Jornal da Diocese de Santarém PA Brasil

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Jornal

Informativo das Pastorais Sociais - Diocese de Santarém - Santarém - Pará

Nº 01 - Agosto 2011.

Porquê o nome “A Poronga”

Diocese realiza Missão de Evangelização. Pág. 08

Territórios Quilombolas no Baixo Amazonas. Uma análise da organização “Terra de Direitos”.

Na noite escura era preciso avançar, cortar o negrume e enfrentar a selva para tirar a seringa, ou o rio para pescar. Nada melhor que uma Poronga, que alumiava sempre para a frente, mostrando o caminho, tornando mais amiga a noite. Na cabeça, na mão, ou na proa da canoa, a poronga nunca falhava. Alimentada a querosene ou a carbureto, mostrava a vereda ao castanheiro, ao seringueiro, ao caçador; mostrava o varador, o furo, o lago ao pescador. A sua luz era sempre para a frente sem encadear os olhos, como outras lamparinas. Luz aumentada pelo reflexo na lata de querosene, ou leite ninho. O Jornal A Poronga, também quer ser uma luz, sabemos que pequena e trémula, mas uma luz que ajude a irmos em frente em nosso compromisso com a missão de Discípulos Missionários em defesa da vida. Não queremos ter a pretensão de sermos um grande jornal. Não temos a pretensão de termos grandes articulistas e desenvolver grandes temas. A única pretensão é lançar um pouco de luz, sem encadear os olhos do leitor, sobre a realidade e ajudar a pensar esta realidade do Baixo Amazonas, sob a ótica cristão: em primeiro lugar a vida e a dignidade de cada pessoa. A comunicação autêntica tem o dever rigoroso, diz João Paulo II, de promover a justiça e a solidariedade nos relacionamentos humanos, a todos os níveis da sociedade. Isto não significa que os meios de comunicação devam atenuar indevidamente as injustiças e as divisões, mas ir até suas origens, de tal maneira que as mesmas possam ser postas a nu, compreendidas e superadas. A verdadeira comunicação a serviço da vida e da paz, deve ser uma comunicação livre, acima das solicitudes meramente comerciais e servir as verdadeiras necessidades e interesses da vida humana com dignidade. Os comunicadores cristãos , diz João Paulo II, na sua comunicação de 2003 para o dia da comunicação social, têm o grave dever de seguir as Instâncias da sua consciência moral e de resistir às pressões da “adaptar” a verdade para satisfazer as exigências da riqueza ou do poder político. Deve-se encontrar modos não só de permitir que os setores mais frágeis da sociedade tenham acesso às informações de que precisam para o seu desenvolvimento individual e social, mas também de assegurar que eles não sejam excluídos de um papel efectivo e responsável em ordem a decidir os conteúdos mediáticos e a determinar as estruturas e políticas das comunicações sociais, continua João Paulo II. Finalmente, Diz o papa no mesmo documento: Neste sentido, os homens e as mulheres que trabalham nos mass media devem contribuir de maneira especial para a paz em todas as partes do mundo, rompendo as barreiras da desconfiança, promovendo a consideração dos pontos de vista dos outros, procurando sempre aproximar os povos e as nações na compreensão e no respeito recíprocos e - para além da compreensão e do respeito – na reconciliação e na misericórdia! «Onde predominam o ódio e a sede de vingança, onde a guerra causa o sofrimento e a morte dos inocentes, é necessária a graça da misericórdia para aplacar as mentes e os corações, e para fazer reinar a paz com justiça.”

Pág. 03 Pe. José Cortes

Pe. Edilberto comenta sobre divisão do Estado.

Saúde, Educação e Infraestrutura discutidas em Seminário.

Leia na Pág. 05

leia na pág. 07


2 Editorial Sabemos que, numa sociedade onde a imagem predomina e o hábito de ler não é um costume diário, é uma temeridade dar à luz mais uma publicação. Mas também sabemos que a palavra e a opinião são imprescindíveis, principalmente num tempo nebuloso como este, onde se quer passar a ideia de que tudo se pode resolver com um toque de mágica e a felicidade está logo aí, ao dobrar da esquina, bastando simplesmente deixar o progresso entrar. Para que o paraíso se estabeleça neste mundo caótico e miserável, basta que deixemos emparedar, poluir e privatizar nossas águas, desnudar nossos territórios, mecanizar nossa agricultura, desventrar a terra mãe, entregarmos nossos territórios, instalar-nos nas periferias das cidades como sobrantes do sistema e ver passar, para bem longe, as nossas riquezas. Sim, o progresso, o desenvolvimento, o bem-estar social e espiritual estão bem à mão de semear. Estabeleceu-se na região uma opinião de sentido único que nos quer levar a crer que, depois de termos perdido tudo, até nossa dignidade, seremos felizes. O Jornal A Poronga quer ser veículo de outros pensamentos e opiniões e, sobretudo, quer pensar a região a partir dos interesses de suas populações e territórios e não a partir de interesses particulares e do capital internacional. Numa sociedade onde tudo é descartável, principalmente as pessoas – os indígenas, quilombolas, populações tradicionais, com seus habitats e expressões culturais e espirituais - A PORONGA, se compromete a respeitar e defender sua alteridade. Como jornal de inspiração cristã terá o Evangelho e sua mensagem como bússola norteadora e a promoção e defesa da dignidade humana como centro de toda a sua atuação. Terá uma visão crítica de tudo o que acontece na região a partir do compromisso com a verdade e a vida em todas as suas formas e expressões. O jornal A PORONGA, como jornal das Pastorais Sociais da Diocese de Santarém, estará a serviço do objetivo principal da Igreja: “Evangelizar a partir de Jesus Cristo e na Força do Espírito Santo como igreja discípula, missionária e profética, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo. Como diz o documento da CNBB, (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011 – 2015 (Doc.94) Brasília 2011),” a ação evangelizadora da Igreja trabalha pela reconciliação, mas isso não significa pactuar com a impunidade, a corrupção e todas as formas de desrespeito aos direitos básicos de toda a pessoa. Diante das graves situações que fazem sofrer o irmão, o coração do cristão se enche de compaixão e clama por justiça e paz.” Esta publicação será, por enquanto, trimestral e, resumindo, traz consigo alguns compromissos de que não abre mão: A serviço da vida plena para todos Defesa, cuidado e promoção da vida em todas as suas expressões Respeito, defesa e promoção da dignidade da pessoa humana. Respeito à diversidade de povos e culturas na Amazônia e defesa de seus direitos inalienáveis. Promover uma sociedade que respeite as diferenças, combatendo o preconceito e a descriminação nas suas diversas esferas, promovendo a convivência entre etnias, culturas e expressões religiosas. Educar para a preservação da vida, para a ética do cuidado e a participação social e político dos cidadãos.

EXPEDIENTE Informativo das Pastorais Sociais da Diocese de Santarém Rua Floriano Peixoto, 634 | Altos | CEP: 68005-060 Santarém - Pará Fone: (93) 3522-1777 E-mail: pastoralsocialstm@hotmail.com Responsáveis:

Pe. José Cortes, Valda Oliveira, Ir. Ronaldo Hein As opiniões emitidas nos artigos desta publicação são de inteira responsabilidade dos articulistas.

O que são as Pastorais sociais?

A igreja e os problemas do mundo atual

Irmão Ronaldo Hein, CSC A Igreja não é fuga do mundo mas presencomunicar a todos. Por este motivo, a Igreja ça no mundo. O Reino de Deus não é espera sente-se real e intimamente ligada no gênero passiva, mas construção dele aqui e agora. humano e a sua história. Devemos ser presença esperançosa que, com Por isso, o Concílio Vaticano II, tendo Cristo, podemos construir o Reino que Ele investigado mais profundamente o mistério propõe, colaborando com os esforços da da Igreja, não hesita agora em dirigir a sua sociedade civil e das outras Igrejas Cristãs palavra, não já apenas aos filhos da Igreja e a para o bem estar dos nossos irmãos e irmãs quantos invocam o nome de Cristo, mas a de toda a raça humana. todos os homens, e deseja expor-lhes o seu O documento do Concílio Vaticano II, modo de conceber a presença e atividade da Gaudium Et Spes, sobre a Igreja no mundo Igreja no mundo de hoje. de hoje, mostra a renovada atitude da Igreja Tem, portanto, diante dos olhos o mundo perante os problemas do mundo atual. dos homens, ou seja, a inteira família huma“As alegrias e as esperanças, as tristezas e na, com todas as realidades no meio das as angústias dos homens de hoje, sobretudo quais vive; esse mundo que é teatro da histódos pobres e de todos aqueles que sofrem, ria da humanidade, marcando pelo seu engesão também as alegrias e as esperanças, as nho, pelas suas derrotas e vitórias; mundo, tristezas e as angústias dos discípulos de que os cristãos acreditam ser criado e conserCristo; e não há realidade alguma verdadeivado pelo amor do Criador; caído, sem dúviramente humana que não encontre eco no da, sob a escravidão do pecado, mas libertaseu coração. Porque a sua comunidade é do pela cruz e ressurreição de Cristo, venceformada por homens, que, reunidos em Crisdor do poder do maligno, mundo, finalmente, to, são guiados pelo Espírito Santo na sua destinado, segundo o desígnio de Deus, a ser peregrinação em demanda do Reino do Pai, e transformado, e, alcançar a própria realizareceberam a mensagem da salvação para a ção.” (Gaudium Et Spes, Nº 1-2)


3 CarlosPenteado

Terra de Direitos

Perspectivas da luta quilombola na região Oeste do Pará O modo de vida e uso da terra e dos recursos naturais verificado na maioria das comunidades remanescentes de quilombo sinaliza um dos múltiplos caminhos para a emancipação social, com democracia fundiária, economia solidária e sustentabilidade ambiental. Como ocorrre com diversas outras formas de organização e trabalho alternativas à sociedade do capital e da exclusão social, os quilombos são alvo de violências e sistemáticos esforços políticos que intencionam sufocar o seu desenvolvimento. Na Superintendência do INCRA em Santarém (SR-30) existem hoje 19 processos de titulação de terras de comunidades remanescentes de quilombos abertos. Esses procedimentos abarcam um total de 31 comunidades, localizadas em quatro municípios do Baixo Amazonas. O quadro a seguir resume a situação atual da tramitação desses pedidos de reconhecimento:

Antes da análise deste quadro, um primeiro fator a ser considerado é que os processos acima listados não esgotam a demanda quilombola por reconhecimento étnico na região Oeste do Pará, havendo dezenas de comunidades ainda “invisíveis” para o Governo e sem acesso às políticas públicas concretizadoras de seus direitos. A Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS) informa que, se considerarmos as comunidades tituladas, em processo e as ainda não organizadas, existem hoje 105 quilombos no Baixo Amazonas, que abrange os municípios de Almeirim, Alenquer, Monte Alegre, Prainha, Óbidos e Oriximiná. A partir desse ano, a entidade irá desenvolver um projeto específico voltado para as comunidades que ainda não dispõem de qualquer apoio do INCRA ou da Fundação Palmares, como explica Aldo Luciano, assessor da FOQS: “Estamos pretendendo, agora, com o projeto, estender o trabalho para outros municípios, principalmente Monte Alegre. Mas a Federação tem o levantamento de que em Almeirim tem 38 comunidades; 06 comunidades em processo de organização em Óbidos; 02 em Santarém e 03 em Prainha. São essas que estão precisando de suporte, organização e constituição de associações.” Quanto aos processos em curso, o quadro revela que a Superintendência Regional de Santarém não emitiu, até o momento, nenhum título de propriedade coletiva para as comunidades quilombolas sob sua circunscrição. Do total de processos abertos na região (19), 16 ainda não passaram sequer a primeira fase do procedimento, referente à publicação do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID). No município de Santarém existem 08 procedimentos de titulação de terras quilombolas em andamento, que abrangem um total de 10 comunidades, sendo que a maioria deles iniciou a tramitação em dezembro de 2003. Com todos esses entraves e lentidão, o ano de 2010 foi marcado por algumas vitórias, ainda que parciais. Foram publicadas as 02 primeiras Portarias de Reconhecimento na região, referentes às comunidades de Arapemã e Saracura, situ-

Municípios (Processos abertos)

Fase atual RTID Portaria de Protocolo publicado Reconhecimento Título

Santarém (8)

5

1

2

-

Oriximiná (3)

3

-

-

-

Óbidos (6)

6

-

-

-

Monte Alegre (2)

2

-

-

-

Total (19)

16

1

2

0

adas em Santarém. Todavia, esses procedimentos estão paralisados por falta de definição do INCRA sobre a forma de desintrusão e indenização de posseiros localizados em terras quilombolas em área federal. Outro quilombo que se encontra mais adiantado é o de Bom Jardim, que teve RTID finalizado e cujo processo encontra-se em termos, aguardando apenas a publicação. Além disso, depois de anos de espera, e graças a uma forte intervenção do movimento social e da sociedade civil, iniciou-se em 2010 a elaboração dos relatórios técnicos das 07 comunidades restantes no município de Santarém, que estão com a publicação prevista para 2011. Atualmente, há apenas 01 servidor no INCRA para responder às demandas quilombolas de toda a região, que incluem: o andamento dos processos de titulação, elaboração de documentos técnicos e trabalhos de georreferenciamento, cadastro de famílias, levantamento ocupacional e fundiário, defesa da posse das comunidades em processo de titulação, visitas às comunidades para esclarecimento de seus direitos e procedimentos do INCRA, reuniões, dentre outros. Essa situação é absolutamente inaceitável, ressaltando que não há nenhum antropólogo lotado na SR-30 e existem graves deficiências por falta de especialização dos servidores na temática quilombola. Esses são dados extremamente preocupantes, porquanto refletem o abandono da política quilombola na região Oeste do Pará, notadamente dos processos de titulação de terras coletivas. Por outro lado, o Governo Federal investe pesadamente e desloca seus quadros de servidores para fazer titulação de lotes individuais através do Programa Terra Legal, que promete disponibilizar rapidamente milhares títulos de propriedade que abrirão caminho para a mercantilização da terra e da floresta amazônica, para o avanço do agronegócio, o aquecimento do mercado de terras e a expulsão de indígenas, quilombolas e povos tradicionais do campo. Estima-se que os territórios negros em Santarém totalizem uma área próxima de 20 mil hectares. Embora não cheguem a representar 1% do

município, os quilombos são vistos como obstáculos aos interesses de especuladores imobiliários, latifundiários e fazendeiros locais, pois se localizam às margens da Rodovia Curuá-una, do Lago do Maicá e próximos ao perímetro urbano, sendo, por isso, áreas grande potencial econômico e detentoras de importantes recursos naturais. Os conflitos sócio-ambientais e as violações a direitos humanos surgem, destarte, na medida em que as terras dos remanescentes não podem ser objeto de contratos imobiliários, o que importa na retirada dessas “áreas rurais nobres” do mercado de terras, frustrando assim a especulação e a expansão do agronegócio, além de representarem a possibilidade de retirada ou a desapropriação de proprietários individuais nãoquilombolas de dentro das áreas. Merece especial destaque, dentre os múltiplos aspectos dessa realidade de conflitos, a resistência incansável das comunidades contra a apropriação e a degradação ambiental de seus territórios. Os quilombos da várzea lutam contra a ocupação das áreas de pastagem por criadores de gado e búfalo, animais que destroem os ecossistemas e prejudicam a saúde da população. Nas paragens ao redor do Lago do Maicá, os quilombolas pescadores denunciam e fazem fiscalização comunitária da pesca predatória, correndo riscos de retaliações pelos criminosos ambientais. Nos territórios negros situados em terra firme, o problema do desmatamento e do cercamento de suas terras por latifundiários e sojeiros tem suscitado denúncias às autoridades. A principal consequência da resistência tem sido a criminalização sistemática dos defensores de direitos humanos quilombolas pelas autoridades e as ameaças por parte dos criminosos ambientais, que se transformam em inquéritos policiais e processos criminais. Isso só demonstra que a defesa contra a dilapidação dos recursos naturais nos territórios quilombolas de Santarém não pode ficar apenas a cargo das comunidades, e que a solução desse e outros problemas, como a pressão fundiária, reside, fundamentalmente, na titulação definitiva de suas terras e na realização de políticas públicas de acesso a serviços públicos básicos.


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Pe. José Cortes

Gn 1 e 2 – A criação dos céus, da terra e das águas Ao abrir as Sagradas Escrituras, deparamo-nos com a narração da criação dos céus, da terra e das águas (cf. Gn 1 e 2). As últimas páginas bíblicas, por sua vez, nos falam de novos céus e nova terra, nos falam da nova Jerusalém que desce do céu, cujas portas estão abertas para todas as pessoas que tenham seu nome escrito no livro da vida (cf. Ap 21 e 22). O início e o fim das Sagradas Escrituras nos falam de terra, de água, de frutos e de vida para toda a humanidade, como sinal da presença criadora e salvadora de Deus na história. O fato de essas páginas estarem carregadas de uma forte dimensão simbólica lhes confere uma autoridade incomum, pois nelas estão condensados, com toda sua força poética, o resultado de séculos de reflexão popular, os princípios éticos, teológicos e antropológicos que devem orientar a maneira de nos relacionar com a vida, a natureza e tudo o que existe. O livro do Gênesis nos fala de Deus que, desde o princípio, com seu poder criador, vence as trevas, as águas dos abismos e o deserto — antigos símbolos mesopotâmicos da ausência de vida — e gera vida: as trevas viram luz, as águas viram rios, mares e chuvas, o deserto vira terra verde cheia de vida. O sol, a lua e os astros povoam o mundo de luz; os peixes povoam as águas; os pássaros os

ares; os animais terrestres e o ser humano — homem e mulher — povoam a terra. Tudo numa perfeita harmonia e integração, vida gerando vida, onde tudo está feito para ser bom, muito bom. A criação, segundo o olhar de Deus, é, assim, ao mesmo tempo, mãe — da terra nasceste —, dom, casa e jardim onde tudo convive em paz, onde tudo é parte essencial do todo, onde homem e mulher podem se amar, imagem viva e exclusiva de Deus, com o poder de “dominar a terra”, por sua paixão criadora e amorosa em vista da felicidade de todas as pessoas e de todos os seres vivos. Uma interpretação fundamentalista desse “domínio”, porém, acabou justificando a propriedade privada, legitimando uma equivocada centralidade do homem sobre a natureza, justificando, teologicamente, a chamada “civilização” que produziu a concentração de terra, a devastação ambiental e a violência exploradora e assassina do ser humano sobre outros seres humanos. O ser humano, “imagem de Deus”, não pode se tornar grileiro de terras, destruidor de florestas, explorador do trabalho escravo e financiador da pistolagem. Esse verdadeiro exército de devastadores e assassinos, cuja violência está retratada em todas as páginas da história humana, nada tem a ver com a mensagem bíblica da criação.

“Dominar a terra” não nos autoriza a fazer o que queremos com a natureza; não nos dá a liberdade de explorar, de destruir, de devastar. “Dominar”, no sentido bíblico, é a capacidade de continuar, ao longo dos séculos, a cuidar, a zelar por nossa casa comum à semelhança do cuidado amoroso do Deus Criador. É a obra criadora permanente da humanidade quando luta contra todas as forças caóticas da morte, transformando-as em luz, água e terra boa para viver. Só assim a humanidade será a imagem verdadeira do Deus da vida.

Em grupos: 1. Ler Gn 1 e 2 2. Partilhar o que mais nos chamou

a atenção no texto bíblico. 3. O que pensamos do texto que temos para estudo? Há no texto alguma afirmação com a qual eu não estou de acordo? Qual? E o que me chamou mais a atenção no texto de estudo? Por quê?

A Pastoral Carcerária: presença da Igreja nos cárceres Sua ação torna-se parte integrante da atividade missionária da igreja, constituindo um dever Pastoral para todos os cristãos. O Serviço da Pastoral Carcerária é voltado ao combate à tortura, assistência religiosa, social e Jurídica aos presos. A Pastoral Carcerária é a presença de Cristo e de sua Igreja no mundo dos cárceres e desenvolve todos os trabalhos que essa presença vem a exigir. A Pastoral mantém contatos e relações de trabalho e parceria com organismo do poder executivo e do poder legislativo, com ONG's locais, nacionais e internacionais; com a OEA (Organização dos Estados Americanos); com a Anistia Internacional; com o MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos); com o CDH da ONU (Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas); com ICCPC (Pastoral Carcerária Internacional) e outras entidades afins. Objetivos gerais: •Acompanhar os presos em todas as circunstânci-

as e atender suas necessidades pessoais e familiares; •Verificar as condições de vida e sobrevivência dos presos; •Priorizar a defesa intransigente da vida, bem como a integridade física e moral dos presos; • Estar atenta e encaminhar as denúncias de torturas, maus-tratos, corrupção, etc, praticados contra os presos; • Intermediar relações entre presos e familiares; Atividades permanentes a nível nacional: • Visitas aos presos, especialmente quando doentes, nas enfermarias ou nas celas de castigo ou de “seguro”; • Celebrações e encontros de reflexões (eucaristia, círculos bíblicos, novenas, CF's...); • Atenção especial as áreas de extrema violência nas prisões; • Sensibilização das comunidades sobre os problemas dos presos e o valor da Pastoral Carcerária;

• Parceria e relacionamento de trabalho com os poderes públicos e com o Ministério Público.

ATIVIDADES SANTARÉM: •Visitas no Centro de Recuperação Cucurunã (Celebrações, louvor, partilha da Palavra e diálogo com os detentos) • Visitas na Funcap e Centro de Presos Provisórios – CPP • Apoio as famílias dos detentos (quando solicitados) • Biblioteca Ambulante Participar da Pastoral Carcerária é tomar parte ativa na missão e evangelização de Jesus Cristo. É “libertar os cativos” (Lc. 4,18); é “visitar os que estão nas prisões” (Mt. 25,36).

Venha participar conosco nesse serviço de amor e misericórdia. REUNIÃO SEMANAL ÀS SEGUNDAS FEIRAS, ÀS 8:30 NO CENTRO DE PASTORAL DA DIOCESE DE SANTARÉM.


5 Pe. Edilberto Sena

Estados do Tapajós e Carajás por que isso é bom para a democracia no Brasil 1. O número maior ou menor de estados numa federação nacional não empobrece o país, pelo contrário, com mais estados num país com 195 milhões de habitantes, diminui a desigualdade de distribuição de renda e pode, facilitar a participação da sociedade civil na administração do patrimônio comum da nação. O argumento do senador Suplicy, de São Paulo é falacioso, de que não será justo dois novos pequenos estados terem tantos senadores e deputados federais, tirando o domínio político/econômico de São Paulo. 2. Belém também não tem razão para ser contra os dois novos estados, a não ser pelo mesquinho interesse de quem sempre usufruiu da ideologia do Centro/Periferia, quando a arrecadação do Estado do Pará, sempre foi aplicada em maior parte na estrutura da capital, em detrimento dos municípios mais distantes. Uma coisa é puro separatismo, motivado por litígios, outra coisa é a emancipação, ato que sustenta a maturidade de uma região para caminhar com seus próprios pés. 3. Dizer que os dois novos estados não têm viabilidade econômica para se sustentar, é tapar os olhos com peneira. Afinal, as maiores riquezas naturais do Pará estão exatamente nas regiões sul e Oeste: minerais, florestas, rios, turismo, cultura, populações. Mais de um milhão de habitantes em cada uma das duas regiões. O que pleiteiam é emancipação, caminhar com seus próprios recursos, construindo sua própria história. Assim fizeram o Amazonas a seu tempo, quando se emancipou da Província do grão Pará, e assim também Amapá, Roraima, sem que morressem de inanição, ou até hoje estivessem dependendo dos recursos do tesouro nacional. 4. Falso é também o argumento de que os dois novos estados teriam gastos insuportáveis à nação. Hoje o tesouro nacional é generoso às obras do Programa de aceleração do crescimento econômico, o PAC e ninguém reclama. Mesmo sabendo que tais gastos são em sua maioria para atender aos interesses do grande capital, para exportar as riquezas da Amazônia, pelos oceanos Atlântico e Pacífico, para os ricos mercados asiáticos, europeus e norte americanos. Ninguém reclama que os cofres do Banco Nacional de desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES estejam jorrando fortunas em função da Copa do mundo e dos jogos olímpicos de 2016. O Senador paulista e a senadora alenquerense não questionam tais gastos nacionais. 5. Criar o Estado do Tapajós é uma necessidade para a possibilidade de desenvolvimento dos povos da região, até hoje fadada ao atrazo, como colônia de saque do sul e do capital estrangeiro. Basta ver as grandes empresas aqui presentes, Cargill, ALCOA, MRN, Serabi, Golden, Vale, Caulin/celulose de Monte Dourado, entre outras. Levam as riquezas e deixam os buracos e a destruição da natureza. Os grandes desafios para o novo Estado do Tapajós são mais internos que externos à região. São eles: · A despolitização da sociedade civil; · O jogo de interesses da elite econômica de visão curta; · A fome de poder de políticos oportunistas; · A pretensão visível de Santarém ser capital; 6. O primeiro desafio, se não for superado com muitos seminários promovidos pelos formadores de opinião, igrejas, sindicatos, associações para que a sociedade assimile o significado de uma nova constituição, de

preparação de novas lideranças comprometidas e competentes, o risco será de ela não tomar parte ativa na construção da coisa pública; não se pode esperar para depois do plebiscito, é preciso logo ao mesmo tempo, que se motiva o voto do SIM, se promova a compreensão da verdadeira democracia do Nov Estado. 7. O segundo desafio é muito perigoso. A elite econômica tem manifestado visão oportunista e míope. Olha o que pode lhe trazer vantagens imediatas. Por isso, hoje aplaude os projetos das mineradoras, das empresas forasteiras que invadem a frente da cidade de Santarém, destruindo praias, instalando armazéns. A elite econômica vê desenvolvimento, onde só acontece crescimento econômico de poucos e lhes sobra migalhas para seus cofres. Isso é muito ruim para o novo Estado porque é uma visão corporativista e ignora o bem comum da sociedade. 8. O terceiro desafio é superar a fome de poder dos políticos profissionais que até hoje nada têm feito para implantar políticas públicas urgentes para o bem estar da população. A safra que se tem hoje é muito pobre de espírito público, pobre de cidadania. Basta ver a pobreza das administrações municipais da região, basta acompanhar a ausência de deputados e senadores paraenses na defesa da soberania do Estado. Nenhum se levanta contra a lei Kandir que extorque os cofres do Pará, com a isenção de impostos de exportação, nenhum se levanta contra os projetos federais de construir monstros hidrelétricos nas bacias do Xingu, Tapajós e Jari. Se se deixar a construção do novo Estado só nas mãos dos políticos profissionais, eles farão o que os políticos de Tocantins e de Roraima fizeram de seus novos estados. Hoje eles dominam lá como suas capitanias hereditárias. É urgente se criar cursos de administração pública, de política para que surja nova geração de políticos, “ficha limpa” e competentes. 9. Por fim, um desafio a mais, a ser superado, a capital do novo Estado. Uns dizem que não se deve preocupar com isso agora, porque se o SIM ganhar ainda se terá mais uns 5 a 8 anos até a constituição do novo Estado. Falsa estratégia. A construção do estado do Tapajós não é como uma escada a ser escalada, um degrau, depois o outro. E Santarém, precisa levar em conta que outros municípios também podem ser a capital. Por isso, muitos habitantes da periferia geográfica, como Faro, Trairão, Novo Progresso, os municípios ao longo da Transamazônica provavelmente não olham com bons olhos essa sem cerimônia dos mocorongos anunciarem Santarém com naturalmente A Capital do Tapajós. Isso pode até ser um motivo para desinteresse com a luta pelo Novo Estado. É preciso sim se admitir que outra cidade pode ser a capital sem detrimento da cidade de Santarém. Pode ser Rurópolis, geograficamente mais central, por que não? 10 Finalmente, como se quer mesmo o novo Estado para ser realmente novo? Algumas pistas podem ser explicitadas: • Uma sociedade civil participativa, consciente, com direito inclusive a referendos em casos de decisões que envolvam os direitos da maioria; com conselhos estaduais com participação direta de representantes da sociedade civil dos pólos estaduais e que sejam conselhos deliberativos, com maioria de membros da sociedade e não do poder público; Uma constituição cidadã, construída em amplos seminários nos diversos municípios do novo Estados. Que leve em conta priorização de políticas públicas


6 Irmão Ronaldo Hein CSC

Meio Ambiente e o Ser Humano: Ecologia da Pessoa Humana “A glória de Deus é o homem plenamente vivo.” Toda a criação revela a grandeza de Deus. Deus, Pai-Criador, criou o Ser Humano na sua imagem e semelhança, com inteligência e vontade, para cultivar e guardar esta criação. Dentro deste projeto de Deus, o homem e a mulher são o ponto mais alto, o centro, de toda a criação. O Ser Humano foi criado para conviver em harmonia com a criação, consigo mesmo, com o outro e com o Criador. Pela desobediência rompe esta harmonia de relacionamento, e, desde lá, corre o perigo de optar por caminhos que, em vez de promoverem a harmonia, promovem a divisão e a destruição. A criatividade humana é capaz disso: construir ou destruir aquilo que é indispensável para o seu desenvolvimento integral. O relacionamento harmônico do Ser Humano com a criação enriquece o seu relacionamento consigo mesmo, com o outro, e com Deus. Destruindo a natureza é tirar as condições da pessoa para ter um relacionamento integral consigo, com o outro e com Deus; é tirar um pedaço dela mesma, algo que é necessário para conseguir alcançar uma felicidade terrena mais completa.

(Santo Irineu, Séc. II)

Desrespeitando a natureza, visando somente lucrar dela, é desrespeitar o Ser Humano. Colocando o bem estar da humanidade em primeiro lugar, implica, respeito pela natureza, que faz parte essencial da realização integral dos filhos e filhas de Deus. Por isso existem leis e governantes, para garantir os direitos do Ser Humano para uma vida digna. Governar é coordenar as ações e os relacionamentos da sociedade, e administrar os recursos terrenos, para que todos possam alcançar condições para um desenvolvimento integral. “A cultura atual tende a propor estilos de ser e viver contrários à natureza e dignidade do ser humano. O impacto dominante dos ídolos do poder, da riqueza e do prazer efêmero se transformaram, acima do valor da pessoa, em norma máxima de funcionamento e em critério decisivo na organização social. Diante dessa realidade, anunciamos, uma vez mais, o valor supremo de cada homem e de cada mulher. Na verdade, o Criador, ao colocar a serviço de ser humano tudo o que foi criado, manifesta a dignidade da pessoa humana e convida a respeitá-la. “ (Documento de Aparecida, Nº 387)

Comissão Pastoral de Pescadores – CPP

Campanha da Fraternidade 2012 A Comissão Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB lançará a Campanha da Fraternidade de 2012, que discutirá questões sobre a saúde e tem como tema “ Fraternidade e saúde pública” e o lema: “ Que a saúde se difunda sobre a terra”.

CNBB sugere proposta para reforma política A programação consta de um debate com os bispos da CONSEP e a Deputada Luiza Erundina, será no dia 10/08/0211, que discutirá as implicações da reforma política, seguido de uma mesa redonda que tem como tema: Reforma Política para Quê? O debate acontecerá no Centro Cultural de Brasília (CCB) Brasília( DF) tem como convidados: coordenador: Dom Joaquim Mol, Senador Antonio Carlos Valadares, Deputado Henrique Fontana (Relator) Deputado Ronaldo Caiado e a Socióloga Maria Vitória Benevides. O evento é aberto ao público. Fonte: CEFEP

CPP nacional realiza Assembleia Geral Nos dias 1 a 4 de agosto, aconteceu no Recanto do Pescador em Olinda a primeira Assembléia Nacional sob a direção de Maria José Pacheco. Fizeram parte todos os representantes dos CPPs regionais que fazem parte do Nacional e também convidados. Reflexão sobre perspectivas política, metodologia e monitoramento. Atualização do papel e atuação dos agentes. Avaliação do 1º semestre e planejamento do 2º semestre além da estrutura da organização e articulação dos pescadores foram assuntos em pauta. Antecedendo a Assembléia o Conselho Fiscal da Entidade se reúniu para definir uma proposta de ação em todos os CPPs regionais no período 20112014.

Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Santarém Encontro regional, será no dias 11 e 12 de novembro de 2011, no centro de formação da Paróquia Nossa Senhora do Rasário, bairro do Santarenzinho. Devem participar as comissões das Prelazias de Óbidos, Itaituba, Altamira e da coordenadora de comissão de Justiça e Paz do regional N2 Irmã Henriqueta Cavalcante. As Paróquias que tem implantada o setor da Pastoral Social podem encaminhar 02 (dois) representante, assim como representações dos Comitês 9.840.

COLÔNIAS DE PESCADORES/AS SE REÚNEM EM PRAIA GRANDE Nos dias 4, 5, e 6 de julho aconteceu em São Paulo, mas especificamente na cidade de Praia Grande, uma Conferência com representantes de um pouco mais de quinhentas Colônias de Pescadores e Pescadoras de todo Brasil para discutir a real situação em que se encontra a referida categoria. Se fizeram presente entre outros as assessorias dos ministros da Pesca; Trabalho e Previdência Social, visto que os titulares por qualquer razão não compareceram ao encontro. Segundo Jander Ilson, Diretor Financeiro da Colônia Z-20 de Santarém ao olhar dos três ministérios a situação dos pescadores e das pescadoras artesanais está uma maravilha, seus direitos sociais sendo respeitados pelo governo, saúde, educação e moradia de qualidade, financiamentos disponíveis, assistência e direitos previdenciários religiosamente sendo cumpridos. Segundo os assessores a vida desses homens e mulheres dos mares, rios, mangues, lagos, etc. Está muito melhor do que a dez anos atrás. Após a conclusão das falas dos assessores Jande Ilson fazendo uso da palavra relato a verdadeira realidade da pesca artesanal, dos pescadores, pescadoras e das comunidades pesqueiras foi aplaudido e apoiado pelos representantes de todas as Colônias presentes ao encontro. Falou das Carteiras antes da SEAP, hoje do Ministério que a mais de seis anos que esses trabalhadores e trabalhadoras não tem em suas mãos o que este ano resultou no não recebimento do Seguro Defeso, colocando em risco a vida dos diretores, Coordenadores e/ou capatazes. Falou das ações que a Z-20 impetrou no Ministério Público Federal e que infelizmente até agora ainda não obtiveram uma resposta satisfatória e finalizou dizendo “Nós pensávamos que essa situação era apenas dos pescadores e pescadoras do Pará, hoje estou vendo que é a mesma em todo o Brasil!”

Pescadores e Pescadoras se revoltam contra Presidente No dia dois de julho de 2011, Pescadores e Pescadoras do Município de Aveiro se revoltam contra os Diretores da Colônia Z-52 pela falta de respeito que vem tendo para com os associados e associadas da referida entidade. Depois de várias denúncias e constatações de irregularidades, até mesmo ameaças de expulsão do quadro social por parte do Presidente Executivo José Julião, o Sr Presidente do Conselho Fiscal usando de seus direitos estatutários, convocou os associados para uma Assembléia Geral Extraordinária na sede da entidade. Baixou o Edital de Convocação, deu conhecimento aos diretores executivos, e para surpresa de todos simplesmente nem o presidente e nem os demais diretores se dignaram a abrir as portas para que se realizasse a Assembléia. Enquanto muitos diretores e presidentes de Colônias se reúnem para discutir a situação da classe outros se escondem com medo de enfrentar a realidade.


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Diocese realiza seminário sobre políticas públicas Nos dias 22 e 23 de Julho de 2011 a Diocese de Santarém realizou um seminário sobre políticas públicas na escola São Francisco, onde contou com cerca de 60 lidernaçsa dos movimentos populares . No final foi elaborado um documento com as conclusões do seminário, do qual transcrevemos alguns excertos: Os participantes no seminário POLÍTICAS PÚBLICAS, realizado em Santarém, na escola São Francisco nos dias 22 e 23 de Julho de 2011. RECONHECEM QUE: · A verdadeira maneira de se alcançar desenvolvimento sustentável consiste na elaboração e implementação de políticas públicas, orientadoras das ações do poder público, que afetarão a vida de todas a comunidade e devem partir de uma construção coletiva. · È a partir desse processo que se torna possível produzir um cenário de cresciento verdadeiramente humano e eliminar ou diminuir a exclusão social. · È necessário priorizar o desenvolvimento humano e social enão somente o plano meramente econômico, como é apregoado por vários novos atores econômicos locais. · As políticas públicas priorizando a saúde, educação, habitação, infra-estrutura… são o caminho para uma qualidade de vida pra cada família. · Que as políticas publicas na área social requerem a intervenção do estado, de forma a atender a demanda da sociedade civil e promover o bem estar do cidadão. CONSTATAM QUE: · O SUS vive hoje sérios impasses. Não tem uma coordenação que garanta equidade no atendimento aos municípios. Na prática, prevalece a lógica privada: os setores privados recebem recursos para atender setores sociais não carentes e, além disso, o sistema de remuneração dos serviços à base de fatura permite a corrupção e o descaso com custo e qualidade de serviços. A política de redução dos gastos leva à deterioração cada vez maior do atendimento à população carente. · Na educação permanece a centralização institucional, os recursos centralizados no Fundo Nacional de Educação (FNDE) e na Fundação de Apoio ao Estudante (livro didático e transporte escolar) e utilizados ao sabor dasconveniências político-eleitorais e da resistência dos burocratas. · Vivemos num descaso com relação a saúde, educação e infra-estrutura em todos os municípios da região Oeste do Pará. · O Sistemas de Saúde e a Educação na teoria parecem muito bem estruturados, com várias leis implementando essasduas áreas vitais porém, com enormes deficiências na prática. · Atendimento desumano, médicos não escutam, não cumprem plantão. · Atendimento em clínicas privadas é diferente do atendimento na rede pública, mesmo sendo o mesmo profissional a fazer o atendimento. · Comunidades rurais sem agente de saúde, sem vacina e saúde vinculada a bolsa família. · O Hospital Regional Vive sob tutela de empresa particular, apesar de ser responsabilidade do poder público; o mesmo acontece com o hospital regional. Assim acabamos por privatizar a saude pública. · Conselhos municipais têm sua ação fiscalizadora restriginda pela própria legislação e alguns conselheiros dos diversos conselhos são cooptados pelo poder público, com empregos e cargos nas diversas esferas do poder. · A população não conhece seus direitos ou tem medo e fica calada e os movimentos sociais vivem tempos difíceis com fraca atuação, com várias lideranças atreladas ao poder. · Falta material nos hospitais e postos de saúde, tendo o paciente que adquirir o necessário para seu tratamento em farmácias; chega-se ao cúmulo de transportar material de um posto par outro só para se fazer a inauguração. · Assim a população está refém de um sistema falho e de médicos que têm mais interesse em fazer negócio com a medicina, do que cuidar dos cidadãos. · Existe corrupção e apadrinhamentos no agendamento de consultas e exames, o que prejudica a outros que têm maior necessidade. · Faltam Postos de saúde em todo o Baixo Amazonas e os que existem não têm o minimo necessário para seu funcionamento. · Existem muitos recursos para a educação, mas o dinheiro não chega às escolas e alunos devido ao alto grau de corrupção existente no país. DIANTE DESTA REALIDADE PROPOMOS: · Continuar fazendo oficinas de debate nos bairros, sobre estes temas · Que o poder Público se preocupe mais com a saúde preventiva e saúde básica. · Estabelecer debates sobre políticas Públicas em todos os municípios que compôem a Diocese de Santarém, levando em conta as particularidades de cidade e interior. · Apoiar os conselhos municipais para que não se tornem aparelhos do estado. · Encontro a sociedade civil e profissionais da saúde, educação e outros, para debate sobre atendimento, divergências, perspectivas… · Valorizar o remédio caseiro e lutar pela medicina alternativa como prevenção a doenças. · Estudar legislação da saúde, estudar nossos direitos para poder exigí-los . · Produzir material para fomar uma política de saúde dos movimentos sociais e fazer uma avaliação conjunta · definir nossa política de saúde para o Estado e Municípios, Juntar todos os movimentos populares em prol de uma saúde pública digna. · Reunir com SINPROSAN e SINTEPP para dialogar sobre o processo de politização

da Comunidade Escolar. Ex. Seminários; · Reunir com a Diretoria da Casa Familiar Rural de Santarém para discutir as demandas de garantia de recursos no Plano de Educação no Campo pelo município; · Criação de um conselho cidadão para fiscalizar obras do projeto minha casa minha vida; · Pesquisar junto a caixa econômica federal o percentual da loteria ( casa lotéricas) que é destinado a construção de praças e quadra poliesportiva; · Pesquisar nomes de pessoas que estão ganhando pela prefeitura sem trabalhar.


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Missão de Evangelização inicia Nova Fase A Partir deste mês de Agosto ,a missão de Evangelização iniciada este ano pela Diocese de Santarém, inicia nova fase. Agora começam as visitas de evangelização propriamente ditas. Os missionários vão passar de casa em casa, de família em famílai e fazer uma proposta bem objetiva: “Quer conhecer Jesus Cristo? Então participe de sua comunidade de fé e das escolas Bíblicas de sua comunidade.” Esta é a proposta que os missionários estão levando a todos os recantos da diocese. Mas o que é visitar e como visitar? Como se deve dar uma visita missionária na casa de um irmão da comunidade? A estas perguntas tentou responder, com êxito, a cartilha que a diocese de Santarém editou para a formação dos misssionários. Nela se diz textualmente: “Há vários tipos de visitas: para festejar, para socorrer, outras ainda, para partilhar sonhos e preocupações comuns, outras simplesmente para escutar, para confortar... As visitas não são supérfluas, mas uma necessidade. Nas visitas, crescemos todos: os que visitam e os que recebem a visita, pois é o amor que faz isso. As visitas, que fazem bem, partem da vida, dos anseios, dos sonhos que carregamos, das derrotas que amargamos, levando em conta a vida das pessoas com sua história e a luz de Deus por meio de sua Palavra salvadora. Em qualquer circunstância, não pode faltar a Palavra de Deus, desde que haja ambiente para ser acolhida. A visita é um sinal de que a comunidade está consciente de sua missão; um modo de ir ao encontro das pessoas para manifestar-lhes solidariedade, fraternidade, gratuidade. A visita não é tudo, porém faz ver que a comunidade não se esquece daqueles a quem é chamada a servir a fim de que possam tomar consciência da importância da vida comunitária e dela participarem. Outra razão da visita é o objetivo da missão: “Ir ao encontro das pessoas para despertar nelas o desejo e o sentido de encontrar-se com Jesus e de pertencer à comunidade eclesial, comprometida na construção do reino, celebrando e animando a caminhada e a comunhão de todas as comunidades”.

Com esse objetivo na mente e no coração os missionários/as visitam as pessoas não somente nas casas: pois vão encontrá-las e conversar com elas na rua, na casa, nos hospitais, no trabalho, no lazer. Sem formalismos ou acanhamentos, nos aproximamos com amizade, com simplicidade, deixando que as pessoas se sintam à vontade. Carregamos o mesmo sonho de Jesus, escutando as pessoas, dando atenção à sua história, descobrindo sinais da ação do Espírito Santo, fortalecendo esperança, despertando caminhos de conversão, denunciando o mal e despertando novas energias. IINCENTIVAMOS À PARTICIPAÇÃO, MOTIVANDO E DESPERTANDO O DESEJO DE PARTICIPAR NAS ESCOLAS BÍBLICAS QUE VÃO ACONTECER EM VÁRIOS LUGARES DA COMUNIDADE. Visitar é uma arte que exige profundidade, sensibilidade, atenção à situação das pessoas. As boas visitas deixam as pessoas à vontade, derrubam barreiras, quebram preconceitos, despertam sentimentos autênticos, criam laços, abrem caminhos antes impensáveis. Jesus não visitava repetindo as mesmas coisas. Suas visitas eram marcadas pela situação concreta das pessoas. Eram visitas “situadas”, não aéreas. Também nós precisamos estar atentos às histórias de vida daqueles que visitamos. Para tanto, precisamos privilegiar a escuta.”

Participe como missionário na Missão de Evangelização da Diocese de Santarém. Se ofereça como missionário. A sua comunidade precisa de você. Você leitor, se receber a visita da equipe missionária de sua comunidfade escute com atenção a mensagem que trazem para si e deixe-se apaixonar por Cristo e sua Palavra. Para você missionário deixamos um conselho que vem na Cartilha da Visitação: “Em nossas visitas, não deixemos que os preconceitos nos bloqueiem, mas também não podemos ser ingênuos. É preciso levar em conta as situações sociais e culturais das pessoas, das famílias. Escutar anseios e preocupações, sonhos e alegrias, vitórias e derrotas, sacrifícios e fragilidades. Em qualquer situação, é importante manter atitudes e palavras livres, acolhedoras, inteligentes, sábias, abertas e respeitosas a fim de sermos uma presença viva de Jesus, mensageiro da paz que é resumo de todos os bens: “A paz esteja nesta casa!” (Lc. 10,5).” José Cortes


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