Centro de Ciências Sociais Licenciatura em Ensino Básico – 1º Ciclo Disciplina: Estágio 4º Ano/ 1º Semestre Docente: Mestre Helena Paula 2009/2010 Reflexão semana de estágio 14 e 15 Dez 09 A aula teve início com a continuação da leitura do documento de Sérgio Niza, onde abordámos o Diário de Turma e o Conselho de Cooperação. Na leitura feita, pudemos observar a evolução que teve o Diário de Turma a que Freinet chamou Jornal de Parede e a que Niza chama de Diário de Turma. Niza até diz que vê-o «…como a memória histórica e registo cultural de um grupo de alunos com o seu professor…». Niza, vê o Conselho de Cooperação Educativa como uma «…instância não somente de partilha de poder, mas de exercício directo da participação democrática na escola e motor do desenvolvimento moral (para a cooperação através da cooperação), social e cívico (pela promoção do auto-controle e da construção das normas e dos valores democráticos vividos numa instituição educativa auto-regulada por consensos negociados)…». O Jornal de parede chegou a Portugal a partir da estadia de Isabel Pereira que trabalhara com Freinet na escola de Vence. Este Jornal continha colunas, que vieram a ser retiradas em 65/66, por influência dos Russos. Depois os Franceses trouxeram o modelo com colunas. Os professores sentiram necessidade de lhe colocar colunas novamente, para que nele fossem registados os acontecimentos mais significativos da vida da turma. Desta forma foi acrescentado um valor de criador, de construtor de sentido social ao Diário. O que hoje temos como Diário de Turma foi proposto por Sérgio Niza. Terminada a leitura deste documento, falámos sobre um assunto para nós pertinente, que é o facto de se chamar de ensino tradicional ao modelo com que trabalhamos até este ano. Esclarecemos a professora Helena de que ensino tradicional é aquele que é apenas expositivo e que nós durante a nossa formação nunca trabalhamos assim, até porque os nossos professores não
queriam. O que nós praticávamos era uma pedagogia pedocentrada, onde o professor, já não é visto como a figura principal. Ao falarmos sobre os dois modelos, inevitavelmente acabamos por compará-los, o que fez com que a professora Helena dissesse que «não existiam metodologias infalíveis e que o MEM não é a aspirina para todos os males da sociedade». Ao abordarmos os dois modelos, falámos sobre os trabalhos de casa. A regularidade com que são enviados para casa, depende de escola para escola e a professora disse-nos que no MEM não é apologista destes, ou melhor, é desde que de uma forma moderada. Por vezes o que pode acontecer, e verifico isso na minha sala de estágio, é os alunos levarem o PIT a casa para terminá-lo. No final da aula, houve uma discussão, sobre um tema lançado pelo Manuel e que estava relacionado com o facto de ele concordar que na escola da filha, todos os meninos levassem uma lembrança para casa, mas que haviam pais que não davam dinheiro nenhum para ajudar, então a proposta feita por alguns pais, ia no sentido de aumentar a contribuição daqueles que pagavam. Disse que não concordava, não com o facto de aquelas crianças não levarem nada para casa, mas sim com o facto de serem os pais (pagadores) a arcarem com mais essa despesa, quando a escola pode muito bem, fazer esse papel. E baseei-me na minha experiência enquanto profissional da área da Acção Social do Município do Funchal, que lido diariamente com este tipo de carências, para falar sobre o assunto. Salientei ainda que muitos pais não dão dinheiro para os estudos dos filhos, mas gastam-no na compra de telemóveis, cigarros, internet, carros, motas, enfim em bens supérfluos. Mas penso ter sido mal interpretado, porque a turma teve uma reacção atípica. Na terça-feira, voltámos a falar sobre o que é considerado mau comportamento. Este tema vem na sequência de uma grelha que foi afixada pela professora cooperante da sala onde estagiam o Manuel e a Micaela, que fala sobre o que é ser um aluno bem comportado. A professora Helena perguntou à Micaela o que considerava como aluno mal comportado. Respondendo do seguinte modo: aluno mal comportado, é aquele que bate nos colegas; que não respeita os outros ou que está constantemente distraído e a fazer barulho.
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Seguidamente a professora Helena perguntou à Joicy se tinha alguma questão a colocar para debate, e a colega disse que achava que havia uma contradição dentro do MEM. Esta contradição existe na medida em que o MEM se revê numa democracia onde não é apologista do castigo/punição. Ora, se este modelo democrático prepara a criança para viver na sociedade onde está inserida, então temos aqui uma contradição, pois a sociedade, ao contrário do MEM, aplica castigos e punições a comportamentos desviantes. Eu, concordo com a colega, pois sou da opinião que tanto na sociedade como no MEM, existem castigos. Senão vejamos o exemplo dado por outra colega, houve um aluno que em Conselho de Cooperação, foi a votos, para ver se lhe era concedida uma 2ª oportunidade de melhorar o seu comportamento. Como tal não se verificou, foi votado que o aluno não trabalharia mais em grupo até final do período. Isto em minha opinião é um castigo. Penso que há necessidade de rever o assunto dos castigos, por parte dos defensores do MEM. Relativamente a esta problemática a opinião da professora Helena foi no sentido de que o MEM não utiliza o castigo, pois, existem outros modos de análise de comportamentos que permitirão a detecção de comportamentos incorrectos, que irão ser debatidos democraticamente, desenvolvendo a capacidade intelectual e ética nos alunos.
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