UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Gestão, e Ciência da Informação
Os desafios do profissional da informação frente às tecnologias e suportes informacionais do século XXI: lugares de memória para a biblioteconomia 18 a 24 de julho de 2010
A FUNCIONALIDADE DA CATALOGAÇÃO: do livro aos recursos educacionais digitais1 Isabel Cristina Pereira da Costa* Terezinha Pereira Aguiar**
Resumo: Apresenta inicialmente um breve histórico da catalogação no Brasil, enfatizando a sua importância e evolução para a catalogação eletrônica por meio do Metadado Dublin Core. Relatando a experiência vivenciada no Laboratório de Pesquisa Multimeios da Faculdade de Educação da Universidade Federal do CearáFACED/UFC, que vem utilizando esses metadados na catalogação dos recursos educacionais digitais no Repositório Banco Internacional de Objetos Educacionais (BIOE). Inicialmente realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre o tema abordado. Em seguida iniciou a busca dos Objetos Educacionais (OEs) na internet e posteriormente o processo de catalogação dos mesmos. Neste contexto exemplifica os processos de catalogação dos OEs e a funcionalidade da catalogação no que se refere a recuperação da informação nas bibliotecas e no BIOE. Sob esta abordagem aponta a relevância da catalogação para busca e recuperação da informação, como meio de contribuir para o acesso as informações.
Palavras-chave: Catalogação. Metadado Dublin Core. Objetos Educacionais.
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INTRODUÇÃO
Atualmente temos nos deparado com um número gigantesco de informações disponíveis e ao nosso alcance. Mas nem sempre foi assim, pois no início do século passado XX, quando precisávamos pesquisar sobre um determinado assunto, a principal fonte de informação ou muitas vezes a única, eram os livros e estes também não eram tão acessíveis. Em sua maioria eram encontrados em bibliotecas públicas ou em acervos particulares. Entretanto, com o advento da internet o fluxo de informações disponíveis na mesma tem facilitado as pesquisas nas diversas áreas do conhecimento. No entanto, tais informações são lançadas na rede de forma desorganizada, o que dificulta a recuperação das mesmas. Nesse contexto, pesquisar determinado assunto pode exigir do usuário maior disponibilidade de tempo e certa habilidade para melhor selecionar o que lhe interessa.
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Comunicação oral apresentada ao GT-03 – Representação da Informação * Universidade Federal do Ceará. Discente do Curso de Biblioteconomia. isabel_biblio@yahoo.com.br ** Universidade Federal do Ceara. Discente do Curso de Biblioteconomia. terezinhaaguiar18@yahoo.com.br
Tendo em vista solucionar uma boa parte desses problemas, o Ministério da Educação tem selecionado as informações antes de disponibilizá-las no Banco Internacional de Objetos Educacionais (BIOE). O BIOE organiza os Objetos Educacionais (OEs), utilizando o Metadado Dublin Core por meio da catalogação, indexação e classificação. Como sabemos, estas técnicas há muito já eram utilizadas no tratamento dos livros antes desses serem postos nas estantes de uma biblioteca, e que apesar de serem técnicas antigas, são eficazes quando bem aplicadas, o que possibilita a recuperação da informação. Nesta perspectiva, o presente estudo visa relembrar a funcionalidade da catalogação de itens informacionais comuns como os livros, através de um breve histórico da catalogação no Brasil por meio de pesquisa bibliográfica, assim como a sua funcionalidade no que se refere ao processo de catalogação dos OEs no BIOE no Projeto Banco Internacional de Objetos Educacionais (PROBIOE), através da experiência vivenciada no Laboratório de Pesquisa Multimeios da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (FACED/UFC).
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METODOLOGIA
Inicialmente realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre as seguintes temáticas: metadados, objetos educacionais e catalogação, além da seleção das fontes (sites) na internet para a busca dos OEs. Após esse processo, iniciamos à navegação, pesquisa e catalogação dos OEs presentes nas fontes selecionadas. Todos os recursos educacionais digitais foram organizados em planilhas eletrônicas, utilizando o software livre OpenCalc,
sendo
classificados por datas, cores e o uso de legendas, visando facilitar a leitura e a pronta identificação dos objetos catalogados ou em fase de catalogação. Desta forma, as planilhas permitem o acompanhamento quantitativo das fontes e OEs. Também realizamos a descrição dos OEs selecionados conforme os dados que seriam inseridos no Metadado Dublin Core. Esta medida evita a perda de informações referentes aos OEs e facilita no momento do preenchimento dos metadados.
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UM BREVE HISTÓRICO DA CATALOGAÇÃO NO BRASIL Para relembrar um pouco da história da catalogação aqui no Brasil, nos baseamos nos
trabalhos de Modesto (2007), que faz uma explanação acerca do panorama da catalogação no
Brasil desde a década de 1930 aos primeiros anos do século XXI, e também na conhecida obra Introdução à catalogação de Mey (1995). Antes de iniciarmos sobre o histórico da catalogação no Brasil, acreditamos ser interessante relembrar o conceito de catalogação dado por Mey (1995, p. 5) que diz que “Catalogação é o estudo, preparação e organização de mensagens codificadas, com base em itens existentes ou passíveis de inclusão em um ou vários acervos, de forma a permitir interseção entre as mensagens contidas nos itens e as mensagens internas dos usuários”. Assim, a catalogação não é simplesmente uma técnica de elaboração de catálogos ou de listagem de itens como muitos consideravam, mas sim uma técnica de representação de um item através de suas características e do conhecimento do usuário. Por meio da catalogação é possível a reunião de diversos itens pelas suas semelhanças. Adentrando na história da catalogação no Brasil, vale lembrar que desde as primeiras décadas do século passado até ao final da década de 1960, os códigos de catalogação mais utilizados tanto nas escolas de Biblioteconomia e nas bibliotecas do Brasil eram: Código da Vaticana ou Norme per il catalogo degli stampati (código elaborado por bibliotecários norteamericanos e um norueguês para a Biblioteca Apostólica Vaticana) e o Código da American Library Association (ALA) (MEY, 1995). Provavelmente, por esse motivo que muitas foram as iniciativas para criação de código de catalogação nacional. Segundo Modesto (2007), o trabalho intitulado “Regras bibliográficas: ensaios de consolidação”, editado em 1934, da autoria de Jorge Duarte Ribeiro foi a primeira iniciativa. Este trabalho objetivava o estabelecimento de normas de entradas de nomes pessoais. Outra iniciativa no mesmo sentido foi a publicação das “Regras gerais de catalogação e redação de fichas”, em 1941 pela Associação Paulista de Bibliotecários (APB). Acompanhando a esta iniciativa, o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), também em 1941, desenvolve o trabalho intitulado “Normas para organização de um catálogo dicionário de livros e periódicos”. A década de 1940 também é marcada pelo trabalho de pós-graduação nos Estados Unidos da paulista Maria Luiza Monteiro, denominado “Normas brasileiras: um problema na catalogação”. Assim como pela criação do Serviço de Intercâmbio de Catalogação (SIC), instituído pelo DASP, sob a criatividade e inspiração da bibliotecária Lydia de Queiroz Sambaquy. O objetivo maior do SIC era a constituição de um sistema nacional de catalogação
cooperativa. A partir disso, divulga-se o uso da ficha padrão 7,5 x 12,5cm aqui no Brasil. Sambaquy também é responsável por instituir a prática da catalogação na fonte. A década de 1950 é marcada pela busca de se padronizar as normas catalográficas, principalmente quanto à questão das entradas de nomes brasileiros e portugueses. Neste sentido, em 1954, acontece o primeiro Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (CBBD), onde é apresentado o trabalho “Normas brasileiras de catalogação, entrada de autores coletivos e nomes brasileiros”, pelo nosso ilustre professor e bibliotecário Edson Nery da Fonseca. Nesse mesmo ano é criado o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), que incorpora o SIC. Este, delega uma Comissão de Estudos de Catalogação, a fim de redigir o Código de Catalogação Nacional. Contudo, o resultado desse trabalho não obteve sucesso. Também nesta época, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) solicita ao Instituto Brasileiro para Educação, Ciência e Cultura (IBECC) a elaboração de um projeto de catalogação destinado aos nomes de autores brasileiros e portugueses. O mesmo não teve continuidade. Em 1960, foi criada a Comissão Brasileira de Catalogação (CBC). Em 1961, Maria Luisa Monteiro da Cunha desenvolve e apresenta na Conferência de Paris o importante trabalho “Nomes brasileiros e portugueses: problemas e soluções”. Diferentemente dos anos anteriores, a partir de 1963, a intenção de se desenvolver um código nacional perde força. Em 1969, foi editada aqui no Brasil uma versão em português do Código anglo-americano de catalogação, o AACR. A partir disso, foi adotado na maioria das escolas de biblioteconomia no Brasil. Em 1970, busca-se uma padronização nacional da catalogação através da participação em programas internacionais. Nesta época, a professora Cordélia Robalinho Cavalcante, publica seu livro Catalogação Simplificada. Nesta época, o SIC – que estava sendo dirigido por Alice Príncipe Barbosa – reformulou suas atividades e baseando-se no MARC (Machine Readable Cataloging) – formato desenvolvido pela Library of Congress – automatiza as suas atividades, constituindo assim o Projeto CALCO (Catalogação legível por computador) que foi tema da dissertação de mestrado de Alice Príncipe Barbosa. Contudo, em 1973 este projeto é substituído pela rede Bibliodata/CALCO, rede esta que abrangia bibliotecas do sul ao nordeste do país. A Biblioteca Nacional também entrou nessa rede e formalizou o CALCO como um formato nacional.
Em 1975, durante o oitavo CBBD em Brasília foi aprovada a adoção de entrada pela última parte do sobrenome do autor. Na década de 1980, é composto “um Grupo de Trabalho sobre processos técnicos, formado por representantes de várias instituições, que reunidos na Biblioteca Nacional elaboram recomendações na formulação de cabeçalhos (de responsabilidade e de assuntos) para entidades coletivas e nomes geográficos.” (MODESTO, 2007, p. 11). Nessa época, um grupo de trabalho criado pelo IBICT, produzem o manual “Formato de Intercâmbio CALCO”. Também nesta mesma década, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) publica a NBR 10523 “Entrada para Nomes de Língua Portuguesa em registros Bibliográficos”, em outubro de 1988. Na década de 1990, as maiores mudanças vêem com as novas tecnologias desenvolvidas. Os microcomputadores passam a fazer parte do cotidiano das bibliotecas. E com essa facilidade, a utilização das redes eletrônicas mostra a possibilidade de intercâmbio de informações, mais especificamente do compartilhamento de registros bibliográficos. O que possibilita a catalogação cooperativa entre bibliotecas, a nível nacional e internacional. Nesta época surge o catálogo público de acesso online. A catalogação passa a ser orientada ao objeto. O CALCO passa a USMARC, e este a MARC21. Nessa mesma década, devido ao uso da internet e da produção de documentos eletrônicos, o AACR torna-se defasado e não atende mais as necessidades de descrição dos novos suportes informacionais. Assim, surgem novas discussões acerca de procedimentos de organização e recuperação da informação contida na internet. Entretanto, uma novidade surge em meados da década de 1990. Na cidade de Dublin, Estados Unidos, inicia-se o “Dublin Metadata Workshop”. Este evento teve o objetivo de expor à discussão questões acerca dos recursos eletrônicos e de sua descrição. Desse e de outros encontros do mesmo evento, estabeleceu-se o padrão Dublin Core que será melhor demonstrado mais a frente. Na primeira década do século XI, temos como destaque a tradução do Formato MARC 21, feita por Margarida Ferreira. No ano 2000, é desenvolvido um sistema de gerenciamento do catálogo coletivo pela Rede Bibliodata. Em 2003, é publicada a 2ª edição do AACR em língua portuguesa.
Por fim, temos como novidade na catalogação da atualidade uma nova nomenclatura para os elementos de descrição de documentos que são os metadados. Sobre estes, especificamente sobre o Metadado Dublin Core, falaremos mais à frente.
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A CATALOGAÇÃO ELETRÔNICA A catalogação assim como a indexação é um processo que envolve uma análise
criteriosa. Essa medida permite ao catalogador escolher os dados que melhor descrevem fisicamente o material que será disponibilizado para o acesso aos usuários conhecedores ou não das formas de recuperação de um livro dentro de um sistema manual ou computacional existentes atualmente em muitas bibliotecas. Como sabemos a catalogação passou por evoluções à medida que mudaram as formas de organização das informações, advindas do uso dos computadores nas atividades das diversas áreas do conhecimento como é o caso Biblioteconomia. Uma das mudanças abordadas é a catalogação eletrônica com o uso dos metadados, o qual descrevemos neste trabalho. Porém, antes de iniciarmos a abordagem sobre catalogação eletrônica, segue a definição referente aos metadados, destacando precisamente o Metadado Dublin Core. De acordo com Souza; Vendrusculo; Melo (2000, p.1) o metadado
Dublin Core pode ser definido como sendo o conjunto de elementos de metadados planejado para facilitar a descrição de recursos eletrônicos. Metadado significa dado sobre o dado. É a catalogação do dado ou descrição do recurso eletrônico. [...] O conjunto de metadados descrito pelo DC é composto de 15 elementos, os quais poderiam ser descritos como o mais baixo denominador comum para descrição de recurso (equivalente a uma ficha catalográfica).
Pode-se dizer que a catalogação eletrônica iniciou-se com o uso das bases de dados dos sistemas de automação de biblioteca, seguida da utilização dos metadados para descrever materiais em meio digital como é o caso do Dublin Core que vem sendo utilizado pelo BIOE na catalogação dos OEs (Softwares, hipertextos, simulações, imagens e etc). Ainda sobre o Dublin Core, Afonso (2010, p. 9) descreve que o
O Dublin Core Metadata Element Set (DCMES), geralmente denominado apenas de Dublin Core (DC), é uma recomendação do Dublin Core Metadata Initiative (DCMI)1. Foi apresentado em 1995 no OCLC/NCSA Metadata Workshop, desenvolvido pela Online Computer Library Center (OCLC) [...]
constitui-se de um conjunto de quinze elementos que auxiliam na definição da estrutura, semântica e sintaxe dos metadados, sendo usado para catalogação/descrição de recursos digitais. Esse padrão se caracteriza pela simplicidade, interoperabilidade, consenso internacional, extensibilidade e flexibilidade.
A catalogação eletrônica segundo Afonso (2008), é baseada em normas e padrões de catalogação como o AACR e o Formato MARC, ambos possibilitam a padronização dos dados.
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A CATALOGAÇÃO DE RECURSOS EDUCACIONAIS DIGITAIS NO REPOSITÓRIO BANCO INTERNACIONAL DE OBJETOS EDUCACIONAIS
Antes de falarmos sobre a catalogação dos recursos educacionais digitais, precisamos definir e apresentar os objetivos do BIOE. Segundo Afonso (2010, p. 7)
O Banco Internacional de Objetos Educacionais (BIOE) tem por objetivo principal localizar, catalogar, avaliar e disponibilizar objetos educacionais digitais elaborados em diversas mídias nas áreas de conhecimento previstas pela educação infantil, básica, profissional e superior. O BIOE é um repositório criado pelo Ministério da Educação (MEC), em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Rede Latinoamericana de Portais Educacionais (RELPE), Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e algumas universidades brasileiras.
Quanto a catalogação dos recursos educacionais digitais é importante comentar antes o caminho percorrido (busca na internet, seleção e aquisição) dos OEs. Pois, assim como os livros em uma biblioteca têm uma trajetória passando pela seleção e aquisição até entrarem na biblioteca através da compra, doação ou permuta, os OEs também têm seu caminho até serem catalogados e disponibilizados no BIOE. Para seleção dos OEs são realizadas buscas na internet. Estas buscas são realizadas de forma seletiva dentre os vários critérios, podemos destacar: OEs livres; qualidade do recurso; conteúdo temático, licença e direitos autorais. Tais critérios são dados essenciais por que serão usados no momento da catalogação, isto é, serão inseridos no Metadado Dublin Core, sendo que ao finalizar o preenchimento dos metadados, os recursos educacionais digitais já estão publicados para serem avaliados pelo comitê do Ministério da Educação (MEC) e depois serem aprovados, para em seguida serem disponibilizados no BIOE.
Vale destacar que durante esta avaliação serão observados se todos os dados estão corretos de acordo com as normas do BIOE. Neste momento é feita uma análise dos OEs, caso o catalogador tenha deixado de colocar informações importantes, como por exemplo notas. No Dublin Core, tais notas são chamadas de observações. Ou ainda metadados preenchidos incorretamente, como links quebrados e descrição temática não correspondente ao conteúdo apresentado no recurso. Quando isso ocorre, os objetos são reprovados e retornarão para serem corrigidos os metadados. O trabalho com os OEs, envolve os processos de seleção, catalogação, avaliação, aprovação e disponibilização no BIOE. Tais processos são fundamentais, pois favorecem a recuperação das informações dos recursos, acesso e utilização desses OEs pelos usuários do BIOE. Tarouco e Dutra (2007, p. 82 apud AFONSO, 2008, p. 15-16) afirmam que “Os recursos educacionais digitais são mais eficientemente aproveitados quando organizados, catalogados e armazenados em um repositório”. Com isso percebe-se a importância da catalogação, técnica antiga, porém eficaz quando bem aplicada, onde sua principal funcionalidade é possibilitar o acesso e recuperação da informação dentro de um sistema, seja este uma biblioteca ou um repositório educacional como é o caso do BIOE. Segundo Afonso (2008, p. 30-31) o BIOE […] visa contar com recursos de diferentes países e línguas, permitindo a qualquer professor, de qualquer parte do mundo, acessar, utilizar e submeter os recursos em sua língua materna, publicando as suas produções em um processo colaborativo.
Por este motivo os OEs passam pelo caminho anteriormente descrito, e agora especificado claramente com a descrição do trabalho realizado no Laboratório de Pesquisa Multimeios da FACED/UFC, como segue: buscamos na internet OEs da Educação Infantil, Ensino Médio e Ensino Superior. Grande parte destes recursos são Softwares Educacionais (SEs), com licença Creative Commons. Quando o objeto não tem licença é enviado ao(s) autores e-mails para que estes autorizem seus OEs, e assim seja dada a permissão para serem utilizados e publicados no BIOE, sempre atentos para questão do direito autoral e fonte dos recursos. Após a liberação do autor os OEs são baixados e testados para verificar a qualidade e quais os plugins necessários a execução do objeto. Além disso, observa-se em quais sistemas funcionam: linux ou windows.
Com os dados dos OEs juntos iniciam-se o processo de catalogação de acordo com os Manuais de Normas para preenchimento dos metadados, tais manuais estão disponíveis no site do BIOE: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/staticspages?t=4. Assim como a catalogação de um livro demanda uma análise criteriosa dos dados que o representam, o mesmo também ocorre quando fazemos a catalogação dos recursos educacionais digitais, pois uma simples falha no preenchimento do metadados pode prejudicar a recuperação destes recursos no BIOE. Para isso é necessário que se tenha uma compreensão do que significa catalogar. De acordo com Afonso (2010, p.8)
Catalogar um objeto significa descrevê-lo por meio de seus diferentes aspectos e características. O objetivo da catalogação é fornecer uma representação do objeto, permitindo identificá-lo, localizá-lo e representá-lo. Logo, definir que aspectos e características melhor atendem a esta descrição e, consequentemente, as necessidades de seus usuários são determinantes para a acessibilidade do objeto, permitindo que seja acessado remotamente e utilizado em diferentes locais.
A imagem abaixo apresenta e exemplifica os principais metadados preenchidos no Metadado Dublin Core, destacando um OE catalogado e aprovado pelo comitê do MEC. Vale ressaltar que estes são alguns dos campos adaptados, ou seja, utilizados pelo BIOE, pois conforme foi comentado anteriormente o Dublin Core é composto por 15 metadados.
É importante destacar ainda, que além da Universidade Federal do Ceará, outras universidades brasileiras também trabalham com a busca de OEs para o repositório do Banco Internacional de Objetos Educacionais. Trabalho este muito importante para o acesso à informação, já que os OEs são das diversas áreas do conhecimento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo da análise do histórico da catalogação no Brasil até aos dias atuais com o uso dos metadados, percebemos o quanto esta técnica tem avançado e acompanhado os recursos tecnológicos ao longo dos tempos. Como vimos, os recursos disponíveis na internet, que na maioria das vezes encontram-se dispersos na rede, já podem e estão sendo organizados por meio dos metadados. No caso do BIOE, as ações realizadas para organização das informações referentes aos OEs são indispensáveis, pois facilitam a recuperação dos mesmos, otimizando o acesso dos professores aos OEs buscados no site http://objetoseducacionais2.mec.gov.br. Entretanto, entendemos que apesar da evolução ocorrida na área da catalogação, ainda há muito a ser feito, principalmente no que se refere à padronização na descrição dos dados relacionados aos OEs, assim como de outras informações que necessitem de organização, seja em meio físico ou digital.
REFERÊNCIAS
AFONSO, Maria da Conceição Lima. Tratamento da informação conforme regras e procedimentos internacionais: pesquisa-ação do Banco Internacional de Objetos Educacionais. Brasília: Universidade de Brasília, 2008.
______, Maria da Conceição Lima. Banco internacional de objetos educacionais: normas para a definição dos metadados. Brasília: CESPE/UnB, MEC, 2010. Disponível em: <objetoseducacionais2.mec.gov.br/staticspages?t=4>. Acesso em: 30 mar. 2010.
MEY, Eliane Serrão Alves. Introdução à catalogação. Brasília: Briquet de Lemos, 1995.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (Brasil). Banco internacional de objetos educacionais. Disponível em: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/10932>. Acesso em: 30 mar. 2010.
MODESTO, Fernando. Panorama da catalogação no Brasil: da década de 1930 aos primeiros anos do Século XXI. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 22., 2007, Brasília. Anais... Brasília: USP, 2007. p. 1-22. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/fmodesto/textos/2007PanoramaCatalogacao.pdf>. Acesso: 30 mar. 2010.
SOUZA, Márcia Izabel Fugisawa; VENDRUSCULO, Laurimar Gonçalves; MELO, Geane Cristina. Metadados para a descrição de recursos de informação eletrônica: utilização do padrão Dublin Core. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 1, p. 93-102, jan./abr. 2000. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ci/v29n1/v29n1a10.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2010.