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História, natureza e
gastronomia Fomos ao encontro de Anabela Freitas, Presidente da Câmara de Tomar, que partilhou connosco os principais pontos da sua estratégia para a afirmação turística do concelho.
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Possivelmente, o domínio em que a atratividade de Tomar tem sido mais reconhecida é o do seu património histórico e edificado. O exemplo mais célebre será o do Convento de Cristo, Património da Humanidade, destacando-se também a Sinagoga mais antiga do nosso país, além dos muitos outros elementos que documentam a coabitação que aqui existiu entre três religiões e culturas (Cristianismo, Judaísmo e Islão). Numa segunda dimensão, o concelho apresenta um relevante património natural. A este nível, merece evidência a Albufeira de Castelo de Bode e as múltiplas possibilidades de lazer que este local propicia. Perante isto, as condições afiguram-se como estando reunidas para que Tomar se projete cada vez mais como destino turístico de referência, no plano nacional bem como internacional. A autarca entende, porém, que ainda resta muito para fazer na exploração deste potencial. “A média de noites de permanência dos turistas é de 1,6 e queremos criar as condições para que pernoitem mais tempo”, sublinha. Um dos grandes eixos da afirmação do concelho passa pelo reforço da sua marca de “Cidade Templária”, um trabalho que “leva anos a fazer-se mas que terá de ser consolidado”. Para além disso, e num contexto atual em
que “o turismo é cada vez mais experiência”, o Município pretende reforçar e aprofundar o contacto dos visitantes com os produtos endógenos do concelho, mediante a criação de pacotes que articulem a visita a Tomar com o consumo dos artigos produzidos localmente. Tal passa, por exemplo, pelo seu encaminhamento a “provas de vinhos, nos espaços dos produtores do concelho”, ou pela “sensibilização dos restaurantes para que adquiram artigos locais (como os vinhos ou os azeites) e ajudem na sua publicitação junto dos seus clientes”. Simultaneamente, um outro foco reside também na agenda cultural do concelho. “Pretendemos que, sobretudo entre maio e outubro, exista pelo menos uma vez por mês um grande evento, com projeção nacional, para que assim mais pessoas possam vir conhecer Tomar”, declara, acrescentando a intenção de que esta dinâmica seja alargada “a todos os meses do ano”. Posto isto, e retomando a temática vinícola, Anabela Freitas chama a atenção para a necessidade de que “a Rota do enoturismo na região seja melhor sinalizada e para que se crie uma imagem coerente”, ao mesmo tempo que assume que “o Município terá um maior envolvimento no apoio à presença dos produtores em feiras”.
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Herdade dos Templários
vinhos com História Tomar e o legado dos Templários são o cenário ideal para a concretização de um sonho de família. A aliança entre a história e a melhor seleção de castas, nacionais e internacionais, culmina em vinhos de excelência, galardoados em vários concursos da especialidade, que o convidamos a desfrutar. nhecidos não só pelos principais concursos nacionais e internacionais, mas mais importante pelos nossos clientes que nos acompanham há quase 30 anos”, sublinha Paula Costa. “Hoje os nossos vinhos estão presentes, para além do mercado nacional, em mais de dez mercados internacionais”, complementa. A Herdade dos Templários conta com 30 hectares que contemplam 18 hectares de Vinhas, Adega, Salão para
A Herdade dos Templários nasceu da paixão pelos vinhos de uma empresa familiar que, em 1989, concretizou o sonho de ter uma Quinta e produzir o seu próprio vinho. Tomar foi a opção certa por apresentar condições naturais favoráveis ao cultivo da vinha que existe há vários séculos nesta fértil região agrícola.
Eventos e a Casa da Quinta, a abrir brevemente ao público como unidade de alojamento local que irá potenciar o enoturismo. A Adega tem as portas abertas de segunda a sexta-feira, sendo possível, através de marcação, efetuar visitas guiadas com prova de vinhos.
Inspirada pela história que se “respira” nesta cidade Templária, Paula Costa abraçou este projeto e desde logo a sua aposta passou pelo forte investimento na qualidade. Para isso, a empresária deu início à construção de uma nova adega, totalmente equipada, assim como à reestruturação gradual das vinhas, selecionando as mais nobres
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castas nacionais e internacionais. “Com uma produção de cerca de 150 mil garrafas por ano, criámos em pequena escala grandes vinhos, reco-
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A Casa Agrícola Solar dos Loendros remonta ao início do século passado, tendo sido constituída como empresa em 1995, fruto do gosto e dedicação de Diamantino Ferreira, seu fundador. Hoje, António Ferreira é quem assume o leme e, em conversa connosco, revelou os segredos desta casa.
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paixão pelo
A adega está situada em Marmeleiro, a oeste de Tomar. A sua envolvência reveste-se de tradição e de uma localização privilegiada para a produção vinícola, com 25 hectares de vinhas que beneficiam de um clima ameno e de solos argilo-calcários. As castas usadas foram selecionadas em função dos conhecimentos que foram sendo adquiridos. A enóloga, Teresa Nicolau, revela que “Diamantino Ferreira, emigrado na Venezuela, ao decidir investir na sua terra natal, trouxe algumas inovações para a região”. Assim, o Solar dos Loendros foi o promotor na região de castas estrangeiras, introduzindo o Chardonnay e o Cabernet Sauvignon, o que ainda hoje constitui um fator diferenciador dos vinhos aqui produzidos. Para além destas duas, adotam, nas tintas, a Touriga Nacional, o Castelão, a Trincadeira e, nas brancas, a Malvasia-fina e o Fernão Pires. Com uma produção média anual de cerca de 150 mil litros, os seus rótulos refletem tradição e a imagem dos loendros que dão nome à Casa. Na sua gama, destacam-se os já referidos Chardonnay e Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional em monovarietais. Para além disso, são de nomear o vinho “Solar dos Loendros”, da colheita de 2015 – um blend produzido sempre com as mesmas castas desde a sua origem: Trincadeira, Castelão, Cebernet Sauvignon e Touriga Nacional. Já em 2016 foi lançado o Reserva, produzido só com a casta Touriga Nacional da colheita de 2014, tendo como marca comercial “O Mordomo”, cujo nome advém
inho
da Festa dos Tabuleiros de Tomar. Para o proprietário, “este local possui um micro-clima especial onde os terrenos são fortes e as vinhas são de encosta, produzindo vinhos extraordinários. As inovações e o interesse crescente dos amantes do vinho têm feito com que esta zona e a adega sobressaiam pela qualidade”. A enóloga reforça que “a frescura e a acidez são das características que mais se evidenciam no vinho branco da casta Chardonnay”. Em termos de mercado, os vinhos da Casa Agrícola Solar dos Loendros estão presentes sobretudo no mercado nacional e são também exportados para países como Venezuela ou Suíça. Dentro da sua dinâmica de promoção, em que os canais de marketing são escolhidos de forma criteriosa, destaca-se a presença em feiras como o Mercado de Vinhos no Campo Pequeno, e em Concursos Internacionais e Nacionais como a Gala dos Vinhos do Tejo. Para além do desafio da divulgação, a melhoria dos vinhos é uma aposta constante e, nesse sentido, o Solar dos Loendros investiu em cubas de fermentações de inox e duas cubas em particular com sistema de autovinificação. Para o futuro, o objetivo é “continuar a trilhar o caminho da qualidade, optimizar o portefólio de castas autóctones, promovendo o turismo vitivinícola, sem descurar o respeito pelo meio ambiente e sua biodiversidade e pelos seus parceiros, colegas e amigos produtores”, conclui Teresa Nicolau.
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