Jose Antunes
Pedras Moldadas, Pedras Adoradas uma viagem fotogrรกfica no Museu Arqueolรณgico de Sรฃo Miguel de Odrinhas
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o eBook Pedras Moldadas, Pedras Adoradas
uma viagem fotográfica no Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas tem concepção, fotografia, textos e produção de Jose Antunes reservados todos os direitos de autor - 2013
Pedras Moldadas, Pedras Adoradas uma viagem fotogrรกfica no Museu Arqueolรณgico de Sรฃo Miguel de Odrinhas
Jose Antunes
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Pedras Moldadas, Pedras Adoradas
A descoberta fotográfica do património histórico não tem de ater-se à construção de "bilhetes postais" que repetem as mesmas figuras milhares de vezes registadas. É possível e desejável que as pessoas ao fotografarem, mesmo se fazem a obrigatória recolha de "postais", partam para uma outra exploração dos locais visitados. Fugir aos clichés é uma aventura que dá frutos, quando se tem o tempo para exercitar a Visão, indo da superficial e cómoda, até constrangida por figuras existentes, repetição de perspectivas, para um outro patamar, em que se libertam as esperanças mais imas de descoberta de algo novo. Mesmo que isso não se traduza, necessariamente, numa nova e ousada perspectiva capaz de rivalizar com alguns dos "postais", o labor da procura é uma recompensa imensa que potencia a Visão fotográfica, e que tem pelo menos a capacidade de fazer reflectir sobre as razões que levam tantos a somente repetirem o que já foi feito. >>>
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>>> Mesmo que isso não se traduza, necessariamente, numa nova e ousada perspectiva capaz de rivalizar com alguns dos "postais", o labor da procura é uma recompensa imensa que potencia a Visão fotográfica, e que tem pelo menos a capacidade de fazer reflectir sobre as razões que levam tantos a somente repetirem o que já foi feito. Passar um dia inteiro, ou pelo menos algumas horas entre manhã e tarde, num mesmo local, ajuda a atingir outros patamares de produção fotográfica, porque o elemento mais importante de toda a prática fotográfica é não unicamente o tempo da exposição que se faz na câmara, mas o que se passa num mesmo local a apreciar a forma como a luz modifica a paisagem. É essa a proposta associada a este percurso que designei por Pedras Moldadas, Pedras Adoradas, e que tem por centro o Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas, no Concelho de Sintra. >>>
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>>> Esta actividade inclui uma visita ao núcleo museológico, à capela de São Miguel de Odrinhas e aos campos agrícolas envolventes, onde pontuam menhires que recordam outros tempos. Num mesmo local é possível viajar entre sinais da arquitectura saloia, expressos no edifício do museu, que aglutina várias tipologias, numa recuperação moderna de uma linha temporal, da arquitectura religiosa e ainda dos sinais de uma “arquitectura” pré-histórica representada pelos menhires. Esta viagem por diferentes “idades” permite uma prática fotográfica variada, que constitui um documento interessante como memória pessoal de cada participante. Só através da permanência por algum tempo num mesmo local se torna possível recolher essa colecção, que é, por outro lado, um desafio que coloca cada fotógrafo ante a exigência de definir horários de exploração das diferentes áreas, consoante a rotação do sol no céu. >>>
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>>> É com esse exercício de entendimento entre o curso natural do astro-rei e as necessidades de construção fotográfica que se definiu este percurso Pedras Moldadas, Pedras Adoradas. Muitas das fotografias que ilustram este eBook foram criadas num só dia, servindo de demonstração do potencial fotográfico existente, para quem estiver atento. Não se pretendeu esgotar todas as perspectivas; as aqui sugeridas são ponto de partida que incita, em simultâneo, a procurar descobrir como foram obtidas, mas sugerem as possibilidades para outras abordagens. O roteiro em Odrinhas é concebido em torno de uma série de desafios, apresentados ao longo do dia ali passado, e que visam levar os participantes a recolherem a sua própria colecção de dezenas, centenas de imagens do espaço visitado, para posterior edição. Dois conceitos chave estão inscritos na proposta: contemplação na prática fotográfica e fuga aos clichés. Sempre de forma divertida, com mais Visão e menos técnica.
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O complexo de menhires da Barreira é um ponto de visita obrigatório quando se ruma ao MASMO. Hoje escondido por vedações e vegetação, o conjunto, por alguns apontado como um dos mais importantes da Pré-História, foi desde 1975 alvo de múltiplos desmandos, com, por exemplo, menhires arrancados para construção das protecções do porto da Ericeira. A 15 de Junho de 1986 publiquei na revista de Domingo do jornal Correio da Manhã um artigo intitulado “O Escândalo dos 3 Menires de Sintra”. No texto, assinado com um dos meus pseudónimos, Augusto Cintra (uma brincadeira em torno do nome do concelho e a ideia de “sagrado” do nome Augusto), referia como alguns 22 menhires haviam sido retirados do conjunto para
embelezarem o jardim de um emigrante que assim achava estar a proteger o património. De nada valeram na altura os esforços de quantos quiseram repôr a lógica do conjunto de menhires. Ainda hoje, quem passa na entrada de Odrinhas vê um imenso menhir, que era a pedra de centro do complexo da Barreira, erguendo-se no verdejante jardim. Estamos em 2013, isto é passaram 27 anos, e a máquina burocrática do IPPC e quejandos, que entretanto mudaram de nome mil vezes, nunca conseguiu que, como na Câmara de Sintra se dizia na altura, “estes testemunhos pré-históricos fossem repostos no devido lugar”.
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