VOZES DISSONANTES: Discurso da Diversidade e Diversidade de Discursos no Manifesto Tropicalista.

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2. Disco/Discurso da diversidade. Conforme mencionado, esse capítulo tem uma proposta ao mesmo tempo clara e multifacetada: desenvolver com embasamento de argumentação teórica uma leitura de como o álbum-manifesto Tropicália ou Panis Et Circensis constitui-se um discurso balizador da diversidade, com uma proposta que aponta um determinado caminho, mas também constitui-se uma diversidade de discursos que apontam caminhos diversos. Para operar nesse paradoxo, optei pela organização do texto em subtítulos coordenados que vão, primeiramente, traçar uma leitura de como são estabelecidos os diversos discursos que compõem a mencionada diversidade. A seguir, partindo da estruturação do manifesto como um todo, o texto passa a visar a formação do discurso da diversidade como modo de ser, como proposta identitária. O quadro inicial é o subtítulo O que não vou discutir e por que não vou discutir, que se presta a delinear uma proposta de trabalho e justificar a ausência de discussões lugares-comuns sobre a Tropicália, buscando ilustrar como esse trabalho não busca atingir essas discussões, mas partir delas. Na sequência temos o subtítulo Pesadelos Frankfurtianos, propondo uma contraposição entre a ideia de diversidade trazida por uma mercadoria conforme proposta pelo manifesto e as leituras de autores como Adorno que apontavam na cultura de massa um caráter estandardizante, em procedimento que é, em si, oposto à noção de diversidade. O enfrentamento dessas noções propostas vem de forma a iniciar o que o capítulo efetivamente vai discutir. Se na atualidade discussões acadêmicas que levem à risca esses preceitos frankfurtianos não constituem uma veia demasiado prolífica, é importante ressaltar que quando da execução do manifesto esses preceitos eram imperativos em fatia muito significativa da intelectualidade brasileira. A seguir, temos o subtítulo Discurso como produto (produto como discurso). Aqui, damos sequência às discussões de como a diversidade de discursos se produziu e de como este trabalho opera as relações de poder entre sujeitos e instituições no discurso através da contraposição de leituras – como as mencionadas de Adorno e Foucault – coetâneas à produção do manifesto. Desse modo, contrapõem-se a um passo leituras bastante correntes no contexto da feitura da obra e novidades que chegavam de universidades europeias. Os trabalhos prosseguem em Tropicália, revolução e uma espiral do tempo, que busca alinhar intersecções em uma série de

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