PAISAGEM E ARQUITETURA
MACROÁREA (SATÉLITE)
Construção de uma Didá�ca Socioambiental
LEGENDA Perímetro da OUCAB Área do Projeto
A região Água Branca exerce na cidade importância histórica e cultural em decorrência do desenvolvimento induzido pelas ferrovias paulistanas do século XIX e as várias faces da ocupação da várzea do Rio Tietê no século XX. Observa um território que foi sendo conver�do radicalmente, transformando o Rio Tietê de um lugar onde de promoviam a�vidades de lazer dos paulistanos em uma área precariamente ocupada e com posterior decadência e poluição. No projeto de re�ficação do rio, a solução de drenagem para diminuição das áreas inundáveis foi um fator importante para o desenvolvimento, mas partes dessas medidas não foram suficientes para a consolidação da ocupação qualificada da várzea. O presente trabalho se coloca na perspec�va de ampliar o processo de melhoria da infraestrutura urbana e o reordenamento territorial sinalizadas pelo Concurso Público para o Subsetor A1 da Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB), promovido em 2015 pela Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP). Tal inicia�va focalizou parte das grandes glebas existentes entre os córregos Água Branca e Água Preta. Assim sendo, o obje�vo geral deste projeto urbano foi apresentar um estudo de viabilidade incorporando a inicia�va do Concurso, mas ampliando a área, ao se debruçar sobre as demais glebas com vistas a o�mizar a área, por meios de recursos urbanís�cos e arquitetônicos contemporâneos que proporcionem a revitalização do espaço deteriorado e desqualificado. O conceito Paisagem e Arquitetura: Construção como Meio Didá�ca Socioambiental se definiu mediante a busca por necessidades reais da cidade e a preocupação com o desequilíbrio ambiental. Compreendendo a situação atual do córrego Água Branca, na verdade um canal de drenagem resultante do processo de re�ficação, o trabalho se debruça em uma releitura do espaço, a fim de verificar as condições possíveis de recuperação do meio ambiente desprezado, promover o respeito à natureza, analisar a possibilidade de inserir questões de sustentabilidade, infraestrutura verde e a valorização do espaço recriando um ambiente humanizado e ecológico. Para resgatar o convívio social com a natureza, definir claramente uma linha de drenagem, reverter a situação do córrego (canal de drenagem) e garan�r a qualidade das águas, foi concebido um equipamento associado à infraestrutura urbana integrado ao processo de recuperação do canal e capaz de contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população: Parque urbano como frente qualificada do centro expandido a noroeste.
01 08 De modo a promover a revitalização dos espaços degradados, bem como a integração entre o resultado do Concurso Público da OUCAB, o Parque idealizado, o córrego Água Branca, as infraestruturas de retenção temporária das “águas pretas” (poluídas) e o Pavilhão âncora, par�u-se do conceito de metabolismo circular, tendo nos elementos citados como estruturadores para o projeto e acionam outros que auxiliam no processo de recuperação do córrego. O córrego, assumido na perspec�va de manejo das águas, que vai além da drenagem sanitária, recupera parte da sinuosidade dos meandros originais, na ideia de revelar parte da morfologia original da várzea do rio Tietê e assim organizar os espaços do parque em ambiente diversificado e sustentável. O Pavilhão, cuja projeção mede 130x25m, apresenta solução de arquitetura que busca um lugar agradável, arejado e prazeroso em sua fruição, visto que se coloca como uma grande sombra com vazios e espaços cuidadosamente ar�culados. A proposta tem a perspec�va de uma atualização do modelo de Educação Ambiental dos anos 1970, isto é, ao invés de “ambientes para aprendizagem”, a própria construção fomentaria o conhecimento, a educação e a reflexão para os seus visitantes, de modo contemplar as progressivas inovações. Os sistemas constru�vos buscaram a sustentabilidade mediante estratégias bioclimá�cas e de conservacionismo ambiental oferecendo um espaço atraente, amigável aos visitantes, onde se promoverão alterações conscientes no entorno, de forma a atender a necessidades contemporâneas e futuras, preservando o meio ambiente e os recursos naturais, garan�ndo qualidade de vida para várias gerações. O pavilhão se coloca como uma superestrutura linear que abriga dois blocos independentes (apoiados) que são responsáveis pela estrutura das lajes de salas e espaços internos enquanto elementos de ligação (passarelas) são suspensos (a�rantados) sobre o vão central e nas extremidades de forma a tornar leve e equilibrado o conjunto edificado. Em termos programá�cos será usado ainda para eventos e exposições temporárias de interface ambiental, além da exposição permanente de soluções sustentáveis, com o obje�vo de manter o debate constante e atualizado entre o poder publico, população e setores envolvidos, de forma dinâmica, intui�va e intera�va. Através do ciclo hidrológico e a captação de águas pluviais pela drenagem urbana do bairro, o projeto tem o obje�vo servir como âncora para um sistema inovador: infraestrutura ecológica. Um processo de manejo e tratamento de águas urbanas que envolve desde a conexão com infraestruturas de modelo sanitarista (padrão atual que se revela ultrapassado) até a disposição de elementos ‘a�vos’ no paisagismo tratamento dos espaços. O Pavilhão, assim como as demais construções já foram concebidas como parte desse manejo. Nesse sen�do, o conjunto se configura como uma hipótese viável nas relações entre a recuperação do córrego Água Branca, uma Educação Ambiental para o século XXI e a nova urbanidade pretendida para o território no qual se insere.
REORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
“O objetivo existente na lei da Operação Urbana como incentivar a ocupação das áreas vazias, por exemplo, nos trazem alguns questionamento de que ainda falta um projeto urbano com determinações mais precisas e com objetivos mais concretos. Mesmo com essas importantes questões, é visível que a área tem passado por melhoramento”.
02 08
(PORTO, Débora de Fátima Surati. Operação urbana Água Branca:gestão e espaço físico. São Paulo: USJT, 2009)
Sendo assim, considerando o resultado do Concurso para o Plano de Urbanização do Subsetor A1, cujo obje�vo de buscar soluções para reverter a situação urbana existente, pode ser encarado como uma oportunidade para inaugurar um processo de transformação dos rios, suas margens, territórios da cidade historicamente ignorados. A imagem 01 mostra o resultado final do 1º Prêmio. O esquema apresenta o ciclo de análise territorial que ar�cula em conjunto, para o desenvolvimento do projeto: 1. Concurso OUCAB
2. Estudo de
Reodernamento do Tecido Urbano
3. Infraestrutura Precária
Imagem 01: iabsp.org.br/concursoaguabranca/. Úl�mo acesso em 23/10/2015
4. Despoluição do córrego
PANORAMA DA ÁREA DE INTERVENÇÃO
LOCALIZAÇÃO DO TERRITÓRIO E PREMISSAS DE PROJETO Área do Subsetor A1 da Operação Urbana Consorciada Água Branca
Nesta área a par�r da inicia�va do concurso da PMSP para o plano de urbanização do Subsetor A1, no perímetro da OUC Água Branca, tem a estratégia de organização e transformação urbana, a fim de recuperar e dinamizar a interação entre o tecido urbano e o meio ambiente. A área composta por terreno de propriedade pública e com a infraestrutura urbana precária, necessita de investimento para reordenar o território, tendo (...) “os conjuntos habitacionais, aliados aos equipamentos públicos educacionais, culturais, esportivos e de saúde desempenhando o papel importante em
LOCALIZAÇÃO DO TERRITÓRIO E PREMISSAS DE PROJETO Indicação da Área de Estudo
Área do Concurso da Operação Urbana Consorciada Água Branca
função de articular os espaços para o bem estar da sociedade e a aproximação do Rio Tietê.” (TERMO DE REFERÊNCIA, 2013) Em decorrência desta ideia de reestruturação urbana e do potencial de transformação associada a um planejamento equilibrado, a área do concurso, tem como possibilidade de melhoramento geral, quando apontada a área “a esquerda”, um elemento con�nuo e integrador neste processo de desenvolvimento (próximo ao córrego Água Branca conforme apontado no mapa ao lado - área de estudo) e consequentemente ar�culado ao contexto urbano em que se insere. SOBREPOSIÇÃO AEROFOTO GOOGLE EARTH + MAPA 1930
03 08
LEGENDA PLANO MASSA DE VEGETAÇÃO BOSQUES NATIVAS
QUERESMEIRA ESPAÇAMENTO 8 m
PATA DE VACA ESPAÇAMENTO 6 m IPÊ AMARELO ESPAÇAMENTO 10 m PAU FERRO ESPAÇAMENTO 15 m
FREGUE
RESEDÁ ESPAÇAMENTO 5 m
SIA DO Ó
Jatobá Suinã Peroba rosa Pau d’alho Pau brasil Monjoleiro Jaracatiá Guapuruvu Cerejeiras
PONTE
BOSQUES FRUTÍFERAS
JACARANDA ESPAÇAMENTO 15 m
Pitangueira Jenipapo Gabiroba Cambuci Uvaia Cagaita Jabuticaba Grumixameira Abacateiro
BOSQUES NATIVAS ESPAÇAMENTO BOSQUES FRUTIFERAS ESPAÇAMENTO CEREJEIRAS
AVENID A AVENID A
MARGIN A
L TIETÊ
PRESID
ENTE C
ASTELO
RIO
BRANC O
TIE
TÊ
PISOS - TIPOS PISO 1 - EM PLACA DE CONCRETO 40 x 40
49 58
PISO 2 - EM PLACA DE CONCRETO 40 x 40
49
PISO 3 - EM PLACA DE CONCRETO 40 x 40
46
49
MÓDULO DE CULTIVO PARA HORTAS COMUNITÁRIAS EM COBERTURA
A
A
Ref: Park am Gleisdreieck Ref: Valenje City Center Promenade Flaschenhals
48
CO
I TE
MARTIN ELLI
O TÃ
PI
PISO 6 - SEMIPERMEÁVEL (Acessos, escadas, rampas) 40x40
A RU
A FR
53
Bosques e Arquibancada Ref: Quilapilún Park
43
44
39
RUA
RUA A
COMEN
PISO 9 - RETANGULAR PERMEÁVEL DRENANTE CONCRETO POROSO (ciclovias) 16 x 8
Bosques
37
RUA S.D.O
Passarela
38 22
59
40
55
02
03 16
50 37
Ref: Perreux River Banks
01 ACESSO A PASSARELA TERRENO NORTE 02 PASSARELA 03 EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS 04 BACIA DE RETENÇÃO SECA 05 ESPELHO D’ÁGUA 06 MARQUISE 07 CEU - BLOCO PRINCIPAL 08 CEU - BLOCO ESPORTIVO 09 UBS 10 BOSQUES FRUTÍFERAS 11 PISTA DE SKATE 12 CGMI 13 ESTAÇÃO BRT/ BICICLETÁRIO BIKE SHARING 14 PASSARELA DE TRANSPOSIÇÃO SOBRE A ROTATÓRIA 15 PRAÇA CÍVICA 16 BOSQUES NATIVAS
16
50
41
REF: http://www.smobras.com.br http://www.oterprem.com.br http://www.intercity.empresascity.com.br/pisos
CONCURSO ÁGUA BRANCA - OUCAB
40
42
Ref: Quilapilún Park
AVENID A
DECK DE MADEIRA
54
42
PISO 8 - PERMEÁVEL DRENANTE CONCRETO POROSO (calçada) 40 x 40
PISOGRAMA
25
S.D .O
DADOR
PISO 7 - INTERTRAVADO PERMEÁVEL JUNTAS ALARGADAS (via de tráfego) 16 x 8
CA
24
45
IS
NC
51
47
X
PISO 4 - SEMIPERMEÁVEL (Praça seca e Praça com aspersores d’água) 40x40 PISO 5 - SEMIPERMEÁVEL (Praça seca) 40x40
R EI
G NO
01
50 24
Trilhas
PONTE JULIO DE MESQUITA NETO
IR
UE
VEGETAÇÃO NATIVA RASTEIRA
Bancos, gramìneas e canteiros
AVENIDA S.D.O
GRAMA SÃO CARLOS
44
24
39
58
21
03 57 58
16
57
Deck de madeira do córrego
04
Passarela
Ref: Park Groot Schijn
17
24
Ref: The Lahnaue Giessen
56
60 36
04
06
10
18
37 59
35
19
23
PARQUE
57
15
58
Deck de madeira suspensa
17 ACESSO PRINCIPAL (informações/administração/bicicletário) 18 ALUGUEL PARA BICICLETA 19 PONTO DE ÔNIBUS 20 ESPAÇO DE ENCONTRO 21 PAVILHÃO 22 BORBOLETÁRIO 23 QUADRA DE TÊNIS 24 SANITÁRIOS/ BEBEDOUROS 25 LANCHONETE 26 PRAÇA COM ASPERSORES D’ÁGUA 27 PARQUE INFANTIL 28 EQUIPAMENTO PARA ATIVIDADES FÍSICAS 29 PRAÇA PARA ATIVIDADES LIVRES 30 ESPAÇO QUADRA POLIESPORTIVA 31 PORTÃO - A 32 ESTACIONAMENTO - A 33 DRENAGEM NATURAL CONDUZIDA 34 ETE 35 TEC - GARDEN 36 SEDE ADMINISTRATIVA 37 DECK DE MADEIRA 38 LAGO DE RETENÇÃO 39 PASSARELA 40 RAMPAS (acesso ao córrego) 41 BOSQUES FRUTÍFERAS 42 HORTA COMUNITÁRIA 43 ARQUIBANCADA AO AR LIVRE 44 BOSQUES 45 PORTÃO - B 46 ESTACIONAMENTO - B 47 PONTO DE COLETA SELETIVA 48 QUIOSQUES 49 TRILHA 50 PÉRGOLA 51 BOMBEIRO / POLICIAMENTO 52 PERCURSO EM PEDRISCO 53 PORTÃO - C 54 ESTACIONAMENTO - C 55 BOULEVARD 56 ELEMENTO ESTRUTURAL/ MONUMENTO 57 CICLOFAIXA 58 CALÇADA 59 CANTEIROS 60 PRAÇA SECA
07
RU AS
25
.D.
Ref:Yanweizhou Park in Jinhua City
57
O
05
RUA X
34
08
26
27
04
11
34
10 31
33
Praça - pisos drenantes Ref: Zollhallen Plaza
32 30
24
28
24
04
29
AVEN IDA M A
RQU
ÊS D
E SÃ O VIC
ENTE
12
IMPLANTAÇÃO PARQUE
13
Aspersores d’água Ref: Joel Weeks Park
N 0 5
15
25
40
Parque Infantil Ref: Joel Weeks Park
14
04 08
AMPLIAÇÃO 2 AMPLIAÇÃO 1
AMPLIAÇÃO 1
AMPLIAÇÃO 2
METABOLISMO CIRCULAR Os diagramas a seguir foram elaborados para ilustrar o conceito metabolismo circular, com o obje�vo de apresentar o funcionamento básico de infraestrutura ecológica que irá se implantar no projeto entre o córrego, o parque e o Pavilhão, a par�r do conjunto de referências pesquisadas de modo a providenciar melhorias de drenagem, infraestrutura urbana, aproveitamento de captação de águas pluviais, sustentabilidade e qualidade da área de estudo ou até mesmo de todo o bairro através da interconexão com parte da infraestrutura instalada (inves�mento a longo prazo).
TUBO DE DESCARGA
SISTEMA ECOLÓGICO ETE ESGOTO
Por meio da distribuição de redes ramificadas, as águas pluviais passam pelo tudo de descarga e chegam ao reservatório principal, conforme o esquema a seguir:
MAIOR UMIDADE
SEPARAM ÁGUAS PLUVIAIS
MENOR TEMPERATURA
Distribuição
REAPROVEITAMENTO
COMO?
SISTEMA EXISTENTE ESGOTO
Armazenamento (Reservatório)
Córrego
Reservatório Principal
Através da cota mais alta da topografia, a distribuição de rede (tubo de descarga), poderá chegar por gravidade ao armazenamento principal, localizado no Pavilhão, enquanto os demais armazenamentos seriam adotados em cotas mais baixas.
MENOR UMIDADE
MISTURAM ÁGUAS PLUVIAIS
Tubo de Descarga
MAIOR TEMPERATURA
AMPLIAÇÃO 4
AMPLIAÇÃO 3
Esquema de Elaboração própria a par�r da análise de projeto.
AMPLIAÇÃO 3
AMPLIAÇÃO 4
05 08
Vista Frontal - Entrada Principal
Vista Interior - Térreo
RADIAÇÃO E TROCA DE CALOR
COLETA DE ÁGUA PLUVIAIS
06 08
Vista Interior - Sala Digital
Vista Posterior PAVILHĂƒO EXPLODIDA
Vista Lateral Direita
07 08
Vista Frontal
Vista Posterior
08 08
“A cidade nasce da água. A história urbana pode ser traçada tendo como eixos as formas de apropriação das dinâmicas hídricas. A trajetória das relações entre cidades e corpos d’água reflete, assim, os ciclos históricos da relação entre homem e a natureza”. Vista Interior
(MELLO, S.S.Na beira do rio tem uma cidade:urbanidade e valorização dos corpos d’água. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília,2008)