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Ano 5 - n.º 70 - dezembro 2020
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Mensal
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
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Fontaínhas Fernandes: Reitor da UTAD faz ao VivaDouro balanço dos últimos oito anos à frente da instituição
"Saber sair é tão importante como saber entrar" > Págs. 4, 5 e 6
EXCLUSIVO
Entrevista Clara de Sousa: "O Douro é uma região inspiradora pela paisagem, pelas suas gentes, a sua gastronomia e a sua forma de acolher" > Pág. 12 e 13
Reportagem O VivaDouro foi conhecer os negócios que se adaptaram à nova realidade pandémica > Págs. 36 e 37
INFORMAÇ O Nesta edição pode encontrar o destacável do Boletim Informação PUB
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VIVADOURO
DEZEMBRO 2020
Editorial José Ângelo Pinto Administrador da Vivacidade, SA. Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT
Estimados Leitores, Este é o último editorial que escrevo no VivaDouro.
SUMÁRIO: Destaque Páginas 4, 5 e 6 Armamar Página 7 Vila Real Páginas 8 e 14 Carrazeda de Ansiães Página 9 Lamego Página 10
Entrevista Páginas 12 e 13 Sabrosa Página 16
Assim, apresentei ao diretor do jornal, Miguel Almeida, um pedido para que me substituísse nessas funções a partir desta edição, pedido que foi aceite, o que significa que este local será ocupado a partir de hoje por textos e mensagens da sua autoria.
Região | Lamego Página 44
Como uma parte significativa dos nossos leitores sabe, a minha intervenção na edição é hoje praticamente nula, pois sempre fui de opinião (e continuo a ser) que os investidores e o capital na imprensa e na comunicação social devem estar afastados (bem afastados) das decisões editoriais. Apesar das evoluções societárias recentes em diversos jornais e até na televisão não serem nesse sentido, continuo a acreditar nisso. Assim, ainda me cabe a mim desejar, nesta edição, à equipa fantástica que produz este jornal também ele fantástico e também em nome deles a todos os nossos leitores e às suas famílias um Feliz Natal e um Ano Novo pleno de realizações. Até já e continuem bem protegidos,
PRÓXIMA EDIÇÃO 20 JANEIRO
POSITIVO O Alto Douro Vinhateiro é Património da Humanidade há 19 anos. Antes da pandemia, a região tinha cada vez mais visitantes internacionais, mas este ano foram os portugueses que descobriram a mais antiga zona demarcada do mundo.
São João da Pesqueira Páginas 10 e 11
O anúncio, muito em breve, da minha candidatura a uma eleição na região do âmbito do trabalho do VivaDouro faz com que, em consciência, considere que não é ético continuar a editar um jornal no território, mesmo que seja só de num concelho em dezanove ou que a minha intervenção se resuma a um artigo por cada edição.
O VivaDouro é um projeto de alcance regional que tem sido a voz de quem não tem voz. Tem sido e tem tido uma intervenção forte, ponderada, útil e consistente. Tem dado corpo ao mote que nos leva a editar jornais há mais de 14 anos: Fatos são fatos mas a opinião é livre.
Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org
Santa Marta de Penaguião Página 17 Torre de Moncorvo | Freixo de Espada à Cinta Página 18 Região Página 22 Reportagem Páginas 36 e 37
NEGATIVO Morreu o fotógrafo Noel Magalhães. Fotógrafo amador desde os 14 anos, Noel Magalhães nasceu em São João da Pesqueira e vivia em Peso da Régua. Ficou conhecido por eternizar o Douro e doar o seu espólio à região.
Opinião Página 46 Lazer Página 47
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Destaque
António Fontainhas Fernandes: "Aquilo a que nós nos propusemos quer no primeiro Plano Estratégico, quer no segundo, está cumprido"
Texto: Miguel Almeida Texto e Fotos: Carlos Almeida Que balanço faz destes dois mandatos como reitor da UTAD? O balanço pode-se fazer com duas ou três notas. Primeira, a maior visibilidade que a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro tem. Esta instituição é presentemente reconhecida não só na cidade e na região, como em todo o país. E há indicadores que o sustentam, nomeadamente o aumento de alunos que temos registado desde 2013... Neste momento temos 98% de alunos colocados no concurso nacional de acesso em que a grande maioria, mais de 80%, são alunos de primeira opção. Segunda nota a referir, o aumento da visibilidade da investigação. Há um aumento da produtividade científica – já demonstrado em diferentes rankings, nomeadamente o de Shangai. O financiamento da FCT que recebemos em 2020 é igual ao total dos últimos cinco anos, portanto aumentamos cinco vezes o montante de financiamento base da FCT. Por outro lado a UTAD foi a instituição portuguesa que mais cresceu na atração de fundos comunitários, seja pelo montante, seja pela diversidade. E a prova dessa visibilidade vê-se na própria dependência do Orçamento de Estado. O nosso orçamento para 2021 é de 64 milhões de euros, do Estado iremos receber apenas 55% desse valor. Antes a nossa dependência da transferência do Orçamento de Estado era entre os 80 e os 90%. Portanto, passamos para um patamar em que
a instituição está muito mais competitiva. A visibilidade conseguida motivou os resultados do ponto de vista do ensino, do número de alunos, da investigação e da atratividade de fundos. Importa ainda referir que parte dos fundos conseguidos resulta do trabalho com as empresas da região (que têm interesse nesta aproximação para a captação do capital humano aqui formado) gerando um efeito “spillover” em toda a região.
pessoas querem estar envolvidas na solução e cada vez aceitam menos soluções “topdown”. Era preciso que a Universidade trabalhasse nestas dimensões. E assim foi! Ou seja, a universidade está agora mais preparada para os desafios globais, quando era uma instituição mais fechada, mais dependente do Orçamento de Estado. Hoje afirmo que a UTAD está muito mais conectada e que as redes são fundamentais para a atração de receitas.
Em 2013, quando chega à UTAD, o que é que o assustou mais no cenário que tinha à sua frente? Eu tinha um diagnóstico muito claro da instituição porque estou cá desde 1980. Durante o meu percurso universitário desempenhei funções que me permitiram conhecer todo o funcionamento da instituição (desde Diretor de Curso, Diretor de Departamento, Presidente de Escola e membro da Equipa Reitoral). Já percebia os diferentes níveis de governação, conhecia as pessoas e, por isso, percebi que havia défices de comunicação. A Universidade fazia muita coisa bem mas comunicava mal com o exterior. Era importante que a Universidade se abrisse aos diferentes níveis da sociedade, não só à região, mas percebendo que o mundo passa por grandes desafios... E esses grandes desafios são a alteração do conhecimento (que é cada vez mais global), a alteração e a transformação das instituições (que têm que ser cada vez mais abertas, quer no trabalho que fazem no seu interior, bem como para o exterior) e ainda o desafio dos cidadãos e a sua transformação, pois
Estes oito anos certamente tiveram momentos difíceis e momentos de maior satisfação. Consegue apontar um ou dois exemplos em cada sentido? No ano em que assumi a reitoria, tínhamos a Troika em Portugal e os cortes no orçamento desse ano foram enormes. De 2010 a 2013 houve uma inadmissível diminuição do Orçamento de Estado às instituições e fortes restrições – nomeadamente o estarmos impedidos de contratar pessoas e de as valorizar. Foi um momento difícil, particularmente difícil... E em momentos difíceis é preciso ter a disciplina e o rigor de tomar decisões difíceis. Já na parte final do mandato surge a Covid-19. Em março fechámos a instituição e centrámos o nosso foco no apoio à região. Cedemos diverso material ao Centro Hospitalar da região. No auge da infeção criámos um Centro de Acolhimento Temporário para apoiar as situações que surgiam nos lares de idosos. Fomos pioneiros na criação de um Centro de Testagem e Diagnóstico que capacitou a UTAD das ferramentas necessárias para apoiar a bateria
de testes que foi feita à população. Ainda hoje, no dia em que fazemos esta entrevista, estamos a iniciar uma nova campanha de testagem nos funcionários dos lares. Vamos fazer a recolha de amostras dos funcionários (através do protocolo com o Ministério do Trabalho) e depois as respetivas análises serão efetuadas no Centro de Testagem. Centro esse que, ainda agora, ganhou um projeto para ampliar as suas instalações. Quanto aos momentos mais positivos, considero que o mais importante é que em cada dia temos o sentimento de dever cumprido. Aquilo a que nos propusemos (quer no primeiro Plano Estratégico, quer no segundo) está cumprido. No primeiro Plano Estratégico, lançamos o conceito de ECO universidade. Na altura não foi muito bem entendido mas hoje chega-se à conclusão que todas as instituições estão a alinhar para isso. Fizemos, por exemplo, um roteiro do ambiente. Um compromisso com o ambiente, concentrando desde logo toda a atividade no Campus. Porquê? Porque diminuímos a pegada ecológica. Os edifícios foram recuperados de um ponto de vista sustentável, utilizando materiais usados ou amigos do ambiente. Além da questão do orçamento... Depois criamos um segundo roteiro, centrado na transição energética. Neste momento a UTAD é um exemplo! Foram retiradas todas as coberturas com base em amianto (sendo que estamos a falar de 35 mil metros quadrados) e mudamos todo o sistema de iluminação… Esses investimentos foram todos suportados pela UTAD? Ao todo foram três milhões pelo POSEUR, mas essas verbas estão disponíveis para todas as universidades. E não há nenhuma universidade no país que tenha tido um projeto integrado como este. A mudança no sistema de iluminação – que passou do sistema convencional para o sistema led –, a instalação de 900 painéis fotovoltaicos ou até na climatização, sendo que passamos a usar a biomassa (resíduos) em vez do gás. Mas a boa gestão dos recursos também se avaliar, por exemplo, pelos sensores de água nas casas de banho, que foram todos alterados. Quanto à questão do uso de materiais, estamos a utilizar o asfalto que é retirado de certos locais e é restruturado e reaproveitado para os passeios. Os próprios passeios antigos também são reaproveitados para fazer areia (que serve de base de suporte aos novos materiais). Há economia circular em tudo o que fazemos! Temos ainda um plano de gestão de resíduos e uma campanha de combate ao plástico. A questão da mobilidade também nos preocupa. Estamos a retirar áreas de estacionamento e a devolver o campus à universidade e à cidade. É um projeto único que inclui 10 kms. de passeios requalificados, 7 kms. de ciclovia no interior do campus (que vai ter uma conectividade direta com o centro da cidade). Isto significa que o uso do automóvel vai diminuir e vão ser privilegiados os meios que são amigos do ambiente... Desde logo o andar a pé e promover o uso da bicicleta e outros meios que consumam menos carbono.
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Destaque É um projeto que vai trazer uma maior interligação entre as pessoas dentro do campus. As pessoas conhecem-se, falam-se, encontramse, passeiam e fazem a sua atividade. Vai ser um exemplo a nível nacional – até porque é o único que está certificado a nível internacional, sendo portanto um Eco Campus. Outra questão é aumentar a área verde. Estamos a aumentar a capacidade nos jardins e a biodiversidade. Isto vai de encontro ao que referi anteriormente... A Universidade está mais aberta, a Universidade é um local e um parque que as pessoas podem usufruir, por exemplo, ao fim de semana. Um local onde podem praticar atividade desportiva, onde podem ir passear e que se sintam bem. E não apenas um parque de estacionamento. Diria até que passará a ser um dos pulmões da cidade! E isto é um sinal claro de abertura. E, estas foram as questões-bandeira que cumprimos. Como elencou, levou a cabo, ao longo destes anos, uma série de alterações profundas na universidade. E muitas dessas alterações, como referiu, ligadas ao ambiente e à tecnologia... É esta a resposta que a universidade quer dar para o futuro? O futuro passa por mais sustentabilidade e isso passa pelas dimensões ambiental, social e financeira. Agora somos uma universidade menos dependente do Orçamento de Estado e mais competitiva, mais aberta e que tem mais visibilidade. Tal significa confiança para as pessoas e para os empresários, sejam portugueses ou externos. A Universidade tem que ser mais amiga das pessoas. Quando tendemos para uma época em que existe a desconfiança que os seres humanos sejam substituídos por máquinas, as relações humanas começam a ser cada vez mais importantes e os papel das ciências humanas e sociais ganha mais dignidade. Não podemos conhecer as pessoas pelo endereço de email ou pelo número de telemóvel! Mas conhecer as pessoas na verdadeira aceção da palavra – com um campus mais próximo, onde as pessoas se mobilizam, se encontram e se conhecem... e isto gera mais humanidade à organização. Voltando a resposta anterior... Estivemos impedidos de valorizar as pessoas pelo mérito de renovar, que é um dos maiores problemas das universidades. A média de idades é muito elevada, acima dos 55 anos. Neste momento essa valorização já é possível e estamos a fazê-lo. Com critérios e com base no mérito. Estamos também empenhados em cativar mais jovens. O país está muito mais qualificado mas há um “parque de estacionamento” de jovens no mercado de trabalho à espera de uma oportunidade. E temos que motivá-los. Para isso tem que existir cultura e valores numa instituição. Não nos devemos deixar “apagar” pelos problemas da digitalização e da “virtualização” da vida. Neste “mundo das máquinas” o papel das ciências humanas e sociais é absolutamente fundamental.
Já falou no prestígio alcançado pela UTAD... Foi também que esse prestígio que o fez chegar a Presidente do CRUP? É exceção ser um reitor de uma Universidade de menor dimensão e ser Presidente do Conselho de Reitores. Isso significa não só prestígio, mas também a importância das instituições localizadas no interior e é um sinal claro de reconhecimento que o sistema científico português e que a rede científica de instituições não está sobrelotada. A prova disso é que, até agora, se dividia a Europa na Europa do Norte (dos ricos e dos organizados) e na Europa do Sul (dos que contribuem para o défice). Hoje a Europa divide-se na Europa das regiões que estão com conhecimento... E das regiões que estão fora do conhecimento. Acho que as regiões que estão “fora do conhecimento” levam a movimentos populistas. Veja-se o caso dos coletes amarelos em França ou do BREXIT. Estar de “fora do conhecimento” leva a movimentos populistas que, de todo, se desejam evitáveis na Europa. E essa é uma das questões cívicas que mais me move: aumentar a coesão da Europa das regiões. Se não fosse o conhecimento não teríamos dado uma resposta tão forte à Covid. Se não existissem os centros de testagem (deslocados no país) não seria a centralização entre Porto e Lisboa que iria resolver o problema das populações que estavam isoladas. Considero que o futuro passa por aquilo que foi em tempos a grande preocupação do país: a conectividade infraestrutural, as ditas “autoestradas”. Desta vez é tempo de capacitar o interior de um conhecimento mais científico, mais formação, mas também maior conectividade digital. E não podemos passar ao lado de tal. E isso pode passar por responder a um desafio que ainda recentemente o Ministro da Ciência e do Ensino Superior deixou?... Não o disse diretamente, mas deixou no ar a criação de um Curso de Medicina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro? O Ministro reconhece que a UTAD tem, dentro das suas competências, áreas de conhecimento em que marca a diferença. Hoje, na medicina mundial, há uma nova área onde temos de ir mais além no conhecimento. 25% das doenças do Ser Humano são de origem ambiental. E é preciso perceber que a Covid é a primeira de uma série de doenças que poderá surgir da interação entre o animal e o homem. Hoje o conceito de saúde tem que ser visto à luz dos tempos modernos de “one health”, ou seja, um conceito de uma só saúde. As alterações que estamos a provocar e as agressões que estamos a fazer ao planeta causam alterações nos animais e nas plantas, podendo ter efeitos nefastos no homem. Portanto, o conceito de saúde tem de ser testado de uma forma integrada. A UTAD já estuda as questões ambientais e as questões das alterações ao nível das plantas e dos animais... Falta “ver” a interação com o Homem. Esta é uma nova área multidisciplinar do conhecimento que todos os países têm de investigar. A Europa estava muito mais ligada a doenças neurodegenerativas do ponto de vista oncológico,
mas há aqui uma nova área do conhecimento que é preciso estudar. Se olharem para o diagnóstico que está a ser preparado, para a região Norte, nota-se que no Norte interior (terras de Trás-osMontes, do Tâmega e do Douro) existe um défice de infraestruturas de saúde. Se quisermos atrair profissionais para capacitar essas infraestruturas, temos que os ter cá! Há gente suficiente para termos aqui um grande hospital (como o de São João) no Douro ou em Trás-os-Montes. Há essa capacidade? Ele já existe! O Centro Hospitalar de Trás-osMontes e Alto Douro. Tem o centro em Vila Real, em Lamego e em Chaves. O que necessita não é só da requalificação das infraestruturas, mas de profissionais. A carência é essa? De profissionais. E por outro lado, existe um hospital em Bragança com uma grande capacidade instalada (além das unidades locais de saúde). Portanto, do ponto de vista das infraestruturas, é preciso capacitá-las! Mas, essencialmente, fixar quadros! Porque um dos maiores problemas do interior é a fixação de massa crítica. E, por isso, só o conhecimento é que
atrai... Reparem na revolução do Douro. Nasceu com um forte investimento público (que foi o Plano de Desenvolvimento Rural de Trás-os-Montes) e, depois, o investimento da UTAD em conhecimento – não só do ponto de vista da investigação, mas de uma nova geração de enólogos que revolucionou o Douro. Se quisermos ter um Norte mais coeso, e não a duas velocidades, temos que apostar no conhecimento cientifico (não só em Vila Real, como em Bragança). É evidente que também no território poderão existir formações curtas, mas com base nestes dois polos de conhecimento. É preciso aumentar a base de conhecimento e inovação na região se quisermos alavancar o crescimento. O Norte converge com Portugal mas distancia-se da União Europeia, mesmo com os fundos comunitários. A recuperação económica que aconteceu nos últimos tempos (no Norte), antes do Covid, advém de três áreas geográficas: a área metropolitana do Porto, a zona do Cávado e do Ave e ainda o Alto Minho. Por outro lado, com maiores dificuldades em alavancar, encontramos principalmente o Tâmega, o Douro e Trás-osMontes. Portanto, aqui, é preciso apostar no
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Destaque conhecimento. Sustenta ainda mais a ideia que trouxe para o cargo de reitor de que o conhecimento das universidades pode (e deve!) ser a alavanca e o motor de fixação de pessoas em regiões como esta? Se olharmos para os últimos 10 anos, os movimentos que causam preocupação e que põem em causa a coesão europeia são movimentos populistas, provocados por pessoas que estão em zonas afastadas do conhecimento, mais conservadores... E isso é um problema que põe em causa a própria sobrevivência da Europa. O futuro passa por aumentar conhecimento. Não só aumentar a formação das pessoas, mas dar mais formação. Quando se fala do conhecimento no interior, o que aqui está instalado é o setor primário. Portanto, temos uma economia com base no setor primário e na Administração Pública. A perda de algumas instituições da Administração Pública – refiro-me ao encerramento de tribunais ou de serviços de finanças – vai diminuir e esvaziar ainda mais o interior. Quando defendo que é importante dar mais valor ao interior com o conhecimento, refirome a como é que nós, com a matéria prima de qualidade que temos, podemos aumentar o valor acrescentado! Ou seja... Não vender a matéria-prima em bruto, mas vender já transformada. É preciso trazer mais conhecimento e mais indústrias transformadoras que tragam um aumento no rendimento das populações, fixando empresas. Nunca esquecendo as questões das tecnologias! Tudo passa pela tecnologia!... Portanto, o mais importante é aumentar a capacidade de conectividade digital no futuro no interior. Esta entrevista está a ser feita em plena segunda fase da pandemia Covid-19. Como é que a universidade se tem adaptado a esta nova realidade? E se amanhã houver um surto “qualquer”, há já algum plano para isso? As instituições têm-se adaptado às realidades de uma forma crescente. Ou seja, de início a principal resposta da Universidade apontava no sentido de assegurar o ensino à distância e, em paralelo, apoiar a região. Agora importa ver como é que depois do desconfinamento mantivemos o ensino presencial. Houve uma alteração de comportamentos... Os próprios funcionários adaptaram-se a um funcionamento misto, à distância e em teletrabalho. No caso dos estudantes há turmas que param e passam para a distância, consoante vão surgindo casos ou não. Portanto... Estão a aparecer casos positivos mas estão a ser dadas respostas. Até ao momento houve um sinal de estabilidade – quer do ensino, quer do ponto de vista da resposta da instituição às outras partes. Não estamos a abrandar o ritmo de funcionamento. Não parou nada por causa da Covid? É evidente que o momento da adaptação cau-
sa atrasos no sistema. É evidente... Do ponto de vista do abandono escolar não temos um aumento assustador. Nem por razões económicas... Em março lançámos um sistema (o “UTAD + Contigo”) e verificou-se que o grande problema dos estudantes não eram as razões económicas, até porque criámos um Fundo de Emergência Social... Mas o grande problema foi a falta de equipamentos informáticos nos locais de onde os estudantes eram provenientes. Ou a falta de rede [de Internet]. E isso são problemas de outra dimensão que a Universidade não pode resolver na globalidade. Dizia-nos, em entrevista que nos concedeu há três ou quatro anos, que um dos grandes problemas que sentia na universidade era a questão do alojamento dos estudantes. Como é que está a situação dos alunos que vêm de fora do concelho? E, sobretudo, do distrito? Do ponto de vista da capacidade instalada na Universidade está absolutamente igual, sendo que a oferta é menor por parte da UTAD (uma vez que tivemos de adaptar as instalações devido à Covid, havendo uma diminuição de oferta de 30%). A UTAD neste momento tem projetos que estão preparados para o próximo Quadro Comunitário e para a famosa “bazuca”. Defendemos que no Plano de Recuperação e Resiliência existiam meios financeiros para a construção de residências. No nosso caso era a adaptação de espaços, nomeadamente no CIFOP, e aumentar a capacidade das próprias residências.
O município é sensível a essa dificuldade? O Município é sensível mas também não tem instrumentos. Neste momento a maior oportunidade que temos é com o Quadro Comunitário, que ainda demora... Valeria a pena que o Estado permitisse que a parte residencial pudesse ser financiada pela requalificação dos espaços para a área residencial, podendo ser financiada por fundos do Plano de Recuperação e Resiliência. Ou, então, do Portugal 2030. Isso é absolutamente determinante. Por outro lado, como estamos a falar em recuperação e capacitação de espaços, tal iria dinamizar a própria economia local – uma vez que a UTAD, nos últimos anos, tem privilegiado muito as empresas locais em todas estas atividades de requalificação que desenvolve. Falando do futuro... Há um legado de oito anos e este legado vai ser ocupado por alguém que virá daqui a um/dois meses... Não o preocupa quem o vai substituir? Julgo que há dinâmicas que são irreversíveis. É fundamental manter a visibilidade e a notoriedade que a Universidade tem, assim como a dinâmica sustentada de crescimento de alunos. Por outro lado, o novo modelo orgânico de funcionamento da Universidade é um modelo que é inovador e que vai ter efeitos a médio prazo. Mas que tem que ter continuidade. A política ambiental é inexorável. A sustentabilidade, como fator para a atratividade, é um
dos fatores de competitividade na atração de alunos. Estes são caminhos que, qualquer que seja a solução que a se venha a escolher, aos quais a universidade deve dar continuidade. Em termos de nomes, há alguém que no seu entender esteja mais bem preparado para tal? Eu acho que a Universidade é que tem de escolher. A universidade terminou um processo eleitoral para a escolha do Conselho Geral. Existiram quatro listas... O que significa que há uma grande mobilização da academia no debate de ideias. A academia está a crescer e estou certo de que vão aparecer vários candidatos, com diferentes programas, e que irão dar continuidade a este trabalho. O trabalho que é a UTAD e é a Região. O reitor deve saber transferir os poderes de forma a aceitar a decisão da Universidade, do atual Conselho Geral eleito, participar nessa mudança com serenidade e responsabilidade. Saber sair é tão importante como saber entrar. Um conselho que queira dar ao próximo Reitor da UTAD? Que tenha orgulho em ser Reitor da UTAD, como eu tive! Somos uma instituição, localizada no interior, a mostrar que é possível ir mais longe. E que essa visibilidade não seja apenas a nível nacional, mas também a internacional! ▪
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Armamar
Câmara Municipal lança campanha de apoio ao comércio local A Câmara Municipal de Armamar lançou no primeiro dia de dezembro a campanha “Este Natal vou comprar no comércio local de Armamar”. A iniciativa surge como resposta aos prejuízos que o setor económico do município tem vindo a sentir devido
à pandemia da Covid-19. Nos setores da restauração e pequeno comércio a situação é preocupante. A Campanha desenrola-se ao longo de todo o mês de dezembro, até ao dia 5 de janeiro de 2021. Os participantes devem preencher
um cartão, disponível nas lojas aderentes, com os dados relativos às suas compras e depositá-los numa tômbola que a Autarquia vai instalar em frente ao Posto de Turismo, bem no centro da vila de Armamar. Em janeiro serão sorteados 20 vouchers
de 50 euros para compras em lojas do concelho. Com esta iniciativa a Autarquia espera incentivar as compras nas lojas comerciais do concelho, fidelizar os clientes e alavancar o tecido comercial de Armamar. ▪
Morreu o sobrevivente da tragédia de setembro de 1985 Faleceu este mês, aos 81 anos de idade, José Manuel Fulgêncio, o sobrevivente do incêndio que tirou a vida a 14 bombeiros em Armamar. Em setembro de 1985 José Manuel Fulgêncio escapou quase ileso à tragédia que vitimou 14 homens da corporação local dos Bombeiros Voluntários num enorme incêndio. Quase ileso porque perdeu entre os camaradas nesse teatro de operações um filho e um irmão. Bombeiro desde 1971, José Fulgêncio, o porta estandarte da corporação, foi sempre uma referência entre os seus pares, especialmente os mais novos. O senhor José Manuel foi também trabalhador da Câmara Municipal de Armamar, como cantoneiro de limpeza, entre novembro de 1973 e setembro de 2004. Foram quase 32 anos de dedicação, um homem
sempre muito respeitado e acarinhado pelos colegas. Armamar vê assim partir um dos homens mais carismáticos do concelho.
Antes do funeral, que teve lugar no passado dia 11, o corpo do bombeiro passou pelo quartel do Bombeiros Voluntários onde a corporação, em parada, lhe fez a Guarda de Hon-
ra e toque de sirene, numa última homenagem. José Manuel Fulgêncio foi bombeiro da corporação desde 1971 e era até hoje o seu porta estandarte. ▪
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Vila Real
Autarquia disponibiliza ajuda ao Ministério da Saúde para campanha de vacinação Covid-19 A autarquia de Vila Real comunicou ao Ministério da Saúde a disponibilidade de salas para vacinação, camaras frigoríficas com temperatura inferior a -80ºC nas instalações do Regia Douro Park e a Unidade Móvel de Saúde. Consciente da dificuldade em executar uma campanha urgente de vacinação contra a Covid-19, o Município de Vila Real tomou a iniciativa de contactar as autoridades de saúde, no sentido de disponibilizar espaços e equipamentos para auxiliar nessa missão, que consistem em 3 salas, com cerca de 200 m2, totalmente disponíveis e adequadas para a instalação de um centro de vacinação. “Eu julgo que é melhor prevenir do que remediar e desde já estamos a disponibilizar ao Ministério da Saúde, ao Estado português, todas as condições para que no distrito de Vila Real, na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, a partir do Regia Douro Park, possamos desenvolver um processo que leve a que as nossas populações, o público-alvo prioritário, possa ser, logo no início do processo, vacinado. Tivemos o cuidado de fazer estas visitas com profissionais de saúde que conhecem muito bem as necessidades de todo este processo. É preferível ter estes espaços preparados do que serem-nos solicitados e não termos nada. Quisemos desde já sinalizar a nossa disposição para ajudar em tudo o que seja necessário neste processo. É verdade que há coisas que não controlamos, não sabemos quando é que a vacina será ho-
mologada, não sabemos que quantidades chegarão à região, etc, mas isso também o Estado não sabe e isso não impediu que preparasse o seu programa de contingência e de vacinação. Nós somos parte da solução, queremos ajudar, mostramos disponibilidade para o efeito e não haverá nenhum motivo para que a nossa população não tenha condições para poder ser vacinada dentro daquilo que são os critérios da “Task Force” que assumiu como prioridade para a população idosa e com outras patologias”, afirmou o autarca Rui Santos na apresentação das instalações á comunicação social. As salas, originalmente laboratórios no Regia Douro Park, possuem características que as otimizam para este fim, para além de estarem bem servidas de acessos, estacionamento e acesso para cidadãos com mobilidade reduzida. Perante a necessidade de, potencialmente, ser vacinada toda a população, o Município considerou relevante oferecer espaços alternativos, de forma a que as unidades de saúde consigam manter a sua capacidade de resposta a todas as questões não relacionadas com Covid-19. Também no Regia Douro Park, o Município disponibilizou arcas congeladoras com capacidade de gerarem temperaturas inferiores a 80 graus negativos. Estas poderão ser usadas para armazenamento de stocks de vacinas, quer para o concelho de Vila Real, quer para a região. Nesta altura a capacidade de armazenamento é de 600 litros, que poderá ser elevada até aos 1.200 litros, em caso de necessidade. “Oferecemos instalações, oferecemos também a possibilidade de terem vacinas em ambiente com menos de 80º, temos aqui equipamento para o efeito, oferecemos também a possibilidade de usarem a nossa Unidade Móvel de Saúde para se deslocarem aos locais onde estão os idosos, onde estão as pessoa que no fundo são o público alvo deste processo numa primeira fase.
> Marisa Borges, Vogal do Conselho Clínico do ACES Marão e Douro Norte
> Rui Santos
> Arcas de frio
> Sala de vacinação
É uma forma também de aliviar a presença de pessoas nos Centros de Saúde, nas unidades de saúde, permitindo que essas unidade possam corresponder a outras necessidades do SNS. É um espaço que obedece às condições que o ministérios da saúde e os profissionais de saúde nos indicaram. Como disse, espaços arejados, com zona de frio e uma unidade móvel que se pode deslocar aos lares, aos serviços de apoio domiciliário e ao nosso mundo rural, porque tudo isso implica uma grande logística. A acessibilidade é importante e é muito relevante terem aqui condições de segurança para que a vacina possa estar estabilizada, à temperatura adequada. Também é muito relevante ter em consideração que há pessoas que não se podem deslocar e aí temos a nossa unidade móvel”, afirma Rui Santos. Presente também nesta apresentação esteve Marisa Borges, Vogal do Conselho Clínico do ACES Marão e Douro Norte que se congratulou com a disponibilidade da autarquia sublinhando a importância de uma cooperação conjunta entre todas as entidades. “Esta abordagem parece-nos essencial porque vai permitir às unidades melhorarem a resposta não Covid e vai permitir, por outro lado, otimi-
zar o processo de vacinação com todas as comodidades que este espaço nos oferece, tanto a nível de acesso para os utentes como para os próprios profissionais terem todas as condições necessárias”. O Presidente do Regia Douro Park, Nuno Augusto, sublinhou a colaboração que o espaço tem tido com a autarquia desde o primeiro momento no combate à pandemia, exemplificando com a centro de testagem que ali foi montado desde a primeira hora. “Já numa primeira fase cedemos algum equipamento laboratorial para a criação do laboratório de testagem Covid-19 da UTAD. Agora, atendendo às especificidades da vacina, como nós temos algum equipamento de congelação que faz temperaturas muito baixas, adequadas às necessidades, disponibilizamos esse equipamento bem como as instalações para que se pudesse rapidamente ultrapassar qualquer dificuldade e criar um centro de vacinação. Nós estamos sempre atentos às mudanças e às necessidades da comunidade. Também aqui disponibilizamos desde o início um espaço para a despistagem da Covid. Estamos sempre disponíveis para ser parte da solução e ajudar a cidade nos novos desafios que nos são apresentados”. ▪
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Carrazeda de Ansiães
Exposição de presépios O Natal está à porta e o município de Carrazeda de Ansiães quis manter viva uma das mais antigas e mais belas tradições de Natal, por isso tem a decorrer durante a quadra natalícia a Exposição de Presépios. As instituições públicas ou privadas e as associações do concelho deram asas à criatividade e decoraram o centro da vila com as suas recriações do nascimento de Cristo. Os presépios podem ser visitados na Praça do Município, na Praça dos Combatentes e no Jardim da Praça Dom Lopo Vaz de Sampaio até ao dia seis de Janeiro. ▪
Município Apoia Produtores Locais Se é residente no concelho de Carrazeda de Ansiães durante os próximos dois fins de semana será surpreendido por uma lembrança de boas festas da Câmara Municipal. As caixas de Boas Festas são constituídas por um bolo rei de 250gr, uma garrafa de vinho do porto de 20cl e por dois outros bens de produção local: bombons, frutos secos, maçã desidratada, biscoitos
ou compotas. Esta foi uma forma encontrada pela autarquia para apoiar as padarias, pastelarias e os produtores locais que tiveram quebras significativas de vendas resultantes dos constrangimentos provocados pela pandemia. As 2700 caixas de oferta, no valor total de cerca de 30.000€, serão distribuídas pela população residente entre os fins de semana de 12 e 13 e 19 e 20 de dezembro. ▪
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Lamego
No Natal o bolo é Rei Chegada a quadra natalícia há um bolo que marca presença em praticamente todos os lares de Portugal, o Bolo Rei. Em Lamego a tradição do Bolo Rei não foge à tradição mas no Solar do Espírito Santo, uma das confeitarias mais antigas da cidade, José Rodrigues quis ir mais além e nos últimos anos tem inovado trazendo diferentes sabores para um bolo tradicional. “Foi uma ideia que tivemos há uns anos atrás. Havia o bolo rei tradicional, de formato redondo e massa de brioche, e nós tivemos a ideia de fazer em massa folhada. Falamos com os pasteleiros e fomos fazendo algumas experiências até que chegamos ao primeiro resultado, aquele a que chamamos Bolo Rei de Chila, num formato de tronco com chila e todos os outros frutos tradicionais do Bolo Rei. Foi um sucesso fantástico, a chila dá-lhe uma doçura diferente que as pessoas apreciam muito. A partir deste sucesso começamos a fazer outras criações, de dois em dois anos normalmente.”, conta José Rodrigues à nossa reportagem. O empresário afirma que nem todas as experiências têm corrido bem, contudo, segundo diz, estas experiências “são sempre bem aceites pelos clientes, as pessoas já ficam curiosas sobre o que iremos fazer em seguida e querem sempre experimentar porque aci-
ma de tudo reconhecem a qualidade do que fazemos”. Depois das várias experiências feitas ao longo do tempo, este ano a escolha recaiu sobre os sabores mais cítricos com a laranja e o limão, estando já a ser experimentado também um Bolo Rei de espumante e passas brancas, juntando assim outro produto de excelência do concelho lamecense. “Depois da chila escolhemos o chocolate que também teve uma aceitação muito boa. Dois anos depois dessa nova experiência fizemos um Bolo Rei de maçã e depois um de castanha, que não teve a aceitação dos anteriores. Este ano fizemos uma nova invenção,
um Bolo Rei de laranja com limão que fica muito bom, contudo, acho que essa frescura dos citrinos lhe tira um pouco aquele imagem do Natal, aquele aconchego que procuramos neste tipo de pastelaria. Estamos já a desenvolver uma nova experiência mas que ainda estamos a testar que é com espumante e passas brancas. É uma ideia que está a ser cozinhada”. Num ano marcado pela pandemia Covid-19 e pela quebra nas vendas, José Rodrigues espera agora que o Natal possa ser uma tábua de salvação para o negócio. “Estou à espera que o Natal seja a sal-
vação deste ano. Não havendo tantos jantares de Natal, que não vão haver, estou à espera que as pessoas acabem por comprar mais Bolo Rei, para levar para casa mas também para oferecer. Também as empresas que não vão ter os seus tradicionais convívios desta época poderão comprar mais para oferecerem cabazes aos seus colaboradores, é a esperança neste momento”. Fã “confesso e incondicional” do Bolo Rei, José Rodrigues afirma que o segredo do sucesso do Bolo Rei é a mistura de sabores que proporciona mas também a “sensação de conforto” que transmite, “em especial numa época como esta”. ▪
> José Rodrigues, proprietário da pastelaria Solar do Espírito Santo
São João da Pesqueira
XV Conferência das Jornadas Cooperativas do Douro As jornadas tiveram como tema central o Douro tendo sido intervenientes Luís Rochartre Álvares, Carlos Brito e José Ângelo Pinto, que fizeram as suas intervenções tendo como objetivo a sustentabilidade da Região do Douro.
Luís Rochartre Álvares apresentou a sua intervenção sobre a sustentabilidade e o seu enquadramento na estratégia definida pela World Business Council for Sustentability Development – WBSCD, expondo de forma clara a estratégia que deverá ser adoptada pela Região do Douro para ser uma região sustentável de acordo com as melhores práticas definidas pela WBSCD. Carlos Brito na sua intervenção descreveu uma estratégia de marketing
integrada para o Douro fazendo um especial realce para a preparação das pessoas para uma maior atação de turistas e a sua retenção na região bem como a procura de uma maior diversificação de produtos e serviços que poderão ser explorados pelos diversos tipos de agentes económicos na Região do Douro. José Ângelo Pinto apontou de uma forma clara os diversos obstáculos ao crescimento da região, referindo em
especial, a dificuldade de fixar pessoas com competências adequadas e o problema das infraestruturas viárias, estradas e via-férrea, e mais premente a das infraestruturas digitais que agravam todo o tipo de atividades e negócios na Região do Douto. Foi uma conferência que, pela diversidade das intervenções, foi muito rica nas suas propostas e com toda a certeza permitiu aos assistentes do evento, um enriquecimento muito proveitoso. ▪
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São João da Pesqueira
Vale de Natal Sénior O Município de S. João da Pesqueira decidiu oferecer neste Natal um Vale de Natal de 25€ à população Sénior do Concelho, uma vez que este ano não será possível a realização da tradicional Festa de Natal. Assim, o vale de Natal Sénior, para além de apoiar a comunidade com 65 ou mais anos (que perfaçam os 65 anos até o dia 31 de dezembro de 2020), servirá também para ajudar o comércio local, que tem sofrido também com as restrições e cortes de faturação devido a um ano fortemente marcado pela pandemia Covid 19. O vale de Natal Sénior deve ser utilizado até ao dia 31 de janeiro de 2021. A partir de dia 15 de dezembro inicia-se a entrega dos Vales de Natal Sénior nas freguesias / localidades do Concelho. As datas de entrega e horários estão
disponíveis em www.sjpesqueira.pt Regras de utilização do Vale de Natal Sénior 1 - O Vale de Natal Sénior tem o valor unitário de 25€; 2 - No ato de aquisição do bem ou serviço, entregue o vale num dos comércios aderentes a esta iniciativa; 3 - Caso o bem ou serviço a adquirir ultrapasse o valor de 25€ (Vinte cinco Euros), liquidará da sua responsabilidade o valor excedente. No caso contrário, receberá o correspondente troco em numerário; 4 - O presente titulo é válido nos estabelecimentos comerciais do concelho de S. João da Pesqueira, aderentes à iniciativa, em compras realizadas até ao dia 31/01/2021; (O comércio aderente tem o autocolante desta iniciativa em local visível
na porta de entrada; 5 - Em caso de dúvida contacte o Gabinete de Ação Social do Município, através do telefone 254 489 999;
O Município de S. João da Pesqueira deseja a todos um Feliz Natal e um Ano Novo com Saude e Esperança renovada. ▪
Museu do Vinho “plantou” a floresta encantada de Natal O Museu do Vinho de S. João da Pesqueira convocou a comunidade pesqueirense para a plantação de uma Floresta Encantada de Natal, preenchida com as espécies florestais mais criativas. O espírito de união característico da quadra falou mais alto e ninguém faltou à chamada! O desafio lançado há semanas pela equipa do Serviço Educativo do Museu do Vinho consistia na criação de uma árvore de Natal – sozinho, em família ou mesmo em pequenos grupos – inspirada no território e aproveitando materiais que marcam a cultura duriense:
como o xisto, as vides, as rolhas e as garrafas, etc. Todos ouviram o repto e miúdos e graúdos deitaram mãos à obra. O resultado? Árvores de Natal de diferentes tamanhos, materiais, espécies e personalidades. Algumas há que, não falando, podem ler-se, e todas deixam bem clara a mensagem: Um Feliz Natal. A coleção original deu origem a uma exposição que pode ser visitada até dia 10 de janeiro na Loja de Exposições Temporárias da Loja Interativa de Turismo - Museu do Vinho de S. João da Pesqueira. ▪
Prendas de Natal aos alunos do pré-escolar e 1.º ciclo Uma vez que este ano não será possível a realização da Festa de Natal dos Centros Escolares, a Câmara Municipal decidiu ofertar às crianças do Pré-Escolar uma trotinete, que para além da vertente lúdica também servirá para estimular a atividade física e motora. Aos alunos do 1. Ciclo foi oferecido um computador pessoal, de forma a contribuir para o crescimento intelectual e apoio ao estudo, numa época em que o ensino é cada vez mais recorrente através das plataformas digitais. ▪
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Entrevista menos bons e desfrutarmos, da melhor maneira, dos bons. Profissionalmente, estes quase 30 anos mostraram-me que se nós valemos pelo que somos, sem dúvida, valemos também pelas equipas com quem trabalhamos. E eu tive e tenho a sorte de trabalhar com excelentes equipas que ajudam a fazer a diferença.
CLARA DE SOUSA: “Mais capacidade para ter esperança do que para ceder ao desespero”
Texto: André Rubim Rangel
É natural dum local de sol, mar e praia (Estoril). Seria capaz, e em que circunstâncias anuiria para tal, de mudar de vida para uma região de rios, vales e montanhas como o Douro? E o que mais admira nele? Eu gosto muito do campo, e apesar de viver no litoral estou numa região com a serra de Sintra bem perto e vivo numa aldeia que nada tem a ver com a cidade. Nasci, cresci e sempre vivi aqui e não me imagino a viver noutro local, mas sendo filha de transmontano do distrito de Vila Real, e tendo aí passado muitos verões da minha infância e juventude, é claro que tem um lugar especial no meu coração, já que tenho aí as minhas raízes
paternas. É uma região inspiradora pela paisagem, pelas suas gentes, a sua gastronomia e a sua forma de acolher. No que conhece do Baixo ao Alto-Douro, se tivesse de apontar 3 factos inegáveis em jeito de «semáforo», qual seria para si a luz verde (+) da região, a luz amarela (+/-) e a luz vermelha (-)? Da minha fraca e limitada perceção, de quem não conhece o suficiente, mas arrisco dar a luz verde para algo que muito aprecio, o bom vinho, tinto de preferência. Os do Douro são os meus eleitos. No vermelho, talvez a desertificação das aldeias, como a do meu pai, onde os mais jovens já dificilmente ficam, porque procuram por oportunidades que neste momento só encontram nos grandes centros urbanos. É natural. São aldeias
Ser pivô de telejornal em horário nobre (sempre em direto) acarreta, certamente, responsabilidades maiores. Das aventuras tidas, quase caricaturais – mais e menos divertidas / positivas –, não esquecerá? Tive momentos muito duros em que não consegui conter as lágrimas, e outros divertidos de chorar a rir. Nos menos bons, após a queda da ponte de Entre-os-Rios, emocionei-me imenso com a desorientação de uma idosa que tinha perdido o filho na queda da ponte e que tinha um aviso do seguro do carro a pedir-lhe para fazer um pagamento qualquer. E ela nem sabia, ou percebia, o que estava a acontecer. Estava totalmente desorientada. Aquele momento tocou-me tão fundo que não aguentei. Nunca o esqueci. Do lado divertido, há o caso de ficar a rir descontroladamente depois de o meu colega Rodrigo ter lido o nome do Muammar Kadafi de várias formas e, sabe-se lá porquê, aquilo tocoume no botão do riso e não houve forma de controlar. Esse vídeo está no Youtube e durante muito tempo viralizou.
que vão ficando muito vazias e isoladas e onde quase só os mais velhos resistem. E é para que se possa travar esta hemorragia demográfica que coloco no amarelo a necessidade de se investir na região, para fixar os jovens, para que nos locais onde têm raízes possam realizarse pessoal e profissionalmente. E para isso é preciso mais investimento público e privado. Tal como a vida dos seres humanos passa sempre por altos e baixos, que altos e baixos vividos descreve – e que lições lhe transmitiram – nos seus quase 30 anos de Jornalismo profissional? A vida pessoal e profissional é sempre feita de altos e baixos, faz parte. Acho que o essencial é mantermos a coragem e a força para ultrapassar os momentos
Antes da televisão fez rádio. Dois mundos completamente distintos ou nem por isso? É mais o que os une ou o que os separa?... No meu caso, distintos sim, mas com mais a uni-los do que a separá-los. Sendo uma escola, que não impõe a pressão da imagem, permite desenvolver e melhorar capacidades de comunicação verbal. Passados uns anos isso pode ser fundamental para se conseguir ser um profissional mais completo em televisão, no caso de se querer seguir esse caminho. É a única mulher jornalista portuguesa que já apresentou os noticiários nos três canais generalistas nacionais. Sente-se, agora, mais realizada em 20 anos na SIC, do que quando esteve 3 anos na TVI e 4 na RTP? Ou os anos, em cada um deles, não falassem por si… Em que consiste esse grau de satisfação e de realização? Sem qualquer dúvida, quando estive na TVI e na RTP estava a crescer profissionalmente, hoje tendo de me preparar da mesma forma como da primeira vez,
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Entrevista tenho uma realização profissional baseada no trabalho público de 30 anos, escrutinado diariamente pelos portugueses. Teve altos e teve baixos, mas teve claramente muitos mais altos do que baixos. O escrutínio público permanente poderia ter-me paralisado, mas isso não aconteceu. A minha realização hoje obriga-me a nunca descansar sobre os louros; dá-me ainda mais responsabilidade e obrigação de fazer melhor. Sim, tenho mais experiência, mas muito mais responsabilidade e menos margem para errar. Para si, e neste momento, há uma concorrência normal ou letal entre eles? E o que difere bastante entre o privado e o público? Nunca tivemos concorrência letal, nem desejo disso creio. Não interessa a ninguém “matar” os concorrentes. Para mim, uma saudável concorrência é tentar fazer melhor e esperar que as pessoas concordem. Quando estou a trabalhar não penso muito nisso, nem a minha postura mudou quando estive na estação pública. Para nós, profissionais, isso é totalmente indiferente. Cada um faz o que tem a fazer e no fim as audiências decidem quem ganhou. Mas, sabendo que é importante, não sou uma “maluquinha” das audiências que vai ver os resultados assim que acorda de manhã. Não. Os 30 anos de profissão deram-me alguma tranquilidade em relação a isso... e a informação tem uma responsabilidade supra. Obviamente que gostamos de ganhar, mas gosto de pensar que ganhamos porque a marca de informação da SIC é a marca de maior credibilidade e confiança que ganhámos com os anos. O que a aflige mais nos problemas atuais que a Comunicação, em geral, enfrenta: maltrato, ruído excessivo, lixo online, aleatoriedade, complexo-complicada, relativismo, credibilidade das fontes, o que é notícia e mediatizada como tal, etc.? Não é a comunicação social que enfrenta, somos nós enquanto sociedade, porque o jornalismo não existe para jornalistas, existe enquanto pilar do estado de direito democrático para manter os cidadão informados. E se os meios de comunicação não tiverem o foco no que mais interessa descredibilizam-se e perdem autoridade. O que me aflige mais? Não é uma aflição é apenas uma preocupação, aqui e em todo o mundo, com a força que as notícias falsas se espalham e se impõem. Precisamos de bom jornalismo, sem dúvida, mas precisamos a montante de mais literacia mediática,
de mais mecanismos de controlo, como os que, por exemplo, o FB já está a usar para evitar que notícias comprovadamente falsas se espalhem como ervas daninhas. O slogan do Washington Post é «A democracia morre na escuridão» e nós, jornalistas, mas também cidadãos, temos a obrigação de trazer a luz necessária, para que a falsidade não destrua as bases da nossa democracia. Toda a população, em muitas populações, têm sofrido continuamente – de modo direto ou indireto – com estes longos meses de covid, tão custosos de desfecho. A si, concretamente, como lhe tem afetado em particular? Continuo a trabalhar o que é positivo. Mas sinto, naturalmente, o peso de toda a situação, os jornais monotemáticos durante os últimos meses são muito desgastantes, até emocionalmente. Tento, na medida do possível, manter-me ativa e sã a nível físico e psicológico. Não lhe faz confusão, e até irritação, toda esta mutabilidade do vírus e o que isso produz? Mesmo na Informação prestada aos ouvintes: dantes diziam-se umas coisas, agora outras, em relação ao contacto, às máscaras, aos assintomáticos, à vacina, etc.. Como consegue gerir tudo isto para informar bem e evitar não só as falsas-notícias, como também as incertas/imprevisíveis, apenas orbitantes no especulativo? Claro que sim, é desgastante ter esses avanços e recúos mas temos de perceber que tudo isto é novo. É um vírus novo com um comportamento novo. Tem havido avanços e recúos em todos os países, estamos todos no mesmo barco. O importante é comunicar o correcto a dado momento, vindo de quem sabe. Temos de ter referências a esse nível, seja de especialistas, seja de autoridades de saúde. É sabido que além do jornalismo, nutre grande paixão pela culinária, tendo até publicados 3 livros alusivos. Vê e sente a culinária como um passatempo ou um modo/estilo de vida que a completa? Sim, gosto muito, é mais uma das coisas que faço com muito prazer. Só isso. E gosto de partilhar o que sei, daí ter criado o site «claradesousa.pt». A culinária remete-me para tempos felizes com a minha mãe, a culinária reforça o meu sentimento de partilha, a culinária faz-me bem e ajuda a equilibrar as minhas forças anímicas. E é por isso que lhe dedico uma importante parte do meu tempo livre. O que mais gosta de cozinhar e de rea-
lizar nesta área: manter a tradição das receitas aprendidas de sua mãe ou inventar e improvisar novas receitas? E que tipo de receitas são essas: vão desde as entradas às sobremesas, ou tem alguma preferência específica? Gosto de tudo, das antigas e das recentes, do tradicional e do mais inventivo e fora da caixa. Salgados. Doces. É indiferente. Gosto, sobretudo, de dar a provar pratos que façam as pessoas felizes. Tem particular devoção e emoção pelos tempos de Advento e Natal, que estamos e vamos viver? O que mais a entusiasma nesta época e que rituais, a par de memórias, tem sempre presentes e ativos em si e nos seus? Gosto do Natal sem devoções. Gosto do Natal enquanto tempo de partilha e de família. Sem rituais e com muitas memórias de outros natais. Sem querer fazer futurologia, pode traçar-nos aqui uma previsão – com algum detalhe – do que será, no seu ponto de vista, o novo ano 2021 em cada um dos seus pilares societais e vitais: Saúde, Educação, Cultura, Economia, Justiça, Religião e Política?
Não faço previsões porque não me sinto competente para o fazer. Faço apenas jornalismo, lidando com factos. Neste momento, é óbvio que 2021 é ainda de incerteza e de crise. Será um ano dificil seguramente para milhares de famílias e vai levar tempo a recuperar, infelizmente. Há a vacina como sinal de esperança, mas nunca será tão rápida quanto desejaríamos. Concluindo, pode deixar-nos uma mensagem de paz e esperança, a sua mensagem final de estímulo a quem nos lê? Vitor Hugo dizia que “A esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero.” Gostaria de acreditar que a maior parte dos portugueses terá mais capacidade para ter esperança do que para ceder ao desespero. Sei que muitos não o conseguirão, porque as circunstâncias são demasiado pesadas. Mas a história da humanidade mostra-nos momentos de superação, de saída de túneis escuros, com longos anos sem uma única luz ao fundo. Gerações anteriores superaram. Agora também o faremos. Tenhamos a força e resiliência para tanto. ▪
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Vila Real
Novo projeto da UTAD vai aumentar capacidade do Centro de Testagem Covid-19 A Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro (UTAD) viu aprovada, recentemente, uma candidatura no valor de 288 mil euros, ao abrigo de fundos regionais do Norte 2020, no âmbito do projeto de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico "Testar, Testar, Testar: “upscalling” do diagnóstico laboratorial do SARS-COV-2 no Centro de Testagem Covid-19 da UTAD". Este projeto, que tem como responsáveis os docentes e investigadores da UTAD, Amadeu Borges, Filomena Adega, Paula Lopes e Raquel Chaves,
enquadra-se no programa "Testar com Ciência e Solidariedade - Covid-19 ", e tem como objetivo “promover o upscaling dos testes moleculares, para dotar o Centro de Testagem Covid-19 da UTAD de infraestruturas, de equipamentos, bem como de novas metodologias de testagem”, explica Raquel Chaves, também uma das responsáveis do Centro de Testagem. Deste modo, as investigadoras responsáveis poderão “otimizar a extração automática de RNA viral e ainda o desenvolvimento de uma metodologia que elimine o passo de extração de RNA viral de forma a diminuir ainda mais o tempo de resposta de cada teste e, assim, aumentar a capacidade do Centro na testagem”, acrescenta a mesma investigadora. Em plena pandemia a UTAD criou um Centro de Testagem Covid-19, com o apoio do Centro Hospitalar de Trás-osMontes e Alto Douro e cuja área de intervenção viria ser ampliada a outras
entidades de saúde como a Administração Regional de Saúde do Norte e, mais recentemente, o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. Este Centro de Testagem integra a “Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico Laboratorial da Covid-19” que tem vindo a ser dinamizada pelas instituições de ensino superior. Graças ao apoio do Norte 2020, o Centro de Testagem da UTAD vai mudar de instalações e ser objeto de capacitação, quer em termos de infraestruturas, quer de equipamentos. Depois de um processo de adequação, o Centro de Testagem Covid-19 estabeleceu diversos protocolos de parceria com a ARS Norte e com o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, tendo até ao momento testado cerca de 18.500 utentes, graças ao empenho das investigadoras Raquel Chaves, Paula Lopes e Filomena Adega, que mobilizaram muitos outros jovens in-
vestigadores voluntários. Com este novo projeto, a UTAD ambiciona dar uma melhor resposta ao trabalho em rede que tem vindo a ser realizado com as autoridades de saúde e, desta forma, consolidar o compromisso da Universidade com a região. “Trata-se de um projeto de grande importância para a UTAD e para toda a região Norte do País”, salienta Fontainhas Fernandes, Reitor da UTAD. Desde o início da pandemia as Universidades estiveram na linha da frente no combate à pandemia. Logo em março, a UTAD cedeu equipamentos e materiais de uso corrente ao Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), criou um Centro de Acolhimento Temporário de doentes, afetados pela pandemia nas instalações do antigo CIFOP onde funciona o Active Gym, entre outras ações, tendo ainda integrado a “Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico Laboratorial da Covid-19”. ▪ PUB
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Sabrosa
Aplicação móvel do Município de Sabrosa disponível para todos O município de Sabrosa criou recentemente uma aplicação móvel - APP que está agora disponível a todos os munícipes e que já se encontra disponível para download na Play Store da Google, sendo exclusiva para Android. Das principais funcionalidades destacam-se: - Agenda/Eventos do Município; - Notícias; - Contactos úteis; - Farmácias de serviço; - Meteorologia; - Ocorrências (o utilizador pode enviar
ocorrência com fotografia para os serviços municipais); - Pontos de Interesse Municipais; - Serviços Online para consulta (através de registo); Torna-se agora mais fácil a interação do munícipe com a Câmara Municipal de Sabrosa via telemóvel. Este é um projeto que surge no seguimento da candidatura “Proximidade Local Digital Integrada", que foi financiada pelo FEDER no âmbito do Programa Operacional Regional Norte 2020. ▪
Inaugurada rotunda e avenida João Manuel Teixeira em Celeirós do Douro Foi inaugurada no passado dia 7 de dezembro, em Celeirós do Douro, a rotunda e avenida João Manuel Teixeira. Numa cerimónia restrita, devido ao atual estado de emergência em vigor, e que contou com a presença das edilidades locais, familiares do munícipe João Manuel Teixeira, que foi homenageado a título póstumo no momento, e alguns populares, o presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, teve a oportunidade de manifestar a sua satisfação pela conclusão desta obra, “que vem resolver os vários problemas de segurança rodoviária há muito tempo identificados neste local e também embelezar a entrada principal dessa
localidade”, contribuindo para o aumento da atratividade do território local e do Alto Douro Vinhateiro. No momento enalteceu e elogiou também o executivo e a assembleia de freguesia local pela iniciativa de homenagem e atribuição do nome “João Manuel Teixeira”, ex-autarca e ilustre cidadão da freguesia de Celeirós do Douro, à obra agora inaugurada. Esta intervenção surge no âmbito da requalificação da Estrada Municipal 323 Sabrosa-Pinhão, que dota recentemente “uma das principais portas de entrada no Alto-Douro-Vinhateiro” de maior segurança e comodidade para os seus usuários. É de salientar que a Rotunda agora inaugurada
contempla um lagar de vinho e uma prensa em alusão direta ao vinho e ao Douro, onde Celeirós do Douro se destaca pela sua história e tradição vitivinícola. É alias nesta aldeia que se realiza o
evento “Lagaradas Tradicionais”, que atrai há muitos anos vários entusiastas e turistas a Celeirós para uma das mais icónicas festas temáticas do douro. ▪
Finanças do Município em destaque no Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses em 2019 Segundo o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses (AFMP) de 2019 vários são os aspetos positivos a destacar no que diz respeito aos dados financeiros da Câmara Municipal de Sabrosa. Segundo este estudo, que avaliou o desempenho dos 308 municípios portugueses, Sabrosa ocupa,
neste momento, a liderança partilhada com mais 2 municípios, no indicador de Prazo Médio de Pagamento (PMP), com um prazo de 0 dias, tendo melhorado neste aspeto relativamente ao ano transato, em que este prazo se situava nos 3 dias. Relativamente ao indicador de Empréstimos do Programa de Regularização Extraordinária de Dí-
vidas ao Estado (PREDE), o município de Sabrosa, a 31 de dezembro de 2019, não regista qualquer dívida. Pela segunda vez desde 2010, segundo o estudo apresentado, o município de Sabrosa registou um Resultado Económico positivo, situando-se em 3.074.282 M€, resultando no maior resultado de
sempre obtido. Nota-se assim um destaque pela positiva em 2019 conseguido através da política instituída pelo atual executivo da Câmara Municipal de Sabrosa que diariamente se esforça para garantir boas finanças, através de critérios rígidos e de boas práticas públicas. ▪
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Santa Marta de Penaguião
Município aposta na mobilidade das populações O município de Santa Marta de Penaguião aumentou a oferta de transporte público no seu concelho fazendo chegar a oferta à freguesia de Alvações do Corgo e à localidade de Vila Maior, um momento que o autarca considera “histórico”. “Foi um dia histórico, o dia 2 de dezembro, porque pela primeira vez a freguesia de Alvações do Corgo e a localidade de Vila Maior têm um transporte público para a sede de concelho. Era uma aspiração de muitos e muitos anos que finalmente conseguimos concretizar e em boa hora o fizemos", afirma Luís Machado. Para o autarca este serviço permitirá aumentar a qualidade de vida dos seus mu-
nícipes, permitindo que estes se possam deslocar à sede do concelho com maior facilidade e sem os custos acrescidos de outros transportes. “Permite de uma forma confortável, segura e programada vir usufruir dos serviços aqui na sede do concelho, seja saúde, finanças, câmara… todos esses serviços, não dependendo quer de familiares quer do transporte de táxi que é sempre mais caro”. No entender de Luís Machado este é um passo em frente na coesão concelhia, alavancada pelo trabalho conjunto com a CIM Douro e a empresa de transportes. De facto foi um passo gigante porque tivemos dois parceiros essenciais, a CIM Douro, como autoridade de transporte foi preponderante nesta solução, e também a operadora, a AV Tâmega que desde a primeira hora se disponibilizou para estudar a possibilidade de fazer este trajeto. Das primeiras duas semanas de serviço fica um balanço positivo contudo o edil espera ainda um crescimento da procura com o avançar do tempo e a crescente habituação das populações a este serviço.
“Na primeira semana muitas das pessoas ainda não tinham programado a sua vida até porque não estavam a contar com este transporte mas na segunda semana já melhorou. Quando as pessoas se habituarem e começarem a programar a sua visita à sede do concelho certamente terão em conta a existência deste serviço para que possam usufruir dele. “Temos aqui na zona norte do concelho quatro povoações que ainda não têm transporte público. Estamos a estudar a
possibilidade com a AV Tâmega para que durante o ano de 2021 possamos também servir essas populações deste serviço, estou convencido que o vamos conseguir. É uma solução que dá trabalho, que é preciso ponderar bem todo este circuito que é diferente, com distâncias maiores e que requer um estudo mais cuidado. Estou convencido que durante o próximo ano possamos avançar dando assim cobertura de 100% ao nosso concelho em termos de transporte público”. ▪
Parque de autocaravanas pronto a receber turistas O município de Santa Marta de Penaguião tem agora mais uma oferta disponível para os turistas que visitam o concelho, uma parque de autocaravanas completamente equipado. Com o crescimento de turistas neste concelho duriense, fruto do crescente interesse que a Nacional 2 tem despertado, o município de Santa Marta de Penaguião decidiu criar um parque de autocaravanismo com as condições necessárias para a pernoita dos turistas que antes ficavam num parque de estacionamento junto ao estádio municipal. “O objetivo é criar condições para os autocaravanistas e caravanistas que passam aqui em Santa Marta de Penaguião. Tínhamos aqui junto ao estádio um parque de estacionamento que era utilizado com alguma regularidade por estes turistas e que não tinha condições nenhumas. Era uma necessidade porque já havia autocaravanistas que pernoitavam aqui sem condições e a partir de agora irão ter a qualidade que um parque destes exige, nomeadamente o carregamento elétrico e as águas residuais. Vamos dar condições a quem gosta de ficar connosco”.
Esta obra teve um custo total de cerca de 180 mil euros sendo que 108 mil foram comparticipados por fundos europeus, ficando os restantes 82 mil à responsabilidade da autarquia, um investimento que o autarca vê como essencial para responder às necessidades do turismo que passa pelo concelho. “Este investimento, para além da atratividade que o concelho já tem, está enquadrado com a Nacional 2. Ultimamente, como se verifica nos últimos anos, tem havido um movimento substancial de turistas na N2 e esta é mais uma oferta que lhes proporcionamos, até porque é mais uma razão para que os turistas passem por Santa Marta de Penaguião, pernoitem cá, conheçam os nossos produtos e também a nossa gastronomia. O nosso trabalho é afirmar o concelho na região e no país. Santa Marta de Penaguião está a atingir uma visibilidade nunca antes vista, nunca este concelho foi tão falado como nos anos que correm e agora compete-nos ter a capacidade de conseguir capitalizar de facto essa promoção do nosso território. Se nós tivermos em conta os turistas que passaram e pararam em Santa Marta de Penaguião, tiraram fotografias e partilharam dá, de facto, uma promoção extraordinária. Estamos a trabalhar para que de facto se criem as mais valias e se crie riqueza nos nossos territórios e aqui em Santa Marta de Penaguião em particular”.
O autarca aproveitou ainda para fazer uma breve balanço deste ano no que diz respeito ao número de turistas que percorreram a N2. Satisfeito com os dados, Luís Machado afirma que tem esperança que em 2021 esse números possam ainda crescer mais. “Este ano nem toda a gente conseguiu fazer a N2 porque quando programou já era tarde. Este foi um ano diferente, a própria obra atrasou-se devido à pandemia mas houve um fluxo direcionado por força da pandemia. A N2 tem uma oferta turística
diferente, de proximidade, de pequenos grupos, o que em tempos de pandemia era aconselhável e de facto teve uma procura acima daquilo que era expectável para nós em 2020. Estamos convencido que em 2021, se não tivermos os mesmos turistas nesta estrada teremos mais, estou convencido que vamos ultrapassar o movimento deste ano porque há mais tempo de programação, a própria oferta também está a melhorar por isso esperamos que no mínimo se mantenha o fluxo deste ano”. ▪
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VIVADOURO
DEZEMBRO 2020
Torre de Moncorvo
Município lança campanha “Vivo Aqui – Compro Aqui” A Câmara Municipal de Torre de Moncorvo lançou uma campanha para incentivar a população a adquirir os produtos de que necessita, no comércio tradicional e produtores locais. A campanha denominada “Vivo Aqui - Compro Aqui” está a decorrer durante a época de natal, teve início no dia 1 de dezembro de 2020 e términa a 6 de janeiro de 2021. Durante este período, a Câmara Municipal de Torre de Moncorvo atribui um vale de desconto de 5€ por cada 50€ de valor acumulado de faturas de compras
(até ao montante máximo de 1000€ por agregado familiar), efetuadas nos estabelecimentos comerciais e produtores aderentes, que estarão identificados com um dístico desta campanha. Os munícipes interessados em participar nesta campanha devem entregar as faturas das compras efetuadas no comércio e produtores do concelho, no Balcão Único Municipal, de 7 a 31 de janeiro de 2021, para atribuição dos vales de desconto pelo Município. Os vales são válidos, única e exclusivamente, nos estabelecimentos comerciais aderentes à campanha e podem ser usados até 2 julho de 2021. Já os comerciantes aderentes devem entregar os vales de desconto já trocados pelos munícipes, no Balcão Único, sendo que a Câmara Municipal efetuará
o pagamento desses vales aos comerciantes a partir de dia 15 de cada mês. As medidas implementadas no âmbito do combate à Covid-19 tiveram efeitos nefastos ao nível da atividade económica, com particular incidência nos pequenos comerciantes. O município de Torre de Moncorvo tem vindo a manter e a aprovar um conjunto
de medidas de forma a mitigar estes efeitos negativos que a pandemia tem causado a nível local. Assim, e de forma a estimular o comércio e apoiar os produtores locais, coloca em vigor a campanha Vivo Aqui – Compro Aqui” que pretende incentivar a população a fazer as suas compras de natal no comércio local. ▪
pel… Deste somatório de vicissitudes em que se enredam os novos tempos, protejamo-nos e venceremos. Por nós, e pelos outros, porque a natureza humana, citando parcialmente o Poeta, ainda tem em si todos os sonhos do Mundo. Largos dias terão os meses de futuro, para que a ternura de um abraço seja
mesmo um abraço, e as nossas vidas não sejam uma máscara que nos impeça de sorrir. E de viver. Assim se espera, a caminho de um Natal de luz e esperança, e de um 2021 pleno de realizações.
Freixo de Espada à Cinta
Onde há luz há esperança E de repente, o Mundo sem fronteiras, lembrou-nos que o Homem é o Lobo do próprio Homem. Um vírus irrompeu por Continentes adentro, e trouxe com ele a mensagem que faz o Mundo Global: não há fronteiras. Invisível, por isso temido, mas não invencível. Suspeitas das causas, muitas. Certezas, poucas. Consequências, devastadoras. Largos dias tiveram os meses iniciais em que a quarentena serviu como escudo, as restrições como protectoras da nossa liberdade, e o afecto, exultado num abraço ou num encruzilhar de dedos, tornou-se conceito vazio, quase que a desfazer o sentido gramatical e a sua função no diálogo com o outro. Longos dias foram os primeiros meses, em que os sonhos eram angústias, a Fé, descrente, e a Medicina uma incerteza. Longos dias em que a nossa tenacidade não vergou, e o sufoco não vingou. Resistimos para vencer, pese embora alguns tristes desenlaces molhados com lágrimas de sal, que retiram o tempero da vida. Mas prosseguimos, por todos e com todos, na consciência de que a guerra contra o vírus invisível só se combate protegendo-nos, com regras e com
a humildade de reconhecermos que não somos todos Virologistas, mas podemos, e devemos, ser todos Polícias de nós próprios… Longos dias estão a ser estes curtos meses em que se vislumbra uma recuperação, sinaliza-se uma solução, e a Ciência e a Medicina cumprem, para o bem da Humanidade, a sua heróica missão e insubstituível pa-
Maria do Céu Quintas | Presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta ▪
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o g e m a L
2020
NATAL COMÉRCIO TRADICIONAL
Município
www.cm-lamego.pt
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VIVADOURO
DEZEMBRO 2020
Região
CIM Douro reúne com CCDR-N em dia do 19º aniversário da classificação de Património Mundial Realizou-se na manhã da passada segunda feira, dia 14, no Museu do Douro, em Peso da Régua, uma reunião entre os presidentes que integram a CIM Douro e António Cunha, novo presidente da Comissão Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte. Também estiveram presentes Beraldino Pinto e Célia Ramos, Vice-Presidentes da CCDR-N.
lítica Agrícola Comum, assim como os seus apoios. Os autarcas lembraram as maiores preocupações que têm neste Douro esquecido, por políticas que colocam o interior no final da lista das preocupações. As redes fluvial, ferroviária e terrestre, nomeadamente o IC26 foram mais uma vez defendidas pelos presidentes que integram a CIM Douro. Instrumentos Previsionais da CIM-Douro para 2021 aprovados Os Instrumentos Previsionais para 2021 da CIM-Douro foram aprovados no início
deste mês, dia 02, em sede de reunião extraordinária do Conselho Intermunicipal para posterior submissão à Assembleia Intermunicipal. Contando com uma dotação de 6,3 milhões de euros, contém os recursos necessários para o desenvolvimento de um vasto conjunto de atividades, das quais se destacam a mobilidade e transportes (com uma dotação de 2M€); o cadastro das infraestruturas (com 1,8M€), a formação para as autarquias locais (com 212 mil €) e a defesa da floresta contra incêndios (com 143 mil €)
O Plano de Atividades para o ano de 2021, prevê ainda, de forma simbólica, mas muito importante, uma dotação para a concretização do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) na região do Douro, já que a CIM DOURO desde sempre defendeu a participação e o envolvimento ativo da CIM e dos seus municípios na sua implementação. Outro tema que continua a ter uma atenção especial e preocupação é o controlo da pandemia Covid-19 na região, já que a articulação entre todos os atores locais, regionais e nacionais, é decisiva no controlo desta pandemia. ▪
Uma reunião que marca também a celebração dos 19 anos da classificação do Douro como Património Mundial. António Cunha referiu ser “Uma responsabilidade acrescida o papel de gestor do património do Douro.” Foi feita também a apresentação da Estratégia NORTE 2030, em que o professor António Cunha garantiu ter disponibilidade para ouvir os temas que mais preocupam os autarcas Durienses. O presidente da CCDR-Norte referiu, ainda, a preocupação particular com a Po-
VITIS reforçado em 50 M€ para 2021-2022 Alterações à portaria que suporta o programa VITIS abrangem candidaturas apresentadas até 15 de janeiro de 2021, com valorização para vinhas em modo de produção biológico, agricultura familiar e vinhas históricas.
Estas alterações visam dinamizar os investimentos no setor da viticultura e reforçar o regime de apoio à reestruturação e reconversão das vinhas (VITIS) como um dos instrumentos privilegiados de melhoria da competitividade do sector vitivinícola e da qualidade dos seus produtos.
De acordo com as alterações publicadas a 2 de dezembro, entram nos critérios de prioridade as vinhas que se destinem a modo de produção biológico, os produtores detentores do estatuto da agricultura familiar, as vinhas históricas e os projetos de interesse nacional (PIN), reforçando o VITIS “como um dos instrumentos privilegiados de melhoria da competitividade do setor vitivinícola e da qualidade dos seus produtos”. Há ainda um conjunto de outras alterações que resultam de um trabalho em conjunto com o setor como a possibilidade de candidaturas agrupadas, apresentadas por cinco ou mais viticultores, e o aumento da ponderação para os beneficiários sem candidatura aprovada nos dois concursos anteriores. De acordo com a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, estas medidas
de apoio ao investimento são essenciais para o setor do vinho que, “num tempo de grande incerteza, tem dado provas de enorme resiliência e capacidade de adaptação. Apesar de especialmente afetado pelo encerramento e constrangimentos do canal Horeca, o que levou à diminuição das vendas no mercado interno, tendo, no entanto, continuado a crescer nas exportações, com um aumento de 3,8% em volume e de 2,4% em valor. Queremos continuar a apostar no seu crescimento, na sua valorização e na nossa capacidade de inovar”. Na portaria pode ainda ler-se que “apesar de não estar estabilizado o quadro financeiro aplicável, importa dar continuidade ao VITIS, por forma a não comprometer a dinâmica de investimento no setor e adotando regras que vão ao encontro das necessidades dos viticulto-
res”, o que significa um reforço de 50 M€ para o programa. Esta é a terceira alteração à Portaria n.º 323/2017, de 26 de outubro, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 220/2019, de 16 de julho, e pela Portaria n.º 279/2019, de 28 de agosto, que estabelece as normas de execução do regime de apoio à reestruturação e reconversão das vinhas (VITIS), para o período 20192023, previsto no Regulamento (UE) n.º 1308/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro. A apresentação das candidaturas ao regime de apoio à reestruturação e reconversão da vinha (VITIS) deve fazer-se através da página eletrónica do IFAP, e o seu prazo decorre entre o dia 2 de dezembro de 2020 e as 17 horas do dia 15 de janeiro de 2021, de acordo com o Aviso disponível: www.ivv.gov.pt. ▪
INFORMAÇ O Boletim Informativo da Cooperativa Agrícola de Penela da Beira Nº 33 - Dezembro de 2020
Trimestral
Ficha Técnica Ana Dias; Angela Martins; Igor Nora; José Angelo Pinto; José Fernando; João Pedro; Margarida Rodrigues; Maria João Gaspar, Rui Droga; Tânia Amaral
A Campanha da castanha de 2020 José Ângelo Pinto Presidente da Cooperativa Agricola de Penela da Beira, CRL (Coopenela) Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT
Compete-me a mim, numa altura muito difícil da nossa vida coletiva, alimentar o conteúdo deste boletim, o que faço, por um lado, com uma profunda satisfação, mas, pelo outro lado, com a perceção do peso de uma tão elevada responsabilidade. A campanha de frutos mais significativa para a nossa instituição é a respeitante à castanha cuja receção está neste momento terminada, o que permite fazer uma avaliação preliminar dos factos. Tratou-se de um ano inédito e especialmente complexo, por causa da pandemia provocada pelo vírus conhecido como “COVID 19” e porque a castanha caiu muito mais depressa e muito mais cedo do que é habitual. Enaltecemos, ao longo da campanha, o elevado grau de proteção, de autoconsciência cívica e de total respeito pelos outros, demonstrado por todos os agricultores e por todos os colaboradores da Coopenela, que sou-
beram sempre aplicar, a 100 por cento, todas as regras e recomendações emanadas da Direção Geral de Saúde e das autoridades locais e regionais, como a obrigação de utilização de máscara, a sua substituição, a desinfeção permanente das mãos e a desinfeção constante das superfícies. Fomos ainda mais longe, desde a primeira hora desta campanha, estabelecendo regras adicionais baseadas em recomendações que só agora são aplicadas nos concelhos com maiores taxas de infeção, como a da separação completa das equipas, com horários desfasados, incluindo-se aqui as pausas e intervalos e o rastreamento completo das pessoas e do seu trabalho, para que, se viesse a ocorrer um caso de infeção concreto, por parte de um dos colaboradores ou de outra pessoa com quem tenha havido contato próximo, se possam imediatamente adotar as medidas adicionais de proteção e de prevenção previstas e assim foram protegidas, ao máximo, as restantes pessoas. Uma campanha rápida, no que respeita à entrada de frutos, num ano de crise económica mundial profunda e em plena segunda vaga da pandemia, não significa, uma campanha rápida de comercialização dos frutos.
Acresce ainda que, este ano, a castanha teve bichado muito superior ao habitual, o que leva a quebras de stock para refugo maiores do que em anos anteriores. Uma melhoria que vamos ter que implementar no futuro próximo é melhorar a qualidade da avaliação feita na entrega; para que possa ter em conta os furos microscópicos que os diversos bichados provocam na castanha. Tendo-se iniciado os trabalhos de processamento da castanha a 6 de Outubro, ainda hoje 14 de Dezembro estamos a terminar o embalamento e é de salientar que não tivemos um caso de COVID 19 em nenhum dos colaboradores, tendo sempre sido tomadas as medidas necessárias e até ultrapassando as recomendações nos dois casos de suspeita (que depois não foram confirmados) de potencial infeção de familiares de colaboradores. Por essas ocasiões, foi acionado o plano que a administração gizou no sentido de vir a testar todos os colaboradores rápida e eficientemente, mas tais planos foram suspensos quando se teve a informação que os familiares em causa afinal estavam negativos. Os canais que mais valorizam a nossa castanha tiveram este ano uma procura bastante inferior,
nomeadamente os assadores das principais cidades europeias e os mercados de natal, bastante procurados nas cidades do norte e centro da Europa e que foram proibidos por causa da pandemia. Por isso, este ano, foi preciso diversificar, apostar no mercado interno com muito mais força e na venda direta para grandes superfícies. Tenho que vos dizer que esta estratégia comercial resultou bem. A marca da Coopenela é fortemente reconhecida pelos intermediários e grandes clientes nacionais e internacionais e isso fez a diferença na procura, permitindo que a castanha fosse escoada em condições um pouco melhores do que as que podíamos esperar em Outubro. Estamos já a fechar as contas para poder prosseguir o processo de pagamentos, já iniciado com os habituais pagamentos antecipados isto porque bem sabemos que este ano, em particular, é muito importante que o pagamento seja rápido pois é mais necessário que em anos anteriores. A segurança está primeiro e por isso desejamos que todos continuem bem protegidos.
Uma nova equipa na COOPENELA ao serviço dos agricultores.
Igor Nora
No panorama atual em que cada vez mais se torna difícil encontrar mão-de-obra agrícola qualificada, a cooperativa resolveu criar uma nova equipa de trabalho para suprir as necessidades dos associados. Com diversos serviços como:
-Silvicultura Preventiva em Espaços Agrícolas e Florestais; -Podas em geral; -Enxertia; -Tratamento do Cancro do Castanheiro; -Serviço de Trator- Capinagem, Lavragem, Apanha da castanha com máquina; -Entre outros serviços. Não posso deixar de referir que tenho muito orgulho nesta nova equipe, que com muito empenho, tem realizado o seu trabalho com
profissionalismo e se encontra especialmente motivada nesta missão que, para além de limpeza,
prevê igualmente a preservação e valorização do património de um espaço.
Coopenela assume Vice Presidência na ACIS e na Praça das Cooperativas A Coopenela e eu próprio fomos distinguidos com a honra de passar a integrar os órgãos sociais da ACIS – Associação Comercial e Industrial de Sernancelhe, que agora se vai chamar ACIS – Associação Empresarial da Beira Alta.
Esta distinção é ainda mais significativa pois a Coopenela passou a ter um lugar no órgão executivo da associação, a direção, assumindo uma das quatro vice-presidências. Ao longo dos quase 10 anos que trabalho na Coopenela, foram muitos os
cargos e funções que passei a exercer, primeiro porque, como vice presidente executivo da instituição, até 2018 era esse o meu pelouro – da representação externa – e depois porque a Coopenela esteve na origem de muitas das instituições em que
depois acabou por fazer parte dos órgãos sociais, destacandose, pelo trabalho desenvolvido em Portugal, a RefCast – Associação Portuguesa da Castanha e o Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos.
A Coopenela assumiu também um papel de liderança na constituição de uma nova entidade, conjuntamente com mais 9 cooperativas, com a denominação social PRAÇA DAS COOPERATIVAS, UCRL e que vai ter a sua sede na Centenária Cooperativa de Solidariedade Social Povo Portuense, CRL na Rua do Paraíso, 217, 1o Sala UniNorte; Código Postal na cidade do Porto. Dada a diversidade das Cooperativas que forma a PRAÇA DAS COOPERATIVAS, UCRL, o objeto social é o co-
mércio a retalho em supermercados e hipermercados incluindo produtos alimentares, bebidas, tabaco, frutas, produtos hortícolas, carne e produtos à base de carne, peixe, crustáceos e moluscos, pão, produtos de pastelaria e de confeitaria, bebidas, e outros produtos alimentares. Inclui-se ainda o comércio a retalho de leite e de derivados, e produtos alimentares, naturais e dietéticos. Comércio a retalho não efetuado em estabelecimentos, bancas, feiras ou unidades móveis de venda e comércio a retalho feito por correspondência ou
via Internet. Toda a atividade de restauração, incluindo em meios móveis. E ainda outras atividades de serviços de apoio prestados às empresas. Inclui-se ainda o comércio a retalho de obras de arte e de outros produtos resultantes da produção das cooperativas associadas, nomeadamente comercio de vouchers. A PRAÇA DAS COOPERATIVAS, UCRL participa, integrada no setor cooperativo e social, no espaço mais alargado da Economia Social, de acordo com a Lei de Bases da Economia Social, desenvolvendo atividades em intracooperação com
as Cooperativas seus membros, em intercooperação com OES – Organizações de Economia Social como associações; cooperativas; mutualidades, e também fundações, régies cooperativas e comissões de baldios, bem como em cooperação com entidades do Setor Público e com empresas do Setor Privado, sempre com base no mútuo interesse e na partilha de conhecimentos e objetivos. Apenas podem ser membros as Cooperativas e Uniões de Cooperativas.
O castanheiro em contexto das alterações climáticas
O castanheiro (Castanea sativa) é apresentado como uma das espécies mais importantes no contexto agro-forestal em Portugal, verificando-se nos últimos anos um acréscimo de área plantada e por consequência de produção. Ao longo dos anos, a cultura têm sido alvo de destaque, vendo reforçado o seu valor sócio-económico, colocando Portugal no terceiro lugar do ranking de maiores produtores da Europa, juntamente com a Grécia. Esta planta apresenta grande importância económica, não só na produção de frutos, sendo uma das frutas comestíveis mais an-
tigas em Portugal, como também na qualidade da madeira que esta árvore produz ou em termos de proteção da paisagem. As alterações climáticas, particularmente o “aquecimento global”, são o fenómeno que mais irá influenciar, de forma determinante, o século XXI, sendo as culturas perenes, nas quais se destacam a vinha, olival, amendoal ou o castanheiro como aquelas que iram sofrer um maior impacto do aumento da temperatura e diminuição da precipitação. A acrescentar a estes efeitos imediatos os modelos de previsão para as mudanças climáticas preveem uma maior incidência de pragas e doenças, com ciclos cada vez mais curtos e maior resistência às diferentes técnicas de combate. Como se observa na Figura 1, em Portugal, os anos do novo milénio tem uma preponderância para serem considerados anos secos e quentes o que vem em sintonia com o que se projeta para o resto da Europa e do Mundo.
Por exemplo alguns estudos sugerem uma forte correlação entre o aumento da incidência da podridão da castanha (Gnomoniopsis castaneae) e o aumento da temperatura. Este facto leva a uma diminuição da qualidade da castanha e dificulta o seu armazenamento, o que pode ser um problema em anos vindouros. No caso da oliveira, por exemplo, a concentração fenólica em azeitonas e no azeite obtidos a partir destas, que se desenvolvem sob limitação hídrica, são usualmente
encontradas maiores concentrações fenólicas e maiores teores de gordura. Outos dos pressupostos é o fecho dos estomas, e, por consequência, à diminuição da atividade fotossintética ou a dificuldades na expressão do gene da floração. Com a crescente preocupação com as mudanças climáticas em todo o mundo, o maior desafio para a agricultura no século XXI é desenvolver práticas agrícolas alternativas e sustentáveis que levem ao incremento da produtividade das culturas, que ajudem a mitigar os problemas do solo e preservem os recursos
José Lopes
Para onde vai a nossa região? Realizou-se a XV’s Jornadas Cooperativas do Douro, organizadas pela APM – Associação Portuguesa de Management, a Associação dos Amigos dos Pereiros, as Cooperativas Agricolas da Pesqueira, do Castanheiro do Sul e de Penela da Beira e com o apoio da CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, a UTAD – Universidade de trás os Montes e Alto Douro e o Município de São João da Pesqueira e ainda com a colaboração dos jornais VivaDouro e VidaEconómica e do Observatório do Vinho do Porto e Douro. As jornadas decorrem há 15 anos interruptamente, sendo que a Coopenela tem participado sempre com todo o empenho na organização, magistralmente coordenada pelo Dr. Silva Fernandes, um dos mais acérrimos defensores do douro e do cooperativismo na região. Este ano a organização optou por um modelo híbrido de comunicação realizada nos órgãos de comunicação social que apoiam o evento, que têm tido um impacto muito significativo e na realização de uma conferencia na qual tive a honra de intervir como orador. A data escolhida para a conferência foi o dia 26 de Novembro, tendo as intervenções, por causa da Pandemia e das medidas de segurança implementadas pelas organizações executoras sido concretizadas através da plataforma eletrónica zoom e
estando agora disponíveis na forma de vídeos no canal “youtube” onde basta pesquisar por “coopenela” para logo aparecerem os 3 vídeos. A minha intervenção, intitulada “Uma estratégia para o Douro” versou sobre a sustentabilidade e o desenvolvimento do interior, especialmente sobre o território do Douro e o enquadramento do papel do cooperativismo nesse desenvolvimento. Argumentei que, se não fossem as cooperativas agrícolas, os pequenos e médios agricultores do Douro não tinham ninguém que os defendesse, no que ao esmagamento de preços diz respeito. Isto porque só juntando todos conseguimos ser fortes e influenciar a dinâmica de preços em determinados produtos. Mas acima de tudo versou a minha intervenção sobre os gritantes problemas que a região do Douro ainda tem e a falta de políticas publicas dignas que façam com que as pessoas se queiram fixar na região. O desenvolvimento só se consegue com outras políticas. Políticas que sejam orientadas para as pessoas, quer para as manter no território quer para as atrair para o território. Políticas que sejam orientadas para as organizações, quer para as manter quer para as atrair. E, essencialmente, transformar o próprio território capacitando-o para a atração e para a manutenção. Porque sustentabilidade e desenvolvimento só servem se as pessoas souberem aproveitar, crescer e ter melhores vidas.
Figura 1- Anomalias da temperatura média e percentagem da precipitação, valores anuais no período 1931-2019, em relação à normal 1971-2000; IPMA
naturais, tópico esse que será dissecado no próximo Boletim.
Até lá protejam-se a Si e aos Outros. Bem haja.
Figura 2- Podridão da castanha (Gnomoniopsis castaneae); https://vozdocampo. pt/2019/11/12/investigador-da-utad-lanca-o-alerta-para-nova-ameaca-ao-castanheiro/
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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DO INTERIOR - DOURO
ORGANIZAÇÃO:
APOIO:
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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA
Que Futuro para o Douro? Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD
O Governo entregou em Bruxelas uma primeira versão do Plano de Recuperação e Resiliência e, em paralelo, começa-se a desenhar as linhas do futuro ciclo de programação Portugal 2030. Trata-se do maior volume financeiro que o país vai beneficiar, mas os documentos divulgados revelam uma reduzida preocupação com a redução das assimetrias regionais.
Contudo, a exemplo do Plano de Desenvolvimento Regional Integrado de Trás-os-Montes (PDRITM) lançado por Valente de Oliveira na década de oitenta que, por sua vez, conduziu a uma autêntica revolução no Douro, este é o momento adequado para desenhar um novo plano para dar resposta aos desafios do Douro. Com efeito, o PDRITM foi determinante para o processo de renovação do Douro na reconversão dos vinhedos e em estudos da fileira vitivinícola, em que a UTAD teve um papel central. A sua intervenção viria a ser ampliada à internacionalização dos vinhos do Douro, à candidatura a Património Mundial e na formação de uma nova
geração de empresários de dimensão internacional que tem apostado na qualidade e diferenciação dos vinhos. As alterações registadas no Douro nas últimas décadas, não podem ser desligadas da globalização da sociedade e da economia. Implicações desta globalização, são a crescente e multifacetada dinâmica do turismo, com destaque para o turismo fluvial e a internacionalização dos DOC Douro. Mas, o Futuro exige dinâmicas para o Douro que considerem a criação de um ecossistema de inovação regional, com vista a aumentar o valor acrescentado dos produtos regionais e valorizar os recursos endógenos, considerando a paisagem um ativo único, numa lógica de competitividade e de melhoria social da região. Exige ainda uma inovadora carteira de atividades económicas com mercados
globalizados e competitivos, incluindo a promoção interdisciplinar do turismo e da gastronomia interligada a uma narrativa cultural, de saúde e bem-estar, assente em conhecimento e nas estruturas existentes, potenciando a chancela UNESCO. O Futuro do Douro passa ainda pela valorização do desenvolvimento sustentável, ao qual a cultura e as indústrias criativas adicionam um valor acrescido, mediante expressões culturais e práticas artísticas, a preservação do património material e imaterial, e a promoção da diversidade cultural. No momento atual, é decisivo mobilizar todos os agentes do território para a preparação de projetos estruturantes agregadores, com o objetivo de promover uma nova transformação do Douro. Urge passar da narrativa política à prática.
“Azeite do Douro” – Uma realidade a curto prazo Francisco Ataíde Pavão Presidente da Direcção da APPITAD
Sempre que falamos no Douro, facilmente nos lembramos dos excelentes aromas e sensações dos vinhos produzidos ao longo das suas margens. A Região Demarcada do Douro, primeira região demarcada do mundo para a produção de vinho de qualidade, tem nos últimos anos vindo a ganhar também reconhecimento na produção de azeite de qualidade. Empresas do sector do vinho têm vindo a apostar na diferenciação e qualidade dos produtos, começando a apostar na produção de azeite como uma mais-valia, com importância crescente no seu volume de facturação. A olivicultura na região do Douro sempre
foi considerada uma cultura secundaria, encontrando-se a oliveira dispersa por pequenas parcelas, ou na bordadura das vinhas, aproveitando assim da melhor maneira toda a superfície disponível para o efeito. O olival na região estava praticamente em declínio, contudo nos últimos 10 anos tem-se assistido à recuperação dessas parcelas de olival, retomando a sua produção, alterando práticas agronómicas, sobretudo as relacionadas com a colheita e extracção de azeite, contribuindo assim para a produção de um azeite diferenciado e de excelente qualidade, que posteriormente é embalado e comercializado, beneficiando de toda a notoriedade que a região do Douro tem, permitindo assim a obtenção de um rendimento que viabilize a sua manutenção. A região do Douro, devido sobretudo aos constrangimentos agronómicos, caracterizados por declives acentuados, olivais em patamares e oliveiras de bordadura, na sua quase totalidade conduzidas em regime de sequeiro, não tem,
nem certamente terá condições para uma produção de azeite em quantidade, pelo que os produtores entenderam que o futuro da sustentabilidade económicofinanceira do olival passaria pela produção de um azeite de excelência, sendo que esta qualidade tem vindo a ser reconhecida ano após ano, nos diversos Concursos de Azeite que se realizam, quer em Portugal, quer no estrangeiro. Na região do Douro, atendendo sobretudo ao facto de o olival ser considerado, durante muitos anos, uma cultura marginal, existe um enorme património genético, no que respeita às cultivares de oliveira existentes, ao contrário do que acontece na região de Trás-os-Montes, onde a cobrançosa, madural, verdeal transmontana e cordovil, representam grande parte do olival, nesta região, para além destas cultivares, existem muitas mais, nomeadamente a galega, a negrinha de freixo, a lentisca, a cornicabra, redondal, e muitas outras que hoje em dia já poucos se recordam dos nomes. Estamos assim perante um rico património olivícola, que permite a obtenção de azeites diferenciados, bastante “marcados” pelo terroir que lhes dá origem, e que apresentam notas frutos secos (verdes e/ou madu-
ros), rosmaninho, lavanda, erva cortada, banana, tomate verde, entre tantas outras notas, o que os diferencia dos restantes azeites de Portugal. É assim, por todos entendido, que o Azeite do Douro tem uma identidade muito própria e uma qualidade superior, que o coloca no conjunto de “trunfos” que não podemos, de modo nenhum, descurar. Ora, qualquer estratégia de valorização de um produto agrícola ou género alimentar passa obrigatoriamente pela proteção da sua genuinidade e pela certificação da sua qualidade. É, assim, neste contexto, que temos vindo a assistir no espaço mediático, há já muito tempo, à apologia da instituição de uma DOP – Denominação de Origem Protegida ou IGP – Indicação Geográfica Protegida para o azeite virgem extra produzido no Douro. Em 2016 foram iniciados os trabalhos de caracterização dos Azeites do Douro, e em 2019, por forma a elaborar uma candidatura à protecção desta menção, foi criado o CEPAD – Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Douro, que congrega como associados os agentes do sector, desde olivicultores, lagares de azeite, autarquias e instituições de ensino superior da região.
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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA
Uma estratégia para o Douro José Ângelo Pinto Presidente da Cooperativa Agricola de Penela da Beira, CRL (Coopenela) Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT
É um especial desafio para mim poder escrever umas linhas sobre a sustentabilidade e o desenvolvimento do interior, especialmente sobre o território do Douro e enquadrar o papel do cooperativismo nesse desenvolvimento. Se não fossem as cooperativas agrícolas, os pequenos e médios agricultores do Douro não tinham ninguém que os defendesse, no que ao esmagamento de preços diz respeito. Isto porque só juntando todos conseguimos ser fortes e influenciar a dinâmica de preços em determinados produtos. A Cooperativa Agrícola de Penela da Beira, CRL (Coopenela) é um exemplo concreto, pois só por existir induz melhorias na valorização e nos preços dos produtos que comercializa na região, pois os agricultores sabem que os valores que são pagos pelos produtos são sempre acima do que o mercado dos intermediários paga e, por isso, não hesitam em se associar e cooperar. As cooperativas, como a Coopenela, estão presentes para os bons e para os maus momentos, como se constata muito especialmente nos anos em que os preços estão mais baixos e há menos intermediários. A sustentabilidade é muito mais do que ter proteção ambiental e preservação do património. É, também, a intervenção social e económica que faz com que os muito grandes não esmaguem os muito pequenos e isso é o que o cooperativismo faz, de forma equilibrada, balanceada, reconhecendo o valor do trabalho e da propriedade privada com a justa distribuição dos resultados atingidos. E também é sustentabilidade a presença no território. Porque as cooperativas não se deslocalizam. Estão onde os agricultores estão. Já o desenvolvimento se consegue com outras políticas. Políticas que sejam orientadas para as pessoas, quer para as manter no território quer para as atrair para o território. Políticas que sejam orientadas para as organizações, quer para as manter quer para as atrair. E, essencialmente, transformar o pró-
prio território capacitando-o para a atração e para a manutenção. Atrair e manter empresas e outras organizações, como as cooperativas, nos chamados territórios de baixa densidade é um enorme desafio. O Douro tem tido especiais dificuldades nesta área, tendo apenas sido capaz de criar e desenvolver entidades associadas aos produtos endógenos diferenciadores (como é o caso da Coopenela) e organizações que prestam serviço à agricultura ou às entidades agroindustriais referidas. Quando falamos de Indústria 4.0 ou quando referimos a digitalização, há elementos essenciais, absolutamente indispensáveis, para que se possa vir a trabalhar, destas formas avançadas na região, que ainda não estão bem desenvolvidos, por vezes nem instalados ou sequer disponíveis pelas entidades públicas (estado e municípios) e que dificultam muito o estabelecimento de avanços significativos. Ou seja, o Douro continua atrasado 30 anos em relação aos avanços científicos e tecnológicos. E, nos últimos anos, não tem melhorado significativamente, inclusivamente tem perdido fatores de competitividade. Dou exemplos concretos desta afirmação: As linhas de telemóvel que se deterioram nos últimos anos na região, com muitos locais em que as chamadas tinham boa qualidade e agora não têm. A disponibilização de televisão digital terrestre, que parece que funciona cada vez pior. A incapacidade dos operadores de fazerem chegar fibra à porta das empresas e das pessoas. As burocracias municipais e estatais que são cada vez mais complexas e obrigam a que o simples agricultor com escassos rendimentos tenha, muitas vezes, que pagar ao contabilista ou a alguém que o ajude no emaranhado burocrático. Será que melhoramos nos últimos 30 anos? O Douro continua sem acessos dignos. Mais de metade dos concelhos da região não tem um acesso direto a via rápida ou auto estrada. O círculo entre a A4, a A25, a A25 (bem longe do Douro) e o IP2 (bastante incompleto em mais de 20 kms) faz com que concelhos como Sabrosa, Armamar, São João da Pesqueira, Penedono, Sernancelhe, Moimenta da Beira, Tabuaço ou Freixo de Espa-
da à Cinta estejam a várias dezenas de kms de vias dignas que permitam o rápido acesso aos mercados nacionais e internacionais, ficando estes concelhos excluídos das rotas das empresas de transporte e aumentando o custo por tonelada e, muitas vezes, impedindo mesmo a colocação de mercadorias e pessoas a tempo útil. Exemplos: as avarias em máquinas que as pessoas demoram horas a chegar para arranjar, o tempo de envio de uma encomenda postal ou o tempo para se conseguir estar no aeroporto do Porto ou de Madrid. Há muito mais de 100 anos o Douro distinguia-se por ter uma rede ferroviária completa e abrangente, com ligação internacional desde 1887 e com 4 linhas de acesso ao norte de Portugal a partir da linha do Douro (As linhas do Tâmega, do Corgo, do Tua e do Sabor). Anos e anos de desinvestimento descoordenado e desorganizado resultaram na total destruição dessa rede fazendo que, hoje, o comboio mal chegue à Régua (e a demorar 2 horas, não muito menos que em 1887) e não havendo planos para melhorar nenhuma das estruturas criadas no passado e que tanto ajudaram a desenvolver a região na sua época. Um dos pontos basilares no desenvolvimento da região que é poder servir de ponto de passagem entre Espanha e o litoral norte de Portugal continua a ser um plano mal acabado e que não se vê forma de passar à construção. Propositadamente não falei ainda do Turismo. O Turismo foi, nos anos recentes, a galinha dos ovos de ouro da região. O seu crescimento permitiu e facilitou que terras, aldeias, vilas e cidades, mas também quintas e quintarolas se revitalizassem e melhorassem as suas estruturas físicas. Em plena segunda vaga da pandemia provocada pelo COVID 19, é preciso fazer perceber todos os decisores que agora é tempo de tratar das pessoas. Porque que o Douro precisa de um IC 26 que ligue Lamego a Trancoso desesperadamente, que o Douro precisa urgentemente de uma ligação ferroviária eficiente a Espanha e ao litoral norte de Portugal é igualmente decisivo e importante formar e preparar as pessoas para que estes investimentos sejam bem utilizados, promovendo o desenvolvimento das pessoas do Douro e das pessoas que queiram vir ter a melhor qualidade de vida que há no mundo. Para tal é importante definir o que queremos. Queremos um Douro que valorize os produtos endógenos de preferência com investimento agroindustrial, sem dúvida. Queremos um Douro que valorize o Turismo e aproveite a oportunidade de poder mostrar
ao mundo esta região fantástica. Mas quer para uma coisa quer para a outra, precisamos desesperadamente de desenvolver os recursos humanos e para tal teremos que fazer das escolas superiores e médias verdadeiros laboratórios experimentais e nos quais o saber fazer se consiga passar para as novas gerações. E precisamos de muita formação profissional, para que as pessoas que estão em posição de colocar a região a ser muito bem vista ou muito mal vista pelos clientes, pelos turistas e por todos os que valorizarão, ou não, o nosso trabalho possam ter a oportunidade de se desenvolverem e crescerem. Apenas mais um elemento essencial, nesta análise superficial e com pouco espaço, que é preciso sermos capazes de vir a desenvolver e melhorar. Para não ser mal percebido, tenho que começar por dizer que os municípios da região têm feito um trabalho muito bom, quer na promoção de cada uma das suas regiões quer no estabelecimento de estruturas de apoio às organizações e de desenvolvimento do Turismo. Têm sido capazes de criar eventos e ações que atraem os forasteiros e que os fazem querer provar o Douro. Agora, está na altura da cooperação intermunicipal. Está na altura da CIM Douro e dos seus municípios serem capazes de fazer ações em conjunto que verdadeiramente capacitem a região, as suas infraestruturas e as pessoas. Está na hora de o fazerem com muito mais profissionalismo, disciplina e competência. E com mais e melhor marketing e mais e melhor impacto nos mercados de destino. Está na altura de se verem boas praticas desenvolvidas por alguns e aproveitar os ensinamentos noutros. E, mais uma vez, a formação profissional. Porque os recursos dos municípios também precisam de melhorar e adequar mais as suas competências para o desenvolvimento sustentado da região. E isso passa por melhorar as mentalidades e melhorar o conhecimento. Com formação haverá mão de obra qualificada e será resolvido um dos grandes problemas do Douro. Porque se queremos um operário agrícola não há. Se queremos um cozinheiro, não há. Se queremos um rececionista, não há. Se queremos um contabilista, não há. E havendo pessoas qualificadas melhoramos os serviços que prestamos. Melhores serviços mais bem pagos e mais valorizados. Porque sustentabilidade e desenvolvimento só servem se as pessoas souberem aproveitar, crescer e ter melhores vidas.
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Sustentabilidade e Desenvolvimento do Interior - Douro Luís Manuel M. Almeida Presidente da Direção da Associação Vale d’Ouro
Da definição apresentada no relatório “The Social Economy in the European Union (2012)” elaborado pelo Comité Económico e Social Europeu facilmente se infere que o papel das associações, na generalidade das suas áreas de atuação, se enquadra na designada economia social. Apesar de mais evidente no setor da solidariedade social, onde as IPSS’s ocuparam um lugar na prestação de diversos tipos de cuidados, também nas áreas
cultural e desportiva, as associações acabam por substituir ou mesmo assegurar os papéis que competiriam ao Estado central. É assim natural que na estrutura social das comunidades sejam as associações sem fins lucrativos que promovam o acesso à prática desportiva, à competição, à formação cultural, aos espetáculos culturais e mesmo à produção artística. A expectativa que recai sobre este tipo de entidades é, por isso, elevada. As associações são peças fundamentais para o equilíbrio social e acesso a manifestações artísticas e desportivas mas o esvaziamento demográfico não só reduz o potencial humano das instituições como
dificulta a criação de mecanismos para a sua viabilidade económica e financeira, deixando-as dependentes do poder autárquico local ou de complexos e burocráticos mecanismos de candidaturas. Naturalmente, as dificuldades para executar a sua missão estatuária e as funções de um Estado cada vez mais ausente multiplicam-se. Resta a resiliência dos dirigentes e apoio dos poucos associados que vão mantendo as instituições em funcionamento. Neste difícil contexto, de quase exclusiva luta pela sobrevivência, nem sempre é possível encarar o desenvolvimento de competências ou de metodologias, com vista a fornecer mais e melhores serviços, com a prioridade desejável. O desenvolvimento de redes que permitam criar escala parece ser um dos caminhos para fortalecer o tecido associativo e, consequentemente, aumentar a qualidade e quan-
tidade das ações que promovem nas diversas áreas. A constituição de redes formais poderá permitir, entre outras sinergias, a partilha de serviços, a distribuição de conteúdos ou a troca de boas práticas e metodologias já testadas por outras instituições. A Associação Vale d’Ouro tem-se batido pela constituição de uma rede de associações na área cultural onde são evidentes as necessidades da região, quer ao nível da oferta, quer ao nível da produção e respetiva distribuição, pese embora as muito boas condições dos recintos existentes. Mas esta é uma experiência perfeitamente replicável a todos os restantes setores. As associações representam o pulsar das comunidades nos territórios de baixa densidade e o último reduto de estruturas sociais que, em alguns territórios, poderão estar à beira do desaparecimento provocado pela desertificação.
A Escola, hoje e os desafios para o futuro! Agostinha Menezes Fonseca Veiga Diretora do Agrupamento de Escolas de S. João da Pesqueira
A aprendizagem para a vida social e as competências profissionais deixam de ser património quase exclusivo do ambiente formativo escolar o que contribui para que as escolas se sintam obrigadas a transformarem-se, passando de locais de ensino a locais onde se aprende através dos problemas e projetos provenientes da vida social e económica. O Projeto Educativo do Agrupamento de Escolas de S. João da Pesqueira “Aprender e Crescer com Valores” pretende responder às necessidades que se impõem, hoje à Escola, mas também servir como um instrumento de pla-
neamento da ação educativa. Pretendemos uma Escola que eduque com valores, mas que também atinja resultados meritórios, como se verificou no ano 2019/2020, ficando em 5º lugar, a nível nacional, nos Percursos Diretos de Sucesso no Ensino Secundário, indicador desenvolvido há 4 anos pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência que pode ser consultado no Portal InfoEscolas. A Autonomia e Flexibilidade Curricular surge como uma janela de oportunidade para promover práticas de ensino e de aprendizagem centrada numa lógica de trabalho colaborativo entre os professores. O currículo passa a ser assumido numa lógica de transdisciplinaridade, interdisciplinaridade, de participação e de reforço da autonomia sendo encarado como uma ferramenta para promover o sucesso escolar dos alunos. Decorrente da publicação do Decreto-Lei n.º 55/2018 de 6 de Julho,
o Agrupamento de S. João da Pesqueira está a desenvolver uma gestão curricular contextualizada num quadro de maior autonomia da escola com o Projeto “Douro de Hoje numa Projeção de Futuro”, cujo principal objetivo é conhecer o património histórico, cultural, económico e natural do Douro, especialmente o concelho de S. João da Pesqueira, de forma a conhecer a sua importância no País, na Europa e no Mundo, através da valorização do Património da Unesco. Pretende-se ainda promover um processo de consciencialização ambiental e de mudança de atitudes e de comportamentos face ao ambiente e preparar as crianças e jovens para o exercício de uma cidadania, dinâmica e informada face às problemáticas ambientais atuais. O Ensino Secundário centralizará o seu trabalho curricular na vertente das “Alterações Climáticas e Adaptação”. As aprendizagens essenciais estão a ser mobilizadas, sob diferentes perspetivas para o desenvolvimento dos diferentes projetos interdisciplinares, e os alunos através da observação estão a identificar, analisar e dar sentido à informação/pesquisa sobre a ação do homem
no planeta, mais concretamente na região duriense, o que contribuirá para uma ação assertiva acerca das questões referidas anteriormente. O desenvolvimento da Autonomia e Flexibilidade Curricular (AFC) no Agrupamento pretende, igualmente, a reintrodução nas salas de aula de novas metodologias pedagógicas, indo ao encontro do perfil do aluno, respeitando a sua diversidade, tornando as aprendizagens atrativas, apropriando-se de referenciais locais de modo a que estas façam sentido para o mesmo e perdurem no tempo. Com a colaboração dos mais variados parceiros locais e nacionais tentamos criar condições adequadas para que o jovem saia dotado de literacia cultural e científica e, simultaneamente munido de um conjunto de ferramentas, com ênfase na valorização das artes, das ciências, do desporto, das tecnologias de informação e comunicação, do trabalho prático e experimental, a serem desenvolvidos através de projetos transversais a todos os ciclos implementados nas escolas. A este respeito, destaca-se a
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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA gestão de projetos/atividades, que pretendem desenvolver competências do exercício da cidadania ativa, de participação social, em contextos de partilha e de colaboração e de confronto de ideias sobre matérias da atualidade. No início do ano letivo o Agrupamento foi galardoado com o Selo de “Escola Sem Bullying/Escola Sem Violência” por ter promovido e implementado, no ano letivo 2019/2020, um Plano de Prevenção e Combate ao Bullying e ao Ciberbullying, assumindo
práticas quotidianas de promoção da saúde e do bem-estar da comunidade educativa, pautadas pelos princípios da não-violência, da inclusão e da não discriminação”. Nos últimos três anos também foi distinguido como “Escola Solidária”, a nível nacional pela Fundação EDP. No mesmo modo, nos últimos anos, a quase totalidade dos nossos alunos tem procurado o ensino superior e durante todo o processo educativo da sua escolaridade obrigatória, procuramos incutir valores de enraizamento
à terra, para que um dia regressem, munidos de uma dinâmica económica e inovação empresarial de forma a conseguirmos ter um território mais competitivo, que garanta o desenvolvimento local e territorial e a fixação das suas populações. Por outras palavras, esperamos que a Escola tenha um papel proactivo na tentativa de minimizar o envelhecimento e a baixa densidade populacional, social, cultural, assim como as dificuldades económicas, sentidas no sector do
vinho, principal rendimento da região, associadas a uma baixa instrução. Por fim, penso que existe imenso potencial de desenvolvimento ao nível do turismo, no entanto, as camadas mais jovens têm de ter bases científicas e tecnológicas, que lhes permitam fazer parte de uma estratégia e gestão assentes na sustentabilidade, inovação e gestão desta região tão sui generis. O caminho para trilhar existe, mas cada um tem de fazer a sua parte!
Para uma Região do Douro Sustentável Joaquim Borges Gouveia, Professor Catedrático Aposentado da U. Aveiro e Presidente da AG da APM
A Europa está a ficar cada vez mais dependente de hidrocarbonetos importados. A manter-se o actual statu quo, a dependência da UE face às importações de energia passará dos actuais 50% do consumo energético total da UE para 65% em 2030. Pensa-se que a dependência das importações de gás aumentará de 57% para 84% em 2030, e a de petróleo de 82% para 93%. As actuais políticas energéticas da UE não são sustentáveis. Mesmo com uma política eficaz de eficiência energética, só para a produção ao longo dos próximos 25 anos será necessário um investimento da ordem dos 900 mil milhões de euros. A previsibilidade e a existência de mercados internos eficientes do gás e da electricidade são essenciais para investimentos a longo prazo que permitam preços competitivos. Uma nova política energética europeia deve ser ambiciosa, competitiva e a longo prazo. Além disso, a política energética deve trazer benefícios a todos os europeus. Os objectivos da UE noutros domínios, como a estratégia de Lisboa para o crescimento e o emprego e os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, serão também mais difíceis de alcançar. A criação de incentivos ao investimento, sobretudo em eficiência energética e energias renováveis, deveria criar emprego, pro-
mover a inovação e a economia baseada no conhecimento na UE. A União Europeia já é hoje o líder mundial em tecnologias renováveis e tem potencial para liderar o mercado mundial em rápido crescimento das tecnologias energéticas com baixas emissões de carbono. No caso da energia eólica, por exemplo, as empresas da UE dominam 60% do mercado mundial. A determinação da Europa em continuar na vanguarda da luta global contra as alterações climáticas dá-lhe a oportunidade de liderar a agenda global da investigação. A fim de assegurar o desenvolvimento de tecnologias emergentes, devem ser mantidas todas as opções. Ao mesmo tempo, a dimensão social da política energética europeia deve ser tida em conta ao longo de todas as fases de concepção e execução das várias medidas. Ao mesmo tempo que esta política deverá contribuir em geral para o crescimento e o emprego na Europa a longo prazo, poderá exercer um impacto significativo no comércio internacional de alguns produtos e processos, nomeadamente no domínio das indústrias com utilização intensiva de energia. A política energética e a política ambiental europeia constituirão nos próximos anos uma enorme oportunidade de criar possibilidades de desenvolvimento sustentável em territórios até agora com uma base tecnológica menos intensiva nas tradicionais tecnologias baseadas numa economia intensiva no carbono. A definição de um modelo de desenvolvimento sustentável baseado em novas soluções energéticas e permitindo a introdução, numa visão integrada, de sistemas energéticos sustentáveis através de um programa
de demonstração de “clean technologies”, deverá e poderá transformar a Região do Douro num território modelo de aplicação dessas soluções criando um movimento verdadeiramente demonstrador dessas novas soluções energéticas sustentáveis. O papel da Região do Douro, sendo um exemplo na produção de vinho do Porto, mobilizando os actores locais mais empreendedores e inovadores, para definir a Região do Douro como um espaço eco sustentável capaz de criar um efeito de alavancagem de novas oportunidades de negócio através da definição de um conjunto de projectos que permitissem atrair agentes económicos nacionais e internacionais. Estes projectos constituiriam oportunidades de criar condições de desenvolvimento de mercados locais e atrair parcerias tecnológicas e de conhecimento que contribuissem para a criação de empresas de base tecnológica locais e apoiadas pelos parceiros mais dinâmicos da Região do Douro. A título de exemplo, eis alguns temas a partir dos quais se poderão preparar projectos em consórcio, liderados por empresas capazes de desenvolverem novas soluções tecnológicas em áreas estratégicas como a eficiência energética, as energias renováveis, as tecnologias de redução, captura e armazenamento de carbono e de centros de investigação, desenvolvimento e inovação em sistemas energéticos sustentáveis bem como empresas de novos serviços energéticos e que deverão nascer no centro de incubação e nas áreas de localização empresarial. Assim sendo, eis alguns temas para projectos que deverão estar alinhados com os objectivos da política energética europeia, nomeadamente na melhoria da eficiência energética, incremento das energias renováveis e redução do carbono a implementar na Região do Douro: 1 - elaboração da matriz energética do terri-
tório (cidades e território) 2 - elaboração da carta de mobilidade dos vários actores locais 3 - elaboração da carta de aproveitamento dos resíduos sólidos do território 4 - programa para introdução da certificação energética e da qualidade do ar nos edifícios públicos 5 - programa para introdução da certificação energética e da qualidade do ar nos edificios privados a construir e construídos 6 - programa para aquecimento de água através de energias renováveis em todos os edificios públicos da região 7 - programa de introdução de energia fotovoltaica nos edificios públicos 8 - programa para a eficiência energética da iluminação pública 9 - programa da carta de mobilidade de todas as instituições públicas da região centro 10 - programa de gestão eficiente da água e da energia nas empresas de águas da Região do Douro 11 - programa de reciclagem e tratamento dos resíduos, incluindo o aproveitamento do biogás nos aterros na Região do Douro 12 - programa para a redução, captura e armazenamento do carbono 13 – mobilidade digital através da rede wireless em toda a Região do Douro 14 – introdução de biocombustíveis nas frotas municipais 15 – programa de aquecimento das escolas básicas e secundárias com recurso a energias renováveis 16 – frota com veículos eléctricos nas cidades para o transporte público 17 – semaforização com leds electrónicos 18 – programa de isolamento térmico dos edificios públicos E outros programas e projectos poderão ser definidos e encontradas as melhores e mais indicadas parcerias para elaboração dos consórcios com o objetivo de tornar a Região do Douro numa região exemplar no tema da sustentabilidade.
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Desejamos a todos um Santo Natal e um prรณspero Ano Novo! info@regiadouro.com
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Caras e caros Munícipes,
Manuel Cordeiro Presidente da Câmara de São João da Pesqueira
O ano de 2020 tem sido provavelmente o ano mais atípico das nossas vidas. Um ano no qual temos sido fortemente condicionados nos nossos hábitos e rotinas, num quadro de incerteza e muito crítico para a saúde de todos nós. Assim, as minhas primeiras palavras são de gratidão a todos os munícipes, que dentro e fora do concelho participaram neste esforço de contenção da pandemia, desde os trabalhadores das IPSS´s, os Bombeiros Voluntários, os Médicos, Enfermeiros e Auxiliares, bem como aos quadros da Autarquia que estiveram sempre disponíveis para colaborar com a população, nomeadamente a
mais idosa, minorando assim os efeitos decorrentes dos confinamentos e restrições de movimentos. Começam a surgir felizmente notícias que nos vão dando esperança de que a pandemia finalmente será vencida. Até lá, há que manter rigorosamente todos os procedimentos sanitários de segurança que bem conhecemos. Dirijo também uma palavra de agradecimento a todos os trabalhadores e empresários do concelho que não pararam de trabalhar, e ao comportamento dos nossos munícipes, que na sua esmagadora maioria foi absolutamente exemplar e seguramente a mais forte razão para uma menor incidência da pandemia no nosso concelho.
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O Natal significa comunhão e esperança. É um momento que desejo que seja vivido por todos, independentemente das circunstâncias atuais, com serenidade, entusiasmo e confiança num tempo que esperamos novo e desafiante. Uma palavra solidária e de apreço, pela comunidade Pesqueirense que reside fora das fronteiras do concelho, quer no país, quer no estrangeiro. A todos, caras (os) amigas e amigos desejo um Santo e Feliz Natal e um Ano de 2021 com Saúde, Esperança e Confiança renovadas!
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Reportagem
Negócios adaptam-se à
Com a pandemia que abalou o mundo em 2020 muitos dos negócios tiveram que se adaptar em busca de uma solução para uma quebra de faturação que, em muitos casos, superou os 50% comparativamente com 2019.
Texto e fotos: Carlos Almeida
Um dos setores mais afetados foi a restauração. Depois de um encerramento total em março e abril, desde a reabertura o setor vive com fortes restrições que limitam o número de clientes nos espaços, bem como os horários de funcionamento. Responsável por milhares de postos de trabalho, o setor da restauração foi também dos que mais rápido se adaptou gerando também novos hábitos que alguns temem ser permanentes com os prejuízos que isso pode trazer. Para colmatar a ausência de clientes nas salas, os restaurantes começaram a servir em regime de take away mas também em entrega ao domicílio. Petiscos ao domicílio Entrando pela estreita Rua da Olaria, em Lamego, outrora via repleta de negócios tradicionais, encontramos o Taskazita, um espaço que nos remete para as típicas tascas durienses onde os petiscos são uma imagem de marca, bem como a boa
> Zita Rodrigues
disposição de Zita Rodrigues, proprietária do espaço. Este foi um dos restaurantes da região que se adaptou aos novos tempos, apesar de contrariar o espírito do local. “Nós adaptamos o nosso negócio apesar de sentirmos pouca adesão. As pessoas preferem comer no restaurante porque a comida chega em melhores condições à mesa, por muito cuidado que tenhamos no seu transporte. Adaptei uma carrinha que temos, compramos caixas térmicas e temos uma pessoa que faz a distribuição porque aqui não há aquelas plataformas de entregas que conhecemos das grandes cidades por exemplo, temos que ser nós a fazer todo esse trabalho. A Tascazita tem uma imagem de marca que não é apenas a comida que aqui servimos, é o serviço que prestamos, os clientes são praticamente amigos e o contacto que existe ao virem aqui é algo que não conseguimos levar a suas casas, e as pessoas manifestam essa nostalgia, é mais impessoal. Isto é uma casa de amigos que serve pratos que convidam à partilha de conversas, muitos petiscos, e isso foi algo que se perdeu”, conta-nos Zita. Inaugurada em 2012, em plena crise económica com a Troika a gerir as contas nacionais, o espaço passa, de acordo com a proprietária “pelo pior momento de sempre. Em 2012 as pessoas não estavam limitadas na circulação, não havia este medo do contacto e isso faz toda a diferença”. Zita Rodrigues conta-nos que o receio atualmente é a mudança de hábitos que esta pandemia pode provocar, alguns são mesmo já sentidos, em especial no horário de almoço com muitos dos habituais clientes ausentes daquele espaço. “Esta pandemia pode criar novos hábitos
> Daniel Gomes
mas para nós é triste ver a sala vazia. Se as pessoas se habituam a isto vão deixar de vir aos restaurantes e ficam em casa. Uma quebra fruto de uma adaptação que já sentimos foi ao almoço, antes da pandemia tínhamos aqui muita gente a almoçar, em especial de negócios ligados aos serviços, essas pessoas agora trazem a sua comida de casa e comem no local de trabalho para evitarem ajuntamentos, é uma alteração que nos prejudica o negócio”. Brunch permite refeição tranquila Mas não é só de take away e entregas ao domicílio que se fazem as mudanças no setor da restauração um pouco por todo o Douro. Em Vila Real fomos conhecer um novo conceito, o brunch, uma mistura de pequeno-almoço com almoço que normalmente é servido a meio da manhã, permitindo assim disfrutar de uma refeição ainda a tempo do regresso a casa que ao fim de semana terá que acontecer até às 13 horas. “Este conceito adequa-se à restrição de horários que temos ao fim de semana, daí termos decidido implementar o conceito uma vez que os clientes só podiam vir cá almoçar e à uma da tarde tinham que sair e as pessoas não gostam de comer à pressa sempre a olhar para o relógio. O brunch surge já que não podemos receber os clientes para almoço, decidimos experimentar criando um menu à volta do que se faz nas grandes cidades europeias pegando em algumas iguarias e felizmente tem tido uma boa aceitação. As pessoas ao fim de semana é quando têm mais tempo para lazer e estar à vontade”, conta-nos Daniel Gomes, chef do restaurante Cais da Villa, em Vila Real.
Para o responsável pela cozinha deste espaço de excelência Vila Real é hoje “uma cidade em crescimento e que tem apostado na modernização”, encaixando com o conceito agora desenvolvido, que surge “não pelos melhores motivos” mas que o chef prevê que “se vá manter, até porque as restrições também deverão continuar”. “Só em Lisboa e Porto é que já há alguns espaços mesmo dedicados a este tipo de serviço daí termos decidido fazer esta aposta para gerar algum movimento. Também fazemos take-away e delivery mas é um conceito mais comum e decidimos fazer algo diferente. Tivemos que inovar porque nenhum negócio cresce ou se mantém sem fluxo de caixa”. Daniel Gomes explica-nos um pouco melhor no que consiste esta refeição, apresentando o brunch que podemos usufruir. “É algo descontraído, ainda estamos a “iniciar o sistema” como costumo dizer e ainda não há aquele apetite para almoçar e este conceito encaixa muito bem. Normalmente um brunch é servido maioritariamente em hotéis e é feito um buffet. Devido à pandemia e às restrições esse conceito é posto de lado e apostamos num menu completo composto por 3 momentos bastante completos. Na primeira parte servimos umas compotas, manteiga, sumo de laranja, café ou chá. Tem ainda duas variedades de tostas e um covilhete, um pastel tradicional da cidade. Num segundo momento temos uma confeção de ovo, muito utilizada neste conceito, o benedict, e uma salsicha alemã grelhada, de queijo com batata, como se fosse um prato principal, já com proteína. Terminamos com uma panqueca de fruta
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pandemia
> Isabel Sá
com musse de coco, que será a sobremesa. O cliente acaba por ter três momentos diferentes, é quase um menu de degustação”. Era digital chegou aos centenários Conhecida por todos na cidade de Peso da Régua, a Casa Antão é uma retrosaria centenária que deu o salto para a era digital com a chegada da pandemia, contornando assim a quebra de vendas registada. “Isto surgiu porque o negócio começou a decrescer um pouco. Nós já tínhamos uma página no Facebook que não era muito trabalhada diariamente mas com a pandemia houve necessidade de nos adaptarmos às circunstâncias porque não podíamos baixar os braços. Começamos a fazer uns diretos de divulgação de produtos e começou a correr muito bem. Os primeiros diretos tiveram uma média de 100 pessoas a ver que nos iam solicitando para continuar. Começamos a fazer os vídeos de forma semanal, aos domingos”, explica-nos Isabel Sá, a “cara” destes diretos. Isabel afirma ainda que esta ferramenta obrigou o próprio negócio da reinventarse, procurando responder ao crescente interesse que as pessoas têm demonstrado. “Os diretos semanais foram uma ferramenta ótima de divulgação dos produtos da nossa loja porque as pessoas não tinham a noção que nós tínhamos tantos produtos diversificados. É óbvio que com este volume de venda que registamos tivemos necessidade de procurar novos produtos também para não cansar o cliente. Fazendo isto semanalmente e com já perto de 400 pessoas a assistir, acabamos por ter a preocupação de ter produtos diferentes
para que as pessoas não se cansem, não posso correr o risco de ser algo monótono. O feedback que as pessoas nos dão é mesmo esse, que não faziam ideia que tinha tantos produtos, apesar de toda a gente conhecer esta loja até porque já é um espaço centenário”. Os compradores têm surgido de semana para semana assim como as visualizações em direto, Isabel Sá é quem garante não só as vendas como a preparação das encomendas e a sua entrega ao cliente, em casa. “De semana para semana as coisas têm evoluído positivamente, as pessoas compram muito. Como é ao domingo, apesar de ser um dia mais calmo, as pessoas estão em casa, confortáveis o que proporciona que possam ter tempo para assistir. Depois as encomendas são entregues por mim ao domicílio ou as pessoas podem passar aqui pela loja a levantar”. A avaliação positiva leva a que Isabel pense já manter este formato, “mas de forma quinzenal talvez”, quando todas as restrições estiverem ultrapassadas. Fruta e hortaliça na rede As compras online e a possibilidade de receber os produtos em casa, evitando deslocações, esperas em filas e aglomerados de pessoas em espaços comerciais, foram uma das alterações que esta pandemia trouxe para o dia a dia. É neste contexto, associado a um consumo de produtos de qualidade e proximidade também crescente, que nasceu o projeto Da Quinta Ao Prato, de Marlene Fonseca. “As pessoas procuram cada vez mais alimentos saudáveis e frescos, isso só se encontra junto dos pequenos produtores
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Reportagem
que têm a sua horta e que nos fornecem na medida do que precisamos para as encomendas, garantindo que só são colhidos antes da entrega. O cliente recebe sempre os produtos frescos”. Todo o processo é bastante simples e as entregas podem ser feitas ao domicílio do cliente ou em outro local que este designar, como explica Marlene. “Aos domingos colocamos todos os produtos que temos disponíveis nessa semana nas nossas redes sociais e vamos recolhendo as encomendas até ao final da manhã de quarta feira. O dia seguinte é passado a organizar as encomendas e ao final do dia é hora de recolher os produtos necessários para que no dia seguinte seja feita a distribuição. Sou eu quem faz a entrega pessoalmente e posso levar a casa do cliente ou a outro local que seja pedido”. O projeto Da Quinta ao Prato surge de um outro que Marlene tinha anteriormente. “Tinha um projeto anterior e que surgiu durante a primeira fase da pandemia que
> Marlene Fonseca
se chamava Da Terra. Com o crescimento desse projeto e a vontade de o levar um pouco mais longe decidimos criar um novo nome e imagem para fazer esse trabalho”. A expansão do negócio é neste momento a meta de Marlene Fonseca que, apesar de ter o seu trabalho como restauradora, pretende dedicar todo o seu tempo a este novo projeto. “Com todas estas alterações criamos zonas de entrega para conseguirmos chegar mais longe, o objetivo é chegar às grandes cidades do norte, como o Porto, por exemplo, ou Braga. Acreditamos que é aí que os nossos produtos farão maior diferença, são produtos de grande qualidade, sem nenhum tratamento e que vêm diretamente dos produtores, não estão inseridos numa cadeia de distribuição de larga escala. Outra coisa que pode fazer a diferença é o facto de também termos alguns produtos regionais como a Bola de Lamego, vinho, azeite e doçaria regional”. ▪
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Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I
Inverno com Saúde No inverno ocorrem, naturalmente, temperaturas baixas e como consequência, há um aumento de incidência das infeções respiratórias na população, algumas vezes relacionadas com a epidemia sazonal da gripe. Mas, para além do vírus da gripe podem ocorrer simultaneamente agentes virais e bactérias, que provocam outro tipo de infeções respiratórias, como por exemplo pneumonias. A exposição ao frio, sem a proteção adequada, pode provocar alterações no nosso organismo que nos leva a ficar mais suscetíveis à gripe e constipações, especialmente em alguns grupos de pessoas mais vulneráveis, como as crianças, os idosos e os portadores de doenças crónicas. Portanto, se pertence a um dos grupos de risco e ainda não se vacinou, dirija-se ao seu Centro de Saúde porque ainda está a tempo de o fazer! Durante o inverno é importante que mantenha a sua casa aquecida, mas em segurança, tendo cuidado com braseiros, lareiras abertas e cobertores elétricos. Intoxicações por monóxido de carbono e incêndios domésticos são alguns dos acidentes frequentes no inverno e que resultam em graves consequências. Aconselha-se até, que no início do inverno se verifique se o sistema de aquecimento utilizado se encontra em perfeitas condições de funcionamento. Ainda dentro de casa, também ajuda a combater o frio o consumo de bebidas quentes. No exterior, sugere-se o uso de várias camadas de roupa, bem como a proteção das extremidades, através da utilização se gorros, luvas e cachecóis. Nesta época de frio há também uma maior tendência para concentrar as pessoas em locais fechados e mal arejados, o que pode contribuir para a propagação de algumas doenças infeciosas. São assim fundamentais as medidas de proteção contra a gripe e outras infeções respiratórias, como por exemplo: lavagem frequente das mãos, “distanciamento social” se tiver sintomas de gripe, utilização de máscara de proteção se tiver tosse, utilizar a linhas de saúde 24 (808 24 24 24), como primeiro contacto com o sistema de saúde, evitando assim desnecessárias idas ao Serviço de Urgência! O frio do inverno pode ainda aumentar significativamente o risco de acidentes rodoviários e mesmo quedas das pessoas nas ruas, isto devido ao gelo, geada, granizo, vento e chuvas, pelo que cuidados acrescidos na estrada e nos passeios também são extremamente importantes. Proteja-se do frio e passe um inverno seguro!
Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
AS PESSOAS NÃO SÃO PEDRAS NO HORIZONTE! Montes de jardins. Cores que nos entram no peito. Uma região sofisticada, glamorosa. Uma parte, demarcada. Foi feita a demarcação. Para marcar a sua diferenciação. Mas toda ela é marcada. O tempo e a história marcaram-na indelevelmente. Marcaram-na tão bem, mas tão bem, que quem por cá passa, fica marcado também! Este é o Grande Douro. O da vinha, o dos pomares, soutos e olivais e até amendoais. O do vale profundo e da serra verdejante. Tanta diversidade que a faz única no mundo. Mas, há um problema inadiável! Podemos não o querer encarar de frente, mas ele é real. O desamparo humano é um fardo pesado. A desertificação humana deixou desestruturadas as nossas comunidades. As nossas aldeias perderam os pilares que suportavam a vida. Sem vizinhos, ou com vizinhos da mesma idade, muitos Homens e muitas Mulheres que fizeram esta região extraordinária, quando pela sua vontade ou necessidade, permanecem nas suas casas, agarram-se ao silêncio para sobreviverem a esta nova e, cada vez mais, aguda realidade. Há alguns serviços de apoio, mas nem todas as pessoas os podem pagar. E, custa a dizer, são apoios que já não respondem a grande parte das reais necessidades das pessoas. São serviços do deixa e foge. Deixa, mas vai embora. Não há tempo para ficar. Não se chateiem comigo por dizer isto desta forma. Chateiem-se com a realidade e com a falta de soluções estruturadas e permanentes. Se formos institucionalizados, podemos eventualmente perder parte da nossa identidade, mas dão-nos conforto. Uma troca cara mas que talvez até seja um preço justo. Se ficarmos em casa, no nosso lugar, abraçamos as memórias, mas corremos o risco de nos desabituarmos da vida. Somos uma região glamorosa para as gentes de todo o mundo. E clamorosa para os nossos mais velhos? Não somos pior, nem quase nada diferentes, de todo o interior deste país. Nesta região Marcada e Demarcada, distinguida com a Marca de Património da Humanidade, precisamos de outra Marca - a da Humanização! Um primeiro passo: Terras da água e do vento, e, desses elementos, fazemos energia que não aquece os que mais frio sentem. A energia para os que mais precisam pode vir a ser a preço mesmo muito diferente? Um outro passo: Das experiências e competências já no terreno, faremos melhor que no resto do país. Substituiremos a organização implícita das aldeias onde nascemos, cheias de gente, por uma organização que fique, ampare, permaneça e cuide. Criaremos emprego que promova vida e felicidade humana. Vamos levar para as aldeias, jovens profissionais, cuidadores comunitários? Com esta reflexão, apelo à determinação e união que serão a força para a luta pela humanização! AS PESSOAS, SÃO O HORIZONTE!
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A Junta de Freguesia de Pinh찾o deseja a todos um Feliz Natal e um pr처spero Ano Novo!
Rua Ant처nio Manuel Saraiva, Edificio da Casa do Povo 5085-037 Pinh찾o Tel: 254 732 343 Fax: 254 731 883 e-mail: jfpinhao@gmail.com www.jfpinhao.pt
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VIVADOURO
DEZEMBRO 2020
Região
Autarcas visitam call center do ACeS Marão Douro Norte Os autarcas abrangidos pelo ACeS Marão Douro Norte, acompanhados por Gabriel Martins, Diretor do Agrupamento, visitaram na passada semana o Call Center ACeS Marão Douro Norte.
Este Call Center foi constituído pelo ACeS Marão Douro Norte e os sete Municípios da sua área de intervenção, na sequência das medidas definidas em Conselho de Ministros, com o objetivo de mobilizar recursos humanos para reforço da capacidade de rastreio e vigilância de pessoas infetadas com Covid-19. Para além dos técnicos de saúde do ACeS, esta estrutura funcionará suportada em técnicos das
sete autarquias abrangidas por este agrupamento de centros de saúde: Mesão Frio, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Alijó e Murça. O Call Center ficou instalado no Pavilhão de Acolhimento Empresarial do Município de Vila Real, num espaço cedido pela empresa Randstad do seu próprio Call Center. De acordo com a informação divulgada, o objetivo passa por dar uma resposta de reforço aos utentes e acelerar os contactos telefónicos com utentes positivos e suspeitos, agilizar os isolamentos e a realização de inquéritos epidemiológicos, promover atempadamente as altas e a verificação de desfechos, permitindo, deste modo, incrementar a eficácia na interrupção de cadeias de transmissão de Covid-19 na comunidade. Para além dos técnicos superiores, os municípios forneceram equipamento informático e telefónico para garantir a realização dos contactos. ▪
Lamego
Museu de Lamego distinguido com dois prémios APOM Na 25.ª edição dos Prémios APOM, realizada no dia 10 de dezembro, o Museu de Lamego foi distinguido, pelo segundo ano consecutivo, com o prémio “Inovação e Criatividade” e, pela primeira vez, com o prémio “Parceria”. Os prémios são o reconhecimento de dois projetos que estiveram na base de toda a programação de mediação cultural levada a efeito pelo Museu de Lamego, ao longo de 2019: o Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa – A Viagem na categoria “Inovação e Criatividade” e Instituição Convidada. Santa Casa da Misericórdia de Lamego, na categoria de “Parceria”. Prémio Inovação e Criatividade – Ciclo de Fotografia do Museu de Lamego e Vale do Varosa – A Viagem Inserido numa estratégia inovadora de comunicar e promover o património histórico e cultural da região do Douro e Vale do Varosa, a 6.ª edição do Ciclo de Fotografia do Museu de Lamego adquiriu novo título e alargou-se aos Monumentos do Vale do Varosa, através de quatro exposições simultâneas, entre outubro e dezembro de 2019, no museu e em três monumentos classificados, numa organização em parceria entre o Museu de Lamego e MIRAFORUM. Com a curadoria de Manuela Matos Monteiro e João Lafuente, “embaixadores do Museu de Lamego para a fotografia”, o ciclo de fotografia foi dedicado ao tema «A Viagem», a propósito dos 500 anos da circum-navegação, numa oportunidade de reflexão sobre o fenómeno da mobilidade e o seu impacto nas sociedades ao longo dos tempos, através da realização das quatros
exposições, cuidadosamente articuladas ou concebidas especificamente para espaços a que se destinaram: i) Museu de Lamego - Três Cidades de Marrocos. A partir de livro e fotografias de Vergílio Correia; ii) Convento de Santo António de Ferreirim - O mar que nos Liga. Coletiva apresentada pelos Encontros da Imagem, Braga; iii) Ponte Fortificada de Ucanha - Há ir e voltar, pela fotojornalista Lucília Monteiro; iiii) Mosteiro de Santa Maria de Salzedas - Circum-navegação na palma da Mão – coletiva de fotografia mobile. Inseridos na programação complementar das exposições tiveram ainda lugar um workshop de fotografia, pelo fotógrafo-viajante, Júlio de Matos, e um concerto de Natal, pela Orquestra Nacional Moderna, que teve por cenário o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Depois da «Viagem», o Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa regressa no 1.º trimestre de 2021, para nova edição dedicada ao tema “Casa». Prémio Parceria – Instituição Convidada: Santa Casa da Misericórdia de Lamego Com o objetivo de promover o diálogo, a cooperação e um relacionamento de maior cumplicidade e de envolvimento do museu com instituições locais/regionais da comunidade onde se insere, o Museu de Lamego deu início, em 2019, ao programa anual Instituição Convidada. A Santa Casa da Misericórdia de Lamego foi a primeira instituição convidada, a pretexto da celebração dos 500 anos da sua fundação, de ser uma das instituições mais antigas e de maior relevo da cidade e pela ligação histórica que mantém com o museu. Assente num modelo de gestão e organização partilhada entre o Museu de Lamego e a Instituição convidada, os 500 anos da Misericórdia de Lamego foram celebrados através de um conjunto de iniciativas desdobradas em torno da exposição titulada Misericórdia de Lamego. 1519-2019, apresentada entre 19 de maio e 29 de setembro. Da exposição foi publicado um catálogo impresso, que reúne as entradas de catálogo de onze
investigadores especialistas na área da História, da História da Arte e Conservação e Restauro, distribuídas por quatro capítulos temáticos, antecedidos por dois artigos de caráter abrangente e
contextualizante sobre a implantação da Misericórdia de Lamego na cidade Quinhentista e sobre a importância da encomenda artística no desenvolvimento das Misericórdias. ▪ PUB
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VIVADOURO
DEZEMBRO 2020
Opinião António Fontaínhas Fernandes Reitor da UTAD
A Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte iniciou a auscultação sobre a estratégia de desenvolvimento da Região do Norte para o período de programação das políticas da União Europeia, Norte 2030. Trata-se de uma oportunidade única para pensar o futuro da região e delinear medidas que permitam inverter a lógica atual de desertificação e envelhecimento da região,
Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)
O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto tem em desenvolvimento dois projetos que irão, certamente, revolucionar o panorama da Região Demarcada do Douro. Um dos projetos resulta de uma parceria com a NOVA Information Management School (NOVA IMS), da Universidade Nova de Lisboa, através do qual se conseguirá que a inteligência artificial e a ciência de dados venham a apoiar os processos de planeamento e gestão, visando a otimização de processos com impacto, nomeadamente,
Luís Braga da Cruz
Engenheiro Civil
Todos convergem em considerar Eduardo Lourenço um heterodoxo, mas alguém que sempre pensou o que foi, é e será a condição de ser português. Como intelectual e pensador, Eduardo Lourenço era livre e autónomo, sabendo explorar a vocação universalista de Portugal e o lugar que a língua, a história e a cultura portuguesa continuarão a ter no Mundo. Recordo que, em 1998, colaborei com a Casa de Mateus, em Vila Real, na organização de uma reflexão sobre o tema, então candente, da Regionalização. Eduardo Lourenço vivia em França, mas aceitou estar presente. Sendo questionado se a descentralização regional poria em causa a identidade portuguesa,
O Douro no período pós-Covid bem como corrigir a trajetória de convergência em relação ao país e à Europa. No período de 2013 a 2018, o crescimento económico do Norte foi, em média anual, de 2,7%, ou seja, superior ao de Portugal (2,2%) e da UE28 (2,1%). O Norte continua assim a ter uma vocação exportadora e mantém um saldo positivo da balança comercial, em contraste com o elevado défice nacional. No entanto, continua a ser a região com o menor PIB por habitante com conhecidas assimetrias intrarregionais. O Norte litoral baseado numa estrutura económica diversificada e com uma proporção mais equilibrada entre as atividades económicas, contrasta com o Norte interior que assenta no setor primário e administração pública, menos
compatível com uma resposta positiva em situações de crise. Em termos de sistema regional de inovação, nas sub-regiões com maior dinamismo económico localizam-se as maiores instituições de ensino superior da Região e há uma maior concentração de entidades científicas e tecnológicas. Inverter esta lógica, exige um sistema regional de inovação mais articulado territorialmente que contribua para alargar a base territorial de competitividade. No caso do Douro, é fundamental apostar na valorização da fileira agroalimentar, designadamente da agricultura, da floresta e da indústria alimentar, de forma a potenciar uma agricultura de maior valor acrescentado, onde se inclui a agricul-
tura de precisão, numa lógica de preservação e de gestão de recursos energéticos, hídricos e dos ecossistemas. Uma estratégia de desenvolvimento económico, baseada na procura externa, passa por explorar novos mercados, novos modelos de negócio, pela internacionalização das empresas, principalmente em mercados emergentes. Mas deve, igualmente, merecer relevância a intensificação das relações intrarregionais, visando cumprir o desígnio de uma maior coesão e inclusão social, devidamente articulado com processos sustentáveis de convergência e de competitividade, assentes nos recursos endógenos dos territórios.
IVDP na senda do progresso na Região Demarcada do Douro nos custos de produção ou na identificação das melhores rotas e destinos dos vinhos do Douro e do Porto. Trata-se de um projeto denominado IVDP Data +, financiado pelo Portugal 2020 ao abrigo do programa SAMA IA, que vai decorrer até dezembro de 2021, representando um investimento global de aproximadamente 300 mil euros. Através do modelo a ser desenvolvido no âmbito deste projeto, tornar-se-á possível realizar estimativas de produção para o viticultor – e prever os respetivos custos de produção – identificar as rotas do transporte de vinhos mais favoráveis e sugerir potenciais mercados mediante as características do vinho, além de permitir o rastreamento fidedigno de toda a produção, desde a uva até
à garrafa. Outro projeto que decorre e que se reveste igualmente da maior importância, visa a criação do Portal do Setor Vitivinícola da Região Demarcada do Douro, (RDD +). Trata-se de um projeto com um orçamento associado de quase 2 milhões de euros, prevendo um suporte de 85 % por fundos comunitários, para uma execução física e financeira de 24 meses. Este projeto, tendo como ponto de partida o diagnóstico dos sistemas de informação do IVDP e pretendendo dar e resposta adequada às necessidades dos agentes económicos do setor vitivinícola da Região, visa criar uma interligação entre todas as aplicações informáticas já existentes, promover o desenvolvimento das
aplicações em falta e disponibilizar serviços online a toda a sua cadeia interna e externa de utilizadores. Adicionalmente, são esperados efeitos positivos na organização do IVDP, através da inovação de processos, concretamente pela sua maior simplificação, reengenharia e desmaterialização, aumentando, deste modo, a capacitação da administração pública, no que decorre do exercício das suas áreas nucleares de atuação. Estes projetos posicionam, assim, o IVDP como organismo alavancador da Região, dos seus produtos e da imagem de uma administração pública mais próxima dos cidadãos, mais ágil e proativa.
"Eduardo Lourenço e o Sentido do Fim" com sinceridade reagiu dizendo que o tema não o tinha motivado antes. Apesar de conhecer a realidade francesa, começou por dizer que comprara uns livritos sobre o assunto para estimular a sua reflexão. Disse, em relação à identidade, que era conceito mais fácil de definir pela sua ausência do que pela sua manifestação. Porém, quanto à regionalização pôr em risco a identidade nacional, afirmou que não haveria esse perigo, porque Portugal tinha excesso de identidade, não havendo mal que por aí lhe chegasse. A última vez que estive com Eduardo Lourenço foi em Serralves, em 2014. Paulo Cunha e Silva organizara um ciclo de conferências, sob o titulo enigmático "O estado das coisas, as Coisas do Estado". Eduardo Lourenço foi convidado a participar na última, cujo tema era "O sentido do fim ou um fim consentido?". Chegou sobre a hora e, quando subi
com ele no elevador, perguntou-me: "Então, diga-me lá o que é que eu tenho que fazer?". Limitei-me a mostrar o programa que tinha no bolso. Leu com atenção e apenas disse: "Muito bem...". Passado uns minutos, fazia a mais lúcida e brilhante intervenção que alguma vez ouvi. A moderadora, recordara que o tema era sobre o sentido do fim que cada um carrega consigo e Eduardo Lourenço compreendeu-o bem. Discorreu sem uma hesitação, sem um papel de apoio, fluindo com naturalidade e um nexo impressionante. Tudo em apenas 30 minutos. Falou sobre o nosso destino como país, do recorrente debate do sentido da nossa aventura como nação e dos nossos projectos históricos. Disse que a crise de Portugal se inscreve numa crise mais genérica do mundo ocidental, de uma Europa que sempre esteve em questão enquanto realidade histórico-cultural. Conside-
rou que o momento poderia ser muito depressivo, mas não tão apocalíptico como em tempos passados. Eduardo Lourenço terminou de forma exemplar dizendo que a actualidade se explica através do nosso passado, embora hoje tenhamos dificuldade de ler o que nos está a acontecer. Mas, o que é maravilhoso é que somos nós que temos de definir o sentido que queremos dar ao nosso próprio destino, quer individual quer colectivo. O sentido de Portugal enquanto nação está assegurado. É certo que estamos mudando, mas para que espécie de mundo? Ninguém sabe, mas até é melhor não sabermos, porque assim podemos ser os responsáveis por esse futuro, tarefa de que não podemos abdicar, até porque se abdicássemos dela, "morríamos antes de morrer".
B OA S FE ST AS
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VIVADOURO
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Lazer Piadas de bolso:
RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO
Um homem um pouco apressado pergunta a um pescador: - Por acaso o senhor não teria visto passar por aqui a minha mulher? O pescador pergunta: - A sua esposa é uma moça loura, que vestia blusa branca e saia verde? - Isso mesmo, se você a viu ela não deve estar longe! - Também acho! A corrente do rio hoje está fraca!
Pão-de-ló com Noz
Ingredientes 5 Ovos 15 Gemas 250 gr açúcar 190 gr farinha 100 gr miolo de Noz FOTO:DR
“Em nome da Câmara Municipal de Tabuaço desejo um Natal Feliz e um ano de 2018 pleno de realizações pessoais e profissionais” O Presidente da Câmara
(Carlos André Teles Paulo de Carvalho)
Preparação Bater as gemas com os ovos juntamente com o açúcar até duplicar a quantidade. De seguida juntar a farinha envolvendo com cuidado. Juntar o miolo de Noz. Numa forma de barro própria forrar com papel de almaço. Verter o preparado e levar ao forno a cozer durante 40 minutos a 220º
HORÓSCOPO
SOLUÇÕES:
Maria Helena Socióloga, taróloga e apresentadora 210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt
Amor: Não exija tanto dos outros, dê mais de si próprio. Saúde: Tenha a serenidade suficiente para deixar as coisas correrem, não se exalte nem proteste muito. Dinheiro: Invista neste momento em algo que planeia há muito. Sentirá necessidade de se isolar para concluir o seu trabalho, mas poderão ocorrer mudanças. PUB
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Loja online com serviços e produtos locais do Concelho de S. João da Pesqueira (Coração do Douro) brevemente disponível em www.coracaododouro.pt Denominada "Coração do Douro Store", esta plataforma de venda de produtos e serviços locais, surge como resultado de uma parceria entre o Município de S. João da Pesqueira e a Associação Empresarial Capital Douro, com o objetivo de apoiar a retoma das atividades económicas na sequência da crise provocada pela COVID-19. Através da mesma será possível divulgar e vender 'online' muitos dos produtos e serviços do concelho: vinho, azeite, compotas, castanhas, refeições, alojamento, roupa, serviços de cabeleireiro, serviços culturais, entre outros.
Aposte em produtos/serviços exclusivos e de qualidade. Aposte no Comércio Local.
Boas Festas!
Para mais informações: Capital Douro - Associação Industrial, Comercial e de Serviços de S. João da Pesqueira Praça da República, Museu Eduardo Tavares, n.º 1 5130-332 S. João da Pesqueira info@capitaldouro.pt | +351 917 239 568