F8A
Um simples episódio Um simples episódio pode rachar o tempo. Um lapso entre a perseguição e a fuga. O colapsar da atenção concreta. Não termos acesso às ideias alheias, que arrancamos a mãos cheias da carne do próximo. Uma repressão indizível. Gigantes sádicos que nascem de uma célula selvagem, de um Adão molhado que tende para a implosão. Compulsividade para o domínio. Mudamos de plano no ecrã mental. Um rastejante inferior que segue o rio sem Nietzsche, à beira-mar encostado. Plantar. Suplantar. Plantar. Suplantar. Um ritualplacenta. Uma dor que nos chega em latas de vidro não trabalhado, alimentadas a tiracolo e que suportamos sem querer pagar. Uma negritude clareada pelo que é natural e que nos fornece ferramentas para a vida. Tomo o elevador para uma visão do físico e do mental, referências futuras para o processo de substituição-superação, já que crescer é deixar algo para trás. Uma criação sem implicações geométricas, negando o próprio Aristóteles. Hoje pego num tronco academicamente transcrito, que se aproxima de uma clonagem não autorizada. É no fim do mundo que começa a vida. É do anonimato que tudo prolifera. É o rebento do centro que faz com o dentro se cale. É uma seita imperfeita onde se deita o mal. Não há desagrado, somente pecado, neste seu andar maquinal. Não há quem se arranje ao jeito ambiental. Não há quem se arranje ao jeito ambiental Paulo Vaz, 2020