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2 design editorial Júlia Gebien de Oliveira
redação Revista Exame
fotografia Unplash // Martin Sanchez, Usgs, Red Zepellin, Samuel Gonzalez, Dhruv Mehra, Michelle Spollen, Jean Wimmerlin, Rod Long
projeto acadêmico Tecnólogo em Design Gráfico
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vacas e emissão de carbono
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cultivo no Neguev
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glacial
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por AFP fotografia por Samuel Gonzalez
À primeira vista,
nada as distingue de outros ruminantes, mas as 120 vacas leiteiras da fazenda experimental Trévarez, no noroeste da França, produzem menos emissões de carbono, o que contribui para reduzir seu impacto no aquecimento global. Segundo dados do Citepa (Centro Técnico de Estudos da Poluição Atmosférica), 14% dos gases de efeito estufa são provenientes dos bovinos. A isto se soma o consumo por esses animais de farelo de soja, o que aumenta a pegada de carbono. Com o objetivo de reduzir em 20% suas emissões de gases de efeito estufa até 2025, o setor de laticínios francês lançou na Bretanha (noroeste), a principal região leiteira da França, um programa experimental chamado “ferme bas carbone” (fazenda com baixa emissão de carbono).
Esse experimento, administrado pela Câmara de Agricultura da França, foi incluído na agenda de soluções da COP21. Seu objetivo, no papel, é espalhar boas práticas entre todos os agricultores. “Ser capaz de dizer que produzimos leite enquanto minimizamos seu impacto no meio ambiente será, sem dúvida, decisivo no futuro”, diz Pascal Le Cœur, agrônomo e diretor da fazenda. Com as vacas leiteiras Prim ‘Holstein, a primeira raça leiteira do mundo, os técnicos da Trévarez trabalham em uma série de parâmetros para minimizar a pegada de carbono, sem afetar as finanças da fazenda. Tendo em conta que as principais fontes de emissões provêm da alimentação e do metano da digestão, Trévarez trabalha duro para adaptar a alimentação dos ruminantes. Assim, o farelo de soja, cujo cultivo acelera o desmatamento da Amazônia, foi substituído pelo farelo de canola. “A canola é melhor, mas é preciso trazê-la em caminhões, então o que queremos agora é usar outros grãos cultivados localmente, como favas”, explica Le Cœur.
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Fazenda experimenta vacas com baixa emissão de carbono em prol do planeta.
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“ não existe receita milagrosa
Outro parâmetro-chave é a gestão de gado para minimizar “animais improdutivos”. A fazenda mantém apenas as novilhas necessárias, limita a reprodução de vacas leiteiras e aumentou a idade média do primeiro nascimento para entre 26 e 24 meses. No verão, o pasto constitui 60% de sua alimentação. A este se combina milho forrageiro cultivado localmente. No inverno, a ração de milho é aumentada para que os animais enfrentem o frio nas melhores condições. Além dos benefícios em termos de autonomia alimentar e pegada de carbono, esses menus são avaliados com base no metano liberado na atmosfera, graças a um dispositivo localizado próximo às mandíbulas dos ruminantes. Os técnicos da Trévarez também reduziram o uso de fertilizantes químicos, que emitem óxido nitroso (N2O), e os substituíram por fertilizantes orgânicos que se espalham “o mais próximo possível do solo, ou mesmo por injeção no solo”, somente quando as condições climáticas impedem a volatilização da amônia.
“Não existe uma receita milagrosa, mas uma soma de pequenas rotas que levam a uma descendência mais virtuosa”, resume Le Cœur. “Não devemos esquecer que vivemos numa época em que será cada vez mais difícil produzir leite com verões mais quentes e secos”, acrescenta. o
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Tecnologias para cultivar o deserto de Neguev. por Elías L. Benarroch fotografia por Usgs
Deserto de Neguev
– Com mais da metade de seu território coberto por um solo desértico pedregoso, Israel se concentrou no desenvolvimento de tecnologias revolucionárias para conquistar o Neguev e alcançar o sonho do fundador do país, David Ben Gurion. A hercúlea tarefa procura minimizar a seca e a evaporação por meio da adaptação de cultivos, alguns milenares, a solos quase inexpugnáveis, nos quais a pesquisa se vê obrigada a romper todos os moldes conhecidos na busca de soluções eficazes. “As condições que temos que enfrentar são de um clima extremo: solos muito pobres, baixas precipitações, altos níveis de evaporação e alta salinidade na água subterrânea”, disse à Agência Efe o professor Uri Yirmiyahu, diretor do Centro Gilat de Pesquisa. O centro, órgão do Instituto Estatal Vulcani de Desenvolvimento Agropecuário, responsável por 70% da inovação neste setor no país, está voltado há décadas à conquista do deserto do Neguev, uma zona de 13 mil quilômetros quadrados.
“Nossa principal conquista é poder cultivar a 45 graus e em uma terra sem água”
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“o país continua buscando novos cultivos capazes de suportar a alta salinidade de uma água que deve ser extraída a mais de 1.500 metros de profundidade.“ O deserto se estende desde o balneário de Eilat, nas margens do Mar Vermelho, até a cidade de Ashkelon, ao norte da Faixa de Gaza. O inóspito clima, com temperaturas que no verão superam os 50 graus, torna quase inviável o surgimento de vegetação, mas pouco a pouco o centro Gilat foi encontrando cultivos capazes de suportar as extremas condições meteorológicas e os adaptou às necessidades do mercado.
alta salinidade de uma água que deve ser extraída a mais de 1.500 metros de profundidade. “Buscamos produtos que convivam com a alta salinidade”, explicou Yirmiyahu junto a uma vasta plantação de palmeiras tamareiras, uma árvore que, devido à grande evaporação, no deserto israelense requer mil litros de água ao dia quando, no melhor dos casos, as precipitações na zona oscilam entre 50 e 150 milímetros.
Um exemplo é o pimentão verde cultivado no inverno, quando “seu alto preço é ainda competitivo nos mercados europeus”, explicou a Maayan Kitron Clabs, do Centro de Pesquisa Arava, outro órgão do Instituto Vulcani.
Além disso, os pesquisadores tentam recuperar uma espécie de palmeira já desaparecida. “Nossa principal conquista é poder cultivar a 45 graus e em uma terra sem água”, declarou Yirmiyahu.
As técnicas desenvolvidas para o pimentão incluem a mistura da terra com um biogel que captura a água nas raízes da planta. Após anos de investigação, Israel exporta anualmente cerca de 80 mil toneladas deste tipo de pimentão. E o país continua buscando novos cultivos capazes de suportar a
Semear o deserto se transformou em praticamente a única alternativa para um país cuja população resiste ao conseguir viver nas sufocantes colinas e leitos secos do bíblico Neguev, um sonho que nem Ben Gurion conseguiu tornar realidade para os seus concidadãos. o
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Jökulsárlón:
A batalha jurídica iniciada em torno da posse do lago glacial na Islândia é um teste fundamental das credenciais empresariais do novo governo.
por Omar R. Valdimarsson fotografia por Michelle Spollen
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Reykjavik
– Este é o mais recente capítulo da longa saga nórdica em que o lucro enfrenta a natureza. Mas a batalha jurídica iniciada por uma empresa de investimento em torno da posse do Jökulsárlón, um lago glacial extraordinário que fica no litoral do sudoeste da Islândia, também é um teste fundamental das credenciais empresariais do novo governo. Embora ainda estejam na etapa preliminar, os processos judiciais já estão gerando ambiguidades no modo em que o governo pretende administrar um de seus maiores ativos.
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O atual boom econômico da Islândia está sendo estimulado pelo número recorde de visitantes ávidos para ver a Aurora Boreal, fazer tratamentos de desintoxicação ou simplesmente explorar cenários do seriado “Game of Thrones”. Islandsbanki, o segundo maior banco da ilha, estima que as receitas do turismo em 2016 equivalerão a 34 por cento do total de exportações. Jökulsárlón, cenário de uma improvável perseguição de carro com James Bond sobre um lago congelado cercado por espetaculares icebergs
azuis, agora é um dos principais pontos turísticos do país e atrai cerca de meio milhão de visitantes por ano.
“então é simplesmente n atu ra l que deva p e r te n c e r a todos os islandeses”
Ele fica perto do Parque Nacional Vatnajökull, um lugar candidato ao título de Patrimônio da Humanidade da Unesco. “Não existem muitos lugares onde uma geleira avança para o mar”, disse Guðmundur Ingi Guðbrandsson, diretor administrativo da Associação Ambiental Islandesa. Esta é uma “joia natural” que ainda exige muita investigação, “então é simplesmente natural que deva pertencer a todos os islandeses”. o
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Sudeste tem quase 70% das startups agro do país.
agtechs // startups – Os quatro Estados da Região Sudeste concentram 66% das startups dedicadas ao agronegócio (agtechs, no jargão do ramo) do Brasil, com 739 empresas. Ao todo, o País possui 1.125 empresas de tecnologia no setor. Os dados fazem parte do estudo Radar AgTech divulgado ontem pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com o fundo SP Ventures e a consultoria Homo Ludens.
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por Estadão Conteúdo fotografia por Jean Wimmerlin & Rod Long
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“Nessas regiões há parques tecnológicos e polos de inovação, assim como universidades e institutos de pesquisa em quantidade” disse Cleidson Dias, da Secretaria de Inovação da Embrapa e responsável pelo levantamento. “As dificuldades em reduzir essa concentração são inerentes à existência de ambientes de inovação.” o
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a revista que leva v o c ê , de volta, ao mundo em que vive .
“the world we live in.”
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o of green // edição n° 53 junho, 2020
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red roses too
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