caderno de processos "infiltrAÇÕES - a cidade em foco"

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INFILTRAÇÕES - A CIDADE EM FOCO TGI II. 2012 JULIANNA PROTA G. DE OLIVEIRA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO SÃO CARLOS

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caderno de processos croquis/estudos

PROFESSORES CAP: JOUBERT JOSE LANCHA LÚCIA ZANIN SHIMBO SIMONE HELENA T. VIZIOLI FRANCISCO SALLES T. FILHO


“O processo de pesquisa é extremamente curioso e antagônico, pois à medida que desfrutamos da satisfação de aprofundar o conhecimento se revela a imensa complexidade e pequenez dos estudos com os quais pretendemos obtê-los.” (Maria Adélia Souza. 1994)


Este caderno, obviamente, mais do que o caderno final de TGI-II, não pretende mostrar um processo linear nem algo acabado. Uma pequena seleção dos croquis foi realizada, porém, priorizou-se mostrar como foi o processo de elaboração do projeto; assim, a forma de organização do caderno se aproxima da forma como foram se dando no pensamento, o que pode acarretar em ambigüidades, várias digressões, tensões, etc. Mas isso deve-se a preocupação em abarcar as diferentes escalas, desde o urbano, até uma escala mais pontual. De modo a estabelecer uma estrutura de organização desses pensamentos, estabeleço como balizas as pranchas que foram entregues nas apresentações, pré-bancas e bancas. Estas estão seguidas de textos que tentam esclarecer, um pouco que seja, as inquietações principais de cada etapa. Começo com a apresentação do objeto produzido para o Pré-TGI (como o próprio nome sugere, etapa anterior aos TGI-I e TGI-II), porque foi a primeira concretização das minhas inquietações.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES



im-


primeira pré-entrega

> Foram semanas de leituras, em busca de referências conceituais fora do campo da arquitetura, procurando melhor compreender o homem e sua forma de apreender as coisas, sobretudo a cidade; leituras que permeiam a arquitetura, mas cujo enfoque abarca áreas da filosofica, da psicologia...dentre outros me atento a autores como Michel de Certeau, Jean Baudrillard e Jacques Derrida.

Um processo de descontrução da minha própria maneira de projetar e de encarar a arquitetura. Desligar certas coisas do automático. Assim, adotei um princípio: assim como diz Angelo Bucci, é preciso antes “desmontar a estrutura das formulações existentes para liberar a potência propositiva dos seus elementos constitutivos. Seria necessário aceitar que para sustentar o sentido da cidade numa proposição é necessário desfazê-la e refazê-la incessantemente, como se a cidade, para não perder o seu sentido, precisasse pulsar? Isso é aceitar a totalidade da cidade.” Foi, a partir disso, que estruturei, ou melhor, desestruturei minha prancha de universo projetual, na medida em que desmembro em partes cada referência selecionada, de modo a liberar potências que, ao ver, são interessantes, ao mesmo tempo em que posso perceber as intenções de cada projeto de uma forma mais profunda.


Destaco uma arquitetura que acontece no “entre”, como gosta de chamar Tschumi, “ao possibilitar o entre, o arquiteto não estaria justamente contribuindo para o florescimento dessa atitude questionadora, ativa, estimulando, através dessa 'neutralidade' – um paradoxo? Formulando outras, para além do natural, e uma postura de ir além do estipulado, do determinado pela repetição histórica por parte das pessoas?”. Uma arquitetura que só se dá no espaço (é redundante, mas é para ser; reforçar que a arquitetura é, antes de tudo, espaço) e deve ser percebida, vivenciada pelos seus usuários e não apenas contemplada. Além disso, é uma arquitetura que só tem sentido quando vista no seu todo. Os elementos que a constituem somente são suplementos, lhe dão suporte. E mesmo assim, este todo ainda é suporte e não algo acabado, uma vez que deve estar aberto para qualquer descoberta de uma nova potencialidade.


primeira pré-entrega Eu começo trazendo uma imagem do meu obejto de pré-TGI, de modo a elucidar um processo de projeto. Eu pego caixas de fósforo e as decomponho, tanto no seu exterior - o envelope, a caixa - quanto no seu exterior – o fósforo. Como que essas partes isoladas se articulam, se relacionam e agrego significado novo, com o uso do logo do Band-Aid. É isso, um processo de desmontar o existente, lidar com ele e estabeleces novas relações, agregando significado. Foi assim também que fiz a prancha do universo projetual, em que procurei desmembrar as referências. Referências que tinham o denominador comum de lidar com o existente e uma noção de entre, de um espaço intersticial. Daí busquei lapidar esses entres, ver se realmente estavam presentes nesses projetos e aqui apresento os quais eu penso que melhor souberam analisar e intervir num entre criado. Me detenho mais sobre o projeto de Igor Guatelli para um concurso em estocolmo, que tem como pano de fundo um patrimônio, a biblioteca projetada por Asplund. Tudo começa num desmembramento desse conjunto e num questionamento de suas partes. Despois questiona como intervir nesse existente, como lidar com o patrimônio. Antes de falar sobre o projeto em si e seu processo, vou falar sobre alguns estudos que eu tentei desenvolver. Como eu quero lidar com o existente, encontrei dificuldade em não ter uma cidade, um terreno, então foi por isso que fiz estudos para a área selecionado pelo concurso Asplund.


Estudos que lidam com modos de aproximação em diferentes níveis no patrimônio. Desde intervenções que decidem por preservar o conjunto, seja na sua integra ou não, mas de modo a isolar e dissociar o signo histórico. Assim, são ações nas bordas, ou que só envolvem; para o extremo que é a demolição e a criação de um novo absoluto. Com isso, coloca-se o entre e as diferentes formas de aproximação com ele, com as noções de complementariedade e simultaneidade. Enquanto o complemento traz algo novo oposto e coloca um sistema de hierarquias, este traz o a mais, que é de mesma natureza que os demais, ou seja, não permite um centro. Há a introdução de um suporte, que é dinâmico: algo que é suficientemente forte para desestabilizar e contaminar o existente – o monumento -, mas que é frágil para que não o ultrapasse, que não se impõe. Além disso, temos o gesto urbano, com o recorte nos edifícios laterais: traz a dinâmica da cidade para o projeto. Numa etapa posterior, penso na materialidade desse suporte: é agregar pontos de circulação, envelopes de espaços...pensar nos dispositivos. Assim, desmembrar o programa, usualmente só função, para um programa que envolve ações/atividades, envolve espaços, que não são só os que possuem um uso específico, soltar a circulação, lidar com o tempo também como variável. Criar condições para o entre, para o experimento. Então é, uma intervenção que envolve a cidade, o contexto das coisas, mas que foca numa ação pontual, numa relação, ou não, de edifícios e nos seus entres.


> estudos dos diferentes recortes na cidade de Ribeirão Preto como objeto de intervenção.









> definição sobre a área de intervenção, num recorte em três quadras na região central de Ribeirão Preto















































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