!

O Douro sabe bem...

Valores mais altos se levantam

Jornalista / licenciado em psicologia

“Sem título” foi uma das músicas que fez grande sucesso na primeira meia-final do Festival da Canção e Bruno de Carvalho quer, seguramente, evitar ao máximo ter de a cantar. No entanto, a continuar assim, pelo menos uma parte ele irá consagrar: “De que servem dez Lisboas se me sinto no deserto?!”. Escrevi isto há uns meses e, agora,

mais de 100 anos de história. Em forma de contraste, destaque a quem realmente merece: os jogadores. Os verdadeiros protagonistas. E é caso para perguntar: William Carvalho, de que planeta vieste?! Nas palavras de Jorge Jesus, o médio leonino jogou condicionado em Madrid e, dessa forma, teve que sair ainda antes do intervalo na partida frente ao Atlético. É verdade. Ninguém diria após aquele passeio de classe pelo novo Metropolitano. A exibição de William foi soberba e nada fazia indicar que se estava a ressentir da sua lesão. O poderio físico, a capacidade de condução, a qualidade no passe, o posicionamento perfeito. William Carvalho é um dos melhores médios-defensivos da Europa e Fernando Santos concor-

Foto DR

Tiago Nogueira

faz todo o sentido sublinhar. Bruno de Carvalho tem um amor indiscutível pelo Sporting Clube de Portugal e fez muito pela instituição que (ainda) preside. Desde a reestruturação financeira muito inteligente e do aparecimento da “Sporting TV” até à construção do novo pavilhão e ao crescimento incontestável das modalidades e da formação, passando ainda pelo facto de ter batido o recorde de sócios no Sporting. Todavia, o seu ego infinito não o deixa ir mais longe. O equilíbrio faz parte de qualquer gestão e é, por isso, o fim da linha. Parece-me inevitável. Resta aos sócios desfazerem aquilo que tão bem fizeram (com mais de 90%) na última Assembleia Geral. Porque valores mais altos se levantam e ninguém pode ousar estar acima de um clube com

da comigo. Não é à toa que a seleção campeã europeia de futebol não abdica de tamanho jogador. Especialmente quando falamos do trabalho em posse de

bola. Melhor que ele, neste momento, para esse estilo de jogo, só Busquets. O “homem invisível” mais importante do mundo do futebol.


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Opinião

A aposta num Douro Criativo

António Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD

O contributo das indústrias criativas na economia dos países desenvolvidos tem vindo a afirmar-se, sendo considerado vital na afirmação e desenvolvimento de regiões, como o Douro. Indubitavelmente, os desafios societais e a centralidade atribuída ao conhecimento, enquanto fator de desenvolvimento das regiões, exigem das Universidades respostas adequadas em matéria de ensino, de investigação e de valorização do saber, mas também novas dinâmicas de interação com o território. Assim, a UTAD está a promover o projeto Douro Creative HUB,

visando consolidar o papel das indústrias criativas na criação de valor acrescentado em diversos setores da região, incluindo os tradicionais. O que pode esperar a região deste projeto? Desde logo, um diagnóstico prospetivo das necessidades e oportunidades no setor e o mapeamento dos principais atores regionais na área das indústrias criativas. A criação de espaços de incubação de startup’s criativas, de uma plataforma de empreendedores, envolvendo criativos que queiram desenvolver a sua atividade no Douro, bem como a criação de um mer-

cado criativo. A aproximação das empresas locais por agregação de massa critica, para apoiar a “construção” de um cluster criativo do Douro, futuro Polo de indústrias criativas. O prémio “Douro Criativo” que inclui seis categorias, com foco na região do Douro mas com dimensão nacional, por forma a dar visibilidade a quem já promove este sector na região. O Futuro das regiões obriga à interação do sistema científico com as organizações e a economia do território, aumentando a sua competitividade internacional e o potencial para transformar

as comunidades, originar novos produtos, tecnologias inovadoras e novas ideias. Implica soluções que promovam o esbatimento das fronteiras, a atração de jovens criativos e dos denominados trabalhadores do conhecimento, a participação em redes e a interação criativa entre o pensar global e o atuar local. É neste cenário que a UTAD aposta na dinamização das indústrias criativas na comunidade académica e na região. E esta abertura, à sociedade e ao mundo, permite afirmar uma Universidade mais comprometida com o território.

Porto e Douro reforçam presença na ProWein 2018

Manuel de Novaes Cabral Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP)

O grande ponto de encontro do ano, para o setor vitivinícola, decorreu entre 18 e 20 de março, em Düsseldorf. A participação na Prowein 2018 permitiu ao Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP) consolidar a sua ação nos grandes mercados mundiais, comprovando o dinamismo e a capacidade de afirmação dos produtores da Região Demarcada do Douro (RDD) à escala global. A qualidade dos Vinhos do Porto e do Douro é cada vez mais reconhecida, sendo hoje claro o posicionamento de excelência que têm. O prestigio e a confiança que merecem tem impulsionado a perceção de valor por parte de especialistas e consumidores de todo o mundo.

Baseada numa forte diferenciação dos produtos, no equilíbrio entre inovação e tradição e no respeito pela Denominação de Origem e pelo terroir, a RDD tem vindo a reforçar uma forte notoriedade internacional no setor. Na edição deste ano da Prowein, o IVDP marcou presença com setenta e cinco produtores e uma intensa programação. Integrado no setor Wines of Portugal, o espaço “Porto & Douro Wines” cresceu (desde 2011, mais do que duplicamos a presença em número de agentes económicos e área ocupada) e, para além dos stands, manteve uma área para realizar um programa de provas comentadas e seminários, muito concorridos e apreciados, que apre-

sentaram e aprofundaram, em múltiplas abordagens, a diversidade e a excelência dos Vinhos do Porto e do Douro. A Prowein que, desde 1994, vem juntando o mundo à volta do vinho, bateu este ano o recorde com 6870 expositores de 64 países visitados por mais de 60 mil profissionais de 133 nacionalidades. A maioria dos participantes da Prowein são oriundos de Itália e França, seguidos da Alemanha, Novo Mundo, Espanha, Portugal e Áustria. Esta feira é atualmente o maior ponto de encontro para profissionais da vitivinicultura e gastronomia, tanto da produção como da distribuição e hotelaria. São três dias inteiramente focados no negócio com um programa que

supera expectativas de ano para ano, prometendo renovar-se como local de presença obrigatória para o setor. Para os expositores, são dias intensos numa plataforma mundial, sob uma organização alemã e em que se observa uma crescente curiosidade pelos vinhos portugueses. Esta é a oportunidade ideal para obter informação sobre o potencial dos mercados, dar visibilidade aos vinhos, captar reações a novos lançamentos e estabelecer e consolidar contactos. Apresentando os vinhos, as suas histórias, os produtores e enólogos e dando a provar Porto e Douro marcamos mais um importante momento de promoção e visibilidade na maior feira de vinhos e espirituosos para profissionais.

Biodiversidade: Todas as formas de vida cumprem uma função

Ricardo Magalhães Vice-Presidente da CCDR-N

Não sei se já tiveram oportunidade de visitar a galeria de Biodiversidade/Centro de Ciência e Vida da Universidade do Porto a excecional exposição - Photo Artk da National Geographic localizada no Jardim Botânico do Porto? Se ainda não tiveram a chance de o fazer, não percam mais tempo. É um espanto. No mesmo espaço cruzam-se a história natural, a biologia e a arte, naturalmente. O fotografo - Joel Sartore - é premiado em todo o mundo e há mais de 15

anos que é colaborador da revista mundialmente conhecida e centra o seu trabalho na representarão das espécies que estão em cativeiro ou em risco de extinção. Cada uma das fotos ajuda-nos a perceber que só protegemos o que conhecemos. Que só nos comprometemos quanto sentimos que nos pertence. Por isso é vital garantir a biodiversidade, salvaguardar e valorizar habitats que correm riscos crescentes. Repito a ideia: só protegemos o que conhecemos. Só nos envolvemos quando gostamos seriamente...

Esta exposição não nos deixa indiferentes. Pelo contrário, faz-nos perceber que andamos distraídos. Faz-nos perceber que temos que atentar, de cuidar desse património com um cuidado cirúrgico. Que trate de igual modo, os diferentes habitats. Temos um património natural distribuído pela região de que é preciso tirar melhor partido. É preciso que esses excecionais valores sejam tratados de forma integrada. A infraestrutura natural é um puzzle em que cada peça está ligada a outra de mesmo va-

lor. Tempos um património natural de tal forma reconhecido que, hoje por hoje, é um recurso estratégico e, como tal deve ser tratado. Não pode ser, tão só, um bombom que se coloca em cima de bolo quando é preciso alindar a festa... “Quando salvamos espécies, estamos na realidade a salvar-nos a nós próprios”... (Joel Sartore) Em síntese. Todos os anos se extinguem milhares de espécies. Não há, pois, tempo a perder...


30 VIVADOURO ABRIL 2018

Opinião

A Cidade Douro Sul pode ser Capital Europeia da Cultura?

Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro

No Douro Sul a cultura é ancora! A Economia local já tem como motor de desenvolvi-

mento, a cultura. A Cultura como um produto apreciado, estruturado e consumido de forma regular. No Douro Sul, são alguns os exemplos de sucesso na área cultural, a começar pelo Museu de Lamego e o projeto desenvolvido no Vale do Varosa. Com ideias vanguardistas e trabalho aturado, um Arqueólogo, chegado por cá há 20 anos, Luis Sebastian, fez desses monumentos um lugar de fruição cultural e de interação humana. Os bens culturais, neste território, para além de estarem organizados e estruturados, ganharam valor pela forma como se abriram à sociedade. No Vale do Varosa os mo-

numentos são a maior atração de turistas. Em lamego, o Museu é a grande âncora para o turismo nesta cidade. Felizmente todos os concelhos do Douro Sul têm um valiosíssimo espólio de bens culturais, sejam monumentos ou património imaterial e ainda dinâmicas artísticas de grande qualidade. Se esta oferta for sistematizada, teremos a cultura como a grande fator de desenvolvimento local. O Douro Sul , tal como habitualmente me refiro ao VV - Vale do Varosa, é um admirável pequeno mundo! A música, a capacidade intrínseca para a sua aprendizagem nesta região, as filarmónicas e todas as outras

formas de expressão nesta arte, em estruturas nos diferentes municípios, é já um caso sério de dinamização e valorização social. Sernancelhe tem feito da cultura a sua grande bandeira, com resultados extraordinários, que deviam ser estudados e a fórmula de ação replicada. Com estes exemplos, pois muitos mais poderia aqui abordar, quero provocar reflexão e discussão acerca da forma como poderemos sistematizar os bens e as manifestações culturais nos diferentes concelhos, organizarmos a sua oferta num conceito à escala do Douro Sul, e, com determinação, fazermos da cultura a âncora de refe-

rência para o desenvolvimento económico e social. A cultura fixa pessoas, a cultura movimenta pessoas, a cultura valoriza os territórios que conseguem destacar-se com ofertas diferenciadoras. Há gente fantástica, aqui no Douro Sul, em diferentes áreas da cultura. Juntos darão a conhecer este território como uma das grandes centralidades da cultura em Portugal. Podemos pensar na candidatura da cidade conceptual e simbólica - Douro Sul, a Capital Europeia da Cultura? Entretanto, crie-se o “Pelouro da Cultura” da cidade Douro Sul! O Douro Sul, tem futuro!

sional de saúde visual. As lágrimas artificias também devem ser de utilização diária obrigatória para diminuir a secura das lentes ao longo do dia, que ocorre naturalmente. Desta forma, evitamos que a lente utilize a nossa lágrima natural para se manter húmida. A não utilização deste produto provoca em casos mais graves o desenvolvimento de olho seco. Para que a saúde dos seus

olhos se mantenha, é importante haver uma consciencialização dos utilizadores para as boas normas de utilização de lentes de contacto. Mas como cada caso é uma caso, pode dirigir-se a uma das nossas ópticas em Lamego, Régua, S. João da Pesqueira e Albergaria-a-Velha onde temos profissionais de saúde visual que o podem aconselhar sobre a forma mais adequada de utilizar as suas lentes.

Manutenção de Lentes de Contacto

Ivan Optometrista

Os maus hábitos no que diz respeito ao uso de lentes de contacto descartáveis e de substituição periódica são cada vez mais frequentes e provocados pela inconsciência dos utilizadores nas consequências que podem vir a ter. Entre os efeitos mais comuns temos as conjuntivites virais ou bacterianas e as queratites, que em casos mais

Em relação aos líquidos de manutenção, necessários para lentes de substituição periódica, podemos dividi-los, essencialmente, em três grupos: as soluções únicas, os peróxidos e as lágrimas artificiais. As soluções únicas são as mais utilizadas pelos utilizadores pois contêm agentes umectantes para a lente se manter hidratada e agentes desinfectantes para as manterem minimamente limpas. No entanto, apesar de terem estas duas vertentes, não devem ser o único produto a utilizar para manter as lentes limpas e saudáveis. O uso do peróxido é essencial para manter a boa qualidade da lente de contacto. A solução única é um excelente produto de conservação de substituição diária, mas apenas o peróxido consegue fazer uma desinfecção profunda das lentes (mesmo no seu interior). Este produto deve ser utilizado por todos os utilizadores, sempre de acordo com as indicações do seu profis-

Foto DR

(Ótica Oliveiras Multiopticas Lamego, Peso da Régua, S. João da Pesqueira e Albergaria a Velha)

graves podem mesmo impedir a pessoa de voltar a utilizar lentes de contacto, pois criam uma intolerância do olho aos seus materiais. Uma manutenção adequada destas lentes de contacto passa essencialmente por 2 regras chave: o cumprimento dos prazos e a utilização correcta dos líquidos de manutenção. Relativamente aos prazos, os utilizadores devem cumprir à risca a data de substituição das suas lentes, por exemplo, caso usem lentes de contacto quinzenais a substituição deve ser feita ao fim de 15 dias. O mesmo se aplica a lentes mensais ou diárias, pois no final do seu prazo de utilização a lente perde muitas das suas qualidades tornando-se um veículo de transmissão de elementos infecciosos. Para além de terem atenção ao seu prazo, também é exigido ao utilizador a não utilização das lentes de forma prolongada, isto é, não ultrapassar demasiado as cerca de 8 horas de uso continuado.


VIVADOURO ABRIL 2018 31

Lazer

B OA S FE ST AS

Piadas de bolso:

RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO

No hospital, diz o médico: - O senhor é o dador de sangue? E responde o doente: - Não, eu sou o da dor de cabeça!

Escola de Hotelaria e Turismo do Douro - Lamego TIRAMISSU

Ingredientes INGREDIENTES PARA 4 PESSOAS • 500 g de queijo mascarpone • 5 ovos • 5 colheres de sopa de açúcar • 40 palitos de La Reine • 2 chávenas de café sem açúcar • 2 colheres de sopa de Marsala (vinho doce italiano) • Cacau em pó sem açúcar

Preparação

• Separe as gemas das “Em nome da claras. Câmara Municipal de Tabuaço desejo um Natal Feliz e • Bata as gemas com o açúcar até um ano de 2018 pleno de realizações pessoais e profissionais” a mistura ficar esbranquiçada. HORÓSCOPO • Adicione o queijo mascarpone Oe Presidente da Câmara Maria Helena misture bem. Socióloga, taróloga e apresentadora • Bata as claras em castelo e(Carlos jun-André Teles Paulo de Carvalho) 210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt te-as lentamente ao preparado anterior. • Misture o café morno e o Marsala numa taça e embeba os palitos Amor: Predisposição para namoriscar ou reavivar um de La Reine. amor, através do qual irá exprimir os seus sentimentos de • Coloque metade dos palitos no uma forma muito sincera. fundo de uma taça, cubra-os com Saúde: Poderá passar por uns dias de grande nervosismetade do preparado feito com os ovos, coloque o resto dos palimo sem que consiga definir muito bem a sua origem. tos e cubra tudo com o que sobra Dinheiro: Será um bom período para fazer algumas altedo preparado. rações profundas na sua vida. • Deixe repousar no frigorífico durante pelo menos 3 horas (o ideal é deixar repousar 12 horas). • Antes de servir, polvilhe o Tiramisù com o cacau em pó usando uma peneira.

Diz ele para ela: - Posso não ser rico, não ter dinheiro, apartamentos e carros de luxo, ou empresas, como o meu amigo Anastácio, mas amo-te muito, adoro-te, eu sou louco por ti! Ela olhou-o com lágrimas nos olhos, abraçou-o como se o amanhã não existisse e disse baixinho ao seu ouvido: - Se me amas assim tanto de verdade, apresenta-me o Anastácio! Um maluco encontra-se com outro que leva um macaco pela trela e pergunta-lhe: - Aonde vais com o animal? Responde o outro: - O meu vizinho pediu-mo emprestado para trocar o pneu do carro!

Desafio VivaDouro

Foto: DR

O FILHO DO MEU PAI É PAI DO PADRE. O QUE SOU DO PADRE?

RESPOSTA: PAI

SOLUÇÕES:

A) FILHO B) PAI C) IRMÃO D) TIO E) SOBRINHO F) AVÔ G) OUTRO


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PROJECTO PROMOVIDO PELA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE VILA REAL O projeto “Douro Internacional” pretende promover o território do Douro e os seus produtos com capacidade de exportação.


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