PUB
Ano 4 - n.º 57 - dezembro 2019
Preço 0,01€
Mensal
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
Contacte-nos em: geral@vivadouro.org - www.vivadouro.org
Douro adota novo sistema de gestão das águas > Págs. 19 a 23
Entrevista VivaDouro
Chef Rui Paula: "Temos um rio que nos carrega de energia e que nos inspira todos os dias" > Págs. 10 e 11
Reportagem VivaDouro • Águas do Douro Sul e do Interior Norte passam a gerir abastecimento de água e saneamento na região. • Saiba o que dizem os autarcas da CIM Douro sobre esta alteração.
O Natal vivido num estabelecimento prisional > Págs. 20 e 21
PUB PUB
2 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Editorial Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org
José Ângelo Pinto
Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário
Registo no ICS/ERC 126635 Número de Registo Depósito Legal 391739/15 Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 Tel.: 910 599 481 Paginação: Rita Lopes Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Administrador: José Ângelo da Costa Pinto Estatuto Editorial: http://www.public. vivadouro.org/vivadouro
(S&D). Todos os eurodeputados presentes concordaram com a multifuncionalidade da castanha, como uma árvore frutífera e como madeira. As intervenções sublinharam como os pomares de castanheiro são essenciais na paisagem rural dos territórios de baixa densidade, pois as árvores geralmente crescem onde nenhuma outra produção pode ser colhida. Os pomares também contribuem para o combate às mudanças climáticas, graças ao seu papel determinante no sequestro de carbono (no stock e no fluxo de carbono) e na biomassa lenhosa. Além disso, os eurodeputados observaram que os castanheiros antigos abrigam uma biodiversidade excecional nas suas cavidades. Esses fatos estão bem detalhados no Livro Branco da Castanha Europeia, um relatório publicado pela Eurocastanea e AREFLH que foi apresentado durante a reunião e que identifica todos os ativos, desafios e dados de mercado da produção de castanha na Europa. Mais uma ação de promoção desta região que tanto precisa de quem a apoie.
Sumário: Breves Página 4
São João da Pesqueira Páginas 13 e 30 Foz Côa Página 14 e 36 Armamar Página 15 Sabrosa Página 17 Destaque VivaDouro Páginas 19 a 23
Luís Braga da Cruz
Vários Concelhos Página 24 e 34
Engenheiro Civil
Vila Real | Foz Côa Página 28
Próxima Edição 22 JANEIRO
O Lítio no Douro e em Trás-os-Montes"
Vila Real Página 12
Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda. e Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha
Impressão: Unipress Tiragem: 10 mil exemplares Sítio na Internet: www.vivadouro.org Facebook: www.facebook.com/ jornalvivadouro E-mail: geral@vivadouro.org Agenda: agenda@vivadouro.org
A Junta de Freguesia da Beselga, em Penedono, localizou uma descarga ilegal de restos de animais, de equipamentos eletrónicos e de outros resíduos na zona dos Vidoeiros e classificou o ato, pala além de ilegal, como “injustificável e também incompreensível nos dias de hoje”.
Entrevista VivaDouro Página 10 e 11
Penedono Páginas 26 e 27
Colaboradores: André Rubim Rangel, António Costa, António Fontainhas Fernandes, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Manuel Cabral, Paulo Costa, Pedro Ferreira, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Silva Fernandes.
NEGATIVO
Reportagem VivaDouro Páginas 6 e 7
NIF: 507632923
Sede de Redação:Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Fânzeres Tel.: 916 894 360 / 916 538 409 Sede do Editor: Travessa do Veloso - 87 4200-518 Porto Sede do Impressor: Arcozelo - Vila Nova de Gaia
A Estrada Nacional 2 foi premiada como projeto turístico público do ano A EN2 é um projeto turístico em volta dos 738,5 quilómetros, que liga Chaves a Faro, passando por 11 distritos, quatro serras, 11 rios e 32 concelhos.
Lamego Página 29 Opinião Página 38 Lazer Página 39
FOTO: DR
Caros leitores, Estive á dias em Bruxelas a representar o setor europeu da castanha numa apresentação no parlamento europeu dos ativos económicos, sociais e ambientais, conjuntamente com cerca de trinta representantes da EUROCASTANEA que apresentaram os muitos ativos da Rede Europeia de Castanhas ao Parlamento Europeu. Houve a oportunidade destes representantes da França, Portugal, Espanha, Itália e Áustria de apresentar os pontos fortes e fracos dos produtores europeus de castanha aos membros do Parlamento. A eurodeputada Pina Picierno (S&D), que organizou o evento, destacou a importância dos pomares de castanheiros e sua ocupação em territórios rurais, também com foco no alto valor nutritivo dessa fruta em particular e no forte potencial da sua interessante composição sem glúten. Os outros deputados que tomaram a palavra na reunião para compartilhar suas opiniões em apoio ao setor europeu da castanha foram os deputados Isabel Carvalhais (S&D), Álvaro Amaro (PPE) e Paolo de Castro
FOTO: DR
POSITIVO
Em Novembro ficámos a saber que uma empresa australiana requerera a prospeção e pesquisa para a exploração de lítio em vários locais no Douro e que três deles se localizavam dentro do perímetro da paisagem cultural classificada pela UNESCO. O Ministério do Ambiente, que tutela a Geologia e Minas, veio esclarecer dizendo que no Alto Douro Vinhateiro não haveria qualquer exploração. No entanto, ainda persiste a dúvida, se tal restrição se limita à zona classificada ou se também inclui a zona especial de proteção, a zona tampão - buffer zone - que para efeito das regras do Património Mundial goza de idêntico estatuto.
Tudo isto nos remete para a questão mais geral de como encaramos os territórios do interior, ditos de baixa densidade. Em que medida a exploração dos recursos endógenos desses territórios, que sendo nacionais como tal devem ser encarados, podem prejudicar as populações mais próximas. Será justo que se invoquem argumentos de interesse nacional quando o Estado central é o principal responsável pela incapacidade de reduzir o nível de isolamento desses territórios? O Douro e o Interior em geral não têm sido suficientemente acompanhados, as medidas concretas tardam e agora prometem-se quiméricas compensações. É de esperar que se levantem suspeitas e mecanismos de defesa. Há dias, em Chaves, o assunto era discutido e havia quem dissesse que o lítio poderia ser a salvação para Montalegre e Boticas pela mão de obra local que iria gerar. Mas também se comentou que as tarefas a desempenhar teriam de ser executados por gente vinda de fora, porque os naturais já não existiam nem em número suficiente, nem em capacitação. Por perturbar a sensibilidade ambiental do Alto Tâmega, esta solução terá sempre impactos. Além disso, a entrada massiva de estrangeiros também pode levantar questões de natureza cultural e
social que merecem atenção. A informação recente sobre a distribuição do lítio no planeta é muito interessante. O país que mais reservas detém é a Argentina (14,8 milhões de toneladas), enquanto Portugal se fica por menos de 1% disso e menos de 0,25% do total das reservas mundiais estimadas. Disseram-nos que o lítio nos poderia salvar pelo seu contributo para a descarbonização da economia e na transição para a mobilidade eléctrica. Mesmo com valores mais mitigados, importa centrar o debate nas restantes temáticas de que depende o desenvolvimento destas regiões, ouvir as soluções que os autarcas têm vindo a propor e manifestar a solidariedade nacional para com estas regiões . Diz-nos a Ciência que há 60 milhões de anos a colisão de um grande meteorito com a nosso planeta alterou profundamente a vida sobre ele: foi interrompido o ciclo dominador dos dinossauros e foram criadas condições para que as formas de vida inteligente acabassem por dominar a Terra. Hoje, a emergência climática pode arrastar-nos para impactos similares. Por ironia, o tal meteorito era rico em lítio. Terá criado as condições para a futura emergência do homo sapiens. Hoje, uma coisa é certa, não será só ele que vai contribuir para a nossa salvação.
PUB
4 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Breves Bandeira Com Palma 2019 atribuída a V. N. de Foz Côa O prémio, que é atribuído anualmente pelo Observatório de Autarquias Familiarmente Responsáveis – criado pela Associação Portuguesa de Famílias Numerosas, em 2008 – tem como objetivo «distinguir boas práticas em matéria de política familiar e distinguir os municípios que investem na construção de uma política integrada de apoio à família», segundo a mesma entidade. Foz Côa irá receber a Bandeira Com Palma 2019, destinada apenas a autarquias vencedoras da distinção por três ou mais anos consecutivos.
Best of Wine Tourism distingue projetos no Douro Os vencedores dos prémios do BWT já são conhecidos e o Douro ganha destaque com um total de 6 distinções entre as 8 categorias: Serviços de Enoturismo, Bago de Uva 360º; Arte e Cultura, Caves de Santa Marta; Experiência Inovadora em Enoturismo, Quinta da Avessada; Acomodação, Quinta do Vallado Wine Hotel; Práticas Sustentáveis de Enoturismo, Six Senses Douro Valley; Arquitetura e Paisagem, Quinta da Pacheca.
Ampliação da zona industrial de Carrazeda de Ansiães vai custar 2,5 milhões A primeira fase da ampliação da zona industrial de Carrazeda de Ansiães vai custar 2,5 milhões de euros, 600 mil dos quais para a aquisição de terrenos. É o investimento mais avultado inscrito pelo executivo municipal no plano e orçamento para 2020.
Municípios louvados por políticas de apoio às famílias A 11ª edição do Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis (OAFR) distinguiu dia 27 de Novembro, no Auditório da Fundação para os Estudos e Formação nas Autarquias Locais, em Coimbra, 77 municípios, entre eles dois da região do Douro: Vila Nova de Foz Côa e Vila Real.
Em 2020 Vila Real volta a receber prova da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA - WTCR Foi ontem à noite anunciado pela FIA – Federação Internacional Automóvel, o calendário da Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR) de 2020. Vila Real volta a fazer parte desta importante competição que passará pela capital transmontana nos dias 19, 20 e 21 de junho. De referir que o WTCR 2020, que tem confirmados 10 eventos e dois novos destinos, Coreia do Sul e Espanha, traz algumas novidades no que às regras da competição diz respeito estando, por isso, garantido um elevado nível de competitividade e de adrenalina pura.
Côa Summer Fest nomeado nos Iberian Festival Awards
Organizado pela Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), Ordem dos Arquitectos (OA) e Confederação Portuguesa da Construção e Imobiliário (CPCI), a premiação bienal destina-se a arquitetos portugueses que escolhem a madeira como matéria prima para as suas construções. O Hotel Rural Casa do Rio em Foz Côa, do Arquiteto Francisco Vieira de Campos do gabinete de arquitetura “Menos é Mais” foi o grande vencedor da edição deste ano, recebendo o troféu desenhado por Álvaro Siza Vieira.
O Côa Summer Fest está nomeado para os Iberian Festival Awards em 4 categorias: Best Small Festival; Best Cultural Programme; Best Live Performance - Murta; Best Festival Photo - Sara Franco | TimeLine. As votações terminam dia 7 de janeiro e poderá votar seguindo o link aqui: https://www.talkfest.eu/nominees20.
Critical Software abre novo centro de engenharia em Vila Real para duplicar a equipa Um ano após a abertura das primeiras instalações em Vila Real, a Critical Software, empresa especializada em soluções de software e serviços de engenharia para o suporte de sistemas críticos, irá mudar com o objetivo de fazer crescer a sua equipa para cerca de 50 colaboradores. Este crescimento está alinhado com a estratégia da tecnológica de investir no interior do país, ajudando na criação de oportunidades de emprego para o talento local.
A HUP!DOURO lançou, para todas as escolas do 3º ciclo do Ensino Básico e Secundário da CIM Douro, um concurso de ideias em que os alunos foram desafiados a apresentar ideias de negócio inovadoras, criativas e com impacto na região. A Escola do Douro-Lamego sagrou-se vencedora desta primeira edição do concurso “Empreender nas Escolas” que pretende celebrar o empreendedorismo jovem. Os jovens Benedita Rua, Joana Cardoso, Henrique Proença e Jorge Bento venceram esta edição com a sua CEPPAP, uma aplicação que pretende fazer a ponte entre empresas hoteleiras e a contratação de serviços externos.
Documentário "897Km de Douro" premiado em Barcelona O documentário "897Km de Douro", inserido no projeto Sons do Douro, venceu o primeiro lugar no IV Barcelona Planet Film Festival 2019, como melhor filme. Parabéns ao realizador André C. Macedo e a toda a equipa! FOTO: DR
HUP!DOURO – Escola de Hotelaria do Douro – Lamego vence Concurso de Ideias
FOTO: DR
Hotel Rural Casa do Rio vence o PNAM’19
PUB
6
VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Reportagem VivaDouro
Natal vivido atrás das grades Texto e Fotos: Carlos Almeida
O Natal é, por tradição, uma época vivida em família, junto daqueles que mais amamos, com alegria, contudo, nem todos podem viver esse espírito como os reclusos do Estabelecimento Prisional de Lamego (EPL) que o VivaDouro visitou. No total são quase 80 os reclusos nesta instituição, privados da liberdade pelos crimes que cometeram passam estes dias entre atividades que ajudam a colmatar a distância de casa e a ausência dos que são mais queridos. “Tentamos que esta época seja passada com bastante dinamismo para eles estarem ocupados. Os reclusos participam na decoração do EP, preparam a festa de Natal, que este ano acontece dia 19 de dezembro, em associação com uma escola com quem trabalhamos, o que lhes dá uma vivência desta quadra, não só do dia de Natal propriamente dito. Todos os anos organizamos um almoço de Natal com os familiares, aqueles reclusos que o pretendam fazer só têm que nos comunicar e nós preparamos uma refeição para que possam ter esse momento em família”, conta-nos a diretora Maria José Ferreira. Apesar destas atividades desenvolvidas na instituição há prisioneiros que preferem a tranquilidade da cela para passar estes dias, nada que Maria José Ferreira não esteja já habituada pela longa experiência que tem, contudo, são situações às quais a própria diretora e os guardas prisionais se mantêm atentos para evitar situações de tensão ou depressão que possam existir entre os reclusos. “Nesta altura de Natal estamos mais atentos, nomeadamente às situações em que sabe-
mos que eles estão mais frágeis, em especial aqueles que sabemos que têm falta de apoio familiar. Sabemos à partida quais são as situações a que devemos estar mais atentos e estamos sempre alerta. Pode acontecer uma situação inesperada, por exemplo, com a saúde de um familiar de algum recluso mas nesse caso eles também sabem que estão à vontade para nos falar dessa situação para que nós, dentro do possível, minimizemos qualquer questão. Da experiência que eu tenho aqui é sabido que há sempre reclusos que preferem não ter uma participação ativa nestes momentos, ficam mais recatados, mais pensativos, algo que nós respeitamos desde que não haja ali algum problema, como uma depressão, por exemplo. Eles sabem que estão à vontade para viverem esta época da forma que quiserem, com as devidas condicionantes de estarem reclusos. Este é um estabelecimento prisional (ep) de pequenas dimensões logo o acompanhamento que fazemos em relação aos reclusos é muito próximo, conhecemos todos pelo nome e estamos por dentro da situação de cada um, o que faz com que as situações nunca cheguem a ser demasiado graves”. Também António Pereira, Guarda Principal do EPL nos fala sobre essa preocupação,
apoiado nos já muitos anos de experiência neste serviço. “Para quem está recluído esta nunca é uma época fácil, é uma altura em que se fala e pensa muito na família e eles acabam por estar privados de muita coisa aqui dentro. Tentamos estar atentos a qualquer situação que possa acontecer, sabemos que há reclusos que nesta altura se fecham mais, ficam mais recatados e acabamos por ter mais atenção a estes homens. Se não quiserem participar nas atividades não são obrigados, há quem prefira isolar-se, só temos que nos manter vigilantes com possíveis situações de depressão de algum detido, nesses casos temos que agir em conformidade”. Patrick Albuquerque, é natural de Viseu, tem 41 anos e depois de dois natais vividos em reclusão, este ano conseguiu uma saída precária para passar a esta quadra em casa, junto da família. “É difícil, estamos longe dos nossos familiares e das regalias que lá fora temos, estamos privados da nossa liberdade, é normal. Ir a casa este ano é muito bom, é algo a que só damos valor depois de perder. Fizemos algo de errado e estamos a cumprir uma pena mas não é uma situação fácil para ninguém, são as consequências da vida”. A possibilidade de ir a casa durante o Natal é,
por agora, uma expectativa para Pedro Fonseca de 36 anos, natural de Sernancelhe, que nos confessa que passa estes dias com alguma ansiedade enquanto a resposta não chega. “Já tenho tido algumas saídas precárias e neste momento estou à espera da resposta para saber se consigo passar este Natal em casa. Há alguma ansiedade e nervos mas também muita esperança em receber um resposta positiva. O Natal é a data que mais gosto e estar aqui é complicado, mesmo com o afeto que recebemos dos guardas e da diretora, ajuda a ficar mais leve mas, quando vamos para a cela e ficamos a pensar nos nossos familiares custa muito”. Discurso diferente tem Cristiano Carvalho, natural de Peso da Régua, este homem de 32 anos já sabe que passará o Natal longe da família. Com filhos menores, este detido não esconde o sofrimento marcado nos olhos lacrimejantes enquanto fala à nossa reportagem. “É complicado, com muitas saudades dos filhos, da mulher, da família… é complicado mas temos que ter força. A família é o que faz mais falta, em especial nesta altura que se fala tanto nos momentos em família. Esta é a primeira vez que estou preso e não quero voltar, numa época tão especial como
VIVADOURO DEZEMBRO 2019
7
Reportagem VivaDouro
> Maria José Ferreira, diretora do E. P. Lamego
esta damos ainda mais valor ao que perdemos ao sermos privados da nossa liberdade e faz-nos refletir nisso. Tenho alguns amigos e familiares aqui e sempre dá para nos sentirmos um pouco mais reconfortados, o problema é quando chega a hora de recolher e temos de ir para as nossas celas, é nesse momento que começamos a pensar e numa noite como a de dia 24 isso custa ainda mais, só queremos que chegue o dia seguinte”. Para amenizar o sofrimento são várias as atividades organizadas na instituição, desde o almoço com a família até à festa de Natal, organizada em parceria com uma escola com a qual o estabelecimento tem um acordo e onde os reclusos participam com momentos musicais e algumas peças de teatro. Também na noite de consoada os reclusos vivem momentos diferentes com o típico bacalhau à hora de jantar, o bolo-rei e uma visita da diretora e do Chefe dos Guardas que aproveitam o momento para dar umas palavras de conforto aos homens que ali se encontram, bem como uma pequena lembrança para marcar o dia. “Por hábito, no dia da Consoada eu e o Chefe de Guardas vimos cá sempre ao jantar para estar um pouco com eles, dar-lhes umas palavras de conforto e esperança e damos também uma lembrança individual a cada recluso. É a forma de dizermos que estamos com eles nestes momentos, e eles gostam disso. Há familiares que estão mais longe e que não vêm cá com regularidade que nesta altura nos pedem para fazer uma visita, são situações às quais damos uma atenção especial porque são pessoas que não estão cá e em especial nesta altura tentamos que seja
possível fazerem essa visita ao seu familiar ou amigo. Tem que haver um lado humano nas nossas decisões, em especial numa época como esta”, conta-nos a diretora Maria José Ferreira. A mesma ideia é partilhada pelo Guarda
> Recluso Cristiano Carvalho
principal António Pereira que sublinha que esta é uma forma de fazer os reclusos sentirem mais reconfortados. “Durante esta época vamos tendo diversas atividades, desde a festa ao almoço que eles fazem com a família ou a noite de consoada em que a diretora e o chefe de guardas vêm estar um pouco com eles, dar uma palavra de conforto e uma lembrança. São momentos importantes para que eles não se sintam abandonados aqui, estão reclusos mas são seres humanos e isso é importante”. Esta atenção aos reclusos é também sublinhada pelos três homens com quem a nossa reportagem falou, confessando que apesar de todo o sofrimento são momentos que ajudam a passar as dificuldades do isolamento daqueles que lhes são mais importante. “O Almoço de Natal é um momento bom porque nos permite estar com a família, não é só a nós que custa esta situação, para eles que estão lá fora longe de nós também não é fácil. As palavras que nos dizem de esperança e força são reconfortantes mas aquilo que queremos é ir para a cela, adormecer e esperar que esta noite passe rapidamente. Podemos estar presos por ter cometido um crime mas temos sentimentos e uma época como esta é sempre um momento difícil em especial para aqueles que não têm uma ligação com as famílias por isso também nos tentamos apoiar um pouco uns aos outros, este é um ep que não é muito grande por isso acabamos por ser mais próximos uns dos outros”, conta-nos Pedro Fonseca. Entre as diversas atividades, a que Cristiano Carvalho destaca é o almoço com a família
que lhe permite estar algum tempo com os filhos. “Fazemos uma festa onde nós participamos com músicas, peças de teatro ou outras atividades relativas à época. O almoço de Natal que fazemos com a família é a melhor parte, é uma vez no ano e para mim, que tenho filhos é ainda melhor. É especial, temos um pouco mais de tempo com aqueles que gostamos, posso dar de comer aos meus filhos, por exemplo, e isso é muito bom, mesmo sendo uns dias antes do dia de Natal. Na consoada comemos bacalhau e também nos dão bolo rei, filhoses e um pequeno cálice de champanhe. A diretora e o chefe dos guardas vêm sempre dar-nos uma palavra de consolo e esperança, juntamente com uma pequena lembrança”. Patrick Albuquerque, o detido que este ano já passará o Natal junto da família, refere a atenção da diretora e do chefe dos guardas são um dos momentos mais importantes pelo lado humanizante do gesto. “Temos a festa de Natal que é feita com a escola, temos a consoada e mesmo a diretora e o chefe dos guardas fazem questão de nessa noite nos dar uma pequena lembrança e algumas palavras até para nos ajudar a suportar esta reclusão. Só o facto de receber uma lembrança da diretora, por exemplo, é muito bom para nós, faz-nos sentir que não somos esquecidos, que não estamos aqui abandonados a um canto. Podemos ter cometido um crime mas isso não significa que tenhamos de ser colocados de parte, esquecidos”. ■
> Guarda Principal António Pereira
PUB
PUB
B O A S
A Câmara Municipal de Tabuaço deseja um Natal Feliz e um ano de 2020 pleno de realizações. O Presidente da Câmara
(Carlos André Teles Paulo de Carvalho)
10 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Entrevista VivaDouro particular por ser um monumento nacional. Não é muito habitual a nível nacional, todos os monumentos terem assim uma cozinha, com o nome de Siza Vieira associado e sobranceira ao mar… Eu vou ser sincero: este é um monumento nacional, uma casa lindíssima e de um grande arquiteto. Sem dúvida! E aqui, ao entrar esta gastronomia, nós conseguimos preservar este monumento nacional que tanto já passou, por coisas até menos agradáveis. Neste momento, compete-nos manter esta casa maravilhosa num sítio único, mas pondo uma comida boa na mesa. Este espaço está sempre cuidado e sempre com surpresas gastronómicas. Venha quem vier, diga-se o que se disser, o mérito é muito seu porque o monumento acaba por ser mais conhecido pela sua cozinha e por ser um chefe estrelado Michelin… Não, eu não sou melhor do que Siza Vieira nem tenho essa pretensão. O Siza Vieira é sobejamente conhecido e vem aqui muita gente de todo o mundo, porque a casa é bonita, é verdade.
Texto e Fotos: André Rubim Rangel
Grande Entrevista com: Chefe RUI PAULA Como foi o seu percurso até chegar ao sucesso que tem hoje? Pensava outrora, quando começou, que seria assim? Pensei sempre em ter sucesso, porque eu sou uma pessoa muito otimista. Não faço as coisas para não ter sucesso. Também é verdade que não se sabe o que pode acontecer no futuro. No meu caso, as coisas foram evoluindo, sempre no bom sentido. Isto exige, de nós próprios, ser cada vez melhores e não desistir. Nesta profissão tem de haver muito espírito de sacrifício, muito amor pelo que se faz e tem de se abrir mão de muita coisa. Mas não é um caminho fácil. Já são 25 anos, houve obstáculos, contudo temos de saber ultrapassar os obstáculos e agarrar as oportunidades. Portanto, foi o que eu fiz. De que forma conseguiu ultrapassar esses obstáculos? Qual a inspiração? Temos de ter uma força interior muito grande e quando não sabemos determinadas coisas temos de ir aprender com quem sabe. Quando queremos saber mais continuamos a buscar essa ciência e temos, de
facto, de nos dedicar de alma e coração ao projeto. Tudo isto descobriu por si próprio ou advém das suas raízes familiares? Eu descobri por mim próprio. Claro que eu tenho as minhas raízes de família bem assentes. Mas, realmente, por mais família que a gente tenha, se nós não formos como já referi antes não adianta. Gastronomicamente falando, em minha casa sempre correu bem: a minha avó cozinhava para muita gente e a minha mãe também é uma boa cozinheira. Não chega. Uma coisa é saber cozinhar e outra é ter restaurantes: eu já tenho vários e pago 80 ordenados. Portanto, é uma coisa séria! Do que aprendeu da avó e da mãe há algo que tenha aprendido e que tenha ficado sempre, para preservar essa memória? Ainda faz da mesma maneira, tal como aprendeu? Não, já não faço tal como aprendi, a não ser para eu comer ou alguém que me faça a
mim. De facto, hoje, neste patamar de exigência de restaurantes temos de apresentar de outra maneira. Temos de aplicar outros processos e técnicas. Mas a memória é, sem dúvida, a minha fonte de inspiração. Seja dessa memória familiar de que fala, seja a memória das viagens, de trabalhar noutras cozinhas, de leitura e de provar um prato algures. E eu, nos meus restaurantes – e como tenho muitos – ainda consigo ter pratos muito próximos dessa memória. Outros nem tanto, mas o sabor tem de estar sempre presente. Daí a memória ser fundamental! Para além destas inspirações há outros critérios inerentes, para si, a fim de abrir um restaurante? Sim, eu tenho uma particularidade: o espaço onde abro um restaurante não pode ser um espaço qualquer. Se reparar, todos os meus restaurantes são bonitos e têm um enquadramento. Acho que o espaço é fundamental para o cliente. O restaurante Casa de Chá da Boa Nova é
Não é a isso que me refiro, mas por exemplo ter sido graças a si que veio aqui jantar uma vez uma individualidade como o Sting, entre outras personalidades… Sim, é verdade também que vêm outras pessoas por causa da gastronomia. Eu sou um complemento, que encaro isso com humildade e responsabilidade. Agrada-me que as pessoas tenham esta experiência e me digam assim, como lhe vou dizer: que casa tão bonita, que sítio maravilhoso e, ainda por cima, comer uma comida destas. Isto é o que a gente quer ouvir. Ao falarmos neste restaurante falamos já de duas estrelas Michelin, com a segunda recentemente atribuída. A primeira certamente não terá sido surpresa: e esta última foi? O que muda para si e para o restaurante daqui para a frente, mesmo em termos de ambição e de desejo quanto a uma terceira estrela? Não foi surpresa, porque nós trabalhamos todos os dias para melhorar. Aliás, o nosso lema foi sempre trabalhar para a segunda, para manter a primeira e já agora trabalharemos para terceira para manter a segunda. É assente nisto – com responsabilidade, profissionalismo e criatividade – que iremos trabalhar para surpreender os nossos clientes. Qual foi aquela surpresa que lhe marcou pela reação de algum cliente especial, como o Sting, ou de um cliente anónimo/ desconhecido? O Sting disse que este era “o restaurante
VIVADOURO DEZEMBRO 2019 11
Entrevista VivaDouro Em termos de produtos nacionais o que nos torna excelentes e nos distingue lá fora? Nós, portugueses, nesta costa toda temos, com certeza, dos melhores – senão o melhor – peixes e mariscos do mundo. Porque as nossas águas são muito oxigenadas, são muito frias e tem muitas algas. É um mar cheio de maresia, fazendo com que – além de termos variados tipos de peixes – o nosso peixe seja único no paladar e na textura. Depois, temos também grandes azeites e grandes vinhos. Aí somos muito bons! Destaco os vinhos da região do Douro, não por a minha família ter lá raízes, mas por termos começado a fazer vinhos de mesa mais tarde. Todas as castas, inicialmente, eram para moscatel e vinho do Porto e hoje estão a dar cartas. Mas também destaco outra região, que me tem surpreendente: que são os vinhos do Dão. Nas carnes, já não somos tão bons, apesar de algumas boas, mas há quem tenha bem melhor do que nós.
mais bonito do mundo”: isso é bonito de ouvir. Mas tive outras pessoas. Recordo-me de uma senhora que estava a chorar na Casa de Chá da Boa Nova. Estava com o marido. Eu pensei que era alguma coisa que aconteceu. E afinal estava a chorar de emoção, porque estava numa casa tão bonita e com uma comida tão maravilhosa. Não tinha palavras. E o marido disse-me: “não se preocupe que ela está a chorar de emocionada”. Isso foi uma surpresa! E evidentemente que me toca. Acho que essa senhora nos transmite que estamos num lugar mágico! Além de ser um chefe renomado de cozinha é também um pedagogo, como júri do conhecido programa televisivo «Masterchef», tendo terminado agora mais uma edição. Como é trabalhar com esses aspirantes que concorrem e que mensagem principal lhes passa? O «Masterchef» existe para crianças, adultos e até com celebridades. O que lhe posso dizer é o seguinte: é um grande programa, é sério, onde as pessoas aprendem. Em relação aos adultos, há dois arquitetos que ganharam – o Manuel num e a Rita noutro – e que mudaram as suas vidas: dedicaram-se à gastronomia. Portanto, muda a vida das pessoas. Relativamente às crianças, de facto é maravilhoso ver uma criança de 8/9 anos fazer um arroz melhor do que o de um adulto. Acho isso fantástico! Eu também já fui criança e o que fazia com essa idade eram umas torradinhas e todas cortadas
do mesmo tamanho, porque a minha avó assim o exigia. Compete-nos ao júri ensinar, que não só avaliar, e a mensagem que passamos às crianças apuradas é que têm de estudar, uma mensagem de serenidade, de amor pelo que se faz e de respeito pelo outro. Todos os que chegam até ao fim, e digo isto porventura em primeira mão, é que aumentam as suas notas na escola. E aquilo é exigente! Eles conseguem porque também lhes transmitimos que têm de ser disciplinados e exigentes na vida deles. Por isso, conseguem manter a escola e as boas notas com a participação no programa.
Conhece bem, certamente, a ampla região do Douro. Como caracteriza esta região e o que identifica nela como «pérola», para além do turismo e da região demarcada de vinhos, conforme já abordou? Em relação à região do Douro eu não posso dizer muito mais: é uma região única no mundo graças ao seu património vinhateiro, tem paisagens deslumbrantes e vinhos únicos. Tem um rio que nos carrega de energia e que nos inspira todos os dias. É nesta região que tenho o meu restaurante DOC, literalmente sobre esse rio. Sinto-me abençoado e grato a esta região. Uma questão atual que se prende com esta região é a conhecida linha ferroviária do Tua. Depois de vários anúncios falhados de arranque prevê-se que as obras termi-
nem em maio 2020. Qual a sua expectativa e comentário sobre este assunto? O que eu mais desejo é que a linha entre em funcionamento. É uma linha ferroviária sui generis, com vistas completamente diferentes do que estamos habituados. Dou o exemplo dos laranjais de um lugar que se chama Fraga. E, já agora, para mim são as melhores laranjas do mundo. Gostava que essa linha fosse aproveitada para fins turísticos e não só. Peço-lhe uma mensagem final para os nossos leitores, sem perder aquela ótica de que também “somos aquilo que comemos”, a fim de vivermos com qualidade… Um conselho que eu dou é este: seja num restaurante, seja em casa, podem comer produtos mais baratos e mais caros. Preocupem-se com a frescura dos alimentos! Não deixem estragar os alimentos! Não comprem em excesso, para depois deitar fora. Aproveitem o ingrediente – seja ele a proteína, o legume ou o que for –, quando ele está no máximo da sua frescura. Façam para comer o morango na altura dos morangos, a maçã na altura das maçãs, o tubérculo na altura dos tubérculos, etc.. Porquê? Assim compram mais barato e esses produtos têm mais sabor. Em relação aos restaurantes, gostava de deixar uma mensagem: seja que conceito for, trabalhem com qualidade e profissionalismo. O nosso país está a ser assolado, no bom sentido, de turistas. Todos eles gostam muito da nossa gastronomia, da nossa temperatura, do clima que nós temos, do povo afável que somos, de se sentirem seguros, das nossas boas estradas e serviços. Acreditem, que se assim for, o turista irá para o seu país falar muito bem de nós! ■
12 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Vila Real
FIIN: O sucesso em quatro momentos O fim-de-semana de 16 e 17 de novembro ficou marcado pelo VII Encontro de Fotografia e Cinegrafia de Natureza durante o qual foi também lançado o livro relativo a este evento, que este ano contou com a participação de 60 fotógrafos nacionais e internacionais, para além de imagens cedidas pela NASA que retratam alguns acontecimentos meteorológicos extremos e a destruição das grandes florestas por incêndios, observados a partir do espaço. Com o tema central “Retratos de um Mundo em Alteração” este encontro pretendeu assumir-se, mais uma vez, como um fórum de discussão sobre a preservação da biodiversidade, as alterações que os ecossistemas têm sofrido por culpa do Homem, para além do papel que os fotógrafos e cinegrafistas de natureza podem desempenhar neste propósito da conservação. Este ano, contou com três grandes fotógrafos de natureza, internacionalmente reconhecidos, Víctor Ortega, Luís Ferreira e Matthew Marran que mostraram os trabalhos que têm desenvolvido na área da imagem de Natureza e a forma como estas podem ser uma importante ferramenta na consciencialização e preservação da biodiversidade do planeta. Para além das palestras apresentadas, estes ministraram 3 workshops onde revelaram técnicas de obtenção de imagens de natureza e que
> Carvalho Araújo - Ricardo Lourenço, (Portugal)
contaram com uma grande participação do público. O encontro contou ainda com o fotógrafo vila-realense Nuno Silva, que partilhou algumas das suas experiências numa viagem fotográfica a África, para além dos técnicos dos Serviços de Ambiente que mostraram de que forma estes serviços têm vindo a registar e a caraterizar o Património Natural existente no concelho criando assim ferramentas de informação e sensibilização, afirmando assim Vila Real como o destino da Biodiversidade. Da extensa programação que este festival apresentou, destacamos quatro momentos que assinalam o crescimento registado pelo evento: Festival de curtas-metragens 2019 Ao longo de uma semana, decorreu, no pequeno auditório do Teatro de Vila Real, o Festival de Curtas-metragens, distribuído em cinco sessões, com a exibição de 18 filmes selecionados de entre um universo de mais de 150 obras submetidas a concurso. Este ano é de salientar a grande qualidade das obras, que destacaram temas como a perda da biodiversidade, realçando espécies em perigo de extinção e a problemática de espécies em cativeiro. O FIIN vai às escolas Mais um ano, o FIIN promoveu a iniciativa “FIIN vai às Escolas”, levando às escolas do concelho de Vila Real uma sessão especial de curtas-metragens com o objetivo de promover e sensibilizar os mais jovens para a preservação dos valores naturais do nosso planeta. Esta iniciativa, que incluiu 6 curtas-metragens, selecionadas entre um universo de mais de 150 obras submetidas a concurso, esteve presente nas escolas EB 2,3 Monsenhor Jerónimo do Amaral, Secundária Morgado de Mateus, Secundária Camilo Castelo Branco, EB 2,3 Diogo Cão, Colégio
> 1° Aves -Mario Cea Sanchez, (Espanha)
Moderno de S. José, Secundária de S. Pedro, Profissional Agostinho Roseta e Profissional do NERVIR, contabilizando mais de 650 espetadores. Gala de entrega de prémios do FIIN’19 Este momento ficou marcado pelo anúncio e a entrega de prémios dos três concursos do Festival de Imagem de Natureza, bem como a entrega do grande prémio Carvalho Araújo, que premiou a melhor imagem apresentada a concurso. No Concurso de Desenho da Biodiversidade, os prémios foram entregues por Isabel Alves, Pró-Reitora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e Marco Nunes Correia, representante do júri do Concurso de Desenho da Biodiversidade, que destacaram a importância deste tipo de concursos num mundo em constante mutação bem como a qualidade dos trabalhos recebidos. De referir que nesta competição a maioria dos vencedores são de nacionalidade estrangeira, estando somente presente o autor do desenho nomeado para menção honrosa da categoria de desenho científico. No Concurso de Fotografia da Biodiversidade, os prémios foram entregues por João Carrola, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Duarte Carvalho, representante do júri do Concurso de Fotografia, que realçaram a importância da imagem na transmissão do conhecimento científico, bem como da qualidade dos trabalhos recebidos neste concurso. Exposições do FIIN’19 A compilação de todo o trabalho artístico desenvolvido ao longo de 2019, no âmbito do FIIN, foi convertido em três exposições, patentes no Teatro de Vila Real, até 30 de dezembro deste ano. Na Galeria estão patentes algumas das 412 imagens distribuídas pelas quatro categorias do Concurso de Fotografia: Aves, Outra Fauna, Flora e Fungos e Paisagens e
Habitats Naturais, reunindo o trabalho de 73 concorrentes de 9 nacionalidades. O espaço expositivo do Café Galeria está dedicado aos Novos Talentos, onde foram compilados trabalhos das duas edições do curso juvenil de fotografia, ministradas pelos técnicos do Serviço de Ambiente e, ainda, pelos trabalhos efetuados ao longo do workshop de desenho, sobre a técnica de Scratchboard Preto, ministrado pela ilustradora Maria Ferreira. A seleção das 158 obras recebidas, de 122 participantes de 27 países, no Concurso de Desenho da Biodiversidade, distribuídas pelas categorias de desenho de natureza e de desenho científico, está patente no átrio do piso 1. A exposição foi inaugurada ainda no decorrer do mês de novembro e, durante o seu discurso na cerimónia inaugural, a Vereadora do Pelouro do Ambiente, Mafalda Vaz de Carvalho, destacou “o esforço do Município de Vila Real na sensibilização da sociedade para a importância da conservação e preservação do património natural”, destacando o FIIN como um meio para esse fim. Uma aposta do Município que “é para manter independentemente da existência de financiamento comunitário”. Recorde-se que a presente edição do FIIN foi, por diversas razões, mais desafiante e, por isso mesmo, mais entusiasmante para o município, uma vez que, se por um lado, foi a primeira a realizar-se sem qualquer apoio comunitário, por outro lado, várias entidades decidiram associar-se a este Festival, nomeadamente a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, a EDP Comercial, a MCOUTINHO, a Associação Douro Histórico, a revista National Geographic Portugal, o jornal Notícias de Vila Real, a Universidade FM e o jornal Viva Douro, contribuindo para que este Festival se projete ainda mais como um ícone nesta temática a nível nacional e internacional. ■
VIVADOURO DEZEMBRO 2019 13
São João da Pesqueira
Município recebe sessão evocativa dos 18 anos da classificação do Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, em parceria com a Câmara Municipal de São João da Pesqueira, a Comunidade Intermunicipal do Douro e a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, vão assinalar no próximo dia 14 de dezembro, a Classificação do Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial. No Museu do Vinho de S. João da Pesqueira vão ter lugar as comemorações do Alto Douro Vinhateiro Património Mundial. Nesta sessão evocativa será ainda atribuído o Prémio Arquitetura do Douro e estreado o Hino do Douro, da autoria do Maestro Fernando Lapa. A participação na sessão evocativa está sujeita a inscrição prévia, até 11 de dezembro, através do endereço: eventos@ccdr-n.pt ■
Mundo mágico do Natal O Mundo Mágico regressou a S. João da Pesqueira, com a inauguração oficial deste espaço dedicado à época natalícia que aconteceu no dia 7 de dezembro, no Salão de Exposições Municipal.
Como manda a tradição, a autarquia preparou diversas atividades e animações para proporcionar aos visitantes um Natal mágico. No próximo fim de semana (14 e 15 de de-
zembro) pode ainda visitar o Mundo Mágico de Natal e vão ser muitas as atividades que esperam por si, desde Insufláveis, o Mercado de Natal, a Aldeia de Natal, Carrossel, a Casa do Pai Natal, as Oficinas de Natal, o Trenó
de Natal, com muita Animação Natalícia, Música e muitas mais surpresas. Venha visitar o Mundo Mágico de Natal no Salão de Exposições Municipal, em S. João da Pesqueira. ■
Executivo visita obras do Lar S. Vicente em Ervedosa do Douro No dia 2 de dezembro, o Executivo da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira e a Direção da AITIED – Associação para a Infância e Terceira Idade de Ervedosa do Douro, visitaram as obras das futuras instalações do Lar de S. Vicente, que está a ser construído na freguesia de Ervedosa
do Douro, de forma a verificarem presencialmente o estado dos trabalhos em curso. Esta nova estrutura vai contar com financiamento do Município em 34% do valor global, conforme tem acontecido com outros equipamentos sociais no conce-
lho e que a autarquia apoiou nos mesmos moldes. A ERPI de Ervedosa do Douro trata-se de uma resposta social vocacionada para alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente, para pessoas idosas em situação de risco ou de perda
de autonomia, beneficiando de atividades de apoio social e cuidados de saúde, bem como aceder a serviços de apoio biopsicossocial, orientados para a promoção da qualidade de vida e para a condução de um envelhecimento sadio, autónomo, activo e plenamente integrado. ■
14 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Foz Côa
Construção do “Foz Côa Story House” já arrancou A construção do “Foz Côa Story House”, no centro histórico da cidade, já arrancou. O empreendimento hoteleiro representa um investimento de dois milhões de euros, pela autarquia. O objetivo do projeto é reabilitar a Casa dos Almeidas para criar um hotel rural de quatro estrelas, com dez quartos, restaurante, “wine bar” e um centro interpretativo da história do concelho. O equipamento vai contar a história de Vila Nova de Foz Côa e dos seus produtos mais característicos, como o vinho, o azeite, o xisto e a amêndoa, através de conteúdos interativos. O projeto foi elaborado pelo gabinete de arquitetura de José David Silva, de Moimenta da Beira, e resultou de um concurso de ideias promovido para o efeito pelo município. O VivaDouro esteve à conversa com Gustavo Duarte, Presidente da Câmara Municipal de V. N. de Foz Côa sobre este projeto. Explique-nos o projeto “Foz Côa Story House” Este é um projeto que há muito tempo tínhamos delineado. Havia um edifício em ruínas no centro histórico, de grandes dimensões, ocupa um quarteirão inteiro e queríamos que ele tivesse algum propósito. Inicialmente foi comprado com a ideia de ser a sede de uma empresa municipal, que entretanto foi extinta, e começamos a pensar o que se poderia fazer. Um défice que temos em Foz Côa (que penso que em breve estará colmatado), é na hotelaria. Depois há a questão de o centro histórico estar cada vez mais despovoado, mais envelhecido, por isso este projeto vai
acabar por trazer mais vida para esta zona. Em termos de arquitetura temos alguma responsabilidade até porque temos aqui em Foz Côa diversos edifícios premiados nesta área, por isso organizamos um concurso de ideias, para o qual recebemos mais de 20 propostas de todo o país, acabamos por escolher um que até é de um gabinete da região, de Moimenta da Beira. Aquilo que pretendemos fazer é uma unidade hoteleira com 10 quartos, restaurante, wine bar e outros espaço. Aquilo que fizemos foi dar a este projeto um cariz diferenciador e o próprio nome já diz muito, “Foz Côa Story House”. A ideia é que todos aqueles que pernoitem naquele hotel vão daqui com um conhecimento da história de Foz Côa, como não é hábito em outras unidades mais impessoais. Queremos ali caracterizar o vinho, o azeite, a amêndoa e o xisto. Há documentos, por exemplo, da D. Antónia que mencionava que a primeira revolução da viticultura da região foi com as pedreiras de xisto de Foz Côa, foi quando se começaram a alinhar as vinhas. Há 20 anos atrás todas as vinhas da região usavam o xisto, hoje já se usa muita madeira mas o xisto ainda se mantém como traço característico. Há aqui uma história riquíssima que este hotel vai valorizar. Neste momento estamos mesmo a fazer alguns testes com as parras da vinha, as folhas, para efeitos decorativos, dando-lhe um cunho muito personalizado. Penso que é um projeto que nos dará um grande orgulho. Qual é o investimento neste projeto? Este é um projeto com um investimento avultado, são cerca de 2 milhões de euros. Para os quais existe algum financiamento? Este projeto era para ser apoiado pelo PARU mas havia uma série de regras que
> Gustavo Duarte, Presidente da Câmara Municipal de Foz Côa
estavam a dificultar o processo portanto acabamos por enquadrar este projeto no programa Valorizar. E o prazo de execução, qual é? O prazo de execução é de 18 meses. Termina antes do seu mandato chegar ao fim? Penso que sim, apesar de ser uma coincidência. É um projeto que gostava de ver finalizado antes do fim do meu mandato. Em que modelo é que será explorado? A exploração do espaço vai ser cedida e também aí temos boas notícias. As obras começaram há um mês e pico e já tivemos uma grande cadeia hoteleira, não vou revelar qual, interessada neste projeto. Este projeto é uma prova da aposta do município no turismo? Temos muito ainda para explorar no setor do turismo até porque este é um concelho que todo ele está dentro do Património da Humanidade e temos ainda as gravuras, outros dos nossos Patrimónios da Humanidade, às quais se junta o Museu que está em franca expansão recebendo mais turis-
tas de ano para ano. É uma área onde temos muito para crescer e penso que estamos a trilhar o caminho certo. Temos também um hotel privado que irá nascer aqui esse com 40 ou 50 quartos, ajudando assim a mitigar a tal lacuna que já referi antes na questão do alojamento no nosso concelho. De alguma forma sinto que hoje Foz Côa é um local apetecível e nós temos que aproveitar isso. Não é fácil a um município do interior como o nosso ter a dinâmica que tem e que cada vez é uma aposta maior nossa, em especial em termos culturais com diversas iniciativas de onde se destacam o CineCôa e o Festival de Poesia, o mais antigo do país. Quando tomei posse afirmava que tínhamos que fazer de Foz Côa uma capital cultural do interior e hoje estou convencido que isso não é mais um sonho, é uma realidade. Estou em crer que daqui a dois anos a realidade seja ainda maior até porque, como é sabido temos um projeto que só ainda não está em andamento por motivos burocráticos mas que no próximo ano esperamos que seja uma realidade, que são os Passadiços do Côa. ■
VIVADOURO DEZEMBRO 2019 15
CPCJ Armamar assinala Convenção dos Direitos da Criança A Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Armamar (CPCJ) está a desenvolver um conjunto de atividades para assinalar o 30.º aniversário da Convenção dos Direitos da Criança. O Jogo dos Direitos é uma das propostas da CPCJ para as crianças que, de forma lúdica e divertida, vão ficar a saber mais sobre os seus direitos e deveres, estimular o pensamento de reflexão e desenvolver competências no domínio dos valores e dos comportamentos associados à cidadania. A atividade teve início no passado dia 19 de
novembro, com as crianças e jovens integradas no Projeto OPTA. A Convenção Internacional Sobre os Direitos da Criança foi adotada por unanimidade pelas Nações Unidas em 20 de novembro de 1989. O documento enuncia um amplo conjunto de direitos fundamentais, nas áreas do direito civil e político, direitos económicos, sociais e culturais de todas as crianças, representando assim um vínculo jurídico para a promoção eficaz dos direitos e liberdades nela considerados. ■
USA abraça projeto Dress a Girl A Universidade Sénior de Armamar juntou-se à Organização Não Governamental (ONG) norte americana Dress a Girl Around The World, fundada em 2009 com a missão de fazer vestidos para meninas de países carenciados. A USA criou um Atelier de Costura Solidário, na disciplina de Malhas e Retalhos, onde as alunas criam vestidos para doar às crianças carenciadas no âmbito do projeto desta ONG. Para ajudar neste trabalho, a USA apela à comunidade que se envolva doando tecidos, elásticos e outros materiais para os trabalhos a criar. A Dress a Gril Aroun The World está presente em Portugal desde maiko de 2016. Dois anos mais tarde tornou-se associação sem fins lucrativos, promovendo encontros inter-geracionais para combater o isolamento social da população mais idosa. ■
Workshop “Como conseguir emprego em 30 dias” O Gabinete de Inserção Profissional de Armamar e o Projeto OPTA - Programa Escolhas 7G promoveram um workshop no dia 4 deste mês subordinado ao tema Como conseguir emprego em 30 dias. O convidado para dinamizar o encontro foi Pedro Silva-Santos, autor do livro “Como conseguir emprego em 30 dias”. Ao longo da tarde partilhou com os partici-
pantes dicas e estratégias para contornar as dificuldades na procura de emprego. Foram abordados temas como; criação de relações com empresas; organização e sistematização dos contactos realizados no âmbito de candidaturas de emprego; elaboração de currículos e cartas de apresentação; preparação para as entrevistas de emprego; entre outros. ■
Armamar
PUB
PUB
PUB
VIVADOURO DEZEMBRO 2019 17
Sabrosa
Vice-presidente do Governo e Conselho de Turismo de Andaluzia visitou e reuniu com empresários locais O vice-presidente do Governo e Conselho de Turismo de Andaluzia, Juan Marín, e o secretario geral para o Turismo do governo de Andaluzia, Manuel Muñoz, visitaram, no passado dia 22 de novembro, Sabrosa e estiveram reunidos com os representantes municipais e com os vários empresários do concelho para a apresentação do projeto “Andalucía, Origen&Destino”, incluído no programa de comemorações do “Quinto centenario de la primera vuelta al mundo” de Fernão de Magalhães. O programa começou da parte da manhã, com a comitiva espanhola a ser recebida nos Paços do Concelho pelo presidente da
PUB
Câmara Municipal de Sabrosa, num momento institucional que antecedeu uma reunião de trabalho com o presidente, vice-presidente da Câmara e os representantes espanhóis presentes. Depois, a comitiva teve oportunidade de visitar a obra da futura “Exposição Locais e Culturas de Magalhães”, o Espaço Miguel Torga, em São Martinho de Anta, e o centro histórico da vila. Para a parte da tarde ficou reservada uma reunião para a apresentação do projeto “Andalucía, Origem e Destino” com vários empresários do concelho de Sabrosa ligados ao setor turístico. ■
Conferência homenageou Nos passos de Magalhães | General Loureiro dos Santos Município recebeu comitiva oficial das Filipinas Aconteceu, no dia 17 de novembro, a Conferência General José Alberto Loureiro dos Santos, que trouxe a Sabrosa várias personalidades militares nacionais para participar neste evento que homenageou a vida e obra desta personalidade sabrosense. Com um programa variado, o evento intitulado “Conferência General José Alberto Loureiro dos Santos”, com organização da Academia Militar, o Centro de Estudos e Investigação de Segurança e Defesa de Trás-os-Montes e Alto Douro (CEISDTAD) e Câmara Municipal de Sabrosa, começou com uma missa de homenagem rezada na Igreja matriz de Sabrosa por Dom Januário Torgal Ferreira. Depois, e visitado o espaço museológico que alberga o espólio do General Loureiro dos Santos, o programa continuou no Auditório Municipal de Sabrosa. Aí na abertura oficial da sessão, usou da palavra o presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, que teve oportunidade de realçar no momento a satisfação e importância por receber em Sabrosa um evento tão importante, que destaca uma das personalidades mais distintas do território sabrosense. A sessão de abertura contou ainda com o discurso do Chefe de Estado Maior do Exército, General Nunes da Fonseca e do Diretor do CEISDTAD, João Agostinho Pavão.
O momento alto do programa aconteceu com a realização da Conferência “Pensar a Defesa Nacional e as Forças Armadas”, pelo General José Luiz Pinto Ramalho, e moderada pelo Major-General João Vieira Borges, que trouxe ao Auditório Municipal vários temas fraturantes do estado e da defesa nacional, evocando sempre o papel e a posição que o General Loureiro dos Santos teve no passado nestas matérias. Esta foi a primeira edição deste evento que, a partir de 2019, acontecerá todos os anos, homenageando o General Loureiro dos Santos e evocando temas considerados pertinentes para o futuro da defesa nacional. ■
Sabrosa, terra de Fernão de Magalhães, recebeu, nos dias 5 e 6 de dezembro, uma comitiva filipina constituída pela Embaixadora das Filipinas em Portugal, o Presidente da Comissão Nacional Histórica da Universidade das Filipinas e vários historiadores especializados em Fernão de Magalhães. Esta visita surgiu no âmbito da presença e participação deste grupo de historiadores na conferência “Magalhães, Magallanes, Magellan: Magellan in Philippine History through Philippine Historians”, que decorreu na Sociedade de Geografia de Lisboa, no dia 4 de Dezembro, e da vontade da Embaixadora das Filipinas em Portugal de dar a conhecer a terra do navegador a este ilustre grupo. Na sua passagem, foram recebidos nos Paços do Concelho pelo presidente do município, Domingos Carvas, visitando ainda a Exposição Fernão Magalhães, em processo de re-
modelação, a Casa Fernão Magalhães, o centro histórico de Sabrosa, a adega cooperativa, cujos vinhos têm a marca Fernão de Magalhães, e o Espaço Miguel Torga. Na manhã de hoje, estiveram na Escola Básica Fernão de Magalhães, onde, juntamente com os alunos, desenvolveram um trabalho pedagógico que irá ser concluído já nas Filipinas. Esta visita, como outras da comunidade filipina, são muito emotivas, pois reconhecem Sabrosa como uma das marcas originárias do seu país. Aqui, os historiadores tomaram contacto com a fonte principal dos seus estudos. A par, com as comemorações do V Centenário da Viagem de Circum-Navegação, este tipo de iniciativas proporciona uma aproximação cultural e pessoal cada vez mais importante entre os membros dos diferentes países da Rede das Cidades Magalhânicas. ■
PUB
VIVADOURO DEZEMBRO 2019 19
Destaque VivaDouro
Setor das águas será remodelado em 2020 Por imperativos nacionais e europeus, o sistema de gestão de águas sofrerá alterações já no próximo ano com as autarquias durienses a agregarem-se em dois subsistemas, a Águas do Interior Norte, que englobará 8 municípios e a Águas do Douro Sul, composta por 10 municípios. Texto e fotos: Carlos Almeida
O VivaDouro falou com todos os autarcas envolvidos, bem como o administrador da empresa Águas do Interior Norte para perceber o que mudará com este novo sistema de gestão e quais as diferenças entre as duas novas estruturas na região. Presidindo à constituição da empresa Águas do Douro Norte, que aconteceu no passado mês de novembro, o Ministro do Ambiente e da Transição Energética, referiu que "este projeto é de facto muito importante para a região e não só. É um desafio que foi lançado pelo Governo no sentido de as autarquias se agregarem para gerir as suas redes de abastecimento de água e de recolha e tratamento de efluentes. E isso manifestamente vai fazer com que haja aqui uma nova capacidade técnica que vai contribuir para que se reduza a água não faturada, as perdas de água, para que a faturação seja mais rigorosa, para que se equilibrem as contas destes sistemas e para que, também, toda a rede de esgoto possa ter um maior investimento e sofrer menos infiltrações e, dessa forma, contribuir para a qualidade das massas de água".
Douro Norte Águas do Interior Norte
Municípios constituintes: Freixo de Espada à Cinta, Mesão Frio, Murça, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Torre de Moncorvo e Vila Real A norte do rio Douro foi constituída a empresa intermunicipal Águas do Interior Norte, a partir da estrutura já existente da EMARVR – Água e Resíduos de Vila Real E.M., S.A.. Os municípios terão lugar na Assembleia Geral da empresa, em proporção igual à sua dimensão territorial e populacional, que será gerida por um administrador externo às autarquias.
A Águas do Interior Norte será responsável pela reparação de danos na estrutura de distribuição de água e águas residuais, gestão de contadores e contagem de água e ainda da faturação.
Carlos Silva - Administrador Águas do Interior Norte
Porque razão se agregaram estes municípios numa empresa? Os 19 municípios da CIM Douro fizeram uma reflexão ao setor das águas e dos resíduos e concluíram que as exigências que hoje lhe são colocadas exigem uma nova forma de organização, isto porque para responder às exigências das instituições nacionais e internacionais que regulam
este setor torna-se necessário fazer um conjunto de investimentos avultados, que só estão disponíveis para quem tem algum nível de agregação, ou seja, os municípios perceberam que sozinhos não conseguiriam resolver os problemas. Desta forma decidiram, em 2016, que teriam que avançar para uma estrutura agregada. Nessa altura ficou decidido que se iriam agregar em dois grupos, uns a norte do rio Douro, outros a sul, foi uma decisão por unanimidade, foi uma questão que uniu os municípios do Douro à volta do setor da água. Uma região que se caracteriza pelo vinho e pelo setor vitivinícola acaba por ser curioso que é a água que acaba por gerar esta união.
20 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Destaque VivaDouro A norte ficou então decidido constituir uma agregação de municípios. Existindo já em Vila Real uma empresa, a EMAR, com know-how neste setor, foi decidido que os municípios se apoiariam nesta estrutura para avançar com o projeto de agregação, acabando por constituir uma nova unidade, uma nova empresa, a Águas do Interior Norte. O que vai acontecer em Vila Real, por exemplo, é que a EMAR vai acabar por desaparecer para o surgimento dessa nova empresa já com experiência no setor. Inicialmente seriam 10 os municípios que se iriam agregar mas no final ficaram apenas oito tendo Alijó e Carrazeda de Ansiães ficado de fora, isto porque Carrazeda ainda tem um contrato de concessão do qual ainda não se conseguiu desvincular e Alijó não encontrou as soluções internas necessárias para dar este passo que inicialmente concordou que faria sentido. Contudo estamos convencidos que mais tarde ou mais cedo essa incorporação se fará e nós estamos recetivos a isso. No dia 15 de novembro a empresa foi constituída formalmente. Agora a EMAR vai reajustar-se à nova realidade acabando por se fundir com esta nova solução. Um processo jurídico com alguma complexidade que foi necessário explicar à ERSAR e ao Tribunal de Contas, com quem houve um período alargado de conversações tendo recebido finalmente o parecer positivo. A partir de janeiro de 2020 a nova empresa estará pronta a entrar em funcionamento e os consumidores receberão a primeira fatura da nova empresa durante o primeiro trimestre de 2020. Qual o objetivo desta agregação? Aquilo que se pretende com esta solução é, desde logo, dar resposta a um conjunto de problemas que hoje as entidades reguladoras colocam sobre a qualidade da água, quer a que consumimos, quer a que libertamos, as águas residuais, e que requerem um conjunto de investimentos que só estão disponíveis através de fundos comunitários, que por sua vez só estão disponíveis para municípios que tenham algum nível de agregação. Neste entretanto preparamos já diversas candidaturas para um conjunto de projetos que estavam já delineados no estudo de viabilidade económica e financeira, e que já estão em fase de análise, tendo nós a garantia que os mesmos serão aprovados. O percurso que temos feito até agora está de acordo com o planeamento que havia inicialmente. O que pretendemos com esta empresa é manter este bem na esfera municipal, gerido de uma forma empresarial, procurando o lucro para que possamos ter a tarifa o mais baixa possível. Isto é quanto melhores resultados esta empresa tiver, mais distribuímos os lucros pelos nossos clientes que são os munícipes, baixando a tarifa. Como será a fatura que os consumidores vão receber em casa? A fatura terá 3 componentes: a água que consumimos, a água que metemos na rede para tratar (águas residuais), e ainda a recolha do lixo, que está indexada ao consumo de água. Esta tarifa do lixo é da responsabilidade de cada município
o que pode fazer com que dois clientes, um em Vila Real e outro em Murça, por exemplo, com o mesmo consumo de água exatamente, tenham valores de fatura diferentes. Os municípios podem criar tarifas sociais para que alguns dos seus munícipes paguem uma fatura mais baixa, contudo, o próprio município terá que pagar à empresa o restante valor. Os municípios têm hoje pessoal para executar diversos serviços neste setor, vão manter-se como funcionários do município ou transitam para esta nova empresa? Os trabalhadores que hoje cada autarquia tem a desempenhar este serviço, e que assim o desejem, vão passar a desempenhar este serviço na nova empresa, com o mesmo salário e as mesmas regalias. Aquilo que se pretende é que estes homens estejam apenas focalizados neste serviço desempenhando assim esta função de uma forma mais eficaz e célere. Aquilo que o consumidor vai perceber, assim que tudo esteja em pleno funcionamento é que qualquer problema que surja na rede será tratado de uma forma mais rápida, assim como um aumento da qualidade da água que a prazo se espera que seja cobrada a um preço mais baixo.
duais onde já temos um financiamento garantido de 1 milhão de euros, algo que isoladamente seria impossível de conseguir. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? Não encontro desvantagens neste modelo agora conseguido. Por outro lado, em termos de vantagens é exatamente este ganho de escala que nos permitirá prestar um serviço de maior qualidade recorrendo a financiamentos externos, sem necessidade de onerar estes gastos na fatura da água que as pessoas recebem em casa. Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Sendo esta uma estrutura sempre controlada pelos municípios permite-nos ganhar dimensão e isso vai permitir um serviço de maior qualidade, equitativo, ou seja, que todos os municípios integrados nesta associação tenham a mesma qualidade de serviço, podendo, no futuro, fazer com que a tarifa baixe, que é esse o objetivo de todos.
Já há candidaturas feitas aos fundos europeus? Para os primeiros 5 anos da empresa temos já previstos cerca de 56 milhões de euros de investimentos, dos quais 38 são para a área do abastecimento e 18 para as águas residuais. Em termos de candidaturas temos já 31 milhões de euros candidatados a fundos comunitários, dos 56 milhões previstos, sendo 14 para melhorias na rede e 17 para melhorar as questões ligadas ao saneamento. Destes 31 contamos ter aprovação em breve.
díssimos, sendo que existem muitas dificuldades apresentadas pelo programa POSEUR em permitir candidaturas individuais, ou seja, por município isolados. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? As vantagens são, desde logo, para todos. A quantidade e a qualidade vai ser uma realidade numa percentagem mais elevada do que se fosse isolada. Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Em principio, os munícipes terão a alteração do tarifário normal e que está prevista no tarifário aprovado há três anos pela ERSAR. Sendo que o diferencial tarifário entre esse tarifário e o tarifário apresentado pela nova empresa será, como é óbvio, assegurado pela Câmara Municipal como um apoio social, até ao consumo de 10m3.
Freixo de Espada à Cinta
Santa Marta
Qual o objetivo do seu município integrar esta empresa? O objetivo é de facto servir melhor os munícipes, ou seja, melhorar o serviço de abastecimento de água e de saneamento de forma a melhorar as suas condições. Num futuro próximo a ideia é fazer com que a tarifa baixe, ou pelo menos que não aumente. A nossa adesão acontece porque não temos capacidade financeira individual nem podemos concorrer sozinhos a fundos comunitários para a remodelação dos sistemas de distribuição de água, que no nosso caso já tem mais de 30 anos. O mesmo acontece no tratamento de águas resi-
Qual o objetivo do seu município integrar esta empresa? Esta Comunidade Intermunicipal deu um exemplo do que deve ser o processo de agregação dos sistemas de abastecimento de água e drenagem de águas residuais em baixa. Particularizando Freixo de Espada à Cinta, estou certa que ao fazermos parte deste novo futuro alicerçado nas Águas do Interior Norte E.I.M, S.A, estamos a trabalhar para que as boas práticas que agora se evidenciaram a montante, possam ser replicadas designadamente nos ganhos de escala que decorrem desta empresa e na implementação de sistemas de eficiência de ponta que seriam inaplicáveis se estribados em cada um dos Concelhos individualmente considerados. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? Tudo somado, temos ganhos para a eficiência e vantagens para os utilizadores, que somos todos nós: Munícipes.
Sabrosa
Qual o objetivo do seu município integrar esta empresa? O município de Sabrosa aderiu pois os investimentos necessários a efetuar nas redes de água e saneamento, sobretudo nas ETAR´s, são eleva-
Peso da Régua
Qual o objetivo do seu município integrar esta empresa? O modelo desta associação intermunicipal assenta no princípio de prestar um serviço melhor, bem como na definição de um preço para a água e para o saneamento, que cubra os custos reais destes serviços, o que é obrigatório por lei. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? A principal vantagem assenta na garantia da prestação de um serviço com maior qualidade, a que toda a população deve ter acesso. Em Peso da Régua, as tarifas da água, do saneamento e do lixo não são atualizadas desde 2005. Cumprimos com
VIVADOURO DEZEMBRO 2019 21
Destaque VivaDouro esta decisão em virtude das várias crises que o País atravessou e porque sempre assumimos que só as atualizaríamos quando existissem tarifas iguais, com serviços iguais. Atualmente, a dívida deste Município está relacionada, quase na totalidade, com a acumulação do défice dos 14 anos, ao longo dos quais assumimos o pagamento destes serviços. Foi uma decisão difícil, mas assumida em prol do equilíbrio financeiro das famílias reguenses, em tempos muito difíceis para todos. A partir de janeiro de 2020, com a entrada em funcionamento da empresa intermunicipal, os preços serão atualizados, para o verdadeiro custo destes serviços, o que, compreendo, possa vir a causar algum descontentamento. Não tenho dúvidas que a atualização das tarifas será um esforço para todos. Contudo, como sabe, a atualização das tarifas da água e do saneamento é inevitável. Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Como lhe disse anteriormente, em Peso da Régua, as tarifas da água, do saneamento e do lixo não são atualizadas desde 2005. Por isso, os reguenses irão verificar um aumento no valor da fatura referente a estes serviços. Apesar da atualização das tarifas ser uma imposição legal, não deixaremos que as famílias reguenses assumam esta despesa na totalidade. Assim sendo, é intenção deste Município criar um apoio social transversal a toda a população, assumindo a Autarquia 50% do valor da taxa de atualização, de forma a diminuir o impacto financeiro que esta decisão terá sobre as famílias do nosso concelho.
munitários para a infraestruturação básica e eficiência dos sistemas de água e saneamento que o concelho de Vila Real ainda necessita, apenas estão disponíveis para entidades resultantes de algum tipo de agregação como a que agora encetamos.
território, na sua globalidade dos oito municípios. Aquilo que queremos é que o saber comum de cada um permita que todos trabalhem em conjunto, levando esta nova empresa, Águas do Interior Norte, a ser uma empresa em que todos os munícipes se revejam.
Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? Esta nova forma de gestão pretende de uma forma clara prestar um melhor serviço, com mais qualidade e a um preço justo. Ganhos de escala permitirão, a prazo, por ganhos de eficiência, reduzir as tarifas praticadas.
Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Obviamente que há um tarifário de referência, o Município de Torre de Moncorvo já era deficitário e continua a ser deficitário, no entanto há uma convicção do executivo de que não podemos atingir a tarifa de referência, que é superior aos 22€ e vamos manter-nos nos 17€ em que estávamos sendo que o Município de Torre de Moncorvo assume esse tarifário social, para entregar à empresa o valor de referência, mas não imputando ao munícipe, para ele ser imputado gradualmente. Dessa forma conseguimos que a fatura da água não reflita já o valor de referência ao munícipe, ele vai recebe-la com esse valor, mas onde vai haver 5€ em cada 10 m3 que vão ser suportados pelo Município de Torre de Moncorvo.
Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Desde há longos anos a esta parte que a fatura da água se encontra regulada pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos pelo que, o tarifário desta nova empresa apenas se limita a cumprir com as imposições legais sobre esta matéria. Mas mais relevante do que qualquer alteração na fatura da água, importa nesta fase de arranque da nova empresa acentuar a qualidade e a excelência do serviço que se pretende prestar através desta nova entidade. Do ponto de vista das tarifas praticadas no concelho de Vila Real e consequentemente no preço global do bem (fatura da água) não ocorrerá qualquer alteração.
Murça
Torre de Moncorvo
Vila Real
Qual o objectivo do seu município integrar esta empresa? A constituição de uma empresa intermunicipal que vise a gestão em baixa do abastecimento de água e da drenagem de águas residuais no Norte Interior de Portugal não faria sentido sem a integração do Município de Vila Real e da sua empresa municipal EMARVR, Água e Resíduos de Vila Real E.M.,S.A.. Assim sendo, o principal objectivo do Município de Vila Real na sua integração na sociedade Águas do Interior Norte E.I.M.,S.A. é duplo: por um lado a coesão/solidariedade territorial, uma vez o número de Clientes que aporta à nova empresa é essencial à sua viabilidade económico financeira; por outro lado, ao integrar esta nova empresa com a escala ganha e o Know How técnico existente no Corpo Técnico da EMARVR, Água e Resíduos de Vila Real E.M.,S.A. , passará a ser possível, uma melhoria efectiva na qualidade do serviço prestado. Para além disso, a disponibilização de apoios co-
Qual o objetivo do seu município integrar esta empresa? O objectivo do Município de Torre de Moncorvo de integrar esta empresa intermunicipal, que é constituída por oito municípios e o capital social é integralmente público, é ser uma mais valia e conseguirmos uma maior eficiência no abastecimento de água e saneamento. As novas medidas europeias e os grandes investimentos que têm que ser feitos são impossíveis de fazer por um só município per si, e esta agregação vai conseguir com que esta eficiência dos oito municípios possibilite que haja mais investimento, um investimento efectivo nas necessidades que cada um dos municípios tem e concretizar aquilo que todos pretendem que é chegar a uma tarifa que possa ser reduzida a bem de todos os consumidores de água, a bem de todos os munícipes. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? Com o surgimento da empresa foram criados dois núcleos (Peso da Régua e Torre de Moncorvo) e um terceiro onde está a sede, em Vila Real. Estes núcleos com os seus funcionários vão permitir que haja uma nova forma de gerir e é uma forma de evitar tanto as perdas como ser mais efetivo no
Qual o objetivo do seu município integrar esta empresa? O objetivo é criar condições para que seja prestado aos munícipes de Murça um serviço de melhor qualidade e com melhores condições contratuais de todo o abastecimento de água e saneamento Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? A principal vantagem é criar mais eficiência na gestão de todo o sistema deste recurso limitado e de grande importância que é a água, com mais escala que o agregar destes municípios permite. Por outro lado há um conjunto de apoios comunitários no âmbito do POSEUR que apenas em situações de agregação de municípios é possível virmos a usufruir. Em termos de desvantagem há uma alteração na relação do munícipe com o sistema de águas ou seja, há uma relação mais próxima, mais controlada que fará com que deixem de existir alguns abusos que até agora existiam. Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Aquilo que está previsto é uma tarifa que permita o equilíbrio. Esta tarifa é em função da rentabilidade da operação do sistema. Numa primeira fase, pelos cálculos que foram apresentados, poderá haver uma subida de tarifa. Numa segunda fase até pode haver uma descida de tarifa permitida com toda a eficiência que se vai alcançar, uma melhor rentabilização de toda esta operação. Também está previsto que possa haver aqui uma
forma de minimizar esta situação através da chamada Tarifa Social que nós, conjuntamente com os restantes 7 municípios iremos, em situações que se justifique, aplicar.
Mesão Frio
À semelhança dos restantes municípios constituintes da Águas do Interior Norte, foi também solicitado ao município de Mesão Frio que o autarca Alberto Pereira prestasse declarações sobre este tema ao nosso jornal, contudo essa solicitação foi recusada pelo próprio.
Douro Sul
Águas do Douro Sul
Municípios constituintes: Armamar, Lamego, Moimenta da Beira, Penedono, Resende, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Vila Nova de Foz Côa Na margem sul do rio Douro foi criada uma associação intermunicipal onde os municípios têm unidades participação de acordo com a dimensão populacional de cada concelho: Armamar (8%), Lamego (19%), Moimenta da Beira (11%), Penedono (6%), Resende (11%), São João da Pesqueira (9%), Sernancelhe (8%), Tabuaço (8%), Tarouca (10%), Vila Nova de Foz Côa (10%). A associação intermunicipal, que ficará sediada em Lamego, vai ser dirigida por José Eduardo Ferreira, presidente da Câmara de Moimenta da Beira. O conselho de administração tem ainda como vogais os autarcas Ângelo Moura, de Lamego, e João Paulo Fonseca, de Armamar. A Assembleia Geral é presidida por Manuel Cordeiro, presidente da Câmara de S. João da Pesqueira. O autarca de Vila Nova de Foz Côa, Gustavo Duarte, é vice-presidente e o de Tarouca, Valdemar Pereira, é secretário. A Águas do Douro Sul será responsável pela reparação de danos na estrutura de distribuição de água e águas residuais, gestão de contadores e contagem de água e ainda da faturação.
Vila Nova de Foz Côa
Qual o objetivo do seu município integrar esta associação? Acima de tudo porque há que criar um efeito de escala. Um município como o de Foz Côa, ou qualquer outro da CIM Douro, por si só, não tem capacidade para suportar projetos que são de grande dimensão. Depois também o acesso aos fundos comunitários, é mais fácil serem 10 municípios agregados a apresentar candidaturas de relevo. Este é um setor que absorve muito dinheiro aos municípios. O con-
22 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Destaque VivaDouro celho de Foz Côa está todo capacitado de abastecimento de água e sistema de águas residuais há 30 anos, contudo a rede começa a precisar de uma manutenção mais profunda. Este tipo de projetos só com esta solução é que é possível, um município só não tem nunca essa capacidade. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? A vantagem é desde logo a criação desta ideia de escala. Mesmo em termos de pessoal técnico, para um município isoladamente, são custos avultados, assim é diferente, permite-nos outra gestão dos recursos. A desvantagem é a situação atual em que um município isoladamente não tem capacidade para fazer os investimentos avultados que são necessários. Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? A escritura da associação foi feita há cerca de um mês, entretanto elegemos os órgãos sociais e vamos começar agora a trabalha. O que está previsto é um prazo de 5 anos para nivelar os valores cobrados. No município de Foz Côa as tarifas são ainda muito baixas mas também não as podemos duplicar ou triplicar de um dia para o outro, daí este período de ajustamento. Estando 10 municípios agregados, faz sentido que os valor se equiparem mas partimos de patamares diferentes, por isso os ajustamentos também irão acontecer a ritmos diferentes.
Armamar
Qual o objetivo do seu município integrar esta associação? O objetivo primeiro é ganhar escala num setor fundamental como é o das águas e que nos permite, com o nosso fornecedor de água, uma força negocial muito maior. Sabemos que os custos para fazer chegar a água aos diversos municípios é diferente mas com esta solução podemos chegar a uma harmonização desse custo, desde logo porque negociamos numa escala maior com o fornecedor. A harmonização deste setor é importante para a região, até do ponto de vista político porque os munícipes questionam e não entendem porque é que muitas vezes municípios contíguos têm taxas tão diferentes, o que muitas vezes acontece porque muitas vezes as autarquias suportam, do seu orçamento, os custos adicionais com este serviço. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas?
Ao munícipe a única desvantagem que pode trazer é o aumento do custo da água. Contudo, a melhoria do serviço prestado, quer em termos de qualidade da água, quer na monotorização das redes será muito benéfico. Acho que o próprio consumidor perceberá essa melhoria e dará valor a este bem essencial que é a água.
e sistemático às perdas de água. Assim, a melhor forma de obviar a todos estes problemas é a de criar uma estrutura supramunicipal que possa, de uma forma profissional e integrada, promover a gestão eficaz dos diversos sistemas de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais.
Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Sim, os consumidores darão conta de um acréscimo de custo mas tenho a certeza que também notarão uma melhoria do serviço e da qualidade da água, e isso é importante.
São João da Pesqueira
Qual o objetivo do seu município integrar esta associação? Quer o município de São João da Pesqueira, quer os demais que integram esta associação do Douro Sul tem a ver com o facto de podermos recorrer a fundos europeus para melhoria das nossas redes de distribuição e tratamento de águas. Sozinhos não temos capacidade para o fazer e um dos grandes custos que temos é exatamente com as perdas de água na rede que já tem vários anos e necessita ser reconvertida. Outro fator é o facto de também ganharmos escala na gestão das redes, fazendo-o de uma forma mais eficaz, com mais recursos. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? A revitalização da rede através do recurso a fundos comunitários é a grande vantagem deste sistema, ganhando também maior eficiência no serviço prestado. Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Independentemente de estarmos numa associação ou não, se seguíssemos à risca as recomendações da ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos), já teríamos que ter um aumento brutal. Anualmente já existe um aumento deste serviço e ele continuará até atingirmos um nível de sustentabilidade. Seria muito maior se tivéssemos que fazer todo o investimento necessário na requalificação sozinhos.
Lamego
Qual o objetivo do seu município integrar esta associação? A adesão do Município de Lamego a esta Asso-
ciação subjaz à necessidade de resolução eficaz dos problemas de infraestruturação e gestão dos serviços de abastecimento público de água para consumo humano e de saneamento de águas residuais urbanas junto dos utilizadores finais, bem como a de dar resposta aos desafios das alterações climáticas. Tendo em conta que o documento “PENSAAR 2020 - Uma nova Estratégia para o Sector de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais” (que estabelece a possibilidade de acesso a fundos e incentivos da União Europeia mas em que tal acesso pressupõe a agregação dos sistemas dos municípios interessados em apresentar candidaturas) desde logo coloca aos municípios o desafio de que a única forma de viabilizar o financiamento dos imprescindíveis investimentos no setor da Água é a de os mesmos se constituírem em associações de municípios, mediante sistemas intermunicipais. Assim, é objetivo desta nova Associação, após um período de convergência que se prevê ser de cinco anos, atingir um patamar de equilíbrio que permita: Fazer convergir as tarifas aplicáveis em cada um dos diferentes municípios para uma tarifa média de sustentabilidade comum que será obrigatoriamente inferior à tarifa média de sustentabilidade de cada um deles, tendo em conta a necessidade de uma maior flexibilidade no ajustamento dos tarifários a praticar junto dos utilizadores finais e a criação de um sistema territorialmente integrado. Reduzir o nível de perdas para valores aceitáveis o que se conseguirá atuando simultaneamente nas perdas reais a partir do investimento na infraestrutura de transporte e distribuição, nas perdas aparentes por intervenção no consumo não autorizado e disciplinando o consumo autorizado não faturado. Expandir as diversas redes por intermédio de um investimento a partir de fundos e incentivos da União Europeia apenas acessíveis por parte destes sistemas de agregação. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? A principal vantagem desta forma de gestão é a de viabilizar, de uma forma regionalmente integrada, o controlo dos défices de exploração deste setor, os quais pesam sobremaneira sobre os orçamentos municipais, harmonizando a discrepância tarifária entre os vários municípios bem como a urgência no combate racional
Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Haverá diversas respostas para esta pergunta, tendo em conta a diversidade de sistemas tarifários vigentes ao longo dos 10 municípios constituintes da associação. No que diz respeito ao Município de Lamego, onde atualmente se pratica a tarifa média mais alta, a convergência não prevê que traga alterações substanciais, podendo inclusivamente haver lugar a redução.
Moimenta da Beira
Qual o objetivo do seu município integrar esta associação? Desde há vários anos que tem vindo a ser reconhecida a necessidade de agregação dos municípios para a gestão em baixa do fornecimento de água e da gestão das águas residuais domésticas. Foram equacionadas várias hipóteses, tendo sido estudada durante alguns anos a possibilidade de se constituir um processo de verticalização, que incluísse a gestão em alta, implicando a agregação com a empresa Águas de Portugal, através da Águas do Norte, que sucedeu à Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro. Este processo acabou por ser rejeitado pelos Municípios, creio que especialmente por aos mesmos ter sido sempre destinada uma posição minoritária, que significaria sempre submissão aos ditames de uma empresa que nunca conquistou verdadeiramente a confiança dos Municípios enquanto parceiros e clientes. Reconhecida a necessidade de agregação, a adesão a esta solução de gestão é aquela que nos parece mais suscetível de cumprir todos os objetivos estabelecidos desde há muito, e que foram sendo trabalhados conjuntamente, com um amadurecimento adequado, também quanto às melhores soluções a adotar. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? A complexidade e exigência deste processo,
VIVADOURO DEZEMBRO 2019 23
Destaque VivaDouro tanto ao nível da qualidade dos serviços e dos fornecimentos, como dos custos associados, e por consequência das tarifas de sustentabilidade, tornam muito difícil, se não mesmo impossível, a viabilidade dos sistemas municipais individuais com a nossa dimensão, não podendo ser conseguidos os resultados indispensáveis para a existência de serviços adequados às necessidades das populações a preços que as mesmas possam suportar, sendo certo que os orçamentos municipais não podem, também por razões legais, além das financeiras e de justiça social, continuar a suportar os custos resultantes da ineficiência que hoje existe, e que não pode ser combatida individualmente, por falta de meios e de dimensão. A título de exemplo, o investimento inicial previsto, no âmbito da Associação Águas Douro Sul será de cerca de 30.000.000,00 de euros, sem o qual os progressos estimados, e indispensáveis, seriam colocados em causa, ao mesmo tempo que este investimento não seria viável em termos individuais, nem surtiria o mesmo efeito. Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? As tarifas terão uma evolução ao longo de cinco anos para a tarifa de sustentabilidade que o projeto prevê. As alterações variam de município para município, dependendo do ponto de partida em que cada um se encontra. O que será garantida é a progressividade deste ajustamento, e uma única tarifa para todos os consumidores e utilizadores, independentemente do local onde vivam, e portanto dos custos que a Águas Douro Sul tenha que suportar para fornecer o serviço em causa, procurando-se estabelecer e cumprir também objetivos de coesão social e territorial. Além do mais, serão estabelecidas tarifas sociais e poderá cada um dos Municípios atribuir os apoios que melhor entender, para os respetivos munícipes, na dimensão que considerar justificar-se, em termos de enquadramento nas respetivas políticas de apoio social.
enormidade. Estávamos a caminhar num processo para agregar os sistemas das Águas no sentido de uniformizar as tarifas, repartindo as despesas, algo que beneficiaria o interior do país. Assim estamos a rever a situação, voltando a criar subsistemas, sem escala e onde o investimento que é feito é dividido pelas poucas pessoas que cá vivem, com o custo social que se pode imaginar para quem ainda resiste a viver no interior. 1 quilómetro de rede em Lisboa serve centenas ou milhares de pessoas, no interior não é assim, por isso, a divisão do investimento é muito maior para nós do que para os outros. Este ministro, por algum frete que teve de cumprir, teve de reverter a situação, voltou a criar estes subsistemas. Não concordo, sou ferozmente contra isso e considero que é mais uma machadada no interior. Era importante que se percebesse quais são os benefícios disto, que não são obviamente nenhuns, antes pelo contrário, porque nós somos produtores de energia elétrica com as barragens e não é por isso que temos o preço da luz mais baixo do que no resto do país, por isso não faz sentido que na água também não haja uma uniformização a nível nacional e que o sistema de gestão das águas não seja único para todo o país. Tenho a certeza que este será um péssimo serviço para as populações, com preços mais altos, porque é impossível ser de outra forma. É mais um problema para quem tem que gerir um município com contas muito difíceis. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? Os municípios não têm nenhuma vantagem comparativamente ao caminho que se estava a trilhar que era o de agregar os subsistemas até chegarmos ao patamar de um sistema só em todo o país com uma tarifa única. Era uma forma de termos o princípio da solidariedade e da subsidiariedade, desta forma eu não encontro nenhuma vantagem. Se alguém encontrar alguma vantagem em transformar um sistema em vários subsistemas, então que o diga. Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Normalmente neste país quem paga somos todos nós, não há volta a dar e não é por culpa dos municípios, é bom que isto seja dito. Os municípios foram obrigados a agregar-se nestes subsistemas por um ministro que nos abanou com meia dúzia de patacos de fundos comunitários, é uma vergonha, uma discriminação a todos os níveis.
Tabuaço
Qual o objetivo do seu município integrar esta associação? O objetivo é ganhar escala, com a associação aos restantes municípios do Douro Sul e Vila Nova de Foz Côa, e dessa forma poder garantir um melhor serviço aos utentes. Por outro lado, o Município de Tabuaço suporta prejuízos avultados com o abastecimento de água e tratamento de águas residuais, situação que se pretende, em primeira instância, minimizar e posteriormente inverter com esta integração. Temos ainda que ter em conta o facto de a reversão do processo de constituição das Águas do Norte, por parte do atual Governo, obrigou a que tivéssemos que agir pois não é entendível que esta região tenha a água mais cara do país. No fundo o que estamos a fazer é tentar garantir aos nossos munícipes aquilo que deveria ser-lhes garantido pelo Governo Central e que passa por um preço unitário para todo o País, à semelhança do que já acontece em outros sectores, nomeadamente a luz. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? Se víssemos desvantagens não integraríamos a associação. Como maior vantagem entendemos a uniformização de custos e na qualidade do serviço em toda a região. E a possibilidade de investimentos comunitários, que apenas a constituição desta empresa permite, e que servirá para tentarmos resolver os problemas mais urgentes que temos pendentes. Para além de minimizarmos as perdas que hoje se verificam. Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Sim, até porque a uniformização da qualidade dos serviços implica também uma uniformização dos preços em todos os municípios que integram a Associação o que entendemos ser de inteira justiça. Como é lógico, essa alteração não pode acontecer de um momento para o outro e, assim sendo, existirá um período de convergência, com a duração de 5 anos, para que todos os concelhos no final desse horizonte temporal pratiquem a mesma tarifa. Mas o mais importante a reter é o facto de percebermos que o valor que pagaremos num espaço temporal será incomparavelmente inferior ao que teríamos que aplicar caso mantivéssemos a situação atual. E este parece-me ser o maior ganho que obteremos com esta operação.
Penedono
Sernancelhe
Qual o objetivo do seu município integrar esta associação? Juntamo-nos nesta associação porque fomos obrigados ou não poderíamos aceder a alguns instrumentos financeiros. Eu entendo que aquilo que este Governo fez com o setor das águas é mais uma machadada no interior. O que o ministro e o executivo fizeram é uma vergonha, reverter o setor das águas é uma
Qual o objetivo do seu município integrar esta empresa/ associação? Penedono integra a Associação de Municípios de Fins Específicos – Águas do Douro Sul, por entender ter chegado o momento pertinente de unir esforços no que respeita aos desafios futuros e às oportunidades de investimento, no âmbito da exploração e gestão de todo o sistema público de abastecimento de água para consumo das populações, desde a captação à distribuição, tendo pelo meio o necessário tratamento. Em paralelo com este setor, é para nós de primordial importância um olhar também
conjunto de todo o sistema de drenagem e tratamento de águas residuais concelhio. O investimento que se perspetiva é considerável e atualmente, no âmbito dos serviços de abastecimento de água e saneamento, os municípios, de forma individualizada, não conseguirão resolver um conjunto de problemas e constrangimentos que se colocam ao setor, como sejam: a necessidade de renovação das redes de abastecimento e saneamento, a falta de poder negocial e de escala que permita deter e reter competências técnicas, o desconhecimento e a dispersão territorial das infraestruturas, a escassez de meios para melhorar a eficiência na água não faturada. O descrito condicionou verdadeiramente a opção política que foi tomada. Que vantagens e desvantagens terá para os munícipes esta nova forma de gestão das águas? A agregação institucional dos municípios na entidade “Águas do Douro Sul” – Associação de Municípios, permitirá, desde logo, um reforço da posição negocial face a fornecedores e à entidade reguladora (ERSAR). Para além disso, com a necessidade de recuperar o défice tarifário existente (imposição legal), verifica-se que, no âmbito da nova entidade, essa recuperação será menos gravosa para as populações do que se for feita individualmente por cada município, já que haverá ganhos associados à redução de gastos, à melhoria dos índices de água não faturada, à existência de financiamento comunitário para investimentos realizados por entidades intermunicipais. Como em cima refiro, a Águas do Douro, é uma Associação constituída exclusivamente por Municípios, o que por si só poderá significar uma maior sensibilidade no tocante a uma importante e necessária visão social no que, à prestação dos dois serviços diz respeito. Com esta alteração, os munícipes, irão verificar alguma alteração na sua fatura de água? Admito que a fatura venha a sofrer algumas alterações, à semelhança do que tem vindo a acontecer nos últimos anos.
Tarouca
À semelhança dos restantes municípios constituintes da Águas do Douro Sul, foi também solicitado ao município de Tarouca que o autarca Valdemar Pereira prestasse declarações sobre este tema ao nosso jornal, contudo , até ao fecho desta edição não nos foi possível obter essas declarações. ■
24 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Vários Concelhos
Domingos Nascimento
Aldeias Humanitar vence Prémio Direitos Humanos da Assembleia da República
Presidente da Agência Social do Douro
O Interior vai encontrar o caminho! Vivemos à escala global a emergência das alterações climáticas. No Interior de Portugal, vivemos a urgência das alterações demográficas. É de um problema ambiental que falamos. Há uma espécie, fundamental ao equilíbrio do ecossistema, em vias de extinção - a espécie humana! Vamos promover o equilíbrio ambiental no interior de Portugal, criando condições objetivas e concretas para mudar os contextos provocadores da depressão demográfica. Precisamos do Interior em todas as políticas. Tal como é feita a análise na perspetiva da inclusão e da igualdade de género, precisamos que algo idêntico seja feito para os territórios. As decisões no Governo e na Assembleia da República deverão ter uma análise dos impactos positivos e negativos para o território menos povoado. É a hora da mudança. O interior tem que se impor. O litoral tem com estes territórios um dívida imensa. Dívida humana e económica. É a hora do interior! Para um Portugal inteiro!
PUB
O cartório notarial de M urça, deseja a todos os c lientes, colaboradores, e f ornecedores um Santo e F eliz Natal, e um Ano Novo cheio de sucessos! Rua Soldado Herói Milhões, n.º 8 – 5090-136 Murça Telef. 259 040 160 – Telem. 938 378 848 e-mail:sonia.moutinho@notarios.pt PUB
A Aldeias Humanitar é a vencedora do Prémio Direitos Humanos 2019 da Assembleia da República, pela intervenção humanitária de saúde e amparo social. O Júri do Prémio justifica a sua atribuição à Aldeias Humanitar pela “atuação humanitária e inovadora na prestação de cuidados de saúde e sociais, no amparo das famílias e pessoas idosas que vivem em situação de vulnerabilidade ou isolamento e abandono, principalmente no interior do País”. O Prémio Direitos Humanos é atribuído anualmente a uma organização não governamental, ou personalidade que se distinga na defesa dos direitos humanos. “Depois do Reconhecimento da sua valia científica, do reconhecimento operacional, eis que a Assembleia da República dá à Aldeias Humanitar o Reconhecimento dos Direitos Humanos. É imensa a responsabilidade. É enorme o sentimento de gratidão.”, revela a Aldeias Humanitar, em comunicado. “Estes reconhecimentos dedicam-se ao Interior de Portugal, às PESSOAS que lhe dão vida, e a todas as Entidades e Instituições que, tal como a Aldeias Humanitar, ajudam por cá a garantir a dignidade e a qualidade de vida humana”, conclui. A Cerimónia de Entrega do Prémio Direitos Humanos 2019 tem lugar no próximo dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, e que é, simultaneamente, o Dia Nacional dos Direitos Humanos, no Salão Nobre da Assembleia da República. Sobre o Projeto Aldeias Humanitar O Projeto Aldeias Humanitar desenvolveu o seu projeto piloto a partir de 2017 nos concelhos de Sernancelhe e Penedono, tendo sido escolhida pela Agência Social do Douro a Santa Casa da Misericórdia de Sernancelhe para instituição âncora deste projeto piloto. Constituiu-se como instituição em 2018, ano em que iniciou a intervenção humanitária de forma consistente e continuada. A sede nacional da Instituição é em Sernancelhe, no Douro Sul, onde funciona também o Núcleo de Intervenção de Sernancelhe-Penedono. A partir de Janeiro, o Aldeias Humanitar terá atividade continuada em Tabuaço, estando prevista a intervenção noutros concelhos do Interior. O Projeto Aldeias Humanitar tem a vertente de Intervenção e a vertente de Certificação de Territórios. A
Intervenção é feita de forma absolutamente gratuita às pessoas que dela usufruem e sempre no propósito de integrar cuidados de saúde e sociais, partilhar recursos já existentes na comunidade e articular com as entidades e instituições da comunidade, por forma a otimizar o resultado da intervenção. O Aldeias Humanitar tem desde a sua criação o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República. Já este ano o Aldeias Humanitar recebeu o Prémio Healthcare Excellence 2019, da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, bem como outros reconhecimentos e apoios financeiros de organismos e entidades de relevo em Portugal. Na génese da sua formação está a Agência Social do Douro que garante o suporte técnico e científico voluntário e a Fundação da Caixa Agrícola do Vale do Távora e Douro, bem como os Municípios, que permitem parte da sustentabilidade financeira, O Aldeias Humanitar tem como objetivo alargar o seu modelo de intervenção a todo o Interior de Portugal e mobilizar todos para a luta contra o desamparo humano. O Aldeias Humanitar está consciente de que ainda pouco fez, porque o caminho das necessidades é longo. Felizmente, existem muitas instituições nas comunidades que há muitos anos fazem um trabalho extraordinário. O Aldeias Humanitar está consciente também do importante impacto da sua intervenção na vida das pessoas, mas que os reconhecimentos e, no caso concreto, dos Direitos Humanos, são, fundamentalmente, atribuídos à tomada de consciência da realidade da desertificação humana no interior de Portugal e das suas consequências. No absoluto respeito pela privacidade, vontade e individualidade das pessoas, a Intervenção Humanitar faz-se com discrição, em estruturas multidisciplinares da área da saúde e do social, integradas em Equipas Humanitar de Cuidados em Casa. A Ação Humanitar começa pela avaliação das necessidades concretas, suportada em modelos técnico-científicos e, depois, os técnicos do projeto procuram nas famílias, nas Instituições, nos Municípios e nas Juntas de Freguesia os recursos ou respostas. Mantendo-se a necessidade, e não havendo resposta disponível na comunidade, depois de elaborado o Plano Individual, inicia-se a intervenção das Equipas Humanitar de Cuidados em Casa. A Aldeias Humanitar tem a ambição de contribuir para a mudança de comportamentos e de ver replicado este modelo de intervenção nos territórios para uma mobilização geral a favor da humanização do Interior de Portugal. ■
PUB
26 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Penedono
Município mostra potencialidades no Mercado A décima edição do Mercado Magriço ficou, uma vez mais, marcada pelo sucesso que este modelo tem vindo a demonstrar e que ultrapassa o conceito de feira, designando-se como uma plataforma de apoio aos empreendedores locais. Texto e Fotos: Carlos Almeida
Associações, grupos desportivos, empresas de vários ramos, agricultores ou artesãos, todos têm o seu espaço neste Mercado Magriço que atrai à vila de Penedono milhares de visitantes durante os três dias em que se realiza. Para Carlos Esteves de Carvalho, presidente da Câmara Municipal, este evento serve para “afirmar as dinâmicas locais e fomentar o empreendedorismo, reunindo o que de melhor se faz no concelho”, como afirmou no discurso que inaugurou o certame.
No final desta décima edição do Mercado Magriço o VivaDouro falou com a vereadora municipal Cristina Ferreira que nos fez um balanço do evento. Qual o balanço que a autarquia faz desta edição do Mercado Magriço? Finda a X edição do Mercado Magriço o balanço que se faz da mesma é extremamente positivo se, por um lado este é um certame com uma vitalidade única, pese embora os seus 10 anos de existência, por outro constatamos, no contacto que fazemos no final da mesma, com todos os expositores presentes, que o mesmo cumpriu com o propósito da sua existência, o de ser plataforma de apoio a todos os empreendedores penedonenses. Perante as reações que fomos colhendo ficou a ideia de que este evento superou as expectativas dos expositores, se por
Este é um projeto que tem vindo a crescer em dimensão e importância ao longo dos anos levando o autarca a falar num trabalho persistente para os projetos que ali são apresentados, “este mer¬cado resulta de um trabalho persistente, que incentiva o aparecimento de novos projetos que depois é necessário apoiar e acompanhar até se estruturarem”. Para quem chega a Penedono pela primeira vez e visita este Mercado, pode ter uma ideia geral do que é o concelho, em que áreas se aposta a nível económico e do trabalho que as diversas associações levam a cabo.
um lado o seu volume de negócios aumentou exponencialmente, outro houve que assumiu especial relevância, o do intercâmbio de ideias e a abertura de novos mercados, fruto também da diversidade dos visitantes do certame que, se dilui por entre meros visitantes e potenciais investidores que sondam estes eventos em busca de novas oportunidades de negócio. Foi o que aconteceu na X edição do Mercado Magriço, que, mais uma vez se revelou como polo aglutinador de todas as atividades económicas concelhias que, aqui provaram que estão de saúde e se recomendam. É este o balanço que a autarquia desejava e se veio a concretizar, na certeza de que o sucesso deste evento foi, uma vez mais, o sucesso de todos os agentes económicos concelhios que teimam e conseguem, fruto do seu trabalho afirmar Penedono.
Desta X edição que momentos destacaria? São vários os momentos que se destacam e revelam como a essência do Mercado Magriço o principal surge aquando da organização do mesmo e é a envolvência e assertividade de todos os agentes económicos concelhios, são eles a pedra angular deste evento que reserva em si momentos que o vão transformando num caso de sucesso entre os quais se destacam: o Concurso de Ovinos e Caprinos, prova de que este é um setor dinâmico e bastante ativo, o Concurso da Castanha que exalta este fruto rei como garante da sustentabilidade de muitas famílias, a Caminhada pela Rota do Azeite onde os participantes descobrem a subtileza e fineza dos nossos azeites, o Concurso Penedono Valoriza a Floresta, prova cabal de que a procura de uma floresta susten-
tável começa a ser uma realidade, a atuação da escola de música Espaço de Artes “O Magriço”, projeto que vai crescendo e envolve as crianças do concelho, a participação das IPSS,s que graças ao trabalho desenvolvido promovem a inclusão social, uma ação cada vez mais importante nos nossos meios e por vezes desconsiderada. Seriam poucas as linhas para descrever todos os momentos que se destacaram pois cada um, à sua maneira e na devida proporção engrandeceram este evento. Entre os expositores com quem falamos o impulso económico dado por este evento é o ponto mais destacado, é um sinal de que o propósito da sua criação está a ser cumprido? Muito nos apraz ver reconhecido, por parte dos expositores, o impulso econó-
VIVADOURO DEZEMBRO 2019 27
Penedono
Magriço mico que advém desta iniciativa, prova de que os objetivos que estiveram na génese da criação do Mercado Magriço, o de apoiar incondicionalmente os promotores e agentes económicos do concelho, o de criar uma plataforma que fosse, não só, montra do tecido empresarial e comercial do concelho, mas também espaço de oportunidades, estão a ser cumpridos mas, este é um facto que vimos constatando há 10 anos daí a razão da sua longevidade e existência. É salutar ver uma economia que não estagna ante todos os rótulos que teimam em nos colocar, é de um orgulho tremendo ver o dinamismo e insistência destas gentes, correndo o risco de ser repetitiva é por eles que o Mercado Magriço existe o sucesso dos mesmos é o sucesso deste executivo que teima em dizer presente, em trilhar o caminho com eles. Que futuro está reservado para o Mercado Magriço? O futuro é e sempre será uma incógnita no entanto, o que está reservado ao Mercado Magriço depende única e exclusivamente do querer dos nossos empreendedores pois é somente por eles que existe e, se porventura houver um ano em que ele não corresponda às expectativas dos mesmos, este executivo saberá tirar as devidas ilações e suspendê-lo se necessário for. O Mercado Magriço não é uma qualquer festa estival pretende sim, ser como sempre foi, uma plataforma de apoio ao teci-
do empresarial de Penedono, um espaço votado á descoberta, á divulgação e promoção das potencialidades deste concelho nas mais diversas variáveis económicas, culturais e turísticas. Olhando para estes 10 anos verificamos que a dinâmica deste certame não esmorece, pelo contrário, reinventa-se a cada ano que passa, ganhando novos protagonistas perscrutando novos horizontes daí que, acreditamos que enquanto existir o querer e a tenacidade dos nossos empreendedores aliados a qualidade da marca Penedono o Mercado Magriço será uma realidade.
suas potencialidades, um território que deseja ser descoberto, um território que à luz daqueles que nos visitam é um verdadeiro manancial de oportunidades. É este o ser e pulsar de Penedono, uma
terra de oportunidades que urge promover, aqui para além do querer existe o saber fazer, existe uma casta de homens e mulheres que insistem e persistem no seu propósito, afirmar Penedono. ■
Durante os dias do evento foram vários os turistas que se viram no espaço do certame, acredita que este é um sinal do crescimento deste evento e do reconhecimento do concelho de Penedono? Como referimos o Mercado Magriço é montra do que melhor se faz em Penedono, logo é natural que o número de turistas que nos visitam, quer seja por lazer ou em busca de novas oportunidades, aumente. Com o decorrer dos anos verificámos efetivamente um acréscimo de visitantes não só nacionais, oriundos de todos os pontos do país, bem como estrangeiros sendo os de maior relevo espanhóis oriundos da região da Galiza que ano após ano têm Penedono como destino de eleição. É claro que ante este incremento de visitantes podemos considerar que Penedono é cada vez mais reconhecido pelas
Renato Soeiro - Enoque
Gina Andrade – Padaria e Pastelaria Castelo
É uma forma de dar a conhecer o produto às pessoas da região e mostrar o empreendedorismo da região. O meu sócio é enfermeiro, eu sou arquiteto e decidimos criar uma marca com identidade desta zona. Hoje em dia com a internet tudo é possível e a partir de qualquer lugar, é um pouco isso que também mostramos com o nosso trabalho.
Estar presente no Mercado Magriço é tão simples como ser de Penedono. Quem tem uma empresa como nós, já há 20 anos, obrigatoriamente tem que marcar presença com os seu produtos para os promover e divulgar, é esse o objetivo desta organização. Foi precisamente num Mercado Magriço, em 2014, que foi criado o Ouriço de castanha um doce feito a partir do nosso produto mais importante.
28 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Vila Real
Autarquia vai lançar concurso para transportes públicos Após três anos de luta judiciária e aproveitando nova legislação, a autarquia vila-realense revogou o contrato de transportes públicos com a empresa Rodonorte, estando agora a preparar um novo concurso, nacional e internacional para este serviço. Em declarações ao nosso jornal, Rui Santos, Presidente da Câmara Municipal de Vila Real explicou o porquê de revogação do contrato existente. “Em 2011 o anterior executivo tentou renovar a concessão dos transportes públicos urbanos que tínhamos em Vila Real com a empresa que na altura desenvolvia esse trabalho, a Avanza, mais conhecida entre nós por CorgoBus.
O Tribunal de Contas (TC) não permitiu que essa renovação fosse feita e eu digo que ainda bem. Na altura a autarquia investia 600 mil euros de compensação indemnizatória para que esses transportes públicos fossem uma realidade e o TC ao impedir que essa renovação acontecesse, permitiu que o novo executivo lançasse um concurso público internacional que tinha como objetivo não só manter o serviço já existente como alargá-lo a outras áreas do concelho, aumentar a frequência e renovar a frota. Nesse concurso conseguiu-se que duas empresas apresentassem valores de 200 mil euros para prestar um serviço mais alargado do que aquele que era prestado anteriormente. Infelizmente, resultado de o facto do preço ser igual na proposta das duas empresas, o júri escolheu uma em detrimento de outra por questões técnicas. Desde então que existe um processo em tribunal, impedindo a assinatura do contrato de adjudicação por 10 anos apesar da empresa vencedora ter adquirido
algum material circulante novo, contudo ficamos vedados de fazer mais investimento, de alargar as linhas ou melhorar a frequência. Este era um impasse que durava há 3 anos”. Segundo o autarca, o acordo de revogação foi agora possível devido à nova legislação que dá mais poderes neste área a autarquia que poderá assim lançar um novo concurso, nacional e internacional, para este serviço. “Aproveitando a criação de legislação que nos permitiu constituir Vila Real como autoridade de transportes, fizemos um acordo de revogação do atual contrato
de ajuste direto que estava a acontecer à empresa Rodonorte, avaliando a frota e os serviços que estavam a ser prestados para podermos avançar com um novo concurso esperando agora que compatibilize os transportes urbanos e interurbanos, prestando assim um melhor serviço aos vila-realenses”. O concurso deverá agora demorar “entre 6 a 8 meses”, afirma o autarca que espera que “este processo decorra com toda a tranquilidade”. Até lá, conclui Rui Santos, “continuamos com o serviço existente que a mim, como autarca, não me satisfaz na totalidade”. ■
Foz Côa
Cinecôa 2019 confirma sucesso internacional Marcado pela presença do ator Ricardo Pereira que este ano viajou propositadamente do Brasil para receber a homenagem do festival, os três dias do Cinecôa 2019 permitiram vários encontros com atores, realizadores e produtores. Pela tarde tinha sido possível assistir ao filme “A Tua Vez” de Cláudio Jordão e David Rebordão. Presentes na sala, os dois realizadores puderam apresentar a sua obra e falar sobre a aventura de produzir este filme. A quinta e sexta-feira foram ainda marcados pelo Espaço Juvenil que permitiu às novas gerações um contacto com obras de animação que vieram de vários países, nomeadamente do Brasil, Espanha, Estónia e Irão. De Portugal foram exibidos vários filmes de animação, que foram apresentados pelos seus realizadores Moisés Rodrigues e João Oliveira. Na sexta-feira foi também possível ouvir José Miguel Moreira, autor do filme “Carnaval Sujo”, uma ficção em tempo de Carnaval, com música do Maestro Rui Massena, confessando ter ficado fascinado pela região. Mia Tomé, com raízes familiares em Vila Nova de Foz Côa foi homenageada pelo Município numa cerimónia tocante, antes da exibição do filme “Sintoma de Ausência” de Carlos Melim que a atriz protagoniza. A exibição do filme "A Herdade” de Tiago Guedes, foi antecedida de uma apresentação do filme pelo ator revelação desta obra, João Pedro Mamede, o qual revelou um enorme entusiasmo em poder apresentar o filme num festival de
cinema que traz os grandes vultos da produção nacional. O último dia do festival trouxe a Foz Côa o produtor e diretor de fotografia Ralf Tambke que assim apresentou ao filme “A Outra Pele” de Inés de Oliveira Cézar. Este filme é uma coprodução entre a Argentina e o Brasil. A tarde ainda permitiu assistir à antestreia do filme francês, "Uma Rapariga Fácil” de Rebecca Zlotowski. O encerramento do festival culminou com a presença de Samal Yeslyamova que veio directamente do Japão para estar no Cinecôa. A atriz que nasceu em Petropavl no Cazaquistão do Norte, próximo da fronteira com a Rússia, revelou estar deslumbrada com o acolhimento e pelo facto de Portugal estar atento à sua carreira e de ter sido convidada para o Cinecôa. Marcado pela presença de grandes atores da cena internacional, mas também dos atores revelação do cinema português, o 8º Festival Internacional de Cinema de Vila Nova de Foz Côa não deixou de marcar o evento com o fato de ser o único município português com 2 Patrimónios Mundiais – Gravuras Rupestres e Alto Douro Vinhateiro. Uma frase que marcou o evento foi: “Um festival do Cinema do Mundo, onde a Humanidade tem mais História”. Presente ao longo do festival, Ricardo Pereira, que sucede a Paulo Branco, produtor cinematográfico, no rol dos homenageados do festival, protagonizou o momento de abertura do festival no Auditório Municipal, onde imagens dos seus filmes foram exibidas. O VivaDouro esteve à conversa com o ator português que revelou a sua felicidade por marcar presença em Foz Côa, sublinhando a importância do papel dos atores na dinamização e valorização destas iniciativa, em especial em territórios do interior, muitas vezes relegados para segundo plano. Saíste do Rio de Janeiro direto para Foz Côa, é esta a magia do cinema, estar em locais tão distantes e distintos?
Essa é uma palavra que eu vou referenciar no meu discurso, magia. O cinema é isso, é magia. Todos os profissionais que trabalham nesta arte carregam essa magia, desde o tempo da película, lá atrás, até ao digital dos dias de hoje que nos permite gravar mais, errar mais, até porque é mais barato, mas sempre com um cuidado e uma magia diferente, um olhar diferente. Afinal de contas estamos a fazer algo que ficará para a eternidade. Daí ter aceite o convite para estar presente neste momento, nesta homenagem. Infelizmente não consigo estar em todos os lugares que me convidam mas fiz muita força para estar aqui, por várias razões, por uma ligação à região do Douro, por ser um local que tem no seu espaço dois Patrimónios Mundiais... O cinema aproxima-nos, conta-nos histórias e permite-nos viajar por muitos lugares. Eu saí do Rio de Janeiro e vim até aqui para falar de cinema e quem insiste em trazer o cinema até estes locais mais distantes, merece que eu esteja aqui, por isso fiz tanta questão de estar presente.
Ser uma figura pública dá um sentido de responsabilidade que pesa ao aceitar um convite para estar num local tão distante, valorizando esse território e o trabalho que aqui se realiza? Eu tenho essa obrigação. Quando fazemos parte do mundo da cultura temos que ter esta responsabilidade. A cultura é a propagação de uma mensagem, de uma história, de questões e pensamentos. Essa propagação só é feita se houver público e o público nem sempre está concentrado nos grandes centros, por isso cabe-nos a nós enquanto artistas, fazer todos os esforços para estar presente neste tipo de iniciativas, em qualquer local, não só nos grandes festivais, nos grandes centros. Temos que fazer com que a tal magia continue a tocar o espectador, é para ele que nós trabalhamos. É uma obrigação mas uma obrigação que se faz com muito prazer e isso é a melhor parte. Eu gosto do contacto com o público e o contacto com o público diverso, já estive em muitos festivais no mundo e ainda não tinha estado aqui por isso o convite tornou-se irrecusável. ■
VIVADOURO DEZEMBRO 2019 29 PUB
Lamego
Escola de Hotelaria do Douro-Lamego integra a Rede PEPER A Escola do Douro-Lamego integra a rede PEPER – Promoção do Ensino Profissional em Rede, no seguimento do protocolo assinado entre o Instituto Politécnico de Viseu, o Instituto Piaget e a Escola do Douro-Lamego. Integram este protocolo outros 29 estabelecimentos de ensino. O protocolo foi assinado no passado mês de novembro e define o âmbito de atuação regional (Beiras e Douro) não excluindo a possibilidade de a PEPER integrar parceiros de outras regiões do país. Um dos objetivos deste protocolo é contrariar a desertificação do interior e contribuir para a fixação de jovens na região. Outra das decisões registadas é o facto de os estudantes que concluam os cursos de formação profissional de nível secundário ou equivalente nas escolas e noutras entidades da REDE PEPER terem prio-
ridade na ocupação de até 50 % das vagas que sejam fixadas nos CTeSP ministrados no I.P.V. e no I.P. e para os quais reúnam as condições de ingresso. Alunos reconhecidos em prova europeia
Dois alunos da Escola de Hotelaria do Douro-Lamego, Micaela Costa e Gonçalo Carvalho, destacaram-se na 32.ª edição dos encontros anuais da Associação Europeia das Escolas de Hotelaria e Turismo. A dupla conquistou o terceiro lugar
na categoria Culinary Art Competition e o quarto lugar na categoria Wine Service. A competição teve lugar nos dias 12, 13 e 14 de novembro em Split, na Croácia. O evento reuniu alunos provenientes de mais de 40 países europeus. ■
30 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
São João da Pesqueira
Papel da Economia Social esteve em debate no Museu do Vinho O município de São João da Pesqueira recebeu, uma vez mais, as Jornadas Cooperativas, organizadas pela APM - Associação Portuguesa de Management e da AAP - Associação dos Amigos de Pereiros, com a colaboração das Cooperativas Agrícolas de S. João da Pesqueira, Castanheiro do Sul e de Penela da Beira. No encontro deste ano, subordinado ao tema “A Valorização do Território: A Economia Circular na Economia Social”, foram apresentadas diversas comunicações, bem como a Conta Satélite para a Economia Social, referente ao ano de 2016, documento indispensável para um conhecimento correto e profundo da realidade da implantação das Instituições da Economia Social no País e da sua diversidade. Silva Fernandes, um dos organizadores do evento, destaca a importância do tema a
debate nesta edição, sublinhando o papel da economia social na atração e fixação de populações, em especial em territórios do interior. “Nas treze Jornadas anteriores foram apresentados e discutidos temas como o Cooperativismo em Portugal, na Europa e no mundo, a Economia Social e o papel que a mesma pode e deve desempenhar, na valorização do território do interior do país, através da criação de emprego, fixação das populações e atracão de novos residentes, nomeadamente com o eventual regresso de muitos dos que emigraram ou simplesmente se deslocaram para o litoral em busca de melhores condições de vida. O evento deste ano, na sua décima quarta edição teve como tema “A valorização do território - a economia circular na economia social”, tema da maior atualidade, na preparação de um futuro que tarda em ser programado tendo sido apresentado e debatido por ilustres académicos como Joaquim Borges de Gouveia, da Universidade de Aveiro, e ainda Emídio Gomes e Carlos Afonso, ambos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Alternando a estrutura do evento, desde Jornada, Seminário e Congresso a linha comum é a Valorização do Território do
interior, mais concretamente a região compreendida pelas CIM's do Alto Tâmega, Trás-os-Montes e Douro”. Também o autarca pesqueirense, Manuel Cordeiro, marcou presença nestas jornadas tendo, no final do encontro, em declarações ao nosso jornal, destacando o papel das instituições e organizações dedicadas à economia social na oferta de serviços e equipamentos que respondam às necessidades reais das pessoas. “As instituições e organizações dedicadas à economia social têm um papel fulcral na oferta de serviços e equipamentos tendentes a dar resposta às necessidades reais das pessoas, quer a nível económico com as
cooperativas, quer social com as associações humanitárias e culturais, e, bem assim, com as IPSS´s nas respostas à população mais idosa, a pessoas com deficiência, ou a crianças e jovens. Os agentes na economia social complementam a ação do Estado e das Autarquias Locais, contribuindo para a inclusão de todos na sociedade, através da resposta que prestam às suas necessidades, num papel fundamental na implementação de soluções inovadoras para problemas negligenciados ou que o Estado não consegue responder cabalmente, instituições verdadeiramente meritórias face até ao voluntarismo de muitos dos seus dirigentes”. ■
PUB
PUB
32 VIVADOURO DEZEMBRO 2019 PUB
Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária
Inverno com Saúde No inverno ocorrem, naturalmente, temperaturas baixas e como consequência, há um aumento de incidência das infeções respiratórias na população, algumas vezes relacionadas com a epidemia sazonal da gripe. Mas, para além do vírus da gripe podem ocorrer simultaneamente agentes virais e bactérias, que provocam outro tipo de infeções respiratórias, como por exemplo pneumonias. A exposição ao frio, sem a proteção adequada, pode provocar alterações no nosso organismo que nos leva a ficar mais suscetíveis à gripe e constipações, especialmente em alguns grupos de pessoas mais vulneráveis, como as crianças, os idosos e os portadores de doenças crónicas. Portanto, se pertence a um dos grupos de risco e ainda não se vacinou, dirija-se ao seu Centro de Saúde porque ainda está a tempo de o fazer! Durante o inverno é importante que mantenha a sua casa aquecida, mas em segurança, tendo cuidado com braseiros, lareiras abertas e cobertores elétricos. Intoxicações por monóxido de carbono e incêndios domésticos são alguns dos acidentes frequentes no inverno e que resultam em graves consequências. Aconselha-se até, que no início do inverno se verifique se o sistema de aquecimento utilizado se encontra em perfeitas condições de funcionamento. Ainda dentro de casa, também ajuda a combater o frio o consumo de bebidas quentes. No exterior, sugere-se o uso de várias camadas de roupa, bem como a proteção das extremidades, através da utilização se gorros, luvas e cachecóis. Nesta época de frio há também uma maior tendência para concentrar as pessoas em locais fechados e mal arejados, o que pode contribuir para a propagação de algumas doenças infeciosas. São assim fundamentais as medidas de proteção contra a gripe e outras infeções respiratórias, como por exemplo: lavagem frequente das mãos, “distanciamento social” se tiver sintomas de gripe, utilização de máscara de proteção se tiver tosse, utilizar a linhas de saúde 24 (808 24 24 24), como primeiro contacto com o sistema de saúde, evitando assim desnecessárias idas ao Serviço de Urgência! O frio do inverno pode ainda aumentar significativamente o risco de acidentes rodoviários e mesmo quedas das pessoas nas ruas, isto devido ao gelo, geada, granizo, vento e chuvas, pelo que cuidados acrescidos na estrada e nos passeios também são extremamente importantes. Proteja-se do frio e passe um inverno seguro!
PUB
PUB
34 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Vários Concelhos
TPNP apresentou 12ª edição dos Fins de Semana Gastronómicos A 12ª edição dos Fins de Semana Gastronómicos arrancou no passado dia 29 de novembro, em Mesão Frio e Vila Verde. Um evento promovido pelo Turismo do Porto e Norte (TPNP), com o envolvimento de 78 dos 86 municípios da área da TPNP e durante o qual serão servidas cerca de 210 receitas regionais em mais de mil restaurantes, 500 empreendimentos turísticos e 350 quintas, adegas e espaços enoturísticos. Na apresentação desta 12ª edição, que decorreu em Felgueiras, o presidente da TPNP, Luís Pedro Martins, salientou tratar-se do “maior projeto público-privado do país no que ao produto turístico de gastronomia e vinhos diz respeito”. Luís Pedro Martins realçou que este “é um dos produtos mais estruturantes para a consolidação da
oferta turística da região e da imagem do destino no contexto nacional”. O presidente da TPNP considerou ainda que “a gastronomia e o vinho têm a capacidade de contribuir para o aumento da estada média e da fidelização ao destino por via da revisitação, bem como para o aumento do consumo”. Revelou ainda, a propósito, a intenção de iniciar na próxima edição, em 2020, a “trajetória de internacionalização do evento, dando-lhe uma nova dinâmica, com maior ambição, através da criação de uma marca que associe os Fins de Semana Gastronómicos a um produto de quatro dias na região, estimulando o aparecimento de mais experiências enogastronómicas”. Manifestando a sua satisfação com o crescimento da atividade turística no Porto e Norte, o presidente da TPNP considerou existirem condições para continuar neste ritmo. Defendeu, porém, a necessidade de resolver alguns “problemas de mobilidade para os turistas” existentes. “É preciso melhorar algumas estradas, que ligam as pequenas localidades e convidar os turistas a perderem-se na região”, disse. Igualmente fundamental será “o investimento na ferrovia, nomeadamente no Douro, onde os números podem crescer muito mais”, acrescentou. A título de exemplo, Luís Pedro Martins defendeu “o investimento na Linha do Douro, absolutamente estratégico para a região e que permitiria, em articulação com Espanha, nosso primeiro mercado
emissor de turistas, uma ligação à região de Castela e Leão, nomeadamente a Salamanca, ligando vários patrimónios da Humanidade e retirando um maior proveito do potencial do Douro/Duero. Presentes na apresentação pública desta iniciativa estiveram os municípios de Alijó e Santa Marta de Penaguião que tiveram oportunidade de dar a provar alguns dos pratos que apresentarão. Para Sónia Pires, vereadora da autarquia alijoense, é importante a presença do município nestas iniciativas pela promoção que é feita do território, em especial numa área onde tem muito para oferecer como sendo a gastronomia. “A importância de estarmos presentes nesta iniciativa é porque ela é o pontapé de partida para a promoção de um segmento de oferta que é extraordinário na nossa região, a gastronomia e os vinhos. Estamos aqui a promover o menu que vamos apresentar neste programa, que no nosso caso é um menu que retrata a época das vindimas, ou não estivéssemos nós em pleno Douro Vinhateiro. Para entrada apresentamos um bacalhau frito em broa de centeio, que era o que se comia logo pela manhã da jornada, a massa à lavrador e para terminar umas filhoses que são símbolo de festa. Um menu muito ligado à história das vindimas. Alijó é interessante de visitar o ano todo mas este fim de semana (11, 12 e 13 de setembro), dá-nos algumas razões extra para essa visita com este programa e ainda com a celebração da Nossa Senhora da Uva
que é uma celebração que iniciamos no ano passado mas que tem características muito interessantes e que desperta a curiosidade de quem nos visita”. Também Luís Machado, Presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião destaca a riqueza gastronómica da região como uma mais valia na promoção turística do seu concelho, justificando assim a presença do município, quer no evento de apresentação da iniciativa quer na lista dos município que participam destes fins de semana gastronómicos. “Os fins de semana gastronómicos inserem-se na nossa política de promoção do concelho de Santa Marta, neste caso no segmento da gastronomia que é algo que todos sabemos que é um grande fator de atração turística. Nós temos uma excelente gastronomia e recebemos bem quem nos visita, por isso, esta é uma obrigação do município. A participação na apresentação desta iniciativa é exatamente isso, mostrar que estamos presentes, darmo-nos a conhecer, criar novos contactos, novas dinâmicas, perceber como os outros fazem porque estamos todos os dias a aprender e há municípios que trabalham de forma diferente, com ideias que podemos replicar no nosso município, partilhando com os outros o que nós também fazemos.” Felgueiras foi a cidade que acolheu a apresentação desta 12ª edição dos Fins de Semana Gastronómicos, numa cerimónia que contou com uma mostra de produtos regionais na área da gastronomia e do vinho. ■
PUB
PUB
Presidente da Câmara de Penedono Carlos Esteves de Carvalho
Uma Mensagem de Natal...
Meus Caros Amigos Na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Penedono e em meu nome pessoal, não quero deixar passar este clima natalício que já se respira, sem vos transmitir duas palavras num sinal de verdadeira proximidade. A época natalícia congrega em si um conjunto de valores que apela à essência do que deveria orientar a nossa existência em cada dia que passa. União, paz, amor, fraternidade, família, partilha, são conceitos sobejamente evocados nesta quadra. Todos nos sentimos mais sensíveis e atentos àqueles que nos rodeiam e, por inerência a esse estado de espírito, somos impelidos a praticar o bem. É também por esta altura que prometemos a nós próprios que tudo iremos fazer em prol daqueles que, por diversas razões, se sentem mais desprotegidos… Contudo, e após mais 365 dias damo-nos conta que nem tudo está como ambicionámos e, re-
formulamos, uma vez mais os votos anteriormente expressos. Para que esta luta diária surta efeito, saibamos unir forças, saibamos dar as mãos, saibamos escutar outras opiniões, saibamos ser tolerantes, saibamos aceitar as diferenças. Será com determinação e vontade que iremos, acredito, construir uma sociedade mais digna, mais fraterna, mais justa, onde seja possível minimizar o sofrimento alheio. Também acredito verdadeiramente que, com o empenho de cada um de nós, desenvolveremos as nossas potencialidades individuais e coletivas e o bem-estar desejado por todos. Por ora resta-me desejar Festas Felizes para todos vós e que em 2020 ecoe nos nossos corações o verdadeiro e único significado de Natal.
Compras no Comércio Local – campanha esta realizada desde 2014. O comércio local é fundamental para o desenvolvimento dos pequenos concelhos. Gera emprego, riqueza e garante, na maioria dos casos, o próprio emprego do empresário. Assim, como uma estratégia de incentivo ao consumo no comércio local e tradicional, para além de sensibilizar todos os consumidores a fazerem compras no comércio tradicional, destaco a necessidade de se encontrarem iniciativas que fomentem esse consumo, quer por parte dos empresários, quer por parte das entidades associativas. A união de todos, especialmente nos territórios do in-
O Presidente da Capital Douro Paulo Mendonça Tolda
Uma Mensagem de Natal...
Caros Associados e Amigos, A situação demográfica e económica do nosso território coloca, como sabem, imensos desafios a todos, especialmente às empresas e empresários. Desde logo, a desertificação e envelhecimento da população está a originar problemas de obtenção de mão-de-obra, especialmente agrícola, abandono de propriedades, encerramento de infraestruturas e serviços, falta de investimento público e privado em alguns setores, falta de inovação, iniciativa e de espirito crítico. Estas problemáticas afetam as empresas de formas diferentes, consoante o setor em que atuam, a sua dimensão, localização, etc. No entanto, é notório que menos pessoas significa menos consumo e menos consumo significa, especialmente para o comércio local, mais dificuldades. Menos pessoas significa menos natalidade e menos natalidade significa menos futuro... Não obstante existiram inúmeras oportunidades na Região onde nos encontramos, especialmente no setor turístico, agroalimentar e dos serviços, a verdade é que só um ecossistema empreendedor, que contenha ferramentas para potenciar a inovação, a atratividade, a formação dos agentes e o investimento poderá contribuir para inverter esta situação. No entanto, é com alguma perplexidade que, não obstante os territórios do interior apresentarem problemas crónicos há imensos anos, continuamos a verificar uma ausência de coragem dos vários governos para, de uma
vez por todas, criarem um pacote de medidas eficazes para reverter esses problemas. Muito se tem falado, muito se tem escrito e muitos documentos se têm apresentado. No entanto, continuamos a ser esquecidos e completamente desfavorecidos. É com muita dificuldade que as associações, autarquias e outras entidades locais vão tentando, com o pouco dinheiro e com as poucas ferramentas de governação de que dispõem, melhorar um pouco a situação. Como sabem, não está ao nosso alcance, por exemplo, criar incentivos fiscais diferenciadores para particulares e empresas capazes de potenciar uma verdadeira revolução. E essa revolução é urgente e necessária... Mesmo os fundos comunitários são uma miragem para os pequenos empresários e para as pequenas empresas. Sem dotações condignas para apoiar os projetos mais pequenos, são muito poucos os empreendedores que conseguem garantir algum apoio. E as empresas e os empresários que, em regra, são os que têm a capacidade de melhor garantir o chamado efeito multiplicador do investimento realizado, vão, no interior do nosso país, percebendo que os fundos comunitários são só para alguns e muitas vezes canalizados para projetos sem retorno económico para o território. No entanto, muitos bons exemplos se podem encontrar de iniciativas locais que pretendem fazer a diferença. Como um desses exemplos, destacaria, face á maior apetência da época para o consumo, a Campanha de Natal da Associação Capital Douro - Neste Natal faça
Boas Festas, são os votos sinceros do Presidente da Câmara de Penedono.
terior do país, é fundamental para criar dinâmicas de inovação e diferenciação no nosso tecido empresarial, com o objetivo de o tornar mais resiliente e gerador de emprego e valor, com capacidade para responder às necessidades e expectativas dos nossos consumidores, merecendo confiança e esperança no futuro. Desejo, quer em nome da Associação Capital Douro, quer pessoalmente, um Feliz Natal e um Ano de 2020 repleto de sucessos e saúde para todos os Associados e familiares, bem como para todos os colaboradores e entidades parceiras da Capital Douro. Com consideração e estima,
36 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Foz Côa
12 anos de ambulâncias SIV celebrados em Foz Côa Chegaram há 12 anos a Portugal as ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV), uma data que ficou marcada por uma celebração que este ano teve lugar em Vila Nova De Foz Côa. As Ambulâncias SIV têm por missão garantir cuidados de saúde diferenciados, tais como manobras de reanimação. A tripulação é composta por um Enfermeiro e um Técnico de Emergência Pré-hospitalar (TEPH) e visa a melhoria dos cuidados prestados em ambiente pré-hospitalar à população. As Ambulâncias de Suporte Imediato de Vida destinam-se a garantir cuidados de saúde diferenciados, designadamente manobras de reanimação, até estar disponível uma equipa com capacidade de prestação de Suporte Avançado de Vida. Ao nível dos recursos técnicos tem a carga de uma Ambulância de Suporte Básico de Vida, acrescida de um monitor-desfibrilhador e diversos fármacos. O equipamento das SIV permite a transmissão de eletrocardiograma e sinais vitais. Para Nélson Ramos, enfermeiro da SIV Foz Côa, trabalhar nesta unidade é fazer a diferença nos momentos mais difíceis para aqueles que dela necessitam. “Eu sou dos profissionais que trabalhou na região antes do projeto SIV, altura em que as pessoas morriam de morte evitável! As SIV trouxeram um socorro diferenciado de proximidade à população, conseguimos chegar em tempo útil e fazer a dife-
rença num momento em que as pessoas sentem que tem a vida em risco. A vida delas depende sobretudo de nós, do nosso profissionalismo, da nossa diferenciação, da nossa competência. É chegar a casa com a certeza de dever cumprido, pois o meio que tripulamos permite-nos isso mesmo”. O reconhecimento da população é uma das razões que fazem Alexandra Amorim, responsável TEPH da SIV Foz Côa, acreditar que estas unidades fazem a diferença, em especial em regiões onde as unidades hospitalares ficam quase sempre a uma longa distância. “A maior parte das vezes a população reconhece e agradece. Pois sendo uma região em que as unidades hospitalares ficam a longa distância, existindo situações que necessitam que se inicie um tratamento rápido para evitar que o estado de saúde se agrave ou trazer melhor conforto ao doente durante a viagem até a unidade hospitalar referenciada para a situação”. Por sua vez, Ricardo Lourenço, Enfermeiro Coordenador da SIV Foz Côa, as ambulâncias SIV desempenham um papel fundamental nas regiões do interior como o Douro, pela diferenciação na assistência prestada, fazendo muitas vezes a diferença no desfecho de cada caso que assistem. “A região do Douro é servida por imensas ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV), se quisermos começar do litoral para o interior, temos as SIV de Gondomar, Amarante, Cinfães, Lamego, Moimenta da Beira, Mirandela, Vila Nova de Foz Côa e Mogadouro. A tripulação das ambulâncias SIV é composta por um Enfermeiro e um Técnico de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) e presta cuidados diferenciados de emergência pré-hospitalar.
A população mais envelhecida, em termos gerais, traz um acréscimo de serviço devido às patologias associadas, mas a equipa tem competência diferenciada para atuar em todas as emergências médicas, nomeadamente vítimas de trauma, parto de emergência, intoxicações, psiquiatria, paragem cardiorrespiratória adulto e pediátrico, entre outros. Importa referir que as ambulâncias SIV são o meio diferenciado da base dos meios diferenciados do INEM, para nos apoiar temos posteriormente e quando assim se justifica, as Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) e o Serviço de Helicópteros de Emergência Médica (SHEM). Há todo um histórico da atuação dos meios SIV que comprovam a necessidade desta diferenciação. As ambulâncias SIV são ativadas quando são serviços de prioridade máxima (P1), por norma em conjunto com os nossos parceiros do Sistema Integrado
de Emergência Médica (SIEM), Bombeiros e Cruz Vermelha Portuguesa que detém ambulâncias de socorro. Em suma, as ambulâncias SIV são importantes neste território porque se ganha diferenciação de proximidade apesar das longas distâncias por vezes entre local da ocorrência e as unidades de Serviço de Urgência”. Este dia foi preenchido com momentos de convívio e confraternização entre os diferentes profissionais que integram as equipas SIV de todo o país. Após a receção aos participantes na Base da SIV Foz Côa, no Serviço de Urgência Básico de Foz Côa, o grupo visitou a Quinta de Vale Meão, seguido de um almoço no Restaurante Museu do Côa, espaço que foi também visitado durante a tarde. Este dia terminou com um lanche onde também se passou o "testemunho" para a SIV dos Arcos de Valdevez, que será a organizadora do 13º aniversário. ■
PUB
PUB
Boas Festas!
Visite-nos Visite-nos em: em: www.fragadeouro.com www.fragadeouro.com
Telf.: Telf.: 254489020 254489020 E-mail: E-mail: adega.pesqueira@gmail.com adega.pesqueira@gmail.com Morada: Morada: Rua Rua Drº DrºTeófilo Teófilo Bernardes Bernardes nº1 nº1 5130-379 5130-379 São São João João da da Pesqueira Pesqueira
PUB
38 VIVADOURO DEZEMBRO 2019
Opinião
Apostar na qualificação do Douro
António Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD
A aposta na qualificação dos países e das suas regiões é vital para defrontar os modernos desafios societais. Não obstante os progressos registados em Portugal, há ainda um longo percurso a fazer, se quisermos continuar a convergir com os países mais desenvolvidos. Existem vários indicadores e sinais que mostram que a posição que Portugal ocupa no contexto internacional é débil e apontam o caminho que ainda falta percorrer. Indubitavelmente, a aposta na formação e, em particular, ao nível do ensino superior enquanto base do desenvolvimento económico do país e das regiões, e do bem-estar social dos cidadãos, deve ser entendida como
uma prioridade. É fundamental traçar um caminho concertado, pautado por mais e melhor ensino superior e ciência, de forma a assegurar jovens mais qualificados e a produção de conhecimento que permita enfrentar os desafios das regiões. O desenvolvimento do Douro exige uma aposta em soluções tecnológicas inovadoras recorrendo a redes e sistemas de dados, aplicações robóticas, soluções por via satélite, bem como em ferramentas de comunicação e apoio à decisão, entre outras. É vital apostar em novas abordagens ao nível da gestão da água, da sustentabilidade energética e avaliar o impacto das alterações climáticas ao nível da base
da economia duriense, a vinha e o e vinho. De igual modo, preparar o Douro para as mudanças que se perspetivam em termos do conhecimento e das instituições, exige uma articulação integrada, envolvendo os principais atores regionais, incluindo o poder político representado pelas Comunidades Intermunicipais, o sistema empresarial e as instituições de ensino Superior, em particular, a UTAD. Perspetivar o Douro à luz dos modernos desafios exige uma abordagem enquanto ecossistema regional de inovação, conforme o relatório publicado pela European Universtity Association.
Nas regiões mais desenvolvidas da Europa, as Universidades desempenham um papel central na estratégia das regiões, quer pelo seu papel nas mudanças que se avizinham no conhecimento, quer pelo seu contributo na atração e retenção de pessoas, enquanto fator de sucesso para atrair investimento e fixar empresas. Dito isto, no próximo período de programação a estratégia para o Douro deve ser pensada à luz dos modernos ecossistemas de inovação, de forma a enfrentar os novos desafios ao nível da agricultura, mantendo como preocupação a preservação da sua identidade enquanto Património da UNESCO.
Port Colours: descubram também a vossa
Gilberto Igrejas Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP)
À boleia da multiplicação sustentada do número de turistas que atualmente procuram Portugal, e utilizam como portas de entrada os
nossos dois principais hubs aéreos, o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP) está a promover as categorias Premium de Vinho do Porto junto dos passageiros dos aeroportos de Lisboa e do Porto. Intitulada - “PORT COLOURS: Discover Yours!”, a iniciativa traduz-se num conjunto de provas educativas que explicam os diferentes tipos de Vinho do Porto, demonstrando, desse modo, a diversidade, versatilidade e variabilidade do vinho português mais aclamado além-fronteiras. Copos adequados para o consumo, formas de bem servir, temperaturas para consumo, harmonizações gastronómicas ou como, onde e quando saborear o Vinho do Porto são somente algumas das informações partilhadas pelos especialistas do IVDP. A nossa intenção é atingir no final desta ação, levada a cabo em estreita parceria com as lojas Portfólio,
mais de 4000 viajantes. Um objetivo perfeitamente alcançável tendo em conta que apenas nos três primeiros dias na - “PORT COLOURS: Discover Yours!” realizamos cerca de 500 contatos. Resultados que expõem de forma notória a apetência crescente dos consumidores pelo Vinho do Porto. Clientes, esses, hoje detentores de uma cultura de consumo mais cuidada, informada e sofisticada, que privilegia produtos de maior qualidade. A consequência imediata é o aumento da visibilidade, notoriedade e reputação dos vinhos nacionais no estrangeiro com o lógico incremento das exportações. De resto, e de acordo com um estudo da Informa D&B, as exportações de vinho português atingiram os 806 milhões de euros em 2018, um crescimento estimado de 3,3% face ao ano anterior. Sendo que o excedente comercial também prosperou,
passando de 643 milhões de euros em 2017 para 648 milhões de euros no ano passado. Nesse mesmo relatório poderá constatar-se que 43% das exportações corresponderão a vinho licoroso, como é exemplo o Vinho do Porto, que obsorve 40% do valor total exportado. Um cálculo que comprova a justeza da iniciativa - “PORT COLOURS: Discover Yours!” entre as muitas ações alavancadas pelo IVDP em prol do Vinho do Porto. Este esforço tem sido acompanhado paralelamente pela restauração, salientando-se neste aspeto o desdobramento do número de estabelecimentos galardoados com estrelas Michelin, pelo surgimento de novas unidades hoteleiras de alta gama, cujo staff aparece devidamente formado para responder às exigências deste público rigoroso, pelos grandes eventos materializados em território luso, sejam summits, congres-
sos e/ou conferências temáticos, pelas lojas duty-free localizadas nos aeroportos, ponto de passagem de milhões de visitantes, ou pela própria Transportadora Aérea Portuguesa, veículo basilar neste fluxo turístico. Conjunto de players deste ecossistema que certamante contribuiu para alcandorar Portugal no topo do ranking mundial do consumo de vinho per capita. Na verdade, somos os maiores consumidores de vinho à escala global com 62,1 litros por pessoa segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho. Relembre-se, no entanto, até para tranquilizar quaisquer alarmes sem fundamento, que tal liderança deriva em boa parte do aumento de estrangeiros no país (quer falemos de turistas, quer falemos de residentes). Até porque a moderação é nosso apanágio também no universo do vinho.
Alto Douro Vinhateiro brinda a 18 anos de Património Mundial
Frei de Sousa Presidente da CCDR-N
Assinalar 18 anos sobre a atribuição concedida pela UNESCO do título de Património Mundial ao Alto Douro Vinhateiro retém toda a nossa atenção deste mês, também dada a responsabilidade que a CCDR-N honrosamente carrega enquanto entidade gestora do Bem. A missão de proteger, conservar, valorizar, divulgar e promover a “paisagem cultural, evolutiva e viva” está presente em todos os passos desta Instituição, mas ganha especial destaque a 14 de dezembro por ser o dia em que brindamos ao “nascimento” deste território classificado. A 14 de dezembro de 2019, a
CCDR-N, em parceria com os atores locais, nomeadamente a Comunidade Intermunicipal do Douro, a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial e o Município de São João da Pesqueira, evoca o potencial de valorização do Douro enquanto espaço excecional que assenta nos valores fundamentais, associados aos socalcos, aos muros de xisto e a uma geomorfologia complexa, sem prejuízo de ter de atender às condicionantes económicas e sociais que o marcam. Ciente de que a data merece, anualmente, um brinde dedicado a todos os que vão contribuindo para a afirmação do Alto Douro Vinha-
teiro, a organização decidiu dar a conhecer, nesta data, o vencedor e as menções honrosas do Prémio Arquitetura do Douro. O objetivo é ilustrar o desenvolvimento refletido e maturado da paisagem por via de exercícios arquitetónicos que compõem, delicadamente, a paisagem. As candidaturas submetidas a esta edição refletem, mais uma vez, a preponderância do investimento contínuo no turismo e na viticultura durienses, visto que é dominante a participação de adegas, unidades hoteleiras ou quintas de enoturismo. Evocar os 18 anos de um território consolidado como o Alto Douro
Vinhateiro é confiar que entramos agora num estádio de maioridade em que a marca Património Mundial é crescentemente respeitada nacional e internacionalmente. Nesta fase adulta, já não subsiste qualquer dúvida sobre a necessidade e a possibilidade de se coordenar o retorno dos investimentos com a salvaguarda da paisagem. Não estamos perante uma montra que apenas se vislumbra, estamos numa região que sabe conciliar a paisagem com a sua classificação e que tem de lograr ir ainda mais longe no tocante à sustentabilidade do seu modelo económico e social.
B OA S FE ST AS
VIVADOURO DEZEMBRO 2019 39
Lazer Piadas de bolso:
RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO
A professora pergunta ao menino Joãozinho o que quer ser quando for grande. O menino responde: - Quero ser o Pai Natal! Espantada pergunta a professora: - O Pai Natal?! Então mas porquê? Explica o Joãozinho: - Ora! Ao menos assim só trabalhava uma vez por ano…
Bolo de Natal Ingredientes 3 ovos M 60 g manteiga 250 g açúcar 3 c. sopa mel de cana 1 limão 0,4 dl brandy 0,5 dl vinho do Porto qb canela moída qb noz moscada moída 150 g fruta cristalizada 300 g farinha de trigo 0,5 dl leite meio gordo 1 c. chá fermento em pó 1 c. café sal 1 c. sobremesa açúcar em pó “Em nome da Câmara Municipal de Tabuaço desejo um Natal Feliz e
HORÓSCOPO
Preparação um ano de 2018 pleno de realizações pessoais e profissionais” 1. Preaqueça o forno a 160ºC. 2. Parta os ovos e coloque as gemas O Presidente da Câmara Maria Helena numa tigela, reservando as claras. Junte às gemas a manteiga e o açúcar e bata Socióloga, taróloga e apresentadora até obter uma massa esbranquiçada (CarloseAndré Teles Paulo de Carvalho) 210 929 000 fofa. mariahelena@mariahelena.pt 3. Junte o mel, a raspa do limão, o brandy, o Vinho do Porto, a canela e a noz-moscada. 4. Pique as frutas cristalizadas em cubos, envolva-as com 1 c.sopa de farinha e Amor: adicione-as ao preparado. 5. Adicione o leite e a restante farinha, Esforce-se por basear a sua relação em atitudes de diálogo e compreensão. previamente envolvida com o fermento. Saúde: Acrescente, sem bater, as claras previamente batidas em castelo com o sal, enO desequilíbrio em que se encontra pode estar associado ao cansaço e à falta volva bem e deite o preparado na forma, de exercício. untada com a manteiga e polvilhada com a farinha. Leve ao forno entre 75 a 90 Dinheiro: minutos. Desenvolva alguns dos seus projetos, pois esta é a melhor altura para os co6. Desenforme e polvilhe com o açúcar em pó. locar em prática.
SOLUÇÕES:
PUB