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Opinião - Nuno Melo
from Gazeta Rural nº 421
by Gazeta Rural
Opinião
O futuro da agricultura europeia
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A autonomia alimentar é, a par da paz, uma das mais evidentes demonstrações do sucesso do projeto europeu. À Política Agrícola Comum devemos a oferta de alimentos de qualidade e em quantidade, a preços competitivos e com respeito pelas regras ambientais.
Não obstante, o envelhecimento da população que se dedica ao sector, é presentemente um motivo de enorme preocupação. Os dados mais recentes demonstram que a média de idade dos agricultores europeus aumentou um ano e meio, fixando-se nos 57 anos. Um terço dos responsáveis pelas produções agrícolas tem 65 anos, ou mais, sendo que apenas 11% são jovens com menos de 40 anos, com a pior expressão no Chipre (3,3%), Portugal (4,2%) e Reino Unido (5,3%), aqui considerado, apesar do Brexit. Já com maior expressão de jovens encontramos a Áustria (22,2%), a Polónia (20,3%) e a Eslovénia (19%).
Sem renovação geracional, teremos a prazo curto um problema muito grave para resolver.
A consciência de que assim é levou a que venha promovendo há anos em Bruxelas, em parceria com a CAP e a congênere espanhola ASAJA, o Congresso Europeu de Jovens Agricultores do PPE. A longevidade e o crescimento da iniciativa - a maior do género no nosso espaço comum - são a melhor demonstração do seu sucesso, testemunhado por sucessivas intervenções políticas da Presidente do Parlamento Europeu Roberta Metsola, do comissário para a Agricultora, Janusz Wojciechowski, e do presidente do PPE, Manfred Weber, para além dos representantes da CAP e da ASAJA, Luís Mira e Pedro Barato, respetivamente.
Simbolicamente, 2022 é o Ano Europeu da Juventude. O momento não poderia ser mais expressivo no que toca à afirmação do papel decisivo dos jovens, para a concretização de um sector agrícola mais forte, tecnológico, seguro e sustentável, garante da alimentação
dos povos europeus, contribuinte de países deficitários de outros continentes e aliado eficaz na defensa do meio ambiente e na luta contra as alterações climáticas. Igualmente relevante é o facto de, após a pandemia de COVID 19, termos sido confrontados com a loucura da agressão russa na Ucrânia, que reforçou a necessidade estratégica da União Europeia depender cada vez mais de si, e cada vez menos dos mercados alheios. A demonstração inequívoca disto mesmo pode ler-se no forte impacto da guerra na alimentação mundial e nos preços de mercado, com a escassez de cereais e o aumento da inflação a imporem grandes dificuldades aos produtores e às famílias. Devo realçar por último, no que ao Congresso de Jovens
Agricultores respeita, o orgulho que devemos sentir pelas sucessivas participações portuguesas, algumas premiadas, demonstrando que Portugal está a par do que de melhor se faz no mundo. O projeto do jovem Henrique Regalado, concorrente em 2022, expressando a concretização da última vontade do avô, no sentido da família se manter ligada à terra, expressa numa moderna produção de azeitona e amêndoa em Montemor-o-Novo, foi mais um exemplo.
Tenhamos consciência disto: da motivação dos jovens e da aposta no mundo rural, muito do sucesso e do futuro da própria União Europeia. Nuno Melo