Atlântico Expresso Fundado por Victor Cruz - Director: Américo Natalino de Viveiros - Director-Adjunto: Santos Narciso - 4 de Maio de 2015 - Ano: XVI - N.º 85747 - Preço: 0,90 Euro - Semanário
Nota de Abertura
A nossa Festa! Nesta segunda-feira, pelo meio-dia, ouvir-se-ão os primeiros foguetes, nos ares de Ponta Delgada, a anunciar que estamos na Semana das Festas do Senhor, deste ano 2015. Cheira a festa, a convívio, a esperança que se adensa neste ciclo de saudade que enforma e informa a gente das ilhas, com o mar por horizonte e a distância como companhia: os que estão e recordam os ausentes; os que partiram e fazem dos seus pensamentos caminhos de alma a percorrer cada canto, cada rua, cada nesga de altar lavado nas lágrimas do não poder regressar; e ainda os que chegam e de longe vêm e aqui fazem tempo de trabalho e de melhoria de vida. Há como que um contraste que dá o tom à actualidade de uma festa multissecular. Todos os anos, as Festas do Senhor batem à porta de cada açoriano e de um modo especial de cada micaelense. E batem à porta com a mesma intensidade com que o Provedor da Irmandade dará os toques tradicionais, a pedir às religiosas guardiãs da Imagem que autorizem que esta seja entregue ao povo para que durante dois dias a venere como “Príncipe das Ilhas” e Rei do Universo. Em cada casa, mesmo na mais pobre, mesmo na mais distante, onde o progresso teima em não chegar, nos acessos e na qualidade de vida, há um cheiro diferente, há um sentir de algo que vai acontecer, porque, embora repetido, em cada ano, no ritual e nos gestos, cada festa do Senhor Santo Cristo é mesmo um acontecimento que marca e que perdura. Chegam as cartas de longe, regadas de saudade. Tocam os telefones e agora, multiplicam-se os e-mails. Marcam-se viagens. Acertam-se datas e a espera torna-se alegria incontida que bate à porta dos vizinhos, familiares e amigos que, no dia certo, sem fazer conta de tempo nem de hora, enchem o Aeroporto, como outrora já encheram o cais, mãos a acenar, sem saber bem se saudar ou se limpar as lágrimas de tanta saudade que a festa do Senhor vem matar por uns dias. Nos últimos tempos, as festas do Senhor Santo Cristo estão a tornar-se num ponto de encontro diferente, mas mais abrangente. Já não são só os emigrantes que regressam, com filhos e netos, descendentes desta aventura açoriana no Mundo. Agora, com os novos caminhos abertos pela liberalização dos transportes aéreos, gente de outros lados demanda a ilha para estar, num importante cartaz de turismo religioso a que não nos podemos subtrair. Fé, religiosidade e turismo religioso são três coisas absolutamente diferentes, mas hodiernamente indissociáveis. E é esta capacidade de adaptar, sem mudar a essência da celebração que nos pode levar a patamares de vivência e de respeito. Enquanto se aprestam os ornamentos e as luzes, milhares de pessoas preparam-se para cumprir promessas de súplica e agradecimento. Não se pode confundir Fé com religiosidade e há que continuar a dizer com clareza que “Deus não quer sacrifícios, mas sim misericórdia”. Mas há o outro lado da questão: ninguém pode nem deve julgar quem prefere esta forma de relacionamento com o Infinito, sem qualquer tipo de mediação. Por isso mesmo, é possível e é desejável que convivam, sem falsos pudores nem mediáticos ardores, estas três dimensões duma Festa que perdura no tempo, que a Igreja não impôs nem impõe, mas que se dispõe a todos, os que crêem, os que assistem e os que apenas fazem turismo! Quem pode mandar e orientar o coração de cada homem e de cada mulher que olha o Senhor na penumbra do altar, dentro das grades do Coro-Baixo, ou no brilho do trono de luz e de glória do seu andor? Quem pode penetrar no sentido de cada olhar, na magia de cada gesto ou no sentimento de cada promessa? O Senhor, nesta Imagem, tornou-se o “Cativo” das Ilhas para libertar outros tantos cativeiros que a linguagem humana não entende. Estamos na Semana da Festa! A nossa Festa! Santos Narciso
AUGUSTO ATHAYDE EM ENTREVISTAAO AE
COM A VINDA DAS LOW COST NÃO ESTÁ EM CAUSA A QUALIDADE DO SERVIÇO DA SATA E DA TAP
Augusto Athayde ressalva o papel da SATA e da TAP nas ligações dos Açores ao continente e a outros territórios. “Acho que a SATA e a TAP fazem um trabalho extraordinário. Não está em causa a qualidade do serviço que estas duas companhias prestam, que é
muito bom, mas acho que a vinda de companhias de outros mercados é bom, porque só assim é possível que muitas pessoas que não conseguiam pagar valores mais altos, mesmo comprando as passagens com antecedência pela internet, o façam agora. págs. 2 e 3
PROJECTO DE SUCESSO
HORTA COMUNITÁRIA DOS GINETES TEM LISTA DE ESPERA O sucesso das hortas comunitárias dos Ginetes tem sido tanto que desde 2013 até agora, os 16 lotes têm estado constantemente cultivados e há uma lista de espera de quatro famílias que querem usufruir também de um espaço de cultivo. A Junta de Freguesia quer alargar o número de lotes para conseguir dar resposta a todas as solicitações que não se confinam apenas à freguesia. Há estrangeiros, pessoas de Ponta Delgada e até de outras freguesias que têm ali um espaço de cultivo e que vão trocando os produtos que têm a mais e também trocam experiências e sabedoria. pág. 7
180 EMPRESAS DOS AÇORES NÃO TINHAM SEDE NA REGIÃO EM 2013 Das 5374 empresas que existiam nos Açores há dois anos, 180 tinham sede fora do arquipélago. Pelo quarto ano consecutivo o Observatório do Emprego e Formação Profissional da Direcção
Regional do Emprego e Qualificação Profissional publicou uma nova série estatística que engloba os dados mais relevantes da informação social das empresas extraídos do Relatório Único. págs. 12 e 13