CAPÍTULO 1 Molestado Pelos Espíritos Eu estava pegando um livro para ler quando o papel, com o recado de Roland pedindo que eu lhe telefonasse, começou a levitar pelo quarto e bateu no meu livro aberto com tal força que o livro caiu das minhas mãos e quase do meu colo. Meu primeiro impulso foi dizer uma ou duas coisas ao espírito, mas eu já havia tomado a decisão de não me envolver mais em contato verbal com os espíritos, custasse o que custasse. Colocando o pedaço de papel entre as páginas do livro, continuei a leitura. Poucos momentos depois, uma força invisível arrancou o livro das minhas mãos e o atirou contra a parede do outro lado da sala. Não por causa do que os espíritos fizeram, mas por respeito ao meu amigo, decidi ligar para ele. Havia um telefone público no corredor, mas neste caso preferi não usá-lo; então, me dirigi a um restaurante no final da rua. Enquanto me assentava na cabine telefônica, dei uma olhada no relógio. Era 1:00 da manhã. O telefone tocou duas vezes. – Alô! Morneau, é você? – Sim, sou eu. – Morneau, que diabos! ...O que estou falando? Não foi isto que eu quis dizer. Tencionava dizer que você está brincando com sua vida. Você perdeu a cabeça? – Você parece transtornado – repliquei. – Qual é o seu problema? – Meu problema? Eu não tenho problema. Você é que está em uma grande encrenca e fala como se não tivesse uma única preocupação no mundo. Morneau, sempre admirei seu espírito ousado, mas agora você foi longe demais. Você se voltou contra os espíritos que o têm beneficiado e eles o destruirão. Estou surpreso de que você ainda esteja vivo. Rapaz, estou preocupado com você. Estou sentado ao lado deste telefone a noite inteira esperando pela sua ligação porque me interesso pelo seu bem-estar. Você não tem nada para me dizer? – É claro que tenho algo para lhe dizer. Mas como posso lhe dizer se você ainda não me deu uma chance de abrir a boca? Imediatamente, ele continuou: – Morneau, você não avalia a extensão do problema em que se meteu. Na quartafeira à noite, de acordo com o sacerdote satanista, você esteve em grande dificuldade com os espíritos. Mas agora é tarde, muito tarde. – Roland, – interrompi – se você se acalmar, será muito mais fácil de nos entendermos. Agora explique melhor sobre quarta-feira à noite. Após alguns momentos, ele recuperou a calma. – Na última quarta-feira, quando entrei em nosso local de culto, fui levado ao escritório do sumo sacerdote. Ele me perguntou se eu o havia visto na semana passada. Sua expressão me deu a entender que algo terrível havia acontecido. Perguntei se você estava morto; imaginei que poderia ter sofrido um acidente. Ele me afirmou que você estava em uma situação ainda mais horrível. Na terça-feira, durante a hora sagrada da meia-noite, um espírito conselheiro apareceu a ele e disse que você estava estudando a Bíblia com os guardadores do sábado, os quais são exatamente as pessoas que o mestre mais odeia na face da Terra. O sacerdote me pediu para tentar encontrá-lo a fim de fazêlo entender acerca do perigo em que se você se encontrava, mas não pude achá-lo. – Está tudo sob controle – eu disse. – Não estou em perigo tão grande assim. 8