TEATRO MULTIATIVIDADES

Page 1

TEATRO MULTIATIVIDADES UM ESPAÇO DE CONEXÃO E INTERAÇÃO COM A CULTURA

JAQUELINE ORTIZ JULIÃO



UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS SWIFT CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TEATRO MULTIATIVIDADES UM ESPAÇO DE CONEXÃO E INTERAÇÃO COM A CULTURA

CAMPINAS – SP 2017



JAQUELINE ORTIZ JULIÃO

B621JE - 0

TEATRO MULTIATIVIDADES UM ESPAÇO DE CONEXÃO E INTERAÇÃO COM A CULTURA

Trabalho desenvolvido para aprovação final de graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Paulista – UNIP, como requisito para obtenção de título. Orientadora: Profª. Dra. Geise Pasquotto

CAMPINAS – SP 2017



AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, pois foi graças a minha fé nele que percorri todos esses anos de faculdade com muita força e perseverança. Aos meus pais que nunca pouparam esforços para garantir que eu tivesse sempre as melhores oportunidades e condições para me desenvolver como pessoa e profissional, além de serem uma incansável fonte de inspiração. À Felipe Bignardi, pelo companheirismo, paciência e apoio durante esses longos cinco anos. Aos amigos que a Arquitetura me apresentou: Giovanna, Ane Beninca, Allan, Guilherme, Leticia, Jean, Anderson e Walllace. À minha orientadora, Geise Pasquotto, a quem devo todo o sucesso desse trabalho, porque sem o seu conhecimento, incentivo, confiança e orientação, este trabalho nada seria. Aos professores pelas conversas e aprendizados, em especial Sérgio Alvarenga.



RESUMO

Eis a proposta de construção de um teatro multiatividades no município de Campinas para atender as diversas modalidades artísticas. O projeto foi desenvolvido a partir da premissa de criar espaços de convivência e permanência, onde exista a prática e interação com a cultura, convívio social entre diferentes classes e gêneros. O programa prevê, além do espaço teatral, um palco externo com arquibancadas, áreas de convívio, cinema, restaurante e ambientes para aulas e ensaios, tudo isso dentro de uma quadra completa e arborizada. O projeto foi desenvolvido a partir da premissa de criar um espaço sociocultural, como o teatro, que interliga diferentes partes da sociedade com uma pluralidade de manifestações e que, com efeito, se torna um lugar vivo capaz de transmitir determinadas informações ao longo do tempo, e alterar a realidade da região e das pessoas que com ele se relacionam. Isto posto, pretende-se que este trabalho projete um grande lugar de permanência e socialização, e que possa fornecer uma nova experiência arquitetônica e estética para a cidade, além de estimular a prática artística e o desenvolvimento urbano. Palavras-chave: Teatro multiatividades; Arquitetura teatral; Cultura Urbana.


[...] os arquitetos tĂŞm que pensar em projetos que deixem nossas cidades menos tristes e tragam o melhor do ser humano. Alain Botton


SUMÁRIO O presente trabalho é constituído em três partes, assim como os três principais atos de uma peça de teatro:

PRIMEIRO ATO, apresentação Nessa primeira parte é apresentada e justificada a temática da intervenção. Em seguida, há conceitos teóricos que fortalecem a ideia e análises de referências projetuais.

1

1. Apresentação, 15 1.1 Introdução, 16 1.2 Objetivos, 18 1.3 Justificativa, 20

2. Tecido Urbano, 2.1 Macroescala, 2.2 Macroárea, 2.3 Área de Intervenção Urbana, 2.4 Análise Área de Intervenção Urbana, 2.5 Plano Urbano, 2.6 Proposta, 2.7 Equipamentos Indutores,

23 24 27 29 35 51 56 80

2

3. Temática, 81 3.1 Teatro: A evolução do espaço cênico, 82

3


4

4. Projetos de Referência, 99 4.1 Centro Cultural Les Quinconces, 100 4.2 Escola de Música Tohogakuen/Nikken Skkei, 103

5. Visita Técnica, 104 5.1 Teatro Cólon, 105 5.2 Teatro Castro Mendes, 110

5 SEGUNDO ATO, confrontação Após a compreensão da temática, ocorre o confronto entre o diagnóstico da área com as ideias e conceitos definidos.

6

6. Diagnóstico do terreno, 113 6.1 Localização, 114 6.2 Demolição e Intervenção urbanística, 116 6.3 O terreno, 117 6.4 Vizinhança imediata, 118 6.5 Topografia, 120 6.6 Levantamento climático, 122 6.7 Legislação, 125


TERCEIRO ATO, resolução A terceira parte é a proposta de intervenção para solucionar as fragilidades e realçar as potencialidades urbanísticas diagnosticadas na área.

7

7. O projeto, 126 7.1 Partido, 127 7.2 Conceito, 134 7.3 Fluxograma, 136 7.4 Programa de Necessidades, 147 7.5 Propostas térmicas e acústicas, 162 7.6 Sistema estrutural, 170

8. Referências, 172 8.1 Referências iconográficas, 172 8.2 Referências bibliográficas, 173


PRIMEIRO ATO,

apresentação

Figura 01: Panorâmica do Bosque dos Jequiti´bas . Fonte: Fotografia de Leandro R. M. de Marco.


PRIMEIRO ATO | Introdução

1

Figura 02: Panorâmica do Bosque dos Jequitibás. Fonte: Fotografia de Leandro R. M. de Marco.

Apresentação

1.1 Introdução O edifício teatral contribui tanto para a expressão concreta da representação artística e, dessa forma, alimentar o imaginário das pessoas com todo seu significado plural. Qualquer espaço adaptado para uma encenação pode ter uma compreensão de teatro desde que exista uma relação entre quem assiste – público – e quem atua – atores. Neste sentido, encontra-se uma definição mais ampla para o lugar teatral, e assim ser (…) composto de local do público, que pode ser uma arquibancada, uma cadeira, uma pedra, um barco ou mesmo a plateia de teatro, predefinido pela encenação ou ocupado aleatoriamente e o local de atuação, que pode ser um palco, uma árvore, um buraco, em cima de um muro, uma escada em espiral, ou qualquer outro (MARTINS, 2004, p 21).

O teatro de rua e quaisquer espaços público ou privados, a partir dessa qualificação, podem ser entendidos como lugares teatrais e ser passível de ter uma representação artística. No entanto, na maioria das vezes é encontrado em um formato que relaciona um prédio, sua arquitetura, a quem assiste e a equipe de interpretação – atores, direção, equipamentos, figurino, e equipe cenográfica. Pela nossa temática cabe a restrição de análise aos prédios fechados por completo ou parcialmente e que existe essa relação mais nítida. O edifício teatral possui outra importância de interligar a sociedade dentro do espaço-tempo, ou seja, é capaz de reproduzir em um único lugar momentos diferentes da história, seja ela no passado, presente ou futuro; ao mesmo tempo em que o próprio prédio, por sua robustez e comportar diferentes tipos

15


16

Introdução | PRIMEIRO ATO

de arte, consegue ser intertemporal, em outras sucessões de gerações, inclusive servindo de base para uma estética futura ou mesmo em épocas de vanguarda e contestação das suas formas. Sendo assim, “o espaço tridimensional na arte do teatro é um elemento de suma importância, pois sem ele não seria possível o fenômeno teatral ou, até mesmo, não poderíamos imaginá-lo. É um elemento que está intrinsecamente ligado à sua forma espaço-temporal” (SANTOS, 2015, p.18)

Ao partirmos dessas considerações, podemos dizer que o espaço físico também é elemento próprio da peça teatral de forma que o edifício teatral possa ser denominado, inclusive, de espaço cênico, uma definição que adquirimos que vai de encontro às considerações de Pavis (1999), que faz a diferenciação dentro do lugar teatral entre o espaço vazio e o espaço cênico. Mais precisamente, com base nas incursões arquitetônicas históricas, o teatro sempre teve a capacidade de transformar uma realidade, seja ela externamente, com as alterações concebidas em um ambiente urbano, ou mesmo internamente, na representação artística e na plateia que a assiste, com

efeito, como um processo sociocultural. 1 O teatro não é apenas um espaço para encenações e representações dramáticas, outras artes também são passíveis de serem representadas no mesmo local. Ao longo da história, os espaços cênicos se transformaram para integrar com as pessoas por meio de apresentações que vão além da dramaturgia, mesmo que fosse necessário construir outro tipo de prédio adequado para determinada atividade. Na contemporaneidade encontramos uma fusão de espaços artísticos cada vez mais frequente, principalmente nos lugares em que a promoção da cultura não é tão abrangente para a população. A cidade de Campinas é um exemplo típico dessa situação visto sua desnutrição cultural. Conhecida historicamente por seus artistas como Carlos Gomes e Guilherme de Almeida, não possui espaços teatrais que comportem as grandes companhias e a demanda cultural do município. Isso porque a cidade é considerada como um dos principais polos de pesquisa teatral do país, mas que permanece sem espaços suficientes para comportar as companhias, que, de tal modo, migram para outras localidades.


PRIMEIRO ATO | Objetivos

1.2 Objetivos Geral O objetivo geral da proposta do teatro multiatividades é proporcionar aos moradores da região do Bosque e aos frequentadores uma nova experiência arquitetônica de interação e socialização.

Específico • Proporcionar aos moradores do bairro Bosque, uma quadra permeável com espaços que promovam atividades culturais; • Diminuir a distância entre as pessoas e atividades sociais/culturais por meio de sua implantação estratégica próxima ao centro e instituições de ensino; • Estimular o contato visual com artes cênicas através de fachadas ativas e transparentes que permitam visualizar as atividades em seus interiores; • Proporcionar um espaço teatral para amenizar a lacuna de espaços culturais de grande porte na cidade; • Proporcionar espaços de convívio onde se tenha a difusão da cultura;

• Estimular o convívio social entre diferentes classes e gêneros através dos espaços públicos culturais propostos; • Incentivar o desenvolvimento de manifestações artísticas e culturais em espaços abertos e públicos.

17


18

Justificativa | PRIMEIRO ATO

Figura 03: Imagem ilustrativa do projeto. Fonte: Elaborada pela autora, 2017.


PRIMEIRO ATO | Justificativa

1.3 Justificativa A cidade de Campinas, apesar de ser nacionalmente conhecida pelo seu polo tecnológico, pelo Aeroporto Internacional de Viracopos (um dos líderes no quesito de movimentação anual de transporte de carga importação e exportação) e por grandes universidades (fato que traz alunos do país todo para morar aqui durante os estudos), não está entre as cidades mais importantes no aspecto de desenvolvimento cultural. Ao contrário: as atividades relacionadas às apresentações são organizadas apenas por iniciativas privadas, sem um respaldo legal e adequação de espaços públicos para tal dinâmica, que projeta resultados mais expressivos na deficiência e carência por cultura. O principal incentivo para a criação do teatro multiatividades é mostrar que, para ter acesso à cultura, não é necessário ser de uma classe social privilegiada ou morar em bairros hipervalorizados financeiramente, e sim, ter vontade de ampliar os horizontes e, a cada dia que passa, se tornar uma pessoa ainda melhor para à sociedade em que vive. Dessa forma, para incentivar o púbico a adentrar ao lugar serão propostos diferentes atividades e produções simultâneas, desde ao cinema de rua a espetáculos de teatro ao ar livre.

Esta é uma grande oportunidade para ampliar o acesso da população à cultura, incrementando a programação nesses locais, e, ao mesmo tempo, fazendo circular a produção. O intercâmbio de produções culturais pelas regiões da cidade pode ser muito rico, levando as atividades culturais do centro para os bairros e vice-versa (STUM, 2016).

O único espaço teatral público em funcionamento em Campinas, o Teatro Castro Mendes, possui uma agenda disputada entre os dramas, festivais de dança e os concertos da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Todavia, dentro dessa perspectiva intensa de pesquisa que é a cidade, o local não abriga estrutura dinâmica e necessária para comportar diversas modalidades de artes. Dessa forma, os espaços teatrais de iniciativa privada tornam-se alternativas culturais para a minoria da população e apresentam peças mais televisivas para atrair um número maior de público.

19


20

Justificativa | PRIMEIRO ATO

Espaços artísticos em funcionamento na cidade de Campinas 1

Teatro Municipal José de Castro Mendes

O maior da cidade em termos de estrutura e capacidade em local fechado, que suporta 760 pessoas sentadas e um palco em estilo italiano. É adequado para apresentações dramáticas, musicais devido a sua arquitetura que possibilita uma acústica para diversos timbres e vozes, com ótima recepção em qualquer lugar da sala de espetáculos.

2

Auditório Beethoven

Também conhecido como a Concha Acústica do Taquaral pelo seu formato que permite maior reflexão e reverberação do som para a plateia e por se localizar no Parque Portugal (vulgo Parque Taquaral). O espaço conta com uma capacidade para duas mil pessoas sentadas ao ar livre e permite que outras possam ficar em pé.

3

Espaço Cultural Maria Monteiro

Popularmente chamado de Espaço Cultural da Vila Padre Anchieta, um local multimodal que além dos espetáculos teatrais também dispõe de um salão social para quinhentas pessoas em que pode ser realizado festivais, apresentações de dança, oficinas e outros estilos.

4

Teatro Carlos Maia

Um pequeno teatro de temática infantil, que se localiza no Bosque dos Jequitibás e com capacidade para cento e sessenta pessoas.

5

Estação Cultura Prefeito Antônio da Costa Santos

Um espaço multiuso aproveitado da recuperação das áreas sociais da antiga estação de trens da FEPASA que abriga patrimônios históricos, um museu, salas e galerias para múltiplos tipos de exposição e apresentação artística diversificada.

6

Casa do Lago

Administrado pela Universidade Estadual de Campinas em âmbito estadual, mas que tem um viés de fomentar o diálogo artístico e cultural dentro do Campus universitário e, também, entre a comunidade acadêmica e os diversos segmentos da sociedade. O espaço conta com uma sala de cinema, salão multidisciplinar e espaços para exposições.

Figura 04: Tabela com a relação de espaços artísticos em funcionamento na cidade de Campinas. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


PRIMEIRO ATO | Justificativa

Figura 05: Mapa com a localização de espaços artísticos em funcionamento na cidade de Campinas. Fonte: Elaborado pela autora com imagem foto aérea do Google Earth, 2017.

21


2

Tecido Urbano

Figura 06: Mapa de Campinas. Fonte: Elaborada pela autora atravĂŠs de mapa base da SANASA.


LOCALIZAÇÃO

PRIMEIRO ATO | Macroescala

SÃO PAULO

REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS

CAMPINAS

MACROÁREA

ÁREA DE INTERVENÇÃO

Figura 07: Mapa com perímetro parcial do Município de Campinas. Fonte: Elaborado pela autora com imagem foto aérea do Google Earth, 2017.

23


24

Macroescala | PRIMEIRO ATO

2.1 Macroescala Região Metropolitana de Campinas A Região Metropolitana de Campinas (RMC) foi criada em 2000 e é formada por vinte municípios, sendo estes: Americana, Arthur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte-Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. Segundo a estimativa em 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ela é a segunda maior região metropolitana do Estado de São Paulo em população, com mais de 3,1 milhões de habitantes. Está também em segunda posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das vinte metrópoles do país, com um índice de 0,792 (Figura 08). Nos últimos anos, a região vem desempenhando uma importante posição econômica à nível estadual e nacional. Ela possui um eficiente sistema rodoviário, assim como o segundo maior aeroporto do país (Viracopos), localizado em Campinas. Além disso, contém uma ampla extensão industrial moderna e diversificada, centros de pesquisas tecnológicas e científicas, e uma estrutura agrícola e agroindustrial expressiva. A RMC está localizada em uma região privilegiada, entre os principais eixos rodoviários: Rodovia Anhanguera (engloba Araras até Ribeirão Preto, com influência em regiões que atingem até o Triângulo Mineiro e o sul de Goiás para alguns setores), Rodovia Washington Luís (interliga as cidades de Rio Claro, São Carlos e Araraquara, além de

impactar indústrias em São José do Rio Preto), Rodovia Adhemar de Barros (ligação entre Mogi-Guaçu e Poços de Caldas), Rodovia Dom Pedro (conexão entre Campinas ao Vale do Paraíba, estendendo-se até o litoral norte de São Paulo), e a Rodovia Santos Dumont (ligação até Sorocaba). A malha viária provocou também uma densa ocupação urbana em torno de cidades de médio e grande porte, ocasionando processos de conurbação entre elas. Dessa forma, cidades de médio porte começaram a enfrentar problemas característicos de cidades grandes, como o crescimento de favelas, violência e pobreza urbana.

Figura 08: Gráfico do Índice de Desenvolvimento Humano das vinte metrópoles do país em 2010. Fonte: Folha Uol, 2015.


PRIMEIRO ATO | Macroescala

Município de Campinas A cidade de Campinas originou-se a partir das trilhas da Estrada dos Goiases, carregando em sua história uma extensa trajetória de abastecimento e produção de açúcar e café, que somadas as atividades industriais, serviços e tecnologias, desempenhou um papel importante no crescimento de uma ampla região do Estado. Campinas se encontra a 97 km da Capital, e ocupa uma área de 801 km², distribuídas entre centenas de bairros e distritos (Joaquim Egídio, Sousas, Barão Geraldo, e Nova Aparecida). Sua população, segundo o IBGE 2016, é de 1.173.370 habitantes. Com o crescimento da região, após a década de 40 com a implantação da Rodovia Anhanguera, houve a migração de empresas da capital para o interior, motivadas pela logística e centros de pesquisas estabelecidos na região. Desta forma, Campinas é hoje a principal potência econômica da RMC, apresentando um Índice de Desenvolvimento Humano de 0,805 (Figura 09).

Figura 09: Tabela de Índice de Desenvolvimento Humano. Fonte: IBGE, 2010.

25


26

Macroescala | PRIMEIRO ATO

O crescimento do perímetro da cidade ocorreu através da inserção de empreendimentos imobiliários residenciais e de comércios/serviços direcionados para a classe média e alta, provocando o fenômeno conhecido como espraiamento – expansão horizontal das cidades sem antes atingir a densidade demográfica ideal em áreas centrais/consolidadas. A cidade pertence ao Complexo Metropolitano Expandido que possui mais de 29 milhões de habitantes, ou seja, aproximadamente 75% da população do estado inteiro. Campinas é também considerada o segundo polo do Brasil no setor de produção, perdendo apenas para a cidade de São Paulo. Destaca-se ainda pela renomada instituição de ensino superior, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), pelo Laboratório Nacional de Luz de Síncrotron e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).

Figura 10: Mapa de crescimento urbano em Campinas. Fonte: Prefeitura de Campinas, SEPLAMA, 2017.


PRIMEIRO ATO | Macroárea

27

2.2 Macroárea A área de estudo (Figura 11) está localizada na cidade de Campinas, dentro da macrozona 4. Ela é circundada pelas avenidas Orozimbo Maia, Senador Saraiva, Prefeito José Nicolau Ludgero Maseli, Ayrton Senna da Silva, Princesa D’Oeste e Norte-Sul. O recorte constitui uma área urbana consolidada do município, compreendendo o centro histórico de Campinas e apresentando diferentes graus de adensamento. Caracteriza-se também como uma área de indução e mescla de atividades bastante significativa para a cidade. A partir das informações obtidas pela Secretaria Municipal de Urbanismo (SEMURB), constatou-se que a região apresenta cinco tipos de zoneamento (Z07; Z10; Z13; Z17; Z18), onde somente dois se destacam pela predominância (Figura11) : Zona 07: Concede uso de comércios, instituições, serviços, edificações de uso misto, unifamiliar, multifamiliar; Zona 17: Concede uso de comércios, instituições, serviços e somente edificações de uso misto. Observou-se também que o gabarito de altura é bem diversificado, na qual os imóveis não verticalizados são em sua maioria bens de valor histórico (região central) e residências unifamiliares (regiões mais afastadas do centro). As edificações verticalizadas predominam-se na região central com atividades administrativas, empresariais, consultórios médicos e serviços locais de pequeno porte.

Figura 11: Mapa de zoneamento da macroárea. Fonte: Elaborado pela equipe com imagem foto aérea do Google Earth, 2017.


28

Macroárea | PRIMEIRO ATO

Há uma grande concentração de equipamentos públicos na região central e bairros vizinhos, como o Cambuí. Essa dinâmica cultural e de lazer fica restrita para os demais moradores do município, contribuindo para a sua segregação social e espacial. Um dos equipamentos presentes é o Centro de Convivência, um local de convívio e cultura, na qual se encontra subutilizado pela população. Outro equipamento notável é o Bosque dos Jequitibás, considerado uma das áreas verdes mais antigas de Campinas. Nele está localizado o zoológico e aquário municipal, além de um teatro infantil. Mesmo possuindo o Bosque, percebe-se que o perímetro em análise necessita de outras áreas verdes para convívio e permanência de pedestres (Figura 12). 01. Cambuí Alto • Gabarito Alto; • Densidade média a alta; • Uso misto; • Edifícios multifuncionais; • Vida noturna; • Equipamento cultural

03

• • •

02. Cambuí Baixo • • •

• • •

02

03. Centro Gabarito alto; Densidade média a alta; Uso misto com predominância de comércios e serviços; • Abandono de Patrimônios históricos; • Tráfego intenso de veículos 04. Boque

Processo de verticalização; Densidade média; Uso misto com predominância de comércio e serviço; Gabarito baixo

01

Gabarito baixo; Densidade média a baixa; Uso misto com predominância residencial; Ruas estreitas

Figura 12: Mapa análise da macroárea. Fonte: Elaborado pela equipe com imagem foto aérea do Google Earth, 2017.

04


PRIMEIRO ATO | Área de Intervenção Urbana

2.3 Área de Intervenção Urbana Conforme indicado no mapa ao lado (Figura 13), a área de recorte escolhida para aprofundar o estudo abrange integralmente o bairro Bosque e parcialmente os bairros Jardim Proença, Jardim Guarani e Centro. Sua delimitação estende-se pelas Avenidas Moraes Sales, Guarani, Imperatriz Dona Tereza Cristina, Monte Castelo, Prefeito José Nicolau Ludgero Maseli até encontrar com a Rua Duque de Caxias. A região apresenta dois equipamentos esportivos subutilizados: Estádio Moisés Lucarelli e Estádio Brinco de Ouro da Princesa. Na época de suas construções, a região era descampada e pouca habitada (Figura 14), tornando um local ideal para implantação de equipamentos desse porte. Mas com a expansão de Campinas, os estádios foram sufocados e tornaram-se um obstáculo no meio urbano (Figura 16). Nos últimos anos, existem estudos para a realocação de ambos os equipamentos esportivos em áreas afastadas do centro urbano:

Figura 13: Mapa do perímetro da área de estudo com destaque para área de intervenção urbana. Fonte: Elaborado pela autora com imagem foto aérea do Google Earth, 2017.

Área de intervenção

29


30

Área de Intervenção Urbana | PRIMEIRO ATO

“A Magnum promete viabilizar a construção do futuro estádio do Bugre com parte dos lucros do futuro empreendimento que levantará no lugar do Brinco de Ouro. O projeto imobiliário apresentado por Roberto Graziano aos sócios prevê seis torres (comerciais e residenciais), um hotel e também um shopping.” (Globo Esporte, 2015) “Outro projeto em fase de desenvolvimento na gestão de Carnielli é a construção da Arena Ponte Preta. O local para erguer o novo estádio está definido há tempos: o Centro de Treinamento do Jardim Eulina, às margens da Rodovia Anhanguera, em Campinas. Apesar disso, o início das obras ainda não tem data definida. Mas o mandatário acredita que o conforto e outros serviços disponibilizados aos torcedores após a conclusão dos trabalhos irão recompensar a longa espera.” (Globo Esporte, 2015)

Dentro do perímetro de intervenção urbana encontra-se também o Bosque dos Jequitibás, considerado pela Prefeitura de Campinas, como uma das áreas de lazer mais antigas e maiores do município. O Bosque corresponde aproximadamente 8% da área total de intervenção, e apresenta em seu interior uma reserva nativa, o Museu de História Natural, o Aquário Municipal, um teatro infantil (Teatro Carlos Maia) e um zoológico com 300 espécies de aves, répteis e mamíferos. Em 1993, todo o conjunto do bosque foi tombado pelo CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas), cujo objetivo foi manter a sua integridade. Conforme a Resolução nº 13 de 02/09/1993, o Bosque dos Jequitibás contém uma

área envoltória de 300m, na qual abrange o Estádio da Ponte Preta, as avenidas Aquidaban, Moraes Sales, José de Souza Campos, Princesa d’Oeste e o final da Monte Castelo. Neste perímetro existe restrição quanto ao gabarito de altura para construções novas, pois a verticalização descontrolada provoca áreas de sombra que prejudicam a vegetação do bosque. Dessa forma, a região apresenta predominantemente edificações horizontais de caráter residencial e comercial de pequeno porte. As edificações de gabarito alto, acima de 10 pavimentos, estão concentradas ao longo das avenidas Princesa d’Oeste e Aquidaban. Essa baixa verticalização somada aos equipamentos urbanos existentes, que não atraem e garantem a permanência de pedestres, provocam um enfraquecimento na densidade local. A Via Expressa Waldemar Paschoal percorre a área até encontrar com o Bosque dos Jequitibás. Ela possui grande influência no cenário urbano da cidade, pois é a responsável por interligar a região central ao bairro Cambuí, como também é a principal ligação da região com o Complexo Viário Joá Penteado. A sua facilidade de acesso para o Aeroporto de Viracopos e o Terminal Rodoviário Ramos de Azevedo, as duas principais portas de entrada da cidade, beneficiaram a instalação de redes hoteleiras em toda a extensão da Aquidaban.


PRIMEIRO ATO | Área de Intervenção Urbana

Figura 14: Panorama do Bosque dos Jequitibás em 1950. Observa-se ao fundo o Estádio Moiséis Lucarelli, e em primeiro plano o Estádio Brinco de Ouro da Princesa em construção. Fonte: MIS,1950.

31


32

Área de Intervenção Urbana | PRIMEIRO ATO

Figura 15: Panorama do Bosque dos Jequitibás. Em primeiro plano o Estádio Moiséis Lucarelli, e ao centro a mata do Bosque dos Jequitibás. Fonte: Fotografia de Leandro R. M. de Marco.


PRIMEIRO ATO | Área de Intervenção Urbana

Figura 16: Panorama da cidade de Campinas – em primeiro plano Av. Aquidaban, em segundo plano o Bosque dos Jequitibás e Estádio da Ponte Preta. Fonte: Cidades em fotos.

33


34

Área de Intervenção Urbana | PRIMEIRO ATO

Figura 17: Panorama do Bosque dos Jequitibás. Em primeiro plano o Bosque dos Jequitibás, e ao centro o Estádio Moiséis Lucarelli. Fonte: Fotografia de Leandro R. M. de Marco.


PRIMEIRO ATO | Análise Área de Intervenção Urbana

2.4 Análise Área de Intervenção Urbana Zoneamento A área delimitada para estudo encontra-se inserida na Macrozona 4. O espaço encontra-se atualmente consolidado onde possui bastante serviços e comércios. À cinco tipos de zoneamento onde somente dois se destacam mais, que é a zona 06 e zona 17 (Figura 18). O zoneamento predominante é o 06, onde está localizado o Cambuí e a Ponte Preta. Esse zoneamento permite o uso de comércios, instituições, serviços, edificações de uso misto, unifamiliar, multifamiliar. No Cambuí próximo a Orosimbo Maia o zoneamento é o 09, onde o uso é parecido com o zoneamento 06, porém ele permite um uso mais diversificado de serviços. Na área do Centro o zoneamento predominante é o 17. Esse zoneamento permite o uso de comércios, instituições, diversos tipos de serviços e edificações somente de uso misto. Nas margens da Av. Norte Sul, o zoneamento é o 13 que permite diversos tipos de comercio, serviços e habitações.

Figura 18: Mapa de levantamento zoneamento na área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe através informações do SEMURB, 2017.

do de

35


36

Área de Intervenção Urbana | PRIMEIRO ATO

Uso do Solo Real Com base na lei de uso e ocupação do solo de Campinas, foi feita uma análise para identificar a real situação da área do recorte. Com isso foi possível observar que há uma predominância de residências, em segundo serviços e somente alguns pontos de comercio. No leste da área onde se localiza a Avenida Princesa D’Oeste, há uma concentração muito grande de comércios e serviços e as edificações em sua grande maioria são mais verticalizadas. Ao Sul onde está o estádio da ponte preta, há uma predominância residencial com gabaritos mais horizontais. No norte e oeste do recorte onde está o Cambuí e a Avenida Aquidaban, possui uma grande quantidade de serviços, residência e alguns pontos de comércios. Ao longo da Avenida Aquidaban e suas paralelas a predominância é de serviços. Á área tem diversos atrativos como por exemplo, bares, restaurantes, lazer, serviços e comércios e atrai um público bem diversificado.

Figura 19: Mapa de levantamento do Uso do Solo Real na área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe através de informações do SEMURB, 2017.


PRIMEIRO ATO | Análise Área de Intervenção Urbana

Densidade Segundo dados fornecidos pelo FUPAM (Fundação para Pesquisa em Arquitetura e Ambiente), juntamente com levantamentos pelo SEPLAM, Campinas possui uma população atual de aproximadamente 1.173.370 pessoas e uma densidade demográfica de 1.359,60 hab/km². Analisando a densidade da área de estudo (Figura 20), é possível observar que na parte sul, próxima ao Bosque e ao estádio Moisés Lucarelli, possui edificações mais horizontais devido ao processo de tombamento do bosque, que não permite gabaritos altos em uma área envoltória de até 300m, consequentemente gerando uma densidade mais baixa. Já ao longo das principais avenidas como Aquidaban e Norte Sul as edificações são mais verticais ocasionando uma densidade mais alta.

Figura 20: Mapa de levantamento da densidade populacional na área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe com base em informações do IBGE, 2017.

37


38

Área de Intervenção Urbana | PRIMEIRO ATO

Vida Noturna Ao analisar o mapa (Figura 21), pode-se concluir que a área de estudo possui pouca vida noturna devido ao fato de possuir poucos comércios que estendam seu horário até o período da noite e por seu território ser ocupado em sua maioria por habitações. Observa-se que os comércios abertos no período noturno concentram-se em sua maioria nas principais avenidas, enquanto que as ruas locais ficam reservadas apenas para as habitações. Tal fato é relevante pois locais estritamente residenciais e sem comércios que funcionem no período noturno acabam se tornando mais perigosos e propensos à assaltos, uma vez que o fluxo de pessoas circulando é muito pequeno. Porém, locais estritamente comerciais, que funcionem até as 18h, também podem ser considerados perigosos pois após o horário de fechamento tornam-se desertos, sem circulação de pessoas e consequentemente perigosos. Tal constatação remete à Jane Jacobs, que segundo

Marcos (2016) diz que “uma rua segura é a que propõe uma clara delimitação entre o espaço público e o privado, com gente e movimento constantes, quadras não tão grandes que conformem numerosas esquinas e cruzamentos de ruas; onde os edifícios tenham visão para as calçadas, para que muitos olhos a protejam. Ideias absolutamente inovadoras para sua época, como a mistura de usos, a densidade equilibrada, a proteção do patrimônio arquitetônico e urbano, a prioridade dos pedestres, as identidades dos bairros ou o cuidado ao projeto do espaço público são parte de um corpo doutrinário de enorme vigência. ” Atividades noturnas, calçadas dinâmicas e fachadas ativas são fundamentais para movimentação do loca, acarretando em maior segurança para todos.


PRIMEIRO ATO | Análise Área de Intervenção Urbana

Figura 21: Mapa de levantamento da vida noturna na área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe através de levantamento in loco, 2017.

39


40

Área de Intervenção Urbana | PRIMEIRO ATO

Gabarito de Altura O gabarito da área é em grande parte composto por moradias de um e dois pavimentos, que estão localizados na parte mais antiga do recorte próximo ao Bosque dos Jequitibás e ao estádio Moisés Lucarelli, conforme Figura 22. Temos edifícios mais altos próximos a Av. Aquidaban e a Av. Princesa d’Oeste onde se encontram os prédios comerciais e de uso mistos. A área do bosque possui um gabarito menor devido ao processo de tombamento do bosque, que possui limitações de gabaritos em uma área envoltória de até 300m, pois edifícios altos causariam sombras no bosque e consequentemente prejudicariam as árvores existentes. De acordo com a Resolução nº 13 de 02 de setembro de 1993 do CONDEPACC (LUIZ ROBERTO LIZA CURI - Secretário de Cultura, Esportes e Turismo Presidente do CONDEPACC, 1993): "1ºAs novas edificações que ocorrerem na área envoltória do Bosque dos Jequitibás, definida pelo Artigo 2º desta resolução, deverão obedecer o seguinte zoneamento de preservação quanto ao gabarito de altura e conforme mapa anexo 02:

ZP 0 - São permitidas edificações desde que a altura máxima do edifício não ultrapasse 5,00 metros medidos a partir do nível da Rua até a cumeeira do telhado; • ZP 1 - São permitidas edificações desde que a altura máxima do edifício não ultrapasse 10,00 metros medidos a partir do nível da Rua até a cumeeira do telhado; • ZP 2 - São permitidas edificações desde que a altura máxima do edifício não ultrapasse 30,00 metros medidos a partir do nível da rua até a cumeeira do telhado incluindo o corpo sobrelevado” Sendo assim, observa-se que o gabarito vai aumentando conforme se afasta do bosque e consequentemente a densidade também.


PRIMEIRO ATO | Análise Área de Intervenção Urbana

Figura 22: Mapa de levantamento do gabarito de altura na área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe através de levantamento in loco, 2017.

41


42

Área de Intervenção Urbana | PRIMEIRO ATO

Bens Tombados O perímetro de intervenção apresenta poucas edificações ou espaços considerados como bens tombados, sendo a maior concentração na região superior da área (Figura 23). A área envoltória do Bosque dos Jequitibás (tombado conforme a resolução 13/93 do CONDEPAC) influência na área, restringido o gabarito de altura para construções novas, pois a verticalização ocasiona zonas de sombra que prejudica a sua camada arbórea. (...) o comportamento das variáveis ambientais, tais como insolação direta, temperatura, umidade relativa e circulação do ar, que interferem de forma determinante sobre os processos biológicos, tende a ser alterado pelas modificações impostas pelo rápido crescimento urbano, como a poluição, impermeabilização excessiva do substrato, aumento nos níveis de ruído, estabelecimento de ilhas de calor, verticalização maciça e alteração da circulação de ar (Ayoade, 1983; Lombardo, 1984)

Outro bem tombado determinante na área é a fachada principal do Estádio Moisés Lucarelli e sua área envoltória, que abrange as praças e o estacionamento. “Art. 1° Fica tombado o processo n° 001/2011 denominado Estádio Moisés Lucarelli, da Associação Atlética Ponte Preta, situado à Praça Dr. Francisco Ursaia, n°. 1.900, Bairro Ponte Preta, compreendendo o bloco fronteiriço do estádio, dimensionado pela fachada externa em estilo art déco (incluídos os portões l aterais 10 e 11), bem de importância histórica e cultural do município de Campinas” (Resolução nº118,p.1,2011).


PRIMEIRO ATO | Análise Área de Intervenção Urbana

Figura 23: Mapa de levantamento de bens tombados na área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe através de levantamento in loco, 2017.

43


44

Área de Intervenção Urbana | PRIMEIRO ATO

Hipsometria Analisando o mapa Hipsométrico e as curvas de nível da área de estudo (Figura 24), pode-se observar uma grande diferença de cores da esquerda para direita. Isso ocorre pois as avenidas José de Sousa Campos (Norte Sul) e Princesa d’Oeste estão situadas no local mais baixo, formando um vale onde as ruas dos bairros ao redor convergem para elas. No dia-a-dia, tal hipsometria pode ser observada facilmente, uma vez que as ruas internas ao bairros são mais planas, enquanto que as paralelas convergem diretamente às avenidas (área mais baixa), auxiliando no escoamento das águas das chuvas. Porém, devido ao fato de diversas ruas terminarem na Norte Sul e Princesa d’Oeste, o volume de água depositado é muito alto e em lugares com tubulações em mau estado (área próxima ao Estádio Brinco de Ouro, na Av. Princesa d’Oeste) acabam ocorrendo alagamentos.

Figura 24: Mapa de levantamento hipsométrico da área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe, 2017.


PRIMEIRO ATO | Análise Área de Intervenção Urbana

Equipamentos Urbanos Observa-se na Figura 25, que o perímetro de intervenção urbana apresenta poucos equipamentos urbanos em relação à sua área total, sendo a maior parte equipamentos educacionais (berçário ao ensino técnico). Verifica-se também, a presença de dois equipamentos esportivos de grande porte subutilizados: Estádio Moisés Lucarelli e Estádio Brinco de Ouro da Princesa. Estes dois equipamentos possuem um potencial de intervenção urbanística relevantes para a área, podendo ser equipamentos com potencial de atração do fluxo de pedestres.

Figura 25: Mapa de levantamento dos equipamentos urbanos na área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe, 2017.

45


46

Área de Intervenção Urbana | PRIMEIRO ATO

Áreas Verdes Verifica-se, na Figura 26, que as áreas verdes estão concentradas em alguns trechos do perímetro, sendo a de maior destaque o Bosque dos Jequitibás (correspondendo a 7,63% da área total de intervenção). Para a elaboração deste mapa, foram considerados como cobertura vegetal os canteiros centrais arborizados ou com vegetação de médio porte, praças e matas preservadas. Constatou-se, através de visitas in loco, que em maior parte dessas áreas não apresentam atrativos ou mobiliários urbanos adequados para a permanência de pedestres. Desse modo, encontra-se um ponto frágil na área que necessita ser aperfeiçoado, tornando-o espaços de permanência e rota de conexão para os equipamentos existentes e novos. Figura 26: Mapa de levantamento de áreas verdes na área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe através de levantamento in loco, 2017.


PRIMEIRO ATO | Análise Área de Intervenção Urbana

Fluxos de Veículos • Manhã: 7h30 No período da manhã, entorno das 8h00, o fluxo flui normalmente na maior parte da área, observandose apenas alguns pontos de fluxos medianos na avenida Norte sul e em alguns pontos de ruas mais estreitas ao longo da área, conforme Figura 27.

Figura 27: Mapa de levantamento de fluxo de veículos às 7h30 na área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe, 2017.

• Meio dia: 12h No período da tarde, nota-se que mantém algumas ruas com fluxo igual ao do período da manhã, e algumas ruas com entroncamento com o fluxo médio mais próximos as avenidas. Onde nós de trânsitos são causados por encontros de fluxos iguais.

Figura 28: Mapa de levantamento de fluxo de veículos às 12h na área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe, 2017.

47


48

Área de Intervenção Urbana | PRIMEIRO ATO

• Tarde: 17h30 No período da tarde, próximo às 18h00, observa-se que a área fica tomada por fluxo mediano, devido ao fato das pessoas estarem saindo do trabalho. O fluxo baixo está presente apenas nas avenidas Aquidaban e Norte Sul, por serem vias bem fluídas e largas, evitando congestionamentos. Nas avenidas Monte Castelo, Francisco Glicério e ao lado do Bosque dos Jequitibás observam-se pontos de fluxo intenso, devido ao horário de pico, causados pela grande quantidade de veículos concentrados em vias não tão largas.

Figura 29: Mapa de levantamento de fluxo de veículos às 17h30 na área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe, 2017.

FLUXO DE VEÍCULOS Fluxo baixo Fluxo médio Fluxo alto Nós de trânsito


PRIMEIRO ATO | Análise Área de Intervenção Urbana

Hierarquia Viária e sentido das vias Temos presente na área 3 tipos de vias: as Arteriais, englobando a avenida Aquidaban, avenida Princesa d’Oeste e avenida Monte Castelo, que são as principais vias de acesso à cidade, conforme Figura 30. Essas avenidas recebem movimentos diários e contínuos, transportando o fluxo direto do aeroporto internacional de Viracopos, e grandes rodovias que circundam a cidade de Campinas, como Rodovia Anhanguera, Bandeirantes e Rodovia Dom Pedro. As principais ruas e avenidas interligam alguns dos principais pontos de intervenção da área, formando eixos de Inter locomoção. A Rua Proença se destaca por ser a via Coletora do perímetro de intervenção, pois possui a maior quantidade de pontos de ônibus, auxiliando na distribuição e mobilidade dos pedestres. E temos também, em maior número, as vias locais de acesso às residências.

Figura 30: Mapa de levantamento de hierarquia viária e sentido das vias. Fonte: Elaborado pela equipe com base em informações do IBGE, 2017.

49


50

Área de Intervenção Urbana | PRIMEIRO ATO

Potencial de demolição e vazios urbanos Por ser uma área de grande especulação imobiliária, não há grandes lotes ou terrenos vazios para grandes implantações, pois a grande parte do local está construído. Usamos dos grandes potenciais da área pra criarmos nossa intervenção. O recorte em estudo conta com diversos locais que através de grandes acessos tornam a área cada vez mais habitável e util. Principalmente para quem usufrui dos usos propostos que são voltados para aqueles que venham de outras cidades através do modal como o principal tema da nosso plano urbano. Por se tratar de uma área de intervenção voltada para acesso e conexão do pedestre da área com a região, usamos os grande lotes existentes como os estádios de futebol do Brinco de ouro da princesa e Moises Lucarelli como grandes potenciais para demolição e fazer assim uns dos temas importantes de intervenções local. No entanto, usamos desses grandes potenciais terrenos e alguns outros tipos de habitação linkados criando conexão entre todo o recorte.

Figura 31: Mapa de potencial de demolição e vazios urbanos. Fonte: Elaborado pela equipe, 2017.


PRIMEIRO ATO | Plano Urbano

2.5 Plano Urbano

Figura 32: Foto satélite da área de intervenção atualmente. Fonte: Google Earth, 2017.

51


52

Plano Urbano | PRIMEIRO ATO

Partido Espaços interligados auxiliam em um bom desenho urbano, pois criam uma conexão dinâmica e segura para os pedestres, facilitando no deslocamento, consumindo menos tempo e energia para quem está caminhando. Dessa forma, o partido do plano urbano visa conectar a área de intervenção com a cidade, buscando atrair pessoas através da valorização do pedestre, melhorias e incentivo de transportes públicos, infraestrutura para bicicletas e arborização. Quanto mais conectado e provido de áreas verdes for um bairro, maiores serão os índices de caminhabilidade, atividades físicas e bem-estar.

Conexões Equipamentos propostos e espaços públicos

Figura 33: Infográfico de conexões. Fonte: Elaborado pela equipe, 2017.

“Se as pessoas caminham mais – e, assim, passam mais tempo na rua –, a tendência é que o bairro também se torne mais seguro. Isso porque as pessoas tendem a se afastar, de forma intuitiva, de lugares vazios. A presença de “outros”, mesmo que desconhecidos, acaba com o vazio das ruas, tornando-as mais seguras e vivas.” (PACHECO, 2017)


PRIMEIRO ATO | Plano Urbano

Trata-se, portanto, de um conjunto de variáveis que estimulam as pessoas a caminharem mais pela cidade, promovendo as interações entre vizinhos, que consequentemente, aumentam a sensação de familiaridade e pertencimento ao local. Sendo assim, a proposta para a área de intervenção é implementar quadras abertas e espaços públicos, que facilitam e promovam a conexão entre todos os equipamentos propostos, com um desenho urbano que valorize o pedestre e a utilização de transportes públicos. O trem metropolitano complementa a proposta com o objetivo de conectar a área com as demais cidades da Região Metropolitana de Campinas, conforme o plano de mobilidade para cidade. Objetivos Geral A chave para um bom planejamento urbano está em um padrão de desenho urbano de qualidade, e conexão entre os espaços públicos e privados. Sendo assim, o objetivo geral para a área de intervenção é implantar espaços públicos, praças, áreas de convívio e permanência, interagindo com equipamentos urbanos, na qual qualificam a vida dos moradores e revitalizam as ruas e calçadas, tornando-as ativas e atrativas em diversos períodos do dia. Específico

• Conectar a área as demais localidades do município de Campinas e região através de modais de transporte público e miolos de quadra; • Propor espaços públicos de qualidade onde haja interação entre os pedestres; • Implantar áreas verdes e quadras abertas na qual facilitem e ofereçam conforto e bem estar para o pedestre ao caminhar; • Propor equipamentos culturais e educacionais com o objetivo de aumentar o fluxo de pedestre na região durante o dia e a noite; • Implantar um novo sistema intermodal com o objetivo de conectar e incentivar o uso de transportes coletivos e não poluentes.

53


54

Plano Urbano | PRIMEIRO ATO

Diretrizes de Projeto O desenvolvimento do Plano Urbano se formou a partir de metodologias, pesquisas e levantamentos de dados reais da área e região, que levaram ao entendimento das suas potencialidades, fragilidades e carência. Cada intervenção foi proposta com o objetivo de suprir as demandas e necessidades em prol da sociedade como um todo (Figura 34). HABITAÇÃO A densidade populacional da região tende a crescer após a implementação dos equipamentos urbanos propostos. Como forma de atender a essa futura demanda de pessoas que virão para trabalhar e/ou estudar na área, propõe-se a implantação de moradias estudantis e hostels em quadras próximas a futura estação intermodal.

EDUCAÇÃO O projeto urbano tem como um dos objetivos principais aumentar o fluxo de pedestres na área de intervenção, seja durante o dia ou a noite. Desse modo, propõe no lugar do Estádio Brinco de Ouro da Princesa (atualmente um equipamento esportivo subutilizado), uma faculdade com graduação em Educação Física e Fisioterapia. Propõe-se também, uma biblioteca municipal na área do antigo Estádio Moisés Lucarelli, com objetivo de proporcionar para as escolas próximas da área e para o município, um acervo de literatura maior.

COMÉRCIO E SERVIÇO Edificações de uso misto foram distribuídas ao longo de toda a área como forma de atrair os pedestres e atender a população local. A proposta abrange também a criação de térreos livres com espaços públicos arborizados e projetados para um bemestar urbano.

CULTURA A região de intervenção se encontra próxima ao centro de Campinas, como também a Via Expressa Waldemar Paschoal (interliga o Aeroporto de Viracopos e o Terminal Rodoviário Ramos de Azevedo). Desse modo, pensando na facilidade de locomoção e acesso, propõese no centro da área um teatro que promoverá atividades artísticas para diferentes classes e gêneros.

ÁREAS VERDES A área de intervenção apresenta poucas áreas verdes, mesmo contendo o Bosque dos Jequitibás. Como medida de melhorar a qualidade do ar e a caminhabilidade do bairro, implanta-se praças públicas arborizadas em quadras abertas. A proposta conta também com a estruturação da alameda na Avenida Ayrton Senna da Silva.

MOBILIDADE Com o objetivo de promover a conexão da área com as demais localidades, foi proposto a implantação de uma estação intermodal, que abrangerá também as cidades de Valinhos, Hortolândia e Sumaré. A estação servirá de apoio à mobilidade das pessoas que vierem para a área em busca de estudo, trabalho ou lazer. O plano de mobilidade contará também com a implementação de ciclovias e bicicletários ao longo da área.


PRIMEIRO ATO | Plano Urbano

Diretrizes de Projeto

Figura 34: Mapa de diretrizes propostas para a área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

55




56

Proposta | PRIMEIRO ATO

PRIMEIRO ATO | Proposta

2.6 Proposta

Figura 35: Mapa de proposta do plano urbano para a รกrea de estudo. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

56




PRIMEIRO ATO | Proposta

Transporte e Mobilidade

Figura 36: Mapa com a proposta de transporte e mobilidade para a área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

57


58

Proposta | PRIMEIRO ATO

Transporte e Mobilidade A área de intervenção é circundada por importantes eixos viários, que recebem o fluxo de veículos das grandes rodovias, como por exemplo a Santos Dumont, Anhanguera e Dom Pedro. ​ O principal motivo, que ocasiona diariamente este fluxo, está diretamente ligado ao arranjo populacional de Campinas, que compreende além dela, a cidade de Cosmópolis, Hortolândia, Monte Mor, Paulínia, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. ​ Diariamente tem-se uma movimentação aproximada de 324 mil pessoas (Figura 37) que saem das cidades citadas acima para trabalhar e/ou estudar, ocasionando grandes congestionamentos nas rodovias e consequentemente dentro das cidades.​

Figura 37: Tabela de Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil em 2010. Fonte: Elaborada pela autora com informações obtidas do IBGE 2010.


PRIMEIRO ATO | Proposta

Dessa forma, com a finalidade de aliviar esse tráfego constante de veículos e conectar a área de estudo às demais localidades, propõe-se a implantação de modais de transportes interligados, como também estações de integração. No total foram implantados três tipos de modais, sendo eles: 1. Novas ciclovias A inserção de ciclovias na área de intervenção, como uma das formas de interligar modais de transportes, é de extrema importância, pois elas promovem a ocupação do espaço público, tornando-o um espaço de convivência e encontro de pessoas, e não apenas de passagem. Segundo o movimento Vá de Bike, espaços ociosos e abandonados pelo poder público, têm maior índice de criminalidade, portanto, investir e incentivar o uso da bicicleta como um modal de transporte aumenta a segurança pública. Dessa forma, bicicletários e terminais para aluguel de bicicletas serão instalados ao longo da área para facilitar a locomoção dos usuários (Figura 36). 2. Transporte metropolitano sobre trilhos Propõe a reativação e melhoramento das linhas férreas existentes da antiga FEPASA, para a implantação do novo transporte metropolitano sobre trilhos. Ele conectará a cidade de Campinas à Hortolândia, Sumaré, Valinhos e Vinhedo, aliviando o tráfego constante nas rodovias. Ao longo de seu trajeto serão implantadas estações de embarque e desembarque, sendo em Campinas a sua principal na Estação Cultura (conforme Plano de Mobilidade para Campinas), podendo existir outras de porte menor em alguns pontos estratégicos da cidade, como por exemplo na área de intervenção (Figura 36). 3. Novas linhas de ônibus urbano Após levantamento do transporte coletivo urbano existente, verificou-se que na área de intervenção possui poucas linhas de ônibus que atende-a. Desse modo, como medida de atender aos moradores e interligar a área as demais localidades, propõe a ampliação da linha 396 – Jardim Botânico, e também a criação de uma nova linha com o seguinte itinerário: Terminal Brinco de Ouro, Av. Princesa d’Oeste, Av. José de Souza Campos, Av. João Penido Bunier, Av. Senador Saraiva, Viaduto Miguel Vicente Cury, Terminal Central, Viaduto Miguel Vicente Cury, Av. Dr. Moraes Salles, Av. Francisco Glicério, Rua Proença, Rua Bento José de Abreu, Rua Conde d’Eu e Terminal Brinco de Ouro.​

59


60

Proposta | PRIMEIRO ATO

Figura 38: Imagem ilustrativa da Estação de Trem Moisés Lucareli. Fonte: Elaborada pela equipe, 2017

As estações de integração foram instaladas em pontos estratégicos do plano urbano para que haja conexão entre os diferentes tipos de modais, além de atender um número maior de usuários. 1. Estação Francisco Glicério Estação de pequeno porte. Atenderá aos modais de transporte urbano municipal e translados para o aeroporto de São Paulo, como por exemplo a empresa Lira Bus. A sua implantação está relacionada com o propósito de facilitar a conexão do transporte urbano com os translados para os aeroportos (Figura 36). 2. Estação Moisés Lucarelli Estação de grande porte. Atenderá aos modais de transporte urbano municipal, metropolitano sobre trilhos e bicicletário. Apresentará também galerias comerciais em seu interior. A sua implantação está relacionada com o objetivo de conectar a área aos demais municípios e localidades da região, logo, promoverá e facilitará o fluxo de pedestres para o local (Figura 36). 3. Estação Brinco de Ouro Estação de pequeno porte. Atenderá aos modais de transporte urbano municipal e bicicletário. A sua implantação está relacionada com o fato de haver uma proposta de faculdade e centro esportivo na área de intervenção, consequentemente, aumentará a necessidade do uso de modais de transporte nesse local (Figura 36).


PRIMEIRO ATO | Proposta

Sistema Traffic Calming

Atualmente os automóveis são prioridades nas cidades, as vias públicas não possuem mais espaços para serem ampliadas e o uso e ocupação do solo está no limite.​ Desse modo, para essa situação foi implantado o sistema de Traffic Calming para amenizar o tráfego nas avenidas com maior fluxo de veículos, como por exemplo na Princesa D’Oeste. Tais medidas do Traffic Calming abrange: colocação de redutores fisicos de velocidade em vez de lombadas ou radares, criação de espaços compartilhados, ilhas e calçadas, mobiliários urbanos, iluminação e paisagismo. Os materiais para pavimentação são de cores e texturas diferenciadas; o mobiliário urbano, a vegetação e o paisagismo são utilizados para valorizar a paisagem e a identidade cultural. O objetivo ao propor esse sistema é a criação de uma rede de conexão de ruas e caminhos que buscam desenvolver diretrizes e tipologias viárias que visem minimizar os entraves relacionados a circulação de pedestres e veículos, assim como, proporcionar condições melhores de acessibilidade. Sistema de Drenagem de Águas Pluviais Os alagamentos em dias de chuva são um dos principais problemas enfrentados na área de intervenção urbana. O Córrego Proença atravessa toda a extensão da Avenida Norte-Sul e foi canalizado em 1996, porém o sistema de escoamento de águas instalado não é suficiente. A proposta para amenizar esse problema é a instalação de uma rede de tubulação interconectada para captação e armazenamento temporário de água de chuva. As tubulações dessa rede são distribuídas ao longo das áreas públicas livres (praças ou vias largas de pedestres), e a água pluvial captada pode ser reutilizada para manutenção de áreas verdes.

sistema de drenagem Figura 39: Corte esquemático da Avenida Princesa D’Oeste com o sistema de drenagem e Traffic Calmig. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

61


62

Proposta | PRIMEIRO ATO

Mobiliário Urbano

Figura 40: Mapa com a indicação dos mobiliários urbanos propostos para a área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.


PRIMEIRO ATO | Proposta

Mobiliário Urbano O mobiliário urbano pode servir como referência local, que através do desenho dos elementos tem a percepção da identidade da cidade. Segundo Tinoco (2003), a percepção de qualidade do lugar está relacionada ao significado que a população local e turistas atribuem aos mobiliários urbano. Logo, esses equipamentos também têm funções importantes na qualidade de vida das cidades, ou seja, a qualidade do espaço é um dos fatores que define se as pessoas frequentarão, ou não determinada área. Pensando nisso, foram propostos mobiliários urbanos para a área de intervenção urbana (Figuras 41 à 44) com o intuito de gerar uma linguagem única para a área. A ideia é fazer com que os espaços fiquem mais confortáveis e convidativos aos olhos do pedestre.

Figura 41: Banca de jornal desenvolvida para a área de intervenção – possui bicicletário em sua face posterior e mapa de localização da cidade de Campinas nas laterais. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

63


64

Proposta | PRIMEIRO ATO

Figura 42: Ponto de ônibus integrado com bicicletário desenvolvido para a área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

Figura 43: Floreiras desenvolvidas para a área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

Figura 44: Bicicletário desenvolvido para a área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.


PRIMEIRO ATO | Proposta

Áreas Verdes

igura 45: Mapa com a proposta de áreas verdes para a área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, uilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

65


66

Proposta | PRIMEIRO ATO

Áreas Verdes Após o levantamento da área, constatou-se que existem poucas áreas verdes, aproximadamente 8% da área total de intervenção. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o índice mínimo de 12 m² de área verde por habitante na área urbana, sendo o ideal 36 m² por habitante, ou 3 árvores. Essa carência é solucionada com a criação de praças, alameda e vias arborizadas, que se integram com os equipamentos propostos, proporcionando uma nova dinâmica na reestruturação urbana da região, além de melhorar a umidade relativa do ar. Quanto mais arborizado for um bairro, maiores tendem a ser os índices de caminhabilidade e, consequentemente, de atividade física e sensação de bem-estar. Segundo Pacheco (2017), a atividade caminhar, ao contrário de dirigir sozinho de um lugar a outro, contribui para aumentar as relações sociais entre as pessoas, resultando em uma sensação de familiaridade e pertencimento a determinado lugar. 1. Vias arborizadas Muitas pessoas acreditam que o plantio de árvores em vias é algo impensável, pois ocasionam problemas em fiações elétricas e quedas de folhas. Mas muitas esquecem os benefícios que a sua arborização pode proporcionar para a cidade. Portanto, o plantio de árvores no canteiro central da Avenida Princesa d’Oeste teve como objetivo principal amenizar os alagamentos nessa região. Segundo Motomura (2011), quanto mais área coberta por vegetação, melhor, pois ela absorve até 90% da água da chuva (Figura 45). 2. Alameda A alameda estruturada na Avenida Ayton Senna da Silva interliga a região mais baixa da área até a biblioteca e estação intermodal propostos no lugar do antigo Estádio Moisés Lucarelli. O seu objetivo é proporcionar para o pedestre um caminho seguro e agradável para caminhar, pois nesse local o acesso de veículos é apenas local. A alameda apresenta também pequenos comércios para atender aos moradores à sua volta e os frequentadores da universidade proposta no local do Estádio Brinco de Ouro da Princesa (Figuras 46 à 51 ).

3. Praças As praças distribuídas ao longo do perímetro de intervenção proporcionam para os pedestres um espaço de convívio e interação social, com equipamentos para a realização de atividades físicas. Elas contribuem para a conexão entre as quadras e equipamentos propostos de forma a permitir um caminho agradável (figura 45).


PRIMEIRO ATO | Proposta

Figura 46: Imagem ilustrativas da alameda com os novos mobiliรกrios urbanos propostos. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

67


68

Proposta | PRIMEIRO ATO

Figuras 47 e 48: Imagens ilustrativas da alameda com os novos mobiliรกrios urbanos propostos. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.


PRIMEIRO ATO | Proposta

Figuras 49 e 50: Imagens ilustrativas da alameda. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

69


70

Proposta | PRIMEIRO ATO

Figura 51: Imagens ilustrativas da alameda. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.


PRIMEIRO ATO | Proposta

Zoneamento

Figura 52: Mapa com a proposta de zoneamento para a área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

71


Proposta | PRIMEIRO ATO

Zoneamento ZONA 19 Serão permitidos edifícios de uso misto, residencial, comercial, de serviços e institucional, desde que o térreo seja livre ou de uso público. Se houver a implementação de edifícios privados, obrigatoriamente a sua implantação deverá seguir o conceito de quadra aberta, sendo proibido qualquer tipo de fechamento ou obstáculo físico que impeça a circulação livre do pedestre. Quanto as edificações comerciais, o recuo mínimo frontal será de 5m. Proibido edificações industriais nessa área. Térreo livre ou

recuo 5m

de uso público

rua

72

edificação

Planta Comércio Recuo frontal = 5m

Figura 53: Infográfico Zona 19. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.


PRIMEIRO ATO | Proposta

ZONA 20 Serão permitidas edificações de até quinze pavimentos, com o térreo ativo, usos comerciais ou livre para circulação do pedestre. Será permitido outorga onerosa de um à cinco pavimentos, podendo atingir edifícios de até vinte pavimentos no perímetro da Av. Aquidaban. A outorga será para investimentos públicos na região de intervenção. A área envoltória de tombamento do Bosque dos Jequitibás deverá ser respeitada, sendo: a 100 metros do bosque - edificações até 5m de altura; a 200 metros do bosque - edificações até 10m de altura; e a 300m - edificações até 30m de altura. Serão permitidos edifícios de uso misto, residencial, comercial, de serviços e institucional. Usos industrias são proibidos nessa região.

$ Até 5 pavimentos

Gabarito máximo 15 pavimentos

Figura 54: Infográfico Zona 20. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

Investimento em melhorias urbanas na área de intervenção:       

Habitação de Interesse Social Equipamentos Sociais Patrimônio Cultural Espaços Públicos Planos de Bairro Áreas Verdes Transporte Público Coletivo, Sistema Ciclo Viário, Sistema de Circulação de Pedestre

73


74

Proposta | PRIMEIRO ATO

ZONA 21 Se houver desapropriação de imóvel, obrigatoriamente a nova edificação deverá implantar miolos de quadras destinadas ao espaço público. Será permitido implantação de edifícios comerciais e residenciais de até dez pavimentos, desde que não exista restrição de gabarito de altura conforme a área envoltória do Bosque dos Jequitibás: a 100 metros do bosque edificações até 5m de altura; a 200 metros - edificações até 10m de altura; e a 300m - edificações até 30m de altura. Para edificações de interesse cultural, educacional e de saúde, a restrição da área envoltória não se adequa para gabaritos com até seis pavimentos à 200m de distância do Bosque Jequitibás, desde que estas realizem plantio de árvores nativas em sua implantação. Essa medida foi proposta com o objetivo de integrar o bosque à equipamentos que propiciem fluxo e conexão até ele. Serão permitidos usos de habitação unifamiliar, habitação multifamiliar, comércios, serviços e instituições. Proibido edificações industriais nessa área.

Figura 55: Infográfico Zona 21. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.


PRIMEIRO ATO | Proposta

ZONA 22 Obrigatoriamente, edificações verticais circulação de pedestre. Seu gabarito autorizada até cinco pavimentos, desde intervenção. Serão permitidos edifícios industrias são proibidos nessa região.

deverão apresentar um térreo ativo ou com uso livre para priorizar a de altura poderá atingir até 10 pavimentos. A outorga onerosa será que o seu investimento seja em equipamentos públicos para a região de de uso misto, residencial, comercial, de serviços e institucional. Usos

$ Até 5 pavimentos

Gabarito máximo 10 pavimentos

Figura 56: Infográfico Zona 22. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.

Investimento em melhorias urbanas na área de intervenção:       

Habitação de Interesse Social Equipamentos Sociais Patrimônio Cultural Espaços Públicos Planos de Bairro Áreas Verdes Transporte Público Coletivo, Sistema Ciclo Viário, Sistema de Circulação de Pedestre

75


76

Proposta | PRIMEIRO ATO

Gabarito de Altura

Figura 57: Mapa com a proposta de gabarito de altura para a área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.


PRIMEIRO ATO | Proposta

Gabaritos de Altura O planejamento dos gabaritos propostos para as diferentes tipologias determinam a ocupação da área de forma suave e organizada (Figura 57). Os novos edifícios foram implantados dispersos pela área de intervenção com o propósito de diversificar e estruturar uma densificação equilibrada dos espaços, com tipologias variando de 2 a 6 pavimentos em sua maioria. Os gabaritos mais altos, de 7 à 10 pavimentos, estão concentrados em sua maior parte ao lado da estação intermodal, e são destinados para habitações verticais e rede hoteleiras. Os edifícios corporativos foram instalados próximo a região da Avenida Aquidaban. A proposta é adensar a área de intervenção de forma compacta, além de priorizar a escala do pedestre, sendo possível caminhar entre os térreos livres das edificações.

77


78

Proposta | PRIMEIRO ATO

Uso do Solo

Figura 58: Mapa com a proposta de uso do solo para a área de intervenção. Fonte: Elaborado pela equipe - Allan, Ana Beatriz, Ane, Giovanna, Guilherme, Jaqueline, Leticia, 2017.


PRIMEIRO ATO | Proposta

Uso do Solo A área de intervenção é predominantemente residencial, com concentração de comércios, serviços e rede hoteleira ao longo das Avenidas Aquidaban e Princesa d’Oeste (Figura 58). Devido a essa distribuição, a área central apresenta baixo fluxo de pedestres, e consequentemente uma sensação de insegurança. Dessa forma, a proposta de uso e ocupação do solo consiste em diversificar e equilibrar a região, propondo novos usos como por exemplo o cultural ao lado do bosque, comércio e serviço em diversos pontos, institucional no lugar dos antigos estádios de futebol, e habitacional próximo a linha férrea. Com o aumento de usos diferenciados, a região tende a aumentar a circulação de pedestres, e consequentemente o seu índice de caminhabilidade, sensação de bem-estar e segurança.

79


80

Proposta | PRIMEIRO ATO

Centro Esportivo

2.6 Equipamentos Indutores

Ana Beatriz Costa

Centro de Apoio aos moradores de rua

Visa propor um novo equipamento esportivo para parte do antigo local do Estádio Brinco de Ouro da Princesa. Atenderá os frequentadores da faculdade, como também aos moradores do município e região.

Ane Caroline Benincá Um equipamento social que promove o contato entre os usuários e a sociedade através de atividades recreativas e de ensino.

Teatro Multiatividades

Centro Cultural

Jaqueline Ortiz Julião

Dayana Rodrigues de Oliveira

Proposta que proporcionará aos moradores da região, uma quadra permeável com espaços que promovam e estimulem atividades culturais para todos.

Visa propor centro cultural integrando a área mais baixa (Av. Princesa D’Oeste) ao Bosque Jequitibás

Biblioteca Municipal Allan Clayton Visa propor um uso educacional para o antigo local do Estádio Moisés Lucarelli, mantendo somente a sua fachada tombada.

Faculdade de Educação Física e Fisioterapia Leticia Gomes Ferreira Visa propor um uso educacional para parte do antigo local do Estádio Brinco de Ouro da Princesa, promovendo o fluxo de pedestres na área de intervenção.

Estação Intermodal com galeria comercial Guilherme Augusto Ferreira Estação intermodal que ligará a área de intervenção à regiões vizinhas, promovendo a circulação de pedestres. Também contará com uma galeria interna.

Figura 59: Mapa com os equipamentos indutores na área de intervenção urbana. Fonte: Elaborada pela autora com auxílio do Google Earth, 2017.

Habitação Estudantil Giovanna Masseti Quinalha Proposta que atrai a população jovem e os que vem ao bairro para estudar e participar de atividades culturais, tendo um espaço acessível para estadia.


3

Temática

Figura 60: Apresentação de dança. Fonte: Acervo pessoal de Patrícia Rodrigues 2017.


82

Teatro: A evolução do espaço cênico | PRIMEIRO ATO

3.1 Teatro: A evolução do espaço cênico

Arquitetura Clássica I: o início do teatro na Grécia

Figura 61: Figura : Teatro Epitauro. Fonte: Portal Resumo, 2013.

Século VI a.C.

O teatro grego surgiu de encenações realizadas em pátios circulares, no mesmo lugar das debulhas de grãos, ao ar livre, onde se realizavam ritos de fertilidade e cultos ao deus Dionísio nos dias livres do trabalho. Nessa forma, ainda não existiam lugares específicos para a plateia, que se aglomeravam em torno desse círculo, geralmente formada por escravos e metecos – estrangeiros que passavam breves temporadas pelas cidades, quase sempre artesãos, artistas ou comerciantes diversos. O teatro grego pode ser observado por dois momentos divididos pelas invasões persas. As bases para todo o período foram adotadas no que se costuma chamar de período antigo da Grécia, quando foram construídos em um relevo acidentado e constituídos por três partes: 1) a orquestra, a parte mais baixa do local, formada por um paço circular onde ocorriam as representações artísticas; 2) o palco, um local ao fundo da orquestra, destinado à preparação dos atores e depósito de cenários e figurinos – uma desambiguação do termo atual –; e 3) a arquibancada, composta pelos assentos de concreto – inicialmente e evoluídos para o mármore no período helenístico – dispostos nos barrancos. Segundo Gombrich (1999), no período de apogeu da democracia ateniense em que os artistas ganham voz política e respeito frente à sociedade grega – formada pelos eupátridas – que a Arte, e consigo o Teatro, chega ao seu nível mais elevado de desenvolvimento . Sob a liderança de Péricles, a Grécia se reconstrói e dá início ao que hoje é tratado como período clássico. Os artistas, arquitetos e artesãos ganham determinada


PRIMEIRO ATO | Teatro: A evolução do espaço cênico

igualdade e valor na sociedade grega, inclusive ficam incumbidos de passar a imagem de uma Grécia forte, ampla e coesa a partir de uma arquitetura mais rebuscada. Os teatros passaram a ganhar grandes proporções, com estruturas altas atrás dos palcos redondos, formadas por colunas de mármore, que poderiam ser de ordens dórica, jônica ou coríntia, que dependia da adoração e representação teológica que se queria atribuir (Figura 63). Segundo Summerson (2009), a recomendação é que a ordem dórica fosse usada em templos de deuses mais extrovertidos e figuras combativas em geral; a jônica para deuses tranquilos, nem muito fortes nem muito suaves; e a coríntia para as deusas do Olimpo. A ordem coríntia também é associada à abundância, ao luxo e à opulência (SUMMERSON, 1999. p.11)

Essa é uma evidência da normatização que a arquitetura grega clássica determinou para seu tempo e que perpetua ao longo da história, qualificando-a de modo atemporal. Todavia, é nessa época que surgem as ordens – como visto acima – e a noção de escala, que juntas estabeleceram um conjunto de regras que criaram as diretrizes para a produção arquitetônica. Essas determinações estavam dentro do pensamento filosófico grego do seu ideal de beleza, que era refletido, ou seja, realizado, na forma das suas construções monumentais, inclusive os teatros. Os odeões e anfiteatros eram multimodais e também eram classificados como teatros, embora tenham construções diferenciadas para cada tipo de espetáculo. O primeiro se aproximava mais das formas clássicas e semicirculares dos teatros, porém eram construídos em proporções menores e materiais menos resistentes para facilitar a acústica, já que possuíam uma destinação mais aprimorada para peças musicais. Embora tivesse essa destinação principal, as representações de tragédia e comédia eram comumente compostas por coros e vocais bem precisos, que por vezes faziam dos odeões um bom lugar para apresentações menores . Por sua vez, nos anfiteatros eram empregadas as apresentações que não tinham muitas falas, já que a acústica era prejudicada pelo formato oval ou circular, e possuíam arquibancada menos inclinada. Com a maior aproximação das culturas do centro europeu e do mediterrâneo, surgiram as primeiras evoluções na forma clássica de teatros com a presença de tetos em linha reta, derivados dos anfiteatros espartanos, que seriam modificados após as invasões romanas, que compuseram moldes arredondados.

83


84

Teatro: A evolução do espaço cênico | PRIMEIRO ATO

7

5

6 3 8

9

2 1 10

Figura 62: Figura : Teatro Epitauro. Fonte: Portal Resumo, 2013.

Legenda: 1. e 2. Theatron - plateia 3. Orchestra - palco 4. Thymele – altar do Dioniso 5. Paradoi – passagens laterais 6. Proskenion - proscênio 7. Skené - bastidores 8. Mur de souténement – muro de contenção 9. Escaliers - escada 10. Diadzoma

Figura 63: Figura : Teatro Epitauro. Fonte: Portal Resumo, 2013.


PRIMEIRO ATO | Teatro: A evolução do espaço cênico

Arquitetura Clássica II: o teatro Romano

Figura 64: Teatro Herodes Ático. Fonte: Viaje na história, 2016.

Séculos III e II a.C.

De acordo com Freitas Neto & Tasinafo (2006), a civilização romana se ergueu adotando diversos costumes dos locais anexados, desde seus primórdios com a Monarquia até a queda do Império, principalmente através da cultura e a ciência, embora parte do que é atribuído aos romanos hoje possa ter origem diretamente com a criação e evolução de diversas técnicas e ideias. A arquitetura romana é um dos legados para o mundo ocidental que até hoje é fortemente empregada como modelo para diversos prédios e planejamento urbano. Parte dela sofreu grande influência da cultura helênica, inicialmente, ao empregar os traços retos, como costumeiros na Grécia Antiga, e a adoção das escalas humana e áurea. As colunas eram projetadas com traços que respeitavam as ordens dórica, jônica e coríntia, mas que no período republicano teve uma dominância de um novo estilo, o toscano, derivado com a retirada das estrias dos formatos jônicos . A principal evolução em relação ao teatro grego foi à construção dessas obras fora dos barrancos, principalmente pelo fato das cidades serem erguidas em terrenos menos acidentados que as polis gregas. Em outras palavras, os espaços cênicos foram além do formato de arena para se consagrarem com a figura clássica dominante até hoje. A plateia do teatro romano passa a ser construída em cima de abóbadas de pedra, e seus assentos ocupados hierarquicamente pelo público, dispondo os primeiros lugares para os magistrados e senadores.

85


86

Teatro: A evolução do espaço cênico | PRIMEIRO ATO

Constantemente, o palco era emoldurado por um cenário ricamente decorado, com colunas de mármore, estátuas e mosaicos. Nele, haviam três portas por onde entravam e saíam os atores durante o espetáculo. A evolução do espaço cênico grego ao romano, formalizou o espaço teatral que conhecemos nos dias de hoje, onde a skéne primitiva tornou-se um edifício construído e a orchestra foi substituída pelo proscênio como espaço da ação teatral.

10 9

Figura 65: Teatro de Epidauro e de Herodes Ático, desenhados na mesma escala. Fonte: RATTO, 1999. Figura 66: Ilustração de um teatro romano. Legenda: 1. Palco e atores; 2. Cenário (muro); 3. Atores se apresentando na orchestra; 4. Cobertura; 5. Vestiários e camarins; 6. Rampa; 7. Escadarias; 8. Arcos; 9. Galeria; 10. Velarium: tenda para proteção do sol e da chuva; 11. Cordas de tensão.. Fonte: Fonte: BORDE, 2001.

4 2 1

5 6

7 8

3 11


PRIMEIRO ATO | Teatro: A evolução do espaço cênico

Teatro Medieval

Figura 67: Representação de uma peça de teatro medieval. Fonte: Estudo Prático, 2017.

Século VII até XV

Após a queda do Império Romano, entre os séculos III e IV d.C., o teatro primitivo desaparece na Europa Ocidental devido a oposição da igreja. Nesse período, as peças teatrais eram escritas e encenadas em latim por integrantes do clero, e narravam sobre as passagens da bíblia, como a Ressureição de Cristo, Natal, Páscoa, autos da Paixão e os Mistérios. Essa característica está associada com o contexto histórico de domínio da Igreja Católica, onde o teocentrismo era o fundamento principal, ou seja, Deus era a razão de toda a ordem, era o centro do mundo. As encenações eram realizadas no próprio interior das igrejas, na qual as atuações dos dramas religiosos confundiam-se com a liturgia. Com o tempo, as encenações ficaram maiores e mais elaboradas, migrando do espaço interno para o pórtico da igreja, praças públicas e ruas. Nesse período, surgiram os cenário simultâneos que simbolizavam os lugares e possuíam uma conexão com o texto. O seu sistema cênico era composto por diversos palcos construídos em plataformas e tablados de madeira, onde os cenários eram montados de acordo com o roteiro religioso de cada peça.

Figura 68: Representação do teatro medieval. Fonte: Toda matéria, 2016.

87


88

Teatro: A evolução do espaço cênico | PRIMEIRO ATO

(...) O desenvolvimento do palco processional e do palco sobre carros deu-se de maneira independente da literatura dramática. Sua natureza móvel oferecia duas possibilidades: os espectadores podiam movimentar-se de um local de ação para outro, assistindo a sequencia das cenas à medida que alteravam a própria posição; ou então as próprias cenas, montadas em cenários sobre os carros, eram levadas pelas ruas e representadas em estações predeterminadas (BERTHOLD, 2001, p.208-209)

Figura 69: Representação de uma peça de teatro medieval em praça pública. Fonte: Arte e educação, 2014.


PRIMEIRO ATO | Teatro: A evolução do espaço cênico

O renascimento dos teatros I: o Teatro Italiano

Figura 70: Teatro Olimpico, Vicenza - Italia. Fonte: Elit Travel.

Século XV ao XVI

Segundo Freitas Neto & Tasinafo (2004), a intensificação do comércio com regiões ultra continentais e o desenvolvimento das cidades na Europa foram acompanhadas por um intenso movimento cultural, científico e filosófico, que resgataram as formas e costumes das sociedades grega e romana, periodizado pela história como Renascimento, ainda que mesclados com vários elementos do dogma cristão . Nessa tendência, se fez necessária uma reordenação dos temas e estilos teatrais para se afastar das tragédias medievais encenadas dentro das igrejas para atender à população heterogênea das Cidades-Estados. Junto com a volta dos ideais contidos na Grécia Antiga e na República e Império Romanos, os teatros são reconstruídos baseados nos mesmos moldes, seguindo à risca a ideia de racionalidade. Assim, no geral os espaços teatrais possuíam as formas semicirculares – como entre os gregos – ou retangulares – estilo romano –, erguidos sobre colunas ordenadas e com espaços e paredes em escala, com a plateia frente ao palco (Figuras 71 e 72). A maior inovação desse período na arquitetura dos espaços cênicos ficou reservada ao palco italiano, hegemônico até hoje. Dotado de escalas em 1:10, seu formato retangular, disposto de grande proscênio, recuo e profundidade garantiram maiores possibilidades de uso para os atores no momento da representação, criando a ideia de profundidade e amplitude – assim como na pintura (Figura 70). Tal perspectiva foi desenvolvida a partir do conceito de verossimilhança contido nos estudos de Vitruvio, em que a realidade poderia ser construída no palco dando a noção de ilusionismo.

89


90

Teatro: A evolução do espaço cênico | PRIMEIRO ATO

O palco ainda sofreu alterações dos desenhos inspiradores clássicos, seguindo a busca pela perfeição – um ponto comum nas artes renascentistas –, com a presença de adornos nas paredes envoltórias do teatro e principalmente nos tetos, com imagens em perspectiva (Figura 70). Toda a ciência e a arte da perspectiva foram desenvolvidas durante o Renascimento para sugerir a presença da dimensão em obras visuais bidimensionais, como a pintura e o desenho. Mesmo com o recurso do trompe d’oeil aplicado à perspectiva, a dimensão nessas formas visuais só pode estar implícita, sem jamais explicitar-se (Dondis, 1997, p. 52).

Figura 71: Corte perspectivado do Teatro Olímpico, Andrea Palladio e Vicenzo Scamozzi, séc XVI. Fonte: Sixten Sason in Wonderland,. Legenda: 1. Cavea 2. Proscênio 3. Scaenae frons

Figura 72: Planta do Teatro Olímpico, Andrea Palladio e Vicenzo Scamozzi, séc XVI. Fonte: Linguagem Cenográfica, 2006, p. 31.


PRIMEIRO ATO | Teatro: A evolução do espaço cênico

O renascimento dos teatros II: o Teatro Elisabetano

Figura 73: Teatro Elisabetano. Fonte: O Globo, 2017.

Segunda metade do Século XVI e início do Século XVII

O padrão italiano de teatros percorreu pela Europa toda e demonstrou um novo paradigma na arquitetura teatral, além de uma nova forma de ser representado, identificando-o com as transformações no continente. De acordo com Freitas Neto & Tasinafo (2004), a história da formação da sociedade inglesa nos mostra que a autonomia das ilhas britânicas em relação a diversas questões políticas e sociais do restante dos reinos, principalmente com a Igreja Católica , fez com que o resgate da cultura clássica sofresse adaptações nas formas e no conteúdo, transformando o Teatro Elisabetano em um estilo arquitetônico próprio. A origem desses teatros remonta aos circos, de forma que os locais fossem improvisados ao ar livre, organizados na periferia londrina, além das competências do Estado. Conforme a arte caíra no gosto da sociedade inglesa, novas trupes foram criadas e novos escritores surgiram, ocasionando a invasão do teatro no centro de Londres. Surgiu então a necessidade de se construir um modelo fechado e maior para comportar mais pessoas. O edifício teatral elisabetano se mostrou bem simples, geralmente de madeira ou pedra, que poderiam ser circulares ou retangulares. O palco por vezes se mostrava poligonal e envolvido pela plateia, que poderia se localizar no pátio ou em estruturas construídas nas laterais do teatro, inclusive colocadas em níveis de gabarito. A própria diversificação social que a Inglaterra possuía contribuiu, por um lado, para que diversos gêneros fossem adotados pelos atores, fazendo com que cada cenário e estrutura fossem diferentes para cada tipo de trabalho a ser realizado. Por outro, segundo Pignarre (1962), mesmo que o Teatro Elisabetano tivesse

91


92

Teatro: A evolução do espaço cênico | PRIMEIRO ATO

características que encantavam todas as classes e fosse comum verificar a presença de membros de cada uma delas na plateia, esta, por sua vez, segregava as diferenciações sociais por meio de diferentes preços que dependiam do lugar a se sentar . De qualquer forma, notamos uma proximidade entre o público e o palco, que por vezes era envolvido pelo primeiro e as representações aconteciam com maior proximidade entre ator e espectador, “tornando o Teatro Elisabetano uma espécie de metateatro em sua forma. A ausência de grandes cenários ornamentados também facilitava a relação de intimidade entre personagens e público” (Pignarre, 1962.).

O proscênio, por sua vez, também marca uma diferenciação do modelo italiano, com uma prolongação maior e um segundo plano composto por pequenas janelas que faziam parte das galerias destinadas aos atores e à montagem dos cenários (Figura 74). Ainda que o movimento renascentista na Inglaterra coincidisse e se identificasse com vários elementos que permeavam o continente, essas características marcaram uma ruptura com as correntes oriundas da Itália, vistas anteriormente.

Legenda: 1. Guarda-roupa 2. Sala para maquiagem 3. Depósito de material cênico 4. Bandeira 5. e 6. Camarote popular 6. e 14. Camarote para os mais abastados 7. Alçapão 9. Acesso ao palco 10. Palco 11. Porão 12. e 17. Palcos superiores 13. Pátio 15. Casinha onde desciam os deuses ou seres superiores 16. Pilastras que sustentam o telhado de duas águas

Figura 74: Corte perspectivado de um teatro elisabetano. Fonte: Arte e educação, 2014.


PRIMEIRO ATO | Teatro: A evolução do espaço cênico

Teatro Barroco

Figura 75: Teatro Barroco do Castelo de Cesky Krumlov. Fonte: Próxima, 2017.

Século XVII e XVIII

Nos tópicos anteriores vimos como o Renascimento surgiu para reafirmar a modelagem fixa, as ordens, as formas e as escalas clássicas, baseando-se em novas premissas ideológicas de arte e filosofia que tangenciavam a sociedade europeia entre os séculos XIV e XVIII. A arte barroca também criou um marco dentro dessas transições em que se recria a crítica às normativas greco-romanas trazidas pelo estilo anterior. Segundo Siqueira (2013), se nos teatros o que houve até então de precisão, harmonia e despojo, no Barroco a tensão entre os opostos e as formas opulentas marcaram essa nova era. A arquitetura teatral barroca manteve parte da sua estrutura advinda dos italianos renascentistas com o prédio no formato retangular, a caixa mágica grande ocupando todo o palco e a plateia em formato de ferradura, porém com a presença de salas íntimas – camarotes – que separavam a aristocracia das demais classes (Figura 76) . Os gabaritos, vãos e salões se tornaram maiores, indicando que o teatro possuía um formato palaciano. As galerias e corredores ganharam colunas justapostas e em perspectiva – outro elemento herdado do Renascimento –, decoradas com imagens sentimentalistas de prazer e dor, no geral, e sem seguir nenhuma ordem clássica, além de arcos, sacadas balcões, escadarias e outros adornos, um indicativo de que todo o espaço cênico era marcado pelas contradições e a opulência de figuras . No palco, a encenação ocorria principalmente no nível do proscênio e o restante se destinava às construções e objetos cenográficos, quase sempre em perspectiva para criar o ambiente ilusionista – também

93


94

Teatro: A evolução do espaço cênico | PRIMEIRO ATO

típico do Renascimento. Para aproveitar a elevação do palco, alçapões costumeiramente eram criados para serem contrastados com as colunas, escadas e estruturas suspensas presentes no cenário, remetendo às dualidades céu e inferno ou bem e mau . A música, que por vezes foi profanada pela Igreja Católica, retorna seu êxito artístico neste período barroco e com ela um tipo de edifício teatral típico: a ópera. Assim como nos modelos gregos e romanos, se tratava de um prédio específico para espetáculos musicais. Suas linhas arquitetônicas seguiram as mesmas premissas de contrastes do teatro, sendo que a principal diferença foi a recriação da orquestra, que se apresentava em maior área e profundidade em relação ao palco .

Figura 76: Interior de uma casa de ópera do século XVIII, o Teatro Argentina de Roma, em pintura de Giovanni Paolo Pannini. Fonte: Painting and frame..


PRIMEIRO ATO | Teatro: A evolução do espaço cênico

Teatro Moderno

Figura 77: Teatro Castro Alves. Fonte: Correio 24h, 2017.

A revolução industrial e os ideais iluministas marcaram a transição de uma Europa com muitos caracteres ainda medievais para uma sociedade mais dinâmica e cada vez mais cosmopolita. De acordo com Hobsbawn (2013), as cidades abrigavam todos os tipos sociais e novos espaços de socialização foram surgindo, desde os produtivos – como as fábricas – até a reformulação das praças públicas e ruas . A arquitetura teatral moderna se apresenta para abrigar toda essa evolução constante com novos conceitos e temáticas abrangentes, principalmente com os novos inventos: a luz elétrica, o maquinário e o ferro. Essas novidades permitiram a construção de diversos tipos de cenário, inclusive com a introdução dos cortes diagonais, longitudinais e o uso da inclinação como exemplos das mais variadas possibilidades que cabiam às peças. Para isso, o palco se transforma em um grande espaço de atuação e cenografia e o modelo italiano manteve o destaque pela sua área abrangente, altura e posição do proscênio . No mais, com a eletricidade a noção de perspectiva anterior que por vezes impedia que os atuantes percorressem toda a extensão do palco, com o Teatro Moderno essa parte é realizada pelo contraste de luzes realizadas pela iluminação e pelas cores. Essa estrutura elétrica ficava escondida atrás do proscênio, agora reduzido de altura. O ferro e as novidades que a engenharia proporcionou permitiu que fossem criados os teatros com novas formas e estruturas cada vez maiores. A importância desses avanços foi tamanha que pela primeira vez havia técnica disponível para se projetar um edifício livre de barreiras tecnológicas e que permitisse abrigar as distintas experiências artísticas em um teatro. Segundo Gombrich (1999), a arquitetura teatral já não agruparia apenas a arte da representação como única forma de apresentação, os gêneros musicais ganham maior evidência

95


96

Teatro: A evolução do espaço cênico | PRIMEIRO ATO

com os ideais iluministas, que foram além da ópera, com apresentações eruditas sem mesmo que houvesse uma encenação – e os espaços teatrais também passam a abarcar este modelo artístico . Prontamente para atender às essas exigências que nasceu a ideia de Teatro Total: (…) um edifício teatral polivalente que permitiria uma série de mobilidades e multifunções espaciais, poderia ser utilizado como anfiteatro, arena ou palco lateral. Apresentava dispositivos cênicos, como palco giratório, passarelas laretais e todo tipo de configuração cênica necessária a um espetáculo didático para as massas. O edifício teatral se tornou, em sua totalidade, o espaço de representação. Sua arquitetura deveria ser capaz de exprimir a realidade das relações sociais e dramáticas, definindo o papel da técnica no interior do drama sociológico (URSSI, 2013, p. 57).

Neste sentido, se observarmos do ponto de vista de diversos movimentos vanguardistas que ocorreram pelo mundo – e não mais restrito à Europa –, a partir do Teatro Modernista, o espaço por si só deveria ser dinâmico o suficiente para responder a todos esses fatores, ou seja, teria que ser arquitetado para ter multifuncionalidade e manter presença intertemporal para ter utilidade com as novidades artísticas que poderiam surgir.


PRIMEIRO ATO | Teatro: A evolução do espaço cênico

Teatro Contemporâneo

Figura 78: Grand Canal Square Theatre. Fonte: Archilovers, 2010.

De acordo com Cardoso (2008), a partir do Teatro Moderno, o espaço cênico desenvolveu várias funções sociais, políticas e estéticas para se adequar como um lugar integrador das novidades pelo mundo, bem como abrigar todo tipo de espetáculo, encenações, performances, shows musicais, concertos, apresentações cinematográficas e demais atividades que o transformaram em um centro de representação urbana . A dinâmica da vida cosmopolita criou demandas por novos projetos que vão além da construção tradicional deste espaço. A liberdade do palco como instrumento primordial no projeto arquitetônico alterou a relação entre a cena e a plateia e se fez desconstruir quaisquer formatos estéticos em sua construção . Neste sentido, o próprio edifício teatral pode participar da arte que se queira apresentar, seja ele integralmente, como nas apresentações externas – ou aproveitando suas estruturas internas. As evoluções tecnológicas permitiram que o Teatro Contemporâneo se adequasse a essas diversas formas artísticas dentro de sua estrutura multifacetada. Segundo Zilio (2010), o palco pode ser construído no modelo italiano e ter possibilidades de modificações para um formato circular ou poligonal; as luzes podem substituir quaisquer problemas com uma pequena área de encenação; os inúmeros efeitos especiais ganharam seu espaço no proscênio, que, inclusive, pode incorporar a plateia; o teto pode ser ornamentado, planificado, conter arcos ou mesmo apresentar todas essas características, inclusive ter mobilidade para aprimorar a acústica do salão . Estes são alguns exemplos de como a estrutura interna do edifício atende às diferentes estéticas. Seu exterior também é passível de quaisquer inovações na geometria plana, espacial ou abstrata para passar a imagem que for necessária do teatro.

97


98

Teatro: A evolução do espaço cênico | PRIMEIRO ATO

O que queremos dizer é que, na contemporaneidade, não existem regras estéticas ou exigências estruturais para atender a determinado tipo de peça artística. Isso também permite que o espaço cênico seja representado fora dos teatros em que qualquer local pode ser transformado em um lugar para apresentações. O teatro agora pode ser visto nas ruas, em áreas verdes, ou mesmo em espaços privados, como nos galpões das fábricas ou em hospitais. . O Teatro Contemporâneo inaugurou uma nova etapa das experiências arquitetônicas, em que o próprio espaço teatral se destaca em meio a tanta arte, seja ele o teatro convencional ou os demais lugares. Todavia, visto todas essas transformações que o edifício teatral recebeu ao longo da história para se chegar em uma forma abrangente, cabe a ressalva de que cada tipo de espetáculo possui uma demanda espacial, técnica e de infraestrutura teatral diferente, por vezes conflitante com outro tipo de apresentação, e isso deve ser considerado nas projeções arquitetônicas do espaço para satisfazer as diversas mudanças na estrutura do teatro.


4

Projetos de ReferĂŞncia

Figura 79: Centro Cultural Les Quinconces. Fonte: Archdaily, 2016.


100

Projetos de Referência | PRIMEIRO ATO

4.1 Centro Cultural Les Quinconces

Figura 80:Contraste entre materiais translúcidos e opacos. Fonte: Fotografia de Cécile Septet.

Referência aplicada no projeto: Implantação + praça interna + uso cinema

• • • • •

Arquitetos: Babin+Renaud Arquiteto Associado: Oab Ano: 2014 Área construída: 28.198,00 m² Endereço: Rue des Jacobins, 72100 Le Mans, França • Tipo de projeto: Cultural • Status: Construído • Materialidade: Vidro • Estrutura: Concreto

Localizado na cidade de Le Mans, na França, o centro cultural Les Quinconces foi projetado pelos arquitetos Éric Babin e Jean-François Renaud. O programa consiste em teatro, sala de ensaio, espaço para exposições, cinema, café, estacionamento. Este novo edifício cultural incorpora-se ao entorno do centro da cidade e aos edifícios de patrimônio arquitetônico. A distribuição do programa consiste em três blocos, sendo o de cinema um pouco recuado em relação ao limite do terreno, ao lado está o bloco do teatro, e ao fundo o bloco das salas de ensaios.


PRIMEIRO ATO | Projetos de Referência

101

Setorização e circulação

Figura 81: Plantas Pavimento Térreo e Superior - Setorização. Fonte: Editado pela autora, 2017.

Figura 82: Planta Pavimento Térreo e Superior – Circulação e Espaços/Fluxos. Fonte: Elaborada pela autora, 2017.

A setorização dos usos no pavimento térreo e superior ocorrem de maneira segregada, como os próprios volumes. No bloco esquerdo, o térreo possui o uso de convívio, pois essa área é destinada a bilheteria do cinema e também espaços de exposições. Já o pavimento superior foi destinado para salas de cinema. O bloco direito apresenta em seu térreo uma área predominantemente cultural, onde abriga o teatro, foyer e pequenas áreas de apoio significativas para o teatro. Entre esses dois blocos está a praça interna que os interliga. Nos pavimentos inferiores é possível constatar uma ligação dos dois blocos através da setorização dos usos. Nota-se uma predominância cultural por haver um grande número de salas de cinema e o teatro. O setor administrativo e serviço está distribuído perifericamente as salas de cinema e do teatro (palco/plateia). Nesses pavimentos, os espaços abertos e de convívio fazem a ligação entre esses usos.

Figura 83: Corte longitudinal I - Setorização. Fonte: Editado pela autora, 2017.


102

Projetos de Referência | PRIMEIRO ATO

Campos visuais

LEGENDA: CAMPO VISUAL DO OBSERVADOR

Figura 84: Planta Pavimento Térreo e Superior– Campos Visuais. Fonte: Editado pela autora, 2017.

O objetivo dos arquitetos ao projetarem o hall do cinema e foyer inteiramente envidraçado foi de proporcionar uma relação com a paisagem externa e interna, e vice-versa. Dessa forma a dimensão e a localização das aberturas das janelas partiram desse mesmo principio. Nos pavimentos inferiores, os arquitetos também procuraram promover ambientes com campos visuais para os usuários, como é o caso da praça íntima na Figura 85. Figura 85: Praça pública criada entre os dois edifícios. Fonte: Fotografia de Cécile Septet.


PRIMEIRO ATO | Projetos de Referência

4.2 Escola de Música Tohogakuen / Nikken Skkei Referência aplicada no projeto: Conceito projetual

• • • • • • • •

Autoria do projeto: Nikken Skkei Local: Chofu, Tóquio, Japão Data de reinauguração: 5 de dezembro de 2012 Área: 1.943,00 m² Ano do projeto: 2014 Status: Construído Materialidade: Vidro e concreto Estrutura: Concreto

Figura 86 : Fachada da Escola de Música Tohogakuen. Fonte: Fotografia de Harunori Noda .

Legenda: volume campo visual

A escola de Música Tohogakuen foi projetada em um entorno suburbano típico da cidade de Tóquio. Ela possui um conceito interessante e diferente das escolas tradicionais: valoriza o contato visual entre os alunos. Esse conceito está nítido nas plantas do projeto, como podemos observar na Figura, o contorno em azul corresponde às aberturas. Para manter a independência acústica entre os ambientes, o arquiteto propôs que as circulações, assim como as salas de aula, funcionassem como espaços de ensaios musicais. Além disso, a volumetria proporciona vitalidade e atrai a atenção para as atividades internas. Tais conceitos visto neste projeto de referência, foram introduzidos no projeto arquitetônico do teatro e escola de artes cênicas, como podemos ver nas figuras . Figura 87 e 88: Plantas do pavimento térreo e superior. Fonte: Editado pela autora, 2017.

103


5

Visitas TĂŠcnicas

Figura 89: Fachada do Teatro Castro Mendes. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017.


PRIMEIRO ATO | Visita Técnica

5.1 Teatro Municipal José de Castro Mendes FICHA TÉCNICA

PROGRAMA ARQUITETÔNICO

• • • • • • • • •

• • • • • • •

• •

Autoria do projeto: Arquiteto Geraldo Jurgensen (projeto de adaptação original), engenheiro Dermival Siqueira (supervisão das reformas de 1970 e 1974, arquiteto Otto Felix Local: Rua Conselheiro Gomide, 62, Vila Industrial, Campinas - SP Data de reinauguração: 5 de dezembro de 2012 Área bruta: Aproximadamente 2.300 m² Capacidade: 760 lugares Estilo do palco: Italiano Boca de cena: 15 m de cumprimento x 5,95 m de altura Abertura total das cortinas: vão livre de 14 m Profundidade do palco: 14,90 m Altura do urdimento: 16 m

• • •

Bilheteria Foyer com pé direito duplo 7 camarins individuais 2 camarins coletivos 2 Coxias 3 salas de ensaio Mezanino Setor administrativo Carga e descarga no nível da rua e ao lado do palco Sanitários Palco Plateia

O Teatro Municipal José de Castro Mendes originou-se a partir de uma antiga instalação do Cine CasaBlanca. Para atender ao programa de necessidades do teatro foi necessário realizar adequações em sua estrutura. A primeira adequação ocorreu em 1970, ocasionada para a encenação da Ópera “O Guarani”. Tais modificações foram: (...) ampliações do palco (que passou de 7m para 10,5 m de profundidade) e da boca de cena (de 17,5m para 21,40 m), a instalação de um grande plafon “para jogar o som em direção à platéia”, a construção de vestiários provisórios e a reforma das instalações sanitárias (IAB, 2015).

A mais recente iniciou no ano de 2007 e finalizou-se em 2012, e teve como objetivo:

Figura 90: Palco do Teatro Castro Mendes visto pela coxia. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017.

105


106

Visita Técnica | PRIMEIRO ATO

Figura 91: Foyer com pé direito duplo. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017.


PRIMEIRO ATO | Visita Técnica

(...) reformar a cobertura, modernizar a fachada, reformular o foyer e as bilheterias, adotar nova geometria para a plateia, promover um tratamento acústico, reformular o sistema sonoro, instalar novo projeto cenográfico, reformular a iluminação cênica, implantar novo sistema de ar condicionado, reformar os camarins, as instalações elétricas e o sistema de proteção e combate de Incêndio (IAB, 2015).

O Castro Mendes está implantado de frente para a praça Correo de Lemos que apresenta características típicas de cidades de interior (presença de coreto). O acesso ao teatro se dá através dessa praça e por uma rua interna projetada. A bilheteria está recuada da fachada, proporcionando uma pequena área coberta. Ao adentrar no teatro pelo foyer com pé-direito duplo, observa-se duas escadas à frente que darão acesso a plateia. Como se pode observar na Figura 92, a distribuição da plateia é semicircular e está dividida em dois níveis. As paredes laterais afunilam-se em direção ao palco e proporcionam uma sensação de destaque para ele. O acesso para o mezanino se dá por uma terceira escada presente no hall, e um pequeno espaço para exposições recebe os espectadores antes de adentrar a plateia. O teatro conta com 3 salas multiuso, que funcionam na maioria das vezes como salas de ensaio, ou espaços para os pequenos bailarinos esperarem o início das suas apresentações de forma organizada e supervisionada por seus professores. Segundo a bailarina Patrícia Rodrigues, o Castro Mendes atende as necessidades do corpo artístico, desqualificando apenas os camarins, que em sua opinião, é pequeno em relação ao volume de artistas que se apresentam em espetáculos de academias de dança. Apesar do teatro nascer a partir de um cinema, a sua parte técnica não deixa a desejar. Ela é composta por duas coxias laterais , onde em uma delas possui o acesso direto para carga e descarga, um urdimento com 16 m de altura que facilita a troca de cenários maiores.

Figura 92: Palco do Teatro Castro Mendes visto pela plateia mezanino Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017

Figura 93: Bailarina Patrícia em um espetáculo de dança no Teatro Castro Mendes Fonte: Acervo pessoal de Patrícia Ribeiro.

107


108

Visita Técnica | PRIMEIRO ATO

Figura 94: Maquinaria. Figura 95:Passarela técnica acima do palco. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017


PRIMEIRO ATO | Visita Técnica

Figura 96: Urdimento. Figura 97:Área técnica do palco. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017.

109


110

Visita Técnica | PRIMEIRO ATO

5.2 Teatro Colón FICHA TÉCNICA •

• • • • • • • •

Autoria do projeto: Arquiteto Francesco Tamborins, arquiteto Victor Meano, arquiteto Jules Dormal Local: Entre as ruas Cerrito, Viamonte, Tucumán e Libertad, Buenos Aires - Argentia Data de inauguração: 25 de maio de 1908 Área Construída: 8.202 m² Estilo: Eclético Capacidade: 2.478 lugares Estilo do palco: Italiano Ferradura Palco: 35,35 m de largura, 34,50 m de profundidade Capacidade do fosso da orquestra: 120 músicos

PROGRAMA ARQUITETÔNICO • • • • • • • • •

• • •

Figura 98: Salão destinado para pequenas palestras. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017.

Bilheteria Foyer com pé direito duplo Café Loja de souvenires Palco Plateia Mezaninos Fosso de orquestra Oficinas: cenografia, maquinaria, adereços, alfaiataria, sapateria, tapeçaria, mecânica cênica, escultura, fotografia, maquiagem e perucaria Salão de Busto Salão Branco Museu que abriga os trajes usados por personalidades famosas que atuaram em seu palco


PRIMEIRO ATO | Visita Técnica

Figura 99: Café situado na galeria do térreo. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017.

Figura 100: Cúpula central no foyer. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017.

Ao contrário do Teatro Castro Mendes, o Colón foi projetado desde o início para realizar a atividade teatral. Ele é a principal casa de ópera de Buenos Aires e está entre os 5 melhores teatros do mundo em relação a qualidade acústica. Em seu térreo existe uma antiga passagem utilizada antigamente para as carruagens. Hoje em dia, essa passagem abriga a bilheteria do teatro, uma loja com souvenires e pequenos cafés. O acesso principal ao teatro se dá pela rua Libertad, mas quando se acompanha uma visita guiada, o acesso acontece através da galeria. O Cólon apresenta um foyer exuberante, com pé-direito duplo e uma cúpula central de vidrais

Figura 101: Escadaria situada no foyer. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017.

coloridos, como se pode observar na Figura 1000. Em todo o seu interior, o visitante pode apreciar os ricos detalhes de sua arquitetura, como também peças de obras de artes. Seus ambientes internos são revestidos com diferentes tipos de mármores, dentre estes aquele que se destaca pela cor é o mármore rosa de Portugal utilizado no detalhe da escada (Figura 101). Um detalhe interessante que o torna diferente de outros teatros, é a realização das produções de seus próprios espetáculos. Essas produções são feitas em oficinas de diferentes disciplinas, tais como maquinaria, cenografia, adereços, alfaiataria, sapataria, tapeçaria, mecânica cênica, escultura, fotografia, maquiagem e perucaria.

111


112

Visita Técnica | PRIMEIRO ATO

Figura 102: Plateia do Teatro Colón. No palco, vê-se a montagem de alguma cena. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017.

O palco é um dos maiores em forma de ferradura. Ele possui 35,35 m de largura por 34,50 m de profundidade (Figura 102 e 103). À sua frente encontra-se o fosso da orquestra com capacidade para 120 músicos. A plateia e os mezaninos são distribuídos de forma circular em relação ao palco. A composição circular das paredes se deve ao fato do teatro apresentar concertos, assim como ser um dos motivos pelo qual é reconhecido mundialmente por uma acústica

Figura 103: Fosso da orquestra e palco com processo de montagem de cena. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017.


SEGUNDO ATO, confrontação

Figura 104: Construções existentes no terreno de intervenção arquitetônica. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2017.


114

Localização | SEGUNDO ATO

6

Diagnóstico do terreno

6.1 Localização O mapa ao lado (Figura 105), apresenta o perímetro da intervenção do plano urbano destacando a localização para a implantação do teatro multiatividades. A proposta de intervenção arquitetônica ocorrerá em duas quadras situadas na rua Uruguaiana, rua Padre Vieira, rua Proença, rua Padre Antônio Joaquim e rua Boaventura do Amaral. Atualmente, as duas quadras estão ocupadas por edificações, umas em boas condições e em uso, outras desabitadas e degradadas. Quadra 1: Predominância de edificações residenciais de um à dois pavimentos, algumas desabitadas e mal preservadas, pequenos estabelecimentos de prestação de serviços, como por exemplo assistência técnica de celulares, e dois edifícios residenciais com gabarito aproximadamente de 28m e 32m de altura. Quadra 2: Predominância de edificações residenciais de um à dois pavimentos, algumas desabitadas e mal preservadas, pequenos estabelecimentos de prestação de serviços, como por exemplo escritório de advocacia, e presença de estacionamento.


Figura 105: Mapa de localização da área de intervenção arquitetônica. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

A área apresenta fácil acesso à grandes rodovias que circundam a região de Campinas e formam eixos estruturais de trânsito, como por exemplo a Avenida Aquidaban, que recebe o escoamento de veículos das Rodovias Santos Dumont e Anhanguera. Além disso, sua proximidade com o centro e o terminal de ônibus municipal, torna-o um lugar mais acessível, seja através de transportes públicos, ou caminhando.


116

Demolição e Intervenção Urbanística | SEGUNDO ATO

6.2 Demolição e Intervenção Urbanística A premissa inicial para a demolição dos lotes partiu do propósito de alargar e inverter o sentido de direção da rua Padre Vieira em função de aliviar o fluxo da rua Boaventura do Amaral, pois constatou-se através de visita in loco que esta rua era estreita para o alto fluxo de veículos. Entretanto, alargar somente uma via não faria dela uma outra opção de acesso, pois o vício dos motoristas de passaram por ali, continuaria devido ao fato de ela ligar diretamente para o cruzamento sobre a Avenida Aquidaban. Deste modo, pensando em distribuir o fluxo para as demais vias existentes, decidiu-se unir as duas quadras, ocasionando a sua demolição total. Como constatou-se no levantamento de potencial de demolição (Figura 106), as edificações de 1 à 2 pavimentos presentes nestas duas quadras não apresentavam restrições de preservação arquitetônica ou tombamento, e algumas estavam desabitadas e degradadas, por isso sua demolição foi considerada importante para a realização desta intervenção. Entretanto, na quadra nº 1, existem dois edifícios de gabarito alto (aproximadamente 28m e 32m). A permanência deles na nova quadra não teria sentido e relação com o partido do plano urbano proposto para a área, pois ele prioriza a escala do pedestre, conexão e permeabilidade pelo térreo em edificações ou quadras novas. Desta forma, os edifícios também foram demolidos para que haja concordância com o plano urbano.

2 1

Figura 106: Ampliação do mapa de demolição (Figura 31). Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


SEGUNDO ATO | O terreno

6.3 O terreno Após a junção das duas quadras, o terreno para a intervenção arquitetônica apresenta o perímetro ilustrado na Figura 107. Os levantamentos in loco, juntamente com a utilização de imagens satélite e mapas preexistentes disponibilizados pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento de Campinas (SANASA), possibilitaram a definição de sua metragem quadrada que corresponde a 25.417,76 m². Estes levantamentos também permitiram obter a metragem entre os pontos que compõem seu limite.

A= 25.417,76 m²

Figura 107: Planta com perímetro e dimensões do terreno Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

117


118

Vizinhança Imediata | SEGUNDO ATO

6.4 Vizinhança Imediata A vizinhança imediata ao terreno apresenta em sua maioria edificações baixas (1 a 2 pavimentos) com usos residenciais, comerciais, institucionais e de serviços. Sendo de uso institucional com maior relevância, o Colégio Pio XII, localizado na rua Boaventura do Amaral, em frente ao terreno (Figura 110). O colégio é um dos mais antigos e conceituados da região de ensino infantil e médio. As ruas perimetrais são relativamente arborizadas, destacando-se a praça Dr. Francisco Ursaia e o Bosque dos Jequitibás, que apresentam um grande volume arbóreo (Figuras 109 e 113). Ao sul, encontra-se o equipamento subutilizado, Estádio da Ponte Preta (Figura 109), que dará o lugar para uma biblioteca municipal proposta no plano urbano.

Figura 108: Mapa guia dos campos de visão. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


SEGUNDO ATO | Vizinhança Imediata

1

2

3

Figura 109: R. Uruguaiana com Padre Vieira, observa-se parte do Bosque e algumas residências. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2017.

Figura 110: R. Boaventura do Amaral, observa-se o Colégio Pio XII. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2017.

Figura 111: Rua Padre Antonio, uma das ruas arborizadas da região. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2017.

4

5

6

Figura 112: R. Proença, rua residencial com comércios pontuais. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2017.

Figura 113: R. Proença, Estádio da Ponte Preta e parte da Praça Dr. Francisco Ursaia. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2017.

Figura 114: R. Proença, observa-se pequeno comércio e residências em segundo plano. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2017.

119


120

Topografia | SEGUNDO ATO

6.5 Topografia O levantamento da topografia do terreno apresenta a existência de um desnível de aproximadamente 10,50 metros entre a face noroeste e sudeste do terreno. Esta inclinação ocasionada pelo desnível ocorre de maneira gradativa entre o encontro das ruas Padre Antonio e Uruguaiana, ou seja, o desnível inicia nessa extremidade e vai diminuindo à medida que se aproxima do cruzamento entre as ruas Proença e Padre Vieira de Almeida, conforme ilustrado na Figura 115.

Figura 116: Corte longitudinal esquemático. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

SENTIDO DE ESCOAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS

Figura 115 : Planta do terreno – análise da topografia e escoamento de águas. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Figura 117: Corte transversal esquemático. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


SEGUNDO ATO | Topografia

Leste – Rua Padre Vieira

Oeste – Rua Padre Antônio Joaquim Figura 118 : Modelo eletrônico da topografia do terreno. Fonte: Elaborado pela autora, 2017

Norte – Rua Uruguaiana

Sul – Rua Proença

Local de intervenção

121


Levantamento climático | SEGUNDO ATO

6.6 Levantamento climático O município de Campinas (Latitude Sul 22°53'20“ e Longitude Oeste 47°04'40"), encontra-se na região centro-leste do estado de São Paulo, numa altitude média de 680 metros acima do nível do mar. Esses fatos contribuem para o clima tropical de altitude, com temperatura média histórica de 20,7ºC, com verões quentes e chuvosos, e invernos secos com períodos de estiagem superiores a 45 dias em que as temperaturas podem chegar abaixo dos 7ºC, ilustrados pelo hidrograma (Figura 119).

250,0

35

225,0

30

200,0 25

175,0 150,0

20

125,0 15

100,0 75,0

10

50,0 5

25,0 0,0

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Precipitação

226,5

211,5

126,4

54,8

45,8

50,9

50,8

30,7

62,8

148,6

143,3

205,4

Médias Máximas

29,3

29,9

29,6

27,9

25,6

24,8

25

28

28

28,3

28,7

28,5

Temp. Médias

23,0

23,4

22,8

21,0

18,5

17,3

17,2

19,0

20,4

21,1

21,8

22,4

Médias Mínimas

18,8

19

18,4

16,3

13,7

12,2

11,8

15

15

16,2

17

18,3

Figura 119 : Hidrograma de Campinas – Temperaturas médias. Fonte: Inmet [s.d]. Elaborado pela autora, 2017

0

° Celsius

Hidrograma - Campinas - Temperaturas médias milímetros

122


SEGUNDO ATO | Levantamento Climático

Desse modo, a análise dos elementos climáticos naturais que interferem no local da intervenção tiveram como foco a direção predominante dos ventos que ali circulam e a incidência solar nesta área, representados de forma ilustrativa nas Figuras. De acordo com o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), em Campinas, predominam ventos na direção sudeste, com velocidade média de 2,0 m/s. Mas

DIREÇÃO DO VENTO PREDOMINANTE - SUDESTE

Figura 120: Planta do terreno – análise de ventilação. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

sabe-se, que isto está condicionado à inúmeras variáveis, como por exemplo a interferência das edificações em cidades. A Carta Solar para Campinas, por sua vez, nos possibilita compreender como ocorre a incidência solar nesta região, e em que épocas ou horário do dia sua iluminação natural é melhor aproveitada.

CARTA SOLAR DE CAMPINAS SOBREPOSTA NO TERRENO

Figura 121: Planta do terreno – análise carta solar. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

123


124

Levantamento climático | SEGUNDO ATO

As figuras abaixo, demonstram um estudo de insolação de acordo com as informações geográficas do terreno. Esse estudo foi realizado através de um software eletrônico, cujo o objetivo é analisar a incidência dos raios solares durante a estação de verão e inverno em dois horários: 8h e 17h. Nota-se que o terreno está relativamente inclinado em relação ao eixo norte.

Esse dado é uma condicionante importante para a implantação da edificação. Percebe-se também que, no início do dia, a quadra recebe os raios solares diretamente, sem nenhum bloqueio de edificações mais altas ou vegetações. Já ao final do dia, as edificações mais altas proporcionam uma sombra relativamente generosa sobre o terreno.

Inverno - 8:00 horas

Inverno - 17:00 horas

Verão - 8:00 horas

Verão - 17:00 horas

Figura 122: Modelo eletrônico da topografia do terreno. Fonte: Elaborado pela autora, 2017

Local de intervenção


SEGUNDO ATO | Legislação

6.7 Legislação Em toda a extensão do plano urbano foi proposta uma nova legislação, sendo a Z21 vigente para o terreno em estudo (Figura 52).

ZONA 21 • Se houver desapropriação de imóvel, obrigatoriamente a nova edificação deverá implantar miolos de quadras destinadas ao espaço público. • Será permitido implantação de edifícios comerciais e residenciais de até dez pavimentos, desde que não exista restrição de gabarito de altura conforme a área envoltória do Bosque dos Jequitibás: a 100 metros do bosque - edificações até 5m de altura; a 200 metros - edificações até 10m de altura; e a 300m - edificações até 30m de altura. • Para edificações de interesse cultural, educacional e de saúde, a restrição da área envoltória não se adequa para gabaritos com até seis pavimentos à 200m de distância do Bosque Jequitibás, desde que estas realizem plantio de árvores nativas em sua implantação. Essa medida foi proposta com o objetivo de integrar o bosque à equipamentos que propiciem fluxo e conexão até ele. • Serão permitidos usos de habitação unifamiliar, habitação multifamiliar, comércios, serviços e instituições. Proibido edificações industriais nessa área.

125


TERCEIRO ATO,

resolução

(...) locais de conhecer, de pensar, de elaborar, de criar; espaços de ação contínua e não linear, não convencional, de fazer a cultura viva; espaço de fortalecer as individualidades para atuarem coletivamente, de maneira criativa, elaborando a cultura com as próprias mãos. (RAMOS, 2007, p 77) Figura 123: Perspectiva ilustrativa do projeto. Fonte: Elaborado pela autora, 2017


TERCEIRO ATO | Partido

7

O projeto 7.1 Partido O terreno se encontra em um principal eixo de ligação entre o lado da Avenida Aquidaban/centro da cidade com a biblioteca proposta no plano urbano, portanto, a sua permeabilidade é essencial para que haja conexão até ela. Dessa forma, a proposta do projeto é de atuar nesse espaço, conectando a área central à biblioteca através de um equipamento cultural, o teatro, a fim de propiciar um novo espaço requalificado como ponto de encontro e convivência à cidade, assim como promover um novo dinamismo cultural urbano. O teatro, quando conectado com a área urbana possui a capacidade de proporcionar conexão entre os usuários e o entorno, estimulando o seu convívio social e sua relação com o espaço (Figura 128). Consequentemente, por intermédio da movimentação de pessoas os espaços são ativados, estimulando um novo desenho de permanência e sensação de segurança. Sendo assim, o partido do projeto nasce com a concepção do térreo em dois níveis e a implantação dos blocos seguindo o alinhamento transversal do terreno, permitindo a permeabilidade do térreo para o pedestre, e oferecendo espaços de convívio e disseminação da cultura.

127


128

Partido | TERCEIRO ATO

CONCEPÇÃO PROJETUAL AV. AQUIDABAN CENTRO DE CAMPINAS

AV. AQUIDABAN CENTRO DE CAMPINAS

1 Após a definição do

programa, o mesmo foi implantado no terreno. Nota-se que o programa ocupa grande parte da superfície.

? BIBLIOTECA

BIBLIOTECA

2 Para evitar que se AV. AQUIDABAN CENTRO DE CAMPINAS

torne um volume maciço e uma barreira física, o programa foi dividido em 3 blocos.

AV. AQUIDABAN CENTRO DE CAMPINAS

BIBLIOTECA

BIBLIOTECA

3 Desse

modo, foi necessário verticalizar para acomodar todo o programa inicialmente

BOSQUE AV. AQUIDABAN CENTRO DE CAMPINAS

AV. AQUIDABAN CENTRO DE CAMPINAS

4 O

BIBLIOTECA

Figura 124: Diagrama concepção projetual. Fonte: Elaborado pela autora, 2017

BIBLIOTECA

volume foi comprimido e seccionado para criar áreas de convívio e proporcionar permeabilidade na quadra.


TERCEIRO ATO | Partido

Figura 125: Perspectiva ilustrativa da praça central: eixo de conexão entre Avenida Aquidaban/Centro à biblioteca. Fonte: Elaborado pela autora, 2017

129


130

Partido | TERCEIRO ATO

Diagramas COMPOSIÇÃO PROGRAMA + VOLUME ESCOLA DE ARTES CÊNICAS

RESTAURANTE N 702.00

SALAS DE AULA E ENSAIO CIRCULAÇÃO VERTICAL + SANITÁRIOS

Aberturas permitem integração com o entorno e geram visuais.

N 698.00

CINEMA + CAFÉ + BILHETERIA CONVÍVIO ALUNOS

N 694.00 N 690.50

PROGRAMA E VOLUME INICIAL

PROGRAMA E VOLUME FINAL

IMPLANTAÇÃO + ÁREAS DE CONVÍVIO A ligação interna entre os dois blocos é feita através de salas de ensaio em balanço, dessa forma, não prejudica a permeabilidade da quadra.

ESCOLA DE ARTES CÊNICAS TEATRO CONEXÃO – SALAS DE ENSAIO

O afastamento dos blocos criam vazios de convívio e integração entre as áreas.

+

Figura 126: Diagramas concepção de volume e áreas de convívio. Fonte: Elaborado pela autora, 2017


TERCEIRO ATO | Partido

ÁREAS DE ENCONTRO E PERMANÊNCIA

FLUXO E PERMEABILIDADE NA QUADRA

ÁREAS VERDES E GRAMADAS

Figura 127: Diagramas espaços de encontros e permanências, fluxos e áreas verdes. Fonte: Elaborado pela autora, 2017 VOLUME DO TEATRO SEM INTERAÇÃO COM O EXTENRO

VOLUME DO TEATRO INTERAGINDO COM O EXTENRO

Praça Dr. Francisco Ursaia

Quando o teatro não tem interação com o entorno, torna-se apenas um volume maciço e despercebido pelo pedestre. Figura 128: Diagrama relação teatro com o entorno. Fonte: Elaborado pela autora, 2017

Praça Dr. Francisco Ursaia

Quando o teatro se abre para o meio externo, proporciona conexão entre a praça à sua frente e aos pedestres, estimulando o convívio social e sua relação de pertencimento local.

131


132

Partido | TERCEIRO ATO

Figura 129: Perspectiva ilustrativa do palco externo do teatro. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Partido

Campos visuais

A implantação da escola se deu de forma escalonada, aproveitando o máximo da topografia para a distribuição dos seus pavimentos. Optou-se pela criação de arquibancadas no centro da quadra para promover um espaço de apreciação cultural. Nelas o pedestre poderá sentar e admirar a atividade artística no interior das salas de aula, como também em apresentações externas.

Figura 130: Corte perspectivado - Campos visuais . Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

133


134

Conceito | TERCEIRO ATO

7.2 Conceito Todo projeto, seja ele arquitetônico, urbanístico ou paisagístico, possui uma linha de raciocínio, que leva em conta as premissas do espaço do projeto e o que se pretende obter com ele O projeto em questão, arquitetônico, possui a finalidade de “conectar” espaços existentes e a serem implantados. Nesse trajeto de conexão, o projeto desperta a curiosidade do pedestre e aguça o seu sentido de visão através de fachadas ativas. Como podemos observar na Figura 131, a sua vivacidade está em panos de vidro, onde ora estão fechados por brises de correr para proporcionar conforto interno, ora estão abertos, interagindo a arte interna (dança, música e teatro) com o meio externo (espaço urbano). Sendo assim, o ato de caminhar pelo interior da quadra será mais convidativo, atraente e aconchegante, proporcionando pontos de encontro e interação entre os usuários.

Figura 131: Perspectiva ilustrativa das fachadas ativas e área de permanência projetada para convívio. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Conceito

Figura 132: Perspectiva ilustrativa – As fachadas ativas promovem interação entre os pedestres até mesmo a noite. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

135


Fluxograma | TERCEIRO ATO

7.3 Fluxograma NÍVEL 686,10 e 687,15

NÍVEL 690,50

Nestes níveis encontram-se a área técnica e o primeiro pavimento do estacionamento do teatro. A área técnica é um setor com acesso restrito e possui um fluxo baixo, sendo assim, está localizada na cota de nível 687,15. Já o estacionamento é um espaço de permanência de veículos e não há um fluxo de pessoas a todo instante, desse modo, está inserido na cota 686,10. Os dois setores possuem fluxos que não se caracterizam como principal, por isso foram implantados nas cotas inferiores.

URBANO TEATRO ESCOLA DE ARTES CÊNICAS

ESTACIONAMENTO

FOSSO DA ORQUESTRA OFICINA DE MARCENARIA

CASA DE MÁQUINAS

MANUTENÇÃO

QUARTELADA

EL

ESCADA

Figura 133: Fluxograma Nível 686,10 e 687,15. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

A escada/arquibancada foi implantada na praça central com o objetivo de propor um espaço de interação entre a edificação e o pedestre, sendo assim, as salas de dança clássica foram implantadas na cota 690,50 para interagir com o observador no mesmo nível. O fluxo neste pavimento é relativamente baixo, exclusivo para alunos, professores e funcionários da escola. O seu acesso se dá através do bloco circulação + vestiários localizado em sua extremidade. Não há acesso direto com o exterior.

RESERV.

EL

ESCADA

ESCADA DE EMERGÊNCIA + ELEVADOR + VEST. ALUNOS

SALA DE AULA DANÇA CLÁSSICA

SALA DE AULA DANÇA CLÁSSICA

SALA DE AULA DANÇA CLÁSSICA

SALA DE AULA DANÇA CLÁSSICA

Figura 134: Fluxograma Nível 690,50. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

ESCADA/ARQUIBANCADA

136


TERCEIRO ATO | Fluxograma

137

Figura 135: Perspectiva ilustrativa das fachadas ativas e área de permanência projetada para convívio. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


138

Fluxograma | TERCEIRO ATO

Figura 136: Perspectiva ilustrativa – Átrio. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Fluxograma

139

FOYER

ESCADA DE EMERG. +DML+ ELEVADOR + VEST. ALUNOS

PLATEIA

COXIA+ESCADA PASSARELA TÉCNICA

ESCADA +EL.

MANUT

ACERVO PARTITURA

PALCO

PALCO EXTERNO

COXIA

Figura 137 : Fluxograma Nível 694,00. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

URBANO TEATRO ESCOLA DE ARTES CÊNICAS

ESCADA +EL.

COXIA

PLATEIA EXTERNA ESTAÇÃO INTERMODAL + BIBLIOTECA

ESCADA EMERG.

BILHETERIA

ESC.

CENTRAL AR

FOYER

DEPÓSITO DE MOBILIÁRIO

CENTRAL AR

EL

COXIA+PIANO+ CARGA/DESC+P ORTARIA

CAFÉ

ALM

RAMPA+PRAÇA CENTRAL

ESCADA/ARQUIBANCADA

SALA DE AULA DANÇA CONTEMPORÂNEA

SALA DE AULA DANÇA CONTEMP.

LAB. DE CRIAÇÃO LAB. DE CRIAÇÃO LAB. DE CRIAÇÃO DEP

SALA DE AULA DANÇA CONTEMP.

FOYER+ BILHETERIA+ WC+ADM

ESCADA DE EMERGÊNCIA + ELEVADOR + VEST. ALUNOS

LAB. DE CRIAÇÃO

ESCADA/ ARQUIBANCADA

ÁTRIO

CAFÉ+ SANITÁRIOS

ESCADA EMERG.

RECEPÇÃO

FOYER

CINEMA+CAB. TÉCNICA

CAB. ELÉT.

SANITÁRIOS

AVENIDA AQUIDABAN + CENTRO DE CAMPINAS

CINEMA+CAB. TÉCNICA

O fluxo externo foi pensado de forma a torná-lo fluído e conectável às demais áreas urbanas, como por exemplo a biblioteca. Desse modo, foram propostas duas opções de fluxos através da praça central e pelo átrio. No átrio, os espaços foram implantados com a finalidade de atrair o pedestre por meio de salas de cinema, café e fachada ativa. Na praça central, o visitante interage com as salas de aula através de panos de vidro. O posicionamento do primeiro acesso da escola de artes cenas está atrelado com o objetivo de induzir as pessoas, usuárias da estação intermodal ou não, a adentrarem à quadra, promovendo e fortalecendo o fluxo proposto. Já o acesso do teatro se justifica pelo aproveitamento topográfico E proximidade com o Bosque dos Jequitibás.

BILHETERIA

NÍVEL 694,00


140

Fluxograma | TERCEIRO ATO

Figura 138: Perspectiva ilustrativa Café localizado no átrio (N684). Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Fluxograma

Figura 139: Perspectiva ilustrativa Café localizado no átrio (N684). Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

141


Fluxograma | TERCEIRO ATO

DEPÓSITO

COPA+ VESTIÁRIOS

DML+DEP+SER VIDOR

DEP. MÉDICO

ESC.

RECEPÇÃO

ESCADA EMERG.

CAB. TÉCNICA ESCADA EMERG.

ADMINISTRATIVO+ S. REUNIÃO+ SECRETARIA+ COORDENAÇÃO

FOYER

ESCADA DE EMERGÊNCIA + ELEVADOR + VEST. ALUNOS

MEZANINO (PLATEIA ALTA)

SALAS DE ENSAIO TEATRO

AQUE CIMEN TO

EL+ ESCADA

FIGURI NOS

VAZIO CAIXA CÊNICA COPA

EL+ESCADA EMERG+DML+DEP

VAZIO

ÁREA EXTERNA RESTAURANTE

SANITÁRIOS

SALA MULT IUSO

COZINHA+ VEST

RECEPÇÃO+ RESTAURANTE+ BAR

DANÇA ACROBÁTICA

Figura 140: Fluxograma Nível 698,00. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

EL

PRAÇA ELEVADA

SALA DE AULA TEÓRICA

O posicionamento do segundo acesso da escola de artes cenas está atrelado com o objetivo de induzir as pessoas, a adentrarem à praça elevada, promovendo um fluxo de pessoas, assim como o restaurante. Os camarins e vestiários do teatro estão localizados acima do palco externo, e seu acesso se dá através de dois blocos de escada + elevadores nas extremidades facilitando a locomoção dos artistas e figurinos até o palco. O foyer está localizado ao centro das circulações verticais, sanitários e plateia mezanino a fim de acomodar e conectar os espectadores à esses espaços de forma clara e fluída.

SANITÁRIOS

NÍVEL 697,06 e 698,00

RUA PADRE ANTONIO

142

EL+ ESCADA

CAMARINS+VESTIÁRIOS

URBANO TEATRO ESCOLA DE ARTES CÊNICAS


TERCEIRO ATO | Fluxograma

Figura 141: Sala de cinema (N684). Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

143


Fluxograma | TERCEIRO ATO

DEPÓSITO

ESCADA EMERG.

ESCADA DE EMERGÊNCIA + ELEVADOR + VEST. ALUNOS

ESCADA EMERG.

ÁREA ADMINISTRATIVA TEATRO SALAS DE AULA INDIVIDUAL

CAFÉ

ESTÚDIO DE MÚSICA+SALA DE AULA INDIVIDUAL PIANO

VAZIO

SALA MULTIUSO

EL+ESCADA EMERG+DML +DEP

VAZIO CAIXA CÊNICA

EL+ ESCADA

VEST.

CONFECÇÃO

EL+ ESCADA

SALAS DE AULA SALA DE AULA TEATRO

VAZIO

Figura 142: Fluxograma Nível 702,00. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

EL

TERRAÇO JARDIM SALA DE ENSAIO COLETIVO

As salas de aula e ensaio foram dispostas ao redor do átrio de forma a criar um fluxo fluído e interativo com as paisagens externas. Os blocos de elevador + escada de emergência + sanitários estão dispostos nas extremidades da escola a fim de facilitar e distribuir o fluxo, como também diminuir a distância do acesso até eles. O setor administrativo do teatro está localizado no nível 701,06, justamente por ser uma área restrita, de acesso controlado, priorizando assim os pavimentos inferiores a ele para o fluxo de espectadores.

SANITÁRIOS

NÍVEL 701,06 e 702,00

SALA DE ENSAIO

144

URBANO TEATRO ESCOLA DE ARTES CÊNICAS


TERCEIRO ATO | Fluxograma

145

Figura 143: Perspectiva ilustrativa – Café e área de convívio no interior da escola de artes cênicas (Nível 702,00). Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


146

Fluxograma | TERCEIRO ATO

Figura 144: Perspectiva ilustrativa – Salas de aula com janelas de vidro duplo promovem a interação do meio externo com interno, e vice-versa (Nível 702,00). Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Programa de Necessidades

7.4 Programa de necessidades

Figura 145: Tabela com programa de necessidades. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

147


148

Programa de Necessidades | TERCEIRO ATO

Figura 146: Tabela com programa de necessidades. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Programa de Necessidades

Figura 147: Perspectiva ilustrativa – acesso para nível 694,00 – cinemas/café/átrio. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

149


150

Programa de Necessidades | TERCEIRO ATO

Figura 148: Perspectiva ilustrativa – palco externo proposto para atividades culturais e de entretenimento para a população e visitantes do local (N 694). Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Programa de Necessidades

Figura 149: Tabela com programa de necessidades. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

151


152

Programa de Necessidades | TERCEIRO ATO

Figura 150: Tabela com programa de necessidades. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Programa de Necessidades

Figura 151: Tabela com programa de necessidades. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

153


154

Programa de Necessidades | TERCEIRO ATO

Figura 152: Tabela com programa de necessidades. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Programa de Necessidades

Figura 153: Perspectiva ilustrativa de sala de aula de danรงa. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

155


156

Programa de Necessidades | TERCEIRO ATO

Figura 154: Perspectiva ilustrativa – área de convívio no interior da escola de artes cênicas (Nível 702,00). Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Programa de Necessidades

Figura 155: Tabela com programa de necessidades. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

157


158

Programa de Necessidades | TERCEIRO ATO

Figura 156: Tabela com programa de necessidades. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Programa de Necessidades

Figura 157: Tabela com programa de necessidades. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

159


160

Programa de Necessidades | TERCEIRO ATO

Figura 158: Tabela com programa de necessidades. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Programa de Necessidades

161

Figura 159: Perspectiva ilustrativa – Fachada principal do teatro. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


162

Propostas térmicas e acústicas | TERCEIRO ATO

7.5 Propostas térmicas e acústicas Propostas Térmicas De acordo com a Anésia Barros, adaptar a arquitetura a um clima de uma determinada localidade, significa construir espaços adequados confortavelmente para o homem, proporcionando ambientes que possuam, no mínimo, uma temperatura amena como os espaços ao ar livre. Dentre os aspectos climáticos que caracterizam uma região, destacam-se os que mais interferem no conforto térmico das edificações:

• • • • •

alternância diária e anual da temperatura umidade relativa; quantidade de radiação solar incidente; grau de nebulosidade do céu; índices pluviométricos; sentido dos ventos

e

Entretanto, sabe-se, que a cidade de Campinas apresenta um clima tropical de altitude, caracterizado por temperaturas baixas, chuvas torrenciais de verão e pouca chuva no inverno. Deste modo, para adaptar a arquitetura do projeto ao clima local, analisou-se as temperaturas e umidades do ano anterior (2016) pelo método de Mahoney, na qual obteve as seguintes estratégicas bioclimáticas: A - IMPLANTAÇÃO Edifícios alongados, com fachadas maiores voltadas para Norte e Sul, para reduzir a exposição ao Sol. B – ESPAÇAMENTOS ENTRE AS EDIFICAÇÕES

Aumentar distâncias entre edificações para melhor ventilação, mas com possibilidade de controlar ventilação. C – VENTILAÇÃO Para obter uma ventilação cruzada permanente, as habitações devem ser dispostas em fila simples ao longo do edifício. D – TAMANHO DAS ABERTURAS 40 a 80% das fachadas Norte e Sul (ao nível do corpo das pessoas). D – TAMANHO DAS ABERTURAS 40 a 80% das fachadas Norte e Sul (ao nível do corpo das pessoas). E – POSIÇÃO DAS ABERTURAS Nas fachadas Norte e Sul, permitindo ventilação ao nível dos corpos dos ocupantes. G – PAREDES E PISOS Leves, refletoras. U ≤ 2,8 W/m²°C, Atraso ≤ 3 h, FS ≤ 4% H – COBERTURAS Leves, isolantes. U ≤ 0,85 W/m²°C, Atraso ≤ 3 h, FS ≤ 4% I – EXTERIOR DA EDIFICAÇÃO Proteger contra as chuvas.

Sendo assim, procurou-se soluções adequadas confortavelmente e que trabalhassem em conjunto com o partido arquitetônico, conforme apresentadas a seguir:


TERCEIRO ATO | Propostas térmicas e acústicas

EFEITO “CHAMINÉ”

LESTE

LAJE IMP.

ARGILA EXPANDIDA

VENTILAÇÃO CRUZADA

163

OESTE

TELHADO VERDE

VENTILAÇÃO CRUZADA

A escola possui um átrio central com vegetação que contribuirá para deixar o ambiente interno mais fresco para as práticas das atividades culturais. As salas de aula contarão também com ventilação cruzada e beirais amplos que amenizarão a incidência direta dos raios solares. Figura 160: Corte perspectivado – soluções climáticas e topográficas. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


164

Propostas térmicas e acústicas | TERCEIRO ATO

TERCEIRO ATO | Propostas térmicas e acústicas

OESTE

LESTE

VENTOS PREDOMINANTES SUDESTE

Figura 161: Implantação – Solução climática. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

151


TERCEIRO ATO | Propostas térmicas e acústicas

Conforme ilustrado na Figura 161, optou-se implantar os dois blocos seguindo o alinhamento transversal do terreno a partir do partido arquitetônico: destacar a conexão entre a biblioteca e a cidade do outro lado da Av. Aquidaban por meio do equipamento cultural. Entretanto, os blocos posicionados desta forma não seguem a estratégia bioclimática de Mahoney (Edifícios alongados, com fachadas maiores voltadas para Norte e Sul, para reduzir a exposição ao Sol). Mas sabe-se, que o posicionamento do norte levemente inclinado em relação ao terreno, indica que os raios solares leste/oeste não incidem diretamente nas fachadas maiores. Desta forma, a implantação não se torna inválida para evidenciar o partido arquitetônico, pois há a possibilidade de se trabalhar com estratégias climáticas para proporcionar um ambiente adequado ao conforto humano, como: • Nas fachadas voltadas para o interior da quadra e a rua Padre Antonio Joaquim, foram projetados brises de madeira e de correr, com ripas na vertical. Além, de beirais para proteger as fachadas em dias de chuva; • Na fachada da rua Uruguaiana foi implementado brise na horizontal de madeira para proteger os ambientes internos de raios solares ao meio dia; • A utilização de argila expandida na cobertura, tem como objetivo proporcionar um isolamento térmico e acústico, além de aliviar a sobrecarga sobre a estrutura; • O telhado verde melhora o isolamento térmico da edificação, protegendo-a contra as altas temperaturas no verão, além de ajudar a manter a temperatura interna no inverno;

• O espelho d’agua posicionado na praça central, auxiliará a amenizar a temperatura em dias de calor.

165


166

Propostas térmicas e acústicas | TERCEIRO ATO

Figura 162: Corte esquemático – Estudo de reverberação. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Propostas térmicas e acústicas

Proposta Acústica De acordo, com Régio Paniago, para tratar acusticamente um ambiente interno, deve-se atender os seguintes aspectos: • Conceder condições de audibilidade adequadas, seja através de absorções acústicas dos materiais, como piso, parede, teto e outros elementos, ou por direcionamento das reflexões internas ocasionadas pela volumetria; • Bloquear ruídos externos para não prejudicar a audibilidade interna; • Bloquear os possíveis ruídos provenientes do recinto de tal modo não prejudicar o entorno. Sendo assim, adotando os critérios acima como premissas iniciais para a proposta de acústica, temos as seguintes soluções: GEOMETRIA

Sabe-se, que a geometria interna de um ambiente corresponde em conjunto com a adequação do tempo de reverberação do espaço. Sendo assim, a plateia do teatro possui geometria em forma de leque, aproximando os espectadores do palco e proporcionando uma melhor visibilidade. ISOLAMENTO ACÚSTICO

Paredes duplas de alvenaria de bloco de concreto de 9cm, preenchidas com isolamento termoacústico em lã de rocha, totalizando a espessura da parede em 30 cm, conforme detalhe . MATERIAIS ACÚSTICOS

Para as paredes do teatro, prevê-se a instalação do revestimento Nexacustic (Figura 162) de referência marca Owa Sonex, modelo de perfuração Nex-100, com dimensões 2400mm x 400mm, acabamento em melamina amadeirado, cor roble. A sua instalação deve respeitar o sistema de amarração “tijolinho”, ou seja, com juntas desencontradas. O forro possuirá ondulações, conforme o desenho no corte BB, para auxiliar na propagação do som. Seu material será em painel acústico Nexacustic de referência marca Owa Sonex, modelo de perfuração 32, com dimensões 27400mm x 160mm, acabamento em melamina amadeirado, cor branco. A sua instalação será através de perfis metálicos em U curvado. O piso será revestido com carpete em rolo para tráfego pesado de marca referência Beaulieu, linha Berber Point 920, cor 784 – Rubi (Figura 163).

167


168

Propostas tĂŠrmicas e acĂşsticas | TERCEIRO ATO

Figura 163: Perspectiva ilustrativa do teatro. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


TERCEIRO ATO | Propostas tĂŠrmicas e acĂşsticas

Figura 164: Perspectiva ilustrativa de uma das salas de aula individual (N 702). Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

169


170

Sistema Estrutural | TERCEIRO ATO

7.5 Sistema estrutural A estrutura do projeto está dividida em três sistemas estruturais. Essa divisão foi necessária, pois cada conjunto apresenta vãos e cargas diferentes.

ESCOLA DE ARTES CÊNICAS A escola de artes cênicas possui uma malha estrutural de 10mx15m, com exceção em alguns pontos que foram necessários eixos de 5m. Por se tratar de uma construção de vãos amplos, houve a necessidade de utilizar laje alveolar protendida com altura final de 30cm (26cm altura da laje + 4cm de capeamento) apoiadas sobre vigas metálicas “I” de alma cheia. As vigas metálicas, por sua vez, estabilizam-se em pilares de concreto armado pré-moldado 15cmx40cm. O fechamento externo da edificação será através de alvenaria de bloco de concreto 14cmx19cmx39cm. A preferência por utilizar estrutura mista originou-se a partir de que pilares metálicos não possuem uma vedação acústica muito boa em relação aos de concreto, que por apresentarem volume de massa maior, absorvem mais os ruídos, além da aderência à alvenaria de bloco de concreto ser maior. Já o emprego de vigas metálicas é vantajosa para o projeto, pois pode-se vencer maiores vãos sem a necessidade de utilizar uma viga muito alta, sendo assim, a carga da estrutura e a utilização de material é menor em relação à de concreto. Ambas as estruturas possuem ótimos resultados no quesito à resistência. Nenhuma deixa a desejar ou mostra-se superior à outra, portanto, dimensionadas e executadas corretamente, fortalecem o sistema estrutural. TEATRO O teatro possui uma malha estrutural de 10mx15m, com exceção da plateia, que possui um vão livre de 30mx35m, na qual utilizou-se viga pré-fabricada em concreto protendido “T” apoiada sobre pilares de concreto armado pré-fabricado 30cmx80cm. O pré-dimensionamento da viga protendida foi realizado a partir dos conceitos estruturais de Yopanan, como por exemplo, para o vão livre de 30m utilizou-se viga com 90 cm de altura (Figura 165). No setor onde o teatro conecta com as salas de ensaio foi utilizado laje alveolar protendida com altura final de 30cm (26cm altura da laje + 4cm de capeamento) apoiadas sobre vigas metálicas “I” de alma cheia. As vigas metálicas, por sua vez, estabilizam-se em pilares de concreto armado pré-moldado 15cmx40cm. O fechamento externo da edificação será através de alvenaria de bloco de concreto 14cmx19cmx39cm.


TERCEIRO ATO | Sistema Estrutural

Pré-dimensionamento para vão de 10m e 30m

Vão 30 m

Figura 165: Tabela de pré-dimensionamento para vigas de concreto protendido “T”. Fonte: A Concepção Estrutural e a Arquitetura.

CONEXÃO TEATRO + ESCOLA DE ARTES CÊNICAS Com um vão livre de 30 m, conectando o teatro à escola de artes cênicas, foi necessário a utilização do sistema estrutural viga vierendeel com apoio em 4 pilares de concreto armado. O sistema é estruturado em suas extremidades por quatro pilares de concreto, além de conter nós de travamento a cada 4 metros. Esse tipo de estrutura é utilizado para vencer grandes vãos, e um exemplo de sua eficiência é o Museu da Memória e dos Direitos Humanos do Chile. Que possui vão livre de 51 metros.

171















REFERÊNCIAS

8.

REFERÊNCIAS

8.1 Referências Iconográficas LABORÃO, Virginia. Cultura de Campinas reacende, mas acesso de artistas a teatros é restrito. Disponível em http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/aniversario-de-campinas/2014/noticia/2014/07/cultura-de-campinasreacende-mas-acesso-de-artistas-teatros-e-restrito.html. Acesso em 28/maio/2017. RAMOS, Luciene Borges. O centro cultural como equipamento disseminador de informação: um estudo sobre a ação do Galpão Cine Horto. Dissertação de Mestrado. Escola de Ciência da Informação da UFMG, Belo Horizonte: 2007. Disponível em http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/VALA74QJRP/mestrado___luciene_borges_ramos.pdf?sequence=1. Acesso em 28/maio/2017. ANDRADE, Flavio F. A. A arquitetura como meio de comunicação. http://revistagriffe.blogspot.com.br/2007/08/arquitetura-como-meio-de-comunicao.html. 28/maio/2017.

Disponível Acesso

Panorama do Bosque dos Jequitibás. Disponível https://pt.wikipedia.org/wiki/Bosque_dos_Jequitib%C3%A1s. Acesso em 28/maio/2017.

em em em

Teatro Grego x Teatro Romano. Disponível em http://turomaquia.com/teatro-grego-x-teatro-romano/. Acesso em 28/maio/2017. SIQUEIRA, Sônia. Do Théatron grego à caixa mágica barroca. Disponível http://publicacoes.fatea.br/index.php/angulo/article/viewFile/1206/945. Acesso em 28/maio/2017.

em

Teatro Municipal "José de Castro Mendes". Disponível http://www.campinas.sp.gov.br/governo/cultura/teatros-auditorios/jose-castro-mendes.php. Acesso 28/maio/2017.

em em

172


173

REFERÊNCIAS

8.2 Referências Bibliográficas LABORÃO, Virginia. Cultura de Campinas reacende, mas acesso de artistas a teatros é restrito. Disponível em http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/aniversario-de-campinas/2014/noticia/2014/07/cultura-de-campinasreacende-mas-acesso-de-artistas-teatros-e-restrito.html. Acesso em 28/maio/2017. RAMOS, Luciene Borges. O centro cultural como equipamento disseminador de informação: um estudo sobre a ação do Galpão Cine Horto. Dissertação de Mestrado. Escola de Ciência da Informação da UFMG, Belo Horizonte: 2007. Disponível em http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/VALA74QJRP/mestrado___luciene_borges_ramos.pdf?sequence=1. Acesso em 28/maio/2017. ANDRADE, Flavio F. A. A arquitetura como meio de comunicação. http://revistagriffe.blogspot.com.br/2007/08/arquitetura-como-meio-de-comunicao.html. 28/maio/2017.

Disponível Acesso

Panorama do Bosque dos Jequitibás. Disponível https://pt.wikipedia.org/wiki/Bosque_dos_Jequitib%C3%A1s. Acesso em 28/maio/2017.

em em em

Teatro Grego x Teatro Romano. Disponível em http://turomaquia.com/teatro-grego-x-teatro-romano/. Acesso em 28/maio/2017. SIQUEIRA, Sônia. Do Théatron grego à caixa mágica barroca. Disponível http://publicacoes.fatea.br/index.php/angulo/article/viewFile/1206/945. Acesso em 28/maio/2017.

em

Teatro Municipal "José de Castro Mendes". Disponível http://www.campinas.sp.gov.br/governo/cultura/teatros-auditorios/jose-castro-mendes.php. Acesso 28/maio/2017.

em em

SILVA, Sara Maria de Andrade. O espaço da informação: dimensão de práticas, interpretações e sentidos. Informação & Sociedade: estudos, João Pessoa, v. 11, n. 1,2001. Disponível em: http://www.informacaoesociedade .ufpb.br/1110102.pdf Acesso em 28/dez/2006


REFERÊNCIAS

SALOMÃO, Carlos. A importância da informação para os profissionais da área artístico-cultural: um estudo exploratório na cidade de Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado. Escola de Ciência da Informação da UFMG, Belo Horizonte: 2004. AEROPORTO INTERNACIONAL DE VIRACOPOS. Resumo de movimentação aeroportuária de 2016. in Estatísticas e publicações. Campinas, 2017. Disponível em < http://bit.ly/Ortiz24>. Acesso em 07/10/2017.

ALBUQUERQUE, M. História da Arte e Arquitetura. 2017. Disponível em < http://bit.ly/Ortiz25>. Acesso em 01/10/2017. ALMEIDA JÚNIOR, J. S. Cartografia política dos lugares teatrais da cidade de São Paulo: 1999 a 2004. [tese de doutorado]. São Paulo: ECA/USP, 2007 BAENINGER, R. A. Espaço e tempo em Campinas: migrantes e a expansão do polo industrial paulista. Campinas, SP: UNICAMP/CMU, 1996. BRASIL. Anuário estatístico de tráfego aéreo 2015. Rio de Janeiro: CGNA/DECEA/Ministério da Defesa. 2016 Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991. [S.l.]: [s.n.], 1991. BRITO, S. Campinas é apontada como maior polo de tecnologia da AL. Correio Popular. Campinas: 21 jun 2015. Capa. p.1. CAMPINAS. Mapa de Zoneamento de Campinas. Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano. DIDC/DEPLAN/PMC. 2017. Disponível em < http://bit.ly/Ortiz26 > Acesso em 21/07/2017. Plano Diretor. Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano. DIDC/DEPLAN/PMC. 2006. Disponível em < http://bit.ly/Ortiz27 >. Acesso em 21/07/2017. Lei Complementar nº 15 de 27 de dezembro de 2006. [S.l.]: [s.n.] 2006b. Teatros e auditórios. Secretaria Municipal de Cultura. [s.d.] Disponível em < http://bit.ly/Ortiz28> . Acesso em 22/07/2017.

174


175

REFERÊNCIAS

CARDOSO, R. J. B. Inter-relações entre espaço cênico e espaço urbano. in LIMA, E. F. W. (org.) Espaço e teatro: do edifício teatral à cidade como palco. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008. DATAVIVA. Ranking de Ensino Superior em Campinas. [s.l] [s.e]. Disponível em < http://bit.ly/Ortiz29/>. Acesso em 04/10/2017. FERNANDES, A. J.; MELLO, C. L. Coberturas cenozoicas e estruturas deformadoras na Depressão Periférica Paulista, Campinas, São Paulo. In. Revista do Instituto Geológico. Nº 25. pp. 49-66, São Paulo [s.n], 2004. FREITAS NETO, J. A.; TASINAFO, C. R. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006. FUNDAÇÃO CIDADE DAS ARTES. O teatro elisabetano. Fundação Cidade das Artes [página da internet]: Rio de Janeiro, 2014. Disponível em < http://bit.ly/Ortiz36 >. Acesso em 22/10/2017. GLOBO ESPORTE. Guarani e parceira procuram terreno para construção de um novo estádio. Globoesporte.com [página da internet]: Campinas, 2015. Disponível em < http://bit.ly/Ortiz23 >. Acesso em 02/09/2017. Arena, projeto e título: Carnielli chega aos 25 anos como dirigente da Ponte. Globoesporte.com [página da internet]: Campinas, 2015. Disponível em < http://bit.ly/Ortiz33 >. Acesso em 02/09/2017. GOMBRICH, E. H. A História da Arte. 16ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

GOOGLE. Área de Intervenção. Google Maps. [mapa] 1:18.000. Disponível em < http://bit.ly/Ortiz30 > Acesso em 26/08/2017. HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções: 1789-1848. 32. ed. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2013. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (2011). Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE. Arranjos populacionais e concentrações urbanas no Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE/Coordenação de Geografia, 2016.


REFERÊNCIAS

Cidades. Campinas/SP. [s.d.] Disponível em < http://bit.ly/Ortiz31 > Acesso em 07/09/2017. INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA http://bit.ly/Ortiz10> Acesso em 06/10/2017.

Gráficos

climatológicos.

[s.d.b]

Disponível

em

<

Normais Climatológicas do Brasil 1961-1990. [s.d.c.] Disponível em < http://bit.ly/Ortiz10> Acesso em 06/10/2017 MARTINS, M. B. Encenação em jogo: experimento e aprendizagem e criação do teatro. São Paulo: Hucitec, 2004. MATE, A. O Renascimento na Itália. História do teatro mundial. Laboratório – Portal Teatro Sem Cortinas [página da internet]: Araraquara, [s.d.] Disponível em < http://bit.ly/Ortiz35 >. Acesso em 18/10/2017. OLIVEIRA, D. S. (2015). As regras do jogo: o marco regulatório do capital estrangeiro no Brasil. Campinas [s.n.]. PAVIS, P. A análise dos espetáculos: teatro, mímica, dança, dança-teatro, cinema. São Paulo: Perspectiva, 2005. PEREIRA, J. R. A. Introdução à História da Arquitetura: das origens ao século XXI. Porto Alegre: Bookman, 2010

PIGNARRE, R. Historia del teatro. Buenos Aires: Editorial Universitaria de Buenos Aires, 1962. PROENÇA, G. A História da Arte. São Paulo: Ática, 2000 SANTOS, A. S. Lugares esquecidos: duas experiências com o ensino do teatro a partir da apropriação dos espaços não convencionais para a cena. [monografia]. Salvador: UFBA, 2015. SANTOS, M. A urbanização brasileira. 5. ed. São Paulo, SP: Edusp, 2005 SÃO PAULO. Lei nº 12.268, de 20 de fevereiro de 2006. [S.l.]: [s.n.] 2006.

176


177

REFERÊNCIAS

SIQUEIRA, S. Do Théatron grego à caixa mágica barroca. in Ângulo. Out/13-dez/13 (135), pp. 68-79. Lorena: Publicações FATEA, 2013. STURM, A. Não é difícil levar o público à cultura, o desafio é criar programas culturais. O Estado de São Paulo, São Paulo, 31 out 2016. Cultura, Caderno C, p.3. SUMMERSON, J. A Linguagem Clássica da Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999 TOPOGRAPHIC-MAP. Mapa topográfico da área de intervenção. Google Maps. [mapa] 1:20.000. Disponível em < http://bit.ly/Ortiz32>. Acesso em 02/09/2017. URSSI, N. J. A linguagem cenográfica. [dissertação de mestrado]. São Paulo: ECA/USP, 2013. ZILIO, D. T. A evolução da caixa cênica: transformações sociais e tecnológicas no desenvolvimento da dramaturgia e da arquitetura teatral. in Pós. jun/10 Vol. 17 (27). São Paulo: FAU/USP, 2010. PEREIRA, J. R. A. Introdução à História da Arquitetura: das origens ao século XXI. Porto Alegre: Bookman, 2010 PIGNARRE, R. Historia del teatro. Buenos Aires: Editorial Universitaria de Buenos Aires, 1962. PROENÇA, G. A História da Arte. São Paulo: Ática, 2000 SANTOS, A. S. Lugares esquecidos: duas experiências com o ensino do teatro a partir da apropriação dos espaços não convencionais para a cena. [monografia]. Salvador: UFBA, 2015. SANTOS, M. A urbanização brasileira. 5. ed. São Paulo, SP: Edusp, 2005 SÃO PAULO. Lei nº 12.268, de 20 de fevereiro de 2006. [S.l.]: [s.n.] 2006. SIQUEIRA, S. Do Théatron grego à caixa mágica barroca. in Ângulo. Out/13-dez/13 (135), pp. 68-79. Lorena: Publicações FATEA, 2013. STURM, A. Não é difícil levar o público à cultura, o desafio é criar programas culturais. O Estado de São Paulo, São Paulo, 31 out 2016. Cultura, Caderno C, p.3.


REFERÊNCIAS

SUMMERSON, J. A Linguagem Clássica da Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999 TOPOGRAPHIC-MAP. Mapa topográfico da área de intervenção. Google Maps. [mapa] 1:20.000. Disponível em < http://bit.ly/Ortiz32>. Acesso em 02/09/2017.

URSSI, N. J. A linguagem cenográfica. [dissertação de mestrado]. São Paulo: ECA/USP, 2013. ZILIO, D. T. A evolução da caixa cênica: transformações sociais e tecnológicas no desenvolvimento da dramaturgia e da arquitetura teatral. in Pós. jun/10 Vol. 17 (27). São Paulo: FAU/USP, 2010.

178


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.