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Lagoa volta a realizar a “Festa da Família Agrária”
from Gazeta Rural nº 430
by Gazeta Rural
Nos dias 27 e 28 de maio, Lagoa volta a realizar a “Festa da Família Agrária”, recriando aquela que era uma das grandes festividades religiosas no concelho. A primeira vez de que há registo de se ter realizado é em 1961 e regra geral, esta festa ocorria no último fim de semana de maio, mas anos houve em que foi em junho.
O programa da “Festa da Família Agrária” começa no dia 27 de maio com a realização da Grandiosa Procissão de Velas, pelas 20 horas, na Igreja Matriz de Lagoa e chegada à Capela do Carmo pelas 23 horas. No dia 28 de maio tem lugar o Cortejo Processional “A Família Agrária”, com início marcado para as 18 horas.
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Em 2016, no âmbito do ano temático “A Nossa Gente, a Nossa Identidade”, o Município de Lagoa organizou um desfile etnográfico inspirado na Festa da Família Agrária, grande manifestação da fé católica de Lagoa na década de 1960 e inícios da década seguinte. Lagoa, à época vila e sede de um concelho essencialmente agrícola, incubador de uma próspera adega cooperativa, exibia a ruralidade da freguesia-paróquia.
O Desfile Etnográfico contaria com a participação da estrutura associativa do concelho num cortejo que, percorrendo as ruas da cidade, culminou num arraial na Adega Cooperativa, a única do Algarve. O momento áureo da recriação seria a gala de homenagem a personalidades e associações, acolhida no Centro de Congressos do Arade, que aclamou a per vivência e contributos de individualidades e coletividades lagoenses em diversos domínios da economia e sociedade. “A feliz ocasião dos 250 anos da criação do nosso concelho, que assinalamos desde 16 de janeiro através de um programa cultural dedicado, fez reacender a memória coletiva da Festa por parte das nossas comunidades, sendo natural a decisão de incluir uma nova recriação menos alegórica e mais cerimonial no plano das atividades comemorativas da efeméride”, refere a autarquia algarvia em comunicado.
A Festa da Família Agrária “consistia na realização de duas procissões solenes em honra de Nossa Senhora de Fátima: uma, de velas, na noite de sábado, que saía da Igreja Matriz para a Capela do Carmo; outra, domingueira, que tinha forte adesão popular e fazia retornar a imagem ao seu templo. Nos últimos anos, as celebrações incluiriam, não apenas os rituais da enraizada devoção à “Vigem Aparecida”, mas também uma componente pedagógica com palestras a cargo de leigos especializados em matérias da vida cristã”. Ficaria conhecida como “Festa do Trabalho”, por promover a sua glorificação à luz da mensagem cristã; “Festa dos Tratores”, por dela tomarem parte agricultores e proprietários rurais com as suas alfaias; ou “do Carmo”, por se realizar no antigo mosteiro de clausura de frades carmelitas, na quinta agrícola da família Cabrita.
A primeira vez de que há registo de se ter realizado é em 1961. Regra geral, ocorria no último fim de semana de maio, mas anos houve em que foi em junho. O significado e simbolismo da Festa da Família Agrária eram-lhe conferidos por cincos aspetos, como a veneração a Nossa Senhora de Fátima, que fazia sair à rua a imagem da Igreja Paroquial; a missa campal no “Carmo”, mais tarde na adega, com homilia do Bispo do Algarve e ofertório de produtos agrícolas; o cortejo processional dos “dísticos”, exibidos ao alto pelos naturais de todos os lugares da paróquia; a participação dos tratores e alfaias agrícolas, qual retrato da economia de subsistência no tempo do Estado Novo; o louvor ao trabalho e o seu encadeamento com a mensagem Cristã.
Em 1974, embora marco da religiosidade lagoense, a Festa da Família Agrária seria interrompida. Para o seu fim poderá ter contribuído o condicionamento que provocava ao trânsito na EN125 e, seguramente, a eclosão da Revolução de Abril, episódio-chave da História de Portugal que provocou profundas transformações sociais no país. Não obstante, e contrariamente a outras festividades religiosas no concelho, nas décadas seguintes, não se propiciou a sua retoma. Assim, como acontecimento ímpar da história de Lagoa, justifica-se plenamente a realização desta recriação, de uma exposição, ou a publicação de um artigo em revista científica.
De 19 a 21 de maio, com o apoio do Município de Mira