Dossiê Final Mercado do Bolhão e as suas vivências Design de Produto - ESSR - 2013/14
José Figueira - 11ºC1
Índice
Mercado do Bolhão e as suas vivências - Design de Produto
Páginas - Índice - A temática A vida, as pessoas e os produtos A arquitetura e história do Bolhão - Objetos afins O que é um individual Objetos base possivelmente inseridos
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nesta família
Exemplos de um design atual - Refeições ligeiras - Experiências As ideias, formas e funções
de um
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individual
- A Família Jorro Descrição da
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ideia final
-
as suas
formas e funções
Evolução da ideia A inspiração nas formas arquitetónicas do bolhão
Excução do protótipo - Anexos Memória descritiva Renders Proposta de trabalho Esboços de experiências Esboços iniciais da ideia final Esboços finais da ideia final Esboço cotado da ideia finais Desenhos técnicos
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A Temática
Mercado do Bolhão e as suas vivências - Design de Produto
A vida, as pessoas e os produtos
«O Porto é o lugar onde para mim começam as maravilhas e todas as angústias.» Sophia de Mello Breyner
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A Temática
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A vida, as pessoas e os produtos
“Tem muitos que trocam os bês pelos vês, mas poucos que trocam a liberdade pela servidão”. Almeida Garret
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A Temática
Mercado do Bolhão e as suas vivências - Design de Produto
A arquitetura e história do Bolhão O Mercado do Bolhão, como o conhecemos hoje, deve a sua forma exterior ao arquiteto António Correia da Silva, que o transformou no auge da 1ª Guerra Mundial. De planta retangular, ocupa um quarteirão inteiro na baixa do Porto, possuindo, assim, quatro frentes. Aberto ao céu no seu interior, possui bancas no pátio (construídas na década de 40), para além das localizadas no 2º andar e no edifício próprio, que se organizam em volta de um chafariz no centro do Bolhão. O edifício possui linhas neoclássicas, remniscientes das da escola do Porto de Marques da Silva, notando-se a influência tradicionalista e belle époque da École des Beaux Arts françesa nas opções tomadas pelos arquitetos em termos de estética e detalhes decorativos.
Fachada sul: A influência neoclassíca e franceça nota-se mais no exterior
O seu telhado é composto por duas cúpulas que encimam as esquinas da fachada sul, principal e mais alta, assim como os de influência francesa, baixos ao longo do edifício, e mais altos nas entradas laterais, e esquinas da fachada norte. Possui uma estrutura interior de ferro, e, apesar de a sua cobertura original de ferro e vidro, como numa gare, nunca haver sido completada, continua a fazer parte integral da arquitetura de ferro, cujos exemplos no Porto incluem a Estação de São Bento, e as Pontes D.Maria e Luís I. O Bolhão está, infelizmente, decadente. As pessoas resistem, sim, mas são as mais velhas que batem o pé, e quando essas desaparecerem, quem irá resistir? A sociedade portuense, nas suas boas intenções, ainda se vai impondo, com pequenas palavras de protesto face à situação deplorável, mas acaba sempre, quer seja por falta de verbas, ou por projetos que arruinariam o mercado como mercado, por nunca avançar com uma renovação decisiva.
As escadas da entrada oeste, notando-se o padrão do gradeamento
Panorama do interior do mercado; Em baixo, bancas dos anos 40
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A Temática
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A arquitetura e história do Bolhão Muitos projetos têm, entretanto, sido formulados. O que merece, talvez, maior destaque, será o da DRCN (Direção Regional da Cultura do Norte), e a adaptação do atual presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira. Consiste na instalação da cobertura original desenhada em 1914, de 250 toneladas, a renovação dos espaços de venda do piso inferior, da estrutura (nomeadamente o passadiço central, em muito más condições), e transformação de alguns espaços de venda - estes, localizados no edifício em si, e não os adicionados a posteriori no anos 40 - em restaurantes e pequenas lojas, ficando de fora da versão de Rui Moreira um parque de estacionamento e a ligação ao metro. Contudo, e devido ao constante desvio de fundos comunitários, e não só, há uma possibilidade de ser este outro projeto nunca levado avante. Escadas norte
Pormenor da calha do telhado
Passadiço central, com o chafariz no centro do pátio
Corredor dos espaços de venda
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Objetos Afins
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O que é um individual? Individuais são, num sentido difuso, objetos ou produtos preparados para serem utilizados, ou consumidos, por apenas uma pessoa. No sentido pretendido neste módulo, um individual é um objeto que contenha uma refeição – com o objetivo de ser uma refeição chamada “ligeira”, tendo como exemplo básico um pequeno-almoço – para apenas uma pessoa. Assim, será necessária uma família de objetos – 3 objetos, para ser mais preciso – capaz de, higienicamente e praticamente conter, não apenas no sentido de guardar, mas também de auxiliar ao consumo dos alimentos.
Refeição típica de cantina americana
Objetos-base possivelmente inseridos nessa família - Tabuleiro OS TABULEIROS – plataformas rasas desenhadas para transportar objetos, principalmente alimentares – foram observadas em grande escala nos meados do século XVII, na forma de salvas de metal, na Europa. Apesar de existirem semelhantes já no século VI a.C no povo Etrusco (povo italiano pré-romano), provando assim que o conceito de tabuleiro havia sido inventado na antiguidade, apenas se popularizou com o receio das monarquias Europeias dos venenos (proveniente a palavra “salva” do verbo “salvar”, ou seja, de aprovar a comida para consumo da nobreza, a partir de pequenas quantidades) escondidos na comida. Uusualmente feitos de metal, madeira ou cerâmica, existem cada vez mais diferentes tipos de tabuleiros, desde tabuleiros de criado (para servir bebidas ou pequenos alimentos em cafés/casas/bares), tabuleiros de cafetaria (de plástico ou fibra de vidro, usados em cantinas escolares, centros comerciais, ou buffets, com a possibilidade de já possuírem divisórias para colocar a comida), ou tabuleiros-mesa (com um mecanismo de pernas dobráveis, para, por exemplo, comer à frente da televisão), entre outros.
Tabuleiro etrusco de cerâmica negra, The Manchester Museum
Salva escocesa de prata, séc. XVII
Tabuleiros modernos para café
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Objetos Afins
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Objetos-base possivelmente inseridos nessa família - Lancheiras AS LANCHEIRAS – contentores de comida de fácil transporte e pequenas dimensões – apareceram em grandes quantidades após a revolução industrial, pela necessidade dos trabalhadores comerem fora de casa o almoço. Ainda que, em tempos anteriores, a alta sociedade utilizasse cestos tapados em piqueniques, e se transportava comida em grandes quantidades pelo mesmo método, apenas no século XIX se observa a popularidade crescente destes individuais na população trabalhadora, tendo o uso crescido ainda mais nas crianças no séc. XX, que levavam o almoço para a escola, agora símbolo da cultura americana. Nos anos 50, já se incluíam garrafas térmicas e talheres no seu interior, levando uma refeição completa no seu interior. Com o crescimento da indústria dos media, as lancheiras eram associadas a programas televisivos e outros franchises, contribuindo assim para a sua propagação entre as crianças. Para além disso, surgem ao longo do tempo variações do design principal. No sudoeste asiático, principalmente na Índia e Indonésia, as chamadas “tiffin box” – palavra inglesa proveniente da palavra indiana para snack, e que significa “refeição leve” – são contentores de alumínio sobrepostos, juntos por força tênsil, e que podem levar assim líquidos sem terem realmente tampa. A versão indiana da marmita é bastante mais eficiente em termos de líquidos do que as ocidentais sendo bastante utilizada por toda a Ásia, e moderadamente utilizada em certos países europeus (como o Reino Unido). Na imagem de cima, um lancheira simples de plástico, com uma refeição leve, provavelmente para crianças. Na imagem central, um exemplo do franchising de personagens apelativas a crianças, como forma de marketing. Na última imagem, um set de “tiffin box” indianas novas.
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Objetos Afins
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Objetos-base possivelmente inseridos nessa família - Lancheiras NO ENTANTO, no Japão feudal, já contentores semelhantes a lancheiras existiam. Entre o século XII e XIV, começaram a ser usadas as chamadas “caixas bento”, e refinadas durante o período Edo (século XVII), que consistiam numa caixa de bambu onde se colocava a comida já apresentada, ou então separada noutros pequenos contentores. Desenvolvendo-se até aos dias de hoje, é uma alternativa à lancheira tradicional, e observa-se em Portugal principalmente nas caixas de alumínio/plástico take-away (chamadas no Japão, traduzindo-se literalmente “bento de estação de comboios”, apartir de “Ekiben”). Ao lado, uma caixa bento tradicional. Ao contrário do ekiben, é altamente durável, e possui um maior cuidado estético. Com várias divisórias, faz parte, a par do hashi (os chamados pauzinhos chineses) e do serviço de chá, de uma família de individuais.
DE RESTO, pratos, talheres, copos, entre outros, inserem-se nesta família de objetos “individuais”. Inúmeros designs modernos existem reinventando o conceito de prato, copo, tabuleiro, e todos os objetos associados ao consumo de alimentos.
Exemplo de um design atual de individuais ASSOCIADO aos tabuleiros de cafetaria, e funcionando como prato, a designer coreana Yang So-yeon projetou uma folha de cartão, para colocar em cima de um desses tabuleiros, de forma a colocar a comida em cima. No entanto, através de cortes na folha, é possível criar barreiras de papel de forma a conter diferentes alimentos nos seus lugares. Assim, torna-se ideal em cantinas escolares e comerciais, pois diminui os custos associados à utilização de pratos de cerâmica ou plástico. Na imagem de cima, pode-se observar que, apesar de não conter líquidos, é capaz de conter peixe, fruta, e salada, para além de sandes. Na imagem de baixo, demonstra-se a forma de abrir as abas, criando assim um contentor simples rapidamente.
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Refeições Ligeiras
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O que é uma refeição ligeira? Uma refeição ligeira é uma refeição onde se consomem alimentos em pouca quantidade, ou então que sejam “leves”: que possuam poucas calorias em relação ao consumo diário recomendado para um humano. Dessa maneira, tanto um pequeno-almoço, almoço ou lanche (excluindo o jantar, pois na nossa cultura, é a refeição de maior proporções) poderiam ser considerados refeições leves. Assim, considerei 3 principais refeições ligeiras nas minhas ideias. A primeira, representada na imagem de cima, são as tapas. Ou seja, vários petiscos, dos quais retiramos uma pequena quantidade de cada um. A segunda, representada na imagem de baixo, seria um pequeno almoço “Continental”: um pequeno almoço completo, mas mesmo assim leve - excluindo assim os brunch, pela grande quantidade de comida ingerida. É composta por café, sumo e/ou leite com cereais, um bolo/pão doce, e um pão normal, assim como fruta, e acompanhado de geleias, manteiga, entre outros. A terceira seria um pequeno lanche, adaptado aos alunos escolares (pois ingerem vários lanches ao longo do dia), constituído por chá ou leite, e cereais, pão, bolhachas ou bolo. Nas imagens ao lado e em baixo, exemplos de refeições leves possíveis
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Experiências
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As ideias, formas, e funções de um individual - esboços Esta primeira ideia (figura A) consistia num tabuleiro, adaptado a copos e pratos de medida standard, de madeira maciça e certos elementos de metal (como o depósito de talheres. Várias ideias envolvem um tabuleiro como objeto-base de uma família de individuais, no entanto, em todas essas (e esta incluída), a única coisa verdadeiramente desenhada e pensada seria o tabuleiro. Desviei-me assim do que era pedido, e, por isso, tornavam-se inválidos para este módulo.
figura A
Com esta ideia (figura B), assim como as seguinte (figura C), implicava a utilização de contentores de plástico baratos (como os utilizados para conter produtos como marmelada), que iriam substituir os pratos. Essas ideias, que acabariam por serem lancheiras, implicariam a utilização de texteis, ou semelhantes, para os transportar (nomeadamente, um saco adaptado às formas dos objetos)
figura B
Em geral, incluí nas minhas ideias reentrâncias em objetos-base, de forma a encaixar objetos mais pequenos neles. Também elevei o plano nos tabuleiros pensados, onde se iriam pousar pratos, copos, tigelas e talheres, de forma ao seu corpo estar depositado no interior do tabuleiro, não podendo, assim, abanar. Nas lancheiras, noto a influência das caixas bento, e das tiffin box, pela sobreposição e organização num espaço apertado da comida, assim como influências do módulo passado, pela utilização de objetos que expiraram a sua utilidade comercial.
figura C
Pode-se observar que, na maior parte dos casos, houve uma maior preocupação sobre a forma dos objetos, que pela sua inserção no módulo
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A Família Jorro
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Descrição da ideia final - As suas formas e funções Constituída por três objetos, que podem ser usados independentemente, mas desenhados para uso conjunto (renders, esboços e desenhos técnicos disponíveis a partir da página 19) O primeiro objeto, denominado Tabuleiro Jorro, de alumínio, possui uma tigela já integrada (com a forma da cúpula do Bolhão) no centro, e, aos lados, um espaço para colocar canecas e copos standard, e alimentos sólidos. Colocam-se os talheres em reentrâncias laterais, que assentam num plano inferior. Pode-se comer num sofá, como num tabuleiro normal, por exemplo, pois a sua forma permite a colocação em cima das pernas, e é possível a colocação de pratos standard em cima da tigela. O segundo objeto, de madeira, e com pernas dobráveis e armação de metal em forma do padrão do gradeamento, transforma o primeiro objeto num tabuleiro de pequeno-almoço na cama. Denominado Suporte Jorro, a sua função de suporte é idealizado para uso numa cama, sendo também útil em certos sofás e cadeirões. Simétrico, possui a mesma forma geral, embora prolongada, do primeiro. É constituído por duas frações de madeira, curva, com 105 cm de comprimento total, mas apenas 42cm no topo (possuindo 30cm de altura), unidas por uma réplica em ferro de um motivo do gradeamento presente no mercado do Bolhão. Por fim, o terceiro objeto (denominado Tampo Jorro), uma chapa de aço inoxidável, é uma adição que vai além da problemática, nos contornos gerais do primeiro objeto, com a função de mesa. Possui 68 cm por 23 cm, mas é menos largo a meio (com 16 cm de largura), de maneira a encaixar no segundo objeto. Nas imagens ao lado, pode-se observar os esboços iniciais cotados dos objetos finais. No primeiro esboço estão representados os tabuleiro e suporte. Nos seguintes, estão, por ordem, o tabuleiro, o suporte e o tampo Jorro
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A Família Jorro
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Evolução da ideia final Após a escolha de qual ideia desenvolver, houve ainda vários pormenores que foram modificados/criados, melhorando assim a ideia original. Os espaços para alimentos no tabuleiro, depressões de 5 mm, teriam, originalmente, ângulos retos - escolhidos pela sua estética geométrica. No entanto, foram modificados, tornando os cantos inferiores curvos, pois, continuando as esquinas superiores retas, não iria diminuir a percepção geométrica, e o seu valor estético, enquanto tornava esses espaços mais fáceis de limpar. A par desta mudança, uma oposta ocorreu na tigela, tendo modificado as esquinas superiores, tornando-as curvas, apesar dos cantos inferiores não o serem (pois, não sendo rectos, possuindo uma maior amplitude que os anteriores, continuam a ser bastante fáceis de limpar). Todavia, o espaço para colocar canecas e copos, à direita, por ter que assegurar o maior equilíbrio aos objetos lá colocados, possui apenas ângulos rectos. O espaço dos talheres também acabou por ser modificado. O desenho original previa uma pequena reentrância no topo, onde o talher seria enfiado, vindo bater num pequeno compartimento em baixo, onde se guardariam outros consumíveis. Porem, isso impossibilitaria o empilhamento das peças, pelo que se optou pela forma atual. Uma reentrância corre, quase do topo até a uma pequena caixa em baixo, tornando possível o empilhamento, e retendo a função, tendo até melhorado a estética do produto. Os talheres equilibram-se pelo seu próprio peso: pelo ângulo existente, batem em cima no fim da reentrância. Em baixo, permanece no interior do compartimento, mantendo-se assim estável . Nas imagens ao lado, pode-se observar a diferença entre os esboços iniciais, e a solução encontrada para o problema que apresentavam
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A Família Jorro
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Evolução da ideia final Também, e apesar de que ainda não tivesse sido escolhida como ideia final, o tabuleiro possui-a uma forma diferente. Consistia numa tigela igual, que possuía de lado compartimentos de volume semelhante a essa tigela. Apesar de ser mais simples, não ia de encontro ao que pretendia. Efetivamente, a maior parte das mudanças afetaram o tabuleiro, peça central e com mais pormenores de todas. Não obstante, o suporte de tabuleiro, a segunda peça da família, sofreu algumas alterações. A sua forma curva, anteriormente díspar nos dois lados pela existência de dobradiças num dos lados, é agora cortada de ambos os lados. Assim, cria-se uma simetria aparente (sendo apenas perdida pela existência das dobradiças escondidas). Também o corte efetuado na madeira, onde numa das pontas o eixo das dobradiças mais altas iria fica, mudara. O desenho original, baseado num corte em forma de meio círculo, tornava a pontinha da perna que assentava nele demasiado fraca, fina, e possivelmente perigosa. O novo desenho, numa forma semelhante à das cúpulas do Bolhão, não torna a ponta tão frágil, melhorando também a área em que assenta a perna, tornando-a menos propensa a passar para além do ângulo designado. Por fim, a armação de metal imitando fielmente o gradeamento do Bolhão, devido à forma do tabuleiro, incompatível com a altura dessa armação, foi mudada. Apesar de parecer uma réplica fiel de cima, possui alturas diferentes, conforme a parte do tabuleiro que assenta nela. De cima para baixo: diferença entre primeiras ideias para o tabuleiro, e as finais; diferença da forma do corte onde as pernas assentam; esboço do suporte metálico, adaptado ao tabuleiro.
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A Família Jorro
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A inspiração nas formas arquitetónicas do bolhão O tema (Mercado do Bolhão e as suas vivências) influenciou bastante as formas, quer gerais que mais pormenorizadas, da família. Apesar de se poder referir a “pormenores das gentes, dos espaços de venda, dos produtos e dos elementos da sua arquitetura”, houve um maior foco nos pormenores da arquitetura, mas também a uma visão geral e macroscópica da organização e arquitetura dos espaços físicos do Bolhão. As cúpulas do mercado dão forma à tigela do tabuleiro, como o gradeamento redondo dá forma ao suporte dessa mesma tigela. Estes são os dois elementos imediatamente/mais reconhecidos, pois tratam-se de apropriações diretas das formas reais. Segue-se as suas curvas estruturais, referentes à arquitetura de ferro, e mais especificamente, à presente no mercado do Bolhão. Há, por fim, um paralelismo entre a forma geral do tabuleiro e a forma do Bolhão, principalmente pela organização do tabuleiro com a organização dos espaços de venda e circulação do mercado. Particularmente, pode-se destacar a relação dos espaços de venda com os espaços alimentares, a praça central com a tigela, e o espaço dos copos como o espaço aberto à beira da escadaria. Assim, é justificável a escolha do nome “Jorro” para esta família de objetos. A palavra bolhão é definida como “borbotão de água ou de outro líquido” (sendo esse o nome do mercado por ali ter existido uma “bolha” de água criada por um regato). Assim, a palavra jorro acaba por significar o mesmo que bolhão. A intenção deste nome é a de realçar as parecenças desta família com o mercado do Bolhão. De cima para baixo: Semelhança entre a forma da cúpula e a tigela, e entre o suporte metálico e o gradeamento; Exemplo de uma curva estrutural do Bolhão que inspira as curvas estruturais do tabuleiro; Vista aérea do mercado, comparada a uma vista de cima do tabuleiro.
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A Família Jorro
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Execução do protótipo Realizaram-se dois protótipos diferentes, um do tabuleiro, e outro do suporte. Estes representam apenas parte do projeto, pois a intenção é a de assegurar que funcionam, e não a de realmente executar o objeto. Em madeiras, foi optado construir duas pernas, de forma a testar o mecanismo de dobradiças. Assim, a partir de madeira de pinho, foi cortado na serra universal troncos de 3 por 3,5 cm. Com um lápis, foram assinalado certos ângulos e curvaturas, pelas quais se iria cortar no tico-tico, juntando certas partes com cola apropriada. Após tomar a forma planeada,juntar-se ia as respetivas pernas à parte superior através de dobradiças, escondidas numa depressão na madeira. Em metais, foi optado executar a tigela, pela sua forma aproximadamente cónica. Começou-se assim por, com um riscador, desenhar a planificação de tronco de cone previamente estudada em ferro. Após cortar essa planificação, assim como um quadrado 16 por 16 cm, com um orifício circular com 14 cm de diâmetro (onde a base do cone iria ficar), deu-se forma ao cone, colocando a planificação à volta de um cone de madeira, com um martelo. Quando a forma dada estivesse correta, apertou-se com arame, para que ficasse não se mexesse, soldando de seguida as pontas, tornando essa planificação num tronco de cone. A esse tronco, solda-se também o quadrado em cima, e um círculo menor em baixo. Industrialmente, porem, seriam utilizados métodos mais eficientes e baratos. Por exemplo, para a madeira adquirir a forma desejada, os troncos de madeira seriam dobrados a partir de um método a vapor, que tornaria a madeira momentaneamente maleável. Ao lado, alguns dos processos utilizados na execução dos protótipos. Na terceira e quarta fotografia, note-se que a forma redonda fora adquirida através de um processo de corte e colagem. Essa mesma forma poderia ter sido feita por um método a vapor. Na quinta fotografia, uma máquina desenhada especialmente para cortar formas curvas.
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Anexos
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Memória descritiva e Justificativa A presente memória descritiva e justificativa refere-se ao projeto de um conjunto de objetos para uma refeição ligeira unipessoal, que responde a uma problemática específica da 4ª unidade didática do curso de Design de Produto.
A família de objetos desenvolvida, denominada Jorro, é composta por três objetos, um principal e dois secundários, um desses que, largamente, tem a função de apoio ao principal e a um dos secundários, sendo direcionado para a classe média.
A problemática (os artefatos e o seu consumo na sociedade atual) teria de ser respondida relacionando-se com o tema “O Mercado do Bolhão e as suas vivências”. Assim, fora necessário a realização de um levantamento fotográfico do Mercado do Bolhão, com destaque para os pormenores das pessoas, dos produtos, dos espaços de venda, e dos elementos da sua arquitetura.
Relaciona-se com o Mercado do Bolhão de várias maneiras, desde a sua inspiração à arquitetura de ferro, a organização geral dos seus espaços, ou pormenores decorativos.
Também, e de modo a compreender e conhecer melhor os “Individuais” – denominação utilizada para os conjuntos de objetos para uma refeição ligeira unipessoal – fora realizada uma pesquisa, que contemplasse objetos afins, desde os primórdios até projetos de designers contemporâneos. Obteve-se assim os conhecimentos necessários – do tema e da problemática – para proceder à realização de esboços de pesquisa formal. Nesses esboços, apresentou-se “famílias” de objetos que se complementassem, necessários a uma refeição ligeira unipessoal, verificando-se uma predominância de objetos que oscilam entre tabuleiros e lancheiras como peças centrais. A pesquisa formal culmina na realização de esboços cotados do objeto final, e de um dossiê de anteprojeto, que é apresentado antes da execução nas oficinas dos individuais.
O primeiro objeto (denominado Tabuleiro Alimentar Jorro), é um tabuleiro de aço inoxidável, com 8,5 cm de altura, e 16x52.5cm de área, sendo apenas 16x41 cm dessa área plana. Possui ao centro uma tigela incorporada, assim como um espaço para pratos de sobremesa, e, ao lado, dois espaços para comida (tendo um deles uma reentrância para canecas e copos standard). De lado, para além de pegas cortadas na chapa, possui reentrâncias que permitem depositar talheres. O segundo objeto (denominado Suporte de Tabuleiro Jorro), com a função de suporte é idealizado para uso numa cama, sendo também útil em certos sofás e cadeirões. Também simétrico, possui a mesma forma geral, embora prolongada, do primeiro. É constituído por duas frações de madeira, curva, com 105 cm de comprimento total, mas apenas 42cm no topo (possuindo 30cm de altura), unidas por uma réplica em ferro de um motivo do gradeamento presente no mercado do Bolhão. A madeira, de forma a diminuir o espaço que ocupa ao arrumar, possui dobradiças, que colocam as pernas uma em cima da outra.
Dessa maneira, e de forma a suportar a execução posterior nas oficinas, produziu-se uma representação digital técnica para cada objeto, assim como um modelo em 3D digital.
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Anexos
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Memória descritiva e justificativa Por fim, o terceiro objeto (denominado Tampo Jorro), uma chapa de aço inoxidável, é uma adição que vai além da problemática, nos contornos gerais do primeiro objeto, com a função de mesa. Possui 68cm por 23 cm, mas é menos largo a meio (com 16cm de largura), de maneira a encaixar no segundo objeto.
Essa fora, então, a razão da escolha do nome “Jorro”, pois seria um sinônimo de “Bolhão” (bolhão significa “borbotar de água”, podendo-se então substituir a palavra borbotar por jorrar) José Diogo Figueira, autor do projeto
De forma a testar certos elementos técnicos dos objetos, iniciou-se a construção de dois protótipos nas áreas tecnológicas, nomeadamente a tigela e o mecanismo de dobradiças. A tigela, em ferro, consiste numa planificação de um tronco de cone de 8,5 cm de altura, 14 cm de diâmetro no topo, e 8cm em baixo, que após cortada, é soldada a um círculo de 8 cm de diâmetro em baixo. Em relação às dobradiças, fora necessário a execução das pernas curvas em madeira de pinho (sendo no projeto inicial faia), cortando troncos de 3,5 cm de comprimento por 3 cm de largura, e, após calcular a forma das curvaturas e ângulos necessários, cortar e juntar a madeira (aposto ao método a vapor, utilizado industrialmente, a partir de um único tronco de madeira), as dobradiças seriam instaladas escondidas na madeira, numa depressão de volume igual ao das dobradiças. A família de objetos apresenta, por fim, várias semelhanças ao Mercado do Bolhão. A tigela, possuindo a forma das cúpulas do mercado, e o suporte dos tabuleiros, com o formato do gradeamento, são os dois elementos imediatamente reconhecidos, seguindo-se as suas curvas estruturais, referência à arquitetura de ferro do mercado. Há, então, um paralelismo entre a forma geral do tabuleiro e a forma do mercado do Bolhão, principalmente pela organização do tabuleiro com a organização dos espaços de venda e circulação do mercado, podendo-se, então, considerar a família como uma representação moderna e à escala do Bolhão.
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