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Missionários do Verbo Divino na Amazônia

Ano 07 •

Nº 18 •

Verdiama Propagação e Cultura

Santarém-PA

Junho / 2012

Aparecido Luís

Ordenação de Arilson Lima No dia 13 de abril, uma semana após a Páscoa, ainda fortalecidos pela presença do Ressuscitado, tivemos a oportunidade de celebrar mais um sacramento: o da Ordem. Foi a ordenação presbiteral de mais um filho da Amazônia: Arilson Lima da Silva. A ordenação foi na sua cidade natal, Monte Alegre, PA. Para que todos vivessem intensamente cada momento desta festa, houve uma boa preparação e animação missionária com a participação de alguns confrades da região, das Irmãs Servas do Espírito Santo, Franciscanas de Maristela, dos leigos de nossas paróquias e dos amigos do Arilson, que vieram de São Paulo. As comunidades se envolveram no tríduo, na noite cultural e em todos os outros momentos da ordenação e primeira missa do novo padre. Destacou-se a acolhida por parte dos anfitriões, dos freis franciscanos, das irmãs da Imaculada Conceição e das famílias que hospedaram os missionários. A missa de ordenação foi presidida por D. Martinho Lammers, bispo emérito da Diocese de Óbidos, devidamente autorizado por D. Flávio Giovenale, bispo diocesano de Santarém. Dom Martinho, antes de impor as mãos sobre o diácono, refletiu sobre o tema escolhido por ele: “Amou-os até o fim”. Ele lembrou a importância da humildade do padre,

que deve se inspirar na humildade de Jesus, deixada como testamento na Última Ceia, segundo S. João. Participaram da Santa Missa a mãe do diácono Arilson, Zoranil Lima da Silva, irmãos, primos e demais parentes e amigos da comunidade de Pariço, do município de Monte Alegre, e das cidades vizinhas. Foi significativa também a presença de uma caravana de 16 pessoas, amigas do Arilson, vin-

das de São Paulo. Marcaram presença no altar e na assembleia quase todos os missionários verbitas da região amazônica, religiosos e seminaristas verbitas, religiosas de várias congregações e os leigos da Paróquia São Francisco de Assis. As celebrações da ordenação e da primeira missa foram enriquecidas com uma liturgia bem animada. Houve também confraternização nos dois dias, com um ótimo acolhimento e organização do pároco Frei Alex e dos paroquianos. Foi um momento de ação de graças a Deus por vermos mais um filho da Amazônia, o sétimo consagrado, fazendo parte deste time de missionários formado por muitos rostos, povos e línguas. Muitos rostos, mas um só coração: o Coração Verbita. “Viva Deus Uno e Trino em nossos corações e nos corações de todas as pessoas” (S. Arnaldo Janssen).


Editorial

2 Em meio à convulsão social que tomou conta do país nos últimos dias, uma pergunta se impôs: quem são e o que querem as massas que marcham sobre as principais cidades do país? Em meio a muitas dúvidas, hipóteses proliferam. Para a grande mídia oscilante, é o povo que desperta para as “grandes questões nacionais”, numa quase revolução. Para setores clássicos da esquerda, uma direita que pega carona na mobilização para orquestrar um golpe à la 1964. Pelo que vimos nos últimos dias, e os poucos levantamentos estatísticos realizados com os participantes dos protestos comprovam essa percepção, é possível dizer que a base social do movimento é composta, majoritariamente, de jovens. Jovens de todas as classes sociais – os protestos que acontecem nas periferias de São Paulo o comprovam – mas, principalmente, jovens de classe média. Ao supor que a base social majoritária das manifestações é de jovens de classe média, muitos assumiriam o clichê de que, por isso, os motivos dos protestos são necessariamente de natureza ideológica e não social e econômica. Mas isso constitui, ao que tudo indica, um outro equívoco. Por ora, é precipitado dizer que os jovens estão indo às ruas para protestar – majoritariamente – por pautas genéricas como o “fim da corrupção”, “menos impostos”, “pelo bem do Brasil” etc. Acho que acertamos mais se reconhecermos que se trata de um protesto majoritariamente de juventude, parte importante dela, oriunda da classe média urbana, mas que envolve uma pauta política clássica: a reivindicação de direitos sociais. O que gera estranhamento é pensar que um protesto majoritariamente de classe média – classe, essa, imersa em uma experiência social de valorização do privado e condenação do público – está reivindicando direitos sociais. Mas tudo sugere que é exatamente isso que está acontecendo e a causa é simples. Nas grandes cidades, lócus privilegiado dos protestos, o transporte coletivo é o serviço público que atinge a maior gama de classes sociais. Não todas as classes, claro, mais uma gama maior do que outros serviços públicos. Isso é um dado importante para compreender o que está acontecendo. Ao contrário da saúde e da educação, cuja expansão do setor privado criou dois tipos de cidadãos (os que têm acesso aos serviços privados e os que só têm como opção recorrer ao sistema público), no transporte coletivo, não existe essa diferenciação. O serviço é público (embora seja, em parte, como sabemos, privatizado). Isso significa que as condições desse serviço – incluindo o preço – diz respeito a um espectro social mais amplo do que os outros serviços públicos que são, como o transporte, direitos sociais. É isso que torna a pauta do transporte coletivo ao mesmo tempo politizante e explosiva. Não é somente que o transporte tem um impacto sobre o acesso a outros direitos sociais, sobre a economia urbana e sobre o direito à cidade. O transporte público nas grandes cidades é a face dos serviços sociais que aparece, cotidianamente, para a maior parcela de cidadãos, dentre os quais os jovens, principalmente os estudantes, que têm uma capacidade de organização – impulsionada certamente pelas redes sociais – mais rápida e intensa do que outros setores da sociedade. É um mérito político inegável do Movimento Passe Livre (MPL) ter percebido isso e se organizado exclusivamente em torno dessa pauta, ao invés de reivindicar, como outros movimentos e partidos que se pretendem à esquerda do PT, pautas de caráter moral que geram simpatia na classe média mas não tiveram, até hoje, poder de mobilização – a exceção é o Collor, mas o contexto era radicalmente diverso. . Nem golpe nem revolução, a mobilização dos últimos dias parece ser, até agora, um protesto clássico por direitos sociais, expressão de um país que, experimentando, nos últimos anos, a expansão da cidadania, acha que ainda é pouco e quer mais. Maria Caramez Carlotto , doutoranda em sociologia da USP.

Missionários do Verbo Divino na Amazônia

O VERDIAMA

• PROJETO MISSIONÁRIO: cada comunidade deve reunir com o documento de trabalho que vai ser produzido até dia 29 de junho e mandar sugestões para o Conselho. • PROCESSO ELEITORAL: Só existe uma forma para usarmos: votação indireta para o superior regional e seu conselho, votação enviada para Roma. Escolha feita pelo generalato. Assim foram entregues os envelopes para os confrades para a eleição de superior. Não esquecer de preencher e enviar para o generalato. • Encontro de neomissionários em Susano, São Paulo, de 23 a 25 de agosto. • Curso para neomissionários em Belém, de 15 a 30 de julho de 2013. • Assembleia SVD: de 09 a 12 de setembro, em Santarém. Começa com almoço no dia 09 e vai até quinta-feira à noite. • 1ª ASSEMBLEIA de 2014: de 13 a 17 de janeiro. • FEIRA VOCACIONAL: dia 04 de agosto a partir das 09 horas da manhã no Salão Paroquial de Alter do Chão. • Curso de Especialização em Bíblia: de 12 a 21 de julho de 2013 no Centro de Formação Emaús, com início às 08 horas da manhã.

Propriedade: Verdiama Propagação e Cultura Missionários do Verbo Divino na Amazônia Equipe Responsável: Dimensão de Comunicação SVD Pe. José Cortes, Pe. Manuel Rodrigues, Pe. Elísio Gama, Pe. Rex - SVD.


Catequese, Protagonismo Indígena e Inculturação Aconteceu no Centro de Formação Maromba, na cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, no período de 25 a 28 de abril de 2013, o III Seminário de Catequese Indígena. O tema deste S e m i n á r i o f o i “ CAT E Q U E S E , PROTAGONISMO INDÍGENA E INCULTURAÇÃO”. Este inesquecível Seminário foi organizado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Animação BíblicoCatequética, Comissão Episcopal para a Amazônia, Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Comissão Missionária e Pastoral da Arquidiocese de Manaus. O terceiro Seminário de Catequese Indígena foi enriquecido com a participação de indígenas procedentes de 21 povos, bispos, sacerdotes e religiosos das diferentes congregações; a presença de padres e religiosos indígenas foi muito destacada. Este Seminário foi uma continuidade dos dois já realizados: o primeiro aconteceu em Manaus entre os dias 25 e 28 de outubro de 2007 e o segundo Seminário foi em Ananindeua, PA, no período de 8 a 10 de abril de 2011. O III Seminário contou com as valiosas assessorias de: Pe. Raimundo Possidônio da Mata (Cenários catequéticos da história da missão), Pe. Paulo Suess (Finalidade da catequese no contexto histórico-social dos povos indígenas hoje – um foco indigenista; Inculturação: perspectivas e desafios), Pe. Luiz Alves de Lima (Iniciação à Vida Cristã), Pe. Eleazar Lopes Hernandez, do México (Diálogo inter-religioso e intercultural, teologia índia; Inculturação: perspectivas e desafios), e uma rica partilha do trabalho missionário dos catequistas indígenas (índios e não índios). Foram trabalhadas neste Seminário as seguintes oficinas: 1. Bíblia na Catequese Indígena; 2. Ritos e Mitos Indígenas na Catequese; 3. Inculturação na Catequese Indígena; 4. Espiritualidade e Catequese Indígena; 6. Catequese, Protagonismo Indígena e Evangelização; e 6. Catequese entre os povos indígenas da cidade. Foram lembrados neste encontro os 30 anos da catequese renovada e os 40 anos do CIMI. Estes contextos históricos e compromissos com as nossas vidas cristãs e compromissos com os povos indígenas, dentro e fora da Igreja, nos fazem lembrar e nos desafiam a desembarcar das naves dos invasores para embarcamos nas canoas dos índios. Devemos procurar entender as culturas dos pequenos. Os povos indígenas são pequenos, mas possuem sabedorias, são portadores do amor de Deus para as pessoas. As flores que Juan Diego ofe-

receu à Igreja simbolizam as culturas indígenas. Temos que ser como Juan Diego: humildes e contribuir com a Igreja. O Seminário mostrou-nos que muitas coisas boas estão acontecendo. As práticas da iniciação cristã ainda estão para serem redescobertas. As comunidades cristãs continuam com suas práticas de evangelização e catequese. Aqui é que nós devemos colocar o elemento DIÁLOGO PROFÉTICO, que é uma exigência da inculturação. Temos que dialogar com os diferentes. O povo indígena tem muita coisa para ensinar, partilhar e contribuir com a Igreja. Por outra parte, nós, missionários (Verbitas), temos que aprender com os outros povos. Nós podemos construir muitas histórias, mas temos que aprender a fazer escolhas. Os povos indígenas, através de seus mitos e ritos, mostram-nos que a vida deve ser vivida com generosidade, com alegria e profundidade. Eles sabem valorizar a natureza, as pessoas, os seres viventes, as forças imateriais presentes no mundo, em outras palavras, eles têm sua teologia própria. Jesus Cristo chegou ao conhecimento dos povos indígenas juntos com os colonizadores, conquistadores. Mas J e s u s n ã o é u m c o l o n i z ador/conquistador. Ele é um amigo, companheiro, Salvador. Jesus é fonte inesgotável de vida, nós nunca chegaremos a compreendê-lo plenamente, mas buscaremos continuamente, dia após dia. O III Seminário de Catequese Indígena veio mostrar para nós, que já percorremos longos caminhos, reconhecemos que muitos conhecimentos foram construídos em torno de Jesus. Muitas práticas de evangelização e catequese

são bem adequadas para cada tempo e cada espaço histórico. Em outras épocas e em outros contextos já se tornam inadequadas. Por isso, precisamos continuamente repensar e ressignificar nossas práticas evangelizadoras. A VIDA dos povos indígenas deve ser amada, valorizada e respeitada. Em muitos contextos, essa vida, cultura, costumes, tradições, línguas, estão enfraquecidas. A catequese deve se tornar um instrumento de fortalecimento da vida humana indígena e vida cristã. A catequese não pode ser alheia aos problemas sociais e culturais dos povos indígenas Diversas vezes durante o encontro foi dito que a inculturação deve ser feita pelos próprios indígenas, protagonismo indígena. Mas os povos indígenas também pedem e contam com as valiosas colaborações dos missionários, teólogos, especialistas em catequese não indígenas. Ainda vimos a presença de indígenas padres e religiosas. Eles têm uma bonita e grande missão entre os povos indígenas e não indígenas. Surgiram como possibilidades reais para estabelecermos diálogos com os nossos próprios irmãos indígenas e com outros membros da Igreja. Com o III Seminário de Catequese Indígena demos alguns passos para frente. Estamos caminhando. Não temos soluções mágicas. Mas continuamos buscando caminhos para superar as dificuldades, criar outras práticas e acertar juntos. As diversas questões referentes aos temas da catequese indígena, inculturação e protagonismo continuam em abertas para os nossos estudos, reflexões e experiências. Finalmente, convidamos todas as pessoas de boa vontade para que se interessem pelas vidas dos povos indígenas. Os povos indígenas não podem ser invisíveis aos nossos olhos. Os povos indígenas existem em muitas dioceses e paróquias. Somado a esse compromisso, fazemos apelo para que a congregação, as dioceses e as paróquias disponibilizem recursos materiais para o desenvolvimento dos trabalhos com os povos indígenas que vivem em suas aldeias e nas cidades. Para nós, participantes do III Seminário, foi um tempo de kairós, momento da criação e recriação da vida. Vamos acreditar e fazer acontecer os diversos projetos de trabalho com os povos indígenas. Deus nos criou para, junto com Ele, criar um mundo novo! Ele aposta nos povos indígenas! Pe. Augustinho Keraf, SVD Missão Indígena de Oiapoque

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Região Amazônica Nos dias 15 a 20 de abril de 2013 reuniram na Casa Paroquial de Alenquer os membros do Verbo Divino na região amazônica. A Assembleia começou no dia 15, às 09 horas, com uma manhã de espiritualidade; na parte da tarde tivemos a presença

de Florêncio Vaz, antropólogo e frade da Ordem dos Frades Menores, que nos falou sobre os muitos rostos e culturas da nossa Amazônia, com destaque para as culturas indígena e negra, nos apresentando aos terreiros de Belém. Esta parte da tarde serviu de base para o nosso trabalho do dia seguinte, que seria elaborar o nosso documento Projeto Missionário, com base nas conclusões do 17º Capítulo Geral, com o tema “De todas as nações, povos e línguas compartilhando vida e missão inculturada”. A seguir, apresentamos algumas das conclusões do nosso Projeto Missionário para seu conhecimento:

PRIORIDADES APROVADAS EM ASSEMBLEIA: 1. Povos indígenas e etnias; 2. Família e juventude; 3. Integridade da criação. Para cada uma destas prioridades e temas transversais foram sugeridos objetivo geral, objetivos específicos, metas, atividades e estratégias, que vão constar de nosso Projeto Missionário, ainda em elaboração. Diante das prioridades e temas transversais aprovados foram feitas as seguintes perguntas: 1. A partir das prioridades escolhidas, como fazer ações conjuntas com as dimensões para concretizar estas prioridades. Como as dimensões entram neste projeto missionário concretizando estas prioridades? 2. Ações concretas em colaboração com os leigos para concretizar as prioridades? Depois de um trabalho de grupos, em plenário, os membros da região propuseram, entre outras propostas, as seguintes: •Dar a conhecer as quatro dimensões e as prioridades nas paróquias e no nosso trabalho em geral. Organizar as dimensões nas paróquias; • Reforçar o conhecimento das quatro dimensões e das nossas

TEMAS TRANSVERSAIS: • Reconciliação e compromisso pela paz; • Justiça social e erradicação da pobreza.

prioridades nas festas de ordenação e votos perpétuos; • Trabalhar mais a espiritualidade e nossas prioridades em grandes encontros, retiros, liturgias; • Aproveitar melhor os dons de cada um; • Os coordenadores das dimensões devem entender sua função, ser competentes no que fazem e ter poder e liberdade para decidir, criar uma linha de ação com uma equipe com projeto e orçamento; • Devemos, com urgência, dar formação na área das dimensões e reorganizar as equipes das quatro dimensões no próximo triênio; • Todos devem assumir o projeto de cada dimensão; • Devemos repensar as dimensões; • Plano para as dimensões; • Integrar os leigos em todas as dimensões e o grupo de leigos que já caminha conosco nalgumas dimensões ser convidado a pensar conosco esta caminhada; • Criar clima de confiança e apoio de uns para com os outros. Há

que apoiar e colaborar uns com os outros em todas as circunstâncias e sobretudo nas dimensões. Dimensões pressupõem união entre os confrades. Na tarde do dia 17, iniciamos a nossa reflexão sobre a temática Ad Intra, como viver internamente a interculturalidade, como parte essencial da nossa identidade. Lemos mais uma vez o documento do Capítulo Geral e fizemos um trabalho de grupos onde refletimos sobre nossa espiritualidade, comunidade, liderança, finanças e formação. As conclusões estão no nosso Documento de trabalho PROJETO MISSIONÁRIO 2014-2016. No dia 17, à noite, tivemos uma celebração eucarística com a comunidade cristã da Paróquia Santo Antônio, onde lembramos os 50 anos de vida sacerdotal do Padre Patrício Ruane. A Assembleia terminou dia 18 com uma celebração de encerramento, uma avaliação e um muito obrigado à comunidade de Alenquer, que tão bem organizou o evento. Às 18 horas encerramos oficialmente a Assembleia.


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realiza Assembleia PRIORIDADE 1 1. POVOS INDÍGENAS E ETNIAS INTRODUÇÃO Somos 35 missionários verbitas atuando há mais de trinta anos na região amazônica. Uma região marcada por conflitos sociais e ambientais, com rostos diversos, onde está nítida a dor, o sofrimento, mas, sobretudo, muita esperança. Uma região onde se concentra o maior número de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, povos estes que estão sendo ameaçados pelo “pseudodesenvolvimento”, que é a bandeira principal do atual plano dos governos federal, estadual, e municipal. Os grandes projetos como hidrelétricas, mineração e o agronegócio têm como objetivo dizimar as populações indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Sabemos que o governo brasileiro não leva em conta a presença humana nesta região e trata as populações locais “como entrave ao desenvolvimento”. Enquanto isso, sofremos com a falta de políticas públicas básicas como saúde, educação, transporte… que trariam a verdadeira qualidade de vida para a região. Mesmo estando na região amazônica há tanto tempo, ainda é pouco o nosso envolvimento nesta causa. Das oito paróquias verbitas em que atuamos aqui na Amazônia, apenas três paróquias têm uma equipe que se dedica à pastoral indígena. No entanto, vários confrades se interessam por este trabalho e estão inseridos nas lutas junto com as organizações quilombolas e populações tradicionais. Uma de nossas paróquias, Oriximiná, tem área indígena denominada Parque do Tumucumaque, onde o povo Kaxuyana já solicitou por várias vezes a visita e a presença verbita. OBJETIVO GERAL Fortalecer e intensificar a presença dos missionários verbitas nas áreas indígenas que já atuamos: Oiapoque, Xingu, Arapiuns, assim como junto aos quilombolas e povos tradicionais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS · Visitar as comunidades indígenas e quilombolas; · Conhecer a cultura amazônica; · Ser presença junto aos povos da terra e das águas; · Ajudar na luta pela terra e pelos direitos dos povos indígenas, quilombolas e populações tradicionais; · Promover uma cultura de paz e solidariedade; · Sensibilizar confrades e leigos das paróquias do Verbo Divino a se posicionarem a favor das lutas dos povos e populações amazônicas. ATIVIDADES · Visitas constantes às áreas indígenas e quilombolas; · Presença nas festas culturais nas áreas indígenas e quilombos, assim como nas festas do catolicismo popular; · Participação nas reuniões das aldeias e nos regionais de assuntos inerentes à causa indígena e quilombola; · Participar de manifestações na defesa dos direitos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais; · Participar do acampamento indígena; · Participar ativamente na semana indígena e da consciência negra; · Realizar e intensificar atividades com a juventude indígena e quilombola. PARCEIROS Os missionários do Verbo Divino contam com os seguintes parceiros (aliados): CIMI/CNBB (Conselho Indigenista Missionário), Dioceses e Prelazias, Paróquias e SSpS (Servas do Espírito Santo).

PRIORIDADE 2 1. FAMÍLIA E JUVENTUDE INTRODUÇÃO OBJETIVO Dar atenção a uma adequada evangelização da família nas nossas paróquias e áreas de atuação para que esta possa ser transmissora da fé, formadora de personalidade, promotora do desenvolvimento do senso comunitário e da justiça e paz. ATIVIDADES · Visita, presença significativa na família · Acompanhamento aos dependentes químicos, alcoolizados, idosos abandonados · Ação solidária entre as famílias · aproveitar as festas do padroeiro ou padroeira com a peregrinação nas casas dos comunitários. · Manter vivos os grupos de base onde há envolvimento das famílias (grupo do terço, novena, CEB, quadra), · Pastoral da esperança e saúde. · Valorizar Pastoral do Idoso onde funciona. 2. EVANGELIZAÇÃO E JUVENTUDE OBJETIVO GERAL Evangelizar os jovens no meio em que eles vivem e atuam, anunciando a Pessoa e o Projeto de Jesus Cristo Libertador com vista a uma prática libertadora na igreja, na sociedade, na família e em todos os momentos de sua vida.


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PRIORIDADE 3 1. INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO INTRODUÇÃO · Monocultura, agronegócio, mineração; · Bolsas do governo desestimulam a agricultura; · Êxodo rural devido a ausência do estado; · Hidroelétricas. Água para o ser humano e não para negócio; · A luta ecológica não é assumida pela maioria do povo; · A cidade é opção para um mínimo de vida digna; · Igreja local não se entusiasma pela luta social; · Os movimentos se tornam utilitaristas; · Desterritorização; · A riqueza, lucro, é a lei maior aliada à corrupção do pobre; · Corrupção, cooptação, manipulação, alienação; · Conflitos econômicos e sociais mal resolvidos destroem a vida; · Os direitos viram favores atribuídos a algum político. OBJETIVO GERAL Envolver, em primeiro lugar, as comunidades cristãs num processo de conscientização acerca da necessidade de um engajamento na defesa do ecossistema e dos mais pobres e excluídos da sociedade. Nada acontece sem uma mudança de mentalidade (conversão). Promover ações concretas de cidadania e educação ambiental, lutando por políticas públicas eficazes de preservação, cuidado, responsabilidade com a natureza e os deserdados deste mundo. OBJETIVOS ESPECÍFICOS · Práticas e gestos que protejam o meio ambiente como dom de Deus e favoreçam a justiça social e a solidariedade com os pobres, como discípulos de Cristo, defendendo os excluídos da sociedade; · Levar os confrades a assumir esta prioridade; · Procurar sermos profetas no ambiente eclesial e social; · Fidelidade à prática de Jesus; · Promover práticas de mediação de conflitos, promovendo a vida plena. ATIVIDADES · Sensibilizar os confrades para a realidade social e ambiental; · Formação da consciência crítica; · Sensibilizar e formar os leigos para a participação nos movimentos; · Promover projetos de economia solidária; · Plantação de árvores frutíferas e de madeira de lei; · Aproveitar os MCS para promover a justiça e a paz; · Associar-se a entidades que tenham o mesmo objetivo; · · · ·

VIVAT; Promover a espiritualidade ecológica; Formação para políticas públicas; Socialização de literatura sobre o tema.

Para colorir


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Patricio Ruane Nasceu em kiltimagh no oeste da irlanda no dia 18 de fevereiro de 1928. Agricultor de nascimento e boxeador por opção. Nasceu numa família numerosa e cedo partiu para inglaterra à procura dum futuro melhor. Pe. Patricinho sempre teve um jeito especial de fazer as coisas. Neste caso não foi diferente. Não avisou ninguém de sua decisão, pegou o tnem para a capital dublin e dali embarcou no barco para inglaterra. No entanto escreveu um bilhete que deixou no sapato domingueiro do pai, para que ele o lesse quando se preparasse para ir à missa. Na inglaterra trabalho na safra do feno e da aveia, cevada e batata. Trabalhou também por empreita para ganhar dinheiro mais rápido. Trabalhou também na construção civil. Parte do dinheiro que ganhava mandava para a família na irlanda, ajudando os irmãos a tirarem um curso universitário. Com o passar do tempo patrício se chamou chamado a viver mais intensamente a sua fé, ele que era muito religioso e jamais se separara de sua fé. Procurou entrar numa congregação, mas não foi recebido já que tinha só o ensino primário. Mas não se deu por vencido. Aí conheceu os missionários do verbo divino. A svd tinha uma casa no país de gales onde dava oportunidade de candidatos terminarem o segundo grau. Aí ele terminou os estudos e voltou para a irlanda, seu país natal

onde entrou no seminário maior de donamon castle, roscommon. Nesta casa do verbo divino fez filosofia e o noviciado. Os estudos de teologia foi fazer em techny, nos estados unidos da américa do norte, chicago. Foi ordenado no dia 19 de março de 1963 em techny, chicago. Como costume da congregação recebeu seu primeiro destino que foi a índia, onde trabalhou uns 10 anos. Como a índia começasse a fechar as portas para missionários estrangeiros, depois das suas primeiras férias foi transferido para o paraguai, ajudando ali os agricultores a organizar cooperativas. Nos últimos anos de trabalho no paraguai trabalhou com os brasiguaios e o seu amor pelo povo brasileiro cresceu e ele mudou para a província brasil sul, trabalhando bastante tempo em medianeira paraná. Acompanhou o mst e até ficou morando num acampamento de sem-terra. Em 1988 com 60 anos de idade veio para a nossa região svd amazônia, trabalhando em trairão, rurópolis, óbidos, alenquer e agora

Medianeira Paraná 1986

no santo antônio do laguinho, como vigário cooperador. Foi o primeiro pároco verbita do trairão e lá enfrentou todo o tipo de dificuldades, no tempo dos grandes atoleiros da santarém cuiabá e conquistou a admiração do povo com sua determinação, enfrentando atoleiros e masis atoleiros, andando quilómetros e quilómetros a pé para cumprir a programação das visitas. O povo ainda lembra que quando marcava uma visita não faltava, mesmo passando por água acima da cintura ou largando o carro nos atoleiros. Atualmente vive na casa central da congregação, com a saúde bastante debilitada, mas ainda com o espírito muito vivo e atento ao que se passa ao redor.


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A Vida e a Missão do

Padre Patrick Ruane Estamos em tempo da graça do Senhor, pois o Padre Patricinho completou 85 anos de idade no dia 18 de fevereiro de 2013. E dia 19 de março celebrou as BODAS DE OURO DE ORDENAÇÃO SACERDOTAL. Quero expressar nestas poucas palavras a alegria, em primeiro lugar, de Deus o ter chamado e enviado para ser missionário. Em segundo lugar, a alegria de vivermos estes 6 anos, juntos, na Casa Regional, em Santarém, partilhando das orações, refeições, ajudando a cuidar de sua saúde e bem-estar junto com os demais confrades, com a Selma e a Sandra e as duas enfermeiras. Aprendendo com o seu carisma, sonhos, memórias, profecias e testemunho de vida. Neste espírito de alegria e ação de graças, foram feitos 3 momentos celebrativos com Padre Patricinho nas paróquias onde trabalhou. No dia 17 de março, a celebração da missa presidida por Dom Flávio Giovenale foi na Comunidade de Santo Antônio do Laguinho, em Santarém, com a presença de confrades, padres diocesanos, congregações religiosas e o povo. Após a celebração, houve um jantar com homenagem e testemunhos. A segunda celebração foi no município de Trairão, na Santarém-Cuiabá, no dia 24 de março. Lá, o povo recordou muito o tempo das longas caminhadas do Padre Patricinho na lama e atoleiros das estradas. Mesmo abandonando o carro ou a motocicleta, ele chegava ao seu destino, no final das vicinais, para celebrar a missa com o povo. Eu tinha sempre um pensamento quando andava a pé: “eu vou chegar”. E a terceira celebração foi no dia 17 de abril, durante a Assembleia Verbita na Paróquia de Santo Antônio de Alenquer. Todos nós, Verbitas presentes, nos alegramos com ele; mesmo estando doente, quis estar conosco e com o povo em Alenquer. Agora ele está mais debilitado nas pernas e corpo, mas sua memória sempre ativa, pensando nas coisas de Deus e aceitando suas limitações físicas. Parabéns pelo seu testemunho missionário e evangélico, Padre Patricinho. Você sempre caminhou nas estradas da vida e das comunidades rurais escondidas nos ramais e travessões da Índia, Paraguai,

Paraná e Transamazônica. Você é um homem sem fronteiras, levando a Boa-nova de Jesus Cristo, sendo presença de Deus a serviço dos pobres. Assim você fez acontecer o que o profeta Isaías proclamou: “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz Boa Notícia, que anuncia a Salvação” (Is 52,7). Obrigado, Padre Patricinho, pelo seu belo testemunho de vida e missão. Pe. José Boeing, svd – Superior Regional dos Verbitas na Amazônia


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