TFG- Espaço Acolhemente - Júlia Menegaz

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CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA

ARQUITETURA E URBANISMO

JÚLIA MENEGAZ FERRI

ESPAÇO ACOLHEMENTE: CENTRO DE TRATAMENTO DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

RIBEIRÃO PRETO | 2021

Catalogação na fonte elaborada pela biblioteca do Centro Universitário Moura Lacerda

Bibliotecária Gina Botta Corrêa de Souza CRB 8/7006

Ferri, Júlia Menegaz.

Espaço Acolhemente: centro de tratamento de ansiedade e depressão em crianças e adolescentes / Júlia Menegaz Ferri. –Ribeirão Preto, 2021.

97f.

Monografia (Graduação) - Centro Universitário Moura Lacerda, 2021.

Orientador: Prof. Me. André Luís Avezum.

1. Saúde mental. 2. Ansiedade. 3. Depressão. 4. Terapias alternativas. 5. Centro de tratamento. 6. Acolhimento. 7. Humanização. I. Avezum, André Luís. II. Centro Universitário Moura Lacerda. III. Título.

JÚLIA MENEGAZ FERRI

ESPAÇO ACOLHEMENTE: CENTRO DE TRATAMENTO DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Trabalho Final de Curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Me. André Luís Avezum

RIBEIRÃO PRETO, 08 de DEZEMBRO de 2021.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Me. André Luís Avezum Professor orientador

Profa. Me. Regina Lúcia Angelini

Avaliador interno

Adelino Fontana

Avaliador externo

Dedico a todos que assim como eu vivenciam os transtornos de ansiedade e depressão. Esse lugar foi especialmente pensado em vocês!

Em primeiro lugar agradeço à Deus e ao Universo por terem me dado a oportunidade da vida e se mantiveram ao meu lado em todos os momentos, principalmente naqueles em que me sentia mais sozinha. Agradeço aos meus avôs Alceno e Leonardo que lá do céu cuidam de mim. Agradeço ao Rodrigo e Christiane, que me deram o privilégio de ser filha deles e me ensinaram tanto sobre a vida, o amor e principalmente sobre determinação, permitindo que eu me tornasse uma mulher independente cujo segue seus sonhos. Eu não seria nada sem vocês! Agradeço ao meu irmão Rodrigo Jr. por me ensinar sobre sensibilidade e gentileza.Agradeço a minha madrinha Taciana por ter sido minha segunda mãe e melhor amiga, acompanhado de perto toda a minha jornada até aqui.Agradeço as minhas avós Maria do Socorro e Angela por me mimarem e ensinarem sobre o perdão. Agradeço ao meu namorado Caio por ter me ensinando sobre paciência e gratidão. A distância e o estresse não foram fáceis mas ele foi a minha calma. Agradeço as minhas amigas Aimeé, Ana Flavia, Ana Luiza, Clara, Daniel, Gabriela e Larissa pela parceria nesses longos anos de faculdade que foram extraordinários. Agradeço aos meus amigos de colégio Bruno que não desistiu da minha amizade e a futura psicóloga Maria Carolina , por ter me dado tanta força nesse trabalho. E agradeço as minhas chefes e colegas de trabalho Ana Carolina, Camila e Nathalia por deixar esse sonho mais leve!

CCarregarei um pedaço de todos em meu coração. A vida não teria a mesma graça sem vocês! Obrigada, obrigada e obrigada!

DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS

“A arquitetura por si só não pode fazer o mundo mais justo, mas podemos con tribuir com ações específicas.”

“Depois de algum tempo (...) você aprende que as circunstâncias e os ambientes têm muita influência sobre nós, mas que nós somos responsáveis por nós mesmos.”

Durante muito tempo, pessoas com transtornos mentais, foram depreciadas pelo simples motivo de serem diferentes, é tanto que o ambiente pensado pra elas se tornou uma espécie de prisão, isolando-os do mundo. Com o crescente número de indivíduos com ansiedade e depressão houve o aumento na busca por tratamentos alternativos e espaços de cura. E pensando principalmente nas novas gerações, que assim como eu, sofrem com esses transtornos do “século XXI” que o Acolhemente um Centro de Tratamento de Ansiedade e Depressão em crianças e adolescentes foi projetado. Tem o objetivo de acolher, tratar e reinserir o paciente na sociedade, dentro de um ambiente humanizado e aberto, livre de apatia e impessoalidade das quais os antigos espaços destinados a eles, sofriam.

Palavras-chaves: saúde mental, ansiedade, depressão, terapias alternativas, centro de tratamento, acolhimento, humanização.

For a long time, people with mental disorders were devalued for the simple reason of being different, it is so much that the environment designed for them became a kind of prison, isolating them from the world. With the growing number of individuals with anxiety and depression, there has been an increase in the search for alternative treatments and healing spaces. And thinking mainly about the new generations, who like me, suffer from these “21st century” disorders that the Acolhemente a Center for Treatment of Anxiety and Depression in Children and Teenagers was designed. Its objective is to receive, treat and reinsert the patient into society, within a humanized and open environment, free from the apathy and impersonality from which the old spaces destined for them suffered.

Keywords: mental health, anxiety, depression, alternative therapies, treatment center, reception, humanization.

RESUMO
ABSTRACT
sumário 4 5
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PROJETO DESENHOS TÉCNICOS O LOCAL REFERÊNCIAS PROJETUAIS 1.1 Ansiedade e Depressão: Doença e a consequência da Pandemia. 1.2 Tratamentos e a Relação com a Arquitetura. 1.3 Humanização do Ambiente Psiquiátrico. 4 Memorial Justificativo 5.1 Planta de Situação 5.2 Implantação 5.3 Planta Térreo 5.4 Planta Nível Inferior 2.1 Localização e Legislação Urbanística 2.2 Levantamento Morfológico 2.3 O Local 3.1 Moradias Infantis 17 27 34 43 46 54 65 59 INTRODUÇÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 5.5 Plantas Ampliadas 5.6 Cortes 5.7 Fachadas 5.8 Perspectivas 71 72 73 74 75 79 80 82
2 3 1

No mundo todo, já algum tempo, notamos um crescente aumento no diagnóstico de pessoas com ansiedade e depressão, principalmente na faixa etária entre 6 a 18 anos. No Reino Unido por exemplo, como mostra uma pesquisa feita pelo National Institute for Health and Care Excellence (NICE) já são mais de 80 mil crianças da região diagnosticadas com depressão sendo 8 mil delas menores de 10 anos. No Brasil não é diferente, estima-se que há entre 1% a 3% da população entre 0 a 17 anos diagnosticada com esses transtornos, além disso um estudo feito pelo Hospital das Clínicas (SP) mostra que mais de 50% de crianças que sofrem com ansiedade, passarão por pelo menos um episódio depressivo na vida.

Os principais motivos que desencadeiam esses tipos de transtornos são genética, ambiente e situações ou experiências estressantes como separação de pais, bullying na escola, abusos físicos e psicológicos, alterações no habitual da vida, e hoje em dia, a grande pressão imposta pela sociedade em cima de assuntos cotidianos como estudos (necessidade de prestar vestibular, entrar em faculdade renomadas e públicas, se formar com mérito, conseguir um bom trabalho), estética (necessidade de se ter o “corpo ideal”, tanto para mulheres como para homens), sociais (competitividade de status),

identidade de gênero (exigência de se identificar com o corpo de nascimento), orientação sexual (imposição em ser heterossexual, não aceitação da liberdade de escolha sexual ) e muitos outros fatores que sempre estiveram presentes mas só tem ganhado visibilidade com a alta de tentativas de suicídio entre jovens e o constante crescimento de diagnósticos de transtornos emocionais.

Hoje no Brasil há 166 hospitais psiquiátricos onde são tratadas diversas doenças mentais nas quais muitas vezes os pacientes passam anos morando neste mesmo lugar sem serem inseridos novamente na sociedade, podendo morrer ali mesmo. Isso acontece porque há muito tempo foi construído um conceito pejorativo sobre esses espaços principalmente pela forma como se tratavam os doentes, como era o ambiente e por, muitas vezes, ter pessoas que “não tinham valor na sociedade jogadas lá dentro” causando uma superlotação e a precariedade do cuidado com estas e a própria instituição. Sendo assim eram esquecidos e isolados da comunidade.

Desde muito tempo doenças psicológicas e seus ambientes de tratamento vem sido menosprezados e deixados de lado pelas políticas públicas e a própria sociedade em que vivemos. Portanto a elaboração de um projeto de centro de tratamento focado no acolhi-

mento e reinserção da criança ou adolescente que sofre com os distúrbios emocionais, busca atender as necessidades de uma sociedade banalizada, por meio da arquitetura.

Tendo isso em vista, este trabalho final de curso tem a intenção de trazer um novo olhar para arquitetura da saúde focada em patologias emocionais de forma a quebrar qualquer preconceito ou receio das pessoas, tanto para quem sofre indireta ou diretamente com elas, quanto para a comunidade no geral. A ideia é projetar um espaço acolhedor, em que o paciente possa se sentir em casa e não em uma prisão, sem tirar sua liberdade de escolha e oferecendo variadas formas de tratamento por meio da arquitetura. Dessa forma abrindo as portas para novas formas de cuidados com o ser humano e ampliando o estudo da área.

O principal objetivo com o centro de tratamento e acolhimento para crianças e adolescentes com ansiedade e/ou depressão é criar um espaço físico acolhedor e agradável aonde elas possam ser tratadas de forma devida e correta sem qualquer tipo de discriminação, de forma com que se sintam seguras e amparada pela sociedade.

Além disso, criar um espaço para o tratamento rápido e a reinserção da pessoa na

comunidade através de um ambiente terapêutico, não estressante ou traumatizante como são conhecidos os “manicômios” de forma com que não fiquem esquecidos e isolados como há muito tempo tem sido feito.

Introdução

perceptível por mais pessoas (pais, professores, colegas) e em ambientes diferentes (em casa, na escola). Esses sintomas devem persistir por 12 meses com intervalos de até 3 meses sem sintomas.

É importante, antes de tudo, conhecermos as doenças, quais seus sintomas e as consequências provocadas na vida da criança e do adolescente para entender como a arquitetura pode minimizálas, trazendo conforto e bem-estar diante dos tratamentos necessários existentes no Centro.

01.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5ª edição, American Psychiatric Association [APA], 2013) mostra em diversos capítulos a variedade existente de transtornos mentais, contudo neste trabalho o foco será os do tipo depressivos e de ansiedade. Em geral, a característica em comum desses transtornos é a presença de humor triste, vazio ou irritável, medo ou ansiedade excessiva, acompanhado de alterações físicas ou mentais que interferem na capacidade de desempenho e desenvolvimento de uma pessoa. A diferença entre eles são o tempo de duração, momento ou causa.

O transtorno disruptivo da desregulação do humor (T.D.D.H) tem como sua característica geral a irritabilidade permanente, onde apresenta duas manifestações possíveis: frequentes explosões de raiva (derivada de frustações) ou humor irritável persistente. Esse transtorno tem seu início antes dos 10 anos de idade, porém, não pode ser diagnosticado antes dos 6 anos de idade ou depois dos 18 anos de idade. Como critério de diagnóstico é necessário que o indivíduo tenha tais explosões três ou mais vezes por semana e que seu humor zangado seja

Segundo o DSM-V, o T.D.D.H possui taxas mais elevadas de recorrência em crianças do sexo masculino e em idade escolar. Como consequência, crianças com esse tipo de distúrbio têm risco de desenvolver outros tipos de transtornos depressivos ou de ansiedade na fase adulta, possuem dificuldade na escola e de começar ou manter amizades. Além disso, é comum encontrar crianças que, além do transtorno disruptivo de desregulação de humor tenham em comorbidade (duas ou mais doenças relacionadas) ansiedade e até mesmo autismo.

O transtorno depressivo maior, apesar de muito parecido com o anterior tem critérios mais rigorosos em tempos mais curtos e prevalecem em adultos entre 18 a 29 anos. As principais características são humor deprimido e perda de interesse ou prazer em atividades cotidianas. Entretanto é possível que crianças e adolescentes desencadeiem o transtorno, todavia o humor deprimido pode ser reconhecido como humor irritável.

Sintomas como: humor deprimido (ou irritável em crianças e adolescentes) na maior parte do dia, quase todos os dias; diminuição no interesse ou prazer nas atividades na maior parte do dia; perda ou ganho de peso sem estar fazendo dieta; insônia ou hipersonia; agitação ou lentidão psicomotora; fadiga; sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva; menor capacidade de se concentrar; pensamentos recorrentes em morte ou ideação suicida, devem ser vivenciados todos os dias, por pelo menos cinco (ou mais) sintomas, durante duas semanas; com exceção

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1.1 Ansiedade e Depressão: Doença e a consequência da Pandemia
1.1.1 - Transtornos Depressivos:

de ideação suicida ou alteração de peso, para ser diagnosticado.

Esse transtorno pode aparecer pela primeira vez em qualquer idade, porém há uma prevalência de aparecer no início da puberdade e no sexo feminino. A recorrência está relacionada a gravidade do episódio anterior, em pessoas mais jovens e naqueles que já vivenciaram múltiplos episódios. O transtorno depressivo maior pode levar ao desenvolvimento de transtornos bipolares, na adolescência em sua maioria, em indivíduos com características psicóticas ou apresentem na família pessoas com esse tipo de transtorno. É provável também que pessoas com transtorno depressivo maior no qual tiveram diagnóstico precoce, desenvolvam em comorbidade transtornos relacionados a substâncias, transtorno de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno de personalidade borderline.

Aqueles com o transtorno depressivo maior podem chegar ao ponto de se tornar incapaz de dar atenção as suas necessidades básicas, podendo ficar mudo ou catatônico (incapacidade de se mover normalmente), em consequência disso o risco de tentativas de suicídio se torna frequente, e aumenta em casos de comorbidade com transtorno de personalidade borderline. Há conhecimento de taxas altas em casos de pessoas do sexo masculino, solteiro ou que vivem sozinho e cujo dispõem de sentimentos de desesperança.

A maior diferença do transtorno depressivo persistente (também chamado de distimia) com o transtorno depressivo maior é sua duração. Tem como característica principal o humor irritável na

maior parte do dia, quase todos os dias com duração de um ano e que não esteve mais de dois meses sem sintomas (em adultos é humor depressivo e tem duração de dois anos). É necessário a presença de dois (ou mais) desses sintomas além do humor irritável: apetite diminuído ou alimentação em excesso, insônia ou hipersonia, fadiga, baixa autoestima, baixa concentração e ou sentimentos de desesperança para determinação.

O transtorno disfórico pré-menstrual tem como sintomas principais a alteração de humor, irritabilidade, disforia (desconforto, tristeza) e sintomas de ansiedade no qual atingem seu pico na fase pré-menstrual e retornam logo após o início da menstruação. Para qualificação é necessário que esses sintomas apareçam na

maioria dos ciclos menstruais durante um ano e prejudiquem o rendimento no trabalho e ou escola e o funcionamento social.

A qualquer momento a partir da menarca é possível que surja o transtorno, mas alguns fatores como estresse, trauma, mudanças sazonais, aspectos socioculturais do comportamento feminino em geral e herdabilidade de sintomas pré-menstruais podem facilitar a ocorrência do mesmo.

Medicamentos ou substâncias como álcool e drogas podem causar o transtorno depressivo induzido. Os sintomas principais são os mesmos, humor depressivo e diminuição de interesse nas atividades, porém eles aparecem porque a

substância ou medicamento produz esse tipo de sintoma no paciente. Outro modo de desencadear esse distúrbio induzido é no caso de a substância causar intoxicação ou então o indivíduo sofrer de abstinência da mesma. Para isso a pessoa precisa ter ingerido, inalado ou injetado a substância e os sintomas devem durar além do tempo fisiológico esperado.

É possível diagnosticar através de exames laboratoriais e não pode ser feito durante o curso de delirium (distúrbios da consciência, como demência, falta de clareza no ato de consumo do medicamento ou substância). Deve ser notado o aparecimento dos sintomas durante o uso (primeiras semanas) ou

Fonte: saobernardo.com/blog/tdmtranstorno-depressivo-maior-o-que-ee-como-tratar/

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Figura 1: Ilustração de doenças mentais como casas. Fonte: Federico Babina, 2017. Figura 2: Dados do IBGE, sintomas da depressão.

durante a abstinência (um mês após interrupção de utilização).

A ocorrência desse distúrbio provocado por drogas, tende a surgir naqueles que possuem histórico de transtorno depressivo maior, depressão induzida e estressores psicossociais. O risco de suicídio é existente por conta das alterações comportamentais e de pensamento causada pelo os medicamentos e substâncias. Dessa forma um estudo feito pela FDA (U.S Food and Drug Administration) revela que, há um grande risco de suicídio em pacientes que fazem uso de antidepressivos. A comorbidade desse transtorno pode ser associada a transtornos mentais como: transtornos da personalidade paranoide, histriônica e antissocial e têm menor possibilidade de apresentar distimia associada a depressão induzida.

Há casos em que o indivíduo sofre com outras doenças, como por exemplo AVC (acidente vascular cerebral), esclerose múltipla, doença de Parkinson, doença de Huntington, lesão cerebral traumática, doença de Cushing e hipotireoidismo (são as mais associadas) e que por conta dos efeitos fisiológicos desencadeados pela enfermidade provoca o transtorno depressivo devido à outra condição médica. Há predominância de humor depressivo e diminuição de interesse nas atividades diárias, que ocorrem além do curso de delirium (distúrbios de consciência como demência, falta de clareza devido a doença e ou tratamento). Esse transtorno pode ter início no decorrer da doença ou na descoberta do diagnóstico o que, em alguns casos, pode sim levar a uma tentativa de suicídio.

Em casos cujo há existência dos sintomas de humor depressivo e quatro outros sintomas de

depressão somados que causam sofrimento clínico e interferência nas atividades sociais por curto período de tempo (entre quatro a catorze dias), porém não satisfazem os critérios de diagnóstico necessários para se enquadrar em outro transtorno depressivo já falado, é chamado de transtorno depressivo especificado. Já o transtorno depressivo não especificado é aquele onde o paciente possui alguns sintomas, porém não é possível diagnosticar as causas e incluir em algum outro transtorno (isso geralmente acontece em salas de emergência no qual é necessário classificar o paciente para receber o tratamento momentâneo necessário).

Os transtornos depressivos são classificados de acordo com a gravidade (leve, moderado, moderado-grave e grave), com características mistas (relacionadas ao transtorno depressivo maior), com características melancólicas (aplicado somente no estágio mais grave do episódio), com características atípicas (predominam do transtorno depressivo maior ou persistente), com características psicóticas (delírios), com catatonia (incapacidade de se mover normalmente) e com padrão sazonal (relacionado ao transtorno depressivo maior recorrente).

1.1.2 - Transtornos de Ansiedade:

Além dos transtornos depressivos, será abordado também os transtornos de ansiedade os quais são distúrbios onde as principais características incluem o medo e a ansiedade excessivas que ocasionam perturbações comportamentais, “Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação futura”. (DSM-V, 2014, p.189). O transtorno de ansiedade pode gerar ataques de pânico como uma resposta física direta ao medo (lembrando que ataques de pânico não estão somente ligados a transtornos de ansiedade, mas podem ser provocados em outros transtornos mentais). Além disso, esses distúrbios podem ser correlacionados entre si, as diferenças entre os transtornos de ansiedade estão no objeto ou situação que provoca o medo, ansiedade, comportamento de esquiva e o conteúdo dos pensamentos associados.

“A ansiedade é uma emoção que faz parte e é importante para nossa sobrevivência. Ela passa a ser um problema quando ela é tão intensa que passa a atrapalhar o dia-a-dia da pessoa, quando ela passa a não funcionar bem ou quando passa a gerar um sofrimento (CÍNTIA FUSIKAWA, 2020).

O transtorno de ansiedade de separação possui como característica principal o medo ou ansiedade excessivos envolvendo a separação de casa ou de figuras de apego (pais por exemplo). Esse é o transtorno mais predominante entre crianças, podendo ocorrer em idade pré-escolar ou em

qualquer outro momento durante a infância.

Para diagnostico é fundamental que se evidencie três ou mais dos seguintes sintomas: sofrimento excessivo e recorrente diante da previsão de afastamento de casa ou de pessoas de apego, preocupação persistente e excessiva quanto a possível perda ou perigo envolvendo essas pessoas, preocupação excessiva que um evento leve a sua separação (perder-se, ser sequestrado, sofrer um acidente por exemplo), relutância em sair de casa ou ir para escola, medo exagerado em ficar sozinho, pesadelos repetidos envolvendo a separação, queixas persistentes de sintomas físicos (dores de cabeça e abdominais, náuseas e vômitos) quando há separação ou previsão da mesma. O medo, ansiedade e comportamento de esquiva, causando prejuízo na escola, trabalho ou relações sociais também são necessárias para se obter diagnóstico correto. É comum que adolescentes e adultos sofram com sintomas cardiovasculares como palpitações, tonturas e até desmaios.

As crianças com esse tipo de transtorno podem não conseguir permanecer ou irem até outros cômodos sozinhas, são relutantes em dormir sem os pais por perto, provocando comportamentos de agarrar-se, ou sendo “sombra” das figuras de apego. Por conta disso, desenvolvem dificuldades para dormir e também de participarem de atividades sociais que incluem dormir longe de casa. Além disso, podem exibir timidez, tristeza, dificuldade de se concentrar, medo de animais, monstros, escuro, ladrões, acidentes, viagens de avião (tudo aquilo que demonstre perigo a ela, ou àqueles a quem tem apego). Em geral, podem se tornar adultos dependentes e superprotetores por serem crianças

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Figura 3: Ilustração sobre depressão.
Fonte: saobernardo.com/blog/tdm-transtorno-depressivomaior-o-que-e-e-como-tratar/

exigentes e intrometidas.

crianças geralmente são tímidas, tem medo de constrangimento, podem se isolar, possuem traços compulsivos, ataques de birra e frequentemente são diagnosticadas com outros transtornos em comorbidade (principalmente fobia social).

adolescência. Aqueles que continuam a sofrer com sintomas até a fase adulta, provavelmente não terão retrocesso.

Crianças e adolescentes com esse tipo de transtorno temem ou anseiam intensamente por objetos ou situações específicas, de tal forma a causar choro, ataques de raiva ou imobilidade, além de ataques de pânico e comportamentos de esquiva (elas, intencionalmente, se comportam de forma a minimizar ou prevenir a situação ou objeto, principalmente mudando sua rotina). E por isso têm prejuízo no funcionamento psicossocial, redução da qualidade de vida e até mesmo mobilidade reduzida. Além do mais, foi diagnosticado que 75% daqueles com fobia específica, temem mais de um objeto ou situação ao mesmo tempo, e quanto maior a quantidade de fobias maior o prejuízo final.

situações estressantes no início da infância, como o bullying ou maus-tratos. Em adolescentes, ocasiões de possível constrangimento, como encontros, também podem ser um fator de desenvolvimento. É importante notar a diferença com alguns transtornos, no caso da fobia especifica o paciente pode temer humilhação, mas em situações particulares como vergonha de desmaiar ao tirar sangue, no caso da fobia social a pessoa teme ser julgado de forma negativa independente da ocasião, desde que tenha contato com outra pessoa.

Um outro transtorno de ansiedade muito ligado às crianças, é o mutismo seletivo. Ele acontece quando a criança tem a necessidade de se comunicar em situações sociais, mas não consegue por uma intensa ansiedade social. Elas conseguem falar com parentes que vivem dentro da sua casa, porém com o tempo e cada vez mais deixarão de responder familiares de segundo grau (avós e primos por exemplo) e amigos.

É normal o início antes dos cinco anos, porém não recebem atenção até a entrada na escola. Havendo essa perturbação com duração de um mês pelo menos, gerando consequências acadêmicas e sociais e não ocorrendo no primeiro mês de escola, pode ser considerado mutismo seletivo. Essas

O transtorno de fobia específica é desenvolvido após um evento traumático ocorrido diretamente com o indivíduo (ser atacado por um animal por exemplo), após observação de ocorrência com outra pessoa (ver alguém se afogar), ou por ataque de pânico inesperado em alguma situação (o paciente tem um ataque de pânico inesperado em um avião e passa a ter uma fobia em relação ao meio de transporte) ou por transmissão de informação (jornal aborda o tempo todo sobre o risco de ser contaminado por coronavírus ao cumprimentar alguém e o indivíduo desenvolve fobia em pegar na mão). É um transtorno que se desenvolve no início da infância, com média entre 7 a 11 anos e pode ter sua remissão até a

Situações sociais em que a criança ou adolescente se encontra em posição de serem avaliados por outros, colegas ou adultos, podem desencadear o transtorno de ansiedade social ou fobia social. Esse transtorno provoca medo e ansiedade intensos sobre a situação, geralmente desproporcional à ameaça real, de modo a temerem agir de tal forma deixando claro seus sintomas de ansiedade (tremer, transpirar, gaguejar) ao ponto de uma pessoa o avaliar de forma negativa (medo de ser humilhado por exemplo). Assim como consequência, causa prejuízos acadêmico, no bem-estar, no status econômico e produtividade do trabalho (em adultos), na qualidade de vida e faz com que evitem atividades de lazer.

Possui idade de início entre 8 e 15 anos, com duração de pelo menos seis meses, tem forte ligação com a genética e pode ser desencadeada a partir de

As crianças como esse transtorno possuem altas taxas de comorbidade com autismo ou mutismo seletivo. No caso dos adultos pode desenvolver transtornos por uso de substâncias (beber sempre antes de ir a um evento por exemplo, para diminuir a ansiedade) e transtorno depressivo maior, principalmente em casos de isolamento social crônico.

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Figura 4: Ilustração de doenças mentais como casas. Fonte: Federico Babina, 2017. Figura 5: Ilustração fobia social. Fonte: Pinterest, 2021. Figura 6: Ilustração de doenças mentais como casas. Fonte: Federico Babina, 2017.

No transtorno de pânico ocorrem ataques de pânico inesperados e recorrentes, podendo ocorrer mesmo com o indivíduo em estado de relaxamento ou acordando do sono (ataque de pânico noturno). Um ataque de pânico pode ser explicado como “um surto abrupto de medo ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro ou mais de uma lista de 13 sintomas físicos e cognitivos” (DSM-V, 2014, p. 209). Dentre esses sintomas incluem: taquicardia, sudorese, tremores, sensações de falta de ar, sensações de asfixia, desconforto torácico, náusea, tontura ou desmaio, calafrios, parestesia, desrealização, medo de perder o controle e ou medo de morrer.

Pessoas com esse transtorno, frequentemente se ausentam da escola ou trabalho em vista da necessidade de ir ao médico ou urgência e por isso sofrem com incapacidade física, social e profissional. É um transtorno que na maioria das vezes está associado à outras condições médicas principalmente transtornos de ansiedade, depressão maior, bipolaridade e por substância. Aqueles que possuem essas comorbidades, sofrem com os ataques após primeiro diagnóstico, mostrando a gravidade da comorbidade.

Diferente do transtorno de fobia específica e da fobia social, a agorafobia é o medo e ansiedade intenso acerca da possibilidade de sofrer sintomas de pânico ou constrangedores e não ter possibilidade de escape da situação ou de receber auxílio, então a pessoa desenvolve fobia por situações que as coloquem nessa posição, como por exemplo: fobia de transportes públicos, permanecer em lugares abertos ou então fechados e até mesmo sair de casa sozinho.

Em razão disso, ela passa a ter comportamentos de esquiva e em casos mais graves, se confina em casa ou então se torna dependente de terceiros inclusive para auxiliá-los em suas necessidades básicas acarretando em incapacidade de produtividade no trabalho ou escola e podendo desencadear outros transtornos como o depressivo maior. A maioria dos diagnósticos se dá ao final da adolescência e início da vida adulta, sendo incomum em crianças (mas isso pode ocorrer pela dificuldade em descrever os sintomas).

O transtorno de ansiedade generalizada é mais comum em adultos, tendo sua média de idade aos 30 anos, entretanto é possível que seja diagnosticado em pessoas mais jovens também. Tem como suas principais características a ansiedade e preocupação exagerada ocorrendo todos os dias por pelo menos seis meses e principalmente a dificuldade em controla-la. Para identificação em crianças, basta sofrer um dos seguintes sintomas (adultos precisam sofrer com três ou mais): sensação de nervos à flor da pele, fadiga, dificuldade em concentrar-se, irritabilidade, tensão muscular e perturbação do sono, além do mais podem sofrer com sintomas somáticos (náusea, diarreia) e sintomas associados ao estresse (dores de cabeça e síndrome do intestino irritável por exemplo).

Quando tem início da infância, o transtorno vai se apresentar apenas como temperamento ansioso, contudo os sintomas nessa fase são crônicos e aqueles que o desencadeiam nessa faixa etária possuem taxas de recuperação baixas. As preocupações que causam o transtorno nessa idade, geralmente estão relacionados ao desempenho escolar ou esportivo tornando-as perfeccionistas, inseguras e sempre

em busca de aprovação, podem temer também, por situações catastróficas como terremotos e tsunamis.

No caso dos transtornos de ansiedade, assim como nos transtornos depressivos, podem também serem induzidos por substância ou medicamentos.

A diferença está no sintoma provocado cujo neste caso são ataques de pânico. Esses ataques, para diagnostico, devem ser desencadeados durante ou logo após a intoxicação ou abstinência e principalmente, a substancia (álcool, cafeína, cannabis, fenciclidina, alucinógenos e estimulantes são alguns exemplos, além de metais pesados como monóxido de carbono, gasolina, etc.) deve ser capaz de provocar esse sintoma.

Outro transtorno de ansiedade similar aos depressivos é o relacionado a outra condição médica e assim como o induzido, provoca ataques de pânico. Somente é diagnosticada caso a outra condição médica (doenças endócrinas, respiratórias,

neurológicas e distúrbios metabólicos) induz e precede o pânico. Em ambos os transtornos de ansiedade (induzidos por substância ou devido à outra condição médica) possuem evidência a partir de exames físicos e laboratoriais.

O transtorno de ansiedade especificado, ocorre quando a pessoa possui vários sintomas que prejudiquem seu funcionamento social e causam sofrimento, porém não satisfazem os critérios necessários para diagnóstico de outro transtorno de ansiedade e possui justificativa (ansiedade generalizada, mas que não ocorre todos os dias, por exemplo). E o transtorno de ansiedade não especificado geralmente acontece em casos de triagem de pronto-atendimento e emergências, onde fica claro que o paciente sofre com sintomas de transtorno de ansiedade, mas por alguma razão que não é possível ser constatado naquele momento, não se enquadra em algum outro transtorno particular.

Como já mencionado anteriormente, o Brasil é o segundo país das Américas com maior porcentagem de pessoas com depressão. São 5,8% da população (aproximadamente 11,5 milhões), ficando atrás somente dos Estados Unidos com 5,9%. Além disso é o país do continente americano com maior número populacional (9,3% em torno de 18,6 milhões) com transtornos de ansiedade. (CONTEUDO, 2019)

No atual (2021) cenário mundial, com a pandemia do covid-19 os casos de ansiedade aumentaram em 80% no Brasil, segundo um levantamento feito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E esse crescimento pode estar relacionado a capacidade do vírus de infectar as células do sistema nervoso central e à reação imunológico do nosso organismo em tentar

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Figura 7: Ilustração mente do ansioso. Fonte: Pinterest, 2021.

combater este corpo estranho por meio da grande produção de substâncias inflamatórias, o que pode provocar alterações da produção do hormônio cortisol (seu desequilíbrio está relacionado aos transtornos psiquiátricos). Além do vínculo com respostas fisiológicas, há também as respostas emocionais relacionadas ao isolamento social, medo da doença, incertezas quanto seus tratamentos e duração, mudanças financeiras por conta da pandemia e o trabalho em home office (segundo o IBGE, o 1° trimestre de 2021 foi marcado pela maior alta de desemprego desde 2012 com 14,4% atingindo cerca de 14,4 milhões de brasileiros). (GIGLIOTTI, 2020)

Segundo pesquisa feita pelo Conselho Regional de Farmácia, a venda de medicamentos psiquiátricos controlados teve aumento de 30% entre 2018 e 2020 com quase 100 milhões de caixas vendidas somente no ano de 2020. Isso mostra como de fato a pandemia do covid-19 agravou os sintomas e diagnósticos de pessoas com transtornos mentais principalmente, ansiedade e depressão.

E toda essa circunstância não só afetou os adultos e idosos, mas também as crianças e adolescentes. De acordo com a entrevista feita no Profissão Repórter transmitida pela Rede Globo, as maiores queixas dos jovens são a falta de liberdade repentina ocasionada pelo isolamento social (estratégia para redução de contaminação do coronavírus) e consequentemente distanciamento de amigos e parentes, aumento de conflitos internos com os familiares e a própria persona, tristeza relacionada a problemas trazidos pela pandemia como separação de pais ( o que afeta diretamente o emocional de crianças e adolescentes), perda de figuras de apego, automutilação e

até mesmo ideação ou tentativas de suicídio.

É mostrado como exemplo a história de Gustavo, que com apenas 7 anos sofreu um aumento de peso (32kg em um ano) muito grande, angústia, dificuldade de foco e concentração, medo da própria contaminação ou de sua mãe ficar doente, medo da

separação quando ela precisa sair para trabalhar e tudo isso provocado pela pandemia. Com tempo ocioso e como forma de distração, a alternativa escolhida num primeiro momento, foi o uso do celular, na qual estudos já realizados revelam que o uso excessivo de aparelhos eletrônicos pode levar a obesidade, prejuízos no desenvolvimento cognitivo e social e problemas de sono (nessa fase dormir menos de 9 horas diárias pode acarretar em mudanças repentinas de humor e agravar sintomas de depressão).

“... ter prejuízo nesse momento da vida, acabasendomaisestressorparaoadolescenteporqueeleaindaestáformandosua rede externa, sua rede social externa [...].

Analisando todo esse contexto, é possível notar como facilmente estamos expostos a situações que podem nos causar algum tipo de transtorno mental, principalmente a criança e ao adolescente que estão na fase de desenvolvimento de personalidade, desenvolvimento cognitivo e social. O mais adequado é sempre buscar ajuda de médicos especializados para diagnóstico. No entanto, o objetivo desse trabalho é justamente buscar alternativas para que esses jovens tenham um local de acolhimento com a menor exposição possível dessas situações que acarretam ou pioram os seus transtornos emocionais.

Após breve conhecimento sobre os transtornos emocionais abordados no Centro, serão apresentados os tratamentos essenciais e complementares para esses distúrbios. Além da necessidade de mantermos uma alimentação saudável, práticas de atividades físicas e boas noites de sono para a saúde no geral, indivíduos com transtornos mentais exigem de terapias específicas para conseguirem lidar com seus sintomas e desfrutar de uma vida mais leve.

O principal método e geralmente, mais utilizado é a psicoterapia. Originada do grego Psykhé = mente mais Therapeia = ato de curar ou de reestabelecer algo que foi perdido, se resume em tratamentos verbalizados ou não, com o único objetivo de curar a mente que está em sofrimento emocional. Segundo Wolberg (1972, pág. 3 apud RIBEIRO, 2013) a definição de psicoterapia é:

“Psicoterapia é o tratamento, por meios psicológicos, de problemas, de natureza emocional, no qual uma pessoa treinada estabelecedeliberadamenteumrelacionamentoprofissionalcomumpaciente,com o objetivo de remover, modificar ou retardarsintomas,deinterviremmodelosperturbadosdocomportamentoedepromoverumcrescimentoeumdesenvolvimento positivodepersonalidade.

Fonte: medicina.ufmg.br/por-que-estamos-ansiosos/

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Figura 8: Conceitos da pandemia. 1.2 Tratamentos e a Relação com a Arquitetura

Esta trabalha no intuito de fazer o paciente abranger seu campo perceptivo, entendendo de formas mais saudáveis e leves, o relacionamento consigo mesmo e com o mundo ao seu redor. Dentro dessa forma de tratamento, existem a psicanálise, terapia cognitivo-comportamental, comportamental, fenomenológica e interpessoal.

A psicanálise surge com Sigmund Freud, que conforme seus estudos dividiu nossa mente em duas partes: consciente e inconsciente, sendo a base da terapia. Além disso, o médico fundamentava sua teoria na ideia de que tudo o que nos acontece nos primeiros anos da infância podem ficar repreendidos no nosso inconsciente durante muitos anos e voltar na fase adulta por meio de sonhos. Através de conversas e técnicas entre terapeuta (sempre neutro) e paciente, é possível resgatar toda uma história de experiências, sejam elas boas ou ruins, também do nosso inconsciente, norteando o diagnóstico do que o trouxe ao sofrimento presente e dessa forma alterar ciclos repetitivos de comportamento para uma vida mais agradável. (RIBEIRO, 2013)

“As emoções não expressas, nunca morrem. Elas são enterradas vivas e saem de piores formas mais tarde. (SigmundFreud).

Criada na década de 1960 e com maior número de estudos sobre a sua eficácia, a terapia cognitivocomportamental é uma abordagem direta, ativa, estruturada e com limitação de duração. Baseia-se na relação de pensamentos e informações que são apresentados ao indivíduo e também nas crenças que possui sobre si mesmo, sobre o mundo e o futuro e como isso afeta diretamente em sua emoção, seu

comportamento e resposta fisiológica e geralmente são conceitos disfuncionais que desencadeiam a ansiedade e depressão. Então, essa linha vai trabalhar reconfigurando a forma de pensar e consequentemente seus comportamentos diante as situações.

“Por meio dessa análise construída num esforço conjunto, nós conseguimos modificar o raciocínio do indivíduo sobre algumas questões, o que leva a mudanças na forma como ele interage com o mundo e com os outros. (WilsonVieiraMelo,2019).

Enfatizando a atenção exclusivamente ao comportamento humano, a terapia comportamental, como o próprio nome diz, atribui atenção exclusivamente à comportamentos disfuncionais repetitivos do paciente e como o ambiente ao seu redor o influencia. O objetivo, assim como nos outros métodos, é transformar a forma de reação a determinadas situações, porém eliminado esses hábitos negativos e reforçando hábitos saudáveis.

A terapia fenomenológica-existencial entende o ser humano como indivíduo único, e que assim há inúmeras variações de como os ambientes, situações e relações vão desencadear sentimentos diferentes em cada pessoa, tornando então o momento presente com o paciente singular. Não são sonhos, experiências passadas, crenças ou comportamentos que desencadeiam emoções e constroem a personalidade, mas sim fatores externos do presente (é o que acredita a filosofia dessa metodologia).

Neste caso, o profissional deve se manter imparcial de pressuposições ou interpretações, mas manter vínculo empático, compreensível e estar aberto as constantes transformações de relações do paciente.

Outro método é a terapia interpessoal na qual baseia-se diretamente no relacionamento do indivíduo com outras pessoas principalmente em situações de mudanças de vida como por exemplo, adaptação de escola, perda de um ente próximo, formatura, isolamento e entre outros. Então é analisado determinado aspecto da vida do paciente cujo recebe o foco da intervenção na intenção de obter uma adaptação positiva. Vale ressaltar que todas essas terapias, em sua maioria, são praticadas de forma individual, contudo é possível realiza-las em grupos, o que pode auxiliar para um tratamento

Além das terapias psicossociais é possível, conjuntamente, realizar terapias alternativas. Algumas delas ainda estão sendo estudadas sobre sua eficácia, mas é notório que apenas por trazer sensação de bem-estar contribui para recuperação do paciente e melhora de sua qualidade de vida. É importante lembrar que são opções que funcionam junto a terapia psicossocial e acompanhamento médico os quais são insubstituíveis. Como exemplo, temos: acupuntura, ioga, musicoterapia, arteterapia, meditação, aromaterapia, cromoterapia, horto terapia, quiropraxia, massagens e muitos outros.

A acupuntura é uma técnica milenar chinesa na qual acredita que o corpo humano é constituído

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Figura 9: Ilustração subconsciente da criança. Fonte: Pinterest, 2021. mais saudável pelo contato com o próximo evitando isolamentos. Figura 10: Ilustração de massagem. Fonte: Pinterest, 2021.

de energia acumulada em várias partes. A inflamação é um “aviso” do corpo que está em desequilíbrio energético podendo obter como resultado, dor, cansaço e fraqueza. Com o objetivo de reestabelecer o equilíbrio do corpo e provocar efeitos analgésicos e anti-inflamatórios, são aplicadas agulhas bem finas pelos meridianos (pontos específicos de energia) promovendo melhora da imunidade e liberação do fluxo de energia. (REIS, 2020)

A ioga é uma prática que une técnicas de respiração, meditação e posições de alongamento. Nascida na Índia, tem como principal objetivo o alinhamento do corpo, mente e espírito trazendo equilíbrio emocional para aquele que pratica. Dito isso, vemos como é possível combiná-la ao tratamento de ansiedade e depressão já que auxilia no controle das emoções e sua maior consciência trazendo melhora da qualidade de vida. (VORKAPIC e BERNARD, 2011)

O principal motivo em decidir criar um ambiente para tratamento complementar com a musicoterapia, é porque, mesmo que ainda não comprovado da sua eficácia no tratamento específico de doenças, já é provado que ouvir músicas ou tocar instrumentos traz uma melhora significativa no humor do ser humano e pode servir como distrações em momentos de angústia, como efeito reduz os níveis de ansiedade e stress. Além disso, a música é um ótimo meio de desenvolvimento motor e da capacidade de aprendizagem da criança. (BIERNATH, 2019)

Como já estudado durante o curso de Arquitetura e Urbanismo, na Europa do início do século XX, surge a vanguarda artística conhecida como “expressionismo” que é literalmente expressar

seus sentimentos e emoções através da arte. E é mediante análises das obras de grandes artistas com transtornos emocionais, que Freud por exemplo, pressupõe que “o inconsciente se manifesta através de imagens, que transmitem significados mais diretamente do que as palavras [...] porque escapam mais facilmente da censura da mente do que as palavras” (UNIÃO BRASILEIRA DE ASSOCIAÇÕES DE ARTETERAPIA). Além de Freud, tiveram muitos outros médicos psiquiatras e psicólogos, como Jung por exemplo, que criaram sua própria teoria

de como a arte pode expressar de melhor forma o “inconsciente” de alguém do que a fala e dessa maneira passam a utilizar como técnica para desenvolvimento de personalidade, facilitador de resoluções de conflitos internos, meio para que a pessoa tenha consciência de si e do mundo ao seu redor.

Principalmente em casos de transtorno da ansiedade, a prática da meditação pode ser muito vantajosa. Isso se dá ao fato de ser uma técnica que trabalha habilidades de foco e concentração, levando a mente a “fugir” da angústia momentânea que a ansiedade causa, aquietando o indivíduo por instantes e trazendo pra ele algumas respostas e resoluções que a mente está em busca.

Pensando em todas essas possibilidades de tratamento às doenças emocionais, chega-

em um programa de necessidades para o centro de tratamento, objeto de estudo deste trabalho.

Veremos mais a diante a importância de se projetar um ambiente humanizado, entretanto neste mesmo capítulo haverá uma prévia dos principais pontos a se planejar e relacionar aos tratamentos.

Cada vez mais os seres humanos tem passado a maior parte do seu tempo dentro de espaços internos, sejam eles residenciais ou corporativos, e é possível observar como esse fato interfere diretamente na rotina do dia a dia e consequentemente no seu humor.

Diante da pandemia do covid-19 ficou ainda mais evidenciado essa necessidade de se ter um ambiente que sirva o trabalho, mas também acolha a família, ofereça lazer, segurança e espaços de descanso. Isso por conta do isolamento social obrigatório como medida de evitar a contaminação e propagação do vírus.

Podemos fazer uma conexão direta aos espaços psiquiátricos, que isolam àqueles com transtornos mentais do mundo e são esquecidos. Quando somos colocados em um espaço isolado do contato social e natureza, passamos a ter um sentido de solidão, isso somado ao medo da doença e a falta de liberdade fez com que o número de pessoas com sintomas de ansiedade e depressão aumentasse em pelo menos 40%. (ARANTES, 2020) Imagine o que essa mesma situação causa em um indivíduo que já foi diagnosticado com o transtorno e agora sente-se desemparado do resto da sociedade.

Logo entra a grande importância de se repensar os espaços em que vivemos e que tratamos quaisquer doenças, mas especialmente aquelas ligadas a mente, afinal é o nosso cérebro que comanda todos nossos

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Figura 11: Ilustração de ioga. Fonte: Pinterest, 2021. Figura 12: Ilustração do Vicent Van Gogh. Fonte: Pinterest, 2021.

sentimentos e comportamentos e muitas vezes nos pegamos reclamando de estarmos “exaustos” mais do que fisicamente, mentalmente; provando de que devemos dar atenção especial ao nosso cérebro.

Um estudo publicado no “Journal of Environmental Psychology” em 2018 aborda como o uso de bom projeto em alas psiquiátricas pode diminuir a agressividade dos pacientes. Mostrando a importância de criar espaços onde não exista grande aglomeração de pessoas, espaços com redução de ruídos, mobiliários móveis que possam regular as relações com outras pessoas, quartos individuais com banheiro por exemplo. E é significativo o resultado na melhora da forma como os pacientes são tratados, diminuindo agressões verbais e físicas (que ocorrem em ambientes como esse) entre eles e com os funcionários, aplicações de injeções compulsórias, restrições físicas e isolamento, além de ter influência direta em bons resultados e comportamentos da equipe médica e auxiliar. Ou seja, há uma melhora conjunta tanto do paciente como do funcionário simplesmente, optando por pensar melhor os espaços aonde estão inseridos.

A arquitetura hospitalar, principalmente a psiquiátrica, esteve durante muitos anos entrelaçada a ideia de que são espaços frios, impessoais e distantes do aconchego de nossas casas, principalmente por se tratar de locais aonde durante muito tempo foi utilizado como “despejo de indesejados”, ou seja, o lugar que deve curar e amparar o paciente, o afastava ainda mais porque não percebiam como a arquitetura influenciava diretamente na sua recuperação. Entretanto, a arquitetura pós-moderna foi responsável por mudar essa visão e começa a propagar a ideia de ambientes

acolhedores e humanizados e quebrar com o pensamento pejorativo sobre o lugar.

Para um ambiente oferecer acolhimento e aconchego, são utilizados vários princípios em foco, como a ventilação natural, iluminação natural, abundância de vegetação, cores neutras e formas orgânicas. Tudo aquilo que se remete ao mais natural possível, que se integre, sem grandes obstáculos ou fechamentos, permita uma visão limpa e contínua auxilia em um ambiente mais humanizado. (ULRICH, BOGREN, et al., 2018)

Fonte: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0272494418303955#sec2

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Figura 13: Modelo proposta para projetar alas psiquiátricas.

1.3 Humanização do Ambiente Psiquiátrico

O ambiente hospitalar no geral, sempre foi reconhecido como um ambiente frio e impessoal, entretanto com o passar dos anos e a chegada da arquitetura contemporânea, inovações tecnológicas e novas formas de enxergar o relacionamento entre saúde e paciente criou-se o conceito de “desospitalização” que nada mais é a necessidade de humanização desses espaços que naturalmente deixam a recuperação do paciente mais lenta e angustiante, ou seja, afirmando que a arquitetura influencia diretamente na melhora da qualidade de atendimento, bem-estar e duração do tratamento.

Para melhor entendimento sobre este assunto, é importante, mesmo que brevemente, sabermos sobre a história do ambiente hospitalar, em especial a psiquiátrico, o que levou a criação dessa nova metodologia e como é fundamental a relevância desse assunto e incorporação no país, hoje.

1.3.1 - Breve Histórico Hospitalar

Segundo Goés, em Manual Prático de Arquitetura Hospitalar (2 ª edição, Blucher, 2011) o edifício hospitalar já é existente de muito antes do que imaginamos, começando no Egito e Babilônia a.C. cujo há existências de documentos históricos registrando o fato. Os chamados papiros médicos, datados entre 1553 a 1550 a.C. que foram encontrados por Georg Ebers (alemão e egiptólogo) em 1873, descrevem toda a medicina utilizada na época.

Mas o termo “hospital” só aparece realmente na era grega. O nome que vem do latim hospitalis, teve algumas variações com o tempo, um exemplo é a terminologia hospitium “lugar onde os hóspedes

eram recebidos, daí o nome de hospício para estabelecimentos que recebiam enfermos pobres, incuráveis ou insanos” (Goés, 2011 p.25), explica o porquê até hoje é um nome pejorativo, já que desde muitos anos foi um local para exílio dos desvalorizados da sociedade.

É então no século IV, com o cristianismo que o hospital passa a ser um local para tratar os doentes, pobres e estrangeiros. A era medieval tinha um grande sentimento de caridade e é ele que vai financiar a construção de muitos hospitais, mantendo o controle de sua arquitetura nas mãos dos religiosos. A planta dos quartos na época era constituída de uma cama que deveria ficar de frente a um altar permitindo que os enfermos observassem atos religiosos. Ainda não se tinha o conhecimento de como as doenças poderiam ser contagiosas e de quais formas eram prevenidas.

Construído em Lyon na França, o Hotel-Dieu se torna referência na evolução dos ambientes de saúde principalmente por abrigar muitos doentes, haviam 1100 leitos individuais e 600 leitos coletivos. O que não sabiam na época era que uma grande quantidade como essa de doenças em um mesmo ambiente sem uma arquitetura adequada, se tornava fonte de contaminação. (Goés, 2011 p. 27 e 28)

Somente em 1772, quando ocorre um incêndio e há urgência de reconstrução ou substituição, é formada uma comissão de avaliadores de construções hospitalares, pensando nas deficiências que havia no Hotel-Dieu como insalubridade, agrupamento de muitos pacientes e como poderiam resolvêlas. Dentro dessa comissão o médico cirurgião

Jacques Tenon após observação crítica desse espaço juntamente a descoberta de Louis Pasteur sobre o

papel das bactérias como agente de doenças, teve grande destaque adotando uma nova concepção: o edifício pavilhonar, o qual permite ventilação cruzada e iluminação natural. (SILVA, 2008)

Além de Tenon, outra grande influenciadora do modelo foi Florence Nightingale. Enfermeira britânica que participou ativamente na Guerra da Criméia (1853-1856), percebeu como a doença matava mais do que a própria guerra, pelo fato de a contaminação ser facilitada pela aglomeração de enfermos. Então, assim como Jacques compreendeu a importância da ventilação e iluminação natural, mas principalmente a necessidade de que deveria ter um espaçamento mínimo entre os leitos, diminuindo a proximidade dos pacientes e consequentemente da propagação de enfermidades. Assim, ela cria um modelo de implantação de enfermarias definidas como um longo salão de leitos dispostos perpendicularmente as paredes e entre eles, janelas altas permitindo a entrada de luz e ventos, ficando conhecidas como “enfermarias Nightingale”. (SILVA, FREITAS e FREITAS, 2010)

Com os avanços das tecnologias de construção e da própria medicina, além de dificuldades exteriores que começam a surgir como a falta de profissionais de enfermagem, aumento do valor dos terrenos urbanos, necessidade de melhorar e diminuir os percursos dos longos corredores; os edifícios pavilhonares começam a ficar ultrapassados. Surge então uma nova tendência, o hospital monobloco. Somando o desenvolvimento das estruturas metálicas na engenharia civil, aos novos modos de circulação (elevadores) mais otimizados e aplicações de sistemas de ventilação mecânica, iniciam o processo de verticalização nos ambientes de saúde setorizado por pavimento e que se estabeleceram até os dias atuais. (COSTEIRA, 2014)

1.3.2 - Ambiente Psiquiátrico e a "Desinstitucionalização"

O crescimento desordenado das cidades no Brasil no século XIX é explicado pela chegada da família Real em 1808 trazendo grandes transformações na economia, sociedade e cultura. Além da expansão territorial, teve grande aumento também da população que era dividida em donos de terra ou escravos, em sua maioria. Até meados de 1830 os “loucos”, como eram chamados na época, que pertenciam a essa classe social mais alta, eram assistidos dentro da própria casa, já os escravos e menos favorecidos eram presos ou mantidos nos porões da Santa Casa de Misericórdia, administrada pela igreja, sem fundamentação da medicina. (FIOCRUZ,

Influenciados pelo movimento higienista europeu do século XVIII é fundada no Brasil a Sociedade de Medicina em 1829 e uma Comissão de

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Figura 14: Enfermaria Nightingale. Fonte: SILVA A. C.; FREITAS I. B. de; FREITAS K. B. L. de. Constituição da Ambiência Hospitalar a Partir da Gestão de Coletivos. 2010. P. 18.

Salubridade visando criar um Código de Posturas. Através dessa comissão começa uma ideia de que esses “loucos” não deveriam andar livremente na cidade em vista que não seguiam a postura ideal imposta pela sociedade e era necessário que vivessem em um ambiente onde receberiam tratamento físico e moral e não aonde se tornassem mais loucos. No período entre 1835 a 1837, os fundadores da comissão passam a defender essa ideia através de artigos e teses, o Dr. Luiz Vicente De-Simoni relata “de todas as moléstias a que o homem é sujeito nenhuma há cuja cura dependa mais do local em que é tratada do que a loucura...”. (FIOCRUZ, 2020)

Segundo Ingrid Quintão do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (2016), a depreciação dos indivíduos com transtornos mentais começa na Idade Média, quando a Igreja detinha grande poder na sociedade e os julgavam como “pessoas tomadas pelo demônio” diferentemente da Antiguidade cujo tratavam-nas como divinas e cedia oportunidades participativas nas decisões do Estado.

Um marco na história desses espaços é a inauguração em 1852, do Hospício de Pedro II, anexado a Santa Casa de Misericórdia. Após certo tempo, começa a receber críticas por não operar de acordo a um planejamento médico, estando sob direção das Irmãs da Caridade. Somente após rompimento do Estado com a Igreja em 1889 e Proclamação da República, os médicos encontram caminho para administração dessa instituição nomeada, agora de “Hospício Nacional de Alienados”. (SILVA, 2008)

Como aponta Leonora (2008, p. 31) com a chegada de imigrantes no país e a abolição da escravatura institui-se um novo modelo de

relações de produção, o capitalista modificando a estruturação urbana. Unindo ao processo de higienização necessário devido a infraestrutura insalubre dos centros urbanos que desencadearam várias epidemias como febre amarela e cólera, o governo em 1903, inicia o processo de retirada dos doentes, moradores de cortiço e favela, além dos “loucos” levando aos hospícios-colônias.

“[...] a construção de hospícios-colônias em locaisafastadosdoscentrosurbanos,prática que ia ao encontro dos interesses do estado republicano,quedesejavadiminuirosgastos comos“vadios queperambulavampelasruas das cidades. Nestes hospícios buscava-se a auto-suficiência dos “doentes, diminuindo-seconseqüentemente,osgastosdoEstado.

(SANTOS,1994,p.33apudSILVA,2008p.25)

O maior manicômio, ainda em funcionamento desde 1903, existente no Brasil é o Colônia localizado em Barbacena, Minas Gerais. Como acima citado, se tornou um depósito de indesejáveis e chega a ser comparado aos campos de concentração pelo Dr. Dorvalino Braga (ex-diretor do Hospital Psiquiatra Juliano Moreira), devido a superlotação desse espaço que foi construído para atender 200 pessoas, mas chegou a 5.000 na década de 1960.

De acordo com Manuela Castro (jornalista da Tv Brasil), na reprise da reportagem “Loucura e liberdade: saúde mental em Barbacena” em 2016, como consequência do desrespeito aos direitos humanos, maltratando os residentes, com tratamentos de choque e eletrochoque, além da insalubridade desse local, foram mortas mais de 60.000 pessoas.

Todos àqueles que não respondiam a moralidade da sociedade (mulheres adúlteras ou com gravidez indesejada, homens que cometiam pequenos furtos, por exemplo) eram literalmente deixados nesse espaço e esquecidos. (QUINTÃO, 2016). A cultura social do preconceito que tende a excluir tudo que é diferente, marginalizando não só portadores de doenças mentais, mas também negros, indígenas, e toda comunidade LGBTQIA+ por exemplo, é a grande influenciadora dos transtornos emocionais como ansiedade e depressão que assolam os jovens no século XXI. É importante entender que é uma construção social vinda de muitos anos atrás, repassada por gerações e que deve ser cessada.

Segundo o Ministério da Saúde (2018), é durante a redemocratização do país no final década de 1970 que se inicia o Movimento da Reforma Psiquiátrica, no qual luta pelos direitos das

pessoas em sofrimento mental para remodelação da metodologia de intervenção, defendendo tratamentos psicossociais e alternativos e buscando o fim dos isolamentos. A Luta Antimanicomial une diversas escalas da sociedade que questionam o modelo de assistência à saúde mental, reivindicando a desinstitucionalização e a reorganização com espaços abertos e comunitários, que respeitem os direitos humanos e reintegre-os na sociedade. E então em abril de 2001 é aprovada a lei 10.216/2001, que dispõe sobre os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais.

[...]aLeiFederal10.216redirecionaaassistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária,dispõesobreaproteçãoeosdireitosdaspessoascomtranstornosmentais, mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios. Ain-

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Figura 15: Hospício Pedro II Fonte: Conselho Regional de Psicologia de São Paulo www. crpsp.org.br/linha/default.aspx?id_ano=23 Figura 16: Pessoas no Hospício Colônia em Barbacena. Fonte: www.correiobraziliense.com.br/diversao-earte/2021/06/4933801-serie-resgata-a-historia-de-hospitalusado-como-deposito-de-indesejaveis-sociais.html

daassim,apromulgaçãodalei10.216impõe

novo impulso e novo ritmo para o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil. (BRASIL, 2005,p.8)

A precariedade desses espaços mal pensados só trouxe um maior isolamento, prolongamento da duração de internação (há pessoas que nunca saíram), aumento do sofrimento e proliferação de doenças. Observando todo esse cenário de evolução da assistência à saúde mental, fica claro como a arquitetura deve caminhar junto a psiquiatria na busca da remodelação dos métodos de tratamento e internação dos pacientes, justificando a importância do arquiteto em estar ciente das condições de saúde dos usuários na intenção de reconecta-los ao espaço, através da humanização desses ambientes.

Em sua tese, Vasconcelos (2008, p. 23) aponta como a ligação do arquiteto com os usuários é fundamental a fim de se ter conhecimento de suas necessidades e expectativas para que seja possível alcançá-las no processo de desenvolvimento do projeto tornando-o agradável e mais próximo aos seus sentimentos e valores pessoais. Em casos aonde o usuário é a criança ou adolescente é indispensável essa compreensão em vista que o espaço deve ser atraente e passar sentimento de pertencimento. Um exemplo disso é o projeto das Moradias Infantis no Tocantins, no qual os arquitetos usaram de ponto inicial a troca de informações com as crianças residentes pra executar um projeto humanizado e acolhedor, sabendo que aquele local seria o lar delas.

di que tão importante quanto prescrever o melhor medicamento é ser, eu mesma, o medicamento que meu paciente precisa. [...] Humanizar é ser simplesmente, um ser humano atendendo outro ser humano.

Humanizar não é o destino, é o caminho.

(ROCHA,2018)

Assim como os profissionais da saúde, a arquitetura também pode servir como medicamento para os pacientes. De acordo com Ulrich (1990, apud Vasconcelos, 2004 p.60) além da doença que já acomete o paciente, um ambiente físico e social mal pensado, provoca o estresse, no qual é o maior obstáculo a ser vencido nos projetos espaciais. Psicologicamente, a ação do estresse acarreta sensações de incapacidade, potencializando os sentimentos de ansiedade e depressão. Fisiologicamente, ativa mudanças no sistema corporal relacionadas ao aumento da pressão sanguínea, tensão muscular e circulação dos

Humanizar é dar condições humanas a qualquer ou coisa ou lugar e não há nada mais humano do que o sentimento, então a arquitetura vai utilizar técnicas que provoquem os sentidos liberando sensações de conforto, segurança e bem-estar físico e mental. Pode se dizer que a humanização dos ambientes surge a partir da visão antropocêntrica, onde o homem é o centro do “universo”.

“A humanização é entendida como valor, na medida em que resgata o respeito à vida humana. Abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano (VASCONCELOS,2004,p.23)

É importante se atentar que o processo de humanização de um ambiente hospitalar é um trabalho que deve ser feito em conjunto, pelos médicos, enfermeiros, psicólogos, e toda equipe da saúde, juntamente aos arquitetos, porque aprimorar o atendimento também é uma forma de humanizar. Numa palestra feita pelo Tedx Talks no Brasil, a Dr. Júlia Rocha médica do SUS, relata como a sua visão sobre medicina, em uma consulta com uma paciente que só precisava ser ouvida, muda toda uma visão que já estava concretizada, ficando claro então que o pontapé inicial para humanizar é a comunicação e a habilidade de compreensão do profissional pelo usuário. Ela cita:

“Naresidênciamédica,euaprendiqueética,empatiaehabilidadesdecomunicação sãocoisasquepodemsertreinadas,quea gentepodeaprenderaserético,queagente podeseaprimorarnanossahabilidadede comunicação. Mais do que isso, eu apren-

39 38 FUND. TEÓRICA 01
1.3.3 - A Humanização Figura 17: Pátio interno e abertura para iluminação zenital no Hospital Sarah Salvador. Fonte: www.nelsonkon.com.br/hospital-sarah-kubitscheksalvador/

hormônios ligados ao estresse levando a baixa do sistema imunológico deixando-o suscetível a outras doenças. O principal efeito sobre o comportamento humano é a intensificação da agressividade.

Como aponta Melo (Psicologia ambiental: uma nova abordagem da psicologia, 1991) a psicologia ambiental é uma área que vai auxiliar a construção dessa metodologia de ambientação arquitetônica, uma vez que tem como base a interpretação da interrelação entre o ambiente e o comportamento, isto é, como o ambiente influencia o comportamento humano e esse comportamento leva a mudança ambiental.

A enfermeira britânica Florence Nightingale, como já citada, foi a grande precursora da humanização no século XIX. Ainda que não havia o termo, ela entendeu a influencia que o ambiente tinha sobre os pacientes e a necessidade de melhorar a qualidade dos mesmos, considerando o conforto térmico como solução, em busca de um espaço que auxiliasse no processo de tratamento e cura.

Fica notável que as construções dos hospitais psiquiátricos eram realmente prisões para isolarem os indesejáveis. Por serem um ambiente que deveria tratar doentes com transtornos psicológicos, não tiveram nenhuma preocupação em criar esses espaços, reforçando como tem de ser mudado. Hoje há um foco muito maior, principalmente pela procura da população, por espaços terapêuticos que amparem as suas ansiedades e preocupações, de certa forma forçando a reformulação dos ambientes hospitalares.

Surge então a pergunta: quais meios em um projeto, levam a um ambiente humanizado? De acordo com Gappell (1991 apud Vasconcelos, 2004

p. 47) o bem-estar físico e emocional do homem está ligado a seis fatores: luz, cor, som, aroma, textura e forma.

Segundo Vasconcelos (2004, p.48-51) a luz influencia a atuação fisiológica (relógio biológico por exemplo) e psicológica (regulação da produção de hormônios) no ser humano. É necessário atenção para cada grupo de paciente, um idoso por exemplo, precisa de três vezes mais iluminação para realização de tarefas do dia a dia do que um jovem. Os ambientes psiquiátricos tendem a ser edifícios fechados por questão de “segurança”, utilizando de peitoris altos, permitindo a entrada luz apenas por janelas. Analisando esse fato, não é justificável essa utilização em vista que a luz auxilia no bom funcionamento psicológico. Como solução, podese criar grandes pátios ao ar livre, claraboias e aberturas para iluminação zenital.

A luz influencia diretamente a intensidade da cor, sendo itens que devem ser pensados conjuntamente. Cada cor tem uma resposta psicológica diferente em cada indivíduo. Entretanto um estudo realizado por Eva Heller (HELLER, 2013) na Alemanha, em cerca de 2000 pessoas entre 14 e 97 anos, revelou que a relação cor x sentimento não ocorrem de forma individual e casual, mas sim de experiencias em comum, desde a infância, que se mantiveram enraizadas na linguagem e comportamento. As cores quentes (aquelas cujo tem como pigmento principal a cor primária vermelho) tendem a provocar sensações de calor, proximidade, paixão e até mesmo agressividade, sendo mais estimulantes. E as frias (cores na qual contenham pigmento primário azul como base) tendem a promover sentimentos de confiança,

Figura 18: Formas e cores na circulação do Hospital Infantil Ann & Robert H. Lurie.

Fonte: www.archdaily.com.br/br/931552/hospitalinfantil-ann-and-robert-h-lurie-de-chicago-zgf-architectsplus-solomon-cordwell-buenz-plus-anderson-mikosarchitects?ad_source=search&ad_medium=search_result_all

calma, harmonia, mas também de frieza e distância. Ambas possuem o lado positivo e negativo, devendo se ter muita cautela nas suas escolhas.

É notório que o som inconveniente é estressante e irritadiço, podendo afetar a percepção visual e a capacidade de aprendizado. Além do paciente que já se encontra fragilizado pela doença a perturbação sonora acarreta no seu quadro de

recuperação e aumenta a improdutividade dos profissionais de saúde. Segundo Vasconcelos (2004, p 55) o uso de revestimentos e mobiliários feitos de materiais que não refletem ou amplifiquem o som, paredes e tetos irregulares (dispersam as ondas sonoras) e madeira ou painéis acústicos auxiliam na melhoria de qualidade acústica desses espaços.

É possível trabalhar o uso das formas em vários aspectos, seja por meio da decoração provocando distração emocional e estimulação sensorial (se pensado para o grupo infantil, podem ser educativas e recreativas) ou uma distribuição de ambientes diferentes dos convencionais longos corredores. É afirmado por Vasconcelos (2004, p. 59) que a escolha da forma dos espaços físicos, ajuda ou inibi o desenvolvimento do tratamento dos pacientes. E a relevância de trazer por meio das formas, individualidade em alguns casos, como os leitos compartilhados.

41 40 FUND. TEÓRICA 01

02. O LOCAL

2.1 Localização e Legislação Urbanística

A localização do objeto a ser estudado neste trabalho está apresentado em escalas distintas, iniciando pelo panorama estadual, seguindo a microrregião e por fim o município de Ribeirão preto (escolhido).

A 313 km da capital do estado, Ribeirão Preto foi fundada em 1856, passando por uma transformação econômica em 1883 dada pela grande produção de café chegando a se tornar a maior produtora do mundo até a quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929. Em busca de alternativas para a crise do petróleo na década de 1970, é criado o programa Pró-ácool no Brasil, então o município se vê na oportunidade de investir em um novo plantio e produção, a cana-de-açúcar, sendo hoje uma das maiores regiões do país em produção de etanol.

No cenário atual, recebe atenção pelo seu desenvolvimento no agronegócio e por sediar uma das maiores feiras agrícolas do mundo, o Agrishow. Além disso, serve como apoio das 15 cidades de seu entorno dentro da microrregião oferecendo serviços de saúde, emprego, comércio e lazer.

Segundo IBGE, têm população de aproximadamente 711.825 em 2020, esteve em 2010 na 27 ° posição no ranking de IDH do país com PIB per capita avaliado em R$ 49.425,29 (2018) e conta com uma área de 650,916 km².

Com o objetivo de atender não só a cidade, mas também a microrregião, a área escolhida para intervenção se localiza na Rua Professor Hélio Lourenço, dentro do Campus da Universidade de São Paulo, próxima a Faculdade de Saúde Mental e Hospital das Clínicas, tendo em seu entorno os bairros Vila Monte Alegre, parque Residencial

Cidade Universitária, Jardim Paiva e Jardim Itau

Mirim. Tem fácil acesso pelas rodovias para pessoas de outras cidades, há vários pontos (um em frente ao terreno) e linhas de ônibus inclusive interurbanos.

Não é necessário passar por nenhuma portaria do campus facilitando mais uma vez o acesso de qualquer pessoa que busque atendimento no Centro.

43 LEVANTAMENTO DO ENTORNO 02
São Paulo Rib. Preto Figura 19: Mapa estadual e microrregião. Fonte: Autoral, 2021 Figura 20: Localização em Ribeirão Preto. Fonte: Autoral, 2021 Campus USP

Pelo mapa ao lado é possível observarmos aonde estão localizados alguns centros de atenção psicossocial já existentes em Ribeirão Preto, já na tabela vemos os demais locais e suas respectivas abrangências. No gráfico número 1, foi quantificado indivíduos menores de 18 anos residentes na cidade no ano de 2010 e que precisariam de assistência à saúde mental e o gráfico de número 2 temos a porcentagem total comparada a toda população residente em 2010. Analisando em conjunto as informações, nota-se que há somente um espaço que dê atenção às pessoas menores de 18 anos que são aproximadamente 18% da população total, por esse motivo a decisão de trazer mais um centro de atenção a transtornos emocionais focado no atendimento de crianças e adolescentes.

Um ponto importante na escolha do local, é contar com hospital que ofereça serviços de urgências próximo, pensando na eventualidade de agravamentos de casos. Outro fator é a possibilidade de oferecer estágios e até mesmo experiências práticas para estudantes da Faculdade de Saúde Mental da USP, com o objetivo de efetivá-los no futuro gerando mais oportunidades de emprego, desenvolvendo o estudo da área e ampliando a economia.

Como visto acima na figura número 25, a área do objeto de estudo está inserida na Zona de Urbanização Preferencial, cujo as áreas dentro deste macrozoneamento são “dotadas de infraestrutura e condições geomorfológicas, propícias para urbanização” (Lei Complementar n °2157, 2007), desta forma uma área que possui maior disposição a receber qualquer tipo de nova construção. Porém há algumas exigências que deverão ser seguidas. O gabarito básico do município deve obedecer à altura de até 10m contando do pavimento térreo até sua cobertura, entretanto por estar implantado na ZUP, essa altura pode ser ultrapassada. Possui taxa de ocupação permitida em 80% da área do terreno com coeficiente de aproveitamento podendo chegar a 5 vezes o valor dessa área. Outra exigência importante a ser seguida é a taxa de área permeável devendo ser distribuída em 20% do terreno. Os recuos podem seguir os valores mínimos de 2m laterais e de fundo e 5m frontal, todavia em caso de gabarito maior que 10m, os recuos serão calculados a partir da fórmula R=H/6, onde o valor de “R” (recuo)

45 44 LEVANTAMENTO DO ENTORNO 02
é a divisão de “H” Figura 23: Mapa unidades de atendimento psicossocial. Fonte: Mapas do Google, 2021. Figura 24: Tabela unidades de atendimento psicossocial. Figura 21 e 22: Gráficos porcentagem de população. Fonte: Prefeitura de Ribeirão Preto, modificado pela autora. Fonte: IBGE 2010, modificado pela autora 2021. Figura 25: Mapa de macrozoneamento. Fonte: Prefeitura de Ribeirão Preto. (altura do edifício em metros lineares) por 6.

2.2.1 - Uso e Ocupação do Solo

2.2.2 - Gabarito

Ao analisarmos o mapa de gabarito, notamos que se predominam edificações de até 2 pavimentos, isso se dá ao fato de ser uma zona residencial em sua maioria. Dentro do campus existem alguns edifícios com 3 ou 4 pavimentos e somente o hospital das clínicas possui 13 pavimentos. Portanto permite uma visão horizontal menos poluída e iluminação

RUATEN.CATÃOROXO

Legenda

Área de Intervenção

No mapeamento de uso e ocupação do solo é visível que foi escolhido o terreno dentro da área institucional da Universidade de São Paulo, dividindo espaço com várias faculdades inclusive de saúde mental e também o Hospital das Clínicas cujo atende a microrregião no entorno de Ribeirão Preto. Nota-se que é predominante o uso residencial nos bairros de entorno (Vila Monte Alegre e Parque

Residencial e Cidade Universitária) e possui poucos comércios e serviços, os quais atendem somente a escala de bairro.

e ventilação natural livre de obstáculos, o que é um fator importante e será considerado no estudo preliminar do projeto para manter essa relação visual já existente.

47 46 LEVANTAMENTO DO ENTORNO 02 2.2 Levantamento Morfológico 0 100 300 500 N CPFL Comércio Habitacional Institucional Serviço Vazio Área Verde USP TENENTE CATÃO ROXO RUA MARACAJÚ RUA RUA AQUIDAUANA RUA GUIA LOPES RUA PADRE ANCHIETA RUA NIOAC RUA APPA RUA APPA AGUET. R.ARMA NDOMARABESI RUA BELA VISTA HERMENEGILDOMU NIZ M.OL IVEIRA R.PF. ANTO NIETA AV.GOVERNADORLUCAS NOGUEIRAGARCEZ MA RODINI R.CURUPAITI AV LUIGI ROSIELLO R.ALTACI RFERREI RA R.WALDOCYR AV. LUÍGI ROSSIELO R. RUA BELA VISTA RIO QU RUA CARLOS DE CAMPOS RUA MARQUES RUA ALBERT EINSTEN RUA CAPITÃO RUA R.EMÍLIONEGRIR.ANTONIO RUA CANINDÉ RIS CCIO R.CLE EIDA AV.LUIGI ROSIELLO R.A. C. FA LLI FERREIRA R. OLIVIA TORI JUNIOR MEN. SSO AV.LUIGI ROSIELLO RUA CARLOS R.O.H. BLEC.DEO. RUA R. A. R.P.N EIROZ P. V. AV. ILCE O.ALM DANDREA PARDO RIO CPLR.M.L. MAT RO F.MASSA TR.NATTIRE RUA MONTE ALEGRE MONTE DE RUA MONTE RUA SALTO RUA ANTOLINI DAS HURTADO PQ. RES. CIDADE UNIVERSITÁRIA AV.DOCAFÉ VL. MONTE ALEGRE
CLÍNICA CLÍNICAS HOSPITAL CIVIL CAMPUS UNIVERSITÁRIO ESTACIONAMENTO E RESTAURANTE REST. UNIV. SANTANDER BANCO DO BRASIL BRADESCO DORMITÓRIOS
CEMEL FMRP F. DIREITO CLUBE COMUNICAÇÕES F. ENFERMAGEM HEMOCENTRO F. SAÚDE MENTAL
Figura 25: Mapa de uso do solo.
RUATEN.CATÃOROXO GABARITO 0 100 300 500 N CPFL CAMPUS UNIVERSITÁRIO USP PQ. RES. CIDADE UNIVERSITÁRIA Térreo 1 Pavimento 2 Pavimentos TR.NATTIRE RUA MONTE ALEGRE MONTEANTOLINI CLÍNICAS DAS HOSPITAL AV.DOCAFÉ TENENTE CATÃO ROXO RUA MARACAJÚ RUA RUA AQUIDAUANA RUA GUIA LOPES RUA PADRE ANCHIETA RUA NIOAC RUA APPA RUA APPA AGUET. R.ARMA NDOMARABESI RUA BELA VISTA HERMENEGILDOMU NIZ M.OL IVEIRA R.PF. ANTO NIETA AV.GOVERNADORLUCAS NOGUEIRAGARCEZ MA RODINI R.CURUPAITI AV LUIGI ROSIELLO R.ALTACI RFERREI RA R.WALDOCYR AV. LUÍGI ROSSIELO R. RUA BELA VISTA RIO QU RUA CARLOS DE CAMPOS RUA MARQUES RUA ALBERT EINSTEN RUA CAPITÃO RUA R.EMÍLIONEGRIR.ANTONIO RUA CANINDÉ RIS CCIO R.CLE EIDA AV.LUIGI ROSIELLO R.A. C. FA LLI FERREIRA R. OLIVIA TORI JUNIOR MEN. SSO AV.LUIGI ROSIELLO RUA CARLOS R.O.H. BLEC.DEO. RUA R. A. R.P.N EIROZ P. V. AV. ILCE O.ALM DANDREA PARDO RIO CPLR.M.L. MAT RO F.MASSA TR.NATTIRE RUA MONTE ALEGRE MONTE DE RUA MONTE RUA SALTO RUA ANTOLINI HURTADO Área de Intervenção CLÍNICA CIVIL VL. MONTE ALEGRE ESTACIONAMENTO E RESTAURANTE REST. UNIV. SANTANDER BANCO DO BRASIL BRADESCO DORMITÓRIOS CEMEL FMRP F. DIREITO CLUBE COMUNICAÇÕES F. ENFERMAGEM HEMOCENTRO F. SAÚDE MENTAL 3 ou 4 Pavimentos 13 Pavimentos Legenda
Fonte: Autoral, 2021. Figura 26: Mapa gabarito. Fonte: Autoral, 2021.

Pelo mapa de figura fundo notamos como os bairros do entorno da universidade são extremamente densos, apesar de manter um gabarito baixo. A quebra dessa massa de construções acontece pela área da USP ser extensa e manter a maior parte em vegetação. Pela área do terreno marcada já é possível notar que o projeto de estudo terá baixa densidade, não impactando de forma degradante.

2.2.4 - Equipamento Urbano

Observa-se que a área onde o terreno foi escolhido, já é um equipamento urbano que pode atender em escala federal por se tratar de escola de ensino superior. Além disso, os bairros de entorno possuem variedade de escolas de diferentes níveis. Também se encontram unidades básicas de saúde que atendem as necessidades em nível de bairro assim como as escolas. O hospital das clínicas é um equipamento de escala regional por atender a

microrregião de Ribeirão Preto. Sendo assim, tendo dois equipamentos de grande escala, gerando grande fluxo de pessoas e a necessidade de facilidade de acesso no qual é atendida.

49 48 LEVANTAMENTO DO ENTORNO 02
2.2.3 - Figura Fundo
VL. MONTE ALEGRE JD. ANTÁRTICA CIDADE UNIVERSITÁRIA ALTO DO IPIRANGA JARDIM RECREIO JARDIM ITAÚ MIRIM RUA SÃO SALVADOR RUA ITAPETININGA AV. PARANAPANEMA DOM.TR.SÃO RUA CURITIBA RUA FORTALEZA RUA ADAL BERTO PAJUABA RUA JARACATIA RUA JUAZEIRO EIRO RUA GUAM ELEIRO GUARITA RUA MANOEL DUART E ORTIGOSO RUA ROQUE NACARATO AV CANDID O PER. BREUV. RUA CAN FAV EIRO PEREIRA -BRAS INGA RUA JUEIRO RUA GUATAMBU R.CA ALFEN RUA GERIVA CÂNDIDO AV. RUA CEDRO PAU RUA RUA ANGICO RUA RUA ANG ICO RUA "5" RUA IMBUIA RUA RUA RUA RUA CONSTANTINO LIMA FRAZ SASSA RUA SALGUEIRO RUA RUA GUATAMBU GUARANTA PAU-BRASIL JAQUEIRA RUA TR.2 TR.3 RUA AVENIDA BAN ERTORINO RUA UMBU RUA DOS COQUEIROS DAS SIBIPIRUNAS IPES DOS RUA R.ALBCESA "5" LIMA GERANA RUA FAVEIRO AV. RUA LIMOEIROS R.BACURI MANGUEIRAS RUA RUACASSIARUAGUATAMBU DEIRANTES R. LUCIEN LISON AV DO CAFÉ MARA CAJÚ RUA CAP. RUA RUA R. MA NGAB EIRA EIRO ALFEN R. GERIVA RUA CAJU ABADE RUA RUA MARACAJÚ RUA RUA TENENTE CATÃO ROXO RUA GUIA LOPES RUA AQUIDAUANA RUA PADRE ANCHIETA RUA NIOAC AGUET. R.ARMA NDOMARABESI RUA BELA VISTA RUA APPA RUA APPA RUA CEL CAMISÃO HERMENEGILDO M.OL IVEIRA R.PF. ANTO NIETA MU MA RODINI TIU JOÃO C. R.CURUPAITI AV.GOVERNADORLUCAS NOGUEIRAGARCEZ R.ALTACI RFERREI RA R.WALDOCYR AV. LUÍGI ROSSIELO AV LUIGI ROSIELLO R. RIO QU RUA BELA VISTA RUA CARLOS DE CAMPOS RUA MARQUES RUA ALBERT EINSTEN RUA CAPITÃO RUA R.EMÍLIONEGRIR.ANTONIO LAGO PEREIRA RUA CANINDÉ RIS CCIO R.CLE RUA AMADEU CRAINMENDES R.E. EIDA AV.LUIGI ROSIELLO R.A. C. FA FERREIRA R. OLIVIA R.M.L. TORI LLIMEN. R.SEBASJUNIOR TIAOM. SSO BR AV.LUIGI ROSIELLO RUA BLEC.CARLOS DEO.R.O.H. RUA A. R. AV. ILCE R.P.N DANDREA O.ALM PARDO RIO CPLR.M.L. MAT R.P. RO F.MASSA AV. R. CAMPOS RUA ANIVALDO PONTON RUA RUA P. ALEGRE RUA NATAL GUILHERME RUA JOÃOALVES PEREIRA R.PEDRO JAVA RUA PORTO ALEGRE RUA CORONEL CAMISÃO RUA TERE ZINHA RUA MONTE ALEGRE RONDONIA RAMOS R.GRACILIANO RUA GUIA RUA RUA ANTONIO RUA BRUNO INÁCIO DA RUA CANINDÉ RUA R.SILVATISTABA BRUNO R.SEVERIANOJOAQUIM CAMPOSR.SIQUEIRA CARLOS NDE REZE RIBEIRO DA CRUZ MOR RUA MONTES CLAROS TR.NATTIRE RUA MONTE ALEGRE MONTE ITAPETIN DE RUA SALTO RUA RUAMONTE COSTA ANTOLINI RUA ANTÔNIO GUAL SANTO AV. CATALÃO TRAV. INGA T.N.S.PENHA RUA PIRATININGA LOPES S.CASTILHORUAANTÔNIO RUAAPROBATO R.JOSÉ LAGANA RONI REZENDE T.N.S.PENHA R.CONDE RUA ITAPE TININGA RUA SAL VADOR RUA RONDONIA RUA TEREZINA R.A.R. T.FORTUNATOFAV.VERO TR.FA NORONHA R.F.TR.ALVORADA PARANAPANEMA DEUARDO R.MAJ. RIC CCI U RUA RUA R.ALF. SIQ. RUA FER. BERTOL. NEVES RUA RUA CUIABÁ RUA SALVADOR NEVES RUA MONTE CARMELO RUA GUARAPUAVA GRANDE RUA JUAZEIRODO NORTE R.M.V.N.LEAL RUA SILVA MANG ABEIRA RUA OCT. AV. ANTÔNIO RUA RUASÃO SALVADOR GUSMÃO SANTO JEFERSBARRETOESP. ON RONDÔNIA RUA AMAPÁ RAGAZZI RUA PIAUI CPFL WEST SHOPPING R.A.R.REZENDE NADIRAGUIAR R.F.PEIXOTOR.A.C.FILHO R.C GONZAGA R.HEITOR CAMPOSROSA DA R.ALMIRSILVA J.DEALMEIDA R.DIRCINHAR.MAURÍCIOR.GERALDA R.GUIDOR.GUADÊNCIO AV.RENE STRANG OLIVA R.JOSÉAPARECIDO DE NONATOR.EDMUNDOTRAGTENBERGARTIAGABATISTAMORANDINIOLIVEIRA AV. SENADOR TEOTÔNIO VILELLA R.PROF.L. C.FERNANDES GARR.DR.J.E. CIA R.JOANAV. SIQUEIRA R.TEREZINHA DE RUA ROQUE MASSARO R.JOVINOR.FÁBIOC.MACHADO R.PINTO R.JOÃODEP.ESILVAF.R.PAULOS.NICOLAR.ÍTALOMAGNANIR.FRANCISCOJULIÃOR.ARLINDOR.WALTER REISF. ZILIOTTO R.D.YO NDAB.ORSI R.ANTÔNIOHOVAISSR.MILTONNEVESR.OTAVIANORUAR.R.M.S.PINA DE CARV. AV. DRA. R.GERAL DO A.S.PASSOS R.FÁBIO R.DR.RENATOP.GONÇALVES LA S.AMÂNCIO R.G.R.M. R.PHILIPINA DIB RUA FRANCISCO R. PAULO AFONSO R. VALÊNCIO F. LEOMIL J. PIRES R.OCTAVIANO RIUL R.WANDARESENDE R.JOÃO MARIA JORGE ESTEVÃO R.DORIVAL CALSANI R.HORÁCIO MARTINI MESQUITA R.ANÍZIO FLAUZINO JD. PAIVA R.J.S.NERO ANTIGA PEDREIRA AMÉLIA R.JOSÉMARIA SEIXAS AV. SENADOR TEOTÔNIO JD. SANTA LUZIA VL. RUA SERINGUEIRAS HURTADO R.MARIANOF.GENTIL RA AV.SEN. TEOTÔNIO VILELA VILELLA CAMPUS UNIVERSITÁRIO 0 100 300 500 N Hospital das Clínicas Escolas UBDS Clínica Civil Área de Intervenção USP - Universidade de São Paulo Hemocentro EQUIPAMENTO URBANO Legenda
Figura 27: Mapa figura fundo. Fonte: Autoral, 2021. Figura 28: Mapa equipamento urbano. Fonte: Autoral, 2021.

2.2.5

- Hierarquia Física 2.2.6

Predominam-se as vias locais que abastecem os bairros do entorno e proporcionam a circulação dentro do campus da universidade. As 5 vias coletoras existentes coletam o fluxo vindo dos bairros e vias arteriais e distribuem pelo Campus e vice-versa. A principal via arterial é a Avenida do Café que liga a região do campus e dos bairros do entorno para outras regiões da cidade. Considerando a importância em ter fácil acesso da cidade e da microrregião, é

interessante que a área esteja localizada em uma via arterial como a Rua Prof. Hélio Lourenço.

Legenda

Figura 28: Mapa hierarquia física.

Fonte: Autoral, 2021.

Legenda

CPFL USP Fluxo Alto Fluxo Médio Fluxo Baixo 0 100 300 500 N TENENTE CATÃO ROXO RUA MARACAJÚ RUA RUA AQUIDAUANA RUA GUIA LOPES RUA PADRE ANCHIETA RUA NIOAC RUA APPA RUA APPA AGUET. R.ARMA NDOMARABESI RUA BELA VISTA HERMENEGILDOMU NIZ M.OL IVEIRA R.PF. ANTO NIETA AV.GOVERNADORLUCAS NOGUEIRAGARCEZ MA RODINI R.CURUPAITI AV LUIGI ROSIELLO R.ALTACI RFERREI RA R.WALDOCYR AV. LUÍGI ROSSIELO R. RUA BELA VISTA RIO QU RUA CARLOS DE CAMPOS RUA MARQUES RUA ALBERT EINSTEN RUA CAPITÃO RUA R.EMÍLIONEGRIR.ANTONIO RUA CANINDÉ RIS CCIO R.CLE EIDA AV.LUIGI ROSIELLO R.A. C. FA LLI FERREIRA R. OLIVIA TORI JUNIOR MEN. SSO AV.LUIGI ROSIELLO RUA CARLOS R.O.H. BLEC.DEO. RUA R. A. R.P.N EIROZ P. V. AV. ILCE O.ALM DANDREA PARDO RIO CPLR.M.L. MAT RO F.MASSA TR.NATTIRE RUA MONTE ALEGRE MONTE DE RUA MONTE RUA SALTO RUA ANTOLINI DAS HURTADO CLÍNICAS HOSPITAL RUATEN.CATÃOROXO AV.DOCAFÉ Área de Intervenção CLÍNICA CIVIL PQ. RES. CIDADE UNIVERSITÁRIA VL. MONTE ALEGRE CAMPUS UNIVERSITÁRIO ESTACIONAMENTO RESTAURANTE REST. UNIV. SANTANDER BANCO DO BRASIL BRADESCO DORMITÓRIOS CEMEL FMRP F. DIREITO CLUBE COMUNICAÇÕES F. ENFERMAGEM HEMOCENTRO F. SAÚDE MENTAL

Figura 29: Mapa hierarquia funcional.

Fonte: Autoral, 2021.

Pela análise da hierarquia funcional fica claro que os fluxos das vias funcionam como deveriam a partir de suas dimensões, vias arteriais possuem fluxos altos, vias coletoras possuem fluxos médios e vias locais tem fluxos baixos, com exceções da Rua

Tenente Catão Roxo que recebe fluxo alto por ser a

A Rua Professor Hélio Lourenço, onde o terreno se encontra, possui alto fluxo, o que influência diretamente no projeto pensando que não deve ocorrer congestionamento e entregar uma solução para acesso ao Centro sem obstruir o fluxo de veículos.

51 50 LEVANTAMENTO DO ENTORNO 02
via de principal acesso ao Hospital das Clínicas e a Avenida Dr. Zeferino Vaz que recebe o fluxo da via arterial Avenida do Café e distribui pelo campus. -
Hierarquia Funcional
CPFL USP Via Arterial Via Coletora Via Local 0 100 300 500 N TENENTE CATÃO ROXO RUA MARACAJÚ RUA RUA AQUIDAUANA RUA GUIA LOPES RUA PADRE ANCHIETA RUA NIOAC RUA APPA RUA APPA AGUET. R.ARMA NDOMARABESI RUA BELA VISTA HERMENEGILDOMU NIZ M.OL IVEIRA R.PF. ANTO NIETA AV.GOVERNADORLUCAS NOGUEIRAGARCEZ MA RODINI R.CURUPAITI AV LUIGI ROSIELLO R.ALTACI RFERREI RA R.WALDOCYR AV. LUÍGI ROSSIELO R. RUA BELA VISTA RIO QU RUA CARLOS DE CAMPOS RUAMARQUES RUA ALBERT EINSTEN RUA CAPITÃO RUA NEGRI R.EMÍLIOR.ANTONIO RUA CANINDÉ RIS CCIO R.CLE EIDA AV.LUIGI ROSIELLO R.A. C. FA LLI FERREIRA R. OLIVIA TORI JUNIOR MEN. SSO AV.LUIGI ROSIELLO RUA CARLOS R.O.H. BLEC.DEO. RUA R. A. R.P.N EIROZ P. V. AV. ILCE O.ALM DANDREA PARDO RIO CPLR.M.L. MAT RO F.MASSA MONTR.NATTIRE TE DE RUA MONTE RUA SALTO RUA ANTOLINI DAS HURTADO CLÍNICAS HOSPITAL RUATEN.CATÃOROXO AV.DOCAFÉ RUA MONTE ALEGRE Área de Intervenção CLÍNICA CIVIL PQ. RES. CIDADE UNIVERSITÁRIA VL. MONTE ALEGRE CAMPUS UNIVERSITÁRIO ESTACIONAMENTO E RESTAURANTE REST. UNIV. SANTANDER BANCO DO BRASIL BRADESCO DORMITÓRIOS CEMEL FMRP F. DIREITO CLUBE COMUNICAÇÕES F. ENFERMAGEM HEMOCENTRO F. SAÚDE MENTAL
HIERARQUIA FÍSICA
HIERARQUIA FUNCIONAL

Legenda

ÁREA DE INTERVENÇÃO

Como já foi dito anteriormente, por se tratar de uma região que possui dois grandes equipamentos que atendem toda a cidade e microrregião têm necessidade de ter facilidade de acesso e pelo estudo do mapa verifica-se que é uma área bem servida de transporte público e ônibus interurbanos escolares (cujo tem ligação direta no terminal ao lado da rodoviária), com 9 linhas e 34 pontos no qual um fica bem em frente ao terreno, indicando fácil acesso de

pedestres sem a necessidade de caminhar por muito tempo.

Legenda

Vegetação Rasteira

Vegetação Médio e Grande Porte

Área de Intervenção

Nos bairros de entorno observamos poucas áreas com vegetação rasteira e algumas praças com vegetação de médio a grande porte. Porém a extensão do campus tem ampla área permeável com predominância de vegetação rasteira e com muitas árvores de médio e grande porte também, o qual auxilia no conforto térmico da região e ajuda a diminuir a poluição sonora, destaque muito importante em se tratar de zonas institucionais.

Há uma mancha de vegetação de médio e grande porte próximo ao terreno escolhido, porém, pensando na pouquidade, o projeto tem necessidade na implantação de mais massas como essa para aumentar a barreira sonora e o sentimento de segurança, já que a maioria dos transtornos sofrem com o medo.

53 52 LEVANTAMENTO DO ENTORNO 02 2.2.7 - Transporte Público 2.2.8 - Vegetação
Figura 30: Mapa transporte público. Figura 31: Mapa vegetação. Fonte: Autoral, 2021.
TRANSPORTE PÚBLICO CPFL USP PQ. RES. CIDADE UNIVERSITÁRIA PONTO DE ÔNIBUS 0 100 300 500 N TENENTE CATÃO ROXO RUA MARACAJÚ RUA RUA AQUIDAUANA RUA GUIA LOPES RUA PADRE ANCHIETA RUA NIOAC RUA APPA RUA APPA AGUET. R.ARMA NDOMARABESI RUA BELA VISTA HERMENEGILDOMU NIZ M.OL IVEIRA R.PF. ANTO NIETA AV.GOVERNADORLUCAS NOGUEIRAGARCEZ MA RODINI R.CURUPAITI AV LUIGI ROSIELLO R.ALTACI RFERREI RA R.WALDOCYR AV. LUÍGI ROSSIELO R. RUA BELA VISTA RIO QU RUA CARLOS DE CAMPOS RUA MARQUES RUA ALBERT EINSTEN RUA CAPITÃO RUA R.EMÍLIONEGRIR.ANTONIO RUA CANINDÉ RIS CCIO R.CLE EIDA AV.LUIGI ROSIELLO R.A. C. FA LLI FERREIRA R. OLIVIA TORI JUNIOR MEN. SSO AV.LUIGI ROSIELLO RUA CARLOS R.O.H. BLEC.DEO. RUA R. A. R.P.N EIROZ P. V. AV. ILCE O.ALM DANDREA PARDO RIO CPLR.M.L. MAT RO F.MASSA TR.NATTIRE RUA MONTE ALEGRE MONTE DE RUA MONTE RUA SALTO RUA ANTOLINI DAS HURTADO CLÍNICAS HOSPITAL
AV.DOCAFÉ N 207 - HOSPITAL DAS CLÍNICAS N 307 - USP/HC U 199 - CIRCULAR 1 U 299 - CIRCULAR 2 U 399 - CIRCULAR 3 U 499 - CIRCULAR 4 V 178- D. MIELLE - HC
187 - HEITOR RIGON - HC
217 - QUINTINO - HC
Fonte: Autoral, 2021.
RUATEN.CATÃOROXO
V
V
CAMPUS UNIVERSITÁRIO CLÍNICA CIVIL VL. MONTE ALEGRE ESTACIONAMENTO E RESTAURANTE REST. UNIV. DORMITÓRIOS CEMEL FMRP F. DIREITO CLUBE COMUNICAÇÕES F. ENFERMAGEM HEMOCENTRO F. SAÚDE MENTAL
VEGETAÇÃO CPFL PQ. RES. CIDADE UNIVERSITÁRIA CAMPUS UNIVERSITÁRIO USP 0 100 300 500 N TENENTE CATÃO ROXO RUA MARACAJÚ RUA RUA AQUIDAUANA RUA GUIA LOPES RUA PADRE ANCHIETA RUA NIOAC RUA APPA RUA APPA AGUET. R.ARMA NDOMARABESI RUA BELA VISTA HERMENEGILDOMU NIZ M.OL IVEIRA R.PF. ANTO NIETA AV.GOVERNADORLUCAS NOGUEIRAGARCEZ MA RODINI R.CURUPAITI AV LUIGI ROSIELLO R.ALTACI RFERREI RA R.WALDOCYR AV. LUÍGI ROSSIELO R. RUA BELA VISTA RIO QU RUA CARLOS DE CAMPOS RUA MARQUES RUA ALBERT EINSTEN RUA CAPITÃO RUA R.EMÍLIONEGRIR.ANTONIO RUA CANINDÉ RIS CCIO R.CLE EIDA AV.LUIGI ROSIELLO R.A. C. FA LLI FERREIRA R. OLIVIA TORI JUNIOR MEN. SSO AV.LUIGI ROSIELLO RUA CARLOS R.O.H. BLEC.DEO. RUA R. A. R.P.N EIROZ P. V. AV. ILCE O.ALM DANDREA PARDO RIO CPLR.M.L. MAT RO F.MASSA TR.NATTIRE RUA MONTE ALEGRE MONTE DE RUA MONTE RUA SALTO RUA ANTOLINI DAS HURTADO CLÍNICAS HOSPITAL RUATEN.CATÃOROXO AV.DOCAFÉ
CLÍNICA CIVIL VL. MONTE ALEGRE ESTACIONAMENTO E RESTAURANTE CEMEL FMRP F. DIREITO CLUBE COMUNICAÇÕES F. ENFERMAGEM HEMOCENTRO F. SAÚDE MENTAL

O terreno está localizado ao lado da Faculdade de Saúde Mental da USP, em frente ao restaurante universitário (Bandejão) que conta com um estacionamento para veículos (não privativo, podendo auxiliar o fluxo do projeto) e às agências bancárias do campus e bem próximo à Clínica Civil.

Como já citado anteriormente e analisado pelos mapas, a área escolhida tem fácil acesso a pedestres e veículos, tanto do município de Ribeirão Preto quanto de sua microrregião, por se encontrar na Rua Prof. Hélio Lourenço e ser uma via arterial com alto fluxo gera grande movimento de pessoas, atraindo atenção ao Centro.

Estar ao lado da Faculdade de Saúde Mental foi um fator importante na escolha, já que será um centro de tratamento para transtornos emocionais, alunos poderão estagiar e fazer estudos na prática, auxiliando o desenvolvimento da ciência e novos profissionais. Além disso a proximidade a um hospital geral (Hospital das Clínicas), pensando na ocasião de casos graves de emergência a locomoção e atendimento do paciente serão mais fáceis e rápidas.

A topografia do terreno está em declive, contando com 10 curvas de níveis que cortam o terreno. Se encontra em boa altitude e com o terreno ao lado, em descida, vazio permitindo uma visualização de horizonte limpa. Visando manter essa questão, o projeto será pensado em pavimento único permitindo o panorama sem obstáculos, conversando também com seu entorno que possui gabarito geral baixo e permitindo fluxos mais acessíveis, e também respeitando ao máximo a topografia da área.

Pelas imagens registradas no terreno, notase que há infraestrutura de iluminação na rua, sinalização, faixa de pedestre, ponto de ônibus próximo, calçadas, faixas de vegetação, arborização todos os itens em bom estado de manutenção e sem degradação.

É visível a vegetação já existente do lote, sua topografia em declive e em nível mais alto que a rua. E principalmente é notório a vista que se tem de toda a cidade no horizonte, que será mantida. Outro fator perceptível é a não existência de obstáculos que impeça uma boa ventilação e iluminação natural.

55 54 LEVANTAMENTO DO ENTORNO 02
O
2.3
terreno
Figura 32: Planta de Situação. Fonte: Autoral, 2021. Figura 33: Levantamento topográfico. Fonte: Prefeitura de Ribeirão Preto, modificado pela autora, 2021. Figura 34: Corte topográfico. Fonte: Autoral, 2021. Figura 35, 36, 37 e 38: Pontos visuais do terreno. Fonte: Arquivo pessoal, 2021.

Figura 39: Tabelas 25 e 25 (conclusão) de detalhamento das estratégicas de condicionamento térmico.

Fonte: NBR 1522/03, 2013

térmico da construção como por exemplo: aberturas médias para ventilação e sombreadas, vedações externas com parede pesada e cobertura leve isolada, na estação de verão deve contar com resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento além de ventilação seletiva, já no inverno é importante que tenha como solução aquecimento solar da edificação e vedações internas pesadas.

Pelo desenho 40, é possível identificar que sua fachada frontal na Rua Prof. Hélio Lourenço recebe de leve a média incidência do sol nascente, e a fachada lateral direita e fundo obtêm maior incidência solar durante o dia inteiro (sol nascente ao poente), indicando a necessidade de atenção maior para solução térmica nessas fachadas para que não aqueça de forma excessiva a edificação. No caso da lateral esquerda que faz divisa com o ponto de segurança do campus, receberá incidência mais leve do sol nascente, aumenta quando ele atingir seu ponto mais alto.

De acordo com a Norma de Desempenho Térmico das Edificações (NBR 15220/03, de setembro de 2013) o município de Ribeirão Preto encontrase na Zona Bioclimática 4 e para detalhamento das estratégias condicionantes térmicas (são 11, nomeadas por letras) ficou decidido 4 para a cidade, BCDFI que serão explicadas na tabela 3. Estar na ZB4 implica em um clima mais árido, com baixa umidade, tendo uma variação de temperatura maior do dia para noite e não durante o ano. Sendo assim existem algumas estratégias bioclimáticas, cujo devem ser seguidas, para auxiliar no conforto

57 56 LEVANTAMENTO DO ENTORNO 02
Figura 40: Ventos e Sol. Fonte: Autoral, 2021.

3.1 Moradias Infantis

03. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Projeto: Moradias Infantis

Autores: Aleph Zero e Rosenbaum

Data: 2017

Local: Tocantins, Brasil

Área Construída: 23.344m2

59 REFERÊNCIAS PROJETUAIS 03
Figura 41: Fachada da Instituição. Fonte: Leonardo Finotti

A convite da Fundação Bradesco, os escritórios

Aleph Zero e Rosenbaum recebem o desafio de repensar as novas moradias do internato Canuanã, localizado na zona rural de Formosa do Araguaia no Tocantins.

Por se tratar de uma região aonde muitos são indígenas ou continuam a trabalhar nas fazendas, a Fundação há 40 anos busca acolher jovens entre 7 e 17 anos oferecendo moradia, educação e lazer. Contudo chegou um momento onde perceberam que as estruturas da forma de morar deveriam ser renovadas e então contrataram os arquitetos.

As duas grandes preocupações de ambos os escritórios era fazer com que esses jovens identificassem o local como lar com acolhimento e segurança, visto que visitam poucas vezes ao mês, seus familiares. De mesmo modo, era importante transmitir um sentimento de pertencimento, dando a eles a oportunidade de ajudar nas decisões de projeto para que ficasse mais próximo aos desejos das crianças.

“Precisávamos saber qual era a representação desse edifício na vida das crianças, queríamosquesimbolizasseumaidentidadedepertencimento,delarequeaescola fosse uma referência de futuro (Marcelo Rosenbaum,2018)

No projeto anterior, os estudantes eram divididos em 2 alas por gênero (masculino e feminino), além de alojamentos com até 47 pessoas dentro do mesmo espaço. Após conversarem e entenderem as necessidades com os moradores, ficou decidido que se manteriam as alas, porém a partir

de agora dormiriam em quartos com até 6 crianças desenvolvendo melhor as suas individualidades.

O novo programa dispõe de grandes pátios internos (marcado em verde no desenho), cheios de vegetação local reafirmando a importância do contato com a natureza, fora o próprio entorno do edifício que agrega mais áreas verdes. Conta também com várias áreas de convivência como salas de tv, salas de estudos com mobiliários na escala do usuário e sala como mini palco representando um teatro para apresentações (representado em laranja).

61 60 REFERÊNCIAS PROJETUAIS 03
Figura 43: Planta Térreo Figura 42: Salas e pátio interno. Fonte: Archdaily, 2021. Fonte: Leonardo Finotti. Figura 44: Pátios internos. Fonte: Leonardo Finotti.

Além da forma como solucionado o programa e a preocupação em atender ao usuário do espaço, o que chama muita atenção é a técnica construtiva adotada, percebendo que criar uma estrutura em concreto traria grandes gastos em vista que não havia produção do material no local, tendo que importala de outros estados. Por isso os arquitetos tiveram a preocupação de resgatar as origens desses jovens, visitando as casas de seus familiares buscando as técnicas nativas da região, criando então uma conexão ao local, aos seus biomas e as memórias, construindo uma arquitetura vernacular em adobe.

Para solucionar a temática de conforto térmico optaram por desencontrar de forma sutil os tijolos, criando aberturas que permitem a passagem de ventilação e iluminação natural, bem como o solo cimento para o piso mantendo uma qualidade climática ambiente, resfriando o interno e protegendo do calor externo.

Decidiram por uma grande cobertura metálica em telha sanduíche com isolamento e recortes para os pátios internos, sustentada por vários pilares de madeira dentro de uma modulação de 5,90m x 5,90m servindo bem ao projeto uma solução padrão e racional diminuindo custos.

Não é um local de fácil acesso por se localizar dentro de uma área privada, além de que serve de moradia a pessoas menores de 18 anos o que necessita de uma segurança maior .

O projeto foi escolhido pois a maior preocupação era que esse espaço servisse de lar para aquelas criaças e adolescentes que ali viveriam, assim como o Espaço Acolhemente tem como ponto fundamental. E para trazer esse acolhimento, além de usar a materialidade característica da região

que remete a casa de seus pais, utilizaram de pátios internos com vegetação para não só trazer conforto ambiental mas também servir de lazer. Outro fator importante a ser apontado é o fato de utilizarem uma modulação como forma de resolver a estrutura e economizar nos custos e perca de material . Seu terreno é extenso e sua implantação não impacta de forma degradante em sua topografia ou ao seu entorno. Utilizando da lineadridade da construção crisa-se uma continuidade da imagem relacionado ao seu exterior.

63 62 REFERÊNCIAS PROJETUAIS 03
Figura 45: Pátios internos. Fonte: Leonardo Finotti.

4 Memorial Justificativo

4.1 Programa de Necessidades

Seguindo todo o contexto a cerca da fundamentação teórica, principalmente sobre a humanização do ambiente psiquiátrico o programa de necessidades foi elaborado dividindo-se em setores, para manter a rotatividade ideal de pessoas em cada ambiente sem que haja aglomerações desnecessárias e também pra manter uma organização espacial mais limpa sabendo que são necessários diversos profissionais e colaboradores.

O programa e valores das áreas foram baseados na Resolução-RDC N°50, de 2002 da Agência de Vigilância Sanitária, bem como a Portaria N°336, de 2002 do Gabinete do Ministro da Saúde que dispõe sobre os centros de atenção psicossociais (CAPS), consulta no livro Neufert: Arte de Projetar em Arquitetura (18ª edição, GG, 2019) e Manual Prático de Arquitetura Hospitalar (2ª edição, Blucher, 2011) para que tivesse dimensões mínimas.

04. PROJETO

65 PROJETO 04
Figura 46: Programa de Necessidades Fonte: Autoral, 2021

4.2 Conceito e Partido

Tendo em vista toda a temática abordada presente neste trabalho sobre saúde mental e todo o histórico negativo dos ambientes psiquiátricos fica clara a necessidade de se pensar uma nova arquitetura para esses tratamentos. Como ponto fundamental, o acolhimento vai servir de base ao conceito para a proposta.

A maior parte dessa população esquecida nos manicômios sofreu com a falta de acolhimento, assim como hoje, muitos jovens são carentes em ter alguém para ouvir todas as suas angústias, medos e ansiedades. Pensando nisso que o programa de necessidades traz uma vasta atmosfera de profissionais para escutá-los e ambientes que se sintam seguros, acolhidos e saudáveis.

Sempre que buscamos por momentos de paz e descanso da vida cotidiana, tendemos a optar por locais que oferecem conexão com a natureza, no qual nos afastam do barulho e falta de tempo provocado pelos centros urbanos. Muitos estudos já comprovam como a natureza tem potencial de nos trazer bem-estar, melhorando produção de melatonina e vitamina D (luz solar), regulação da serotonina (respirar ar puro) e desenvolvendo a criatividade e liberdade das crianças por exemplo.

Portanto o ponto fundamental para o centro de acolhimento da mente é trazer muita conexão com vegetações, atividades que desconectem a cabeça dos barulhos internos e ambientes que abracem essa faixa etária que ainda está se desenvolvendo e se conhecendo para torná-los adultos mais conscientes de si.

Pensando nesse conceito focado na natureza, o partido arquitetônico nasce da necessidade de conectar com o natural e seu entorno. Como forma de solucionar a sua declividade, o projeto terá a preocupação de manter e aproveitar ao máximo da sua topografia, com cortes e aterros em alguns pontos e não em todo o terreno.

Como forma de manter ventilação e iluminação natural, foram pensados em ambientes mais espaçados com corredores mais largos, (justamente também para que não passe uma imagem de hospital) nos quais, os ventos e o sol adentrem de forma adequada. As fachadas cujo sofrem com maior incidência solar, serão protegidas por vegetação e brises soleil.

Para relacionar o interno com a paisagem externa dos jardins, os fechamentos serão intercalados em vidro e vedações fechadas apenas onde é necessário privacidade como salas de consulta psiquiátrica.

Buscando por uma arquitetura sustentável, serão implantados espelhos d’água (estratégia de condicionamento térmico), vegetações de todos os portes e placas fotovoltaicas para economia de energia.

67 66 PROJETO 04
Figura 47: Programa de Necessidades Fonte: Autoral, 2021

O acesso se da pela Rua Prof. Hélio Lourenço, tendo uma entrada para pedestres que leva diretamente a recepção geral (mostrado em azul) e outra privada para funcionários e descargas de materiais levando ao apoio (em vermelho).

O fluxo se mantém linear (em laranja) de forma que fique acessível a todos, seguindo a circulação com pátios e vegetações por todo o programa. Há rampas somente onde há necessacidade obedecendo a NBR 9050 com 8,33% de inclinação.

4.4 O Programa

No pavimento térreo o primeiro ambiente é a recepção geral que encaminha todos os pacientes aos demais. O ambulatório foi posicionado de forma que fique distante de barulhos e possíveis aglomerações.

Logo em seguida da recepção geral tem o bloco de atendimentos individualizados com vários profissionais da saúde disponíveis. A frente tem as terapias alternativas como sala de dança e arteterapia, por exemplo. E por último os quartos de internação que precisam de privacidade.

No pavimento infeior encontra-se a sala da descanso para aqueles que não tem necessidade de internação mas pode passar o dia no centro, o restaurante e o bloco de apoio contando com ambientes de descanso para os funcionários e o depósito geral (aonde tem acesso ao estacionamento privativo).

4.5 A Estrutura, Cobertura e Materialidade 4.6 A Topografia e Insolação

Como forma de resolver a estrutura do projeto, foi utilizado uma grelha estrutural de 1,25mx1,25m assim como o Lelé utiliza nas redes de hospitais Sarah para economia de custos e materiais, ideia referenciada do projeto Moradias Infantis. Na qual foi o ponta pé para resolver todo o programa e topografia. Os pilares são circulares metálicos com diâmetro de 20cm e vigas metálicas com alturas entra 26cm a 67cm.

A cobertura foi resolvida com laje de concreto e telhas sanduíches e sob elas posicionadas as placas fotovoltaicas com a inclinação necessária para receber mais raios solares.

A materialidade escolhida foi a estrutura metálica de aço por ser pré-fabricada tem menor perca de material, em contraste das vedações em tijolo de junta seca cujo me remete a lembrança da casa dos meus avós, trazendo um sentimento de segurança e amparo. Os vidros serigrafados (coloridos) foram escollhidos para trazer maior alegria e divertimento (jogo de luzes quando em contato com raios solares) em razão de ser pensado para crianças e adolescentes e quebrar a semelhança com hospitais.

Como forma de deixar mais acessível e resolver a topografia que é um declive de 10 níveis, foi feito um platô no nível da rua denominado de 0,00 onde carrega a planta do térreo, porém com corte apenas aonde é o programa. O nível infeior foi rebaixado a -3,05 assim onde fosse necessário aterrar poderia reutilizar a própria terra ja cortada, entretanto o máximo possível foi feito para permancer com o terreno pré existente. Por ser um declive e seu entorno livre de construções ou obstáculos, a inserção de árvores como ipês, quaresmeiras, flamboyants, mangueiras foram utilizadas como forma de barreira natural do sol, mas permitindo a passagem da ventilação natural.

69 68 PROJETO 04 4.3
Fluxos e Acessos Figura 47: Fluxos e Acessos Fonte: Autoral, 2021
“... Arquitetura não é apenas sobre a construção. É um meio de melhorar a qualidade de vida das pessoas."
(DiébédoFrancisKéré)

05. DESENHOS TÉCNICOS

71 PROJETO 04
5.1
- Planta de Situação
73 72 PROJETO 04 5.2
- Implantação
5.3 - Planta Térreo
75 74 PROJETO 04
5.4 - Planta Nível Inferior 5.5 - Plantas Ampliadas 5.5 - Plantas Ampliadas
77 76 PROJETO 04 5.5
- Plantas Ampliadas
79 78 PROJETO 04
5.5 - Plantas Ampliadas
+0,00 -3,05 -4,78 +0,00 -3,05 -4,78 +0,00 +0,00
5.6 - Cortes
81 80 PROJETO 04 5.7 - Fachadas
83 82 PROJETO 04 5.8 - Perspectivas
85 84 PROJETO 04
87 86 PROJETO 04
89 88 PROJETO 04
91 90 PROJETO 04
93 92 PROJETO 04

referências

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