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Ano 5 - n.º 73 - março 2021
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Mensal
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
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“O PRR dita a sentença de morte para o interior” “Não existe nada neste documento, ao contrário do que alguém possa dizer, que seja positivo para a região” “O Douro dentro de cinco ou seis anos, sem estes investimentos estratégicos, não terá massa crítica para defender a região”
Entrevista Lídia Jorge:
“Gosto de ver, a partir da água, os socalcos maravilhosos com os vinhedos lá em cima” > Págs. 12 e 13
Região AR aprova por unanimidade reabertura da Linha do Douro > Pág. 19
Reportagem No mês em que se celebra o Dia da Mulher fomos conhecer três mulheres em cargos de poder > Pág. 25
INFORMAÇ FORMAÇ O > Págs. 4, 5 e 6
Nesta edição pode encontrar o destacável do Boletim Informação PUB
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VIVADOURO
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Editorial Miguel Almeida Diretor VivaDouro
SUMÁRIO: Destaque Páginas 4, 5 e 6 Santa Marta de Penaguião Página 7 Sabrosa Página 8
Reabrir o ensino presencial? Sim, mas com todo o cuidado Defendi e continuo a defender que a saúde é incomparavelmente mais importante do que tudo o resto. Se não tivermos saúde, não há economia, não há educação, nada mais interessa. No entanto, hoje, 15 de março, penso estarem reunidas as condições para retomar o ensino presencial. Vamos correr risco? Claro que sim, mas os benefícios para os alunos são muito elevados com esta abertura, estou a falar de uma abertura gradual e respeitando todas as normas impostas pela DGS. Além disso, importa esclarecer que este recomeço, não deve nem pode significar um regresso aos convívios fora da escola. Deverá ser apenas um movimento casa- estabelecimento de ensino, estabelecimento de ensino - casa. A mensagem tem de ser muito clara. Se nos mantivermos todos em casa, obviamente que vamos controlar a pandemia. A verdadeira questão, e num momento em que os números estão francamente melhores, é saber se o risco compensa. Não há uma resposta exata. Será sempre uma opção entre o risco e o benefício. Acredito, que, com os dados de hoje, a decisão de abrir é a mais sensata. Este longo encerramento do ensino presencial, agravou e muito as já existentes desigualdades sociais, daí que a primeira medida neste novo descontinuamente seja a reabertura do ensino presencial. O sucesso desta medida, depende única e exclusivamente de nós. As nossas atitudes/ comportamentos, são numa elevadíssima percentagem replicadas pelos nossos filhos. Vamos dar o exemplo.
PRÓXIMA EDIÇÃO 28 ABRIL
Lamego Página 9
Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org POSITIVO A prestigiada revista Forbes escolheu 16 lugares imperdíveis em Portugal, para visitar, assim que se possa voltar a viajar em segurança, um desses locais é o Palácio de Mateus, em Vila Real.
Carrazeda de Ansiães Página 10 São João da Pesqueira Página 11 Entrevista Páginas 12 e 13 Armamar Página 14 Boletim Informação Páginas 15, 16, 17 e 18
NEGATIVO O PRR deixa de fora os três grandes projetos que a região ambiciona ver avançar: reabertura da Linha do Douro até Espanha, o IC26 e o Douro Inland Waterway
Região Página 19 Lamego | Régua Página 20 Reportagem Página 25 Nacional Página 29 Opinião Página 30 Lazer Página 31
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Destaque
Plano de Recuperação e Resiliência é duramente criticado na região Texto e fotos: Carlos Almeida Texto: Miguel Almeida
Com a chegada da pandemia Covid-19 o mundo sofreu um duro revés a nível económico do qual a União Europeia (UE) e Portugal, mais concretamente, não escaparam. Para fazer face à crise financeira a UE criou um Fundo de Recuperação no valor de 1,8 biliões de euros. A “bazuca” como foi inicialmente designada, deu lugar a um Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) elaborado pelo Governo de António Costa, com a ajuda do consultor António Costa e Silva, que tem vindo a ser criticado por diversos setores, em especial pelas regiões do interior que se dizem uma vez mais preteridas em função dos grandes centros. O documento, que esteve em consulta pública e se encontra neste momento em revisão para ser enviado para a UE, foi alvo de duras críticas pelos autarcas da CIM Douro que afirmam que para a região virão apenas “umas migalhas”, insuficientes para fazer face aos problemas causados pela pandemia e para o desenvolvimento da região. Mais concretamente a Comunidade Intermunicipal critica a ausência de grandes obras na região como a reabertura da Linha do Douro até Espanha, o IC26 e o Douro Inland Waterway, como pode ler na entrevista do Presidente da estrutura regional, Carlos Silva Santiago. De acordo com o texto do próprio PRR, na sua introdução, pode ler-se: “A pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, para além de representar uma emergência de saúde pública, que obrigou a respostas imediatas no plano sanitário, desencadeou uma retração generalizada da atividade económica, originando impactos sem precedentes e severas consequências de ordem económica e social à escala mundial. As medidas adotadas para controlar a doença em Portugal, e na generalidade dos países europeus, tiveram impacto direto no consumo das famílias e na atividade das empresas, o que levou à adoção de
medidas excecionais, nomeadamente de apoio à liquidez e à manutenção de postos de trabalho das empresas, evitando a destruição irreversível de empregos e de capacidade produtiva, limitando também a perda de rendimentos das famílias. As respostas estruturadas para mitigar a primeira vaga da pandemia, foram sendo prolongadas, aprofundadas e complementadas por novas medidas, de modo a conter os efeitos da segunda e terceira vagas e que obrigaram, uma vez mais, à imposição de fortes medidas restritivas. Perante os graves impactos da pandemia nas economias europeias, foi criado um instrumento comunitário estratégico de mitigação do impacto económico e social da crise, capaz de promover a convergência económica e a resiliência das economias da União, contribuindo assim para assegurar o crescimento sustentável de longo prazo, e para responder também aos desafios da dupla transição, para uma sociedade mais ecológica e digital. Foi neste contexto que o Conselho Europeu criou o Next Generation UE, um instrumento temporário de recuperação, a partir do qual se desenvolverá o Mecanismo de Recuperação e Resiliência, onde se enquadra este Plano de Recuperação e Resiliência. O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português é de aplicação nacional, com um período de execução até 2026, e vai implementar, com recursos que ascen-
dem a cerca de 50 mil M€ de subvenções, um conjunto de reformas e de investimentos que permitirão ao país retomar o crescimento económico sustentado, reforçando assim o objetivo de convergência com a Europa ao longo da próxima década”. De acordo com entidades públicas e privadas da região este documento, na sua aplicação, não corresponde ao que é proposto, ignorando as contribuições que foram dadas para a elaboração do mesmo, num “claro abandono” das regiões do interior. Sociedade civil sugere alterações ao PRR Através de algumas associações e instituições regionais a sociedade civil também se tem mostrado descontente com o Plano, aproveitando o período de consulta pública para enviar contributos que espera serem tidos em conta na revisão do documento, propostas essas às quais o VivaDouro teve acesso e passamos a apresentar. • Liga dos Amigos do Douro Património Mundial Liderada por António Marquez Filipe, a LADPM tem sido uma das defensoras da reabertura da Linha do Douro tendo mesmo levado à Assembleia da República (AR) uma petição com esse objetivo que contabilizou 13.999 assinaturas (entretanto já discutida na AR, ver peça página 19). No contributo da LADPM, enviado ao Governo durante o período de consulta pú-
blica, a Liga afirma: “O PRR compreende um conjunto de reformas e investimentos a realizar até 2026, que visam a recuperação da resiliência social, resiliência económica e do tecido produtivo e resiliência territorial, apostando na transição climática e sustentabilidade, e na coesão territorial, com o objetivo de construir uma economia mais competitiva, mais coesa e mais inclusiva, com maior capacidade de aproveitamento das oportunidades decorrentes das transições climática e digital da economia, da sociedade e dos territórios. Todavia, assegurar um território simultaneamente competitivo e coeso, baseado apenas em infraestruturas rodoviárias, sejam elas transfronteiriças ou de ligação às redes principais, é uma estratégia que não vai ao encontro da política de transportes definida pela Comissão Europeia, vertida em dois relatórios europeus, em que a ferrovia surge como espinha dorsal do sistema de transportes europeu, e é reforçada a sua importância para o cumprimento das metas climáticas definidas no Acordo de Paris. Tendo sido identificada como uma das 38 missing links mais promissoras, num total de 365 ligações transfronteiriças analisadas, a reativação do troço Pocinho-Barca D’Alva da linha do Douro surge como uma das apostas essenciais a considerar no PRR, quer ao nível da resiliência (C7-Infraestruturas – Missing links e ligações trans-
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Destaque fronteiriças) quer ao nível da transição climática (C10-Mobilidade sustentável), opção essa que contribui diretamente para a recuperação económica do setor turístico do Vale do Douro e, consequentemente, para as exportações nacionais, e para o cumprimento dos objetivos climáticos e de neutralidade carbónica, representando ainda um fator de pressão na aposta da reabertura total da ligação internacional atualmente desativada. O troço Pocinho-Barca D’Alva da linha do Douro encontra-se desativado desde 18 de outubro de 1988 sendo a respetiva recuperação simples e pouco onerosa, na medida em que se trata de uma infraestrutura existente, em que as obras de arte (pontes, túneis, trincheiras) já estão feitas, estimando-se um custo de cerca de 30 M€ numa primeira fase para permitir a reposição das circulações em tração diesel e ,numa segunda fase, a instalação da catenária, cuja estimativa ascende a 20 M€, incluindo, em ambos os casos, custos de projeto e fiscalização”. • Associação Vale d’Ouro Desde 2018 altura em que a Associação Vale d’Ouro promoveu o “Grande Debate do Douro: que, a Linha do Douro um futuro que tarda”, que esta instituição tem estado atenta ao futuro do eixo ferroviário que liga Porto ao Pocinho mas que no passado seguia até Salamanca, via Barca d’Alva. “Num momento em que o Governo prepara um conjunto de investimentos e reformas com vista a dotar o país de maior resiliência, a Associação Vale d’Ouro entendeu ser o momento de reforçar a posição sobre um investimento que considera estratégico na região mas também no país.” Luís Almeida, presidente da Direção da Associação Vale d’Ouro, refere que há um conjunto de investimentos necessários na região e que se alinham com os pressupostos definidos pelo Governo e pela União Europeia para este plano, mas que não constam do documento em discussão pública: “o interior – sei que muita gen-
te não gosta da palavra, mas ela tem que ser usada – parece estar fora deste plano. São necessários muitos investimentos que reequilibrariam o país tornando-o mais competitivo e, naturalmente, mais resiliente, contudo o foco não parece estar centrado na dotação de iguais oportunidades para todo o território”. No que toca à Linha do Douro considera inexplicável que esteja fora do plano: “por todo o documento são feitas diversas referências à necessidade da coesão territorial e estímulo das ligações transfronteiriças. A linha do Douro é dos investimentos que melhor se enquadra nestes dois objetivos e que mais valor pode gerar e consequentemente unir o território, torná-lo competitivo e, conforme pretende o plano, resiliente. É tão estranho que não faça parte deste plano”. Conclui referindo que a Linha do Douro em pleno funcionamento até Salamanca contribui para a recuperação económica pelo facto de estimular toda uma região que abrange o norte do país e para a resiliência da região e do país já que se constituiria como reforço da rede ferroviária nacional e promoveria novas e diversificadas oportunidades
de negócio para a região, para o turismo, para o Porto de Leixões e mesmo para os operadores ferroviários. • Fundação da Casa de Mateus Não são só as grandes obras que merecem a crítica da sociedade civil, em Vila Real, a Fundação da Casa de Mateus (FCM) também critica o PRR pela falta de investimento no setor da cultura. “O documento em discussão suscita algumas interrogações em domínios que parecem essenciais. Desde logo na sua visão estratégica, na sua capacidade de transmitir um conjunto coerente de desígnios políticos capazes de mobilizar a sociedade e de conduzir os necessários processos de transformação ambiental e digital. O documento apresenta-se sobretudo como um plano de financiamento público que, se vem compensar algumas das perdas e prejuízos que decorrem da pandemia, carece de uma visão integradora das forças – debilitadas, mas vivas – que fazem realmente o País. A segunda interrogação prende-se com a ausência da Cultura como pilar estratégico do programa e das suas virtudes na construção e transformação dos territórios, dos valores intrínsecos que transporta ou do seu impacto económico. Desde logo, o conjunto desarticulado de medidas neste domínio não considera uma correta avaliação dos impactos da pandemia e não se revela capaz de propor procedimentos para uma reestruturação do setor. Por outro lado, não fixa uma meta de investimento neste domínio, não cumprindo a recomendação da European Cultural Foundation de atribuir 2% do Plano de Recuperação e Resiliência ao domínio da Cultura. Finalmente, enquanto agente privado do domínio fundacional, com a missão de preservar um complexo classificado em 1910 como Monumento Nacional, a Fun-
dação da Casa de Mateus não pode deixar de notar o peso desproporcionado do financiamento público em detrimento do estímulo da iniciativa privada. A asfixia, por exclusão ou subalternização, das entidades da sociedade civil mina a resiliência e capacidade de reinvenção do País. O Plano de Recuperação e Resiliência deverá garantir o respeito pela diversidade das organizações que existem, ou que podem emergir no território, contribuindo em concreto para fomentar a resiliência. Deverá estabelecer limites à tentação de captura pelo Estado dos financiamentos destinados a recuperar o País, evitando que sirvam apenas para suprir as debilidades da administração pública, compreendendo e integrando a natureza diferente dos diferentes protagonistas que agem sobre o território”. CIM Douro afirma que Plano é “sentença de morte” para a região As palavras são de Carlos Silva Santiago, Presidente da CIM Douro, em entrevista exclusiva ao nosso jornal. O PRR que foi apresentado pelo Governo tem sido alvo de diversas críticas. A CIM Douro não foi ouvida durante a preparação deste documento? Para ser sincero acho que esta audiência pública que se realizou devia pressupor que houvesse alterações. Mais, acho que este documento começa mal, deviam primeiro ter sido auscultadas as regiões e com base nisso se elaborasse um plano. O que aconteceu inicialmente foi que houve um primeiro Plano para a Recuperação e Resiliência para o qual a CIM contribuiu e não viu nada refletido, contribuiu e discordou do método em que estava a ser feito. Mas ainda acredita que possa haver alguma alteração após o período de consulta pública?
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Destaque Desta fase, o que nós percebemos é que o documento está fechado porque, se não fosse uma obrigatoriedade e uma exigência da União Europeia (UE), este documento já estava em Bruxelas para ser aprovado. Ou seja, não querendo obviamente nem o Primeiro-Ministro, nem o dito para-ministro, ouvir ninguém e enviar para Bruxelas, estando a fazer isto por obrigação, parece-me que as alterações não serão significativas. O que significa este plano para a região? Para a região não significa rigorosamente nada. Não existe nada neste documento, ao contrário do que alguém queira dizer, que seja positivo para a região. Há uma percentagem de 1, 2, 3 ou 4% de pequenas coisas que foram colocadas para enganar, que é o que tem acontecido ao longo dos últimos 30 anos. Dar 2 ou 3 migalhas ao interior para ir mantendo o todo nos grandes centros urbanos, é o que está a acontecer com este Plano de Recuperação e Resiliência. O único inconveniente que existe nesta fase, que é um inconveniente enorme e que dita a sentença de morte para o interior, é o facto de não haver mais oportunidades. Se até aqui se conseguiu empurrar com a barriga porque o interior ia conseguindo manter gente, isso já não se pode fazer mais. Estava na altura e era a oportunidade de o senhor para-ministro e o senhor Primeiro-Ministro saldar a dita dívida para com o interior e fazer investimento certo e sério. Quais são as principais reivindicações da região? Desde que esta CIM tomou posse e desde que há planos de estratégia nacional nos quais podemos participar, e mesmo não podendo participamos, o Douro não tem saído daquilo que é o seu foco, três eixos muito importantes: a internacionalização da Linha do Douro, que seria fundamental para desencravar definitivamente esta região nomeadamente em termos turísticos; o IC26 que ligaria todo este interior Douro, entre a A24 e a A25, desencravando um conjunto de municípios fortemente prejudicados, não só no que diz respeito à agroindustria mas também outro tipo de industria mais musculada que tem dificuldade em escoar os seus produtos; e depois, obviamente, o Douro Inland Waterway, criando as condições para que o Rio Douro seja verdadeiramente uma autoestrada fluvial, não só para o turismo mas também para o transporte de mercadorias. O Douro não está a pedir muito para além das grandes preocupações que temos ao nível da agricultura, com os regadios e a criação de pequenas mini barragens porque, com as alterações climáticas cada vez os períodos são mais secos e é importante acautelar o futuro da produção agrícola desta região, que
alimenta grande parte dos nossos centros urbanos. O Douro está apenas a exigir um pouco, mas que seja um pouco estrutural e que venha alavancar o território para as próximas décadas. O problema é que se não for agora não é nunca mais. Este PRR a única coisa que sabe é evidenciar explicitamente as obras no litoral e depois, de uma forma muito abrangente, tudo o resto que ninguém nos garante que seja para investir no interior. Se temos coragem de assumir obras específicas no litoral, que haja também a coragem de as assumir no interior. Afirmou, num comunicado emitido pela CIM Douro, que acredita que a maioria dos ministros não concorda com este Plano. O que falhou para que ele fosse diferente? Eu tenho a certeza do que digo, sei que há ministros que se pudessem participar neste documento, este não seria o documento enviado para Bruxelas. Dá para perceber, nos últimos meses, desde a possível construção deste plano, desde que se falou numa coisa chamada bazuca, que há desconforto e descontrole. Não há unanimidade dentro do Governo e a CIM Douro tem oportunidade de falar com os ministros para perceber, no conjunto de reuniões que vamos tendo, do desconforto que existe relativamente a este documento. Este é um Plano que foi elaborado em confinamento, cumprindo as regras da DGS, entre o Primeiro Ministro e António Costa e Silva, não ouviram mais ninguém, por isso há um desconforto completo nesta matéria. Tenho a certeza que ministros que conhecem o território, que sabem que é preciso convergir, que sabem que é preciso criar coesão para que o país deixe de ter estas assimetrias, não concordam com este Plano. Estas assimetrias têm afundado o país. Portugal está novamente na cauda da Europa, já fomos ultrapassados, em termos de PIB, por países de leste que entraram há pouco tempo para a UE. No seu entender o que terá então falhado para que a opinião desses ministros não tenha sido tida em conta? Se os ministros são escolhidos pela sua capacidade, pela sua história e pela sua noção de território, acho que o Primeiro-Ministro deveria ter em conta aquilo que pensam e o que querem fazer para o território. É uma questão que deverá ser colocada aos próprios ministros. Esta é uma decisão de duas pessoas? Não tenho dúvida absolutamente nenhumas. O que pode ser ainda feito para reverter esta situação?
Acho que nada. O país criou um modelo de gestão nos últimos anos demasiadamente centralizador que não permite que o país funcione. Têm-se criado uma série de organismos que têm dificultado as coisas. O país é cada vez mais burocrático, são criadas entidades em cima de entidades, entidades que regulam reguladores, é um problema. O país não tem evoluído nessa matéria como deve ser. Esta fixação em controlar um Plano desta natureza é contraproducente. Com este PRR penso que o país possa estar a criar mais despesa para o futuro. A não concretização destas três grandes obras pode ser a sentença de morte da região? Sem dúvida. O Douro dentro de cinco ou seis anos, sem estes investimentos estratégicos, não terá massa crítica para defender a região. Não havendo massa crítica no futuro, qualquer migalha que o Governo nos dê, é para tentar esconder uma terra morta. Os governantes têm que dizer que o interior já tem suficiente e que é preciso investir nos grandes centros, que é onde está o futuro do país. Nós podemos aceitar ou não, mas pelo menos saberemos que existe um critério. Agora, não havendo critério e não sendo isso que se calhar eles pensam, não percebo porque é que estamos nesta circunstância. Já lancei este desafio várias vezes, nós devíamos criar a Associação Nacional dos Municípios do Interior, nada contra a atual Associação Nacional de Municípios (ANMP), mas acho que deveria haver um
“forcing” diferente, uma posição diferente independentemente das ideologias de cada um, está em causa a sobrevivência das nossas regiões e das nossas famílias. É isso que acontece na CIM Douro, uma união de todos os autarcas independentemente do partido a que estão ligados? A CIM Douro, honra seja feita aos 19 autarcas, tem trabalhado em estreita colaboração ao longo dos últimos anos, independentemente da filiação de cada um, exigindo aquilo que queremos para o território. Na vontade dos 19 em primeiro lugar está o território e depois tudo o resto. A CIM Douro tem conseguido criar, com inteligência, consenso em todas as matérias. Deixamos de dar argumentos ao Poder Central, este ou outros que já passaram por lá, de desorientação. Acredito que muitas das vezes se tentou colocar autarcas uns contra os outros, ouvindo-os individualmente para que cada um pedisse o que lhe vai na alma e depois se pudesse dizer que não nos entendemos, mas a CIM encontrou uma solução. Nós não somos de unanimismos, somos de uma unanimidade que é trabalhada consensualmente, e é neste consenso que nós encontramos a estratégia para o Douro e não vamos sair dela. Com tanto que havia para fazer nesta região estamos a ser correctos com as nossas exigências. Temos noção das dificuldades do País e por esse motivo estamos a exigir pouco tendo em conta as nossas necessidades, só queríamos que nos ouvissem. O Douro sabe o que quer e não haverá ninguém que altere a nossa orientação estratégica. ▪
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Santa Marta de Penaguião
Autarquia investe 150.000€ em Programa Extraordinário de Apoio e Incentivo ao Comércio Local A Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião decidiu avançar com um programa de apoio a empresas sediadas no concelho para ajudar a mitigar as dificuldades económicas tidas ao longo desta pandemia. Para além das medidas socioeconómicas adotadas ao longo do ano de 2020 ao nível da isenção das taxas das esplanadas, suspensão do pagamento das rendas nos estabelecimentos arrendados ao Município e distribuição de EPI’s às IPSS’s do concelho e aos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços sediados no concelho, entendeu o executivo municipal ,
reformular os apoios uma vez que nos encontramos numa segunda fase de confinamento, e são muitos os que se debatem com severas dificuldades. Com efeito, dado que a crise económica permanece e parece ter tendência a acentuar os seus efeitos, designadamente a nível do comércio, da restauração, do alojamento e pequenos serviços, e em particular sobre aquelas empresas que mais têm sofrido com as medidas de confinamento impostas pelo Governo, surge agora o Programa Extraordinário de Apoio e Incentivo ao Comércio Local que passa igualmente por apoiar e re-
conhecer o trabalho de todos os agentes que estão na linha da frente no combate à Covid-19. O programa irá intervir e aliviar em várias despesas que os empresários possuem, tais como rendas, IMI, TSU, Taxa de compensação por encerramento, Isenção nas taxas anuais de água, saneamento e RSU, bem como vouchers distribuídos aos que estiveram sempre na linha da frente, que deverão ser gastos equitativamente no concelho. De salientar que todos os apoios, a que cada comércio tenha direito, não poderão cumulativamente ultrapassar o valor máximo de 800€
por cada beneficiário. O Município de Santa Marta de Penaguião entende que com estas medidas será fomentada a economia de proximidade, com foco na sustentabilidade das empresas mais afetadas pela crise pandémica, bem como a manutenção dos postos de trabalho. Para mais informações todo o interessado em solicitar uma destas medidas de apoio poderá aceder a todos os documentos de apoio através do link com os regulamentos e edital, ou dirigir-se aos serviços do Município para receber todas as orientações necessárias relativas a este programa de apoio. ▪
Assinatura do Auto de consignação Plano de Vacinação contra a Covid-19 da Empreitada Espaço Origem D’Ouro está a decorrer de forma ágil e serena Foi assinado no passado dia 3 de março o auto de consignação da Empreitada Espaço Origem D’Ouro, entre a Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião e a empresa Simplexbuild, Lda, um investimento de 1.480.105,56 mil euros e com um prazo de execução de 365 dias. O auto de consignação contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal, Dr. Luís Machado, da Vice-Presidente, Dra. Sílvia Silva, da Chefe da Divisão de Coordenação Técnica de Planeamento e Gestão Urbana, Dra. Sónia Catarino,
bem como do diretor da fiscalização de obra, Eng.º Francisco e do Diretor de Obra, Eng.º José Pedro Magalhães de Barros Pinto. Estão assim criadas as condições para dar início à obra de construção do Espaço Ex-Libris de Santa Marta de Penaguião e que permitirá ter num só local um serviço de lazer e de conhecimento, com um espaço 4D que levará os visitantes a uma viagem vitivinícola de 1756 até aos dias de hoje, uma cave com uma cápsula do tempo com vinhos de referência e história, bem como uma sala de leitura.▪
A Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião continua a disponibilizar os transportes à população, sendo que este tem sido feito em estreita parceria com as Juntas de Freguesias e IPSS’s do Concelho, no sentido de abranger toda a população, mesmo o das pessoas em cadeira de rodas. Para além deste transporte, a au-
tarquia está também a colaborar na deslocação das equipas móveis de vacinação (médico e enfermeiros) ao domicílio dos utentes acamados. A autarquia apela a que vá estando atento, e se por alguma razão achar que já devia ter sido e não foi contacto, ligue para o Centro de Saúde ou Câmara Municipal. ▪
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Sabrosa
Autarquia distribui mais de 2000 kits de compostagem pela população do concelho de Sabrosa Para promover a preservação e proteção do ambiente e promover a eficiência energética e dos recursos, o Município de Sabrosa está a distribuir à população, no concelho de Sabrosa, 2003 Kits de Compostagem, sendo cada Kit constituído por um compostor com a capacidade de 310L, um contentor de apoio (deposição e recolha) com a capacidade de 10L, um misturador de resíduos orgânicos e um ativador biológico. Esta medida está a contemplar toda a população do concelho possuidora de habitação com área cultivável (quintal) ou ajardinada, que permita a instalação destes equipamentos e a reutilização do produto final obtido no solo. Durante a distribuição destes kits, que continuará nos próximos dias por todo
o território sabrosense, está também a decorrer uma ação de sensibilização junto das famílias contempladas com estes equipamentos e de toda a população através da distribuição de panfletos de divulgação e sensibilização com informação sobre o tema, porta-a-porta e em vários locais públicos do concelho. Com esta iniciativa o Município de Sabrosa pretende também aumentar significativamente a participação da população na separação dos biorresíduos, valorizando-os, diminuindo a deposição em aterro e aumentando a reciclagem. Ao mesmo tempo está também a proporcionar condições para que os cidadãos do concelho possam dar o seu contributo para a sustentabilidade ambiental, facilitan-
do nesta medida essa tarefa e incitando à separação dos biorresíduos bem como à sua reutilização. Esta iniciativa tem um investimento
total de 178 827,73 €, cofinanciados a 85% pelo Programa Operacional da Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos. ▪
Município distribui material informático para garantir acesso ao ensino à distância O Município de Sabrosa distribuiu tablets, computadores e routers de acesso à internet a 31 alunos do concelho, promovendo desta forma a igualdade nas condições de acesso ao ensino à distância para todos. Os alunos contemplados foram identificados pelo Agrupamento de Escolas de Sabrosa e são beneficiários do escalão A e B da Ação Social Escolar. Para estes foram disponibilizados, pelo município, 10 computadores, 21 tablets e 11 routers para acesso à internet. Este material foi cedido para o período em
que decorre o ensino à distância, medida atualmente em vigor devido à pandemia associada à COVID-19, com o intuito de fornecer aos alunos do concelho de Sabrosa meios para prosseguir com o ensino online. Além desta medida, o Município de Sabrosa também está a apoiar 28 alunos do concelho com refeições diárias, e a fazer o transporte de 11 alunos do ensino especial, uma vez que, mesmo nesta fase, continuam a precisar de um acompanhamento presencial e mais próximo. ▪
Município em destaque no relatório de Dinâmicas dos fundos europeus na Região do Norte 2014 – 2020 Segundo o relatório sobre as Dinâmicas dos fundos europeus na Região do Norte 2014-2020, publicado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional – Norte, Sabrosa foi o município da CIM Douro com mais operações aprovadas, com um total de 56 operações viabilizadas. Este número é revelador da dinâmica de trabalho e de desenvolvimen-
to do território sabrosense, que vê agora oficializado o esforço do executivo municipal para aproveitar da melhor forma os apoios disponíveis em prol do desenvolvimento concelhio. O mesmo estudo demonstra que 37% do fundo aprovado para operações da esfera municipal concentra-se em concelhos de baixa densidade do
Norte, sendo que há 10 concelhos de baixa densidade que se destacam por uma intensidade de apoios superior a 1.000€ por habitante. Sabrosa é um dos dez concelhos dessa lista, com um investimento de 1.161€ por habitante. Relativamente aos fundo aprovado e intensidade de fundo aprovado no nosso concelho, Sabrosa apresenta
um Investimento elegível aprovado de 8.8 milhões de euros e um fundo aprovado de 6.8 milhões de euros, perfazendo um valor de Fundo aprovado por habitante de 1.161,3€/hab., muito acima da média dos municípios do Douro, que é de 660€ por habitante. Estes dados são referentes ao Quadro Comunitário de Apoio 2014-2020. ▪
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Lamego
Câmara de Lamego atribui Obras no Largo dos Bancos 289 mil euros a associações entram na reta final A Câmara Municipal de Lamego deliberou atribuir 289.550,0€ às associações culturais, recreativas e desportivas do concelho, de modo a apoiar financeiramente as atividades que serão desenvolvidas até ao final do ano. Os subsídios são concedidos mediante a celebração de protocolos que visam fomentar o desenvolvimento de funções sociais, nas suas várias vertentes e formas. Nos próximos dias, vão receber a primeira tranche do valor concedido. A Câmara Municipal de Lamego assinará protocolos de colaboração com 45 coletividades que prosseguem ob-
jetivos de interesse público, promovendo a educação, o desporto e o desenvolvimento dos jovens. Associações desportivas de diversas modalidades, bandas filarmónicas e grupos de escuteiros são apenas algumas entidades que vão receber financiamento municipal, tendo como contrapartida a obrigação de cumprir o plano de atividades apresentado. O Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Ângelo Moura, saúda o espírito de cooperação manifestado pelos dirigentes associativos e a qualidade e abrangência da agenda de eventos a desenvolver durante os próximos meses. ▪
A empreitada de reabilitação do espaço público do Largo dos Bancos, na cidade de Lamego, aproxima-se da fase final de conclusão. As obras visam reforçar a mobilidade pedonal numa zona de grande movimento e cuja envolvente possui um valor patrimonial relevante. O primeiro troço requalificado já foi reaberto à circulação automóvel. A regeneração do Largo dos Bancos, promovida pelo Município de Lamego, pretende promover a criação de um novo espaço de lazer e convívio, beneficiando e alargando os passeios em algumas zo-
nas, para além de introduzir novos elementos arbóreos e conjuntos ajardinados. Esta intervenção contempla ainda a requalificação dos estacionamentos e da rede viária envolvente para melhorar a circulação automóvel. Todas as vias vão passar a ter apenas um sentido, à exceção do fim da Rua do Largo dos Bancos. No valor de 289.269,68 € (+ IVA), a reabilitação do espaço público do Largo dos Bancos é concretizada no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), cofinanciado em 85% pelo FEDER. ▪
Município investe 1 milhão e 300 mil para requalificar Rua Visconde de Arneirós No âmbito do plano de beneficiação da rede viária do concelho, a Câmara Municipal de Lamego vai requalificar a Rua Visconde de Arneirós, num dos maiores investimentos de sempre a efetuar nesta área, no valor de 1 milhão e 300 mil euros. As obras vão começar muito em breve nesta acessibilidade que liga a Rua 15 de Março e a Escola de Hotelaria e Turismo do Douro, com o objetivo primordial de reforçar as condições de segurança dos peões nas deslocações casa-trabalho e casa-escola. A Rua Visconde de Arneirós constitui uma das diversas e antigas acessibilidades que liga o centro da cidade de Lamego à sua periferia. Ao longo do seu traçado sinuoso, foram surgindo pequenos núcleos habitacionais e novos equipamentos que incrementaram a circulação de viaturas e sobretudo de peões. Este arruamento não oferece, no entanto, as condições mínimas de utilização e segurança. Em termos técnicos, a intervenção projetada consistirá na construção de um arruamento com duas faixas de rodagem, com uma largura total de seis metros, e a criação de um passeio que salvaguardará as árvores de grande porte e os muros, possivelmente centenários, que delimitam as propriedades agrícolas
da zona envolvente. Também será construída uma nova rotunda junto à urbanização da Quinta de Santo António.
Concretizadas no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), cofinanciado em 85% pelo FEDER, as obras de requalifica-
ção da Rua Visconde de Arneirós foram adjudicadas à firma “Francisco Pereira Marinho & Irmãos”. O prazo de execução é de 12 meses. ▪
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Carrazeda de Ansiães
Revista Memória Rural foi integrada nos Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal A Revista Memória Rural (RMR) passou a integrar os Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP). A RMR é disponibilizada digitalmente a partir de um software orientado à difusão da informação científica (OJS), e como tal foi possível a sua integração no sistema nacional de ciência através do Portal RCAAP , um portal de pesquisa nacional de informação científica em acesso aberto. Após uma avaliação e posterior validação técnica, a Revista Memória Rural foi incluída no diretório do sistema comum de partilha de conteúdos, juntando-se assim às já 152 revistas científicas agregadas neste projeto nacional de difusão da produção científica. “O portal RCAAP tem como objectivo a recolha, agregação e indexação dos con-
teúdos científicos em acesso aberto (ou acesso livre) existentes nos repositórios institucionais das entidades nacionais de ensino superior, e outras organizações de I&D. O RCAAP constitui-se como um ponto único de pesquisa, descoberta, localização e acesso a milhares de documentos de carácter científico e académico, nomeadamente artigos de revistas científicas, comunicações a conferências, teses e dissertações, distribuídos por inúmeros repositórios portugueses. A lista dos repositórios agregados no portal pode ser consultada no seu Diretório. O projeto RCAAP é uma iniciativa da UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, IP concretizada pela FCCN – Fundação para a Computação Científica Nacional, disponibilizando mais um serviço avançado sobre a rede nacional de investigação e ensino, a Rede Ciência, tecnologia e Sociedade, RCTS, gerida pela FCCN. O projeto é financiado pelo POS_C – Programa Operacional Sociedade do Co-
nhecimento e pela UMIC”. A integração da Revista Memória Rural nesta plataforma vai permitir uma mais fácil disseminação dos trabalhos aqui publicados, avançando desse modo para outros níveis de partilha como, por exemplo, o portal B-On, Google Scholar, OpenAIRE
ou Ciência Vitae, entre outros. A RMR passou também a integrar o repositório Europeu de “Open Science”, com localização no Zenodo,repositório da infraestrutura OpenAIRE, onde começaram a ser depositados os artigos produzidos no âmbito desta publicação. ▪
Festival gastronómico do cabrito O Município de Carrazeda de Ansiães vai promover o Festival Gastronómico do Cabrito no próximo dia 03 de abril. A iniciativa vai ser em regime de take-away e conta com a participação de 11 restaurantes do concelho que irão confecionar 500 doses individuais de cabrito assado no forno. O valor por dose será suportado pelo Município quase na totalidade, cabendo ao participante nesta iniciativa a comparticipação do valor de 2,50€/dose. A inscrição é feita online através do link disponibilizado nas nossas redes sociais, ou pelo número de telefone 278 098 507, entre os dias 15 e 24 de março (ou antes caso o número de refeições seja atingido).
Após a realização da inscrição on-line o aderente irá receber um email ou SMS do Município de Carrazeda de Ansiães, com um vale promocional que irá servir para levantar a refeição no dia 3 de Abril, no seu restaurante de eleição. Na ficha de inscrição é obrigatória a colocação do NIF, ficando limitada a reserva de uma dose por pessoa, confirmada através do Número de Identificação Fiscal. Esta é uma forma que o Município de Carrazeda de Ansiães encontrou de apoiar a restauração local, profundamente afetada pelo encerramento decorrente do confinamento geral. ▪
Candidaturas abertas ao apoio municipal à melhoria de habitação Com o objetivo de apoiar e proteger os cidadãos socialmente mais desfavorecidos, a Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães disponibiliza apoio à realização de obras de recuperação/beneficiação em residências de habitação permanente de agregados familiares mais desfavoreci-
dos. Os apoios previstos no Regulamento Municipal do Apoio aos Estratos Sociais Desfavorecidos na área da habitação permitiram nos últimos dez anos apoiar 192 agregados familiares e comtemplam algumas das seguintes reparações: substituição de pavimentos e tetos, construção de
instalação sanitária, rede de água, esgotos e elétrica, construção de cozinha, revestimento de paredes e tetos e colocação de portas e janelas. As candidaturas podem ser formalizadas no Gabinete de Apoio ao Munícipe (GAM) da Câmara Municipal até ao fim do pre-
sente ano. Recordamos que esta medida foi implementada no concelho em 2011, tendo sido, entretanto, adaptada à realidade socio económica dos residentes no município, com o objetivo de ser mais justa, equitativa e transparente. ▪
Formação de públicos estratégicos - Curso Técnico/a de Apoio à Vítima A Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães em parceria com a NERVIR irá promover o Curso Técnico/a de Apoio à Vítima (Curso TAV).
O Curso de Técnico de Apoio à Vítima destina-se a profissionais que trabalhem de forma direta ou indireta com vítimas de violência doméstica.
Informações e Inscrições em: https://nervir. pt/pt/formacao-de-publicos-estrategicos-c3 ou www.nervir.pt.
Poderá também contactar a NERVIR através do telefone: 259330640 ou email: geral@ nervir.pt ▪
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São João da Pesqueira
Cores da Primavera invadem as ruas de S. João da Pesqueira
O Coração do Douro vai ser transformado num jardim artesanal já a partir do dia 21 de março – naquele que é o Dia Mundial da Poesia e também o Dia Mundial da Árvore. S. João da Pesqueira recebe, pela primeira vez, a “Primavera na Rua”. A iniciativa “Primavera na Rua”, que se dá a conhecer à comunidade no próximo dia 21 de março, tem vindo a ser desenvolvida em confinamento por colaboradores do Município de S. João da Pesqueira, pelos alunos da Universidade da Vida Activa – UVA e por todas as pessoas que se quiseram juntar (a partir das suas casas) a este grupo. O projeto, que se pretende anual, tem como objetivo colorir as ruas e os dias dos pesqueirenses e, claro, dos visitantes. Nas muitas decorações que vão adornar as ruas da vila, o crochet está em claro destaque, recuperando-se assim um saber
antigo e revitalizando uma arte que é uma verdadeira herança familiar no Douro. Inspirados pelas cores, fauna e flora da Primavera, a “Primave-
ra na Rua” apresenta também diversos trabalhos manuais, da madeira ao feltro, passando pelos tecidos, para dar uma camada extra de cor às árvores e
lugares. Esta iniciativa da Câmara Municipal é mais uma razão para visitar a vila de S. João da Pesqueira. ▪
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Lídia Jorge:
Foto: DR
Entrevista as oriundas de Portugal que depois Revolução. Quem fez crer que Portumito do Portugal Ultramarino eterno, foi responsável por feridas que ainda estão por sarar. Estávamos a mais. Francamente, eu não era um génio de percepção, mas ao viver em Angola e Moçambique, por algum tempo, apercebi-me que a situação era insustentável, e que a saída seria muito dolorosa. E foi. Hoje, as colonizações são
“Diria que o melhor é ser livre. E que os livros ajudam a sê-lo”
em apenas algumas palavras. Quando foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social, quais eram as principais preocupações que manchavam os media na época? Essas fragilidades mantêmoutras? Nessa altura vinha-se de órgãos de comedia. Desembaraçar-se desse peso estava na ordem do dia. Falava-se muito na liberdade de informação, mas também na liberdade de empresa. Havia um mito, o de que a empresa de comunicação sendo privada poderia criar, só por si, comunicação livre. Foi a altura em que se criaram os canais privados. Com todos os de-
Texto: André Rubim Rangel
Fale-nos um pouco das suas raízes – Boliqueime e Loulé – das suas essências e vitalidades da terra, e como República… Boliqueime é uma freguesia do conno cruzamento das bissectrizes deste rectângulo que é o Algarve. Da varanda da casa dos meus avós avistava a costa entre Faro, a Nascente, e Sagres, a Poente. A Norte o barrocal, que ia dar à Serra, a Sul o mar. O meu lugar preferido era o telhado, junto da chaminé. Esse lugar sempre me fez adivinhar que o mundo era muito vasto e A família estava longe, espalhada por Norte e América do Sul. As cartas que vinham de longe eram a minha forma de viajar. Havia a Natureza esplendorosa, a vida rural e as quatro estações do ano. Creio ter sido feliz, mas Boli-
tureza não me deixo prender. Depois do Algarve, tem alguma região que seja a sua segunda paixão, como o Douro, por exemplo? O que mais e menos aprecia nele? Gosto da Terra inteira. Em Portugal, além do Algarve, que sinto como um tejo e do Douro. Gosto de paisagens planícies, altas montanhas, paisagens e meios que provoquem luta. O que menos gosto é de saber que atrás de montes tão maravilhosos há pessoas pobres e ainda mais, pessoas sozinhas. conhecer futuramente? Gostaria de viajar de barco pelo rio água, os socalcos maravilhosos com os do Porto de comboio e ido por aí acima. Vila Real, Bragança, são cidades maravilhosas. É uma pena que uma vida não dê para tudo o que se quer. Há 7 anos, esteve numa conferência na UTAD, em Vila Real, em que abordou a ligação entre “Literatura e
Mitologia”. Quais os mitos, e suas razões, mais surpreendentes no mundo dos livros e no realismo mágico? Sim, falei de Literatura e mitologia,
ter, agora potenciada pela comunicação digital, não há dúvida que o pluralismo está muito mais assegurado, apesar da isenção ter desaparecido do mapa. Mas o cruzamento de olhares
- a favor da nossa liberdade, desde que tudados, estão lidos, criaram constefonte que nos informa. de que dá conta a Literatura contemporânea, esses ainda estão por deso- É doutora Honoris Causa pela Unicultar. O desentendimento moderno, o medo da violência, o receio do nuclear, a ânsia pelo triunfo da Ciência e compromisso e ligação direta com o receio de que ela nos conduza através da tecnologia para lugares pós-hu- Estou muito ligada à Universidade do manos, tudo isso está na Literatura. É preciso saber ler para descobrir os si- ao seu desenvolvimento. Fui membro nais profundos que provêm do nosso do Conselho Geral, de uma forma getempo. ral, conheço os problemas com que se Começou a vida docente durante a confronta e as suas enormes potenguerra colonial, em Angola e Moçam- cialidades. Tenho contacto com alguns bique. Sente que se podia ter feito dos seus docentes. Ter recebido essa melhor e deixado mais nesses países irmãos lusófonos? E o que pensa so- recebi com alegria, mas não me criou deveres. Trata-se de uma outra ordem colonizações? de valores. A sua pergunta faz-me doer o coração. Se poderíamos ter feito melhor? Sim, Há quatro décadas iniciava-se na litepoderíamos e deveríamos. Uma boa ratura, com «O Dia dos Prodígios», e ajuda teria sido descolonizarmos mais nunca mais parou de escrever e em cedo, e não termos iludido as pesso-
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Entrevista
Como será esse dia? Pode descrever-nos? Pessoalmente, como acabo de dizer, tenho tido vários dias prodigiosos. Como «O Dia dos Prodígios» refere-se a um dia inaugural, o dia da Revolução, olhando para o futuro, esse dia acontecerá quando os portugueses viverem mais desafogadamente, e tenham mais instrução. Isto é, quando formos, como colectivo, uma população mais criadora. Entre outros romances premiados, escreveu «O Jardim sem Limites». Uma dessas personagens, Paulina, questiona-se a determinada altura: “Ir cada um de nós à sua vida, num dia destes?”. Imaginava que esta frase, exatamente 25 anos depois, seria a sentença de todos nós através dos confinamentos sucessivos? Não podia prever. Paulina pensa que, afinal, a certa altura, o melhor é cada um tratar de si. Agora, de facto, estamos a tratar de nós, cada um por seu lado, mas a realidade é outra. Estamos a ter uma aula, uma grande aula que a Natureza e o Tempo nos estão dando. E a lição que ouvimos via no sentido oposto – ou nos entendemos todos, ou sucumbimos. Não sei se tem em mente algum livro sobre toda esta realidade que alterou as nossas vidas desde inícios de 2020, mas se tivesse de escrever sobre o que aprendeu, o que mais lhe afligiu e mais relativizou neste tempo, etc., o que poderíamos ler de si? «Estuário» foi publicado em 2018. Esse livro prevê o que está a acontecer. Habitualmente, Portugal é associado à expressão: “um jardim à beira-mar plantado”. Considera que este jardim,
territorial e europeu-continental, possa estar “sem limites”, à deriva? E que limites seriam, para si, os que se impõe? Este jardim não está à deriva. Encostou-se politicamente ao Continente a que pertence. Se a Europa não ficar à deriva, nós também não. Fazemos parte de um grupo numeroso de nações que, no seu conjunto, têm o melhor projecto de vida, o mais decente, o mais humanista deste mundo. Tem problemas? Graves? Sim, mas eu olho para outras latitudes e acho que Portugal é um país com sorte. Tem bons vizinhos e bons sócios. Ainda naquela conferência da UTAD, acima abordada, confessou que “vim para a escrita pela mão da revolução” e que tínhamos uma “democracia imperfeita”. A caminho dos 50 anos do 25 de abril, a sua visão e leitura dos factos mantém-se? Sim, mantém-se. As instituições democráticas funcionam. Somos uma democracia plena com defeitos. O escrutínio público não é suficiente, existe um ultrajante contraste entre pobres e ricos, o que nos coloca próximo de sociedades não desenvolvidas, e existe muita dificuldade em estabelecer consensos. Existe um árduo caminho a percorrer. O sistema dos benefícios injustos é muito difícil de erradicar. E como torná-la perfeita, a Democracia? Para já, dizendo em voz alta o que a população só diz em voz baixa. Certamente que olhando para todo este seu currículo e sua personalidade, o atual presidente da República não hesitou em nomeá-la para o Conselho de Estado, sendo a mais nova a integrar e a terceira mulher desta composição. Que mais-valias e contributos pretende prestar a este órgão da Nação? Sinceramente, ainda não avaliei como posso ser útil. Sei só que vou ser sincera e que tenho o olhar que as pessoas da Cultura em geral têm – uma visão transversal, arredada dos interesses corporativos. Se esse olhar de base for útil, muito bem. Mas trata-se apenas de uma opinião: o Conselho de Estado é um órgão colegial. Um dos seus dois livros mais recentes, o seu único de poesia, é «O Livro das Tréguas». Como entende que – em momentos da vida – devemos passar de agitadores a pacificadores? Qual o receituário para criar tréguas e com quem? As tréguas a que se refere esse livro
são pazes comigo mesma. Trata-se de um intervalo na batalha da vida. O assunto é complexo e até sofisticado. Porque a vida não é paz, a vida é um combate. Um belo combate. Sendo o seu estilo mais poético, e recorrendo – como qualquer notável escritor – às várias figuras de estilo, qual aquela que mais lhe encanta e prefere utilizar? Porquê? A escrita poética e a escrita narrativa, que também é poética, vive da grande figura de estilo que é a metáfora. A metáfora é a essência da poesia. Traduzir uma realidade não por uma palavra, mas por várias que pintam essa realidade de uma outra forma. A metáfora é a rainha de todos os artifícios literários. Nem é artifício. É a sua natureza. É a escritora viva mais premiada e uma das portuguesas mais premiadas de sempre. Mesmo assim, sente-se saciada com mais de 20 prémios nacionais e internacionais ou almeja, quiçá, alcançar distinções maiores como o «Prémio Pessoa» e – melhor ainda – o «Nobel da Literatura»? Por favor, os prémios são bons cumprimentos. Ora vêm ora não. Não é o essencial. Quais os principais desafios e características que se deve possuir e treinar para conseguir ser escritor, bem como um bom escritor?
Um bom escritor tem de ser, antes de mais, um grande leitor. E um apaixonado pela vida dos seres humanos e por toda a Criação. E o facto da idade tem alguma influência – pode nascer essa vocação em idade adulta? – ou continua-se subjugado ao ditado em que só “de pequenino se torce o pepino”? Em qualquer idade se pode começar a ser escritor. Mas para isso creio que terá passado a vida a tentar escrever. Irá perfazer este ano a bonita idade de 75 primaveras (entre essa estação e a do verão). Perante a efeméride o que regista de mais marcante, em si, e que projetos planeia para o pós-covid? Não conto os anos, eles vão surgindo. A vida é para viver plenamente. Enquanto temos juízo e corpo, dança-se ao sabor do tempo. Ele dita a música, nós respondemos. Por fim, é já tradição solicitar aos entrevistados uma mensagem motivacional final, que sirva de estímulo animador aos leitores. Qual o seu repto? Gostaria que entrassem para o clã dos livros. Mas não pretendo convencer ninguém. Convencer tem a palavra vencer no seu étimo. Ainda que seja vencer em cooperação. Seja como for, diria que o melhor é ser livre. E que os livros ajudam a sê-lo.▪ Foto: DR
corrente, qual estará para ser e qual deseja que seja o renovado dia prodigioso? Como posso saber? As pessoas estão sempre a perguntar-me quando escrevo um novo «O Dia dos Prodígios», mas na verdade não se pode repetir um livro, nem as suas circunstâncias. Esse livro marcou muita gente, não só pela sua forma e tema, mas também pelo momento em que surgiu. Seja como for, tudo o que eu tenho escrito e publicado provém de lá, desse dia literário que aconteceu no início do meu caminho de escrita. Depois desse livro, eu publiquei «A Costa dos Murmúrios», «O Vale da Paixão», «O Vento Assobiando nas Gruas», «Os Memoráveis», «Estuário». Acho que tenho a marca do primeiro livro, mas não fiquei prisoneira dele.
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Armamar
GIP Armamar promove formação online O Gabinete de Inserção Profissional (GIP) de Armamar vai promover ações de formação em regime online a começar durante este mês de março.
As ofertas formativas destinam-se a cidadãos desempregados. Existem três áreas à escolha, a saber: Turismo e Restauração, Gestão de Redes Sociais e; Informática.
Os interessados podem obter mais informação e, caso entendam, efetuar a sua inscrição junto do Setor de Desenvolvimento Social da Câmara Municipal.
Devido às restrições impostas pela Covid-19 devem fazê-lo pelo telefone 254 850 800 ou através do endereço de correio eletrónico gip@ armamar.pt.▪
Iluminação pública de Armamar vai ser mais eficiente Começaram no passado dia 5 os trabalhos de modernização da iluminação pública do concelho de Armamar, num investimento superior a 315 mil euros. A intervenção, que começou na freguesia de Fontelo, consiste na substituição de 1366 lâmpadas de vapor de sódio e de vapor de mercúrio por novas lâmpadas com a tecnologia LED, que vão cobrir cerca de metade do concelho. A Câmara Municipal espera conseguir brevemente alargar esta tecnologia a todo o território concelhio. O objetivo da requalificação energética da iluminação pública é diminuir a dependência energética da Autarquia, aumentando a qualidade do serviço prestado, com ganhos consideráveis também em termos ambientais. A Câmara Municipal espera ainda com esta iniciativa dar o exemplo, sensibilizando os munícipes para a adoção de soluções energéticas mais amigas do ambiente. ▪
INFORMAÇ FORMAÇ O Boletim informativo da Cooperativa Agrícola de Penela da Beira Nº 34 - Março 2021
TRIMESTRAL
Ficha Técnica
Ana Dias; Angela Martins; Beatriz Almeida; Igor Nora; José Angelo Pinto; José Fernando; Maria João Gaspar; Rui Droga; Tânia Amaral
O PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) de alguns portugueses
José Ângelo Pinto Presidente da Cooperativa Agricola de Penela da Beira, CRL (Coopenela) Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT
Habitualmente este espaço é utilizado para desenvolver, com os nossos associados, cooperantes e agricultores algo sobre eventos da Coopenela ou sobre questões que têm impacto em todos os que colaboram connosco ou que contribuem para o cooperativismo que defendemos. Hoje vou optar pela segunda via, pois a evolução da pandemia e do confinamento resultante e os impactos que estas situações podem provocar no desenvolvimento das atividades da agricultura, especialmente nos preços dos produtos, muito deveriam estar a preocupar os responsáveis políticos, pois, de uma forma generalizada e no que se refere aos frutos secos de casca rija, incluindo a castanha, se tivermos mais um ano como o de 2020, os preços dos produtos vão continuar a descer e não haverá procura que o compense, pelo que os agricultores, as
empresas, cooperativas e instituições que trabalham na área da agricultura e que, até agora, não receberam nenhum apoio, têm que passar a ser consideradas dados os imensos prejuízos que são causados por estas situações e pelas suas consequências. Por outro lado, o instrumento que tem vindo a ser apresentado como a “bazuca” Europeia de apoios às consequências do COVID 19 e das suas consequências pouco ou nada têm que possa ser aproveitado pela agricultura ou pelos territórios do interior. Resulta muito claro que os territórios de baixa densidade estão completamente esquecidos deste plano e que os senhores que se sentam em Lisboa a decidir em que é que se deve investir não sabem o que é o interior e o que é preciso fazer para salvar Portugal. Há ainda um completo desprezo pelo investimento privado, porque os projetos previstos para as empresas ou cooperativas são minúsculos face aos valores globais do investimento a ser realizado. Quase nem se fala de agricultura ou florestas e apenas se preveem 93 Milhões de Euros para se dinamizarem 100 programas e projetos de investigação e inovação, ou seja destinado às universidades e 5 projetos estruturantes. Se pensarmos que um projeto agroindustrial, digno desse nome, tem um investimento próximo dos 10 milhões de euros, logo se percebe que dificilmente um destes cinco será destinado aos frutos secos. Além do resto, a maior parte dos investimentos previstos no PRR são centralizadores. Reforçam o poder central em vez de o distribuir. O investimento
é quase sempre no litoral e nas cidades já bem desenvolvidas porque o resto de Portugal pouco vota e por isso não precisa. Portugal vai receber qualquer coisa como 50 mil milhões de euros em subvenções mais 14,2 mil milhões que serão emprestados. O PRR é de apenas 16,4 mil milhões, mais 14,2 mil milhões de empréstimos, sendo que o remanescente provém dos fundos estruturais do Portugal 2030 e dos “restos” do Portugal 2020, que ainda tem por investir cerca de 11,2 mil milhões de euros. Sim, o Portugal 2020, do qual ninguém fala por estes dias, ainda lá tem, por realizar, quase tanto como o PRR. O mote do Programa PRR “Recuperar Portugal, Construindo o Futuro” indicia que alguma vez tivemos Portugal a funcionar bem. Construir o futuro bem é preciso, mas a indução que sai da frase que a recuperação será à custa da construção – civil, maioritariamente - é perigosa. Porque nós precisamos de construção civil, mas não precisamos nem deveríamos querer que um plano de recuperação incidisse sobre a construção civil, até porque não foi um sector particularmente afetado pelo COVID 19 e os investimentos públicos normais não deveriam ser provenientes de um plano de recuperação, até porque se ainda não foi construído nada há para recuperar. Dos 16,4 Mil milhões para o plano, 3,3 podem vir a ser aproveitados pelas empresas e servir de potenciador económico, incluindo-se aqui 1,250 Milões para o Banco de Fomento que terá com certeza muitas despesas antes de chegar às empresas. O rema-
nescente não é mais que o estado a fazer o que deve o estado fazer, aproveitando o PRR para isso e aliviando o orçamento de estado dessas despesas. As ações concretas do PRR que podem vir a ser aproveitadas pela agricultura são escassas. A agenda de investigação e inovação para a sustentabilidade da agricultura, alimentação e agroindústria de 93 Milhões de Euros que já referi é a mais importante. Mas, o Relançamento Económico da Agricultura Açoriana no valor de 30 Milhões de Euros também é para a agricultura. É, aliás, bem sintomático que o arquipélago tenha direito a quase um terço do que tem o país todo... É uma profunda injustiça do PRR o total desprezo pelos territórios de baixa densidade. Apenas se encontram duas linhas onde há direcionamento para o interior. Trata-se da construção da barragem do Crato e o sistema hidráulico para o Algarve. Que, tanto um como o outro, podem ser vistos como estratégicos para a agricultura daquelas regiões. Já para o Norte e o Centro do país o investimento previsto no PRR é minúsculo e o PRR nada promove a coesão e desenvolvimento dos territórios de baixa densidade. Mas, é o que temos. A Coopenela estará sempre atenta a todos os programas e projetos que possam vir a fortalecer a instituição e a valorizar o produto dos agricultores.
Também sou Coopenela Beatriz Almeida É com enorme prazer que comecei a trabalhar há cerca de 2 meses na Coopenela, sem qualquer interesse e conhecimento na área da agricultura. Inicialmente, o interesse não passa para além da gestão e administração, em tão pouco tempo esse ideal é mudado e a cada dia é enorme o gosto que tenho em saber mais. No panorama atual que nos encontramos foi particularmente difícil uma oportunidade na minha área de residência, onde sempre gostei de viver, Viseu. Contudo, tive a excelente oportunidade de me juntar a esta instituição e assim mudar-me para o interior. Começo com uma ideia que realmente o interior é de uma certa forma desvalorizado o que me entristece pessoalmente, pois começo a ganhar o gosto pelo ambiente e principalmente pela simpatia das pessoas no geral, no dia-a-dia citadino não é tão natural a preocupação pelo próximo. Em conversa, sobre a Ajuda da
Agricultura em modo da produção Biológica despertou-me algum interesse específico, já tinha lido acerca de produtos biológicos e inclusive consumido pelo bem acrescido que faz à saúde. Já antes de saber o mínimo sobre agricultura, neste caso em específico, já consumia produtos biológicos há cerca de 4/5 anos, por influência de outras pessoas comecei a preocupar-me mais com a saúde e optei assim por consumir alguns produtos pois este modo tem como base o respeito pelos animais e o ambiente e o uso de métodos de produção mais sustentáveis levando assim mais qualidade de paladar e olfato, uma vez que são colhidos no seu ponto ótimo de consumo, ou seja, na época certa. Quando comecei a procurar por estes produtos a variedade não era muita, era quase nenhuma, havia ainda poucas marcas a apostarem e hoje conseguimos ver que a evolução está a acontecer. O preço por estes produtos são efetivamente mais elevados que os convencionais, em média, o dobro, acredito que a boa razão para que isso aconteça seja a falta de precisão do rendimento que o produtor está à espera comparando com uma colheita
de uma produção convencional. Outra grande razão será os custos elevados que as rotações de culturas que são feitas para manter a fertilidade dos solos, os custos para garantir o bem-estar animal e a restrição do uso de químicos implicam. Sendo que Portugal tem uma taxa de apenas 6% da superfície agrícola segundo o Eurostat, comparando com outros países da UE (União Europeia) estamos num ótimo caminho mas será necessário continuar para que se preserve o solo, o meio ambiente e a biodiversidade, privilegiando a utilização de recursos locais. Confesso que só este modo de agricultura é que me despertou o interesse em saber de todos os passos e métodos metendo então de certa parte, de lado a minha área não esquecendo a importância que tem para o funcionamento e aproveitamento de todos os rendimentos. Como jovem, a preocupação pelo futuro é sempre enorme, e entendi desde o início a urgência que é a conversão para este modo. Percebi após alguma pesquisa que, apenas não passa de uma cadeia que começa pela preocupação de animais saudáveis, incluindo o Homem, que dependem de plantas saudáveis, es-
tes dependendo igualmente de um solo saudável que só será possível com a manutenção com decompositores saudáveis. A exploração biológica leva então a uma preservação de recursos naturais e ecológicos onde é notório um equilíbrio ecológico, uma manutenção e aumento da biodiversidade de ecossistemas; combinação das melhores práticas ambientais pois é feita uma avaliação dos riscos e utilização de medidas preventivas tal como o recurso de substâncias e processos naturais e, por fim, o bem-estar e sanidade animal entre outros inúmeros pontos positivos. Concluo, que é mesmo necessário o aumento de oferta de produtos agrícolas e agroalimentares obtidos em produção biológica, promovendo de igual forma o conhecimento e elevar o nível de competência sobre todo este mundo, acreditando que tudo isto levará a uma continuação rápida de Procura sendo esta a base de qualquer investimento de sucesso.
bras na sua propriedade. Antes de realizar a queima, é necessário fazer uma comunicação prévia através do formulário do Instituto de Proteção da Natureza e das Florestas, deverá aceder ao endereço https://fogos.icnf.pt:8443/queimasqueimadas/ QueimaSeguraRapidaadd.asp? Se não tem acesso a meios digitais pode recorrer à Coopenela que está ao dispor para o devido registo. O amontoado a queimar deve ter uma faixa limpa em volta, estando afastado de pastos, matos ou árvores. Esta faixa deve ser humedecida e deve conservar junto de si, durante a queima, conten-
tores de água ou uma mangueira com ligação a torneira. A queima deve ser feita em montes de pequena dimensão e, no final, deve certificar-se de que o fogo está completamente extinto. Verifique sempre a existência de pequenas chamas ou fumo e molhe-as com água abundante. Nos espaços rurais, durante o Período Crítico e fora do período crítico quando se verifique o índice de risco de incêndio rural de níveis muito elevado e máximo é proibido fazer queimas de amontoados.
Limpar os Terrenos Tania Amaral Apesar do confinamento geral devido à Covid-19, a obrigatoriedade de limpeza dos terrenos rústicos e urbanos mantem-se. Estando todos preocupados com o cumprimento desta obrigação, e sabendo que o uso do fogo é muitas vezes utilizado, não podemos deixar de alertar para os cuidados a ter na execução de queimas de sobrantes e queimadas. Embora sejam conceitos similares, há diferenças entre o concei-
to de queima e queimada. Nas queimas, utiliza-se o fogo para eliminar sobras amontoados da exploração agrícola ou florestal. Nas queimadas, o fogo é usado para eliminar estas sobras, embora não amontoados, e servem igualmente para renovar os pastos. Para fazer uma queima de amontoados em segurança, deve, em primeiro lugar, evitar fazê-lo em períodos de tempo seco e quente ou com vento. Em períodos de risco de incêndio elevado ou máximo, só poderá fazer queimas ou queimadas mediante autorização. Prefira períodos do ano mais húmidos para avançar com este tipo de mano-
Luta biológica contra a Vespa das Galhas do Castanheiro Rui Droga As galhas do Castanheiro são prejudicadas pela ação de uma praga, com o nome de “Dryocosmus kuriphilus Yasumatsu, 1951 (Hymenoptera Cynipidae) que é a praga mais grave do castanheiro e praticamente exclusiva desta espécie. A comunmente chamada “Vespa das Galhas” é originária da China e está presente no Japão, na Coreia e nos EUA desde 1974. Na Europa,
foi assinalada em Itália em 2002 e, posteriormente, na França, Eslovénia, Suíça e Espanha. Em Portugal os primeiros registos são do mês de Junho de 2014, no concelho de Barcelos. A única forma eficaz de combate a esta praga é a luta biológica, realizada com o parasitoide Torymus sinensis. O parasitoide é um inseto micro-himenóptero que depende exclusivamente da vespa das galhas do castanheiro, porque as suas larvas alimentam-se das larvas da vespa das galhas, consequentemente matando a praga.
O parasitoide tem apenas uma geração por ano, que deve ser sincronizada com a da vespa das galhas para poder atuar e com o início do desenvolvimento da rebentação da maior parte das variedades de castanheiro. Nas variedades de rebentação tardia, a vespa não encontra condições para se desenvolver. A Coopenela, em Penedono, tem a responsabilidade técnica de organizar e preparar a luta, sendo que logo em 2014 começaram as prospeções no concelho, primeiramente em castanheiros e ou castinceiras onde seria mais provável encon-
trar sintomatologia da Vespa das Galhas do Castanheiro e através de visitas de campo e de trabalho dos técnicos da Coopenela para sensibilizar os agricultores para imediatamente reportarem alguma suspeita de presença da praga. A atividade de prospeção é continua desde 2014 e este ano estamos a iniciar um novo ciclo de prospeções, agora não só para deteção da praga, mas também para melhor localizar os potenciais pontos de largadas com Torymus sinnesis.
Uma largada consiste na abertura de um frasco de plástico com algumas dezenas de insetos Torymus
sinnesis que, mal se encontram livres na natureza, procuram os ninhos da Vespa das Galhas para se alimentarem. As largadas de Parasitoides iniciaram-se no concelho de Penedono em 2017, e tem-se vindo, todos os anos, a aumentar o número de largadas, o que só tem sido possível graças ao total apoio do município e do seu presidente, Carlos Esteves de Carvalho, que, em ligação com a Coopenela tem permitido e facilitado uma luta capaz e que se revela com sucesso, pois as produções no concelho, até este momento, não foram significativamente afetadas pela praga. Os relatos de aparecimento da vespa foram surgindo em maior número, especialmente
No ano passado, já em plena pandemia causada pelo COVID 19, foram realizadas 34 largadas, sendo este trabalho realizado respeitando todas as regras emanadas pela DGS, de forma a proteger todos os envolvidos. Assim, com muito mais cuidado e apenas com as pessoas indispensáveis, em plena pandemia as largadas foram igualmente realizadas, com menos agricultores presentes. No entanto, o processo de prospeção e gestão dos relatos por parte dos agricultores foi realizada como nos anos anteriores e essa informação permitiu optimizar a distribuição do Torymus sinnesis pelos lugares onde a sua colocação é mais eficaz. As largadas aconteceram com a normalidade prevista, na primeira, segun-
da e terceira semana de maio, com dispersão por todas as freguesias do concelho de forma a procurar que o impacto seja maior e com maior incidência nas freguesias que apresentam maior área de castanheiros e nomeadamente das variedades mais afetadas e mais sensíveis à vespa das galhas.
a partir de 2018, e, em consequência, também a prospeção foi mais intensa. Solicitaram-se, em novembro de 2017, em função dos locais onde a praga estava instalada, 10 largadas para o ano de 2018, número que se verificou ser insuficiente acabando por ser possível a realização de 16 largadas. No ano de 2019, verificou-se uma alteração de comportamento da praga, registando-se a presença em castanheiros de variedade Martaínha, embora com nível de ataque reduzido face a variedades mais suscetíveis como a Longal, Marigoule, Marsol, Judia, etc. Perante estes novos acontecimentos, os agricultores mostraram-se mais atentos e preocupados, co-
laborando mais nas prospeções e reportando mais informações aos técnicos sobre a presença da vespa. Foram previstas 30 largadas para o concelho de Penedono, tendo em conta os aumentos graduais de infestação dos anos anteriores. As largadas foram realizadas durante o mês de maio, de forma faseada e de acordo com o estado de desenvolvimento vegetativo do castanheiro e da galha, sendo que na primeira semana se realizaram 6 largadas, na segunda semana 6 largadas, na terceira semana 10 largadas e na última semana 8 largadas.
Concelho de Penedono e número de largadas realizadas em todo o território. Estando o concelho já com uma boa grelha de dispersão do parasitoide, mas seguindo as instruções da administração da Coopenela e do senhor presidente da Camara Municipal de Penedono, considerando os mapas que se apresentam em anexo e com a introdução de uma malha ainda mais apertada, foi feita uma reserva de 40 largadas para o ano de 2021.
Apesar da luta biológica com as largadas de Torymus sinnensis, nas zonas mais infestadas, ou em locais onde prevemos que a luta biológica é mais eficaz, muito há a fazer por parte dos agricultores e produtores de castanha. É verdade que desde a largadas que se fizeram em 2017 e 2018 foi detetada a presença de Torymus, um ano após terem sido feitas as largadas. Ou seja o parasitoide está instalado no território, como se verificou nos pontos onde foram feitas as largadas, que têm vindo a ser monitorizados de forma aleatória, o parasitoide tem sobrevivido e está a fazer o seu percurso, ou seja, fazemos a largada em Abril ou Maio ele instala-se, passa o inverno nas galhas parasitando a vespa das galhas e no ano seguinte sai para se reproduzir e expandir. Mas este trabalho poderá ser em vão se os produtores destruírem as galhas onde está instalada a vespa das galhas e o parasitoide, pois este precisa de completar um ciclo de ano para se poder espalhar aos milhares. Ora acontece que se os agricultores, através de queimas, ou mesmo destroçando as galhas com recurso a máquinas as destruírem, destroem também o Torymus, impedindo a sua reprodução massiva que é o pretendido com as largadas. Os produtores devem, portanto, deixar as ramas com
galhas de um ano para o outro nos castanheiros e só depois as podem destruir. Caso tenham algumas dúvidas em como atuar, no maneio do souto, devem dirigir-se á Coopenela, ou mesmo através de contacto telefónico, de forma a informar-se das melhores práticas culturais para combate á vespa do castanheiro e não só. O concelho já está coberto com largadas, mas, com a aperto da malha que já foi referido, vão ser realizadas no próximo mês de Abril e Maio mais largadas. Os técnicos da Coopenela vão retomar as prospeções de modo mais sistemático, para a escolha concreta dos locais, mas, caso o agricultor tenha detetado a presença da vespa das galhas num local que ainda não tenha comunicado à Coopenela, pedimos que o façam para que possamos organizar o melhor possível a distribuição este ano. Seria bom os produtores reduzirem as aplicações de herbicidas e ou inseticidas nesta altura, para favorecer a luta biológica e aumentar a probabilidade do Torymus se espalhar e eliminar mais vespas das galhas.
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Região
Reabertura da Linha do Douro até Salamanca aprovada por unanimidade A Assembleia da Republica (AR) discutiu, e aprovou por unanimidade, os projetos de resolução do BE, PAN, PSD, PCP e PEV que defendem a requalificação da linha do Douro e reabertura do troço Pocinho-Barca de Alva. Durante o debate na AR as diferentes bancadas defenderam a reabertura da linha como fator de desenvolvimento da região. Saudando a iniciativa dos 13.888 peticionários, o deputado eleito por Vila Real e vice-Presidente do grupo parlamentar do PSD, Luís Leite Ramos, lamentou que a Linha do Douro não conste das prioridades de investimento das Infraestruturas de Portugal para a próxima década. “Apesar da narrativa do Governo, a Infraestruturas de Portugal tudo tem feito para travar a requalificação e reabertura da linha do Douro até Barca d’Alva e a subsequente ligação a Salamanca”, acusa. O deputado cita um estudo das IP que “desmistifica a alegada inadequação técnica da via para a circulação de composições pesadas de mercadorias e coloca a via férrea como solução natural e incontornável da ligação do porto de Leixões e das plataformas logísticas do Norte à Europa”. Para o PSD, os “473 milhões de euros estimados para a reabilitação até Salamanca custam menos do que a construção de quatros estações do Metropolitano de Lisboa e tem um papel catalisador no desenvolvimento regional, em particular no setor turístico (liga quatro locais classificados como Património Mundial)”. Além disso, a União Europeia publicou um estudo, em 2018, que “inclui a Linha do Douro na ‘shortlist’ dos 48 projetos, entre 365 ligações ferroviárias transfronteiriças, com maior potencial de reabilitação e reposição e abriu a possibilidade de financiamento deste projeto no quadro dos instrumentos europeus”. De acordo com o deputado, o Governo “ignorou e escondeu do Parlamento e da opinião pública o estudo da IP” e “tem sistematicamente
> Momento de entrega da petição na Assembleia da República
ignorado e excluído este projeto/investimento das agendas das cimeiras luso-espanholas, entretanto realizadas”. “Apesar de, finalmente e muito por pressão deste Parlamento, a reabilitação e reabertura da linha do Douro entre o Pocinho e Barca d’Alva ter sido incluída no PNI 2030, o Governo continua a não assumir um compromisso claro e calendarizado para esta intervenção. A atual direção da IP tem sido o maior obstáculo, eu diria mesmo, o maior inimigo da reabilitação e da reabertura da linha ferroviária do Douro”. Para Santinho Pacheco, deputado do Partido Socialista, “a reabertura da Linha do Douro até Salamanca, mais do que uma teimosia bairrista duriense de Figueira de Castelo Rodrigo ou Foz Côa, é uma ambição regional que começou logo no dia seguinte ao seu encerramento em 1987, um século preciso após a sua inauguração”. O deputado afirmou ainda durante a sua intervenção que “o problema não é bilateral, é exclusivamente português, é a única conclusão realista que podemos tirar. São 34 anos à espera de resolução deste problema. O interior não tem tempo para mais ilusões, não pactuamos com um Estado que nem faz, nem deixa fazer, a Linha do Douro justifica-se pela economia”. O deputado Bruno Dias, do Partido Comunista começou por relembrar as palavras do antigo deputado do PCP Agostinho Lopes em 1991 manifestando-se, na época, contra o encerramento e a venda de diversas linhas ferroviárias do norte. De acordo com o deputado, “ao longo dos últimos 30 anos os sucessivos governos desinvestiram na rede ferroviária, levando à degradação
da mesma que resultou no encerramento de linhas como o Tua, Sabor e o Corgo”. Bruno Dias afirmou que o “que hoje se exige é que se avance desde já com os projetos de empreitada de eletrificação da linha e inverter o abandono a que tem sido deixada a secção final da Linha do Douro, com novos horizontes de intervenção, rompendo com as políticas erradas, apostando na modernização”. O deputado comunista lembrou ainda que “recentemente o PCP questionou o Governo, nomeadamente sobre a ligação transfronteiriça até Salamanca”, tendo a resposta sido “que não há nada a fazer, é escusado pensar sobre o assunto”, defendendo que a reativação da linha na sua totalidade não deve estar dependente da sua ligação a Espanha, até porque ainda recentemente em Torre de Moncorvo foi reativada a prospeção de ferro, que muito beneficiaria com esta linha. Em resposta ao deputado Luís Ramos do PSD, Bruno Dias afirmou ainda que “o verdadeiro inimigo deste projeto não é a IP mas as políticas de direita”, lembrando que neste momento estão a ser concessionados a privados os apeadeiros da região que estão abandonados. Apesar da resolução aprovada na Assembleia da República não ter força de lei, têm sido muitas as reações positivas na região, aumentando a esperança que a reabertura avance. Em declarações ao nosso jornal o Presidente da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, António Marquez Filipe afirma que “com grande grau de probabilidade, o que aconteceu no passado dia 11 de março de 2021, na Assembleia da República, não tem paralelo na história desta venerável instituição. É já de si raro, no caso Português, que o povo se mobilize, com esta expressão tão veemente, por uma causa pública, ainda menos tratando-se de uma linha de caminho de ferro vetusta e centenária. Afinal, de vez em quando, somos capazes de não dar razão a Miguel Torga quando disse que somos “um povo indignado…mas que não passa disso”. Mais surpreendente ainda é o facto desta Petição ter merecido a apresentação de Projetos de Resolução por parte de cinco partidos, de quadrantes políticos muito díspares, todos eles convergindo nos mesmos propósitos. Mais do que surpreendente, absolutamente extraordinário e único o facto de todos os Projetos de Resolução terem sido aprovados por unanimidade, num uníssono telúrico”.
É sensato, razoável, é normal, porque esta é uma causa justa, equilibrada, benigna e transversal ao espectro social regional e nacional que, a concretizar-se, todos concordamos, fará seguramente a diferença económica, social e ambiental numa região única e irrepetível em todo o mundo. Este marco histórico não é o fim de um caminho, bem pelo contrário. É o início de uma escalada. A de conseguirmos convencer este Governo a ter a coragem e o arrojo em ver para além da espuma dos dias, para além dos seus mandatos, para além dos votos e do cálculo político, e para fazerem verdadeiramente aquilo que lhes compete. Usar com prudência os nossos dinheiros na construção de um futuro melhor para as próximas gerações. Fazer o que está certo”. Também em declarações ao VivaDouro, Luís Almeida, Presidente da Associação Vale d’Ouro afirmou que está “muito satisfeito por verificar que todas as forças partidárias com representação na Assembleia da República não só discutiram com conhecimento de facto da realidade da Linha do Douro como foram unânimes em considerar estratégico para o país e para a região, o investimento da reabertura até Barca d’Alva e ligação a Salamanca”. Contudo, salienta Luís Almeida, “esta iniciativa não conclui o processo, pelo contrário, os durienses estão de parabéns pela mobilização em torno da petição que originou este debate mas temos que continuar atentos e reivindicar que esta recomendação ao Governo seja efetivamente executada no menor espaço de tempo possível”. Já a CIM Douro, por seu lado, reagiu em comunicado manifestando uma “enorme satisfação com a aprovação pela Assembleia da República, por unanimidade, dos projetos de resolução que defendem a requalificação da linha do Douro e a reabertura do troço Pocinho-Barca de Alva”. No documento a Comunidade Intermunicipal afirma ainda que sempre defendeu “a importância estratégica nacional da infraestrutura da Linha Ferroviária do Douro, nesta região classificada como Património Mundial pela UNESCO, e o contributo direto para a dinamização da economia - e consequente fixação de população -, a garantia de maior atividade turística e a promoção de uma vertente transfronteiriça que interessa a Portugal, Espanha e à Europa”. ▪
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Lamego
Amigas unem-se e criam negócio inovador em tempo de pandemia Joana e Rita uniram esforços em pandemia. Misturaram as flores e os doces, e criaram cabazes personalizáveis para todos os gostos, assim como pequenos-almoços deliciosos e vistosos, na cidade de Lamego Os tempos de incerteza e receio, provocados pela pandemia, deixam em suspenso muitas ideias empreendedoras e inovadores de jovens, que ambicionam lançar o seu próprio negócio. Não foi o caso de Joana Lourenço e Rita Rodrigues, duas jovens lamecenses, que arriscaram e avançaram, sem medo, num negócio com base na inovação e criatividade. As duas jovens partilhavam já uma amizade de longa data, mas seguiam caminhos distintos, Joana ligada às flores e Rita aos doces, até que as suas ideias se cruzaram
e deram origem a um negócio de sucesso. Toda esta aventura começou com o desejo de Joana em “criar um negócio que se destacasse, algo diferente”, e foi então que a sua mãe lhe falou em Rita. As duas decidiram embarcar neste novo projeto. O negócio teve início em pleno confinamento, no mês de fevereiro, o que não assustou as duas empreendedoras, que viram aqui a oportunidade de dinamizar o seu trabalho. Decidiram então, “inovar produtos vistos como vulgares e torná-los diferentes”. Uniram os doces e as flores, construindo “cabazes desenhados e personalizados ao gosto de cada cliente, onde cada pormenor merece toda a atenção. Não há cabazes iguais, e todos os bolos e arranjos de flores são únicos”. Além destes trabalhos elaborados manualmente, fazem também “entregas de pequenos-almoços em casa, acompanhados por ramos de flores”, também eles personalizáveis. “Temos 2 menus de pequeno-almoço: um primeiro com-
posto por croissants, donuts, brigadeiros, cappuccino e sumo de laranja; e um segundo por pão, croissants, manteiga, compota, donuts, fruta, granola, cappuccino e sumo de laranja”. As entregas realizam-se todos os dias da semana, sábados e domingos incluídos, e as encomendas devem ser efetuadas com antecedência. Os pontos fracos que destacam, neste momento, são “a ausência de um serviço de entrega ao domicílio no concelho”
que as auxilie, tendo de ser as mesmas a encarregar-se da tarefa, e também a dificuldade, por vezes, em “encontrar rapidamente os materiais necessários para os bolos”. Asduasamigasambicionamagoradarmais um passo, e abrir uma loja de rua, “com preferência na zona histórica de Lamego”. Joana e Rita continuam, assim, a conquistar os sentidos e a admiração dos lamecenses, e sentem-se realizadas com o seu projeto atual. ▪
Régua
Autarca reguense designado membro do Congresso das Autoridades Locais e Regionais Europeu José Manuel Gonçalves, Presidente da Câmara Municipal do Peso da Régua, foi indicado pelo Conselho de Ministros para assumir funções como membro efetivo no Congresso das Autoridades Locais e Regionais Europeu, órgão do Conselho da Europa. A nomeação será para o mandato 2021-2025. Em declarações exclusivas ao VivaDouro o autarca reguense afirma que “esta nomeação mais do que ser pessoal é uma nomeação também do território porque cada vez mais falamos de uma forma articulada e conjunta na região, é nesta perspetiva que vejo esta nomeação, como um representando do território e dos meus colegas. É evidente que dentro daquilo que sejam as competências que esta Câmara dos Poderes Locais possa ter, onde nós possamos também influenciar políticas que promovam, por um lado o desenvolvimento do nosso
território e por outro que sejam sensíveis às especificidades que o nosso território tem, é sempre importante. Naturalmente serei um porta-voz, um agente ativo em representação dos meus pares”. Entre os projetos que José Manuel Gonçalves estará atento durante este mandato europeu está a reabertura da Linha do Douro até Espanha que tem reunido um forte consenso em Portugal e para a qual o autarca reguense pretende sensibilizar os parceiros espanhóis. “Naturalmente que em todas as oportunidades que tiver irei relembrar esta articulação que neste momento se torna urgente fazer entre Portugal e Espanha para que esta linha seja uma realidade. Se do lado português neste momento existe quase um pacto de regime, por aquilo que aconteceu recentemente na Assembleia da República, é evidente que agora urge também sensibilizar os agentes espanhóis para que haja esta articulação. Em todos os órgãos onde eu, ou qualquer representante do nosso território, possa ter intervenção, estou certo que não vamos perder a oportunidade de continuarmos a reivindicar e a consolidar este caminho. Ao contrário de outros investimentos que são feitos pelo país fora e que não
conseguem ter o apoio transversal a todas as bancadas parlamentares, este assunto teve. Não podemos deixar cair a oportunidade de avançar com este projeto que tão importante é para a nossa região”. A José Manuel Gonçalves irão juntar-se Carla Tavares, Presidente da Câmara Municipal da Amadora, Jorge Sequeira, Presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira e Jorge Veloso, Presidente da União de Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades e Presidente do Conselho Diretivo da Associação Nacional de Freguesias. O Congresso dos Poderes Locais e Regionais
é uma instituição do Conselho da Europa, onde estão representadas as autoridades locais e regionais dos 47 membros do Conselho da Europa. A instituição representa mais de 150.000 organismos de poder local e regional e, a par do Comité das Regiões da União Europeia, é a única organização internacional que representa publicamente os municípios e regiões da Europa. O Congresso dos Poderes Locais e Regionais é constituído pela Câmara dos Poderes Locais, no âmbito da qual José Manuel Gonçalves desempenhará funções e pela Câmara das Regiões. ▪
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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DO INTERIOR - DOURO
ORGANIZAÇÃO:
APOIO:
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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA As Cooperativas Agrícolas e o Futuro Fernando Mourão Vieira Presidente do Conselho Fiscal da Cooperativa de Olivicultores de Valpaços
As Cooperativas Agrícolas pela sua natureza, são fundamentais para o desenvolvimento sócio económico das regiões onde estão inseridas. Tradicionalmente, têm nos pequenos e médios agricultores a sua base de cooperantes, que delas estão dependentes para o escoamento dos seus produtos, sendo portanto legítimo, que todo o esforço desenvolvido ao longo de uma época de cultivo,
seja traduzido em valores, que possam considerar-se compensadores em função dos gastos despendidos ao longo desse período. Para que isso seja possível, as boas práticas de gestão são fundamentais, de modo a que os excedentes gerados possam contribuir para uma maior distribuição de valor . Os tempos modernos com uma economia globalizada, exigem uma gestão profissionalizada, atenta aos diversos mercados cada vez mais competitivos, onde a informação e o conhecimento das boas práticas de comercialização, são fundamentais
para o sucesso da vendas. A própria situação que actualmente atravessamos, tem contribuído para a mudança de conceitos de comercialização, com recurso cada vez maior ao comércio electrónico. Assim, é fundamental que os responsáveis pela gestão se adaptem a estes tempos, tomando medidas que terão de passar por se rodear de colaboradores capacitados, para se integrarem nestes novos conceitos, melhorando assim as estratégias competitivas do mercado. Por outro lado, as Cooperativas agrícolas são normalmente unidades de produção com capacidade económica e financeira reduzida para suportar gastos estruturais em campanhas de marketing com custos por vezes prolongados no tempo, que a sua própria natureza não suporta, face á necessidade de distribuir os excedentes aos
cooperadores. Por todo este conjunto de situações, sou levado a pensar que a viabilidade e robustez económicas de grande parte das Cooperativas Agrícolas com produtos diferenciados , deverá passar por entendimentos, que levem à constituição de uma entidade de prestação de serviços partilhados. Com produtos idênticos deverá pensar- se na sua fusão, permitindo assim criar uma outra dimensão no mercado. O objectivo final seria a repartição de custos comuns, tais como os administrativos, marketing e distribuição . Não será difícil conjugar esforços nesse sentido, dada a circunstância de grande parte dos produtos serem da mesma natureza, os clientes e consumidores os mesmos, a que acresce a particularidade de muitas vezes os cooperantes serem comuns.
Sustentabilidade e Competitividade no Douro A importância da paisagem do ADV nas decisões dos agentes económicos Paulo Mendonça Tolda Presidente da Direção da Capital Douro
Alcançar elevados padrões de sustentabilidade e desenvolvimento no interior do país, em particular na NUTIII Douro, depende dos níveis de sustentabilidade e de desenvolvimento dos agentes que atuam nesse território. Apenas empresas competitivas que criem e mantenham emprego, que tenham capacidade de inovar, investir, utilizar métodos de produção ambientalmente mais sustentáveis, que valorizem o património e incorporem os valores culturais desta região na sua atuação, poderão potenciar o desenvolvimento e a sustentabilidade do território. Esta é a convicção da Capital Douro Associação Industrial, Comercial e de Serviços de S. João da Pesqueira e é a pensar nesses objetivos que desenvolvemos a nossa missão. Mas essa competitividade não pode ser a qualquer custo. Não podemos descurar que o Alto Douro Vinhateiro (ADV), classificado pela UNESCO, em
2001, como Património Mundial da Humanidade, tem as características de “Bem Público”. No entanto, como em todos os bens públicos, também em relação à paisagem do ADV temos externalidades e, por isso, existem falhas de mercado que importa resolver. Estas externalidades levam a que existam atividades a incentivar (e.g. manutenção dos muros de xisto) e outras a condicionar (e.g. operações urbanísticas). Porque é que esta questão é relevante para a Capital Douro? Porque queremos que os agentes económicos beneficiem economicamente deste “Bem Público” que é o ADV, mas, igualmente, contribuam para a sua manutenção e valorização. Tem sido a paisagem do Douro e a sua preservação e valorização que tem atraído centenas de milhares de turistas anualmente e de forma crescente à região do Douro. Nem todos têm beneficiado de forma justa deste esforço. Enquanto uns têm fortes condicionantes no que respeita a
decisões que envolvem a paisagem, outros têm lucrado com a mesma, sendo discutível se os últimos têm compensado os primeiros e se há sequer mecanismos de redistribuição das mais-valias. Têm sido as dinâmicas da vitivinicultura e, recentemente, do turismo que têm alavancado o desenvolvimento económico da região e ambas dependem e condicionam a paisagem do ADV. Logicamente caberá, em primeira instância, aos políticos encontrar soluções justas e equilibradas para responder aos vários desafios, cabendo a todos os interessados dar os contributos possíveis para o efeito. Neste sentido, a desertificação e envelhecimento são problemas que nos devem preocupar a todos, uma vez que condicionam o desenvolvimento e a sustentabilidade dos territórios e, por isso, dos agentes económicos que nele se encontram. O que fazemos na capital Douro? Apoiamos os empresários a promover e a valorizar os produtos endógenos, através do incentivo ao registo de marcas, licenciamento (industrial, comercial e outros), design, estratégias de marketing, participação em feiras temáticas e internacionalização. Apoiamos empresas e empreendedores na obtenção de apoios em siste-
mas de incentivos e na prestação de esclarecimentos em matéria de legislação fiscal e económica. Desenvolvemos iniciativas vocacionadas para a valorização do comércio local, do empreendedorismo e criação de emprego. O que pretendemos alcançar? Pretendemos tornar as empresas mais sustentáveis e competitivas, através de uma forte aposta na qualificação dos empresários, com o objetivo de aumentar os níveis de investimento e de criação de emprego na região. Pretendemos, complementarmente, criar um Ecossistema empreendedor na região do Douro, alicerçado na incubadora de empresas Douro StartUp, atraindo empreendedores nacionais e internacionais e trabalhadores remotos para o território, como forma de minimizar os impactos da desertificação e obter massa critica para inovar e empreender no território. Porque fazemos o que fazemos? Porque acreditamos que o Douro é o melhor lugar para… Viver Investir Inovar Empreender
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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DA RDD António Lencastre Engenheiro
A Região Demarcada do Douro(RDD), criada no ano de 1756, é a mais antiga região vitivinícola demarcada e regulamentada do mundo, classificada pela UNESCO em 2001 como Património da Humanidade. Nos últimos 10 anos, verificou-se um enorme progresso ligado ao vinho e ao Enoturismo, devido à implantação de novos projetos que geraram motivação e sucesso na Região. No entanto, todo este sucesso não deve encobrir algumas áreas que estagnaram, sendo motivo de preocupação para o desenvolvimento equilibrado da Região: 1.Viticultores: Para facilitar a análise, os viticultores podem ser distribuídos segundo quatro diferentes categorias: •os muito pequenos com propriedades inferiores a 2 hectares, que são 78,5% dos viticultores da RDD e que detêm 23% da área de vinha plantada. Neste segmento de viticultores inclui-se um grande número de resilientes de idade avançada com alguma dificuldade de sucessão e que fazem o granjeio da vinha sem grande perspetiva de resultado económico. Para eles a viticultura constitui receita complementar já que esta é uma atividade secundária e a exploração é feita recorrendo a quase exclusivamente à mão-de-obra-familiar. Dependem, na sua maioria, das grandes empresas comerciais e das cooperativas da Região para escoamento das suas uvas. •aqueles que possuem entre 2 e 5 hectares, ocupando 20% da área de vinha da região e que são 13,3% dos viticultores da RDD, que não têm condições de mecanização, sendo obrigados à contratação de mão-de-obra externa. Dependem claramente dos subsídios e das Adegas Cooperativas, em especial, já que têm pouca capacidade negocial com as grandes empresas. •os que têm entre 5 e 20 hectares, que são apenas 7,0% dos viticultores e representam 31% da área. Esta faixa de viticultores já tem possibilidade de mecanizar as suas vinhas e recorre, obrigatoriamente, à contratação de mão-de-obra. •os que detêm mais de 20 hectares, são a pouco mais de 1% e representam mais de 26% da área. De fato, este grupo, deveria ser dividido em dois pois nele estão incluídas as grandes Quintas ligadas às empresas comerciantes de Vinho do Porto. Por isso, considera-se parte interessante deste grupo aqueles cuja área está situada entre 20 e 100/120 hectares. Para estes, a dimensão já possibilita a condição de produtor-engarrafador e já têm um volume de produção que permite uma maior capacidade negocial na venda de uvas e vinhos às empresas de comércio. •A existência de uma grande maioria de viticultores de pequena e muito pequena di-
mensão expressa a necessidade clara de um suporte das Cooperativas da Região pois só elas podem ter a proximidade suficiente para escoar a sua produção e os acompanhar na melhoria da qualidade das uvas e desempenho económico das explorações. Para isso, é necessário, obviamente, que as Cooperativas também se voltem para esse fim e tenham a estabilidade financeira imprescindível à sua manutenção. As Cooperativas têm passado por tempos difíceis e, as mais seguras, já optimizaram os seus processos industriais e comerciais, no entanto, deveriam dedicar-se agora a apoiar muito mais os seus cooperantes quer na modernização e inovação das suas vinhas como no apoio directo à melhoria das explorações agrícolas como na prestação de serviços de apoio à gestão tal como a contabilidade e exploração turística etc. •Para os viticultores mais envelhecidos e sem capacidade de sucessão será de considerar a criação de instrumentos que possibilitem a sua saída fácil do sistema, sendo indemnizados ou transferindo a sua exploração para outros interessados. •Por outro lado, e de forma transversal, há que motivar e apoiar todos aqueles que têm pretensão em aumentar as suas explorações vitícolas, em especial os menores, pois em todos os casos é motivo de melhoria do desempenho em termos económicos. •Os viticultores de tamanho médio e grande estão confrontados com graves problemas de mão-de-obra e dependentes de empreiteiros pouco fiáveis e com custos muito inflacionados que nada têm a ver com os salários praticados aos seus trabalhadores. Esta dependência agrava os custos de produção tanto pelos valores cobrados, como pela não execução dos serviços em tempo oportuno. 2.Valorização do produto e Capacidade negocial Para os mais de 90% dos viticultores que têm pequena e muito pequena dimensão, a capacidade negocial é muito baixa pois, para além das suas uvas não serem de castas mais valorizadas nem se encontrarem normalmente no melhor estado sanitário, oferecem baixos volumes e estão condicionados a entregar as suas uvas no centro de vinificação mais próximo. Para esses novamente se repete a necessidade de Cooperativas que se voltem para essa grande maioria de viticultores, apoiando-os tecnicamente de modo a valorizarem as suas produções. Do mesmo modo, os médios viticultores estão dependentes dos critérios de compra e receção das suas uvas, que obrigam muitas vezes a vindimas demoradas, incapacidade de entrega de toda a sua produção a preços, por norma, desconhecidos. Para estes é imprescindível a introdução de instrumentos que regulem a negociação das uvas, e que possibilitem a melhoria qualitativa das uvas para a sua valorização e maior procura. Dentro deste grupo existem ainda os produtores-engarrafadores que, em sua maioria, vendem cartão de benefício e uvas, e que engarrafam e pro-
duzem o vinho na medida da sua capacidade de venda. Para cobrir os custos de produção de pequenos e médios, condicionados por uma viticultura de montanha, é necessário que o valor das uvas produzidas na fração destinada a DOC duplique ou triplique os valores praticados na Região. Isso só será possível com a adequação da oferta de uvas a castas mais pretendidas, melhoria qualitativa das uvas e o crescimento dos vinhos DOC Douro garantindo a procura das uvas. 3.Excedentes Em geral, quando se fala de produção de uvas no Douro considera-se que há uma parcela dessas uvas já predestinada para a produção de Vinho do Porto. A outra poderá ter o destino de produção de DOC, IG ou mesa, ou seja, os excedentes concentrar-se-ão nestas produções. Os excedentes tenderão a desaparecer desde que se confirme a evolução positiva da demanda dos DOC e IG da Região. Mas, é certo que enquanto houver excedentes, ou por via do excesso de produção, ou pela introdução ilícita de uvas ou vinho, os preços quer de uvas, quer de vinhos estarão sempre inferiores ao devido. Nesta conjuntura, a falta de rigor na entrada e controlo de stocks de vinho de mesa, dificultada pela falta de definição objetiva das competências entre o IVDP, I.P. e o IVV, I.P. no que respeita ao vinho de mesa não permite saber com exatidão o fluxo de vinho de mesa na Região. Por isso, há dois caminhos que podem ser percorridos no sentido de fazer adequar a oferta e procura de uvas, um através do controlo das produtividades de uvas DOC e IG autorizadas por hectare e outro através do reforço dos instrumentos de fiscalização e controlo. 4.Valor Patrimonial das Explorações Apesar da RDD ser reconhecida mundialmente o seu valor patrimonial, valor do m2 de vinha, é ridículo em comparação com outras regiões também reconhecidas, isto deve-se fundamentalmente à predominância de um minifúndio disperso, de um grande número de vinhas abandonadas e uma exploração muito pouco profissional aliada a esta situação verifica-se ainda, a uma falta de interesse e de capacidade do poder central e das autarquias em se preocupar este assunto da valorização patrimonial que também, está ligada à ausência de infraestruturas mínimas viárias, de saúde, de comunicação, de promoção etc que atraiam e valorizem a presença de investidores. Lembramos que, por exemplo, em zona de minifúndio, até agora ainda não foi conseguida a reestruturação de grandes manchas de vinha introduzindo acessos, drenagens e mecanizações comuns. 5.Universidade, do Politécnico e das Escolas Profissionais Às Universidades, Politécnicos e das Escolas Profissionais da Região era de extrema importância dedicarem mais o seu estudo ao conhecimento e investigação de todas as vertentes especificas da RDD, quer sejam adafoclimáticas, variedades de clones etc valorizando tudo o que for conhecimento para aproveitar e potenciar as características da região. De igual importância é a valorização social do trabalho na viticultura através da formação
dedicada a quadros técnicos intermédios que possam assumir o papel de encarregados e mão-de-obra profissionalizada e mecanizada. 6.Turismo e outros produtos da RDD como complemento da atividade comercial O turismo na RDD tem tido um crescimento exponencial não só pela beleza das suas paisagens e classificação de Património Mundial pela UNESCO, mas também pelo grande volume de investimento feito por privados e autarquias na criação de infraestruturas e serviços essencialmente ligados ao enoturismo que acolhem e ocupam os visitantes. Entretanto essa expansão tem passado ao largo da grande maioria dos viticultores da Região. Uma parte porque não sabe como se posicionar de modo a aproveitar esses fluxos e, por outro, por haver uma grande omissão por parte das estruturas de governo local e central de modo a apoiar e divulgar essas possíveis fórmulas alternativas que podem conviver com a exploração vitícola. Em resumo, falta a cada um dos viticultores saber ser um pequeno promotor turístico, apresentando a sua cultura, o seu modo de vinha e a diversidade de produtos típicos da Região, para além do vinho e das uvas, que tem disponível para oferecer. 7.Problema institucional Antes da análise sobre os problemas institucionais da RDD devemos salientar que as questões da estrutura vitícola e da rentabilidade dos viticultores e das suas explorações são muito mais importantes que o modelo institucional ou de representação da produção, mas não podem, no entanto, ser devidamente debatidas se não existir uma produção organizada, estudiosa, interventiva e também participativa. No contexto da RDD parece evidente que o papel a desempenhar pela Casa do Douro(CD) será sempre na defesa dos interesses dos viticultores e da Região Demarcada do Douro. Isto só será possível se a CD enquanto instituição tiver garantida a sua subsistência financeira, de modo a que consiga adquirir uma capacidade técnica que lhe permita ser decisora nos desafios atuais e futuros da Região. Seria bom que a Casa do Douro fosse o paradigma da solidez técnica e do conhecimento da Região. Esta representação deverá ser mais ativa na presença da produção no Conselho Interprofissional que deverá ser o fórum privilegiado de debate e decisão da Região. Em qualquer formato é importante que a CD seja constituída também por Cooperativas e Associações na proporção da sua representação de modo a que a grande maioria dos viticultores de pequena e média dimensão, com grande dificuldade de motivação e de mobilização, tenham a sua representação afirmada. Para que a representatividade da CD seja efetiva, e resguardada das ocorrências nefastas do passado, é importante que a representação seja apoiada quer na representatividade das pessoas, dos viticultores, quer na área plantada. A independência será a palavra-chave da Casa do Douro, na medida em que esteja imune a lobbys e interesses particulares, defendendo a Região como um todo. Isso só será possível desde que os aparelhos partidários não sejam a parte mais ativa na eleição e nomeação dos seus órgãos.
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VIVADOURO
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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA As regras para o Alto Douro Vinhateiro David Ferreira Diretor de Serviços dos Bens Culturais Direção Regional de Cultura do Norte
Inscrito pela UNESCO na Lista do Património Mundial no dia 1 de junho de 2001, o Alto Douro Vinhateiro é também classificado Monumento Nacional, por força do nº 7 do artigo 15º da Lei 107/2001: Os bens culturais imóveis incluídos na lista do património mundial integram, para todos os efeitos e na respectiva categoria, a lista dos bens classificados como de interesse nacional. A inscrição na Lista do Património Mundial não foi uma imposição. Foi pedida pelo Estado Português à UNESCO e colheu o apoio das principais instituições públicas e associativas da região. O prestígio desta distinção, que projetou o Alto Douro internacionalmente, traz consigo a responsabilidade de proteger e transmitir às futuras gerações este importante bem patrimonial. É uma tarefa exigente. Com cerca de 25.000 hectares, estamos perante o maior imóvel classificado português. Esta escala e o facto de se tratar de um território / paisagem (e não um
edifício ou centro histórico), fazem do Alto Douro Vinhateiro um monumento invulgar, mas os princípios fundamentais que devem orientar a sua salvaguarda e valorização são os mesmos que aplicamos a todo o universo do património cultural imóvel: identificar as características que conferem valor patrimonial ao bem (os atributos) e preservar esses atributos, quer através da sua conservação e reabilitação, quer através de uma avaliação criteriosa das propostas de intervenção novas, que não devem pôr em causa essas características. No caso concreto do Alto Douro Vinhateiro a tarefa é facilitada por um conjunto de planos, programas, manuais e guias específicos para a região, que determinam com bastante detalhe o que pode ou não ser feito e como. Talvez ainda mais importante, existe um órgão de gestão dedicado – o Gabinete Técnico Missão Douro da CCDRN, sedeado em Vila Real – com um corpo técnico capacitado e conhecedor do território. Por ser um imóvel classificado Monumento Nacional, qualquer intervenção ou obra deve ser sujeita ao parecer prévio e vinculativo da tutela do património, isto é, da Direção Geral do Património Cultural / Direção Regional de
Cultura do Norte. Com base na emissão de milhares de pareceres nos últimos 10 anos e no acompanhamento próximo das dinâmicas regionais, vamos apontar as três orientações que julgamos mais pertinentes, perante os desafios da atualidade: •Manter a variedade paisagística. Embora a viticultura constitua a produção mais importante da história e da paisagem da região, a verdade é que o Alto Douro foi sempre marcado por uma grande variedade paisagística. O olival, o amendoal, os pomares de citrinos (incluindo pomares murados), as hortas e mesmo as zonas de mato e bosque, fazem parte da paisagem tradicional duriense e testemunham ancestrais práticas agrícolas, assentes numa sábia rotatividade sazonal. Do ponto de vista patrimonial é importante preservar esta diversidade e evitar um cenário de monocultura vitícola. •Respeitar o mais possível a orografia natural do terreno. A paisagem duriense caracteriza-se pela armação de terrenos em socalcos conformados com as curvas de nível. Produto essencialmente de trabalho manual, o Douro tradicional não usa largos terraços artificiais ou taludes de grande dimensão. É fundamental que as intervenções no terreno, sejam elas trabalhos agrícolas ou obras de edificação, respeitem a morfologia original e evitem grandes movimentos de terras e alterações topográficas. •Recusar que novos edifícios criem, pela sua dimensão, ruturas de escala relativamente ao padrão tradicional. No Alto
Douro deve privilegiar-se a reabilitação do edificado existente, mas há uma grande pressão para a construção de novos edifícios associados a programas hoteleiros ou produção vinícola (adegas e armazéns). Embora novas construções não sejam proibidas e sejam mesmo inevitáveis nalgumas circunstâncias, a sua escala não deve nunca ultrapassar aquilo que é o modelo da casa de quinta, adega ou armazém pré-industrial. No Alto Douro, como em qualquer imóvel classificado, é o programa que tem de se adaptar às características do monumento e não o contrário. O Alto Douro Vinhateiro preenche totalmente critérios que esperamos encontrar num Monumento Nacional: suporte de memória de técnicas construtivas engenhosas, afinadas ao longo de gerações, que possibilitaram a fixação humana desde tempos ancestrais e criaram paisagens de extraordinária beleza. Paisagens que são um hino ao trabalho resiliente e à sabedoria, mas também uma impressionante lição de ecologia. Os nossos antepassados souberam tirar proveito dos recursos naturais sem nunca por em perigo as condições de base que sustentam esse mesmo aproveitamento. Numa época onde a mudança é demasiadas vezes idolatrada como um fim em si mesmo, podemos procurar no Alto Douro inspiração para uma outra forma de olhar o mundo, em que a permanência das coisas é fator de equilíbrio e referência para o futuro. É esta a função do património cultural.
Fazer o que ainda deve ser feito… Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P.
Apesar das adversidades impostas pela pandemia, os agentes económicos do território têm demonstrado uma capacidade de cooperação enorme com as organizações governamentais, não governamentais, autarquias e instituições locais na procura de novas estratégias para o desenvolvimento da Região Demarcada do Douro. E, percebemos, também, que o Vale do Douro continua, na prática milenar do cultivo da vinha, a saber preservar a memória cultural e as tra-
dições que definem as suas gentes, o que o torna singular no mundo. Numa altura em que se discutem, não raras vezes, as desigualdades e o seu combate é concreto refletir na sustentabilidade, como a oportunidade de que o Douro Vinhateiro carece. Importa avaliar, não danificar, não ter pressa de fazer, mas fazê-lo bem, com relevância, divulgando os resultados e prestando contas! Bem sabemos que discutir sustentabilidade implica pensar um território abrangente na sua dimensão social, económica, ambiental e cultural. Esta sustentabilidade, em concreto, está a ser ameaçada pelos problemas relacionados com o envelhecimento e a desertificação, sendo as duas Deno-
minações de Origem Protegidas Porto e Douro e a Indicação Geográfica Duriense motivos de firmeza do Vale do Douro e, sobretudo, crédito no futuro. De forma a combater aquela tendência, importa valorizar o quadro de proteção e afirmação destas DOP, impedindo a diluição, usurpação e a fraude das marcas coletivas. O valor que as mesmas deverão continuar a ganhar no mercado nacional e internacional é determinante para a fixação e atração dos mais jovens para este território. O seu talento, conhecimento, engenho e a força, aliados à experiência dos mais velhos, são fundamentais para assegurar a continuidade e a guarda do Alto Douro Vinhateiro, num cenário de viticultura de montanha agreste, numa exigência refletida na valorização económica dos agricultores. Estamos a contribuir e queremos continuar a contribuir ativamente, dedicados, para alcançar estes objetivos, sendo crucial pensar a Região Demarcada do Douro como um todo
prioritário, em que urge a primazia da qualidade do setor vitivinícola, do seu vasto e riquíssimo património paisagístico e cultural, a importância das instituições de ensino superior na ligação do conhecimento, inovação e tecnologia ao território, mas também as cadeias de valor provenientes da mobilidade transfronteiriça e da cobertura digital do território. É seguro podermos afirmar que a internacionalização das marcas coletivas Douro e Porto foi confirmada pelos valores das exportações em 2020. O panorama evidenciou disciplina, perseverança, capacidade para implementar e modificar práticas e relacionamentos comerciais, melhorando o desempenho das organizações, incentivando a participação dos cidadãos e dos Agentes Económicos. Contudo, em face dos resultados obtidos em 2020 todos compreenderemos que, em anos normais, ainda poderemos com responsabilização fazer muito melhor!
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Reportagem
Mulheres em lugares de chefia Apesar da evolução positiva dos últimos anos, as estatísticas revelam que em Portugal, apenas 26,6% das empresas têm liderança feminina, um valor ainda abaixo da média europeia (30%) e do valor mínimo da paridade (40%). Entre os diferentes cargos diretivos em empresas, associações, instituições e autarquias na região do Douro, alguns são já ocupados por mulheres. São alguns desses casos que o VivaDouro foi conhecer no mês em que se celebrou o Dia da Mulher.
destacar as mulheres nestes cargos, espero que em breve se torne comum mas por agora é bom que isso ainda seja destacado”, deixando ainda um desejo, “gostava de ver uma mulher como reitora da UTAD, penso que é algo que possa acontecer a médio, longo prazo até porque considero que há aqui mulheres com essa capacidade”. Maria assume que não gosta de “comparações entre homens e mulheres, acredito mais que a nossa capacidade é que faz a diferença, a capacidade individual de cada um”. Apesar disso acredita que as mulheres ainda têm “um papel diminuído na sociedade, em Portugal já não se vê tanto isso mas há países onde sim. Aqui em Portugal não podemos ignorar a realidade, acho que acontece cada vez menos e olhando para a minha geração penso que isso irá mudar em breve apesar de haver quem ainda ache que o papel da mulher é em casa a tratar dos filhos”. Questionada sobre como gostava de ser recordada no final do seu mandato, Maria não tem dúvidas na resposta, “se tivesse que
Maria Ferreira Presidente da AAUTAD Os novos órgãos sociais da Associação Académica da UTAD (AAUTAD) tomaram posse a 24 de fevereiro, a associação é, pela primeira vez liderada por uma mulher, Maria Ferreira, que aos 21 anos assume como prioridade do seu mandato “ajudar a evitar que os alunos abandonem o ensino superior” neste cenário de pandemia Covid-19. Em declarações ao nosso jornal Maria assume que a sua chegada a este patamar “representa um abrir de portas, o abrir de um caminho para que outras mulheres se possam seguir a mim. Não sou a única, a minha direção é constituída na sua maioria por mulheres. Agora há a questão da lei da paridade e no nosso acaso acabou por ser difícil de a cumprir mas para o lado dos rapazes”. Para a nova presidente da AAUTAD “dentro da estrutura da universidade há cada vez mais mulheres em cargos de chefia, mesmo entre os núcleos, mais de 50% são neste momento dirigidos por mulheres, na realidade da UTAD começa a ser algo habitual mas é sempre uma honra ser a primeira mulher neste lugar”. Apesar disso, a estudante natural de Guimarães, assume que “ainda há necessidade de
Edna Almeida Capitão do posto de Destacamento Territorial da GNR de Torre Moncorvo escolher então que seja pelo trabalho e não pelo simples facto de ser mulher”, contudo assume que vai “sempre ter orgulho em ser recordada como a primeira mulher neste cargo”. Mais a norte, no Douro Superior, no concelho de Torre de Moncorvo, é no Destacamento Territorial da GNR que encontramos outra mulher num cargo de chefia, Edna Almeida é a Capitão do posto, uma opção profissional que acabou por ser influenciada pelo pai que “era agente da PSP”. Quando terminou o secundário em 2008 “não sabia o que fazer da vida” e o pai teve um papel preponderante na decisão. Concorreu para as duas instituições (PSP e GNR) e acabou por entrar na Academia Militar. “Não foi uma paixão logo de início mas acabei por gostar e tive um forte apoio do meu pai. Senti que ele tinha orgulho em mim”. Começou como alferes em Portalegre, no destacamento de trânsito. Passado um ano foi para o comando Lisboa, como adjunta
no destacamento de Mafra e aos 25 anos chegou a Comandante do Destacamento de Trânsito de Torres Vedras. Em 2017 frequentou o curso de promoção a capitão optando depois por ficar colocada em Torre de Moncorvo. À nosso reportagem Edna assume que nunca sentiu “qualquer dificuldade pelo facto de ser mulher”, garantindo mesmo que na instituição “existe orgulho em haver mulheres a desempenhar estes cargos”. A capitão conta-nos que numa fase inicial “possa ter existido alguma estranheza pelo facto da haver uma mulher a comandar o posto, contudo com o passar do tempo isso foi mudando até se tornar algo normal”. “Logo nos primeiros meses aqui, estava eu a minha alferes, que frequentemente saíamos juntas. Estávamos as duas na rua aqui em Moncorvo e um senhor, já com alguma idade que nos abordou e disse: “eu peço desculpa pela ousadia mas tenho que dizer isto, na minha altura isto não existia, estou muito surpreendido”. Mas aquilo que até poderia parecer uma afirmação mais retrógrada era exatamente o contrário porque se manifestou muito contente por nos ver naquela posição e numa idade tão nova. Na altura lembro-me que de alguma forma este episódio me descansou porque apesar de ter a noção que nesta zona as mentalidades podem ser mais retrógradas do que numa cidade, senti-me acolhida”. Edna Almeida confessa que não sente medo no cumprimento das suas funções, contudo afirma que existe sempre algum receio fruto das situações que a própria profissão proporciona. “Não tenho medo, posso ter alguma ansiedade quando saio em patrulha, nunca sabemos que situações nos podem aparecer. Não encaro isso como algo negativo, é o nosso dia a dia. Uma das situações que senti mais receio foi nos incêndios aqui em Moncorvo, foram três dias duros, em que tivemos que tirar pessoas de casa, acamadas… e isso é uma situação difícil de gerir porque muitas vezes temos que esconder a emoção, aquilo que estamos a sentir e focar-nos só no trabalho. Mas é tam-
Maria do Céu Quintas Presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta
bém para isso que aqui estou, gerir emoções, é algo que faz parte do nosso dia”. A capitão recorda que a primeira mulher a entrar para a Guarda Nacional Republicana foi em 1994, “em 1998 eram 28. Atualmente 9% do efetivo da Guarda são mulheres, em diferentes posições. Esta é uma realidade que hoje em dia é natural e, na minha opinião pessoal, esta é uma profissão que nos permite fazer muitas coisas diferentes”, por isso deixa um conselho a outras mulheres, “venham trabalhar para esta intituião, serão sempre bem recebidas.” Não muito longe de Torre de Moncorvo, em Freixo de Espada à Cinta, encontramos a única autarca mulher da região do Douro. Maria do Céu Quintas está no segundo mandato e planeia já a sua recandidatura para mais quatro anos à frente do município. “Zita”, como é tratada pelos amigos, confessa que sempre teve um gosto especial pela política, por poder fazer algo pelo bem comum. “Vim para Freixo em 1987 e fui sempre muito atenta a tudo que tinha a ver com a autarquia, com o que se fazia e isso sempre mexeu muito comigo. Não foi influência de ninguém nem sei bem explicar porquê, mas sempre tive algo que me chamou para a política. Sempre achei que se Freixo fosse uma terra bem governada podia ser um paraíso”. Por isso em 2005 entrei para a política com alguma naturalidade. Foi algo que aconteceu por arrasto, alguém que me levou para lá. Houve alguém do PSD que veio ter comigo para eu integrar a lista que na altura era de coligação, PSD e CDS. Recebi diversos apoios e para mim foi uma forma de mostrar que estava disposta a lutar pelo meu concelho. Não ganhamos as eleições mas fiquei na oposição durante quatro anos, até que a certa altura o António Morgado me comunicou que não se iria candidatar em 2013, foi nesse momento que decidi avançar porque sentia que era capaz de ganhar as eleições”. Afirma que o facto de ser mulher nunca a fez hesitar. “Nunca senti que o facto de ser mulher causasse algum problema em alguém. Descreve-se como uma mulher confiante que não gosta “de ter polícias” atrás de si “nem ser polícia de ninguém, cada um sabe as responsabilidades que tem nas suas funções”. “Não vim para aqui para ser polícia, vim para trabalhar por esta gente até porque para conseguirmos fazer um trabalho positivo devemos ter o apoio das pessoas e se eu viesse para aqui fazer mal Às pessoas certamente que elas não me apoiariam. Conheço toda a gente e dou-me bem com as pessoas, gosto delas e faço tudo pela nossa população. Para se chegar aqui tem que se fazer o caminho bem feito, ser uma pessoa correta, trabalhar e conseguir o respeito dos outros, algo que se vai ganhando com aquilo que fazemos. Conforme somos para os outros assim vem o retorno, se nos empenharmos chegamos lá, ser homem ou mulher não faz qualquer diferença”. ▪
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ASSEMBLEIA GERAL
CONVOCATÓRIA
Nos termos estatuários é convocada a Assembleia Geral para as 17H30 do CONVOCATÓRIA dia 26 demarço de 2021, na sede da referida Associação. Nosart.º termos é convocadaGeral a Assembleia Geral meia para ashora 17H30 do dia 26 de Nos termos do 42estatuários n.º 1 a Assembleia funcionará março de 2021 , na sede da referida Associação. depois, no caso de, à hora marcada desta convocatória não haver número Nos termos estatuários é convocada a Assembleia Geral para as 17H30 do dia 26 de legal sócios para sua realização, realizar-seá com qualquer número termos do art.º 42 n.º 1 a Assembleia Geral funcionará meia hora depois, no caso de, março de de 2021 , naNos sede daareferida Associação. à hora marcada desta convocatória não haver número legal de sócios para a sua realização, de sócios presentes.
á com número de sócios presentes. Nos realizar-setermos do art.º 42qualquer n.º 1 a Assembleia Geral funcionará meia hora depois, no caso de, à hora marcada desta convocatória não haver número legal de sócios para a sua realização, qualquer número de sócios presentes. realizar-seORDEMá com DE TRABALHOS ORDEM DE TRABALHOS ORDEM TRABALHOS 1º - DE Aprovação do Plano de Actividades e Orçamento de 2021; 1º - Aprovação do Plano de Actividades e Orçamento de 2021;
2º - do Análise e de Discussão Relatório eeContas dede Gerência de 2020, como Parecer do 1º -2º Aprovação Actividades e Orçamento de 2021; - Análise ePlano Discussão dodo Relatório Contas Gerência de bem 2020, bem Conselho Fiscal. do do Relatório e Contas de Gerência de 2020, bem como Parecer do 2º -como AnáliseParecer e Discussão Conselho Fiscal.Fiscal. Conselho Santa Marta de Penaguião, 10 de março de 2021 Santa Marta de Penaguião, 10 de março Santa Marta de Penaguião, 10de de2021 março de 2021 O Presidente da Assembleia Geral
O Presidente da Assembleia Geral O Presidente da Assembleia Geral José de Jesus Leite Pereira
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José de Jesus Leite Pereira
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MARÇO 2021
Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I Glória Póvoa Enfermeira
Obesidade em tempos de pandemia O Dia Mundial da Obesidade, que se celebra a 4 de março, visa sensibilizar a população para o problema da obesidade e das doenças a ela associadas, bem como para as suas implicações na saúde humana. Esta comemoração pretende reforçar a importância da promoção de uma alimentação saudável enquanto estratégia com extrema relevância para a prevenção desta doença. Considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a “epidemia do século XXI”, a obesidade é uma doença crónica de armazenamento excessivo de gordura corporal. Encarada como um dos maiores problemas de saúde pública mundial, é a segunda causa de morte passível de prevenção. O perfil genético, o ambiente socioeconómico e cultural, a educação, a família e as características individuais e psicológicas contribuem em grande escala para o desenvolvimento da obesidade. As mudanças decorrentes da pandemia que assolou o mundo, contribuem de forma indelével para as alterações no padrão alimentar e de atividade física, nomeadamente por via do isolamento a que todos estamos sujeitos. A COVID parece ter contribuído para uma alteração nos hábitos alimentares de uma parte significativa da população nacional. Quase metade da população inquirida, a este propósito, reportou ter mudado os seus hábitos alimentares durante este período (45,1%) e 41,8% tem a perceção de que mudou para pior (PNPAS, 2020). A obesidade, enquanto doença crónica é um fator de risco para muitas outras doenças crónicas (hipertensão arterial, diabetes, dislipidémias, apneia de sono, osteoarticulares …) levando não raras vezes a um prognóstico mais reservado aquando da infeção por SARS-CoV-2. À medida que a infeção por SARS-CoV-2 se propagou pelos países europeus, surgiu a necessidade de repensar o risco da doença crónica – obesidade - e a sua relação com a doença infeciosa. Nesta pandemia, tal como nas anteriores (gripe espanhola), confirmou-se que a obesidade está associada a um maior risco de doença grave, hospitalização ou morte, o que constitui uma preocupação para os serviços de saúde. A relação entre a obesidade e a COVID-19 foi dada a conhecer por estudos que analisaram as características e os outcomes clínicos de doentes com doença cardiovascular infetados com o SARS-CoV-2. Observaram que o impacto do vírus foi mais evidente nos doentes que apresentaram um IMC elevado, e que, em particular os indivíduos do sexo masculino têm um maior risco de desenvolver pneumonia grave (Melo Prado et al., 2021). Com base nos resultados do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF), publicado pelo Instituto Ricardo Jorge em 2019, em Portugal 36,6% da população adulta apresentava excesso de peso (4,6 milhões de pessoas) e 16,9% obesidade (1,5 milhões de pessoas). Por forma a combater estes números que são efetivamente assustadores, devemos promover a atividade para preservar a força muscular e psicomotora bem como a saúde mental. A realização de exercício físico em casa, nomeadamente exercícios de elevação dos membros superiores, agachamentos, alongamentos, subir e descer escadas, entre outros, constituem uma boa opção, dado que qualquer atividade que coloque o corpo em movimento é útil para a saúde física e mental. É essencial manter um adequado controlo da ingestão alimentar, optando por métodos de confeção saudáveis (estufados, cozidos e grelhados), privilegiando alimentos frescos da época e evitando alimentos processados (bolachas, batatas fritas, barras de cereais). Devemos manter uma hidratação adequada, ingerindo água ou chá e evitando bebidas alcoólicas e refrigerantes. Devemos seguir os princípios da Roda da Alimentação Mediterrânica, incluindo alimentos de todos os grupos, de forma variada. Ser saudável pode ser uma escolha!
Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
Cuidadores Comunitários / Comunidades Amparadas - inovação social para o interior de Portugal! No Douro está a nascer uma nova e complementar resposta de saúde e amparo social, que é a inovação que pode ser fundamental para se manterem vivas as nossas Aldeias, Vilas e até as cidades do interior de Portugal. O Aldeias Humanitar, a partir do Douro, mais particularmente no Douro Sul e no concelho de Sernancelhe, está a preparar o projeto piloto da permanência, todos os dias, desta resposta de saúde e amparo social. Estaremos perante uma (R)Evolução nas respostas de saúde e amparo social, o que permitirá às pessoas, muito particularmente as mais vulneráveis, terem perto de si alguém capaz de os apoiar nas mais diversas necessidades. O Cuidador Comunitário, resumidamente, é uma função profissional, exercida na comunidade, por profissionais com formação académica / científica consistente e compatível, que tenham na base a vontade de olhar o outro com absoluto respeito, de agir na “humanidade das pessoas que cuida”, disponível para apoiar em atividades de vida quando necessário, ter competências na gestão do regime terapêutico, vigilância e articulação com outras respostas da comunidade. Com esta resposta as nossas terras serão Comunidades Amparadas, um conceito de proteção da vida humana nos territórios em quase colapso demográfico. A Rede de Cuidadores Comunitários, dará coesão aos nossos territórios por via do apoio à existência de vida humana e pela criação de novos empregos de jovens que permanecerão no interior. O Cuidador Comunitário, atua em casa de cada um, ou seja, no seu mundo maior. A casa é o lugar da nossa vida familiar, das memórias dos nossos amores, dos nossos filhos que entretanto até já não estão por perto. A casa é um dos nossos direitos fundamentais. Que nos dá autonomia, identidade, independência, privacidade, autoestima, autoconfiança, e, em resumo, a felicidade. Queremos todos, dar aos nossos mais velhos o direito de na sua casa permanecerem até que a vida o permita e a sua vontade seja a de ficar. Nós, os idosos de amanhã, certamente sonhamos com a possibilidade de termos apoio permanente na comunidade onde vivemos que desejamos amparada. Vamos todos colocar esta nova resposta de saúde e amparo social nas bocas do mundo para que seja uma opção generalizada nos municípios do interior de Portugal.
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Nacional
AJAP vai lançar plataforma para promover competitividade dos jovens agricultores A Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) está a desenvolver um projeto para capacitação e promoção da competitividade do jovem agricultor e do jovem empresário rural. Este projeto, denominado “Laboratório Vivo da Agricultura 4.0”, conta com um investimento global de cerca de meio milhão de euros, apoiado pelo Portugal 2020, no âmbito do COMPETE 2020 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização, a realizar em dois anos. Em comunicado, a AJAP revela que o “Laboratório Vivo da Agricultura 4.0 prevê”, numa primeira fase, a reali-
zação de um estudo de diagnóstico sobre as necessidades de qualificação profissional dos jovens agricultores e dos jovens empresários rurais. O passo seguinte vai ser o desenvolvimento de uma plataforma online onde será possível participar em ações de qualificação e aceder a informação. Este laboratório pretende dar resposta a temas relacionados com a produção, transformação, comercialização e mercados, e incluir conteúdos úteis para as várias fileiras do setor. A AJAP pretende ainda desenvolver uma aplicação móvel. “A agricultura tem um papel fundamental nas zonas rurais e no interior do país, dinamiza a economia, estimula a criação de emprego e a incorporação de inovação. Por isso, é essencial levar conhecimento e mais informação a quem está no terreno”, diz Firmino Cordeiro, diretor-geral da AJAP.
De forma a divulgar o projeto, a associação irá organizar roadshows nas regiões Norte, Centro e Alentejo. Está também prevista a divulgação em
eventos estratégicos, como a Agrobraga e a Ovibeja, e a produção de um programa de televisão, pensado para mostrar casos de sucesso. ▪
Agricultores com seguro de colheitas e de compensação de sinistralidade com mais apoios Atividade agrícola é um dos setores que atravessa dificuldades, devido ao risco das alterações climáticas. O Ministério da Agricultura anunciou, esta terça-feira, que foi publicada uma portaria que aumenta os apoios aos agricultores com seguros de colheitas e de compensação de sinistralidade. A portaria, assinada pelo ministro de Estado e das Finanças, João Leão, e pelo secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Rui Martinho, procede a um conjunto de alterações às regras de atribuição do apoio, nomeadamente na redução do prejuízo mínimo indemnizável, que passa de 30% para 20% da produção anual média do agricultor. As novas regras introduzem também a cultura milho para silagem no seguro de colheitas horizontal e possibilitam a majoração da taxa de bonificação para 70% para os segurados detentores de Estatuto de Agricultura Familiar, conforme previsto no Orçamento
de Estado para 2021, mais concretamente na alínea f), do n.º 1, do Artigo 223.º da Lei 75-B/2020. “Em simultâneo, reconhecendo que o acesso ao mercado ressegurador internacional pelas seguradoras, relativamente às apólices contratadas no âmbito do seguro de colheitas, não reúne ainda condições que permitam dispensar, em absoluto, a intervenção do Estado, a referida portaria determina a continuidade do mecanismo
de compensação por excesso de sinistralidade e procede a um ajustamento com diferenciação para as regiões expostas a um maior risco”, refere o gabinete do Ministério em comunicado. As alterações ao regulamento do seguro de colheitas e compensação de sinistralidade têm em conta, de acordo com o documento, que a agricultura é um dos setores da economia que está mais exposto aos riscos associados às alterações climáticas, fator que
induz a um aumento da incerteza no rendimento esperado às entidades que operam no setor, e que o incentivo à contratação de seguro de colheitas, por via da atribuição de um apoio ao prémio de seguro é uma medida que se tem mostrado eficaz na estabilização do rendimento dos agentes do setor. A portaria publicada esta terça-feira é retroativa, produzindo efeitos a partir de 1 de janeiro deste ano. ▪
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VIVADOURO
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Opinião António Fontaínhas Fernandes Reitor da UTAD O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) o Governo pretende desenvolver ao abrigo do instrumento de recuperação europeu, visando promover a recuperação social e económica do país. Numa lógica de planeamento estratégico integrado, a discussão deveria compreender as opções programácomo é o caso do Programa Nacional de são pública, tal não viria a acontecer, embora muito se tenha falado sobre este plano! O setor empresarial defende que o PRR deveria conferir maior relevância a quem
Gilberto Igrejas dosVinhos do Douro e do Porto, I. P P. (IVDP) to celebrou o Dia Internacional da Mulher, através das redes sociais, convidando todas com vinhos do Douro e do Porto. Oito de março de 2021 marca o Dia Internacional da Mulher, um dia que presta uma homenagem à Mulher, celebrando as suas conquistas em todo o mundo, mas que também, e sobretudo, reivindica a igualdade de gémulheres que trabalham para que a Humanidade cresça e progrida. -
Luis Braga da Cruz Engenheiro Civil
União Europeia que, sendo um dos mais importantes blocos económicos, revela di-
cria riqueza e emprego, as empresas. Os municípios e as CIMs queixam-se de terem sido mentos escassos, concentrando-se no apoio à habitação de comunidades desfavorecidas de Lisboa e Porto. Por sua vez, diversos comentanismo de direcionar fundos para a administra-
considerável da mais-valia associada a esta valorização. Indubitavelmente, neste domínio existe um longo caminho a percorrer, desde a gestão dos Mas, é do lado da ciência que surgem boas
da agricultura, um setor tão caro à região do Douro! Os representantes do setor referem que Portugal precisa de mais indústria de base agrícola, baseada numa sólida componente técnica e alicerçada em cadeias inteligentes de apro-
A aprovação de dois Laboratórios Associados na UTAD no domínio da agricultura é um gran-
to, emprego e de coesão, para a promoção comercial e a valorização interna e externa é
regional, caso da agricultura de precisão, das ciências alimentares e do uso das tecnologias de informação. Representa um passo impor-
podendo ser uma alavanca no desenvolvimento do Douro. Podem apoiar a consolidação de novas áreas no domínio da transição digital e
tante para contrariar a concentração e o centralismo reinante, quer nacional, quer regional, contribuindo para alcançar um desenvolvimento territorial mais equilibrado. É evidente que a ciência cria mercados e gera novos empregos, mas também que a inovação com elevado valor acrescentado tal, é crucial uma rede de centros de pro-
dar resposta às novas solicitações de criação e de apropriação de conhecimento, visando explorar as oportunidades que emergem numa primeira fase do PRR, em gramação.
Dia Internacional da Mulher lher no mundo do vinho, e em qualquer ou-
Olhando para as mulheres que trabalharam, ao -
se inibem de apreciar publicamente um copo de bom vinho numa esplanada, assumem-se visto, no passado, com muito bons olhos. Felizceitos sociais e culturais, que, apesar de tudo, ainda perduram na nossa sociedade. De facto, comunidade, depende de uma sociedade livre O Douro que o poeta duriense, António Cabral, descreveu como “paraíso do vinho e do suor” muito deve ao trabalho e saber das muitas mulheres due preservaram as nossas tradições vinhateiras.
falta de reconhecimento que receberam na época. Num contexto onde o papel das mulheres na sociedade era secundarizado, D. Antónia Adelaide Ferreira, conhecida pela Ferreirinha, com o seu empreendedorismo invulgar, a sua visão e arrojo, a sua perseverança, a sua atenção permanente aos demais, revolucionou de forma indelével a história do Douro, mudando masculina no negócio do vinho. Também no que diz respeito às manifestações ‘serviu-se’ da imensidão do Douro, como muitas outras mulheres, para procurar inspiração projetou o Douro, por intermédio da arte, atra-
vés de um olhar atento dos seus socalcos e do labor das suas gentes. No trabalho de campo, na vindima, no trabalho de adega, nem sempre a mulher foi tratada com equivalência ao homem. Se muito se progrediu, haverá ainda muitas situações que urge serem corrigidas. sas que compôs, muito apreciadas desde o século XIX até hoje. Para além do Danúbio Azul, nomeou uma valsa, não menos célebre, como Vinho, Mulher e Canto. É ao som desta valsa, saboreando um Porto ou um Douro, que nos propomos homenagear todas as Mulheres do Mundo, todas as Mulheres do Vinho, todas as Mulheres do Douro. É ocasião para fazermos, também, uma saudação às mulheres que lutaram, tanto a nação e que ajudaram a traçar um caminho diferente para as gerações futuras.
"O que pode o Douro esperar do PRR?" plicações sociais, económicas e ambientais. Defendo ser redutor olhar para cada período ciamento de infraestruturas. Acho ser mais importante interrogarmo-nos previamente sobre aonde queremos estar em 2030. A pandemia obrigou-nos a repensar o futuro e a mudanças nos hábitos, nas relações sociais e
peração no pós-Covid, é portadora de espetexto mundial. A decisão, com um volume
ser uma resposta às necessidades de reforma estrutural e de recuperação económica, sinalizando os domínios em que as mudanças serão mais sensíveis, o que, só por si, já indicia uma orientação para a acção. À frente está a inovação, vindo depois: a transi-
de Recuperação e Resiliência (PRR), como do Quadro Financeiro Plurianual 2021-27,
a sustentabilidade e a coesão territorial. Neste contexto indica opções, que podem ter impac-
nosso tempo. Porém, a convergência al-
determinante a criação de estruturas regionais dedicadas à promoção e valorização os produ-
to no Douro e em Trás-os-Montes. Saliento a redução das vulnerabilidades sociais, o reforço proposto pela CCDR-N no documento "Norte 2030 - Estratégia para o período 2021-27". De todos os propósitos enunciados o que me parece mais determinante prende-se com a inovação e a capacitação das pessoas, dado serem domínios em que o Norte é ainda devez três regiões portuguesas - Norte, Centro e Lisboa - foram incluídas no grupo das "regiões fortemente inovadoras", pelo "Regional Innoregião espanhola alcançou tal posição. Sendo
e ao aproveitamento das componentes do PRR orientadas para a produção e valorizadas competências, em especial as tecnológicas. Para produzir efeitos nestes domínios teUTAD anima dois laboratórios associados,
Captou cerca de 50 milhões de €, num total vo, no actual Portugal 2020. Esta capacidade autoriza a pensar que saberá aproveitar o PRR, tornando mais relevante para a região o conhecimento produzido.
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Lazer
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