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Mondim de Basto preserva e divulga a tradição do Leilão das Carnes

O Leilão das Carnes de Travassos é um costume antigo, que a autarquia de Mondim de Basto pretende preservar e que marca o domingo magro de Carnaval. Assim, este ano, a 11 e 12 de fevereiro a Aldeia de Travassos recebe o Leilão das Carnes, que recria as vivências da Aldeia, como a fogueira comunitária, aa cozedura do pão e do próprio leilão das carnes.

Este evento é, também, uma mostra de produtos locais, com produtos agrícolas, fumeiro e carne de elevada qualidade; doçaria e o vinho verde. Há exposição de animais; espaço criança; sessões de pilates e o grupo Farra Fanfarra que vão dinamizar a aldeia até ao anoitecer. Nas tasquinhas, os visitantes poderão aconchegar o estomago, com a gastronomia típica deste concelho, com destaque para a carne maronesa.

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O presidente da Câmara de Mondim de Basto, à Gazeta Rural, diz que há “bastante adesão a este evento”, que visa preservar e divulgar “um costume antigo”. Bruno Miguel Ferreira diz que as “expectativas são elevadas”, acreditando mesmo que “serão superadas”, quanto ao número de visitantes, com uma programação atrativa.

Gazeta Rural (GR): Esta iniciativa recria um costume antigo da Aldeia de Travassos. De que consta?

Bruno Miguel Ferreira (BMF): O Leilão das Carnes de Travassos é um costume antigo que a autarquia e a população local pretendem preservar. É a marca do domingo magro de Carnaval e nesta época matam-se os suínos, havendo assim abundância de carnes para confecionar o fumeiro. O costume antigo era de reunir os populares para confecionar o pão e vender a carne, juntando donativos para a Igreja, e o dinheiro revertia para os Mordomos organizarem Festa de Santa Bárbara de Travassos.

GR: Após a pandemia, que expectativa tem para o regresso à normalidade deste evento?

BMF: Como tem sido habitual, os produtores mostram bastante adesão a este evento, assim como os habitantes. Desde cedo que preparam os melhores produtos locais, para venderem e poderem receber da melhor forma todos os visitantes do leilão nestes dois dias.

A expectativa está elevada e creio que ainda será superada, com a programação deste ano serão atraídos ainda mais visitantes. Pre- paramos uma sessão de pilates e uma caminhada, de forma a tornar ainda mais dinâmica a participação dos visitantes neste Leilão das Carnes. A animação de rua será também o complemento perfeito para que o evento tenha grande adesão.

“Estes eventos dinamizam as aldeias do concelho de forma a preservar as tradições locais” para darmos a conhecer o que de melhor há nos nossos costumes. Sejam estas experiências organizadas ao ar livre, ou não, queremos sempre apresentar a melhor oferta daquilo que é a nossa identidade.

GR: Para além do aspeto histórico e da tradição, que importância tem este evento para a aldeia e para o concelho?

“O setor primário tem vindo a crescer gradualmente”

GR: Partindo deste evento, como está o setor primário do concelho?

BMF: Eventos como este dinamizam as aldeias do concelho de forma a vermos preservadas as tradições locais. É com momentos de animação e descoberta que partilhamos o que há de melhor na nossa cultura com todos os visitantes, que podem experienciar de perto as tradições que perpetuam há décadas no nosso concelho. Com estas atividades é também dada a oportunidade à faixa etária mais velha de ensinar aos mais novos as técnicas tradicionais de cozer o pão e confecionar o fumeiro.

GR: O programa contém recriações de algumas das vivências da Aldeia. Quer detalhar algumas delas?

BMF: De ano para ano o setor primário tem vindo a crescer gradualmente. Temos assistido ao regresso de emigrantes ao nosso concelho para se dedicarem à agricultura, bem como alguns dos jovens que já cresceram neste meio e pretendem dar continuidade ao que os seus pais e avós construíram e começam então a dedicar a sua vida a cuidar das terras e dos animais.

O Município de Mondim de Basto possui um Gabinete de Apoio ao Agricultor, que presta um apoio essencial aos agricultores do setor primário instalados no concelho.

GR: Que conselhos daria a quem nunca visitou Mondim de Basto?

BMF: As Fisgas de Ermelo, o Monte da Sra. da Graça e as Levadas do Alvão são os três locais obrigatórios a visitar quando se vem a Mondim de Basto. Contudo, perde-se a conta às surpresas escondidas por terras mondinenses.

BMF: A fermentação natural e o forno a lenha levam à cozedura tradicional do pão, dando-lhe a essência e o sabor caseiro que se tornam inconfundíveis. A recriação dos pratos típicos cozinhados no pote ao lume e a confeção do fumeiro à mão trazem características únicas que caracterizam as vivências da aldeia.

GR: Para além do que atrás foi dito, esta é também uma aposta no turismo de cariz gastronómico tendo em conta a época do ano?

BMF: Durante todo o ano a autarquia de Mondim de Basto procura proporcionar eventos que dinamizem todos os locais do concelho através da nossa Agenda Cultural. Com as atividades típicas da época conseguimos atrair visitantes

No nosso concelho mantemos presente o intuito de entregar aos visitantes a melhor experiência turística, onde destaco as festas e romarias e, para complementar a visita, nada melhor que conhecer a nossa gastronomia. É na riqueza do património natural que a gastronomia mondinense vai buscar os seus principais valores. A suculência e o flavor evidenciam-se na tradicional Posta Maronesa.

Dos prados naturais de altitude e da vegetação espontânea dos montes vem a carne do Cabrito Assado com arroz de forno. Da nossa tradição, constam da ementa as Couves com Feijão, o Arroz de Cabidela, os Milhos Ricos e o Fumeiro, pratos estes tão bem acompanhados pelos Vinhos Verdes, brancos e tintos, que dão alma ao corpo da nossa gastronomia.

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