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Festival da Tigelada é ‘atração’ em 18 restaurantes de Proença-a-Nova

Decorre até 29 de Agosto, em Proença-a-Nova

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Decorre até 29 de Agosto, em Proença-a-Nova, o Festival da Tigelada em 18 restaurantes aderentes que apresentam esta sobremesa na sua ementa. A autarquia local oferece os principais ingredientes para confecionar este doce, enquanto a Rica Granja, empresa produtora de ovos, disponibiliza os 9000 ovos necessários para a quantidade total prevista de tigeladas a consumir nos restaurantes. Ao contrário de outras edições, a Feira da Tigelada e do Mel não se realiza nos moldes tradicionais devido à pandemia da Covid-19, optando por um modelo que envolve a restauração do concelho.

O presidente da Câmara de Proença-a-Nova, à Gazeta Rural, destaca a importância deste evento que decorre num mês forte para o turismo e que, dessa forma, contribui para a revitalização da economia local. João Lobo salienta ainda o ‘contributo’ da pandemia para mostrar as fragilidades dos territórios do interior, mas também das suas muitas potencialidades.

Gazeta Rural (GR): Num período tão difícil, a realização do Festival da Tigelada apenas nos restaurantes aderentes é, ainda assim, um contributo para a economia local?

João Lobo (JL): Desde o início da pandemia que o Município cancelou todas as iniciativas gastronómicas que costumava organizar para promoção dos nossos sabores tradicionais. Este ano decidimos voltar a realizar alguns festivais em colaboração com os restaurantes, como forma de potenciar um dos sectores que foi muito afetado pela pandemia e, como referiu, contribuir para a economia local, já que há também um apoio direto por parte da autarquia que se traduz nos cupões que oferecemos a quem consuma este produto e que podem ter descontos associados, com benefícios também para os consumidores.

GR: Que adesão de visitantes antecipa, tendo em conta a situação atual?

JL: Acredito que este festival tem todos os ingredientes para ser um sucesso, em especial pelo sabor tradicional que estamos a promover e que já tem o seu espaço de notoriedade conquistado. Decorre em Agosto, um dos meses mais fortes para o sector do turismo e que conta, também, com uma presença alargada de emigrantes que voltam às suas raízes nesta época.

GR: Proença tem inúmeros atrativos, gastronómicos e paisagísticos, para além do saber receber das suas gentes. Como foi o último ano e meio?

JL: O Verão passado, já em plena pandemia, foi muito bom para o turismo no interior do país, de uma forma geral, e para o interior centro, em particular, de acordo com os dados divulgados pelas entidades oficiais.

A nossa expetativa é que este ano seja pelo menos igual, tendo em conta que somos um território que, como referiu, tem inúmeros atrativos, onde se inclui, naturalmente, a gastronomia e o turismo de natureza. No Município temos feito importantes investimentos na qualificação do destino turístico, de que as obras realizadas na Praia Fluvial da Aldeia Ruiva e na Serra das Talhadas - onde construímos uma torre de vigia da autoria do arquiteto Siza Vieira - são dois exemplos recentes. Destaco ainda a segurança, fator importante nestes tempos, pois não somos destino para massas. Somos um concelho com 80% de área ocupada por floresta, o que se tem revelado uma enorme vantagem para quem aqui reside e para quem nos visita.

GR: Sendo uma pergunta de difícil resposta, como antecipa os próximos tempos?

JL: Continuarão a ser tempos exigentes, em que nos é ainda pedido que sejamos agentes de saúde pública, em que serão mantidas medidas que restringem a nossa liberdade para proteção do coletivo. Mas serão também tempos de esperança, pois temos de acreditar que conseguiremos, como coletivo, proteger os mais vulneráveis, fortalecer laços de comunidade e cuidar de quem precise por ter sido afetado pela pandemia. Somos um território que tem desenvolvido, ao longo dos tempos a sua capacidade de resiliência e, dessa forma, também conseguiremos dar resposta ao que os próximos tempos nos trouxerem.

GR: Para um concelho do interior, que ensinamentos podemos tirar desta pandemia?

JL: A pandemia tornou mais visíveis fragilidades do território que já eram conhecidas há muito. Por exemplo, quando os nossos alunos tiveram de ir para casa, para a modalidade de ensino online, fomos confrontados, mais uma vez, com um cenário de desigualdade, já que em muitos casos não houve cobertura de rede suficiente. A Câmara teve de fazer um esforço adicional para dar resposta às necessidades dos alunos a este nível.

É fundamental que os cidadãos portugueses tenham os mesmos direitos, independentemente da sua área de residência. Por outro lado, a pandemia mostrou igualmente as nossas muitas potencialidades. Neste caso concreto, a nossa demografia e geografia tornou menos penosa a questão do confinamento. E na época estival fomos visitados por muitos portugueses que, de outra forma, provavelmente não nos iriam incluir no seu roteiro de férias.

Adicionalmente, acho que a nível pessoal temos todos mais consciência do quanto as nossas ações individuais impactam o coletivo e de como somos responsáveis pela nossa comunidade.

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