Um pouco da história de santo anastácio

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Um pouco da história de Santo Anastácio Capítulo 1 - Cinema O primeiro cinema de Santo Anastácio surgiu no final da década de 20, de propriedade de Henrique Nicolino Rinaldi, localizado à Rua Oswaldo Cruz, entre as atuais ruas Heraldo Maciel Sanchez e Antônio de Souza Barbeiro. Tratava-se de um barracão de madeira. O cinema funcionava aos domingos, e lá também aconteciam grandes bailes, já que as cadeiras não eram fixas e com isso o salão podia ser utilizado para outros eventos. Em 1930 a cidade já possuía um novo cinema, o Cine Theatro Santa Catharina, construído por Luiz Depieri, tendo também como proprietário o Cap. Henrique Nicolino Rinaldi, passando posteriormente para a empresa "Gagliardi & De Pieri", sendo vendido em seguida para Pedro Tacca. O cinema também era localizado na Rua Osvaldo Cruz, porém no outro extremo, ou seja, entre as Ruas Costa Manso e João Batista Mendes, local onde funcionou também o Cine Guaraní. Após a inauguração do Cine Santa Catharina, todas as festas, bailes importantes e cerimônias, passaram a ser realizadas em seus salões, que também tinha suas cadeiras removíveis. Em outubro de 1933, novamente nas mãos de Henrique Nicolino Rinaldi, o cinema passou por uma remodelação e reformas, quando foi adquirido um


aparelho "vita-fone", para projeção de filmes sonoros, tendo sido na época, trocado o seu nome para "Cine Para Todos", tendo mais tarde mudado para "Cine Popular". A empresa dos Irmãos Gonçalves, em abril de 1940, arrenda o prédio do cinema e mais uma vez acontece nova reforma em suas instalações, passando a chamar-se "Cine Guarani", quando a direção estava a cargo de Manoel Gonçalves da Silva (Maneco), pai no nosso amigo Ruy Gonçalves de Oliveira, chefe da firma Irmãos Gonçalves. A gerência foi entregue a José Mourão e a supervisão artística ao Dr. Jorge Washington de Olivais, médico e literato. Para aquela inauguração, foi apresentado um filme dos já famosos comediantes, "O Gordo e o Magro". Em janeiro de 1948 o cinema foi comprado por Jorge Cury, Jamil Miguel e Massad Feres, quando por um curto espaço de tempo seu nome mudou-se para "Cine São Jorge". Em seguida retornou como "Cine Guarani", de propriedade de Jorge Cury, nome que perdurou praticamente até os últimos anos, pois em 1987, próximo a ser fechado definitivamente, possuía o nome de "Cine Arte". Na década de 90 inicia-se o seu desmonte. O Cine Guarani entra em coma e começa a sua caminhada para a morte. Seus primeiros sintomas acontecem por dentro. Suas entranhas são retiradas, cadeiras são vendidas ou doadas. A sua agonia nos entristecia... Um patrimônio se perde para as modernidades da vida. Aos pedidos de clemência, não obtivemos respostas. Pela cultura e pela preservação deste patrimônio não houve clemência, ninguém se interessou, nem pela preservação da história e nem pela possibilidade futura de, no mesmo local um Cine-Theatro voltar a funcionar. Nenhuma autoridade se interessou. Pedidos foram feitos. Mas respostas... Nenhuma... Somente desculpas e frases como: Vamos ver... Não temos dinheiro... E vimos... Vimos o triste fim de um Guerreiro Guarani, que morreu sem ser socorrido, sem choro e nem vela... Somente enrolado por uma fita amarela, amarrada em seu derredor... Com ele, um pouco de nossa cultura perdemos... E também um pouco do que muito poderia vir. Mas que ninguém quis ver e nem ouvir... Infelizmente. José Carlos Ramires Santo Anastácio, 28/fev/2015


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