GUIA DE
BRANDING EXPERIENCE
PARA MICRO E PEQUENAS MARCAS DE CONFECÇÃO E VAREJO DE MODA DE JARAGUÁ DO SUL Joseana Maria Ribeiro Elcio Ribeiro da Silva
SOBRE O GUIA
Este material é parte de uma pesquisa realizada no programa de Mestrado Profissional em Design da Universidade Univille pela mestranda Joseana Maria Ribeiro. Possui aderência ao projeto de pesquisa Gbrand (Pesquisa de Gestão de Marcas e Design de produtos) coordenado pelo professor e orientador Elcio Ribeiro da Silva. Para embasamento e referencial teórico sobre o tema foram investigadas 11 marcas contemporâneas que aplicam o branding experience em ação para encantar e fidelizar seus clientes. A metodologia utilizada foi a do 'design thinking' por meio do modelo do diamante duplo, composto pelas fases de investigação, analise, viabilidade e entrega. O resultado apresenta um guia para que gestores micro e pequenas marcas de confecção e varejo de moda de Jaraguá do Sul possam aplicar o branding experience e criar melhor relacionamento entre a marca e seus clientes. Esse e outros projetos na integra podem ser acessados em www.univille.br/mestrados clique em mestrado profissional em Design/ menu projetos finais defendidos.
JOSEANA RIBEIRO
Graduada em Design com habilitação em Moda pelo Instituto Senai/CETIQT - Rio de Janeiro/RJ (2007) e Mestranda em Design Profissional e Sustentabilidade com área de atuação em Processos de Produção e Design pela Universidade da Região de Joinville Univille Joinville/SC (2019). Especialista na Industria Têxtil, com experiência em empresas de moda conceituadas no mercado nacional. Criação e desenvolvimento de coleção de Produtos e Estampas. Participação no planejamento e criação de Comunicação, Programação Visual e Visual Merchandising. Pesquisa de tendência com experiência Internacional.
Flagship Galeria Melissa , Oscar Freire SP - Fonte: Google
"NÃO BASTA QUE MARCAS SEJAM EFICIENTES E PRODUZAM BONS PRODUTOS, É NECESSÁRIO TOCAR MAIS DO QUE NO LADO PRÁTICO DA VIDA DE SEUS CONSUMIDORES, POIS AS PESSOAS NÃO ESTÃO EM BUSCA DE ALGO QUE CORRESPONDA ÀS SUAS EXPECTATIVAS, MAS SIM ALGO QUE AS EXCEDA. É NECESSÁRIO QUE, ALÉM DA EFICIÊNCIA, UMA MARCA POSSUA A CAPACIDADE DE SEDUZIR, DE SURPREENDER" Letícia Genesini - Espaços Interativos (2014)
SUMÁRIO Introdução_______________________________________________ 09 Como aplicar o Guia_____________________________ _________ 12 Identidade Visual________________________________________ 17 Identidade Corporativa_________________________________ 23 Pontos de Contato______________________________ _________ 30 Público-Alvo_____________________________________ _________ 35 Canais de Vendas_______________________________________ 39 Aplicação do Mapa de DNA_____________________ _________ 43 Branding Experience____________________________________ 49 Critérios de Analise do Branding Experience _________ 57 Referências Bibliográficas_____________________________ _ 64
Casa Pantene, Av. Paulista. Lanรงamento da nova linha de tratamento capilar da marca. - Fonte: Google
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INTRODUÇÃO O jeito de pensar e se comportar de uma empresa deve ser evidenciado nas suas expressões. Ele deve ser usado como um instrumento para orientar e inspirar na criação de toda comunicação, e assim identificar a melhor estratégia de Branding Experience. A proposta deste guia é ampliar a visão sobre marca, design e estratégias de experiência favorecendo o relacionamento "Marca x Cliente". É assim que os projetos de marca serão mais efetivos e deixarão de ser reduzidos à projetos de criação de produto apenas. Por outro lado, a leitura e aplicação deste conteúdo, mesmo sem conhecer design profundamente, favorece os gestores de micro e pequenas empresas de confecção e varejo de moda, em especial de Jaraguá do Sul, conhecer conceitos teóricos, formais e, principalmente práticos, para poder acompanhar, desenvolver, efetivar e gerir marcas competitivas. O guia apresenta um passo-a-passo de conceitos para construção de marcas fortes iniciando pela identidade visual e corporativa chegando ao desenvolvimento de todos os elementos que compõe o mapa de DNA proposto pela autora. Este mapa é indispensável quando a intenção da empresa é criar relacionamento mais próximo com seus clientes através de estratégias de Branding Experience.
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completar a introdução
Loja da Reserva, Fashion Mall, RJ - Fonte: Google
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COMO APLICAR O GUIA
O guia foi desenvolvido para auxiliar gestores de micro e pequenas marcas de confecção e varejo de moda de Jaraguá do Sul que anseiam melhorar e fidelizar o relacionamento com seus clientes.
A primeira parte consiste em contextualizar os elementos de DNA da marca. Em seguida, apresenta-se o mapa de DNA que deverá ser preenchido para identificar todos os elementos que dará consistência na criação de estratégias de Branding Experience.
Em seguida, conhecendo todas as características da marca, sabendo qual segmento ela está inserida no mercado, qual a visão, missão, valores, propósito e posicionamento, onde e para quem a marca pretende vender, assim cada gestor junto a sua equipe conseguirá criar a melhor estratégia de Branding Experience para sua marca.
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Feito isso, o guia propõe uma análise da ação ou campanha criada pela marca. Assim, a marca poderá aplicar com maior efetividade, alinhando as características da marca e a ação analisada e adequada para que os critérios tenham a maior nota possível.
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SUA MARCA JÁ TEM UMA IDENTIDADE VISUAL BEM DEFINIDA?
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IDENTIDADE VISUAL: marca, logotipo e segmento de mercado Marca se inicia pelo signo ou conjunto dos elementos visuais e identificadores como nome, logotipo e slogan. Segundo a American Marketing Association, presente no livro de Kotler (1991, p. 442), "uma marca é nome, sinal, símbolo ou design, ou uma combinação de todos os elementos, com o objetivo de identificar os bens ou serviços de um vendedor e diferenciá-los de seus concorrentes". Os símbolos e logotipos fazem parte do cotidiano das pessoas, e estão presentes em tudo à nossa volta. Basta observar que nos objetos mais simples podemos reconhecer as marcas identificando esses produtos. Com isso, sabe-se que uma marca tem uma identidade visual, e que é composta por um código de sinais e símbolos que estão presentes nas relações das pessoas que compartilham desta marca.
O designer Gilberto Strunck (2001, p.57), define a identidade visual como um conjunto de elementos gráficos que vão formar a personalidade visual de um nome, uma ideia, um produto ou um serviço, estabelecendo um nível ideal de comunicação com quem os vê. O autor completa que ao longo do tempo, estes elementos (cores, formas, proporção, tipografia, etc.) vão ganhando força e significado. Todos os elementos que compõem uma marca emitem uma mensagem e são considerados veículos de comunicação, dando suporte nos pontos de contato para que todos possam identificar a marca e onde ela está aplicada no mercado. Segmentar o mercado é o resultado da divisão de um mercado em pequenos grupos. Este processo é derivado do reconhecimento de que o mercado total representa o conjunto de grupos com características distintas, que são chamados SEGMENTOS. Os segmentos de moda classificam o mercado em adulto: feminino, masculino e infantil, com base nas atitudes típicas em relação a moda e às marcas, bem como a idade, estilo de vida e os tipos de roupas.
A identidade visual expressa o que a sua marca quer passar. Precisa, portanto, aliar design com a marca criando uma relação emocional com o público-alvo. Ela precisa ser esteticamente agradável, remeter ao produto ou serviço e ser limpa, sem elementos excessivos. Lembre-se que "menos" sempre é "mais", e isso fará com que a pessoa grave mais facilmente a sua marca. Mas a identidade e reconhecimento de uma marca não consistem somente em identificação visual de elementos gráficos e simbólicos. Consolo (2005, p.19) fala que a dimensão da comunicação da marca se aplica a todo sistema conceitual, estratégico, ético e funcional que envolve a empresa, e se bem realizada fará com que seu símbolo identificador consiga ser a chave de acesso de todo esse universo de conteúdos, produtos e atitudes que a representam. Então, podemos dizer que além da IDENTIDADE VISUAL, composta por elementos gráficos, outro componente significativo para a identidade da marca, é a maneira como a empresa se comporta, sendo então, a IDENTIDADE CORPORATIVA, seu PROPÓSITO e POSICIONAMENTO.
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E A IDENTIDADE CORPORATIVA DA SUA EMPRESA, VOCÊ JÁ DEFINIU?
Propรณsito da marca Reserva. Fonte: Google.
IDENTIDADE CORPORATIVA: missão, visão, valores, propósito e posicionamento Sabendo que além da identidade visual, outro componente significativo para a identidade da marca, é a maneira como a empresa se comporta, isso se dá a identidade corporativa. O arquiteto e designer alemão Peter Behrens desenvolveu o conceito de identidade corporativa, que expressa a personalidade de uma empresa, todas as características que a tornam única. O interessante desse conceito é que ele represente do discurso institucional da empresa à parte gráfica, o atendimento, a comunicação interna e externa, os materiais impressos e online, a loja física e virtual, o portfólio, em tudo que concerne à empresa, e que isto esteja alinhado ao que ela quer representar no mercado.
Para Fascioni (2010, p.22), a identidade corporativa é o DNA da empresa. A autora esclarece que é o conjunto de atributos tangíveis e intangíveis que definem quem a empresa é na sua essência, e que a faz única e diferente de todas. O objetivo do conceito é consolidar a marca fidelizando público, que se sentirá seguro ao investir em uma empresa que expressa claramente o que comercializa. Quando a identidade corporativa se concretiza com anos de trabalho, ela realmente gera frutos, tornando a marcas mais valiosa, simbolicamente e economicamente. Essa imagem precisa expressar transparência, sustentabilidade, compromisso social, etc. Considerado um dos aspectos mais importantes dentro de uma organização, a missão, visão e valores representam juntos a identidade e a essência de uma empresa. Para Reiman (2013), eles são elementos de extrema importância na identidade corporativa e todos os envolvidos precisam conhecer muito bem seus conceitos para estar em perfeito equilíbrio com o propósito da marca.
A MISSÃO, VISÃO e VALORES são a base de criação, composição e desenvolvimento de uma empresa e é a partir da definição deles que é possível realizar o planejamento estratégico de Branding Experience.
MISSÃO
É o propósito de a empresa existir. É sua razão de ser. É o “O QUE" a empresa deve fazer para chegar lá.
+
VISÃO
É a situação em que a empresa deseja chegar (em período definido de tempo). É o “ONDE” ela quer chegar.
+
VALORES
São os ideais de atitude, comportamento e resultados que devem estar presentes nas relações da empresa com envolvidos e parceiros. É o “COMO” ela vai agir para chegar lá
As marcas precisam transmitir seus valores e propósitos bem definidos e claros, não deixando dúvidas sobre seu posicionamento. Segundo Consolo (2015), as marcas catalisam e transmitem os valores econômicos, éticos e morais como alicerce da empresa, e a transparência para os usuários deve ser verdadeira e contínua, e transmitir a legitimidade da marca, pois a economia muda, os interesses variam e as pessoas transitam em cenários culturais diferentes. Propósito é saber claramente o que se pretende oferecer e enxergar as possibilidades de evolução e futuro. Reiman (2013) conceitua propósito como uma força humanitária. O autor fala que organizações impulsionadas por propósito fazem o bem no mundo e com maior frequência. Isso gera mais lucro para as organizações, o que permite que elas façam ainda mais o bem no mundo. O posicionamento é o que diferencia a sua empresa de outra, a partir de atributos simbólicos e reais do produto ou serviço comercializado. Ele geralmente vêm atribuído ao slogan, dando valor a marca e ajudando na memorização. Depois de identificar o público-alvo, fica mais fácil compreender a divisão de mercado, bem como o posicionamento da empresa nesse ambiente.
Sabemos que no varejo de moda as empresas sabem que “O QUE” fazem é a missão de vender artigos de vestuário. Algumas sabem “COMO” fazem e que seu posicionamento a diferencia de outras marcas. Mas poucas sabem "ONDE" querem chegar numa visão ampla e o “PORQUÊ” fazem, sendo que o propósito é para ajudar pessoas a se sentirem bem.
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VOCÊ SABE QUAIS SÃO OS PONTOS DE CONTATO DA SUA MARCA COM SEUS CLIENTES?
PONTOS DE CONTATO Pontos de contato são todas as oportunidades pelas quais a marca expressa sua identidade e posicionamento para diferentes públicos. São os caminhos pelos quais as marcas e os consumidores se conectam. Cada ponto de contato gera uma experiência de marca. São pontos de contato: identidade visual, logotipo, embalagem, design, comunicação de marketing, marketing de relacionamento, site, funcionários, produtos e serviços, canal de distribuição e preço, entre outros. Segundo Consolo (2015), os pontos de contato podem ser mais ou menos controlados pela marca, com um acompanhamento dinâmico dos modos de expressão, permitindo uma comunicação alinhada em todos pontos de contato que ela pode ocupar.
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Consolo (2015) apresenta uma relação de possíveis pontos de contato de uma marca dividido por categorias, sendo que cada uma delas pode ser desmembrada em todos os contatos que compreende, gerando vários gráficos similares ao da imagem.
MARCA
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O QUE VOCÊ PRODUZ, PARA QUEM VOCÊ FAZ E ONDE VOCÊ VENDE?
Ação de Branding Experience da Nike na Av. Paulista, SP. Fonte: google
PÚBLICO-ALVO Público-alvo é um grupo de pessoas que compõem o perfil de consumidores para o qual um determinado negócio se destina. Muita gente confunde o termo, acreditando que público-alvo significa clientes. Não é verdade, pois nem todos aqueles que fazem parte do seu público-alvo são clientes de fato, pois não concretizaram uma venda ainda. Aliás, se assim fosse, você provavelmente teria o negócio mais bem-sucedido da história. Com isso, queremos dizer que o público-alvo é sempre muito mais abrangente do que a parcela das pessoas nele que efetivamente negociam com você. Estudar o público-alvo representa entender as suas características, hábitos e interesses para entregar a ele a mensagem mais efetiva possível para despertar a sua atenção e conduzi-lo a uma venda.
Resumidamente, o seu público-alvo tem características comuns relacionadas a alguns fatores. Apresentamos a você um exemplo que define o público-alvo de uma empresa de moda. GÊNERO: mulheres FAIXA ETÁRIA: entre 20 e 30 anos ESCOLARIDADE: superior incompleto FAIXA DE RENDA: entre R$ 5 mil e R$ 10 mil CLASSE SOCIAL: B LOCALIZAÇÃO: residentes em capitais e regiões metropolitanas HÁBITOS DE CONSUMO: priorizem a qualidade em detrimento de preço, mas não dispensam uma boa promoção, além de terem o costume de pesquisar e comprar pela internet.
Fazendo a escolha certa, você será capaz de traçar estratégias de branding experience mais eficientes, cujos resultados terão maiores chances de impactar positivamente sua marca. Uma consequência disso é que você evitará investir recursos em ações mal direcionadas, aplicando-as em lugares errados e para pessoas erradas. Tendo uma boa definição do seu público-alvo, você poderá melhorar vários aspectos da sua comunicação, como: a identidade e linguagem da sua empresa; que tipo de conteúdo produzir; quais os canais e eventos participar; quando e como oferecer promoções; possíveis alterações e melhorias no produto Com isso, seu produto será mais definido por trabalhar com foco para quem você quer vender.
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CANAIS DE VENDAS Podemos definir canais de vendas como os meios pelos quais as empresas fecham negócios com seus produtos. Os canais de vendas são os lugares – físicos ou digitais – em que os produtos são vendidos e entregues aos clientes. Logo no início da existência de qualquer empresa, é fundamental que seus gestores tenham mapeado a segmentação de mercado, o público-alvo e conhecer seus concorrentes, para assim definir a melhor forma de venda de seus produtos. Assim, é preciso ter ciência de como seu produto atende às necessidades do consumidor. A gestão comercial deve estar pautada sobre quais canais de vendas atendem preferencialmente os clientes de cada categoria. Os exemplos mais comuns no mercado de varejo de moda são: Representantes, Revendedoras, Catálogos Impressos, Loja de varejo própria, Loja de varejo Franquiadas, Loja de varejo Multimarcas, Telemarketing, E-commerce ou Loja Virtual, Marketplace, Redes Sociais, Aplicativos, etc.
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PRONTO!
AGORA JÁ PODEMOS PREENCHER O MAPA DE DNA DA SUA MARCA
APLICAÇÃO DO MAPA DE DNA Como vimos no início deste guia, alguns conceitos são importantes para conhecer a identidade das marcas e completar os elementos de DNA, que irão ajudar nas estratégias de Branding Experience que vocês irão aplicar.
Podemos observar o exemplo da marca de chinelos Havaianas. O preenchimento completo dos elementos do mapa de DNA da marca, que pode servir como base para o preenchimento da sua marca.
A partir de agora, sugiro o exercício de preenchimento do mapa, utilizando dos conceitos apresentados até aqui. Utilize o mapa em branco ao lado para preencher as perguntas que estão no mapa desta página.
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AGORA VOCÊ JÁ PODE PENSAR EM AÇÕES E CAMPANHAS DE BRANDING EXPERIENCE PARA SUA MARCA CRIAR MAIOR E MELHOR RELACIONAMENTO COM SEUS CLIENTES
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BRANDING EXPERIENCE Segundo Genesini (2014), o foco do Branding Experience está em construir um relacionamento entre a marca e o consumidor. Neste caso, o Branding é um importante aliado para este relacionamento, já que é responsável pelo processo de gerenciamento de todas as ações da marca, no sentido de que todas as mensagens reforcem a imagem que a empresa pretende para a mesma, e assim atualizá-lo constantemente para o novo perfil do comportamento do consumidor aliado à identidade da marca, visto anteriormente. Existem diversos caminhos para o varejo de moda se corresponder com as necessidades do consumidor moderno. Como vimos, as marcas precisam ter sua proposta de valor bem definida para saber que caminho seguir. O comportamento do consumidor evolui a cada momento, desafiando as marcas de moda a criarem estratégias customizadas para cada perfil. Entender o estilo de vida do público da marca ou ter um estilo bem formado para a marca, construindo conexões legítimas com seus clientes, gera valor e fidelização, além de criar uma
propaganda gratuita feita pelo próprio público que se identifica e busca a marca por vontade própria. Esta é apenas uma das estratégias que sua marca pode aplicar como experiência para encantar o cliente. A experiência é uma grande estratégia de encantar e atrair consumidores, despertando sensações e sentimentos emocionais, fazendo com que o cliente se sinta único e acolhido. A compra passa a ser apenas uma consequência desta experiência. Para Genesini (2014), a ideia de sair para comprar algo que precisa está perdendo o sentido. Para ele, as pessoas saem para comprar algo porque querem um dia livre ou porque buscam descobrir coisas e lugares novos. Desde uma consulta a uma compra, o cliente testa a capacidade da empresa de atraí-lo e mostrar os reais motivos que levam a concluir a compra.
Sabendo disso, o mapa de DNA que você preencheu, é um forte aliado para pensar na melhor ação de branding experience que sua pode proporcionar, tendo a consciência dos elementos que definem sua marca, o local que irá aplicar e para quem irá promover. Genesini (2014) garante que explorar as sensações dos consumidores pode começar no primeiro contato, em uma pesquisa sobre o produto nas redes sociais, por exemplo. Outra forma de explorar as sensações no primeiro contato, segundo o autor, são as embalagens, tanto nas prateleiras, quanto ao receber em casa um produto comprado pela internet. Investir em um bom visual, uma boa apresentação, cria um desejo em conhecer o conteúdo, além de agregar mais valor ao produto. Kotler (2017) fala que investir em um marketing voltado para a experiência do usuário, criando uma lembrança marcante para o consumidor através da experiência vivenciada, torna o consumidor muito mais do que um cliente, mas um defensor da marca.
É preciso que as marcas estejam atentas a todas as etapas de interação do cliente com a marca, potencializando cada experiência. A gestão de marca, a partir do posicionamento da marca, trabalha para fazer a diferença na escolha do cliente, pois eles têm acesso a várias informações e podem imaginar como serão tratadas durante a compra ou até mesmo no atendimento pós-venda. Essa experiência precisa ser marcante durante todo o processo de relacionamento, por todos os canais, sendo on-line ou off-line. O autor ainda afirma que para criar esse momento “UAU”, termo criado para representar que a experiência foi impressionantemente positiva, é preciso muito mais que um bom atendimento, um bom serviço ou um bom produto: é preciso superar as expectativas e realmente surpreender o cliente. Assim, quanto melhor a experiência do cliente, mais feliz ele estará com a marca e, portanto, mais fiel ele se tornará.
Finalmente podemos concluir que branding experience ĂŠ fazer gestĂŁo de valores relevantes e nobres, proporcionando bem estar para a vida das pessoas, engajando e encantando os clientes, considerando a verdade absoluta e transparente de tudo isso, traduzidos na identidade e posicionamento da marca.
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E AÍ, JÁ PENSOU NA AÇÃO OU CAMPANHA QUE SUA MARCA VAI APLICAR PARA MELHOR SE RELACIONAR COM SEU CLIENTE?
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CRITÉRIOS DE ANALISE DO BRANDING EXPERIENCE Levando em conta as características preenchidas no mapa de DNA da sua marca, o guia propõe uma análise das ações de Branding Experience, dando nota de 0 a 10 para quatro critérios relevantes no processo de gerar relacionamento e a média deles como quinto critério para conhecer o nível de encantamento dos clientes. O primeiro critério esclarece se a ação da marca condiz com sua identidade corporativa (missão, visão e valores). O segundo critério, tem relação com o propósito da marca. O terceiro critério corresponde ao posicionamento e se a ação é clara e perceptível para o cliente. O quarto questiona quanto ao local escolhido para a aplicação da ação, se é frequentado pelo público alvo da marca. Identificando a nota dos quatro primeiros critérios, a nota do quinto é a média dos anteriores e significa o quanto a ação encantou o cliente.
Vamos usar o exemplo da marca de chinelos Havaianas, que foi pesquisado no projeto de pesquisa que orientou este guia. Em 2009 a marca Havaianas inaugurou sua primeira loja conceito/flagship. Em um endereço luxuoso de São Paulo, a tão cobiçada Rua Oscar Freire no bairro de Jardins, com 300 m² de um espaço milimetricamente pensado em oferecer aos clientes sua melhor experiência, onde a marca expõe toda a linha das sandálias, desde a mais simples até uma customizada com cristais Swarovski, além da coleção de bolsas e também toalhas, chaveiros, pins e meias. A construção, criada pelo arquiteto Isay Weinfeld, foi desenvolvida em níveis descendentes em clima de descontração em um espaço conceitual e inovador que combinasse com o endereço nobre. No plano da rua, localizado no mezanino, fica apenas uma pequena área de estar de onde se pode observar toda a loja. Em um nível abaixo está localizada a loja propriamente dita, composta por elementos autônomos como: uma barraca de feira que lembra a origem popular das sandálias, um contêiner que abriga os modelos "tipo exportação", um cilindro transparente expõe os chamados "novos produtos" da marca: bolsas, meias, toalhas, etc. Há também um cubo tecnológico que
conta a história das Havaianas e em um espaço mais rebaixado ficam os serviços de customização e expositores para os produtos da linha infantil.
flagship Havaianas Oscar Freire SP. Fonte:ARCOweb
Vimos o exemplo da marca Havaianas na aplicação do Mapa de DNA, agora vamos analisar esta ação de Branding Experience com relação aos elementos que preencheram o mapa: Sabendo que a marca de chinelos Havaianas tem como propósito transportar seu consumidor para um ambiente descontraído, despojado, sem estresse e que suscita bons momentos, o desafio do projeto da flagship da marca Havaianas apresentado, foi criar um ambiente que passasse a descontração característica da marca em um espaço conceitual totalmente inovador que combinasse com o endereço nobre da Oscar Freire, no bairro do Jardins em São Paulo. O resultado foi uma loja totalmente aberta para a rua, quase uma praça, que funciona como uma continuação da calçada, sem portas ou vitrines. O arquiteto Isay Weinfeld manteve com isso a informalidade, transpondo à arquitetura o clima de frescor, tranquilidade e brasilidade que a grife representa. No critério 1, a ação teve como nota 10, por corresponder aos elementos da identidade corporativa, com a missão de conquistar os consumidores por meio da diferenciação e alto valor percebido, com a instalação da flagship num ambiente luxuoso, valorizando seus produtos.
Apesar da marca ter um produto popular e não ser sofisticado, com o qual o público local está habituado, a visão da marca é ser uma empresa global, desejada por todos no segmento de calçados. O critério 2 corresponde a nota 9. O propósito da marca é transportar o consumidor para um ambiente descontraído e despojado, como o arquiteto traduziu no projeto apresentado. Acredita-se que não teve uma nota de excelência apenas por estar localizada num bairro nobre e não ser tão despojado como a marca representa. A nota do terceiro critério também foi 10, levando em consideração que o posicionamento da marca é “ser líder de chinelos de borracha”, ela pode estar localizada em todos os locais e de acesso para todas as pessoas que desejarem usar. O quarto critério que tem relação com o local ao qual foi aplicada a ação, recebeu nota 5 por não ser exatamente o bairro mais apropriado para se comprar um chinelo de borracha, despojado como oferece a marca, mesmo apesar da justificativa da nota do critério 3. Assim, o quinto critério, que corresponde a nota média dos quatro critérios avaliados anteriormente, a marca Havaianas obteve nota 8,5 como critério de encantamento.
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Notas de análise da ação de Branding Experience da marca Havaianas
A SUGESTÃO É FAZER UMA ANÁLISE ENTRE A EQUIPE DE ENVOLVIDOS, JUNTO DO MAPA DE DNA, PARA ALINHAR E DEFINIR A MELHOR AÇÃO OU CAMPANHA QUE SUA MARCA USARÁ COMO ESTRATÉGIA DE BRANDING EXPERIENCE PARA CRIAR MELHOR RELACIONAMENTO COM SEUS CLIENTE.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ENTRE EM CONTATO COM A AUTORA: joseanamr@gmail.com ou pelas redes sociais: Joseana Ribeiro