FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE. Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração.
José Manuel Pagés Sánchez Dissertação/Projecto para obtenção do Grau de Mestre em ARQUITECTURA
Orientadores Científicos: Orientador: Professor Doutor José Aguiar Co-orientador: Arquitecto António Pedro Pacheco JÚRI presidente: vogais:
DOUTOR JOSÉ CÁBIDO DOUTOR JOÃO PEDRO COSTA Doutor José Aguiar ARQUITECTO António Pedro Pacheco
Lisboa, FAUTL, Outubro, 2011
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
José Manuel Pagés Sánchez (Licenciado) Dissertação/Projecto para obtenção do Grau de Mestre em ARQUITECTURA Orientadores Científicos: Orientador: Professor Doutor José Aguiar Co-orientador: Professor Arquitecto António Pedro Pacheco
Júri: Presidente: Doutor José Cabido Vogais: Doutor João Pedro Costa Doutor José Aguiar Arquitecto Pedro Pacheco
Lisboa, FAUTL, Outubro de 2011
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
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À minha mãe por ter ajudado sempre, Ao meu pai por ter ajudado mais do que eu gostaria, mas menos do que ele desejaria, Ao meu irmão por ter oferecido sempre uma visão diferente dos problemas, À Sílvia por ter sido um apoio fundamental dentro e fora da vida académica, À Paula por ter ajudado a melhorar o meu português, Aos meus orientadores por terem-me guiado ao longo deste último ano académico, Aos que ajudaram a longo dos últimos cinco anos, e aos que não por terem servido de motivação para levar à frente esta empresa.
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
V
I.Resumo As relações entre cidade e rio, através dos espaços portuários, constituem uma constante no decorrer da evolução urbana nos diversos contextos culturais e históricos. As questões apresentadas na presente dissertação tencionam abordar a relação cidade-rio e os problemas que a afectam. O objectivo principal é a definição de uma estratégia de intervenção a nível urbano para poder melhorar esta relação, assim como a definição do papel que podem ter os equipamentos públicos culturais como elementos centrais de regeneração do espaço e conexão. Face a compreensão destas relações cidade-rio apresenta-se uma pesquisa no âmbito teórico, onde o estudo dos waterfront e a evolução do papel dos portos até as suas actuais configurações, são elementos fundamentais. Desenvolveu-se uma pesquisa e análise de três casos de estudo relacionados com a recuperação de waterfronts: Barcelona, Bilbau e Hamburgo. Concluiu-se que existe uma tendência a reservar estas zonas para espaço público, que a função cultural tem uma forte presença, sendo imprescindível a coordenação entre as diversas entidades participantes. Na escala referida ao equipamento cultural como elemento de ligação, foram analisados mais três casos de estudo: Os waterfronts urbanos Seattle Olympic Sculpture Park, Plataforma Tejo, e o Centro Cultural de Belém. Na análise destes projectos constata-se que os equipamentos culturais com espaços públicos elevados têm resultados muito positivos na ligação cidade - waterfront, e propiciam o aumento de fluxos de utentes do espaço público na frente de água. Para perceber a situação de Lisboa, foi feita uma pesquisa histórica e avaliou-se o problema da barreira existente que separa a cidade do Tejo; ao mesmo tempo, ao analisar a malha urbana, constatou-se a existência de vazios urbanos adjacentes à dita barreira. Finalmente a dissertação propõe uma estratégia urbana baseada numa intervenção nos vazios existentes. Neste caso o equipamento cultural associado ao espaço público funcionará como elemento fundamental dentro do sistema de ligações da Frente Ribeirinha. Este conceito será a base do desenvolvimento do projecto. A conclusão principal é a percepção de possíveis estratégias de intervenção no waterfront e formas de melhorar a relação cidade-rio.
Palavras-chave: frente ribeirinha, waterfront, vazio urbano, porto, equipamento, cultura.
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
VII
II. Abstract The problems concerning the relation city-river, repeat themselves along the urban evolution in different cultural and historical contexts. The issues here presented attempt to deal with the relation city-river, and several of the problems that affect this relation both in a local and global context. The main goal is to define an urban strategy of intervention that seeks to improve the city-river relations. The other main goal is to define the role that cultural public facilities can play as main elements in the regeneration and connection of space. Intending to understand the city-river relations, a theoretical research is presented. In this research the waterfront relations and the evolution of the role of the port through its current situation are key elements. A research and analysis is made, based on three study cases that deal with waterfront interventions: Barcelona, Bilbao and Hamburg. The conclusion was that there is a tendency to preserve these areas to public space that the cultural role has a strong presence, and that it is crucial the coordination between the several entities participating. In the other scale, referring to cultural facilities, three waterfront study cases that work as connecting elements between the city and the waterfront were analyzed: Seattle Olympic Sculpture Park, Plataforma Tejo and the Centro Cultural de Belém. In the analysis made it is noted that the cultural facilities that integrate in the project the elevated public space have very positive results to connect the two realities. These same cultural facilities also cause an increase of user fluxes of the public space in front of the water.
To fully understand the case of Lisbon, a historical research was made, and the barrier problem that separates the city from the Tejo was detected. At the same time by analyzing the urban fabric, several urban voids adjacent to the barrier were founded.
Finally an urban strategy based on the intervention in the existing voids is proposed. In this case the cultural facilities together with the public space will work as a key element in the network of connecting spaces with the waterfront.
The main conclusion is the creation of possible waterfront intervention strategies, and the way to improve the city-river relation.
Key-words: riverfront, waterfront, urban voids, port, cultural facilities.
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
IX
INDICE I.Resumo Português
V
II.Abstract Inglês
VII
III.Indice
IX
IV.Indice de imagens
XI
1.Introdução
1
2. Processo e metodologia da dissertação
7
2.1. Enquadramento
9
2.2. Hipóteses
9
2.3. Objectivos
10
2.4 Metodologia
10
3. Estado da Arte
13
3.1. Introdução
15
3.2. O problema da frente Ribeirinha
18
3.2.1. Evolução da relação da cidade com o porto
18
3.2.2. Fases da relação cidades e rios
20
3.2.3. Fases da relação da cidade e porto
21
3.2.4. Processos na formação da Frente Ribeirinha Industrial
24
3.3. Casos de estudo ao nível da estrutura urbana de waterfront: estratégias globais e resultados 3.3.1 Apresentação e explicação dos diversos casos de estudo 3.3.2 Diferentes modelos de waterfront 3.3.3. Casos de estudo: Barcelona, Bilbau, Hafencity Hamburgo a) Barcelona
27 27 30 34 36
b) Bilbau
40
c) Hafencity Hamburgo
46
3.3.4. Conclusões parciais
53
3.3.5. Projectos de edifícios e espaços públicos no waterfront: Casos de estudo de referência 3.3.5.1 O espaço público elevado como alternativa 3.3.5.2. Apresentação dos casos de estudo
54 54 55
a) Seattle Olympic Sculpture Park
56
b) Plataforma Tejo, Lisboa
59
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X
c) Centro Cultural de Belém, Lisboa 4. O caso de Lisboa: a frente ribeirinha e o efeito barreira
62 67
4.1. Enquadramento histórico
69
4.2. Análise do estado actual
72
4.3. O problema da barreira
76
4.4. Os planos de actuação na Frente Ribeirinha
79
4.4.1. Plano geral de intervenções na frente ribeirinha de Lisboa 4.5. Possíveis cenários futuros
82
4.6. O porto na cidade. Questões remanescentes
89
5. Vazios urbanos na frente ribeirinha
86
93
5.1. Os vazios urbanos em malhas portuárias
95
5.2. Descrição dos vazios na faixa portuária lisboeta
96
5.3. Estratégia urbana. Os vazios como pontos de ligação da
100
cidade com o porto e com o Tejo 6. Conclusões possíveis e bases para um projecto
105
7. Bibliografia
113
8. Anexos
125
8.1 Fotografias maquetas 8.2 Paineis Finais
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XI
Ilustração
Página
IV. Índice de imagens
Título
1
3
Capricho con río y puente
Bernardo Bellotto . Museo Thyssen-Bornemisza, Madrid.
2
3
Imagem aérea de Roterdão.
http://www.xpat.nl/xpat_journal/b ack_issues_xpat_journal/xpat_jour nal_issue_autumn2010
3
4
Brownfield em S Francisco,USA.
http://www.swrcb.ca.gov/rwqcb2 /brownfields.shtml
4
4
Imagem do porto de Lisboa e o rio Tejo em Alcântara.
Http://3.bp.blogspot.com/_aaDwVQNnig/TM3rnxtn3kI/AAAAAAAAAqo/UQ hDmc_QP38/s1600/Porto_de_Lisboa_ %282%29.jpg
5
15
Capa da publicação "Cidades e rios.Perpectivas para uma relação sustentável ".
M Graça Saraiva
6
15
Capa da publicação "City and port".
Han Meyer
7
15
Capa da tese de doutoramento.
J.P. Costa
8
16
Capa da dissertação de Mestrado.
João M Vieira Alves
9
16
Capa da publicação "Cidade portuária.O porto e as suas constantes mutações".
FJ Guimarães
10
18
Porto industrial de Antuérpia.
http://www.planetware.com/pictu re/antwerp-international-port-bb193.htm
11
18
Porto pesqueiro da Corunha. Vista geral.
http://www.superstock.co.uk/stoc k-photos-images/1566-293543
12
18
Vista geral do porto de Singapura.
http://www.panoramio.com/photo /30993695. Autor: Joan Felip
13
19
Poluição no porto de Alicante.
http://objetivoalicante.laverdad.es /fotos-ian-paul-harrington/felizsucio-puerto-alicante-empieza228615.html
14
19
Vista geral do porto industrial de Bilbau.
http://museovascodelaindustria.co m/museovasco/documents/puerto _industrial.jpg
15
20
Alegoria do rio Tejo, de Alexandre Gomes, na Avenida da Liberdade de Lisboa.
Fotografia do autor
De / autor/fonte
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XII
16
20
Barcos à descarga no Douro.
17
20
Estudo para a regularização dum rio. Leonardo da Vinci.
18
21
Regularização do rio Segura-Murcia (Espanha).
Em: Saraiva (2010) op-cit. Pag.22
19
21
Rio Tietê em São Paulo.
Em: Saraiva (2010) op-cit. Pag.22
20
21
Rio Isar (Baviera) renaturalização.
21
21
Combóio de transição de carga, no porto de Antuérpia, ano 1877.
Em Guimarães (2006) op.cit.,Pag.65
22
22
Porto entreposto: porto dentro da cidade; as mercadorias são armazenadas e comerciadas na própria cidade; o cais é um espaço público da cidade; até meados do século XIX.
Meyer,H. “City and Port” Pagina 23
23
22
Porto de trânsito: porto ao lado de uma cidade aberta; o fluxo de mercadorias passa pela cidade; começa a separação entre a cidade e o porto; a partir do final do século XIX.
Meyer,H. “City and Port” Pagina 23
24
22
Porto industrial ao lado da cidade funcional; ambos como realidades autónomas; as mercadorias são processadas na área portuária; a partir de meados do século XX.
Meyer,H. “City and Port” Pagina 23
25
23
Porto de distribuição e cidades em rede; o porto é redescoberto pela cidade como parte da paisagem urbana; a cidade é redescoberta pelo porto como potencial centro para organização logística e de comunicações.
Meyer,H. “City and Port” Pagina 23
26
23
Fotografia de Lisboa por satélite.
http://www.jornallivre.com.br/311 967/tudo-sobre-a-maior-cidade-deportugual-lisboa-.html
27
23
Porto de Shanghai
http://fscompass.en.made-inchina.com/product/kojmQTdwAShf /China-Shipping-From-Any-Port-inChina-to-Felixstowe-UK.html
28
27
Vista aérea de Boston.
http://www.leadersinstituteteamb
depois
Pintura do Mestre Joaquim Lopes, Stand promocional Casa do Douro, 1934, na I Exposição Colonial Portuguesa. Porto
da
sua
Em: Saraiva (2010) op-cit. Pag.23
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XIII
uilding.com/wp-content/ uploads/2010/06/boston1.jpg 29
27
Vista aérea de Piers de Nova Iorque.
http://newyorkpalace.blogspot.co m/2010/07/pic-informationbattery-park-new-york.html
30
28
Isle of Dogs.
http://mw2.google.com/mwpanoramio/photos/medium/15120 370.jpg
31
28
Kop Van Zuid – Roterdão.
http://www.eropuit.nl/uitje/stede n-en-dorpen/Wilhelminapier KopvanZuid/id/17999/
32
28
Vista aérea de Génova.
http://upcommons.upc.edu/reviste s/html/2099/555/art03-2b.gif
33
28
Vista aérea área portuária de Barcelona.
http://www.barcelonayellow.com/ bcn-transport/193-cruise-shipterminals
34
30
Vista aérea de Isle of Dogs. Londres (gentrification).
http://t3.gstatic.com/images?q=tb n:ANd9GcTxnhZRlVm4wDoib9_vnAM2NbCJ4U1JKx pRoZ2yLM9GsS2Qmit
35
30
Casas Borneo Sporenburg.
west8.nl
36
31
Vista parcial do porto de Génova
http://www.ukeuropeviews /Pisa_Genova.html
37
31
Vista aérea de Borneo Sporenburg. Amesterdão.
Architectureweek.com
38
32
Vista aérea do porto de Génova.
http://www.portoantico.eu/intern a_eng.asp?idpage=chisiamo_eng&s ezione=chisiamo
39
32
Belém – Alcântara. Porto de Lisboa.
Foto do autor
40
32
Ópera de Oslo. At. Snohetta.
http://www.royalacademy.org.uk/ exhibitions/thearchitecturespace/p ast-exhibitions/snohettaworks,286,RAL.html
41
33
Vista geral de Copenhagen.
Architectureweek.com
42
35
Vila Olimpica de Barcelona.
Em Nuno Portas, op cit.
43
35
Barcelona e o seu porto. 1806.
Meyer (1996) op.cit. pag. 127
44
35
Barcelona e o seu porto-séc.XIX
Meyer (1996), op.cit. pag.136
45
36
Port Vell, porto olímpico e Barceloneta.
google earth
46
37
Barcelona, Moll da Fusta e P.Colom, anos 70. O mesmo local na actualidade
Meyer (1996), op.cit. pag.114 e fotografia do autor
47
37
Vista geral do Moll da Fusta, na
Fotografía do autor
.com
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XIV
actualidade.
48
37
Viista geral do Passeig de Colom. 1995.
Meyer (1996), op.cit. pag.114
49
38
Vsta aérea da sequência e hierarquia de mobilidades no Passeig de Colom, na actualidade
Fotorgrafia do autor
50
38
Port Vell de Barcelona desde o Miradouro do monumento a Colombo
Montagem e fotografia do autor
51
39
Planta geral do projecto oara Passeig de Colombo e Moll de la Fusta.
Meyer (1996), op.cit. pag.155
52
39
Planta geral do projecto litoral de Barcelona.
Meyer (1996), op.cit. pag.171
53
40
Bilbau e a Ria Planta antiga.
Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.5
54
40
Ria de Bilbau. 1970.
Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.10
55
40
Ria de Bilbau. Anos 80.
Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.31
56
41
Efeitos das cheias do ano 1983.
Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.15
57
41
Ria de Bilbau. 1970.
Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.26
58
41
Fotografia satélite da cidade de Bilbau e a sua Ria.
google earth com
59
42
A Ria de Bilbau hoje (acima) e em 1992 (baixo).
Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.31 -29
60
42
Fotografia aérea da cidade de Bilbau e a sua Ria.
Google earth
61
43
Ria de Bilbau antes e depois da operação de revitalização.
Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.35
62
43
Bilbau Ria 2000.
http://1.bp.blogspot.com/_g9b7QS lvmzM/TKlFohbvm_I/AAAAAAAAA Rs/ID4DQSzqAjE/s1600/Bilbao.jpg
63
44
Novo aeroporto de Bilbao.
Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.50
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XV
64
44
Imagens do metro de Norman Foster.
Catálogo Bilbao 25 hitos. Shanghai Ed Ayuntamiento de Bilbau, 2010,pag.62-63
65
44
Ponte do Padre Arrupe.
Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.44
66
44
Ria de Bilbau. Espaço público recuperado na margem rfibeirinha
1992 De: Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.41
67
45
Museu Guggenheim. Arqto. F. Gehry.
http://upload.wikimedia.org/wikip edia/commons/d/de/Guggenheimbilbao-jan05.jpg
68
45
Universidade Pública do País. VascoArquitecto Álvaro Siza.
http://www.dezeen.com/2010/12/ 02/paraninfo-de-la-universidaddel-pais-vasco-by-alvaro-siza/
69
45
Universidade de Deusto. Arq Rafael Moneo.
Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.122
70
47
Bombardeamentos Mundial.
http://www.superstock.com/stockphotos-images/1895-46629
71
47
Hafencity - Hamburgo 23-03-2007.
google-earth
72
49
Hafencity - Hamburgo 23-03-2007 .
google-earth
73
50
Vista aérea Hamburgo.
74
50
Terminal de contentores. Porto de Hamburgo.
http://wallres.saiswa.com/post.14 51652.php
75
50
Vista aérea actual de HafenCity.
http://www.hafencity.com/en/ove rview/hafencity-the-genesis-of-anidea.html
76
51
Vista aérea actual de HafenCity.
http://v5.cache5.c.bigcache.google apis.com/static.panoramio.com/ph otos/original/52626612.jpg?redirec t_counter=2
77
51
Vista aérea actual de HafenCity.
https://presse.hafencity.com/detail s.php?image_id=1346&sessionid=2 379352b49f683dbf039f63f5df6dab f&l=english&sessionid=2379352b4 9f683dbf039f63f5df6dabf
78
52
Novos espaços urbanos de Hafen City.
http://v3.cache4.c.bigcache.google apis.com/static.panoramio.com/ph otos/original/13928481.jpg?redirec t_counter=2
79
52
Hafencity Hamburgo Perspectiva geral.
http://presse.hafencity.com/details .php?image_id=1364&sessionid=85 7f1b0aa2a29f3d77643828a385325 0&l=english&sessionid=857f1b0aa2 a29f3d77643828a385325
actual
da
do
II
Guerra
porto
de
http://www.hamburg-portauthority.de/en/duties-of-thehpa/port-strategy.html
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
XVI
80
53
Novos espaços urbanos de HafenCity.
http://presse.hafencity.com/details .php?image_id=1074&sessionid=69 e7c2f1bf34909c88a864e3937706d 9&l=english&sessionid=69e7c2f1bf 34909c88a864e3937706d9
81
53
Novos espaços urbanos de HafenCity.
AAVV.(2010) Hafencity projects, pag 41.
82
55
Seattle. Imagem geral.
Bingmaps
83
55
Plataforma Tejo. Arq. Ressano Garcia.
http://4.bp.blogspot.com/_ jqUutYJeb_c/S68-kL62xVI/AAA AAAAADDI/1ZEi97uClyI/s1600/Ima gem+virtual+da+Plataforma+Tejo.j pg
84
55
Centro Cultural Gregotti-Salgado.
Fotografia do autor
85
55
Seattle, antes e depois do ano 1972.
http://www.worldarchitecturenew s.com/index.php?fuseaction=wana ppln.projectview&upload_id=1228 7
86
56
Vista aérea geral
http://www.topboxdesign.com/tag /seattle-art-museum-olympicsculpture-park/
87
56
Planta geral do Master Plan.
http://www.artnet.com/ magazineus/ reviews/mandarino/mandarino213-07_detail.asp?picnum=3
88
56
Vista geral
http:// www.weissmanfredi.com /projects/seattle-art-museumolympic-sculpture-park.php
89
57
Vista aérea de Seattle, 2002.
google earth
90
57
Vista aérea de Seattle, 2002.
google earth
91
58
Vista aérea de Seattle,2007.
google earth consultado
92
59
Pormenor de Sculpture Park
http://www.artnet.com/ magazineus/reviews/mandarino/m andarin
93
59
Pormenor da escadaria de Sculpture Park:
http://www.artnet.com/ magazineus/reviews/mandarino/m anda
94
60
Vista desde satélite da Doca de Rocha Conde d’Óbidos.
Bing map
95
61
Render da proposta para a Doca de Rocha Conde d’Óbidos.
http://www.ressanogarcia.com/?lo p=conteudo&op=a87ff679a2f3e71 d9181a67b7542122c&id=c4ca4238 a0b923820dcc509a6f75849b
96
62
Render da proposta para a Doca de Rocha Conde d’Óbidos.
http://www.ressanogarcia.com/?lo p=conteudo&op=a87ff679a2f3e71 d9181a67b7542122c&id=c4ca4238
de
Belém.
Arqto
Hamburg
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
XVII
a0b923820dcc509a6f75849b 97
63
Vista aérea do CCB desde o Padrão dos Descobrimentos
http://www.risco.org/pt/02_10 _ccb.html
98
63
Maquete da proposta do concurso para o CCB. Gregotti-Salgado.
http://www.risco.org/pt/02_10_cc b4e5.html
99
63
Vista actual do CCB desde o ángulo nord-oriental.
Fotografia do autor:
100
63
Vista aérea do sector do CCB.
Google earth
101
64
Vista da entrada desde a Praça do Império.
Fotografia do autor
102
64
CCB. Corredor central.
Fotografia do autor
103
64
CCB- Volumetria no encontro da rampa Norte com corredor central.
Fotografia do autor
104
65
Jardins elevados na fachada sul, virando à frente ribeirinha.
Fotografia do autor
105
65
CCB. Fachada Sul.
Fotografia do autor
106
65
Jardins do corpo Sul do CCB.
Fotografia do autor
107
69
Núcleos no Vale do Tejo no final da Idade do Ferro.
Guillermo Sven Regher Díez, op cit pag
108
69
Torre de Belém. Actos de despedida aos navios da Marinha.
Guillermo Sven Regher Díez, op cit pag
109
69
Vista de Lisboa e Belém desde o rio Tejo1650.
Guillermo Sven Regher Díez, op cit pag
110
69
Alegoria do terremoto de Lisboa-1755.
http://palimpsestosjf.blogspot.com/2009/07/oterremoto-de-lisboa-1755-eseu.html
111
70
Lisboa 1826 antes dois aterros.
Bellem Belém Reguengo da Cidade. Arquivo Municipal
112
70
Torre de Belém. Actos de despedida aos navios da Marinha.
Bellem Belém Reguengo da Cidade. Arquivo Municipal.
113
70
Frente do rio Tejo : 1871 e hoje em dia.
Rev.Arquitectura nº 137-1980.pag
114
71
Vista aérea da Doca de Alcântara. 2005.
http://www.portodelisboa.pt/port al/page/portal/PORTAL_PORTO_LIS BOA/GALERIA_MULTIMEDIA/PORT O_LISBOA/GALERIA
115
71
Vista aérea da Doca de Alcântara. 2005
http://www.portodelisboa.pt/p ortal/page/portal/PORTAL_POR TO_LISBOA/GALERIA_MULTIME DIA/PORTO_LISBOA/GALERIA
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
XVIII
116
71
Planta geral do projecto das grandes obras do Porto de Lisboa da autoria de Adolpho Loureiro (1888), segundo decreto do ministro das Obras Públicas Emigdio Navarro, executadas e exploradas pelo empreiteiro Hersent.
http://www.portodelisboa.pt/port al/page/portal/PORTAL_PORTO_LIS BOA/GALERIA_MULTIMEDIA/PORT O_LISBOA/GALERIA
117
73
Sector portuário no rio Trancão.
http://www.portodelisboa.pt/port al/page/portal/PORTAL_PORTO_LIS BOA/GALERIA_MULTIMEDIA/PORT O_LISBOA/GALERIA
118
73
Torre de Belém.
Fotografia de autor
119
73
Espaço verde na Frente Ribeirinha, na zona da Cordoraria.
Fotogrrafia do autor
120
74
Vista aérea da área portuária de Lisboa.
Google earth
121
75
Armazéns recuperados para actividades lúdicas em Santos.
Fotografia do autor
122
75
Estaleiro naval em Santos.
Fotografia do autor
123
75
Armazéns abandonados no aterro de Santos.
Fotografia do autor
124
75
Edifícios admisntrativos da EU.
http://amigosdobotanico. blogspot.com/2008/07/carta-aoporto - de-lisboa-desilusocom.html
125
76
Zona Expo’98. Estado actual.
http://sousenhorademim.files.wor dpress.com/2009/09/parquedasna c3a7oes.jpg
124
75
Museu de Oriente na área de Alcântara.
Fotografia do autor
125
76
Armazens recuperados para actividades lúdicas em Santos.
Fotografia do autor
126
76
Estação de Cais Sodré.
http://luis363.blogspot.com/2010/ 04/linha-de-cascais-viagemilustrada-ao.html
127
76
Estação de Pedrouços e existente sobre a barreira.
128
76
Estação de Santa Apolónia.
Fotografia do autor
129
77
Barreira Avenidas da Índia e Brasil e linha de Cascais.
Fotografia do autor
130
77
Av. 24 de Julho.1912.
http://www.origens.pt/explorar/do c.php?id=4294
131
77
Barreira Cais Sodré-Alcântara.
Google earth
132
77
Barreira Alcântara-Belém.
Google earth
133
77
Barreira Belém- Algés.
Google earth
134
78
Barreira Cais Sodré-Alfama.
Google earth
135
78
Barreira Cais Xabregas.
Google earth
pasarela
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
XIX
136
78
Barreira Marechal Gomes da Costa.
Google earth
137
78
Aterros de Santos e Alcântara barreiras infra-estruturais.
138
79
Praça do Império na altura da Exposição de 1940.
Bellem Belém Reguengo da Cidade. Arquivo Municipal
139
79
Capa da publicação do concurso de idéias “Lisboa: a cidade e o rio”1983.
AAVV
140
79
Concurso ”A cidade e o Rio” 1983. Proposta vencedora no tem livre, arqtos. Carlos Marques, Rosa Silva e José Aguiar.
AAVV
141
80
Planta do PDM de Lisboa em 1992.
http://pdm.cm-isboa.pt/img/1992_ Planta_Web.jpg
142
80
Passarela de Manuel Tainha, arq. Belém.
Fotografia do autor
143
80
Planta do plano de Alcântara XXI
http://www.fvarq.com/
144
81
Maqueta do plano de Alcântara XXI
http://www.fvarq.com/
145
81
Plano Urbanização de Alcantara, de Manuel Sá Fernandes.
http://ulisses.cmlisboa.pt/data/002 /004/index.php?ml=1&x=alcantara. xml
146
86
Projecto para a Ribeira das Naus. PROAP.
www.proap.com
147
86
Renders no projecto para a Ribeira das Naus.
www.proap.com
148
86
Renders no projecto para a Ribeira das Naus.
www.proap.com
150
87
Render do projecto para Museu dos Coches. Mendes da Rocha e Bak Gordon.
http://www.frentetejo.pt/38/novomuseu-dos-coches.htm
151
87
Projecto para nova terminal cruzeiros. Carrilho da Graça.
de
http://jlcg.pt/lisbon_cruise_termin al
152
87
Render do projecto para nova terminal de cruzeiros, desde o interior. Carrilho da Graça.
Http://jlcg.pt/lisbon_cruise_termin al
153
87
Render do projecto para nova terminal de cruzeiros, desde Alfama. Carrilho da Graça.
http://jlcg.pt/lisbon_cruise_termin al
154
88
Projecto para Braço da Prata. Renzo Piano.
http://www.rpbw.com
155
88
Plano de pormenor da Matinha
http://lxprojectos.blogspot.com/2008/09/p lano-de-pormenor-damatinha.html
156
88
Alçados do projecto para Braço da Prata. Renzo Piano.
http://lx-projectos.blogspot. com/2008/09/plano-de-pormenorda-matinha.html
157
89
Planta geral do projecto para Centro Champalimaud, Charles Correa.
http://www.fchampalimaud.org/ home/
e
Google earth
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
Centro
XX
158
89
Render do projecto para Champalimaud, Charles Correa.
http://www.fchampalimaud.org/ home/
159
90
Vista aérea de Lisboa e o Tejo.
http://www.portodelisboa.pt/ portal/page/portal/PORTAL_PORT O_LISBOA/GALERIA_MULTIMEDIA/ PORTO_LISBOA/GALERIA
160
96
Brownfield em Alcântara.
http://amaquinadosmiudos.blogsp ot.com/2010_05_01_archive.html
161
97
Vazios urbanos
Fotografia tratada pelo autor
162
97
Projecto de Jean Nouvel para Alcântara.
http://www.jeannouvel.com/englis h /preloader.html
163
97
Projecto de Jean Nouvel para Alcântara.
http://www.skyscrapercity.com/showt hread.php?t=441227
164
97
Render do projecto para a EDP Aires Mateus.
http://lxprojectos.blogspot.com/2008/10/s ede-da-edp.html
165
98
Render do projecto para a EDP Aires Mateus.
http://lxprojectos.blogspot.com/2008/10/s ede-da-edp.html
166
101
Espaço de recreio Frederik Hendrik plantsoen 1949.
Em: Aldo van eyck : works
167
101
Área de espaços para jogos. Nieuwmarkt.
Em: Aldo van eyck : works
168
101
Espaços públicos e de jogos na rua dijtstraat.1954.
Em: Aldo van eyck : works
169
102
“Esto no es un solar.” Zaragoza
http://estonoesunsolar.wordpress. com/
170
102
“Esto no es un solar.” Zaragoza. Detalhe de zona de jogos
http://estonoesunsolar.wordpress. com/
171
102
“Esto no es un solar.” Zaragoza. Detalhe de zona de jogos
http://estonoesunsolar.wordpress. com/
172
107
Palacio Euskalduna, Bilbau.
http://pt.urbarama.com/project/p alacio-euskalduna
173
107
Passeio na frente ribeirinha em Bilbau.
Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010
174
108
Seattle Olympic Sculpture Park, conexão com o waterfront.
http://www.worldarchitecturenew s.com/index.php?fuseaction=wana ppln.showprojectbigimages&img=1 &pro_id=12287
175
108
Lisboa, zona de Alcântara –Belém
http://www.trekearth.com/ gallery /Europe/Portugal/South/Lisboa /Lisbon/photo946570.htm
176
108
Lisboa, imagem aérea da zona de Alcântara –Belém
Google earth
177
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Passarela de conexão com o rio Tejo.
Fotografia do Autor
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
XXI
178
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Imagem satélite vazio urbano, entre o CCL e a Cordoaria
Google earth
179
110
Projecto do autor
180
110
Planta geral da intervenção no vazio urbano. Esquema do espaço público do projecto.
181
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Planta de coberturas do projecto, do espaço publico elevado
Projecto do autor
Projecto do autor
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
1.Introdução 1
1.Introdução
2
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
1.Introdução O processo de humanização do território sempre dependeu da estruturação de redes de caminhos que iam ligando pontos cruciais. Os rios como caminhos naturais e fornecedores do elemento vital “água”
constituíram-se
como
pontos
fundamentais
neste
ordenamento progressivo. Desde há milénios, tal como hoje, este foi um dos modos de consagração da relação entre água, rios e assentamentos.
Ilustração 1. Bernardo Bellotto Capricho con río y puente. Museo ThyssenBornemisza, Madrid.
Este processo ganhou complexidade através do crescimento dos aglomerados ribeirinhos e das funções inerentes a tal relação com o rio, na qual os portos introduziram elementos de união/desunião. Uma das características deste processo foi a ocupação sucessiva de solo em larga escala, nalguns casos à custa da depredação e pressão excessiva sobre o mesmo e sobre o território.
Fruto da realidade atrás descrita, nos últimos anos assiste-se à defesa de uma tese nas cidades portuárias (e) que se traduz num paradigma contrário ao anterior: i.e. (re)densificar a cidade e reabilitar as antigas estruturas portuárias desafectadas. O lema “retrofitting the city”1 implica o uso de todos os espaços disponíveis dentro das cidades. Os autores que subscrevem este novo modelo afirmam que hoje ninguém poderá dar-se ao luxo de manter espaços mortos sem qualquer utilidade para a sociedade urbana.
Na segunda metade do século XX, os espaços das frentes de água têm sido um dos principais activos para as cidades se expandirem internamente.
Foi a oportunidade de reutilizar grandes áreas anteriormente desocupadas por diversos motivos. É nesta altura que se começa a 1
BUSQUETS i GRAU,Joan. Retro-fitting the city : Theory and practice. Em :“ Património natural e cultural: construção e sustentabilidade.”Lisboa: ICOMOS, GECORPA, QUERCUS. 2010. Doc visital (handout).
Ilustração 2. Imagem aérea de Roterdão. http://www.xpat.nl/xpat_journal/back_iss ues_xpat_journal/xpat_journal_issue_autu mn2010
3
actuar nos chamados Brownfields, que permitem novas dinâmicas de funcionamento dos aglomerados urbanos. 2 A possível aplicação duma intervenção em grande escala na frente ribeirinha de Lisboa foi o que motivou este estudo de waterfronts. Pretende-se estudar e desenvolver um modelo que seja aplicável noutros locais e noutras cidades ribeirinhas onde proliferam estes problemas.
Ilustração 3. Brownfield em S Francisco,USA. http://www.swrcb.ca.gov/rwqcb2/bro wnfields.shtml
O modelo de intervenção tem como ponto de partida uma característica do tecido urbano próximo do waterfront: a existência de vazios urbanos em contacto com a barreira que separa a cidade do rio, e que por diversos motivos actualmente não estão recuperados, ocupados ou usados.
A localização privilegiada destes espaços torna o abandono dos mesmos ainda mais estranho. Daí que estes “vazios” surjam como oportunidade óbvia para uma requalificação urbana, em estrita ligação com o Tejo. São hoje locais de novas centralidades em que devem existir equipamentos necessários à cidade e onde o espaço público possa restabelecer ligações perdidas. Na frente ribeirinha poderia
também
existir
outros
tipos
de
equipamentos,
nomeadamente os que impliquem recepção ao rio, funcionando simultaneamente como pólos de revitalização e pontos de atracção para novas actividades desejáveis na frente ribeirinha.
As questões prévias e elementos de reflexão essenciais são as seguintes: Como foram definidas, ao longo do tempo, as relações entre cidade e rio através dos waterfronts? Quais as estratégias globais de regeneração destas relações? 2
Ilustração 4. Imagem do porto de Lisboa e o rio Tejo em Alcântara. http://3.bp.blogspot.com/_aaDwVQNnig/TM3rnxtn3kI/AAAAAAAAAqo/UQhD mc_QP38/s1600/Porto_de_Lisboa_%282 %29.jpg
4
O termo Brownfield começou a ser usado nos USA em 1992 com motivo de uma investigação conduzida pela Northeast Midwest Congressional Coalition, com o intuito de dar uso a este tipo de espaços. O seu significado consiste em terrenos que tenham sofrido actividade industrial pesada, e poluição, e que em certo momento foram abandonados por diversos motivos, sendo deixados sem uso.
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
Qual o papel dos brownfields nestes processos? Qual a caracterização e valorização dos espaços públicos elevados como ponto básico nestas estratégias?
Qual a capacidade dos bens públicos culturais para favorecer e potenciar a regeneração urbana baseada no urban retrofitting, e quais as relações entre cultura e objecto arquitectónico, entre cultura e forma urbana?
O discurso das relações entre cidade e rio é intemporal. Nunca morre e estará sempre presente enquanto existirem cidades portuárias. Este drama relacional é eterno e explica a actualidade do tema escolhido para esta dissertação de mestrado.
Não sendo um tema original ou desconhecido, esta dissertação fundamenta-se na escolha de uma estratégia que considera a introdução
de
equipamentos
culturais
como
elementos
regeneradores destes espaços ribeirinhos, e mais especificamente na observação da waterfont de Lisboa. Embora existam projectos anteriores sobre esta realidade, são raras as teorizações pensadas nesta perspectiva, onde a simbiose entre espaço público e equipamentos culturais serve de elemento gerador da valorização urbana das waterfont.
A presente dissertação foi concebida como espaço de investigação e reflexão prévia à resolução do projecto sobre o problema apresentado. Assim sendo o projecto será, no final deste percurso, a conclusão demonstrativa desta reflexão, elemento de investigação aplicada, procurando que a metodologia desenvolvida possa ser testada através do desenho mas também extrapolada, em determinadas condições, para outras situações ou enquadramentos que possam vir a desenvolver-se no futuro.
5
6
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
2.- PROCESSO E METODOLOGIA DA DISSERTAÇÃO 7
8
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
2.- Processo e metodologia da dissertação 2.1.ENQUADRAMENTO O objectivo da presente dissertação será a reflexão acerca dos espaços de waterfornt urbanos e a sua regeneração.
Metodologicamente procedeu-se à análise de diversos casos de referência e estudo, estabelecendo um “Estado da Arte”. Pretende-se conhecer o essencial dos estudos já desenvolvidos e caracterizar as principais estratégias susceptíveis de aplicação ao lugar de estudo proposto: localizado entre a ponte de Alcântara e a área de Belém.
Conforme a questão previamente apresentada interessa, de modo particular, o modelo de estratégia definida para estudos de caso similares em Lisboa, que permitam referir soluções inseridas na dinâmica de urban retrofitting, enquanto funções culturais. Tomou-se como ponto de partida a ideia de uma “sutura urbana” 3, isto é a definição de acções limitadas no tecido urbano: conectar, ligar, resolver hiatos nos tecidos, em suma, capazes de resolver os problemas de desconexão entre as partes da frente ribeirinha.
2.2.HIPÓTESES Ficam definidas as seguintes hipóteses:
1.-
Os
equipamentos
culturais
podem
constituir-se
como
instrumentos vitais na regeneração urbana das frentes ribeirinhas.
2.-A flexibilidade dos espaços públicos e a sua função “suturadora” podem ser factores essenciais no sucesso da regeneração da waterfront. 3
Expressão consultada na Tese de doutoramento: “Recolonización urbana. Nuevos fragmentos urbanos en las primeras periferias”. Da autoria de DE ARAGAO Costa Martins, Anamaría, Apresentada no Departamento d'Urbanisme i Ordenació del Territori da Universitat Politécnica de Catalunya « Barcelona: UPC, 2004. Para esta dissertação a mesma expressão foi reinterpretada, adaptada à temática em questão.
9
2.3.OBJECTIVOS Constituem objectivos desta dissertação:
1. A compreensão dos problemas que afectam a relação cidade-rio no caso de Lisboa.
2. Encontrar uma estratégia de intervenção a nível urbano que possibilite uma melhor relação de Lisboa com o Tejo.
3. Tentar encontrar nexos entre estratégias urbanas de revitalização e soluções de desenho de equipamentos e espaços públicos orientados para o drama das frentes ribeirinhas.
2.4.METODOLOGIA A metodologia adoptada nesta dissertação baseou-se na análise de aspectos qualitativos, que parecem ajustar-se melhor ao modelo de estudo, objectivos e hipóteses definidas. Assim, a análise comparativa constituirá um instrumento preferencial para a abordagem dos estudos de caso. O processo metodológico proposto é o seguinte:
A.- Análise dos diversos estudos realizados no âmbito das waterfront nos últimos anos. Estes elementos constituir-se-ão em estado da arte da dissertação de mestrado.
B.- Elaboração duma leitura comparada dos diversos estudos de caso com vista à definição das seguintes linhas estratégicas:
-Ocupação da primeira linha do waterfront
10
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
-Superação das barreiras existentes -Caracterização de equipamentos culturais utilizados na regeneração - Qualificação e reciclagem dos vazios urbanos utilizados
C.- Definição de objectivos a atingir em função das linhas estratégicas anteriormente definidas. Em termos de Arquitectura estes objectivos são testados e propostos em forma de projecto.
D.- Elaboração de conclusões formais decorrentes das críticas às soluções propostas no ponto anterior.
11
12
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
3. ESTADO DA ARTE 13
14
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
3. ESTADO DA ARTE 3.1.Introdução O estudo de forma urbana, e de modo mais específico, a relação entre cidade e rio através das suas faixas ribeirinhas, exige uma reflexão prévia em áreas de conhecimentos afins. Deste modo, entendeu-se oportuno poder abordar as relações entre a cultura, o objecto arquitectónico e a cidade. De algum modo, e numa segunda fase, sublinhamos a importância das relações entre terra e água no contexto desta investigação. Daí -se incorporado esta parte do estudo como elemento avulso, ainda que muito ligado ao Estado das Artes.
Ilustração 5. Capa da publicação "Cidades e rios. Perpectivas para uma relação sustentável " de M Graça SARAIVA, coord.
O tema das frentes ribeirinhas e as cidades propiciaram uma importante quantidade de produção bibliográfica e documental. Parece importante sublinhar determinadas obras que se aproximam da visão que se pretende transmitir com esta dissertação:
Maria da Graça SARAIVA coordenou uma publicação sob o título “Cidade e rios. Perspectivas para uma relação sustentável,” onde se reflecte acerca dos conteúdos de uma conferência internacional celebrada em Lisboa no 17 de Fevereiro de 2009. 4 Diversos autores como Manuel Costa Lobo, Peter Bosselmann e Álvaro Domingues abordam aqui o mesmo tema, ainda que com perspectivas diversas.
Ilustração 6. Capa da publicação "City and port" de Han MEYER
Particularmente importante para uma consideração dos problemas ambientais e sua contextualização crítica, enunciando os actuais paradigmas que condicionam as nossas abordagens contemporâneas foi a sistematização proposta no artigo “Cidades e Rios. Problemas, oportunidades e desafios”, de Graça Saraiva que serviu de ponto de partida para sistematizar a base teórica do tema.
4
Conferência decorrida em Lisboa sob o título “Cidades e rio, “pontes” para a sustentabilidade”.
Ilustração 7. Capa da tese de doutoramento de J.P. COSTA
15
Han MEYER é o autor de uma outra publicação de referência sobre as relações entre porto e cidade, 5 utilizando como estudos de caso as cidades de Londres, Barcelona, Nova Iorque e Roterdão. Utiliza como referentes do seu discurso as relações entre as infra-estruturas e a necessidade de espaços públicos urbanos. Estas considerações serviram de ponto de partida para a análise de alguns aspectos coincidentes no caso da cidade de Lisboa e do seu porto.
F. João GUIMARÃES, no livro “Cidade portuária, o porto e as suas constantes mutações” sublinha a grande dinâmica das relações existentes nas áreas portuárias e sua constante variação funcional, Ilustração 8 Capa da dissertação de Mestrado de João Maria Vieira Camilo Alves
assim como nas fases de actividade e inactividade.6 O termo “cidade portuária” reflecte a existência duma forte relação entre cidade e o porto que o autor trata de matizar, dada a progressiva independência funcional do porto em relação à cidade, realidade actual que acaba por introduzir factores de separação neste relacionamento.
No âmbito de investigações académicas, nomeadamente as diversas teses de Doutoramento e dissertações de Mestrado referentes a este tema, importa sublinhar as redigidas por João Pedro COSTA7 e João Maria Vieira Camilo ALVES. 8 No primeiro caso, a abordagem territorial é uma constante como o autor refere logo na apresentação - resumo da sua tese:
“La «ribera entre proyectos» es un trayecto por la ribera industrial, investigada a partir del caso de Lisboa, en sus dos momentos de 5
Ilustração 9. Capa da publicação "Cidade portuária. O porto e as suas constantes mutações" de FJ GUIMARÃES
16
MEYER, H.”City and Port. Urban planning as Cultural Venture in London, Barcelona, New York, and Rotterdam: changing relations between public urban space and largescale infrastructure” Ed International Books. Utrecht, 1999 6 GUIMARÃES, F.João, ”Cidade Portuária, o Porto e as suas Constantes Mutações” Ed. Parque Expo’98.Lisboa, 2006 7 COSTA, João Pedro Teixeira de Abreu “La Ribera entre proyectos: Formación y transformación del territorio portuário a partir del caso de Lisboa.” Tese de doutoramento apresentada no Departamento d'Urbanisme i Ordenació del Territori da Universitat Politécnica de Catalunya «. Barcelona:UPC,2007. 8 ALVES, João Maria Vieira Camilo. “De um porto industrial a um porto urbano: processos de transformação portuária e reabilitação urbana. Dissertação de Mestrado ntegrado de Arquitectura IST Lisboa, 2009
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
formación territorial y de transformación urbanística. Mostrándose como una ribera plural - en el espacio y en el tiempo -, configurada por una multiplicidad de espacios con lógicas propias, esta ribera en singular está, al final, compuesta por diversas riberas localizadas en territórios de características distintas, preexistentes o ganados al río, sobre el agua o,( …) en determinado momento, alejada del río. Es, también, una ribera que, habiendo sido inicialmente ocupada por la industria de la ciudad, por la actividad del puerto y por la nueva infraestructura de accesibilidad a ambos, sufrió dinámicas de utilización variables a lo largo del tiempo. La investigación se centra en la identificación de un conjunto de patrones comunes en la formación y transformación de la ribera a partir del período industrial,…”9.
No segundo caso, a dissertação de Mestrado de ALVES, propõe-se, e cita-se: (…) Efectuar um levantamento e estudo comparativo sintético dos Portos de Barcelona e Lisboa, quer a nível comercial/industrial (base de um porto), quer dos espaços públicos frente à água a que deram origem, …”. Foi por este motivo que o autor achou necessário “… Estudar a realidade portuária enquanto elemento identificador com o passado, presente e futuro, no contexto da especialização dos meios portuários e dos novos usos urbanos marítimos/ribeirinhos. “10
No âmbito da presente dissertação de Mestrado, a análise da relação cidade-porto, foi marcada pela análise de toda uma série de estudos de caso. Através deles tenta-se perceber o funcionamento e as dinâmicas de mudança e revitalização de waterfronts noutros locais do mundo, constatando-se que existiram empresas públicas criadas para gerir estes processos, tendo obtido bons resultados. Nesse sentido e pela sua especial relevância irão destacar-se aqui, em 9
COSTA, João Pedro Teixeira de Abreu, op.cit. sumário apresentado no site: http://tdx.cat/handle/10803/6960, consultado no dia 2 de Julho de 2011. 10
ALVES, op.cit, pag.14
17
capítulo próprio, os estudos de caso de Barcelona, Hamburgo e Bilbau, casos onde se aprofundou a recolha de informação que caracterizes estas operações.
Em paralelo ao processo anterior, identificaram-se alguns outros Ilustração 10. Porto industrial de Antuérpia. Em: http://www.planetware.com/ picture/ antwerp-international-port-b-b193.htm
projectos paradigmáticos que abordaram a problemática da ligação, superação de barreiras e de uso do espaço público como chaves ou elementos de ligação. Referem-se a este propósito três projectos que abordaram o problema ou que apresentaram propostas de grande interesse:
Seattle Olympic Sculpture Park, do atelier Weiss/Manfredi;
O projecto plataforma Tejo, do arquitecto Ressano Garcia, em Lisboa;
O Centro Cultural de Belém 11 de Gregotti / Salgado, também na mesma cidade.
Ilustração 11. Porto pesqueiro da Corunha. Vista geral. Em: http://www. superstock.co .uk/ stock-photos-images/1566-293543
3.2 O PROBLEMA DA FRENTE RIBEIRINHA 3.2.1 Evolução da relação da cidade com o porto A água tem sido um dos principais factores da localização das aglomerações urbanas. A existência de uma via de comunicação tão importante como os rios ou o mar foi determinante na decisão para assentar as principais cidades de hoje em dia. Criou-se uma dinâmica de relação com a água. Com o desenvolvimento das actividades de pesca e comércio marítimo esta relação foi-se consolidando, e adquirindo o carácter de indústria, como sector importante da economia urbana. O processo de transformação dos waterfronts destas cidades em zonas industriais implicou o final duma relação directa entre as
Ilustração 12. Vista geral do porto de Singapura Em: http://www.panoramio.com /photo/ 30993695 . Autor: Joan Felip
18
cidades e a água. Esta relação, que tinha provocado uma 11
No que segue, será referido como CCB
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
determinada identidade urbana, viu-se repentinamente cortada, dando lugar à coexistência entre ambos os elementos.
Duas realidades que em tempo tinham estado dependentes uma da outra, passaram a ter interesses separados. As vantagens de uns não implicaram necessariamente benefícios para o outro. Os cidadãos começaram a ter uma imagem estereotipada do porto, observando-o como uma zona da cidade de actividades marginais. Era a área onde se desenvolviam as actividades ilegais ou rejeitadas socialmente:
Ilustração 13. Poluição no porto de Alicante Em: http://objetivoalicante.laverdad. es/ fotos-ian-paul-harrington/feliz-suciopuerto-alicante-empieza-228615.html
prostituição, tráfego de substâncias proibidas, droga e poluição de diversos tipos eram problemas comummente associados aos portos.
O porto começou a crescer por sua conta, respondendo principalmente às leis do mercado e realizando as inovações necessárias para manter o seu estatuto dentro das redes portuárias. A progressiva mecanização ajudava à formalização de paisagens portuárias mais desumanizadas. As maiores dimensões dos navios obrigavam também a estas mudanças.
Com o ganho de consciência ecológica, confrontada com os problemas ambientais, a cidade e os cidadãos passaram a valorizar os aspectos negativos ligados aos portos: A mudança de escala implicou mais dragagens aos rios, e a destruição de eco-sistemas existentes no waterfront. Ao mesmo tempo as actividades portuárias provocariam de forma progressiva uma maior poluição No penúltimo estádio de relação entre as cidades e os seus waterfront e porto chega-se a um ponto próximo à ruptura. O porto em alguns casos extremos ocupa extensões vastíssimas, quase do tamanho da cidade. Chega a haver um desequilíbrio grave entre as áreas de domínio do cidadão e as do porto. A expansão portuária só é possível retirando espaço à cidade e dos sucessivos aterros.
Embora tenha começado nos anos 60 do século XX as primeiras
Ilustração 14. Vista geral do porto industrial de Bilbau Em http://museovascodelaindustria.com/ museovasco/documents/puerto_industria l.jpg
19
operações de recuperação de waterfront, é hoje em dia que acontecem em grande número este tipo de intervenções. Actuações em alguns dos grandes portos revelam essa tendência, também em parte porque as autoridades portuárias começam a ver formas de melhorar os resultados económicos. As Administrações portuárias têm competências sobre o seu território superiores, em muitos casos, as das próprias Câmaras Municipais. Estas entidades têm Ilustração 15: Alegoria do rio Tejo, de Alexandre Gomes, na Avenida da Liberdade de Lisboa. Fotografia do autor.
grande autonomia podendo usufruir dos resultados económicos destas opções de requalificação sem, frequentemente, as justificar suas escolhas urbanísticas.
No decorrer destes processos sempre estiveram patentes os problema da diferença de escala. Assim, os exemplos de Lisboa e Hamburgo ilustram perfeitamente a dimensão e escala destas infraestruturas.
O peso e dimensão das operações de regeneração urbana nos casos Ilustração 16: Barcos à descarga no Douro. e M Joaquim Lopes, Stand promocional Casa do Douro,1934.I Exposição Colonial Portuguesa. Porto
do Parque das Nações e Hafencity são claros exemplos desta situação. Sendo partes muito significantes no tecido urbano, são relativamente pequenas quando comparadas com o conjunto da área portuária destas cidades.
3.2.2.Fases da relação cidades e rios. Para perceber as intervenções nos waterfronts ribeirinhos é preciso analisar a evolução da relação das cidades com os rios. Nesse aspecto, no livro “Cidades e Rios, Perspectivas para uma relação sustentável”12, SARAIVA explica a evolução histórica divida em várias fases: Uma primeira fase de temor ou sacralização. Neste caso os rios são associados a divindades e respeitados e temidos por igual, sendo possuidores de poder da vida e da morte; Uma segunda fase é de harmonia e ajustamento, onde os dois elementos se adaptam à Ilustração 17. Estudo para a regularização dum rio. Leonardo da Vinci Autor: Leonardo da Vinci
20
12
SARAIVA, Maria da Graça.“Cidades e Rios, Perspectivas para uma relação sustentavel” Ed. Parque Expo’98 SA, Lisboa, 2010
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
existência mútua. As cidades começam a procurar gerir os recursos que o rio oferece, nomeadamente alimento, energia e transporte, de forma não agressiva, sem provocar grandes alterações na fisionomia do rio; a terceira fase denomina-se de controlo ou domínio, onde a sociedade urbana tem um comportamento em relação ao rio mais agressivo, modifica o rio, altera as suas margens, o seu curso, sobre explora os seus recursos e usa-o como mais uma ferramenta que os
Ilustração 18. Regularização do rio SeguraMurcia (Espanha) Em: Saraiva (2010) opcit. Pag.22
homens podem aproveitar;
Posteriormente existe uma fase de degradação e sujeição em que os rios apresentam um estado de conservação grave, de grande poluição, modificações de grande escala afectaram o seu ecossistema e, em alguns casos deixam de ser uma mais-valia para a cidade. O rio e a cidade, em muitos casos provocado pelas indústrias situadas à
Ilustração 19. Rio Tietê no São Paulo Em: Saraiva (2010) op-cit. Pag.22
beira rio, ficam de costas voltadas e têm pouca ou nenhuma relação;
Finalmente dá-se a fase de recuperação e sustentabilidade, onde há um ganho de consciência social, ecológica e revalorização do recurso ribeirinho.
Esta fase para a qual caminha-se supõe uma série de novas estratégias de limpeza, revitalização, renaturalização dos rios, recuperação das relações entre cidade e rio, voltando o mesmo a ser um importante activo para o desenvolvimento urbano. Este facto
Ilustração 20. Rio Isar (Baviera) depois da sua renaturalização. Ano 2000. Em: Saraiva (2010) op-cit. Pag.23
deve-se em boa parte à libertação de terrenos na frente ribeirinha que possibilitam que as pessoas voltem a ter contacto com a água. Graça Saraiva explica assim evolução da relação entre cidade e rio mostrando desde a antiguidade até aos nossos dias, a evolução da relação da Humanidade com os cursos de água.
3.2.3 Fases da relação da cidade e porto. As cidades portuárias que de hoje em dia, com a sua configuração
Ilustração 21. Comboio de transição de carga, no porto de Antuérpia.1877. Em Guimarães (2006) op.cit.,pag.65
21
actual e a morfologias das docas e cais, nascem com os “tempos modernos”. A revolução industrial marcou o nascimento dos portos especializados e o começo da segregação entre as duas realidades, a cidade e o porto. Na “cidade moderna” nasce, a revolução industrial e uma nova economia mundial baseada no comércio à grande escala. Estes “tempos modernos” não são uma continuidade linear, mas sim Ilustração 22 .Porto entreposto: porto dentro da cidade. as mercadorias são armazenadas e comerciadas na própria cidade. o cais é um espaço publico da cidade. até meados do século XIX. Em Meyer,H. “City and Port” Página 23
diferentes fases que se foram sucedendo e marcando a evolução urbana. O economista Kondratieff desenvolveu a chamada “long wave theory”, um modelo de evolução que abarca desde o final do século XVIII até a actualidade prospectivando ainda o tempo futuro. Esta teoria consiste em cinco fases de evolução, muito marcadas por mudanças nos processos económicos mundiais. No livro “City and Port” 13 MEYER faz um paralelismo entre as fases do modelo de Kondratieff e a evolução das cidades portuárias e das relações cidade - porto. Este paralelismo é lógico, pois os portos, a sua actividade e evolução estão completamente dependentes das mudanças nos
Ilustração 23.Porto de trânsito: porto ao lado de uma cidade aberta. o fluxo de mercadorias passa pela cidade. começa a separação entre a cidade e o porto. a partir do final do século XIX. Em Meyer,H. “City and Port” Página 23
paradigmas económicos mundiais.
As cinco fases sistematizadas por Meyer são as seguintes: 1782-1845: a revolução energética; surgem novas cidades, e com elas a liberalização das funções económicas. 1846-1892: a era infra-estrutural; estruturas urbanas em desenvolvimento e evolução são “absorvidas” dentro de sistemas urbanos a escala regional e nacional. 1893-1948: aumento da mobilidade, uso do automóvel: o reforço e a concentração das actividades económicas funcionam como base para a formação dos grandes distritos metropolitanos.
Ilustração 24. Porto industrial ao lado da cidade funcional. ambos como realidades autónomas. As mercadorias são processadas na área portuária. A partir de meados do século XX. Em Meyer,H. “City and Port” Página 23
22
1949-1998: globalização e internacionalização da indústria: aumento do sector terciário.
13
MEYER, Han. Op cit.
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
1999-2048: aumento da qualidade e entrelaçamento de redes: maior importância das estruturas em rede na era da informação. Nas transições entre fases acontecem as principais mudanças nas cidades portuárias e nas relações cidade-porto. Na segunda fase, a da era infra-estrutural, é quando surgem os portos de trânsito, aqui o porto tem um papel de elo dentro do sistema de transporte. A principal alteração na cidade deu-se na redefinição da relação entre a rede de espaços públicos e uma nova infra-estrutura de grande escala.14
Ilustração 25. Porto de distribuição e cidades em rede. O porto é redescoberto pela cidade como parte da paisagem urbana. A cidade é redescoberta pelo porto como potencial centro para organização logística e de telecomunicações. Em Meyer, H. “City and Port” Pagina 23
No terceiro estádio, com o aumento da mobilidade, os portos de trânsito evoluem para complexos industriais e para muitas cidades o desaparecimento da função
como
“depósito” do porto é
compensado com a função de trânsito.
As mercadorias que chegam ao porto são processadas e transformadas em grandes complexos industriais situados fora da cidade. Começa a existir uma distinção entre as políticas e espaços da paisagem portuária e da paisagem urbana.
Nas duas últimas fases acontece a especialização e uma espécie de
Ilustração 26: Fotografia de Lisboa desde satélite Em. Site consultado em 24-052011:http://www.jornallivre.com.br/31196 7/tudo-sobre-a-maior-cidade-deportugual-lisboa-.html
hierarquia entre a rede portuária internacional, com a consolidação dos chamados “main ports”. Estes portos têm grande importância a nível continental, na distribuição de mercadorias. O porto perde a sua configuração linear e concentrada e passa a ser uma rede de núcleos especializados. Como indica o autor a cidade e o porto perderam a sua forma concentrada, a sua configuração centralizada e formam uma rede de zonas e centros com funções específicas. As duas realidades entraram numa nova era de relações com o território, mais difusa e 14
Ilustração 27: Porto de Shanghai Em. Site consultado em 24-05-2011 http://fscompass.en.made-inchina.com/product/kojmQTdwAShf/ChinaShipping-From-Any-Port-in-China-toFelixstowe-UK.html
GUIMARÃES F. João: op.cit.
23
menos linear. Han Meyer, com esta comparação das fases da evolução económica com as fases da evolução das cidades portuárias, clarifica como foram criadas as relações actuais, e o motivo pelo que nos centros urbanos existem grandes vazios urbanos deixados pelas infraestruturas portuárias de grande escala. As zonas portuárias que no começo estavam ligadas directamente com o centro urbano ficaram como restos de um passado industrial, e hoje em dia ganham força como áreas estratégicas para a paisagem urbana, um novo pólo de desenvolvimento da cidade e como zonas onde se pode recuperar o contacto com a água como teve antes da industrialização.
Como refere Meyer, o planeamento urbano evolui junto com a relação cidade-porto: “(…) These phases run parallel to changes taking place in the development of urban planning as a discipline. The birth of urban planning as a discipline and the evolution of plan development within urban planning, (…) took place in the second phase. The emergence and dominance of modern, functionalist urban planning is mainly a phenomenon of the third phase. (…) The fourth phase is characterized by a transitional situation: the slow decline of functionalist urban planning and the search for new methods of plan development15” 3.2.4. Processos na formação da Frente Ribeirinha Industrial Os problemas existentes hoje em dia nos waterfronts das cidades portuárias são em parte causados pelos diversos processos de formação deste território. Como exposto os portos começaram a funcionar de forma autónoma quando ocorreu a revolução industrial. Esta mudança alterou as relações entre as duas realidades, o porto e a cidade. 15
24
MEYER Han: ”City and Port”. Página 24
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
Para poder compreender a configuração actual dos portos, e do tecido urbano nas áreas ribeirinhas das cidades portuárias, Costa desenvolveu um modelo na sua tese de doutoramento, que consiste em sete processos diferentes nos quais baseou-se a formação da frente ribeirinha no período industrial, a época em que ocorreram as principais mudanças que nos afectam hoje em dia. Este modelo de configuração do espaço urbano portuário foi aplicado na sua tese em vários estudos de caso, entre eles Lisboa, como irá ser explicado mas à frente nesta dissertação.
Dentro do conjunto destes sete processos podem se identificar uma evolução desde uns processos praticamente pré-industriais, de geração mais espontânea até aos processos de planeamento à grande escala, o conjunto das zonas que funcionam como porto ou complexo industrial complementar ou anexo. As fases são as seguintes, parafraseando a tese de Costa: 16 1.
Formação edifício a edifício: foi um processo casuístico de ocupação da frente-rio por edifícios ou instalações industriais, de armazém, ou de apoio à actividade portuária, dentro da cidade ou na periferia em zonas até então desocupadas, tendo sido a única regra de desenvolvimento a sucessão de decisões individuais e não coordenadas caso-acaso. Na época pré-industrial, e ainda no período industrial, século XIX, é que este processo foi mais visível, principalmente nas zonas da frente ribeirinha periféricas e contíguas à cidade.
2. A estrutura de cais, rua e armazém: este processo de ocupação da frente ribeirinha ditou a criação de um espaço de cais (ou zona de acesso ao rio) em toda a extensão da frente ribeirinha, associado a um eixo urbano de circulação 16
25
longitudinal, sobre o qual localizaram-se os edifícios comerciais ou de armazém. Esta estrutura de crescimento ocorreu tanto na frente ribeirinha pré-industrial como na Frente Ribeirinha do século XIX, nas primeiras fases da industrialização. 3. O crescimento espontâneo baseado na rede viária e nos caminhos-de-ferro:
Foi
um
processo espontâneo de
ocupação da frente-rio que teve por base um crescimento ao longo de um corredor infra-estrutural paralelo à frente ribeirinha, quer fosse um eixo viário (pré-existente ou novo), a ferrovia, ou ambos. Este processo ocorreu em diversos momentos do período industrial, até meados do século XX. 4. O projecto da companhia industrial: consistiu num processo casuístico de ocupação da frente ribeirinha baseado no projecto de companhias industriais com uma dimensão maior, que num acto isolado de implantação passou a ter uma implicação territorial mais relevante. Na segunda metade do séc. XIX o surgimento destas novas tipologias significou a mudança de escala no desenvolvimento territorial na frente ribeirinha, embora este processo continuou a acontecer até o séc. XX. 5. Plano geral do porto perante (à frente da) cidade: processo de ocupação da frente ribeirinha correspondente ao primeiro momento especializado da actividade portuária e industrial e que inicia a dinâmica de segregação destas actividades da cidade, anteriormente integradas. Este plano é processo típico nas últimas décadas do séc. XIX e primeira metade do XX. 6. O parcelamento industrial: foi um processo de ocupação da frente ribeirinha baseado numa operação de parcelamento industrial realizada fora do marco de desenvolvimento do porto, na que puderam instalar-se unidades de diversas
26
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
dimensões. Aconteceu principalmente na segunda metade do séc. XIX e do sec XX. 7.
O grande complexo industrial autónomo: consistiu num processo de ocupação da frente ribeirinha que correspondeu à chegada dos grandes complexos industriais especializados, afastados da cidade, autónomos e segregados da cidade. O grande complexo regional autónomo é o território por excelência da nova frente ribeirinha contemporânea, a partir do segundo quarto do século XX até a actualidade, embora existem casos que se iniciaram no final do XIX.
Este modelo de formação da frente ribeirinha constata a progressiva separação entre as actividades portuárias e o funcionamento das dinâmicas urbanas. Desde um primeiro momento em que os processos de formação urbana na frente ribeirinha está altamente ligado à evolução da configuração do tecido urbano, até um ultimo estádio em que, associado a uma mudança de escala significativa, o funcionamento é completamente independente e chega-se à segregação absoluta entre espaços e actividades urbanas e portuárias industriais
Ilustração 28: Vista aérea de Boston. Em: http://www.leadersinstituteteambuilding.c om/wp-content/uploads/2010/06 /boston1.jpg consultado em 24 -05-2011
3.3. CASOS DE ESTUDO A NÍVEL ESTRUTURA URBANA DE WATERFRONT: ESTRATÉGIAS GLOBAIS E RESULTADOS.
3.3.1 Apresentação e explicação dos diversos casos de estudo. No decorrer da presente investigação constatou-se que o fenómeno de recuperação de watefronts tem sido um processo muito presente no mundo actual e que começou de forma inequívoca a meados do século passado nos EEUU17, no pós-guerra, em que diversos portos, como o Union Wahrf em Boston, e Inner Harbour em Baltimore, entre outros, recuperaram espaços portuários para outros fins. Este
17
GUIMARÃES F. João: “Cidade portuária, o porto e as suas constantes mutações”.
Ilustração 29.Vista aérea de Piers de Nova Iorque Em: site consultado em 25-05-2011 http://newyorkpalace.blogspot.com/2010/0 7/pic-information-battery-park-newyork.html
27
movimento de recuperação de waterfronts rapidamente se iria espalhar para outras cidades norte americanas, como São Francisco, principalmente porque em muitos casos deu origem um bom retorno a nível económico. Deste modo, terrenos que não tinham grande valor Ilustração 30. Isle of dogs. Nova zona de escritórios em Londres. Em: http://mw2. google. com/mw-panoramio/photos /medium/ 15120370.jpg
eram
recuperados
e
construíam-se
novos
edifícios,
principalmente destinados para o sector terciário, escritórios e habitação. Também em Nova Iorque decorreu uma situação análoga, em que os piers, tal como tinha acontecido em São Francisco, supunham uma oportunidade de expansão, neste caso na parte sul da ilha de Manhattan onde existe o Battery Park, um parque urbano rodeado de arranha-céus pertencentes à mesma operação de recuperação ribeirinha.
Na Europa, desde os anos 80, este fenómeno tem vindo a ser mais Ilustração 31. Kop Van Zuid - Roterdão Em: http://www.eropuit.nl/uitje/steden-endorpen/WilhelminapierKopvanZuid/id/179 99/, site consultado em 25-05-2011
comum. Em Londres deu-se uma das actuações mais conhecidas. Após o fecho das instalações portuárias em Canary Wharf começou o processo de recuperação, seguindo o modelo mais capitalista dos EEUU, apesar da grande polémica e controvérsia, e a oposição dos locais da chamada Isle of dogs18. Este projecto gerou um novo centro financeiro em concorrência directa com a City, a zona principal de escritórios de Londres.
Ilustração 32. Vista aérea de Génova. Em: http://upcommons.upc.edu/revistes/html/ 2099/555/art03-2b.gif consultado em 0207-2011
No resto da Europa as actuações têm sido diversas. Nos países bálticos, destacam-se os exemplos de Copenhaga, Malmö, ou Estocolmo. No centro da Europa, a Holanda tem protagonizado algumas das operações mais reconhecidas, como em Roterdão o Kop Van Zuid, inserindo no skyline arranha-céus de arquitectos de renome, ou na capital, as operações de Borneo-Sporenburg, em que a habitação teve um grande protagonismo, seguindo uma linha de actuação diferente de Roterdão.
Ilustração 33. Vista aérea área portuária de Barcelona. Em: http://www.barcelonayellow. com/bcntransport/193-cruise-shipterminals consultado em 20-7-2011
28
Na Bélgica Antuérpia tem sido um dos casos mais estudados, 18
MEYER Han:Op.cit.. Página 13
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
tratando de modo especial o problema da subida do nível das águas e da barreira existente que separa da cidade. Na Alemanha, em Bremen uma parte importante do porto, também teve alguma intervenção de recuperação de áreas ribeirinhas para a cidade. Na cidade de Hamburgo, a operação de Hafencity, está a mudar a “cara” da cidade, expandindo o centro da cidade até ao rio Elba.
No sul da Europa a estratégia de actuação tem sido diferente, como irá ser referido mais adiante, existindo também exemplos representativos. Assim, em França, Marselha foi alvo de uma grande operação de recuperação de áreas portuárias degradas, tendo um Programa com diversidade de funções, e grande atenção ao espaço público. Na Itália destaca-se a operação de Génova, em que a pretexto do aniversário das viagens do Cristóvão Colombo, foi recuperada uma zona importante do porto, que dá continuidade ao centro da cidade até ao Mar Mediterrâneo. Neste caso o carácter lúdico da intervenção foi um dos aspectos principais, em conjunto com a recuperação de antigos armazéns. Na actualidade deveria começar a segunda fase, com o terminal de cruzeiros de Ponte Parodi19. A Espanha conhece este tipo de acções no final dos anos 80, início dos 90. Barcelona representa uma das principais actuações no âmbito de waterfront., Aproveitando os jogos Olímpicos de 1992, o seu Master Plan incluiu um plano de recuperação de zonas portuárias que iriam mudar por completo a imagem da cidade, priorizando os espaços públicos e os equipamentos de lazer e culturais, como o aquário. Ainda em Espanha, num outro contexto e com motivação diferente, a cidade de Bilbau mudou a sua relação com o rio Nervión revitalizando
a
sua
frente
ribeirinha,
operação
que
ficou
mundialmente conhecida, em boa parte, pelo projecto do novo 19
COELHO, Carlos Dias, COSTA Joao Pedro: Renovação urbana de frentes de água: infraestrutura, espaço publico e estrategia de cidade como dimensões urbanisticas de um territorio pos-industrial. pag 56. In:Artitextos 02, Setembro 2006
29
edifício icónico, o do Guggenheim.
3.3.2. Diferentes modelos de waterfront Como foi referido no ponto anterior as intervenções de revitalização de frentes de água decorreram por todo o mundo, embora com uma certa problemática em comum, no entanto a forma de actuação tem diferido entre umas áreas geográficas e outras.
No mundo Anglo-saxónico, EEUU e Reino Unido, o modelo de actuação tem sido dominado pelo sentido económico pela especulação imobiliária, na recuperação dos piers, e docas dentro do tecido urbano. Nestes casos a iniciativa privada tem sido o motor do processo, guiando-se pela lógica de mercado e priorizando intervenções de tipo mais comercial, em que os edifícios de escritórios de “high standings”, têm sido a tipologia dominante, que permite o maior rendimento do solo recuperado. Posteriormente, tem vindo a apostar-se também pela função residencial. Este tipo de acções em Ilustração 34. Vista aérea de isle of Dogs. Londres (gentrification) Em: site consultado em 02-07-2011 http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9 GcTxnhZ-RlVm4wDoib9_vnAM2Nb CJ4U1JKxpRoZ2yLM9GsS2Qmit
muitos casos implicou um processo de “gentrification”, pelo qual os guetos ou comunidades marginais associadas à imagem dos portos é paulatinamente substituída por um tecido social de classe médiaalta. A comunidade anterior vê-se obrigada a relocalizar-se dentro da cidade, ou fora dela, nos subúrbios. Nas operações de recuperação de watefronts na Europa Continental o espaço público tem vindo a ganhar progressivamente maior importância.
Este facto possibilitou a consideração de áreas de experimentação de formas urbanas, de novos tipos de espaço público. Sendo sempre o objectivo principal trazer as pessoas perto da água, identificam-se Ilustração 35. Casas Borneo Sporenburg . Em: www.west8.nl consultado em 20-072011
30
diferenças entre os modelos de actuação, no norte e no sul de Europa. Nos países Nórdicos, Países Baixos e Alemanha, pela sua
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
relação com a água e as suas geografias mais planas no contacto com a água, e a sua evolução histórica, aprecia-se que a linha projectual terá sido chegar com a cidade até à água, levar o tecido urbano à margem, ficando o espaço público com pouca amplitude, sendo praticamente um espaço de passeio marítimo, mas com pouco peso no desenho urbano.
Por oposição nos países do sul da Europa, quer relacionados com o mediterrâneo, quer com o Atlântico, privilegia-se o espaço público no waterfront. Poder-se-ia considerar a existência de um espaço de respeito entre as duas entidades, a cidade e a água (mar ou rio), uma zona de filtro, em que a construção se detém a uma distância considerável. Este fenómeno pode ser potenciado também pela existência de grandes vias de comunicação paralelas à linha de água, e que em tempos passados serviam como barreiras e que nas novas intervenções acabam por considerá-lo como um limite subconsciente, em que a edificação mais densa deve travar-se. Outra diferença detectada entre as intervenções no norte e sul da Europa é o programa das construções localizadas no waterfront. Nas operações em que a cidade chega até ao bordo, a função habitacional tem grande protagonismo, ao igual que os escritórios e espaços de comércio. Por exemplo, em “Borneo Sporenburg,” Amesterdão, as casas de habitação unifamiliar têm contacto directo com a água, incluindo dentro dos equipamentos das habitações uma pequena doca onde situar o barco.
No caso de “Hafencity, Hamburgo”, os edifícios de apartamentos
31
definem uma frente de água, onde existe circulação ao pé da água, mas num espaço praticamente de galeria por baixo dos edifícios. Pelo contrário nas intervenções do Sul, na margem de água, no espaço filtro entre tecido urbano e plano de água os poucos edifícios que existem ora são antigos edifícios industriais reabilitados (aquário Ilustração 38: Vista aérea do porto de Génova. Em: site consultado em 07-072011 http://www.portoantico.eu/interna_eng.a sp?idpage=chisiamo_eng&sezione=chisiam o
de Génova) ou novos equipamentos públicos, principalmente de carácter lúdico-cultural, centros culturais, museus (Guggenheim Bilbau), auditórios ou aquários/oceanários (Lisboa ou Barcelona).
Em alternativa a equipamentos de carácter lúdico-cultural são também desenvolvidos os equipamentos necessários às funções remanescentes no porto, após a sua transformação, aqui tratam-se principalmente de equipamentos relacionados com o turismo, cruzeiros, hotéis, por exemplo, o World Trade Center em Barcelona, ou o novo terminal de Ponte Parodi de Génova.
Uma característica comum a todas as intervenções antes mencionadas é a aposta pela arquitectura de ateliês de renome Ilustração 39: Belém – Alcântara. Porto de Lisboa. Foto do autor
internacional. Assim, por exemplo, o máster plan de Canary Wharf foi desenhado pelo atelier SOM; West8 foi o autor do masterplan de Borneo Sporenburg; OMA projectou o plano de Hafencity; e Renzo Piano fez as intervenções conhecidas de Génova.
As actuações de arquitectos reconhecidos não se limitam aos masterplan, tornando-se também responsáveis pelos edifícios mais representativos. Assim, Renzo Piano foi autor do Museu Nemo em Amesterdão, a Filarmónica de Hamburgo é da autoria de Herzog e Meuron, a Ópera de Oslo foi projectada pelo ateliê Snohetta, e o Ilustração 40. Ópera de Oslo. At. Museu Guggenheim em Bilbau é obra de F.Gehry. Podem ser os Snohetta Em: http://www.royalacademy. org.uk/ exhibitions/thearchitecturespace /past-exhibitions/snohetta-works,286,RAL .html consultado em 05-07-2011
exemplos mais significativos, atingindo respectivamente o estatuto de símbolo da nova cidade, e da nova frente ribeirinha.
Os exemplos europeus caracterizam-se também pela colaboração
32
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
entre entidades públicas e privadas, sendo esta uma das chaves do sucesso como foi comprovado em diversas cidades.
Tendo em conta que são actuações de uma vastíssima escala, que modificam fortemente a imagem da cidade a liderança pública dos projectos é fundamental.
Deste modo ficam definidas as pautas pelas quais a intervenção deverá seguir, mas pelo mesmo motivo da sua escala, o capital necessário para executar o plano é enorme, sendo fundamental a participação
privada.
Em
Bilbau,
como
irá
ser
analisado
posteriormente, esta colaboração permitiu a continuidade do processo de renovação.
No caso de Lisboa, no Parque das Nações, aconteceu um processo similar. O que marcou as diferenças foi o facto de ter existido um “arranque” público, que permitiu posteriormente o seguimento dos privados. O papel do privado também propõe novas questões no funcionamento das cidades, por exemplo, na gestão urbana, a gestão destes novos territórios
Tal aconteceu em Hafencity, com a criação da empresa gestora dos edifícios, mas também do espaço público. Esta situação pode marcar uma nova forma de funcionamento urbano, que poderá ser uma alternativa à situação actual.
Após o estudo de diversos exemplos, pode-se concluir que existe Ilustração 41. Vista geral de Copenhaga. Em : Architectureweek.com, consultado em 02-07-2011
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uma serie de elementos em comum destas actuações, como diz Guimarães, em “Cidade portuária, o porto e as suas constantes mutações”20. Estas são:
Implementação de serviços
Reforço e expansão dos centros cívicos e económicos
Produção de “gentrification”
Regeneração, revitalização e reabilitação de edifícios para novos usos
Reavaliação contínua do processo de financiamento, uma vez que se trata de um investimento de alto risco.
As intervenções nos portos e waterfronts são de certo modo um indicador dos valores urbanos mais apreciados na sociedade actual e quais os mais evitados ou negligenciados. Estas actuações reflectem o mundo actual em que o lazer e a cultura do tempo livre estão a impor-se, não só a um nível superficial, mas também no aspecto económico.
3.3.3.Casos de estudo. Barcelona, Bilbau, Hafencity Hamburgo
No âmbito das intervenções pesquisadas e analisadas foram escolhidas três que podem ilustrar o que tem sido este movimento de regeneração urbana, mostrando as diferentes formas de actuar, e os contrastes regionais anteriormente descritos.
Em primeiro lugar o caso de Barcelona. É a operação mais paradigmática e marcou uma série de “standards”, afirmando-se como exemplo a seguir, aproveitando um grande evento de escala mundial, os Jogos Olímpicos de 1992. Havia diversos objectivos prioritários a atingir: a necessidade de fornecer equipamentos desportivos necessários, a melhoria da imagem da cidade e a sua 20
34
GUIMARÃES, FJ, op.c it. pag. 145
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
relação com o Mediterrâneo
Este aspecto era muito importante tendo em conta que Barcelona é um dos principais portos deste mar. As actuações que mais marcaram foram desenvolvidas no Port Vell. Em quaisquer destas operações o tratamento do espaço público revela grande sensibilidade, e principalmente conseguiu atrair as pessoas para o waterfront.
A intervenção de Enrique Caldentey na “11th International Conference Cities and Ports” esclarece a importância do processo de regeneração desta área portuária desde 1988, tendo aumentado 50% o número de visitantes ao Porto, e tendo incrementado exponencialmente o número de passageiros de cruzeiros (1760%) em paralelo ao aumento do 500% do número de turistas; tudo isto entre 1988 e 2007.21
A seguir, ainda na Espanha, Bilbau. É um dos casos de sucesso mais claros dos últimos anos, sendo antes da intervenção de revitalização uma cidade com uma importante indústria naval em decadência e problemas sociais e laborais graves e alternativas à indústria quase inexistentes. Ao contrário de Barcelona foi uma catástrofe natural que serviu de ponto de partida para a operação, e consolidou-se definitivamente com o seu projecto mais icónico, o Guggenheim.
Para conhecer a realidade do norte da Europa, foi escolhido o caso de Hafencity, Hamburgo. A segunda maior cidade na Alemanha e um dos principais portos da Europa, que pretendia mudar a imagem da cidade, e conseguir uma expansão do seu centro, oferecendo diferentes alternativas no seu desenvolvimento, muito dependente do porto.
21
Apresentação do Eng Caldentey no âmbito deste Congresso sob o titulo”Twenty years managing “Port Vell de Barcelona” 23-27 Agosto 2008
35
Identifica-se neste caso uma diferença substancial na comparação com os casos anteriores. A estratégia projectual parece revelar outra lógica de actuação: o limite do tecido urbano é levado até ao bordo de água. Nesta linha, a composição do espaço público responde também a outros parâmetros diferentes dos casos espanhóis. Esta Ilustração 42: Vila Olímpica de Barcelona. Em: PORTAS, Nuno. Perspectivas urbanas = Urban perspectives, ISSN 1695-534X, Nº. 3, 2003, pag 11
actuação é também muito importante pela sua dimensão, pelo que implica não só em termos de imagem, mas também relativamente à escala da forma urbana decorrente desta operação.
a) Barcelona. Barcelona é a segunda cidade de Espanha, inserida numa área metropolitana de mais de cinco milhões de pessoas. É a capital de Catalunha, e um dos principais portos do Mediterrâneo, tanto a nível Ilustração 43: Barcelona e o seu porto. 1806. Em:Meyer (1996) op.cit. pag. 127
de cruzeiros e turismo (o primeiro neste aspecto), como na vertente de mercadorias.
A cidade existe desde tempos fenícios como porto de abrigo fundamental
para
as
rotas
comerciais
do
Mediterrâneo.
Posteriormente esteve sob controlo dos romanos e depois dos visigóticos. Na Idade Média os árabes dominaram a cidade, para pouco depois voltar a mãos cristãs. Ilustração 44: Barcelona e o seu portoséc.XIX De:Meyer (1996), op.cit. pag.136
Ilustração 45 Port Vell, porto olímpico e Barceloneta Em Google earth consultado em 27-06-2011
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
Foi no final da Idade Média que o porto realmente cresceu começando a destacar-se de outros portos de regiões vizinhas. No século XVIII recuperou da crise sofrida e no XIX a cidade começou um processo de industrialização que a iria destacar do resto de Espanha, como a região economicamente mais desenvolvida. Este crescimento foi travado com a guerra civil espanhola entre 1936 e, 1939, mas depois recuperou. O seu crescimento no período 1850 – 1930 deixou marcada a sua malha urbana através do projecto realizado do ensanche de Cerdá.
Ilustração 46 Barcelona .Moll da Fusta e P.Colom,anos 70 Em: Meyer (1996), op.cit. pag.114
O palimpsesto cultural existente na cidade possibilitou a formação de uma urbe muito rica em património de diversas épocas. No século XX/XXI consolidou-se como cidade cosmopolita e ponto de passagem obrigatória para artistas e arquitectos.
O porto, como aconteceu em tantas outras cidades, começou por ser um dos motores de desenvolvimento da cidade e posteriormente
Ilustração 47. Passeig de Colom, anos 70 Em: Meyer (1996), op.cit. pag.162
com o processo de industrialização, passou a ser um problema. Barcelona viu-se separada do mar, o seu Waterfront não reflectia a cidade internacional e cosmopolita. Imagem e identidade urbana eram claramente contraditórias.
Sevilha e Barcelona foram cenários de eventos internacionais no decorrer da década dos 90: a Expo 1992 (Sevilha) e os jogos Olímpicos de 1992 (Barcelona). Ambas as cidades, no decorrer dos
Ilustração 48.Viista geral do Passeig de Colom.(1995) Em: Meyer (1996), op.cit. pag.114
anos 80, experimentaram importantes operações urbanísticas para adequar-se aos eventos ou resolver problemas urbanos
O grande objectivo de Barcelona era a recuperação da sua relação com o Mediterrâneo e a reutilização dos espaços abandonados pelo porto. Existia uma barreira que fazia de limite entre a cidade e a água, o passeig de Colom, uma importante via para a cidade e o porto. Esta via, formada por 10 faixas de rodagem, era o grande
Ilustração 49 Barcelona.Passeig de Colóm depois da actuação Em: Meyer (1996), op.cit. pag.162
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desafio, pois além do problema da barreira, aqui concluía o tecido urbano do centro antigo da cidade, e do ortogonal plano do Cerdá.
Como propor um novo desenho que superasse a barreira e que realmente continuasse a cidade até a água? Como recuperar espaços perdidos para os cidadãos? Tratava-se dum velho problema, suscitado e analisado em meios académicos nas décadas anteriores. A oportunidade para a sua resolução chegava com estes eventos. Na década de 80 é elaborado um plano, com base na proposta de um concurso anterior ganho por Solá-Morales.
Além do Plano Geral do Porto de Barcelona, foi criada uma empresa, Gerencia Urbanística Port2000, para levar a cabo o projecto de reestruturação de algumas zonas do porto de Barcelona e zonas adjacentes fora do município. O plano teve quatro projectos principais individualizados. Passeig de Colom e Moll de la Fusta, frente portuária de Barceloneta e moll de la Barceloneta, a praia de Barceloneta e o waterfront do ensanche e Poble Nou.
O passeig de Colom constituía uma importante via de acesso ao porto, também importante para a cidade. A intervenção implicava a fragmentação do conjunto de faixas. Deste modo o trânsito de atravessamento, mais pesado e rápido, foi semi-enterrado, evitando fazer interferência visual. O trânsito local maneve-se à superfície.
Ilustração 50: Port Vell de Barcelona . Em: http://www.radiospania.com/galerie-foto/catalonia/barcelona/
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Por cima do túnel realizado desenvolveu-se um espaço público de passeio virado para a água.
A outra intervenção no Port Vell consistiu principalmente na construção de novos equipamentos direccionados para o lazer. Novas zonas comerciais e de restauração e para a cultura, como o aquário, museus e teatros que constituíram a parte mais importante desta acção.
Os modelos de mudança funcional e a incorporação das marinas de recreio conferem ao processo uma progressiva aproximação a escala humana. Surge neste caso um novo tipo de negócio.
Na Barceloneta recuperaram-se antigos edifícios para escritórios de funções públicas e qualificou-se o espaço público incluindo o passeio marítimo que dá acesso à praia.
Esta intervenção permitiu uma relação mais fluida com o resto da cidade e uma continuidade ao longo de todo o seu waterfront. Estas intervenções nesta zona da cidade fizeram com que na actualidade seja umas áreas mais visitadas tanto por habitantes locais, como por turistas.
Ilustração 51: Planta geral do projecto para Passeig de Colombo e Moll de la Fusta Em: Meyer (1996), op.cit. pag.155
Ilustração 52 Planta geral do projecto litoral de Barcelona Em: Meyer (1996), op.cit. pag.171
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No sector de Poblenou, outra área de intervenção do waterfront de Barcelona, edificou-se a vila Olímpica, posteriormente destinada a zona residencial.
Nesta zona da cidade tem-se desenvolvido recentemente um plano, o 22@BCN, que consiste na recuperação de antigas zonas industriais para outros usos. A reconversão urbana de Barcelona concentrou-se de modo intenso neste sector, com novos espaços públicos e Ilustração 53. Bilbau e a Ria Planta antiga Em : Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.5
elementos icónicos da arquitectura contemporânea.
b) Bilbau. Bilbau é a maior cidade da frente Atlântica norte de Espanha. Com uma população de aproximadamente 350000 pessoas e 900000 na sua área metropolitana, que estende-se ao longo do rio Nervión. Sempre foi um importante porto industrial, com grandes estaleiros e indústria pesada, associada à transformação do metal e ao tráfego Ilustração 54. Ria de Bilbao. 1970 Em :Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.10
marítimo.
Ajudou à sua indústria o facto de nesta região de Espanha, Pais Basco, Astúrias e Cantábria, encontrarem-se grandes minas de carvão e outros minerais.
O porto de Bilbau consolidou-se ao longo do século XIX começos do XX como o principal da costa Atlântica norte de Espanha. Esta força do porto, associado à indústria, fez com que Bilbau crescesse até ser uma das principais cidades do norte da Espanha. A meados do século XX, a crise afectou os sectores que funcionavam em Bilbau, com a redução da actividade industrial e dos estaleiros navais, provocando uma grave crise social, com desemprego associado.
Após um máximo de população quando a indústria e o porto estavam Ilustração 55. Ria de Bilbao. Anos 80. Em : Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.31
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no seu auge, Bilbau, com a crise económica e social, sofreu uma quebra demográfica de 20 % em 10 anos. Na década de oitenta
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houve outro acontecimento que seria determinante para o desenvolvimento posterior da cidade. Uma catástrofe natural, em que a cidade sofreu umas cheias do rio Nervión em 1983. O nível das águas subiu até 5 metros além do seu nível normal, as cheias arrasaram boa parte do centro histórico da cidade, destruindo habitação e edifícios públicos, além de infra-estruturas. No total houve 34 mortos na região por causa das inundações, que ficaram como as piores da História no País Basco.
Ilustração 56. Efeitos das cheias do ano 1983 Em: Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.15
Esta catástrofe acabou por ser considerada como uma oportunidade e a cidade soube reagir. A reconstrução necessária foi gerida por uma nova empresa público-privada, tendo tido grande sucesso. Nesta fase aproveitou-se para dinamizar o centro histórico, com novos espaços e, principalmente, novas conexões a nível de transporte públicos.
Este novo impulso renovador da cidade possibilitou o início de mudanças de maior escala no funcionamento da mesma. De facto, a cidade apresentava antes das cheias diversos problemas. O modelo económico ligado à grande cidade de Bilbau tinha entrado em
Ilustração 57. Ria de Bilbau. 1970 Em: Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.26
quebra, sendo necessária uma intervenção de maior profundidade.
Ilustração 58. Fotografia satélite da cidade de Bilbao e a sua Ria. Em: google earth consultado no dia 29-04-2011
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O primeiro passo foi a mudança das instalações do porto. O porto ocupava quase toda a frente ribeirinha de Bilbau e apresentava diversos problemas; este converteu-se assim numa barreira que impedia a devida relação entre a cidade e o rio, mais do que um espaço de relação. O próprio porto tinha perdido eficiência. A sua dimensão e localização, que antes tinha sido uma vantagem, começava a ser um problema, pois não podiam receber maiores barcos, a sua área de acção era muito limitada.
Esta perda de competitividade internacional provocou uma perda de peso específico do porto em relação à cidade.
Ilustração 59: A Ria de Bilbao hoje (em cima) e em 1992 (baixo) Em: Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.31 -29
Em 1993, o porto foi mudado para a abra exterior, o ponto onde o rio abre completamente para o mar, a foz do rio Nervión. Esta mudança, que implicou novas instalações, provocou duas situações. Em primeiro lugar, o porto teve oportunidade de expandir-se, adicionar novos serviços e suportar barcos maiores. Em segundo lugar, libertou-se uma enorme área interior, na ria de Bilbau.
Nestas áreas libertadas, zonas como Barakaldo e Abandoibarra, começaram a segunda fase de revitalização da cidade e de recuperação da sua relação com o rio.
Ilustração 60. Fotografia aérea da cidade de Bilbao e a sua Ria. Em: google earth consultado no dia 29-04-2011
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Com o objectivo de transformação da cidade criou-se a empresa pública Bilbao Ria 2000, no ano 1992, com participações das Câmaras implicadas (Bilbau e Barakaldo), do governo regional, do ministério de obras públicas, autoridades do porto de Bilbau e outras entidades públicas.
A empresa funciona através da cedência de terrenos das entidades participantes, requalificação dos terrenos e uso do benefício conseguido nas novas obras e equipamentos.
Ilustração 61: Ria de Bilbau, antes e depois da operação de revitalização. Em: Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010, pag.35
A primeira acção realizada para dar começo à revitalização da frente ribeirinha foi a de limpeza e despoluição da Ria de Bilbau. Esta grande operação no meio ambiente teve um custo de 800 milhões de euros, mas foi fundamental para poder recuperar a vivência das margens ribeirinhas e trazer de volta as pessoas ao rio.
Numa segunda fase começaram as acções de recuperação de espaço público e as actuações mais concretas. Revelaram-se quais seriam as directrizes principais do plano: uma grande aposta pelo espaço público no waterfront; a localização de novos equipamentos de carácter lúdico-cultural no bordo de água; e a contratação de arquitectos de reconhecimento internacional para estes novos equipamentos.
Ilustração 62: Bilbao Ria 2000. De site consultado em 28-06-2011: http://1.bp.blogspot.com/_g9b7QSlvmzM/TKlFohbvm_I/AAAAAAAAARs/ID4DQSzqAjE/s1600/Bilbao.jpg
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Além destes aspectos principais, houve outras acções fundamentais para a evolução da cidade, mas que não estiveram tão relacionadas com a frente ribeirinha. Construiu-se um novo aeroporto, obra de Santiago Calatrava, novo bairros habitacionais em zonas que antes não tinham nenhum uso claro. Procedeu-se ao soterramento de boa Ilustração 63: Novo aeroporto de Bilbao Em : Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.50
parte da rede de comboios que passava pela cidade, libertando grandes lotes de terreno na superfície. Criou-se ainda uma rede de metro que funciona em toda a área metropolitana, obra do arquitecto Norman Foster.
A estratégia geral, como foi indicado, consistiu na criação de um grande espaço público na nova frente ribeirinha, com zonas Ilustração 64. Imagens do metro de Norman Foster Em : Catálogo Bilbao 25 hitos. Shanghai Ed Ayuntamiento de Bilbau, 2010,pag.62-63
ajardinadas onde se desenvolvem diversas actividades. O cidadão foi realmente o usufrutuário deste novo espaço.
Outro aspecto crucial foram as novas conexões entre ambas as margens. A libertação de terrenos permitiu uma maior relação entre elas. As pontes existentes mantiveram-se ou foram transformadas. Criaram-se novas pontes pedonais, peças com um desenho muito cuidado, pensados especificamente para o lugar, como o caso da passarela Pedro Arrupe. Ilustração 65. Ponte do Padre Arrupe Em: Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.44
O fomento desta ligação pedonal virá não só do aspecto funcional mas também de aspectos de design e de dimensão. Assim, a dimensão da passarela Pedro Arrupe, com largura entre os sete e os onze metros, ajuda a respeitar um dos conceitos desta ideia: a existência de “ruas sobre a água”.
Toda uma serie de novos equipamentos culturais foram pensados. O Guggenheim é hoje o principal edifício da “nova” Bilbau. Este ícone Ilustração 66. Ria de Bilbau. Espaço público recuperado na margem ribeirinha Em: Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.41
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de Frank O. Gehry converteu-se no emblema da cidade, o edifício que melhor representa toda a operação de revitalização. Este edifício foi fundamental para o sucesso dos planos, gerou novos fluxos e
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funcionou como um íman, para o turismo, as exposições e actividades culturais nos circuitos internacionais.
Bilbau consolidou-se como uma cidade importante no mapa turístico internacional. O seu museu é considerado um dos principais edifícios de finais do século XX. O seu papel na revitalização foi tão importante, que chegou-se a falar do efeito Guggenheim, ou seja que um edifício funcione como elemento regenerador e símbolo de toda
Ilustração 67. Museu Guggenheim . Arqto. F. Gehry. Em site consultado em 25-06-2011 http://upload.wikimedia. org/wikipedia/commons/d/de/Guggenh eim-bilbao-jan05.jpg
uma cidade. O novo museu foi construído numa das zonas que sofreu mais transformações, Abandoibarra, e onde se localizaram outros equipamentos culturais, realizados por outros arquitectos de renome. O palácio de Euskalduna é outra obra de grande importância, um equipamento para congressos, ópera e teatro realizado pelos arquitectos Soriano e Palacios. A biblioteca da universidade de Deusto foi projectada por R. Moneo e o paraninfo da Universidade Pública do Pais Basco é da autoria de Álvaro Siza. A recuperação de Olabeaga e Zorrozaurre é um projecto de Zaha Hadid. Houve investimentos privados, também com nomes de grandes arquitectos, como as torres de Arata Isozaki, ou o arranhacéus de Cesar Pelli. As pontes, como já foi indicado, foram realizadas de forma muito cuidada, em que uma das quais é do Santiago
Ilustração 68. Universidade Pública do País. Vasco- Arquitecto Álvaro Siza Em : http://www.dezeen.com/2010/12/02/p araninfo-de-la-universidad-del-paisvasco-by-alvaro-siza/, consultado em 2506-2011
Calatrava
Um dos aspectos mais interessantes do projecto de Bilbau foi a integração parcial do espírito portuário pré-existente, respeitando o “genius loci” do lugar. A arqueologia industrial teve um papel com alguma importância nos novos espaços.
Criou-se um museu do porto, com infra-estruturas portuárias existentes, em que alguns dos equipamentos, como as gruas, foram incorporados no desenho do espaço. As pessoas recuperaram a relação com o rio, mas também conseguiram perceber o que era e o
Ilustração 69. Universidade de Deusto. Arq. Rafael Moneo Em: Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010,pag.122
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que significava antes o porto para a sua cidade.
Um aspecto criticável desta operação de revitalização é a aparição do “architects playground”. A marcada aposta por arquitectos de renome (archistars) implicou uma resposta ao problema em certo modo conservadora. Em termos de marketing urbano foi mais fácil “vender” o produto com autores reconhecidos e consagrados, mas do ponto de vista da forma urbana perdeu-se uma oportunidade para inovar, ou dar oportunidades a alternativas. A operação de Bilbao Ria 200022, tem diversos aspectos que são claramente positivos e susceptíveis de serem extrapolados. O tratamento e a importância dada ao espaço público foram fundamentais para o sucesso entre a cidadania, que ganhou um novo espaço. A recuperação da relação com o rio foi exemplar no sentido em que se manteve ligação com o passado, mas com novos usos adaptados à sociedade actual.
Claramente a escolha de equipamentos culturais como pólos de atracção para as pessoas locais e estrangeiras foi uma escolha certa. A cidade beneficiou de novas dinâmicas e de novos fluxos. A intervenção urbana ajudou a resolver ou a minimizar problemas sociais e encontrar novas vias de desenvolvimento da cidade.
c) Hafencity, Hamburgo. Hamburgo é a segunda cidade da Alemanha, com mais de 1 700 000 habitantes. Situada no norte do país, é um dos principais portos da Europa, depois de Roterdão. No entanto segundo estimativas para os próximos anos esta situação poderá inverter-se. 23 A história da 22
A revitalização da frente ribeirinha da Área metropolitana de Bilbao é conhecida como BilbaoRia 2000 23
HARMS Hans .Changes on the Waterfront in Hamburg.Lisboa.in: Rev. Portus ,nº 15
pag 76-85
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cidade está muito ligada ao seu porto. Já na Idade Média a sua localização, 100 km dentro do rio Elba, foi fundamental como porto natural. Uma carta do rei Frederico I nomeou-a cidade livre imperial, com condições comerciais exclusivas, o que a consolidou como principal porto comercial no mar do norte/Báltico.
A cidade foi crescendo de forma contínua junto com o seu porto. No final do século XIX a sua população cresceu até aos 700 000 habitantes, fruto em parte da transformação do porto com um
Ilustração 70: Bombardeamentos da II Guerra Mundial. Em: site consultado em 28-06-2011 http://www.superstock. com/stock-photos-images/1895-46629
carácter mais industrial. Esta mecanização e o seu crescimento exponencial implicaram uma crescente separação da cidade. Embora esta fosse a proprietária do porto, este ia impondo o seu crescimento, destruindo e absorvendo espaços urbanos. No começo do século XX, o crescimento continuo a forte ritmo, passando a existir o que é conhecido como a grande Hamburgo, potenciando ainda mais o crescimento do porto e da indústria. Os bombardeamentos na cidade no decorrer da segunda Guerra Mundial, mais concretamente em 1943, provocaram grande destruição, ficando apenas vestígios da sua morfologia.
A sua localização foi importante também porque após a segunda guerra mundial criou-se a “cortina de ferro”, a 50 km da cidade. Isto afectou as suas conexões terrestres e consequentemente as ligações …………………..
Ilustração 71: Hafencity-Hamburgo 23-03-2007 . Em: google-earth consultado em 29 04 201
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e o comércio marítimo. No inicio dos anos 90, com a queda do “Muro”, e a reunificação da Alemanha, Hamburgo voltou a estar plenamente integrada nas rotas de comércio marítimo. O porto tem tido um ritmo de crescimento importante, facto para o que ajudou o sistema de logística de contentores. Este crescimento fez com que a relação com a cidade tenha sido cada vez mais difícil. A relação entre cidade e porto foi tal que a cidade não teve grande benefício da crescente actividade portuária, apesar do proprietário do Porto ser o Município. A evolução do porto não implicava ganhos directos na cidade, não implicava mais emprego, nem capital. Só no ano de 2005 fio criada uma nova autoridade do porto de Hamburgo, de carácter mais independente, com orçamentos separados. Boa parte das actividades portuárias não é realizada pela Autoridade, mas sim por empresas concessionárias, embora o porto se mantenha como proprietário dos terrenos.
Ao nível da situação urbana entre o porto e a cidade, existe o risco que o crescimento previsível do porto venha a criar problemas para a qualidade
de
vida
dos
cidadãos
de
Hamburgo.
O
seu
desenvolvimento tem sido principalmente para a margem sul do Elba. Na margem norte existem pequenos terrenos industriais em estado de degradação. A intervenção de Hafencity 24 localiza-se na zona de Sprinchenstadt. São uma série de aterros que em tempos foram parte do porto, mas que desde o começo dos anos 90 era uma zona degradada, que não tinha utilidade portuária e que cortava a ligação da cidade com o rio.
No final dos anos 80 a Câmara Municipal de Hamburgo começou com o laboratório de intervenção urbana. Só no ano de 1997 se 24
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O nome desta empresa coincide com o local: Hafencity
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apresentou um projecto para que a cidade voltasse ao rio. A ideia era a criação dum novo distrito da cidade, um bairro residencial, com diversos usos e diferentes actividades, que recuperasse a ligação com o Elba.
A zona escolhida para esta intervenção, desactivada como porto, permite fortalecer melhor a relação entre cidade e rio. Trata-se duma área de intervenção total de 126 há. nos quais irão ser construídas mais de 5500 habitações e segundo estimativas irão ser criados 45000 postos de trabalho. A empresa pública criada geriu todo o processo de atribuição dos investimentos. O sector privado realizou o principal investimento, fundamentalmente no âmbito do edificado. Um processo de concurso ajudou na escolha das propostas, sujeitas a uma série de normas. A obrigação de diversificar funções, actividades e fluxo eram uma das premissas. Era preferível a implantação de várias tipologias, até o ponto de serem rejeitadas propostas que incluíam a utilização dum único tipo ou a sua reiteração. Uma das condicionantes iniciais foi a fixação de residência de anteriores moradores, o que implicava a coexistência de pessoas de diversos estratos económicos. As propostas apresentadas no concurso serviram para a elaboração dum Plano de actuação, onde o espaço público tinha também um importante papel.
Ilustração 72. Hafencity-Hamburgo 23-03-2007 . Em: google-earth consultado em 29 04 2011
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O objectivo era criar espaços de praça e promenade junto à água, como a praça Magalhães, espaços urbanos, onde o verde não tem um papel fundamental. A forma de entender estes espaços é diferente do projecto de Bilbau, onde foram criados grandes espaços junto ao rio, espaços de percurso onde o pavimento duro tem muito Ilustração 73. Vista aérea actual do porto de Hamburgo. Em: site consultado em 28-062011 http://www.hamburg-portauthority.de/en/duties-of-the-hpa/portstrategy.html,
protagonismo, não se conseguindo esquecer que esta é uma cidade industrial, e que este novo espaço formava parte do porto.
Com os novos equipamentos e espaços de escritórios criados, esperase converter Hamburgo numa base de operações das companhias internacionais que operam na região. Insiste-se na implantação de empresas relacionadas com novas tecnologias e com sectores que impliquem a contratação de profissionais com elevada formação, evitando a “fuga de cérebros”. Também com esse objectivo neste novo troço de cidade irá ser criado um importante pólo universitário, com um centro de investigação, obra do ateliê OMA.
Outro equipamento cultural construído foi o museu marítimo de Hamburgo. Realizado pela recuperação de um armazém de finais do Ilustração 74. Terminal de contentores .Porto de Hamburgo. Em: site consultado em 28-062011 http://wallres.saiswa.com/post .1451652.php,
século XIX tem também um espaço exterior com réplicas e antigos barcos. Noutro antigo armazém recuperado criou-se mais um museu, com protótipos de automóveis. Estes dois novos museus abriram em 2008.
A grande obra icónica de Hafencity é a nova sala da Filarmónica de Hamburgo. Um enorme edifício, que tem como base uma antiga fábrica, e que será integrada na linguagem do novo equipamento. A obra de Herzog e de Meuron irá ter diversos programas, desde uma grande sala de concertos e ópera, a um hotel, comércio, e habitação.
Ilustração 75 Vista aérea actual de HafenCity Em: site consultado em 28-062011 http://www.hafencity.com/en/overview/ha fencity-the-genesis-of-an-idea.html
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Como foi explicado no caso de estudo anterior, Bilbau criou uma estratégia de marketing urbano que esta a ser aplicada noutras intervenções de waterfronts. No caso de Hamburgo, é a sala da
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Filarmónica, e em Oslo foi a nova Opera. O caso de Hamburgo segue a linha definida por acções anteriores nas onde os elementos icónicos destas actuações são contínuos: Bilbau e o Guggenheim; Oslo e a nova Ópera do ateliê Snohëtta.
Como já anteriormente foi referido o edificado, nas acções urbanas no norte europeu, chega até a linha de água. Tal é o caso de Hafencity. A cidade expande-se até aos limites e o espaço público criado é reduzido a faixas de passeio, excepto em pontos específicos
Ilustração 76: Vista aérea actual de HafenCity Em: site consultado em 29-062011 http://v5.cache5.c.bigcache. googlea pis.com/static.panoramio.com/ photos/original/52626612.jpg?redirect_co unter=2
onde existem praças, mas sempre com uma dimensão relativamente contida. O edificado é mais denso, revela uma intenção de levar a cidade até ao bordo, ao contrário do que acontecia em Bilbau ou Barcelona, onde o novo Waterfront é reservado para obras de carácter público e cultural.
O projecto de Hafencity está apenas nos seus primórdios. Nenhuma das obras mais simbólicas foi concluída e só na zona de Am Sandtorkai /Dalmannkai, uma área principalmente resindecial, podese ver as novas formulações de espaço público.
Ilustração 77: Vista aérea actual de HafenCity Em site consultado em 29-06-2011: https://presse.hafencity.com/details .php?image_id=1346&sessionid=2379352b49f683dbf039f63f5df6dabf&l=english&sessionid=2379352b49f683dbf039f63f5df6dabf
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O principal defeito detectado até hoje em Hafencity é o progressivo afastamento da integração dos locais desta área. De facto, este tema era um dos princípios presentes no início do projecto: permitir que pessoas de diversas classes sociais vivessem neste espaço.
Ilustração 78: Novos espaços urbanos de HafenCity. De: site consultado em 29-062011 http://v3.cache4.c.bigcache.googlea pis.com/static.panoramio.com/photos/origi nal/13928481.jpg?redirect_counter=2
Possivelmente o financiamento parcial das novas áreas portuárias com parte dos lucros obtidos na requalificação urbana terá influenciado o tipo de utente que se pretende que habite nestes novos edifícios. A vertente “social” do projecto ficou limitada desde a altura em que uma parte dos benefícios das operações de qualificação de solos serviu para financiar o aumento das instalações portuárias a sul.
O processo de gentrification está muito instalado e só pessoas de classe média alta podem permitir-se habitar nesta nova parte da cidade. Um aspecto que é claramente positivo é o facto de conseguir conciliar investimento privado com directrizes públicas e novos equipamentos públicos culturais. Estes equipamentos atraem as pessoas para perto do rio, criando maior proximidade da cidade com o Elba. Tendo em conta que Hafencity só se espera que seja
Ilustração 79: Hafencity-Hamburgo Perspectiva geral. Em: site consultado em 30-06-2011 http://presse.hafencity. com/details.php?image_id=1364&sessionid=857f1b0aa2a29f3d77643828a3853250&l=english&sessionid=857f1b0aa2a29f3d7764382 8a385325
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concluído no ano 2025 é difícil poder realmente ter noção do que implicará para Hamburgo. As mudanças reais nas suas relações com o rio e na sua composição social só serão visíveis quando o projecto estiver concluído, devendo esperar para uma análise global final.
3.3.4. Conclusões parciais Os casos de estudos apresentados permitem avaliar uma série de experiências onde quer pelos resultados, quer pelas estratégias poderiam servir de reflexão para o conceito a implementar no caso
Ilustração 80. Novos espaços urbanos de HafenCity. Em: Site consultado em 2405-2011 http://presse.hafencity.com /details.php?image_id=1074&sessionid= 69e7c2f1bf34909c88a864e3937706d9&l =english&sessionid=69e7c2f1bf34909c8 8a864e3937706d9
de Lisboa:
a.- A utilização pública das linhas de água Os exemplos de libertação de frentes ribeirinhas nas suas faixas mais próximas à água parecem adequar-se mais ao processo de Lisboa, onde este processo foi uma constante gerada a partir da libertação de terrenos para uso ou funções urbanas da parte da Administração do Porto de Lisboa. Esta forma de contacto entre terra e água parece mais adequada contribuindo a orientação sul da cidade.
b.- A prevalência dos elementos culturais como uso predominante nos espaços intermédios entre água e cidade Este aspecto é uma constante em todos os casos estudados e o seu paradigma acaba por se conhecer como o efeito Bilbau ou efeito Guggenheim tendo resultados de relançamento e recuperação urbana óbvias.
c.- A gestão coordenada das acções de regeneração urbana Os diversos casos de estudo apresentam diversos tipos de gestão dos processos. O modelo participado por todas as entidades envolvidas parece ser o que prevalece, embora possam variar. Ilustração 81. Novos espaços urbanos de HafenCity. Em: AAVV.(2010) Hafencity Hamburg projects, pag 41
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3.3.5. Projectos de edifícios e espaços públicos no waterfront: Casos de estudo de referência No decorrer de diversas actuações referidas às regenerações urbanas em waterfronts aparecem os edifícios ou espaços públicos elevados como opção de projecto. Anteriormente verificou-se o papel dos equipamentos culturais como catalizadores de fluxos na cidade 25 .
A opção projectual que considera os vazios como ponto de partida da regeneração urbana apresenta diversas vantagens já referidas, além do facto de não alterar o tecido urbano consolidado. O facto de se terem implementado acções de revitalização de waterfronts desde meados do século passado possibilita a existência de exemplos de intervenções neste sentido estratégico.
3.3.5.1.O espaço público elevado como alternativa Os casos de estudo que são apresentados referem espaços públicos elevados e não passarelas. Existem diferenças entre estes dois conceitos que podem condicionar que a ligação proposta funcione ou não.
A passarela, frequentemente patente na frente ribeirinha lisboeta, pode-se identificar como um objecto, que cumpre um determinado objectivo: possibilita passar de um lado ao outro, mas em muitos casos não implica modificações na forma urbana da sua envolvente. O espaço público permanece quase indiferente perante este facto. Estes elementos têm muitos inconvenientes funcionais: não são confortáveis para muitos dos seus utentes, reduzem ou até discriminam alguns dos seus usuários, além de não ajudam à percepção e compreensão dos seus extremos. Detectam-se em muitas delas certo desinteresse quanto ao seu desenho, privilegiando uma atitude mais industrial tendo em conta
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Acerca deste conceito a revista Av publicou um artigo do David Cohn em que trata do tema,: Arquitectura Viva, nº 113,. 2005.
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
os condicionantes da sua localização.
O espaço público elevado é, de facto, um espaço que oferece uma vivência, diferentes formas de ser usufruído por todos os cidadãos, respondendo desde a sua formalização à configuração no local de implantação.
Ilustração 82. Seattle. Imagem geral Em:bingmaps, consultado em 01-072011
O conceito que estaria mais perto da definição do espaço pensado para a ligação da cidade com o rio poderia ser o de praçarela26. O trabalho de Vera Hazan 27 apresenta a passarela como espaço público, implicando uma maior dimensão, de forma a permitir a várias formas do atravessar.
3.3.5.2.Apresentação dos casos de estudo Os casos de estudo escolhidos revelam que a estratégia do espaço
Ilustração 83. Plataforma Tejo. Arq. Ressano Garcia Em: site consultado em 24-06-2011 http://4.bp.blogspot.com/_ jqUutYJeb_c/S68-kL62xVI/AAAAAAAAD DI/1ZEi97uClyI/s1600/Imagem+virtual+d a+Plataforma+Tejo.jpg
público elevado como conexão não é nova. O Seattle Olympic Sculputure Park é uma intervenção muito recente, do ateliê Weiss/Manfredi onde se consegue dar continuidade ao tecido urbano, passando sobre uma barreira de vias de comunicação. Este projecto tem muitos aspectos em comum com a situação de Lisboa. Parte também de um vazio urbano e pareceu interessante pela relação criada com o espaço público, não sentindo o peão a sensação de atravessamento das linhas.
Ilustração 84. Centro Cultural de Belém. Arqto Gregotti-Salgado Fotografia do autor.
O segundo caso de estudo situa-se mais no âmbito conceptual, dado o carácter utópico do projecto. O arquitecto Ressano Garcia oferece uma solução de conexão para Lisboa, tratando do mesmo problema que é aqui estudado. A sua intervenção situa-se na zona da Rocha do Conde de Óbidos, numa parte da cidade já consolidada. É feita uma 26
Termo de origem brasileira que realmente explica o que é pretendido neste caso HAZAN Vera M: “ As passarelas urbanas como novos vazios úteis na paisagem Contemporânea. No site: ” http://seu2007.saau.iscte.pt/Actas/Actas_SEU2007_files/ Vera_Hazan.pdf, consultado no dia 25 de Maio de 2011. No àmbito do Seminário de estudos Urbanos de 2007. ISCTE. Lisboa. 27
Ilustração 85: Seattle, antes e depois do ano 1972 Em: http://www.worldarchite cturenews.com/index.php?fuseaction=w anappln.projectview&upload_id=12287
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crítica ao resultado final, em certo modo indica os problemas de actuar na forma apresentada.
Finalmente apresenta-se o caso do CCB em Lisboa. Trata-se duma Ilustração 86. Vista aérea geral Em: obra já com 20 anos, que soube integrar-se no seu contexto. Embora http://www.topboxdesign.com/tag/sea o CCB não faça nenhuma ligação física com o rio, consegue criar ttle-art-museum-olympic-sculpturepark/
através do seu espaço público uma relação com a frente ribeirinha. O
utente que frequenta os seus espaços sente-se na frente ribeirinha. Por este motivo foi considerado uma obra a ter em conta na escolha dos casos de estudo.
a) Seattle Olympic Sculpture Park. Ilustração 87.Planta geral do Master Plan. Em: http://www.artnet.com/ magazineus/reviews/mandarino/mand arino2-13-07_detail.asp?picnum=3
Seattle é uma cidade de média escala com a recuperação do seu waterfront em andamento. Boa parte dos piers 28já mudou a sua actividade, maioritariamente para funções lúdicas.
O projecto de Weiss/Manfredi localiza-se no último Brownfield existente no waterfront urbano. Trata-se de um espaço estratégico para os promotores locais e também peça fundamental para a operação de especulação imobiliária que iria ser realizada. Ilustração 88: Vista geral Em: http:// Conseguiu-se um nível de usufruto mais público pela intervenção do www.weissmanfredi.com/projects/seat Museu de arte contemporânea, apoiando assim uma melhor relação tle-art-museum-olympic-sculpturepark.php
com a cidade.
O terreno, de 220 m x 180 m, transforma-se na realidade em dois espaços separados pela Elliot Av., uma importante via urbana. As linhas da companhia BNSF Railroad provocam ainda mais uma barreira, ao separar o terreno da linha de água, onde existe uma faixa térrea estreita que garante a continuidade no waterfront da cidade. O programa destinado a este espaço era o de um pequeno equipamento cultural, dado que o Seattle Art Museum já tem
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O termo piers significa em português cais, manteve-se o termo original pois nas acções de revitalização é usado como nome das intervenções.
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
grandes instalações onde desenvolve a maioria das suas iniciativas. Além da implantação deste equipamento, era importante garantir a transição entre a cidade e a água, e a possibilidade de um percurso expositivo exterior, dedicado a escultura contemporânea.
O sítio da actuação possui ainda a característica de ter uma diferença de cota notável entre a faixa na água e a parte mais interior do terreno,
Weiss-Manfredi
conseguem
combinar
as
diversas
condicionantes e problemáticas do terreno e do programa.
Ilustração 89: Vista aérea de Seattle,2002. Em google earth consultado em 29-06-2011
Ilustração 90: Vista aérea de Seattle,2002. Em bing maps consultado em 29-06-2011
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Foi decidido criar um percurso que arranca na rua Broad Street, transversal ao waterfront, que leva as pessoas até a linha ribeirinha. O percurso continua pela faixa de terra, e segue no resto do waterfront. Deste modo consegue uma boa integração com os fluxos urbanos, e liga o centro da cidade à água.
Associado a este percurso cria-se o espaço expositivo, propondo uma forma alternativa para as pessoas apreciarem a arte contemporânea. Pode-se observar como esculturas de Richard Serra, por exemplo, se desenvolvem em ambientes externos a um edifício. Os cidadãos de Seattle ficaram entusiasmados com a ideia de poder ter uma relação mais directa com as obras dos artistas, de uma forma mais natural.
O equipamento está concentrado no topo onde arranca o percurso, respeitando assim a linha de rua, o que permite resolver as entradas mais directas aos programas que se desenvolvem no se interior. O edifício alberga uma sala para exposições temporárias, um pequeno auditório ao ar livre, uma sala de workshops, cafetaria e restaurante.
Ilustração 91. Vista aérea de Seattle,2007. Em google earth consultado em 29-06-2011
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
Esta obra, além de uma intensa remodelação do terreno, implicou tarefas de despoluição. No novo terreno teve-se especial atenção com as diversas camadas de terra, funcionando como filtros de águas de forma a não poluir.
O espaço público é principalmente um espaço verde, com cinco ambientes criando diferentes estâncias para o utilizador. O percurso faz a ligação de forma mais livre, oferecendo diferentes pontos de
Ilustração 92. Pormenor de Sculpture Park Em:http://www.artnet.com/ magazineus/reviews/mandarino/mandarin o2-13-07
vista, e diversos ângulos. As pessoas são “obrigadas a gozar” do espaço
Este projecto destaca-se de outros pelo modo de reforçar a ligação entre a cidade e o waterfront do lago Washington. Destaca-se positivamente neste projecto o modo como as barreiras foram superadas e sua a inserção do atravessamento no percurso. Assumese como referência para futuros projectos que se confrontem com problemática semelhantes.
b) Plataforma Tejo, Lisboa. O arquitecto Pedro Ressano Garcia elaborou um projecto, conceitual, que trata do mesmo problema, ou seja da ligação entre cidade e waterfront. A intervenção tenciona recuperar a ligação que noutra época existira, através da extensão dos espaços públicos até a frente ribeirinha.
Nos vídeos disponíveis no site do seu ateliê o arquitecto confirma que esta é uma estratégia que está a ganhar força a nível internacional, em cidades com waterfronts e portos industriais. De facto, Bilbau apresenta uma intervenção semelhante. O museu Guggenheim estabelece uma ligação com a cidade através de um espaço público elevado, que passa por cima duma importante via de comunicação. Encontram-se mais exemplos como o caso de Konak Square na cidade de Izmir, na Turquia.
Ilustração 93. Pormenor da escadaria de Sculpture Park Em:http://www.artnet.com/ magazineus/reviews/mandarino/mandarin o2-13-07
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O local de intervenção proposto é na Rocha do Conde d’Óbidos, em Lisboa, na zona de Santos, perto do Museu Nacional de Arte Antiga. Este local sofreu muitas modificações ao longo da história. Inicialmente era um rochedo que foi sendo transformado. Quando foram feitos os aterros sofreu grande impacte. Hoje em dia é caracterizado pela escadaria que liga a Avenida 24 de Julho com os jardins da entrada ao Museu (Jardim 9 de Abril).
Esta plataforma iria deixar inalteradas as vias de comunicação que ali funcionam, a Avenida 24 de Julho, a linha de comboio Cascais – Cais Sodré. O novo espaço criado continuaria pela área portuária, tentando criar uma ligação entre a gare de cruzeiros de Conde d’Óbidos, o Museu do Oriente e a cidade.
Há uma grande concordância de ideias entre esta proposta e o defendido na dissertação; há um problema comum, onde a alternativa a seguir é o espaço público. O ponto de discordância é na formalização do conceito. A tradução formal das ideias no lugar da intervenção. Realmente resolve o problema de ligação do tecido urbano com a frente ribeirinha, mas cria uma serie de problemas antes inexistentes. Supera umas barreiras, mas cria outras, não se limita a uma plataforma.
Ilustração 94.Vista desde satélite da Doca de Rocha Conde d’Óbidos Em: bing map consultado em 22-05-2011
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
Segundo o arquitecto, este edifício não é um plano, mas um volume, porque no seu interior alberga espaços para diferentes usos, que permitem que o edifício se auto-financie29. Este volume criado actua como barreira visual notável, para quem caminha pela Avenida 24 de Julho, modificando o skyline de Lisboa, e a percepção que os lisboetas têm da sua cidade.
Além do novo efeito barreira que esta intervenção cria, aparentemente não mostra sensibilidade para a sua envolvente, limitando-se ao que se pode apreciar nos renders. Tendo em conta que é uma parte da cidade já consolidada e consta de elementos históricos parece lógico prestar mais atenção a este aspecto, e não evitá-los como se não existissem.
Ilustração 95. Render da proposta para a Doca de Rocha Conde d’Óbidos, Em: http://www.ressanogarcia.com/?lop=conteudo&op= a87ff679a2f3e71d9181a67b7542122c&id=c4ca4238a0b923820dcc509a6f75849b 29
Informação obtida em vídeos disponíveis no site do arquitecto em 12/05/2011. 15 50 h. http://www.ressanogarcia.com/
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A “escadaria monumental”, uma peça ainda de alguma importância pela sua singularidade e que os lisboetas mostraram ter algum carinho, ver-se-ia completamente alterada. Engolida dentro da plataforma, e pelo que se pode apreciar em parte destruída.
No decorrer dos seminários que tiveram lugar no primeiro semestre do ano lectivo 2010/2011 na FA.UTL, o arquitecto apresentou o projecto Plataforma Tejo30. No debate questionou-se o arquitecto quanto à preocupação com o excessivo impacte visual que eventualmente esta obra poderia ter na Frente Ribeirinha, a resposta foi:
“A cidade é um organismo em constante mutação e que não devia ficar ancorada ao que é hoje em dia ou ao que existe.”
Este princípio, defendido por Ressano Garcia como “justificação” revela alguma falta de sensibilidade ao contexto, o que poderá ser perigoso. Deste modo poder-se-á permitir qualquer tipo de intervenção em qualquer lugar da cidade, sem ter o cuidado e respeito necessário ao contexto.
A crítica é feita à tradução formal dos princípios, pois o conceito está de acordo com o defendido neste artigo. A Plataforma Tejo permitiu evidenciar uma vantagem na escolha de intervir nos vazios urbanos: Estes espaços estão expectantes, a sua identidade em muitos casos é confusa e não apresentam grande valor patrimonial, supõem riscos menores do que intervir em espaços muito importantes para a cidade e que ajudariam a definir a sua identidade.
Ilustração 96: Render da proposta para a Doca de Rocha Conde d’Óbidos Em: http://www.ressanogarcia.com/?lop=co nteudo&op=a87ff679a2f3e71d9181a67 b7542122c&id=c4ca4238a0b923820dcc 509a6f75849b
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c) Centro Cultural de Belém, Lisboa. O último caso de estudo apresentado é um dos maiores edifícios de
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Seminário: Apresentação do projecto Plataforma Tejo, Novembro 2010, Faculdade Arquitectura UTL.
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
carácter cultural em Portugal. O Centro Cultural de Belém, da autoria de Gregotti e Salgado, é um dos mais emblemáticos da arquitectura portuguesa recente. Foi realizado para criar uma nova zona de museus e recuperar uma serie de espaços vazios, degradados, além de melhorar a imagem do contexto monumental de Belém.
A dupla Ateliê Risco/Gregotti, ganhou o concurso em 1988, com um projecto que incluía cinco módulos, três dos quais foram construídos.
Ilustração 97: Vista aérea do CCB desde o Padrão dos Descobrimentos Em http://www. risco .org/pt/02_10_ccb.html
Cada módulo tinha um programa específico; o primeiro consistia num centro de reuniões, o segundo num centro de espectáculos, o terceiro módulo albergaria o centro de exposições, actualmente museu da colecção Berardo. Os outros dois módulos, ainda sem construir, destinar-se-iam a instalações hoteleiras e equipamentos de apoio. Na actualidade não é conhecido o que irá acontecer com esta parte do projecto
Ilustração 98: Maquete da proposta do concurso para o CCB. Gregotti-Salgado Em: http://www.risco.org/pt/02_10_ccb4e5.ht ml
O projecto conseguiu um equilíbrio entre uma escala monumental, e um certo anonimato junto aos monumentos pré-existentes. Na altura do concurso e da construção houve polémica, dado que a zona de Belém é uma das partes de maior identidade de Lisboa.
Tendo em conta esta localização, consegue enquadrar-se sem ficar fora de lugar. Este equilíbrio de escalas foi fundamental. Qualquer
Ilustração 99: Vista actual do CCB desde o acesso oriental. . Em: http://www.risco.org/pt/02_10_ccb.html
Ilustração 100: Vista aérea do sector do CCB. Do google earth, em 27-05-2011
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outra
opção
em
relação
à
sua
dimensão
teria
ficado
descontextualizado. Neste processo a escolha da pedra de lioz para o revestimento integral dos edifícios teve um papel importante tendo em conta que é considerada a “pedra de Lisboa”, facto que ajudou a sua identificação e aceitação pelos lisboetas. Ilustração 101. CCB Vista da entrada desde a Praça do império. Em: http://www.risco.org/pt/02_10_ccb.html
A sua estrutura urbana é também um aspecto positivo para o seu bom funcionamento. As suas formas geométricas, puras de grande dimensão, vêm-se atravessadas por uma grande rua que percorre longitudinalmente o conjunto desde a Praça do Império. Esta rua, na hipótese de ter-se concluído segundo o projecto original, conectaria praticamente com a passarela do arquitecto Manuel Tainha, próxima à torre de Belém.
Ao longo deste percurso axial, quase talhado na pedra, Ilustração 102. CCB. Corredor central . Em: http://www.risco.org/pt/02_10_ccb.html
desenvolvem-se diversos espaços. No início, na fachada à Praça do Império, existem espaços comerciais, que outorgam variedade no programa. Depois da mudança de nível existe uma grande praça elevada, que funciona como entrada ao centro de exposições. Neste espaço desenvolvem-se diversas iniciativas culturais ao ar livre.
Além da “rua” central existem outras transversais que permitem a permeabilidade do espaço. A sua relação com as ruas adjacentes é feita através de jardins situados numas plataformas elevadas por cima da cota da rua, e que permitem que o edifício tenha menor impacte sobre o peão.
Fig.103. CCB. Volumetria no encontro de rampa Norte com corredor central. . Em: http://www.risco.org/pt/02_10_ccb.html
Nestas plataformas, situadas num plano intermédio em relação à cota total do edifício, existem dois jardins, que suavizam a imagem de fortaleza que o conjunto em parte transmite. É interessante observar as duas respostas que o mesmo edifício apresenta perante o tipo de via com a que se relaciona. Assim, a relação com a rua ao norte do edifício é mais na escala do peão, através da galeria comercial que
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
além dos serviços comerciais oferece protecção aos viandantes.
Na fachada virada ao sul, às avenidas da Índia e do Brasil e à linha do comboio, a resposta do edifício é radicalmente diferente. Uma fachada cega funciona praticamente como protecção do edifício em relação a estas vias. Estas circunstâncias podem ser apreciadas nas mesmas escadas que servem de acesso ao jardim elevado, tendo uma forma que oferece protecção ao utente.
Entende-se que, no contexto deste trabalho, o modo como se consegue que as pessoas possam usufruir dos espaços públicos ajardinados é o ponto de maior interesse.
Ilustração 104: Jardins elevados na fachada sul, virando à frente ribeirinha Fotografia do autor.
A relação entre jardim e rio é muito mais forte do que parece inicialmente. Neste projecto pode-se apreciar o facto de que o espaço público se encontra num plano elevado mudando as relações que por ele são percebidas. O CCB situa-se na zona de Belém, próximo do Padrão dos Descobrimentos, praticamente na frente ribeirinha de Lisboa.
A barreira que existe, tal como em toda a frente ribeirinha, provoca
Ilustração 105: CCB. Fachada Sul Fotografia do autor
uma ruptura na relação estabelecida entre esta zona e o Tejo. A fachada sul do edifício, funciona como filtro de relações. O volume no nível térreo, cego como resposta ao tráfego e aos comboios, faz de plataforma para depois na sua cobertura desenvolver o jardim das Oliveiras, e mais dois espaços que funcionam como terraços virados ao rio.
Neste sentido, o projecto refere a importância do facto do espaço público estar elevado, e como este consegue relacionar-se com o rio sem ter uma conexão física.
Ilustração 106. Jardins do corpo Sul do CCB. Fotografia do autor
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
4. O CASO DE LISBOA: A FRENTE RIBEIRINHA E O EFEITO BARREIRA 67
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
4. O CASO DE LISBOA: A FRENTE RIBEIRINHA E O EFEITO BARREIRA 4.1.Enquadramento histórico Lisboa e o rio Tejo são conceitos ligados intimamente desde as suas próprias origens. Constata-se que houve assentamentos préhistóricos nas margens do rio, tal como refere Guillermo Díez31.
Ilustração 107: Núcleos no Vale do Tejo no final da Idade do Ferro Em: SVEN REGHER DÍEZ, op cit pag.107
O comércio foi promovido pelos povos do Mediterrâneo, tendo passado Lisboa a desenvolver um papel fundamental. O Tejo assumiu o papel de via de comunicação com o interior. O seu estuário converteu-se em porto natural e entreposto para mercadorias do norte de Europa e de África.
O primeiro assentamento que ganhou importância foi por parte dos fenícios e respondia ao nome de Alis Ubbo (enseada amena). 32 Só com os romanos é que Olissipo (Lisboa) passa a ter o estatuto de
Ilustração 108: Núcleos no Tejo na época da romanização Em: SVEN REGHER DÍEZ, op cit pag. 108
cidade, de município, ganhando bastante importância dentro da região romana de Lusitânia e como ponto comercial nos caminhos do Império Romano.
Lisboa conheceu, durante a Idade Média, períodos de sucessivas dominações. A Lisboa muçulmana destacou-se como uma das principais cidades europeias. Posteriormente, D. Afonso Henriques recuperou o esplendor lisboeta como porto de charneira entre o norte e o sul, praça de comércio e ponto de encontro entre rotas.
Ilustração 109: Vista de Lisboa e Belém desde o rio Tejo-1650 Em: Bellem Belém Reguengo da Cidade. Arquivo Municipal
A luta entre terra e água no âmbito do Tejo tem sido uma constante na história de Lisboa. Após a capitalidade de Lisboa deu-se o primeiro aterro, na zona do
31
SVEN REGHER Guillermo- Diez. Estrategias de asentamiento ante la romanización de la cuenca baja del Tajo. In . 104- Bellem Belém Reguengo da Cidade. Arquivo Municipal 32
Ilustração 110: Alegoria do terramoto de Lisboa-1755. Em: http://palimpsestosjf.blogspot.com/2009/07/o-terremotode-lisboa-1755-e-seu.html
NABAIS António J C M, RAMOS Paulo O.. Op. Cit. Pag. 16
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Terreiro do Paço (hoje Praça do Comercio), através de drenagens33. Na segunda metade do século XV, Lisboa-Belém foi ponto de partida para as Descobertas configurando-se como ponto de controlo do tráfego ultramarino. Ilustração 111. Lisboa 1826 antes dois aterros em Bellem Belém Reguengo da Cidade. Arquivo Municipal
No ano de 1755, Lisboa sofreu um dos maiores terramotos, seguido de maremoto, da história. O posterior incêndio provocou uma modificação completa no aspecto da cidade. Após a catástrofe, a reconstrução tencionava recuperar para Lisboa a glória anterior. A Baixa pombalina, com os seus padrões compositivos de malha urbana, foi uma grande operação de regeneração do tecido urbano, seguindo princípios da época.
Ilustração 112. Torre de Belém. Actos de despedida aos navios da Marinha em: Bellem Belém Reguengo da Cidade. Arquivo Municipal
No período pós-terramoto, em plena reconstrução as grandes mudanças na frente ribeirinha de Lisboa até a época industrial, foram as reconfigurações da Praça do Comércio e do Cais do Sodré, que continuariam como dois pontos centrais no waterfront. Para perceber a evolução da Frente Ribeirinha e como se foi formando o seu tecido, Costa faz um estudo aplicando o seu modelo dos processos de formação. Seguindo esta estrutura de formação, com o primeiro processo, edifício a edifício, com uma formação de
Ilustração 113. frente do rio Tejo:1871 e hoje em dia. Em Rev. Arquitectura nº 1371980.pag
forma mais causal; identifica as zonas da ribeira de Alcântara, Bom sucesso e do Calvário, a Rocha Conde d’Óbidos. Na zona oriental até Santa Apolónia e Xabregas também enquadram-se neste processo. O aterro da Boavista é o momento mais representativo da integração cidade-porto, e marca o começo do segundo processo, a estrutura cais, rua, armazém. O primeiro grande momento de mudança de modelo de desenvolvimento territorial acontece na segunda metade do século 33
Dados provenientes do site consultado no dia 22 de Março de 2011. http://www.portodelisboa.pt/portal/page/portal/PORTAL_PORTO_LISBOA/ESTATIST ICAS, e na publicação: “100 anos do porto de Lisboa” pag 28
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
XIX, com a criação das novas grandes infra-estruturas urbanas, os caminhos-de-ferro paralelos ao rio, e os novos grandes aterros. Estas operações afectam principalmente as zonas central e ocidental do waterfront, as partes mais consolidadas da cidade, até Belém. Associado a estas novas obras esteve o conceito do Plano Geral do Porto de Lisboa, de 1887, em que o porto industrial implantou-se frente a cidade. O facto de haver um plano estruturado e a presença de importantes infra-estruturas permitiu o desenvolvimento nesta
Ilustração 114: vista aérea da Doca de Alcântara.2005 Em http://www.portodelisboa. pt/portal/page/portal/PORTAL_PORTO _LISBOA/GALERIA_MULTIMEDIA/PORTO_L ISBOA/GALERIA
parte da cidade do porto moderno e novas funções comerciais. Curiosamente nesta parte da cidade foi quando mais cedo começaram as operações de renovação da frente ribeirinha, ainda da época post-industrial, na primeira metade do século XX. Na zona oriental da cidade, considerada periferia na época industrial, verificaram-se os outros processos de formação da frente ribeirinha. O primeiro processo foi o crescimento industrial espontâneo baseado nas infra-estruturas existentes, a nova linha de caminhos-de-ferro, que concluía em Santa Apolónia, e no viário paralelo ao rio. O processo sucessivo, o projecto da companhia industrial, no final do século
XIX,
é
caracterizado
por
conglomerados
de
Ilustração 115: vista aérea da Doca Alcântara.2005 Em http://www.portodelisboa. pt/portal/page/portal/PORTAL_PORTO _LISBOA/GALERIA_MULTIMEDIA/PORTO_L ISBOA/GALERIA
maior
complexidade, incluindo em alguns casos cais privativos. Estas companhias funcionaram de forma individual, fora de planos de desenvolvimento, de forma casuística, embora o seu impacte no território
começa-se
a
ser
notável
em
comparação
com
outros……………
Ilustração 116: Planta geral do projecto das grande obras do Porto de Lisboa da autoria de Adolpho Loureiro (1888), segundo decreto do ministro das Obras Públicas Emigdio Navarro, executadas e exploradas pelo empreiteiro Hersent. Em http://www.portodelisboa.pt/portal/page/portal/PORTAL_PORTO ISBOA/GALERIA_MULTIMEDIA/PORTO_LISBOA/GALERIA
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processos espontâneos já mencionados. Este processo continuou até o século XX, em zonas como Cabo Ruivo, Beirolas e Olivais. Finalmente o complexo industrial autónomo existiu na zona de Cabo Ruivo, com a indústria Petroquímica, mas foi na margem sul onde teve mais força. Todos estes processos de formação não foram acontecimentos pontuais, mas foram-se relacionando entre eles e dilatando-se no tempo, chegando até a situação actual. Este modelo de formação da frente ribeirinha de Lisboa facilita a compreensão da situação actual e dos condicionamentos da relação da cidade com o Tejo. O funcionamento hoje em dia do porto de Lisboa em parte responde à sua forma herdada de épocas anteriores, o que explica em alguns casos a dificuldade de intervenção no waterfront.
4.2.Análise do estado actual O porto de Lisboa funciona ao longo de toda a frente ribeirinha de Lisboa, nas duas margens. É o principal porto de Portugal. Conforme as estatísticas dos últimos anos, 30 % das mercadorias marítimas nacionais passam por este porto34. Apenas no âmbito dos produtos petrolíferos e químicos o Porto de Sines ultrapassa Lisboa. Esta posição de liderança nacional implica uma grande quantidade de infra-estruturas, associadas a grandes áreas de terreno. Na margem Norte concentra-se a actividade portuária de lazer, de passageiros, tráfego de mercadorias e contentores e ainda um estaleiro em funcionamento.
Ao mesmo tempo, na margem Sul, concentra-se a actividade naval militar, algumas relacionadas com a reparação de embarcações, a 34
Dados provenientes do site consultado no dia 22 de Março de 2011. http://www.portodelisboa.pt/portal/page/portal/PORTAL_PORTO_LISBOA/ESTATIST ICAS,.
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
armazenagem de produtos poluentes, produtos químicos e petrolíferos. As actividades piscatórias e de transporte fluvial de passageiros, são partilhadas por ambas as margens.
Na margem Norte estão presentes algumas das zonas onde a frente ribeirinha foi recuperada para o cidadão. Percorrendo nesta margem a área portuária do concelho de Lisboa desde Algés, Belém é o primeiro sector mais acessível à cidadania. Aqui foi criado o novo Centro Champalimaud, um novo espaço onde
Ilustração 117. Sector portuário no rio Trancão Em: http://www.portodelisboa. pt/portal/page/portal/PORTAL_PORTO _LISBOA/GALERIA_MULTIMEDIA/PORTO_LI SBOA/GALERIA
os lisboetas, têm oportunidade de estar na margem do Tejo. A seguir, entra-se no importante contexto monumental, com a Torre de Belém, os Jerónimos ou a Cordoaria como testemunhas de épocas passadas.
As funções portuárias neste sector de Lisboa são fundamentalmente as das marinas de recreio, nas docas do Bom Sucesso e de Belém, com instalações de doca seca e espaço para pequenas reparações dos barcos. Além destes equipamentos, esta área é a parte do waterfront de Lisboa com mais espaço público, zonas de passeio e espaços verdes nas imediações do rio.
A ligação com a cidade faz-se por um túnel frente à Praça do Império e passarelas, sendo insuficientes e pouco visíveis. Além dos
Ilustração 118. Torre de Belém. Fotografia de autor
monumentos, estão equipamentos de restauração e alguns museus, como o Museu da Electricidade e o Museu de Arte Popular. Estas instalações museológicas complementam as existentes neste sector na faixa urbana imediata; Museu Nacional da Marinha, Museu Arqueológico, Museu Nacional de Coches, na actual e futuras instalações, o Museu Etnológico, etc.
A zona de Alcântara é uma das áreas com maior actividade portuária. Localiza-se neste sector uma parte das instalações relacionadas com as mercadorias, apoiadas pelo cais avançado e o terminal de
Ilustração 119. Espaço verde na Frente Ribeirinha, na zona da Cordoraria.Fotografia do autor
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contentores (LISCONT). Aí se localizam os equipamentos de apoio para navios de cruzeiros, como os terminais de Alcântara e o da Rocha do Conde d’Óbidos.
Duas marinas para barcos de recreio encontram-se nesta zona, a de Santo Amaro e de Alcântara, sendo esta a maior das que possui o porto de Lisboa. Encontra-se neste sector o serviço de Alfândega.
Fora das funções do porto estão equipamentos de recreio, antigos armazéns recuperados como restaurantes, bares e discotecas, o Museu do Oriente, antigo armazém de Bacalhau e, ainda edifícios com outras funções como a Polícia, GNR e a polícia marítima.
No sector entre Santos e o Cais do Sodré coexistem armazéns que foram recuperados para restauração ou outros equipamentos de comércio ou serviços com zonas de estaleiros, reparação e armazenamento do Porto de Lisboa. Aqui ainda opera uma empresa de reparação naval, num dos poucos estaleiros em funcionamento.
Ilustração 120: Vista aérea da área portuária de Lisboa, consultado Em site google earth no dia 29-04-2011
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
Estas funções ocupavam edifícios agora completamente degradados, sem nenhum uso real. Não supõem qualquer mais-valia nem à cidade nem ao porto, mas impedem a relação dos habitantes de Lisboa com o rio. Este é um sector desordenado, visto o caos existente nos trânsitos rodoviário e pedonal. Não se identifica qualquer espaço público que favoreça o usufruto dos cidadãos neste local.
Ilustração 121: Armazéns recuperados para actividades lúdicas em Santos. Fotografia do autor
Entre a estação fluvial do Cais Sodré e a estação do Terreiro do Paço, estão a ser concentrados esforços de recuperação das relações e do espaço público ribeirinho. Uma zona histórica e que quer-se recuperar a sua ligação com o rio. As intervenções centraram-se na Praça do Comércio, na estação fluvial da mesma, o novo espaço da Ribeira das Naus (ainda em desenvolvimento) e novos edifícios de escritórios.
Ilustração 122: Estaleiro naval em Santos Fotografia do autor
No sector desde o Terreiro do Paço até ao Parque das Nações, os lisboetas só têm contacto com o seu rio na parte inicial, nos antigos armazéns do Jardim do Tabaco, que são dedicados actualmente à restauração e lazer e, frente à estação de Santa Apolónia, onde se encontra outro terminal de cruzeiros.
Depois da zona de Santa Apolónia começa o maior terreno de acção
Ilustração 123:Armazéns abandonados
do porto de Lisboa, onde se encontram diversos equipamentos. O
no aterro de Santos Fotografia do autor
terminal de contentores de Santa Apolónia, com um grande espaço à beira do rio de armazenamento de contentores e mercadorias. O terminal de granéis de cereais de Poço do Bispo. O cais de Xabregas, onde têm lugar outras funções portuárias, é a maior extensão do porto de Lisboa. Trata-se de um espaço de acesso vedado para os lisboetas.
As actividades portuárias tiveram a sua continuação na malha urbana mais imediata à Avenida do Infante Dom Henrique. Todas elas
Ilustração 124: Edifícios administrativos da EU. Em: http://amigosdobotanico. blogspot.com/2008/07/carta-ao-porto de-lisboa-desiluso-com.html
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implicaram na sua altura a construção de armazéns e infra-estruturas de apoio, na sua maioria hoje abandonadas e em estado de degradação. Esta é uma área que ocupa no total 5 dos 19 km de frente ribeirinha lisboeta, o que significa que só aqui mais de 25% da Frente ribeirinha Ilustração 125: Zona Expo’98. Estado actual. Em: http://sousenhorademim.files. wordpress.com/2009/09/parquedasnac3a7 oes.jpg
é inacessível.
No lanço mais oriental da frente ribeirinha existe o Parque das Nações. O empreendimento realizado com ocasião da Expo’98 e que, posteriormente, consolidou-se como uma nova centralidade urbana pelos seus equipamentos, qualidade de espaços públicos e edifícios de escritórios e habitação. Embora o objectivo fosse que funcionasse como pólo de atracção que levaria à requalificação das zonas existentes entre o centro de Lisboa e a parte oriental da cidade, na prática ficou como uma ilha de nova urbanidade.
Ilustração 126: Estação de Cais Sodré. Em: http://luis363.blogspot.com/2010/04/linhade-cascais-viagem-ilustrada-ao.html
4.3.O problema da barreira O problema da barreira está directamente relacionado com o aparecimento de uma nova infra-estrutura na cidade, as linhas de caminhos-de-ferro. Em 1856, foi inaugurada a primeira linha de comboio, Lisboa-Carregado33,na parte oriental da cidade, sendo concluída com a estação de Santa Apolónia, em 186534. Trinta anos depois, foi realizada a linha de Cascais, até Belém e, só depois em 1895, chegou até ao Cais do Sodré com a realização dos aterros contíguos à Av. 24 de Julho.35 Para a ligação específica com as instalações do porto de Lisboa foi
Ilustração 127 Estação de Pedrouços e passarela existente sobre a barreira
criado, ainda antes da chegada do comboio ao Cais do Sodré, o ramal de Alcântara no ano de 188736. Intervenção esta coincidente com o plano de expansão e modernização do Porto de Lisboa. Este ramal, ainda em uso hoje em dia, também contribui para a formação do efeito barreira, mas é importante para o transporte de mercadorias, 35
CHASQUEIRA, Luis. “O caminho de ferro e o serviço tranvia nos arredores de Ilustração 128: Estação de Santa Apolónia. Lisboa” in AAVV (1994) op.cit. página 217 36 Fotografia do autor. AAVV.(1994), op.cit., página 31
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
fundamentalmente contentores.
Entre o Cais do Sodré e a estação de Santa Apolónia há uma interrupção da barreira ferroviária. Em Santa Apolónia, em tempos a principal estação de comboios de Lisboa, recomeça o efeito barreira, com a linha de comboios internacionais, nacionais e suburbanos. As linhas que partem desta estação entram no tecido urbano a partir
Ilustração 129: Barreira Avenidas da Índia e Brasil e linha de Cascais. Fotografia do autor.
do Convento de Madre de Deus, afastando-se assim do rio. Ao estarem inseridas no tecido urbano não formam uma barreira tão agressiva, por existir edificado e pela inclinação das encostas vizinhas, ficando em parte atenuada.
A seguir a Algés, após a conclusão da EN6, a Marginal, começam as avenidas que correm paralelas ao rio. Sempre existiu uma rua ou estrada marginal, formando, evidentemente, uma linha que travava a
Ilustração 130: Av. 24 de Julho.1912 Em: http://www.origens.pt/explorar/doc.ph p?id=4294
construção ou que definia a última fachada urbana. Esta rua, originalmente chamada rua direita,37 ainda existe no tecido urbano mais antigo, como se pode ver na rua da Junqueira, na rua de Pedrouços ou na rua das Janelas Verdes. Mesmo fora de Lisboa existe a chamada rua Direita do Dafundo, que conecta Algés ao Estádio Nacional e acompanha a marginal e o rio. Estas ruas não supunham uma autêntica barreira, pois estavam integradas na malha urbana e,
Ilustração 131: Barreira Cais SodréAlcântara Em site google earth consultado em 25-06-2011
pelas características da rua em si (dimensões de largura e ambiente) e pelo tráfego que decorria nela, permitiam uma permeabilidade notável. Neste caso, o efeito barreira surge quando são construídas as avenidas paralelas ao rio. Estas vias são de grande dimensão, por exemplo, a Avenida da Índia é constituída por duas faixas em cada
Ilustração 132: Barreira Alcântara-Belém Em site google earth consultado em 2506-2011
sentido, à qual acrescenta-se a Av. de Brasília, que decorre em paralelo com igual dimensão.
37
Rua Direita de Pedrouços, ou Rua direita de Algés, conforme as suas respectivas localizações.
Ilustração 133: Barreira Belém- Algés Em site google earth consultado em 25-062011
77
Estas avenidas, junto com a linha de comboio, compõem uma imponente artéria da cidade. A sua dimensão é aproximadamente de 32 metros de largura na zona de Belém e de 53 metros na Avenida 24 de Julho. Ilustração 134 Barreira Cais Sodré-Alfama Em site google earth consultado em 25-062011
O tráfego que funciona nestas vias ajuda a fortalecer a sensação de barreira, embora sejam consideradas urbanas com limite de velocidade de 50 km/h. Na realidade este limite não é totalmente respeitado. Por estas vias circulam boa parte das mercadorias que entram e saem do porto de Lisboa, aproximadamente mais de 2000 camiões por dia38.
Ilustração 135: Barreira Cais Xabregas Em site google earth consultado em 25-062011
Este conjunto de vias associado à linha de comboio forma a barreira de separação entre a cidade e o porto e, como consequência, entre a cidade e o rio Tejo, como diz J.P. COSTA:
“en esa nueva realidad territorial del frente fluvial fue el corredor de las accesibilidades el que pasó a constituirla frontera entre el puerto y la ciudad, constituyendo una frontera con fuerte expresión urbanística.”39 Como já foi mencionado, este é um problema comum em muitas cidades portuárias e, como indica MEYER, representam um Ilustração 136: Barreira Marechal Gomes da Costa Em site google earth consultado em 25-06-2011
paradigma, pois são necessárias para o funcionamento da cidade, mas são fortes obstáculos nas suas relações e no desenvolvimento da sua malha urbana.
“In most cases, large infrastructural elements are conceived as a paradoxical combination of ballast and necessity: they are seen as barriers, as a source of inconvenience, but the city cannot do without them.”40 Ilustração 137: Aterros de Santos e Alcântara e barreiras infra-estruturais Em Google earth consultado no dia 10-062011
78
38
GUIMARÃES FJ. Op. Cit., pagina 129 COSTA JP, Op. Cit., página 119 40 MEYER H.Op. Cit.,, página 381 39
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
A barreira que sofre Lisboa tem outros problemas associados que fazem com que a possibilidade de enterrar estas vias não seja viável. A presença de lençóis freáticos a determinadas cotas muito altas condiciona fortemente a criação de túneis, com o agravante de ser um processo complicado, demorado e muito dispendioso. Conforme o quadro apresentado anteriormente, parece que a
Ilustração 138: Praça do Império na altura da Exposição de 1940.
alternativa mais razoável será a procura de soluções formais que impliquem a superação desta barreira sem implicar importantes alterações na configuração actual.
4.4.Os planos de actuação na Frente Ribeirinha A fronteira estabelecida pelas vias de comunicação tem sido um tema conflituoso desde meados do século XX. Na altura da Exposição do Mundo Português, entre 23 de Junho e 2 de Dezembro de 1940, tentou-se resolver a questão criando uma passagem subterrânea que para a conexão entre a Praça do Império e o Padrão dos Descobrimentos.
Ilustração 139: Capa da publicação do concurso de idéias “Lisboa: a cidade e o rio”1983
Só no final dos anos 80 se recuperou a ideia de intervir na frente ribeirinha e dos planos de intervenção com a convocatória em 1988 do concurso de ideias para a “renovação da zona Ribeirinha de Lisboa”. Este concurso, promovido pela Associação de Arquitectos Portugueses e com apoio da Administração do Porto de Lisboa, foi fundamental para promover a redescoberta da Frente Ribeirinha pelos lisboetas. O concurso, juntamente com uma série de eventos paralelos, deu notoriedade ao tema da recuperação da relação com o rio.
Como se pode ler no prefácio do catálogo do concurso, escrito por Ilustração 140: Concurso ”A cidade e o Rio” 1983. Proposta vencedora no tema livre, arqtos. Carlos Marques, Rosa Sil-va e José Aguiar.
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Pedro Brandão,41 apela-se à recuperação da Frente Ribeirinha como lugar fundamental para a identidade da cidade de Lisboa. Enaltece-se também o valor patrimonial e monumental existente nesta zona da cidade, mas ao mesmo tempo admite-se a necessidade de um equilíbrio com as funções portuárias com forte presença no waterfront da cidade.
O concurso na modalidade de tema livre foi ganho pela equipa formada por Carlos Marques, Rosa Silva e José Aguiar 42.
Foram uma série de propostas muito diversificadas e com diferentes Ilustração 141: planta do PDM de Lisboa em 1992. Em: http://pdm.cm-lisboa.pt /img/1992_Planta_Web.jpg
abordagens aos problemas existentes nesta zona. Os projectos não passaram do plano à realidade de uma forma imediata, mas constituíram uma base de conhecimentos e ideias importantes para os planos e projectos que se vieram a desenvolver depois, e conseguiram recuperar o interesse público e das instituições por esta zona da cidade
Nos anos seguintes houve uma série de planos e concursos que se centraram na recuperação da Frente Ribeirinha, principalmente na zona monumental de Belém, como o Plano de salvaguarda e Ilustração 142: Passarela de Manuel Tainha, Arq. Belém Fotografia do autor
valorização da Ajuda – Belém (1987-1989) coordenado pelo professor Manuel Costa Lobo, o Plano Estratégico de Lisboa (1990-1994), que retoma algumas ideias deste plano anterior e do concurso antes mencionado. Este plano teve como principal objectivo unir a cidade ao rio, com três objectivos principais:
1. Reordenar a actividade ribeirinha e compatibilizar as diversas actividades portuárias, industriais, lúdicas e de transportes.
41
BRANDÃO, Pedro, JORGE, Filipe.(coord.) “Lisboa, a cidade e o rio. Concurso de Ilustração 143: maqueta do plano de ideias para a renovação da zona ribeirinha de Lisboa” Ed. Associação de Arquitectos Alcantara XXI http://www.fvarq.com/. Portugueses. Lisboa, 1988 , páginas 3 e 4 42 Arqtos. Valssasina e Aire Mateus BRANDÃO, Pedro, JORGE, Filipe.(coord.) op.cit., pagina 34
80
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
2. Qualificar os espaços urbanos existentes e projectar os novos espaços de conexão da cidade ao rio 3. Clarificar o estatuto de intervenção da Câmara na área de jurisdição da APL. O plano incluía o enterramento da linha de Cascais entre Pedrouços e a antiga FIL, planificando 3 áreas principais de contacto do espaço público com o rio. Estas ideias foram aproveitadas e desenvolvidas no
Ilustração 144: planta do plano de Alcantara XXI http://www.fvarq.com/ Arqtos. Valssasina e Aire Mateus
processo de elaboração do PDM de 1992.
Em 1994, realizou-se o plano POZOR, plano de ordenamento da zona ribeirinha, com intenção de reordenar o waterfront, mas que não chegaria a ser concretizado. Neste plano, insiste-se na ideia do enterramento da linha de comboio, uma ideia que já estava presente no plano de Ajuda – Belém, neste caso entre Belém e a Cordoaria. Durante a época do concurso e da construção do CCB foi também muito discutida a opção do enterramento da linha. Em todos estes planos a linha de comboio foi um elemento de discussão e controvérsia, a ideia do seu enterramento esteve muito presente, mas nunca se chegou a concretizar.
Numa outra zona da cidade, num plano promovido pelos arquitectos David Colley e Gravata Filipe, também se tratou o tema da criação de um túnel na frente ribeirinha, neste caso entre as estações do Cais do Sodré e Santa Apolónia, mas a ideia foi rejeitada.
Já no final dos anos 90, a Câmara de Lisboa parecia ter aceite a ideia de que os túneis na Frente Ribeirinha implicavam muitas dificuldades de realização do ponto de vista técnico e resultavam muito dispendiosos na sua construção, como pode ser apreciado nas obras da conclusão da linha azul do metropolitano com o túnel da Baixa, no Terreiro do Paço.
Aceitou-se a possibilidade da superação da barreira com outras
Ilustração 145: Plano Urbanização de Alcantara, de Manuel Sá Fernandes De: http://ulisses.cm-lisboa.pt/data/002 /004/index.php?ml=1&x=alcantara.xml
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soluções, como as passarelas e, promoveu-se a construção de projectos de reputados arquitectos portugueses, a do Manuel Tainha em Belém, ou a do Souto Moura na Avenida do 24 de Julho, embora esta nunca chegou a ser realizada.43
Mais recentemente tem-se recuperado a ideia do enterramento da linha de comboio e da construção de túneis para o tráfego viário. O caso mais claro e ainda em discussão é o Plano de Pormenor para a área de Alcântara.
Com a intenção de promover uma nova centralidade na cidade, a câmara desde há uns anos está a promover a recuperação desta zona da cidade. Nesta área existem grandes espaços de oportunidade e graves problemas no ordenamento do trânsito com diversas vias fundamentais para a cidade a cruzarem-se neste ponto, mais o acesso à Ponte 25 de Abril.
Originalmente, o projecto de Valsassina e Aires Mateus de meados dos anos 2000 falava da criação de um túnel rodoviário na zona do final da Avenida da Índia e o começo da Avenida 24 de Julho. O plano não chegou a ser realizado, sendo que em 2009 elabora-se um novo plano da autoria do arquitecto Manuel Sá Fernandes, estando actualmente na fase de discussão pública. Este plano visa recuperar a conexão entre a cidade e o rio, concluir o corredor verde que vem desde o Monsanto e mantém a ideia de enterramento da linha de comboio, embora seja principalmente do ramal que vem desde a estação de Alcântara terra.44
4.4.1. Plano geral de intervenções na frente ribeirinha de Lisboa No ano 2008 foi elaborado um importante documento de
43
COSTA JP. Tese de doutoramento. Informação dos planos Apresentação feita no dia 20 de Julho de 2009 na Sociedade Geográfica de Lisboa, consutada no site www.cm-lisboa.pt/archive/doc/Alcantara_1_.ppt no dia 8 de Maio de 2011 44
82
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
planeamento para a cidade de Lisboa. O Plano Geral de intervenções na Frente Ribeirinha de Lisboa. Este plano não consiste num plano de conjunto, com capacidade de actuação imediata, mas revela intenções de actuação no waterfront.
A sua importância reside no facto de ser o primeiro plano em muitos anos que visa pôr em relação os diversos planos existentes que afectam a Frente ribeirinha e conceber uma visão global. Entende o waterfront de Lisboa como uma única unidade, com problemas e potencialidades comuns a boa parte das distintas áreas dos 19 km de Frente ribeirinha do concelho. Tem também como objectivo o reforço da concertação estratégica entre o Estado e a Câmara Municipal de Lisboa, para conseguir a transição de um conjunto de áreas da frente Ribeirinha, inutilizadas, desafectando-as da Autoridade do Porto de Lisboa e passando a sua gestão para a autarquia.
O ponto inicial do plano foi perceber a relação da cidade com o rio e a sua evolução. A seguir apresenta uma análise, baseada no modelo SWOT45. Consegue identificar os principais problemas que afectam esta zona da cidade e a relação entre esta e o rio. Dos problemas identificados alguns já foram comentados neste trabalho e pode-se verificar quais os objectivos principais nas futuras intervenções. Estes problemas são46:
o Pouca permeabilidade da faixa marginal em relação às áreas urbanas adjacentes; o Descontinuidade em termos de percursos pedonais e cicláveis ao longo de toda a margem; o Raras ligações da malha urbana consolidada ao rio, em consequência da barreira rodo-ferroviária e de extensas 45
SWOT: Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats Consultado no site: http://www.pritzkerprize.com/laureates/year.html, no dia 20 de Maio de 2011 46
83
áreas vedadas ao acesso público; o Muitos espaços públicos desqualificados; o Desarticulação entre os equipamentos existentes na frente ribeirinha e entre estes e os equipamentos na malha urbana consolidada; o Dificuldade de mobilidade na margem, ao longo dela e no acesso aos equipamentos; o Áreas de estacionamento por reordenar, sujeitas a uma pressão crescente; o Carência de transportes públicos que desincentivem o acesso através do transporte individual; o Vastas áreas portuárias que apresentam subutilização, nomeadamente em Santos e na zona oriental.
Após
a
identificação
dos
problemas
apreciaram-se
as
potencialidades, algumas delas evidentes e que, tal como os problemas, também foram já explicadas na presente dissertação. Baseados nestas potencialidades foram elaborados uns princípios de actuação, em que ganha particular destaque a tentativa de solução do problema da barreira, concretamente na zona de Belém, onde se recupera a ideia de enterramento da linha de comboio e da Av. de Brasília e a de transformação da forma da Av. 24 de Julho, numa alameda de distribuição. Os princípios de actuação são expostos a seguir:
Identidade: a criação de uma imagem conjunta de toda a frente ribeirinha, onde as sete colinas e a ligação da cidade ao rio são os pontos focais.
Massa crítica: recuperação de elementos patrimoniais, reforço dos equipamentos de apoio ao turismo, melhoria da imagem do porto, articulação de percursos, espaços verdes e actividades. Reordenamento da mobilidade.
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Conectividade física: eliminação da barreira cidade-rio em
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
Belém, especialização de tráfegos, reforço de transportes colectivos e alternativos, melhoria e aumento das conexões transversais
Conectividade visual: criação de um sistema de vistas e promoção dos enfiamentos visuais.
Escala humana: reestruturação e qualificação dos espaços públicos, leitura de toda a Frente Ribeirinha como (?) um espaço público. Melhor articulação entre os espaços, estrutura verde e uma nova rede de equipamentos colectivos.
Promoção e marketing: criação da imagem “ Lisboa, o Tejo e Tudo”. Actividades paralelas que promovam o uso deste espaço da cidade.
Processo de operacionalização: encontrar novas parcerias público -privadas, envolvimento dos parceiros e actores chave.
Estes princípios estão fundamentados em boa parte dos planos existentes, que deveriam entrar em funcionamento nos próximos anos, e são os que têm maior capacidade de actuação.
Embora seja ambicioso, e muito positiva a existência deste documento que funciona como rota e guia das actuações, há uma série de aspectos que podem ser criticáveis.
O facto de entender toda a margem ribeirinha como um mega espaço público em que o que devem existir são principalmente equipamentos lúdicos ou lúdico-culturais pode ser uma visão redutora do papel que pode ter este espaço na cidade. A cultura pode muito bem ser implementada não só como lazer, mas também como educação ou pesquisa. A criação de equipamentos educativos, zonas de campus universitário ou centros de estudo e investigação poderiam funcionar junto com a função do lazer e não fazer tão unidireccional o uso do espaço.
85
Um outro aspecto criticável é a insistência no túnel como solução para a ligação. Como já foi exposto, desde o final dos anos oitenta que se tem tentado implementar a ideia do enterramento e até agora não houve nenhum avanço. Se se continuar a insistir nesta via, corre-se o risco da situação não melhorar e os planos nunca Ilustração 146: Projecto para a Ribeira das Naus. PROAP em: www.proap.com consultado em 01-07-2011
chegarem a ser realmente concretizados.
Finalmente, a situação do porto de Lisboa não é esclarecida. Neste plano parece excessivamente simplificada, quando é um aspecto fundamental para o futuro da cidade. O aspecto mais positivo seria a possibilidade de coordenação entre os planos, a desafectação de área da APL para gestão por parte da CML e o papel que pode vir a ter a empresa Frente Tejo nas actuações futuras no waterfront lisboeta.
4.5. Possíveis cenários futuros A empresa pública chamada “Frente Tejo”, recentemente declarada em vias de extinção, foi responsável pelas intervenções na frente ribeirinha de Lisboa. Os projectos em curso estão localizados em duas áreas, a zona que existe entre o aterro da Boavista e a estação de Ilustração 147 e 148: Renders no projecto para a Ribeira das Naus. PROAP em: www.proap.com consultado em 01-07-2011
Santa Apolónia e a zona de Belém/Ajuda. Na primeira área de intervenção já foi concluída a requalificação do Terreiro do Paço, com nova pavimentação e articulação do trânsito, conseguindo melhorar a ligação com o rio. O cais das colunas foi recuperado, tendo sido uma obra de alguma relevância pois é um espaço emblemático da cidade, embora continue a ser considerado como uma zona principalmente turística. De ambos os lados do Cais, estão a decorrer obras. No lado ocidental da Praça do Comércio está a ser executado outro projecto de requalificação de espaço público. Consiste na criação de uma zona verde na Ribeira das Naus, recuperando a antiga forma urbana deste espaço, com projecto do ateliê de arquitectura
Ilustração 149: Render do projecto para Museu dos Coches. Mendes da Rocha e Bak Gordon em: http://www.frentetejo.pt
/38/novo-museu-dos-coches.htm consultado em 01-07-2011
86
paisagista PROAP.
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
Na envolvente do Cais do Sodré, nos últimos anos desenvolveu-se um espaço contiguo à Ribeira das Naus, uma praça aberta ao rio. Trata-se dum espaço potencialmente interessante, mas as condicionantes actuais provocam certo afastamento da cidadania. A maioria dos edifícios funciona com órgãos institucionais da União Europeia, com
ver-se alterado quando exista uma relação física com a Praça do
Ilustração 150: Render do projecto para Museu dos Coches. Mendes da Rocha e Bak Gordon em: http://www.frente
Comércio depois das obras da Ribeira das Naus serem concluídas.
tejo.pt/38/novo-museu-doscoches.htm consultado em 01-07-2011
horários laborais restritos. O tipo de utentes destes espaços poderá
Na zona da frente ribeirinha de Belém, a Frente Tejo foi responsável por um dos principais projectos culturais a acontecer em Lisboa.
O novo Museu Nacional dos Coches, segundo projecto do arquitecto vencedor do Pritzker47 no ano 2006, Paulo Mendes da Rocha e do arquitecto português Ricardo Bak Gordon. O programa deste projecto tem recebido muitas críticas pela sua dimensão, pela sua
Ilustração 151: Projecto para nova terminal de cruzeiros. Carrilho da Graça em: http://jlcg.pt/lisbon_cruise_ terminal consultado em 01-07-2011
relação com o lugar e pelo seu custo total, pois numa situação de crise económica é complicado justificar um projecto destas características. O novo museu inclui uma ligação com a margem do rio, mas aparentemente não supõe uma clara melhoria da conexão actual.
Outra
instituição
responsável
por
actuações
ribeirinhas
é,
obviamente, a Autoridade de Porto de Lisboa. O principal projecto desta entidade para a frente ribeirinha é o novo terminal de
Ilustração 152: Render do projecto para nova terminal de cruzeiros, desde o interior. Carrilho da Graça em: http://www.portodelisboa.pt/portal/pag e/portal/PORTAL_PORTO_LISBOA/PORT O_LISBOA/NOTICIAS? notid=52486751 consultado em 01-07-2011
cruzeiros. Em 2010 decorreu um concurso internacional ganho pela equipa do arquitecto João Luís Carrilho da Graça. O projecto situa-se frente à colina de Alfama, no espaço entre a Av. Infante D. Henrique e o Tejo. A proposta do Carrilho da Graça implica uma mais-valia urbana, no sentido de um novo espaço público arborizado na frente do rio. O edifício proposto, de geometria marcada e linhas claras,
47
Consultado no site: http://www.pritzkerprize.com/laureates/year.html, no dia 20 de Maio de 2011
Ilustração 153: Render do projecto para nova terminal de cruzeiros, desde Alfama. Carrilho da Graça em: http://jlcg.pt/lisbon_cruise_terminal consultado em 01-07-2011
87
aporta outras mais-valias, como a cobertura visitável, que permite diferentes relações com Lisboa e o rio 48 . No entanto a ocupação com navios de incrível altura e volume daquela zona pode ser considerada com uma fonte de poluição visual extrema.
Ao mesmo tempo, a iniciativa privada tenciona desenvolver outros projectos nos próximos anos. Nos terrenos da antiga fábrica do Braço de Prata irá existir um novo empreendimento com a assinatura do arquitecto Renzo Piano49. Este sector será principalmente uma nova zona residencial com espaços comerciais. O seu desenvolvimento irá ser transversal ao rio, com a deslocação da Avenida Infante D. Henrique ao interior da malha urbana. Neste projecto, por compromisso com a Câmara Municipal, deverão existir diversas tipologias de habitação para diversos estratos sociais, procurando evitar deste modo o processo de “gentrification”. Ao libertar a frente ribeirinha da barreira que Ilustração 154: Projecto para Braço da Prata. Renzo Piano. em: www.rpbw.com consultado em 01-07-2011
existia consegue-se uma relação mais fluida. O espaço da frente ribeirinha que irá ocupar são áreas do Porto sem qualquer função específica actual.
Este projecto foi lançado em 1999 e ficou bloqueado até ao final de 2010 quando foi lançada a primeira pedra do empreendimento. Existe mais um projecto junto ao referido empreendimento. Trata-se duma proposta do ateliê Risco50 inserido no plano de pormenor da Ilustração 155 : plano de pormenor da Matinha, Ateliê Risco. em: http://lxprojectos.blogspot.com/2008/09/planode-pormenor-da-matinha.html consultado em 01-07-2011
Matinha, fazendo a continuação entre a proposta do Renzo Piano e o Parque das Nações. Este plano esta à espera de avançar, tendo um …………….. 48
Consultado no site no dia 14 de Abril de 2011: http://www.portodelisboa.pt/ portal/page/portal/PORTAL_PORTO_LISBOA/PORTO_LISBOA/NOTICIAS?notid=52486 751 Ilustração 154: Alçados do projecto para Braço da Prata. Renzo Piano. De: http://lx49 Consultado no site no dia 14 de Abril de 2011: http://www.portode projectos.blogspot.com/2008/09/plano-de-pormenor-da-matinha.html lisboa.pt/portal/page/ portal/PORTAL_PORTO _LISBOA/ PORTO_LISBOA/ NOTICIAS?notid=52486751 50 Projecto consultado no site: http://www.risco.org/pt/02_03_matinha.html, no dia 20 de Abril de 2011
88
FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
futuro incerto. O projecto pressupõe a continuação da malha urbana com quarteirões fechados e um grande espaço verde onde hoje em dia se encontram as armações de antigos tanques de gás.
No extremo ocidental da frente ribeirinha de Lisboa, junto da Doca pesca, construiu-se, por iniciativa privada, um novo complexo de edifícios e uma série de jardins públicos, o “Champalimaud Centre for the Unknown”
51
. É um equipamento com um programa
especialmente dedicado a espaços para a pesquisa relacionada com a
Ilustração 156: Planta geral do projecto para Centro Champalimaud. Charles Correa. Em: http://www. Fchampali maud.org/home/ consultado em 01-072011
biomedicina.
Também tem um auditório e zonas de restauração. Este novo pólo é particularmente
interessante
por
ser
um
equipamento
de
características singulares. A sua actividade poderá situar Lisboa como referência importante na vanguarda científica. O centro localiza-se entre a Doca-Pesca e o monumento aos combatentes, junto à Torre de Belém. O espaço público foi recuperado e criou-se um novo passeio à beira-rio. O projecto é da autoria do arquitecto Charles Correa, inspirado nos movimentos marítimos do estuário do Tejo.
Ilustração 157: Render do projecto para Centro Champalimaud. Charles Correa Em: http://www.fchampalimaud.org/ home/ consultado em 01-07-2011
4.6.O porto na cidade. Questões remanescentes. O tema do rio e da cidade é fundamental em Lisboa. O Tejo foi o seu motivo de existência, mas a sociedade virou costas à frente ribeirinha e, ao mesmo tempo, o porto apropriou-se deste espaço. Trata-se dum processo repetido em muitas cidades portuárias como refere Rinio Brutomesso.52
Esta relação conflituosa, como foi indicado, teve um primeiro momento de reconciliação em 1940, com a exposição do mundo
51
Vide o site: http://www.fchampalimaud.org/home/ BRUTOMESSO, Rinio :” Transformaciones del paisaje portuario contemporáneo: del negocio al ocio... y al negocio, otra vez” in Rev. Portus 18, “Transformaciones del paisaje”: páginas 10-15 52
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português. A primeira tentativa de recuperação da relação entre os dois corpos, cidade e rio. Depois, só no ano de 1988, houve a segunda tentativa de reactivar esta relação, com o antes mencionado concurso de ideias para a renovação da zona ribeirinha de Lisboa, patrocinado pela Associação dos Arquitectos português. O momento mais claro até agora da reconciliação foi quando realizou-se a Expo Ilustração 158: vista aérea de Lisboa e o Tejo. Em: http://www.portodelisboa.pt/ portal/page/portal/PORTAL_PORTO_LISBO A/GALERIA_MULTIMEDIA/PORTO_LISBOA/ GALERIA
98, dando o protagonismo à água e aos oceanos. Desde 1998 até agora já passaram treze anos e neste hiato tem havido uma corrente de iniciativas para levar as pessoas ao rio, mas sem grandes mudanças desde então.
Mas a questão fundamental da frente ribeirinha continua sem ser resolvida ou esclarecida: O que irá acontecer com o porto de Lisboa? É um tema conflituoso dado que é o maior porto do país, com grande peso económico em Lisboa. Mas… … faz sentido que continue em Lisboa? …existem condições para tal acontecer? A contínua reconquista da frente ribeirinha por iniciativas privadas e públicas começa a deixar o porto sem margem de manobra. A contestação social para qualquer tentativa de expansão do porto é cada vez maior, os lisboetas querem o Tejo. Como pode continuar a existir um porto que pretende ser de escala mundial limitado na sua expansão? Como pode continuar o fluxo de mercadorias com barcos cada vez maiores, com necessidades de cada vez mais espaço?
A situação de Lisboa e do Porto é bastante singular. Ao contrário do que aconteceu nalgum dos casos de estudo, não pode ser relocalizado para a frente do oceano, nem para uma parte mais exterior do estuário. Esta situação levanta outras incógnitas. Será que o futuro do Porto de Lisboa passa por outras localidades? Setúbal? Sines? Que conta ainda com a presença de uma importante
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plataforma logística, a qual tem planificada a sua expansão.
Esta decisão, por outro lado, provoca outras questões: Faz sentido Lisboa sem o seu porto?
O que acontece com uma cidade portuária sem o seu porto? A actividade que criou Lisboa fica limitada a museus e património marítimo?
Além das questões de identidade urbana, existem outros problemas: Pode a cidade de Lisboa absorver os terrenos do porto? A iniciativa privada parece fundamental para estes processos de revitalização, mas não cria outros problemas? Que quantidade de espaço público admite uma cidade? Qual o limite para que este não se transforme em espaço subutilizado e posteriormente degradado? Que usos podem existir na frente ribeirinha? Como assegurar o uso destes espaços e a sua acessibilidade a todos os cidadãos?
O problema da barreira já foi tratado de muitas formas diferentes. Parece que a opção de fazê-la desaparecer ou enterrar é inviável. A sua superação será um dos desafios que encontrará Lisboa no processo de revitalização.
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5. VAZIOS URBANOS NA FRENTE RIBEIRINHA 93
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
5. VAZIOS URBANOS NA FRENTE RIBEIRINHA. 5.1.Os vazios urbanos em malhas portuárias. No decorrer da investigação verificou-se que a frente ribeirinha de Lisboa foi alterando a sua configuração através da criação de aterros maioritariamente de forma paralela aos caminhos que serviram de elementos primários: A ligação entre Lisboa e os assentamentos vizinhos à Poente na margem norte do Tejo definiu-se sempre na cota +10, vindo de Alcântara, através da actual Rua da Junqueira, Belém e rua dos Pedrouços até Algés. Esta cota, já ocupada em tempos romanos, era considerada segura no que respeita às cheias provenientes do rio Tejo.53 Num processo de progressiva ocupação do espaço da água, através de sucessivos aterros, gerou-se uma série de vazios urbanos em diversas fases.
Os aterros posteriores, fundamentalmente o aterro que permitiu a construção da linha de Cascais, originalmente, linha de Sintra até a Torre de Belém, geraram um vazio urbano inicial já detectado na planta de Lisboa de Folque 54 . Estes vazios coincidem com uma atitude geral da cidade que de forma progressiva teria virados as suas costas ao rio. Funções industriais obsoletas, reconversão de hortas e jardins de residências preexistentes neste sector, e reciclagens das infra-estruturas, obrigam à reconversão desta faixa ribeirinha num lento processo, ainda por concluir.
A forma urbana tomada em herança até hoje reflecte estes mecanismos. Neste sentido esta nova faixa ribeirinha acaba por se converter em espaço de separação inicial entre cidade e rio, tornando-se posteriormente e através de um lento processo, num espaço de ligação, por suturas continuadas.
53
As obras de reabilitação dos palacete Hotel de Charme frente à torre de Belém permitiram identificar alguma indústria de salgados datada em tempos do Império Romano. 54 Levantamento topográfico de Lisboa realizado entre 1857 e 1863 a escala /1000
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A leitura final da evolução da Lisboa ribeirinha é uma continuidade de vazios e cheios que se vão contraindo e alargando conforme as épocas.
Uma das correntes de pensamento actual em termos de desenvolvimento urbano é o chamado retrofitting the city. Esta corrente defende que a cidade dentro de si pode resolver boa parte dos seus problemas de circulação, movimentos pendulares, e problemas crescimento e expansão de forma interna, redensificando a cidade. Lisboa pode ser uma cidade apropriada para aplicar este princípio.
Tem-se assistido à perda de população da Cidade de Lisboa nas últimas décadas, em favor de outros concelhos limítrofes. Esta situação justifica a solução baseada num crescimento interno ainda mais na época actual de crise. Do ponto de vista da sustentabilidade, este formato reduziria consumos e tempos de deslocação favorecendo uma maior qualidade de vida dos seus habitantes. Neste sentido, os vazios urbanos são oportunidades para aplicar estes princípios. Daí a interpretação feita na proposta de ligação entre a cidade e o rio, e o facto deste terem um papel fundamental na conexão.
5.2.Descrição dos vazios na faixa portuária lisboeta. Para efectuar o estudo da frente ribeirinha procedeu-se à sua divisão em sectores, com especial atenção aos vazios existentes. Adoptou-se como critério de sectorização a homogeneidade de relações terraágua. No sector Algés – Pedrouços – Belém – Alcântara podem-se localizar diversos vazios urbanos inseridos dentro do tecido urbano da cidade, Ilustração 159 Brownfield em Alcântara em: http://amaquinadosmiudos.blogs pot.com/2010_05_01_archive.html
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do lado interior da barreira que implica a linha de Cascais- Av. da Índia e Av. De Brasília. Estes espaços variam de forma e dimensão. A
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sua génese é variada. Diferenciam-se as seguintes origens para estes vazios urbanos: 1.- Os vazios provocados pelo desaparecimento de infra-estruturas, como é o caso do espaço existente frente a torre de Belém, onde esteve instalado um dos gasómetros da cidade. Vazio que permitiu a aparição dos jardins na envolvente desta Torre. Nesta zona ainda
Ilustração 160: Vazios urbanos Fotografia tratada pelo autor
existe um grande vazio vizinho à Avenida da Índia, a espera de ser intervencionado. Na mesma linha podem-se referir ainda os terrenos existentes na envolvente da antiga estação de caminhos-de-ferro de Pedrouços, espaço ainda por redefinir.
2.- Os vazios provocados pela desactivação dos espaços industriais provenientes do século XIX. Trata-se duma série de espaços que foram assumidos pela cidade em diversas fases alguma das quais
Ilustração 161: Projecto de Jean Nouvel para Alcântara. em: http://www .jeannouvel. com/english/preloader.html
ainda por resolver (caso do terreno anexo à LX factory, apesar de sucessivos projectos de Siza Vieira ou Sua Kay) Os espaços provenientes da desactivação de antigos quartéis (hoje novo Museu Nacional de Coches) junto à Praça Afonso de Albuquerque podem ser outros exemplos.
3.- Os vazios provenientes de projectos inacabados, ou com um processo de execução extremamente lento. Por exemplo, a deslocação das instalações da FIL gerou um vazio parcialmente
Ilustração 162: Projecto de Jean Nouvel para Alcântara. em: http://www.skys crapercity. com/showthread.php? t= 441227
resolvido hoje em dia. De igual modo, pode-se considerar neste contexto a segunda fase do CCB, adiada até ao momento actual e que provoca um hiato urbano entre o CCB e os terrenos frente à Torre de Belém, do lado norte das vias de comboio.
4.- Os vazios provenientes da reciclagem dos espaços verdes privados de hortas e jardins que ficavam originalmente nas costas do caminho Alcântara-Junqueira-Pedrouços. Este processo é ainda hoje identificado nas traseiras da Rua de Pedrouços, até as antigas Portas
Ilustração 163: Render do projecto para a EDP Aires Mateus em: http://lxprojectos.blogspot.com/2008/10/sede-daedp.html
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de Algés. 5.- Pode-se identificar os vazios provenientes das antigas ligações entre terra e rio através de um viário enriquecido ocasionalmente por arcos espalhados na cota 10 já referida. Tal acontece em vários pontos na Rua da Junqueira.
6.- Finalmente existem uma serie de espaços que surgiram como Ilustração 164: Render do projecto para a EDP Aires Mateus em: http://lxprojectos.blogspot.com/2008/10/sededa-edp.html
elementos residuais nalguns casos, tendo sido reciclados pelos cidadãos dando um uso alternativo. A sua identificação é mais difícil por terem sido assumidos dentro desta grelha urbana, e caracterizam-se em geral pelas dimensões pequenas. Neste sentido os actuais espaços de estacionamento na lateral ocidental da Cordoaria impedem uma visão mais digna deste edifício.
Considera-se a seguir mais um sector integrado pela avenida 24 de Julho e Santos, entre Alcântara e a estação do Cais Sodré. São identificados vazios com características comuns. De Poente para Nascente, existe o vazio urbano utilizado como estaleiro municipal num quarteirão triangular com sucessivos projectos, entre outros o do arquitecto Jean Nouvel. Na rua Fradesso da Silva, a continuação da Avenida 24 de Julho para o interior da cidade, está mais um vazio urbano; na mesma rua encontram-se os restos do antigo baluarte de Alcântara, um espaço inserido dentro do limite de uma propriedade de o exército, quartel do corpo de marinheiros de Alcântara.
Na área de Santos localiza-se um dos vazios mais controversos nos últimos anos, o aterro da Boavista. Este espaço, futura sede da EDP, já teve destinado um projecto de Norman Foster, e, em princípio, irá ser realizado um projecto dos arquitectos Aires Mateus. Esta obra irá previsivelmente acrescentar fluxos diferentes aos existentes, dado que será a primeira grande empresa a instalar-se nesta área.
No último lanço, já até Cais Sodré, observam-se vazios urbanos
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provenientes do estado de ruína de edifícios de escritórios. A percepção destes vazios por parte do peão vê-se minorada pela presença das fachadas, que fecham os espaços e simulam construções, embora o que exista por trás seja um vazio ou estacionamentos irregulares.
Considera-se ainda um terceiro sector, entre a Santa Apolónia e o Parque das Nações. Acompanhando toda a Avenida Infante Dom Henrique, é onde o tecido urbano está menos consolidado, e resulta mais difícil diferenciar os edifícios do porto abandonados, dos que ainda têm uso. Repara-se na maior influência do porto nesta área, vistos os seus níveis de actividades actuais, quer pela área de contentores quer pelas mercadorias.
A escala dos lotes e dos edifícios de actividade industrial remanescentes tornaram ainda mais complicadas as intervenções nesta zona. Ao serem grandes espaços e grandes equipamentos implicam grandes investimentos, sem uma certeza de retoma para os investidores. O facto de ser uma parte da cidade não consolidada, e em muitos aspectos carente de equipamentos públicos, ou serviços como o transporte público, faz com que seja menos atractivo efectuar operações de reabilitação ou nova edificação nesta parte.
Esta zona da cidade requer grandes planos que possam ajudar a completar o forte desenvolvimento da parte ocidental e Oriental de Lisboa. Uma situação similar aconteceu em Barcelona, com a zona do Poblenou, e após diversos planos, como o 22@Barcelona, esta área transformou-se numa nova centralidade da cidade.
Finalmente, num dos maiores vazios urbanos, enquadrado na reconversão de solo de uso militar, no Braço da Prata, como já foi explicado irá ser realizado o projecto de Renzo Piano.
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5.3.Estratégia urbana. Os vazios como pontos de ligação da cidade com o porto, com o Tejo. Após a análise destes espaços considerados vazios urbanos, chega-se à conclusão que podem ser na realidade espaços de oportunidade. Solà-Morales55 define deste modo os Terrain-Vague (vazios urbanos):
“Son lugares aparentemente olvidados donde parece predominar la memoria del pasado sobre el presente. Son lugares obsoletos en los que solo ciertos valores residuales parecen mantenerse a pesar de su completa desafección de la actividad de la ciudad. Son, en definitiva, lugares externos, extraños que quedan fuera de los circuitos, de las estructuras productivas. Desde un punto de vista económico, áreas industriales, estaciones de ferrocarril, puertos, áreas residenciales inseguras, lugares contaminados, se han convertido, se han convertido en áreas de las que decirse que la ciudad ya no se encuentra allí. Son sus bordes faltos de una incorporación eficaz, son islas interiores vaciadas de actividad, son olvidos y restos que permanecen fuera de la dinámica urbana.”
Atendendo a esta definição a ideia é que podem recuperar o papel na cidade, inserirem-se nas suas dinâmicas. Todos eles com as suas características específicas podem, em conjunto, formar uma estrutura, uma rede de pontos de ligação entre a cidade e o waterfront.
Embora os vazios urbanos sejam uma situação presente em toda a malha urbana de Lisboa, estes aqui descritos podem responder a um objectivo comum, aproveitando a sua situação dentro da cidade. 55
Definição dada por Solá-Morales no seu artigo “Terrain Vague”, no livro territórios, mas publicado originalmente in Anyplace, Anyone Corporation, Nova Iorque/The MIT Press, Cambridge (Mass.), 1995, pp. 118-123
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A proposta de intervenção urbana para a ligação entre as duas realidades vai ao encontro dos princípios por trás de outras intervenções urbanísticas de grande importância, efectuadas noutras cidades. Estes casos são por exemplo a filosofia de “acupunctura urbana”, defendido pelo urbanista brasileiro Jaime Lerner 56.
“Siempre tuve la ilusión y esperanza de que con un pinchazo de aguja sería posible curar las enfermedades. El principio de
Ilustração 165. Espaço de recreio frederik hendrik plantsoen 1949. Em: Aldo van
Eyck : works, pag 18
recuperar la energía de un punto enfermo o cansado por medio de un simple pinchazo tiene que ver con la revitalización de ese punto y del área que hay a su alrededor. Creo que podemos y debemos aplicar algunas “magias” de la medicina a las ciudades, pues muchas están enfermas, algunas casi en estado terminal. Del mismo modo que la medicina necesita interacción entre el médico y el paciente, en el urbanismo también es necesario hacer que la ciudad reaccione. Tocar un área de tal modo que pueda ayudar a curar, mejorar, crear reacciones positivas y en cadena. Es necesario
Ilustração 166: Área de espaços para jogos. Nieuwmarkt em: Aldo van Eyck :
works, pag 22
intervenir para revitalizar, hacer que el organismo trabaje de otro modo.”
Este arquitecto destaca o caso de algumas cidades brasileiras, onde isto foi aplicado. Este principio consiste, tal como a acupunctura, em que actuando em determinados pontos, o efeito a nível global pode ser muito benéfico, sem implicar enormes intervenções dentro do tecido urbano. Intervenções pontuais podem ter um efeito ainda mais benéfico do que intervenções a uma grande escala. No caso de Lisboa interpreta-se que os vazios são estes pontos onde actuar.
56
LERNER, Jaime. “Acupuntura urbana” Ed Record, 2003, excerto tirado da introdução da edição espanhola
Ilustração 167: Espaços públicos e de jogos na rua dijtstraat .1954. Em: Aldo van
Eyck : works, pag 24
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Outra intervenção que em parte responde a estes princípios, e que remonta ao período 1940-1970, é da autoria de Aldo Van Eyck em Amesterdão 57 , com a sua rede de espaços de recreio para as crianças. Na Holanda do pós-guerra, em que boa parte das principais cidades ficou muito destruída este arquitecto, durante algum tempo funcionário na Câmara, reparou na ausência de espaço de jogo para Ilustração 168. Esto no es un solar. Zaragoza. em: http://estonoesunsola r . wordpress.com/
as crianças, que já tinham sofrido muito com a guerra. Ainda mais, a ausência da alegria do jogo das crianças também faltava na própria cidade. Após uma análise do tecido remanescente na cidade, e os espaços que aguardavam construção ou que iriam demorar em serem reocupados, definiu-se uma rede de mais de 700 espaços disponíveis para intervir.
Estes espaços eram, tal como no caso de Lisboa, vazios urbanos, que naquele momento não apresentava nenhuma utilidade para a cidade nem para os seus habitantes. Aproveitando esta característica foram realizados espaços de recreio, com materiais básicos, betão, tubos de ferro e caixas de areia. Estas intervenções ajudaram a melhorar a qualidade de vida geral dos habitantes, principalmente das crianças. Ilustração 169. Esto no es un solar. Zaragoza.Detalhe de zona de jogos em: http://estonoesunsolar.wordpress . com/
Actuando numa serie de pontos conseguiu-se um efeito geral muito benéfico, e criou uma memória feliz, em diversas gerações que jogaram nestes espaços.
Recentemente na cidade espanhola de Saragoça, tem acontecido uma intervenção que apresenta características semelhantes. A intervenção “Esto no es un solar 58, coordenada pelos arquitectos Patrizia di Monte e Ignácio Grávalo, baseia-se no principio de usar os espaços vazios existentes para realizar espaços de lazer, que eventualmente podem ser desmontados caso o vazio venha a ser 57
LIGTELIJN, Vincent: “Aldo Van Eyck works” Ed.Birkhäuser Verlag, 1999 Projecto consultado nos sites: http://estonoesunsolar.files.wordpress.com /2011/04/bienal-espac3b1ola-arquitectura-urbanismo-grc3a1valos-di-monte.jpg no dia 8 de Maio de 2011: http://www.elpais.com/articulo/portada/arquitectura/red/social/elpepusoceps/201 10320elpepspor_6/Tes 58
Ilustração 170:Pormenor de espaço de jogos desportivos em: http://estono esunsolar.wordpress . com/
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
ocupado.
No caso da Frente Ribeirinha de Lisboa estabelece-se uma rede, de pontos de ligação, baseada na transformação destes vazios urbanos em espaços de conexão. Com esta rede consegue-se uma densificação dos pontos de atravessamento da barreira existente, pois hoje em dia estes espaços são poucos e ainda mal situados.
Estes pontos de ligação não seriam só passarelas como são na actualidade, mas seria o espaço público que conseguiria esta conexão. Existem diversas formas de realizar isto, desde jardim elevados a praça elevadas ou sistemas de extensão do espaço público.
Os espaços criados não seriam só praças, mas estariam sempre associados e equipamentos públicos necessários para a zona da cidade. Poderiam ser de características e dimensões diferentes em função
do
espaço
disponível,
e
das
suas
características
programáticas.
A função cultural é fundamental nestes novos equipamentos criados Isto é porque a cultura tem a capacidade de criar diferentes fluxos urbanos, atrai a muitos tipos de utente. Podendo ir desde actividades de carácter mais erudito, o estudo especializado, ou cultura popular, locais ou turistas, programas destinados a crianças ou interacção entre famílias, ou até concertos a horas mais reservadas para um público adulto. A cultura também funciona como veículo de sensações e sentimentos, e pode levar e inserir o espaço e as pessoas nos fluxos internacionais, podendo em certo modo fazer o papel que o porto cumpre neste aspecto, tanto hoje em dia como em tempo passados em que esta função era fundamental para a cidade.
Estes novos equipamentos deverão ter indispensavelmente um
103
carácter híbrido, pois hoje em dia a construção e localização de recursos só pode ser justificada se responder a diversos programas.59 Tem que existir diversidade de utentes, que utilizem o equipamento por diversos motivos. O novo edificado tem que colmatar diferentes necessidades da zona, dos habitantes. As funções educativas, cívicas, ou comerciais são necessariamente associadas à função cultural, pois preenchem lacunas que a função cultural não pode ocupar.
Os vazios passam a ser pontos de confluência de fluxos. As passagens passam a estar ancoradas a equipamentos que as pessoas usam.
O espaço público da Frente Ribeirinha entra na malha urbana e as funções urbanas entram na Frente Ribeirinha.
Com a actuação em pontos concretos consegue-se aumentar o sentimento de ligação com o Tejo, e o do Tejo com a cidade, os cidadãos passam a chegar mais facilmente ao seu rio.
59
PER, Aurora Fernández, MOZAS Javier, ARPA Javier “This is Hybrid”. architecture publishers, Vitoria 2011
104
A+t
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6. CONCLUSÕES POSSÍVEIS E BASES PARA UM PROJECTO 105
106
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6.CONCLUSÕES POSSÍVEIS E BASES PARA UM PROJECTO
O processo de investigação exposto no decorrer deste trabalho serviu para confirmar as duas hipóteses definidas anteriormente:
1.- O equipamento cultural pode ser um instrumento eficaz na regeneração urbana das frentes ribeirinhas.
Ilustração 171. Palacio Euskalduna, Bilbau. Em: http://pt.urbarama.com/project/palacioeuskalduna
2.- A flexibilidade dos espaços públicos e a sua função “suturadora” são essenciais no sucesso da regeneração da waterfront.
Em sínteses os vazios tratados com projectos adequados surgem como oportunidades de ligação entre a cidade e o rio.
No decorrer desta pesquisa teórica identificaram-se uma série de autores que explicam a evolução da relação entre cidade e rio e cidade e porto. A partir desta percepção, observou-se como foram realizadas as intervenções de regeneração de waterfronts em outras cidades.
Esta análise e pesquisa permitiram concluir como funcionaram alguns casos de sucesso, ao valorizar-se a criação de espaços públicos. Este foi aliás um elemento central nos processos de regeneração, o que justifica a importância dada no presente trabalho aos mesmos, como factores principais na ligação e regeneração desejadas.
As intervenções em rede, em vez das centralizadas, já foram usadas noutras ocasiões com sucesso, em diversas épocas e por arquitectos e urbanistas com formações em escolas muito diferentes.
Após a análise de Lisboa, da sua relação com o porto, da sua malha urbana próxima ao waterfront, da existência de barreiras formadas por vias de comunicação e da história dos planos de actuação na
Ilustração 172. Passeio na frente ribeirinha em Bilbau. Em: Catálogo Bilbao motion city-Lee Kuan Yew World City Prize Laureate 2010
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Frente Ribeirinha, confirma-se que a opção do espaço público elevado é uma das que fazem mais sentido.
O binómio atravessamento - equipamento público, pode-se confirmar nos estudos de caso já elaborados, em cenários que tem algumas semelhanças com Lisboa, e que apresentaram resultados Ilustração 173 Seattle Olympic Sculpture Park, conexão com o waterfront. Em: http://www.worldarchitecturenews.com /index.php?fuseaction=wanappln.showp rojectbigimages&img=1&pro_id=12287
positivos.
Do ponto de vista histórico verificou-se a importância dos equipamentos culturais, como criadores de fluxos locais e globais em diversos cenários. Parece pois claro que a função cultural potencia a recuperação de espaços degradados e de melhoria nas condições sociais da população.
Não foi aprofundada a questão do futuro do porto de Lisboa, enquanto factor indeterminado porque não era o objectivo principal desta dissertação, embora fosse um tema sempre latente ao longo Ilustração 174 Lisboa, zona de Alcântara –Belém http://www.trekearth.com/gallery/Euro pe/Portugal/South/Lisboa/Lisbon/photo 946570.htm
do trabalho. No entanto foram formuladas algumas questões fundamentais para o futuro do waterfront lisboeta, que poderão vir a ser respondidas em evoluções futuras.
Finalmente as consequências e o conceito demonstrado na dissertação foram testados num projecto; actuando num dos vazios identificados anteriormente, cumprindo as condições descritas na dissertação e seguindo a pauta marcada, em relação ao programa, espaço público e função cultural.
Para poder comprovar os princípios definidos no trabalho foi realizado um projecto escolhendo uma localização concreta, a saber, a zona de Alcântara-Belém, localizada entre a ponte 25 de Abril e a Ilustração 175 Lisboa, imagem aérea da zona de Alcântara -Belém
estação fluvial de Belém. Neste espaço encontram-se alguns equipamentos de carácter regional e nacional: O Centro de Congressos de Lisboa (CCL), o novo museu dos coches, a Cordoaria
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
nacional, o Hospital Egas Moniz e diversos Pólos Universitários.
Também estão aqui presentes elementos que afectam a frente ribeirinha de Lisboa, mais concretamente a barreira rodo-ferroviária linha de Cascais - e as Avenidas da Índia e Brasília, realizadas sobre os aterros do século XIX. Esta zona tem a particularidade do espaço entre o rio Tejo e a barreira, ser um espaço público com
Ilustração 176. Passarela de conexão com o rio Tejo. Fotografia do Autor
acessibilidade deficiente.
Após terem sido identificados os vazios plausíveis de intervenção nesta zona definiu-se uma estratégia programática para todos eles, e adaptada às necessidades do lugar. Pela grande presença da comunidade universitária, pensou-se que equipamentos de apoio seriam uma mais-valia. Também foram considerados outros equipamentos tais como bibliotecas públicas, creches e pequenos espaços de apoio à comunidade existente na zona. Pretendeu-se, igualmente, dar continuidade a algumas das funções já existentes e potenciá-las de forma a favorecer a sua caracterização e definição, mais concretamente equipamentos de apoio ao CCL, e ao novo museu de arqueologia presente na Cordoaria (Para a elaboração deste trabalho assumiu-se este facto, embora não esteja confirmado pelo Ministério da Cultura ou Direcção do Museu).
Dentro desta rede de vazios existentes escolheu-se o espaço que se encontra a seguir ao CCL, frente ao Hospital Egas Moniz. Um vazio de grandes dimensões e grandes possibilidades. Anexo a este espaço encontra-se uma das conexões com a margem ribeirinha. Esta zona tem outro problema: o arruamento principal e o mais histórico, a Rua da Junqueira, sofre de problemas de ordenamento do trânsito, e de definição geral do espaço, chegando a ser desagradável para o peão,
Ilustração 177. Imagem satélite vazio urbano, entre o CCL e a Cordoaria.
e não revelando nenhuma conexão com o rio, apesar da proximidade do mesmo.
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Neste vazio implementam-se os programas já mencionados, de residência de estudantes e investigadores, espaço de escritórios relacionados com o CCL, um hotel, e um silo automóvel; sendo o elemento principal um equipamento de apoio ao futuro museu de arqueologia. Este programa distribuí-se num sistema formado por três edifícios, complementando com três praças. No momento da Ilustração 178. Planta geral intervenção no vazio urbano.
da
definição volumétrica e disposição dentro do espaço disponível optou-se por provocar uma quebra na linha de fachada da Rua da Junqueira, de forma a fortalecer claramente a relação com a margem ribeirinha.
Como foi defendido ao longo da dissertação, o espaço público cumpre uma função vital, pois chama as pessoas para o rio, e actua como conector de distintos ambientes urbanos.
Ilustração 179. Esquema do espaço público do projecto.
Fundamental é também a disposição dos edifícios e a sua volumetria, pois o edifício central funciona claramente apelando à ligação entre os dois níveis de espaço público: o da “rua”, e o espaço que se desenvolve na cobertura do edifício central. Claramente em diálogo cumprem um dos princípios explicitados na dissertação.
No que se refere ao espaço cultural, no edifício proposto existe um centro de investigação e restauro de peças arqueológicas, centro de catalogação de actividades, escavações e elementos, administração do museu e coordenação de actividades, um auditório, um centro de empresas relacionadas com o sector, e a biblioteca, que seria aberta a toda a comunidade, funcionando ao mesmo tempo como espaço de leitura e estudo não especializado. Ilustração 180Planta de coberturas do projecto, do espaço publico elevado.
Na cobertura do edifício encontra-se o espaço público que faz a ligação e incluiria diversos equipamentos de apoio, espaços com sombra e zonas de assento. Esta zona desenvolve-se de forma a privilegiar a vista do Tejo.
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FRENTE RIBEIRINHA E CIDADE Equipamentos públicos culturais como solução de conexão e regeneração
Deste espaço elevado parte a conexão com a margem do Tejo. Esta conexão vai além de uma simples passarela, é realmente um espaço com diferentes vivências, como é defendido na dissertação.
A conexão mais directa complementa-se com percursos que favorecem certas vistas, ao rio e a Cordoaria.
Após ter sido atravessada a barreira encontra-se o outro pólo da intervenção. Um equipamento de pequenas dimensões, que funciona como centro de observação do Tejo e da Frente Ribeirinha e diversos espaços de apoio aos utentes deste espaço público.
Todo o projecto desenvolve-se de acordo com o concluído na dissertação, em que o principal é conseguir a fácil e clara comunicação da malha urbana existente com o Rio.
O edifício funciona como equipamento público cultural com diversas funções, de forma a ser o mais polivalente possível e reforçar os fluxos de pessoas, podendo este novo espaços serem aproveitados tanto por especialistas, como por cidadãos que não o são.
O espaço público sem dúvida funciona como elemento principal na conexão, e realmente consegue-se assim reforçar a relação desta parte da cidade com o Tejo.
Em definitiva na proposta projectual são recolhidos os princípios defendidos ao longo da dissertação. Sendo possível testar a capacidade do equipamento cultural e dos espaços públicos elevados como pontos de união, que suturam os vazios, conectando a cidade com o rio.
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7. BIBLIOGRAFIA 113
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Face á melhor compreensão dos aspectos bibliográficos, julgou-se de interesse a organização da bibliografia consultada por temas segundo os seguintes tópicos:
Bibliografia geral (conceitos e teorias) Bibliografia específica sobre Planos de ordenamento ribeirinho. Teoria e prática Bibliografia sobre Barcelona Bibliografia sobre Bilbau Bibliografia sobre Hafencity Bibliografia sobre Lisboa Outras bibliografias
Bibliografia geral (Conceitos e teorias) ASCHER, François. Metápolis: acerca do futuro da cidade. Oeiras: Celta Editora, 1995.
AUGÉ, Marc. Los “no lugares”. Espacios del anonimato. Una antropología de la sobremodernidad. Barcelona: Edisa, 1992.
BARBOUR, David. On the waterfront. Lighting Dimensions Special Focus on Latin America Supplement.
BORJA, Jordi, MUXI Zaida .El espacio publico:ciudad y ciudadania. Barcelona: Electa, 2003.
BUSQUETS i GRAU,Joan. Retro-fitting the city : Theory and practice. Em:“ Património natural e cultural: construção e sustentabilidade.” Lisboa. ICOMOS GECORPA.2010
CARR, Stephen, RIVLIN, Francis Mark Leanne G, STONE, Andrew M. .Public Space. Cambridge University Press. 1992
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LERNER, Jaime.Acupuntura Urbana.Record.2003
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125
X. ANEXOS 126
Anexo 1. maquetas de estudo
maqueta estrategia urbana escala 1.2500
maqueta quarteir達o escala 1.1000
maqueta edificio escala 1.500
Anexo 2. maquetas de estudo
maqueta secção do edificio escala 1.200
maqueta quarteirão escala 1.500
maqueta edificio escala 1.200
Anexo 3. maquetas finais
maqueta FINAL escala 1.500
Anexo 4. maqueta FINAL escala 1.200
maqueta FINAL escala 1.500
Anexo 3. maqueta FINAL escala 1.200
maqueta FINAL escala 1.500
vazios oportunidades
barreiras
locais de intervenção
usos existentes
PROBLEMA situação actual
vazios = oportunidade
vazios = ligação
LISBOA CONCEITO
SWOT STRENGTHS Equipamentos culturais Serviços Públicos (Escala Cidade) Proximidade rio Comunicação (mobilidade – fácil acesso rodoviário) Transportes Públicos Património Arquitectónico
WEAKNESSES Av. India/Av. Brasília + comboio Existência de barreiras Falta equipamentos pequena escala Fraca qualidade espaço público Junqueira e Av. India Estacionamento Confusão viabilidade Ausência pontes – atravessamento Ausência de espaço público dentro do tecido urbano – só existe na frente ribeirinha
OPPORTUNITIES Vazios Urbanos Frente Ribeirinha Possíveis novos usos/Equipamentos Espaço Verde – ser mais público Cordoaria Revalorização Património Arquitectónico Novos pontos de atravessamento Desenvolvimento Alcântara
THREATS Especialização cultural (zona só de museus) Envelhecimento (falta regeneração) Falta protecção do peão Degradação do Património Arquitectónico
projecto para obtenção de grau de mestre em arquitectura
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 1
orientador: Prof. doutor José Aguiar. co-orientador: Prof. Arq. Pedro Pacheco licenciado josé manuel pagés Sánchez lisboa , FAUTL, outubro 2011
25.6
25.6
25.3
26.6
25.4
32.1
22.7
26.8
32.8
37.6 32.6
27.2 30.4
30.1
25.6
26.4
23.5
31.7
21.0 23.2
26.1
28.0
27.0
19.3
33.5
16.8
28.0
16.8
23.8
25.3
29.7
20
30.8
27.6
19.7
29.3
25.1
24.8
22.0
16.5
20
17.8
16.5
17.9
18.7
20.7
30.9
31.3
14.4
23.9
22.2
16.7
20
28.0
23.6
24.5
24.8
25.8
27.4
17.2
26.0
24.5
19.6
10.7
15.7
14.3
15.3
13.3
21.9
27.0
24.7
21.1
13.2
10.5
23.1
15.4
20.3
24.0
8.9
12.1
23.2
5.8
20.2
25.6
10
7.7
14.0
25.7
24.2
15.5
26.1
18.5
13.9
20.7
13.7
12.7
16.8
24.5
17.9 20.2
16.1
12.7
17.6
12.7
22.8
587-L10 6.5
29.8
26.2
17.6
19.6
23.9
23.9
29.5
24.5
23.3
21.7 23.2
21.7
21.3
22.5
19.5
24.4
20.6
22.2
23.1
20.2
23.8 25.3
12.3
8.1 12.1
8.1
12.7
8.1
5.4
11.4
16.1
15.9
13.2
21.9 22.6
4.5
20.7
23.7
21.0
15.1
18.8
10.6
20.1
19.4
22.8
11.6
16.0 14.1
19.0 23.5
25.6
21.4
23.2
25.2 24.3
22.6
11.9
17.2
14.6
27.8 24.9
21.8
22.0
23.2
22.5
13.0 11.8
19.7
23.8 20.1
22.3 24.6 22.5
15.1
19.9
22.9
15.5 15.7
19.4
23.8
23.8
24.9
24.4
27.3
28.3
27.7
10.8
13.5
8.5 13.7
5.6
20.9
16.0 14.6
11.5
10.4
26.7
13.9 13.5
12.3
8.3 17.1
10.3
11.5
14.4
22.8
7.5
5.5
11.2
18.6
22.3
21.7
14.4 5.6
10.0
11.8 5.4
13.5 13.4
13.9
12.2
11.8
4.2
3.6
4.4
13.2
9.3
15.8
3.2
9.7
8.6
9.9
9.3
9.1
13.8
13.4
13.8
4.7
9.0
8.8
3.6
9.2
3.74
3.6
13.7
8.1
3.6
n
3.5
13.5
3.7
3,279
9.6
7.4
3.3
3.4
10.6
PLANTA PLANO URBANO ESCALA: 1.2500
3.7
3.5
3.6
3.5
3.4
4.8
3.7
4.8
3.7 3.7
4.8
3.8
3.8
3.8 3.8
3.8 3.9
3.9 26.7
3.7
3.8
15.8
23.4
19.6
26.7
20.5
38.3
35.3
16.8
15.3
23.0
4.3
3.6
8.7
26.4
16.5
14.8 10.3
23.5
14.8
13.6
11.0
9.5
23.4
3.8
11.2 11.2
10.1
14.4
25.4
22.2
3.7
22.8
13.6
3.7
10.0
9.6 11.0
4.1
10.8
10.7
13.9 10.7
10.3
4.5 3.8
23.1
3.9 3.9
22.1
17.9
7.8
3.7 3.5
7.3
4.6
4.6
16.8
26.0
4.3
3.7
10.5
15.4
10.5
3.8
3.7
3.6
3.9
3.8
3.6
3.7
3.4
3.313
3.3
3.4
3.8
4.8
4.8
3.7
3.6
3.1
3.5
4.9
3.8
3.7
578-L8
3.6
4.8
3.9
3.9
3.6
3.3
10.5
3.6
9.1
3.9
3.9 3.3
3.6
5
4.8 4.8
4.8
3.8
3.4
13.0
3.7
3.9
3.4
3.5
8.9
3.7
3.6
3.6 6.8
13.7
8.3
3.7
3,801
13.5
18.4
3.8
4.9
3.6
3.9
6.2 6.2 7.3
13.4
8.6
3.4
18.5
10.4
14.5
13.8 8.6
4.1 3.6
13.4
6.5
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18.6
3.3
10.1
13.6 3.8
4.1
4.1
13.5
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8.2
3.8 7.2
8.0
9.6
4.3
3.9
7.2 12.0
8.8
3,597
578-L4
19.9
18.5
8.1
10.9
12.2
12.3
17.6
21.4
14.9
10.5
13.6
10.9
3,631 3.7 10.4
3.6
7.6
12.6 9.1
3.4
3.9
3.8
3.8
4.2
12.3
6.3
4.9
12.8
583-L2 3.594
10.6 9.7
30.4 16.5
7.2
13.1
12.8
16.3
17.2
8.0 7.6
10.0
16.7
3.9
12.8
9.2
14.7
17.3
21.5
12.5 12.6
3.746
7.6
10.7
8.4
23.7
21.7
4.9
4.3
3.7
578-L11
3.043
3.7
3.9
17.4 4.1
15.4
15.5
19.5
10.5
4.2
4.7
10.3
12.1
6.9
10.3
16.2
19.9
16.3
24.3
20.8
16.4
14.0
20.4
12.9
10.2
4.3
4.2
16.5
9.8
19.9
18.9
22.0
16.4
18.3 10
11.6
3.6
26.7
21.2
21.2
15.6
17.8
13.1
4.5
15.7
23.2
23.2
19.4 20.3
6.6
7.4 19.0
4.5
19.9
7.6
15.6
10.3
18.0
13.1
2.8
2.9
13.4
8,46
15.8
583-L1
17.3 9.5
16.4
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21.3
16.0
30.2
16.6
23.9
8.3
27.0
9.5
24.5
8.8
21.8
20.9 29.5
13.7
38.5
33.3
15
25.5
26.2
40.2 18.4
21.2
27.6
40.7
41.4
32.7
25.0
17.8
16.4
22.9
46.5
23.2
20.2 11.7
14.1
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19.4
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33.1
25.1
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23.3
26.3
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20.8
20.4
27.0
27.8
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33.8
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34.5 35.3
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23.4
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34.7 15.6
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22.5
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23.4
20.8
19,609 25.1
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31.2
25.1 16.4
10.1
19.9
11.3
25.1
23.5
13.8 12.8
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19.1
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12.4
16.8
24.5
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8.8
16.5 18.4
20.7
9.5
20.7 13.9
27.2
26.7
36.7
35.0
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21.7
28.9
9.3
14.3
14.5
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31.3
28.9 29.3
21.5 14.1 18.6
9.5
14.3
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33.3
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9.6
17.6 33.5
34.2
46.9
11.4
18.5 15.2
20.2
25.7
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15.0
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25.1
26.6
25.3
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34.3
15.0
23.5
13.2 15.8
17.6
16.6
11.4
19.4
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16.0
27.3
13.2
9.3
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10.5
9.6
10
20.6
18.2 25.0
31.2
33.4
31.5
27.1
20.1
31.3
26.4
37.0
19.3
15.5
10.5
19.8
Abril
33.4 29.9 30.3
16.5
33.5
18.9
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de
26.5 33.0
33.6
15.7 15.6
17.2
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30.9
11.8
16.5
22.2
15
35.2
16.3
21.1 34.5
Ponte
35.7
da
27.4
Av
36.7
16.7
22.3 23.6
17.6
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6.4
4.3 4.1
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4.4
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3.6 3.9
3.6
3.8
3.9
3.6
3.7
3.5 3.9 10.2
3.9
4.1
3.5
10 M
MÓDULO DE ESPAÇO PÚBLICO
TERRA BATIDA. JOGOS TRADICIONAIS.
PAVIMENTO PEDRA E ÁRVORES
RELVADO E ÁRVORES
ESPAÇO INFANTIL
NOVO MODELO DE ESPAÇO PÚBLICO. UM MÓDULO INICIAL COM DIFERENTES CONFIGURAÇÕES E DIFERENTES FORMAS DE AGREGAÇÃO MAIOR VERSATILIDADE NO ESPAÇO PÚBLICO NA FRENTE RIBEIRINHA. A CONFIGURAÇÃO PERMITE DAR MAIOR DESTAQUE AOS PONTOS DE LIGAÇÃO ENTRE A MALHA URBANA E A FRENTE RIO.
ESPAÇO RELVADO
PAVIMENTO PEDRA calcárea ou gravilha compactada
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 2
EQUIPAMENTO APOIO
ESPAÇO SENTAR
ESPAÇO SOMBRA
CAMPOS DESPORTO
URBAN BEACH
SKATEPARK
projecto para obtenção de grau de mestre em arquitectura orientador: Prof. doutor José Aguiar. co-orientador: Prof. Arq. Pedro Pacheco licenciado josé manuel pagés Sánchez lisboa , FAUTL, outubro 2011
n PLANTA COBERTURAS GERA ESCALA: 1.500
Fórum
nome masculino 1. HISTÓRIA praça pública, na antiga Roma, onde se realizavam os atos mais importantes da vida do povo romano 2. local onde se fazem debates 3. centro de diversas atividades, geralmente de índole cultural 4. discussão de um determinado assunto por especialistas (Do latim forum, «idem») in: dicionário porto editora, http://www.infopedia.pt/
edificado
vegetação
espaço publico
percursos
percursos elevados
agua
ESQUEMA LAYERS FOTOMONTAGEM VISTA GERAL
COBERTURAS
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 3
n
projecto para obtenção de grau de mestre em arquitectura orientador: Prof. doutor José Aguiar. co-orientador: Prof. Arq. Pedro Pacheco licenciado josé manuel pagés Sánchez lisboa , FAUTL, outubro 2011
AXONOMETRIA RENDERS GERAIS ESQUEMA FUNÇÕES
acesso exterior biblioteca quiosque
bar
biblioteca lab fotografia
lab desenho
laboratorios
espaço audiovisual dir biblioteca livros reservados
SILO AUTOMOVEL
HOTEL
ESCRITÓRIOS
BIBLIOTECA
CENTRO DE ARQEUOLOGIA
INCUBADORA DE EMPRESAS
espaço empresa RESIDÊNCIA ESTUDANTES ADMINISTRAÇÃO DO MUSEU HOSTEL
apartamentos investigadores
entrada do museu de arqueologia
apoio turismo e lazer
centro de interpretação da fr
biblioteca
dir museu espaçoworkshop espaço endov
auditorio
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 4
projecto para obtenção de grau de mestre em arquitectura orientador: Prof. doutor José Aguiar. co-orientador: Prof. Arq. Pedro Pacheco licenciado josé manuel pagés Sánchez lisboa , FAUTL, outubro 2011
A
2
27
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3,60 m
2.87 m
25 24
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4
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B
3,60 m
29 4,05 m
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30 32 31 19 21
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4,05 m
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3,60 m
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B
C
3,60 m
14 5
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3
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2 14 13
7 11 10
6
3,60 m
C
2 18
A
1
ALÇADO NOR ESTE
n
PLANTA PISO 0 ESCALA: 1.200
Legenda: 1 Elevador 2 Arrumos 3 Recepção 4 I.S.deficiêntes 5 Salas de Apoio 6 Adm. do museu de Arq. 7 Coord. de actividades 8 I.S. 9 Gabinete Adm 10 Sala WShop 11 Sala cursos
12 Sala ed. publicação 13 Instalações Endovélico 14 Gab. Endovélico 15 Apoio Auditório 16 Auditório 17 Foyer 18 Atrio 19 Espaços Inc de empresas 20 Secretaria Incubadora 21 Sala de Espera 22 Sala de reuniões
23 Sala trabalhadores 24 Zona Exposições 25 Recepção Biblioteca 26 Biblioteca 27 Zona cacifos 28 Zona Hemeroteca 29 Apoio à Biblioteca 30 Area de trabalhadores 31 Adm. Biblioteca 32 Sala de consulta rest 33 Sala reprodução media
ev volumetrica
ALÇADO SUL ESCALA: 1.200 FOTOMONTAGEM ENTRADA BIBLIOTECA
projecto para obtenção de grau de mestre em arquitectura
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 5
orientador: Prof. doutor José Aguiar. co-orientador: Prof. Arq. Pedro Pacheco licenciado josé manuel pagés Sánchez lisboa , FAUTL, outubro 2011
n
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3,60 m
6.95 m 3,60 m
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B
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3,60 m
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C
B 3,60 m
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8
3,60 m
5 6 4 7
3,60 m
3,60 m
3
C
2
3,60 m
6,95 m
1
A
n PLANTA PISO 1 ESCALA: 1.200
Legenda: 1 Elevador 2 Arrumos 3 Sala Desenho 4 Sala polivalente 5 Departamento de fotografia 6 Laboratório de fotografia 7 Lab. museu de Arqueologia 8 Lab. museu de Arqueologia 9 Sala Runiões 10 Gabinete coordinação 11 Arrumos
12 I.S. 13 Sala audição 14 Arrumos exteriores 15 Biblioteca
ALÇADO NOR ESTE
ALÇADO NOROESTE ESCALA: 1.200 FOTOMONTAGEM PATIO INTERIOR
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 6
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A
10,3 m
5
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6
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B 6.95 m
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1 4
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C
B 10,8 m
10,3 m
10,8 m 10,7 m 10,9 m
3,60 m
3,60 m
3,60 m
10,3 m
C
10,8 m
10,3 m
A
n PLANTA PISO COBERTURAS ESCALA: 1.200
ALÇADO NORDESTE ESCALA: 1.200 FOTOMONTAGEM
Legenda: 1 Bar 2 Cozinha 3 Arrumos 4 I.S. 5 Acesso Biblioteca 6 Quiosque
ALÇADO NOR ESTE
INTERIOR BIBLIOTECA
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 7
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A
18,6 m
10,3 m
10,3 m
12,85 m
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B 6.95 m
10,3 m 15,6 m
C
B
18,6 m
12,6 m
C
A
3,60 m
n PLANTA PISO COBERTURAS TOTAL ESCALA: 1.200 3,50m
10,6 m
CORTE AA ESCALA: 1.200 CORTE BB ESCALA 1.200
10,8 m 10,3 m
10,3 m
6,95 m
6,95 m
FOTOMONTAGEM PISO 1 BIBLIOTECA
3,6 m
FOTOMONTAGEM ÁTRIO ENTRADA
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 8
-0,4 m
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5 2
1
n PLANTA CAVE-ESTACIONAMENTO ESCALA: 1.200
Legenda: 1 Túnel ligação com Museu 2 Sala Raio X, Scan 3 Controlo Raio X 4 Doca Cargas e descargas 5 Depósito Museu Arq. 6 Salas de Apoio 7 Arrumos 8 I.S. 9 Armazem Geral 10 Posto de Controlo
10,8 m 10,3 m
10,3 m
6,95 m
6,95 m
3,6 m
-0,4 m
CORTE CC ESCALA: 1.200 FOTOMONTAGEM CIRCULAÇAO 2
FOTOMONTAGEM CIRCULAÇAO
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n CENTRO INTERPRETAÇÃO DA FR PLANTA PISO 0 ESCALA: 1.200
Legenda: 1 Sala projecções 2 Area expositiva 3 Arrumos 4 Recepção 5 Zona cacifos 6 Bar 7 Cozinha 8 Posto Turismo 9 I.S. 10 Arrumos bicicletas 11 Gabinete adm
11
4
ALÇADO SUL FR ESCALA: 1.200 FOTOMONTAGEM VISTA AÉREA FR
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D
4 3
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2
D
n CENTRO INTERPRETAÇÃO DA FR PLANTA PISO 1 ESCALA: 1.200
Legenda: 1 Gabinete 2 Sala Workshop 3 Sala organização 4 Sala Polivalente
ALÇADO NOROESTE ESCALA: 1.200 FOTOMONTAGEM VISTA ESPAÇO FR
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 11
projecto para obtenção de grau de mestre em arquitectura orientador: Prof. doutor José Aguiar. co-orientador: Prof. Arq. Pedro Pacheco licenciado josé manuel pagés Sánchez lisboa , FAUTL, outubro 2011
D
D
n CENTRO INTERPRETAÇÃO DA FR PLANTA PISO COBERTURAS ESCALA: 1.200
CORTE ESCALA: 1.200 FOTOMONTAGEM VISTA FR
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 12
projecto para obtenção de grau de mestre em arquitectura orientador: Prof. doutor José Aguiar. co-orientador: Prof. Arq. Pedro Pacheco licenciado josé manuel pagés Sánchez lisboa , FAUTL, outubro 2011
43 42
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62
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Remate de guarda em betão aparente branco Downlight protegido Grelha de recepção aço escovado Caixa de recepção e caleira protegida por membrana asfáltica Pingadeira “in situ” 3*3 cm Placas de betão aparente prefabricadas de 400*50*4 cm apoiadas Suporte metálico de placas de betão aparente Betonilha de enchimento/camada de forma Isolamento em poliestireno extrudido 6 cm de espessura Isolamento de poliuretano projectado 4 cm de espessura Parede de gesso cartonado tipo Pladur 20 mm de espessura Parede de betão aparente cor branca Lintel de betão branco aparente
14 Caixilharia de alumínio cor branca pura (RAL 9010) com ruptura de ponte térmica de perfil 80 mm, vidro transparente duplo 6+2+4 15 Peitoril de betão aparente cor branca 16 Cordão de poliuretano flexível tipo Sikaflex PRO-2HP. Espessura média 10 mm 17 Pavimento contínuo em betão afagado com formação de juntas de dilatação cada 4 m e selagem com cordão(ver referência 16) 18 Membrana dupla asfáltica de densidade 2 Kg/m2 soldadas 19 Caleira em PVC recolha de águas pluviais 20 Laje fungiforme 21 Tecto falso liso cor branco RAL 9010 22 Down light afixado à placa de tecto falso 23 Rodapé de alumínio escovado 70 mm
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 13 cortes fachada NÚCLEO DE LABORATORIOS. escala: 1.20
24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34
Sistema de aquecimento de piso radiante Suportes de PVC do sistema de aquecimento Isolamento em poliestireno extrudido 4 cm de espessura Tapete de grama Penicetum clandestinum Terra vegetal de jardim+ solo de substrato mineral Betão leve Betonilha para assentamento Caleira prefabricada em betão largura interior 150 mm com grelha superior em aço escovado Muro de suporte e contenção em cave, espessura 35 cm Impermeabilização de face exterior do muro com membrana asfáltica soldada de 4Kg/m2 Relvado ray grass
35 36 37 38 39 40 41 42 43
Terra vegetal de jardim espessura média de 25 cm+ areias de assen tamento do ray grass Solo de substrato mineral Camada drenante de saibro de espessura média de 15 cm Camada de forma em betão leve Isolamento em poliestireno extrudido 8 cm de espessura Membrana asfáltica dupla montadas as duas camadas transversal mente de 2 kg/m2 Drop-plein com tubo de aço escovado 35 mm de diâmetro interior e soldagem de lámina asfáltica na sua recepção Muro de betão aparente cor branca Peitoril de betão prefabricado côr branca ancorada a laje fungiforme da estrutura
44 45 46 47 48 49 50 51 52
Ancoragem à laje fungiforme Sistema de fixação tipo “aranha” (spider glass- Saint Gobain) para fachada de vidro em aço inox Elemento de fixação em aço inox Fachada de vidro laminados 10+2+10 Stadip e lâmina interna de polivinil butiral (PVB) de 0,38 mm de espessura Ancoragem do sistema spider glass Lancil de pedra de granito Pavimento de granito nacional cor cinzento de 60*120*3 cm assente sobre camada Camada de forma(massame) Betonilha de enchimento
53 54 55 56 57 58 59 60 61 62
Pavimento de madeira natural tecnodeck com réguas de 26 mm de espessura, barras de apoio e sistema de fixação de clips metálicos em aço inox Camada de formação de pendente para evacuação de pluviais Reboco de cimento hidrófugo 1 cm de espessura Parede de tijolo cerâmico de 11 cm de espessura Caixa de ar Corrimão de tubo de aço inox escovado de 45 mm de diâmetro Guarda de vidro afixada por sistema spider – glass vidro stadip 12 mm espessura Camada de betão de enchimento para suporte de chapa Chapa de alumínio laqueado côr preta RAL-9005X Laje fundação em betão armado
projecto para obtenção de grau de mestre em arquitectura orientador: Prof. doutor José Aguiar. co-orientador: Prof. Arq. Pedro Pacheco licenciado josé manuel pagés Sánchez lisboa , FAUTL, outubro 2011
29
50 51 52 53
40
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2
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43 44
7
7 8
9
35 36
35 36
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38
39
39
11 29 13 14 15 45 30 31 48 49
32 33
24
24
46
25
25
47
34
16 54 55
26 20
26
27 28
27 28
17
18 19
20
21 22 23
56 60 61 57 58 59
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pingadeira “in situ” 3*1,5 cm Cordão de poliuretano flexível tipo Sikaflex PRO-2HP. Espessura média 10 mm Sistema de fixação ao tubo de aço com amortecedores para fachada de vidro em aço inox Tecto falso liso branco RAL 9010 Isolamento em poliuretano projectado 4 cm de espessura Candeeiro tubo fluorescente 1*40w formando alinhamento Rodapé de alumínio escovado 70 mm Caleira com tampa de registo em alumínio escovado para passagem de instalações eléctricas Cordão de poliuretano flexível tipo Sikaflex PRO-2HP. Espessura média 8mm Candeeiro tubo fluorescente 1*40w formando alinhamento afixado ao tecto previamente estucado cor branco ouro RAL 9010
11 12
13 14 15
16 17 18 19 20
Chapa de alumínio escovado ancorado com bucha química hilti Fachada de vidro laminado 10+2+10 Stadip e lâmina interna de poli- vinilo butiral (PVB) de 0,38 mm de espessura Sistema de fixação ao tubo de aço com amortecedores para fachada de vidro em aço inox no canto inferior Cordão de poliuretano flexível tipo Sikaflex PRO-2HP. Espessura média adaptada ao encontro com elemento inferior. Chapa de aço escovado espessura de 6 mm para formação de es corregamento pluvial. Camada de forma (massame) Isolamento em poliestireno extrudido 4 cm de espessura Caixa-de-ar Painel de madeira de carvalho Formação de prateleiras na biblioteca em madeira de carvalho.
fórum cultural como ligação da frente ribeirinha painel 14 cortes fachada BIBLIOTECA. escala: 1.20
21 22 23 24 25 26 27 28 29
Rodapé de madeira 70 mm Camada de forma para suporte de instalação de aquecimento Sistema de aquecimento tipo radiante Guarda de vidro afixada no plano inferior com vidro stadip 12 mm Ajustamento cunhando o vidro dos dois lados por cordão de de poli- uretano flexível tipo Sikaflex PRO-2HP espessura média 8 mm Soalho madeira de carvalho 18mm de espessura apoiado sobre ta cos maciços Bucha química de Hilti para afixação de vidro, incluindo elementos flexíveis. Perfil de aço L.30.30.3 de suporte do vidro apoiado em lâmina de poliuretano de 10 mm de espessura média Peitoril de betão aparente cor branca
30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42
Grelha de recepção aço escovado e caixa de recepção e caleira pro tegida por membrana asfáltica Ancoragem de peitoril por bucha química Hilti Camada de forma de betonilha Laje fungiforme Muro de betão aparente cor branca Corrimão de tubo de aço inox escovado de 45 mm de diâmetro Guarda de vidro afixada por sistema spider – glass Vidro stadip 12 mm de espessura Suporte de aço ancorado á laje fungiforme com buchas químicas Laje fungiforme Grelha de recepção aço escovado Camada de forma em betão leve sobre membrana asfáltica Ancoragem de barra de suporte de brise soleil
43 44 45 46 47 48 49 50 51
Brise soleil em peças de betão branco pré-fabricado, 10 cm de espe- ssura, 50 cm de largura por 225 cm de comprimento. Suportado por estrutura metálica. Suporte de tubo de aço do sistema de brise soleil Sistema de fachada de vidro em caixilho de alumínio com ruptura de ponte térmica e vidro duplo 10+6+10 Pavimento de madeira natural tecnodeck com réguas de 26 mm de espessura, barras de apoio e sistema de afixação de clipes metálicos em aço inox. Degraus em betão visto cor branca Caixilho horizontal inferior Suporte de aço de apoio para caixilharia sobre perfis de aço L80.80.6 Placas de betão aparente prefabricadas de 400*50*4 cm apoiadas Suporte metálico de placas de betão aparente
52 53 54 55 56 57 58 59 60 61
Betonilha de enchimento/camada de forma Laje betão Calçada em cubos de pedra calcaria Areia Betonilha de cimento Laje de fundação em betão armado Betão regularização Terra compactada Isolamento térmico floormate Lâmina impermeabilizante asfáltica de oxiasfalto
projecto para obtenção de grau de mestre em arquitectura orientador: Prof. doutor José Aguiar. co-orientador: Prof. Arq. Pedro Pacheco licenciado josé manuel pagés Sánchez lisboa , FAUTL, outubro 2011