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Setor debate sustentabilidade dos olivais de alta densidade
from Gazeta Rural nº 394
by Gazeta Rural
A mesa-redonda, a realizar na manhã do dia 26 de Outubro, é moderada por Francisco Pavão, presidente da APPItAd e conhecido especialista em azeite, e conta com Álvaro Labella, da Olivogestão; José Maria Falcão, da Herdade torre das Figueiras; João Sanches, da trilho Saloio; Luís Rosado, da Olinorte; Pepe Ocaña, da Herdade da Rabadoa; Pedro Lopes, da de Prado; Pedro Foles, da Agromillora, e Raúl Aguayo Corraliza, da todolivo, como oradores. Esta mesa-redonda é aberta ao público, de forma gratuita, mas com inscrição obrigatória.
O IX Simpósio Nacional de Olivicultura é subordinado ao tema “Tecnologia e Circularidade na Olivicultura” e do programa constam as temáticas como Proteção da Oliveira, Sistemas e Técnicas Culturais, Tecnologia, Qualidade, Economia e Inovação.
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As conferências plenárias abordam temas centrais na olivicultura moderna, como o projeto Novaterra: soluções sustentáveis para a redução do uso de pesticidas no olival (entre as soluções estudadas contam-se a captura em massa com armadilhas e o uso de nemátodos entomopatogénicos para controlo de pragas, o uso de nanopartículas de cobre para controlo de fungos e a manipulação do habitat olival).
A aplicação da deteção remota na monitorização de olivais tradicionais de montanha (neste trabalho foram utilizados drones para recolha de imagens multiespectrais num olival tradicional de montanha, que possibilitaram a identificação de zonas menos vigorosas, informação que serviu de apoio à decisão na gestão de precisão do olival).
O olival circular: biotecnologia aplicada à sustentabilidade (o projeto “Olival Circular”, da empresa Entogreen, consiste em dar um destino adequado ao bagaço de azeitona como alimento para insetos que o convertem em fertilizante orgânico para solos agrícolas. Uma forma de resolver um problema ambiental, transformando um resíduo em recurso).
A importância dos recursos genéticos na valorização da olivicultura (este trabalho dá a conhecer a diversidade genética das cultivares de oliveira incluída na Coleção Portuguesa de Referência da Oliveira (CPRCO), instalada na Herdade do Reguengo em Elvas, com vista à sua valorização).
No dia 26 de Outubro, pelas 11,30 horas, os patrocinadores do Simpósio apresentam tecnologias e soluções inovadoras para a sustentabilidade do olival no Espaço Empresas. São patrocinadores do evento: Platina: ADP Fertilizantes, Ascenza, Fitolivos e Spintor Isco;
Ouro: Agromillora, Adubos Deiba, Fertinagro, Hubel Verde, Magos Irrigation Systems, Syngenta, Timac Agro e UPL; e Prata: Lusosem.
No dia 27 de Outubro decorre a visita técnica do simpósio aos olivais e lagar da Fundação Eugénio de Almeida, em Évora.
O Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, em Oeiras, vai receber o IX Simpósio Nacional de Olivicultura de 25 a 27 de Outubro. O programa do evento integra 70 trabalhos técnico-científicos e uma mesa-redonda com empresários do setor sobre o tema “Olivais de alta densidade/sustentabilidade, serão conceitos compatíveis?”.
O Simpósio é organizado pela Associação Portuguesa de Horticultura (APH) e conta com a parceria do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e do Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN).
FOTO REPORTAGEM
Vindima 2021: da festa… à esperança de bons vinhos
Terminaram as vindimas de 2021, num ano que, em termos da qualidade dos vinhos, especialmente os tintos, é uma incógnita.
Contudo, a vindima é sempre uma festa, como na Quinta dos Mosteirinhos. Destaque para o repasto, que ‘afagou’ o estômago dos que mais trabalharam… com o braço e com a tesoura.
UtAd investiga como mitigar os danos do aquecimento Global na qualidade dos vinhos
A indústria vitivinícola está a enfrentar consequências negativas resultantes do aquecimento global, provocando maior concentração de açúcar nas uvas e o consequente aumento das concentrações de álcool nos vinhos. As consequências deste fenómeno vão desde os danos no perfil sensorial dos vinhos, às preocupações com a saúde pública e à maior tributação dos produtos vínicos.
Para enfrentar este problema emergente, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a estudar estratégias que mitiguem esses efeitos por meio da manipulação do metabolismo da levedura, através de abordagens de Biologia de Sistemas e Engenharia Metabólica.
Este estudo, realizado numa colaboração entre a UTAD e a empresa de biotecnologia e inteligência artificial SilicoLife, foi desenvolvido no âmbito do mestrado de João Pedro Zamith em Bioinformática e Aplicações às Ciências da Vida. O pipeline do estudo, segundo este investigador, “envolve a identificação e simulação de estratégias de engenharia metabólica com baixo teor de etanol”, o que permitiu “simular as condições genéticas e ambientais e analisar o impacto de cada estratégia no metabolismo da levedura”.
Os resultados obtidos no trabalho, reconhece João Zamith, sustentam a hipótese de que “os métodos utilizados podem ser uma grande vantagem para a indústria do vinho, não só tornando o processo mais eficaz, mas possivelmente dando ao vinho propriedades mais saudáveis e um perfil sensorial mais previsível”. Reconhece ainda o jovem investigador, que “os sistemas e estratégias baseadas na biologia sintética, como a explorada neste estudo, terão impacto não só na indústria do vinho, mas também no futuro de nossa sociedade”.
A Cooperativa dos Olivicultores de Murça conquistou, em 2021, 19 medalhas em concursos internacionais, aumentou 30% nas vendas de azeite e está a investir 400 mil euros numa nova linha de extração e na diminuição da fatura energética.
O presidente da direção da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Murça, Francisco Ribeiro, disse que o reconhecimento internacional ajuda a criar novos canais, a conquistar parceiros novos e a aumentar as vendas.
Recentemente o azeite “Porca de Murça” conquistou cinco medalhas de ouro no Concurso Internacional Olivinus 2021, que decorreu na Argentina e é considerado um dos maiores concursos do mundo.
Francisco Ribeiro referiu que os cinco lotes colocados a concurso obtiveram cinco medalhas de ouro naquele que considerou ser um dos “mais prestigiados concursos do mundo”, que contou com a “participação de mais de 200 empresas do setor oriundas de 17 países”. Segundo o responsável, neste ano, em que a cooperativa celebra o 65.º aniversário, o seu azeite conquistou um total de 19 medalhas (ouro e prata) em concursos que se realizaram na Argentina, Israel, Japão, Itália, Canadá, Inglaterra e Portugal.
O presidente da direção disse ainda que, nos primeiros nove meses do ano, as vendas aumentaram “cerca de 30%” comparativamente com 2020, traduzindo-se na venda “de meio milhão de litros”, o “equivalente à produção quase toda do ano passado”.
A exportação representa entre 20 a 22% do volume de negócios e os principais mercados são a Alemanha, França, Canadá, Suíça e alguns países nórdicos. “Notámos, principalmente no primeiro e segundos trimestres deste ano, um aumento de consumo em embalagens de maior dimensão e, notoriamente, a procura de produtos de maior qualidade”, referiu.
Francisco Ribeiro explicou que as “percas verificadas no canal Horeca (restauração, hotelaria) foram muito recompensadas pelo consumo em casa”. “E esta notoriedade que Conquistou 19 medalhas em concursos internacionais
azeite de Murça aumentou 30% as vendas em 2021
se ganha com os concursos internacionais ajuda a essas vendas”, sustentou.
A cooperativa vai lançar nas próximas semanas uma “nova loja ‘online’, mais moderna, com novos canais de pagamento e que tem como objetivo facilitar a venda direita ao consumidor final” e “encurtar os intermediários”.
Neste momento está já a preparar a campanha 2021/2022, que arranca em Novembro, estando a ser montada uma nova linha de extração, um investimento de cerca de 300 mil euros que visa duplicar a capacidade de extração e, assim, diminuir o tempo de espera da azeitona para a transformação. “Quanto menos tempo demorar melhor qualidade vamos ter no produto final”, salientou Francisco Ribeiro.
O responsável perspetiva um “ano de produção ligeiramente inferior” ao ano passado. Em 2020, foram produzidos três milhões de quilos de azeitona e, nesta campanha, as previsões apontam para menos 800 toneladas colhidas em Murça. “Em algumas zonas as oliveiras estão muito bonitas, a floração foi boa e a chuva no final da época estival ajudou a fazer alguma seleção natural da azeitona. Não foi também um ano com muitas pragas”, referiu.
Como preocupação para esta campanha, Francisco Ribeiro apontou o aumento do preço das embalagens (plásticos, garrafas e papelão), e dos custos dos combustíveis e também da energia. “Tudo isto está a sufocar a indústria”, frisou.
Já a pensar no aumento da fatura energética, a organização concorreu a uma linha de apoio governamental para a colocação de painéis fotovoltaicos e, no âmbito deste projeto, vai instalar cerca de 500 metros quadrados de painéis. Trata-se de um investimento 200 mil euros que vai permitir reduzir em “um terço por ano” o custo da energia desta cooperativa que possui cerca de mil associados.
Nos últimos quatro anos, a instituição aumentou em 16% a capacidade de armazenamento para dar resposta ao também aumento de produção e, na última campanha, pagou 40 cêntimos por quilo de azeitona, mais IVA, aos associados 15 dias depois do levantamento do azeite para autoconsumo.