Saiba como cuidar melhor de sua voz com quem entende do assunto - pág. 6
Ouvintes da Rádio Cultura respondem: O que é a Rádio para você? - pág. 2 Foto: Karina Mascarenhas
Jornal da Rádio www.radiocultura770.com.br | facebook.com/radioculturalavras
AM 770 kHz
Conheça a trajetória dos 70 anos da Cultura
Foto: José Claret Mattioli
Foto: Karina Mascarenhas
Dos auditórios lotados da Era de Ouro do rádio, a emissora chega aos 70 anos transmitindo música, informação e cultura a Lavras e mais 50 cidades da região. Na foto, cantora da Rádio Nacional se apresentando na década de 1950 - pág. 3
Ouvintes na zona rural: fidelidade de quem lida no campo, todos os dias, ao som da frequência 770 kHz - pág. 2
Servidor público, artista, locutor, fotógrafo, editor de vídeos, marido e pai - pág. 5
Foto: Arquivo pessoal
Perfil: Daniel Morel
Editorial
Karina Mascarenhas
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O dia mal amanheceu e a Cleuza Maria da Silva já liga seu radio, enquanto ela e o marido se preparam para mais um dia na comunidade da Serrinha, zona Rural de Lavras. Ouvinte assídua há quase 50 anos da Rádio Cultura, ela comemora o fato de conhecer todos os integrantes atuais da emissora. Cleuza faz parte de uma grande maioria que escuta a emissora AM na zona rural, com uma abrangência de 50 cidades. Ela também integra as estatísticas: uma pesquisa realizada em 2013 mostra que dos ouvintes da rádio Cultura, 53% são mulheres, 30% têm entre 45 e 59 anos, 21,8% têm 60 anos ou mais (terceira idade). Cleuza tem até sua preferência na programação: “Apesar de vocês darem notícias boas e ruins, eu gosto muito dos jornais porque a gente fica sabendo das notícias, mas ouço também quase todos os programas da Rádio Cultura.” A ouvinte tem um carinho especial pela emissora e conta histórias envolvendo o rádio “ “Lembro da morte do Juarez, pegou a gente de surpresa né? Eu lembro que ele fazia uma brincadeira de ir na funerária comprar um caixão grande para ganhar um pequeno e ele dizia que o mundo ia acabar no dia 21 de dezembro e foi quase o dia que ele morreu. Eu me assustei muito, foi uma coisa que me deixou chocada.” Juarez foi um dos maiores ícones da Rádio Cultura, ele morreu em 2012 , fazendo o que mais amava ali mesmo no estúdio da emissora. Sua morte gerou grande comoção na cidade. A ouvinte também é fã dos jogos transmitidos pela cultura com grande tradição. Torcedora fervorosa do Atlético e do Palmeiras, o radinho fica ao lado cama e ela adora quando o William ( que é cruzeirense) tem que anunciar o gol do Atlético na Rádio. Sempre bem humorada, Cleuza pelo menos uma vez por mês visita a emissora e leva quitandas feitas no fogão a lenha para a turma. O carinho é recíproco, todo mundo da rádio adora a Cleuza da Serrinha.
Foto: Karina Mascarenhas
Esta é uma edição especial comemorativa aos 70 anos da Rádio Cultura de Lavras. O presente jornal integra a disciplina de produção editorial do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal de São João del Rei. Mais do que um mero trabalho no curso, o jornal trouxe a experiência de resgatar um pouco da história de uma das mais antigas rádios ainda no ar na nossa região. Há quase três anos eu faço parte desta história, é emocionante saber que hoje apresento um jornal em um horário que costumava ouvir quando criança, considerado horário nobre do rádio. Lembro de imaginar os cantores ao vivo nos estúdios, tentar falar com eles pelo rádio e dormir muitas e muitas vezes ao lado de um aparelho. Infelizmente não nasci na época dos programas de auditório que me trazem verdadeiro fascínio, também não cheguei a ouvir “Esta é ZYI-6, Rádio Cultura D’Oeste, a voz de Lavras para o Céu Azul das Alterosas”. Lembro do saudoso Herculano Pinto, Juarez, Hugo de Oliveira e de outros grandes nomes da emissora. Lembro da minha mãe com o rádio ligado, fazendo o almoço, o cheiro da comida dela se misturava ao ambiente e a música da rádio embalava minha infância. Neste exemplar convido você, caro ouvinte, a mergulhar na história e conhecer um pouco mais da nossa saudosa Rádio Cultura que guarda muitos casos e acasos, fazendo parte da vida de milhares de pessoas em todos os 365 dias do ano, aliás, há 70 anos. Vem comigo! Tem muita história legal aqui para você conhecer!
Companheira de todas as horas e lugares
Cleuza mostra o rádio que usa para acompanhar a programação da Cultura há quase meio século.
Expediente
O que é a rádio para você?
Jornal produzido para a disciplina de produção editorial do curso de Jornalismo da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).
"A rádio cultura pra mim é muito boa porque enquanto eu estou trabalhando estou me divertindo ouvindo a rádio e sabendo o que se passa na cidade e ao redor" - Mara Vilela, Ouvinte.
Texto e Produção: Karina Mascarenhas Edição e Revisão: Aluízio Sérgio Diagramação e Arte: José Paulo Guimarães
"É muita coisa... eu ouço a programação toda! É tudo bom, eu escuto desde quando ela era ali perto do Posto Venerando. Isso desde que eu me entendo por gente (risos)" - Ademir da Silva Pereira, Ouvinte.
Os 70 anos da Rádio Cultura
Foto: José Claret Mattioli
Dos auditórios lotados da Era de Ouro do rádio, a emissora chega aos 70 anos transmitindo música, informação e cultura a Lavras e mais 50 cidades da região. Na foto, cantora da Rádio Nacional se apresentando na década de 1950.
Uma emissora que mora no coração dos Lavrenses. Assim é a Rádio Cultura AM de Lavras, 70 anos interruptos no ar sobrevivendo a tantas invenções da era moderna. A emissora foi inaugurada em 30 de Junho de 1946, em Uberlândia , no triângulo mineiro, daí vem seu primeiro nome Rádio Cultura D’Oeste, prefixo ZYI-6. Meses depois, no dia 26 de Janeiro de 1947, um grupo de empresários adquiriu a concessão da rádio e nascia assim a mais antiga rádio de Lavras . Inicialmente a Rádio funcionou na Rua Barão do Rio Branco, já sua antena de 49 metros ficava no bairro Nova Lavras. Seu primeiro presidente diretor foi o empresário Leon Jofre Avayou. A técnica inicialmente ficou por conta dos irmãos Rafael e José Mendes. Seus programas de auditório lotavam o salão paroquial da Igreja Matriz de Santana. Destaque para os shows de calouros como o Domingo do Gurí, grande atração dos anos 50, comandada por José Mattioli e transmitida ao vivo. Neste programa, a cantora Wan-
derléia se apresentou ainda criança A concessão da emissora passou por muitas mãos, chegando a fazer parte da Rede Bandeirantes
“Ao longo dos seus 70 anos mais de 200 funcionários entre locutores, técnicos, auxiliar de escritório, gerentes, secretárias, jornalistas e muitos outros profissionais passaram pela emissora” de Rádio de São Paulo, tendo como diretores neste período José Ferran Sola, Petrônio Novaes, Geraldo Canarinho, dentre outros. Após este período, a rádio Bandeirantes vendeu esta emissora para um grupo de lavrenses formado por: José Matioli, José Santiago e Leonardo Venerando Pereira,
passando, posteriormente para as mãos de Ricardo Fráguas Neto. Sob o comando de Ricardo Fráguas - a emissora que funcionou em outros locais como na Rua Getúlio Vargas e na Rua Barbosa Lima- passou a ter sede própria, às margens da BR 265, com uma antena de 74 metros e a atual freqüência de 770KHz, abrangendo um raio de 100 quilômetros de extensão. Em 1992, a emissora foi adquirida pelo grupo Carlos Alberto Pereira que detém até hoje sua concessão. Ao longo dos seus 70 anos mais de 200 funcionários entre locutores, técnicos, auxiliar de escritório, gerentes, secretárias, jornalistas e muitos outros profissionais passaram pela emissora. O primeiro registro de funcionário data de 02 de Maio de 1947, João Alves Pereira trabalhou por quase 20 anos como guarda transmissor na emissora. Alguns desses funcionários ainda estão em atividade na emissora, é o caso de Edir Siqueira que comanda o Show da Manhã, o locutor esteve pela primeira vez na rádio em 1978, ao todo são mais de 34 anos de Cultura.
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Gonçalves o “TATI” que fez parte da equipe por 14 anos. Os irmãos Edson e Edmar de Souza, este último integra atualmente a equipe de narrativas esportivas da emissora No jornalismo da Rádio Cultura, grandes jornalistas fizeram história, como Herculano Pinto que comandava o programa “Figuras e Fatos”, mais de 15 anos
de RadioJornalismo, se tornou figura marcante na cidade. Sua morte causou grande comoção popular. Outro ícone do jornalismo, Hugo José de Oliveira também presidiu grandes programas líderes de audiência na emissora. Dário Costa, repórter há mais de 40 anos, comanda o Lavras Urgente nos dias atuais.
Foto: José Claret Mattioli
Daniel Morel e seu programa Raízes do Sertão, desde 1987 acordando os lavrenses às 5h. Apresentadores: Renato Correa desde 1987, Evandro Carvalho desde 1988, Lelismar Pereira desde 1992. William Delfino desde 2007 na técnica. Destaque para grandes nomes da Rádio principalmente no esporte como Carlos Alberto
Foto: José Claret Mattioli
Os programas de show de talentos tanto infantil quanto adulto eram os mais famosos da década de 50 e lotava o salão paroquial da Igreja Matriz de Santana.
Dante Silva (à esquerda), famoso por suas imitações do Cantor Bob Nelson e Mattioli que comandava o Domingo do Gurí, um show de talentos infantis na época considerada de "Ouro do Rádio".
Linha do Tempo - Rádio Cultura 30 de junho de 1946 Inaugurada em Uberlândia a Rádio Cultura D’Oeste ZYI-6
02 de Maio de 1947 26 de Janeiro de 1947 Rádio é adquirida por empresários lavrenses
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Primeiro registro de funcionário: João Alves Pereira trabalhou por quase 20 anos como guarda transmissor na emissora
Junho de 1992 01 de Outubro de 1974 Neide Maria do Nascimento foi a primeira mulher fichada como locutora
A rádio é adquirida pelo grupo Carlos Alberto Pereira que detém até hoje o direito de concessão
Junho de 2016 Rádio Cultura comemora 70 anos no ar
Perfil: Daniel Augusto Morel Filho, esposo, pai, aposentado, radialista e artista.
Foto: Arquivo pessoal
Daniel no estúdio principal da Rádio Cultura durante o programa Raízes do Sertão que ele apresenta há mais de 20 anos. Daniel Morel nasceu em Santo Antônio do Amparo, Minas Gerais, em 28 de outubro de 1954. O mais velho de 5 filhos, com 6 anos de idade, foi para Lavras, onde iniciou os estudos. O pai, francês, estudou até o terceiro ano de Direito na Universidade de Paris. Porém, teve que abdicar dos estudos para lutar na guerra. Pós-guerra, veio morar no Brasil. Daniel começou a trabalhar ainda cedo. Vendeu pastéis, engraxou sapatos. Prestou concurso do Estado, e trabalhou até se aposentar no Minas Caixa. Ainda pequeno, Daniel ouvia rádio com o seu pai, que tinha uma oficina de conserto de aparelhos de rádio e televisão. Daí veio a sua paixão pelo meio. Hoje, com 33 anos de rádio, já aposentado como funcionário público, Daniel está na Rádio Cultura, onde apresenta o programa “Raízes do Sertão”. Além do rádio, Daniel também se dedica à pintura há muitos anos. Na arte, ele expressa os mais variados temas, recentemente fez uma série de quadros sobre a escravidão, esculturas também são feitas pela mão do radialista “eu gosto muito de ler e vou aprendendo sozinho”, conta orgulhoso. Ele também ficou famoso na cidade por realizar e editar vídeos de casamentos. Casou-se aos 24 anos. A esposa, Neuza de
Fátima Pereira Morel, com quem é casado há 37 anos, afirma que Daniel sempre foi muito trabalhador, que sempre honrou os seus compromissos. "É um companheiro mesmo, confiável, sempre esteve ao meu lado”, ela ressalta. O casal tem um filho, hoje formado pela Universidade Federal de Lavras e orgulho da família. O caminhoneiro José Maria da Silva, de 64 anos, morador do Bairro Vale do Sol, é ouvinte assíduo do programa de Daniel Morel. “Tenho muito carinho pela Rádio Cultura, e gosto muito do programa do Daniel”, diz José. O jornalista e radialista Edson de Souza trabalhou com Daniel na Rádio 94 FM, onde nosso personagem começou sua carreira. “Conheço o Daniel há mais de 25 anos e acompanho a carreira dele, sempre defendendo a música sertaneja de raiz”, afirma. Os companheiros de rádio destacam a paixão pelos versos e até músicas compostas pelo radialista que as compartilha com os colegas da emissora.Daniel é quem abre a rádio todos os dias e acorda Lavras e Região com seus “causos” tipicamente mineiros. Ah, e para não nos esquecermos é “Daniel Morel, com L no final.”
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Saiba como cuidar de sua voz
Foto: Karina Mascarenhas
A fonoaudióloga Márcia Sidney Pereira comenta sobre os cuidados que devem ser tomados com nossa voz. As cordas vocais e seus sons formam a voz humana, um instrumento poderoso de comunicação. A voz está associada à fala e falar bem muitas vezes é sinônimo de sucesso em todos os aspectos da vida. Por mais incrível que possa aparecer, muitas pessoas sofrem com a timidez ou com problemas de comunicação. Segundo a fonoaudióloga Márcia Sidney Pereira, o problema vocal mais comum é a rouquidão, “A ronquidão traz um cansaço, uma voz suja, que arranha, isso incomoda.” Ainda muito comuns são os problemas vocais relacionados a muda vocal , um fenômeno fisiológico rotineiro na maioria das pessoas , principalmente no caso dos adolescentes, e o envelhecimento natural da voz. O tratamento principal no caso da rouquidão é a higiene vocal, “ A ingestão de água durante todo o dia fluidifica a nossa saliva, provocando na voz uma fluidez na hora da captação das pregas vocais” explica a profissional que ressalta também o papel do consumo da maçã: “ esta fruta tem uma ação adstringente que também deixa a saliva mais fluida, fazendo com que as pregas vocais se movimentem com mais facilidade.”
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Os timbres da voz variam de acordo com cada pessoa, algumas têm uma voz mais aguda outras grave variando de homens para mulheres. Com o treinamento certo é possível usar a voz de forma saudável, como explica a professora de canto Eliza Meireles. “O timbre é uma característica do som ligada a qualidade dele, no caso da voz isto é bem relacionado como a maneira em que usamos a ressonância, como os harmônicos de nossa voz são formados e podem ser amplificados ou amortecidos, a maneira como usarmos isso dará a característica para nossa voz. Um cantor por exemplo aprende a usar a voz dele para o que ele quer: uma voz brilhante ou rouca, mudando um pouco o timbre. Mas algumas características são típicas da pessoa e não podem ser mudadas”. Para os profissionais que usam muito da voz para trabalhar como no caso dos locutores, radialistas, cantores, professores, a professora e a fonoaudióloga aconselham a visita periódica ao otorrinolaringologista. Evandro Carvalho, é radialista e busca sempre cuidar da voz “ Eu vou ao otorrinolaringologista pelo menos uma vez ao ano e tomo muita
água.” Já Edir Siqueira, profissional do rádio há 36 anos, disse que só procurou um profissional quando adoeceu e que com o tempo a voz acaba perdendo a “potência.” O uso da voz também é importante em entrevistas de emprego e na hora de apresentar trabalhos ou dissertações na escola e na faculdade.O jornalista Àlvaro Saad é instrutor do curso de Oratória, considerada a “arte de falar em público”. Segundo ele, a maior dificuldade das pessoas é o medo: “ a única forma de perder esse medo é aprender as técnicas e depois ir praticando, como andar de carro por exemplo.”Os cursos que ensinam técnicas para falar em público estão disponíveis na internet ou em instituições de ensino de todo país. Afinal, saber se comunicar e se expressar garante bons resultados para a vida. Você sabia? A freqüência da voz humana varia entre 50 e 3400 Hz. A voz é tão importante que tem um dia dedicado à ela. Dia 16 de Abril é o “Dia Mundial da Voz”.