7 minute read

Estrelacoop candidata Queijo Serra da Estrela DOP a Património Imaterial Mundial da UNESCO

Avançou o presidente da cooperativa de produtores

O queijo Serra da Estrela DOP deverá ser submetido em 2024 a Património Imaterial Mundial da UNESCO, avançou o presidente da Estrelacoop - Cooperativa dos Produtores de Queijo Serra da Estrela.

Advertisement

Segundo Joaquim Lé de Matos, a organização que lidera já deu “alguns passos” para a preparação do processo de candidatura do queijo Serra da Estrela DOP (Denominação de Origem Protegida) que será entregue junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). “Já demos alguns passos. É um processo que tem o seu tempo, dá-se passo a passo”, referiu aquele o responsável, indicando que fez a proposta quando a direção a que preside tomou posse, em Março de 2021.

Joaquim Matos lembrou que propôs aos cooperadores elevar a Património Imaterial Mundial da UNESCO o processo do “saber fazer” e a história do queijo Serra da Estrela, produzido com leite de ovelha das raças Serra da Estrela ou Churra Mondegueira, que foi referido, pela primeira vez, no primeiro tratado agrícola de um general romano, nos séculos

XI/XII. “O queijo Serra da Estrela também está ligado muito à literatura”, sendo referido por autores como Gil Vicente, Aquilino

Ribeiro, Eça de Queirós e Miguel Torga, entre outros. O produto está, ainda, ligado à geografia do território, onde também já existe o Geopark Estrela, reconhecido pela UNESCO, acrescentou.

“Neste momento estamos a criar a equipa coordenadora, o coordenador técnico e científico da candidatura e a sua equipa. Temos tido o apoio de uma pessoa que também já esteve ligada ao Douro

Internacional e, ultimamente, ao Bom Jesus de Braga. E, depois, angariar recursos financeiros para trabalharmos e apresentarmos esta candidatura”, explicou.

Segundo o dirigente, o trabalho da elaboração da candidatura está previsto realizar-se durante três anos, para que, “em finais de 2024”, a mesma esteja “submetida à UNESCO para avaliação”. “É um processo complexo, mas estamos a trabalhar já. Estamos a dar os primei-

Queijo Serra da Estrela Velho, Requeijão Serra da Estrela e Borrego Serra da Estrela.

regresso das feiras do queijo Serra da Estrela é “bastante positivo”

O presidente da Estrelacoop considerou que o regresso das feiras de queijo ao formato físico, após uma paragem devido à pandemia, é “bastante positivo” para o setor. “É bastante positivo para a fileira do queijo porque, pelo facto de estarmos a fazer feiras presenciais, atrai obviamente mais público para a região. É bastante positivo e é com grande satisfação que a Estrelacoop vê que os municípios regressam às feiras do queijo presenciais”, disse Joaquim Lé de Matos. A Estrelacoop, que tem sede em Celorico da Beira, no distrito da Guarda, é o agrupamento gestor da Denominação de Origem Protegida (DOP) dos produtos Queijo Serra da Estrela, Queijo Serra da Estrela Velho, Requeijão Serra da Estrela e Borrego Serra da Estrela. O responsável lembrou que nos dois últimos anos, devido à pandemia, as feiras não se realizaram e as vendas foram feitas ‘online’, com alguns municípios a criarem as suas próprias lojas, como Fornos de Algodres e Celorico da Beira, e outros a utilizarem plataformas já existentes. Este ano, pela primeira vez, a cooperativa que reúne os produtores do queijo produzido a partir de leite de ovelha das raças Serra da Estrela ou Churra Mondegueira, vai ter um ‘stand’ em seis feiras da região, no âmbito da sua ação para a “valorização da fileira do queijo Serra da Estrela”: Penalva do Castelo, Oliveira do Hospital, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia e Seia. A Estrelacoop vai estar nas feiras “com a missão de promover e divulgar um produto endógeno, sobretudo informar o consumidor”, uma vez que a região “não é contra, mas tem que saber conviver com a indústria do leite” que produz queijo de ovelha amanteigado e que, muitas vezes, passa por “queijo da Serra”. “Ora, não existe queijo da Serra. É queijo Serra da Estrela e daí que há todo um processo em que a Estrelacoop tem como missão preservar, é o agrupamento gestor dos produtos DOP Serra da Estrela, nomearos passos”, disse, indicando que a Estrelacoop vai envolver no damente o queijo, o requeijão e o borrego”, explicou. processo os municípios, as Comunidades Intermunicipais das A cooperativa apoia os produtores nos processos de Beiras e Serra da Estrela, Coimbra e Viseu Dão Lafões, a As- certificação e dá assistência técnica às queijarias. O ressociação Geopark Estrela e o Turismo do Centro, entre outras ponsável lembrou que cada queijo certificado possui um entidades. selo que “não é mais nem menos do que a rastreabilida-

Referiu que a acontecer a aprovação da candidatura pela de de um produto endógeno que dá garantias ao conUNESCO, será um legado “muito benéfico” para valorizar o pro- sumidor”. “E são estas informações que nós temos que duto endógeno do queijo Serra da Estrela e para o seu “reco- fazer passar ao consumidor, para ele saber a distinção nhecimento internacional”. “Estamos a trabalhar para que seja de um produto de excelência de um queijo, comparanuma realidade a submissão junto da UNESCO da candidatura do do com um queijo de ovelha amanteigado ou curado, saber fazer do queijo Serra da Estrela DOP a Património Imaterial que nós, a Estrelacoop e os produtores de queijo Serra Mundial da UNESCO”, concluiu Joaquim Lé de Matos. da Estrela, não temos nada contra e sabemos conviver.

A Estrelacoop, que tem sede em Celorico da Beira, é o agru- Agora, temos é que informar e o consumidor, depois, pamento gestor da DOP dos produtos, Queijo Serra da Estrela, opta por um ou por outro”, explicou.

Joaquim Lé de Matos sublinhou, ainda, que todo o queijo Serra da Estrela é produzido artesanalmente nas 30 queijarias certificadas da região. “Não há nenhuma máquina industrial, é todo feito à mão”, acrescentou.

Produção do queijo na região afetada pela seca

A seca está a contribuir para a redução da produção de leite e de queijo na região, diz o presidente da Estrelacoop. O queijo Serra da Estrela DOP é feito com o leite de ovelha da raça autóctone Serra da Estrela e a sua qualidade “tem a ver com os pastos”, segundo Joaquim Lé de Matos.

Como os pastores não conseguiram fazer as sementeiras e os pastos existentes secaram, os produtores “vão ter que se endividar ou ter um acréscimo dos custos dos fatores produtivos agrícolas, comprando e dando um suplemento concentrado às ovelhas, porque elas têm que se alimentar”, referiu o presidente da cooperativa Estrelacoop.

Segundo o responsável, com a alimentação das ovelhas com suplementos, aumentará “um bocadinho a proteína do leite, o que significa que vai haver uma redução da produção do leite para queijo Serra da Estrela DOP”. “Ora, havendo uma redução da produção [de leite], vai haver também uma redução da produção do queijo Serra da Estrela, mas posso garantir que a qualidade mantém-se”, disse. Joaquim Lé de Matos admite que, devido à seca, “vai haver um impacto na produção do queijo Serra da Estrela”, o que é motivo de preocupação. A Estrelacoop e a Associação Nacional de Criadores de Ovinos Serra da Estrela (ANCOSE) já intercederam junto do Ministério da Agricultura para que seja disponibilizado “um apoio direto ou indireto” para os produtores de leite e de queijo da região. O dirigente lembra que o problema da seca já não é de agora - a última aconteceu em 2017 -, mas atualmente “há pastores com grande dificuldade” para suportarem os custos com a alimentação dos animais. Devido à diminuição do leite produzido, os produtores optam por “vender algum número de ovelhas”, para tentarem “mitigar o acréscimo de custos”, embora situações desta natureza sejam “residuais”. Na região demarcada de produção do queijo Serra da

Estrela existem cerca de 105 criadores e se a situação atingir cinco “já é muito”, vaticina. “A situação depende de região para região e de município para município”, rematou o presidente da Estrelacoop, o agrupamento gestor da DOP dos produtos Queijo Serra da Estrela, Queijo

Serra da Estrela Velho, Requeijão Serra da Estrela e Borrego Serra da Estrela.

A região demarcada de produção do queijo Serra da Estrela abrange os municípios de Carregal do Sal, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia, Mangualde, Manteigas, Nelas, Oliveira do Hospital, Penalva do Castelo, Seia, Aguiar da Beira, Arganil, Covilhã, Guarda, Tábua, Tondela, Trancoso e Viseu.

This article is from: