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Ano 5 - n.º 66 - agosto 2020
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Mensal
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
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Verão (demasiado) tranquilo no Douro
> Págs. 4 e 5 Sabrosa
Entrevista
Lamego
INFORMAÇ O Pode encontrar nesta edição o destacável do Boletim Informação
Arqueologia conta história do concelho
Entrevista a Carlos Fiolhais: Cientista, Professor Universitário e Ensaísta
ESTGL de olhos postos no futuro
> Pág. 8
> Págs. 20 e 21
> Págs. 26 e 27
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VIVADOURO
AGOSTO 2020
Editorial José Ângelo Pinto Administrador da Vivacidade, SA. Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT
SUMÁRIO: Destaque Páginas 4 e 5 Região Páginas 6 e 22 São João da Pesqueira Página 7 Sabrosa Páginas 8 e 19
Caros leitores,
Alijó Página 9
A dinamização de uma região passa obrigatoriamente por inverter a tendência de desertificação, bem patente nos números dos censos, bem patente na evolução dos números de eleitores e bem patente na diminuição da dinâmica que se verifica todos os dias nas ruas das vilas, aldeias e cidades do interior. Encerrar serviços por falta de pessoas para atender ou fazer diminuir a deslocalização porque há agora serviços de atendimento à distancia que os substituem não ajuda a combater a desertificação dos territórios já, por si, de baixa densidade. Também não ajuda a falta de visão dos sucessivos governos centrais que, em vez de fazerem promover as pessoas que não se rendem à centralidade da capital, promovem sempre aqueles que lhes estão fisicamente próximos e alinhados com a dualidade de critérios a que o país está subjugado. Os autarcas, na grande maioria dos casos, fazem o que podem e o que não podem para diminuir o problema. Tentam que os investidores invistam nas terras, mesmo quando a autoestrada está a 35 kms de distância do polo industrial e quando não há internet decente para o estabelecimento poder funcionar e quando não há jovens qualificados e com vontade de trabalhar na região. Tentam que sejam as empresas do interior a realizar as obras e outras adjudicações que estão nas suas competências de decisão. Tentam atrair turistas e visitantes à região, através das mais diversas ações e ofertas a quem visita o seu concelho e do estabelecimento de pontos de interesse para os forasteiros. Mas não chega. Aproveitar os fundos da união europeia que aí vêm para criar uma verdadeira dinâmica integrada e estruturada, com planos de ação concretos de intervenção que levem a que as empresas queiram estabelecer-se no interior, que leve a que os jovens queiram ali viver e que leve a que as pessoas tenham a perceção que viver no interior é muito mais competitivo e interessante do que viver no litoral ou do que emigrar é um objetivo que é imperioso sermos capazes de começar a concretizar. As ameaças são conhecidas. Vamos todos juntos transforma-las em oportunidades!
Vila Real Página 12
PRÓXIMA EDIÇÃO 16 SETEMBRO
Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org POSITIVO Apesar do número de infetados por Covid-19 ter vindo a aumentar no país, no Douro os números continuam sem registar aumentos significativos.
Tabuaço Página 13 Régua Página 14 Boletim Informação Páginas 15 a 18 Entrevista Páginas 20 e 21 Armamar Página 23 Carrazeda de Ansiães Página 25 Lamego Páginas 26 e 27 Nacional Página 28 Moimenta da Beira Página 29 Opinião Página 30 Lazer Página 31
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NEGATIVO Dezenas de espécies estão em risco de extinção, no Rio Douro, devido às barragens. A conclusão é do projeto Rede Douro Vivo, da associação ambientalista GEOTA, que fez um estudo sobre a biodiversidade e a qualidade da água do rio.
Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil
"POR UM NOVO CONTRATO SOCIAL" Há cerca de um mês, António Guterres foi homenageado em Foz-Côa, no 10.º aniversario do Museu do Côa. Em crónicas anteriores, já falei da barragem de Foz-Côa e das qualidades pessoais do homenageado. Hoje, aproveito para voltar ao pensamento do actual Secretário-geral das Nações Unidas quando diz que é urgente um contrato social para o combate à desigualdade . António Guterres refere que, o nosso futuro colectivo está ameaçado e que a forma como se distribui o rendimento e se exerce o poder político, têm contribuído para isso. Nos últimos 35 anos, apesar do progresso social registado, 1% da população mais rica apropriou-se de cerca de 27% do crescimento acumulado. Reconhece que a desigualdade não só se acentuou, como irá crescer no futuro. Tudo determinará que a pobreza extrema chegará a marcar muitos dos que ainda não nasceram, tanto no seu rendimento como nas suas oportunidades. Este fatalismo interpela a nossa consciência. Temos assistido um pouco por todo o lado às violentas reacções sociais contra comportamentos racistas ou de corrupção no exercício do poder. Estes sentimentos estão a inflamar o mundo, representando um sério sinal de insatisfação. Acresce que a COVID-19 veio mostrar como os mais vulneráveis são simul-
taneamente os mais afectados. Estando a sociedade contemporânea numa fase de transição - digital, energética, educativa - coloca-se a questão de saber o que podemos fazer. António Guterres apela à construção de um mundo mais igualitário e mais sustentável, o que para acontecer reclama "um novo contrato social", um "Novo Acordo Global" que una governos, cidadãos, sociedade civil e empresas, em torno de uma causa comum, que envolva a concepção de um modelo de globalização mais justo, baseado na valorização dos direitos e da dignidade humana e que proporcione um compromisso de governação fundado numa participação mais democrática e inclusiva. Se nada for feito a roptura surpreender-nos-á. Esse acordo reclama que se valorizem as plataformas de racionalidade disponíveis a nível global, em especial numa ONU reformada e no aprofundamento da União Europeia. O que sobra para Portugal? Como país multicultural e solidário, temos responsabilidades na defesa de valores humanistas. Temos tradição histórica de relacionamento com países que partilham connosco a mesma língua. Mas também estamos longe de ser um exemplo de país que soube corrigir as suas próprias assimetrias e o seu centralismo endémico. No final de cada crise, Portugal fica mais pobre, reduzindo a oportunidade de se afirmar no contexto global. O contrato social que Guterres antevê para o nível global deveria obrigar-nos a reflectir sobre o que fazer na ordem interna, para preparar a transição que já está a acontecer e perante a qual não podemos ficar indiferentes.
Registo no ICS/ERC 126635 | Número de Registo Depósito Legal: 391739/15 | Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 | Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 | Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 / 910 599 481 | Paginação: Rita Lopes | Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4510-698 Fânzeres | Administrador: José Ângelo da Costa Pinto | Estatuto editorial: www.public.vivadouro.org/vivadouro | NIF: 507632923 | Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda., Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha | Sede de Redação: Avenida Barão de Forrester, nº45 5130-578 São João da Pesqueira | Sede do Editor: Travessa do Veloso, nº 87 4200-518 Porto | Sede do Impressor: Arcozelo - Vila Nova de Gaia | Colaboradores: André Rubim Rangel, António Costa, António Fontaínhas Fernandes, Beatriz Oliveira, Freire de Sousa, Gilberto Igrejas, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Paulo Costa, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Sílvia Fernandes. | Impressão: Unipress | Tiragem: 10 mil exemplares
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VIVADOURO
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Destaque
Douro vive verão com pouca gente Por estes dias as ruas e ruelas das aldeias, vilas e cidades do Douro estariam a fervilhar de gente. Entre os emigrantes que regressavam para visitar a sua terra natal e os curiosos turistas que nos visitam todos os anos, o Douro seria ponto de encontro para muitos, contudo, devido à pandemia tudo parece diferente e a tranquilidade reina por toda a região.
Emigrantes chegam em pouco número… Num café, ao lado da Câmara Municipal de Foz Côa, interrompemos uma conversa entre o seu proprietário e um cliente. Fernando Godinho é emigrante em Bordéus, França, não vinha à sua terra natal há dois anos mas, apesar da visita sente que algo está em falta. “O que custa mais, em especial para nós emigrantes, é chegar aqui, ver os amigos e familiares que não vemos há algum tempo e não os podermos abraçar, agora temos que falar com os cotovelos. Eu não vinha cá há dois anos e é muito complicado, este 2020 é um ano para esquecer, completamente”. Fernando fez a ligação entre Bordéus e Foz Côa de carro, notou menos trânsito em direção a Portugal. “Devido à Covid-19 houve muita gente que optou por não vir este ano, por medo de sermos contagiados. Em França, por exemplo, não existe a questão de sermos obri-
gados a uma quarentena no regresso mas penso que esse receio do contágio teve peso na decisão de muita gente, mesmo tendo a noção que em França a situação foi bem pior do que cá”, afirma, ficando ainda com um semblante mais carregado quando nos conta que o seu “pai vive em Lisboa mas não o vou visitar porque tenho medo de ser contagiado lá”. Recordando os dias mais difíceis da pandemia, Fernando lembra os dias difíceis de isolamento em que mesmo para ir ao supermercado precisava estar acompanhado de uma autorização. “Lá em França estive dois meses e meio fechado em casa sem poder trabalhar, eu trabalho na construção civil e ser obrigado a ficar em casa durante tanto tempo torna-se complicado. Podíamos sair para ir às compras, por exemplo, mas tínhamos que ter sempre connosco um papel onde era indicado o motivo da saída e o tempo que estávamos autorizados a circular na rua, senão pagávamos uma multa… muito complicado”. Agora, pelas ruas onde passou os primeiros anos da sua vida espera descansar e fazer uma “vida normal”. “Enquanto estou cá tento fazer uma vida dentro do normal, vou até à piscina ou venho aqui ao café. Obviamente que sempre com todos os cuidados como o uso da máscara ou a desinfeção das mãos”. Enquanto decorre a nossa conversa com Fernando, José Constâncio, o dono do café, vainos observando e acenando positivamente com a cabeça, como sinal de estar familiarizado com o que este emigrante nos conta, tantas vezes tem ouvido as mesmas coisas. “Por esta altura deveria ter o café cheio de gente entre locais, emigrantes e turistas”, lamenta assim que o questionamos como tem vivido estes dias de uma nova realidade.
“O turismo, que é uma referência na nossa região e em especial aqui em Foz Côa por causa das gravuras, do museu e dos vinhedos, está praticamente parado. Normalmente aqui é uma enchente de gente, tanto portugueses como estrangeiros mas este ano nota-se uma quebra muito grande”. Apesar de estes dias não correrem bem para o negócio, José também confessa que a chegada de emigrantes e turistas traz algumas preocupações. “Nós, que residimos aqui também temos algum receio dos emigrantes que chegam até porque sabemos que os países de onde vêm, França, Suíça e Bélgica, por exemplo, foram países muito massacrados pela doença, estamos sempre com um pé atrás e com todos os cuidados de higiene a que a situação obriga”. Os tempos são difíceis e, para quem gere um negócio, o cenário parece ainda pior. “Na minha atividade estou convencido que se isto continua assim nunca mais volta a ser o que era e, para além disso, fica a ideia que isto são negócios a abater. O negócio vive tempos de agonia, quem tiver que pagar rendas e salários a funcionários terá uma de duas soluções, ou fecha ou entra em insolvência, não há qualquer perspetiva até porque não há população local que justifique o negócio, há uma enorme carência de massa humana, não só porque isto é uma cidade do interior sem vislumbre de emprego o que obriga as pessoas a saírem para o litoral ou mesmo para o estrangeiro”. … e alguns não vêm mesmo Alguns desses, dos que emigraram em busca de uma nova vida, não regressam este ano às suas terras, como é o caso de Pedro
Teixeira. Natural da freguesia de Canelas, Peso da Régua, Pedro emigrou em 2008 para Bruxelas. “Foi precisamente em julho de 2008, que ainda adolescente e cheio de sonhos, abracei a minha primeira aventura de emigrante. Foi claramente, um ato pensado, refletido, apoiado mas acima de tudo um ato corajoso e apaixonado, pelo qual ainda hoje recordo sem qualquer arrependimento. Foi nesse dia de verão que atravessei tantos quilómetros e pude finalmente reencontrar a pessoa que ainda hoje è a mulher da minha vida. E assim começou a minha aventura em Bruxelas”. Quanto partiu, conta-nos, prometeu uma coisa a si mesmo, “por maiores que fossem os obstáculos teria sempre de ser mais forte. E não permitisse que aquela saudade que me acompanhou desde o primeiro dia, acabasse por me abalar e fragilizar. Então decidi que regressaria pelo menos uma ou duas vezes, ate ao colo dos meus. Ate ás minhas raízes”. Pedro confessa mesmo que as visitas a Portugal, à sua terra e aos seus “sempre foram um ‘recarregar de baterias’ para mais uns meses de novas lutas e aventuras”. Este ano as coisas são diferentes, a pandemia que abalou o mundo e uma nova oportunidade obrigaram-no a mudar os planos e ficar por Bruxelas sem a habitual vinda a Portugal. “O mundo vive momentos de mudança, momentos difíceis e inéditos. Para mim, também este ano, foi de mudança. Infelizmente e pela primeira vez, o meu agosto, aquele que è o meu tão sempre desejado mês, desta vez e por diversas razões será vivido aqui pela Bélgica. O país que ainda hoje me acolhe. Sem dúvida alguma que
> Alexandre Costa - guia turístico
> Cátia Morais e Duarte Pina - turistas
> Fernando Godinho - emigrante
> João Monteiro - Quinta do Beijo
Texto e fotos: Carlos Almeida
Todos os anos, a chegada do verão, em especial do mês de agosto, é sinónimo de milhares de pessoas por todo o território, aldeias que durante o ano vivem a um ritmo compassado estariam cheias de filhos da terra que aproveitam o calor para reencontrar família e amigos após um ano de ausência a trabalhar no país que escolheram para procurar uma vida melhor. Devido à pandemia Covid-19 este ano o cenário é diferente, os cafés não se enchem, as festas não se realizam, nas ruas não há centenas de carros com matriculas estrangeiras a denunciar a chega dos emigrantes.
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Destaque tempo para poderem apreciar outras belezas da região. “Sem dúvida que é uma viagem que recomendamos, principalmente se tiverem oportunidade de a fazerem de barco. Desta vez não temos oportunidade mas estávamos a falar que temos de programar regressar aqui e fazer essa viagem”.
> José Constâncio - comerciante
> Pedro Teixeira e família - emigrante
> Ricardo Afonso e Andreia Pereira - turistas
uma das razões, é este tão “estranho" Covid-19. Não a principal. O ano de 2020 será sempre recordado por todos, como o ano da crise sanitária mundial. Ano difícil, para todos. Mas também acontecem coisas boas, como me aconteceu a nível profissional durante esta pandemia. O futuro anuncia tempos difíceis por isso não podia deixar escapar a oportunidade de uma vida que me surgiu. Foi neste espírito que decidi abraçar este novo e ambicioso projeto para o meu futuro e da minha família”. Apesar de Pedro se manter por Bruxelas, a sua mulher e o seu filho vieram até Portugal, confessa que não foi uma decisão fácil mas que foi consciente, encarando-a como uma pequena vitória contra o vírus. “Depois de tomada a minha decisão em não entrar no avião que me traria de volta até a minha terra, tudo fiz para que, mesmo consciente das condições atuais de proteção contra a pandemia, no mínimo a minha família pudesse abraçar o meu filho e a minha mulher. Sei da importância que isso tem para nós. Uma família tao unida. Onde o afeto e o carinho sempre reinaram. Foi logo o fator que pesou na balança das decisões. Não poderia permitir que ate isso o vírus nos retirasse. Já retirou tanta coisa, que pelo menos aqui ele não irá vencer. Não foi fácil, a decisão de ficar sozinho, longe da minha maior relíquia, meu filho, assim como foi difícil os deixar viajar nestas condições, onde claramente estariam todos eles tao expostos á contaminação do Covid19. Foi uma decisão bem refletida, por todas as partes . Acima de tudo foi uma decisão do coração, uma decisão humana. Uma decisão que de intensidade bem inferior, mas que conseguiu também ela ser como “ o recarregar das baterias" para mais uns meses de novas lutas… lutas que sem dúvida serão para vencer. Hoje posso afirmar, que foi a escolha certa”.
ciente para que o Douro atinja o número de turista que vinha registando nos últimos anos. Numa viagem pela região rapidamente nos apercebemos de restaurantes a meio gás, quintas sem as habituais enchentes de curiosos ávidos em experimentar os néctares da região ou estradas sem os já habituais curiosos que vão parando aqui e ali para registarem a sua viagem com mais uma fotografia. Alexandre Costa é guia turístico numa das muitas embarcações que habitualmente cruzam o rio trazendo milhares de turistas ao Douro. À nossa reportagem confessa que este regresso se tem feito de forma lenta e regista também a mudança do perfil do cliente que este ano é dominado pelo turista nacional. “O regresso está a ser lento, temos que reduzir a lotação a dois terços portanto temos muito menos clientes do que aqueles que tínhamos no ano passado, por exemplo. Apesar disso está a ser um bom regresso, cada vez vão aparecendo mais pessoas e nota-se muito um crescimento do número de turistas portugueses”. Apesar de até agora não terem registado nenhuma situação de incumprimento, Alexandre conta que antes do início de cada viagem são relembradas todas as medidas de segurança. “As pessoas têm todos os cuidados e nós também lhes falamos de todas as medidas de higiene e segurança antes de iniciar a viagem. Até agora não tivemos nenhum problema, se as pessoas não colaborarem as coisas ficam mais difíceis mas, como disse, até agora toda a gente tem colaborado”. Cátia Morais e Duarte Pina são um casal da zona do Porto, em passeio pelo Douro a sessão fotográfica que vão fazendo no cais de embarque da Régua é interrompida pela nossa reportagem. O casal começa por nos contar que inicialmente o Douro não seria o seu destino de férias, contudo, devido à pandemia foram obrigados a alterar os planos. “As férias já estavam marcadas desde o ano anterior ainda sem qualquer contexto de pandemia, estávamos a pensar viajar
para Itália e com isto tivemos que alterar os nossos planos até porque Itália foi um dos países mais afetados pela Covid-19. Tendo em conta isto passamos a ter em conta outros fatores em especial em termos de alojamento, procuramos um turismo rural de forma a evitar contactos para podermos passar umas férias tranquilas”. Na escolha do Douro pesou o facto de ser uma região mais tranquila, com paisagens deslumbrantes e um perfil de alojamento que lhes permite viver estes dias com sentimento de segurança, destacando ainda o calor que os recebe. “O Douro surge nas nossas opções por ser um dos Patrimónios da Humanidade que temos em Portugal. Temos também ideia de ser uma zona mais tranquila em termos de turismo com a possibilidade de encontrarmos um turismo rural onde conseguimos ter menos contacto com outras pessoas nesta fase que estamos a atravessar. A viagem tem correspondido perfeitamente, mesmo em termos de clima com este calor mais duro do interior, nada que não se resolva com uma piscina ou uma visita a uma praia fluvial”. Ricardo Afonso e Andreia Pereira são outro casal que se passeia pelas margens do Douro. A viver em Guimarães Ricardo é natural de Bragança, onde ainda residem os pais, cidade onde terminará a viagem que estão a fazer. “Está a ser uma visita fantástica. Passamos aqui pelo Douro em viagem para Bragança, aproveitamos o bom tempo para fazer este desvio. É uma zona muito bonita, já tínhamos passado por aqui em outras ocasiões mas desta vez decidimos fazer uma paragem e explorar um pouco”. O casal confessa-se um pouco surpreendido pela pouca quantidade de gente que vão vendo. “Apesar da época do ano é uma zona onde não temos encontrado muita gente, sentimo-nos perfeitamente seguros mesmo tendo uma criança como é o nosso caso, e nota-se que as pessoas têm cuidado, vê-se muita gente a usar máscara o que é sempre positivo”. Desta curta visita fica uma certeza, o regresso será em breve mas, desta vez, com mais
Turistas também estão em falta Apesar da maior procura que o interior de Portugal regista, a mesma não é ainda sufi-
Enoturismo regista grande quebra É já no concelho de Sabrosa que entramos na Quinta do Beijo, propriedade da família Monteiro que há três anos decidiu apostar no enoturismo. Depois de registar um total de mais de 10 mil visitas em 2019, este ano seria não só de consolidação, mas de crescimento contudo, devido à pandemia, os planos foram alterados e a comparação já é feita com os primeiros meses de abertura do espaço aos turistas. “O ano começou como para toda a gente, daquelas pessoas que eu já falei, começou muito bem. Estávamos a ter uma perspetiva de crescimento em relação ao ano passado. O ano passado, só para ter uma ideia, tivemos um crescimento exponencial foram cerca de 10 mil e quinhentas visitas. Este ano, desde janeiro até ao confinamento em março, ou seja, um trimestre, estávamos já a alcançar os números do primeiro semestre de 2019. A perspetiva era ótima, seriam entre 15 e 20 mil visitantes, o que para uma pequena empresa é ótimo. Depois veio o confinamento, três meses em que o dinheiro saía para a agricultura e outras despesas sem haver receitas, mesmo a venda de vinho parou. Passamos as passas do Algarve, como se costuma dizer. Agora com o desconfinamento, no mês de junho já tivemos algumas visitas, pouco, cerca de 10. No mês de julho já tivemos mais ou menos 50, o que já nos dá alguma perspetiva de crescimento para os próximos meses. Agora aquilo que eu espero deste ano foi aquilo que eu esperei no meu meio ano de início de atividade, ou seja, tive quinhentas visitas num ano. É essa a minha perspetiva para este ano, porque nós temos de ter os pés assentes no chão, e olhando à realidade atual já é um bom número”, conta-nos João Monteiro. O responsável da quinta conta-nos que, na sua maioria, os turistas que recebe são estrangeiros, essencialmente americanos e nórdicos. “No meu primeiro ano ativo inteiro tive muitos americanos, cerca de 70% de americanos, no meu segundo ano tive muitos americanos mas também canadianos e sul americanos. O ano passado tive muitos asiáticos e no final do ano já estava a começar a ter muitos finlandeses e dinamarqueses. Este ano voltou a acontecer a mesma coisa, ou seja, Finlândia, Dinamarca, Alemanha, Reino Unido, mas poucos americanos. Basicamente os americanos gostam mais do período de verão com a vindima e zero canadianos. Este mês de julho já só tive belgas e alemães. Tive só um casal espanhol”. ▪
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Região
Do moscatel ao espumante, no Douro a paleta de vinhos é completa Quando falamos dos vinhos do Douro a nossa mente leva-nos logo para os vinhos do Porto e Douro, contudo, na região há um leque mais alargado de sabores que vão desde o moscatel de Favaios ao espumante.
Celso Pereira é o enólogo das Caves Transmontanas, conhecidas pelo espumante com maior destaque na região, o Vértice. Quantidades pequenas mas qualidade excelente, serão estas as duas características mais vincadas deste espumante que foi “uma pedra no charco” nos finais dos anos 80. Qual é o papel do espumante no Douro? É insignificante porque é muito pequeno, mas apesar de ser pequeno é um produto muito inovador, de excelente qualidade e que mostrou nos finais dos anos 80 a versatilidade do que é a Região Demarcada do Douro (RDD). Se você olhar para a RDD tradicionalmente ela produz o Vinho do Porto, depois apareceu o moscatel do Planalto de Favaios e os DOC Douro que só ganharam relevância nos últimos 20 anos. O espumante foi uma pedrada no charco. Nós fazemos cerca de 100 mil garrafas mas estamos num segmento alto, mostrando as potencialidades da região. O Douro tem um grande potencial é uma região com muita plasticidade, como costumo dizer, fazemos espumantes, fazemos moscatel, fazemos o Vinho do Porto, fazemos vinho branco, fazemos vinho tinto, o rosés, portanto é de facto uma região que foi abençoada e que é muito importante. O espumante Vértice desempenhou um papel muito importante na região a mostrar caminhos diferenciadores mas com qualidade. Disse que na altura foi uma pedrada no charco numa região que continua ela própria a ser muito tradicional, conservadora até. Foi uma pedrada no charco difícil de dar, ou seja, houve muitas barreiras? Não, não houve muitas barreiras pela maneira como entramos no mercado, à maneira típica americana. Montamos uma estrutura de negócio com cabeça tronco e membros e é isso que faz com que o espumante Vértice continue. Nós nascemos em 89 e continua a ser inovador e ser considerado um dos melhores espumantes portugueses. Quando eu digo isso digo que primeiro quando chegamos estudamos, pegamos em 25 castas e estudamos durante quatro anos a gastar dinheiro 25 castas da região demarcada do Douro que teriam como condição estar acima dos 550 metros, zonas de altitude, solos graníticos ou de transição e dentro dessas castas que estuda-
> Celso Pereira, Caves Transmontanas
mos escolhemos quatro castas. Montamos um negócio logo com o pressuposto de dizer "Epá se você quiser você como lavrador se quiser abraçar este projeto tem que plantar as castas que foram estudadas para produzir vinho base para espumante." Nós somos a primeira empresa em Portugal a plantar e a estudar castas para produção de vinho base para espumante. Chamamos os lavradores e aí começamos a construir autoestradas de comunicação. Não tivemos entraves porque começamos a remunerar a matéria prima, a estrutura fundiária da Região Demarcada do Douro era muito pequena, agora tem vindo a ser alterada, quem dominava nessa altura eram as adegas cooperativas, eram vinte e duas adegas cooperativas que tinham uma estrutura muito ultrapassada e muito adormecida no tempo e que não remuneravam a qualidade, não pagavam a tempo e horas e nós, pequenos que éramos e continuamos a ser porque só produzimos 100 mil garrafas dissemos não. Nós pegamos nos preços do Vinho do Porto de letra A e B e pagamos 80 por cento desse valor e isso foi a autoestrada da comunicação. Os lavradores pegaram nas castas por nós selecionadas: Gouveio, a Malvasia fina, a Síria e a Touriga Franca e enxertaram as varas, isto chama se seleção maçal, e plantaram. Neste momento nós temos uvas, castas, melhor dizendo, que existem há 27/28 anos, portanto estamos a atingir a maturidade da nossa viticultura com excelente qualidade selecionadas por nós. Claro que este processo é dinâmico, depois de pegar nessas quatro castas fomos reajustando à evolução, à dinâmica que nós fomos criando de investigação e desenvolvimento. A Touriga Franca tinha uma grande preponderância entrava em 75% do lote agora só entra em 30%, o Gouveio subiu em percentagem, fomos buscar outras castas como o Viozinho e o Rabigato, experimentamos Castas que não são tradicionais na região, como o Pinot Noir e o Chardonnay, mas em muito pequenas percentagens, para ter uma ideia das 100 mil garrafas que fazemos, fazemos 2500 garrafas de Pinot Noir e mil de Chardonnay. Neste momento trabalhamos basicamente com os mesmos 30 ou 40 produtores com quem tra-
balhávamos no início. Isto é fantástico porque dominamos muito a matéria prima, conhecemos, eu conheço as uvas, ou as castas como as minhas mãos, sou eu que faço controle de maturação, sou eu que faço esse acompanhamento todo, e isto tem sido uma mais valia para uma região que nos finais dos anos 80 estava a dar os primeiros passos, não sabia nada sobre castas, foi a altura pós-pedriteme e começaram a aparecer as quatro castas para serem plantadas no Douro, a Touriga Franca, a Touriga Nacional, Touriz e a Barroca que era um chavão, era um clichê. Favaios, a capital duriense do moscatel Curiosamente no mesmo concelho do espumante Vértice, Alijó, encontramos o mais famoso moscatel da região, o Favaios. A Adega Cooperativa de Favaios, liderada atualmente por Mário Monteiro, é uma das mais prestigiadas adegas de Portugal que, desde 1952, com o espírito de cooperativismo dos seus 550 associados aliado ao saber das “gentes de Favaios” potenciaram a produção da casta moscatel galego branco, criando assim a designação de Moscatel de Favaios, produzindo com qualidade e rigor um dos mais famosos e emblemáticos moscatéis portugueses. Qual é o papel da Cooperativa de Favaios na região? O papel da nossa adega cooperativa é grande, é fundamental para os viticultores de Favaios e alguns de Sanfins, Alijó ou Presandães e lamen-
> Mário Monteiro Adega de Favaios
tamos não ter capacidade neste momento para sermos a adega dos agricultores todos do concelho. O nosso objetivo no futuro é esse, sermos a cooperativa dos agricultores do concelho de Alijó. Sentimos que numa cooperativa os agricultores estão melhor defendidos. Eu sou adepto das leis do mercado a funcionar, não sou adepto do estado intervencionista mas, neste tipo de agricultura, na nossa viticultura em que somos todos muito pequenos ou médios, há apenas meia dúzia de agricultores grandes, funciona muito melhor uma cooperativa, defendendo melhor os interesses dos pequenos e médios. É um garante na defesa dos interesses dos viticultores desta área? Se não fosse a existência da Adega Cooperativa de Favaios as coisas neste planalto correriam bem pior para nós agricultores, estariam os grandes mais ou menos bem mas os restantes estariam mal. Toda a gente está no negócio para ganhar dinheiro, uma vez que somos muitos pequenos e médios, e com uma cooperativa a funcionar bem como a nossa, podemos defender os interesses dos nossos agricultores que também têm que ter a noção que têm que defender os interesses da adega. Há obrigações que têm que cumprir para termos uma cooperativa forte. Nós procuramos beneficiar a aldeia vinhateira de Favaios, apesar de já ser vila continuamos a designar como aldeia vinhateira. Favaios é o guarda-chuva e debaixo desse nome temos muitas coisas, desde a adega, à enoteca, ou o museu, em breve teremos também um restaurante e contamos aumentar a adega, tudo isto debaixo do mesmo nome. É evidente que se Favaios estiver bem, também o concelho de Alijó vai estar. Há ambição de crescer ainda mais? A médio, longo prazo temos a ambição de ser a cooperativa de todos aqueles agricultores que queiram pertencer à Adega Cooperativa de Favaios. Queremos também ter uma participação cada vez mais forte no enoturismo, uma área em que cada vez apostamos mais. Outro dos nossos objetivos é alargar a nossa produção, para lá dos moscatéis e porto, apostando em outros vinhos tranquilos e nos espumantes. ▪
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Autarca pesqueirense pede ajuda ao Presidente da República para requalificar EN222 O presidente da Câmara de S. João da Pesqueira foi a Lisboa pedir ajuda ao Presidente da República para desbloquear dois projetos para o concelho. Manuel Cordeiro esteve reunido em audiência com Marcelo Rebelo de Sousa e levou dois dossiês na mão: as acessibilidades e a saúde, “questões que colocamos desde o início do mandato”. “Os projetos passam pela requalificação e alargamento da Estrada Nacional 222, que é o principal acesso para o concelho, embora seja um dossiê que está nas Infraestruturas. Mas nunca é demais ter a ajuda de mais alguém que
possa exercer alguma influência”, refere o autarca. Manuel Cordeiro acrescenta que foi ainda discutido o dossiê das urgências, que não existem em São João da Pesqueira. O autarca diz que Marcelo Rebelo de Sousa comprometeu-se para ajudar a tentar resolver estes problemas. “Ele manifestou o interesse em debruçar-se sobre os assuntos e ver o que poderá fazer, dentro das limitações que tem, tanto assim que me pediu para fazer chegar documentação escrita que permitisse debruçar sobre o tema. Foi uma abertura muito boa”, remata. Manuel Cordeiro revela ainda que convidou Marcelo a participar no próximo ano em mais uma edição da Vindouro, num convite aceite pelo chefe de Estado. ▪
Cerimónia de entrega da imagem de S. João Decorreu na Igreja Paroquial de S. João, a cerimónia de entrega à Paróquia de S. João da Pesqueira, pelo Museu do Douro, da imagem de S. João, proveniente da Igreja de S. João Velho, primeira igreja paroquial, dedicada a São João Baptista, cujo nome do padroeiro passou a designar a localidade de S. João da Pesqueira. A primitiva Igreja de S. João, localizava-se no lugar onde viria a ser construído o Convento de S. Francisco.
Já em ruinas, a Igreja de S. João Velho foi doada a Frei Gonçalo Guedes para aí erguer o convento. O Convento de São Francisco de São João da Pesqueira, fundado por Belchior de Sousa, era masculino, pertencia à Ordem dos Frades Menores, e à Terceira Ordem da Penitência. Foi fundado sobre a antiga Ermida de S. João aos 20 dias de Janeiro de 1581, com licença do Bispo de Lamego D. António Telles e do Conde de S. João da Pesqueira, D. Luis Alvares de Távora. A imagem encontrava-se em avançado estado de degradação, sob pena de se perder a curto prazo, foi levada pelo Museu do Douro para restauro, por se tratar da imagem
mais antiga de Arte Sacra da Paróquia de S. João da Pesqueira, [sécXV – XVI] cujo restauro contou com o apoio do Municipio de S. João da
Cristina Ferreira visita o Coração do Douro Antes de começar oficialmente a exercer funções na TVI, Cristina Ferreira aproveitou as férias para passar uns dias de descanso no Norte do País. A nova Diretora de Entretenimento e Ficção do canal de Queluz de Baixo esteve de visita a S. João da Pesqueira e aproveitou para tirar fotos em alguns dos locais mais icónicos deste concelho
que é conhecido pela beleza das suas paisagens, uma das visitas obrigatórias da conhecida apresentadora foi o Miradouro de S. Salvador do Mundo. Foi recebida pela Presidente da Autarquia, Manuel Cordeiro, a quem fez a promessa de voltar em breve para conhecer mais locais do Concelho de S. João da Pesqueira. ▪
Pesqueira. A Imagem restaurada vai ficar exposta na Igreja Paroquial de S. João da Pesqueira. ▪
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VIVADOURO
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Sabrosa
Necrópole Medieval das Touças, uma peça do mosaico sabrosense A Necrópole Medieval das Touças é um sítio arqueológico bastante complexo, enigmático e interessante. Trata-se de um local que, na atualidade, se encontra em exploração pela equipa de arqueólogos da Associação de História e Arqueologia de Sabrosa. O sítio arqueológico é caracterizado pela presença de conjuntos de ortostatos em granito, alinhados com o solstício de verão, uma sepultura dupla escavada na rocha, diversos sarcófagos rupestres e um marco de demarcação da comenda da Ordem de Malta. Gerardo Gonçalves e Dina Pereira são os dois responsáveis pelas escavações que acontecem neste local e que têm colocado à vista uma série de pontos de interesse deste sítio. “Este espaço vários pontos importantes já referenciados. O primeiro é um marco da Ordem de Malta que, segundo informações recolhidas, eram os proprietários destas terras no séc. XVIII. Por trás desse marco existiria uma capela dedicada a Sta. Maria de Hermes, da qual já teremos descoberto um muro no decorrer de uma sondagem que realizamos, sendo que conseguimos perceber que ela tem mesmo a orientação que respondia aos padrões canónicos da época. Temos aqui também perto de 40 pedras fincadas que, ao que parece, foram reaproveitadas para a construção da capela, algo comum na época, o cristianismo quando chegava construía capelas utilizando estruturas já existentes. Já tivemos também oportunidade de verificar que estas pedras estão perfeitamente alinhadas com o solstício de verão. Outro ponto de interesse deste sítio são os sarcófagos, temos aqui vários exemplares em diferentes estados de construção, desde um que praticamente ainda nem está trabalhado a algumas peça já completamente finalizadas. Temos aqui também uma sepultura completamente escavada na rocha, a única que identificamos até ao momento. É uma sepultura dupla, que seria para um casal do séc. XIV ou XV. Com esta estrutura podemos ter uma ideia da altura das pessoas da
época, que rondaria cerca de 1,60m. Estes sarcófagos não eram utilizados aqui, cremos que este fosse um local de produção sendo depois vendidos”. Para os arqueólogos esta é uma oportunidade de conhecer melhor a história do concelho de Sabrosa e da sua importância ao longo da linha cronológica do tempo. “Há várias informações que podem ser retiradas daqui. Desde logo este é um sítio onde podemos estudar o processo integral de construção de sarcófagos, desde o corte da pedra até ao sarcófago já finalizado, pelo que conheço é mesmo o único em Portugal. Conseguimos também perceber as diferentes ocupações que este local teve e que poderá recuar à idade do ferro e do bronze, a mesma do Castro de Sabrosa. Vai-se criando um pequeno mosaico da ocupação do concelho de Sabrosa. Só o facto de termos aqui este atelier de sarcófagos já é uma coisa que desperta muita curiosidade”. De acordo com os responsáveis, este local tem ainda um potencial turístico que pode ser explorado, até porque é atravessado por um trilho que é muito procurado por locais e forasteiros. “Este local tem também muito interesse turístico, desde logo porque é atravessado pelo trilho de Miguel Torga, há muitas pessoas que passam por aqui. Quando estávamos em escavações tivemos aqui dois holandeses que se mostraram muito interessados pela escavação, inclusivamente queriam participar nos trabalhos. Acabaram por nos pedir indicações de outros locais que poderiam visitar e é essa informação que ainda falta”. Para colmatar esta falha a associação está “agora a preparar um livro, que é pensado sobretudo para as escolas, mas que pode ser utilizado por toda a gente, onde vamos compilar muita desta informação existente, de forma simples, para que as pessoas possam conhecer os locais enquanto fazem os seus passeios pelos trilhos”. Apesar de estar inventariado na base de dados da Direção Regional do Património, o sítio “não está ainda classificado nem tem qualquer proteção. O objetivo é requerer uma classificação como Imóvel de Interesse Público, ou concelhio, pelo menos, já ficaríamos contentes”. Um dos apoios fundamentais para a persecução dos trabalhos neste sítio vem da autarquia, “em especial ajudando na aquisição de materiais e
ferramentas que são necessários para que possamos continuar com as escavações, é um apoio importante porque de outra forma não seria possível fazer o que fazemos aqui". Um dos projetos futuros passa também por criar neste local “um campo arqueológico que servirá também como forma de financiamento, esta-
mos a tentar criar um sistema de autossustentabilidade”. Este ano o sítio já esteve integrado no programa das Jornadas Europeias da Arqueologia, desenvolvendo-se ali diversas atividades, entre elas um dia aberto dedicado à arqueologia e a celebração do solstício de verão. ▪
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VIVADOURO
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Alijó
Autarquia vai implementar Academia Gulbenkian do Conhecimento A candidatura apresentada pelo Município de Alijó para implementar uma Academia Gulbenkian do Conhecimento foi uma das 33 selecionadas num total de 300 candidaturas. O projeto do Município, designado “Qual é o teu superpoder?”, vai capacitar jovens do 3.º Ciclo do Ensino
Básico do Agrupamento de Escolas D. Sancho II para serem cidadãos mais ativos, participativos e envolvidos na comunidade, através da promoção do sucesso escolar e a prevenção da indisciplina. Esta Academia da Fundação Calouste Gulbenkian será desenvolvida durante os próximos dois anos letivos. a
Campanha de vacinação antirrábica e identificação eletrónica A campanha de vacinação antirrábica e de controlo de outras zoonoses no Concelho de Alijó vai decorrer de 11 de setembro a 1 de outubro. O Plano Nacional de Luta e Vigilância da Raiva e Outras Zoonoses estabelece que a vacina antirrábica é obrigatória para todos os canídeos com mais de três meses de idade e está sujeita ao pagamento da taxa de vacinação que é fixada, anual-
mente, pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária. Para os felinos, apesar de não ser obrigatória, é aconselhada. A campanha prevê ainda a realização da Identificação eletrónica. O Município de Alijó lembra que é necessário cumprir as normas da DGS, nomeadamente o uso de máscara, o distanciamento social e a higienização das mãos. ▪
Município cede antiga escola primária à Associação dos Amigos de Perafita O Município de Alijó celebrou, a 5 de agosto, um contrato de comodato com a Associação dos Amigos de Perafita que prevê a cedência da antiga escola primária da aldeia de Perafita, na Freguesia de Vila Verde. A assinatura do contrato, que permite que a população volte a usufruir desta antiga escola, decorreu nos Paços do Município na presença do Presidente da Câmara, José Paredes, e de representantes da Associação dos Amigos de Perafita. O edifício encontra-se sem utilização desde o encerramento da escola primária, em 2005.O contrato prevê a cedência do edifício, durante um prazo de 20 anos, para ali ser instalada a sede da Associação e para a realização de atividades que se enquadrem no seu plano de ação. ▪
Museu do Vinho de S. João da Pesqueira um tesouro a desvendar no Coração do Douro Desde que abriu as portas ao Douro, em 2015, o Museu do Vinho de S. da Pesqueira tem somado distinções. Porém, a mais importante de todas continua a ser o reconhecimento daqueles que diariamente o brindam com a sua presença. Território, Vinha e Vinho: é esta a tríade do imponente edifício nascido há cinco anos em S. João da Pesqueira. Projetado numa arquitetura moderna, o espaço une o betão cru, a madeira e a luz vinda da cobertura para
contar uma história partilhada durante séculos, de geração em geração, de colheita a colheita e de copo a copo pelos homens e mulheres da Região Demarcada do Douro. Detentor de uma menção honrosa na categoria que distingue o melhor museu português do ano pela APOM, o Museu do Vinho deixou-se inspirar pelos barcos Rabelos e seguiu o seu curso natural para se assumir como um “museu de território”, integrado na Rede de Museus do
Douro (MuD). Sempre presente, a missão do Museu do Vinho é a de documentar e preservar o património vitivinícola do concelho que detém a maior área de vinha classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, numa perspetiva cultural, educativa e turística. E, tal como o Rio ditou a paisagem do Douro, a morfologia do terreno motivou a organização dos espaços do Museu do Vinho na vertical e em cinco pisos.
A par dos três núcleos dedicados à exposição permanente, o Museu do Vinho possui ainda um espaço destinado ao serviço educativo, uma sala de provas e um wine bar. Num espaço adjacente, que frequentemente alberga exposições temporárias, e está incluído nas visitas, existe ainda um armazém original com os seus dois lagares, lembrando que o passado, o presente e o futuro são a “blend” perfeita do Museu do Vinho.
Horários: Das 10h00 ás 18h00 | Encerra Natal, Ano Novo e Páscoa. Av. Marquês de Soveral, 79 5130-321 S. João da Pesqueira; Portugal GPS N 41º 8' 52'' W 7º 24' 30'' Tel.: (00351) 254 489 983 E-mail: mvp@sjpesqueira.pt
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Vila Real
Investigação da UTAD quer ajudar a melhorar a gestão e planeamento hídrico em Portugal Uma tese de doutoramento da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) aplicou “metodologias inovadoras” para minorar e ajudar a melhorar a gestão e planeamento hídrico e combater esses problemas. Neste âmbito foi desenvolvido um modelo que visa selecionar “locais ótimos” de Aproveitamento de Águas Pluviais (AAP).
melhor área para fazer o aproveitamento da água poderá depender do pretendido pelo utilizador, sendo que poderá escolher se pretende que o local de captação seja mais perto ou com uma parede do açude mais pequena ou até onde tenha a certeza que terá mais água disponível”, explica Daniela Terêncio, responsável por esta investigação. De forma idêntica, este modelo foi aplicado na bacia hidrográfica do Rio Sabor, nomeadamente em 384 sub-bacias de captação de precipitação para irrigação de culturas e combate a incêndios florestais, onde foi explorado o equilíbrio entre sustentabilidade e capacidade de armazenamento de água da chuva, tendo sido “claramente demonstrado que barragens
com 3m de altura são capazes de apoiar a agricultura doméstica ou comunitária pequena, com áreas de irrigação menores que 10 ha, ou auxiliar no combate a pequenos incêndios florestais”. Mas, projetos de irrigação mais rigorosos “exigem o armazenamento de água da chuva colhida em estruturas mais projetadas, ou seja, não sustentáveis”, refere ainda a investigadora. Com o foco centrado na mitigação de eventos extremos, foi também desenvolvido um modelo de atenuação de inundação baseado em Bacias de Retenção Sustentável em Portugal Continental, tendo sido assinaladas 23 zonas que implicavam risco de inundação alto e muito alto. Através de cálculo, foi feita a retenção do volume de água, tendo as conclusões indi-
cado que em 20 destas zonas “seria possível controlar o volume de água com infraestruturas até 10m, mas em Coimbra, Santiago do Cacém e Ponte da Barca seria necessária uma infraestrutura superior (grande barragem) para fazer face a este risco”, salienta Daniela Terêncio. Esta investigação, realizada no âmbito do Projeto INTERACT, foi orientada por Luís Filipe Fernandes, Fernando Pacheco e Rui Cortes, docentes e investigadores da UTAD, tendo culminado em diversos artigos publicados em revistas científicas de topo na área da hidrologia, recursos hídricos e ambiente, podendo dois destes artigos ser consultados no Journal of Hydrology e no Science of the Total Environment. ▪
Baseado em simulações, este modelo, que aguarda resultado de submissão de patente europeia, foi testado na Bacia do Rio Ave, numa área agrícola 400ha, tendo sido analisada a captação de água da chuva (RWH) em bacias hidrográficas para uso agroflorestal e dada atenção ao equilíbrio entre os valores de sustentabilidade e à capacidade de armazenamento dos sistemas de AAP. Esta escolha permitiu a seleção de “locais ótimos” longe de centros urbanos ou grandes áreas agrícolas, localizados em bacias hidrográficas de alta altitude. “Os resultados obtidos destacaram a importância das características do local onde se pretende implementar o modelo. A
Município assegura legalidade da intervenção na calçada romana na Campeã Ao longo dos últimos meses tem-se assistido a um crescimento significativo de queixas e publicações nas redes sociais sobre o suposto património arquitetónico destruído e a falta de respeito do executivo municipal Vila-realense por questões de âmbito arqueológico. O último destes casos diz respeito à polémica levantada com a alegada destruição de uma calçada romana, na freguesia da Campeã.
Perante as notícias e publicações que replicaram uma informação que “não corresponde de todo à verdade”, o Município de Vila Real entendeu ser importante prestar um esclarecimento cabal de tudo o que aconteceu no decorrer da realização desta empreitada que levará o saneamento básico ao vale da Campeã, uma obra há muito desejada pela população. Rui Santos, presidente da Câmara Municipal, iniciou a sua intervenção referindo que “esta obra em concreto é da responsabilidade das Águas do Norte mas está no território do concelho de Vila Real e isso motiva o nosso interesse e acompanhamento”, pelo que “no momento em que tomámos conhecimento de que a mesma poderia afetar um caminho muito antigo, eventualmente romano, que se encontra na Campeã, em articulação com a Junta de Freguesia, com as Águas do Nor-
te e, através da arqueóloga Sandra Pereira, com a Direção Regional de Cultura do Norte, procurámos perceber o que poderia ser feito para minimizar o impacto nesse caminho, de eventual interesse arqueológico”. A arqueóloga Sandra Pereira, responsável pelo acompanhamento da obra, sublinhou que esta situação, que estava a ser acompanhada há cerca de um ano, levou ao desvio do traçado inicialmente previsto para a execução dos ramais. No caso concreto desta calçada/ traçado romano, cujo atravessamento era imprescindível para a ligação dos ramais já concluídos, não houve outra alternativa senão a solução encontrada, que mereceu o parecer favorável da Direção Regional de Cultura do Norte que foi acompanhando de perto o desenrolar dos trabalhos incluindo uma visita de verificação no final da intervenção.
A arqueóloga afirmou ainda que “a lavagem, registo, retirada e recolocação das lajes foi feita de forma minuciosa e cautelosa”, sempre dentro da Lei. No decorrer desta conferência de imprensa foram ainda apresentados alguns dos registos fotográficos e topográficos recolhidos que documentaram passo a passo a evolução dos trabalhos e não deixam quaisquer dúvidas da legalidade e correção da intervenção. Rui Santos, presidente da Câmara Municipal, encerrou esta conferência de imprensa lamentando que baste um email ou uma opinião crítica sobre qualquer assunto relacionado com o Município para que uma mentira se torne verdade. O autarca aproveitou ainda a ocasião para sublinhar a importância da confirmação da veracidade das informações antes de se tornarem alvo de ataque. ▪
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Carrazeda de Ansiães
Aprovada a criação da Rota Saber Fazer na Terra Transmontana
Equipamentos culturais municipais com o selo "Clean and Safe"
No âmbito da candidatura à linha de Apoio à Valorização Turística do Interior, foi aprovada a criação da Rota do Saber Fazer na Terra Transmontana, promovida pela Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana (AMTQT). O objetivo do projeto recai na ambição da valorização do território da Terra Quente através da oferta de um novo produto: Turismo de Expe-
Os equipamentos culturais do Município de Carrazeda de Ansiães, Loja Interativa de Turismo, Museu da Memória Rural, Portas de Entrada do Parque Natural Regional do Vale do Tua e o Centro Interpretativa do Vale do Tua encontram-se entre os edifícios municipais que cumprem as recomendações da DGS, requisitos de higiene e limpeza, para evitar a propagação do Covid-19 tendo-lhes sido atribuído o
riências. Com a criação de oficinas de saber tradicional associadas ao artesanato e agricultura, pretende viabilizar economicamente todos os setores e atividades da região. O projeto tem um investimento que ascende aos 198.000€ e participam cinco municípios da Terra Quente, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vila Flor. ▪
selo "Clean and Safe" – equipamentos culturais e de acolhimento turístico. O selo "Clean and Safe" é atribuído pelo Turismo de Portugal, em articulação com o Ministério da Cultura e as Entidades Regionais de Turismo. O selo é valido até 30 de abril de 2021 e pretende incentivar a retoma do turismo a nível nacional e internacional, reforçando a confiança de todos no destino Portugal e nos seus recursos turísticos. ▪
Projeto de regulamento para a instalação no Parque Empresarial do município Em reunião ordinária de 24-07-2020 a Câmara Municipal deliberou aprovar a proposta e Regulamento para a Instalação no Parque Empresarial de Carrazeda de Ansiães. Deliberou ainda estabelecer um período de 30 dias úteis, contados a partir de 10-08-2020 conforme publicado em Diário da República, para participação de formulação de sugestões e apresentação de informações sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do
presente proposta de regulamento. A participação deverá ocorrer por escrito através de correio eletrónico geral@cmca.pt, por via postal ou por entrega pessoal no GAM, dirigidas ao Presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, referindo sempre o “assunto” Regulamento para a Instalação no Parque Empresarial de Carrazeda de Ansiães. Toda a documentação pode ser consultada na página da internet do município. ▪
Obras no quartel da GNR No dia 29 de julho de 2020, no Salão Nobre do Ministério da Administração Interna em Lisboa, foi assinado o Protocolo de Remodelação das Instalações do Posto Territorial da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Carrazeda de Ansiães. O protocolo homologado pelo Secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, Antero Luís, foi assinado pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, João Gonçalves, o Secretário-geral do Ministério da administração Interna, Marcelo Carvalho e o Comandante
Geral da GNR, Tenente-General Rui Clero. Ao município de Carrazeda de Ansiães competirá a elaboração do projeto de execução e na sequência da celebração do contrato de Cooperação Interadministrativa o lançamento do processo tendente à empreitada de obra pública. As obras deverão ter início em julho de 2021, com um prazo de execução de seis meses e totalizam um investimento de 625.400.000€ acrescido de IVA à taxa legal. Serão assim resolvidos os problemas
do edifício ao nível da cobertura, fachadas, rede de água e esgotos e ain-
da a implementação de um sistema de deteção de incêndios. ▪
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VIVADOURO
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Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Solange Azevedo Engª Ambiente Maria João Pires Técnica Saúde Ambiental Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I
“Preserve a sua saúde…Proteja-se do Calor Extremo” Na primavera/verão ocorrem frequentemente temperaturas muito elevadas, podendo existir efeitos graves sobre a saúde, incluindo desidratação e descompensação de doenças crónicas. As ondas de calor, períodos prolongados de tempo excessivamente quente, constituem graves riscos para a saúde humana, causando perturbações como cãibras, esgotamento devido ao calor e golpes de calor que muitas vezes podem levar à morte se a assistência médica não for rápida. Destacam-se alguns sintomas do golpe de calor: febre alta, pele vermelha, quente, seca e sem produção de suor, cãibras musculares, cansaço e fraqueza, pulso rápido e forte, dor de cabeça, náuseas, tonturas, confusão e perda parcial ou total de consciência, ou até a morte se o indivíduo não for socorrido rapidamente. O calor pode afetar todas as pessoas, havendo grupos mais vulneráveis como é o caso de crianças nos primeiros anos de vida, idosos, portadores de doenças crónicas (cardiovasculares, respiratórias, renais e diabetes), obesos, acamados e pessoas com problemas de saúde mental, entre outros. Perante a ocorrência de temperaturas elevadas, com especial atenção às crianças, idosos, grávidas e doentes crónicos, a Direção-Geral da Saúde recomenda: Beba água ou sumos de fruta natural, mesmo quando não tem sede, e evite o consumo de bebidas alcoólicas; Se trabalhar no exterior, hidrate-se frequentemente, proteja-se com roupa larga e chapéu e trabalhe acompanhado porque em situações de calor extremo poderá ficar confuso ou perder a consciência; Se está grávida modere a atividade física, evite a exposição direta ao sol e ingira frequentemente líquidos; Contacte e acompanhe os idosos e outras pessoas que vivam isoladas. Assegure a sua correta hidratação e permanência em ambiente fresco e arejado; Se é doente crónico, ou está sujeito a terapêuticas e/ou dietas especificas, siga as recomendações do seu médico assistente ou do Centro de Contacto do SNS 24: 808 24 24 24; Mantenha-se informado quanto às previsões meteorológicas e siga as recomendações da Direção-Geral da Saúde; Em caso de emergência ligue 112; Para mais informações ligue para o Centro de Contacto SNS 24: 808 24 24 24. Atendendo à atual situação pandémica, torna-se indispensável a adoção de algumas medidas de prevenção dos efeitos do calor intenso no risco epidemiológico associado ao COVID-19, nomeadamente: •renovar e climatizar o ar em salas e espaços fechados (cumprindo os requisitos das Orientações nº 9, 22, 23, 24, 25, 27, 28 e 30 de 2020 da Direção Geral da Saúde); •sensibilizar os profissionais de saúde/cuidadores para o risco de utilização de EPI e stress associado ao calor, reforçando a hidratação ao longo da jornada de trabalho.
Régua
Condecorações municipais marcaram o dia de aniversário da cidade No dia em que Peso da Régua completou 35 anos de elevação a cidade, a Câmara Municipal homenageou as entidades que se têm mantido na linha da frente no combate à pandemia Covid-19 e cujo trabalho tem sido determinante para o controlo da pandemia no concelho e para a proteção das suas gentes. Numa cerimónia marcada pela emoção e pelo reconhecimento, que teve lugar no auditório municipal, a mensagem de esperança foi trazida pelas crianças que, em sinal de futuro, ofereceram rosas brancas a todos os presentes. José Manuel Gonçalves, Presidente da Câmara Municipal do Peso da Régua referiu-se ao ciclo de trinta e cinco anos de cidade com orgulho pelas conquistas de todos os reguenses. No contexto desta comemoração, sublinhou o trabalho desenvolvido aos longo dos últimos meses pelas entidades presentes, reforçando que a cooperação entre todos garantiu resultados positivos no combate à pandemia Covid-19. O Autarca agradeceu o contributo de todos os reguenses, que souberam dar resposta às exigências colocadas pela pandemia. Em declarações exclusivas ao VivaDouro, o autarca reguense afirmou que apesar das limitações a autarquia não quis deixar de celebrar o dia de elevação a cidade, marcando esse momento com uma homenagem “à rede” criada em conjunto com as diversas entidades do concelho no combate à pandemia Covid-19. “Este ano não quisemos deixar de comemorar um dia que é importante para o concelho que é a elevação de Peso da Régua a cidade. É evidente que com as vicissitudes de um ano que é claramente atípico,
em que as festas foram minimalistas até para darmos um sinal de um período que antevemos que possa ser complicado, mas quisemos conjugar as duas situações. Aproveitamos o momento para homenagear um conjunto de instituições que ao longo dos últimos meses têm, juntamente com a Câmara Municipal, criado uma verdadeira equipa de combate e apoio às pessoas que necessitam quando são vítimas, ou pelo menos suspeitas, da pandemia. Quisemos dar esse sinal às pessoas, de que contamos com elas, que lhes agradecemos e reconhecemos o trabalho e a disponibilidade para esta rede criada com a autarquia, consolidando-a e motivando-a porque podem vir aí momentos novamente difíceis. Muito mais que um conjunto de pessoas queremos ter esta rede plenamente eficaz porque isso se irá traduzir garantidamente num melhor serviço e numa melhor proteção que pretendemos dar a todos os reguenses”. Desta forma foram assim condeco-
rados: Associação de Assistência Nossa Senhora das Candeias; Associação Cultural e Beneficente Santa Maria de Sedielos; Casa do Povo de Godim, Peso da Régua e Covelinhas; Casa do Povo de Vilarinho dos Freires; Centro Comunitário da Casa do Povo de Fontelas; Centro Social e Paroquial D. Manuel Vieira de Matos; Centro Social e Paroquial São Pedro de Loureiro; Santa Casa da Misericórdia do Peso da Régua; Unidade de Saúde Familiar Régua; Unidade de Saúde Familiar Douro; Unidade de Cuidados na Comunidade; Unidade de Saúde Pública; Conselho Clínico e de Saúde do ACES; Agrupamento de Centros de Saúde do Douro I Marão e Douro Norte; Germano de Sousa, Centro de Medicina Laboratorial; Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua e Guarda Nacional Republicana. No âmbito desta homenagem foram ainda considerados os funcionários da Câmara Municipal que se aposentaram no decorrer de 2019. ▪
INFORMAÇ O Boletim Informativo da Cooperativa Agrícola de Penela da Beira Nº 32 - Agosto de 2020
Trimestral
Ficha Técnica Ana Dias; Angela Martins; Igor Nora; José Angelo Pinto; José Fernando; João Pedro; José Filipe Lopes; Margarida Rodrigues; Maria João Gaspar, Rui Droga; Tânia Amaral
Novo Programa Operacional para a Coopenela Rui Droga
O regime de apoio aos Programas Operacionais (POs) das Organizações de Produtores (OPs) hortofrutícolas, a vigorar em Portugal desde 2009 e implementado através da Estratégia Nacional definida a nível nacional, contribuiu para a evolução positiva da organização da produção, em particular através da aplicação de medidas com impacto nos objetivos de “Programação da produção e adaptação à procura”, “Concentração com vista à comercialização da oferta”, “Planeamento da produção”, “Melhoria da qualidade dos produtos”, “Valorização co-
mercial dos produtos”, “Promoção dos produtos” e “Medidas ambientais”. A Coopenela, desde o início deste regime de incentivo que cativa apoios para a melhoria da sua Organização de Produtores (OP), e também com isso, melhorar o apoio aos seus associados. O investimento feito nos diferentes POs que a Coopenela viu aprovados, permitiu á OP, ver aumentada a sua capacidade, por exemplo, na capacidade de frio o aumento, desde o início destes programas, incrementou quatro vezes a sua capacidade, tendo estes investimentos contribuído de modo significativo para um melhor ambiente, como, por exemplo, a implementação da estação de tratamento de água recirculada que originou uma poupança de água superior a 25%. Também a captação de energia solar aumentou, contribuindo para uma poupança energética significativa obtida pela colocação de painéis fotovoltaicos. Outros impactos destes programas foram a melhoria ao nível da comercialização, com sistemas informáticos atualizados ou pela presença em feiras nacionais e internacionais. O sistema de rastreabilidade também melhorou significativamente, sendo estes, entre outros, exemplos dos investimentos
que mantiveram a organização de produtores da Coopenela com forte capacidade e superar os diversos desafios naturais no setor da agricultura, como os mercados difíceis ou as produções agravadas pela seca e outros efeitos climatéricos. “Sendo as organizações de produtores a pedra basilar de todo o setor hortofrutícola na UE, elas são, efetivamente, o melhor mecanismo para assegurar a contínua adaptação à procura e necessidades dos consumidores, enfrentar desafios significativos, incluindo o desequilíbrio na cadeia alimentar, permitir a manutenção da sustentabilidade no plano económico, social e ambiental. Revela também especial importância o papel que este tipo de estruturas tem na promoção do emprego, de boas práticas agrícolas, na segurança alimentar, assim como na proteção dos recursos naturais e da biodiversidade.” Estes objetivos são deveras importantes, e na atual situação, que atravessamos, de crise económica e social provocada pela pandemia, é muito importante que se continue nesta linha de investimento sustentável, por parte da Coopenela. Atualmente a Organização de Produtores da Coopenela, recebe, com tendência a aumentar, pro-
duto dos seus associados de todo Portugal Continental, é, portanto, urgente a adaptação de toda a estrutura a esta nova realidade, que tem vindo a ser consolidada pelas decisões do Conselho de Administração e pela sua implementação por toda a equipa. Os associados da Organização de produtores percebem bem a importância da continuidade de investimento por parte da cooperativa, de forma a conseguir dar uma resposta mais ampla ás necessidades desta organização. A OP, com o aumento de associados que todos os meses tem vindo a ocorrer, e com a maior diversidade de produtos, especialmente a noz, o pistachio, a alfarroba e o aumento que tem ocorrido na produção de amêndoa, é necessário fazer reforço ao nível das diferentes medidas Planeamento da Produção; Melhoria da Qualidade dos produtos; Melhoria da comercialização e aumento da comercialização; não descorando a produção experimental, especialmente face à necessidade de atualização de conhecimento; e ainda as não menos importantes medidas ambientais. Para estas medidas e
para o quinquênio 2021-2025, a Coopenela está a preparar uma nova candidatura, já aprovada pelos associados em assembleia geral e por unanimidade, para concretizar investimentos nestas diferentes áreas/medidas, dentro de cada uma das medidas. Face ao montante máximo de apoio, definido em 4,1% do valor de produção comercializado, alguns dos investimentos previstos são: Planeamento da produção: trator, máquina de apanha, e sistemas de gestão de exploração como os cadernos de campo e acompanhamento da produção, aconselhamento de variedades. Melhoria da Qualidade: Permitir que os associados, de forma agrupada, possam ver a sua exploração certificada ao nível do Global GAP e ou outros sistemas de certificação da qualidade, associado a outros aspetos, como o maior acompanhamento ao nível da Parcela e Cultura, melhoria da rastreabilidade, para garantir ao consumidor a origem dos produtos. Aquisição de equipamentos para melhorar a qualidade á entrada do produto na central frutícola, exemplo disso um determinador de humidade de frutos secos. Realizar sessões de formação e informação aos associados de forma a garantir melhores condições de colheita e transporte dos produtos. No que refere á melhoria da comercialização, é urgente dotar a Coopenela de investimentos nos mais diferentes produtos, como equipamentos que venham a permitir ter produtos mais comercializáveis e mais adaptados aos mercados. Assim estão previstos investimentos na lavagem e separação de nozes, na britagem de frutos secos e nas mesas de escolha para que se possa aumentar a capacidade
Tânia Amaral
da Coopenela de comercializar outros produtos, para lá do produto que ainda é o mais importante nas ações da Coopenela, a castanha, e também para melhorar a apresentação dos produtos, quer ao nível dos próprios produtos quer no que se refere à embalagem e à rotulagem. Ainda nesta medida é necessário procurar outros mercados e clientes, nomeadamente internacionais, e, para isso, é fundamental melhor definir a estratégia comercial, e também elaborar planos de marketing, tornando a Coopenela mais competitiva nos mercados mundiais, onde os produtos dos nossos associados são mais valorizados. Para estes investimentos também é necessário, fazer alguma experimentação quer ao nível de variedades, mas também noutras áreas como a fitossanidade e também o desenvolvimento de novos produtos. Nesta medida a Coopenela deseja instalar ou melhorar campos de ensaio, melhorar o laboratório existente e capacita-lo de forma que possa com isso aumentar o apoio em campo aos nossos associados, etc. Na candidatura aos Programas Operacionais das Frutas e Hortícolas não é possível conseguir apoio sem que, para isso, também
se faça investimento significativo ao nível das medidas ambientais, como tal e também porque a Coopenela e os seus associados acham muito importante contribuir para a diminuição da pegada ecológica também nesta área temos alguns investimentos planeados. O Aumento da produção e a diversificação das atividades da OP, faz com que existam mais subprodutos, assim é necessário encontrar uma solução para os valorizar. Uma solução para valorizar os subprodutos como a casca de noz, castanhas sem valor comercial, restos que ficam da limpeza dos produtos, podem ser valorizados fazendo compostagem, e depois distribuir pelos associados, tendo assim uma economia circular, para isso é necessário algum equipamento como trituradores ou embaladoras. Para lá disso prevemos, com o aumento da capacidade fotovoltaica, vir a colocar um posto de carregamento elétrico que deverá ser disponibilizado a todos os associados da OP. A Coopenela, considerando o já referido objetivo de diminuir os impactos ambientais das suas operações e especialmente na necessidade de utilizar veículos para se deslocar ás parcelas dos seus associados, poderá vir a adquirir veículos 100% elétricos. O edifício da Coopenela tem cerca de 2200m2 de área coberta, as águas pluviais também podem vir a ser aproveitadas para rega do viveiro. A candidatura aos apoios através
dos programas operacionais das organizações de produtores termina a 30 de setembro, assim a Coopenela está a ultimar esta candidatura que poderá rondar os 800 mil euros de investimento em cinco anos o que pode representar um captação de apoio na ordem dos 400 mil euros, com uma taxa de 50% comparticipação a fundo perdido. Estes investimentos são importantes pois dão um grande impulso ás organizações de produtores para melhorar o apoio aos seus associados, com o reforço do potencial humano que tem também uma componente muito forte neste programa. Além disso vai ajudar muito a organização de produtores a concentrar melhor os produtos dos seus associados e ajusta-los á procura, a melhorar a qualidade dos produtos, valorizando-os, e assim a melhorar o retorno aos produtores. Tornar a Coopenela com mais visibilidade e importância comercial, quer nos mercados nacionais quer nos internacionais, para continuar a ser um “player” cada vez mais forte no sector dos frutos secos e com poder no mercado. E permitirá também a Coopenela e os associados da Organização de produtores ter uma intervenção mais consistente para a melhoria do ambiente e reforço da economia circular.
A Campanha de 2020 João Pedro
Por estes dias, a campanha de colheita dos frutos de casca rija vai começando em vários locais do país, principalmente nos lugares mais
quentes, como o Sul de Portugal. Este momento, é o culminar de todo o trabalho de um ano, no cultivo das terras agrícolas. A Coopenela alargou significativamente a sua área de influência, ao incorporar na sua Organização de Produtores, associados de todas as regiões do país, com destaque para o Alentejo, mas também para a nossa região, tem agora que dar uma resposta efetiva e capaz ao escoamento dessa produção, que vai crescer significativamente nos próximos anos. Esta nova realidade, trouxe desafios novos e exigentes. A campanha de receção e comercialização dos frutos, que começava em força no mês de outubro com a castanha, passou a iniciar-se em pleno mês de agosto. Isto apesar da castanha continuar a ser o nosso principal fruto, a Coopenela está a consolidar o alargamento da sua gama
de produtos para a alfarroba e para o pistachio e a aumentar a quantidade comercializada de amêndoa, noz e avelã. Isso só é possível, com a obtenção de novos canais comerciais, que valorizem a qualidade destes produtos nacionais e com o aumento da perceção da sua qualidade pelo consumidor. Este é o nosso trabalho e este é o objetivo da Cooperativa: garantir o escoamento com uma boa valorização da produção dos associados, procurando vender essa mesma produção, aos melhores preços de mercado. Esta pandemia, provocada pelo COVID 19, trouxe várias dificuldades e muitas incertezas futuras. Todos os frutos que comercializamos, com maior relevo para a castanha, e em especial, para a variedade Martaínha, que é exportada quase na totalidade, está muito suscetível a variações nos mercados
e a esta crise internacional e mundial. Vamos esperar que a produção que, nesta altura do ano, está muita dependente de precipitação no mês de agosto e início de setembro, seja de boa qualidade, em termos de calibre, nível de bichado e quantidade global. Os nossos clientes conhecem muito bem a castanha e a qualidade do processo operacional da Coopenela, e por isso, valorizam o fruto aos melhores preços do mercado. Isso transmite confiança para conseguirmos valorizar ao máximo os produtos dos nossos associados que dependem, significativamente, desta colheita. Tudo faremos para que isso aconteça mais uma vez, vencendo as dificuldades e transformando as ameaças, em oportunidades de crescimento.
A organização de produtores em ação no Alentejo José Filipe Lopes
Atualmente, a Cooperativa Agrícola de Penela da Beira, CRL (Coopenela) não se restringe apenas a um local, concelho ou região; mas sim ao nosso país, contando com um leque de associados provenientes das mais diversas zonas. Este recente aumento de associados, oriundos maioritariamente do sul do país, ficou a dever-se, por um lado ao trabalho realizado naquela região já há alguns anos pelos técnicos e dirigentes da Coopenela e, por outro lado, à fusão da COFRAL (Confederação de Frutos Secos do Alentejo) na Coopenela, o que permitiu à nova organização resultante destacar-se,
num segmento de mercado cada vez mais marcado pela produção e comercialização de frutos secos, nomeadamente a amêndoa e a noz. O crescimento na procura de frutos secos permitiu que estas culturas conquistem, de forma gradual, uma maior área de território alentejano beneficiando da barragem do Alqueva para satisfazer as suas necessidades hídricas. Deste modo, a oferta deste tipo de produtos, tanto a nível nacional como internacional, tem tentado acompanhar o aumento da procura, que mais que duplicou nos últimos anos, o que reforça o sentido de oportunidade que
os dirigentes e associados da Coopenela e da COFRAL demonstraram em 2018 com a concretização da referida fusão. Esta concentração de associados permitiu à Coopenela agregar mais valor para os seus sócios, aumentar a venda de produtos foliares e, acima de tudo, ampliar o volume de comercialização de frutos de casca rija. Este aumento potencializa o nome da Cooperativa tanto a nível nacional, como internacional, impondose como um participante cada vez mais competente, consistente e coeso na agregação de frutos de casca rija.
Só assim será possível obter os melhores preços para os produtos transacionado o que nos relembra o velho ditado popular “a união faz a força”. Por outro lado, é importante sublinhar que a dimensão individual das propriedades bem como as produtividades, induzidas pelos novos métodos de organização das
culturas como os intensivos e os super intensivos, no Alentejo, são superiores às de todas as restantes regiões de Portugal, o que, naturalmente, implica uma maior responsabilidade e um maior sentido de dever da Coopenela para comercializar e valorizar todos os produtos provenientes dos associados. A Coopenela compromete-se a
trabalhar com o objetivo de aumentar o rendimento final do empresário agrícola, ampliando a rede de influência com as grandes superfícies comerciais, lojas de retalho ou aumento da eficiência na gestão /organização da atividade produtiva. Assim sendo, enquanto uma Cooperativa Agrícola em constante crescimento, a insti-
tuição estará sempre a dizer “presente” em todos estes novos desafios e a contar com o apoio de todos os associados para podermos continuar a produzir e a comercializar de forma mais coesa e benéfica para todos os intervenientes. Um Bem-Haja,
Uma cooperativa a apoiar os associados também nos fatores de produção Ana Dias
Ângela Martins
> Armadilha triangular tipo "Delta"
Todos os agricultores sabem que, neste momento, encontramo-nos em pleno Verão e as temperaturas têm-se mantido bastante elevadas o que conduz a uma reação de stress por parte das plantas pelo que não se deve descorar a atenção às suas produções. Em situações de pré-stress e pós-stress, ou seja, antes e depois da existência de um pico de temperaturas, poderão ser aplicados produtos bio-estimulantes à
base de aminoácidos livres conjuntamente com micronutrientes, desta forma permitirá à cultura superar os estados críticos a que esteve sujeita. Uma forma de potenciar a proteção contra os golpes de calor é a utilização de produtos que criam uma barreira física contra as queimaduras solares, tais como caulino ou silício. O período de crescimento e maturação dos frutos é considerado um período de elevada exigência nutricional, pelo que é recomendada a aplicação de produtos à base
> Bichado da Castanha "Cydia Splendana e Cydia Fagyglandana"
de potássio e cálcio pois poderão melhorar a qualidade e calibre dos frutos. O efeito destas aplicações poderá ser potenciado com a aplicação conjunta de bio-estimulantes à base de algas ou aminoácidos. A Coopenela procurará sempre apoiar os seus associados no maneio das suas produções, pelo que esperamos o seu contacto para obter apoio técnico especializado nas suas culturas. Venha visitar-nos e conhecer a vasta gama de fatores de produção e de alimentação para animais a preços especiais para os associados que temos para si. Bichado-da-castanha – Se pretender combater esta praga através de luta biotécnica, está na hora de instalar as armadilhas para captura em massa da traça do bichado da castanha (Cydia Splendana e Cydia Fagyglandana). O Bichado-da-castanha é considerado uma praga-chave da cultura do castanheiro que conduz a uma perda qualitativa das produções, uma vez que as castanhas perfuradas não possuem valor comercial.
As armadilhas utilizadas, para a captura em massa do bichado-da-castanha são armadilhas triangulares do tipo “delta” que possuem no seu interior um difusor de feromonas que simula o odor das fêmeas desta praga atraindo os machos que acabam por ficar presos na placa de cola que se encontra na base da armadilha. Os difusores de feromonas e as placas de cola devem ser trocadas periodicamente para uma maior eficácia deste método. Com esta prática, consegue-se uma redução significativa do número de acasalamentos através da redução do número de machos. À semelhança dos anos anteriores iremos trazer até si as melhores árvores certificadas e com garantia de qualidade que poderá encomendar por telefone, via e-mail ou nas nossas instalações. Votos de que este ano corra pelo melhor. Ficamos ao seu dispor para o que necessitar.
AGOSTO 2020
Município iniciou a Requalificação Energética da Iluminação Pública do concelho A requalificação energética da iluminação pública do concelho liderado por Domingos Carvas será levada a cabo em mais de 30 locais do território. Esta intervenção surge no seguimento da aprovação da candidatura “Norte – 03-1203-FEDER-000278, Requalificação Energética da Iluminação Pública do concelho de Sabrosa”, cujos objetivos, entre outros, passam pela redução de consumo na iluminação pública, permitindo uma poupança na fatura energética do município e a melhoria do parque de luminárias instaladas. Permitirá ainda a diminuição do índice de avarias e a manutenção das mesmas, o fomento da utilização da tecnologia LED, que substituirá as luminárias convencionais existentes, bem como a redução dos impactos da iluminação pública através da diminuição da poluição luminosa, das emissões de CO2, do consumo de energia
VIVADOURO
Sabrosa
e aumento da qualidade de vida dos cidadãos proporcionando assim o conforto e a segurança para os residentes das localidades alvo da intervenção, e para os turistas que visitam este concelho. A requalificação incidirá em 30 lugares de diversas freguesias do concelho de Sabrosa, estando prevista a substituição de um total de 2381 luminárias convencionais (vapor de sódio e mercúrio) e uma incidência em cerca de 60% do parque de luminárias existentes na rede de iluminação pública. O valor total desta intervenção, com designação da operação de candidatura: “Norte – 03-2017-42, Eficiência Energética nas Infraestruturas Públicas da Administração Local” é de 596.080,40€, cofinanciado através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional no valor de 560 234,38€. Prevê-se que a conclusão dos trabalhos ocorra até ao mês de outubro de 2020. ▪
Exposição “Locais e Culturas da Viagem de Magalhães” reabre em Sabrosa A exposição Locais e Culturas da Viagem de Magalhães, localizada no parque BB King em Sabrosa, reabriu, no passado dia 12 de agosto, ao público e dá a conhecer e experienciar a primeira volta ao mundo, a diversidade cultural das terras aportadas pela Expedição comandada por Fernão de Magalhães, bem como a divulgação do inventário, do território e património do concelho de Sabrosa. Nesta Exposição, os visitantes poderão mergulhar num espetáculo onde a tecnologia, aliada à arquitetura audio-
visual, faz viajar a imaginação e viver, talvez, a mais fantástica e prodigiosa aventura da Humanidade – A primeira viagem de circum-navegação. Aqui, poderá também descobrir, numa lição de história mágica e sensorial, aromas exóticos e territórios longínquos. Esta ação enquadra-se no projeto “Os locais e culturas da Primeira Viagem de Magalhães” da qual a Câmara Municipal de Sabrosa é promotora, cofinanciada pelo NORTE 2020, no contexto dos apoios do Portugal 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional de 85%. ▪
Município investe na requalificação da rede viária do concelho No âmbito da requalificação da rede viária do concelho, o município de Sabrosa iniciou diversos trabalhos em vários pontos do concelho com o intuito de melhorar a qualificação do pavimento. Na vila de Sabrosa várias serão as intervenções, sendo a repavimentação do Bairro do Bacelo uma delas. Nas restantes localidades do concelho
serão também feitas várias intervenções, entres as quais, na freguesia de São Martinho de Anta, em Sobrados, Souto Maior e outros. Todos estes trabalhos serão realizados tendo por objetivo a regeneração urbana do concelho, e irão permitir maior comodidade e mobilidade a todos os munícipes. ▪
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VIVADOURO
AGOSTO 2020
Entrevista
CARLOS FIOLHAIS: "Aprendemos com este vírus – embora já o devêssemos saber - que somos, tal como os microrganismos, parte do mundo natural"
ciências. Por que não enveredou pela pintura? A ver pelos muitos prémios conquistados na altura… Muitos não foram. Alguns prémios escolares e principalmente, aos 16 anos, um prémio primeiro nacional e depois internacional num concurso juvenil de tema ferroviário. Sim, na altura desenhava e pintava. Dei nessa altura a minha primeira entrevista a um jornal, ao desaparecido “Diário Popular,” e embora as minhas respostas já estejam nas brumas da memória – nem sei onde tenho o recorte – julgo ter dito a arte não me parecia ser um meio de vida no nosso país. Curiosamente, tendo tido sempre boas notas, a única negativa que tive no liceu foi uma vez a Desenho, por não me entender com a Geometria Descritiva. Poderia, a avaliar pelas notas, ter ido tanto para ciências como para letras, mas, quando tive de escolher, no fim do antigo 5.º ano, hoje 9.º ano, estava já apaixonado pelas ciências. Quando, dois anos volvidos, entrei na Universidade de Coimbra para Física – o meu pai perguntou-me “isso dá para quê?” e eu não soube responder - , embrenhei-me no curso e deixei de pintar. Ainda tenho uns quadros pendurados em casa. Não sei se a veia artística morreu ou só está em sono profundo. Curiosamente, com esta questão da pintura, interrogo-me se já na altura sofria de daltonismo? Sim, descobri na adolescência que era daltónico, uma condição que é sempre hereditária, o que ajudou a evitar o serviço militar: Tenho até uma história curiosa da inspecção militar: quando disse que era daltónico fizeram-me uns testes com umas bolas coloridas onde devia reconhecer uns números (teste de cores de Ishihara). E disse que não via números nenhuns. E o militar de serviço respondeu: “Ah sim? Está a gozar com a tropa? Sabe que só os daltónicos é que vêem estes números”… Não sabia, mas fiquei logo a saber, porque aprendo rápido. Passei a ver todos os números que ele queria que eu visse. O daltonismo é uma condição transmitida pelas mães. Na Europa, cerca de 10% dos homens são daltónicos – muitos deles não fazem ideia – mas apenas 0,5% das mulheres o são.
Texto: André Rubim Rangel Comecemos pelas raízes. O facto de o pai ter sido militar da GNR fez com que tivesse uma educação mais rígida e regrada do que a dos seus colegas de infância? Talvez, mas, francamente, não sei. O meu pai foi militar e gostava de o ser. Antes de falecer pediu para ter honras militares na hora da despedida, desejo que, juntamente com os meus irmãos, fiz por satisfazer. Mais do que profissional do seu ofício, o meu pai foi uma pessoa do seu tempo, um tempo austero e autoritário, que não foi fácil para Portugal. Não tenho particulares traumas de infância, até porque fui sempre bastante mi-
mado e apoiado. Mas confesso que não aprecio quartéis e a obediência cega que lá é cultivada. Fiquei, por isso, muito contente no dia em que livrei da tropa. Receava que o serviço militar fosse uma perda de tempo. Costumo dizer a brincar que o 25 de Abril veio para mim mesmo na hora certa. Nessa altura havia demasiados intelectuais nas forças armadas e não eram precisos mais… Claro que as forças armadas e de segurança prestam um grande serviço a todos nós, mas penso que o serviço nelas deve ser para quem tenha a devida vocação. Eu não me via nada no “esquerdo-direito-um-dois”. Nos anos de liceu mostrou que tinha muito jeito para as artes, mas seguiu mais tarde pelas
De que forma foi todo esse processo de habituação e de ver um mundo sem todas as cores ou sem algumas das cores: como é no seu caso? Custou-lhe a adaptação à realidade? Como físico, estou em crer que existe uma realidade objectiva. Mas nós vemos sempre a realidade pelos nossos sentidos, isto é, a nossa realidade não é à primeira vista necessariamente a realidade dos outros. Dou um exemplo: cada um de nós tem direito ao seu próprio arco-íris, centrado em si. Eu não me queixo nada da minha realidade, o meu arco-íris é bastante bonito. Somos todos diferentes: uns são mais baixos e vêem o mundo mais de baixo e outros, como eu, são mais altos e vêem o mundo mais de alto. Uns são mais lentos e outros são mais rápido: eu sou lento numas coisas e rápido noutras, a avaliar pelo que me dizem. Mas somos todos iguais. Todos somos diferentes – porque há a pequena variabilidade genética – mas somos todos iguais – porque partilhamos a quase totalidade do genoma.
É sabido que não há cura universal para o daltonismo ou discromopsia. Porém, sendo um cientista premiado e reconhecido, sonha – ou alguma vez sonhou – em encontrar a cura? Eu fui o comissário nacional de 2015- Ano Internacional da Luz, uma iniciativa da UNESCO, e li muita coisa sobre a luz. Tem toda a razão ao dizer que actualmente não há cura. Mas, em princípio, nos tempos de hoje já se pode fazer edição genética, pelo que podemos conceber tecnologias capazes de corrigir deficiências como essa. Já foram feitas experiências em animais, que têm em geral uma visão mais limitada do que a nossa. Mas não me ofereço para cobaia. Experiências genéticas envolvem dilemas éticos muito sérios: não devemos fazer tudo aquilo que podemos fazer. A certa altura, um humano “melhorado” pode passar a ser desumano. Dos seus mais de 40 livros publicados, constam as obras de divulgação científica «Física Divertida» e «Nova Física Divertida». A que conclusões chegou sobre o modo de tornar a Física mais atraente e compreensível aos jovens? Dado que nem sempre, o é… Nesta data, e sem contar com prefácios e capítulos, já conto mais de 60 livros, mas cerca de metade são manuais escolares. Os dois que refere foram dos que obtiveram mais êxito, tendo merecido edições internacionais. Há até uma edição brasileira de “Física Divertida”, onde em vez de “impulsão” – a força de Arquimedes mergulhado numa banheira – vem “empuxo” e em vez de “protão” vem “próton”. O título do meu primeiro livro, de 1991, foi deliberadamente provocatório. Queria contrariar a visão estabelecida de que a Física é uma disciplina aborrecida. Não concordo. A Física é uma das facetas mais empolgantes da vasta aventura do conhecimento humano. É divertido saber como é o Universo, de que são feitas todas as coisas, é divertido penetrar nos grandes mistérios do espaço, do tempo, a matéria, da energia… É sempre um prazer saber mais. Começa por ser um prazer para os cientistas, mas devia ser um prazer para todos, uma vez que a ciência não é dos cientistas, mas de todos. Como este é um jornal da região duriense, permita-me duas questões sobre a mesma. O que conhece do Douro, como o sente e descreve, o que realça de mais significativo nele? E até comparativamente com outras regiões nacionais… O meu pai é de uma aldeia do Peso da Régua: Sedielos, a terra do escritor Guedes de Amorim. Disseram-me que uma avó ou bisavó minha aparecia no livro “Aldeia das Águias,” precisamente Sedielos, sítio onde o Douro acaba e o Marão começa. A casa bastante humilde dos meus avós e dos meus pais era frente à enorme Quinta de Sá de Baixo. No Douro, onde passei férias em miúdo, impressiona-me não só a grandeza da paisagem, mas também o contraste na vida das pessoas. O Douro era e julgo que em parte ainda é um local de bastante pobreza. As quintas no Douro são muito bonitas, mas a vida dos trabalhadores da terra – eu vi como eram as vindimas nos socalcos - é muito dura. Modernamente o turismo mundial descobriu o Douro e ainda bem, porque o vale do Douro é único no
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Entrevista mundo. Andei pelos vales do Reno e do Meno, na Alemanha, mas o nosso vale é único, pela força da paisagem e pelo produto da Terra. Na terra do meu pai não se dizia “vinho do Porto”, porque o vinho “fino” ou “generoso” era dali, longe do Porto. É só pena não termos tido nas suas margens o desenvolvimento que houve noutras margens. O Douro, certamente, não é apenas Turismo e Cultura. Será, também, portador de Ciência. Em que patamar está esta região no quadrante científico e o que tem desenvolvido na amplitude desta área? Em Vila Real existe há décadas a UTAD – Universidade de Trás os Montes e Alto Douro que, em colaboração com outras universidades nortenhas, tem produzido conhecimento, em particular sobre a terra e sobre o vinho. Portugal evoluiu muito no sector do vinho, em particular no controlo da qualidade e na afirmação de marcas. No início da minha carreira, ensinei em part time Física na UTAD. Mas lembro-me a odisseia que era chegar de Coimbra a Vila Real… Vila Real era mesmo longe e hoje não é. Perto de Vila Real fica uma terra com o meu nome, Fiolhais, onde evidentemente já fui… Passemos ao assunto que, infelizmente e desde há meio ano, continua a ser atualidade mundial. Com melhor conhecimento presente do vírus, e depois de tanto ruído e informações falsas iniciais, o que importa ter em conta da covid-19 para vivermos melhor o último trimestre deste ano? O novo coronavírus foi, está a ser, uma surpresa para a maior parte de nós. Os cientistas sequenciaram-no logo no início da epidemia e é com base nesse conhecimento que funcionam os testes genéticos. Estamos cada vez mais a saber mais sobre o vírus. Estamos a procurar medicamentos antivirais específicos. E estamos a procurar vacinas: já há várias, que estão em várias fases de teste. Tenho esperança que algumas venham a funcionar bem. Mas mais vale prevenir do que remediar: manter o distanciamento social, usar máscara, ter sempre cuidados de higiene. Estes métodos funcionam garantidamente: o vírus precisa de um hospedeiro e, se não o encontra, fica impossibilitado de se multiplicar. Aprendemos com este vírus – embora já o devêssemos saber - que somos, tal como os microrganismos, parte do mundo natural. E aprendemos – espero que a lição venha para ficar – que a espécie humana ganha com a cooperação. Nós somos inteligentes e os vírus não, são meras máquinas de fotocópia biológica. Entrando na questão científica da vacina, que tanta especulação temporal e funcional tem gerado, o que há a esclarecer com precisão – neste momento – sobre a mesma? Não sou especialista do assunto. Mas acompanho-o com interesse. Há várias candidatas a vacinas e estamos a ver as respectivas segurança e a eficácia. A de Oxford parece que está bem encaminhada. Há muitas incertezas: por exemplo, a duração da imunidade. Havendo vacina, persistem problemas: Quem vacinar primeiro? Quem paga? Uma vez que não haverá cem por cento de eficiência, como enfrentar os “inimigos
das vacinas”, que são também – cito o título de um livro meu e do David Marçal na Gradiva “Inimigos da ciência”. A ciência não é tudo, há questões éticas, políticas, económicas… A Rússia já anunciou e aprovou, este mês, a primeira vacina contra a covid-19: o que se seguirá? Competição e negócios comerciais estapafúrdios de patentes entre os outros países na corrida da descoberta curativa? Há sérias dúvidas sobre a vacina russa, que quis ser a primeira, arrepiando todo um caminho que havia a fazer. Os humanos sempre competiram uns com os outros, como agora mais uma vez está à vista. Mas, nalguns casos, como neste, poderiam ganhar se cooperassem mais. Claro que esta é uma oportunidade de negócios milionários e, como sempre no mundo dos negócios, não faltará quem vai querer vender gato por lebre. Convém estar atento e, sabendo que há estupidez e maldade, confiar na inteligência e na bondade dos homens. Acredita que haverá vacina para todos sem exceção ou não? Irão os países mais ricos e desenvolvidos apoderar-se da mesma e ficarem os mais pobres a perder, lamentavelmente, como de costume ou de que modo se equilibrará a distribuição?... Desigualdades sempre houve. Não é só em Portugal e no Douro, é no mundo todo. Infelizmente, o seu fim não está à vista. Não tenho grandes ilusões: os ricos procurarão ser mais ricos e os pobres poderão ficar mais pobres. Não há um governo do mundo, mas competição desenfreada entre as nações. A Europa, na qual nos inserimos, tem de encontrar o seu papel no mundo global. Parece andar um pouco perdido,
num mundo onde o eixo está a passar do Ocidente para o Oriente. Em Portugal, o que está a ser feito na ciência e com que resultados visíveis – passando, por vezes, despercebidos e ofuscados com notícias paralelas e menos importantes – no âmbito da resolução desta pandemia? Os cientistas portugueses juntaram-se aos esforços mundiais. Ainda é cedo para fazer uma apreciação objectiva e isenta: esta epidemia não tem ainda meio ano entre nós. Vejo muita propaganda, com muita gente a querer chamar a atenção: veja-se o caso do “ventilador nacional.” Mas gostava que esta fosse uma ocasião para apostar mais na ciência e na tecnologia nacionais. Aqui há poucos anos o primeiro-ministro prometeu 2,1% do PIB em ciência e tecnologia. No ano passado foram apenas 1,4%. Já chegámos a ter 1,6% em 2009 e recuámos. A média europeia é hoje de 2,1%, o que significa que em vários países está bem acima. Acho que há falta de liderança na ciência em Portugal e não há suficiente participação da comunidade científica na gestão. A nossa comunidade científica cresceu, mas não tem ainda afirmação política. O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior estava desaparecido antes da epidemia e continua desaparecido, sem carisma nem poder. Não o vimos activo dentro de um gabinete de crise. Não o vemos como voz da ciência e, mais em geral, da razão. A FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, tal como está, não passa de uma direcção geral do Ministério, quase desligada dos cientistas e dos centros de investigação. A Ciência Viva, uma grande ideia do saudoso José Mariano
Gago, anda entretida com coisas menores, com o seu financiamento quase todo concentrado na capital. Portugal continua a ser Lisboa e o resto é paisagem. No plano de recuperação do país, era preciso dar à ciência e à tecnologia, em particular na área da saúde, uma outra visibilidade. Na ciência é a semente do nosso futuro. Depois destes meses todos há quem já se tenha habituado ao uso da máscara e faça já parte, naturalmente, da sua vida. Contudo, vê-se ainda muitas pessoas, em público, que não a usam. Cientificamente, ela é imprescindível e eficaz? Não há nunca risco zero. Mas a máscara, dentro ou fora de espaços fechados, diminui obviamente o risco de transmissão viral. Eu uso e recomendo o uso. Não percebo o que estava a fazer a DGS quando, no início da epidemia, não recomendava o uso da máscara. Mais do que isso, criticava-a, por dar uma “falsa sensação de segurança”… Houve entre nós erros na gestão da epidemia. Como habitual nesta rubrica de grande entrevista a figuras públicas, peço-lhe uma mensagem final aos leitores, de cariz motivacional, para o presente e o futuro… Confiar no conhecimento e na inteligência humana, que constituem o melhor meio, de alcançar o conhecimento, de distinguir o verdadeiro do falso, na realidade em que vivemos. Sem conhecimento e sem o exercício da inteligência que o proporciona, seríamos muito mais frágeis. Como espécie já não estaríamos aqui. Este planeta, que partilhamos com vírus, é a nossa casa e devemos usar o nosso melhor conhecimento para morar nela da melhor maneira possível. ▪
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Região
10 anos de Bienal Internacional de Gravura do Douro Arrancou no passado dia 10 de agosto a 10ª Bienal Internacional de Gravura do Douro 2020, com uma exposição de homenagem a Silvestre Pestana, poeta, artista plástico e performer, no Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, no ano em que o Museu também comemora 10 anos.
Este evento terminará a 31 de outubro e terá 16 exposições, conferências e oficinas, contará com a participação de 625 artistas oriundos de 64 países e com a exposição de 1300 obras em 10 localidades do norte de Portugal, sendo a região do Douro uma das mais contempladas. O Museu do Douro é uma das instituições que tem apoiado a Bienal do Douro, desde a sua origem. “Ter no Douro a bienal da gravura, desde que se iniciou este ciclo, foi dar possibilidade de uma abertura do Douro a novas perspetivas e a manifestações de arte dife-
renciadoras, em que as obras de grandes artistas como, Antoni Tàpies, Gil Teixeira Lopes, Nadir Afonso, David de Almeida, Bartolomeu do Santos, Júlio Pomar, José de Guimarães entre muitos, foram dadas a conhecer”, refere o diretor do Museu do Douro. Fernando Seara, vai mais longe e deixa um desafio: “Talvez fizesse sentido perspetivar um espaço, uma coleção, que possa permanecer no Douro, garantindo que um maior número de pessoas possa ter acesso a uma forma de arte tão pouco divulgada no nosso país.” Esta Bienal do Douro é a única de obra
gráfica do país e representa a gravura tradicional bem como as renovadas tendências da gravura digital e dos novos media. Nuno Canelas, diretor e curador do evento, refere: “A Bienal do Douro tem vencido os desafios da interioridade, da crise económica, da crise cultural, da própria crise da gravura e tem sabido manter vivos os pressupostos da arte e a autonomia da gravura no contexto da arte contemporânea.” Para o organizador, “a evolução desde a sua origem em 2001, colocam-na hoje num patamar inimaginável a par das mais importantes Bienais do mundo.” ▪
Douro representado nas meias-finais das 7 Maravilhas da Cultura Popular Está já completa a lista dos 28 semifinalistas do concurso 7 Maravilhas da Cultura Popular com a região do Douro a conseguir 3 nomeações para esta fase.
A Arte da Seda de Freixo de Espada à Cinta, a Festa da Amendoeira em Flor e dos Patrimónios Mundiais de Vila Nova de Foz Côa e as Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, são os três representantes da região neste concurso. A passagem das três representantes do Douro à final do concurso será di-
Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios VOTE: 760 207 797
vulgada na segunda meia-final que se realiza no dia 30 de agosto a partir de Torres Novas, sendo que a primeira meia-final, acontece já no próximo domingo, dia 23 de Agosto, em Salir, ambas com transmissão em direto na RTP1, e RTP Internacional. A Gala da Declaração Oficial, realiza-se
Festa da Amendoeira em Flor e dos Patrimónios Mundiais VOTE: 760 207 724
a 5 de setembro de 2020 em Bragança e será transmitida pela RTP, em horário nobre. Dos 14 finalistas apurados nas meias-finais, vão ser eleitos 7 patrimónios pelos portugueses como as 7 Maravilhas da Cultura Popular® - Sical, numa votação que será feita através de chamada telefónica. ▪
Arte da Seda de Freixo de Espada à Cinta VOTE: 760 207 708
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VIVADOURO
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Armamar
Espaço do Cidadão de Armamar ajuda na candidatura ao Ensino Superior O Espaço do Cidadão (EDC) de Armamar está preparado para ajudar os jovens Armamarenses que pretendam fazer a sua candidatura ao Ensino Superior. A primeira fase de candidaturas começou hoje, dia 7, e decorre até ao próximo dia 23 de agosto. Depois haverá ainda a segunda fase, entre 28 de setembro e 9 de outubro, e a terceira fase entre os dias 22 e 26 de outubro. No EDC os interessados podem submeter as suas candidaturas online, enviar e receber a documentação necessária e obter todos os esclarecimentos necessários. ▪
Apoio de proximidade às vítimas de violência doméstica A Câmara Municipal de Armamar estabeleceu uma parceria com o Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica (NAVVD) de Viseu, com o objetivo de reforçar as respostas já existentes para esta problemática.
Na base da decisão estão indicadores estatísticos que mostram um agravamento destas situações no contexto da pandemia do COVID-19, uma situação que se verifica em todo o território nacional. A Autarquia é responsável pela
divulgação deste serviço que vem complementar o esforço já desenvolvido por técnicos de ação social da Câmara Municipal. O NAVVD de Viseu foi criado em outubro de 2006 no âmbito da política de prevenção e combate à
violência doméstica do XVII Governo Constitucional. Na altura considerou-se prioritária a criação de uma Rede Nacional de Núcleos de Atendimento a mulheres e menores que vivem em situação de violência. ▪
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Eduardo Graça Presidente da Direção da CASES A ECONOMIA SOCIAL – PROXIMIDADE E DISTANCIAMENTO Um dos males maiores da pandemia provocada pela COVID19, além dos efeitos clínicos da doença, das mortes e sequelas provocadas nos curados (ainda mal conhecidas), é a designação de uma das medidas preconizadas para a prevenir: “distanciamento social”. (pretender-se-ia dizer “distanciamento físico”!). Não cabe nesta breve crónica um desenvolvimento circunstanciado acerca desta infeliz (diria, catastrófica) designação, nas antípodas dos princípios e quotidiano da vida em sociedade desde tempos imemoriais, fundados no gregarismo e na proximidade social. Esta questão tem sido abordada por defeito, desmerecendo a sua importância e impacto no comportamento dos cidadãos, normalizando uma política de assunção do medo que, queiramos ou não, integra um movimento mais vasto de limitação das liberdades e enfraquecimento da democracia. A Economia Social situa-se, pelos seus princípios e prática generalizada das entidades que a integram, nas antípodas do “distanciamento social”, prestando serviços de proximidade, a partir do seu enraizamento nas comunidades locais, contribuindo fortemente para a coesão social e o desenvolvimento sustentável das regiões, em particular no interior do país, sujeito, desde há décadas, a um processo de desinvestimento material e de perda de capital humano. É uma economia à dimensão do homem, orientada para dar resposta às necessidades reais das pessoas; está no mercado mas não é especulativa, é sustentável; as suas organizações não se deslocalizam, fazem parte das comunidades; não é uma economia orientada para o lucro (inerente às sociedades de capital) mas deve gerar excedentes reinvestidos nas próprias organizações assim como nas comunidades onde se inserem. Em Portugal está consagrada na Constituição da República e na Lei da Bases de 2013, precisa crescer e consolidar-se, dar-se a conhecer e ser reconhecida; pode e deve existir em Portugal um associativismo livre mais forte, uma iniciativa cidadã mais pujante, mais cooperação em todo os domínios da nossa vida económica, social e cultural. Em Portugal, a Economia Social está em condições de crescer, regenerar-se e tornar-se também mais forte. Todas as entidades com estatuto de IPSS são Economia Social. Mas as palavras só não bastam. Nestas áreas, como em tantas outras, o país precisa de pensamento, reflexão, mas também de iniciativa e ação modernizadora, em particular nos tempos difíceis das crises, como a presente, que exigirá, no próximo futuro, um gigantesco esforço de recuperação e reconstrução com os olhos postos na reafirmação doutrinária e na prática dos valores da proximidade, cooperação e solidariedade. Em tempo de pandemia, e no incerto futuro que nos espera, a Economia Social, de forma discreta, mas efetiva, com suas virtudes e defeitos, seus riscos e certezas, faz falta ao país e o país precisa da Economia Social. Para criar mais riqueza autossustentada, mais emprego digno e permanente, para combater o “distanciamento social”, contribuindo para mais coesão social e territorial.
Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
O Aldeias Humanitar É um Projeto humanitário com um desejo fundacional: deixar de existir! Agora já numa nova etapa da sua missão, o desejo de sempre é o de deixar de existir. Deixar de existir porque as pessoas estariam todas bem. Os problemas já tinham todos solução nos serviços já instalados na comunidade. Mas, infelizmente, bem sabemos que provavelmente isso nunca acontecerá. A desertificação humana no interior veio agravar as situações de desamparo por isolamento e vulnerabilidade. Para esta nova realidade em constante mudança precisamos de soluções verdadeiramente novas e adaptáveis. Disponíveis para, fora da caixa, pensar, conceptualizar e agir. Este Projeto Humanitário de Saúde e Amparo Social no Interior de Portugal, foi o vencedor da edição de 2019 do Prémio Healthcare Excellence da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares. E foi o vencedor do Prémio Direitos Humanos da Assembleia da República. Foi apoiado pelo BPI La Caixa para alargamento da Intervenção. Foi apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e do Instituto da Segurança Social para o embate da Covid-19. Apoiado pelo Banco Wizink. Pelo Bazar Diplomático. Foi apoiado pela Roche para uma intervenção no âmbito da literacia em saúde e linha de apoio. E, continua a ter o apoio de suporte e sustentabilidade da Fundação da Caixa de Crédito Agrícola do Vale do Távora e Douro. Continua a ter apoio dos Municípios de Sernancelhe, Penedono e Tabuaço. Está a preparar novos protocolos com outros municípios. Fez uma parceria estratégica com a Guarda Nacional Republicana. Com a GNR iniciou-se um novo conceito de humanização, juntando a Segurança e os cuidados de Saúde, em Portugal. Conscientes das limitações, agora o desafio é: A Intervenção Humanitar de Cuidados Complementares em 3 municípios; A Intervenção Humanitar em modo SOS e a Intervenção Humanitar Comunitária, nos 10 municípios do Douro Sul. A intervenção é absolutamente gratuita para as pessoas, que já são centenas as apoiadas diretamente e muitas outras com benefício indireto desta intervenção. O Aldeias Humanitar assume-se como uma simples gota num oceano de necessidades e promotor de mudança nos modelos de atuação junto das pessoas. Valoriza e dá sempre prioridade ao muito e importante trabalho feito pelos municípios, SNS, instituições e juntas de freguesia. Promovendo, assim, a rede integrada de cuidados complementares, tão importante para as pessoas do interior. O Aldeias Humanitar, entrou agora na fase de consolidação. Assume-se como uma estrutura aberta e simplificada. O Aldeias Humanitar é uma resposta em contínua transformação. Cada vez mais apoiado na técnica, na ciência e na academia. Para uma aproximação à reais necessidades daquela pessoa concreta naquele momento e problema concreto. Um modelo de cuidados a pessoas, independentemente da idade ou outra qualquer condição, e de apoio aos seus cuidadores, quando os há. Um modelo de defesa e apoio das pessoas utentes no Serviço Nacional de Saúde. Os seus técnicos e os voluntários, serão sempre pessoas que estejam dispostas a uma missão maior, que é sintetizada desta forma: “cuidar é ir, humanizarmo-nos, estarmos e ficarmos, mesmo depois de virmos. Cuidar é ouvir, compreender e agir na humanidade de quem cuidamos. Só nessa humanidade podemos cuidar”. Todos Somos Humanitar!
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Campanha “É Nosso” continua para a 3ª fase Arrancou no início desta semana, dia 17, a terceira fase da campanha “É Nosso”. “Continuar a apoiar o comércio local e o que é nosso ainda é a prioridade”, avança o presidente do Município de Tabuaço. Desde 17 de Agosto e até 17 de Setembro os consumidores podem continuar a acumular os talões de compras efectuadas no concelho de Tabuaço que, a par do que aconteceu nas duas primeiras fases, serão trocados por vales de desconto a aplicar no comércio local. “É Nosso” é uma iniciativa da Câmara Municipal de Tabuaço cuja primeira fase arrancou em Maio para atenuar as dificuldades decorrentes da pandemia da Covid-19, avançando, consecutivamente para a 3.ª fase. “Consideramos que as consequências decorrentes da pandemia foram graves para
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Tabuaço
o nosso comércio, para os nossos serviços e para a população em geral, por isso, continuar a apoiar o comércio local e o que é nosso ainda é a prioridade. Avançamos para a 3.ª fase deste programa porque consideramos que ainda estamos no tempo de alavancar a nossa economia”, defende o presidente do Município, Carlos Carvalho. Ao trocar os talões de compras por vales de desconto, estes podem, imediatamente, ser utilizados nos comércios e serviços em todo o concelho. O princípio é o mesmo das suas campanhas anteriores: por cada 50 euros de compras efectuadas nos estabelecimentos do Concelho de Tabuaço, o Município atribui um vale de compras no valor de 2,50€, até ao montante máximo de 1000 euros por agregado familiar, a que correspondem vales até 50,00€. O regulamento desta terceira fase pode ser consultado no site da Câmara Municipal, ficando também disponível para consulta no Museu do Imaginário Duriense, em Tabuaço, onde os talões correspondentes à 3.ª fase podem ser trocados a partir de 18 de Setembro. ▪ PUB
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Lamego
ESTGL apostada em ser instituição de referência na região A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL) é uma das cinco Unidades Orgânicas do Politécnico de Viseu, tem atualmente cerca de 570 alunos e 50 docentes a tempo integral e parcial.
Gestão Turística, Cultural e Patrimonial e Engenharia Informática e Telecomunicações. Dispomos ainda de dois mestrados: Gestão das Organizações Sociais e Gestão do Património Cultural e Desenvolvimento Local.
reção da escola. Quando trabalhamos por gosto, e com paixão, tudo é diferente…
Essa proximidade também existe com a comunidade lamecense? Esse é um dos pontos que considero bastante importante. Eu tomei posse em outubro do ano passado e um dos objetivos que me levou a candidatar foi considerar importante direcionar mais a escola para a comunidade. Fizemos um levantamento das necessidades e começámos a perceber onde é que a ESTGL deveria estar presente como entidade parceira, como é o caso da Escola de Turismo e Hotelaria do Douro onde já participamos em reunião do Conselho Pedagógico como convidados, desde novembro. Também já estamos a cooperar com o projeto de formação do agrupamento de Escolas Latino Coelho, e recentemente reunimos com a CLDS 4G para integrar a equipa base de parceiros. É isso que temos tentado fazer em Lamego, replicando depois para o exterior, estando já a consegui-lo em S. João da Pesqueira, Moimenta da Beira, etc. É algo que é feito devagar até porque temos ainda pouco tempo de trabalho, excluindo esta situação da pandemia. O objetivo é exatamente esse, integrarmo-nos na comunidade porque só assim conseguiremos desenvolvermo-nos como
Texto: Carlos Almeida
A atual Presidência tomou posse em outubro 2019 tendo como objetivo principal tornar a esta instituição numa Escola de Ensino Politécnico de referência entre Cinfães e Vila Nova de Foz Côa, com uma forte aposta nas áreas tecnológicas, sociais, do turismo, gestão e administração. O VivaDouro conversou com o diretor Miguel Mota sobre os desafios presentes e futuros para esta instituição de ensino superior. Estamos numa instituição de ensino superior mas o sentimento é quase familiar. Há uma grande proximidade entre a presidência, docentes e alunos? Sim, e esta proximidade existe também nas outras Unidades Orgânicas do Politécnico de Viseu (PV). O PV tem cinco unidades orgânicas, quatro em Viseu e a ESTGL em Lamego. A ESTGL pauta-se por possuir uma ligação muito próxima com toda a comunidade académica. Todo o corpo docente e pessoal não docente trabalham com enorme proximidade dos alunos, estando sempre presentes nas atividades da Academia e contando sempre com a di-
> Miguel Mota, diretor da ESTGL
Será essa proximidade o “segredo” do sucesso da ESTGL? Suponho que sim. Pessoalmente e talvez pela minha ligação académica enquanto estudante, muito próxima das associações e núcleos de estudantes a Academia ficou no meu coração. Quando estou, estou mesmo e estou com paixão. Tal como já referi, considero que na generalidade os colaboradores da ESTGL vestem a camisola da Instituição e estão sempre disponíveis para solucionar os problemas que vão surgindo, mesmo ao fim de semana. Tive muitos anos a dar aulas a todos os cursos desta escola o que me permite ter uma visão mais alargada de todas as áreas que abrangemos. Esta escola funciona com três departamentos: Ciências Sociais e Humanas; Gestão, Administração e Turismo; e Informática, Comunicações e Ciências Fundamentais. Cada um destes departamentos tem diversos cursos e, como referi, o ter lecionado em todos permitiume ter essa visão global da ESTGL e uma grande ligação aos alunos. Atualmente a nossa oferta formativa a nível de licenciaturas engoba: Serviço Social, Secretariado de Administração, Gestão e Informática,
Escola para ajudarmos a desenvolver a região do Douro. A nossa proposta de desenvolvimento da região passa por requalificar ativos, o que aconteceu há uns anos atrás em que tivemos a entrada de muitos alunos pelo concurso dos maiores de 23 anos, cujos candidatos suspenderam os seus estudos, nos mais variados níveis de ensino, muitos deles há 15 anos atrás, que já trabalham e que consideram importante prosseguir os estudos nesta fase da suas vidas. Este ano, voltámos a apostar na requalificação de ativos e conseguimos triplicar, comparativamente com o ano passado, o número de candidatos ao Ensino Superior por esta via. Esta situação, suponho que se deva a este trabalho que fomos fazendo junto das autarquias e muitas outras entidades públicas. Neste momento estamos com um enfoque muito direcionado para as escolas profissionais dado que foi criado um regime de ingresso especial para estudantes provenientes deste tipo de ensino. Relativamente aos CTeSP’s estamos a tentar aumentar o leque de cursos, em especial aqueles mais focados nas necessidades da região. Este ano estamos a trabalhar bastante na promoção dos CTeSP’s de enoturismo, intervenção social e comunitária, informática industrial, assessoria e comunicação e gestão comercial e vendas podendo posteriormente os formandos prosseguir os seus estudos nas nossas licenciaturas. A ESTGL apesar de ser uma entidade acreditada para dar formações e possuir uma sala certificada pela ANACOM para ministrar cursos de ITED e ITUR não tinha, até ao início do presente ano, realizado qualquer formação. Estamos atualmente a fazer uma forte aposta nestas duas áreas e encontramo-nos a formar técnicos profissionais, engenheiros, instaladores e projetistas na área de telecomunicações. É uma área muito importante porque qualquer edifício novo tem que ter certificação dada por alguém com esta formação. Na formação de docentes, nos últimos meses e apesar da situação de isolamento social a que estivemos sujeitos, promovemos dezenas de formações específicas, gerais, de curta duração e oficinas, a centenas de formandos. Entretanto já candidatamos mais 12 formações das quais 10 já foram aprovadas, sendo dinamizadas a partir de setembro. É importante para a escola estar focada nas áreas que estão mais diretamente relacionadas com a região? Sempre foi fundamental e o feedback tem
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Lamego
> Edifício da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego
sido bastante positivo. Grande parte dos nossos alunos estão empregados aqui perto. De qualquer forma, tem-nos sido pedido, por parte de diversas entidades, novas parcerias e novos projetos. Em janeiro conseguimos estabelecer vários protocolos efetivos, ou seja, cooperações destinadas a valorizar a sedimentar a ESTGL na região, com atividades concretas, não apenas no papel, mas trabalho sério de cooperação no desenvolvimento da região. Infelizmente houve aqui um interregno devido à pandemia, em especial na área social, cujo voluntariado obrigatoriamente teve que ser suspenso por indicações da DGS, dado que, a entrada de pessoas externas às instituições, aumentava o risco de contágio da Covid-19. Na área do turismo também já tínhamos protocolos em que seriamos parceiros estratégicos do TPNP e da Escola de Hotelaria e Turismo na BTL e em outros eventos na região, considerando a suspensão destes eventos no presente ano certamente retomaremos as parcerias no próximo ano. Apesar desta situação pandémica, a área tecnológica é uma das nossas fortes apostas até porque sofreu um forte incremento com o teletrabalho, ganhando cada vez mais importância. Já começamos a contactar três parceiros, a Softinsa, da IBM, que já deu formação a alguns dos nossos alunos do terceiro ano, tendo já sido alguns deles recrutados. As outras duas são a Bizdirect e a Deloitte. O curso de Engenharia Informática e Telecomunicações consegue dotar os novos alunos um leque de competências bastante diversificadas o que, felizmente, se traduz num curso praticamente com 100% de empregabilidade. É importante aproveitar estas sinergias e oportunidades para pensar na diversificação da oferta formativa. Assim, como podemos verificar, a nossa preocupação principal é afirmarmo-nos na região, dizer que estamos, que existimos,
que temos meios e ferramentas e, mais importante, que temos vontade de ajudar. Durante muitos anos os politécnicos foram vistos como o parente pobre do ensino superior, essa visão tem vindo a mudar nos últimos anos? A esse nível separo os politécnicos em dois grupos, os que estão no litoral e os que estão no interior. Relativamente aos Politécnicos do interior de Portugal estes têm desenvolvido um trabalho de afirmação e de desenvolvimento das regiões onde se inserem e para tal procuram cooperar com o tecido empresarial, apostando no surgimento de novas organizações. Desta forma a importância dos Politécnicos nestas regiões é enorme, tendo os mesmos uma afirmação forte que não permite de forma alguma essa conotação de parente pobre. Lamego, apesar de não ter grande indústria, tem um grande potencial de desenvolvimento no que concerne ao turismo, ao setor vitivinícola e possui também uma tradição associada à indústria dos fumeiros. Não temos aqui aquela indústria grande do setor automóvel, por exemplo, como possui Viseu e que, por sinal, tem aproveitado muito bem. Aqui temos outras potencialidades e como tal temos que nos adaptar a elas. Aproveito a sua deixa para lhe lançar já a questão de quais serão os desafios futuros desta escola? O que se pretende, para além da estratégia que eu estava a falar de implementar dinâmicas que permitam transmitir à comunidade que nós existimos, é afirmar esta escola como uma escola de ensino politécnico de referência da região do Douro, de Cinfães a Vila Nova de Foz Côa. Esse é o foco principal, e esse trabalho tem vindo a ser feito, devagarinho para conseguirmos perceber as verdadeiras necessidades da região e para que a região perceba aquilo que podemos oferecer.
Outro projeto, e que já temos vindo a trabalhar desde janeiro é a internacionalização, a ligação a universidades como as de Salamanca, Ávila, Valladolid, Vigo, etc. Apostámos mais em Espanha mas, neste momento, temos já relações com a Bélgica, Polónia, Suíça e Lituânia. Isto acontece não só por ser uma exigência a nível académico mas porque é importante para nós e para os nossos alunos. A nível de ofertas formativas estamos a trabalhar nas áreas tecnológicas, como já referi, analisando o mercado e as necessidades dos nossos parceiros de forma a desenvolvermos um novo curso nesta área. Na área do turismo têm-nos lançados vários desafios, um deles está relacionado com a Rota das Catedrais que está a ser implementada pela Direção Geral do Património Cultural, que começa em Santiago de Compostela passando por Braga, Porto e a terminar aqui na nossa Sé. Lançaram o desafio aos nossos alunos, podendo os mesmos voluntariar-se para este projeto que no futuro criará postos de trabalho. Neste setor do turismo tivemos também uma reunião com a entidade organizadora da Rota da Ribera del Duero com o objetivo de sermos parceiros estratégicos nesse projeto, ainda em fase embrionária, mas que consideramos que será um sucesso ligando o rio Douro desde a nascente até à Foz. No decorrer desta conversa foi tocando na questão do Covid-19. Que desafios é que esta pandemia trouxe à escola no presente e o que é que já ensinou olhando para o futuro? O desafio foi desde logo a adaptação que foi necessária fazer de uma forma repentina, nós encerramos no dia 11 de março e no dia 16 já estávamos a trabalhar num modelo alternativo. Correu muito bem, toda a comunidade académica está de pa-
rabéns, tanto os docentes como os discentes, assim como todos os colaboradores da escola. O desafio foi muito grande porque passar o que estava preparado para o ensino presencial para online levou um enorme desgaste. Acho que este problema foi transversal a todos os graus de ensino, teve que se reinventar o processo educativo. Outro desafio, que para nós causou alguma frustração, foi todo aquele trabalho, que já falámos, que foi sendo feito com parceiros externos e que ficou todo suspenso. Fomos buscar ânimo aos nossos alunos, à sua formação, em especial aos finalistas, tentando que terminassem os seus estudos em tempo útil para poderem prosseguir para mestrados ou para irem para o mercado de trabalho, o que foi conseguido. Tivemos também um grande desafio com os alunos provenientes das ilhas, em especial no que diz respeito aos exames presenciais. Para resolver a situação, e evitar que corressem riscos de contágio acrescidos, estabelecemos parcerias com a Universidade da Madeira. Foi um período complicado, pois foi necessário estar constantemente a delinear estratégias para resolver os diversos problemas que nos iam surgindo no dia-a-dia. O que nos preocupa agora é o futuro e por isso estamos a trabalhar com três cenários diferentes, um funcionamento normal, um funcionamento misto entre online e presencial e finalmente um funcionamento totalmente à distância. Sendo que agora já estamos mais preparados para isso e já temos um maior conhecimento das plataformas, tanto alunos como docentes. Ao longo deste período fomos vendo notícias que nos davam conhecimento de alunos, nas escolas dos grandes centros, que não tinham os equipamentos necessários ou uma ligação à internet, por exemplo. Isto serviu para desmistificar um pouco aquela dicotomia litoral- interior em que o interior fica sempre a perder nestas questões? Acredito que sim, até porque aqui temos uma maior proximidade entre as pessoas, entre a escola e o aluno e entre os pares. Aquilo que se notou é que nós aqui conseguimos trabalhar com celeridade, que a tal interioridade que nos poderia deixar como os parentes mais pobres, efetivamente não aconteceu, pelo menos, aqui foram colmatados de forma mais rápida. O nosso maior problema foi uma reduzida oferta de horários dos transportes. Houve uma redução muito grande ao nível dos transportes públicos o que nos criou um problema grave na deslocação dos alunos, dado que, a escola manteve-se sempre aberta o que permitiu que alguns alunos assistissem às aulas online nas nossas instalações, em salas que tínhamos preparadas para o efeito, por não terem os seus próprios equipamentos. ▪
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Nacional
Ministério da Agricultura antecipa 112 milhões de euros do Pagamento Único O Ministério da Agricultura anunciou o pagamento, durante agosto, dos adiantamentos das ajudas incluídas no Pagamento Único, no valor de 112 milhões de euros, a 137 mil beneficiários. O Ministério da Agricultura anunciou este sábado o pagamento, durante o mês de agosto, dos adiantamentos das ajudas incluídas no Pagamento Único (PU2020), no valor de 112 milhões de euros, dirigido a cerca de 137 mil beneficiários. Em comunicado, o Ministério da Agricultura refere que, de acordo com a
regulamentação comunitária, será feita uma antecipação extraordinária do pagamento aos agricultores de 70 milhões de euros na medida de apoio à Manutenção da Atividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas. Será igualmente feito um pagamento de 31 milhões de euros na medida de apoio à Produção Integrada e de 11 milhões de euros na medida de apoio à Agricultura Biológica, desde que reunidas as condições regulamentares relativas ao controlo prévio ao pagamento. Os pagamentos em questão, esclarece o Ministério, são cofinanciados pelo FEADER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) e obrigam a uma antecipação das dotações do Orçamento do Estado no valor de cerca de 25 milhões de euros.
De acordo com o comunicado, este ano, devido à pandemia, o período de candidaturas prolongou-se, de final de maio até 10 de julho, pelo que só a partir desta data puderam começar os trabalhos que habitualmente se desenvolvem entre maio e outubro. “Foi assim possível, graças a uma extraordinária dedicação e a um enorme esforço do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), a concretização desta antecipação extraordinária”, disse a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes. Segundo a ministra, a antecipação pela primeira vez para agosto destas ajudas “é uma forma de reconhecimento do papel importante da Agricultura e dos agricultores portugueses que permitiram que as cadeias de produção e
abastecimento em Portugal funcionassem durante todo este tempo difícil e que continuássemos, embora com constrangimentos, a crescer nas exportações”. O adiantamento das ajudas das medidas incluídas no Pedido Único das Ajudas (PU) tem sido pago aos agricultores em outubro, nunca tendo sido processado antes deste mês desde que as atuais regras comunitárias estão em vigor. As ajudas no âmbito do PU, em 2020, foram aumentadas em 112 milhões de euros face ao ano anterior, valor que corresponde a um aumento de 85 milhões de euros nos pagamentos diretos e 27 milhões de euros na medida de Manutenção da Atividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas. ▪
Portugal reforça fundos CDS questiona Governo acerca de população de javalis em Portugal da PAC em 5% após negociação Entre outras, o partido quer ver impleatenção do Governo para o aumento do Conselho Europeu mentada uma "medida expedita para ressarcimento célere e desburocratizado dos pequenos agricultores pelos prejuízos causados por javalis". Cecília Meireles questionou a Ministra da Agricultura e o Ministro do Ambiente e Ação Climática a fim de se inteirar do ponto de situação relativo à Resolução da Assembleia da República n.º 186/2019, de 16 de setembro – que recomenda ao Governo que apresente e publique um estudo sobre a população de javalis em Portugal. Na mesma sessão, a deputada do CDS quis saber também se os dois ministérios estão a trabalhar em conjunto com base nas recomendações feitas. Através de comunicado enviado às redações, o partido refere que tem, "nos últimos anos, vindo a chamar a
da população de javalis e o perigo que isso representa a vários níveis. Dos vários projetos apresentados pelo CDS-PP, o Projeto de Resolução Nº 2031/ XIII-4ª foi aprovado, dando origem à Resolução da Assembleia da República n.º 186/2019, de 16 de setembro, e que recomenda ao Governo que apresente e publique um estudo sobre a população de javalis em Portugal”. "Infelizmente, cerca de um ano depois da publicação da referida Resolução da Assembleia da República o problema mantém-se e cremos mesmo que se agravou, sendo que o Grupo Parlamentar do CDS-PP recebe, reiteradamente, exposições de problemas causados por javalis, muitas vezes com graves prejuízos materiais", conclui o CDS no comunicado.. ▪
Os agricultores portugueses terão à sua disposição, para o período 20212027, um total de 9.782 milhões de euros de fundos comunitários, através da Política Agrícola Comum (PAC). Um acréscimo de 5%, a preços correntes, entre períodos de programação. “Após uma longa negociação, o Conselho Europeu alcançou um acordo que estabelece o orçamento da UE para o período 2021-2027 e, com ele, a distribuição de Fundos para a Política Agrícola Comum. Os recursos financeiros destinados à agricultura e ao desenvolvimento rural provêm do Quadro Financeiro Plurianual e do Instrumento de Recuperação (Next Generation EU)”, destaca uma nota de imprensa do Ministério da Agricultura. Com o envelope acordado para a PAC, o Ministério da Agricultura considera “estarem asseguradas as condições necessárias para que o sector possa superar os desafios que se lhe colocam, garantindo a sua modernização e o apoio a uma transição justa na construção de mais sustentabilidade nos próximos 7 anos”.
Como resultado desta negociação, Portugal conseguiu, para a PAC, “não só atingir, como ultrapassar o seu objetivo negocial de garantir o orçamento do período atual, através do reforço do envelope financeiro, para o período 2021-2027, de 446 milhões de euros, comparativamente ao período de 2014-2020”. Assim, estarão disponíveis, a partir de 2021, 9.782 milhões de euros de fundos comunitários distribuídos no I pilar da PAC (Pagamentos Diretos e Medidas de mercado), com 5.509 milhões de euros, e no II pilar da PAC (o Desenvolvimento Rural), com 4.274 milhões de euros. Este montante global da PAC representa um acréscimo de 5%, a preços correntes, entre períodos de programação. O Ministério da Agricultura destaca ainda que o processo negocial “permitiu inverter um corte inicialmente previsto na proposta da Comissão Europeia, em Junho de 2018, que se cifrava em menos 15% no Desenvolvimento Rural, e um reforço de 2 pontos percentuais no caso dos Pagamentos Diretos”. ▪
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Moimenta da Beira
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Escola Profissional recebe selo de “Garantia da Qualidade” A Escola Profissional de Moimenta da Beira foi certificada, por 3 anos, com o selo de “Garantia da Qualidade” atribuído pela ANQEP (Agência Nacional para a Qualificação e Ensino Profissional), no âmbito do EQAVET (European Quality Assurance Reference Framework for Vocational Education and Training). O selo reconhece e reflete a garantia de qualidade na educação e formação profissional da Escola Profissional de Moimenta da Beira e a sua atribuição vem reforçar o compromisso desta instituição de ensino em continuar a trabalhar para garantir uma
formação de qualidade aos alunos, encarregados de educação e restantes parceiros. O processo de certificação teve origem na recomendação do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu que instituiu o EQAVET e foi implementado na escola durante o ano letivo 2019/2020. O processo concluiu-se com a auditoria de verificação da ANQEP em final de julho, com a participação de toda a estrutura da escola, alunos, encarregados de educação, instituições e empresas parceiras. Culminou com o reconhecimento da qualidade da formação e atribuição do Selo EQAVET. ▪
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Opinião António Fontaínhas Fernandes Reitor da UTAD
Empenhados na transformação estratégica do país, os reitores das Universidades publicas portuguesas tornaram público, no passado fim de semana, um manifesto contemplando 10 teses e uma visão comum para a universidade portuguesa.
Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)
As Rotas do Vinho constituem um dos produtos essenciais para o desenvolvimento dos destinos turísticos, ao serem instrumentos que organizam o território, porquanto dinamizam e promovem os ativos de um destino. Desempenham, na oferta de serviços turísticos, uma forma organizada de salvaguardar e valorizar a cultura, de abrir portas à descoberta de novos territórios. A Região Demarcada do Douro é por si só, pela beleza inigualável das suas paisagens, pelo rio e pela sua gastronomia, aí se destacando os seus incomparáveis vinhos, cenário ideal para estruturar uma oferta turística. O seu enorme potencial turístico merece tudo aquilo que possa contribuir para uma
Vasco Leite
Coordenador do Centro de Estudos no território e da Região da CCDR-n
A edição especial do Norte Conjuntura (boletim da CCDR-N) faz um retrato do impacto da pandemia de COVID-19 na Região do Norte, alertando para a forte queda da atividade económica nos seus diversos territórios e municípios durante os meses de confinamento obrigatório. Já os dados mais recentes de junho trazem consigo promessas de retoma para a economia do Douro. Analisando os dados em concreto, os desempregados registados nos centros de emprego da Região do Norte atingiram o valor de 156.260 indivíduos em maio de 2020, o que representou um crescimento acumulado de 24,4 por cento face a janeiro de 2020. Mas a evolução da conjuntura económica
As universidades são o garante da capacidade de transformação da sociedade O manifesto considera que as Universidades, criadas para educar e capacitar as pessoas, fazer avançar o conhecimento e robustecer as sociedades, são instituições basilares do modelo de desenvolvimento europeu. Sublinha ainda que a sua intervenção promove uma cidadania plena, contribui para um país socialmente mais inclusivo, com maior coesão territorial. Se olharmos para a “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal”, Costa e Silva considera, entre outras prioridades, a qualificação das pessoas, a transição digital,
em especial da administração pública, e ainda um investimento em ciência e tecnologia, onde as Universidades assumem um papel basilar. Neste domínio, a UTAD poderá ter um papel acrescido para o desenvolvimento e competitividade da região do Douro, o qual exige um forte investimento em ciência e tecnologia. A título de exemplo, refira-se a importância de apostar no domínio da agricultura de precisão, a par de outros investimentos infraestruturais vitais para a sustentabilidade da região. Em síntese, da mesma forma que, durante a
pandemia, as universidades disponibilizaram os seus recursos humanos e infraestruturas para a resposta sanitária, complementaram a ação dos serviços de saúde, agregaram o potencial dos seus centros de investigação e inovação para o conhecimento e combate ao vírus, as universidades também devem ter um papel acrescido na recuperação económica e social do país e das regiões, como o Douro em particular. Da Universidade depende a possibilidade de Portugal acontecer e ter futuro.
cialização, pois que só um consumidor que se embrenhou no território, viu as soberbas paisagens do rio, cheirou a terra, espraiou o olhar pelas vinhas, viu colher as uvas ou fazer o vinho, pode ter uma perceção consolidada de toda esta riqueza que, assim, se lhe ficará ligada de modo perene. Ao tornar-se detentor da marca Rota dos Vinhos do Douro e do Porto, o IVDP retomou uma iniciativa que tinha sido experimentada no passado, agora procurando maior abrangência, envolvimento e rigor na execução e vivência do projeto, consignando princípios de governança e de gestão, projeto que não está apenas assente no contributo dos diferentes stakeholders que a compõem, mas preconiza uma ação em lógica de rede. No respeito pelos princípios enunciados na Carta Europeia do Enoturismo, é lançado, assim, um desafio que deve ser entendido como um processo partilhado, autorregulado, e de adesão
voluntária por todos quantos nele queiram participar: adegas, instalações vitivinícolas, centros de acolhimento e outras instalações conexas que proporcionem programas e conteúdos de visita e experimentação diversificados e complementares, contribuindo para enriquecer a experiência dos turistas na descoberta e vivência na Região Demarcada do Douro. Este projeto consubstancia-se, pois, na implementação de uma estratégia coletiva de desenvolvimento, sustentado na observância dos princípios de Desenvolvimento Sustentável, da Cooperação, enquanto elemento potenciador de sinergias resultantes de complementaridades de atividades e ações comuns entre aderentes e demais parceiros do território e na Preservação do Meio Ambiente, favorecendo o desenvolvimento socioeconómico do território com respeito pelo meio e pelos valores paisagísticos.
As Rotas do Vinho qualificação turística consolidada, no alinhamento do desafio estratégico nacional que visa a procura da coesão social e territorial, o esbater de assimetrias resultantes da sazonalidade, a valorização de um território onde se torna difícil a fixação de populações qualificadas, aspetos fundamentais quando se pretende criar valor e distribuir riqueza. O Douro é um dos expoentes de Portugal na oferta turística, com especial potencial no que diz respeito à oferta enoturística, conjunto de atividades e recursos turísticos, de lazer e de tempos livres, relacionados com as culturas, materiais e imateriais, do vinho e da gastronomia autóctone dos seus territórios. O Douro deve, assim, mostrar-se de forma estruturada a todos aqueles que vêm à descoberta do território onde é produzido o seu vinho, incontornável fator para se potenciar, nacional e internacionalmente, o seu consumo esclarecido, fundamental ao aumento da sua comer-
Junho abre perspetivas de retoma da economia do Douro no pós-confinamento não terá sido tão aguda na sub-região do Douro, uma vez que o desemprego registado aumentou em, apenas, 2,7 por cento entre janeiro e maio de 2020, em evidente contraste com o que foi observado noutras sub-regiões do Norte, que viram o desemprego aumentar acima de 25 por cento em alguns dos casos. Ao nível concelhio observaram-se comportamentos mistos durante os meses de confinamento: alguns concelhos do Douro, como Freixo de Espada à Cinta (-12,7 por cento), Tarouca (-7,4 por cento) e Torre de Moncorvo (-17,8 por cento) tiveram uma queda do desemprego, enquanto os maiores - como Vila Real (8,4 por cento), Lamego (3,4 por cento) e Peso da Régua (3,5 por cento) - conheceram um aumento. Os últimos dados referentes ao mês de junho parecem indicar uma ligeira melhoria do mercado de trabalho com a reabertura parcial da atividade económica e com o levantamento moderado das restrições à mobilidade de pessoas e
bens. O desemprego registado no Douro baixou muito ligeiramente em 0,5 por cento durante o mês de junho de 2020 face ao mês anterior, acompanhando a redução de 1,7 por cento apurada na Região do Norte como um todo. A retoma da atividade económica em junho de 2020 foi especialmente notória no valor das exportações do Douro. Após a queda acumulada de 12,3 por cento entre janeiro e maio de 2020, as exportações registaram um crescimento de 25 por cento em junho de 2020 face ao mês anterior. O concelho de Lamego, o mais exportador da sub-região, deu um forte contributo para este relançamento, com um registo de crescimento das exportações de 72,8 por cento. A economia do Douro também já dá sinais de recuperação a nível do comércio. Em junho de 2020, as compras efetuadas através dos terminais de pagamento automático atingiram o valor de 40,7 milhões de Euros, mais 20,1 por cento do que em maio. O mês de junho bateu
mesmo o recorde de compras, com este meio de pagamento, durante o ano de 2020. O máximo anterior tinha sido de 39,5 milhões de Euros em janeiro, numa época em que os efeitos da pandemia ainda não se faziam sentir. Ainda que o mês de junho tivesse sido de retoma para o Douro, o futuro permanece repleto de incertezas e de dúvidas. Fica por enquanto a convicção de que o reforço da ajuda financeira a Portugal, no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio e de outros instrumentos excecionais, dará um contributo importante para a recuperação da economia e para a execução de reformas indutoras de um crescimento económico mais sustentável, inclusivo e, principalmente, orientado para o aproveitamento dos recursos endógenos e das potencialidades de cada território. O Douro dará, certamente, o seu contributo para este desiderato nacional.
AGOSTO 2020
VIVADOURO
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Lazer Piadas de bolso:
RECEITA CULINÁRIA
CHILLI DE CARNE COM ARROZ DE MANTEIGA (1PAX) Actual Gest Prof. João Rodrigues AZEITE 75 gr CARNE PICADA ½ CEBOLA PICADA 2 DENTES DE ALHO 25 gr PIMENTO VERDE 25 gr PIMENTO VERMELHO 25 gr PIMENTO AMARELO 50 gr COENTROS FRESCOS 50 gr TOMATE PELADO 50 gr POLPA TOMATE 30 gr BACON CUBOS COMINHOS Q/B SAL PIRIPIRI COLORAU VINHO BRANCO Q/B 15 gr MILHO COZIDO 2 COLHERES DE SOPA FEIJÃO PRETO 2 COLHERES DE SOPA FEIJÃO VERMELHO MANTEIGA ARROZ AGULHA QUEIJO RALADO PREPARAÇÃO • 1. Num tacho, refogue em azeite a cebola e o alho picado, pimentos picados, tomate pelado picado e coentros picados e o bacon aos cubos. • 2. Junte a carne picada, deixe cozinhar durante 3 minutos, vá mexendo para não agarrar. • 3. Tempere com o sal, a piripiri, os cominhos e a folha de louro. • 4. Adicione a polpa de tomate e o vinho branco. Deixe cozinhar durante 10 minutos mexendo de vez em quando. • 5. Coloque o milho, feijão preto e vermelho com um pouco de calda e deixe ferver mais 10 minutos para apurar. • 6. Num tacho coloque manteiga e de seguida o arroz e deixe fritar. De seguida colocar a água ( 3x a q.t de arroz colocar sal e deixar cozer) Servir o Chilli com arroz de acompanhamento
Diz ele para ela: - Posso não ser rico, não ter dinheiro, apartamentos e carros de luxo, ou empresas, como o meu amigo Anastácio, mas amo-te muito, adoro-te, eu sou louco por ti! Ela olhou-o com lágrimas nos olhos, abraçou-o como se o amanhã não existisse e disse baixinho ao seu ouvido: - Se me amas assim tanto de verdade, apresenta-me o Anastácio!
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Amor: Este período é um teste à forma como lida com as outras pessoas. Saúde: Durante este período lutará para alcançar os seus objetivos a nível de forma física e ajudará quem lhe está próximo a fazer o mesmo. Dinheiro: Situação financeira favorável. PUB
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