José Rogério Brito Ribeiro
Chegou o parque, viva! (Autor: José Rogério Brito Ribeiro) Estava agora me lembrando de quando chegava um Parque no meu bairro. Descrever algo tão maravilhoso e tão simples não é tarefa fácil, somente quem viveu tem o real sentimento sobre o que tentarei falar um pouco. O terreno que hoje abriga um banco, posto de saúde e delegacia já foi um descampado com um chafariz e lá vez por outra se instalava o "Parque São Luiz". Quando tínhamos a notícia que o bicho tinha chegado as pernas já iam ficando bambas de alegria. Pra conferir se realmente era verdade a gente inventava alguma coisa pra fazer naquelas bandas e, chega se beliscava ao constatar a veracidade do boato. Estava lá, uma ruma de ferro velho pintado com as cores mais cheguei possível, uns cabra descarregando outras tralhas, de uns caminhões Frankstein, com cara de FNM. Eu gostava de chegar cedo, o dinheiro só dava pra andar num brinquedo e comprar um cacho de roletes de cana, e olhe lá! O jeito que tinha era Zanzar pelo parque, olhando o movimento, brincando com os colegas e bilando as meninas que enchiam nossos olhos de sonhos. Fui inventar de andar de "rola"gigante, logo com um veterano no brinquedo. Ô meu Deus do céu! foi um desespero geral. Eu fiquei imóvel e o fela da mãe ficava balançando a cadeira pra lá e pra cá. Ô coisa ruim é a gente ter que fingir valentia, se tivesse merda pronta eu teria passado o maior vexame do século. Outra dia fui inventar de andar no "Ispaia Brasa", esse foi um brinquedo inventado pelo cão do "mêi dozinferno". Era uma ruma de cadeirinhas presas por umas correntes finas rodando feito doida em torno de um eixo. Vi gente vomitando e sendo arremessado com cadeira e tudo bem no meio do parque. Lá de cima o feofó fechou dum jeito que só relaxou meia hora depois da descida em segurança. Ainda lembro da radiadora anunciando as novidades e mandando os recados dos apaixonados. Por falar nisso lembrei da Maçã do Amor, a bicha era vermelha e envolvida num doce que mais parecia uma cola superbond. Quando o parque ia embora a tristeza batia, mas, a trilha sonora usada por ele, pregava na cabeça da gente de um jeito que tinha era Zé pra sair. (Tens a beleza da rosa, uma das flores mais formosas…) Ô saudade boa danada!
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Meu violão, meu amigo (Autor: José Rogério Brito Ribeiro) O violão foi um grande companheiro, ele me ajudou a brilhar e vibrar de alegria em muitos momentos. Conheci pessoas maravilhosas através dele e, fui feliz de fato, sabendo e curtindo com gosto cada momento. Nunca procurei ser um grande músico, pois percebi cedo que o segredo da alegria não estava escondido num só local. Me liberei das amarras e soltei a voz que eu tinha, no toque paciente e gentil do meu amigo violão. Kkkkk eu deixei algumas máquinas furiosas, pois elas não conseguiam funcionar fora das tomadas, ficavam putas com minha energia brotando do sol. Quando a música se encontra com o bom astral do ambiente e das pessoas presentes, mesmo com uma qualidade pequena, ela consegue se perder nos seus encantos, invadindo a alma por vias que só ela sabe explicar. O violão fez parte de minha vida e, graças a ele, tenho muitas histórias para contar e lembrar. Ele, assim como eu, conhece seu lugar, por isso continuamos vivos. Vez por outra nos encontramos para comemorar os bons momentos que passamos juntos e, é engraçado como não conseguimos ficar com raiva um do outro, mesmo quando constatamos que piorei muito com relação ao "mais ou menos" que eu era no meu melhor momento. Ao contrário disso, damos muitas risadas, afinal, Rico ri à toa! (Nosso estoque de alegria é milionário).
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A caminho da Escola (Autor: José Rogério Brito Ribeiro) Acredito que essa foto seja de bem do início dos anos de 1970. Não tenho a mínima lembrança do momento em que ela foi capturada, no entanto, de uma coisa sei, eu estava fardado para cumprir mais um dia de aula no meu Grupo Escolar de Antônio Bezerra. Estamos na porta da morada, eu, meu irmão Wagner (menor) e o meu já falecido irmão Roberto (maior). Era uma vila que fica quase esquina com o cemitério do bairro e, bem em frente ao Patronato da Sagrada Família. Para chegar no grupo a caminhada era bem interessante. A gente ia andando, chutando as coisas pelo caminho, mas, quando via um cachorro passava bem "divagazim" para não ser notado. No entanto, nem sempre essa tática funcionava, pois tinha um tal de Veludo no caminho, que ô cachorrinho safado do "mêi dozinferno", era carreira certa. Daí a gente chegava num descampado grande, cheio de mato, conhecido como "Base Velha". Pelo seu meio existia um caminho feito pelos transeuntes, em especial alunos do grupo. De manhã bem cedo era bom demais, agora, ao meio dia, "putamerda", era quente que só. No final da tarde era beleza demais, principalmente quando a gente vinha de bando. Era uma correria louca, umas brincadeiras sem nexo, regada a umas risadas desmedidas. Agora, quer ver o bicho pegar, era um cabra frouxo do meu quilate ter que atravessar aquele espaço sozinho, fora dos horários de movimentos. Tinha uma casa no caminho, com um cajueiro ao lado, que diziam ser oriunda da guerra e, que em baixo dela tinha bomba, tanque, carros e outras coisas escondidas. Dependendo do informante e do nível do seu estoque de mentiras, tinha até avião supersônico. As lembranças que guardo do trajeto até o grupo ainda me emocionam, mesmo após mais de 50 anos passados. No entanto, o melhor era chegar na escola, era bom demais. Se a gente chegasse cedo ainda dava para brincar um pouco e, dependendo da brincadeira, a gente entrava na sala debaixo de "carão", por estar suado e com a farda já imunda de suja. Para "butar" um magote de desembestados para dentro das salas de aulas, a vice diretora pegava uma sineta e tome a sacudi-la no bléim bléim infernal.
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Festas de término de curso (Autor: José Rogério Brito Ribeiro) Lá pela segunda metade do ano de 1970, lembro que o final do ano era uma época bastante esperada, pois em dezembro aconteciam as festas de término de curso. Todo colégio de Fortaleza, pelo menos é essa a informação que tenho, pois as festas aconteciam em praticamente todos os clubes como o Clube de Regatas Barra do Ceará, Diários, Líbano, Náutico e outros tantos. Lembro de uma época que me danei a ir para essas festas e, o Clube de Regatas era o meu escolhido. Cheguei ao absurdo de ir a 30 festas no regatas, no mês de dezembro, sendo que só aconteceram 29. Todas as festas exigiam um tal de "Passeio Completo". Quem não tinha muito costume de frequentar esses eventos não via muita coisa, mas, quem era cadeira cativa via cada marmota, que até Deus duvidava. Outro ponto importante é que toda festa precisava de convite, não se pagava ingresso. Alguém pode então perguntar como fazíamos para entrar em tantas festas. Bem, nem sempre era tarefa fácil conseguir os convites, a gente bolava várias estratégias para tanto. Dentre elas a abordagem direta. Essa acontecia quando chegavam os concludentes. A gente abordava as família e pedia um convite, tinha sempre uma alma boa com um convite disponível. Outra estratégia era a amizade com os porteiros, tinha sempre uma figura gente boa. A mais apelativa era ficar nas grades chamando por um e outro, mesmo assim, tinha sempre uma alma caridosa para nos ajudar. Depois de tanto frequentar a gente acabava montando uma rede de colaboração. As festas em geral eram de conjunto, começavam às 22h e terminavam das 3h da manhã pra lá. Não consigo descrever a alegria de poder ter participado daqueles momentos. E olha que não era fácil nem ir e nem voltar! Íamos de ônibus até perto, depois caminhavamos até o clube. A volta era mais escrota porque só passava um tal de corujão que demorava que só. Muitas vezes a gente esperava amanhecer para poder pegar os ônibus da linha regular. Agora pense na "chiqueza" de umas figuras toda de paletó esperando o verdureiro (eram chamados assim porque nesse horário, em geral, quem se movimentava na cidade eram os feirantes. Pelo menos foi o que me contaram). Lembro com muitas saudades de tudo!
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Os cinemas do centro de Fortaleza (Autor: José Rogério Brito Ribeiro) O bom da gente contar histórias sobre nossas vidas coletivas, é que vez por outra conseguimos despertar outros protagonistas e figurantes das mesmas, que acabam enriquecendo e valorizando a história contada. Sou um apaixonado pelo centro de Fortaleza, quem o conheceu na mesma época que eu, sabe o motivo desse amor. O cinema era prato principal, existiam vários deles no centro, lembro do São Luiz, Diogo, Fortaleza, Old Metrópole, Jangada e cine ART. Na época a pessoa podia entrar na primeira seção e só sair na última. Na portaria tinha um cidadão todo de paletó branco, com os "cabelim bem pintiadim", na base da brilhantina, que era o terror dos meninos. Era o tal do juizado de menor. Existiam os filmes clássicos, que a gente esperava todo ano, onde as filas pareciam intermináveis. Quem disse que viveu essa época e, não assistiu um filme dos Trapalhões, Paixão de Cristo, ou até mesmo Embalos de sábado a noite (1977), desculpa, mas, tá mentindo. Na lateral do cine São Luiz tinha uma enorme galeria onde era possível ver os cartazes dos filmes atuais e futuros. E a Lobrás da foto? Essa fazia parte da rota de antes e/ou depois do cinema. Essa loja, segundo consta, colocou a primeira escada rolante da cidade. Saibam que chegou a existir filas para andar de escada rolante, acreditem se quiser! Tinha uma lanchonete no seu interior, que o "xero" do "amburgue" e do cachorro quente a gente sentia na descida do ônibus. E olha que ele parava na praça José de Alencar (tô exagerando, é claro🤭) O bicho entrava de nariz a dentro, mas, lamentavelmente o bolso não cooperava com a vontade. O jeito que tinha era ficar por alí, como quem não queria nada e, à francesa pegar o beco de bucho vazio 🤣kkkkkkk. Não posso esquecer das memórias dos cinemas, o Fortaleza, por exemplo, era todo forrado num carpete vermelho e frio que só diacho. O São Luiz era imponente, a grande estrela de todos. O Diogo era uma espécie de São Luiz cheio, era bom, mas, nunca foi minha primeira opção. O cine Jangada era o fuleragem, no linguajar cearencês da época, só passava "filme de putaria". Se minha cabeça ajudasse, eu teria muito para contar. Tempo bom!
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Banho de chuva na minha infância (Autor: José Rogério Brito Ribeiro)
Eu estava nesse instante parado vendo a chuva cair pelas telhas e pela bica, feito um chuveiro desgovernado. A mente não se conteve e me levou para meu tempo de menino. Eu morava numa vila, a rua da frente de minha casa era de chão batido. Quando chovia virava um verdadeiro parque de diversão para a pivetada do lugar. A água que vinha de rua abaixo a gente represava com o máximo de nossa engenharia. Depois era só aproveitar a piscina formada pela água empossada. No entanto, vez por outra, uns meninos fuleragem com "sprito de porco", só pra fazer o mal, derrubavam as parede do nosso açude. Na verdade, a gente nem ligava, e já levantava correndo para aproveitar as bicas. Tinha umas que eram tão fortes que só faltavam afundar a cabeça da gente. Como na vila toda casa tinha uma biqueira, a gente saia correndo, metendo a cabeça de uma em uma (eram 17 casas). Era um "magote" de menino danado. Tinha deles que os beiços ficavam roxos que os cabras cruzavam os braços escondendo as mãos debaixo dos suvacos, tremendo de frio, mas, mesmo assim não abriam nem pro trem. Não posso deixar de relatar um pouco sobre a "moda chuva". Tinha umas figuras com uns cauções frouxos, pregados nas carcaças, que mais pareciam uns vem vem, com os cambitos finos que davam até pena. Vez por outra levávamos umas quedas meio doidas, por conta do chão liso. Pra falar a verdade a queda não era o pior, escroto mesmo era a mangação e o "salga" que vinha depois (ô povo "canaia"). Posso citar que outro ponto positivo da chuva era a água aparada pra beber. Logo em seguida era coada com um pano bem "limpim", que era amarrado na boca do pote. A água era gostosa e bem geladinha. (Melhor ainda se ela fosse colocada numa quartinha de barro). Depois do "bãe" era só "entrar pra dentro" se "inxugá" e curtir o resto da chuva. Era um frio danado, a gente tremia mais do que cara verde. Os pés roxos e enrugados jogados contra a parede, encontravam forças para balançar a rede o mais alto possível, e os respingos que vinham das telhas ajudavam a criar um clima gostoso que, no final de tudo, acabávamos pegando no sono.
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As belezas do Sertão (parte 1) (Autor: José Rogério Brito Ribeiro)
O sertão é uma paixão que tenho guardada comigo e, vez por outra, me pego lembrando de minhas passagens mais marcantes por suas entranhas. Não pese o fato de ter nascido em São Luís do Curu, município cearense distante menos de 100 Km de Fortaleza, pois não cheguei a viver nessa cidade. Em 1962 eu estava com dois anos, quando nos mudamos para a “capitá” do Ceará e, depois dela, poucas foram as vezes que visitei minha cidade natal, mesmo tendo fortes raízes familiares morando por lá. A história que vou contar aconteceu no ano de 1974, ano onde muitas cidades do Ceará sofreram perdas enormes por conta das grandes enchentes. A prima de minha mãe, que morava na Serrota, no município de Pentecoste/CE, teve um sério problema de saúde por conta de uma injeção mal aplicada. Não conheço detalhes, só sei que ela teve uma infecção muito séria no braço e precisou fazer um tratamento em Fortaleza. Meus pais, prontamente, acolheram a prima em nossa casa. Ela ficou boa, mas, na hora de voltar para casa, o bicho pegou! As fortes chuvas na região não davam trégua e, por conta disso, a ponte da Serrota caiu. Papai achou melhor ela ficar mais uns dias e, quando o tempo estiou, chegou a hora da prima partir. Não sei bem o porquê, mas, eu e meu irmão mais velho fomos designados para escoltar nossa parenta até sua casa. Foi a melhor coisa que aconteceu, pois vivi os momentos de interior mais marcantes de minha vida. Quando o ônibus chegou na beira do açude, ele realizou o trajeto mais perto longe e mais perigoso que já enfrentei na vida. Ele passou por cima dos escombros do açude, que não me pergunte como foi, só sei que foi! Chegamos, ufa! Quando me deparei com a casa fiquei maravilhado. Tinha uma pedra maior que a casa, localizada bem na sua frente. A casa parecia um sonho, muito bem cuidada, o terreiro limpo “arrudeado” de árvores e outras plantas bem verdes, dentre elas papoulas vermelhas bem vibrantes, fazendo uma espécie de cerca viva. No fundo da casa tinha um curral onde as galinhas, patos, cabras, vacas e bezerros conviviam harmonicamente. Na ponta das estacas da cerca, alguns pássaros, dentre eles o Galo Campina e a Graúna faziam o arremate daquele belo “background sertanejo.
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Entrando na casa me deparei com outra bela paisagem. Tudo muito bem arrumado e bem zelado. Dei logo fé de vários potes, cada um com um pano muito limpo, bem amarrado e com sua vasilha de tirar a água deitado na tampa. Numa espécie balcão americano feito de barro e cimento, tinha uma quartinha cercada de copos de alumínio bem polidos. A mesa retangular de madeira, tinha quatro cadeiras com assento e encosto feitos de couro de bode. A parede ornada com quadros de santos e retratos da família. Tinha também uma cela pendurada no armador e logo no chão abaixo uma cangalha com uma cara bem surrada. As portas da entrada e do quintal eram de madeira e daquelas “de duas bandas”. As janelas, também de madeira, tinham umas frestas bem salientes. Pensei que nesse único texto eu conseguiria descrever essa minha passagem pelo sertão mais sertão que conheci. Vou deixar para um segundo post, no entanto, eu não poderia deixar de destacar, já nesse texto de abertura, a alegria e o carinho com que fomos recebidos. Tia Raimundinha nos abraçou e nos beijou de um jeito tão carinhoso, que não deixava nada a desejar a dona Benta do sítio do Picapau Amarelo.
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As belezas do Sertão (parte 2) (Autor: José Rogério Brito Ribeiro)
Ainda sobre quando conheci a Serrota, no Pentecoste/Ce. (Veja As belezas do Sertão parte 1). A primeira noite foi bastante estranha, antes de 20h já estava todo mundo dormindo, ou pelo menos deitados em suas redes. Por sinal a minha merece um destaque especial, pois a bicha era tão cheirosa. Também pudera, tinha sido lavada no capricho na beira do rio com sabão de coco ou sabão Pavão. Não posso esquecer de falar da janta! Na verdade um banquete nordestino de dá gosto. Tinha leite mugido, cuscuz, tapioca com coco, pão caseiro, ovo de galinha caipira, queijo coalho que ainda hoje sinto o cheiro, gosto e escuto o bicho rangendo nos dentes, que parecia uma borracha mole. Tinha também arroz de leite, batata doce e pra rebater tudo isso um cafezinho feito na hora. Com o "bucho por acolá" acabei dormindo, mas, muito cedo, começou uma disputa dos galos da vizinhança, para saber quem cantava mais alto. Tinha cocoricó de tudo que era jeito. Logo em seguida tomei um susto danado, quando um boi colocou o nariz na fresta da janela, perto de onde eu dormia, e deu uma "fungada" tão grande, que parecia um vulcão em erupção. Como acordo cedo desde sempre, não estranhei o costume local. Na verdade, aproveitei para executar um plano que eu tinha feito logo que cheguei. Subi na pedra que ficava na frente da casa e fiquei admirando o nascer do sol. Foi incrível!!! Depois do café, servido aos moldes da janta, fui passear pelas ruas da cidade. Logo me deparei com uma figura, do tipo interativa, que caminhava levando um Jumento pelo cabresto. Puxei conversa e ele correspondeu na hora. O bicho mais parecia um atendente de crediário do Romcy, perguntava tudo (êita viajei, puxei pelo "tempantigo"). Qual teu nome? Tu tá onde? Mora em Fortaleza? Quem é teu pai? tua mãe? e por aí foi. Rapidamente já existiam intimidade e confiança suficientes. Então ele falou: _ Toma, vai dá uma volta no meu Jumento. "Puta merda" foi o jeito eu recusar, pois ainda não tinha carteira para guiar animais Rsrsrs. Daí ele saiu com o seguinte: _ Arriégua macho, tu é muito matuto. Sabe nem andar de jumento! (Lembro do meu pai rindo quando contei isso pra ele. Essa é uma das poucas lembranças que tenho dele).
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No entanto, o melhor ainda estava por vir. Naquele dia um parente da família casou e a festa do "enlace matrimonial" era na casa dos pais de sei lá de quem, se do noivo ou da noiva. Só sei que ficava bem "nas brenhas do mato" e estavam servindo um almoço para os convidados. Por volta das 10h encostou um caminhão mais "quengado" do que sei lá o que. Pensei comigo:"Esse num bota lá!". E tome a subir gente, era menino, véi, mocinha, cachorro e umas panelas para completar o banquete. E tome esse caminhão a rodar mato a dentro, numa buraqueira mais infeliz do mundo. Agora não pensem que eu estava achando ruim, tratei de pegar um canto agarrado na frente da carroceria. Vez por outra a gente levava umas lapadas dos matos (foi quando entendi a indumentária dos vaqueiros). Quando a gente chegou a festa já tava comendo de esmola, o chão batido já tinha gente lixando os pés num forró tocado por um trio tão ruim que era bom demais! Foi dessa aventura que comecei a entender muita coisa que fui encontrando pelo caminho. Sou grato a simplicidade e a felicidade por ela abrigada.
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