ANO IV – nº 58 – DEZ 2016
A ALVORADA
CONGREGAÇÃO MARIANA DA ANUNCIAÇÃO – Santos/SP
Um vento impetuoso e salutar Trecho da Carta Apostólica Misericordia et misera, do Santo Padre Francisco, no encerramento do Jubileu Extraordinário da Misericórdia
“(...) Celebramos um Ano intenso, durante o qual nos foi concedida, em abundância, a graça da misericórdia. Como um vento impetuoso e salutar, a bondade e a misericórdia do Senhor derramaram-se sobre o mundo inteiro. E perante este olhar amoroso de Deus, que se fixou de maneira tão prolongada sobre cada um de nós, não se pode ficar indiferente, porque muda a vida. Antes de mais nada, sentimos necessidade de agradecer ao Senhor, dizendo-Lhe: «Vós abençoastes a vossa terra (…). Perdoastes as culpas do vosso povo» (Sal 85/84, 2.3). Foi mesmo assim: Deus esmagou as nossas culpas e lançou ao fundo do mar os nossos pecados (cf. Miq 7, 19); já não Se lembra deles, lançou-os para trás de Si (cf. Is 38, 17); como o Oriente está afastado do Ocidente, assim os nossos pecados estão longe d’Ele (cf. Sal 103/102, 12). Neste Ano Santo, a Igreja pôde colocar-se à escuta e experimentou com grande intensidade a presença e proximidade do Pai, que, por obra do Espírito Santo, lhe tornou mais evidente o dom e o mandato de Jesus Cristo relativo ao perdão. Foi realmente uma nova visita do Senhor ao meio de nós. Sentimos o seu sopro vital efundir-se sobre a Igreja, enquanto, mais uma vez, as suas palavras indicavam a missão: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos» (Jo 20, 22-23). Agora, concluído este Jubileu, é tempo de olhar para diante e compreender como se pode continuar, com fidelidade, alegria e entusiasmo, a experimentar a riqueza da misericórdia divina. As nossas comunidades serão capazes de permanecer vivas e dinâmicas na obra da nova evangelização na medida em que a «conversão pastoral», que estamos chamados a viver, for plasmada dia após dia pela força renovadora da misericórdia. Não limitemos a sua ação; não entristeçamos o Espírito que indica sempre novas sendas a percorrer para levar a todos o Evangelho da salvação.(...)”
Recomendações e decisões da Carta Misericordia et misera a serem observadas: 1) Dedicar um domingo inteiramente à difusão, conhecimento e aprofundamento da Sagrada Escritura; 2) Continuar o projeto Missionários da Misericórdia, grupo de padres confessores para missões populares e com faculdade de conceder o perdão dos pecados reservados à Sé Apostólica; 3) Realizar o evento 24 horas para o Senhor próximo do 4º domingo da Quaresma (evento no qual os padres deverão estar disponíveis, o dia inteiro, ao atendimento de confissões); 4) Estender por tempo indeterminado a concessão a todos os sacerdotes de absolver o pecado do aborto, sem necessidade de intervenção do Bispo, como previa a lei canônica. Permanece inalterada a doutrina acerca do aborto; 5) Estender por tempo indeterminado a concessão aos sacerdotes da Fraternidade Sacerdotal São Pio X de administrar lícita e validamente o sacramento da Reconciliação.
O Natal é mariano O Tempo do Advento é considerado pelos liturgistas, até com certo ar de provocação, como sendo “o verdadeiro mês de Maria”. É compreensível por que ela foi preparada, desde sua imaculada conceição, para ser digna morada do Filho de Deus. Ela o gerou segundo a carne. Ela se preparou com fé, esperança e amor para acolhê-lo. Encheu-se de expectativa e transbordou alegria como qualquer gestante. Por isso, repetimos o entusiasmo materno de seu coração e de lábios agradecidos: ”Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito exulta em Deus” (Lc 1, 46). Assim, os sentimentos marianos correspondem à espiritualidade dos que celebram e vivem o Advento.
Diz-nos o Beato Isaac da Estrela, citado pelo Papa Francisco: “No tabernáculo do ventre de Maria, Cristo habitou durante nove meses; no tabernáculo da fé da Igreja, permanecerá até ao fim do mundo, no conhecimento e amor da alma fiel habitará pelos séculos dos séculos” (Evangelii Gaudium, 285). Com tal citação, o Papa salientou a ligação entre Maria, a Igreja e cada fiel, “enquanto de maneira diversa geram Cristo”. Quer dizer que a vinda do Senhor na história, nas pessoas e no mundo atual, supõe que sejamos semelhantes à Maria. De fato, “há um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja” (Id. 288). Tal estilo é retomado neste tempo litúrgico, rico de promessas e de significados. Recebe-se Jesus para comunicá-lo com amabilidade. (continua na pág.2)