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Ano 5 - n.º 61 - abril 2020
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Mensal
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
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Carlos Silva, Presidente da CIM Douro:
“A descoordenação tem sido total e a desconsideração pelos municípios é a face mais visível da atuação do Governo” > Pág. 6
Entrevista Daniel Sampaio: “A única forma de nos defendermos no futuro é a imunidade” > Págs. 4 e 5
Peso da Régua Enfermeira reguense em Espanha: “Surgem casos de profissionais de saúde que estando sintomáticos, não realizam testes e têm que ir trabalhar” > Pág. 14
COVID-19 O VivaDouro foi conhecer alguns dos profissionais que continuam a trabalhar apesar da pandemia > Págs. 12 e 13
#FIQUEEMCASA
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VIVADOURO
ABRIL 2020
Editorial José Ângelo Pinto Administrador da Vivacidade, SA. Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT
Caros leitores, Atravessamos uma pandemia como nunca vimos. Um forte abraço para os leitores do nosso jornal físico que estão a ter dificuldades em nos encontrar, porque muitos dos pontos de distribuição – pequenos cafés ou quiosques – se encontram encerrados o que torna difícil encontrarem o nosso jornal. Procuramos sempre que pelo menos nos municípios e nas instituições mais referentes em cada aldeia ou vila do Douro seja possível encontrar o VivaDouro. Temos tido um enorme aumento na quantidade de pessoas que subscreve as nossas redes sociais e naqueles que descarregam o ficheiro do Jornal. É um bom sinal, temos pena que seja por razões “erradas” e esperamos que sejam muitos novos leitores que nos passem a acompanhar e a conhecer esta região, a mais bonita do mundo. Prometi a mim próprio escrever pouco sobre o COVID 19, mas é um exercício muito difícil. Numa altura em que é absolutamente indispensável que estejamos todos a lutar do mesmo lado, não se percebem coisas como a imposição da proibição da divulgação de resultados dos delegados de saúde aos presidentes de Camara e não se percebe as limitações na comunicação que têm existido nem o controlo obsessivo que é feito sobre as instituições para não divulgarem dados próprios. A única razão lógica possível – fraca fiabilidade ou demasiado otimismo nos dados oficiais – é muito má e por isso espero que seja apenas uma pequena incompetência e não um excesso de competência de comunicação e gestão de massas. Lembro que nunca é demais que todos devemos proteger-nos e proteger as outras pessoas. Aplicar regras simples como manter sempre uma distância de segurança e conforto de 2 metros em relação a todas as outras pessoas; evitar o toque direto de superfícies lisas, como maçanetas, corrimões, vidros, etc.; evitar o contacto físico entre pessoas, quaisquer que sejam os envolvidos e a razão, nomeadamente cumprimentos ou outras saudações e desinfetar constantemente as mãos, evitando que estas entrem em contacto com a boca, nariz ou ouvidos. Vamos todos ficar bem, se nos cuidarmos e evitarmos todos os contactos desnecessários.
PRÓXIMA EDIÇÃO 13 MAIO
SUMÁRIO: Entrevista Páginas 4 e 5 Sabrosa Página 6 São João da Pesqueira Páginas 7 e 16 Região Páginas 8, 9 e 19
Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org POSITIVO A resposta das populações dos municípios durienses tem sido exemplar, ficando em casa e cumprindo todas as recomendações das autoridades locais e nacionais.
Alijó Páginas 10 e 17 Carrazeda de Ansiães Página 11 Destaque Páginas 12 e 13 Peso da Régua Páginas 14 e 21 Armamar Página 15
NEGATIVO A falta de resposta das autoridades nacionais aos consecutivos pedidos dos autarcas durienses para colmatar a falta de material de proteção individual e testes.
Vila Real Página 20 Lamego Página 21 Lazer Página 22 Opinião Página 23
Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil
"COVID - UM MÊS DEPOIS"
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Há um mês que escrevi aqui sobre a pandemia do "COVID 19". Repito que, tal como noutras ao longo da História, esta também há-de passar. Faz sentido fazer hoje o balanço deste primeiro mês e falar do futuro, numa perspectiva esperançosa. Comparando-nos com outros países, reconhecemos que, felizmente e até agora, não fomos dos mais atingidos. Há dois dias e aqui ao nosso lado, Espanha com 4,5 vezes mais população que Portugal, tinha 11,2 vezes mais casos confirmados e 38,3 vezes mais óbitos. O confinamento reduziu muito o risco de contágio. A preocupação era reduzir o crescimento exponencial de forma a não pôr em causa a capacidade de resposta do SNS, em especial nos Cuidados Intensivos. A curva dos "novos casos" diários mostra que já teremos passado o "pico" e que começamos a descer progressivamente. Apesar de alguma irregularidade regional - O Norte tem 59% dos casos (para 35% da população) - a variação diária já é mais moderada, andando entre 3% e 4%. Os portugueses, temos de o reconhecer, revelaram muita disciplina. Souberam apreender com os outros. Aceitaram o sacrifício do isolamento. Manifestamos reconhecimento ao abnegado esforço dos profissionais de saúde, mas também à atitude dos portugueses. Muitos souberam explorar as facilidades do teletrabalho, para mitigar os danos de uma completa paralização.
É tempo de pensar como podemos retomar a actividade social e económica. Países europeus cujo fenómeno precedeu a nossa própria evolução já começaram a tomar decisões nesse sentido. Porém, a nova normalidade vai ser diferente daquela em vivíamos antes, obrigando-nos a rever comportamentos pouco sustentáveis que levávamos. Teremos de ser mais racionais e inteligentes em tudo o que decidirmos fazer. Alguns temas importantes terão de passar a ser prioridade: a proteção do ambiente, o uso dos recursos, os padrões de mobilidade, não esquecendo o combate à desigualdade. Urge regressar a uma fase de estabilidade social e económica. Os países que já decidiram aliviar as regras de confinamento anunciaram que a retoma será feita de forma progressiva, gradual e programada, mantendo regras de afastamento social e os cuidados de protecção pessoal, estando prontos a retomar a restrição se a evolução o exigir. É que as causas da infecção ainda vão permanecer entre nós muitos meses, podendo haver novas vagas epidémicas. Há infectados sem sintomas aparentes - os assintomáticos - que é necessário identificar e conter temporariamente. Espanha pensa isolá-los em hotéis até haver um nível de imunidade que os tranquilize. Vamos ter que adoptar muito disciplina, capacidade para testar o grau de imunidade e, continuar a tratar os que entretanto forem infectados. Os programas de apoio à recuperação económica, tanto europeus como nacionais vão ser reforçados. O impacto desta crise será bem mais duro do que o de há 10 anos. Vai ser necessária muita capacidade de discernimento para conciliar a disciplina de sanidade pública e manter as empresas activas, recuperar mercados e tentar manter emprego.
Registo no ICS/ERC 126635 | Número de Registo Depósito Legal: 391739/15 | Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 | Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 | Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 / 910 599 481 | Paginação: Rita Lopes | Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4510-698 Fânzeres | Administrador: José Ângelo da Costa Pinto | Estatuto editorial: www.public.vivadouro.org/vivadouro | NIF: 507632923 | Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda., Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha | Sede de Redação: Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4510-698 Fânzeres | Sede do Editor: Travessa do Veloso, nº 87 4200-518 Porto | Sede do Impressor: Arcozelo - Vila Nova de Gaia | Colaboradores: André Rubim Rangel, António Costa, António Fontaínhas Fernandes, Beatriz Oliveira, Freire de Sousa, Gilberto Igrejas, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Paulo Costa, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Sílvia Fernandes. | Impressão: Unipress | Tiragem: 10 mil exemplares
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VIVADOURO
ABRIL 2020
Foto: DR
Entrevista
Daniel Sampaio:
“Gostaria que os responsáveis políticos estivessem mais próximos dos profissionais de saúde”
Texto: André Rubim Rangel
O que mais o preocupa nesta pandemia ‘covid-19’: a atuação agressiva do vírus e sua densa propagação ou os desequilíbrios mentais e psicoafetivos propensos a tanto tempo de isolamento social? Preocupa-me mais, nesta fase, a forma como todos vamos ser capazes de controlar esta epidemia. Trata-se de diminuir o contágio e tratar bem as pessoas doentes. As pandemias passam por diversas fases. A primeira, já ultrapassada, é a fase inicial de impacto, em que todos desvalorizámos a doença. Agora estamos na fase heroica, em que é necessário um esforço da comunidade a todos os níveis e onde se torna crucial uma boa resposta do Serviço Nacional de Saúde. Vamos evoluir, espero, para a fase de confiança e de reconstrução, que pode durar muito tempo. Mas é vital evitar a possível evolução para uma fase de desilusão, com descrença e exaustão dos profissionais de saúde. É claro que também me preocupa a repercussão psicológica desta situação.
Por isso é preciso explicar, de uma forma correta e cada vez mais inovadora, como é necessário este esforço coletivo. As pessoas com perturbação mental são vulneráveis e neste momento devem contactar os seus médicos e psicólogos para evitar agravamento da sua situação. Ou, ainda, a questão de se saber gerir e lidar com as perdas de amigos e familiares – nos contornos imputados de não se poder estar junto nesses momentos finais – e com outras perdas, como o emprego, os negócios, um projeto, etc.. O que aconselha? É uma situação muito difícil. O facto de podermos perder um amigo próximo ou um familiar causa ansiedade e, se tal acontecer, o facto de não podermos acompanhar os seus últimos momentos torna o luto ainda mais penoso. A nível do trabalho as consequências desta epidemia vão ser muito grandes. Em relação às perdas de pessoas próximas deveremos tentar guardar todas as memórias possíveis, através de fotografias, textos, objetos, de modo a que continuem junto a nós.
Há, neste momento treze concelhos, durienses que, atualmente, registam casos de infetados. Tirando Vila Real e Lamego, municípios mais citadinos e que têm hospital, os restantes são ainda muito rurais, com maiores dificuldades. O que pensa sobre como será “o dia seguinte” dessa gente, sobretudo idosa, finalizada a pandemia? Como se tem dito, nada será como dantes. A epidemia vai alterar todos os nossos relacionamentos. No entanto, também nos irá trazer um novo sentido de comunidade, em que estaremos mais próximos e mais atentos ao outro. Será decisivo desde já centrar a nossa atenção nas necessidades de quem está próximo, para depois lutarmos em conjunto contra o que poderemos perder. E serão eles – sobretudo nas regiões pobres do Douro e Norte (com mais casos) – capazes de enfrentar nova vaga, já prenunciada, para o inverno? Esse anúncio agora interessa pouco. É o género de notícias que não ajuda, porque causa desalento. Como já foi dito, a reação a uma segunda epidemia dependerá do grau de imunidade agora
conseguido. Esperemos que antes do verão se consiga uma vida mais normal de modo a obtermos alguma imunidade, única forma de nos defendermos no futuro. Considera, como médico, que todo este esforço titânico dos profissionais de Saúde tem sido devidamente compensado? Que, mesmo assim, o Estado continua a falhar muito no devido investimento dos recursos necessários e os que estão na linha da frente, cada vez mais infetados, permanecem em grande risco de contágio… O esforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem sido notável. Os seus profissionais são os heróis desta fase. Acredito que vamos conter a epidemia. As falhas acontecem em todos os países, mas tem havido um esforço impressionante. Na minha opinião ficou demonstrada a importância do SNS, a dois níveis: cobertura universal dos cuidados e coordenação e gestão da crise. Neste último aspeto, gostaria que os responsáveis políticos estivessem mais próximos dos profissionais de saúde, que é a melhor forma de os incentivar e ouvir
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Entrevista
Como é a vida normal de um professor jubilado: muito diferente do que era antes? O que vai fazendo para se manter ativo? É diferente, claro. Tenho muitas saudades dos meus alunos da Faculdade de Medicina e dos doentes do Hospital de Santa Maria (Lisboa). Mas mantenho muito contacto com colegas e aumentei as consultas no meu consultório privado, até ao começo da epidemia. Entretanto leio muito (um prazer enorme, vital nestes tempos) e tenho um livro pronto. A psiquiatria sempre foi e é a sua vida. Sentiu-se sempre realizado nesta área? Nunca sentiu motivos, perante casos dificílimos, para mudar de área na medicina ou mesmo de profissão? Senti-me realizado e nunca pensei em mudar. Talvez porque não fui só psiquiatra clínico. Escrevi muitos livros, entre os quais uma peça de teatro; visitei centenas de escolas; participei em muitos debates; trabalhei em jornais, na rádio e na televisão. E, enquanto puder, não tenciono parar. Confidencie-nos, se possível e sem identificar pessoas – naturalmente –, uma ou duas histórias daqueles casos mais complicados e dramáticos que acompanhou e ajudou a resolver? Apenas uma situação. Fui há muitos anos contactado pela mãe e pela irmã de uma doente que vivia fechada no seu quarto, levantando-se às escondidas durante a noite para ir buscar comida e despejar na casa de banho as suas necessidades, sem contactar com ninguém. Em colaboração com uma psicóloga, decidimos ir a casa da família todas as semanas, no total de dez intervenções. Reuníamos na sala de estar e no fim da reunião escrevíamos um resumo em papel que fazíamos passar por debaixo da porta do quarto da doente, deixando os nossos telefones. Entre a 9.ª e 10.ª reunião a doente falou à psicóloga; na 10.ª reunião assistiu em pé. A partir daí, passou a frequentar as minhas consultas e, embora com limitações devido à gravidade da doença (esquizofrenia), passou a ter uma vida normalizada, com medicação e apoio
da família. Este caso ensinou-me que nunca se pode desistir.
é preciso trabalhar para que o talento apareça.
Normalmente, os casos que necessitam de apoio psiquiátrico prendem-se com quê? Como por ex., traumas, abandono familiar, desistência de viver (ideias suicidas), … As situações psiquiátricas são muito diversificadas e causadas por um conjunto de fatores. As mais frequentes são a ansiedade e a depressão, as mais graves são a esquizofrenia e a perturbação bipolar. Existe quase sempre uma coexistência de fatores genéticos e de acontecimentos de vida negativos.
Qual a sua perspetiva para a Educação e Ensino no futuro, também muito afetada com esta crise global? O que vai mudar – melhorar ou piorar – e afetar nas famílias e escolas/universidades portuguesas, nos discentes e docentes? Muito haveria a dizer, mas esta entrevista já vai longa. O mais importante que sairá desta crise é uma nova relação professor-aluno: mais cooperativa, mais criativa e menos autoritária.
chegou? O novo livro – que falei antes – já está na gráfica, a ser lançado quando a situação da pandemia melhorar. Sairá no verão, espero. Chama-se «Dá-me a tua mão e leva-me – como evoluiu relação pai-filho». A obra propõe uma reflexão sobre o pai. Os novos pais têm muitas competências (até há pouco escondidas) para tomar conta dos filhos, mesmo muito pequenos. Esta nova capacidade vai revolucionar a educação e a parentalidade. Ao mesmo tempo faço uma análise da evolução da Psiquiatria, desde os anos 1970 até aos nossos dias.
Tem previsto para breve, ou para o próximo ano, algum novo livro seu sobre o qual nos possa desvendar já a temática e alguma conclusão a que
Peço-lhe uma última mensagem / repto que julgue pertinente deixar aos leitores… Só uma palavra: CORAGEM! ▪
Há, porventura, a ideia – ou melhor, o preconceito – de que só recorre à psiquiatria quem é tolo e/ou tem doenças mentais. Esta doutrina científica vai mais além, certo? De que modo e, a seu ver, como se pode criar uma melhor imagem/perceção da psiquiatria em geral? Essa ideia está a passar. Mas a Psiquiatria precisa de mais apoio no SNS e os psiquiatras têm de se esforçar mais para serem ouvidos. Há dois anos lançou o seu último livro “Do telemóvel para o mundo”. O problema dos adolescentes passarem muito tempo ao telemóvel, internet e redes sociais bloqueia a relação direta e real com os familiares e amigos. E cada vez mais. De que modo contrariar/reverter a situação e conseguir melhor proximidade e contacto com eles, que não seja só sobre esse “mundo”? Bem, espero que depois desta crise nenhum pai ou mãe digam mal do telemóvel! Seria muito mais difícil esta epidemia sem um smartphone! Como em tudo, são precisas regras de utilização e nunca dizer mal da internet, essencial nos nossos dias. No livro que citou aconselho a que os jovens não usem o telemóvel sobretudo nas refeições e na hora de deitar. Alguns alunos meus, adolescentes, têm-me dito que no futuro querem ser youtubers. Nesse poder excessivo com o digital, que condiciona as suas escolhas, não teme que eles deixem de pensar de vez pelas suas cabeças e se tornem escravos dos chamados “influenciadores”? O youtube é muito atrativo: estimula a criatividade e, nalguns casos, dá dinheiro a ganhar. Mais uma vez é importante que pais e educadores não digam mal. Devem explicar que há alternativas mais seguras para viver e que em tudo
Foto: DR
diretamente as suas necessidades, sem a barreira das estruturas burocráticas do SNS. Assim, acho que os políticos deveriam reunir diretamente com os responsáveis dos hospitais e centros de saúde (por exemplo, por videoconferência) e ter menos reuniões com pessoas distantes do terreno.
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Sabrosa
Município promove Banco de Voluntariado para a Covid-19 Face ao estado de pandemia que estamos a viver devido à COVID-19, e porque a ajuda de todos é importante, o município de Sabrosa está a promover um Banco de Voluntariado para que possa ajudar quem mais precisa. Com esta base de dados de registo de voluntários, a autarquia tem por objeti-
vo concentrar a informação de disponibilidade de todos os cidadãos dispostos a ajudar na gestão das atividades de reforço de respostas municipais das IPSS’s e outras urgentes e indispensáveis. Para inscrições e mais informações consulte o sítio oficial da autarquia: www. sabrosa.pt. ▪
Serviços Online permitem tratar assuntos variados com a autarquia sem sair de casa No âmbito do projeto “Proximidade Local Digital Integrada” da Câmara Municipal de Sabrosa, este município informou que já estão disponíveis vários serviços online que permitem ao munícipe consultar informação, preencher formulários e tratar de assuntos variados relacionados com a autarquia. Estes serviços abrangem, de momento, os serviços de Urbanismo, onde poderá solicitar, por exemplo, o licenciamento de obras de edificação, prorrogação de prazos ou comunicar previamente obras de edificação, e os serviços da Educação, onde lhe é permitido solicitar concessão de apoio social escolar, atribuição da bolsa de estudo ao ensino superior ou revisão do escalão de ação social. Os utilizadores poderão ainda submeter ou consultar os seus processos de uma forma mais cómoda, rápida e sem recurso a deslocações físicas à autarquia, onde nor-
malmente estes serviços são prestados. Em breve estarão disponíveis serviços em outras áreas de serviços municipais. Estas novas funcionalidades vêm ao encontro das necessidades atuais, permitindo aos munícipes manterem o contacto com o município, no momento em que é extremamente importante o distanciamento social imposto por esta fase de pandemia. Para ter acesso a todos estes serviços basta aceder ao sítio oficial da autarquia sabrosense no separador “Balcão Virtual”. Aí, encontrará o item “Serviços ao Cidadão”, onde deve clicar para aceder. Após efetuar o seu registo, obrigatório aquando da primeira vez que aceda a estes serviços, poderá usufruir de todas estas funcionalidades. Este projeto foi financiado pelo FEDER no âmbito do Programa Operacional Regional Norte 2020 através da candidatura “Proximidade Local Digital Integrada”.▪
Reeducar+ promove aprendizagem online e em segurança Tendo em consideração os constrangimentos e limitações causados pela COVID-19 na comunidade escolar local,
o projeto Reducar+ está a promover a aprendizagem online através da plataforma reeducarmais.cm-sabrosa.pt. Uma
excelente alternativa para a comunidade educativa, que inclui todos os alunos, docentes, coordenadores e encarregados de educação, do Agrupamento de Escolas Miguel Torga – Sabrosa, continuar a desenvolver a sua aprendizagem de forma segura, em colaboração e partilha. Em conjunto com o Agrupamento de Escolas, equipa multidisciplinar do PIICIE Reeducar+ de Sabrosa, e com a equipa de desenvolvimento desta Plataforma, foi reforçada a dinamização desta plataforma através da publicação de atividades e desafios dinâmicos e lúdicos, relacionados com as temáticas de Currículo Local, Educação para a Cidadania e Conteúdos Curriculares.
Além disso, o município informou ainda que este +e um excelente veículo para aproximar docentes e alunos, uma vez que os professores têm, por exemplo, a possibilidade de criar um artigo, no mural, apenas para a sua turma, facilitando a comunicação com os seus alunos e respetivos encarregados de educação. Através desta funcionalidade podem também facultar orientações sobre atividades a realizar pelos alunos. O acesso a esta plataforma pode ser efetuado em todos os equipamentos com acesso à internet, utilizando-se para tal as credenciais de acesso que foram distribuídas por todos os alunos sabrosenses. ▪
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São João da Pesqueira
Município doou material que estava em falta às IPSS´s e bombeiros do concelho O Município de S. João da Pesqueira fez chegar às IPSS´s e Bombeiros, diverso material EPI – Equipamento de Proteção Individual, que estava em falta e que é muito necessário nesta altura. Foram entregues nesta fase, 5016 EPI´s, que foram distribuídos equitativamente pelas instituições do concelho, desta primeira entrega constavam um total de 420 máscaras cirúrgicas, 80 fatos de proteção, 900 cobre sapatos, 900 toucas, 1600 luvas, 220 viseiras de proteção, 64 óculos de proteção, 500 manguitos, 75 batas, 250 aventais, 7 termómetros de infravermelhos, álcool gel, desinfetante e hipoclo-
rito de sódio. “Este material distribuído por todas as instituições ainda é pouco, mas era aquele que o Município dispunha no momento, sendo que ainda aguardamos mais equipamentos já encomendados.” “Mesmo não sendo da competência da Autarquia a disponibilização deste material e sim da Tutela, decidiu-se avançar, pois os materiais estavam a acabar, em breve aguardamos outras encomendas efetuadas de forma a repormos material conforme for sendo possível.” “Estaremos atentos e vigilantes a outras necessidades e não hesitaremos em agir pela nossa comunidade.” ▪
Presidente da CM de S. João S. João da Pesqueira da Pesqueira interpela governo para sem casos positivos acionar recurso ao fundo de emergência de covid 19 O presidente da Câmara Municipal de São João da Pesqueira interpelou o Governo para que este "acione urgentemente" o recurso ao Fundo de Emergência Municipal (FEM) para poder continuar a combater a pandemia da covid-19. O autarca referiu que os municípios "têm contribuído para esse fundo" e "têm suportado avultados investimentos no combate local a esta
pandemia, mesmo em matérias que não são das suas competências". "O recurso a este mecanismo é fundamental para assegurar o reforço deste combate e ainda para que os municípios tenham condições de, na fase de recuperação, realizar os investimentos públicos estratégicos nos seus concelhos", defende Manuel Cordeiro. ▪
Os resultados dos segundos testes realizados na ERPI - PESQUEIRAMIGA ao caso que se julgava suspeito, bem como as pessoas mais próximas, foram todos negativos. S. João da Pesqueira realizou 495
testes e todos foram NEGATIVOS. O Município continua a insistir com a população para manterem as medidas de prevenção, de forma a continuarem sem casos no concelho. ▪
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Região
O papel dos voluntários no combate à pandemia Criados pelas autarquias, instituições locais ou pela iniciativa privada, os grupo de voluntariados são cada vez em maior número, em especial para apoiar os grupos de risco e os mais necessitados. Um pouco por toda a região as autarquias têm vindo a criar os Bancos de Voluntariado, o primeiro foi criado pela autarquia reguense. À nossa reportagem o autarca, José Manuel Gonçalves, afirma que a criação deste Banco foi uma antecipação à forte necessidade de apoio às populações que os indicadores apontam. “É uma medida que tenta antecipar os próximos tempos que prevemos que seja de grande afluência. Por isso temos a obrigação de criar estas equipas que possam complementar o trabalho do SNS porque está mais do que provado, cá ou em qualquer parte do mundo, que não há nenhum sistema de saúde que tenha capacidade por si só para dar resposta a uma situação destas. O nosso papel é preparar pessoas e espaços para dar esse apoio”. O autarca afirma ainda que a adesão tem sido muita, sublinhando o empenho da sociedade civil para um problema que “é de todos” e para o qual a solidariedade é uma arma eficaz. Uma das caras deste Banco de Voluntários em Peso da Régua é Helena Pereira, psicóloga de formação e Coordenadora de Voluntariado na Cruz Vermelha de Peso da Régua. Em declarações ao VivaDouro, Helena Pereira conta-nos que o seu espírito voluntarioso não surgiu agora, “tudo o que possa fazer para ajudar quem precisa, move-me. Comecei em 2014, 2015 a participar pontualmente em algumas ações da Cruz Vermelha, quando as responsáveis me chamavam. Mais tarde a presidente desafiou-me a criar um grupo de jovens para fazer visitas a idosos que estão isolados
> Helena Pereira, voluntária de Peso da Régua
mas o grupo acabou por desaparecer porque, como é normal, com o avançar da idade vamos começando a trabalhar e nem todos ficam por perto nem temos tanto tempo disponível. Apesar disso, a psicóloga confessa que a atual situação coloca desafios que acabam por despertar receios, que convém conhecer para saber gerir. “O principal desafio é aquele que todos estamos a passar que é o evitar contagiar-nos e contagiar aqueles que nos são mais próximos. Isto é uma preocupação minha, comigo e com o grupo de voluntários que reúno. Também temos algum receio em contaminar alguém das pessoas a quem prestamos assistência, são normalmente pessoas de grupos vulneráveis e, por mais cuidado que tenhamos, pode sempre acontecer alguma coisa. O medo, a preocupação e todos esses receios são naturais nesta fase. O que nós precisamos de ter é algum tempo para olhar para nós próprios, saber reconhecer estas emoções e tentar geri-las da melhor forma. Não podemos deixar que essas emoções atrapalhem o trabalho que estamos a fazer”. Helena Pereira fala mesmo num paralelo histórico com o momento da criação da Cruz Vermelha para sublinhar a importância do voluntariado em situações como a que se vive atualmente. O que nós estamos hoje a fazer é exatamente isso, juntar os mais novos, os mais saudáveis para ajudar aqueles que são mais vulneráveis e os doentes. É uma situação que nos remete para as origens da Cruz Vermelha e que nos ajuda a perceber a importância destas causas”. No terreno a Cruz Vermelha tem três grupos que prestam apoio em diversas áreas, desde a ajuda na aquisição de bens ou medicamentos ao apoio psicológico, que é alargado a profissionais na linha da frente, sendo este feito de forma presencial ou través de uma linha de apoio psicossocial. “A nossa equipa de voluntariado da Cruz Vermelha divide-se em três grupos: um de apoio
> Susana Carvalho e Bárbara Martins, voluntárias de S. João da Pesqueira
psicossocial do qual eu faço parte com mais três colegas psicólogas; um de saúde composto por três enfermeiras; e um de apoio aos grupos vulneráveis para aqueles casos em que é preciso ir comprar géneros alimentícios, medicação, etc. Estamos também a prestar uma atenção especial, nesta situação, a profissionais que estão na linha da frente, em especial aos dos supermercados, farmácias e saúde, que estão com medo mas que têm que estar ali. A nossa linha de apoio psicológico também está disponível para eles sempre que precisem. Ao nível da Cruz Vermelha o que estamos a fazer é telefonar a todas as pessoas a quem damos apoio com mais de 60 anos, a verificar como está a lidar e quais são as suas necessidades psicossociais mais imediatas. Às vezes as pessoas podem estar numa situação instável emocionalmente simplesmente porque estão preocupadas com questões práticas como “quem é que me vai às compras? Quem é que me traz a medicação?” e nestes casos basta uma garantia que tudo está a ser assegurado para que fiquem mais calmas. As ações que fazemos são sempre levadas a cabo em estreita colaboração com o município de forma a otimizarmos ao máximo a resposta que damos a cada situação”. Contudo, apesar dos contantes avisos e do apoio prestado, Helena afirma que há pessoas que ainda não entenderam a gravidade da situação, em especial entre os mais idosos, o que gera uma maior preocupação com estes grupos. Já em São João da Pesqueira a nossa reportagem acompanhou duas voluntárias que fazem a entrega de bens e medicamentos aos idosos mais isolados ou com problemas de saúde que os obrigam a um maior recolhimento. Susana Carvalho e Bárbara Matias são funcionárias da autarquia e voluntárias do projeto “+Perto” da autarquia pesqueirense. “Este projeto destina-se a pessoas com mais de 65 anos ou com doenças crónicas, que tenham recomendação para não sair de casa. Desta forma nós fazemos a entrega de bens essenciais e
medicamentos. Como esta iniciativa nasce de uma parceria entre o município e as juntas de freguesia, por vezes vamos até à sede da junta local e deixamos o que foi pedido para que façam a distribuição, em outros casos somos nós mesmo que vamos a casa das pessoas fazer a entrega”, afirma Susana Carvalho. Numa região em que há uma grande percentagem de população idosa e muitas vezes isolada, o desafio, para Susana Carvalho, é garantir que a resposta “chega efetivamente às pessoas que estão mais isoladas e que não têm nenhum familiar mais novo próximo que lhes dê esse apoio. São pessoas que estão isoladas e vulneráveis, por isso é importante fazer-lhes chegar os bens e os medicamentos que necessitam”. Susana conta ainda que são diversas as situações com que se deparam mas para as quais há sempre uma resposta. “Já tivemos situações em que as pessoas não tinham dinheiro em casa e o município aí também ajuda pagando os bens que depois a família paga à autarquia, não obrigando a pessoa a ter que ir à sede do concelho para levantar dinheiro”. Nas visitas que fazem, as voluntárias aproveitam sempre o momento para conversar um pouco com as pessoas, fazendo-lhes companhia e tentando perceber se é necessário qualquer outro apoio, que, no caso, será prestado por outras equipas que a autarquia tem no terreno. “Naqueles momentos em que estamos ali também fazemos um pouco de companhia às pessoas. Já tivemos situações em que a nossa visita acaba por ser a única presença física que vêm por estes dias por isso acabamos também por conversar um pouco com eles, o que nos pode até ajudar a ter uma ideia se aquela pessoa precisa de ter outro tipo de apoio e aí reencaminhamos para as nossas colegas de Ação Social que também estão no terreno”, afirma Bárbara Martins.▪
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Região
Carlos Silva: “A região mostrou união, capacidade de unir esforços e de coordenar meios” Numa altura em que esta pandemia assola o mundo, o país e a nossa região o VivaDouro falou com o presidente da CIM Douro para perceber como está a ser gerida esta situação pelos autarcas. Com uma população envelhecida e, muitas vezes isolada, que sentimentos desperta esta situação no presidente da CIM-Douro? A realidade com que nos deparamos, provocada pela pandemia da Covid-19, é nova e com um impacto de tal ordem devastador em que jamais uma região, um País, um continente ou mesmo o Planeta, imaginaram estar. No Douro, o sentimento que nos desperta esta situação é de grande preocupação, pois somos uma região do Interior de Portugal, com uma significativa percentagem de população mais envelhecida, que é, de acordo com a DGS, o grupo de maior risco. Por outro lado, estamos conscientes da dimensão geográfica da CIM Douro, que compreende 19 municípios e mais de 200 mil habitantes, e que poderá constituir um risco acrescido no combate célere a hipotéticos focos deste vírus. Conscientes desta realidade muito particular, os municípios foram extraordinários na forma como encararam o problema, desde o primeiro momento, ao demonstrarem uma prontidão exemplar e um sentido de missão que merece ser destacado. E isto fez com que esta região demonstrasse, sem hesitações, uma capacidade de trabalhar, de coordenar meios, de unir esforços, que a todos nos tranquilizou e que acontece em favor das pessoas, para as proteger e para lhes garantir segurança e saúde. No território da CIM-Douro, oficialmente, existem, cerca de 325 casos positivos (dia 13 de abril), mais de metade em lares de terceira idade, são números que o preocupam? É evidente que nos preocupa a existência de 325 casos no território da CIM Douro. Desejávamos que não houvesse nenhum, que a vida destas pessoas não estivesse em suspenso, bem como das suas famílias, e que as comunidades a que pertencem não estivessem assustadas e com receio do dia de amanhã. Mas a realidade é esta e, apesar de ser preocupante quando comparada com o todo nacional, demonstra que a maioria dos casos ocorreu em lares da terceira idade, ou seja, nós, e principalmente a DGS, devemos ter este foco e estarmos preparados para ter de assumir como prioritária a intervenção nestes espaços de acolhimento a pessoas com mais idade, pois sabemos que,
apesar de disporem de boas condições, de equipamentos e de recursos humanos competentes, ficam expostos a situações de enorme fragilidade que podem ser dramáticas para os residentes e para quem lá trabalha. A resposta das autarquias da região tem sido muito semelhantes com a criação de diversos bancos de voluntários, testes às populações mais vulneráveis, apelos à não visita de emigrantes, etc. É uma posição concertada ou cada município adapta a resposta em função da sua realidade/necessidade? É evidente que a realidade vivida por alguns municípios é potenciadora de respostas distintas a esta pandemia da Covid 19. Seja pela intensidade, pelo número de casos ou pelo receio do descontrole, os municípios, que são também os responsáveis pela proteção civil e são parte essencial nas soluções, assumem, de certa forma, a vontade de resolver as crises que os afetam. Até porque, neste processo, os municípios sentem que deveriam ser parceiros estratégicos no terreno do Governo e dos organismos de saúde, o que até ao momento não se verificou. Compreende-se que esta pandemia seja uma situação nova, como uma dimensão nunca vista, mas julgo que já houve tempo para sabermos o papel de cada entidade nesta crise, e o Governo devia ser o primeiro a reconhecer que todos têm um contributo para dar e todos têm um lugar a desempenhar. Relativamente à posição dos municípios, constatamos que desde as primeiras notícias acerca da Covid 19, houve posições que foram tomadas, de forma transversal, pelos municípios da CIM Douro, como por exemplo as limitações à circulação de pessoas, o confinamento social, o apelo aos emigrantes para que não viessem na altura da Páscoa, a coordenação com as IPSS, e a tentativa de um relacionamento próximo e proativo com as entidades de saúde locais. No caso da CIM Douro temos feito este trabalho e decidimos que devemos trabalhar em conjunto, unir esforços e meios sempre que um concelho assim necessite. Manter um nível de prontidão alto é essencial para que as nossas populações saibam onde acorrer e com quem podem contar. O apoio dado pelo governo à região foi/é o adequado? O Governo não deu qualquer apoio aos municípios da CIM Douro no âmbito do trabalho que estão a desenvolver no combate à Pandemia Covid 19. Em termos formais, o apoio nacional ao esforço dos municípios é inexistente, como é exemplificativa a espera, há pelo menos duas semanas, pelos testes prometidos pela Ministra da Solidariedade Social. Ou como foi elucidativa a indecisão do Governo na resposta prestada em Vila
Real, Vila Nova de Foz Côa e Torre de Moncorvo, que só aconteceu depois de muita insistência, muitos alertas e o medo instalado na população de possível descontrolo da situação. Para combater a pandemia é essencial que seja garantida coordenação de meios e maximização dos recursos, simplificação de processos e confiança entre as instituições. É essencial também que sintamos, da parte do Governo, que sempre que um concelho pedir testes para um lar de idosos vai recebê-los; e que caso se verifique uma situação anómala numa comunidade, saibamos com quem podemos contar e quando. Os autarcas dispensam, e o país também, o sucedido no final da semana, quando se colocou em causa a legitimidade dos autarcas de informarem as suas populações e o Ministério da Saúde proibiu os seus técnicos de saúde de manterem contacto com os presidentes de câmara. Isto sim é desnecessário e não contribui para a forma empenhada e coordenada como devemos gerir esta situação. Aliás, vem na sequência do que se verifica na área geográfica da CIM Douro onde, à exceção do ACES Douro Sul, a informação é sonegada às autarquias, aos presidentes da Proteção Civil dos respetivos concelhos. A descoordenação tem sido total e a desconsideração pelos municípios é a face mais visível da atuação do Governo. A CIM-Douro tomou a decisão de cancelar todos os eventos até ao final de junho, foi uma decisão unânime e fácil de tomar? Foi uma decisão difícil, unânime e subscrita por todos os presidentes dos municípios. Um dos setores mais afetados por esta pandemia é o turismo que, simultaneamente, é um dos mais importantes na região. A CIMDouro está a ponderar algum tipo de apoio
para este setor? A CIM Douro não tem mecanismos financeiros que lhe permitam proporcionar ajuda direta que vise atenuar os prejuízos, e são muitos, do setor turístico na região. A CIM Douro, como aliás tem vindo a fazer em várias áreas estratégicas para a região, pode, em colaboração com os municípios, numa perspetiva supramunicipal, ser promotora de candidaturas comunitárias a ações que visem, de forma direta, realizar atividades no território com o propósito de as promover, de atrair público, e, como isso, acelerar a retoma económica e garantir retorno económico a todos os envolvidos na atividade turística da região. O Marketing e a promoção territorial são fundamentais para relançar a economia nesta região e a CIM Douro está já a trabalhar nisso. Obviamente, e numa lógica mais local, os Municípios estão a preparar medidas que possam, em alguns sectores, minimizar o impacto negativo que está pandemia veio trazer. Num momento em que ainda está longe o final desta pandemia, que mensagem gostaria de deixar aos durienses? A mensagem que quero transmitir a todos os durienses é, em primeiro lugar, um apelo, para que acatem todas as indicações que são dadas, pois têm como propósito proteger as populações, as famílias e as comunidades. Em segundo lugar, quero deixar uma mensagem de esperança. Esperança que conseguiremos retomar a normalidade dentro de algum tempo, que as nossas terras voltarão a fervilhar de alegria e de cultura e que o Douro voltará a ser o epicentro turístico do nosso País. Para já, é fundamental que estejamos conscientes do nosso papel, da nossa responsabilidade e de que a retoma depende da forma como cumprirmos as nossas obrigações. ▪
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VIVADOURO
ABRIL 2020
Alijó
Teatro online para combater isolamento Um dos setores que também está a ser afetado pela pandemia é a cultura, com o cancelamento ou adiamento de espetáculos a oferta é neste momento nula mas há novas soluções a serem exploradas como é o caso da exibição de uma peça de teatro online pela Associação Vale d’Ouro. Luís Almeida é o presidente da associação que tem sede no concelho de Alijó. As experiências online da associação não são novidade, semanalmente transmite, em vídeo, na rede, o programa de rádio “Para Cá dos Montes”. O VivaDouro foi conhecer esta nova forma de estar na cultura. Como correu a transmissão da peça? Foi uma experiência nova. Tínhamos feito a recolha destas imagens em outubro numa pequena antestreia técnica que organizamos para alguns convidados, sobretudo da área do teatro, com o objetivo de analisar o desempenho dos atores e eles próprios corrigirem detalhes técni-
cos, marcações, expressões. Não foi, por isso, um suporte criado para este efeito, mas sim para trabalhar e melhorar a peça. Como verificamos que estava em condições mínimas de ser exibido, aproveitamos o momento atual, para partilhar na internet, até porque estávamos com espetáculos agendados que foram, entretanto, adiados. O próprio município de Alijó integrou na sua agenda municipal esta exibição. Houve um contacto com o vídeo de cerca de 1300 pessoas e assistiram ao espetáculo cerca de duas centenas de espectadores no Facebook e Youtube. Se pensarmos que temos muitas salas na região que não tem esta capacidade, eu diria que são excelentes resultados. E é interessante que diariamente continua a haver contactos com a peça. A associação tem já algum histórico em transmissões online, em espacial com o programa “Pra cá dos montes” que é transmitido também numa rádio local. Esta experiência foi útil na transmissão da peça? Sim, claro! Até antes do “Para Cá dos Montes”, que foi um desafio que colocamos logo de inicio à UFM e que o Luís Mendonça desde logo abraçou, incentivou e disponibilizou os meios da rádio. Nós, Associação, há já algum tempo que fazemos
suporte de vídeo de alguns dos nossos espetáculos, sobretudo para trabalharmos algumas questões técnicas e analisar posteriormente. Ganhou-se experiência, adquiriu-se alguns meios e rotinas fundamentais para que a recolha e posterior edição possa apresentar mais qualidade. A cultura tem sido uma das áreas mais afetadas pela crise que vivemos. Como presidente de uma associação que tem na cultura um dos seus grandes pilares, como pensa que irá este setor recuperar após a pandemia? As associações como a Associação Vale d’Ouro produzem cultura com um modelo que já resistiu a diversos problemas, crises e dificuldades. Temos sobrevivido porque nos temos reinventado e encontrado novas formas de fazer aquilo que gostamos. Optamos pelo layoff dos nossos colaboradores e por soluções que nos parecem poder mitigar, dentro das nossas possibilidades, outras situações que tínhamos na nossa equipa. Mas, como sabes, a nossa atividade é sobretudo voluntária. Temo que muitas empresas do setor cultural possam passar maus bocados mas estou confiante, que à semelhança de soluções encontradas para outros setores, o governo também aqui dará opções. No caso de associações como a nossa, e
que esta região terá à volta de 100 a 150, talvez mais, penso que o nosso desejo é regressar o mais rapidamente possível a fazer o que gostamos: seja o folclore, os grupos de cantares, o teatro, o desporto. Estamos habituados a ter o “calor humano”, trabalhar para as pessoas e com as pessoas. Acho que o mundo vai mudar, mas tenho uma esperança que mude para melhor e que vamos dar mais valor uns aos outros, àquilo que somos e àquilo que fazemos. Acredito, por isso, que vamos conseguir continuar a fazer o que sempre fizemos, talvez com mais paixão e mais amor. Mas também acredito que isso não será já este verão ou até se encontrar um tratamento adequado. ▪
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VIVADOURO
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Carrazeda de Ansiães
Medidas de minimização dos impactos da Covid 19 na comunidade ●Criação de um Banco de Voluntariado para dar apoio, em caso de necessidade, ao Centro de Acolhimento Temporário e outras ações de auxílio à população.
●Fornecimento de material de proteção individual, máscaras cirúrgicas, viseiras, fatos luvas, às instituições concelhias, (ipss, centro de saúde, agrupamento de escolas e bombeiros).
●Desinfeção dos espaços públicos localizados junto às farmácias, supermercados, bancos, centro de saúde e equipamen●Criação nas instalações do CAE- tos urbanos CA (Centro de Apoio Empresarial de Carrazeda de Ansiães) de um Centro de Acolhimento Temporário, equipado inicialmente com 40 camas, que permita dar resposta a situações de emergência nomeadamente, acolher utentes que tenham que ser retirados de zonas contaminadas, receber utentes vindos do hospital que não tenham condições de permanecer no domicílio por falta de condições/cuidador e dar auxílio às unidades hospitalares se estas chegarem ao seu limite de lotação.
●Criação da página facebook “Sempre a Aprender” que dá apoio à comunidade com dicas, conselhos e material lúdico de forma a ocupar os tempos livres das crianças.
●Criação, em colaboração com as juntas de freguesias, de uma Rede de Apoio a idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade. Esta rede presta apoio na entrega de medicação e bens de primeira necessidade.
●Apoio às atividades letivas através da entrega, no domicílio das crianças, do material didático disponibilizado pelos professores. Esta tarefa é executada diariamente permitindo que o acesso à educação e aos conteúdos letivos a todos aqueles que não possuem material informático que permita o acompanhamento das aulas on-line. ▪ ●Implementação de aulas de dança à distância. Com o objetivo de dar sequência à aprendizagem da dança, iniciada com a criação da Escola de Dança, o Município de Carrazeda de Ansiães implementou um conjunto de aulas de dança à distância leccionadas através de grupos de visualização nas redes sociais.
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VIVADOURO
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Destaque
Há um Douro que não para com a pandemia Texto e fotos: Carlos Almeida
Desde o início do Estado de Emergência decretado pelo Presidente da República muitas empresas cessaram atividade temporariamente e outras estão a funcionar em regime de teletrabalho. Contudo, alguns negócios, por serem fundamentais, estão de portas abertas com as devidas medidas de proteção, o VivaDouro foi conhecer alguns desses. Quando as primeiras notícias sobre a declaração do Estado de Emergência nacional começaram a surgir, muitos foram aqueles que acorreram em massa aos supermercados para se abastecerem se géneros alimentícios, produtos de higiene pessoal, entre tantas outras coisas. Apesar disso, os supermercados fazem parte do grupo de negócios considerados essenciais mantendo por isso as portas abertas, fazendo uso de algumas medidas para garantir que todos podem fazer as suas compras em segurança e cumprindo as indicações da DGS como o distanciamento social, higiene das mãos, etc. Miguel Dias é proprietário de um desses supermercados, o empresário foi mesmo um dos primeiros a acionar medidas de contenção, ainda não havia sequer registo de qualquer infetado na região. Para este homem de negócios, as medidas implementadas e apontadas
> Daniela Pimenta
por muitos como exageradas naquela fase, revelaram-se eficazes, não só para a saúde dos seus clientes como também dos funcionários que assim conseguem garantir a permanência daquele espaço de portas abertas. “Ainda não havia sequer um único caso no distrito e o Intermarché adotou de imediato medidas muito severas, se é que lhes posso chamar assim, para o bem estar não só dos clientes mas, acima de tudo, dos nossos colaboradores, são eles que estão ali, que têm um contacto direto com todas as pessoas que aqui entram. Colocamos desinfetante para todos os clientes à entrada da loja, separadores em acrílico nas caixas, porque é onde existe um contacto mais direto – nas secções há sempre o balcão que por si já garante uma distância de segurança -, marcações no chão para orientar as pessoas quanto à distância de segurança, dividimos o staff em duas equipas que nunca se cruzam cá dentro, nem estão ao mesmo tempo na loja nem partilham os mesmos espaços, o que me permite que, caso haja algum problema numa equipa, possa abrir portas da mesma forma com os elementos da outra, fazemos uma limpeza desinfetante com a ajuda de uma empresa certificada a todos os nossos espaços, desde as prateleiras à bomba de gasolina, semanalmente. Acreditamos todos, e eu em particular, que estas medidas que adotamos farão a diferença na propagação, ou não propagação, do vírus aqui dentro. Sendo nós um serviço prioritário não pode ser de outra maneira, se a juntar a tudo ainda tivéssemos que fechar os supermercados, seria muito complicado, muito mesmo”. Uma das funcionárias de Miguel Dias é Daniela Pimenta, a operadora de caixa assume que inicialmente houve algum desconforto nos clientes mas que, com o passar do tempo e o agravar da situação essas reticências foram desaparecendo “Inicialmente foi um pouco complicado porque os clientes nem sempre aceitaram bem as regras impostas pelo nosso patrão. A partir do momento em que se começou a ouvir falar da Covid-19 nós tomamos logo uma série de medidas como as marcações de distância no chão, os acrílicos, etc. Somos dos que temos melhores medidas, que temos mais atenção, por exemplo, a cada 30 minutos cada um de nós limpa a sua caixa com desinfetante. Podem ser medidas que inicialmente custam mas com o avançar do tempo tornam-se um hábito e isso será melhor para todos, seja com o aspeto de lavarmos mais vezes as mãos, evitar estar sempre a passar as mãos na cara, etc. No futuro, se acontecer uma situação semelhante já estaremos mais e melhor preparados para reagir”. Apesar de haver já uma maior aceitação das medidas impostas, Daniela confessa que algumas pessoas ainda não as interiorizaram, em especial entre a população mais idosa. “Na minha opinião eu acho que as pessoas têm um pouco de receio, contudo ainda não estão
completamente alerta para aquilo que está a acontecer. Nós na caixa, por exemplo, e mesmo com os colegas que circulam pela loja sentimos que as pessoas ainda se aproximam demasiado de nós quando precisam de alguma ajuda e têm alguma tendência a tocar-nos quando falam connosco, são hábitos que as pessoas ainda têm e que são difíceis de mudar. Os mais velhos são aqueles a quem é mais difícil fazer entender o que se está a passar, se não nos aproximamos começam logo a questionar se temos medo que nos peguem alguma coisa. Não é isso, nós não nos aproximamos nem permitimos tanta aproximação como antes por segurança, tanto nossa como dos nossos clientes. As pessoas podem estar infetadas sem sequer o perceberem, por isso todos os cuidados que possamos ter são poucos. Há também alguns clientes que reclamam que estamos a trabalhar mais lentamente porque não entendem as regras que agora temos, nós só chamamos o cliente seguinte para a caixa quando o que estamos a atender está despachado, temos que evitar que haja contacto entre os clientes. Há uma coisa que reparamos é que as pessoas, ao entrar, limpam as mãos com o desinfetante que temos disponível, o que já é um bom princípio”. Apesar de todas as contingências e de algumas desconfianças ainda existentes Daniela Pimenta afirma que se sente confortada pelo papel que desempenha, fazendo parte de uma equipa que garante que as pessoas têm acesso aos bens essenciais. “A mim conforta-me saber que estamos aqui para garantir que não falta nada às pessoas. Contudo devo confessar que às vezes ainda custa ouvir as pessoas dizer que estamos a exagerar, não estamos, existe uma pandemia e nós temos de ter cuidado. Em especial no nosso caso, se nós faltamos não há mais ninguém e o nosso papel é também garantir que isso não acontece”. Não tendo propriamente as portas abertas ao público, as oficinas automóveis são outro dos setores considerados essenciais ao, agora normal, funcionamento da sociedade. Mário Lino é proprietário de uma dessas oficinas onde a principal diferença é que agora os clientes só chegam com hora marcada e antes do serviço começar o carro passa por uma espécie de quarentena de 24 horas. “Neste momento temos o cuidado de só receber os carros aqui com uma marcação feita previamente e, assim que ele chega aqui, desinfetamos e só passadas 24 horas é que começamos a trabalhar nele. Não sabemos onde é que as pessoas estiveram por isso esta é uma medida que é uma salvaguarda para nós”. Apesar do negócio continuar em funcionamento e de reconhecer a sua importância, Mário Lino confessa que a quebra no volume é grande, por essa razão uma parte da equipa foi colocada de férias. “O volume de trabalho é consideravelmente menos, estamos a fazer cerca de um terço do
> Mário Lino
serviço que fazíamos antes. Acabamos por ter sempre muito trabalho aqui porque três dos nossos funcionários estão de férias e acabamos por não despachar tanto trabalho. Esta é uma área essencial para o nosso dia a dia por isso entendemos que tenhamos que nos manter a trabalhar, garantindo todas as medidas possíveis de segurança. Como exemplo, neste momento temos aqui em reparação uma carrinha da Casa do Povo de Godim que faz falta que esteja a trabalhar para que possam prestar apoio às pessoas. O carro é um bem que as pessoas usam diariamente, nós temos clientes que são enfermeiros ou médicos por exemplo, e se um carro deles avaria? Temos que estar aqui para garantir que é reparado”. Na mesma linha do que já Daniela tinha afirmado à nossa reportagem, também na oficina de Mário há clientes que não vêm as medidas de contenção com bons olhos. “Há clientes que entendem as medidas que tomamos mas há outros que não são tão compreensivos e não entendem porque é que só após 24 horas do carro estar nas nossas instalações é que começamos a trabalhar nele. Isto acontece sobretudo com as pessoas de mais idade, os mais jovens acabam por estar mais alerta para este problema o que ajuda a que percebam melhor as medidas que são tomadas. Acho que o problema é que este vírus é um inimigo invisível, se as pessoas o vissem e sentissem talvez estariam mais alerta, assim é algo que não conseguem ter a perceção”. Um dos setores onde a atividade não para é a agricultura, aqui as leis da natureza são mais fortes que o vírus, apesar disso há empresas a passar por diversos problemas e trabalhos que vão ficando por fazer numa região onde este setor é fulcral, em especial no que à viticultura diz respeito. Rodrigo Gusmão é um alentejano radicado no Douro há alguns anos e é aqui que tem a sua empresa de prestação de serviços agrícolas.
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Destaque
> Rodrigo Gusmão
Em declarações à nossa reportagem este empresário assume que os tempos que agora se vivem são complicados. “No Douro temos dois tipos de agricultores, aquele que vive da venda do vinho em si e o pequeno agricultor, que é a grande maioria da região, que produz a uva e vende para as adegas, por exemplo. Na empresa a esmagadora maioria dos clientes que tenho são produtores de vinho e estes estão com graves problemas porque, com restaurantes e garrafeiras fechadas, e as exportações praticamente paradas o seu negócio está também ele a viver tempos difíceis a nível financeiro. A consequência disto é que empresas como a minha estão a perder trabalho porque no terreno se está a fazer o mínimo dos mínimos e, regra geral, como são quintas grandes, têm alguns trabalhadores fixos que respondem a essas necessidades. Atualmente eu tenho 18 funcionários a trabalhar para mim e a verdade é que começo a não ter trabalho para eles, temos ainda uma quinta que já nos avisou que em breve irá terminar o serviço o que me deixa antever que dentro de pouco tempo não terei trabalho para os meus funcionários”. Rodrigo Gusmão acredita que esta situação trará graves problemas ao setor, tanto agora como no futuro. Atualmente pelo trabalho que não se realiza deixando muitos empresários na incerteza, no futuro porque numa região tão dependente do negócio do vinho o horizonte não parece trazer melhorias evidentes, podendo a solução passar por uma adaptação dos meios humanos e matérias a outras áreas . “Na minha perspetiva haverá trabalhos que irão deixar de ser feitos. Por exemplo, o trabalho de espampa poderá ser feito apenas naquelas vinhas que têm uma maior necessidade, ficando as restantes sem este trabalho o que poderá trazer um custo adicional mais à frente quando chegar a época da poda, após a vindima. Neste momento vivemos num clima de incerteza, não sabemos como será o futuro. No ano passado no Douro a campanha foi boa e as adegas estão cheias de vinho o que pode ser
mau porque, sem vendas, quando chegarmos à época de vindima não haverá onde armazenar vinho, nem sabemos a que preço irão ser pagas as uvas ao produtor. Ainda recentemente estive a falar com um colega que está a ponderar deixar de fazer seja o que for na vinha, se a situação se mantiver por mais um mês. Os custos que vai ter a tratar, a vindimar e tudo o resto, se ele parar já com tudo assume o prejuízo, que acaba por ser um custo menor do que continuar a fazer todos os trabalhos necessários e depois vender a uva a um preço que não paga sequer a vindima. Para quem vive disto, da agricultura, esta situação irá provocar problemas graves. A solução pode ser adaptarmos o nosso trabalho e fazer outras coisas que não sejam propriamente ligadas à agricultura mas que de alguma forma são trabalhos que podemos desenvolver”. No terreno, e neste caso podemos dizer que o termo é literal, também muita coisa mudou. Com uma equipa composta na sua totalidade por trabalhadores estrangeiros, é o empresário que lhes garante estadia, alimentação e transporte. Por essa razão viu-se forçado a implementar medidas apertadas para o dia a dia dos seus funcionários, o problema, assume, é mesmo não haver capacidade financeira para outras que gostaria de aplicar. “Assim que se começou a falar da Covid-19, e como os meus funcionários sendo estrangeiros vivem em duas casas, aconselhei-os a irem apenas duas pessoas ao supermercado de duas em duas semanas. Entreguei-lhes máscaras, luvas e álcool gel e expliquei-lhes as melhores práticas no uso destes equipamentos. Ainda pensei ter uma terceira habitação para colocar em isolamento algum dos meus funcionários que ficasse infetado mas devido à falta de clientes tive que reformular os meus planos, até porque, se for obrigado a despedi-los há uma coisa que não posso deixar de fazer que é garantir-lhes uma casa com condições e alimentação. Não posso ter pessoas que me ajudam a viver na minha empresa e chegar a uma altura como esta e simplesmente deixá-los ao abandono. O maior problema que temos nesta altura é o transporte dos funcionários que normalmente se faz em carrinhas de 7, 8 ou 9 lugares, algo que neste momento é desaconselhado, contudo, com as medidas que temos e vivendo os trabalhadores todos juntos é um risco reduzido. Não nos é possível ter uma carrinha para cada dois ou três funcionários”. Na situação atual, quando pensamos em saúde é habitual que a primeira ideia que nos vem à cabeça é a pandemia Covid-19, contudo, também neste setor há mais vida para lá da pandemia e, as Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC) são umas das mais ativas no terreno. Clara Leite e Mónia Ribeiro são dois dos três rostos da UCC de Santa Marta de Penaguião. Têm à sua responsabilidade um território vasto ao qual se somam por estes dias mais três freguesias do concelho vizinho de Peso da Régua, trabalho extra que surge devido à ativação de diferentes planos de contingência nos serviços de saúde e
que obrigaram a que estes se reorganizassem de forma a dar uma resposta eficaz a todos aqueles que precisam. “Temos tido muito trabalho mas com todos em consonância tem sido possível fazê-lo da melhor forma. Temos uma área geográfica muito grande e com a população muito dispersa, nesta altura acabamos também por prestar apoio aos colegas da Régua, da UCC Douro, que têm também eles uma área muito grande e com muitos pacientes, foi um pedido de colaboração ao qual não conseguimos dizer que não, por isso estamos a dar apoio em três freguesias: Loureiro, Moura Morta e Vinhós, que são as que fazem fronteira aqui com o concelho de Santa Marta. A questão mais complicada com este acrescento de trabalho não é aquilo que é necessário fazer em si mas as distâncias que temos de percorrer e a falta de conhecimento dos locais onde estão as pessoas o que muitas vez faz com que andemos para a frente e para trás em vez de fazermos um percurso em continuo. É um trabalho pesado porque temos uma equipa pequena, de três elemento, mas que neste momento só estamos duas ao serviço porque a nossa colega está de baixa. Cada unidade funcional do sistema tem as suas funções bem definidas, o que acontece é que, com a aplicação do Plano de Contingência acaba por haver uma reorganização de alguns serviços. No nosso caso, para além das funções que já nos pertencem ficamos também com o trabalho das nossas colegas dos Cuidados Continuados, isto para permitir que as nossas colegas estejam o máximo de tempo possível nos Centros de Saúde para atenderem tanto os doentes agudos como os que apresentem sintomas respiratórios, acabando por fazer a triagem para as Áreas Dedicadas Covid (ADC). No fundo acabamos por ficar com os domicílios que pertenciam às nossas colegas da Unidade de Saúde Familiar, ou seja, tudo o que é tratamentos curativos é a nossa equipa que agora está a assegurar”, conta-nos Clara Leite, que é, simultaneamente, coordenadora desta UCC. Para Clara Leite uma das preocupações atuais é o risco deste trabalho, as visitas domiciliárias são a base deste serviço e, às duas enfermeiras, resta-lhes confiar na honestidade dos pacientes e dos seus cuidadores para que tudo corra da melhor forma. “Nota-se que as pessoas nos recebem bem
> Mónia Ribeiro e Clara Leite
mas obviamente temos sempre alguns receios até porque nós entramos nas casas das pessoas e temos sempre que contar com a honestidade delas quanto a quem entra e sai de cada habitação, isso é o mais difícil. Temos um caso, por exemplo, de um senhor que alterna de residência mensalmente, um mês em casa de um filho, no mês seguinte em casa do outro, esta situação acaba por nos deixar um pouco mais apreensivas, tendo em conta o atual cenário, porque nunca sabemos ao certo quem entra e sai em cada uma das casas”. A reduzida existência de material de proteção individual é outra das preocupações, a coordenadora assume que nem sempre a gestão dos EPI’s disponíveis é a mais fácil mas até ao momento tem sido possível assegurar que todos realizam o seu trabalho em segurança. “Nós temos EPI’s para cada elemento, cada uma de nós tem o seu kit, contudo temos que fazer uma gestão desse material, que usamos diariamente, muito cuidada. A falta de material é geral, não acontece apenas nos hospitais, estamos todos em contenção. Se pedimos 100 batas já sabemos à partida que vamos receber 50 ou 25 e a partir daí temos que fazer a melhor gestão possível. Não é fácil mas com um esforço extra vamos conseguindo responder a todos os desafios” Estando em contacto direto e permanente com a população, em especial com muitas pessoas pertencentes aos grupos de risco, estas equipas funcionam também como educadoras e explicadoras da situação atual. “Nós atendemos uma faixa etária muito idosa e temos, inclusivamente, idosos a tomar conta de idosos, é uma realidade com a qual nos deparamos diariamente. São pessoas também que têm hábitos muito enraizados, ainda um destes dias uma senhora idosa nos perguntava se podia ir ao cemitério, são rotinas que as pessoas têm e que são difíceis de mudar de um momento para o outro. Esse é também o nosso papel, explicar e alertar, não apenas quando nos solicitam, mas sempre que estamos em contacto com eles. Há muitas pessoas que estão isoladas e muitas vezes nós somos o único contacto que têm. Aquilo que se sente é que as pessoas já vão interiorizando as indicações apesar de ainda vermos alguns idosos a circular, até porque muita desta gente trabalha no campo, na vinha, e aí sentem-se mais em segurança até porque estão ao ar livre, o que acabamos por aconselhar é que façam esses trabalhos sozinho e quando terminem que vão diretos para casa”. ▪
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VIVADOURO
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Peso da Régua
Enfermeira duriense na linha da frente em Espanha Inês Amaral é natural de Peso da Régua, atualmente esta enfermeira trabalha na Policlinica Guipuzkoa , em San Sebastián, Espanha. O VivaDouro falou com esta profissional na linha da frente ao combate à Covid-19 no país europeu mais afetado pela pandemia. Antes de falarmos da situação atual, o que a levou a escolher Espanha para trabalhar? No início um pouco a vontade de mudar, de ir à procura de novas experiências de trabalho e de vida. Eu trabalhava no CHTMAD no antigo Hospital de Lamego. Não sabia muito bem o meu futuro por lá, e como tal, decidi arriscar. Por outro lado, o meu namorado da altura (atual marido) já tinha estado a trabalhar em San Sebastian e decidimos aventurar-nos os dois. Como tem sido, globalmente, a experiência de trabalhar em Espanha? Em geral tem sido gratificante, tanto a nível profissional, como pessoal. Profissionalmente tenho adquirido conhecimentos todos os dias. Atualmente estou no bloco operatório há quase 3 anos, mas tive a oportunidade de passar por diversos serviços (internamento medicina geral, ortopedia, cardiologia, materno-infantil, unidade de dialise, etc.). Pessoalmente, para além de adorar esta cidade para viver, e ter amigos por cá, tanto portugueses como Espanhóis , trabalhas diariamente um idioma novo, e a adaptação ao meio é uma constante experiência de vida. Contudo, existe o outro lado da moeda. Há dias mais difíceis, e, o facto de estar longe da família, para mim, custa bastante. Tenho saudade dos almoços em família, de não ver os mais pequenos crescer , não cuidar de todos eles quando faz falta, dos amigos que estão por aí, e, principalmente, de privar o meu filho de conviver com os tios, primos e avós. Neste momento atravessamos uma grave crise de saúde e Espanha tem sido dos países mais atingidos por esta pandemia. Como tem sido viver esta situação na linha da frente? No início parecia tudo muito longínquo. Pensas mesmo que não vai acontecer, mas, quando vês no teu trabalho que todas as rotinas começam a mudar, que começam a organizar e planificar tudo para receber uma catástrofe, paras. E é aí que
entra um pouco de ansiedade. Não tem sido fácil, principalmente psicologicamente, gerir toda a informação nova que, constantemente chega ao hospital. Todos os dias mudam-se estratégias, saem normativas novas, e vais adaptando o teu trabalho. Todos os dias sais de casa com aquele friozinho na barriga, desejando que tudo corra pelo melhor, e, principalmente, que não tragas o “maldito” a casa. Que rotinas do dia-a-dia profissional viu serem alteradas com a chegada do Covid-19? Todas. No meu serviço (bloco operatório) suspendemos todas as cirurgias, realizando só casos urgentes, sejam eles Covid-19 positivos ou não, e partos/cesarianas. Fomos mobilizados pelos diversos serviços do hospital, alguns colegas integram o serviços de cuidados intensivos, internamento hospitalar e urgências e outros asseguram as cirurgias do dia. Em Espanha o sistema de saúde tem vivido graves problemas com esta pandemia. Como têm sido os dias de trabalho? Em Espanha, no meu ponto de vista desta situação, fomos todos apanhados já no meio do caos desta pandemia. Tendo Itália como referência, queria-se que Espanha reagisse mais prontamente. Mas não. As estratégias não foram planificadas com tempo, as decisões tomadas tarde e daí os resultados que temos. Apesar de o hospital onde trabalho ser privado, neste momento somos todos saúde pública, e o nosso “ chefe “ é o governo. E isso também gera inquietude entre equipas. O facto de estarmos sobre ordem de saúde pública, e, termos 2 hospitais na cidade, as indicações que temos é manter a nossa unidade de cuidados intensivos “ limpa”, absorvendo pacientes do hospital público e do nosso, e todos os pacientes Covid-19 positivos que necessitem Cuidados Intensivos serão transferidos para o outro hospital para a unidade de intensivos dita “ suja”. Isto até agora. Neste momento temos também três alas de internamento fechadas destinadas a esses casos de Covid-19 positivos ou suspeitos provenientes da urgência, estando duas delas cheias e uma com camas disponíveis. Têm sido dias de mais ansiedade, de mudanças constantes e esperança que tudo isto acabe. Com cerca de 19 mil profissionais de saúde infetados, Espanha é o país europeu com mais infetados entre estes profissionais. São números que despertam algum receio? Estes números, despertam não só receio, mas tristeza também. São indicativos de que o sistema não funcionou. E aqui sistema, digo quem gere estes profissionais,
> Inês Amaral, enfermeira natural de Peso da Régua
que os pôs no “campo de batalha” com poucas condições, provavelmente, para enfrentar esta guerra. E aqui, refiro-me à falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). Por muita vontade que tenhas de ajudar, de salvar, de fazer o teu trabalho e cumprir a tua missão como profissional de saúde, não o podes fazer sem te protegeres a ti mesmo. No meu hospital nunca chegamos a estar sem material, mas foi necessário reutilizar alguns materiais, pela escassez dos mesmos que se verifica em todo o mundo. É mãe, como gere a vida pessoal e a profissional num momento destes? Não é fácil. Em casa somos dois enfermeiros, no mesmo hospital. Não temos família aqui e tivemos que adaptar o dia a dia, visto o infantário estar fechado há um mês. Neste momento tenho o meu horário um pouco adaptado para que possamos os dois trabalhar em turnos distintos e podermos ficar com o nosso filho em casa. Fazemos a troca de turno em casa todos os dias. Pessoalmente, tentamos não levar o trabalho para a mesa de jantar, para aliviar um pouco toda a tensão (mas ás vezes não consegues fazê-lo). Nesse aspeto um bebé ajuda muito, porque te ocupa e distrai grande parte do tempo e tudo se torna mais ameno. Certamente que também tem acompanhado o evoluir da situação em Portugal. As diferenças nos números entre Portugal e Espanha são muitas, no seu entender, que fatores contribuíram para esta diferença? No meu entender, a discrepância desses números deve-se às medidas terem sido tomadas antecipadamente em Portugal. Tendo como “maus” exemplos Itália e Espanha, creio que os portugueses conseguiram perceber que era preciso cumprir as
ordens e agir corretamente. O que neste momento é importante é que isso não conduza a uma falsa sensação de segurança e haja um relaxamento das medidas adotadas. Em Portugal um dos problemas que mais temos conhecimento é a falta de Equipamento de Proteção Individual e de testes, em Espanha também se vive este problema? Como referi anteriormente a falta de Equipamentos de Proteção individual é um problema mundial que deixa os profissionais de saúde numa situação de grande risco de contágio . Quanto aos testes, o que se ouve na televisão por ordem do governo é a realização de testes em massa, mas depois surgem casos de profissionais de saúde que estando sintomáticos, não realizam testes e têm que ir trabalhar. Estando na linha da frente num dos países mais afetados, que mensagem gostaria de deixar em especial para os durienses? Como duriense não poderia estar mais orgulhosa do que tenho visto, lido e ouvido. Continuem a lutar! Para todos os que ainda têm dúvidas, não pensem que acontece só aos outros. Sejam fortes, conscientes e cumpridores das indicações!! O golpe é duro. Nenhum sistema estava preparado para tal catástrofe, mas vai passar! Ajudem quem está no terreno todos os dias e fiquem em casa. Mesmo a terminar, o regresso a Portugal é uma meta no horizonte? Claro que gostaria de regressar a Portugal, mas teria que ser uma decisão tão, ou mais ponderada como a que tomei quando vim para Espanha. Neste momento as condições tanto de trabalho como remuneratórias não são favoráveis a essa decisão. ▪
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VIVADOURO
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Alijó
Município de Alijó implementa medidas de combate à pandemia de Covid-19 O Município de Alijó adotou um comportamento proativo na adoção de medidas de combate à pandemia de Covid-19 e de apoio às entidades que estão na linha na frente em todo o território concelhio.
Uma das primeiras medidas implementadas foi a criação de um Gabinete de Crise para garantir o apoio a todos aqueles que necessitam e dar resposta ao atual estado de emergência. Além da gestão de todas as operações com as diversas entidades no terreno, este Gabinete, em articulação com os Serviços de Ação Social, procede à entrega de alimentos e medicamentos à população em situação de vulnerabilidade social, nomeadamente idosos, pessoas dependentes, em isolamento ou sem retaguarda familiar. O Gabinete de Crise está disponível através do telefone 259957100. O Município de Alijó adquiriu álcool gel, 10.000 máscaras cirúrgicas e 4.000 máscaras tipo FFP2, que estão a ser dis-
tribuídas pelas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), Centro de Saúde, Corporações de Bombeiros e GNR. A Câmara adquiriu ainda máquinas de desinfeção de ar para espaços interiores, que utilizam um sistema de ozonização, que vai atribuir a cada uma das IPSS do concelho. O FabLab de Alijó, equipamento municipal que ainda não abriu oficialmente, antecipou a sua entrada em funcionamento e está a produzir viseiras de proteção, que estão a ser disponibilizadas aos profissionais das IPSS, Centro de Saúde, Corporações de Bombeiros e GNR, que estão na linha da frente no combate ao Covid-19. Outra das medidas implementadas foi a desinfeção e higienização de espaços públicos, por todo o concelho. Simultaneamente, foi desaconselhada a realização de queimas e queimadas durante esta fase, de modo a evitar a ocorrência de incêndios florestais e consequente dispersão dos nossos bombeiros. Ciente do serviço de proximidade desempenhado pelas Juntas de Freguesia e pelas IPSS do concelho, o Município de Alijó desbloqueou apoios financeiros para permitir uma atuação mais eficaz por parte destas entidades. A 1 de abril, o Município de Alijó disponibilizou
o apoio financeiro anual a todas as IPSS do concelho, eliminando a burocracia de instrução de candidatura. Também no início deste mês, foi feito um adiantamento de 60% do apoio financeiro anual às 14 Juntas de Freguesia, que desempenham um papel de proximidade junto de todas as aldeias. O Município de Alijó tem atualmente 170 camas disponíveis para dar resposta a situações em que seja necessário assegurar o isolamento profilático, eventuais casos de contágio por Covid-19, que não necessitem de internamento hospitalar, e outros casos relativos às IPSS que necessitem deste tipo de apoio. As camas disponíveis estão distribuídas pelo Pavilhão Gimnodesportivo de Alijó e pela Pousada da Juventude, que se disponibilizou para colaborar com a Autarquia neste desígnio. Como forma de dinamizar a economia local, foi desenvolvida a aplicação "Alijó em Casa", que reúne informação, de forma organizada e de fácil acesso, sobre serviços com entrega ao domicílio em todo o concelho de Alijó em áreas como farmácias, restauração, produtos alimentares, agricultura, serviço social e outros bens/serviços essenciais. O objetivo é contribuir para que os proprietários de negócios e serviços nestas áreas mantenham a sua atividade durante o estado de emergência e simultaneamente manter os munícipes informados. O Município de Alijó lançou ainda a iniciativa "Alijó Solidária" através do seu Banco Local de Voluntariado, que conta já com inúmeras inscrições e com voluntários prontos para ajudar em qualquer situação de necessidade. Logo no
início da pandemia, foi alargado em 30 dias o prazo de pagamento da fatura da água e rendas. Consciente de que a sensibilização da população é fundamental para travar a propagação do Covid-19, o Município de Alijó delineou uma estratégia de comunicação para fazer chegar a informação a todo o concelho, principalmente à população sem acesso às plataformas digitais. Nesse sentido, uma viatura do Município percorre todo o concelho equipada com um altifalante para informar a população sobre conselhos e medidas a adotar durante o período de renovação do estado de emergência. Recentemente, a Câmara de Alijó realizou testes de despistagem a cerca de 700 utentes e colaboradores de IPSS, bombeiros e militares da GNR do concelho, com o objetivo de prevenir e conter eventuais focos. ▪
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VIVADOURO
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São João da Pesqueira
Páscoa sem compasso foi vivida de forma diferente Uma das imagens mais características das celebrações da Páscoa é a visita pascal em que a cruz percorre as ruas de aldeias, vilas e cidades, abençoando as casas que a recebem. Em São João da Pesqueira a nossa reportagem esteve à conversa com o Padre Amadeu Castro que nos falou das particularidades da celebração numa época de recolhimento e afastamento social mas que, no seu entender, pode também ser de encontro com nós próprios. Este ano a Páscoa não contou com a tradicional visita pascal, foi uma Páscoa diferente? Este ano efetivamente a Páscoa foi sem dúvida diferente, assim como estão as ser os nossos atos religiosos, desde logo a começar pela celebração da eucaristia, que é celebrada individualmente mas em comunhão com todos os paroquianos, ou ainda o Tríduo Pascal e a celebração da Semana Santa que é o tempo da ressurreição e que normalmente termina com a visita pascal. Este ano foi feito de uma forma especial, diferente daquela que é feita habitualmente. Convidamos as famílias a reunirem-se em oração à volta de uma cruz enfeitada para simbolizar essa alegria da vida e da ressurreição. Acredito que esta celebração, apesar de diferente, foi também vivida de uma forma muito intensa, muito particular e ao mesmo tempo muito gratificante na medida em que nos leva a pensar um pouco na própria vida. Vivemos uma situação que desperta alguns medos nas pessoas, que nos faz antever uma vida diferente daquela que tínhamos até aqui. Que leitura bíblica podemos fazer da Páscoa deste ano? A grande leitura que temos que tirar disto tudo é o tempo com nós próprios e com Deus. Este tempo é também um tempo gratificante, acho até que é um tempo bonito. Leva-nos a uma certa inquietude, incerteza e, como referiu e bem, também a um certo medo, contudo deve ainda levar-nos ao encontro com nós próprios. É agora, neste tempo tão particular que descobrimos tanta coisa que a vida nos dá e que nos passa ao lado, o próprio silêncio, a oração, o encontro com a famí-
> Padre Amadeu Castro
lia, o contacto com as pessoas que não se faz apenas e só fisicamente mas também com a ajuda das novas tecnologias através da oração e da espiritualidade. Em relação à questão que coloca, a Páscoa é vida, é ressurreição mas, antes da Páscoa também há um caminho doloroso, temos a Última Ceia, a despedida de Cristo, num jantar em que ele pede que nos amemos uns aos outros. A sexta-feira santa que é a paixão do Senhor, o silêncio, a dor, a morte, o sofrimento no qual o próprio Cristo se oferece por todos nós. É a seguir a esse sofrimento que vem a festa da vida, da ressurreição, a Páscoa. Eu acredito que também nós vamos ter a nossa Páscoa com toda a dignidade e todo o sentido mas vivida nesta espiritualidade de comunhão e presença com todos aqueles que fazem parte do nosso caminho. Esta é uma festa em que habitualmente as famílias se reúnem e à nossa região chegam os emigrantes que, este ano, forçosamente não chegarão. Como é que as pessoas estão a viver este vazio? Essa ausência física das pessoas é a grande diferença este ano. Nas aldeias este momento é vivido de uma forma muito
particular com as pessoas a encontrarem-se nas ruas e a receberem em sua casa o compasso. Devido à contingência em que vivemos o que fizemos foi pedir às pessoas que vivessem esta Páscoa de uma forma diferente, em comunhão, mesmo estando distantes. Que não estejam junto a nós fisicamente mas sim espiritualmente. A Páscoa nas aldeias é um esplendor de alegria, partilha e caminhada mas este ano temos que ter esta preocupação, uma outra consciência, na certeza que viveremos esta alegria de presença e de vida. Num território onde temos uma população muito envelhecida e muitas vezes pouco habituada às novas tecnologias, como é que as pessoas encaram este momento e especificamente a ausência do compasso? Graças a Deus temos a mais valia das novas tecnologias, hoje em dia muito avançadas e que muita gente tem acesso a partir de casa. Contudo sentimos que temos muitas pessoas que não têm esse acesso até por não terem junto a si um familiar mais novo. Quanto às celebrações eu tive o cuidado,
nomeadamente neste meio mais rural mais interior, e sabendo que as pessoas não têm muitas vezes esse acesso, de elaborar um prospeto onde se explicava toda a celebração da Semana Santa, comigo a celebrar cada momento do Tríduo Pascal, em cada comunidade, para que as pessoas o pudessem celebrar comigo, em comunhão. Fisicamente são momento vividos em solidão mas em comunhão com as minhas paróquias, dando assim hipótese a que todos sintam essa companhia. Para além desse prospeto, esta celebração foi marcada por mais algum momento especial? Para além dessa iniciativa pedimos também às pessoas que tivessem uma cruz exposta a partir do Domingo de Ramos para decorar do Domingo de Páscoa. Ao longo da semana mantive também um contacto próximo com as pessoas através do telefone, enviando mensagens e falando com elas para que todos pudessem viver esta celebração de uma forma muito presente. Mais do que nunca, hoje, a Igreja é desafiada a ter esta proximidade que, não podendo ser física, deve ser de amor e de caridade com todos. ▪
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Armamar
Armamar implementa linha de apoio Municipio cria unidade de isolamento para o COVID-19 à comunidade O Município de Armamar tem em marcha um plano específico de apoio às pessoas mais vulneráveis do concelho, com destaque para os idosos, principalmente quando em isolamento social e sem retaguarda familiar. Foi criada uma linha telefónica, o 254 850 816, que funciona de segunda a sexta-feira, entre as 9 e as 17 horas. A equipa de suporte faz um despiste inicial das necessidades específicas de quem liga e desencadeia a ajuda necessária em conformidade. Estão incluídos a ajuda em necessidades de transporte para tratar assuntos urgentes e inadiáveis, entrega ao do-
micílio de bens de primeira necessidade e medicamentos e resolução de problemas no fornecimento de água da rede pública. Em simultâneo é prestado apoio psicológico com o objetivo de prevenir estados de ansiedade e medo. Este projeto não substitui as relações de vizinhança, nem os serviços prestados pelas Instituições Particulares de Solidariedade Social e pela Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Armamar. A Autarquia continua a acompanhar o desenvolvimento do surto pandémico e ajustará as medidas sempre que necessário. ▪
A Câmara Municipal de Armamar tomou a iniciativa de criar um espaço para acolher cidadãos em isolamento profilático face a uma eventual propagação do COVID-19 no território do município. Esta iniciativa tem o apoio da Fundação Gaspar e Manuel Cardoso, que cedeu o espaço, bem como do Centro de Saúde e do ACES Douro II - Douro Sul. O espaço entrou em funcionamento no dia 1 de abril. Temos 12 quartos para isolamento, devidamente equipados, para a eventual necessidade de adoção de medidas desta natureza. A Autarquia local agradece às instituições envolvidas no processo toda a disponibilidade e colaboração demonstradas. ▪
Armamar inicia a primeira fase de testes ao COVID-19
Autarquia distribui equipamentos de proteção nas IPSS A Câmara Municipal de Armamar distribuiu, no 4 de abril, mil máscaras cirúrgicas e várias dezenas de fatos de proteção individual aos centros de dia e lares de idosos das Instituições Par-
ticulares de Solidariedade Social (IPSS) do concelho. A ação abrangeu a Fundação Gaspar e Manuel Cardoso, Santa Casa da Misericórdia, Centro Social e Paroquial de São João Baptista, Associação de Solidariedade Social e Recreativa de São Cosmado, Centro Social e Paroquial de Fontelo e Associação Social, Desportiva, Recreativa de Arícera e Centro de Saúde. A Autarquia continua a trabalhar intensamente para minimizar eventuais impactos da pandemia do COVID-19 no território do concelho. Recorde-se que já começaram os testes ao COVID-19 em cidadãos de áreas sociais e profissionais sensíveis. Testes esses que vão continuar a ser realizados ao longo do mês. ▪
Começou na passada semana o início dos testes ao COVID-19 em Armamar. A sua realização vai desenrolar-se em várias fases ao longo dos próximos dias. A Câmara Municipal de Armamar adquiriu o material necessário para este processo, que entra agora na segunda fase. Os cidadãos testados foram os colaboradores das Instituições Particulares de Solidariedade (IPSS) do concelho, bem como o corpo médico e de enfermagem e demais colaboradores do Centro de Saúde local, num total de 187 testes efetuados.
Na próxima semana terá início uma nova fase dirigida ao corpo de bombeiros, forças de segurança e aos utentes das diversas valências das IPSS. ▪
Candidatura ao CLDS 4G foi aprovada O Concelho de Armamar viu aprovada a candidatura submetida pela Fundação Gaspar e Manuel Cardoso (FGMC) à quarta geração dos Contratos Locais de Desenvolvimento Social (CLDS 4G), no âmbito do Programa Operacional, Inclusão Social e Emprego (POISE). O projeto (PRO) ATIVAR, apresentado pela FGMC, assenta num conjunto descentralizado de ações, em itinerância pelas localidades de Armamar, mobilizando diversos agentes locais. A inclusão é “palavra de ordem”, pela sensibilização para a diferença, através de ações de capacitação pessoal, empreendedorismo, empregabilidade e pelo investimento no capital
humano e recursos endógenos. O POISE dirige-se a iniciativas que concretizem intervenções integradas em territórios vulneráveis, pela promoção da inclusão e integração social, e pelo combate à pobreza e discriminação. ▪
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Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I
Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I
Dia Mundial da Saúde 2020: Ser enfermeiro De forma a comemorar o dia em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi constituída, todos os anos desde 1948, no dia 7 de abril, esta estipula uma temática para chamar a atenção mundial para a problemática da prestação de cuidados. Este ano, o Dia Mundial da Saúde, pretendeu homenagear os enfermeiros. Esse facto teve particular relevância, pois no meio da pandemia do novo coronavírus, os profissionais da saúde, nomeadamente os enfermeiros, desempenham um papel fundamental de estoicismo e abnegação. A OMS assume esta data para afirmar que “simplesmente sem enfermeiros, não haveria resposta”, mas embora a pandemia tenha dado visibilidade a estes profissionais, a sua história e abnegação começou muito antes, antes ainda da constituição da OMS. Importa concentrarmo-nos nas raízes históricas da Enfermagem, nos seus valores, princípios e saberes de experiência feitos para assegurar maior proximidade e acessibilidade aos utentes. Assim, contribuímos para a redução das desigualdades no respeito pela dignidade humana com promoção da saúde e prevenção da doença. Estes princípios são também uma garantia da qualidade e segurança dos cuidados de saúde. Florence Nightingale (Laura Fraser), filha de uma tradicional e rica família, decidiu ser irreverente e contrariar aquilo que era norma, e estudar…estudou matemática com os melhores da época, nomeadamente o cientista belga Jacques Quetelet, conhecido pelos seus estudos sobre o Índice da Massa Corporal (IMC). Em 1946 foi altamente sensibilizada com o péssimo tratamento dado a um indigente numa enfermaria em Londres e tomou para si a bandeira da reforma da lei de assistência do Estado aos pobres e desamparados, aí nasceu a sua aptidão para o amparo dos desprotegidos. Durante a Guerra da Criméia, em 1854, quando Inglaterra, França e Turquia enfrentaram a Rússia, Florence foi levada com uma equipe de enfermeiras ao campo de batalha para supervisionar os hospitais de assistência aos soldados ingleses. Alarmada com o altíssimo índice de mortalidade causado pelo tifo e pela cólera, concluiu que as doenças hospitalares matavam sete vezes mais do que os campos de batalha. Com uma colheita constante de dados e aplicando a estatística aprendida nos seus estudos, organizou registos estatísticos montando diagramas de área onde visualizou, mês a mês, que o rigor na assepsia fazia decrescer as mortes por infeção. O seu trabalho baseado na evidência foi responsável pela diminuição de mais de 70% das mortes de soldados feridos em batalhas, em consequência do atendimento médico inadequado. Por outro lado, a sua generosidade, doçura com os doentes, os seus cuidados percorrendo as enfermarias dos batalhões e acampamentos durante a noite, com uma lanterna na mão visitando os doentes acabou por lhe dar o apelido de “a dama da lâmpada”. O papel dos enfermeiros é, reconhecidamente, essencial para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) quer nas respostas humanas que carecem de maior complexidade, quer na integração multidisciplinar e pluriprofissional da prestação de cuidados de saúde em complementaridade estreita com os diversos atores da saúde, realçando o contributo na promoção da saúde e na qualidade de vida dos portugueses através da prestação de cuidados de saúde acessíveis e de proximidade, com dedicação, suporte científico e empenho profissional.
Hospital do Douro SulN. Senhora dos Remédios, Num Sistema Local de Saúde! Em Lamego está uma boa parte da solução para a qualidade de vida dos cidadãos do Douro Sul. O Hospital é um equipamento importantíssimo e com estrutura física suficiente para responder a parte significativa das nossas necessidades. Importa um novo programa funcional, um serviço de urgência mais qualificado e, obviamente, “parcerias” estratégicas com Vila Real, Viseu e outros Hospitais. Mas, importa também a real aproximação aos Cuidados de Saúde Primários. Atualmente é só uma proximidade residual. As pessoas são as mesmas. O território é o mesmo e a ação deveria ser integrada. O Sistema Local de Saúde deverá juntar o Hospital do Douro Sul, o Agrupamento de Centros de Saúde, a participação dos Municípios e das Instituições com cuidados de saúde. Na situação complexa que estamos a viver é claríssima a importância deste modelo de Rede Integrada de Saúde e Social. São cada vez mais sólidas as opiniões neste sentido de pessoas de todas as áreas político partidárias e de pessoas completamente independentes, o que facilitará uma grande unanimidade para esta solução. Importa estarmos todos unidos num propósito maior: dar melhores cuidados de saúde aos cidadãos desta região. Fica muito evidente e ficará mais ainda nos próximos tempos de que as pessoas não perdoarão a quem tudo não fizer para lhes dar melhores cuidados de saúde. Há uma visão técnica e científica, há também um crescente peso das opiniões políticas, já só falta a atitude, para que o Sistema Local de Saúde do Douro Sul, seja uma realidade! Em saúde não se deve hesitar! Pode custar sofrimento e vidas!
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Região
Conselho da Comunidade indignado contra a proibição de divulgação dos dados aos Municípios Foi formalmente comunicado aos 8 Municípios que integram o ACES Douro Sul que, a partir de dia 10 de Abril em diante, de acordo com instruções recebidas pela Senhora Ministra da Saúde, deixarão de ser, diariamente, comunicados os dados da evolução epidemiológica por concelho, remetendo essa informação para os boletins diários publicados pela Direção Geral da Saúde. Tal facto, ao remeter as autoridades de proteção civil municipais para um boletim que diariamente é disponibilizado à população em geral mas que contém apenas dados parciais, cons-
titui-se como um sério obstáculo à tomada de decisão e à capacidade de antecipação de medidas de contingência como as que os Municípios têm, e bem, vindo a implementar. Não pode, pois, o Conselho da Comunidade deste ACES Douro Sul deixar de manifestar a sua indignação, por esta decisão da Senhora Ministra da Saúde, e transmitir, publicamente, que não aceita qualquer decisão que não seja consubstanciada numa realidade em que a partilha institucional, em tempo real, de toda a informação disponível se concretize porque a não ser dessa forma ficarão as Comissões Municipais de Proteção Civil impossibilitadas de avaliar, convenientemente, todo o contexto do panorama epidemiológico dos territórios que representam. A coordenação institucional e o dever de informação em matéria de proteção civil, não podem ser apenas verbalizadas e teorizadas. É imperioso que se
concretizem no terreno, pelo que toda a informação tem que ser rigorosa e disponibilizada nos diferentes órgãos
de direção, coordenação e execução da atividade de proteção civil, incluindo as Câmara Municipais. ▪
> Carlos Carvalho, presidente do Conselho da Comunidade
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Vila Real
Vila Real instala Centro de Acolhimento temporário em edifício da UTAD Foi inaugurado, no passado dia 1 de abril, o Centro de Acolhimento temporário em Vila Real, instalado no edifício do ex-Cifop, pertencente à UTAD. Este centro resulta de uma parceria entre o Município de Vila Real, UTAD e RI 13 e destina-se, em caso de necessidade, a instalar utentes de equipamentos sociais, lares de idosos, famílias de acolhimento, entre outros. “É um espaço de acolhimento temporário para pessoas que dele precisem, tenham ou não dado positivo em teste Covid. O nosso objetivo é disponibilizar este espaço à Segurança Social, ao Ministério da Saúde ou a quem dele precise”, afirma o autarca vila-realense. Rui Santos afirma ainda que o espaço tem diversas valências que permitirão, a quem o utilize, ter as melhores condições possíveis numa situação como a atual. “Para além das camas tem uma sala de refeições, uma de convívio, sala de enfermagem, gabinetes para apoio psi-
cológico. Todas as condições para quem precise estar de quarentena ou em isolamento profilático com alguma comodidade. Não é um espaço onde as pessoas são deixadas, acamadas, 24 sobre 24 horas”. Na apresentação do espaço à comunicação social o autarca afirmou ainda que atualmente o município tem uma capacidade instalada de 150 camas, podendo este valor duplicar caso seja necessário. “Em conjunto com as residências universitárias, num espaço ao lado deste, temos capacidade para 150 pessoas, contudo ele pode ser aumentado e temos ainda mais 150 camas disponíveis para serem montadas num pavilhão”. Em declarações ao VivaDouro o reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) afirmou que a instituição tem vindo a colaborar com diversas entidades locais de saúde e instituições públicas como é o caso do CHTMAD ou a autarquia da cidade. “A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro tem vindo a apoiar medidas de salvaguarda da saúde da comunidade académica e da sociedade e a participar em
dinâmicas da sociedade, com as entidades locais de saúde e instituições públicas: disponibilizou ao CHTMAD equipamentos e materiais com fins médicos, disponibilizou uma residência para descanso dos profissionais de saúde envolvidos no combate à COVID 19 e um edifício para instalar com a autarquia um Centro de Acolhimento Temporário, visando acomodar os idosos provenientes de lares afetados pela pan-
demia”. O reitor afirma ainda que a união é a melhor arma no combate contra esta pandemia. “Temos a plena confiança de que se todos continuarmos unidos a cumprir com os nossos deveres e se tomarmos as melhores providências, como está a ser feito, deveremos provar-nos capazes de sobreviver a esta ameaça global”. ▪
Programa Cerca de 3,35M€ para “Vila Real ON - Não Paramos” pavimentações em espaço já arrancou rural em 2020 A atual pandemia de COVID-19 tem alterado profundamente a nossa maneira de viver e trabalhar. Todos somos aconselhados a ficar em casa para evitar a propagação da doença, mas há bens e serviços de que necessitamos. Por outro lado, é importante que as empresas mantenham a sua atividade, consigam dinamizar a economia e preservar os empregos. Por tudo isto, o Município de Vila Real e o Regia Douro Park uniram esforços no sentido de lançar um programa que entendemos ser uma mais-valia para todos nós, cidadãos e empresas: Vila Real ON - Não Paramos. A primeira iniciativa deste programa é uma plataforma que pretende agregar informação relativamente a empresas que estão em funcionamento, descre-
vendo de que forma estão a trabalhar e os clientes podem encontrar os produtos e serviços que procuram. A plataforma já está disponível em www. vilarealon.cm-vilareal.pt, podendo os clientes subscrever a newsletter, que lhes permitirá receber todas as ofertas e promoções das empresas inscritas. A mesma consulta pode também ser feita através da App para smartphone do Município de Vila Real, que pode ser descarregada para aplicativos iOS e Android. ▪
O investimento público será fundamental para alavancar a economia nos tempos difíceis que se antecipam. Assim, o Município de Vila Real, dando continuidade à estratégia de melhoria generalizada da rede viária concelhia e atendendo, nomeadamente, à necessidade de melhorar as acessibilidades de diversos caminhos e ruas em espaço rural, aprovou, em reunião de Câmara, a abertura dos concursos públicos para realização da “Empreitada de Pavimentações em Betuminoso” e da “Empreitada de Pavimentações em Granito” de Arruamentos e da Rede Viária Municipal, a executar em 2020. Assim, no âmbito destas empreitadas, estão previstos cerca de 110.000 m2 de betão betuminoso, com um preço base estimado de 1.266.488,60 euros, acrescido de cerca de 3.000 m2 de pavimenta-
ções em elementos de granito, cerca de 19.000 m2 de fornecimento e colocação de cubos de granito 11x11x11 e cerca de 18 m2 de calçada à Portuguesa, com um preço base de 735.000,00 euros. Para além destes dois concursos, cuja abertura foi agora aprovada e terão ainda que percorrer a necessária tramitação legal, um outro concurso de pavimentações em espaço rural, no valor de 1.350.000 euros, aguarda apenas visto do Tribunal de Contas para iniciar obra. Reconhecendo que se trata de um trabalho que nunca está terminado, a autarquia Vila-realense investirá um valor próximo dos 3,35 milhões de euros nas aldeias e espaço rural ao longo do ano de 2020, suprindo algumas carências que se verificam nas vias rodoviárias naquela parte do território. ▪
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Peso da Régua
Intermarché da Régua oferece bens à autarquia e população A solidariedade tem sido uma das principais referências da atual situação que se vive devido à Covid-19 e, uma das primeiras ações que se tornou viral no país, inspirando outras semelhantes, é levada a cabo pela loja Intermarché em Peso da Régua que oferece pão aos seus clientes. Adquirida por Miguel Dias em 2015, a loja Intermarché de Peso da Régua é conhecida pela solidariedade que pratica, entregando diversos bens a instituições do concelho. “Normalmente já fazemos diversas ofertas a instituições do concelho mas, numa altura como esta que vivemos, achamos que devíamos estender estas ofertas a mais pessoas, daí a ideia de oferecer o pão, o que sobrou do dia anterior, às pessoas que têm mais dificuldade em o adquirir. Os reguenses sabem do envolvimento que
nós temos com a cidade, as instituições, os clubes e as associações do concelho. Eu não diria que é um envolvimento a 100% mas se calhar a 101%. Ajudamos como podemos sempre que podemos. Ao longo do ano entregamos à Casa do Povo de Godim ou ao Centro de Dia de Fontelas, só para dar dois exemplos, diversos produtos como pão, fruta, bolos, legumes, etc. É algo que está no gene do Grupo Mosqueteiros e, neste caso particular, aqui na Régua. Antes de ser empresário sou homem e, bom ou mau, todos temos coração e todos tomamos determinadas atitudes de acordo com a educação que recebemos e com as nossas experiências de vida. Nesta fase aqueles que podem devem dar o seu contributo, seja com o que for. Este é um problema que está para durar e nós temos que estar cá para salvaguardar o bem estar das pessoas. Só a autarquia por si não consegue dar resposta a todas as solicitações. Ninguém estava preparado para uma situação destas, infelizmente”. Outra medida tomada por Miguel Dias foi a criação de um horário alargado e específico para atender a profissionais de saúde e segurança, autoridades locais e grupos de risco, garantindo assim que podem fazer as suas compras sentindo-se em segurança. “Em relação ao horário alargado, apesar de de-
Lamego
aos bombeiros da cidade algumas iguarias da época como forma de lhes agradecer o esforço por estarem na linha da frente”. Miguel Dias conta ainda à nossa reportagem que são vários os clientes que agradecem todas as medidas mas não deixa de sublinhar que entende que faz parte da responsabilidade social da empresa, desafiando outros empresários da região a fazer o mesmo. “Somos uma empresa local, estamos registados na Régua e é aqui que pagamos os nossos impostos, por isso achamos que temos aqui uma responsabilidade acrescida e apelamos a todos os empresários que o possam fazer, que também contribuam de alguma forma”. ▪
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Município distribui viseiras de proteção individual O Município de Lamego, num esforço contínuo para apoiar quem trabalha na linha da frente no combate à pandemia, ofereceu 111 viseiras de proteção individual ao Hospital e à PSP de Lamego. Produzidos pelo Serviço Municipal de Proteção Civil, estes equipamentos constituem um modelo aperfeiçoado, mais leve e menos incómodo do que os modelos comuns, para aplicação na pala do boné.
pois se tornar uma exigência por decreto do Governo, eu antecipei-me a essa decisão porque achei que devia ser assim. Não só a pensar nas forças de segurança e nos profissionais de saúde que estão no terreno, mas também nas pessoas que fazem parte dos grupos de risco como os mais idosos, por exemplo, permitindo-lhes que não se misturem - e este é um termo forte mas que neste momento faz sentido -, com a restante população. Entregamos também à autarquia, para ser distribuído pela população mais desfavorecida, um conjunto de bens alimentares: três mil latas de atum e 1170 de salsichas, 600 quilos de arroz e 720 litros de leite. Na Páscoa entregamos
Recorde-se que na semana anterior, a autarquia de Lamego também distribuiu viseiras de proteção às instituições de solidariedade social do concelho para colmatar algumas necessidades detetadas e garantir a proteção perante situações de risco. Os equipamentos são produzidos por impressão tridimensional, com o apoio do Núcleo de Alunos de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. ▪
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VIVADOURO
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Carta do Mês: 10 de Paus, que significa Sucessos Temporários, Ilusão. Amor: Evite ter qualquer tipo de atitude egoísta ou egocêntrica, pense duas vezes para não magoar o seu par. Saúde: Cultive a sua boa forma fazendo exercício físico em casa, todos os dias. Dinheiro: Tente conter-se um pouco mais nos seus gastos. Números da Sorte: 3, 11, 19, 25, 29, 30 Pensamento positivo: Estou atento a tudo o que se passa à minha volta.
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TOURO
210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt
SOLUÇÕES:
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Maria Helena Socióloga, taróloga e apresentadora
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Um rapaz de 15 anos chega a casa num Porsche e os pais gritam: – Onde conseguiste isso? Calmamente ele responde: – Acabei de o comprar. – Com que dinheiro? Nós sabemos quanto custa um Porsche. – Bem este custou-me 15 Euros. – Quem venderia um carro destes por 15 euros???? – A senhora ali em cima da rua.Ela viu-me passar de bicicleta e perguntou-me se eu queria comprar o Porsche por 15 euros. – Santo deus – exclamou a mãe, deve abusar das crianças. João vai já lá cima ver o que se passa… O pai foi a casa da senhora enquanto ela plantava calmamente petúnias no jardim apresentou-se como sendo o pai do rapaz a quem ela tinha vendido o Porsche e perguntou-lhe por que tinha feito aquilo. Bem – disse ela – Hoje de manhã o meu marido ligou pensei que estava numa viagem de negócios, mas não. Fugiu e foi de férias com a secretária para o Havai e pediu-me que lhe vendesse o Porsche e lhe mandasse o dinheiro, e eu vendi.
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Coloque numa tigela o fermento com a água, mexendo bem Junte depois o azeite, os ovos e a farinha Polvilhe com um pouco de sal e amasse tudo muito bem até que fique uma massa homogênea e muito bem ligada Se necessário polvilhe com um pouco de farinha Polvilhe um pouco de farinha numa tigela, coloque a massa, polvilhe com mais um pouco de farinha e cubra com um pano húmido ou película aderente Deixe levedar até que fique com o triplo do seu volume Decorrido esse tempo, retire a massa da tigela, amasse novamente e divida em duas partes Unte um tabuleiro com azeite e disponha uma das partes da massa, estique com a mão até cobrir todo o tabuleiro Retire o coirato do bacon e corte em pedaços Retire a pele ao chouriço e corte em rodelas Disponha todos os enchidos por cima da massa Estique a restante massa numa bancada polvilhada com farinha e disponha por cima Pincele com a mistura da gema e deixe levedar mais um pouco até crescer aproximadamente 2 dedos de altura Leve depois ao forno pré-aquecido a 180 graus durante 35 a 40 minutos até que fique cozida e douradinha Retire do forno, desenforme e sirva decorado a gosto
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INGREDIENTES
500 g Farinha q.b. 3 Ovos 150 ml água morna 80 gr Azeite 1 saquete fermento padeiro seco ou 25 gr de fermento padeiro húmido 1 pitada pitada de sal fino 150 gr presunto fatiado 150 gr bacon 1/2 chouriço 1 gema misturada com 2 colheres de azeite
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RECEITA CULINÁRIA
Folar de Carnes
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Opinião Comprar português é prioritário em tempo de crise Em boa hora o Governo iniciou uma campanha promocional de produtos agroalimentares portugueses, visando animar, embora de forma tímida, a economia nacional. Efetivamente, também as empresas do setor agrário estão a ser fortemente afectadas com a atual crise que vivemos, nomeadamente os pequenos agricultores que mostram dificuldades em escoar os seus produtos. As recomendações da OMS para combater a COVID 19 incluem a alimentação, a qual deverá pautar-se por uma dieta rica em frutas e legumes frescos. É fundamental realçar a importância junto dos consumidores, da necessi-
dade de consumir produtos frescos e saudáveis para reforçar o sistema imunitário, dinamizando também a economia local. Portugal está bem posicionado para tirar proveito da sua diversidade climática, inovação de produtos e processos, possuindo uma reputação de qualidade e produtos diferenciados e seguros. Efetivamente, reúne condições únicas para uma produção hortofrutícola de exportação e boa formação técnica no seio das organizações e associações da produção. Somos um país que se caracteriza por uma produção precoce de frutas e legumes com qualidade e apetência, de que um exemplo típico é a cereja, já com reconhecimento internacional, resultante de uma estratégia bem
definida por parte do cluster centrado no Fundão, na qual algumas zonas do Douro apresentam grande potencialidade. O setor tem experimentado um forte investimento em ciência, tecnologia e inovação, com um claro impacte na modernização e capacitação da empresa agrícola e no marketing agro-alimentar. Contudo, apresenta algumas fragilidades que assentam muito na sua falta de dimensão e organização que, por sua vez, tem implicações ao nível dos custos de produção e do poder negocial perante a distribuição. As debilidades de organização dos pequenos produtores têm sido agravadas no atual cenário de pandemia, apresentando-se como um desafio à superação indivi-
Haverá DOURO para além da COVID Atravessamos tempos únicos em resultado desta epidemia que se nos abateu, a COVID-19. O mundo, o país, a nossa Região Demarcada do Douro estão em suspenso, apreensivos com o desbaste nas vidas, com a incerteza dos dias, com a dúvida não decifrável de como ficaremos todos depois desta calamidade. Interrogamo-nos como ficará a nossa economia, tanto no sentido mais global quanto no âmbito das famílias, das empresas e de todos aqueles que tiram da terra o seu sustento. A inquietude sobressai em todos os setores da economia, impossibilitando uma previsão das suas consequências aos mais variados níveis da sociedade, concretamente naquilo que nenhuns outros sabem tão bem fazer como nós: os vinhos. Se é perturbador pensar-se que muita mão-de-obra poderá não comparecer às tarefas do granjeio da vinha, da vindima, o transtorno no turismo é pavoroso. Nos
alojamentos, nos restaurantes, nos espaços de lazer, demorará tempo a reconstruir toda uma prosperidade a que nos vínhamos habituando. As gentes do Douro estão acostumadas a sérios revezes: uma vinha parece estar sadia, e chega uma praga, uma geada; as uvas parecem estar prestes a dar bom vinho, e chega a saraiva que tudo destrói. A Região soube ultrapassar situações de enorme impacto ao longo da sua longa história. Lembremo-nos da filoxera que dizimou vinhas, trouxe fome, tentou matar a esperança. Os nossos antepassados reagiram. Souberam suplantar todas as vicissitudes e prosseguir. Tal como eles, teremos de saber construir um novo futuro. Esse futuro certamente que será bem diferente do recente passado: a dinâmica do turismo que tão fulgurante estava nestes últimos anos está interrompida. Nos próximos tempos, as pessoas estarão mais retraídas, terão receios nas grandes deslocações,
os turistas demorarão a regressar; as festas serão comedidas; os momentos de convívio poderão estar limitados. Mas, a todo o custo, teremos de garantir condições para a continuidade da atividade económica, talvez uma atividade diferente, mas não necessariamente menos próspera. Com a COVID-19 estamos a pagar um altíssimo preço por um mundo globalizado que nos sustentava: o afluxo de turistas de toda parte, as cadeias comerciais longas, procurando vender o nosso inigualável produto em terras longínquas. Impõe-se uma reflexão profunda sobre como tudo isto irá funcionar no futuro: talvez seja o tempo de se estabelecerem cadeias de abastecimento mais curtas, mais resilientes, menos suscetíveis de perturbações a grandes hecatombes. Nesta crise que nos está a atingir, começámos a experimentar novas soluções para a organização futura da sociedade. Vivemos novas formas de prestação de trabalho e de serviço: as vendas poderão deixar de ser
Política de Coesão: Dinâmicas dos fundos europeus na sub-região do Douro A Política de Coesão é a principal política de investimento da União Europeia de apoio à redução das disparidades económicas, sociais e territoriais entre regiões. A maior parte dos seus apoios destina-se ao conjunto de regiões classificadas como “menos desenvolvidas”, no qual se enquadra a Região do Norte de Portugal. No Norte, a Política de Coesão é operacionalizada através dos programas temáticos e de assistência técnica do PORTUGAL 2020, do programa regional NORTE 2020 e de um conjunto de programas de cooperação territorial europeia. A execução destes programas, a par dos seus antecessores, tem gerado impactos
importantes nas diferentes sub-regiões do Norte. Ainda assim, o caminho para a coesão é longo, como de resto o demonstra o processo de convergência da região no contexto nacional. Mas é um caminho que vai sendo feito e cujos resultados não deixam de ser notórios. Em relação ao caso específico do Douro, uma publicação recente da CCDR-N sobre as dinâmicas da Política de Coesão na Região do Norte oferece pistas interessantes de explorar. Ela evidencia que, entre 2014 e 2019, foram atribuídos mais de 372 milhões de euros de apoios comunitários ao Douro, os quais proporcionaram um investimento de cerca de 500 milhões de euros. De entre as
oito sub-regiões do Norte, o Douro destaca-se por uma intensidade de apoios da ordem dos 1.950 euros por habitante, um valor que coloca a sub-região no lote das mais dinâmicas do Norte, à luz deste indicador. Por outro lado, e até ao final de 2019, cerca de um terço do fundo aprovado teve por destino o aumento da competitividade deste território. Em específico, um número considerável de projetos apoiados neste âmbito centra-se na promoção e valorização dos recursos endógenos do Douro (e.g. património natural e cultural) e na potenciação dos seus principais fatores de competitividade (e.g. indústria agroalimentar e do turismo), tendo em vista uma crescente consolidação
António Fontaínhas Fernandes Reitor da UTAD
dual e coletiva. Os problemas dos agricultores devem ser associados às diversas iniciativas que têm vindo a desencadeadas, nos vários setores de atividade económica e dos serviços, por exemplo, garantindo o escoamento nas várias cadeias de distribuição com produtos de portugueses. Por isso, comprar produtos locais deve ser uma prática de todos os portugueses.
Gilberto Igrejas
Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)
essencialmente presenciais e o comércio à distância será a partir de agora, seguramente, o predominante. Porém, algo de insubstituível será sentir-se o cheiro do Douro, o inigualável esmagamento da sua paisagem única, o saborear-se os seus vinhos, a hospitalidade das suas gentes. Isso permanecerá para além da COVID-19 e vamos estar preparados para o amanhecer desta tenebrosa noite. Estaremos preparados para uma nova realidade que será o consumo de vinho no contexto de uma visão diferente do mundo, dos momentos, dos afetos, das reuniões, das massas. O Douro não é tarefa pequena e, tal como o passado, juntos vamos sair bem deste momento tremendo da nossa história.
Rúben Fernandes Coordenador do Órgão de Acompanhamento das Dinâmicas Regionais do Norte da CCDR-N
e diversificação da base económica. Numa sub-região que se pauta pelos desafios da baixa densidade, a aposta na competitividade assume-se, assim, como um vetor estruturante de promoção da inclusão e da sustentabilidade e, consequentemente, de esforços no sentido da construção de um território mais resiliente, capaz de se reinventar e de responder de forma tão eficaz quanto possível aos desafios estruturais que lhe são colocados, nomeadamente em contextos de crise, como o atualmente vivido.
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