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Associação dos Produtores lançou projeto para a promoção do “Fumeiro de Montalegre”
from Gazeta Rural nº 393
by Gazeta Rural
O projeto arrancou a 30 de Setembro, com a primeira sessão de capacitação. A abertura esteve a cargo do presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves e do presidente da APFTFB, Boaventura Moura. Seguiu-se a comunicação de Fernando Pereira, da APFTFB, apresentou o projeto Fumeiro e Presunto de Montalegre – Qualificar, Diferenciar e Posicionar. A sessão contou ainda com as intervenções de Helena Ribau e Alfredo Pereira (Ruris) que se debruçaram sobre a “Importância da IGP na valorização do Fumeiro de Montalegre”. O encontro terminou com a apresentação da proposta da versão 2021/2022 da Plataforma de Venda Online de Fumeiro de Montalegre, por João Costa (SOOS).
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O projeto “Fumeiro e Presunto de Montalegre - Qualificar, Diferenciar e Posicionar” decorre de uma candidatura aprovada ao Sistema de Incentivos às Ações Coletivas, do Norte 2020 e estará em curso até Fevereiro de 2023.
Mais de 70 produtores de fumeiro unidos para qualificar, diferenciar e posicionar
Associação dos Produtores da Terra Fria Barrosã lançou projeto para a promoção do “Fumeiro de Montalegre”
O Fumeiro de Montalegre é único e assim quer continuar. A Associação dos Produtores de Fumeiro e Terra Fria Barrosã (APFTFB) lançou um novo projeto para a valorização do Fumeiro de Montalegre. A iniciativa vai trabalhar diretamente com os produtores, capacitando-os e incentivando-os para a promoção e diferenciação de um dos produtos mais distintivos do país. O projeto chama-se “Fumeiro e Presunto de Montalegre - Qualificar, Diferenciar e Posicionar”, junta cerca de 70 produtores e dá continuidade a um primeiro projeto que deixou raízes importantes para os agentes da fileira.
A autenticidade do Fumeiro de Montalegre é conhecida e é essa autenticidade que a APFTFB quer manter intacta e capitalizar para aumentar a produtividade e competitividade. Com esse objetivo lança este novo projeto, que junta a tradição à especialização e aos altos padrões de qualidade, incentivando os produtores a uma maior especialização técnica, qualificação e a uma aposta na comercialização e comunicação.
O projeto divide-se em três ações centrais. Primeiro serão dinamizadas um conjunto de ações de capacitação individuais aos produtores que visam sensibilizar e qualificar os produtores para as vantagens e oportunidades da implementação da certificação IGP.
A segunda ação tem como objetivo a valorização do Fumeiro e Presunto de Montalegre. Para efeito serão realizadas ações de capacitação conjuntas para sensibilização e informação dos produtores. Fatores de produção animal e transformação, embalagem, acondicionamento e marketing do produto, tendências tecnológicas adaptáveis à produção tradicional de presunto e fumeiro, posicionamento dos produtos no mercado serão algum dos temas abordados, por forma a capacitar o tecido empresarial em várias temáticas determinantes para o sucesso da atividade. Prevêem-se, ain-
da, várias visitas técnicas a entidades e empresas de referência que permitirão aos produtores ver in loco um conjunto de boas práticas e tecnologias que os ajudem a melhorar e inovar nos seus processos e produtos.
A promoção e divulgação do Fumeiro e Presunto de Montalegre também não será descurada. Assim, na terceira ação estão previstas uma série de iniciativas para reforçar o posicionamento destes produtos de excelência no país, nomeadamente, a presença em feiras nacionais e um reforço na promoção digital. Outra das novidades é a campanha “Fumeiro e Presunto sobre Rodas” que irá decorrer nos locais turísticos e emblemáticos da cidade do Porto, com o objetivo de dar a conhecer a singularidade dos produtos e do seu processo de fabrico tradicional junto de potenciais consumidores urbanos.
Este projeto vem assim dar continuidade ao “Fumeiro de Montalegre – Cooperar para Competir e Desenvolver - que decorreu entre Fevereiro de 2017 e Julho de 2019 Que teve como grandes pilares a capacitação e a promoção. Neste âmbito, os agentes do fumeiro de Montalegre receberam apoio relativamente à adoção de boas práticas através da capacitação e dinamização da fileira. Foi elaborado um plano estratégico que resultou da auscultação e caracterização da fileira, foram realizados vários encontros, visitas de estudo e ações de capacitação e criado um manual de Boas Práticas. Paralelamente, foi promovida a marca “Fumeiro de Montalegre” que procurou destacar a singularidade e autenticidade destes produtos. Este novo projeto vai prolongar-se até Fevereiro de 2023 e tem um investimento previsto a rondar os 245 mil euros.
O vice-presidente da Câmara de Montalegre diz que “estamos perante um projeto que vem acrescentar uma marca e uma denominação de origem protegida que abre o caminho para que se possa valorizar, economicamente, o produto e trazer uma maior rentabilidade aos produtores”. Para David Teixeira, o projeto “dá, também, uma maior confiança técnica aos consumidores e é importante que as gerações mais novas vejam neste produto local uma oportunidade de desenvolver novas empresas”.
Para o autarca de Montalegre, “o fumeiro e a transformação agroalimentar ainda têm espaço para mais criatividade”, recordando que “já existiu uma candidatura de meio milhão de euros, feita pelo município e pela Associação de Produtores de Fumeiro, para que todos os produtores, durante um período de tempo, fossem acompanhados, fossem feitas análises aos produtos no sentido de haver um rastreio total daquilo que é gordura, quantidade de sal e outros ingredientes que influenciam a imagem e qualidade final do produto. Acreditamos que em Janeiro iremos ter a feira física. Feira do Fumeiro irá haver sem dúvida nenhuma. Os moldes ainda é cedo para serem definidos”.
Por sua vez o presidente da Associação de Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã considera que “se formos sinceros, a pandemia mexeu com a Feira do Fumeiro no sentido positivo, porque apareceu a plataforma digital que possibilitou outras vendas”, pois “vendemos praticamente para todo o Mundo” e “daqui para a frente, nunca mais será igual, mas vai sempre ser melhor”.
Boaventura Moura acredita que daqui em diante “vamos fazer as matanças dos suínos mais intercaladamente. Vamos começar mais cedo e acabar mais tarde, no sentido de haver fumeiro para a feira física e para as vendas online. O ano passado vendia-se mais, caso tivéssemos feito mais fumeiro. Com este projeto, queremos obter a certificação do presunto a partir das raças autóctones. Têm que ser porcos que tenham aptidão para presunto e para enchidos. Não podem ser abatidos com menos de oito meses de idade”.