Do Cavalo à Ursa

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Roteiros Fotográficos de Sintra

do Cavalo à Ursa


roteiros fotográficos de sintra é uma organização do centro de cultura e desporto sintrense coordenação de actividade fotográfica e produção de eBook: josé antunes os direitos de autor das fotografias publicadas neste eBook pertencem aos respectivos autores. ebook criado em Adobe Photoshop Lightroom 4 Junho 2012




Uma Visão, várias Visões Guiar um grupo de pessoas por um mesmo local pode revelar-se surpreendente quando se olham, no final, as fotografias de cada uma delas. É disso que este primeiro eBook dos Roteiros Fotográficos de Sintra trata., assinlando o dia 2 de Junho de 2012. Mais do que uma obra de arte, estes eBooks são marcos numa viagem de aprendizagem de fotografia que nunca está terminada. Porque se assim fosse perder-se-ia a votnade de continuar a caminhada. A fotografia é uma descoberta incessante de detalhes que o Mundo nos reserva e que só uma Visão atenta pode mostrar. É isso que se aprende a fazer ao olhar para o Mundo que nos rodeia através do limitador que representa o visor ou ecrã das nossas câmaras. Folhear, mesmo que virtualmente, as páginas deste eBook, permite ver como cada um viu, num curto espaço de tempo e com as limitações que esse mesmo tempo e as condições atmosféricas colocaram, um mesmo pedaço desta Terra que percorremos. Há uma riqueza na variedade de interpretações que nos deve abrir novos horizontes na procura de visões fotográficas, e em paralelo de um amior entendimento dos outros e de nós mesmos. Como referencial e desafio para todos, tomei a liberdade de colocar algumas imagens minhas do mesmo espaço, realizadas noutro dia e tempo. Não são mais do que apontamentos realizados num dia de visita para a preparação deste percurso, mas evidenciam o potencial do espaço como palco de múltiplas narrativas fotográficas. Espero que a leitura de todas estas fotos, minhas e vossas, sirva para colocar uma pedra mais no edifício do vosso conhecimento fotográfico. E do meu, porque também eu estou sempre a aprender, através das vossas Visões. José Antunes Junho 2012

















Notas do Roteiro

A Ursa aqui tão perto A praia da Ursa é, fotograficamente, a mais visitada da região. Vamos esquecer o que todos fazem e não vamos descer à praia, percurso perigoso, sobretudo do lado norte, o visitado. E de qualquer modo, já nada de novo resta para fotografar ali, suspeito que até já se encontram marcados na rocha os pés dos tripés de tantos fotógrafos. Fotografe-se a Ursa para recordar, mas tente-se encontrar outras perspectivas. Lenda da URSA A praia tem dois rochedos, a Pedra da Ursa e a Pedra da Noiva. A Ursa perdeu há algum tempo parte do rochedo que lhe dava o perfil do animal. Segundo a lenda a pedra é de uma ursa que desobedeceu às ordens dos deuses, recusando-se a migrar para Norte com os seus filhotes quando os gelos que cobriam a Serra de Sintra começaram a derreter. Iradas, as divindades transformaram a ursa desobediente numa enorme pedra e os filhotes em pequenos calhaus para sempre dispersos em seu redor.



Escalada há duas décadas Em Maio de 1993, portanto há quase 20 anos, fotografei aqui a primeira conquista da Noiva por um escalador, José Luís, que subiu até ao cume sem qualquer corda ou segurança. Escrevi o artigo para a revista Tempo Livre, do INATEL, contando a história da subida que fotografei a partir da segurança da costa. A Pedra da Noiva tem o seu nome do aspecto de um toucado de noiva que os pescadores vêem do lado do mar. A rocha, bem como a da Ursa, é paradouro de muitas gaivotas. E ainda de corvos marinhos de crista - que aliás podem ser visto ao longo desta costa - que nidificam nos ilhéus e falésias rochosas e se alimentam nas baías calmas em algumas zonas do litoral. Geologia As arribas desta praia são constituídas principalmente por camadas de calcário do Jurássico Superior, com cerca de 150 milhões de anos, embora no extremo norte sejam visíveis os primeiros níveis do Cretácico. Na escala de tempo geológico, o Cretáceo ou Cretácico é o período da era Mesozoica do éon Fanerozoico que está compreendido entre 145 milhões e 500 mil e 65 milhões e 500 mil anos atrás, aproximadamente. É tempo a mais para falarmos sobre ele. O que interessa aqui é o que os olhos vêem. Ao longo da arriba podem observar-se diversas falhas e filões eruptivos. A verticalidade das arribas e os numerosos rochedos isolados pelo mar, comprovam a rápida erosão da costa. Quem visitar as Azenhas do Mar, mais a norte, pode verificar isso mesmo.


Pedra de Alvidrar As pessoas hoje só parecem ter olhos para a Ursa. É o elemento rochoso mais fotografado e referido, Contudo, nem sempre foi assim. A Pedra de Alvidrar era o centro das atenções turísticas na zona, no passado. Existe vasta documentação sobre isso mesmo. Sobre a Pedra de Alvidrar, escreveu José Alfredo Azevedo um dos mais interessantes historiadores da região, de quem fui amigo e para cujos livros realizei algumas fotografias, que: «É um penedo enorme, em forma de lage, que começa no máximo da altura da ravina e que, com acentuado declive, termina ao nível do oceano, onde recebe, deste sempre e sempre resistindo, os violentos embates do mar quando revolto.Foi esta pedra famosa que D.Luisa de Gusmão (mulher de D.João IV, o Restaurador), visitou em 22 de Julho de 1652. Antigamente era costume oferecer aos turistas o triste espectáculo de, a troco de uns magros cobres, homens e rapazes descerem e subirem essa rocha enorme, com risco da própria vida, para gáudio da inconsciente assistência.» Também William Beckford, na sua estadia em Portugal, visitou Pedra de Alvidrar, em 1787. (...)como ainda era muito cedo, galopámos para diante, tencionando visitar um rochedo célebre –a Pedra de Alvidrar-,que é uma das feições mais saliente do afamado promontório da Roca de Lisboa. (...) Cheguei-me até à beira do rochedo que tem uma grande altura, e é quase na perpendicular. Um bando de rapazes tinha-nos acompanhado, e cinco lataagões, destacados desta malta, desceram o temeroso precipício com a mais completa indiferença, sobretudo um deles, que foi com os braços abertos, e que parecia uma criatura sobrenatural».


O sobrenatural É curiosa a afirmação de Beckford sobre uma criatura sobrenatural, porque esta costa tem a sua quota de histórias estranhas. Plínio o Velho atesta, no séc. I d.C., a existência de tritões e de sereias - "tritones" e "sirenas" - nas proximidades de Olisipo/Lisboa. Tradicionalmente, estes relatos têm sido interpretados como referindo-se a seres totalmente mitológicos. No entanto, tudo indica que estes avistamentos, que continuaram a ser relatados por autores portugueses dos sécs. XVI e XVIII, se referem a lobos marinhos ou focas-monge (Monachus monachus), espécie praticamente extinta na actualidade e que em território português apenas sobrevive no arquipélago da Madeira. Plínio escrevia no séc. I da era cristã. Mais de mil e quatrocentos anos decorridos seria a vez de o humanista Damião de Góis nos narrar, na sua famosa "Urbis Olisiponi Descriptio" publicada em 1554, avistamentos de tritões nas proximidades de Lisboa, recuperando e actualizando uma tradição já então multissecular.



Este primeiro Roteiro Fotográfico de Sintra, organizado pelo Centro de Cultura e Desporto Sintrense, levou um grupo de amantes da fotografia até à Praia da Adraga. Após uma pequena caminhada desde o local onde o autocarro nos deixou, chegámos a uma zona de rara beleza onde demos de caras com ondas, noivas, gigantes, ursas, rocas, flores, e até com a Casa da Bota. Apesar de não se ter inscrito para o passeio, o S. Pedro quis marcar presença oferecendo-nos uma morrinha mais ou menos forte que só terminou a meio da tarde. Mas a boa disposição do grupo era tanta que os tais borrifos não fizeram grande mossa. Depois de uma série de ensinamentos (que foram novidade para alguns, e que serviram para outros solidificarem conhecimentos), a conclusão é que tudo assenta no binómio 125-16 e num daltonismo estranho que só consegue distinguir a cor cinzenta dos All Star. Terminado o passeio, e depois de trocados os contactos pessoais entre todos, foi visível a satisfação nas caras e opiniões dos participantes que transmitiram um desejo comum: Que o próximo Roteiro Fotográfico se realize rapidamente. Agradeço ao CCDS pela excelente organização, ao Zé Antunes pelos conhecimentos transmitidos e a todos os participantes do passeio pela sua simpatia e camaradagem. Só espero que este grupo se mantenha na partilha desta paixão comum que é a FOTOGRAFIA. Para terminar, não posso deixar de realçar o que todos nós constatámos: Independentemente da situação, mesmo os Canonistas mais ferrenhos não conseguem prescindir do equipamento Nikonista. OBRIGADO A TODOS E ATÉ BREVE! Alexandre Silva

Alexandre Silva



Alexandre Silva



Roteiro Fotográfico de Sintra Confesso que sentia alguma curiosidade em saber o que seria um roteiro fotográfico, e após um primeiro contato com os participantes partimos em direção à Praia da Adraga em Almoçageme, falou-se então no “Fojo da Adraga” e da “Casa da Bota”, para alguns desconhecidos e para outros nem tanto. Chegados ao estacionamento e entrega do pequeno almoço, partimos então em direção ao nosso local, foram surgindo então os diversos equipamento e deu para perceber a diversidade de participantes, desde a simples compacta que se trás no bolso das calças, até às grandes objetivas que qualquer amador aspira a ter, apesar de nem sonhar o que fazer com tal equipamento, não esquecendo o colete as calças apropriadas e o impermeável que bem útil foi num dia de chuva como esteve. Pelo caminho e na subida ingreme até ao cimo da arriba, passamos por um conjunto de flores de cor laranja amarelo e laranja, que soube que se chamam “Chagas de Cristo”, que no geral despertou em todos um comentário sobre o fotografar flores, chegamos então ao cimo e de novo a curiosidade imperou sobre a identificação dos diversos rochedos, a noiva que afinal são duas a de dentro e a de fora entre outras que não fixei os nomes, mas valeu-nos a presença de um pescador local para identificar todos os locais, para quem quis anotar. Cheira a peixe, sim a peixe porque estamos na “Casa da Bota”, local de abrigo dos pescadores de arriba e onde preparam os apetrechos e iscos, mas foi aí o local escolhido para inicio da nossa aula, sim porque duma aula se tratava, do uso da fotografia de como fotografar, a velocidade e a abertura fatores importantes para um resultado feliz, os tais 125/16 que o José Antunes nosso orientador nos repetiu por diversas vezes, como elemento principal a não esquecer, mas chuva presente fazia do abrigo aquilo para que foi construído abrigar os presentes, e então quando se vai fotografar ?. Fui-me então apercebendo que tudo se fotografa, dependendo apenas da nossa visão e do sentido de observação e demos por nós a fotografar garrafas de água sobre a mesa, e mais tarde após a simpático almoço servido no local,

Amadeu Agostinho



fotografava-se garrafas de azeite ou latas de sumo, na simples perspetiva de diferentes campos e focagens, dependendo dos tempos de exposição. Saímos ao exterior e aquilo que qualquer fotografo amador fotografa, as vistas, observo que procuramos pormenores daquilo que nos rodeia, claro que o “Fojo” estava lá com toda a sua dimensão e o mar lá no fundo no fim da “Pedra de Alvidrar”, local de pesca só para alguns, muito poucos alguns, porque a coisa mete medo de ver. O tempo não ajudou mas percebi também que o tempo é sempre aquele que temos presente, e teremos que tirar todo o partido não se pode alterar, então não se tira fotografias de inverno ou de noite, claro que sim, e era ver-nos à procura da mais bela flor para se fotografar, até o caracol saloio apareceu a uma velocidade estonteante, porque se falou de velocidade, de aves em movimento ou das hélices de um avião como se fotografam dependendo tudo da velocidade e abertura. A chuva teimava em cair e fomos recolhendo de novo ao nosso local de abrigo, percebi nestas poucas horas que devemos ter presente sempre connosco equipamento fotográfico, e que muitas vezes a compacta e porque não o telemóvel registam o momento que pode ser único e perder-se o seu registo, nunca mais dizer que pena não ter trazido a máquina, como é meu habito dizer ao ver qualquer situação que pretendia registar. Fomos descendo de novo ao encontro de transporte e as tais flores que no início nos pareceram as mais adequadas para se fotografarem passaram em todos despercebidas porque aprendi também que são as coisas simples que fazem a beleza da foto, e o nosso modo de observar faz o retrato, tendo também por base que temos que fotografar e fazer diversas ensaios constantemente para obtenção da melhor experiencia, foi muito útil esta saída de campo e a troca do saber inexperiente entre os participantes, foi a base para um bom dia de trabalho, chegando de novo ao transporte que nos aguardava para regresso a casa. Amadeu Agostinho Oeiras, 4 de Junho de 2012

Amadeu Agostinho



Amadeu Agostinho



Conforme programado partimos à descoberta de uma boa imagem para mais tarde recordar. Chegados ao local e ainda com bom tempo avistámos ao longe o Cabo da Roca, foi por pouco tempo pois a chuva e o nevoeiro apareceram e o cabo da Roca desapareceu da linha do horizonte . Mas mesmo assim os grandes fotógrafos presente tiraram belas fotografias, não foi o caso, mas aqui vão algumas fotos para escolher, melhores dias virão qd a técnica melhorar. Isabel Puga

Isabel Puga



Isabel Puga



Apesar do dia de chuva e nevoeiro, mais uma vez foi um workshop muito gratificante, pelo convívio, aprendizagem e descoberta de locais que não conhecia e que oferecem condições fantásticas para fotografar. Joana Leitão

Joana Leitão



Joana Leit達o



"Quando a luz e a c么r impressionam a sensibilidade, a criatividade torna-se objectiva. Num s贸 olhar produz-se a imagem, num s贸 click produz-se uma fotografia." Joaquim Lopes

Joaquim Lopes



Joaquim Lopes



No dia 2 de Junho de 2012, realizou-se o 1º Roteiro fotográfico de Sintra, inserido na área do Parque Natural Sintra-Cascais, mais precisamente na área restrita da Adraga. Subimos a encosta até à denominada casa da Bota, retiro de pescadores e que nos serviu de abrigo, derivado ao mau tempo, para a nossa aula de fotografia e para o nosso almoço. Mesmo debaixo de chuviscos realizamos uma pequena sessão de fotos das maravilhosas paisagens e da imensa variedade de flora que existe na região. Fotos estas de enorme valor sentimental e artístico que somos brindados pela beleza natural. E para vós que me acompanharam nesta maravilhosa odisseia aqui fica o meu contributo, e em especial ressalvar o contributo do senhor José Antunes, o ilustre (125:16), pelos esclarecimentos e ensinamentos prestados, e um muito obrigado a todos. Júlio Lopes

Júlio Lopes



JĂşlio Lopes



" E eis que, ao chegar ao cimo da colina, nos deparamos com uma amálgama de emoções. Ali, temos um pouco de tudo: noivas, gigantes, ursas, fojos e pedras de alvidrar. Mas, adicionando aberturas de diafragma, velocidades de obturação (125/16-500/8), sensibilidades do sensor (baixas) e equilibrio dos brancos e, se a nossa imaginação fôr um pouco mais além, conseguimos vislumbrar no nevoeiro uma harpa céltica entoando tunas seculares, ao ritmo das quais, dançam tritões e sereias. Então sim, temos o cocktail perfeito para um dia bem passado, na sempre extraordinária orla atlântica de Sintra ". Manuel Ferreira

Manuel Ferreira



Manuel Ferreira



Olhar para além da fotografia, para dentro dela e através dela. Foi com este pensamento em mente e depois de ter ouvido as lendas sobre a Pedra de Alvidrar relatadas pelo José Antunes, que procurei construir uma história sobre a minha primeira visita a este lugar mágico. Que sereias ou tritões ou brados de eternidade terão atraído os homens do presente e do passado na demanda deste lugar onde a beleza e o perigo moram juntos? “O tempo presente e o tempo passado estão ambos provavelmente presentes no tempo futuro e o tempo futuro contido no tempo passado.” T.S. Eliot Aqui ficam as fotos e o meu obrigada ao Centro de Cultura e Desporto Sintrense pela organização deste Roteiro Fotográfico que espero bem seja o primeiro de muitos e ao José Antunes por nos ter trazido a este lugar. Maria Emília Pires Sintra, 2 de Junho de 2012

Maria Emília Pires



Maria EmĂ­lia Pires




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