CAPÍTULO 4 A Sala de Adoração aos Deuses Quando Roland e eu fizemos nossa terceira visita à assembleia de adoradores de demônios, George nos informou que o sacerdote satanista estaria presente, tendo recentemente retornado de uma viagem aos EUA. Ele estava bastante confiante de que o sacerdote nos olharia com simpatia e que, sem dúvida, nos permitiria o acesso à sala de adoração aos deuses. Ao entrarmos, fomos apresentados a algumas pessoas que ainda não conhecíamos, e logo começamos a conversar com os que vieram desejar-nos uma boa noite. Pouco depois, o sacerdote entrou. Apertando as mãos das pessoas e dirigindo-lhes algumas palavras, ele veio se aproximando de nós. Quando chegou até nós, George disse: – Reverendo, gostaria que conhecesse estes dois finos cavalheiros. Conversamos com ele por uns momentos, e ele nos surpreendeu com algumas coisas que disse. Por exemplo, quando George comentou que nós tínhamos servido na Marinha Mercante, o sacerdote mencionou os nomes dos navios em que estivéramos, bem como alguns detalhes dos quais ninguém tinha conhecimento. Tenho que admitir que isto nos impressionou bastante. Ele, então, pediu licença e disse que gostaria de ter uma breve conversa conosco em algum outro momento durante aquela noite. Não só as suas palavras, mas também a sua própria presença, refletiam um ar secreto e misterioso. Seu olhar era penetrante, sua cabeça calva e, ao falar, sua voz grave e profunda se fazia acompanhar por um pequeno sorriso. Sua estatura, por si só, era imponente. Eu diria que era a mesma do General Charles de Gaulle [militar renomado e ex-presidente da França, que tinha uma estatura elevada]. Depois de uma demorada sessão de testemunhos aos deuses, o sacerdote novamente se juntou a nós, numa conversa agradável. Ele disse que os espíritos lhe haviam dado muitas informações a nosso respeito e tinham manifestado o desejo de beneficiar a nossa vida e de conceder-nos grandes dádivas. Quando a maioria das pessoas já havia saído, ele nos convidou para visitarmos a sala de adoração aos deuses. Para se compreender melhor quão perturbadoras e quase chocantes seriam para mim as revelações que logo iria receber, devo descrever as imagens mentais que a minha criação católica havia incutido em minha mente a respeito do diabo e de seus anjos caídos. Em minha infância, os adultos me haviam ensinado que o diabo e seus anjos estão no fogo do inferno, no centro da Terra, cuidando da infindável tarefa de impor vários tipos de tortura às almas daqueles que morreram em estado de pecado mortal. Os adultos descreviam os demônios para nós, crianças, como um tipo de criatura, meio animal, tendo chifres, cascos e cuspindo fogo. Ao entrar em minha adolescência, concluí que essa coisa toda era ridícula, e que provavelmente era invenção de alguma mente muito fértil, que durante os séculos passados quis se aproveitar dos supersticiosos e ignorantes. Posteriormente, questionei a própria existência do diabo e seus anjos. Descemos as escadas com o sacerdote, que parecia estar se deleitando em nos mostrar o seu santuário. Enquanto íamos andando, ele ia nos contando como um espírito havia desenhado o projeto e a arquitetura do local. Ele apontou para os complexos detalhes de delicada beleza ao longo da escadaria. Posso lembrar-me ainda hoje dos entalhes que ornavam o seu maciço balaústre, das 24