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Frutalmente: “Promovemos práticas de cultivo sustentáveis que respeitam o meio ambiente
from Gazeta Rural nº 393
by Gazeta Rural
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A Frutalmente é a primeira Organização de Produtores de Uva de Mesa em Portugal que hoje comercializa para além de uva de mesa outros frutos como pêssego, ameixa, romã e morangos. Organização de Produtores (OP) de 2013, a Frutalmente ganhou “escala e capacidade de resposta para chegar aos híper e supermercados de todo o país e, ao mesmo tempo, permitiu-nos abrir o leque de produtos em produção, cada vez mais diversificado”, como referiu à Gazeta Rural Mário Rodrigues, diretor executivo da OP.
Gazeta Rural (GR): São a primeira Organização de Produtores de Uva de Mesa em Portugal. Que mais valias isso vos trouxe?
Mário Rodrigues (MR): Na génese da Frutalmente esteve o meu avô, António Caetano Rodrigues, que a partir da Quinta da Granja, em Vila Franca de Xira, foi um dos pioneiros na produção de uvas de mesa em Portugal, em finais dos anos 1950. A família deu continuidade ao projeto e criou a Frutalmente em 2012 para fazer crescer o negócio e agregar mais produtores.
Sabíamos que para crescer e responder às exigências do mercado era necessário organizar a produção, centralizar toda a parte de embalamento e expedição, do controlo de qualidade e segurança alimentar, do apoio técnico no campo. Por isso, avançámos para a criação da Organização de Produtores de Uva de Mesa.
A Frutalmente foi reconhecida como Organização de Produtores em 2013, inicialmente constituída por oito produtores. Atualmente, tem como acionistas mais de 20 produtores, com explorações agrícolas localizadas nas regiões do Ribatejo, Oeste e Alentejo.
No total, temos 200 hectares de uvas de mesa (onde produzimos oito variedades de uva: Cardinal, Red Globe,
Rosadas sem grainha, Michele Palieri, Brancas sem grainha, Vitoria e Dona Maria) e 200 hectares de outros frutos (pêssego, ameixa, romã, alperce, figo, morangos, pera, maçã, dióspiro).
Ser uma Organização de Produtores deu-nos escala e capacidade de resposta para chegar aos híper e supermercados de todo o país. Ao mesmo tempo, permitiu-nos abrir o leque de produtos em produção, cada vez mais diversificado.
GR: A Frutalmente é uma hoje uma empresa que comercializa vários tipos de fruta. A qualidade dos produtos que colocam no mercado tem a ver com a forma como trabalham com os agricultores vossos associados?
MR: Quando criámos a Organização de Produtores queríamos falar a uma só voz, unir os produtores e produzir fruta com uma qualidade consistente, otimizando custos de produção e promovendo práticas de cultivo sustentáveis que respeitem o meio ambiente e fomentem a biodiversidade. Essa partilha das melhores práticas e implementação de regras comuns a todos é fundamental para termos produtos com características de elevado sabor, qualidade e, muito importante, consistência. Não tenho dúvidas de que é a forma como trabalhamos enquanto OP que tem impacto no produto final que conseguimos alcançar.
GR: As novas tendências da alimentação que influência tiveram na forma de produção dos vossos produtos?
MR: Somos produtores de várias gerações e é essa experiência diversificada que nos dá uma diferenciação no mercado. Produzimos uva de mesa ao ar livre desde sempre e de forma tradicional, grande parte num sistema de sequeiro. Usamos o sistema de cordão bilateral e em Y, em que os cachos crescem em troncos mais altos. Este sistema permite não só ter mais produtividade na colheita, como também contribui para reduzir o uso de água e de fertilizantes, comparado com outros sistemas.
O uso responsável dos recursos e a preocupação ambiental é uma preocupação dos consumidores de hoje, mas na Frutalmente sempre tivemos a preocupação de gerir os recursos naturais que temos à disposição de forma muito criteriosa. Por isso, penso que há uma conjugação entre aquilo que são as tendências da alimentação e o que fomos adotando enquanto produtores, no campo. Trabalhamos com um produto excelente, que é a fruta, alimento essencial para a saúde e para a promoção de bons hábitos de vida. Com o consumidor mais preocupado com a sua alimentação, acabamos também por conseguir responder, naturalmente, a essa tendência.
GR: Na sua opinião, quais os principais problemas que afetam o setor em Portugal?
MR: As alterações climáticas são o maior desafio para os agricultores não só em Portugal, como no Mundo. Estamos sempre condicionados a todos os fatores imprevisíveis que podem afetar a colheita ou o desenvolvimento dos frutos, mas com o aquecimento global e a escassez de água lidamos com alterações profundas.
GR: O futuro da agricultura em Portugal, e deste setor em particular, passa cada vez mais pela lógica: “o agricultor produz, nós comercializamos”, à imagem do que se passa noutros países?
MR: O futuro da agricultura passa pelo reconhecimento da importância dos agricultores na sociedade e pela organização do setor.
GR: Na sua opinião, quais os efeitos positivos que a pandemia trouxe?
MR: Talvez a muito longo prazo possamos identificar “efeitos positivos” da pandemia. O que posso dizer é que o contexto que obrigou os produtores a testarem a sua capacidade de produção e de abastecimento de alimentos seguros. Nunca parámos, conseguimos sempre garantir fruta de qualidade.